soja: origem, classificação, utilização e uma visão abrangente do

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SOJA: ORIGEM, CLASSIFICAÇÃO,
UTILIZAÇÃO E UMA VISÃO ABRANGENTE
DO MERCADO
Mauricío Roberto Missão1*
RESUMO
O mercado de soja não é tão simples quanto parece, pois este
tem uma volatilidade muito alta. Deve-se entender que quando se propõe a discursar sobre qualquer produto vegetal, tem
que se ter um conhecimento bastante abrangente, desde a
origem (quadro botânico), utilidades e funcionamento do mercado. O que se pretende com este trabalho é exatamente trazer o conhecimento deste segmento para a população, sendo
o início de uma cadeia de pensamentos desenvolvidos no sentido de dirimir e desmistificar esta comodite.
Palavras-chave: Soja. Mercado. Comodite.
SOYBEAN: ORIGIN, CLASSIFICATION, USE
AND AN INCLUDING VISION OF MARKET
ABSTRACT
The soybean market isn’t so simple how much it seems,
therefore this has a very high volatileness. Is must be understand
that when is considered be make a speeched on any vegetal
product, has thath to have a sufficiently including knowledge,
since the origin (botanical picture), utilities and functioning of
market. What it is intended with this work is accurately to
bring, the knowledge of this segment for the population, being
been the beginning of a chain of thoughts developed in the
direction to nullify and to demystify this commodity.
Keywords: Soybean. Mercado. Commodity.
*Prof. Especialista Faculdade Maringá. Consultor. e-mail:
[email protected]
Maringá Management: Revista de Ciências Empresariais, v. 3, n.1 - p.7-15, jan./jun. 2006
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SOJA: ORIGEM, CLASSIFICAÇÃO, UTILIZAÇÃO E UMA VISÃO ABRANGENTE DO MERCADO
INTRODUÇÃO
Atualmente, o Brasil vem contando com uma
crescente produção no seu campo agrícola, tanto em qualidade, quanto em diversidades e quantidades de produtos. Em sua balança comercial na exportação de commodities conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior – SECEX, a soja é o produto
que mais tem se destacado por ter tido um
crescimento expressivo nos últimos anos. É
a soja, que no ano safra de 1997/98 teve
uma produção de 27,327 milhões de toneladas passando para o ano safra 2006/07 a
54,874 milhões segundo relatório da Conab
(COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, 2006).
Um dos maiores motivos é que o Brasil, por
deter a segunda posição mundial na produção desta commodity, informação esta obtida junto ao USDA (Union State Department of
Agriculture), fomenta um mercado que está
em plena expansão e demanda, devido ao
crescimento global da população e as novas
técnicas de consumo deste produto.
Outro ponto importante é seu preço que segue um padrão mundial de comercialização,
que tem como ponto balizador os preços auferidos
na Bolsa de Commodities
de Chicago (CBOT - Chicago
Board of Trade), levando-se
em conta que o maior consumidor mundial hoje é a
China segundo a USDA. Quando este entra comprando dentro do complexo
SOJA-ÓLEO-FARELO, existe
uma tendência a refletir diretamente sobre os preços
internacionais com viés de
alta para a CBOT.
Do mesmo modo, quando
está ausente no mercado,
existem as tendências para baixa no merca-
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do, não sendo somente a China responsável
por altas e baixas na CBOT. Existem também
outros fatores que influenciam diretamente,
como previsões de safra, infestações de pragas no plantio, fatores climáticos conhecidos
no meio como Weather Market entre outros.
Deve-se entender que este mercado tem alta
volatilidade, e opera preços diferenciados dias
após dia, hora após hora, minuto após minuto, chegando a ser mercado de segundos.
ORIGEM, CLASSIFICAÇÃO E UTILIZAÇÃO
DA SOJA
Nos itens seguintes será apresentado um
breve histórico sobre a origem da soja, sua
chegada ao Brasil, bem como sua classificação botânica.
Origem
Conforme dados da EMBRAPA (2005), a soja
é originária da Manchúria (Mandchuria era
o nome antigo, Figura 1), região da China. É
uma das culturas mais antigas, era plantada
pelo menos há cinco mil anos, espalhou-se
pelo mundo por intermédio dos viajantes ingleses e por imigrantes japoneses e chineses.
Figura 1 - Mapa da origem da soja.
Fonte: Atlas Geográfico (1970).
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Sua aparição no Brasil deu-se no início do século XX, mas seu impulso maior aconteceu
em meados dos anos 70, em razão da grande quebra de safra da Rússia e a incapacidade dos Estados Unidos suprirem a demanda
mundial. Nesta época o Brasil superou até a
China, que era a segunda maior produtora
mundial de soja com 8.500.000 toneladas,
ficava logo atrás dos Estados Unidos, o maior
produtor mundial até os dias de hoje.
Esta fase coincidiu com o fim do ciclo da extração da madeira no Paraná, tornando-se a
cultura central da região oeste. Outro fator
de relevância foi o acontecimento da grande
geada de 1975 que devastou os cafezais do
norte do Paraná. Desta forma os fazendeiros
preferiram cultivar soja ao invés do café.
Os efeitos deste remanejamento de cultura,
mesmo que forçado, foram altamente salutares. A agricultura que se mecanizou, as técnicas de plantio evoluíram, surgiram a agroindústria, as cooperativas, e a infra-estrutura
disponibilizada fez com que houvesse também uma melhoria sensível nas cidades do
interior em decorrência dos melhores ganhos
dos produtores com esta cultura.
Mas houve também a contrapartida, o lado
negativo foi à erradicação das culturas de subsistência das áreas onde se passou a plantar
a soja. ”As duas grandes secas que frustraram a cultura de soja nos anos de 1977 e
1979, obrigaram os agricultores a repensarem sua preferência pela monocultura e se
dedicarem com mais afinco a diversificação”
(ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS DO ESTADO DO PARANÁ-OCEPAR, 2005).
É de conhecimento público que nos últimos
anos a produção de soja no Brasil tem assumido importância significativa, uma vez que
temos características peculiares de resistência ao fator climático, diversificação de variedades, uma estrutura de armazenamento razoável, comercialização que já opera nos níveis mundiais, além de fácil negociação que é
fator preponderante desta cultura para a obtenção de divisas para o país.
Classificação Botânica
Conforme dados da EMBRAPA (2004), a soja
pertence à classe das dicotiledôneas, família
leguminosa e subfamília Papilionoides. A espécie cultivada é a Glycine Max Merril. O sistema radicular é pivotante, com a raiz principal bem desenvolvida e raízes secundárias
em grande número, ricas em nódulo de bactérias Fhisobium Japonicum fixadoras de nitrogênio atmosférico.
O caule herbáceo, ereto com porte variável
de 0,60 cm a 1,50 m, nubescentes de pêlos
brancos, parcedaneos ou tostados. É bastante ramificado, com os ramos inferiores mais
alongados e todos os ramos formando ângulos variáveis com haste principal.
As folhas são alternadas, longas pecioladas,
compostas de três folíolos ovalados ou lanceolados, de comprimento variável entre 0,5 a
12,5 cm. Na maioria das variedades as folhas amarelam à medida que os frutos amadurecem e caem quando as vagens estão
maduras.
As flores nascem em racínios curtos, axiliares de terminais, geralmente com 9 a 10 flores cada um, de coloração branca, amarela
ou violácea, dependendo da variedade.
Os frutos são vagens achatadas, pubescentes, de cor cinza, amarela palha ou preta,
dependendo da variedade. Encerram duas a
cinco sementes e nascem, geralmente, em
agrupamento de três a cinco, de modo que
se pode encontrar até 400 vagens por planta
(exemplo figura 2).
As sementes possuem forma arredondada (ver
figura 2), achatada ou alongada. A coloração é
variada (o comércio prefere as sementes amarelas) e o tamanho também é variado.
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Figura 2 - Grão de soja e vagem de soja.
Fonte: BMF (2001)
FORMAS DE UTILIZAÇÃO DA SOJA
A utilização da soja é muito conhecida pela
extração do óleo vegetal e de seu subproduto
o farelo, porém povos orientais por conhecerem muito melhor o grão e sua utilidade criaram novas formas de utilização. Neste tópico
serão abordadas algumas formas de consumo desse grão. Os grãos inteiros da soja podem ser assados ou tostados ou ingeridos
como o broto de soja, servem também para
a produção de leite de soja, sobremesas de
soja, iogurte de soja, sorvete de soja, tofu,
tempeh, missô e molho de soja. O molho de
soja é um líquido marrom e saboroso, obtido
pela fermentação dos grãos de soja.
O farelo de soja, com teor protéico de 44% a
48% (se o grão for descascado antes da extração do óleo), é usado basicamente como
suplemento rico em proteínas para a criação
de gado, suínos e aves domésticas. Empregase ainda o farelo de soja como alimento de
peixe na aqüicultura, na produção de ração
de animais domésticos e como substitutos do
leite para bezerros.
Ao farelo de soja se chega através da torrefação e moagem da torta da soja. A torta em si
é o que permanece após a extração do óleo
com solventes. No mundo todo se produziu
89 milhões de toneladas de torta de soja em
1997. Nesse ano, o consumo de farelo de
soja na União Européia girou em torno de 25
milhões de toneladas.
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O óleo de soja é rico em ácidos graxos poliinsaturados. Pode ser usado como óleo de
salada, de cozinha e de fritura. Algumas aplicações são: para a produção de maionese e
margarinas. O óleo também apresenta aplicações industriais como tinta de caneta, biodiesel, tintas de pintura em geral, xampus,
sabões e detergentes. A produção global de
óleo de soja em 1997 atingiu aproximadamente 20 milhões de toneladas. A União Européia consumiu cerca de 1,9 milhões de tonelada de óleo de soja em 1997.
A lecitina obtida pela extração da goma do
óleo de soja bruto é empregada como emulsificador versátil na produção de produtos ricos em gorduras e óleos, como o chocolate,
a margarina e os produtos de panificação.
Pode também ser usada como agente estabilizador em banhas e como agente umectante
para, por exemplo, cosméticos.
A farinha de soja contém 49% de proteína.
Após a remoção de carboidratos e minerais
solúveis com extração alcoólica, obtém-se o
concentrado de soja, que possui pelo menos
65% de proteínas.
Empregam-se a farinha e o concentrado de
soja em rações animais especiais. Na indústria alimentar, os importantes ingredientes da produção de cereais, pães, biscoitos,
massas, produtos finos de carne etc. Usa-se
a proteína texturizada de soja como substituto da carne. Os isolados de soja (pelo menos
90% de proteína) são ingredientes funcionais
empregados em produtos finos de carne e
leite. Os usos técnicos dos ingredientes protéicos e da farinha de soja incluem revestimentos de papel e auxiliares de processos de
fermentação.
A casca da soja é retirada durante o descascamento inicial dos grãos e contém material fibroso. É usada como forragem grossa
e também como fonte de fibras dietéticas de
cereais matinais e de certos lanches prontos.
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Assim como muitas outras plantas, a soja
também contém alguns fatores antinutricionais. Os inibidores, por exemplo, que impedem a ação de enzimas digestivas, como a
tripsina, tornando a digestão da soja crua extremamente difícil. O cozimento e o aquecimento dos grãos ou do farelo de soja inativa
os inibidores de tripsina. Na prática, o farelo de soja e os ingredientes protéicos originados da soja são sempre cozidos antes do
consumo.
MERCADO DA SOJA
Descrição do Mercado Geral
O sucesso da cultura da soja é um dos principais exemplos dos resultados positivos alcançados pelo agronegócio nacional em anos
recentes. As lavouras com a oleaginosa, que
contaram com novas cultivares, desbravaram novas áreas agrícolas pelo Brasil, levaram progresso a pequenos municípios, tornaram-se o motor da economia de várias regiões e têm sido um dos maiores responsáveis
pela expansão da receita cambial do País.
grande maioria de grãos modificados geneticamente, e no Brasil já temos uma participação na safra nacional de aproximados 20%
deste tipo de grão. Verificar a fonte destes
dados (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, 2006).
O nível de aceitação pela população desta oleaginosa para consumo pode ser considerada
como um fator de diferenciação de preços
num tempo futuro e não distante, pois diversos mercados já têm demonstrado uma preocupação com os resultados da utilização ao
longo do tempo deste produto, e é notado que
grandes nações do mercado europeu liberaram a pesquisa com este tipo de grão, porém
a comercialização é vedada. Como exemplo
disto tem a França que trabalha apenas no
campo da pesquisa.
Vale ressaltar que ainda não existe uma diferenciação concreta dos preços a nível global,
porém alguns exportadores, que têm uma
certificação de que a soja comercializada não
está contaminada por grãos geneticamente
modificados, recebem uma bonificação pela
qualidade diferenciada.
No âmbito nacional o mercado da soja, como
já mencionado, tem uma sistemática própria
de operação. Este mercado é regido pelos
preços internacionais balizados pela volatilidade do mercado de comodites na Chicago
Board of Trade (CBOT), levando-se em conta
também as alterações devidas à quebra de
safras, e também pela necessidade da demanda dos países consumidores, principalmente pelo mercado chinês.
A China é tida como outro fator determinante de
oscilações neste mercado, que, segundo os dados da USDA - (UNITED STATE DEPARTAMENT
OF AGRICULTURE-USDA, 2005), tem produção
estimada em 17,4 milhões de toneladas e deve
importar em torno de 22 milhões, ou seja, cada
vez que este país for a mercado negociar a compra de produto ou cancelar algum contrato, age
de forma direta nas cotações exercidas na CBOTChicago Board of Trade em 2005.
Este é um mercado que sofre com diversos
fatores que fazem com que possa oscilar
para cima ou para baixo seus preços, dentre
estes fatores podem-se destacar que os países produtores: USA, BRASIL E ARGENTINA,
que são os grandes fornecedores de matéria-prima, e seguem nessa ordem em volume de produção, lembrando que o primeiro
e o terceiro contam uma produção em sua
Vale ressaltar que no ano de 2004 a China
recusou diversas cargas de soja de diferentes países, pela alegação que havia constatado que os carregamentos haviam sido contaminados com grãos geneticamente manipulados para plantio, no meio da soja pronta
para utilização na indústria ou para alimentação humana e animal, e isto fez com que
um mercado que já vinha de diversas altas
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em razão de uma quebra de safra americana e brasileira, que estava num patamar próximo de USD 20.00, viesse retroagir para a
casa dos USD 10.50 / 11.00. Em questão
de dias esta ação chinesa fez com que houvesse uma desvalorização dos preços internacionais e aqueles que ainda tinham soja armazenada, quisessem comercializar urgentemente seus estoques.
Um outro fator que gera sempre expectativas e pode causar impacto nos preços internacionais, é a demanda ou não pelo setor da
alimentação animal. Vale lembrar os últimos
acontecimentos como o da vaca louca e da
gripe asiática.
No caso da vaca louca, mesmo tendo uma
redução da quantidade de animais para consumir, no caso o subproduto farelo de soja,
há uma substituição do farelo de osso que
era utilizado na ração animal, e no local deste
passou a ser inserido uma maior quantidade
de farelo de soja, ou seja, a procura fez com
que houvesse uma valorização nas cotações
do produto oriundo do esmagamento da soja
em grãos. Neste caso tivemos uma agregação de valor substancial não apenas no farelo, mas também no grão que é o responsável
pela origem do farelo.
os primeiros a serem lembrados nesta cadeia,
pois estes fatores são de extrema importância
para aumento ou diminuição das cotações internacionais.
Dimensionamento do Mercado
A cadeia da soja brasileira é o exemplo que
melhor ilustra esse movimento mundial de aumento na procura por grãos, tanto como fonte
de nutrientes para uso na alimentação quanto
para aplicação na geração energia.
Constando no Relatório 2006 da Conab, os
anos safra de 1999/2000 a 2006/2007 as
exportações do setor projetam um crescimento aproximado de 114,47%, fato que está impulsionando a sojicultura, atraindo investidores e produtores ligados a outras áreas, caso
da pecuária e demais culturas de verão.
Esse fato contribuiu sobremaneira para elevar
a produção, que saltou de 27,327 milhões
de toneladas em 1996/97, para 51,452
milhões de toneladas na safra 2004/05;
com um crescimento médio aproximado de
11,04% ao ano e perspectivas de superar a
marca de 54,8 milhões de toneladas na colheita 2006/07.
Já no caso da gripe asiática existiu um impacto inverso, pois o
farelo é fator protéico na alimentação das aves, e com a redução do plantel das aves, por conseqüência houve uma diminuição
no consumo do farelo. Isto gerou uma situação de diminuição
das cotações do chamado complexo soja, pois, tendo uma menor utilização do subproduto, gerou impacto também no grão.
Vê-se assim que, neste mercado, existe a correlação de diversos fatores que impactam diretamente nos
preços internacionais, os fatores citados são
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Gráfico 1 – Crescimento da Produção de soja.
Fonte: Conab (2006). (1) Estimativa para 2007
(2) Projeção para 2007
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No que concerne ao volume de área colhida, os levantamentos da Conab mostram
também uma expansão territorial significativa, em igual período, passando de 13,1 milhões de hectares no ano safra de 1997/98,
e 22,2 milhões de hectares no ano safra
2005/06 projetando-se ainda para o ano safra 2006/07 em 20,5 milhões de há (COMPANHIA NACIONAL DO ABASTECIMENTO-CONAB, 2006)1.
Essas previsões são reforçadas continuamente por especialistas de mercado e representantes políticos que apostam que os números da atualidade podem ser facilmente ampliados dada a conjuntura favorável para esse
grão no mercado para diferentes fins industriais.
A soja expandiu-se por todo o cerrado brasileiro, chegando hoje aos distantes Estados do
Maranhão e do Piauí. Exemplo da competitividade do Brasil no mercado mundial, o sucesso da soja decorre, antes de tudo, do desenvolvimento de pesquisas e tecnologias inovadoras adaptadas à região tropical: novos cultivares e agro-químicos, modos de mecanização, técnicas de plantio direto, etc.
Tabela 1 – Mundo: Quadros de Suprimento.
No entanto, apesar do contínuo crescimento
da soja desde os anos 70, foi a partir de meados da década de 90 que a produção de soja
apresentou seu melhor desempenho. Até então havia restrições fundamentais para o crescimento da oleaginosa, principalmente no que
se refere à escassez e elevado custo de capital, tanto de curto prazo - para financiamento
da produção e comercialização - como de longo prazo -, para promoção de investimentos
em máquinas, implementos, benfeitorias, estrutura de armazenagem e outros.
O mercado internacional conta com uma considerável participação brasileira, ultimamente
na disputa pelo posto de primeiro lugar como
exportador mundial da soja, segue quadro demonstrando a evolução do quadro de suprimento da soja no Mundo e no Brasil.
No caso da situação mundial do ano safra
1999/00, houve uma produção de 160,7
milhões de toneladas, sendo que para ano safra 2004/05 houve uma produção de 216,0
(34,41%) milhões de toneladas. Este crescimento se deve aos aumentos de área de
plantio no Brasil e Argentina, contando também com duas super safras americana sendo a safra 2003/2004 na casa de 81 milhões de toneladas e 2005/2006 sendo de
80,9 milhões de toneladas.
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No Brasil, no mesmo período, houve um
crescimento muito maior que o nível global.
Numa comparação, enquanto no globo houve um crescimento na ordem de 41,13%, a
produção brasileira cresceu 66,84%. O fator de contribuição para este crescimento se
deve ao aumento da área e também uma melhor produtividade, fruto de técnicas corretas
de plantio e rotação de cultura.
é o creme de soja, um tipo de creme de leite só que vegetal desenvolvido pela cooperativa
COCAMAR de Maringá-Pr (2005).
Sob a ótica dos preços, segundo dados da CONAB, existem dois fatos que vêm contribuindo
para que os preços da soja estejam sofrendo
pressão de alta, fazendo com que no curto
prazo, não haja indicadores de baixa.
Tabela 2 – Brasil: Quadros de Suprimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O mercado da soja ainda tem muitos caminhos a serem percorridos, pois no caso brasileiro, ainda existem áreas a serem desbravadas com um alto potencial de utilização de
espaço físico.
No que tange aos aspectos botânicos sabese que houve um grande estudo sobre esta
planta, tanto que surgiu a variedade Roundup
Ready, que é um organismo geneticamente
modificado, e este representa os estudos biológicos avançados do setor.
Outra área que sofre ação de estudos diretos e
incansáveis é da alimentação humana, onde durante tempos foram desenvolvidos molhos, queijos, temperos e uma das últimas evoluções, que
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O primeiro fato é a colheita da safra nos Estados Unidos que, segundo vários analistas e
instituições independentes, deverão apresentar resultado final para o ano safra 2006/07
de 87,1 milhões de toneladas. Para o ano
safra posterior estima-se uma redução de
9,41% na produção americana.
O segundo fato é a gripe aviária na Ásia ocorrida entre os anos de 2005 e 2006, nos países do leste da Europa, região com participação significativa na produção de aves, principalmente frango. O avanço da doença deve
resultou, na redução do consumo de farelo
de soja, afetando diretamente as cotações
do grão na CBOT- Chicago Board of Trade.
Outro fato colaborador é a indicação do órgão
americano USDA-United State Departament
of Agriculture (2007), que projeta o Brasil no
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ano 2008 superando as exportações americanas, tornando-se o maior exportador mundial de grãos de soja.
LOPEZ, J. M. C. Os custos
logísticos do comércio exterior.
São Paulo: Aduaneiras, 2000.
As perspectivas para os preços para a soja
na safra 2006/07 favorecem os produtores.
Para ter melhor rentabilidade os produtores
devem procurar o melhor rendimento possível de suas lavouras, utilizando-se de técnicas inovadoras, estando atentos a todos os
fatores relacionados, como a logística e mais
atentos ainda às informações de mercado no
momento de comercialização de sua safra.
MANUAL de commodities. São
Paulo: Bisordi, 1985.
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