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FÍSICA E MATEMÁTICA: UM EXPERIMENTO DE BAIXO CUSTO
PARA ANÁLISE DA LEI DE HOOKE
Romário Freire Santos1, Martielle Soledade Sousa Santos2, Sandra Cristina Ramos3
1,2
Discentes do Curso de Licenciatura em Matemática - Universidade do Estado da Bahia, E-mail:
[email protected] e [email protected];
3
Docente do Departamento de Ciências Humanas- Universidade do Estado da Bahia, e-mail:
[email protected] .
Resumo
A Lei de Hooke é uma das Leis da Física que está relacionada com a elasticidade dos corpos, é utilizada
para calcular a deformação causada pela força (F) exercida sobre um corpo, tal que a força é igual ao
deslocamento (x) da mola a partir de uma massa fixada em seu ponto de equilíbrio vezes a característica
da constante elástica de uma mola (k) ou do corpo que sofrerá a deformação. Neste trabalho experimental
temos como objetivos calcular a constante elástica de uma determinada mola com uma boa precisão e
efetuar associação desta mesma mola em série e em paralelo relacionando o efeito causado por cada tipo
de associação sobre a constante elástica da mola. A maquete experimental foi construída com materiais
alternativos de baixo custo que consistiu de um suporte de madeira de boa visibilidade e manuseio. Preso
ao suporte tem-se pinos para sustentação das molas. O número de molas utilizadas foram 03 molas de 15
cm de comprimento inicial. Na extremidade de uma das molas foram fixadas massas com variações
progressivas, o alongamento e os cálculos referente ao peso foram anotados. A partir dos dados coletados
calculou-se a constante elástica da mola analisada. Contudo, o experimento possibilitou também associar
duas molas em paralelo e posteriormente em série. Desta forma, o experimento oportunizou aos alunos
envolvidos uma maior compreensão da teoria sobre a Lei de Hooke, bem como o desenvolvimento de
uma metodologia que auxiliou no intercâmbio entre a Física e a Matemática.
Palavras chave: Lei de Hooke; Ensino de Física e Matemática; Materiais de Baixo Custo.
1.0)
Introdução
Robert Hooke foi uma importante personalidade do meio científico do século XVII. Teve
contribuições importantíssimas para o desenvolvimento da Ciência, dentre as quais estão: invenção do
microscópio composto com lentes múltiplas, mola de balanço, além de inventar o primeiro relógio
portátil de corda (ROBERT HOOKE, 2015, e ROBERT D., 2009).
Na mecânica teve contribuições para o entendimento de forças associadas a constante elástica,
denominada lei de Hooke, que consiste basicamente na consideração de que uma mola possui
uma constante elástica k. Esta constante é obedecida até certo limite, onde a deformação da mola em
questão se torna permanente. Dentro do limite onde a lei de Hooke é válida, a mola pode ser comprimida
ou alongada, retornando a uma mesma posição de equilíbrio (TIPLER, 2009). Analiticamente, a lei de
Hooke é dada pela equação:
𝐹⃗ − 𝐾 (𝑥⃗ − 𝑥⃗0)
(1)
Na equação acima, F é a força elástica que a mola exerce em cada instante em que ela está sendo
deformada. A força elástica é medida em newtons (N); x é a deformação sofrida pela mola, medida em
metros (m); e k é uma constante de proporcionalidade, que é uma característica da mola, e é medida em
newtons por metro (N/m). Neste caso, temos uma constante de proporcionalidade k e a variável
independente x (BONJORNO, 1997 e RAMALHO, 1940). A partir da equação pode-se concluir que a
força é negativa, ou seja, oposta a força aplicada. Segue que, quanto maior a elongação, maior é a
intensidade desta força, oposta a força aplicada e, portanto uma força restauradora. Assim sendo, temos
que para a elongação da mola, ela é positiva, enquanto que para a compressão da mola, ao longo
do sentido negativo do eixo x, esta força assume valores negativos. Já a força de reação oferecida pela
mola assume valores negativos para a elongação e valores positivos para a compressão. Isso é muito
fácil de observar cotidianamente. É só colocar uma mola presa a um suporte, de modo que possa ser
alongada ou comprimida na horizontal, conforme a figura 01.
Figura 01: Elementos de um alongamento e de uma compressão mola.
Note que quando é aplicada uma força no sentido positivo do eixo x, a mola reagirá aplicando
uma força de igual intensidade, porém sentido contrário. No caso da compressão, a força aplicada é
negativa, e a força de reação acaba por ser positiva sempre contrária à força aplicada (HALLIDAY,
2004).
Em nosso cotidiano encontramos diversos tipos de molas com ampla aplicação. Elas estão
presentes nos carros junto aos amortecedores, nos espirais de cadernos, em resistência de chuveiros, etc.
Instigados pelos conhecimentos relacionados aos conceitos da elasticidade da mola, produzimos um
experimento tendo como objetivo calcular a constante elástica de uma determinada mola com uma boa
precisão e efetuar associação desta mesma mola em série e em paralelo relacionando o efeito causado
por cada tipo de associação sobre a constante elástica da mola.
2.0)
Materiais e Métodos
Os materiais utilizados forma todos montados e confeccionados pelos autores, foram utilizados
são três molas de constante elástica desconhecida, um conjunto de pesos, gancho para mola, régua
graduada em “mm”, suporte de madeira.
Para a execução do experimento utilizou-se uma base de madeira de formato retangular com
dimensões: 52,5 cm e 17 cm; uma haste perpendicular à base, com altura de 70 cm. Ao meio da haste,
fixou-se com parafusos, uma alavanca, com mesmo formato, para maior mobilidade. Também foi
utilizada uma base superior retangular com 49,5 cm de comprimento, e fixada sobre a haste com cola e
parafusos, para maior sustentabilidade. Posteriormente prendeu-se 2 ganchos à base superior, 2 ganchos
na alavanca e 1 gancho à base, com o objetivo de prender as molas utilizadas para encaixar os pesos,
para a realização do experimento. O trabalho foi dividido em três partes, inicialmente medimos a
constante elástica de uma única mola, depois em série e em paralelo e por último o período de oscilação
do sistema massa mola. O tamanho inicial da mola é 15cm.
3.0)
Constante elástica da mola
Posicionamos a mola no suporte de madeira, conforme esquematizado na Figura 04 abaixo.
Determinamos a posição inicial e posicionamos a primeira massa (P = mg, g = 9.81m/𝑠 2 ) . Repetimos
o procedimento anterior com as demais massas o que aumentou progressivamente. Anotamos a
elongação na tabela I. A partir dos dados da tabela I pode-se confeccionar o gráfico abaixo, e determinar
o valor da constante elástica da mola, quando o sistema no equilíbrio. Assim K=74,91±1,24 N/m. Uma
vez que esta mola não apresenta valor nominal para K. Efetuaremos associação em serie em paralelo
para verificar o valor obtido.
Figura 04: Aparato experimental para análise da Lei de Hooke
Tabela 01: Dados para alongamento da mola com 03 massas fixada às extremidade da mola.
Massa (kg)
Posição da mola (cm)
Peso (N)
Alongamento (∆m)
0,55
1,10
18,1±0,05
5,39
0,03
25,1±0,025
10,78
0,10
32,5±0,1
16,17
0,17
1,65
18
P (N) vesrus x (m)
16
Linear Fit of A
Peso (N)
14
12
10
8
6
4
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
Elongamento (x)
Figura 5: Gráfico de P(N) versus x (m).
3.1)
Constante elástica da mola: Associação em série e em paralelo
Para a Associação em série e em paralelo posicionamos a mola no suporte de madeira, conforme
esquematizado na Figura 06 abaixo.
Figura 06: Aparato experimental para análise da Lei de Hooke: Associação em série e em
paralelo.
a)
E para associação em série confeccionou-se a tabela 02 abaixo:
Tabela 02: Dados para alongamento da mola com 03 massas fixada as extremidade da mola em
uma associação em série. O que possibilitou o gráfico representado na figura 07.
Massa (kg)
Posição da mola (cm)
Peso (N)
Alongamento (∆m)
0,55
1,10
1,65
42±0,23
5,39
0,01
53±0,35
10,78
0,08
76,1±0,41
16,17
0,44
18
P (N)versus x (cm)
16
Linear Fit of A
P (N)
14
12
10
8
6
4
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
elongaç‫م‬o (m)
Figura 7: Gráfico de P(N) versus x (m): Associação em série.
A partir do ajuste da reta, tem-se como coeficiente angular o valor médio da constante elástica,
dado K=30,47±4,96 N/m. O valor encontrado nesta parte está totalmente condizente com o valor
esperado, uma vez que para duas molas iguais associadas em série esperaríamos o valor de 37,43 N/m.
Isto demonstra que o experimento montado está totalmente adequado para discussão da Lei de Hooke e
suas implicações. O desvio encontrado foi de 18%.
b)
Constante elástica da mola: Associação em paralelo
Seguindo o mesmo procedimento descrito para associação em serie tendo como referencia a
figura 06, confeccionamos a tabela 03 para molas associadas em paralelo.
Tabela 03: Dados para Alongamento da mola com 03 massas fixada às extremidade da mola em
uma associação em paralelo:
Massa (kg)
Posição da mola (cm)
Peso (N)
Alongamento (∆m)
0,550
1,100
1,650
15,7±0,13
5,39
0,007
18,7±0,35
10,78
0,037
21,1±0,51
16,17
0,061
O que possibilitou o gráfico representado na figura 08. No gráfico, a partir do ajuste da reta,
tem-se como coeficiente angular o valor médio da constate elástica, dado K=199,0±12,67 N/m. O valor
encontrado nesta segunda parte também corrobora para efetivação do experimento, dado que o valor
esperado para duas molas associadas em paralelo seria 149,72 N/m.
18
16
P(N) versus x (m)
14
P (N)
12
10
8
6
4
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
Elongamento (m)
Figura 8: Gráfico de P(N) versus x (m), Associação em paralelo.
Observou-se um desvio maior em comparação a associação em série, com um desvio de 33%,
pois a primeira massa não foi suficientemente dimensionada para uma elongação mais efetiva.
c)
Oscilação massa-mola:
O sistema oscilatório foi verificado de forma simples, observamos somente para uma massa de
0,550kg e mediu-se o tempo para 10 oscilações. Neste sistema obtiveram-se os seguintes dados: tempo
médio (tm) para 05 oscilações=5,8s e Período (T) = 0,58s. O valor esperado, de acordo com a equação
5, é de 0,53 s (para m=0.550kg; k=74,91N/m), o que demonstra um resultado satisfatório. Estes
resultados permitiu-nos inferir que o experimento realizado é totalmente seguro para a análise da lei de
Hooke, principalmente pelos critérios de escolha dos materiais utilizados. Estes materiais estão
perfeitamente dimensionados para o trabalho proposto.
4.0)
Conclusão:
A confecção do experimento para análise da Lei de Hooke possibilitou o cálculo da constante
elástica resultante em cada um dos casos, uma mola, em paralelo e posteriormente em série, percebemos
que não apresenta um valor nominal. O valor para constante calculado foi de 74,91 N/m, não sendo
comparado com um valor nominal para averiguação do erro cometido. Porém, devido à teoria de
associação de molas, verificamos a veracidade deste valor ao associarmos as molas em série e em
paralelo. Confrontamos os valores esperados de acordo com a equação e o valor obtido
experimentalmente e observamos um pequeno desvio de 18% e 33% para as associações em série e em
paralelo, respectivamente. Efetuando o cálculo para oscilação de uma massa de 0.550kg, obtivemos um
período experimental de 0,58s, o que também corrobora para confiabilidade dos resultados, sendo que
o valor esperado seria de 0,53s. Contudo, o presente trabalho possibilitou explicar e entender algumas
propriedades físicas e matemáticas referentes à elasticidade dos corpos, aplicação das leis de Newton e
forças em equilíbrio. O experimento oportunizou, compreender da teoria, Lei de Hooke, bem como o
desenvolvimento de uma metodologia que auxiliou no intercâmbio entre a Física e a Matemática.
Referências:
ROBERT D. Purrington, The First Professional Scientist: Robert Hooke and the Royal Society of
London, Springer Science & Business Media, 2009.
ROBERT
HOOKE,
ln:
Wikipédia:
A
enciclopédia
livre.
Disponível
em:
<
wikipedia.org/wiki/Robert_Hooke >, accessed in 14 of July 2015.
HALLIDAY, David, Resnik Robert, Krane, Denneth S. Física 2, volume 1, 5 Ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2004.
TIPLER, Paul A. Física. Volume 1, Física para cientistas e engenheiros vol.1, 6ª edição, 2009.
BONJORNO, R. A, Temas de Física 1: Mecânica. Regina F.S. Azenha Bonjorno...| et al.|; São Paulo:
FTD, 1997 Coleção de Física.
RAMALHO, F .J, Os fundamentos da física Francisco Ramalho Júnior, Nicolau Gilberto Ferraro, Paulo
Antônio de Toledo Soares. – 7ed. 1940.

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