Convite
Transcrição
Convite
PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB Assembleia dos Povos sobre Saúde Folheto informativo nº 2 Convite para participar nas actividades preparatórias da Assembleia... Conteúdos n Introdução n Convite para participar: algumas orientações n Organização de encontros a nível local/nacional/regional - formulário de inscrição n Histórias e Casos de Estudo - exemplos de histórias - formulário de envio n Contribuição para o processo analítico n Fundos e apoios: como concorrer Grupo Coordenador: Rede da Comunidade Asiática de Acção para a Saúde (ACHAN – Asian Community Health Action Network) • Rede Internacional de Consumidores (CI – Consumers International) • Fundação Dag Hammarskjöld (DHF) • Gonoshasthaya Kendra (GK) • Acção Internacional para a Saúde (HAI – Health Action International) • Conselho Internacional para a Saúde dos Povos (IPHC – International People’s Health Council) • Rede do Terceiro Mundo (TWN – Third World Network) • Rede Global das Mulheres para os Direitos Reprodutivos (WGNRR) ib no 2 ◆ October 1999 1-1 PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB INTRODUÇÃO A Assembleia dos Povos para a Saúde (APS) consiste numa iniciativa nova e de âmbito geral que procura envolver um largo número de pessoas na formulação da própria agenda de saúde e no estabelecimento das suas próprias prioridades. As experiências ricas mais diversas serão apresentadas, discutidas e transferidas para linhas de política de acção democráticas, claras e práticas. Esforços serão feitos para estabelecer o imperativo de que a saúde, e a Saúde para Todos, é um dos mais importantes objectivos, que deve levar qualquer pessoa a lutar por ele e um processo no qual cada um de nós deve estar envolvido. A saúde e o desenvolvimento sustentável serão indicados como as principais prioridades a nível das políticas locais, nacionais e internacionais. O projecto da APS é um processo de longo termo, organizado de modo a envolver tantas pessoas quanto possível, de todos os cantos do mundo e de todas as comunidades e estratos. O processo da APS terá três fases interligadas e sucessivas: • • • As actividades preparatórias da Assembleia que incluem trabalho analítico, encontros locais/nacionais/regionais e recolha de histórias e casos de estudo; O evento da Assembleia que terá lugar em Gonoshasthaya Kendra, Savar, Bangladesh entre 4 a 8 de Dezembro de 2000, imediatamente seguido de um Forum de avaliação; Actividades pós-assembleia que envolvem encontros continuados de apoio e acompanhamento. Neste momento do processo da APS, desejamos encorajar todos a participar nas actividades preparatórias da Assembleia. Estas actividades são meios através dos quais as pessoas podem participar activamente e dar o seu contributo para a agenda da saúde dos povos. Por isso, juntem-se a nós neste desafio de modo a estabelecer uma agenda colectiva para a saúde, e dar voz às nossas vozes num esforço mundial para melhorar a situação actual da saúde, bem como lançar as orientações para planos estratégicos de acção concretos. Cada um de nós pode participar através da organização de encontros, enviando histórias e de casos de estudo e contribuindo para o trabalho analítico e para a formulação da “Carta dos Povos para a Saúde”. P ib no 2 ◆ October 1999 2-1 PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB ALGUMAS ORIENTAÇÕES Se está interessado em participar ou a sua organização/rede/instituição, etc. estiver interessada em participar também nas actividades preparatórias da Assembleia, seguem-se algumas orientações: • Através das várias actividades da APS, as pessoas são encorajadas a conhecer e a compreender melhor como é que a sua própria situação a nível mais inferior, está relacionada com as estruturas, níveis de decisão e de política, interligando assim as perspectivas micro e macro. As actividades podem, por exemplo, debruçar-se sobre como os problemas de saúde particulares de cada pessoa ou povo são causados ou agravados pelo actual modelo hierárquico de desenvolvimento e globalização. • Seria particularmente importante se as actividades pudessem sublinhar as dimensões intersectoriais dos cuidados de saúde e desenvolvimento; a incidência crescente dos problemas de saúde e mesmo morte relacionados com, entre outros factores, degradação ambiental, pobreza, migrações massivas, práticas discriminatórias em termos de sexo, classe, casta, raça ou etnias, violência e conflitos armados, etc. • As actividades deveriam levar à identificação de estratégias e de soluções para os problemas de saúde com que se deparam as populações. Sempre que possível, estas actividades deverão salientar a riqueza e diversidade partilhada do conhecimento da comunidade indígena e práticas na contestação dos problemas. • O fortalecimento dos laços e da cooperação entre grupos e indivíduos é encorajado. As actividades preparatórias da Assembleia também são uma oportunidade para grupos e indivíduos formarem redes de cooperação e trabalharem em conjunto para a mudança. Quem pode participar Todos! Contudo será dada prioridade a indivíduos, organizações, e redes que estejam já envolvidas e trabalhem na área da saúde ou em assuntos relacionados com a mesma, a nível local, nacional e regional. Como participar Como foi já mencionado, pode-se participar através de: • organização local/nacional/regional de encontros; • facilitando a recolha de histórias e casos de estudo para envio; • contribuindo para o processo analítico e formulação da “Carta dos Povos para a Saúde” As informações para participar nas diferentes actividades encontram-se em anexo. Também poderá encontrar algumas orientações sobre como obter fundos para actividades que esteja a planear organizar. P ib no 2 ◆ October 1999 3-1 PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB Como poderão ser os encontros Os encontros poderão ser de uma diversidade enorme em conteúdo, duração e participação. Algumas sugestões para várias abordagens são: • • • • Começar a partir de encontros já agendados sobre assuntos específicos – encontros já planeados poderão relacionar-se com o processo da APS, no intuito de levar os resultados das discussões para o processo analítico contribuindo assim para a “Agenda dos Povos para a Saúde”. Desenvolver discussões com base no material do Secretariado da APS. Documentos de análise sobre vários assuntos de saúde, versões preliminares da Carta e histórias e casos de estudo seleccionados estarão disponíveis como material de discussão, que poderá ser usado na organização de encontros relacionados com a APS. Ver contactos sobre como solicitar estes documentos de discussão. Preparando histórias e casos de estudo. Outro tema possível para um encontro poderá ser a identificação, análise e formulação de histórias ou casos de estudo. Para mais informações em como preparar histórias e casos de estudo, por favor ver secção “Histórias e Casos de Estudo”. Utilizar as perguntas de discussão dadas nestas orientações (Ver quadro 1 para exemplos). Os resultados dessas discussões deverão ser enviados para o Grupo de Análise Coordenador (ver endereço abaixo). Quadro 1 - Exemplos de questões para discussão durante os encontros 1. Quais são os problemas de saúde mais graves no seu país? Identifique os três principais problemas. 2. Quais os factores mais importantes que contribuem para estes problemas? 3. Existe alguma resposta inovadora e de preferência, que seja praticável, para algum destes problemas de saúde? Se sim, Quais os aspectos positivos destas respostas aos problemas? Referir especificamente tanto para as actividades do sector da saúde como para as actividades da comunidade e sociedade civil. Considerar outros cenários onde essas respostas possam ser implementadas para tratar outros problemas de saúde Se não, Quais os obstáculos para a inovação? Existem alguns projectos inovadores que podem levar a ultrapassar estes obstáculos? PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB Encontros a vários níveis Os encontros relacionados com a APS podem ter lugar a vários níveis: • a nível local (ex: grupos comunitários que se reúnem para discutir os seus problemas, encontros de trabalhadores no local de trabalho, encontros em escolas e universidades, etc); • a nível nacional, em conjunto com outros eventos já programados ou como encontros específicos da APS; • a nível regional ou sub-regional, com a oportunidade de partilhar experiências, problemas, situações nos diferentes países, bem como estratégias e/ou planos de acção. Os encontros poderão durar somente algumas horas conjuntamente com outros eventos, ou poderão durar dias se se organizarem estilo congresso ou conferência. Quem pode participar neste encontros Os encontros podem abarcar um vasto leque de participantes, tais como membros de ONGs a trabalhar em áreas diversas, activistas, grupos comunitários, trabalhadores na área da saúde, investigadores, responsáveis por elaboração de políticas e outros. Como se relacionarão os encontros com todo o restante processo da APS Os sumários ou os pontos chaves das discussões dos encontros devem ser comunicadas ao coordenador regional da APS ou aos seus colaboradores sub-regionais ou nacionais (ver endereços de contacto). Estes materiais serão partilhados com os outros encontros relacionados com a APS e contribuirão para a “Carta dos Povos para a Saúde”. A informação também estará disponível na página da Internet da APS para todos os interessados no processo da Assembleia. Para além disso, os encontros podem ser usados para gerar recursos que contribuirão directamente para o evento da Assembleia no Bangladesh na forma de, por exemplo, exposições, apresentações e actuações culturais. A formulação de declarações, linhas de acção e recomendações é encorajada como contribuição para a “Carta dos Povos para a Saúde” bem como para possíveis apresentações e partilha durante o evento da Assembleia em Dezembro de 2000. PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB Como se organizar Inscrição: os interessados deverão inscrever junto do coordenador regional os eventos/encontros relacionados com a APS que pensem organizar através do formulário em anexo ou através da página de Internet: www.pha2000.org ou www-sph.health.latrobe.edu/pha Apoio: Os coordenadores regionais da APS estão prontos para aconselhar na organização e execução dos encontros. Contudo, os fundos provenientes do Secretariado da APS são limitados. Para além disso, a recolha de fundos para os encontros locais, nacionais e regionais deverá ser feita de modo descentralizado. Os coordenadores regionais poderão providenciar apoio a identificar possíveis entidades patrocinadoras. Ver secção “Financiamento e Apoio” em anexo. Material de apoio: o material base de discussão e, numa fase mais avançada, versões provisórias da “Carta dos Povos para a Saúde”, estarão disponíveis para serem usados nos encontros. Em acréscimo, informação relacionada com a APS, formulários e material impresso pode ser solicitado tanto aos coordenadores regionais ou ao Secretariado Central da APS. P Contactos: Coordenadores Regionais Maria Hamlin Zuniga CISAS/IPHC Apartado #3267 Managua, NICARAGUA tel: 505-2-663 690; fax: 505-2-662 237 email: [email protected] Pam Zinkin MEDACT/IPHC 4/45 Anson Road London N7 OAR, UNITED KINGDOM tel: 44-171-609 1005; fax: 44-171 700 2699 email: [email protected] PHA Secretariat Janet-Maychin PHA Secretariat CI ROAP, 250-A Jalan Air Itam 10460 Penang, Malaysia tel: 604-229 1396; fax: 604-228 6506 email: [email protected] ENCONTROS LOCAIS/NACIONAIS/REGIONAIS Formulário de Inscrição Nome do Encontro: Objectivos do encontro: Tipo de encontro: Grupo de discussão Conferência Workshop Outros: Seminário Níveis: Comunitário Sub-regional Local Regional Nacional Outros: Organizadores: Duração: Local: Programa preliminar (anexar programa se necessário) Número esperado de participantes: Tipo de participantes (ex: trabalhadores comunitários, activistas para a saúde, activistas dos direitos das mulheres, activistas dos direitos humanos, responsáveis políticos, etc.): 2 0 0 0 ○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○ ASSEMBLEIA DOS POVOS PARA A SAÚDE ○ ○ ○ ○ ○ ○ Outra informação relevante: Necessidades/Pedidos aos Coordenadores Regionais: Pessoa de Contacto: Morada: Tel: Fax: Email: Página da Internet: Por favor enviar o formulário para: Coordenador(es) Regional (ais) Maria Hamlin Zuniga CISAS/IPHC Apartado #3267 Managua, NICARAGUA tel: 505-2-663 690; fax: 505-2-662 237 email: [email protected] Pam Zinkin MEDACT/IPHC 4/45 Anson Road London N7 OAR, UNITED KINGDOM tel: 44-171-609 1005; fax: 44-171 700 2699 email: [email protected] PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB HISTÓRIAS E CASOS DE ESTUDO Histórias e Testemunhos Uma das principais contribuições para a APS serão as histórias baseadas em experiências reais, relacionadas com problemas de saúde das comunidades. Gostaríamos de recolher histórias de todo o mundo, tanto aquelas que ilustram problemas actuais como aquelas que apresentam soluções inovadoras e bem sucedidas na luta para melhorar a própria saúde e a saúde da comunidade. Em particular, estamos interessados em histórias que demonstrem como são comuns ou como são importantes os problemas a nível local/micro, em parte motivados ou determinados pelas políticas ou decisões tomadas a nível global/macro. As histórias e testemunhos vão desempenhar um papel essencial no processo global da APS. Serão utilizadas como uma contribuição importante no trabalho analítico, que visa produzir a “Carta dos Povos para a Saúde”. Estas histórias também servirão como ponto de partida das discussões a nível local, nacional, e regional promovidas pelos encontros que serão organizados em todo o mundo. Através destas histórias, podem ser feitas relações entre as realidades diárias das pessoas e as políticas a nível global de modo a fortalecer a intervenção política a nível local, nacional, regional e global. PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB Casos de estudo como respostas inovadoras aos problemas Para além das histórias e testemunhos, estamos interessados em exemplos que ilustrem respostas sustentáveis e inovadoras a problemas de saúde. A abordagem dos Cuidados de Saúde Primários possui um carácter abrangente no qual reconhece a contribuição das comunidades e outros sectores, bem como dos serviços de saúde. Demasiadas vezes as respostas têm sido restringidas às actividades técnicas e médicas, a maior parte das vezes planeadas a nível central e “vindas de cima”. Existe, contudo, internacionalmente uma rica experiência de projectos e programas que apresentam respostas inovadoras, abrangentes e sustentáveis aos problemas comuns de saúde. Estas podem ter origem no sector da saúde, mas podem também ter começado como respostas a desafios noutras áreas com impacto na saúde: por exemplo, existem muitos projectos de desenvolvimento integrado que poderão não tratar de saúde explicitamente, mas que contribuem significativamente para a saúde das pessoas e seu bem-estar. Estamos interessados em recolher exemplos – casos de estudo – que possam ilustrar a variedade de experiências que envolvam o tema saúde e sectores relacionados com a mesma. Estes podem incluir iniciativas inovadoras de cuidados de saúde, baseadas na comunidade; respostas intersectoriais a problemas ambientais; e acções organizadas ou movimentos para abordar ameaças sociais e económicas para a saúde. Estamos particularmente interessados em casos de estudo de sucesso que demonstrem aspectos que poderão ser implementados noutros locais, mas reconhecemos também que experiências negativas podem igualmente ser instrutivas. Que tipo de histórias As histórias podem tomar várias formas e são encorajados os meios alternativos e populares (culturais) de transmitir mensagens/histórias. Casos de estudo escritos, teatro, filmes/ vídeos, documentários, apresentação de slides, exposições, histórias orais, histórias inscritas em material típico da comunidade (ex. tapetes, peças de artesanato, maçaricos, etc.) - todas as formas são bem vindas e em todas as línguas. Recomenda-se que as histórias escritas não tenham mais de 2 a 5 páginas e que sejam ilustradas se possível com fotografias, mapas, desenhos, etc. Ao produzir uma história sem ser por escrito, é particularmente importante que exista um sumário escrito explicativo da mesma, que deve ser enviado com o formulário de submissão da história. A Organização da Assembleia procura encorajar as pessoas a usar uma série destas histórias, como uma oportunidade para discussão e análise conjunta, envolvendo várias pessoas nessa actividade. Sempre que possível, as histórias devem relacionar os casos das famílias e dos indivíduos com os assuntos globais (ver Quadro 2 com exemplos de temas). PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB Quem pode enviar uma história? De forma a organizar uma verdadeira Assembleia dos Povos para a Saúde centrada nas pessoas, queremos dar uma oportunidade a todos de partilhar as suas experiências relativas à saúde com o resto do mundo. Assim, todos - indivíduos, grupos e organizações - são convidados a enviar as suas histórias. O que acontecerá à história? O conjunto das histórias contribuirá para o processo da APS de diferentes formas. Algumas das histórias serão apresentadas no evento da Assembleia em Dezembro de 2000, outras contribuirão para a Carta da Saúde dos Povos e outras serão usadas como material de discussão para os encontros nacionais/regionais relativos à APS. Deste modo, as histórias serão o alicerce de todo o processo da APS e estarão também disponíveis na página da Internet da APS e em outras publicações. Para estes fins, as histórias poderão sofrer algumas alterações de nível editorial. Na Assembleia em Dezembro de 2000, uma selecção de histórias será apresentada e discutida. Do mesmo modo, haverá oportunidade de apresentar histórias no Fórum de acompanhamento e avaliação que se seguirá logo após a Assembleia. Como submeter uma História ou Caso de Estudo à APS? Agradecemos desde já o vosso apoio na identificação de histórias e casos de estudo e na motivação das pessoas para escrevê-las ou apresentá-las nas várias formas já mencionadas. Quando a história ou o caso de estudo estiver acabado, por favor envie junto com o formulário de submissão em anexo, para o coordenador regional. Para que se possa utilizar este material nos encontros a realizar por todo o mundo, as histórias deverão ser enviadas o mais cedo possível, de preferência até 31 de Março de 2000. O prazo final é de 30 de Junho de 2000. Será dada preferência às histórias/casos de estudo que sejam enviados mais cedo. P PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB Contactos: Coordenador(es) Regional (ais) Maria Hamlin Zuniga CISAS/IPHC Apartado #3267 Managua, NICARAGUA tel: 505-2-663 690; fax: 505-2-662 237 email: [email protected] Pam Zinkin MEDACT/IPHC 4/45 Anson Road London N7 OAR, UNITED KINGDOM tel: 44-171-609 1005; fax: 44-171 700 2699 email: [email protected] PHA Secretariat Janet-Maychin PHA Secretariat CI ROAP, 250-A Jalan Air Itam 10460 Penang, Malaysia tel: 604-229 1396; fax: 604-228 6506 email: [email protected] PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB Exemplos de Histórias HISTÓRIA 1: HISTÓRIA DA MORTE BRANCA (adaptada por David Werner de uma história contada por uma aldeã em Serra Leoa) Esta história está direccionada para actividades de grupo de modo a ajudar os participantes a analisar as causas de raiz de problemas comuns de saúde. O grupo pode criar uma “cadeia de causas” relacionando os eventos a nível comunitário até às políticas e decisões a nível nacional e global. (Uma explicação deste método de aprendizagem aparece no final da história.) Fatu vivia com os seus 7 filhos e por vezes com o seu marido numa pequena aldeia a 70 milhas de Freetown em Serra Leoa, África. Fatu tinha 34 anos de idade mas parecia muito mais velha. Ela trabalhava muito a plantar vegetais no pequeno quintal da cabana onde a família vivia. Também tinha algumas galinhas. Contudo, apesar de todos os seus esforços, muitas vezes não havia comida suficiente. Fatu, como todas as mães, sempre deu a melhor comida ao seu marido e depois aos seus filhos. O seu marido, que Alá o abençoe, não prestava grande ajuda. Era difícil encontrar trabalho. Algumas vezes ele desempenhava trabalhos ocasionais para os ricos fazendeiros, por muito pouco dinheiro. Outras vezes, dizia que partia para Freetown à procura de emprego por semanas e meses inteiros. Contudo, voltava quase sempre sem dinheiro. Como não conseguia sustentar a sua família, tornou-se mal-humorado, e começou a beber mais do que devia. Se Fatu se queixava, ele batia-lhe. Fatu não se queixava muitas vezes. A vida costumava ser mais fácil. O marido de Fatu costumava ir à caça na selva. Ela apanhava frutas e nozes na selva e em pequenas clareiras costumava plantar mandioca e bananas. Nesses tempos, eles tinham normalmente o que comer. E eram também mais saudáveis. Mas as coisas mudaram. Três anos atrás, um rico homem de negócios da cidade chegou à aldeia com as suas pesadas máquinas e cortou a floresta. Na terra árida onde a selva costumava crescer, plantou árvores de cacau e colocou sinais de “Não passar”. Agora Fatu já não tinha mais terra da floresta onde plantar ou colher frutos e o seu marido trazia cada vez menos carne de caça para casa. Com a melhor terra da floresta destruída, as pequenas matas que sobraram eram agora muito procuradas para a caça, pelas famílias com fome e por isso os animais eram raros. Alguns dos maiores animais e pássaros também desapareceram. Talvez para sempre. A rádio noticiou que transformar as florestas em plantações de cacau fazia parte de um acordo governamental com uma coisa chamada “Banco Mundial” (Fazia parte de uma política imposta pelo Banco intitulada “Produção para Exportar”, para garantir que a Serra Leoa conseguia dinheiro suficiente para pagar a sua enorme dívida externa). Fatu sabia o que era uma dívida. Ela devia imenso à farmácia da aldeia. Há alguns anos atrás, os medicamentos eram gratuitos. O governo costumava dizer que os cuidados de saúde eram um direito humano básico. Mas agora não! De modo a encorajar “a participação das comunidades” e a “autonomia”, as autoridades disseram às pessoas que agora elas tinham de pagar os seus medicamentos. Era mais fácil dizê-lo do que fazê-lo. As pessoas pobres, especialmente as mulheres, muitas vezes não tinham dinheiro nenhum. No início, Fatu pedia para comprar a crédito os seus medicamentos. Mas agora ela devia tanto dinheiro que o farmacêutico recusava dispensar-lhe o medicamento quando ela ou os seus filhos estavam doentes. “Primeiro pague a sua dívida” - dizia o farmacêutico. Mas ela nem tinha dinheiro suficiente para comprar alimentos! E por alguma razão, tanto ela como os seus filhos pareciam estar doentes com maior frequência. No último ano, a saúde de Fatu não andava nada bem. Sentia-se sempre cansada. A sua pele perdeu o brilho e as palmas das mãos e a língua estavam pálidas e amarelecidas. A enfermeira disse-lhe que o seu sangue estava fraco, que tinha alguma coisa como “anemia”. Ela disse-lhe que era devido à comida que ingeria não ter ferro suficiente para substituir o que Fatu perdia todos os meses quando via a lua. E por causa da “grande hemorragia” sempre que Fatu tinha um bebé. A enfermeira disse-lhe para comer muita carne vermelha, fígado de vaca e coisas do género. “Sim, senhora” - Fatu sorriu e acenou a cabeça em consentimento. Céus, mas onde é que ela conseguiria o dinheiro para todos esses luxos? Anos atrás Fatu tinha aprendido durante a sua tradicional iniciação (ritos de passagem na puberdade) que folhas de mandioca e folhas de batata ajudavam a fortalecer o sangue. Por isso ela começou a comer mais destes alimentos. Contudo ela cozinhava-os por demasiado tempo e em muita água, deitando fora a água da cozedura rica em ferro, tal como era costume. Fatu ficava cada vez mais fraca e as suas mãos e gengivas cada vez mais pálidas. Ela desejava tanto comer carne que por vezes mordiscava pedaços de terra vermelha. Mas ela não comeu as galinhas que criava porque precisava dos ovos. Quando os seus filhos tinham diarreia e gripes, ela vendia os ovos para comprar embalagens de Sais de rehidratação, xaropes para a tosse e outros medicamentos modernos. No passado, quando os seus filhos tinham diarreia ela dava-lhes sempre papas de arroze fazia-lhes chás de ervas para as constipações e tosses. A maior parte das vezes estes remédios caseiros tinham bons resultados. Um dia um vendedor ambulante de medicamentos, intitulado de “Doutor” disse à Fatu que ela era irresponsável e atrasada. Disse-lhe que eram as repetidas infecções das crianças que as tornavam assim tão magras e débeis, e devido à falta de bons tratamentos. “Se quiseres ter os teus filhos vivos e saudáveis, tens que lhes dar bons remédios. Medicamentos a sério, como estes!” disse ele. Depois disto, Fatu começou a vender os seus ovos para comprar xarope para a tosse e sais de rehidratação. Os seus filhos ficavam melhores durante algum tempo mas estavam cada vez mais magros. Como estavam cada vez mais magros, ficavam doentes frequentemente, principalmente com diarreia. Fatu não tinha ovos suficientes para vender, de modo a poder comprar os sais de que precisava. Então começou também a vender os feijões do quintal da família, o que significava que pouco mais havia para comer que arroz e alguns vegetais cozidos. Um outro problema que atacava Fatu era a malária. Esta doença, como ela sabia, também enfraquecia o seu sangue. Ela já sofria de ataques de malária há muito tempo, mas agora eles eram piores e duravam mais tempo. Isto devia-se parcialmente a ela já não utilizar os seus remédios tradicionais. O tratamento da malária variava consoante o sexo. Enquanto os homens compravam muitas das vezes comprimidos de cloroquina, as mulheres raramente tinham dinheiro para as comprar. Por outro lado, os homens normalmente não se ofereciam para ajudar. Isto significava que quando a farmácia começou a cobrar taxas pelos medicamentos, cada vez menos casos de malária obtinham tratamento adequado. Menos tratamentos significava que a doença provocada pelo mosquito se espalhava cada vez mais. Cada vez mais pessoas morriam, especialmente mulheres e crianças. No passado, Fatu e as outras mulheres sempre trataram a malária com uma erva selvagem muito amarga. Essa erva só crescia na floresta densa perto do rio. Agora que a floresta tinha sido destruída para plantar cacau, a erva amarga tinha desaparecido também. As mulheres tentaram usar outras ervas, mas estas não ajudavam muito. Fatu não tinha de certeza dinheiro para comprar os comprimidos de cloroquina, mesmo ao chamado “baixo preço” na farmácia . Assim sofria as suas febres em silêncio. Fatu engravidou novamente. Logo que se apercebeu da sua situação, correu a buscar comprimidos de ferro, como tinha feito nas outras gravidezes. Para as mulheres grávidas, os comprimidos de ferro tinham sido sempre de graça. Mas agora, na nova “Farmácia Clínica de Bamako” que tinha substituído o antigo Posto de Saúde, disseram-lhe que tinha de pagar (isto faz parte do novo sistema de indemnização de custos da UNICEF e do Banco Mundial). Ela disse que não tinha dinheiro. Mas responderam-lhe que ela não era indigente (o que quer que isso significasse) o suficiente para receber os comprimidos de graça, uma vez que o seu marido arranjava trabalho de vez em quando. E como ela já devia muito dinheiro pelos sais e pelos xaropes, não lhe podiam dar mais crédito. Ela foi para casa e pediu dinheiro ao marido. Ele disse que não tinha nenhum. Mesmo quando ele tinha um trabalho, ele nunca tinha muito dinheiro, porque muito do que ganhava era gasto em álcool e cigarros. (Parecia haver maior publicidade ao álcool e ao tabaco do que antes, porque cada vez eram mais as pessoas que bebiam e fumavam. Até mesmo as crianças.) O seu marido ainda gostava de caçar. Embora a melhor terra de floresta tivesse sido transformada em plantações privadas de cacau, de vez em quando ele ainda trazia para casa algumas codornizes e outra caça de porte menor Mas com tantas bocas para alimentar em casa, a carne nunca chegava para todos. O curandeiro da aldeia disse-lhe que os órgãos vitais dos animais e pássaros como o fígado, o coração e os pulmões, eram muito bons para fortalecer o sangue. Fatu ansiava por estes alimentos vitais. Contudo nem ousava pedir ao seu marido que lhos desse. Segundo os costumes locais, o homem tinha direito a estas especialidades. Ela tinha medo de lhe pedir. Fatu engravidou novamente, quando o seu filho mais novo só tinha ainda 8 meses. Ela gostava de ter esperado mais tempo, mas não tinha por onde escolher. Ainda se sentia fraca e cansada da última gravidez. Quando deu à luz o seu último bebé, tinha perdido mais sangue do que o habitual. As palmas das suas mãos ainda estavam muito pálidas. Ataques frequentes de malária enfraqueciam-na ainda mais. Agora, quando trabalhava a terra no seu quintal, rapidamente sentia falta de ar. Fatu já tinha ouvido falar sobre a pílula ou sobre a injecção para prevenir a gravidez, mas um homem na Mesquita tinha dito que aquilo eram coisas do Diabo. Fatu também já tinha ouvido falar de preservativos, mas ela tinha medo de pedir ao marido para usar um. Portanto, lá estava ela grávida outra vez, gravemente anémica, sem comprimidos de ferro e sem uma alimentação adequada. Durante esta gravidez ela tornou-se cada vez mais fraca e pálida. No 9º mês as palmas das suas mãos estavam brancas. Os seus pés mais inchados do que o costume. Sentia-se cada vez mais exausta. Depois de cada pequeno esforço, ela tinha de parar para recuperar da falta de ar. Quando a altura de dar à luz chegou, ela foi ter com uma parteira profissional. Ao olhar para dentro dos olhos de Fatu e para a sua língua, a parteira disse-lhe que ela estava com uma anemia grave e que isso era perigoso. “Tens que ir imediatamente para o hospital!” - disse a parteira. “Mas como?” - perguntou Fatu. O hospital ficava muito longe e as dores eram já muitas. O governo tinha prometido providenciar uma ambulância para casos de emergência como este, mas os planos foram cancelados devido a cortes no orçamento (os quais faziam parte do “Programa de Ajustamento Estrutural” do Banco Mundial). Pagar a um motorista privado estava fora de questão. Assim a parteira não teve escolha e fez o parto ela própria, embora reconhecesse o alto risco que Fatu corria. O parto demorou mais do que o habitual. Fatu não tinha forças suficientes para expulsar o bebé. Por fim o bebé nasceu, pequeno, magro e sem sequer chorar. Morreu dois dias depois. Após o parto Fatu não parava de sangrar. O seu sangue era tão líquido que se podia ver através dele. Era tão líquido que não coagulava bem. A parteira deu a Fatu medicamentos para controlar a hemorragia. Estes foram de graça! Finalmente a hemorragia parou mas Fatu estava exausta. Três dias depois ainda estava tão fraca que não conseguia ir a pé para casa e teve que ser carregada até lá. Uma simpática vizinha ofereceu-se para tomar conta dela. E surpreendentemente, também o seu marido, que pela primeira vez parecia verdadeiramente preocupado. Ele arranjou algum dinheiro e foi à farmácia comprar comprimidos de ferro. Mais vale tarde do que nunca. Contudo, os dias passavam e Fatu não ficava mais forte. O farmacêutico disse que os comprimidos de ferro iriam levar meses até fortalecerem o sangue de Fatu. Um mês depois do parto, os arrepios e a febre da malária atacaram de novo. O seu preocupado marido foi à farmácia clínica. Existiam rumores de que a Cloroquina já não resultava contra a malária. Assim, ele pediu o novo medicamento publicitado na radio. O farmacêutico disse-lhe que, eficaz ou não, a Cloroquina era o único medicamento anti-malária que constava da lista de medicamentos essenciais de Bamako. (Explicou que o novo medicamento estava protegido pelas leis internacionais de propriedade intelectual, e que por isso tinha um preço proibitivo de tão caro que era). Mas quem sabe, a Cloroquina poderá ser melhor que nada. O marido da Fatu comprou então alguns comprimidos com o seu último dinheiro, na esperança de que ajudassem. Infelizmente não ajudou. Dia após dia a febre e os arrepios pioravam cada vez mais. Fatu parecia um fantasma. Os seus filhos rodeavam a sua esteira receando que ela morresse, como a mulher que vivia na casa ao lado. Completamente imobilizada, continuava a respirar ofegantemente como quando carregava com um fardo de lenha pela encosta do monte acima. Já não conseguia comer e só tinha fome de ar. Uma noite enquanto o seu marido e filhos dormiam, Fatu morreu silenciosamente. Algumas pessoas disseram que ela tinha sido enfeitiçada. Mas a anciã da aldeia chamou-lhe a Morte Branca. Ela disse: No passado, antes do homem branco chegar, quando a floresta protegia as pessoas e as pessoas protegiam a floresta, as suas danças e a sua harmonia mantinham a Morte Branca afastada. O jogo do “Mas Porquê?” - para a História da Morte Branca Para se jogar este jogo, o coordenador ou facilitador conduz os participantes através de uma série de perguntas com vista a detectar as várias causas interrelacionadas que levaram Fatu à morte. Como preparação para esta actividade, o facilitador deverá ler “A História do Luís” e o jogo “Mas porquê?” no livro “Ajudar os Profissionais de Saúde a Aprender” (“Helping Health Workers Learn”), e deverá também reflectir algum tempo na formulação das perguntas, preparando um série de questões que ela ou ele perguntarão ao grupo. É importante que o facilitador considere cada resposta dos participantes e elabore a próxima questão de acordo com as respostas que vão sendo obtidas. Por exemplo: “MAS PORQUÊ, se a Fatu tinha galinhas, porque é que ela não as comeu para obter o ferro de que precisava?” “Porque ela precisava delas para porem ovos?” “ MAS PORQUÊ, então, que ela não comia os ovos?” “Porque os vendia para comprar sais de rehidratação e xaropes para a tosse quando os seus filhos estavam doentes.” “ MAS PORQUÊ que ela não dava aos seus filhos remédios caseiros, que teria resultado também?” “Porque um vendedor ambulante de medicamentos convenceu-a a comprar medicamentos modernos mas caros. “ MAS PORQUÊ que as enfermeiras, profissionais de saúde e o farmacêutico não explicaram às pessoas que para a diarreia e gripes, os remédios caseiros são tão eficazes como os medicamentos modernos, e assim as famílias ficavam com mais dinheiro para comprar alimentos?” “Porque os profissionais de saúde foram ensinados a usarem somente medicamentos modernos e a desprezar as velhas tradições.” Deve-se encorajar os participantes a responder não só com base na história, mas também com base na sua própria experiência (como na última resposta dada). De questão em questão, os participantes deverão construir uma cadeia de causas completa. Poderá haver várias cadeias de causas relacionadas entre si. Quando uma cadeia se esgotar, o facilitador poderá pensar numa pergunta que introduza uma outra cadeia. Por exemplo, uma pergunta que poderia surgir depois da última resposta dada seria: “ MAS PORQUÊ, se a Fatu plantava feijões para além de criar galinhas, porque é que ela não comia pelo menos os feijões?” “Porque, como as suas crianças estavam cada vez mais magras e adoeciam com maior frequência, ela também vendia os feijões para comprar medicamentos (desnecessários).” Depois de mais algumas questões, será preciso mudar de tema outra vez. Talvez se possa perguntar: “ MAS PORQUÊ que a Fatu estava mais pálida e fraca que há dois anos atrás?” “Porque os seus arrepios e febres da malária eram piores agora do que antes e isso enfraqueciam ainda mais o seu sangue.” “ MAS PORQUÊ que a malária a enfraquecia agora mais do que antes?” “Porque ela não conseguia encontrar as plantas com as quais se costumava tratar.” “ MAS PORQUE não?” “Porque a floresta onde as plantas cresciam, foi cortada para se plantar cacau.” “ MAS PORQUÊ?” “Porque o Banco Mundial assim o exigia …” etc. Se um ou dois participantes dominarem a discussão, o facilitador deve encorajar os restantes a responder mais. Cadeia de causas Depois do jogo “ MAS PORQUÊ?”, de modo a reforçar e analisar as causas chave que contribuíram para a morte de Fatu, e de como elas se interrelacionam, o grupo pode construir uma “cadeia de causas” usando cartões para as ligar. Eles progressivamente constróem uma cadeia a partir de um cartão com a figura de Fatu até um cartão com a sua campa. Esta metodologia também é explicada seguindo a História do Luís em “Ajudar os Profissionais de Saúde a Aprender” (“Helping Health Workers Learn). Dependendo do tempo disponível, os participantes podem usar figuras já feitas da mulher, a sua campa, e as ligações … ou podem fazê-los eles próprios. É necessário experimentar para ver se resulta melhor usar ligações semelhantes para todas as causas, ou colorir e ilustrar ligações de modo diferente consoante as causas forem físicas, biológicas, culturais, económicas e políticas. (Dependendo da audiência, poderá ser melhor falar em termos de causas relacionadas com coisas vivas e não-vivas: germes, bichos, etc), costumes e crenças, dinheiro e poder). Ambas as formas deveriam ser usadas nos grupos locais, para se aprender de que modo eles vêem as coisas mais claramente e de forma mais interessante, ou de que modo se facilita mais a análise e acção. Depois da cadeia ter sido completada (desde o cartão com a figura da mulher até ao cartão com a sua campa), o facilitador pergunta aos participantes que ligações da cadeia eles poderão mais facilmente quebrar. Em que ligações (ou causas) poderia uma mulher como a Fatu conseguir fazer algo por si? Que causas poderiam ter sido abordadas colectivamente a nível familiar? E a nível comunitário? E a nível nacional? E através da solidariedade internacional? Se tudo correr bem talvez este processo conduza a planos de acção. Quanto mais os participantes liderarem, melhor. Eles podem surgir com ideias e soluções, com as quais o facilitador nunca tinha sonhado ou se lembrado sequer. P HISTÓRIA 2: HISTÓRIA DO SAM Sam estava morto. Tinha uma ferida de bala na cabeça e uma arma descarregada ao seu lado. O médico escreveu “suicídio” no certificado de óbito. Sam foi o Director de Farmácia de um dos maiores hospitais universitários metropolitanos num país rico ocidental. Seis anos antes da sua morte, um governo conservador foi eleito por uma forte maioria. Este governo durante a campanha tinha prometido que iria reduzir a dívida do Estado, iria diminuir os impostos, aumentar a produção e estimular os investimentos externos. Começaram por diminuir as despesas públicas e por privatizar os serviços públicos. Os hospitais foram inseridos em redes regionais. Os administradores das redes foram contratados a curto prazo, era-lhes pago salários muito elevados e ofereciam-lhes bónus se cumprissem os objectivos do governo. Os empregados eram motivados a “fazer mais com menos meios”. Por todo o país, fecharam hospitais e 3.000 enfermeiras e pessoal auxiliar, incluindo farmacêuticos, foram despedidos. Apesar de tudo Sam sobreviveu, sobrecarregado e deprimido. Contudo o Administrador da Rede acreditava que muito mais se poderia poupar na farmácia. Ordenou que se acabasse com a dispensa de medicamentos gratuitos aos pacientes em ambulatório e colocou em prática o pagamento de taxas na compra de medicamentos pelos doentes. Somente dois dias de medicação eram dispensados ao doentes, que deveriam depois consultar um médico privado para obterem novas receitas. Apesar destas medidas, as poupanças eram ainda insuficientes para cumprir os objectivos governamentais. Foi decidido colocar o serviço de farmácia do hospital aberto a propostas de privatização. Sam organizou o pessoal de farmácia do hospital de modo a apresentar uma proposta interna que competisse com as empresas privadas. Duas propostas externas foram recebidas de organizações de prestação de cuidados de saúde privadas. Nenhuma apresentava os resultados que o Administrador pretendia. Todas foram rejeitadas, inclusive a proposta interna do pessoal, apesar do enorme esforço e do tempo gastos na sua preparação. Sam foi então chamado ao gabinete do Administrador da Rede e foi-lhe ordenado que diminuísse o orçamento da farmácia em 20%. Sam protestou declarando que os serviços aos doentes já tinham sido reduzidos e que uma redução desta dimensão teria um grande impacto nos cuidados de saúde. O pessoal auxiliar concordou. Estes consultaram o seu sindicato e a história na imprensa. Dois dias depois, Sam e o seu Assessor foram chamados a gabinetes separados. Cada um foi sumariamente despedido e ordenaram-lhes que saíssem imediatamente do hospital, escoltados pelos seguranças. Sam tinha servido lealmente o hospital por mais 20 anos, era admirado pelos seus colegas e muito respeitado pela sua dedicação, conhecimento e capacidades. Contudo foi despedido de uma forma ultrajante. Naquela noite, quando a sua mulher e filhos regressaram a casa, encontraram-no morto. O que provocou a morte de Sam? Suicídio? Mas porquê? Fácil acesso a armas? Mas porquê? Depressão sem tratamento? Mas porquê? Falta de apoio aos empregados despedidos? Mas porquê? Administradores de rede insensíveis? Mas porquê? Sindicatos impotentes? Mas porquê? Apatia pública? Mas porquê? Política governamental? Mas porquê? Economistas da saúde neo-liberais? Mas porquê? Interesses da indústria de cuidados de saúde privada? Mas porquê? Esta é uma história verdadeira somente com alguns pormenores alterados. P HISTÓRIA 3: PROMOTORES DE SAÚDE NA GUATEMALA E A REFORMA DO SISTEMA DE SAÚDE Ao longo de mais de 30 anos a comunidade de promotores de saúde desempenhou um papel importante na prestação dos cuidados de saúde em todas as regiões da Guatemala. Os promotores de saúde comunitários estavam envolvidos em programas de saúde patrocinados pela Igreja Católica e Protestante nas comunidades indígenas, nos finais dos anos 60 e inícios dos anos 70. As ONGs desenvolveram muitos outros programas depois do devastador terramoto de 1976. Em muitas comunidades os promotores de saúde eram os únicos prestadores de cuidados de saúde, uma vez que os profissionais de saúde do Estado estavam concentrados em estruturas de saúde secundárias e terciárias na capital e nas maiores cidades do país. Profissionais privados raramente iam exercer junto da comunidade indígena, num país onde os índios eram vistos como cidadãos de segunda classe e estavam entre os mais pobres dos pobres. Não existia nenhum pessoal médico alopático indígena até aos anos 80, embora houvesse uma forte e enraizada tradição de remédios tradicionais. O sajurín, os padres Maias e a comadrona ou a parteira eram vistos como os principais actores na prática da medicina tradicional, fortemente enraizada na mentalidade dos nativos. A seguir ao terramoto, os programas de promoção da saúde nas comunidades floresceram. Foi criada uma Associação dos Serviços de Saúde das Comunidades, com membros dos programas existentes em todo o país. Uma das lutas da Associação era a de conseguir que os promotores de saúde fossem reconhecidos oficialmente pelo Ministério da Saúde e que lhes fosse dado um cartão ou carta profissional. Contudo, houve oposição por parte das profissões médicas relativamente ao reconhecimento dos promotores de saúde, considerados como concorrentes dos médicos ou como curandeiros. O reconhecimento oficial dos promotores de saúde tornou-se ainda mais importante durante o período de violência nos anos 80. Os promotores de saúde eram considerados como subversivos na atmosfera fortemente repressiva que se vivia no país. Muitos promotores de saúde foram assassinados ou desapareceram durante este período, de modo especial aqueles que estavam nas áreas de conflito entre o Exército e os revoltosos. Enquanto isso, o número dos programas de promoção de saúde cresceu e a sua qualidade melhorou com o apoio da Associação, das agências de donativos e da solidariedade internacional. Muitos dos programas tornaram-se programas de desenvolvimento com objectivos de saúde. Depois do processo de paz ter culminado nas assinaturas dos acordos de paz em 1996, o papel do promotor de saúde comunitário tornou-se mais evidente. Nesta altura, contudo, a modernização do sector da saúde e as reformas definidas pelo Banco Mundial para o sistema de saúde estavam no seu auge, com vista a descentralizar o sistema e privatizar os cuidados de saúde. Em certas áreas do país, o Ministro da Saúde propôs a contratação dos serviços de saúde por organizações externas. As comunidades envolvidas reagiram, declarando que pretendiam os seus próprios programas, e que os seus promotores de saúde indígenas fossem os prestadores de cuidados de saúde, e não organizações estrangeiras com pouca sensibilidade para a cultura local e nenhum conhecimento da língua e costumes das comunidades indígenas. No entanto, alguns funcionários do Ministério acharam que os programas de saúde dos promotores poderiam ser uma alternativa mais económica, e propuseram que os promotores de saúde trabalhassem como voluntários nos sistemas locais. Assim, a alternativa seria entre serviços contratados altamente dispendiosos ou serviços de voluntariado a baixo custo. Onde está a justiça e a igualdade? Representantes dos programas promovidos pelas Igrejas e os outros promotores de saúde dos outros programas começaram a reunir-se e a delinear uma estratégia para enfrentar a reforma do sistema de saúde. Conseguiram dialogar e debater com o Ministro da Saúde, apesar da resistência oferecida por muitos dos funcionários. Apesar de tudo a situação não se encontra resolvida. Existem muitas variáveis na equação e as diferenças regionais, étnicas e culturais abundam. Pelo menos, uma coisa está assegurada: o Ministro da Saúde terá que levar muito a sério o movimento comunitário de promoção da saúde. Quais as lições que se tiram da experiência na Guatemala? P Recolha de Histórias / Casos de Estudo Formulário de envio Título da história / Caso de estudo: Breve descrição por palavras chave (cerca de 50 palavras): Tipo: História escrita Canções / Canção tradicional Vídeo / filme / documentário Poesia História por fotografias (colagem) Outros: Nome do(s) autor(es): País: Morada: Tel: Fax: Email: Página da Internet: Por favor enviar o formulário para: Coordenador(es) Regional (ais) Maria Hamlin Zuniga CISAS/IPHC Apartado #3267 Managua, NICARAGUA tel: 505-2-663 690; fax: 505-2-662 237 email: [email protected] Pam Zinkin MEDACT/IPHC 4/45 Anson Road London N7 OAR, UNITED KINGDOM tel: 44-171-609 1005; fax: 44-171 700 2699 email: [email protected] 2 0 0 0 ○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○○ ASSEMBLEIA DOS POVOS PARA A SAÚDE ○ ○ ○ ○ ○ ○ PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB CONTRIBUIR para o PROCESSO DE ANÁLISE Cada pessoa está também convidada a participar no processo de análise de diferentes formas. Dar opinião à versão preliminar da Carta e na análise da documentação recebida Os indivíduos e grupos estão convidados a comentar e a dar as suas opiniões sobre material recebido para análise que esteja a ser produzido durante o processo da APS. Por favor indique na folha de inscrição em anexo os seus tópicos de interesse (ver quadro 2 com exemplo de temas), bem como os seus contactos para futuras comunicações. Os seus comentários e opiniões serão enviados directamente ao grupo de análise da APS responsável pelo tema em questão. Submissão de artigos, relatórios e declarações Seria muito bem vinda a contribuição em artigos académicos e de investigação, relatórios, declarações e outras formas de material analítico que seja considerado de qualidade e relevante para o processo da APS. Este material deve ser enviado ao coordenador do grupo de trabalho. Ver informação no formulário de inscrição em anexo. Contribuição como perito Se possui experiência e conhecimento especializado em alguma das áreas relevantes e gostasse de contribuir com reflexões, comentários, seria útil se se registasse como pessoa de recurso para o processo analítico. Quadro 2 - Alguns exemplos de temas para análise, discussão, encontros e recolha de histórias e casos de estudo § § § § § § § § § § § § § Globalização e Saúde (programas estruturais, comércio, investimento estrangeiro, liberalização, etc.) Necessidades básicas, alimentação e segurança territorial A Mulher e a Saúde Saúde e Ambiente (problemas ocupacionais, locais, nacionais e globais) Doenças emergentes e re-incidentes Guerra, Violência e Direitos Humanos Sistemas de Saúde indígenas e alternativos Estilos de vida, Culturas e Saúde Os Media e os Padrões de Consumo Multinacionais e Saúde Organizações Internacionais e Saúde / Papel das instituições da ONU Reforma dos Sistemas de Saúde Agências para a Saúde e Financiamento da saúde - Educação e Formação de Profissionais de Saúde - Tecnologia e o seu impacto na Saúde (Novas tecnologias / Tecnologias apropriadas - Medicinas modernas e os seus limites - Medicamentos - Visão geral da situação da Saúde a nível local, nacional e regional Para mais informações, por favor contacte: Nadine Gasman Fuente de Emprador 28 Tecamachalco Estado de Mexico CP 53950 Mexico Tel: 525-251 0283; fax: 525-251 2518 Email: [email protected] PPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPPP GGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB FINANCIAMENTO E APOIOS Como solicitar… As actividades relacionadas com o processo da APS poderão requisitar fundos externamente à organização que deseja participar. Os primeiros pedidos de finaciamento, assumindo que possuem esses fundos, deverão ser feitos à direcção da própria organização. Se existirem organizações sociais e fundações no país que possam providenciar pequenas bolsas ou subsídios, poderá pedir um donativo para as suas actividades relacionadas com a APS. Para além disso, poderá averiguar junto de organizações internacionais nãogovernamentais que tenham apoiado os cuidados de saúde primários e que demonstrem empenho na Saúde para Todos. Algumas destas organizações possuem sedes nacionais e/ ou regionais onde poderá solicitar fundos para eventos locais. Algumas sugestões incluem: a família OXFAM - OXFAM Reino Unido, OXFAM Canadá, NOVIB, OXFAM Bélgica, etc., Ajuda Cristã, Medicus Mundi, Fundo Salvem as Crianças (Save the Childrem Fund), Pão para o Mundo (Bread for the World), CAFOD, CARITAS Internacional, Lutheran World Relief e outros. Os tipos de doadores e agências de financiamento e a sua representação variam consideravelmente por todo o mundo. Daí que no pedido de fundos, deva começar sempre a nível local e nacional. O Secretariado da APS e o Grupo Organizador estão a estabelecer contactos com agências de donativos e agências com base em Igrejas na Europa e América do Norte, informando-os do processo da APS e solicitando o seu apoio às iniciativas locais, nos países onde têm actividades. Um bom pedido de financiamento inclui a seguinte informação: 1. Nome, morada e status legal da organização 2. Estrutura da organização 3. Objectivos do projecto 4. Localização do projecto 5. Actividades propostas 6. Resultados esperados 7. Grupo alvo 8. Recursos financeiros já existentes, incluindo contribuições locais. Não se esqueça de mencionar todo o seu tempo e esforço bem como dos outros participantes na organização das suas actividades. 9. Requisitos do orçamento