Novembro . 2013 . 1

Transcrição

Novembro . 2013 . 1
. Novembro . 2013 . 1
2 . Novembro . 2013 .
. Novembro . 2013 . 3
Editorial
4 . Novembro . 2013 .
. Novembro . 2013 . 5
Sumário
6 . Novembro . 2013 .
Galeria
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Vapt Vupt
La mano de Dios
Quando esgotam as tentativas de engravidar normalmente, muitos casais recorrem para uma mãozinha da medicina
Por: Renan Guex Haiduk
Muitos casais tem um sonho em comum: ter um ou
mais filhos. Para a maioria, o processo da fecundação e o
início da gestação ocorrem normalmente. Porém, o que
seria um sonho para uns, torna-se pesadelo para outros,
pois entre 15% a 20% dos casais sofrem com a infertilidade. A Revista Novos Ninhos conversou com a médica
formada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
especialista em infertilidade conjugal, pertencente ao
corpo clínico de uma das maiores clínicas de fertilização
do Paraná, Cristiane Gobo. Ela respondeu inúmeras questões fundamentais sobre a reprodução, principalmente
para quem encontra dificuldades para engravidar.
Novos Ninhos – Como diagnosticar a infertilidade?
Cristiane – Diagnosticamos a infertilidade quando o casal está tentando a gravidez há mais de um ano e não obteve sucesso, isso para mulheres que possuem até 30 anos.
Pelas mãos da Dr. Cristiane
passam cerca de 30 casais
por mês em busca da realização dos seus sonhos
8 . Novembro . 2013 . Novos Ninhos
Para aquelas com mais de 30 anos, se estiverem tentando
há seis meses e ainda não conseguiram, já começamos a investigar. Essa média de tempo é feita com base na idade da
mulher, porém não é somente nela que estão concentradas todas as causas dos problemas. Dos casais que chegam
aqui, 40% dos problemas estão com o homem, 40% com a
mulher e 20% com os dois. Por isso, é feito uma série de
exame em ambos, para saber a origem do impedimento.
Novos Ninhos – Quais são as principais causas da infertilidade feminina?
Cristiane – A primeira causa principal são os problemas
com a ovulação, como a síndrome do ovário policístico. É um
distúrbio hormonal que altera a ovulação e desregula a menstruação, acarreta no aparecimento de acnes e pelos, aumenta a oleosidade da pele, engorda, dentre outros sintomas.
A segunda causa geralmente acontece no duto peritoneal,
como a endometriose e são alterações no aparelho genital.
A terceira são problemas uterinos como miomas e pólipos. Com
menor frequência, vem a deformação
no colo do útero e má formação genética.
Novos Ninhos – E a masculina?
Cristiane – No homem temos a qualidade e a quantidade de espermatozoides como a principal causa da infertilidade.
Novos Ninhos – Quais são os métodos de reprodução
existentes na medicina?
Cristiane – São divididos em dois grupos: de baixa complexidade e de alta complexidade. Dentre os métodos utilizados na baixa complexidade há a Relação Sexual Programada. Nele, a mulher toma medicamentos que estimulam
a ovulação e o médico dirá à paciente a melhor data para
realizar o ato sexual. Ainda na baixa complexidade há a
Inseminação Artificial. Neste caso, o sêmen é coletado
e examinado para ver se possui alguma alteração. Se houver, ele é melhorado no laboratório e depois colocado no
útero no momento em que ela estiver para ovular. Na alta
complexidade, há a Fertilização In Vitro. Nela, a mulher
toma medicamentos para estimular a ovulação, visto que
diferentemente da ovulação normal, ela consegue produzir de seis a sete óvulos. Estes são retirados e o encontro
com o espermatozoide será feito em laboratório, por um
biólogo. O espermatozoide pode ser colocado em contato com o óvulo de duas maneiras: a primeira, chamada de
convencional, é pouco usada hoje em dia. Nela, uma gota
de espermatozoides e colocada ao lado do óvulo para que
ele encontre o “caminho” sozinho. O outro, mais utilizado
hoje em dia, por ser mais eficaz, é o ICSI (Injeção Intracitoplasmática). Diferente do método convencional, nele,
apenas um espermatozoide é colocado dentro de cada óvulo. Após 24 horas é possível saber se ele fertilizou, ou não.
Novos Ninhos – Você citou os grupos de alta e baixa complexidade. Qual a porcentagem de sucesso de
cada grupo?
Cristiane – A chance de sucesso do grupo de baixa complexidade, principalmente da inseminação, gira em torno
de 20% a 30%. Na fertilização a chance é de 42%. As médias são equivalentes a pacientes abaixo de 35 anos. Quanto maior a idade, as chances vão diminuindo.
Novos Ninhos – Fala-se que os métodos de reprodução humana geram gemelares. Essa taxa é alta?
Cristiane – Isso que você acabou de dizer é um tabu que
muitas pessoas têm. A taxa de gemelares, se for analisar
pela maneira que ocorre o processo de reprodução, é baixa.
São de 10% a 15%. E outra, muitos chegam aqui e querem
ter gêmeos. Não há como escolher, gemelar é uma consequência do tratamento.
Novos Ninhos – Quando você considera que as chances de um casal acabaram?
Cristiane – É muito difícil o médico falar ao paciente que
suas chances terminaram, somente o casal saberá quando
esgotaram. Pois esse processo é extremamente cansativo
e esgotante, tanto pelo físico, quanto pelo psicológico e
financeiro. Ainda, por mais que homem não tenha produção de espermatozoides ou a mulher não consiga produzir
óvulos, eles podem recorrer ao banco de sêmen e óvulos.
Porém, há uma idade limite que é de 50 anos. Essa idade é
regulamentada pelo Conselho Regional de Medicina.
Dos casais que chegam aqui 40% dos
problemas estão com o homem, 40%
com a mulher e 20% com os dois
Novos Ninhos – Há algum
outro processo que pode
ser feito durante o tratamento para a reprodução?
Cristiane – Aqui em Cascavel conseguimos fazer os
mesmos procedimentos existentes nos grandes centros,
na Europa ou Estados Unidos. Uma das mais modernas
tecnologias é o mapeamento
genético pré-implantacional.
Nesse procedimento é retirada uma célula do embrião
e é estudada para saber se há
alguma alteração genética.
Quando há alguma alteração,
conseguimos eliminar os embriões problemáticos e deixar
apenas os saudáveis.
Novos Ninhos – Fantástico! E aquele papo de poder escolher até mesmo características genéticas,
é possível?
Cristiane – Nunca! (Risos). Isso não existe. Para você
ter uma ideia, é proibido até fazer a escolha do sexo.
Na copa de 1970, após um gol polêmico de mão numa
partida pela Argentina, João Diego Maradona disse que
metade do mérito do gol foi dele e a outra metade foi “La
mano de Dios” (a mão de Deus). Apesar da escolha das
características genéticas estarem acima da capacidade
dos médicos, estes, assim como Maradona, também têm
uma ‘mãozinha’ de Deus em seus procedimentos. Afinal,
trabalham para fornecer aos casais que não podem ter
naturalmente, o milagre vida, a pureza e alegria que são
as crianças.
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Gestação
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A gravidez, ainda que não planejada, é um grande marco na vida de uma mulher. E para muitas mães, os pensamentos se viram para o futuro: como será o seu bebê?
Com quem será parecido? Quando serão os primeiros
passos e palavras? Portanto, pouco tempo depois de constatar a gestação, descobrir que não existe um embrião e
que aquela criança nunca nascerá pode ser um o pesadelo
para muitos pais.
A gravidez em que o saco gestacional está vazio é chamada de anembrionária ou anembrionada. O ginecologista obstetra Luís Sérgio Fettback esclarece que o corpo
emite os mesmos sinais de uma gestação saudável e que a
mulher, sozinha, não consegue descobrir se há algo errado. “Ela sente todos os sintomas tradicionais de uma gravidez, inclusive os hormônios Beta HCG e a progesterona,
que lançam mensagens ao cérebro e preparam o corpo”,
Ela precisa ser forte para aguardar que
o corpo faça o trabalho sozinho e ela
ainda suporte as dores disso
afirma Fettback.
A forma mais comum de se descobrir esse problema é
por meio da ultrassonografia, que vai mostrar se há, ou
não, um embrião em formação. Foi dessa forma que a gestora administrativa, Cássia Bonazza, descobriu que sua
primeira gravidez não geraria o seu primogênito. “Com
cinco semanas descobri a gravidez e, ao fazer a ultrassom,
não foi detectado o embrião”, conta Cássia, que esperou mais três semanas para
realizar o outro exame que lhe
deu o diagnóstico definitivo.
“Geralmente são realizados
dois a três exames, com espaçamento de cerca de duas
semanas, para termos certeza
que não há batimentos cardíacos e nem embrião”, explica
o ginecologista Luiz Fettback.
Também chamada de “ovo cego”, a gravidez anembrionária ocorre quando o óvulo, já fertilizado, se implanta
ao útero, mas por algum motivo, não desenvolve embrião - que posteriormente será um feto e depois o bebê.
“Existem inúmeras razões para esse problema acontecer.
A mais comum é quando há alguma alteração cromossômica” esclarece o médico, que ainda complementa que “é
a própria natureza” que impede que esse embrião se forme e gere um bebê com algum problema de formação ou
síndrome.
A gravidez anembrionária é mais comum na primeira
gestação da mulher. O procedimento mais utilizado para
retirada do saco gestacional é a curetagem uterina, embora o processo natural seja o corpo expulsar por meio
“Ovo cego” só pode ser diagnosticado por exames e
atinge muitas mulheres em sua primeira gestação
de um aborto espontâneo. “O método de encerramento
da gestação vai depender do psicológico da mulher. Ela
precisa ser forte para aguardar que o corpo faça o trabalho sozinho e ela ainda suporte as dores disso”, relata o
ginecologista. Para muitas mulheres é necessário fazer
acompanhamento psicológico antes de tentar uma nova
gravidez. “Eu tive muito medo de que eu ou meu marido
não fossemos perfeitamente saudáveis para gerar um filho. Isso entristeceu toda a família”, conta Cássia.
Esse não foi o caso da administradora Aline Worm,
que também teve o problema em sua primeira gravidez.
O bebê já tinha até nome: Miguel. “No início foi muito
difícil, depois de um tempo eu me conformei. Pra mim,
o Miguel existiu, eu só não pude criá-lo, mas ele sempre
estará comigo”, relata Aline, que já se considera mãe. Com
duas semanas de gestação, ela sofreu um início de aborto
espontâneo. Foi quando descobriu que não havia embrião
no seu útero. A administradora relata que a sua religião,
a espírita, ajudou a superar a perda, e que já está pronta
para dar um irmão ou uma irmã ao Miguel.
Conforme Fettback, cerca de 25% das mulheres que
estão em sua primeira gestação acabam perdendo seus
bebês por causas diversas, que culminam em um aborto
espontâneo. Ele qualifica que se pode traçar um paralelo
com os 80% das gravidezes anembrionárias que levam ao
mesmo fim. “Algumas vezes a gravidez vai até a 6° semana e já ocorre o aborto. Portanto, a comunidade médica
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considera que muitos abortos espontâneos ocorram
em decorrência da gestação
anembrionada que ainda
nem mesmo foi detectada”,
finaliza o médico.
Apesar de ser recorrente,
não há indícios de que um
‘ovo cego’ seja culpa dos pais.
Saco gestacional
Portanto, nada impede que
com o embrião em
estes tenham gestações bem
pleno desenvolvimento sucedidas no futuro. “Nós recomendamos um período de
três a seis meses de espera
para uma nova gestação, nesse caso, para recuperação do
corpo e da alma dessa mãe”, explica Fettback. Por isso, é
possível iniciar uma segunda gravidez sem medo, já que
com exceção de uma alteração cromossômica em um dos
pais, um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.
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Dr. Luís Sérgio Fettback, 30 anos de profissão e
inúmeros atendimentos aos casos de “ovo cego”
Especial
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Animais e crianças dão certo? Esse talvez seja o primeiro questionamento que os pais se fazem quando descobrem uma gestação e não sabem o que fazer em relação
aos seus animais de estimação. Apesar de ser um assunto
merecedor de atenção, com os cuidados e as orientações
certas é possível formar uma dupla de sucesso. Segundo
a psicóloga Adriana Montini, os bônus da relação infantil
com os animais se mostram ao longo do desenvolvimento. “A criança com o animal é mais ciente de si, do ambiente que a rodeia e dos outros seres vivos que o compõe”,
confirma Adriana.
O modelo familiar em que o elo é a afetividade entre
pais, filhos e animais é denominado de ‘ família multiespécie’. E já é uma realidade brasileira: dados do último
censo do IBGE revelaram que 60% dos lares brasileiros
A criança com o animal é ciente de si,
do ambiente que a rodeia e dos outros
seres vivos que o compõe
possuem animais como parte integrante, em alguns casos
até essencial, da família. Mas até que os pets cheguem a
ter esse status dentro dos seus lares, eles precisam passar
pela prova de fogo do nascimento dos filhos e adaptação
ás crianças da casa.
Segundo dados da Secretaria de Saúde de Cascavel, são
cerca de 30 mil animais de rua na área urbana do município. Grande parte desse número é vítima de abandono,
e uma das principais causas é a gestação ou a dificuldade de adaptação com as crianças. A veterinária Simone
Dias é uma profissional que, além do seu trabalho em
uma clínica, ainda atende animais socorridos por ONGs
de proteção animal e vivencia a realidade de pais desinformados ou até mal informados. “Há uma cultura de se
desfazer dos animais quando se está grávida por medo e
insegurança de diversas doenças facilmente evitadas com
simples cuidados de higiene”, afirma Simone, que ainda
completa: “Muitas vezes, os casais doam seus animais por
orientação dos próprios médicos”.
´
Saude
A doença mais temida em relação à convivência de
gestantes e animais é a toxoplasmose. Causada por um
parasita, essa doença pode ocasionar dores de cabeça, articulares e musculares, manchas pelo corpo e comprometimento da retina ocular. Se a mãe estiver contaminada,
ela pode transmitir ao seu bebê no período fetal, o que se
chama de toxoplasmose congênita. “O que a maioria das
pessoas esquece é que a doença é mais facilmente adquirida por meio da ingestão de vegetais mal lavados ou carnes
mal passadas”, esclarece a veterinária.
A forma de contaminação mais comentada é por meio
das fezes do hospedeiro final do parasita: o gato doméstico. A veterinária enfatiza que “apesar de todo esse medo
em torno da toxoplasmose, a menos que a mulher tenha
contato direto com as fezes e passe essas mãos contaminadas nas mucosas, as chances de contaminação são muito pequenas”.
A farmacêutica Dayanne Prigol carrega boas memórias
da infância recheada da convivência com os animais da
família. Ela leva esse cuidado para a vida adulta e desde
2011 é voluntária de uma ONG de proteção e resgate a
animais abandonados. Quando engravidou da sua primeira filha em 2012, sofreu na pele o preconceito por suas escolhas. “As pessoas me criticavam por continuar visitando
os animais da ONG e por não querer nem pensar na possibilidade de me desfazer das minhas duas cachorrinhas”,
declara Dayanne.
Alergias e irritações causadas pelo contato com o pelo
dos animais também amedrontam os pais. Mas, por incrível que pareça, o resultado desse contato pode ser exa-
Sob a liberação e a
supervisão dos pais,
Antônia se diverte
com os animais da
família
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Exemplo de família
multiespécie: durante a
gestação Dayanne não
abriu mão da presença das
suas cachorrinhas. “Mal
podia esperar para vê-las
brincando com o bebê”
A cadela Judi é fiel
amiga e protetora
de Antônia. Além
da companhia, ela
também acalma e
diverte a menina
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tamente o contrário. Uma pesquisa realizada com 566
crianças pelo Hospital Infantil de Pittsburg, nos Estados
Unidos, revelou que as que conviviam com gatos tinham
48% a menos de chance de desenvolver alergias, e nos pequenos que conviviam com cães, esse número aumentava
para 50%. “A convivência com os bichos aumenta a imunidade, ou seja, a criança desde cedo produz o anticorpo
para evitar alergias a esse tipo de animais”, complementa
Simone.
Relacionamento
Os animais são uma fonte de diversão e carinho, além
de serem ótimos aliados contra o estresse. A Universidade
de Loyola em Chicago divulgou que o convívio com os animais proporciona uma frequência cardíaca e pressão arterial mais baixa. “Percebo que quando a Antônia está perto
das meninas ela fica mais calma e mais tranquila, ela ri e
se diverte”, atesta Dayanne, sobre a relação da sua filha
Antônia de seis meses e suas duas cadelas, Judi e Tereza.
Porém, os maiores benefícios dessa relação estão no
desenvolvimento psicológico da criança. No site Psicologia Animal, o ecologista Alan Beck e o psiquiatra Aaron
A veterinária Simone e
os amores da sua vida: os
filhos, os animais e a
profissão. A gravidez de
28 semanas não atrapalha
o cotidiano
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Katcher concebem que “a convivência com bichos é fundamental para o desenvolvimento da personalidade dos
humanos, tendo influência direta no desenvolvimento infantil”. Toda ajuda é bem-vinda quando se trata de dar o
que há de melhor para os filhos.
A experiência com a morte permite
aprender o respeito à natureza e ao
ciclo da vida, a conviver e aceitar mais
facilmente sistemas de regras e situações
que fogem ao seu controle e que devem
ser vivenciadas
Outro fator a ser desenvolvido na criança é a empatia
por outros seres, principalmente os que estão em posição
inferior a ela e aos quais ela pode estabelecer uma relação
de autoridade. “A conexão com o animalzinho traz consigo uma relação de amor incondicional e não permeada de
interesses materiais, a criança aprende a cuidar e receber
em troca sentimentos impalpáveis”, confirma Adriana. A
veterinária Simone reitera a informação. Mesmo grávida
de 28 semanas, não parou de trabalhar nenhum dia e observa o comportamento da sua filha Ana Clara, de quatro
anos, que convive diariamente com os animais da clínica.
“A Ana Clara é um ser livre aqui, ela chega e já se agarra
com qualquer bicho que esteja na clínica, tranquila e feliz. Não perde um plantão, sempre que venho tenho que
trazê-la, é minha companheira”.
Essa relação ainda permite a formação da autonomia
e da afetividade. “O cuidado relativo ao animalzinho de
estimação, por não ser meramente uma obrigação, e sim
um ato consciente de ternura e estima ao mesmo, desenvolve uma afetividade responsável e que se estende a todo
e qualquer relacionamento”, relata Adriana, destacando
que isso ainda influencia positivamente no convívio com
outras crianças, socializando-a, tornando-a menos egocêntrica e mais afetuosa.
A vida do animal, assim como a de todos os seres vivos,
é um ciclo. A experiência com a morte, além das demais
descritas acima, permite aprender o respeito à natureza
e ao ciclo da vida (nasce, cresce, reproduz, envelhece e
morre), a conviver e aceitar mais facilmente sistemas de
regras e situações que fogem ao seu controle e que devem
ser vivenciadas. Cabe então aos pais proporcionar, ao animal e à criança, um ambiente saudável para o desenvolvimento dessa amizade que só tem a acrescentar na vida
dos pequenos.
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Decoração
A montagem do quarto do bebê pode parecer simples, mas com o crescimento da criança, os gastos podem parecer inevitáveis. Confira as dicas
para um quarto que “cresça” junto com o seu filho e economize com itens
desnecessários
Se for menino, a cor é azul. Se for menina, a cor é
rosa. E à medida em que eles crescerem, a troca de cores
e móveis vai ser inevitável. Difícil fugir desse clichê? Só
se você não quiser. Hoje os pais podem contar com a
praticidade de um quarto que cresça junto com a criança, evitando gastos, reformas, mudanças constantes e
condizendo com cada fase do crescimento.
Para conseguir alcançar esse feito, a palavra de ordem na hora de planejar o quarto do bebê é praticidade.
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Conforme o arquiteto Cristian Sica, o principal desafio
é reunir neste quarto itens que facilitem a rotina diária. “Um quarto que pode ser nomeado prático deve
atender as principais necessidades da mãe e do bebê”,
afirma Cristian. Para tanto, é necessário elencar quais
móveis e acessórios são essenciais e dispensar os demais.
Confira a seguir um modelo de quarto que conta com
itens neutros e que exemplifica como menos é mais.
O arquiteto Cristian Sica atua
em projetos nas áreas residencial,
comercial e corporativa
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Duelo
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Iniciativa
Terapia
parental
em grupo
Ser mãe ou pai é uma tarefa árdua e prazerosa, sempre permeada por muitas dúvidas e questionamentos. Já
pensou estar em um ambiente onde todas as suas angústias parentais são absolutamente normais e bem aceitas?
Pois esse é o trabalho do grupo “Gesta Cascavel”, que reúne quinzenalmente futuros pais, casais gestantes, mães e
pais recentes e profissionais da saúde para discutir temas
inerentes à paternidade e seus desafios.
Fundado em 2011 pelas doulas Mariana Notari e Marieli Marcioli, o grupo foi constituído sob as diretrizes
da ONG Parto do Princípio, que luta pelas melhorias de
atendimento ao parto em todo o país. “As discussões do
“Gesta Cascavel” têm como tripé assuntos referentes ao
parto, à amamentação e à maternidade”, explica Mariana.
A cada reunião temática, que agrega cerca de 20 a 30
participantes, são trabalhadas as dúvidas, compartilhadas experiências, preocupações e medos, trabalhando
em cima de cada um para que os participantes possam
formular suas opiniões, e dessa maneira, tomar as melhores decisões para sua família. Mariana ressalta que o
conhecimento compartilhado nas reuniões possui devida
O grupo recebe gestantes, mulheres
com crianças de colo e até mesmo
quem está pensando em ter filhos
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Grupo que reúne pais e mães mostra
que compartilhar as dúvidas é igual
a diminuir as incertezas: conheça o
trabalho do grupo Gesta Cascavel
Por: Priscila Baracho
procedência, “as discussões são embasadas em materiais
científicos, de médicos e cientistas especializados e com
as experiências de pessoas que passaram pelas situações”.
No estado do Paraná é possível encontrar grupos
“Gesta” em Londrina, Maringá e Curitiba. A iniciativa em
Cascavel deu tão certo que contagiou a cidade vizinha de
Toledo. “Nós fizemos a primeira reunião em Toledo no
mês de março e entregamos o grupo a pessoas da cidade
para que dessem continuidade ao trabalho, que até agora
já tem rendido bons frutos”, relata Mariana. Os grupos
também estão espalhados pelo Brasil, em cidades como:
Fortaleza, Brasília, Vitória, Sumaré, Araraquara, Baurú,
Pelotas, entre outras.
As reuniões do Gesta Cascavel acontecem em quartas
alternadas às 19h30, na Rua Minas Gerais, 2195, Edifício
Versalhes. Para conhecer mais sobre o grupo e encontrar
os temas de reuniões anteriores basta acessar o blog do
“Gesta” : http://www.gestacascavel.blogspot.com.br.
Além da medicina
Por: Priscila Baracho
Prof issionais que lidam
com a gestacao
~
e o parto demonstram, no cotidiano
´
do seu trabalho, que
esse e´ um
processo que deve ser
mais humano e menos
mecanizado
O parto é um grande acontecimento na vida de uma pessoa. Ele transforma a mulher em mãe, o homem em pai e
para a criança, é sua entrada para um novo ambiente cheio de
movimento, cores e sons. Para que esse momento seja bem
sucedido, muitos acreditam que é impreterível a presença do
médico obstetra. Mas será que é mesmo? Nem sempre. Há
outros três profissionais que podem lidar diretamente com a
gravidez e o parto, e cujo atendimento foi indispensável para
muitas mães na hora mais crucial de suas vidas. Eles são: enfermeira obstetra, fisioterapeuta obstetra e doula.
A enfermagem obstétrica é uma pós-graduação com uma exigência mínima de formação: o curso de Enfermagem. Para seguir esta carreira, é necessário um aperfeiçoamento de dois anos, que vai permitir ao profissional
capacitação em obstetrícia. Enfermeira há mais de 10 anos, Honielly Goes
possui o curso de enfermagem obstétrica há três e já acompanhou cerca de 100 partos naturais nesta função.
Decidida a trabalhar na área obstétrica, há 11 anos, Honielly tem assistido pacientes, amigas e familiares para garantir que o parto ocorra de maneira tranquila.
“Desde o primeiro ano da faculdade eu já tenho acompanhado e estudado essa
área. Pra mim, é algo que teve muito a ver com vocação”, comenta Honielly. Durante o parto
natural, como a própria enfermeira confirma, os protagonistas são a própria mãe e o bebê,
e sua função é entender e interpretar os sinais que o corpo da mulher fornece e a partir
destes acompanhar a condução do parto. E para ter certeza que, em caso de emergências, ambos estejam bem amparados, Honielly nunca trabalha sozinha, e em
cada parto conta com equipamentos de reanimação e de oxigenação artificial.
É importante entender que a enfermeira obstetra é tecnicista. Ela deve
lidar com os monitoramentos, controles e tempos de evolução do trabalho
de parto. Portanto, Honielly define que em um parto normal, a equipe
mínima e indispensável é a própria enfermeira e a doula. “Parto normal sem doula e somente com a enfermeira obstetra é complexo,
meu trabalho é focado na técnica e não no emocional do momento”, declara a profissional.
Para encontrar um profissional da área não é fácil. No Brasil, há um déficit de enfermeiros, como revelou um estudo
elaborado pela Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico, que mostrou que no país, para cada
mil habitantes existem apenas 0,9 enfermeiros. “Em Cascavel, somente uma faculdade oferece essa especialização
e a primeira turma se forma no final de 2013. Além deles,
eu sou a única que atua na área em todo o município”, conclui Honielly. Suzane está para ganhar a Marina, e como
enfermeira reconhece a importância do trabalho do profissional especializado. “Sabendo que ela vai estar comigo,
eu fico mais tranquila e sinto que o meu parto vai ser mais
seguro”, afirma.
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A fisioterapia obstétrica também é uma especialização do curso de Fisioterapia. Sem nenhuma instituição em Cascavel para realizar o
curso, há três anos a fisioterapeuta Naiara Moreira foi até Curitiba para conseguir a formação,
e além dela, apenas outros cinco profissionais
trabalham na área em Cascavel. Para Naiara, o
trabalho da fisioterapeuta durante a gravidez é
uma área em ascensão. “Os médicos estão começando a indicar para suas pacientes, já que estão
reconhecendo a importância desse atendimento”.
Este trabalho tem importância não só para
mulheres com interesse em parto normal, ao contrário do que muitos pensam. “Toda gestante, independentemente do tipo de parto, vai sofrer com
as modificações gravídicas, e a fisioterapia vem
para amenizar e facilitar a ocorrência dessas modificações”. O foco do trabalho desse profissional
está em exercícios e circuitos de respiração que visam melhorar a qualidade de vida da mãe, amenizar
os incômodos das mudanças corporais e preparar o
corpo para o momento do parto.
Mas a fisioterapia não é para todas, há contraindicações para sua realização, e elas devem ser observadas. “Esse trabalho não é indicado para mulheres
com gravidez de alto risco ou hipertensas”, ressalta
Naiara, que ainda completa que “é de suma importância que o médico obstetra da paciente esteja ciente da realização da fisioterapia e vá acompanhando o
andamento da gravidez”, alerta Naiara.
O período ideal para o início das atividades é a partir da 13ª semana de gestação e não tem data para acabar. A prática é bastante indicada também para puerperais, já que após o ganho da criança, a tendência é de
ganho de peso e tamanho desta, o que vai exigir uma
musculatura cada vez mais forte da mãe. Com o fisioterapeuta, os atendimentos são fechados em pacotes
de 10 sessões, com duração média de uma hora cada
um. Os valores da terapia variam de profissional para
profissional. “Em Cascavel, a média de valores entre os
cinco fisioterapeutas da área variam de R$ 450,00 a R$
700,00 o pacote das sessões”, finaliza Naiara.
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No momento do parto, o médico cuida dos procedimentos, o enfermeiro obstetra o auxilia ou toma para si essa responsabilidade e o pediatra cuida do bebê. Resta a seguinte
pergunta: quem cuida do emocional e do psicológico da mãe,
em um momento tão mágico e importante da sua vida? A
resposta é esse profissional que vamos apresentar agora: a
doula.
A palavra doula tem a origem grega do termo “mulher
que serve”. Ao contrário dos outros profissionais, para seguir esta carreira não é necessária nenhuma formação acadêmica anterior. “Qualquer mulher pode ser doula, basta
ter um supremo respeito pela vida e amor pelo ato do parto”, afirma Silvinha de Jesus, que é doula há cerca de um
ano e já acompanhou dois partos naturais.
Apesar de não exigir um curso superior, é importante
que a doula tenha uma formação específica para exercer
a função. Os cursos têm duração de quatro dias a uma
semana, e já é uma profissão reconhecida pelo Ministério do Trabalho, apesar de ainda não ser regulamentada.
“Nos cursos de doulas há o módulo básico, e outros módulos como pós-parto, amamentação, entre outros”, explica Silvinha.
Para quem tem interesse em ter o acompanhamento de uma doula, não há contraindicações. A partir do
momento da constatação da gravidez é o momento de
procurar a profissional. Ela vai ajudar a sanar as principais dúvidas e questionamentos que limitam e abalam a
confiança dessa gestante para o momento do seu parto.
E esse apoio não se encerra após o nascimento do bebê.
“Uma doula que se presa não abandona a mãe enquanto ela não está segura e ciente de si e da sua capacidade. Mesmo após ela ter seu bebê, nós procuramos
não cortar esse laço que, de certa forma, se torna uma
amizade”.
Em Cascavel há 6 doulas com formação adequada e
que atendem a demanda de mães. Não se engane acreditando que o trabalho dela é apenas defender e convencer do parto natural. A defesa dessa categoria é o
parto humanizado, que em uma definição simples é
um parto com a menor taxa de intervenção possível,
e isso inclui a cirurgia cesárea. Como é um trabalho
sem horários, para contratar esse profissional não há
uma quantidade de atendimentos fechados. “A doula
atende a mãe e está disponível para ela no momento em que ela precisa”, afirma Silvinha. A média de
valores para o atendimento durante toda a gestação
vai de R$ 300,00 a R$ 1.000,00 em Cascavel.
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26 . Novembro . 2013 .
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Nutrição
Por: Renan Guex Haiduk
A alimentação nas primeiras fases da vida é de grande importância
para o desenvolvimento do bebê. Aprenda a melhor forma de
introduzir as papinhas na alimentação de seu filho
Se você já passou daquela fase inicial da inserção de
alimentos na vida da criança, sabe como esse período é
muito importante para a saúde e o desenvolvimento dela.
Mas se o seu bebê está chegando ao sexto mês e você não
sabe como proceder, a nutricionista e professora em nutrição materno-infantil, Thais Mariotto, explica com agir
guns alimentos que podem ser repelidos no princípio,
mas isso não significa que ela não goste, já que estão passando por um processo normal de adaptação”, afirma a
nutricionista. Após o início gradual, os alimentos podem
ser misturados e a quantidade de vezes em que o bebê irá
se alimentar será aumentada, servindo a papinha salgada
também no jantar.
Para deixar a papa bem completa, Thais ensina que é
preciso utilizar certos alimentos que contribuam na dieta
da criança: “em todas as papinhas é necessário ter carboi-
Dar apenas um alimento por vez, pois
só assim a criança irá sentir o gosto
de cada um
Apesar da resistên
cia inicial, os pequ
enos
aos poucos vão se
acostumando com
os novos
sabores
na transição do aleitamento materno para o uso de alimentos. “A partir do sexto mês a criança já pode começar
a comer a papinha salgada na hora do almoço e, no horário dos lanches, frutas e sucos. Essa alimentação deve
ser gradual, ou seja, dar apenas um alimento por vez, pois
só assim a criança irá sentir o gosto de cada alimento”,
explica Thaís.
É comum, que no início, as crianças não rejeitem verduras ou frutas, porém, isso não é preocupante. “Há al-
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drato, proteína e lipídio. Na categoria dos carboidratos
pode colocar macarrão, mandioca, batata e o arroz. Nas
proteínas, as carnes vermelhas e brancas, além do feijão e
lentilha. Nos lipídios, utilize uma pequena quantidade de
óleo para conseguir a quantidade necessária de gordura”,
explica a nutricionista.
E não é só a refeição salgada que precisa de cuidados
especiais, as papinhas doces também devem ser incrementadas. “Opções importantes de frutas são o mamão,
a banana e a maçã. Além da fruta, acrescente farinhas e
cereais, como a aveia, para enriquecer a alimentação”, finaliza Thais.
Viu só como dicas simples poderão ajudar muito na alimentação do seu baby? Para te ajudar a colocar em prática todas essas informações, na página ao lado trouxemos
uma receita de papinha salgada corretamente balanceada
e saborosa para ganhar o gosto dos pequenos. Se você tiver alguma dúvida sobre nutrição infantil mande para o
nosso email que está aqui embaixo. Na próxima edição,
sua dúvida poderá ser respondida nessa editoria.
Por: Renan Guex Haiduk
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