Um resumo de nossa história Símbolos do município
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Um resumo de nossa história Símbolos do município
Um resumo de nossa história uando os jesuítas trazem para esta região índios já reciclados pela fé cristã, para estabelecer uma estância ao pé da Serra de Santa Tecla é que praticamente começa a história de Bagé. Missões espanholas, entretanto, desprezando o Tratado de Madri, avançam tanto que, em 1773, se estabelecem no que chamaram de Forte de Santa Tecla. O Rio Camaquã e quase todo arroio Quebracho voltam ao domínio português seis meses depois, quando Pinto Bandeira e seus soldados expulsam os espanhóis do forte. Os espanhóis invasores são encurralados na Serra do Aceguá, de onde partem escaramuças que se estendem Uruguai adentro, o que não agradava o reino português, com sua fronteira sempre a perigo. Cumprindo ordem, Dom Diogo de Souza instala seu exército ao pé dos cerros de Bagé e seu destino é a banda oriental onde irá concentrar esforços na paz, mesmo que tenha que ser conquistada pelas armas. Isto já é 1811. Aqui acampou período maior do que pretendia, diante de mau tempo de chuva e frio que atrasou a marcha. Em 14 de julho do ano de 1811, ordenou um recenseamento em seu exército, colhendo dados precisos de viaturas, cavalos, armamento, mantimentos e homens disponíveis em condições de combate. Com esses dados escolheu os grupos. Letra e Música: Roberto Madureira Burns O que partiu ao seu comando e o que aqui ficou, sob a chefia do comandante da Guarda de São Sebastião, tenente Pedro Fagundes de Oliveira, com ordem expressa de resguardar e desenvolver o núcleo habitacional, na maioria integrado por familiares dos militares. Era o dia 17 de julho de 1811. Nascia aí a povoação de Bagé que cresceu, se transferiu para um local mais alto, poucos quilômetros ao leste, para onde mudou sua capela. Durante o decênio farroupilha seu território Dom Diogo de Souza foi ocupado por legalistas e rebeldes, nele se travando memoráveis combates. À beira do Rio Jaguarão foi proclamada a República Rio-grandense e em sua igreja, cujo padroeiro era São Sebastião, foi celebrada a paz entre os brasileiros divididos. Em 5 de junho de 1846, Bagé foi elevada a município e sua Câmara de Vereadores foi instalada em 2 de fevereiro de 1847, isto é, em pouco mais de 35 anos Bagé tinha seu governo ativo e legal. Símbolos do município Hino a Bagé Bagé, Terra da Gente Nas torres mais energia, Na terra mais produção, Mais alegria no povo, No governo mais ação; Mais escolas, mais saber, Mais casas para morar, Mais estradas a percorrer, Mais hospitais para curar. Bagé, terra da gente Que ao progresso diz presente Amanhã, futuro será Temos pressa em chegar Vamos participar e confiar. Tem alegria no ar, Tem de civismo lições, Tem um povo a cantar, Tem amor nos corações. Bagé, terra da gente Que ao progresso diz presente Amanhã, futuro será Temos pressa em chegar Vamos participar e confiar. Dos teus campos a linda verdura Mostram a força, a grandeza, a pujança. E na guerra demonstra bravura O teu filho empunhando uma lança. Ribombou no teu seio o canhão Dos combates gravados na história. Revivemos da glória a canção Sons de sinos dobrando a vitória! Para o futuro abrir caminho, Formamos uma corrente, Integrando com carinho Bagé, a terra da gente. Bagé, terra da gente Que ao progresso diz presente Amanhã, futuro será Temos pressa em chegar Vamos participar e confiar. Letra: Hipólito Lucena Música: Vitor Neves Brasão Estribilho: Em teu seio nasceram heróis Que souberam honrar o Brasil. A grandeza da Pátria contróis Minha terra, Bagé, varonil. Junto ao cerro das bandas do sul Tu te estendes alegre garrida. Minha terra de céu tão azul Sentinela da Pátria querida! És rainha sustentas a palma De que tanto me orgulho e me ufano. Retempero meu corpo e minh'alma Ante o sopro feroz do minuano. Dos índios, do forte e do 1° comandante região de Bagé era habitada pelos índios Guenoas, Minuanos e Charruas sendo de 1750 as primeiras manifestações de civilização, quando os jesuítas sediados nas missões enviaram alguns índios para cá, com a finalidade de pastorearem os gados selvagens desta região, onde se situava o posto da Estância São Miguel. Começou aí o grande trabalho de pastoreio e de lida campeira junto ao gado que existia aqui, resultando nos currais de pedras, que ainda hoje são notados em alguns estabelecimento rurais de menor desenvolvimento. Vinte anos depois desses registros são detalhadas escaramuças de invasão espanhola. Uma das mais fortes, a de 1773, comandada por Vertiz Salcedo, resultou na construção do Forte de Santa Tecla. Esse forte foi tomado por Rafael Pinto Bandeira, à frente do exército da coroa portuguesa, em 1776. Preocupado com as invasões espanholas, o império português decidiu povoar este território, doando terras, as famosas sesmarias, que originaram as primeiras estâncias de Bagé e da região. Os 30 anos seguintes foram importantes para o assentamento de mais portugueses que espanhóis já aí aliados da coroa e para onde foi mandado o exército de Dom Diogo de Souza, até então aqui aquartelado. Antes de seguir para o seu destino, assinou o que é conhecida como Ordem Promulgada número um. Trata-se, talvez, do primeiro documento referente a Bagé, pois nele nomeava seu comandante, o tenente Pedro Fagundes de Oliveira e nele constam as primeiras ordens rigidamente cumpridas, entre elas a de Forte de Santa Tecla (representação) O que teria sido a rendição dos espanhóis transferir mais para cima a capelinha de São Sebastião, onde hoje está a catedral de Bagé. Um dos mais estudiosos e pesquisador do Forte de Santa Tecla foi Tarcisio Taborda, advogado e professor que inspirou a comenda do Sindilojas que leva seu nome, em homenagem ao Forte de Santa Tecla, insígnia histórica de Bagé. Ponte seca: um momento história da ponte seca, aquela que dava passagem aos trens que saíam ou chegavam a Bagé e que passa sobre a Avenida Presidente Vargas, começa bem antes de sua inauguração. Em 1874 foi assinado um contrato que dotaria a viação férrea de uma ligação por trilhos entre Rio Grande e a cidade de Alegrete, passando por Bagé. O primeiro trecho foi de Bagé para a zona suleste levando e trazendo carga para o porto de Rio Grande, já importante via de escoamento da produção dos campos desta região. Ficou pronto em 2 de dezembro de 1884. Somente 13 anos depois ficou pronto o trecho que ligaria Bagé a Alegrete, quando se inaugurou Bagé-São Sebastião. Aí a ponte seca, que possibilitava a passagem área dos trens sobre a avenida Presidente Vargas, para chegada ou saída da gare dos trens, começou a ser usada. Especificamente a ponte não teve inauguração alguma, pois ela integrava o trecho que então teve ato inaugural. Isso ocorreu em 20 de janeiro de 1897, mas existe registro que a ponte já havia sido usada por uma composição férrea em 1896, exatamente em 28 de março. Consta que a ponte seca foi projetada por Eugênio Oberst e executada por seu filho, engenheiro Carlos Frederico Salton Oberst. Consta, também, que só de parafusos a ponte seca consumiu três cargas de carroças. Quando a estação férrea foi transferida para Santa Thereza e os trilhos deixaram de passar pela zona urbana, toda a linha férrea foi retirada, menos a ponte seca Ontem: “ponte seca”, Rua Félix da Cunha Hoje: um monumento, Avenida Presidente Vargas que lá está, intacta, imponente e se constituindo em um marco do passado de Bagé. E há de continuar, tenhamos o progresso que tivermos, pois ela é um símbolo do Bagé de todos os tempos. Na história de Bagé , então, a ponte seca existe desde 1896, mas com registro de inauguração em 20 de janeiro de 1897 conforme as pesquisas da historiadora Elizabeth Fagundes. Ruas antigas de nomes novos ó mesmo apurada pesquisa de historiadores dedicados encontra dados que indiquem como eram chamadas antes da denominação oficial e atualizada as ruas de uma cidade. São anotações de descrições de fatos que passam por isso, mesmo que rapidamente, mas que indicam o caminho da pesquisa dos abnegados que escrevem a história de Bagé. Por exemplo, a Rua Santa Bárbara teve o nome trocado para homenagear o General Osório, que morou nela quando serviu ao exército, em Bagé. A maioria dos nomes antigos e que foram trocados são de ruas localizadas na zona sul da cidade, pois foi lá que começou o núcleo urbano local. Um outro exemplo, a Rua Maurity de hoje era Rua do Couto. A atual Barão do Amazonas era a mais pujante da cidade e nela se localizava a maioria dos estabelecimentos comerciais, por isso, antes de Barão do Amazonas, foi a Rua do Comércio. A maioria das ruas de Bagé ganhou novo nome, saindo do apelido para nome oficial por decreto da Câmara de Vereadores. De Santa Clara para General Neto; de Castanheira para João Manoel e rua da Condessa para Rua Conde de Porto Alegre. Já em 25 de maio de 1883, outra leva de ruas teve os nomes trocados e oficializados, agora já mais ao norte da parte antiga da cidade. Por exemplo: de Rua Monteiro, para Rua Dr. Penna; Rua Alegre para Rua Bento Gonçalves; Rua Direita para rua Ismael Soares. Mesmo sem registro de datas, a história conta que a Avenida Santa Tecla sempre ficou na saída da cidade. Antes do atual traça- Avenida Sete de setembro esquina General Sampaio Desfile estudantil na Avenida Sete de Setembro nos anos 20 do chamava-se Santa Tecla. A hoje Avenida Presidente Vargas, que antes foi Rua Félix da Cunha, que da Praça de Desportos para o leste mudou de nome. A Avenida João Telles já foi Rua da Aurora e a pomposa e bonita Marechal Floriano, uma das mais largas da cidade, já se chamou São Sebastião. Na história de Bagé nem sempre as ruas tiveram o atual nome e duas datas foram importantes na mudança em massa. Isso ocorreu em 1870 e, depois, em 1883, conforme pesquisa da historiadora bageense Elizabeth Fagundes. Ruas largas há mais de 150 anos ossa cidade nasceu à beira do arroio do chamado Passo do Príncipe, em volta, talvez, da única rua de Bagé que nunca trocou de nome, foi sempre a Rua do Acampamento. A cidade se expandiu dali para a hoje praça da Catedral. Nesse caminho são mantidas, até hoje, travessas estreitas do início das ruas Barão de Triunfo e Sete de Setembro, passando pela Barão do Amazonas até o arroio que banha a parte leste da cidade. A história conta que havia um problema sério perturbando o trânsito de carretas nessa ruas. Elas não podiam manobrar adequadamente nas esquinas e o novo ponto da igreja matriz ficava em região muito alta. Daí duas providências foram tomadas: rebaixar a zona da igreja, hoje praça da Catedral, o que foi feito em 1850, obrigando que a partir daí as ruas fossem mais largas, possibilitando, assim, as manobras das carretas, muitas puxadas por quatro ou seis juntas de bois. Data de 1862 o primeiro mapa de Bagé, no qual os novos traçados são observados. O pai do Marechal Hermes da Fonseca, um agrimensor chamado Hermes Ernesto da Fonseca, foi o primeiro a medir o perímetro urbano de Bagé e o oficializou em 171 milhões e 450 mil braças quadradas, longe dos números de hoje, mesmo usando igual sistema de medição. Quando o mapa foi confeccionado, por volta de 1873, Bagé tinha apenas 1.662 habitantes. De 1857 para cá o arruamento passou a considerar ruas mais largas. Até 1861, Bagé considerava perímetro urbano o trecho da praça da Catedral ao cemitério. A partir daí o Av. Sete de Setembro em 1922 arruamento de Bagé foi até a hoje Rua José Otávio, já com suas ruas bem mais largas. Engenheiro, contratado pela Intendência, Dr. Rebouças foi o encarregado de vigiar e tratar do arruamento, sempre observando as vias, separadas por árvores cen- trais, que originaram os canteiros divisores dos dias atuais. Nossa cidade passou a ter a maioria de suas ruas largas e em duas vias, o que a diferencia da maioria de outras, desde 1857, conforme pesquisa da historiadora Elizabeth Fagundes. Transporte coletivo história de Bagé registra que em 1910 já havia transporte coletivo na cidade. Era para ligação intermunicipal e sem nenhuma regularidade e ocorria somente quando um grupo de pessoas estava disposto a viajar no mesmo dia e horário, o que era decisão de comum acordo. Eram veículos pouco maiores que um automóvel de passeio, geralmente para 12 passageiros. A viagem mais comum era para Melo, no Uruguai, para onde não havia nenhum serviço de trem. Mas o transporte coletivo urbano, isto é, ligação entre bairros e centro, tem registros de 1927, com o surgimento da primeira linha urbana de ônibus. Foi implantado pela empresa Bispo & Arteche Ltda., com a primeira de suas viagens ocorrida em 23 de janeiro de 1927. Ele percorria toda a extensão da Avenida Sete de Setembro, unindo as zonas sul e norte, passando pelo centro da cidade e ligando a zona do cemitério com a chamada chácara dos Arejanos, onde hoje é a sede da AABB. Menos de um mês depois, dia 16 de fevereiro do mesmo ano de 1927, foi inaugurada a segunda linha, utilizando um segundo carro-ônibus. Fazia a linha Santa Thereza, Centro, São Martin. Essa linha foi muito festejada e se constituía em passeio para muita gente que ia conhecer a então desenvolvida Vila de Santa Thereza e o novíssimo distrito de São Martin. A inauguração ocorreu em uma véspera de carnaval e a empresa proprietária do ônibus trouxe, gratuitamente, os moradores de Santa Thereza para o cortejo do carnaval, no centro da cidade, o que foi uma festa para aquela comunidade. Como se nota, as duas primeiras linhas de ônibus de nosso transporte coletivo permanecem até hoje, apenas com a diferença que a ligação norte-sul não é mais feita pela Avenida Sete e sim pela General Osório. Na história de Bagé consta que a primeira linha regular de transporte coletivo da cidade foi em 23 de janeiro de 1927, conforme pesquisa do historiador bageense Cláudio Lemieszek. Primeiro “ônibus da Sete”, da firma Bispo & Arteche 1ª carteira de habilitação do transporte coletivo Ônibus da marca International em 1950 O primeiro apito de trem em Bagé o domingo tivemos ocasião de percorrer a linha dos trabalhadores e observamos detidamente todos os aterros, grandes escavações e bueiros existentes. Notamos muitas curvas que deve fazer a estrada de ferro devido à sinuosidade do solo. A ponte do Quebracho já foi começada e toda a pedra que deve ser empregada nessa obra já está preparada e, até o final deste ano, ainda, teremos aqui a locomotiva que muito concorrerá para o nosso progresso. Essa notícia foi publicada no dia 7 de fevereiro de 1884, na capa do jornal O Cruzeiro do Sul, editado, na época, em Bagé. A notícia dava uma ideia da importância da estrada de ferro para Bagé, nos idos de 1884. Enquanto se construía a base dos trilhos no campo, aqui na cidade era construída a estação de passageiros e de cargas, no mesmo local onde hoje é o centro administrativo, na Praça Júlio de Castilhos. Em 21 de agosto de 1884, o mesmo jornal noticiava que “a locomotiva se fez ouvir no Passo do Quebracho, ontem, a menos de três léguas de distância desta cidade”. E dizia mais o jornal. “Durante a semana entrante a linha férrea atravessará a chácara do major Manoel Soares da Silva, vindo do local Quebrachinho” Era o acompanhamento da linha lesteoeste, que estava chegando. Quando a linha férrea começou a chegar aqui, aumentou a população com dezenas de empregados que passaram a residir sob as ordem da viação férrea. Até que chegou o dia da inauguração. Em 2 de dezembro de 1884, ao final da tarde, envolto em fumaça e apitos, despontou, na curva do 21, em direção à estação férrea do centro da cidade, o primeiro comboio. Um Modelo de locomotiva da época Estação ferroviária inaugurada em 1884 trem de passageiros trazendo as autoridades, saudadas na gare com banda de música e foguetes. Bagé estava ligada a Pelotas e daí a Rio Grande via férrea. O gado e o charque bageenses chegariam a outros mercados, mais barato e mais rápido. O progresso chegava e a cidade se orgulhava de estar ligada ao sistema. Nesse dia, Bagé sepultou o secular transporte por carretas. Vencida essa etapa, começava outra, aí para nos ligar no ramal seguinte, Bagé - São Sebastião, ao norte da estação que ligaria Bagé à fronteira-oeste. Foi em 2 de dezembro de 1884 a inauguração da linha férrea, ligandonos a Pelotas e à estação inaugurada, conforme pesquisa do historiador bageense Cláudio Lemieszeki. Cento e nove anos de telefonia oje o telefone que se tem em casa é o serviço de uma empresa. Houve um tempo em que isso pertenceu ao Estado, que, com dificuldade de expandi-lo, repassou à seara privada. Pois o início da telefonia em Bagé também foi empreitada de uma multinacional. Um empresário uruguaio, que tinha o mesmo serviço em Mello, teve a concessão para instalar e fazer funcionar o primeiro centro telefônico de Bagé. A inauguração se deu em 12 de dezembro de 1901; portanto faz 109 anos que Bagé tem telefone. Os primeiros foram naquele sistema de manivela, mas funcionava bem e em sua primeira etapa atingiram 100 usuários. O discurso do ato inaugural foi do intendente José Otávio Gonçalves, que enalteceu a gama de progresso da época, eis que ele mesmo já havia inaugurado a luz elétrica, os trilhos do trem e a linha telegráfica, classificando o telefone como uma dádiva do progresso e do desenvolvimento que Bagé experimentava nos primeiros anos da passagem do século 19 para o 20. A central era importada e da marca Ericsson, os telefones eram Beliner e permitiam conversação clara, sem interferência. As principais empresas e os mais ricos da cidade foram os primeiros a encomendar a instalação, sendo que apenas o da Intendência, a Prefeitura, era de mesa, os demais eram de parede. A central operava em prédio situado na Avenida Sete de Setembro, onde hoje são as instalações da Ótica Bagé, e lá, por muito tempo, foi sede da telefonia local, inclusive no tempo da CRT, já na era moderna da semiautomatização. Toda conversação era por linha física e com dois anos de funcionamento já abrigava 300 linhas. Em setembro de 1903 foi inaugurado o serviço de telefonia intermunicipal, podendo Bagé falar com Dom Pedrito. Em 1905, o telefone chegou às estâncias cujos fazendeiros se davam o luxo de custear linha física direta com a central e usar seus telefones lá do interior do município, com o local denominado Piraizinho sediando o primeiro desses benefícios. Na história de Bagé, desde 12 de dezembro de 1901 há o serviço telefônico. Em novembro, 20 aparelhos foram instalados a título de experiência e outros 80 passaram a funcionar depois da inauguração oficial do centro telefônico, conforme pesquisa do historiador bageense Cláudio Lemieszeki. A veneração por Preto Caxias A população inteira de Sua memória ainda é reverenciada, Bagé aprendeu a ver o túmulo como se verifica em seu túmulo, na parte do Preto Caxias, no Cemicentral do cemitério, permanentemente tério da Santa Casa, muiflorido e onde foram colocadas plato enfeitado, cheio de flores e visitacas de agradecimento por graças redo regularmente por centenas de pescebidas. soas ao longo de cada ano. Quem Seu apelido, Preto Caxias, foi ele, como se chamava e porque como até hoje é conhecido, teria é tão venerado, devem se pergunnascido da cor de sua pele e da tar centenas de outros que não sadedicação e honradez do tempo em bem de sua história de vida. que servia ao quartel. Ele nasceu no Rio de Janeiro e Em seu túmulo, consta na lápiveio para Bagé para servir no quarde o seguinte: "Passou pela vida sotel do 8° Batalhão de Infantaria. Exfrendo e chorando as dores alheias". tinguido o tempo de caserna, em 1847, Também aparecem duas mãos se entrefixou residência na cidade, tendo desenlaçando. Uma branca e uma preta. A volvido um serviço social que ficou cobranca, fina e delicada, unhas bem cuinhecido como “Protótipo da Caridade”. Ele dadas, tipo de pessoa nobre, seria a da prinesmolava de porta em porta e a renda dedicava cesa Isabel, que, ao visitar Bagé e frequentar a aos desvalidos. Sua bondade era tamanha que a po- Igreja Matriz, teria sido apresentado pelo cônego pulação nele confiava e com ele rezava sempre em fa- Bittencourt ao que ele chamou de “a alma mais caridosa vor dos necessitados. Foi admitido como zelador da da cidade”. A princesa, diante disso, ter-lhe-ia estendiSanta Casa de Caridade onde desempenhava parale- do a mão o que para Preto Caxias haveria de ser uma lamente um serviço assistencial aos doentes carentes, honra jamais sonhada. aperfeiçoando os serviços de enfermagem que exercia, conquistando cada vez mais as famílias. Os historiadores Jorge Reis e Mário Lopes escreveram que seu sepultamento, em 1° de julho de 1888, foi uma verdadeira consagração com a presença de enorme público, tendo o ato contando com oradores que ressaltaram os seus indiscutíveis méritos, diante de uma massa humana comovida e chorosa. Chamava-se Maximiniano Domingos do Espírito Santo e, ao falecer, estava curvado pelos 80 anos dedicado ao pobres a quem socorria com as doações que arrecadava da população que nele sempre acreditou. Como gratidão e a pedido do povo, foi dado oficialmente seu nome Túmulo de Preto Caxias no cemitério local a uma rua da zona sul da cidade. A protetora da infância abandonada ntre as pessoas afrodescendentes destacadas em capítulo inteiro de seu livro, o pesquisador Mário Lopes dedica espaço para Mãe Luciana. Trata-se de pessoa dotada de imenso amor a crianças abandonadas e que, em Pelotas e Rio Grande, já havia fundado dois orfanatos quando aqui chegou, em 1908, com o mesmo objetivo. Se chamava Luciana Lealdina Araújo e era uma mulher corpulenta, de elevada estatura, de cor preta, olhos delicados, de uma vivacidade acolhedora e que usava, permanentemente, um hábito franciscano com o tradicional capuz marrom, carregando no peito enorme crucifixo cor de ouro, seguro por corrente enrolada no pescoço. No objetivo de proteger crianças órfãs ou abandonadas, já aqui chegou com três meninas adotadas e obteve três ações bondosas que a acolheram e ajudaram no propósito principal. A família do intendente José Otávio Gonçalves a acolheu em casa, o vigário Costábile Hipólito a recomendou à sociedade e a sra. Ana Gaffrée, depois de ver seu inestimável trabalho, adquiriu e reformou um casarão na zona sul da cidade, onde, após muitas melhorias e adequações, funciona até hoje o Educandário São Benedito. Mas o início de tudo foi difícil. Mãe Luciana esmolava, vendia doces que fabricava e teve sua primeira casa de abrigo de meninas abandonadas em um sobrado, alugado na antiga Praça Duque de Caxias, hoje sede da Escola Justino Quintana, casa onde vivia com a doação do povo. As dificuldades não eram poucas, mas o entusiasmo e dedicação de “Mãe Luciana” eram ainda maiores. Por mais de dez anos ela dirigiu com inexcedível devotamento o conceituado Educandário São Benedito, hoje de serviços bem mais avançados que aqueles de seus primórdios. Já idosa e cansada, passou a direção às Irmãs do Imaculado Coração de Jesus. Assumiu, então, nova missão, cuidando de uma creche. Nessa função faleceu em novembro de 1930. Sua morte causou comoção junto à população, acostumada com a ação benemérita da preta mais querida da cidade e cujo ideal foi um marco de abnegação e exemplo. Sua memória foi perpetuada com o nome de uma rua da cidade, uma homenagem da comunidade à “preta velha” simpática e estimada que, com certeza, Deus mandou para servir de exemplo e causar tanto bem. Luciana Lealdina Araújo (Mãe Luciana) Antigo sobrado onde foi a primeira sede do São Benedito Primeiro médico civil rancisco de Azevedo Penna foi o primeiro médico civil a fixar residência em Bagé. Carioca de nascimento, cursou medicina em Paris de onde voltou em 1855 e se formou em 1856. Não gostando do clima do Rio de Janeiro resolveu vir para o Rio Grande do Sul, onde, inicialmente, morou na cidade de Rio Grande. Veio a Bagé para tratar da filha de um amigo, gostou da cidade e para cá se transferiu em 1858. Quando chegou sua mudança, foi notada a quantidade de livros que faziam parte de seus pertences. Foi um dos fundadores do hospital de caridade que mais tarde vi- ria a ser a Santa Casa de Bagé. Morava e dava consulta em sua casa, que se situava na quadra da Avenida Sete em frente à praça da Catedral. Quando de sua morte, em 12 de maio de 1901, em honra a sua condição de pai dos pobres, como era conhecido, a comunidade concretizou um monumento, onde hoje está sua estátua e onde também repousam seus restos mortais, justamente defronte a casa onde morou e clinicou. O projeto foi de autoria de Pedro Obino. O pedestal foi entalhado em Capão do Leão por Miguel Brigati e a estátua foi fundida em Paris, tendo ficado pronta em dezembro de 1910. Francisco de Azevedo Penna 1824 - 1901 A inauguração ocorreu em solenidade especial em sua memória, com autoridades e populares, a estátua foi toda ornamentada, tendo o local recebido várias visitas nos dias que se seguiram. A cadeira e os livros que se notam nela foram cópias do móvel usado por ele e o sistema de manter os livros sempre ao lado da cadeira, para seus estudos diários. Na história de Bagé, consta a inauguração da estátua do Dr. Penna, localizada em frente a sua casa e consultório, em 12 de maio de 1913. Chamado de pai dos pobres, as despesas da confecção do monumento foram custeadas pela comunidade, conforme pesquisa da historiadora bageense Elizabete Fagundes. Um moinho e uma “prainha” região de Bagé, por volta de 1867, centralizava uma grande produção de trigo, com safras abundantes e que se destacavam em meio à criação do gado em pleno desenvolvimento. Um grande investimento foi providenciado, incluindo o governo da província que contribuiu com a doação dos impostos e mais a iniciativa privada com o capital inicial, surgindo uma indústria panificadora. Foram os primórdios do famoso Moinho Bageense, localizado à margem direita do arroio que atravessava a Panela do Candal. Foi represada a abundante água do referido arroio com um paredão que servia para desviá-la e movimentar enorme roda de madeira para tratar do trigo, transformá-lo em farinha e abastecer a fábrica de massas, padaria e produtos afins. Na passagem de século, o moinho e suas fábricas paralelas tinham destacada produção, em zona central, a três ou quatro quadras da praça da Catedral, onde hoje é o encontro das ruas João Telles e Emílio Guilayn, próximo à chamada ponte do Guilayn. Paralelo à indústria beneficiadora de trigo e aproveitando a água corrente e limpa, foi, em frente ao moinho, Moinho Bageense - na reprodução vemos o primeiro automóvel a circular em Bagé, de propriedade de Emílio Guilayn organizado o primeiro serviço de praia da cidade. Por 200 réis era possível apanhar sol e banhar-se usufruindo de sabonete e toalha constantes no preço. Vários vestiários foram instalados e era praticamente um balneário, com as famílias, especialmente nos fins de semana, utilizando o local muito perto do centro para combater os dias quentes do verão. Existem fotos da época que mostram essas famílias às margens do arroio tomando sol. Uma espécie de Praia do Moinho, onde eram permitidos banhos públicos praia de ontem, que, em menos de 70 anos ficou deteriorada, com águas paradas e imundas, onde o progresso só chegou para piorar. O próprio moinho, também dotado de fábrica de massas e padaria, mais galpões, jardim, cocheiras, alojamento dos trabalhadores e imenso pátio, acabou se entregando ao tempo e, depois de passar pela mão de vários proprietários, em torno do ano de 1970, cessou totalmente a atividade, hoje sendo um prédio ainda de boas proporções mas sem uso adequado, com a maioria das dependências em ruínas. Era final do século 19 e início do século 20, quando uma “prainha” perto do centro da cidade e um imponente moinho, que abastecia fábrica de produtos oriundos do trigo, tiveram muita vida e promoveram muitos entretenimentos e renda aos moradores e investidores de então, como revela a pesquisa da historiadora Elizabeth Fagundes. Hotel do Commércio, um marco Antiga fachada do Hotel do Commércio na Rua Barão do Amazonas (antes Rua do Comércio) oão Luís Caputto, cidadão de origem francesa, foi o primeiro dono do Hotel do Commércio, o pioneiro hotel de Bagé, em 1842, e que tinha sua fachada para a atual Rua Barão do Amazonas, na época Rua do Comércio, o que explica seu nome. Quando o francês morreu, e por não ter herdeiro, o consulado da França vendeu o prédio para João Coelho. Esse seu segundo proprietário, mais o terceiro e ainda um quarto dono foram aumentando o prédio, comprando terrenos vizinhos e, com isso, chegou-se a 1909, quando foi empreendido um grande projeto em estilo greco-romano, já com duas frentes. A principal para a Avenida Sete de Setembro, o que é mantido na fachada até hoje. No início da 2ª década do século passado, em torno de 1912, o Hotel do Commércio tinha fama de ser o maior, melhor e mais confortável do sul do Estado. Foi o primeiro a ter pias nos quartos e sua cozinha e adega Interior do Hotel do Commércio eram muito apreciadas. As características de suas duas fachadas e a base de seu imponente jardim interno foram respeitadas até hoje, mesmo diante de reformas que mantiveram o prédio desativado por muito tempo. Conta a história que em suas dependências foram feitos os conchavos da Revolução de 23, pois lá se hospedou a maioria dos agentes. Foi transformado em um centro comercial, conservando o nome de Hotel do Commércio. Existe plano para que volte a ser hotel, na parte superior, mantendo lojas comerciais na parte térrea. É um dos destaques arquitetônicos de Bagé, admirado por forasteiros e historiadores, conforme apontamentos de Elizabeth Fagundes. Hotel do Commércio hoje Prédio da Prefeitura de Bagé os primeiros dias do ano de 1898 o então intendente municipal José Otávio Gonçalves tomou a decisão de construir um prédio para abrigar a administração municipal. Tudo como consequência do prédio usado na Praça Carlos Telles, ao lado da Catedral, já estar pequeno para abrigar o governo municipal e seu corpo de conselheiros. Em 16 de fevereiro de 1898, foi divulgado edital, possibilitando apresentação de projetos que abrigassem o gabinete do intendente e sua secretaria, duas peças para os três setores, tipo secretarias municipais, que eram o Tesouro, Município e Obras Públicas. Precisava ainda abrigar o salão do conselho (que eram os vereadores da época), mais um salão para o tribunal do júri, uma prisão e peças para a guarda municipal. O projeto aprovado previa dois andares com 14 aberturas para a face da praça e outras 12 para a face da Rua General Netto, atualmente Intendência Juvêncio Lemos, detalhes mantidos até hoje. Em novembro do mesmo ano, foi lançado edital para a construção da planta aprovada. A pedra fundamental, costume comum da época para a maioria das obras, foi implantada em solenidade ocorrida em 1° de janeiro de 1899, ao final da tarde. O ato teve Prefeitura banda de música e muitos discursos, indo depois os presentes comemorar, entre comes e bebes, na casa do intendente José Otávio Gonçalves. A inauguração, há mais de 110 anos, foi em ato festivo e solene abrilhantado por duas bandas de música que se revezaram em magnífico repertório, antes e depois dos muitos discursos. O exterior do prédio até hoje mantém suas linhas básicas, embora, internamente, tenha sofrido várias e sensíveis modificações, necessárias a sua manutenção. Em reconhecimento ao ato do intendente, o conselho, que era a Câmara de Vereadores da época, presenteou José Otávio com um quadro a óleo que foi colocado na sala de honra e que até hoje ornamenta as paredes daquele histórico e centenário no local. O prédio da prefeitura, na Avenida General Osório, foi inaugurado em 24 de janeiro de 1900, conforme pesquisa do historiador bageense Cláudio Lemieszeki. A imobiliária pioneira odernamente, o serviço profissional de transações de terrenos é exercido por imobiliárias, ramo concorrido, competitivo e em permanente expansão, acompanhando o progresso da urbanização de qualquer núcleo habitacional. Em Bagé, o pioneiro desta atividade é conhecido, mas nem sempre valorizado. Trata-se de Isaac Teitelroit, estrangeiro que escolheu Bagé para morar e constituir família. Foi pioneiro no loteamento de grandes áreas de terras, proporcionando o nascimento de inúmeras vilas e bairros de nossa cidade. Aportando em Bagé em 25 de julho de 1922, com apenas 27 anos, passou a exercer a atividade hoje chamada de corretor. Começou na área rural comprando e vendendo extensões de terra. Daí avançou para áreas vizinhas ao núcleo urbano e de seus negócios, facilitados pelo preço baixo e prestações acessíveis a todas as rendas. Data de 1928 seu primeiro lote, o qual dividiu em 480 terrenos fazendo surgir o que hoje conhecemos como Bairro Dois Irmãos. Os negócios andavam e surgiam mais loteamentos e novas vilas, como a Forjaz, Florença, Bom Retiro, Ipiranga. O acesso ao terreno próprio era tão facilitado pelo corretor de imóveis que seu trabalho começou a ganhar fama e também a aparecer o espírito be- n e m e re n t e d o s e n h o r Isaac, como todos o chamavam. Entre seus feitos surgiram várias doações de terrenos à Prefeitura, visando a instalação de praças que nem sempre se consolidaram, por dificuldades do Poder Público. Vila Damé, Bairro Bonito, Vila Petrópolis, Bairro Estrela D’Alva, Vilas São Jorge e São João, são outros núcleos muito habitados hoje e que nasceram entre os loteamentos de Isaac Teitelroit. Aqui são citados loteamentos que vingaram rapidamente, sem contar outros que demoraram um pouco mais a se consolidar, já a essa alt u r a p ro p o rc i o n a n d o corretagens outras que não a pioneira de Teitelroit, cujo sistema de vida comunitária nunca lhe proporcionou rendas opulentas pois as prestações a "perder de vista" eram o caminho que ele entendia como contribuição ao sonho das pessoas no terreno da futura casa própria. Nenhum dos loteamentos de sua lista sofreu solução de continuidade, pois, para negociar, Teitelroit sempre tinha uma maneira de recuperar a conta atrasada e a prestação vencida, sem Isaac Teitelroit que o comprador perdesse o terreno que sonhou para sua moradia. Sua maneira de agir, sua benemerência e seu pioneirismo no trato dos negócios de terrenos lhe valeram o título de Cidadadão Bageense, pois entre outros feitos sempre esteve ligado a instituições filantrópicas como benfeitor importante. Como profissional, sem dúvida, seu nome está associado ao progresso desta cidade e à realização do sonho de algumas gerações. Presidentes a cavalo em Bagé maioria dos presidentes que a República teve já visitou Bagé. Ou no exercício do cargo ou na condição de candidatos, mas só dois deles andaram a cavalo aqui. O primeiro deles foi Getúlio Vargas, no ano de 1943, em 10 de outubro. Ele veio inaugurar a exposição-feira e, quando esteve no Parque da Rural, ganhou um cavalo encilhado de presente. Mesmo vestido de terno e gravata, como bom gaúcho, não resistiu e montou, experimentando um trote em uma pequena voltinha, com o aplauso das demais autoridades presentes e da plateia, que delirou. Em honra ao presidente foi efetivado na cidade um desfile estudantil e uma parada militar das forças do exército aquarteladas na região. Um outro gaúcho, oficial do exército e da arma de cavalaria, quando presidente da República, aqui esteve e andou a cavalo. Foi Emílio Garrastazu Médici, natural de Bagé e que, em 1972, visitou sua terra natal, quando inaugurou o Pronto-Socorro da Santa Casa. Depois de outras visitas, esteve na Cicade, hoje Mercosul, a caminho da Fazenda Experimental Cinco Cruzes, hoje Embrapa, onde ganhou um cavalo, naturalmente da raça Crioula. Para desespero de sua segurança pessoal, que fez de tudo para evitar, o chefe da Nação não resistiu e quebrou o protocolo. Mesmo de terno e gravata montou no pingo e deu algumas troteadas em frente ao pavilhão que visitava, diante Presidente Getúlio Vargas Presidente Emílio Garrastazu Médici de aplauso geral dos presentes. Na história da cidade,Getúlio Vargas e Emílio Médici foram os presidentes da República que, em visita a Bagé, respectivamente em 1943 e 1972, aqui, andaram a cavalo, conforme pesquisa do jornalista Mário Lopes. Padre Germano m 15 de fevereiro de 1904 chegou a Bagé o padre Roberto Maria Germano, em companhia de outros sacerdotes salesianos que vinham ministrar aulas no Colégio Auxiliadora. Os demais um dia deixaram Bagé. Padre Germano ficou até sua morte, ocorrida em 29 de janeiro de 1973. Uruguaio de nascimento, tinha um sotaque forte, de origem. Ministrou aulas de geografia e história para várias gerações da região. Foi Cidadão Bageense outorgado pela Câmara de Vereadores, ganhou várias outras honrarias, inclusive o título da Ordem Nacional do Mérito Educativo Federal, quando foi presidente da República um de seus seu ex-alunos, general Emílio Médici. Foi vigário da Igreja Auxiliadora e capelão da Santa Casa. Padre Muraro onorino João Muraro, de porte grande, passou mais de 20 anos em Bagé e mostrou um coração do tamanho de sua estatura. Assumiu o Bairro Getúlio Vargas, que conheceu como Povo Novo. Não descansou enquanto não teve mudado o nome do local, embora seu desejo fosse Bairro São Pedro, tendo a lei dado esse nome à parte menos nobre do bairro. Criador do Instituto São Reverendo Guedes ntônio Joaquim Teixeira Guedes, natural de Pelotas, após ser ordenado diácono, veio para Bagé em 1943, para proceder estágio na Igreja Episcopal do Brasil e aqui permaneceu até sua morte, em 2001. Além de seu pastorado de mais de meio século, desempenhou expressivo trabalho comunitário. Foi pároco da Igreja do Crucificado e arcediago, tendo sido responsável pela construção da atual igreja além de outras obras episcopais. Foi fundador da Legião da Cruz, primeiro passo para a fundação e funcionamento da Cidade dos Meninos, abrigo e escola infantil que existe até hoje, reconhecida agora como escola regular de ensino. Foi vereador, secretário municipal de Educação e diretor da Escola Senac. Na maçonaria, integrou os quadros da Loja Sigilo n° 14 e como rotariano integrou o Rotary Clube de Bagé Norte, tendo sido seu fundador. Foi coordenador regional de Educação. Na vida religiosa, educacional, assistencial e política da cidade teve ação efetiva por várias décadas. Pedro de Educação e Assistência, centro básico da comunidade da zona leste da cidade, foi uma escola que nasceu do nada e chegou a ter 13 atividades coletivas inteiramente gratuitas de formação educacional, cultural, artística, profissional e de lazer. Foi o primeiro pároco da Paróquia de São Pedro. Transferido para o interior do Paraná, voltou a Bagé 20 anos depois para ser pároco da Igreja Auxiliadora. Professora Mélanie om mais de seis décadas dedicadas ao magistério, figura com destaque no ensino bageense a professora Mélanie Granier. Filha de franceses, nascida em 1876, aos oito anos de idade já demonstrava sua inteligência e desenvoltura, tendo sido escolhida para saudar o conde D’Eu e a princesa Isabel, quando se hospedaram em Bagé por alguns dias. Em 1894 iniciou suas lides no magistério, sendo logo nomeada por Júlio de Castilhos diretora da Escola Elementar, hoje Escola Silveira Martins, na época a mais importante escola estadual da região. Fundou, depois, sua própria escola, em 1911, chamada Colégio Perseverança e que, mais tarde e até hoje, viria a ter seu nome. Tinha projeção nacional, com presença em programas educativos das rádios Tupy de São Paulo e Nacional do Rio de Janeiro. Em 1958 foi inaugurada, em sua homenagem, uma rua central da cidade, o mesmo acontecendo em Porto Alegre, com seu nome em rua do Bairro Menino Deus. Mélanie Granier nunca se consorciou mas criou e educou mais filhas alheias do que centenas de grupos de mães, dedicando-se ao ensino especialmente de meninas, exclusividade de sua escola enquanto viveu. Professor Contreiras duardo Contreiras Rodrigues, nascido em 25 de janeiro de 1917, filho de Carolina e Félix Contreiras Rodrigues, neto do general Estácio Azambuja, líder revolucionário. Um dos mais expressivos nomes do magistério bageense de todos os tempos, lecionou praticamente durante 50 anos, o que significa que por sua cátedra passaram várias gerações. Nasceu em Paris, onde foi registrado no Consulado Brasileiro. No Brasil, estudou no Rio de Janeiro, bacharelou-se no Colégio Auxiliadora de Bagé e, mais tarde, foi diplomado no curso de Direito em faculdade de Porto Alegre, voltando à França para os cursos de extensão universitária, em Toulouse e Lyon. Além do Colégio Auxiliadora, lecionou no Colégio Espírito Santo e na Escola Carlos Kluwe, onde foi diretor por longo tempo, além das Faculdades de Ciências Econômicas e de Filosofia e Letras da FUnBa, hoje Urcamp. Ao falecer, em 24 de maio de 2005, aos 88 anos de idade, deixou inúmeros trabalhos , entre os quais “Estácio Azambuja – Ensaio Bibliográfico”. Poeta como poucos e cronista do cotidiano e da história, sempre teve obras publicadas. Poema “... Um pingo de romance... Murcha a flor mas exala seu perfume... ...Sopra a cinza; Pode haver uma brasa... Esse poema, professor Contreiras escreveu a Dona Lola, sua esposa, quando se despediram Uma loja centenária m libanês de 21 anos de idade chegou a Bagé no ano de 1910. Veio com a esposa, Amélia, e mais dois irmãos. Seis meses depois, tempo em que varejou vestuário de porta em porta, estabelecia sua loja, que até hoje atua com expressão importante no comércio lojista da cidade. Seu primeiro estabelecimento comercial foram duas salas contíguas no Mercado Público que havia no centro da cidade. No início dos anos 20, depois de sua chegada, mudou a loja para o endereço que mantém até hoje, na esquina das ruas Marechal Floriano e General Neto. Salim Kalil era o libanês que Bagé recebeu em 1910. Salim Kalil é o nome atual da loja que antes se chamava “A Barateira”. Salim teve quatro filhos. Um deles, Fued, assumiu o estabelecimento quando o pai morreu, em 1971. A outra geração à frente da loja realizou investimentos especiais no local: mais um andar e escada rolante. Essas modernidades deixaram a Casa Salim Kalil em dia com o U Loja Salim Kalil, a mais antiga de departamentos da cidade Cópia de anúncio de jornal de “A Barateira” , ainda no Mercado Público marketing atual e com invejável carteira de clientes. Apesar de ter mais de 100 anos de existência, o mix de produtos oferecidos tornam-na atualizada em relação ao que há de melhor no ramo. Empresários locais, cônsules estrangeiros empresariado bageense sempre manteve destaque estadual e nacional, mas também já teve seu tempo de prestígio internacional, cujos países de origem lhes confiavam missões especiais. No início e no final do século 20, Agustín Fernandes e Domingos Nocchi eram cônsules do Uruguai e da Itália, respectivamente, na região de Bagé. O primeiro era vice-cônsul do Uruguai, enquanto desempenhou a liderança de empresa comercial do ramo de fazenda, Fachada da Loja Agustín Fernandes, na esquina das ruas General Sampaio e General Osório( antiga confecção, armarinho e miudezas, desCasa Carioca, atual Magazine Obino) tinadas à moda masculina e feminina. Domingos Nocchi, bem moço, guarda-livros O segundo foi Domingos Nocchi que (contador) da empresa dos Nocchi atuou em vários ramos de atividade comercial e industrial na cidade que acolheu os pais. Junto aos irmãos atuou na venda de produtos coloniais, muito disputados na época. Domingos de Souza Nocchi foi, depois, vice-cônsul da Itália, país que lhe conferiu, mais tarde, o título de comendador. Os irmãos Nocchi foram pioneiros, em Bagé, do ramo de bebidas, cujos refrigerantes foram produzidos em linha de alta montagem, para a época, além da representação dos mais variados tipos de bebidas. A loja enO comércio dos irmão Nocchi ficava na Praça Rio Branco, com cerrou bem antes da produção engarrafada. fachada principal para a Rua Marechal Deodoro (hoje Banco Sicredi) Quatro gerações no comércio e na indústria de Bagé O s irmãos Guilherme, Octávio, José e Felizardo Ferreira Pinto Dalé começaram a atuar no comércio por meio de pequenos armazéns de secos e molhados em diferentes pontos da cidade. Nos anos 50, com a fusão dos estabelecimentos comerciais individuais dos irmãos José e Guilherme Dalé, a empresa Martin B. Alves, situada na zona norte da cidade, foi adquirida, surgindo a empresa Dalé Irmão & Cia. Ltda. A nova sociedade iniciou suas atividades com a fabricação de refrigerantes como a gasosa limão, guaraná Amazonas e laranja Brotinho. Além disso, trabalhou com o engarrafamento de vinhos e de aguardente, depois agregou a torrefação do café Aceguá e a fabricação de sabão, constituindo-se, assim, numa empresa de grande porte e líder nos setores em que atuava a partir da década de 60. No retorno de uma viagem a Montevidéu, motivados pelo autosserviço que lá se iniciava, em pouco tempo aqui inauguravam o seu primeiro mercado. Devido ao sucesso da iniciativa, rapidamente veio o segundo empreendimento, denominado de Dalé 2, na rua General Neto, já com formato e operação de supermercado. Em curto espaço de tempo, já eram sete filiais e a empresa se tornava a primeira grande rede de supermercados de Bagé. Nos anos 80, com a investida de empresas de fora, foi comercializada a rede de supermercados, no auge de suas atividades. Com isso, os irmãos Dalé, que já contavam com a participação, na sociedade, dos filhos Guilherme, Jorge, Luís Fernando e José Carlos e dos irmãos Otávio e Felizardo diversificaram os ramos de atuação para transportes, fabricação de bebidas, distribuição de cervejas, comercialização de veículos, de materiais de construção, e na indústria da construção civil, atividade que perdura sob a direção de Luís Fernando Dalé e conta com a participação dos filhos Luíse, Luís Paulo, José Fernando e Luís Felipe, completando-se a quarta geração da família na indústria e no comércio em Bagé, dando continuidade à história que iniciou com os netos de imigrantes portugueses Idelmiro, Anulino, Claudiomiro e Osoriolino Ferreira Pinto nos idos de 1900. Os guris José, Guilherme e Octávio Dalé, desde a morte de sua mãe, Bráulia Ferreira Pinto, que era casada com o patriarca Jorge Dalé, foram criados trabalhando nos armazéns dos irmãos Ferreira Pinto, adquirindo, mais tarde, parte dos negócios da família. Torna- Ato inaugural do Supermercados Dalé, loja 1, com a presença de José Dalé e a bênção do padre Fredolin Brauner Inauguração do Supermercado Dalé, na foto José Dalé, Eunice Bittencourt, Delma Dalé e as clientes Silvina Firmino e Ester Severo Lopes ram-se também comerciantes. Conforme mencionou José Dalé: “No caminho encontramos grandes dificuldades que foram superadas com muito empenho, dedicação e muitas madrugadas de trabalho. Contamos com a imprescindível ajuda de nossos inesquecíveis colaboradores que fizeram parte dessa trajetória. O apoio da família e da minha esposa, Delma, foi fundamental para o sucesso desta longa história no comércio e na indústria de Bagé, que está tendo continuidade através das novas gerações”.