REVISTA SOBRACIBU
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Outubro 2009 Nº 2 da da da Editores Assistentes Alexandre Jazara Eveline Braga de Albuquerque Conselho Científico Prof. Dr. Antonio Carlos de Campos (FOUSP) Prof. Dr. Antonio Carlos Lorenz Sabóia (FOUSP) Profª. Drª. Edela Puricelli (FOUFRS) Prof. Dr. Hugo Nary Filho (Inst. Branemark) Prof. Dr. Isaac Thobias Blanchman (UNIFESP) Prof. Dr. João Gavranich Junior (Hosp. Sta. Paula) Prof. Dr. João Gualberto de C. Luz (FOUSP) Prof. Dr. José Augusto G. P. de Oliveira (UFPB-PB) Prof. Dr. José T. Tessaroli de Siqueira (H.C. USP) Prof. Dr. Leandro Gonçalves Velasco (Hosp. Face) Prof. Dr. Linneu Cuffari (UNISANTA) Prof. Dr. Luiz F. Lobo Leandro (Hosp. Sta. Paula) Profª. Drª. Marina Clemente Conde (FOUSP) Profª. Drª. Marina H. C. G. de Magalhães (FOUSP) Prof. Dr. Paulo A. Oliveira Jr. (Sta. C. de Piracicaba) Prof. Dr. Paulo Bordini (UMC) Prof. Dr. Pedro Velasco Dias (Hosp. Face) Prof. Dr. Pérsio Azenha Faber (Sta. C. de Piracicaba) Prof. Dr. Roberto Macoto Suguimoto (HRLLP - USP) Prof. Dr. Rogério Gonçalves Velasco (C.E.T.O.) Prof. Dr. Rudiney Jefferson Daruge (C.E.D.A.R.) Profª. Drª. Suzana C. O. M. de Souza (FOUSP) Prof. Dr. Victor Prado Curvêllo (Inst. Branemark) Conselho Científico Internacional Profª. Drª. Adriana Basili Esbry (Chile) Prof. Dr. Mario Javier Scarrone (Uruguai) Prof. Dr. Ezequiel Gómez Ocampo (Paraguai) Prof. Dr. Leopoldo Meneses Rivadeneiro (Peru) Diretoria da Sociedade Presidente: Prof. Dr. Paulo Afonso de Oliveira Junior Vice-Presidente: Prof. Dr. João Gavranich Junior Secretária: Profª. Drª. Simone Cristine de Souza Tesoureiro: Prof. Dr. Pérsio Azenha Faber Prof. Dr. Fábio Parada Pazinatto Criação, Diagramação, Editoração Eletrônica Alexandre Jazara Eveline Braga de Albuquerque Capa SOBRACIBU Revisão de Texto Prof. Dr. Raymundo Miracca Jornalista Reponsável Wilson de Oliveira Jasa - MTB 32.837 Prova Digital / Impressão Jasa Desenvolvimento Tiragem 2.500 exemplares Secretária Sociedade Brasileira de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial (SOBRACIBU) Tel: (19) 3242-6214 (Cedar Campinas) CNPJ: 52.840.840/0001-66 Responsabilidade Editorial E ditor i al ISSN 2175-3725 Revista da Sociedade Diretor: Prof. Dr. Linneu Cuffari Editor Científico: Prof. Dr. Raymundo Miracca Secretário: Prof. Dr. Nelson Corazza Junior P rezados Associados é com muito orgulho que estamos editando o 2º número de nossa revista, procuramos melhorar nosso padrão editorial mantendo sempre com o objetivo levar a atualização e a consolidação da nossa especialidade junto a classe odontológica. Nesta fase de nossa revista estamos abrindo a oportunidade de publicação para trabalhos estrangeiros para os idiomas espanhol e inglês com o intuito de ampliar também nosso universo de trabalhos científicos, outro importante aspecto de nossa nova fase da revista é nos tornarmos uma revista multidisciplinar sempre relacionada aos assuntos ligados a nossa especialidade de Cirurgia e Traumatologia Buco-MaxiloFaciais abrindo para publicação de temas nas áreas afins como: patologia, implantodontia, prótese buco-maxilo-facial entre outras. Neste processo estaremos em breve conseguindo a indexação de nossa revista, trabalho que vem sendo arduamente realizado pelo nosso ilustre membro e editor chefe da revista da SOBRACIBU o Prof. Miracca que tanto vem se dedicando a esta revista. Nossa SOBRACIBU vem passando uma excelente fase de realizações confirmada pelo sucesso do nosso congresso ALACIBU 2009 além disso estamos realizando um intenso trabalho nas seccionais divulgando o trabalho em prol da especialidade, mas precisamos mais do que nunca da participação de todos enviando trabalhos científicos seguindo as nossas normas editoriais para que possamos manter este sonho cada vez mais vivo. Em reunião realizada no dia 05/10 em São Paulo as diretorias da SOBRACIBU e do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, discutiram as perspectivas da especialidade reunião que culminou como uma proposta de realização de evento científico promovido por ambas as entidades em São Paulo para este ano de 2010, fato que só vem a fortalecer a nossa especialidade. Os artigos publicados não refletem, necessariamente o ponto de vista da Editora. Ficam proibidas as reproduções de qualquer natureza, tendo todos direitos reservados à Editora. Paulo Afonso de Oliveira Jr. EDITORA Presidente da SOBRACIBU R. Conceição da Aparecida, 15 - Vl. Buenos Aires São Paulo - SP - CEP: 03627-120 Telefax: (11) 2625-1600 www.jasadesenvolvimento.com.br [email protected] REVISTA DA SOBRACIBU 03 Sumário Pág. 03 EDITORIAL REABSORÇÃO CONDILAR PROGRESSIVA: TRATAMENTO COMBINANDO CIRURGIA ORTOGNÁTICA ASSOCIADA À CIRURGIA F U N C I O N A L D A S A T M s . PROGRESSIVE CONDILAR REABSORPTION: COMBINED TREATMENT WITH ORTOGNATIC AND FUNCTIONAL TMJ SURGERIES CISTO ÓSSEO SOLITÁRIO: UM ESTUDO REUNINDO ORTOPEDIA E CIRURGIA E TRAUMATOLOGIA BUCOMAXILOFACIAIS SOLITARY BONE CYST: A STUDY COMBINING ORTHOPEDIC SURGERY AND TRAUMATOLOGY AND ORAL AND MAXILLOFACIAL FRATURAS MANDIBULARES EM CRIANÇAS: UM ESTUDO RETROSPECTIVO DE 8 ANOS MANDIBULAR FRACTURE IN CHILDREN: A RETROSPECTIVE STUDY OF 8 YEARS Pág. 05 Pág. 09 ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS DAS MEMBRANAS PARANASAIS DE RATOS SUBMETIDOS Á AÇÃO INTERMITENTE DA FUMAÇA DO CIGARRO. METHODS HISTOLOGICAL THE ALTERATIONS OCCURRED IN THE MEMBRANES OF THE MAXILLARIES SMOKERS SINUS RATS Pág. 18 CANINOS RETIDOS: EXODONTIA TRACIONAMENTO ORTODÔNTICO? R E TA I N E D C A N I N E S : E X O D O N T I C S ORTHODONTIC GUIDANCE? Pág. 26 OR ERRATA Pág. 29 NORMAS DE PUBLICAÇÃO Pág. 30 Pág. 13 Catalogação-na-Publicação Serviço de Documentação Odontológica Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo Revista SOBRACIBU / Sociedade Brasileira de Cirurgia e Traumatalogia Buco Maxilo Facial. vol. 1, n. 1 (julho 2009) . São Paulo : SOBRACIBU, 2009- . v. : il. Trimestral. Resumo em português e inglês. ISSN 2175-3725 1. Odontologia - Periódicos 2. Cirurgia Buco Maxilo Facial - Periódicos I. Sociedade Brasileira de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial. CDD 617.6005 BLACK D05 04 REVISTA DA SOBRACIBU OU REABSORÇÃO CONDILAR PROGRESSIVA: TRATAMENTO COMBINANDO CIRURGIA ORTOGNÁTICA ASSOCIADA À CIRURGIA FUNCIONAL DAS ATMs. PROGRESSIVE CONDILAR REABSORPTION: COMBINED TREATMENT WITH ORTOGNATIC AND FUNCTIONAL TMJ SURGERIES Paulo Afonso de Oliveira Jr* Pérsio Azenha Faber** Fernando C.M. Antunes† Aladim Gomes Lameira Júnior†† Recebido em 23/06/2009 Aprovado em 02/09/2009 RESUMO A reabsorção condilar progressiva é atualmente conhecida como uma doença progressiva que afeta as articulações têmporo mandibulares, tendo repercussões funcionais e estéticas, destacando entre elas maloclusão e perfil classe II progressiva associada a mordida aberta anterior e elevado plano mandibular. Embora exista uma série de protocolos de tratamento propostos para a RCP, talvez o protocolo de tratamento mais utilizado seja o proposto por Wolford & Cardenas 1999 34, que preconiza cirurgia ortognática combinada a cirurgia das ATMs concomitantemente, a vantagem deste tratamento combinado e proporcionar a estabilidade oclusal e articular em um único ato cirúrgico. No presente relato iremos discutir a aplicação deste método no tratamento de uma paciente MC sexo feminino 30 anos submetida a cirurgia ortognática concomitante a cirurgia das ATMs artroplastia e reposicionamento discal bilateral . Palavras-Chave: Côndilo, Reabsorvição, Ortoguinatica, Cirurgia da ATM Abstract The condilar progressive reabsorption now is known as a progressive disease that affects the TMJ (temporo mandibular joint) lead to conduct functional and aesthetic repercussions, highlighting among them mal occlusion and classII progressive profile associated with the previous bite and high mandibular plan. Although a big serie of treatment protocols for RCP exists, maybe the more used protocol belongs and were proposed by Wolford & Cardenas 199934, that suggests a kind of surgery that combine orthognatic and TMJ surgery simultaneously. This combined treatment provides oclusal stability in a single surgical procedure. In this present issue we discusses the application of this method in MC, a 30 years old white female that was submitted to a concomitant ortognatic surgery associated with TMJ artroplasty and bilateral discal repositioning. Key words: Condilar, Reabsorption, Orthognathic, tmj surgery Introdução A reabsorção condilar idiopática progressiva atualmente conhecida por este nome recebeu anteriormente várias denominações por inúmeros autores entre elas podemos destacar : atrofia condilar18 ; condilise25; osteoartrose9; necrose avascular da cabeça do côndilo28 ; reabsorção condilar10 e remodelação disfuncional1. Phillips & Bell 197832 foram os primeiros a relatar a atrofia dos côndilos mandibulares em paciente submetidos a cirurgias de avanços mandibulares, neste relato os autores relacionam a recidiva pós-operatória com a atrofia dos côndilos mandibulares. Arnett & Tamborello5 1990 foram os primeiros autores a utilizarem o termo reabsorção condilar progressiva (RCP) e realizarem um estudo profundo sobre as causas envolvidas neste processo, relacionando torques mediais e laterais nos côndilos durante a fixação interna rígida em cirurgias ortognáticas e alterações na posição côndilo-fossa e côndilo-disco como importantes fatores etiológicos relacionados a RCP. Arnett et al 199613,14 justificam a prevalência da RCP em mulheres em uma relação de (9:1) a respostas biológicas moduladas pelo hormônios como o estrógeno e progesterona17 . Também tem-se especulado que fatores relacionados ao metabolismo das fibrocartilagens associados a diferenciais no suprimento sangüíneo e na drenagem venosa possam levar alterações degenerativas nestas fibrocartilagens. A verdadeira patogênese da RCP ainda não é definitivamente determinada, existe uma série de hipóteses que sustentam possíveis mecanismos associados entre outros fatores aos hormônios femininos. Por exemplo, Wolford & Cardenas 199934 associam estas alterações hormonais a fatores intracapsulares responsáveis pela ruptura das estruturas de sustentação do disco articular, iniciando assim o processo que culminará com a luxação do disco articular bem como traumas intra-articulares que também são considerados como desencadeadores da RCP. O diagnóstico da RCP é obtido através de dados clínicos e radiográficos a escala de morfologia condilar, proposta por Rabey 33 1977 , pode ser utilizada na avaliação quantitativa do grau de RCP, embora as características radiográficas obtidas através de uma ortopantomografia sejam bastante evidentes. Outras características clínicas devem ser destacadas como: 1- afetar predominantemente as mulheres (9:1); 2- sua incidência abrange a faixa etária de 10-40 anos raramente atingindo mulheres com mais de 40 anos; 3- oclusão dentária classe II; 4- presença ou não de mordida aberta anterior; 5- plano mandibular aumentado e retrusão mandibular progressiva. Muitos autores descrevem a associação da RCP com tratamentos ortodônticos e cirurgias ortognáticas (1-10). Algumas doenças do tecido conjuntivo ou autoimunes também podem promover a reabsorção condilar entre elas: artrite reumatóide; artrite psorítica, lúpus eritematoso , síndrome de Sjögrem,entre outras . Entre os tratamentos preconizados para a RCP podemos destacar: a) uso de placas oclusais miorrelaxantes; b) tratamento ortodôntico sem carga e cirurgia ortognática de 6 a 12 meses após a remissão; c) artroscopia e artrocentese ( lavagem da ATM); d) * Mestre em Ciências, Coordenador do Curso de Especialização em CTBMF da APCD/Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba ** Mestre em Ciências, Chefe do Departamento de CTBMF da Santa Casa de Piracicaba † Mestre em Ciências ,Especialista em Ortodontia †† Especialista em CTBMF REVISTA DA SOBRACIBU 05 substituição da articulação afetada por enxerto costocondral; e) cirurgia ortognática exclusivamente da maxila , pois alguns autores preconizam que as cirurgias mandibulares principalmente as cirurgias de avanço mandibular podem por aumento da carga mecânica deflagrar ou mesmo acentuar a RCP32,15 . Wolford & Cardenas 199519, propuseram um novo protocolo de tratamento cirúrgico para a RCP onde realizavam a cirurgia ortognática associada a cirurgia articular , onde preconizaram na cirurgia articular e remoção dos tecidos sinoviais hiperplásicos com reposicionamento discal através de próteses ligamentares (ancoras de 2.0mm tipo Mitek) propostas por Cottrell et al 199322 , tratamento que se mostrou eficaz para estabilização do complexo côndilo disco, , tratamento que passou a ser muito difundido a partir da década de 90 para os distúrbios internos da ATM . Associado a cirurgia articular os autores preconizavam a realização da cirurgia ortognática em um único tempo cirúrgico. Relato do Caso A paciente M.C 33 anos portadora de sintomatologia dolorosa nas ATMs, tratada inicialmente com placa miorrelaxante que posteriormente possibilitou o diagnostico de severa relação classe II esquelética com presença de mordida aberta anterior. O exame clinico evidenciou nítidos sinais clínicos de artropatia das ATMs apresentando também importante limitação mecânica, com restrição da abertura bucal e crepitação articular. Foto 1: Ortopantomografia evidenciando severa RCP no côndilo direito fisoterapêutic os com a paciente, sem contudo que a mesma t e n h a apresentado melhoras significativas principalment e no tocante a a b e r t u r a bucal. Na tentativa de avaliar o s t a t u s d e Foto 5 : Ressonância magnética mostrando p r o c e s s o s deslocamento discal sem redução remodeladores nas ATMs solicitou-se cintilografias ósseas da cabeça , esses e x a m e s evidenciaram a existência de processos remodeladore s presentes ( fotos 7 e 8 ) sem contudo termos uma definição clara de quais s e r i a m exatamente e s s e s Foto 6: RM das ATMs processos mas deixavam subentendido que estavam presentes . Foto 2 : RCP também no côndilo esquerdo Os exames radiográficos evidenciavam sinais de reabsorção condilar bilateralmente (fotos 1 e 2 ) , na tomografia computadorizada das articulações foi possível visualizar osteofitoses em ambas as ATMs (fotos 3,4) e na ressonância magnética evidenciando o deslocamento discal (fotos 5e 6 ). Após a terapia inicial com placa miorrelaxante a paciente foi submetida a tratamento o r t o d ô n t i c o, para a qual já h a v i a planejamento cirúrgico conjugado orto-cirúrgico para avanço mandibular. Foto 3 : osteofitoses no pólo medial e região condilar Foto 7 : cintilografia óssea da cabeça mostrando captação de radioisótopos na ATM D Foto 8 : cintilografia da ATM esquerda evidenciando também a captação e conseqüente processo de remodelação óssea presente Com base neste quadro foi proposto e realizado no caso um tratamento cirúrgico combinando cirurgia ortognática a cirurgia funcional das articulações têmporo mandibulares sessões de fisioterapia foram iniciadas no pós-operatório imediato 10 dias após a cirurgia. Tendo em vista a presença de um processo ativo em ambas as articulações , optamos por cirurgia articular associada a cirurgia ortognática , onde iniciamos pela cirurgia articular central A limitação da abertura bucal foi constatada durante toda a f a s e d e p r e p a r o o r t o d ô n t i c o, É importante ressaltar que durante o p r e p a r o ortodôntico f o r a m u t i l i z a d o s Foto 4: áreas de osteofitoses e desgaste articular r e c u r s o s sugerindo o contato ósseo direto 06 REVISTA DA SOBRACIBU Foto 9: Acesso pré auricular endoaural com acesso pré auricular endoaural (fotos 9,10) Seguindo protocolo proposto por Wolford & Cardenas34 (fotos 11,12 e 13) . Foto 10: retirada do tecido sinovial Após a retirada de tecido hiperplásico hiperplásico sinovial foi realizada a artroplastia com retirada das osteofitoses e regularização da superfície articular sendo o complexo côndilo disco estabilizado com a utilização de ancoras de titânio de 2,0mm de diâmetro (fotos 10,11,12,13 e 14) . A cirurgia ortognática foi realizada na seqüência no mesmo ato cirúrgico(foto 15) , no período pós operatório imediato 10o dia iniciou-se tratamento fisioterápico. Foto 21: radiografia pós operatória evidenciando a FIR e as ancoras para estabilização do complexo côndilo-disco A paciente apresentou uma boa evolução com estabilidade dos resultados e com melhoras gradativas da abertura bucal e desaparecimento dos sintomas dolorosos . Foto11: Disco articular apresentando perfuração Foto 12 : Artroplastia remoção das osteofitoses com broca diamantada seguida regularização da superfície articular Foto 22: Vista oclusal pré operatória Foto 23: Vista oclusal final Discussão Foto 13: Foto14: ancora de 2,0mm Reposicionamento do disco articular Foto 15: Estabilização do Complexo côndilo- disco Foto 16: osteotomia sagital de mandíbula com fixação interna Rígida Durante estas ultimas duas décadas observamos uma grande evolução dos métodos de diagnósticos para os distúrbios da ATM e no tratamento dos mesmos. Wolford, em 200331 demonstrou a possibilidade de realizar a cirurgia ortognática concomitantemente com a cirurgia das ATMs, evidenciando que estes procedimentos podem e são complementares evidenciando que a estabilidade oclusal só é perpetuada quando obtemos a concomitante estabilidade articular ,porque esta a longo prazo irá interferir diretamente na estabilidade oclusal em virtude da extrema interdependência de ambas. Por vezes nos tornamos bastante relutantes ao indicar cirurgias articulares, por julgar que as mesmas são extremamente invasivas e passiveis de severas complicações, fato que não é verdadeiro. Pois a cirurgia articular quando devidamente bem indicada apresenta bons resultados. Para uma correta indicação julgamos importante uma minuciosa avaliação clinica sempre associada à confirmação dos exames imaginológicos adequados, para um preciso diagnóstico. Essa premissa da estabilidade articular e oclusal também nos parece bastante razoável e compatível com os princípios terapêuticos universais, também aplicáveis ao tratamento ortocirúrgico das deformidades dentofaciais , embora existam outras possibilidades terapêuticas o fato da paciente apresentar importantes sintomas mecânicos articulares( crepitação e limitação da abertura bucal) e estes não terem apresentado melhoras com outras terapias clinicas parece já se tratar de uma indicação precisa para a cirurgia articular concomitante. Conclusão Foto 17: Sutura da cápsula articular Foto 19: abertura bucal pós operatória Foto18 : abertura bucal pré operatória Foto 20: Sutura final e resultado estético tardio A associação da cirurgia ortognática a cirurgia articular se apresentam como procedimentos complementares sempre que processos remodeladores articulares proliferativos como nos casos das hiperplasias condilares ou regressivos como no caso das reabsorções condilares progressivas, pois apenas através das cirurgias articulares temos como eliminar, reduzir ou mesmo estabilizar estes processos instalados nas articulações temporomandibulares. Pois como é nítido deduzir estes processos remodeladores são fatores desestabilizadores das relações oclusais estando diretamente associados com a estabilidade dos resultados obtidos com a cirurgia ortognática, sendo, portanto procedimentos compatíveis e complementares. Em particular no caso das reabsorções condilares progressivas outras etiologias podem também estar diretamente relacionados a estes processos remodeladores como, por exemplo, os fatores hormonais, estando, contudo indicada a cirurgia articular por promover a estabilização das estruturas articulares e deste modo perpetuando as relações oclusais obtidas com a cirurgia ortognática . REVISTA DA SOBRACIBU 07 Referências 1. Worms FW, Speidel TM, Bevis RR, et al. Posttreatment stability of esthetics of orthognathic surgery. Angle Orthod 1980;50:251-73. 2. Kerstens JCK, Tuinzing DB, Golding RP, van der Kwast WAM. Condylar atrophy and osteoarthrosis after bimaxillary surgery. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 1990; 69:274 80. 3. Moore KE, Gooris PJJ, Stoelinga PJW. The contributing role of condylar resorption to skeletal relapse following mandibular advancement surgery. J Oral Maxillofac Surg 1991; 49:448-60. 4. De Clercq CA, Neyt LF, Mommaerts MY, et al. Condylar resorption in orthognathic surgery: a retrospective study. Int J Adult Orthod Orthognath Surg 1994; 9:233-40. 5. Arnett GW, Tamborello JA. Progressive Class II development: female idiopathic condylar resorption. Oral Maxillofac Surg Clin North Am 1990;2:699-716. 6. Crawford JG, Stoelinga PJW, Blijdorp PA, Brouns JJA. Stability after reoperation of progressive condylar resorption after orthognathic surgery. J Oral Maxillofac Surg 1994; 52: 460 6. 7. Schellhas KP,Wilkes CH, Fritts HM, et al. MR of osteochondritis dissecans and avascular necrosis of the mandibular condyle. Am J Neurorad 1989;10:3-12. 8. Copray JCVM, Jansen HWB, Duterloo HS. The role of biomechanical factors in mandibular condylar cartilage growth and remodeling in vitro. In: McNamara JA Jr, ed. Craniofacial Growth Series, Center for Human Growth and Development. Ann Arbor, MI, University of Michigan, 1984. 9. Will LA,West RA. 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Wolford LM, Chemello PD, Hilliard FW. Occlusal plane alteration in orthognathic surgery: part Ieffects on function and esthetics. Am J Orthod Dentofacial Orthop 1994;106:304-16. 26. Chemello PD, Wolford LM, Buschang H. Occlusal plane alteration in orthognathic surgery: part IIlong-term stability of results. Am J Orthod Dentofacial Orthop 1994;106:434-40. 27. Cottrell DA, Suguimoto RM, Wolford LM, Sachdeva R, Guo IY. Condylar changes after upward and forward rotation of the maxillomandibular complex. Am J Orthod Dentofacial Orthop 1997; 111:156-62. 28. Cottrell DA, Wolford LM. Altered orthognathic surgical sequencing and a modified approach to model surgery. J Oral Maxillofac Surg 1994;52:101020. 29. Fields RT Jr, Cardenas LE, Wolford LM. The pull-out force of mini and micro suture anchors systems in human mandibular condyles. J Oral Maxillofac Surg 1996;55:483-7. 30. Fields RT Jr, Franco PF, Wolford LM. The osseointegration of Mitek minisuture anchors in the mandibular condyle. AAOMS 78th Annual Meeting and Scientific Sessions. J Oral Maxillofac Surg 1997;55:92-3. 31. Wolford LM, Concomitant temporomandibular joint and orthognathic surgery. J Oral Maxillofac Surg. 2003 Oct;61(10):1198-204. 32. Phillips RM, Bell WH. Atrophy of mandibular condyles after s a g i t t a l ramus split osteotomy: report of case. J Oral Surg. 1978 Jan;36(1):45-9. 33. Rabey GP. Bilateral mandibular condylysis-a morphanalytic diagnosis. Br J Oral Surg. 1977 Nov;15(2):121-34. 34. Wolford LM, Cardenas L. Idiopathic condylar resorption: diagnosis, treatment protocol, and outcomes. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999 Dec;116(6):667-77. 13. Arnett GW, Milam SB, Gottesman L. Progressive mandibular retrusion: part Iidiopathic condylar resorption. Am J Orthod Dentofacial Orthop 1996;110:8-15. 14. Arnett GW, Milam SB, Gottesman L. Progressive mandibular retrusion: part IIidiopathic condylar resorption. Am J Orthod Dentofacial Orthop 1996;110:117-27. qu i 15. Aufdemorte TB, Van Sickels J, Dolwick FM, et al. Estrogen receptors in the temporomandibular joint of the baboon (Papio cynocephalus): an autoradiographic study. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 1986;61:307-14. 18. Tsai CL, Liu TK, Chen TJ. Estrogen and osteoarthritis: a study of synovial estradiol American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics Wolford and Cardenas 677 Volume 116, Number 6 and estradiol receptor binding in human osteoarthritic knees. Biochem Biophys Res Comm 1992;83:1287-91. 19. Wolford LM, Cardenas LE, Evaluation of a new treatment protocol for idropathic conylor resorption [abstract]. J Oral Maxillofacial Surg Supplement 1995;53:124, Presented at AAOMS Annual meeting, Toronto, Canada, 1995. 20. Henry CH, Hudson AP, Gerard HC, Franco PF, Wolford LM. Identification of Chlamydia Trachomatis in the human temporomandibular joint. J Oral Maxillofac Surg 1999;57:683-8. 21. Henry CH, Hughes CV, Babae R, Hudson AP, Wolford LM. Bacteria associated with reactive arthritis and the tempromandibular joint [abstract]. J Oral Maxillofac Surg Supplement 1999;1-57:51-2, Presented at AAOMS Annual Meeting, Boston, Mass, 1999. 22. Cottrell DA,Wolford LM. The Mitek mini-anchor in maxillofacial surgery [Abstract]. J Oral Maxillofac Surg Supplement 1993;3-51:150, Presented at 08 REVISTA DA SOBRACIBU An 17. Abubaker AO, Arslan W, Sotereanos GC. Estrogen and progesterone receptors in the temporomandibular joint disc of symptomatic and asymptomatic patients. J Oral MaxillofacSurg 1993;51:1096-100. un ci eA 16. Milam SB, Aufdemorte TB, Sheridan PJ, et al. Sexual dimorphism in the distribution of estrogen receptors in the temporomandibular joint complex of the baboon. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 1987;64:527-32. CISTO ÓSSEO SOLITÁRIO: UM ESTUDO REUNINDO ORTOPEDIA E CIRURGIA E TRAUMATOLOGIA BUCOMAXILOFACIAIS SOLITARY BONE CYST: A STUDY COMBINING ORTHOPEDIC SURGERY AND TRAUMATOLOGY AND ORAL AND MAXILLOFACIAL Alexandre Shigueru Ueda* Linneu Cuffari** Recebido em 02/06/2009 Aprovado em 10/08/2009 RESUMO Este trabalho tem como objetivos: realizar uma revisão de literatura, reunindo artigos relacionados ao Cisto Ósseo Solitário (COS), nas áreas médica e odontológica; apontar as dificuldades no diagnóstico do COS, e indicar a viabilidade, ou não, do uso das formas de tratamento empregadas em Ortopedia e Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais. O estudo dos aspectos clínicos, etiologia e diagnóstico da lesão são muito semelhantes nas duas áreas. O COS é normalmente assintomático e suas características radiográficas são semelhantes a diversas outras patologias. Com relação ao tratamento, a Ortopedia tem utilizado mais alternativas à simples exploração cirúrgica, como a infiltração de corticoesteróides, uso de enxertos ósseos para preenchimento da cavidade da lesão ou o simples acompanhamento clínico. O estudo do COS, reunindo estudos das áreas médica e odontológica, proporciona uma visão mais ampla com relação à etiologia, diagnóstico e formas de tratamento da lesão. A maioria dos métodos de tratamento utilizados em Ortopedia podem ser aplicados em face, mas a escolha da abordagem utilizada, deve considerar a localização, tamanho e sintomas da lesão, além da experiência e bom senso do profissional. Palavras-Chave: Cisto Ósseo Solitário Abstract This study aimed to: conducting a literature review, gathering articles related to Solitary Bone Cyst (SBC), in the medical and dental care, indicate difficulties in the diagnosis of SBC, and indicate the feasibility or not the use of forms of treatment employed in Orthopedics and Maxillofacial Surgery. The study of clinical aspects, etiology and diagnosis of the lesion are very similar in both areas. With regard to treatment, Orthopedics has used more alternatives to surgical exploration, as the infiltration of corticosteroids, use of bone grafts to fill the cavity of the lesion or simple follow-up. The study of SBC should be conducted, in which studies of the medical and dental care, providing a broader view on the etiology, diagnosis and treatment. Most of the treatment methods used in orthopedics can be applied to the face, but the choice of the approach, must consider the location, size and symptoms of injury, experience and common sense of the professional. Key words: Solitary Bone Cyst INTRODUÇÃO O cisto ósseo solitário(COS) é uma lesão que pode acometer qualquer estrutura óssea do corpo humano e, por essa mesma razão, podem ser encontrados estudos tanto na área de cirurgia Bucomaxilofacial, como na área de Ortopedia. A maior parte dos estudos não relaciona uma área à outra, o que pode levar a dúvidas com relação à fatos como o primeiro relato da lesão, terminologias diferentes, além de métodos de tratamentos distintos. É definido pela OMS como uma lesão não-neoplásica, caracterizado por se apresentar como um cisto intraósseo revestido de tecido conjuntivo, sem a presença de epitélio1 (figura 1). A primeira descrição de um cisto ósseo solitário foi registrada em 1876, quando o médico Virchow2 se deparou com uma lesão em úmero ao realizar uma autópsia. Na área de odontologia, Lucas3 (1929) fez o primeiro relato de um caso clínico da lesão em mandíbula; lesão que receberia a denominação de (fig.01) (fig.02) *Aluno do Curso de Especialização em CTBMF da APCD Vila Mariana ** Prof Ms resp.Farmacologia UNISANTA e Especialização em CTBMF da APCD Vila Mariana REVISTA DA SOBRACIBU 09 cisto ósseo traumático. Uma das maiores dificuldades no estudo do COS é o grande número de denominações diferentes para o que vem a ser a mesma patologia. Dentre os termos mais comuns estão: cisto hemorrágico (Figura 1),cisto ósseo traumático (Figura 2), cisto de extravasamento, cisto ósseo unicameral. Mesmo sendo Cisto Ósseo Solitário a terminologia adotada pela OMS, a denominação mais comum na área de Cirurgia Bucomaxilofacial é de Cisto Ósseo Traumático. (Fig. 6 - Material Coletado. Diagnóstico Fig. 1) Etiologia O grande número de termos usados, também reflete o desconhecimento quanto a exata etiologia da lesão. Uma das teorias mais aceitas foi descrita por Cohen4 (1960) , que após estudar o fluido presente em lesões de 6 pacientes, conclui que uma obstrução venosa local causaria o acúmulo de fluído intersticial, levando ao rápido crescimento e remodelação em osso esponjoso. Prevalência O Cisto Ósseo Solitário corresponde a 1% das lesões císticas maxilo-mandibulares relatadas5. Guerra et al6 (2003) alta prevalência do cisto traumático em pacientes em tratamento ortodôntico, na segunda década de vida. A alta prevalência da lesão nesses pacientes justifica-se pelo fato de que a segunda década de vida, além de ser a faixa etária de maior prevalência do cisto, é também a época em que o tratamento ortodôntico é mais procurado6. Com relação ao gênero, não há um consenso sobre qual gênero é mais acometido pelo cisto ósseo traumático. Alguns autores como Campanacci7 (1986), Beasaley8 (1955), Saito5 (1992) relatam que a lesão tem predileção por indivíduos do sexo masculino, enquanto para Baqain9 (2005) e Matsumura10 (2003) há um maior acometimento em mulheres. Hansen11 (1974) e Jacobs12 (1955) não encontraram relação entre gênero e prevalência da lesão. Características Clínicas O Cisto traumático é normalmente assintomático, sendo d i a g n o s t i c a d o acidentalmente por meio de exames radiográficos de rotina13. Na maior parte dos casos, não ocorre perda da sensibilidade dos dentes adjacentes à lesão ou mesmo presença de mobilidade dos mesmos14. (Fig. 3) Pode se desenvolver em qualquer osso do corpo, havendo casos relatados até mesmo em ossos da coluna vertebral15, mas sua localização mais frequente são os ossos longos como fêmur e úmero 1 6 , 1 7 , 1 8 . Em odontologia, a maior parte dos casos acomete mandíbula, nas regiões de sínfise e corpo1-19,20. (Figuras 3 a 6). Como diagnóstico diferencial pode-se citar cisto ósseo aneurismático, lesão central de células gigantes e queratocisto21. (Fig. 4) (Fig. 5 - Biópsia) 10 REVISTA DA SOBRACIBU a expansão das corticais ósseas25. Fraturas patológicas são mais frequentes em ossos longos do corpo, mas pode ocorrer em mandíbula26. Radiograficamente, a lesão se apresenta como uma cavidade unilocular bem definida, de paredes finas e apresentando um formato de arcadas entre as Uma porcentagem de 10 a 30 % dos pacientes pode apresentar dor22. Sensibilidade dos dentes pode ser outro sintoma presente em alguns casos19, assim como parestesia23, atraso na erupção de dentes permanentes24 e deslocamento do canal mandibular14. Outra característica menos frequente é raízes dos dentes envolvidos13 (Figura 7). O exame de ressonância magnética é indicado para distinguir tal lesão de outros cistos odontogênicos ou tumores. Nele não é observada presença de cápsula de tecido epitelial25. O diagnóstico definitivo é (Fig. 7) obtido através da exploração cirúrgica da cavidade, na qual a ausência de cápsula de tecido epitelial é confirmada13. O interior da cavidade pode-se apresentar vazio ou com a presença de conteúdo sanguinolento14. A presença ou não de fluido no interior do cisto traumático está relacionado com a idade da lesão. Lesões recentes apresentam sangue ou conteúdo serosanguíneo em seu interior, e o volume de líquido em seu interior viria a diminuir com o passar do tempo até a lesão se apresentar como uma cavidade vazia 22. Tratamento Há divergências quanto às formas de tratamento do cisto ósseo traumático e elas condizem com a falta de conhecimento em relação à natureza e ao comportamento biológico da lesão. Por ser uma lesão rara em adultos, alguns profissionais sugerem que a doença evolui uma cura espontânea e questionam a necessidade de tratamento cirúrgico da mesma27, 28. A grande maioria dos autores defende a intervenção cirúrgica da lesão, com o argumento de que além de confirmar o diagnóstico, a simples exploração da cavidade com curetagem das paredes da lesão proporciona a cura da lesão13. Em ortopedia, a curetagem com posterior preenchimento da cavidade com enxerto óssea é uma manobra muito utilizada. O índice de sucesso é de 55 a 65%, sendo que os casos de insucesso necessitam de nova intervenção cirúrgica por recidiva da lesão29, 30, 31, 32, 33 . Ressecção subtotal é defendida por alguns ortopedistas como um meio de evitar a recidiva da lesão32, 33, 34. O uso de injeções de corticóides no interior da lesão tem crescido nos últimos anos, com bons resultados. Em 1974, foi descria uma técnica em que medidas iguais ou superiores a 40 mg de acetato de metilprednisolona eram injetadas na cavidade da lesão. No período de 12 a 20 meses eram realizadas de 3 a 4 aplicações do corticoesteróide. O resultado do estudo mostrou que 55% dos casos obtiveram cura total da lesão e 45% mostraram melhora do quadro, com diminuição da cavidade e formação óssea. 24% dos pacientes necessitaram de apenas de uma injeção de corticóide18. Em um estudo de 1998, uma técnica semelhante à infusão percutânea foi descrita35. Mas, nesse caso o corticóide foi substituído por matriz óssea desmineralizada. Após um acompanhamento de 2 anos, 9 de 11 pacientes tiveram cura total da lesão. Enxertos autógenos de medula óssea, normalmente retirados da crista ilíaca, apresentaram resultados animadores. O método também é semelhante à injeção de corticóide. A parede da lesão é perfurada por uma agulha e o conteúdo da lesão é aspirado. Com a ajuda da agulha a cavidade é explorada para que eventuais septos sejam eliminados. Após esses procedimentos é realizada a injeção de medula óssea. O estudo mostrou que essa técnica não é tão efetiva em cistos grandes e multiloculados, devendo ser usada com critério36. Em um estudo publicado em 2002, foi utilizada injeção percutânea de matriz óssea desmineralizada associada a enxerto autógeno de medula óssea. Nesse trabalho, 23 pacientes que apresentavam a lesão ativa receberam essa infusão no interior da lesão e foi feito um acompanhamento clínico de 15 meses. Os resultados mostraram que em 78% dos casos houve melhora clínica da lesão com uma só injeção. Os autores concluíram a efetividade do tratamento e sua vantagem com relação à injeção de corticoesteróides, por ser necessária menos aplicações, e à intervenção cirúrgica, devido a menor morbidade37. DISCUSSÃO Uma das dificuldades do estudo do Cisto Ósseo Solitário é a existência de inúmeras terminologias para essa mesma patologia. Tal fato, deve-se à existência de discordâncias com relação à etiologia da lesão. Realizar estudos sobre tal lesão ficando restrito aos trabalhos científicos da área de bucomaxilo ou de ortopedia, como se fossem patologias distintas faz com que o estudo da mesma fique prejudicado. Em geral, estudos sobre etiologia, diagnóstico e características clínicas levam as duas áreas a resultados semelhantes, por se tratar da mesma patologia. A maior diferença no estudo da lesão entre as duas áreas está no método de tratamento, onde a ortopedia têm usado mais alternativas à exploração cirúrgica. Com relação ao diagnóstico, por ser uma lesão normalmente assintomática, sua presença é primeiramente notada em radiografias de rotina e esse é um ponto importante no estudo recente do Cisto Ósseo Solitário. Com o maior acesso da população aos serviços médico e odontológico e, consequentemente, maior acesso a exames de imagem, houve um aumento no número de casos relatados da lesão nas últimas décadas. Por ser uma patologia que atinge mais jovens entre a primeira e segunda década de vida, muitas das ocorrências na área odontológica têm sido relatadas, em um primeiro momento, por ortodontistas, visto que o tratamento ortodôntico é realizado normalmente nessa faixa etária e, muitas vezes, os exames radiográficos solicitados para a obtenção da cefalometria são os primeiros exames de imagem realizados pelo paciente em região de face durante sua vida. Os estudos sobre a etiologia do Cisto Ósseo Solitário parecem cada vez mais apontar o bloqueio da drenagem venosa na região da lesão como uma das causas da lesão. Blum38, já apontava um prejuízo no suporte sanguíneo e consequente atividade osteoclástica, como fator etiológico, teoria reforçada por Cohen4, que apontou para uma obstrução venosa, causando um acúmulo de fluido intersticial e rápido aumento da remodelação do osso esponjoso, após a análise do fluido presente nas lesões. O estudo de Chigira39 também vai de encontro á origem vascular da lesão, ao afirmar que a pressão parcial de oxigênio no fluido contido no interior da cavidade é muito menor do que a encontrada em sangue venoso ou arterial contra lateralmente à lesão. A presença de altos níveis de radicais livres citotóxicos relatado por Komiya40 é outro ponto a favor dessa teoria, pois, de acordo com o autor, tais radicais livres só poderiam ser liberados devido à isquemia causada pelo bloqueio da drenagem venosa local, contribuindo para a destruição óssea causada pelo cisto. O motivo de maior controvérsia a respeito a etiologia do Cisto Ósseo Solitário é a respeito de um agente traumático como fator etiológico da lesão. O trauma é defendido como fator etiológico por alguns autores3-41 e descartada por outro que afirma que o componente traumático não está presente na maioria dos casos42. Alguns estudos recentes têm relatado casos de COS durante ou após tratamento ortodôntico43,44. Nesses estudos, o uso de forças excessivas durante a movimentação ortodôntica foi apontada como provável trauma causador da lesão, embora recomendem mais estudos a respeito, devido à quase inexistência de trabalhos publicados. O mesmo pode-se dizer sobre o uso de força excessiva na exodontia como fator etiológico45. Com relação ao tratamento, a simples exploração cirúrgica da cavidade cística têm sido o método mais utilizado e recomendado em estudos da área de bucomaxilo13--46, enquanto que em ortopedia, a exploração cirúrgica seguida de enxerto ósseo é o método clássico de tratamento30-34-39. Por ser uma lesão rara em adultos, alguns autores em ambas as áreas, sugerem que o COS têm cura espontânea e por esse mesmo motivo, defendem o simples acompanhamento clínico da lesão27, 28, 47. Um método de tratamento que têm sido bastante empregado nos últimos anos em ortopedia é a infiltração de corticóide no interior da cavidade cística18-34. Tal método é de simples execução e possui bons índices de sucesso, assim como a injeção de matriz óssea desmineralizada35, medula óssea36 ou até mesmo, uma associação entre matriz óssea desmineralizada e medula óssea37. A maior diversidade de métodos de tratamento na área de ortopedia pode ser reflexo da necessidade de alternativas em decorrência da localização da lesão em diferentes ossos do corpo, sujeitos a forças de impacto diferentes e localização anatômicas diferentes, enquanto que na área de CTBMF, as lesões acometem quase que exclusivamente mandíbula e raramente maxila48 e outros ossos da face49, além de haver raros casos de fratura patológica em mandíbula em detrimento a ossos longos do corpo 26. Os autores não chegaram a um consenso em relação ao cisto ósseo traumático, quanto ao gênero e prevalência da lesão . 5-7, 8, 9,10, 11, 12 CONCLUSÃO A - O estudo do Cisto Ósseo Solitário pode e deve ser realizado sempre que possível, reunindo estudos das áreas médica e odontológica, proporcionando uma visão mais ampla com relação à etiologia, diagnóstico e formas de tratamento da lesão. B - O Cisto Ósseo Solitário é normalmente assintomático e suas características radiográficas são semelhantes a diversas outras patologias. Por esses motivos, embora a lesão seja detectada, em um primeiro momento, em exames radiográficos de rotina, o seu diagnóstico definitivo é dado após a exploração cirúrgica da cavidade da lesão. C - Deve-se estudar as diversas formas de tratamento empregadas na Ortopedia para a resolução dos quadros de Cisto Ósseo Solitário, mas a escolha da abordagem utilizada, tanto na Ortopedia, quanto na Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, deve levar em consideração a localização, tamanho e sintomas da lesão, além da experiência e do bom senso do profissional. REFERÊNCIAS 1. Kramer IR, Pindborg JJ, Shear M. The WHO Histological Typing of Odontogenic Tumours. A commentary on the Second Edition. Cancer., 1992; 70(12):2988-94. 2. Virchow R. On the formation of bony cysts. Uber die bildung von knochencysten. Berlin: S-B Akad Wiss. 1876; p 369-81. 3. Lucas CD. Do all cysts of the jaw originate from the dental system? J. Am. Dent. Assoc. 1929; 16(4):647-661. 4. Cohen J. Simple bone cysts. Studies of cyst fluid in six cases with a theory of pathogenesis. J. Bone Joint Surg. Am. 1960; 42:609-15. 5. Saito Y, Hoshina Y, Nagamine T, Nakajima T, Suzuki M, Hayashi T. Simple bone cyst. 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Luz**** RESUMO Foi realizado um estudo retrospectivo de fraturas mandibulares em crianças menores de 12 anos de idade atendidas num serviço hospitalar. Foram detectados 36 casos de fraturas mandibulares isoladas no período de 1998 a 2006, que corresponderam a 12,1% das fraturas mandibulares em geral. Quinze crianças com vinte e quatro fraturas foram incluídas neste estudo. Idade, gênero, tipo e localização da fratura, etiologia, tratamento empregado e resultados foram avaliados. O tempo mínimo de acompanhamento foi de 6 meses. A média de idade foi de 7,5 anos. Foi encontrada a média de 1,6 fraturas por criança. Houve maior freqüência para o gênero masculino (60%), fratura do tipo simples (91,7%), em região de corpo mandibular (41,7%) e com desvio (54,2%). O principal fator etiológico foi o atropelamento (46,6%), seguido por queda de laje (20%). O tratamento mais empregado foi o cirúrgico (58,3%), predominando a região de corpo, com o sistema de 1.5-mm de miniplacas e parafusos (57,1%), enquanto que o tratamento incruento (41,7%) predominou para as fraturas de côndilo. Os meios de fixação foram removidos após seis meses de pós-operatório. Não houve complicações como infecção, pseudo-artrose ou anquilose durante o período de avaliação. Foi concluído que as fraturas mandibulares em crianças são pouco freqüentes. Os principais fatores etiológicos, atropelamento e queda de laje, favoreceram o aumento da gravidade das fraturas e conseqüentemente o maior emprego do tratamento cirúrgico com miniplacas. Todas as fraturas condilares foram tratadas de forma conservadora por meio de terapia funcional. Novos estudos com longo prazo de acompanhamento são necessários para avaliar as possíveis conseqüências no desenvolvimento mandibular. Palavras-Chave: fraturas mandibulares – criança – incidência – etiologia – terapêutica – resultado de tratamento. Abstract A retrospective study of mandibular fractures in children under 12 years of age seen at a hospitalar service was made. Were detected 36 cases of isolated mandibular fractures in the period 1998 to 2006, which corresponded to 12.1% of the mandibular fractures in general. Fifteen children with twenty-four fractures were included in this study. Age, gender, type and location of the fracture, etiology, treatment and results were evaluated. The minimum follow-up was 6 months. The mean age was 7.5 years. The mean of 1.6 fractures per child was found. There was a higher frequency of males (60%), simple type (91.7%), in the mandibular body (41.7%) and displaced fracture (54.2%). The main etiologic factor was hit by a car (46.6%), followed by fall from roof (20%). Surgical treatment was more used (58.3%), predominantly in the body region, 1.5-mm system (57.1%), while the closed treatment (41.7%) predominated to condylar fractures. The miniplates and screws were removed after six months postoperatively. There were no complications such as infection, non-union or ankylosis during the evaluated period. It was concluded that mandibular fractures in children are uncommon. The main etiologic factors, hit by a car and fall from roof, favored increase of severity of the fractures, and consequently more use of surgical treatment with miniplates. Condylar fractures were conservatively treated with functional therapy. Further studies with long-term follow-up are needed to assess the possible consequences on the development of the mandible. Key words: mandibular fractures – child – incidence – etiology – therapeutics – treatment outcome INTRODUÇÃO As fraturas mandibulares em crianças ocorrem com menor incidência do que em adultos1. A estrutura óssea da mandíbula na criança apresenta elasticidade, sendo capaz de suportar um considerável impacto sem resultar em fratura2. Quando esta ocorre, geralmente o deslocamento é mínimo3, sendo o côndilo o sítio anatômico mais atingido1. Os fatores etiológicos geralmente incluem quedas, acidentes automobilísticos, acidentes em parques de diversões, eventos esportivos e ataque por animais4. Os sinais e sintomas das fraturas dos ossos faciais em crianças são similares aos observados em pacientes adultos. O exame clínico ou mesmo os exames de imagens podem ser dificultados pelo comportamento infantil. O traço de fratura na maxila ou na mandíbula, nos exames radiográficos, pode ser mascarado devido à presença dos germes dentários5. Diversos métodos de tratamento podem ser empregados para as fraturas mandibulares. Considerando algumas características peculiares às crianças, como o rápido processo de reparo, excelente remodelamento ósseo e a presença de germes dentários no interior do osso, o tratamento pelo método conservador é o mais empregado. Geralmente utiliza-se de bloqueio maxilomandibular por curto período e/ou intensa terapia funcional6. Estudos sobre traumas maxilofaciais são úteis para identificar os principais fatores etiológicos e planejar estratégias preventivas, assim como avaliar a eficácia dos métodos de tratamentos e seus resultados, reduzindo os riscos de alterações psicológicas aos pacientes e familiares devido à importância funcional e estética desta área1. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar retrospectivamente as fraturas mandibulares em crianças, observando incidência, etiologias, tratamentos empregados e resultados. MATERIAIS E MÉTODOS Foi realizado um estudo retrospectivo no período de 1998 a 2006, em crianças com até 12 anos de idade, portadoras de fraturas mandibulares isoladas, admitidas no serviço de Cirurgia e *Especialista em CTBMF EAP APCD Central / SP **Doutorando em CTBMF Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo FOUSP ***Especialista em CTBMF EAP APCD Central / SP, Mestrando em CTBMF Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo FOUSP ****Professor Associado da disciplina de Traumatologia Maxilo-Facial da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo FOUSP, Coordenador do Curso de Especialização em CTBMF EAP APCD Central / SP 1 Monografia apresentada à Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (EAP APCD Central) para obtenção do título de especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial. REVISTA DA SOBRACIBU 13 Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro Saboya. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa local. Figura 9 - Pós-operatório mostrando boa Figura 10 - Aspecto facial pós-operatório abertura bucal. de fratura mandibular mostrando a recuperação da simetria facial. Figura 1 - Aspecto facial de uma criança com 6 anos de idade portadora de fratura mandibular esquerda e condilar direita em decorrência de queda de bicicleta. Notar importante hematoma no lado esquerdo e assimetria facial. Figura 2 - Maloclusão apresentada por criança com fratura de corpo mandibular esquerdo e côndilo à direita. Notar amarria em escada provisória. Os dados foram obtidos com base nos prontuários. Foram anotadas as características das fraturas que haviam sido obtidas nos exames clínico (Figuras 1 e 2) e imaginológico (radiografias e tomografia computadorizada) (Figuras 3 e 4), bem como as encontradas durante os procedimentos cirúrgicos. Casos de prontuários incompletos ou não encontrados não foram incluídos neste estudo. Figura 3 - Corte coronal de tomografia computadorizada mostrando fratura de corpo esquerdo com grande desvio e côndilo direito com rotação medial. Figura 4 - Reconstrução 3D de tomografia computadorizada de uma criança com fratura de corpo mandibular à esquerda. Inicialmente foram obtidos dados pessoais, como idade e gênero. A seguir foi anotada a etiologia do trauma. Os dados das fraturas coletados foram localização, tipo de traço e ocorrência de desvio. O tipo de tratamento realizado também foi coletado, incluindo via de acesso, tipo de fixação e manutenção do bloqueio Figura 5 - Transoperatório de criança com fratura de corpo mandibular esquerdo com grande desvio. Figura 6 - Transoperatório mostrando redução de fratura de corpo esquerdo extensa. maxilomandibular (BMM) (Figuras 5 a 8). Todos os casos de fratura de processo condilar receberam tratamento incruento, na forma de terapia funcional. Os casos seguiram acompanhamento por pelo menos 6 meses (Figuras 9 e 10). Figura 7 - Transoperatório com oclusão já estabelecida e amarria em escada. 14 REVISTA DA SOBRACIBU Figura 8 - Transoperatório mostrando a fixação com placa e parafusos do sistema 2.0 mm. Notar o emprego de parafuso isolado (Lag lcrew). RESULTADOS Foram encontrados 36 casos de crianças com fraturas mandibulares isoladas. O total de casos de fraturas mandibulares, incluindo adultos, atendidos no período foi de 297, sendo que as crianças corresponderam a 12,1%. Um total de 15 crianças, com 24 fraturas de mandíbula fizeram parte do estudo, apresentando a média de 1,6 fraturas/criança. As demais foram excluídas devido à falta de documentação necessária, não acompanhamento pelos responsáveis, bem como dados insuficientes nos prontuários no restante da amostra coletada. A idade média foi de 7,5 anos (Tabela 1). De acordo com o desenvolvimento da dentição, 5 crianças apresentavam-se no estágio de dentição decídua (até 5 anos) e 10 crianças em estágio de dentição mista (6 a 12 anos). O gênero masculino foi o mais freqüente com 9 casos (60%). A causa mais comum foi o atropelamento, ocorrendo em 46,6% dos casos, seguido por queda de laje (20%), queda de bicicleta (13,3%), queda da própria altura (6,6%), ferimento por projétil de arma de fogo (6,6%) e coice de cavalo (6,6%). Tabela 1 - Distribuição das crianças (n=15) portadoras de fraturas de mandíbula, de acordo com idade, gênero e etiologia das fraturas. Criança 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Idade 9 8 11 5 12 8 9 6 9 4 4 5 8 5 9 Gênero Feminino Masculino Masculino Masculino Masculino Masculino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Masculino Feminino Feminino Feminino Causa Atropelamento Queda de laje FPAF* Queda da própria altura Atropelamento Queda de bicicleta Atropelamento Coice de cavalo Atropelamento Atropelamento Queda de laje Queda de bicicleta Atropelamento Queda de laje Atropelamento *FPAF = ferimento por projétil de arma de fogo Classificando as fraturas quanto ao tipo, ocorreram 22 fraturas simples (91,7%) e 2 fraturas cominutivas (8,3%). O local mais acometido foi a região de corpo mandibular, com 10 fraturas em 8 crianças, sendo 2 casos bilaterais. A região do côndilo mandibular foi o segundo local mais acometido, com 6 fraturas, sendo duas isoladas e quatro associadas a outros sítios de fratura mandibular. Houve 3 fraturas de parassínfise, 2 de sínfise e 3 do processo alveolar, as quais eram concomitantes com sínfise ou parassínfise (Tabela 2). Classificando as fraturas quanto à presença de deslocamento dos cotos, observou-se que 13 fraturas apresentaram deslocamentos (54,2%), e destas, 9 eram em região de corpo ou parassínfise. Onze fraturas (45,8%) não apresentaram deslocamentos. Tabela 2 - Distribuição das fraturas de mandíbula (n=24) de acordo com a criança, localização, tipo de traço e ocorrência de desvio. Criança Localização Tipo de Traço 1 2 3 4 5 5 6 6 7 7 8 9 10 10 11 11 12 12 13 13 14 14 14 15 Côndilo E Côndilo D Corpo D Corpo E Côndilo E Sínfise Corpo D Corpo E Côndilo D Parassínfise E Corpo D Corpo D Parassínfise D Processo Alveolar Parassínfise D Processo Alveolar Corpo D Côndilo D Corpo E Corpo D Sínfise Côndilo D Processo Alveolar Corpo E Simples Simples Cominutiva Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Cominutiva Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Simples Ocorrência de Desvio Não Não Sim Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não O tratamento incruento foi aplicado em 10 fraturas, sendo a terapia funcional utilizada para todas as fraturas condilares (n=6) e a amarria em escada utilizada para as fraturas do processo alveolar (n=3) e em 1 fratura simples e sem desvio de corpo mandibular. Nos tratamentos cruentos foram utilizadas as vias de acesso intra oral (6 casos) ou extra oral (8 casos). A redução aberta com fixação interna estável foi utilizada em 12 fraturas. O sistema de fixação, por meio de placas e parafusos de titânio, mais empregado foi o de 1.5-mm (8 casos), seguido do sistema de 2.0mm (4 casos). A fixação por fio de aço ocorreu em 2 casos de fraturas de sínfise e parassínfise, pela falta de placas adequadas (Tabela 3). Tabela 3 - Distribuição das fraturas de mandíbula (n=24) de acordo com a criança, localização da fratura, via de acesso, tipo de tratamento, manutenção de bloqueio maxilomandibular (BMM) e realização de terapia funcional. Criança Localização 1 2 Côndilo E Côndilo D Via de Acesso Incruento Incruento 3 4 5 5 Corpo D Corpo E Côndilo E Sínfise Extra Oral Incruento Incruento Intra Oral 6 Corpo D Extra Oral 6 7 7 Corpo E Extra Oral Côndilo D Incruento Parassínfise E Extra Oral 8 Corpo D Extra Oral 9 Corpo D Extra Oral 10 10 Parassínfise D Intra Oral Proc. Alveolar Incruento 11 11 Parassínfise D Intra Oral Proc. Alveolar Incruento 12 12 Corpo E Côndilo D Extra Oral Incruento 13 Corpo E Intra Oral 13 Corpo D Intra Oral 14 14 14 15 Sínfise Intra Oral Côndilo D Incruento Proc. Alveolar Incruento Corpo E Extra Oral Tipo de Manutençã Tratamento o de BMM Conservador Não Conservador Não Placa sistema 2.0 mm Sim Amarria escada Não Conservador Não Fio de aço Não Placa sistema 1.5 mm Sim Placa sistema 1.5 mm Sim Conservador Não Fio de aço Não Placa sistema 2.0 mm Não Placa sistema 2.0 mm Não Placa sistema 1.5 mm Não Amarria escada Não Placa sistema 2.0 mm Não Amarria escada Não Placa sistema 1.5 mm Não Conservador Não Placa sistema 1.5 mm Não Placa sistema 1.5 mm Não Placa sistema 1.5 mm Não Conservador Não Amarria escada Não Placa sistema 1.5 mm Não Terapia Funcional sim sim Não sim sim Não Não Não sim Não Não Não Não Não Não Não Não sim Não Não Não sim Não Não Todas as crianças tratadas de modo cruento que receberam fixação interna estável com placas ou miniplacas tiveram a remoção das mesmas num período de pelo menos 6 meses de pósoperatório. Os pacientes foram acompanhados pelo período de 6 meses a 1 ano. Não houve qualquer complicação, como infecção, pseudo-artrose, restrição aos movimentos mandibulares ou anquilose da articulação temporomandibular, no período do estudo. DISCUSSÃO Neste estudo foram avaliadas a incidência, as etiologias, os tratamentos e os resultados dos tratamentos das fraturas mandibulares em crianças. Os achados deste estudo demonstraram que a incidência das fraturas mandibulares em crianças é relativamente baixa quando comparada com a dos adultos7. A maioria dos relatos observados na literatura aponta que a incidência das fraturas faciais em crianças varia de 1 a 15% de todas as fraturas faciais8. Porém, dentro da população pediátrica, as fraturas mandibulares são consideradas significantes4. Um estudo mostrou que as fraturas mandibulares em crianças representam 4,5% das fraturas de face na população, e 20% de todas as fraturas mandibulares9. A elasticidade óssea é um fator de proteção. A alta concentração de osso esponjoso comparado ao cortical, associado à presença dos germes dentários, contribui para uma maior elasticidade e estabilidade da mandíbula em crescimento. Assim, a força requerida para produzir uma fratura em crianças é maior do que nos adultos10. A média de idade encontrada neste estudo foi de 7,5 anos, concordando com os achados de um estudo anterior11. Outros estudos têm relatado médias de idade variando de 2 a 11,2 anos12,13. Embora, em crianças abaixo dos 5 anos as quedas sejam mais freqüentes, poucas fraturas ocorrem nas mesmas, pois estas são relativamente pequenas, com baixa massa corpórea resultando num trauma de menor intensidade, além de apresentarem áreas de cartilagem entre os ossos que absorvem e distribuem as cargas14. O principal fator etiológico encontrado neste estudo foi o atropelamento com 46,6% dos casos, seguido de queda de laje e queda de bicicleta. O grupo de crianças avaliadas nesse estudo representa o perfil epidemiológico da população atendida neste serviço hospitalar, que é de baixa renda. Isto pode explicar os fatores etiológicos das fraturas, pois a falta de supervisão dos responsáveis, bem como a arquitetura inadequada das habitações, possivelmente influenciou na alta incidência dos atropelamentos, assim como as quedas de laje. Em oposição, observa-se que nos países desenvolvidos a principal etiologia encontrada é queda de bicicleta5,15,16, seguida de acidentes automobilísticos7,17-21. Por outro lado, para os adultos, a violência interpessoal é o principal fator etiológico das fraturas faciais22,23, causa não observada nos estudos em crianças. Nesse estudo foi encontrado um caso de ferimento por projétil de arma de fogo. A prevenção da violência através da educação escolar é de fundamental importância para reduzir a incidência dos traumas faciais quando adultos18. Quanto à localização das fraturas mandibulares em crianças, diversos estudos demonstraram que a região condilar é o local mais acometido, com incidência em torno de 35 a 40% dos casos10,11,13,16,18-20,24. Em nosso estudo, por outro lado, foi encontrada a região de corpo mandibular como a mais acometida, com 41,7% dos casos, seguida da região condilar com 25%. Uma possibilidade é que a alta intensidade dos traumas sofridos pelas crianças deste estudo pode ter favorecido a ocorrência das fraturas no local exato do impacto, e não na região do côndilo mandibular, que é a região de maior fragilidade. Outra possibilidade é a de que casos de fraturas de côndilo isoladas receberam tratamento ambulatorial, não participando da amostra estudada. As fraturas de processo alveolar também podem estar subestimadas, pois as crianças com este tipo de fratura tendem a não ficar internadas25. Os objetivos de tratamento das fraturas mandibulares em crianças são: obter a união óssea, normalizar a oclusão, restaurar as funções normais, e evitar impedimentos ao crescimento normal6. É importante observar que um preciso alinhamento ósseo não é um dos objetivos principais. Isto ocorre, pois seriam necessários métodos mais agressivos de tratamento, incluindo redução aberta, para garantir este alinhamento. Além disso, pequenas maloclusões dos dentes decíduos serão corrigidas pela erupção dos dentes permanentes e crescimento do alvéolo, assim como pequenas irregularidades ósseas melhorarão com o desenvolvimento mandibular, se a função normal for mantida6. As principais diferenças que devem ser consideradas no tratamento das crianças em relação aos adultos dizem respeito à dificuldade de instalação dos aparelhos de bloqueio maxilomandibular, presença de germes dentários no interior do osso, a alta capacidade de reparo em um curto período de tempo, REVISTA DA SOBRACIBU 15 Maxillofac Surg Clin North Am 2009;17:81-91. excelente remodelamento ósseo e o menor risco de complicações diante de tratamentos simplificados6,26. Desta forma, o tratamento das fraturas mandibulares em crianças geralmente é de modo conservador. Para as fraturas condilares utiliza-se terapia funcional intensa, o que ocorreu em todos os casos deste tipo de fratura no presente estudo. Outras fraturas são geralmente tratadas por um curto período de bloqueio maxilomandibular (2 semanas)6,10. No grupo de crianças pequenas, entre 2 a 4 anos de idade, o tratamento das fraturas mandibulares consiste efetivamente no uso de amarria interdental devido à presença de todos os dentes decíduos erupcionados com as raízes totalmente formadas. Se houver alguma falha ou ausência de algum elemento, a amarria com barra também pode ser utilizada4,14. No grupo de crianças entre 5 a 8 anos de idade, o tratamento apresenta um grande problema quanto à fixação da mandíbula. Os dentes são pouco utilizados para bloqueio devido às raízes dos decíduos estarem em reabsorção e os permanentes não estarem completamente erupcionados ou com as raízes totalmente formadas. Essas dificuldades podem ser superadas pelo emprego da goteira de Gunning9,14, cerclagens mandibulares, ou suspensões no osso zigomático, na espinha nasal e na abertura piriforme4,6. No grupo de crianças com idades entre 9 a 11 anos os incisivos e os primeiros molares permanentes podem ser utilizados para a instalação da barra, já que as raízes estão totalmente formadas e com erupção completa, facilitando a fixação14. Indicações para o tratamento cirúrgico são limitadas às grandes maloclusões e deslocamentos ósseos2,4,19. No presente estudo, a redução aberta e fixação interna com miniplacas foi o método mais utilizado possivelmente devido à maior gravidade das fraturas, se comparada a outros relatos. Os métodos de fixação interna devem levar em conta os germes dentários em desenvolvimento e todo o esforço deve ser feito para evitar danificá-los6. Assim, as miniplacas devem ser instaladas o mais próximo possível da base mandibular5. Na prevenção de deformidades de crescimento ósseo, a remoção das placas de titânio deve ocorrer tão logo o tratamento tenha terminado, sendo em geral 6 meses após sua instalação3. As placas e parafusos bioabsorvíveis constituem um método bem tolerado e eficiente de fixação das fraturas faciais em crianças27. A principal vantagem do uso dessas placas é a não necessidade de um novo procedimento cirúrgico para a sua remoção, o que ocorre no caso das placas de metal28. Em crianças, as fraturas mandibulares apresentam raras complicações10. As de maior gravidade são as anquiloses temporomandibulares e os distúrbios no crescimento ósseo. A anquilose geralmente está associada a fraturas condilares intracapsulares em crianças entre 2 e 5 anos de idade, se ocorrer demora em iniciar o tratamento, ou em casos em que as fraturas não são diagnosticadas e consequentemente não são tratadas, bem como se o bloqueio maxilomandibular for mantido por um tempo prolongado12. O distúrbio no crescimento mandibular está mais relacionado às fraturas em regiões condilares do que em qualquer outro sítio anatômico. Infecções e pseudo-artroses são raras devido à alta capacidade de reparação observada nas crianças3. No presente estudo não foi observada qualquer complicação durante o período de avaliação dos pacientes. Porém, a avaliação de possíveis alterações no desenvolvimento mandibular depende de longo tempo de acompanhamento dos pacientes. 22. Palma VC, Luz JGC, Correia FAS. Freqüência de fraturas faciais em pacientes atendidos num serviço hospitalar. Rev Odontol Univ São Paulo 1995;20:337-41. CONCLUSÕES 23. Camino Júnior R, Luz JGC, Fava AS. Descrição epidemiológica de fraturas mandibulares: análise de 148 casos. RPG. Rev Pós Grad 2004;11:337-44. Neste estudo retrospectivo sobre as fraturas mandibulares em crianças pode-se concluir que a incidência destas fraturas é baixa se comparada aos adultos. Os principais fatores etiológicos, atropelamento e queda de laje, favoreceram o aumento da gravidade das fraturas e conseqüentemente o maior emprego do tratamento cirúrgico com miniplacas. Todas as fraturas condilares foram tratadas de forma conservadora por meio de terapia funcional. Novos estudos com longo prazo de acompanhamento são necessários para avaliar a influência das fraturas no desenvolvimento ósseo. 24. Thorén H, Hallikainen D, Iizuka T, Lindqvist C. Condylar process fractures in children: a follow-up study of fractures with total dislocation of the condyle from the glenoid fossa. J Oral Maxillofac Surg 2001;59:768-73. REFERÊNCIAS 1. Qudah MA, Al-Khateeb T, Bataineh AB, Rawashdeh MA. Mandibular fractures in Jordanians: a comparative study between young and adult patients. J Craniomaxillofac Surg 2005;33:103-6. 2. Kushner GM, Tiwana PS. Fractures of the growing mandible. Atlas Oral 16 REVISTA DA SOBRACIBU 3. Zimmermann CE, Troulis MJ, Kaban LB. Pediatric facial fractures: recent advances in prevention, diagnosis and management. Int J Oral Maxillofac Surg 2005;34:823-33. 4. Smartt JM Jr, Low DW, Bartlett SP. The pediatric mandible: II. 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Os animais do grupo 1 (grupo experimental), foram expostos à intermitente fumaça do cigarro. Os animais do grupo 2 (grupo controle) foram os animais que não ficaram expostos à fumaça do cigarro. Após 45 dias, oito ratos de cada grupo (controle e experimental) foram sacrificados e deles removida a membrana paranasal para análise histológica comparativa. Após 60 dias do início da pesquisa, a mesma técnica foi realizada para os animais restantes (oito do grupo controle e oito do grupo experimental). Os resultados histológicos demonstraram que a fumaça do cigarro pode alterar demasiadamente a mucosa do seio maxilar dos ratos fumantes em muitos aspectos, como por exemplo, nas integridade ciliares, nas ocorrências de metaplasias, e na presença de células caliciformes, com uma diferença significante quando comparado com os ratos não-fumantes. Portanto, o conhecimento deste resultado demonstra ser indispensável no planejamento de cirurgias de levantamento de assoalho sinusal em pacientes fumantes com a região posterior da maxila severamente reabsorvida, pois existe uma íntima relação do fumo com a alteração ocorrida na membrana sinusal, o que leva esta mucosa ficar mais susceptível à perfuração. Palavras-Chave: tabaco, seio maxilar, enxerto, ratos ABSTRACT The purpose of this study was to compare through methods histological the alterations occurred in the membranes of the maxillaries smokers' sinus rats with rats not-smokers. They were used thirty-two male Wistar rats with average age of four months and middleweight of 400 g. The animals were randomly assigned into two groups of 16 animals each. The animals of the group 1 (experimental group), were exposed to the intermittent smoke of the cigarette. The animals of the group 2 (control group) were the animals that were not exposed to the smoke of the cigarette. After 45 days, eight rats of each group (control and experimental) were sacrificed and their removed the paranasal membrane for analysis histological comparative. After 60 days of the beginning of the research, the same technique was accomplished for the remaining animals (eight of the control group and eight of the experimental group). The results histological demonstrated that the smoke of the cigarette can change excessively the mucous of the maxillary smokers' sinus rats in some aspects has in the ciliary integrities, in ocurrences metaplasias, and the of goblet cells, with a significant difference when compared with the rats notsmokers. Therefore, the knowledge of this result demonstrates be indispensable in the surgeries planning of maxillary sinus floor elevation in patient smokers with the posterior region of maxilla severely reabsorbed, because there is an intimate relation of the tobacco with the alteration occurred in the sinus membrane, what it carries this mucosa to become more susceptible to the perforation. Key words: tobacco, maxillary sinus; grafts, rats INTRODUÇÃO E PROPOSIÇÃO O tabagismo é um dos principais problemas de saúde pública. Embora alguns aspectos científicos ainda possam ser estudados, as relações de causas e efeitos entre o tabaco e várias moléstias já foram plenamente demonstradas (DAUD, 2003). A composição química da fumaça do cigarro se diferencia em duas fases fundamentais: gasosa e particulada. Os mais importantes constituintes da fase gasosa, sob o ponto de vista toxicológico, são o monóxido de carbono, óxido de nitrogênio, amônia, aldeídos (acroleína, acetaldeído), nitrosaminas voláteis (metilnitrosamina, dimetilnitrosamina) e nitrilas (ácido cianídrico, acetonitrila). Os constituintes da fase particulada são o alcatrão, nicotina e água. A nicotina é, em termos farmacológicos, o ingrediente mais ativo da fumaça do cigarro e um dos agentes tóxicos mais potente e rapidamente fatal que se conhece (SILVERSTEIN, 1992). A associação entre a fumaça do cigarro e a regeneração tecidual prejudicada é bem reconhecida na prática clínica. Há resultados documentados mostrando que os constituintes tóxicos do cigarro, particularmente da nicotina, do monóxido de carbono e do hidrogênio cianídrico, mostram ser mecanismos potenciais capazes de prejudicar a reparação tecidual (SILVERSTEIN, 1992). A afinidade do monóxido de carbono de se ligar à hemoglobina é 200 vezes maior que a do oxigênio. Conseqüentemente, o monóxido de carbono inibe a ligação do oxigênio, diminuindo a capacidade de transporte de oxigênio da hemoglobina e reduzindo a quantia de oxigênio para a periferia. Além de aumentar o nível da carboxihemoglobina na circulação sanguinea, diminuindo a dissociacao de oxigenio para as celulas sanguineas vermelhas e a difusao para dentro dos tecidos. Como consequencia, ocorre uma hipoxia celular e uma reparacao tecidual prejudicada. Esta reparacao tecidual tambem requer uma formacao enzimatica. O efeito primario do hidrogenio cianidrico e a inibicao do sistema enzimatico necessario para o metabolismo oxidativo e transporte de oxigenio em nivel celular (SHERWIN; GASTWIRTH, 1990). Evidencias experimentais tem demonstrado que a fumaca do cigarro pode influenciar negativamente o resultado da reparacao apos os procedimentos terapeuticos periodontais (GROSSI et al., 1996). Outros estudos tem colocado a fumaca do cigarro como um significante fator de risco para os implantes dentais (BAIN; MOY, 1993; DE BRUYN; COLLAERT, 1994; JONES; TRIPLETT, 1992; LINDQUIST; CARLSSON; JEMT, 1996, 1997). Inadequada altura ossea alveolar e um comum impedimento para a colocacao de implantes na maxila posterior. Esta falta de altura pode ser o resultado da perda da crista ossea e/ou da pneumatizacao do seio maxilar. Enxerto na regiao de assoalho de seio maxilar e um metodo de conseguir uma altura ossea suficiente para a regiao posterior permitindo a colocacao de implantes dentarios (BOYNE; JAMES, 1980). Alguns acidentes podem ocorrer durante esta cirurgia de levantamento de assoalho sinusal, dentre eles, a perfuracao da mucosa sinusal. Esta perfuracao ocorre com mais frequencia no momento da fratura da parede lateral, e no ato intempestivo de movimentar esta mucosa para a colocacao de enxerto. Tem-se entao este trauma como a maior complicacao do levantamento de assoalho sinusal no transoperatorio (TEN BRUGGENKATE; VAN DEN BERGH, 1998). *Especialista em C.T.B.M.F, mestre em Implantodontia pela UNISA Dissertação apresentada à Universidade de Santo Amaro, para obtenção do título de mestre, pelo programa de Pós-Graduação em Odontologia. Área de concentração em Implantodontia, sob a orientação do Prof. Dr. Alfredo Gromatzky 18 REVISTA DA SOBRACIBU E geralmente aceito que todo esforco deve ser feito para evitar esta complicacao, entretanto, isto nao e sempre possivel, pois a mucosa sinusal e extremamente friavel, fina e de facil perfuracao (MOMTAHENI; SCHWEITZER; MUENCHINGER, 1994). A perfuracao da mucosa pode causar a perda do material enxertado dentro do seio e como consequencia provocar uma sinusite (QUINEY; BRIMBLE; HODGE, 1990; UEDA; KANEDA, 1992). O fumo cada vez mais tem sido associado como um fator de complicacao na taxa de sobrevida dos implantes nos seios maxilares enxertados (SCHWARTZ-ARAD; HERZBERG; DOLEV, 2004). Muitos relatos na literatura tem mostrado altas taxas de insucesso em fumantes reabilitados com enxertos sinusais em maxilas severamente atroficas (HASS et al., 1996; OLSON et al., 2000), mas nao se conhece na literatura trabalhos que evidenciam o motivo que leva a membrana a ser tornar friavel e de facil perfuracao. O objetivo deste trabalho e relatar a relacao do fumo com a perfuracao da mucosa paranasal de ratos submetidos a acao intermitente da fumaca de cigarro por um periodo de 45 e 60 dias, mostrar as alteracoes histologicas ocorridas nestas mucosas que fazem com que as tornem mais susceptiveis a perfuracao. O trabalho e uma pesquisa experimental realizado com ratos Wistar submetidos a acao intermitente de fumaca de cigarro que tem como objetivo alem de evidenciar a semelhanca da mucosa sinusal de humanos com a mucosa paranasal de ratos, mostrarem que a mucosa paranasal pode ser alterada de forma prejudicial quando comparada a mucosa paranasal de ratos que nao foram expostos a fumaca do cigarro. REVISAO DA LITERATURA Silverstein (1992) em uma revisao de literatura relatou que o habito de fumar pode afetar a resposta do hospedeiro a placa bacteriana, bem como ter efeito prejudicial sobre a reparacao. Este autor sugere que existe uma estreita ligacao entre a acao de tres toxinas da fumaca do cigarro (a nicotina, o monoxido de carbono e o hidrogenio cianidrico) e o retardo na reparacao. A nicotina e um vasoconstrictor que reduz o fluxo sanguineo nutricional para a superficie, resultando isquemia tecidual e o impedimento da reparacao do tecido injuriado. Ela tambem aumenta a adesividade plaquetaria, criando o risco de trombo microvascular e isquemia tecidual. Alem reduzir a proliferacao de eritrocitos, fibroblastos e macrofagos. O monoxido de carbono diminui o transporte e o metabolismo de oxigenio, considerando que o hidrogenio cianidrico inibe o sistema enzimatico necessario para o metabolismo oxidativo e transporte de oxigenio a nivel celular. O autor relata que quando a fumaca do cigarro e inalada dentro dos pulmoes, muito dos seus constituintes toxicos, incluindo a nicotina, estao em um tamanho particulado que podem posicionar nos cilios ou passar pela barreira ciliar, sofrendo absorcao tecidual e entrar na corrente sanguinea ganhando assim, acesso para outras partes do corpo. Outras toxinas, como o monoxido de carbono e o hidrogenio cianidrico, sao inaladas na fase gasosa. Esses componentes tem um efeito inibitorio na reparacao tecidual, e a combinacao dessas tres toxinas, e a causa da anoxia tecidual, hipoxia celular, vasoconstriccao, diminuicao da capacidade de transporte de oxigenio e celulas sanguineas, e alteracao do sistema enzimatico requerido para a reparacao. Enquanto uma alta taxa de sucesso dos implantes osteointegrados geralmente tem sido encontrada em muitos relatos, alguns autores tem descrito sobre os pacientes que perdem desproporcionalmente altos numeros de implantes. Isto levou Bain e Moy (1993) a avaliar os varios fatores que predispoem a falha de implantes em um grupo de 540 pacientes que receberam 2194 implantes Branemark entre 1984 e 1990. Eles concluiram que o percentual de fracasso dos implantes em fumantes era significantemente mais elevado quando comparados com os nao fumantes. Seus resultados mostraram uma taxa de falha geral de 4,76 % em pacientes nao-fumantes contra 11,3 % nos fumantes (p < 0,01). Quando somente a maxila foi considerada, houve falha de 17,9 % nos fumantes e apenas 7,3 % nos nao-fumantes (p < 0,001). A diferenca na mandibula foi menor, com 4,64 % de falhas em fumantes e 2,4 % em nao-fumantes, com diferenca significante apenas na regiao anterior da mandibula. Kumar; Jaffin e Berman (2002) avaliaram o efeito do fumo na obtencao da osseointegracao inicial quando superficies modificadas de implantes dentais foram utilizadas. Durante um periodo de 18 meses foram colocados 1183 implantes em 461 pacientes. Duzentos e sessenta e nove implantes foram colocados em 72 fumantes, e 914 implantes foram colocados em 389 nãofumantes. O grupo de fumantes consistiu em pacientes que fumavam meio pacote ou mais de cigarros por dia. A taxa total de sucesso para os pacientes fumantes e não-fumantes na obtenção de osseointegração foi de 98.1 %. 97 % dos implantes colocados foram bem sucedidos na obtenção de osseointegração em pacientes fumantes e 98.4 % dos implantes colocados em pacientes não-fumantes foram bem sucedidos na obtenção de osseointegração (P < 0,5). Análise de sucesso dos implantes em cada arco revelou que na maxila, 16 dos 826 implantes falharam na osteointegração, tendo uma taxa de sucesso de 97,5 %. Na mandíbula, sete dos 357 implantes falharam na osteointegração com uma taxa de sucesso de 98,0 %. A taxa de sucesso não foi estatisticamente significante entre os arcos. Análises dos sucessos dos implantes baseado no tipo de osso revelaram as seguintes taxas de sucesso: 95,6 % em osso tipo I, 97,7 % em osso tipo II, 98,2 % em osso tipo III, e 99,3 % em osso tipo IV. Nenhuma diferença estatisticamente significante foi notada para o sucesso dos implantes baseado no tipo de osso. Eles concluíram que, a superfície de um implante pode ser um determinante crítico na obtenção de osseointegração em pacientes que fumam e que, neste estudo retrospectivo a um curto prazo, o fumo não teve um papel significante na obtenção de osseointegração de implantes dentais com superfície modificada. A influência do fumo nos procedimentos cirúrgicos realizados em maxila atrófica Smiler (1997) através de uma revisão de literatura comparou três variações cirúrgicas de elevação de assoalho sinusal e colocação de enxerto. A osteotomia articulada, a osteotomia elevada, e a completa osteotomia. Foram discutidos os resultados cirúrgicos de cada uma das técnicas assim como suas possíveis complicações. Entre as complicações, o autor incluiu o retardo na reparação da incisão, perfuração e rasgo da mucosa sinusal, infecção do enxerto, e insuficiente qualidade e /ou quantidade de osso formado. O autor relata, que o fumo é a maior causa do retardo da reparação e que este influencia direto e indiretamente na exposição e perda do enxerto em longo prazo. Para os paciente fumantes, o autor sugere, parar de fumar por 10 dias a duas semanas antes da cirurgia e o máximo possível depois da cirurgia. Geurs et al. (2001) numa análise radiográfica quantitativa retrospectiva determinaram os efeitos dos materiais enxertados e a ação do fumo na manutenção das alturas dos enxertos por três anos. Modelos de análises de variância com comparação planejada foram construídos para comparar a mudança do enxerto médio através do material enxertado e a condição do fumo. Foram utilizadas para esta pesquisa três radiografias panorâmicas. Uma radiografia era realizada antes da cirurgia para avaliar a quantia de osso; Uma segunda panorâmica era feita após a colocação dos implantes e a terceira panorâmica era realizada após aproximadamente três anos. Os dados coletados incluíram a idade e sexo do paciente, se o paciente era fumante ativo, tempo de colocação de implante, marca e tipo de implante, e tipo de superfície. Um total de 145 enxertos sinusais em 100 pacientes com 349 implantes foi analisado. Foram usados nos totais nove diferentes tipos de enxertos. Após aproximadamente três anos, um total de 20 implantes foram perdidos. Dos 329 implantes que permaneceram para análise, 62 foram colocados em pacientes fumantes, e 267 em pacientes que negaram usar tabaco. Dos implantes colocados nos fumantes, 12,7 % foram perdidos. Nos não-fumantes, 4,8 % dos implantes foram perdidos. O efeito do fumo nos implantes perdidos revelou uma diferença estatisticamente significante na permanência dos implantes (P < 0,05). A perda média de altura de enxerto sinusal nos fumantes e não-fumantes era de 1,75 mm e 1,36 mm, respectivamente. Não houve diferença estatisticamente significante na perda de altura para fumantes comparados com não fumantes. Eles concluíram que, o fumo impactou na sobrevida do implante nos enxertos sinusais, mas não foi relevante na perda da altura dos enxertos sinusais. Schwartz-Arad; Herzberg; Dolev (2004) estudaram a prevalência das complicações cirúrgicas dos procedimentos de enxerto sinusais e seus impactos na permanência dos implantes. O estudo consistiu de 70 pacientes (25 homens e 45 mulheres), com idade entre 32 a 75 anos (média de 52 anos), que passaram por 81 procedimentos de enxertos sinusais de 1995 a 2000. No total, REVISTA DA SOBRACIBU 19 foram colocados 212 implantes do tipo parafuso nos seios enxertados e restaurados com próteses fixas metalo-cerâmicas. Complicações pós e transoperatórias foram completamente documentadas registrando sinais clínicos, tempo de ocorrência, e regime de tratamento. A perfuração da mucosa sinusal foi a maior complicação transoperatória, observada em 36 dos 81 seios (44 %). A perfuração da mucosa foi fortemente associada com o aparecimento de complicações pós-operatórias (P < 0,001). Dos 212 implantes colocados, nove falharam (na osseointegração) durante o primeiro ano. Essas falhas ocorreram em quatro pacientes dos quais três eram fumantes pesados, todos tiveram enxertos com osso autógenos, e dois dos fumantes pesado cujos implantes falharam teve perfuração na mucosa (como complicação transoperatória) e sangramento (como complicação pósoperatória). O paciente que teve falha e não era fumante, não sofreu complicações trans ou pós-operatória. Detalhes anatômicos do epitélio paranasal do rato Wistar e a relação com o fumo Vidic e Greditzer (1971) utilizando 25 espécies adultas de ratos relataram que o epitélio que forra o seio maxilar é derivado do epitélio da cavidade nasal onde são basicamente do mesmo tipo morfológico embora o epitélio nasal possa mostrar uma camada de cílios mais densa que o epitélio maxilar. Este epitélio apresenta-se como pseudoestratificado ciliado colunar. Assim como comparado ao epitélio na cavidade nasal, porém, ele mostra algumas características morfológicas específicas. O epitélio maxilar, quando cobre a glândula maxilar, é composto principalmente de células basais. Esta porção do epitélio se assemelha a um epitélio colunar ciliado simples. Lipídios livres, proteínas livres, e glicogênio e/ou mucosubstâncias neutras são demonstradas através de reações histoquímicas nos epitélios maxilares. Vidic; Rana e Bhagat (1974) investigaram os efeitos da fumaça do cigarro no epitélio maxilar e a glândula maxilar de ratos. Eles também relataram sobre a mudança morfológica no epitélio e na glândula como uma causa da dosagem de fumaça e por fim, relataram as mudanças morfológicas no epitélio e na glândula durante o período de pesquisa. Um grupo de ratos saudáveis de ambos os sexos foi usado para esta investigação. Os animais foram expostos à fumaça de cigarro durante 6, 14 e 15 dias por seis minutos. Em um dia experimental, os animais foram confinados duas vezes por seis minutos em uma câmara cilíndrica (capacidade de 6500 cc). Para cada minuto experimental, cinco baforadas (70 cc de fumaça por baforada) de fumaça de cigarro com filtro foram introduzidas dentro da câmara através de um aparelho de fumar. Deste ponto, em uma seqüência experimental, 2100 cc de fumaça de cigarro foi circulado através da câmara. Três animais (grupo 1) foram sacrificados imediatamente após seis minutos experimental; Três do grupo 2, após seis minutos experimental e quatro dias de pesquisa; três (grupo 3) imediatamente após seis dias experimental; três (grupo 4) após 14 dias experimental e um dia de pesquisa; três (grupo 5) após 14 dias experimental e seis dias de pesquisa; três (grupo 6) após 14 dias experimental e treze dias de pesquisa; e três (grupo 7) após 15 dias experimental. Além destes animais, muitos ratos foram investigados como um grupo de controle para normal morfologia do epitélio maxilar e glândula maxilar. Após serem sacrificados, a mucosa do seio junto com a glândula foram dissecadas e fixadas para serem observadas em microscópio óptico. Os autores obtiveram os seguintes resultados: no grupo 1 experimental, mudanças morfológicas foram similares em todos os animais. O epitélio do seio maxilar aumentou em espessura e simultaneamente perdeu as células ciliares colunares. Migrações leucocitárias infiltraram a submucosa ao redor de vasos sanguíneos dilatados. Alguns leucócitos polimorfosnucleares (PMNL) atravessaram a mucosa e invadiu o epitélio e a luz dos ductos excretores terminais, onde microabcessos contendo um pouco de células brancas apareceram no seio maxilar. No grupo experimental 2, o tecido deste grupo experimental sofreram mudanças adicionais, após o fim do experimento. Uma característica foi o acúmulo de pus (PMNL) no espaço do seio maxilar. A migração das células intersticiais foi mais pronunciada em direção ao lúmem maxilar do que em direção ao ducto excretor terminal. Nos grupos experimentais 3, 4, e 7, o número de camadas nucleares foram agora aumentado acima de dez nos epitélios maxilares, considerando que os cílios não foram mais evidentes na superfície. Um grande número de migração celular foi observado entre as células epiteliais, quando pequena 20 REVISTA DA SOBRACIBU coleção de linfócitos, leucócitos, e macrófagos formaram um extenso abscesso epitelial. O número de células migratórias e o diâmetro dos abscessos epiteliais aumentaram proporcionalmente com a duração do experimento. Conseqüentemente, as células foram mais freqüentemente observadas na luz do seio e nos ductos excretores nos grupos 4 e 7 mais do que no grupo 3. Enquanto a mucosa era desintegrada através de numerosos leucócitos que migraram, parte da submucosa que é livre do tecido glandular mostrou uma reação inflamatória aguda. Então, o número de células aumentou na submucosa, especialmente na proximidade dos vasos sanguíneos dilatados. Várias mudanças morfológicas na glândula maxilar desses animais também ocorreram. Nos grupos 5 e 6 as mudanças morfológicas indicaram uma severa reação à fumaça de cigarro. Os epitélios maxilares dos animais com duas semanas de pesquisa mostraram-se morfologicamente normais. Em raros instantes, o epitélio permaneceu espesso e ainda ocorrendo abscessos. Os cílios reapareceram na superfície do epitélio maxilar e nos ductos excretores terminais. Baseando neste experimento, os autores concluíram que, os componentes da fumaça do cigarro causam um efeito direto no epitélio maxilar e na glândula maxilar. Além do que, a espessura do epitélio maxilar aumenta e as reações inflamatórias ocorrem ao longo da submucosa. MATERIAIS E MÉTODO Materiais Para medir o nível de carboxihemoglobina no sangue dos ratos foram utilizados para este experimento, tubos capilares para a retirada do sangue arterial, tubos de ensaio contendo EDTA, pipetas de 100ml, Beckers e o aparelho de espectrofotômetro para a leitura do nível de carboxihemoglobina no sangue dos ratos. Os produtos utilizados na mistura com o sangue dos ratos foram: ditionito de sódio, solução de amônia e água destilada. Para que houvesse a inalação da fumaça do cigarro pelos ratos, foi desenvolvida uma caixa plástica com as seguintes dimensões: 417 mm x 627 mm x 289 mm (largura x comprimento x altura respectivamente) e com um volume de 65 litros (dados fornecidos pelo fabricante). Esta caixa foi dividida em dois compartimentos, o de combustão do cigarro e o de inalação de fumaça proveniente do compartimento anterior. Para uma combustão mais rápida do cigarro foi utilizado um cilindro de ar comprimido com uma mangueira de silicone ligando cilindro-caixa. O cigarro utilizado na pesquisa possuía na sua composição 11 mg de alcatrão, 0,9 mg de nicotina e 12 mg de monóxido de carbono. Método Foram utilizados nesta pesquisa 32 ratos Wistar (Rattus norvergicus), machos adultos (peso médio 400 g), nascidos e criados no laboratório de pesquisa do biotério do Laboratório Universitário de Análises Toxicológicas (UNITOX), da Universidade de Santo Amaro (UNISA), em São Paulo, Brasil. Os animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos de 16 ratos: um grupo denominado de controle (grupo de animais que não foram expostos à fumaça do cigarro) e outro denominado experimental (grupo de animais que foram expostos à fumaça do cigarro). Cada grupo foi alojado em quatro gaiolas (sendo quatro gaiolas para o grupo experimental e quatro para o grupo controle). Os ratos do grupo experimental ficaram expostos à fumaça produzida por dez cigarros durante dez minutos, duas vezes ao dia, por 45 e 60 dias. Para isto, foi desenvolvida uma caixa plástica, em que a exposição da fumaça resultante da combustão destes cigarros forçou a inalação pelos ratos. Esta caixa foi dividida em dois compartimentos, o compartimento para inalação da fumaça pelos ratos e o compartimento de combustão. No compartimento de combustão, havia um orifício por onde entrava o ar do cilindro, através de uma mangueira de silicone ligando cilindro-caixa. A liberação de ar estava na ordem de 10 l/min tempo, ar e tempo suficientes para a combustão de dez cigarros que eram fixados com o filtro voltado para a entrada de ar em um suporte fixador de cigarros, que constituía de uma madeira com dez perfurações na medida de 8 mm cada, com isso a fumaça era expelida pela ponta do cigarro. Neste mesmo compartimento, havia a porção separadora que evitava o toque dos ratos nos cigarros. Esta porção separadora dispunha de 20 orifícios com 10 mm de diâmetro para a passagem da fumaça do cigarro. O compartimento de inalação de fumaça, onde os ratos eram alojados tinha as seguintes dimensões: 417 mm x 500 mm x 289 mm (largura x comprimento x altura respectivamente). Na caixa ainda havia dez pequenos orifícios em dois locais (canto inferior da caixa) para a saída da fumaça. Este compartimento era suficiente para que se distribuíssem os 16 ratos de maneira satisfatória. Entre cada exposição, os ratos foram afastados da câmara de inalação e fornecidos a eles ar fresco, comida e água. Este sistema de inalação de fumaça para os ratos foi elaborado em 1962, descrito por Dontenwill e Mohr (1962), modificado por vários outros autores (CENDON et al., 1997; LE MESURIER; STEWART; LYKKE, 1981; NOCITI JÚNIOR et al., 2002) até a elaboração e ajuste da mesma para este experimento que se mostrou como um método simples e eficaz. Método de verificação do nível carboxihemoglobina no sangue dos ratos de microscópico óptico para verificação das alterações das mucosas sinusais de ratos “fumantes” comparados com ratos “nãofumantes”. Após 60 dias do início da pesquisa, foi realizada a mesma técnica para os 16 ratos restantes (8 “fumantes” e 8 “nãofumantes”), para remoção da mucosa sinusal de cada rato e posterior análise histológica através do microscópico óptico. Método estatístico Para a análise estatística dos dados obtidos para a verificação do nível de carboxihemoglobina foi aplicado o teste t de student (VIEIRA, 1980), duas amostras em par para médias, com nível de significância de 0,05. Para análise estatística dos dados para verificação das alterações histológicas das mucosas sinusais dos ratos “fumantes” com os ratos “não-fumantes” foi utilizado o teste exato de Fisher. Seqüência fotográfica do experimento Com 45 dias de exposição de fumaça de cigarro, 12 ratos foram separados aleatoriamente (seis do grupo controle e seis do experimental) para que fossem verificadas as medidas do nível de carboxihemoglobina em cada rato, com a finalidade de confirmação de que o tempo e o período de exposição da fumaça do cigarro eram suficientes para que os animais do grupo experimental fossem considerados “fumantes”. Para este experimento, foi coletado sangue arterial de cada rato através de um tubo capilar colocado na região do epicanto do olho, próximo à glândula lacrimal. Os ratos foram anestesiados por indução com éter. O sangue colhido foi colocado em um tubo estéril contendo EDTA (anticoagulante) e levado no mesmo período ao Laboratório de Análises Clínicas da Universidade de Santo Amaro - UNISA para a realização do método de medição do nível de carboxihemoglobina. O método utilizado seguiu o protocolo de van Assendelft (1970 apud DACIE; LEWIS, 1991), sendo diluído 0,1 ml de sangue de cada rato em 20 ml de amônia (esta já diluída em 0,4 ml/l de água destilada) e adicionados 20 mg de ditionito de sódio. A diluição do sangue foi colocada em um Becker e deixada em descanso por 15 minutos para posteriormente fazer a leitura e medir a absorbância (A) no espectrofotômetro em 538 nm e 578 nm. Calculado o quociente A538/A578 e a leitura da porcentagem de HbCO no sangue, foi realizada a seguinte equação: Fig. 01 Vista superior. Dois compartimentos, o de recebimento da fumaça de cigarro (A) e o de combustão do cigarro (B). Fig. 01 Fig. 02 Perfurações para saída da fumaça Fig. 02 Fig. 03 Suporte fixador dos cigarros. Fig. 03 Fig. 04 Retirada do sangue para verificação do nível de carboxihemoglobina. Uma concentração de até 1 % de HbCO no sangue é considerado normal em pacientes não-fumantes (MOSELY; FINSETH, 1977). Portanto, foi constatada uma diferença no exame de carboxihemoglobina do grupo controle para o grupo experimental, confirmando que os animais do grupo experimental foram considerados “fumantes”. Com isto, foi iniciada a pesquisa sobre a influência da fumaça do cigarro na mucosa sinusal de ratos expostos à fumaça do cigarro. Metodologia Cirúrgica Após 45 dias do início da pesquisa, 16 ratos foram selecionados aleatoriamente (8 “fumantes” e 8 “não-fumantes”) para remoção da mucosa sinusal de cada rato para posterior análise histológica através do microscópico óptico. Antes de serem sacrificados, em cada rato foi realizada uma infusão com formol a 10% injetado no nariz com uma seringa de insulina com agulha sem ponta para atingir a mucosa sinusal com a finalidade de mantê-la mais íntegra ao ser retirada. Após serem sacrificados, foi realizada a tricotomia na região da cabeça de cada rato seguida de uma incisão mediana iniciando na parte mais anterior até o crânio, e a divulsão da pele para abordar o seio maxilar e remover os septos nasais para retirada da mucosa sinusal. A mucosa foi então separada do septo, colocada de maneira espiral em pedaço de papel filtro com medidas de 2 cm2, e depois colocado em um vidro com formol a 10 % e levado para preparo das lâminas. A mucosa sinusal foi embebida em parafina, para a formação dos blocos que foram seccionados perpendicularmente num eixo Anteroposterior. Secções seriais de 7 à 15 µ de espessura foram preparadas. As secções foram submetidas às colorações de hematoxilina-eosina e tricrômio de Mallory e levadas ao Fig. 04 Fig. 05 Crânio seco do rato (vista frontal). Fig. 05 Fig. 06 Crânio seco do rato (vista lateral). Fig. 06 Fig. 07 Mucosa sinusal Fig. 07 Fig. 08 Mucosa sinusal em plano. Fig. 08 REVISTA DA SOBRACIBU 21 Teste Exato de Fisher RESULTADOS Previamente aos resultados histológicos, foi realizada uma análise estatística para medir os níveis de carboxihemoglobina no sangue dos ratos com a finalidade de verificar se estes seriam considerados “fumantes” em relação aos do grupo controle (considerados “não-fumantes”). Quanto aos resultados histológicos observados nas mucosas sinusais dos ratos submetidos à ação da fumaça do cigarro, destacaram-se as alterações nas integridades ciliares, a ocorrência de metaplasias e as alterações nas células caliciformes. “Fumantes” 1,75 1,46 1,87 1,96 1,28 1,64 “Não Fumantes” 0,68 0,75 0,6 0,67 0,44 0,56 Tabela 1- Níveis de carboxihemoglobina no sangue dos ratos. Teste-t: Duas amostras presumindo variâncias equivalentes “Não “Fumantes” Fumantes” Média 1,66 0,62 Variância 0,07 0,01 Desvio padrão 0,26 0,11 Observações 6 6 Variância agrupada 0,04 Gl 10 Stat t 9,19 Valor p 0,0000034 t crítico bi-caudal 2,23 “Fumantes” “Não Fumantes” 5 7 2 1 Presença de Células Caliciformes Saudáveis Presença de Células Caliciformes Prejudicadas Total 7 Presença de células caliciformes As células foram divididas em saudáveis (maior presença de células caliciformes) e prejudicadas (menor presença de células caliciformes). No experimento realizado após 45 dias de exposição à fumaça de cigarro, apenas duas mucosas do grupo dos ratos “fumantes” (n= 7) tiveram suas células caliciformes prejudicadas (28,57 %) No experimento realizado com 60 dias, cinco mucosas apresentaram suas células caliciformes prejudicadas (62,5 %) no grupo dos “fumantes” (n= 8). O resultado estatístico da comparação Presença de Células Caliciformes Saudáveis com Presença de Células Caliciformes Prejudicadas dos ratos “fumantes” com os ratos “não-fumantes” para 45 dias foi semelhante (p = 0,3), e para 60 dias, o resultado foi significantemente diferente (p = 0,01). 22 REVISTA DA SOBRACIBU 12 3 15 Análise 60 dias “Fumantes” “Não Fumantes” Total 3 7 10 5 0 5 Presença de Células Caliciformes Saudáveis Presença de Células Caliciformes Prejudicadas Total 8 7 15 Valor de p: 0,0186480 Tabela 3 - Presença de células caliciformes Integridade ciliar das mucosas sinusais Os resultados mostraram que quanto maior a presença de cílios e comprimento ciliares, mais saudáveis são as mucosas sinusais analisadas. E, ao contrário, quanto maior a aderência e/ou ausência dos cílios menos saudáveis estavam as mucosas sinusais analisadas. No experimento realizado com 45 dias, três mucosas (n= 7) dos ratos “fumantes”, apresentaram-se com integridades ciliares prejudicadas (42,85 %). No experimento realizado com 60 dias o grupo dos ratos “fumantes” (n= 8) apresentou todas as mucosas com integridades ciliares prejudicadas (100 %). O resultado estatístico da comparação Integridades Ciliares Saudáveis com Integridades Ciliares Prejudicadas dos ratos “fumantes” com os ratos “não-fumantes” foi semelhante para 45 dias (p = 0,077), e significantemente diferente para 60 dias (p = 0,0013). Teste Exato de Fisher Análise 45 dias “Não Total Fumantes” 4 8 12 3 0 3 7 8 15 Valor de p: 0,0769230 “Fumantes” Integridades Ciliares Saudáveis Integridades Ciliares Prejudicadas Total Tes te Ex ato de Fis her A nálise 60 dia s “Não To ta l Fum ante s” 0 6 6 8 1 9 8 7 15 V alor de p: 0,0013986 “Fuma ntes ” Integridade s Ciliares Sa udá veis Integridade s Ciliares Prejudic adas Total Tabela 2 - Resultado estatístico do teste t de student. A tabela 2 mostra que existe diferença significativa entre as médias analisadas, sendo p = 0,0000034. Portanto, este valor ficou abaixo dos 5 % (p < 0,05) do nível de significância. Em termos práticos, podemos afirmar que todos os ratos expostos à fumaça do cigarro por 45 dias podem ser considerados “fumantes”. Total 8 Valor de p: 0,3692307 Teste Exato de Fisher Níveis de carboxihemoglobina (HbCO) no sangue Após 45 dias de exposição à fumaça do cigarro, seis ratos “fumantes” e seis ratos “não-fumantes” foram aleatoriamente escolhidos para o teste de níveis de carboxihemoglobina. A tabela 1 apresenta o nível de carboxihemoglobina de cada rato que, para ser considerado “fumante”, o nível de carboxihemoglobina varia de 1 a 20 % e em “não-fumantes” varia de 0.5 a 1 % (MOSELY; FINSETH, 1977). Análise 45 dias Tabela 4 - Integridade ciliar. Metaplasias Os resultados mostraram que, no experimento realizado com 45 dias de exposição da fumaça de cigarro, seis ratos (n= 7) do grupo experimental apresentaram metaplasias em suas mucosas (85,71 %). No experimento realizado com 60 dias, sete ratos do grupo “fumante” (n= 8) apresentaram metaplasias em suas mucosas (87,5 %). Os resultados estatísticos das comparações Mucosas Saudáveis com Ocorrência de metaplasia dos ratos “fumantes” com os ratos “não-fumantes” foram significantemente diferentes para 45 dias (p = 0,030) e para 60 dias (p = 0,033). Teste Exato de Fisher Análise 45 dias “Fumantes” “Não Fumantes” 1 6 6 2 Mucosas saudáveis Ocorrrência de metaplasia nas mucosas Total 7 8 Valor p: 0,0304584 Total 7 8 15 Teste Exato de F isher exposição à fumaça de cigarro mostrando o epitélio pseudoestratificado ciliado com alterações evidentes. Coloração H E. A: Aumento x 10. B: Aumento x 40. Análise 60 dias “F umantes” “Não -F umantes” Total Muc osas s audáveis 1 5 6 Oc or rr ência de m etapl as ia nas m ucosas 7 2 9 8 7 15 Total DISCUSSÃO V alor de p: 0,0335664 Tabela 5 - Metaplasias. Seqüência fotográfica dos resultados B A Microscopia óptica da mucosa sinusal de rato do grupo controle após 45 dias do início da pesquisa mostrando o epitélio pseudo-estratificado ciliado com células caliciformes. Coloração H E. A: Aumento x 10. B: Aumento x 40. Microscopia óptica da mucosa sinusal de rato do grupo experimental após 45 dias de exposição à fumaça de cigarro B A mostrando o epitélio pseudoestratificado ciliado com células caliciformes em início de destruição. Coloração H E. A: Aumento x 10. B: Aumento x 40. Microscopia óptica da mucosa sinusal de rato do grupo controle após 60 dias do início da pesquisa mostrando o epitélio A pseudo-estratificado ciliado com células caliciformes. Coloração H E. A: Aumento x 10. B: Aumento x 40. Microscopia óptica da mucosa sinusal de rato do grupo experimental após 60 dias de A B B Não existem dúvidas de que o efeito ativo da fumaça do cigarro afeta o organismo humano de uma maneira geral. Inúmeros relatos descrevem os efeitos deletérios provocados pelo cigarro na cavidade oral; um aumento no acúmulo de placa bacteriana (ARNO et al., 1959; SHEIHAM, 1971), uma alta incidência de gengivite e periodontite (FELDMAN; BRAVACOS; ROSE, 1993; HABER et al., 1993), o aumento da reabsorção da crista alveolar (SOLOMON; PRIORE; BROSS, 1968), uma alta taxa de perda de dentes (HOLM, 1994), a perda da osseointegração nos implantes endósseos (BAIN; MOY, 1993; DE BRUYN; COLLAERT, 1994) e as complicações dos enxertos ósseos nas cirurgias de levantamento de assoalho sinusais (KAN et al., 1999; LEVIN et al., 2004) têm sido encontrados. Entretanto, poucos estudos mostram as conseqüências da fumaça do cigarro nas alterações ocorridas nas mucosas sinusais, deixando-as mais susceptíveis às perfurações durante as cirurgias de levantamento de assoalho sinusal. A colocação de implantes osteointegrados na maxila atrófica é freqüentemente limitada devido à falta de suporte ósseo. A técnica de elevação do assoalho de seio maxilar para reabilitar estes pacientes tem sido uma excelente alternativa. Uma das maiores complicações durante este procedimento é a perfuração da mucosa sinusal. É geralmente aceito que todo esforço deve ser feito para evitar esta perfuração, apesar de não ser sempre possível devido esta mucosa sinusal ser extremamente friável, fina e de fácil perfuração (MOMTAHENI; SCHWEITZER; MUENCHINGER, 1994). Esta pesquisa investigou a influência da fumaça do cigarro nas alterações das mucosas sinusais de ratos considerados “fumantes” (animais do grupo experimental) comparados com “não - fumantes” (animais do grupo controle). O seio maxilar é a única cavidade paranasal desenvolvida nos ratos. O forramento do seio, que é derivado do epitélio nasal, é em maioria sítios ciliares e colunares, ocasionalmente, pseudoestratificado. O seio maxilar em animais não expostos à fumaça do cigarro (grupo controle) é forrado com epitélio desprovido de células secretoras de muco sendo, portanto, a secreção do seio proveniente das glândulas maxilares e do tipo serosa (VIDIC; RANA; BHAGAT, 1974). Portanto, a hipersecreção da glândula e o aparecimento de células caliciformes no epitélio podem ocorrer nos animais que são induzidos a agentes irritantes, no caso da pesquisa aos ratos submetidos à exposição da fumaça do cigarro. Durante a pesquisa foi verificado que a fumaça do cigarro tem um efeito deletério direto na estrutura da mucosa sinusal. Foram analisadas três alterações histológicas das mucosas sinusais: alteração nas células caliciformes, nas integridades ciliares e a presença de metaplasia. A mucosa da região respiratória das fossas nasais é constituída por um epitélio pseudo-estratificado colunar ciliado. Esse epitélio reveste a maior parte das vias aéreas superiores, sendo freqüentemente chamado de epitélio respiratório. Este epitélio consiste em seis tipos celulares, identificáveis ao microscópio eletrônico. O tipo mais abundante é a célula colunar ciliada, que apresenta cerca de 300 cílios na sua superfície apical. A função dos cílios é, através dos seus batimentos sincronizados, impelir para cima o muco que contém as partículas de poeira drenando-o para as fossas nasais. Em termos quantitativos, vêm em segundo lugar as células caliciformes, secretoras de muco. Nas áreas mais expostas ao ar, o epitélio se apresenta mais baixo (não tão espesso quanto o da fossa nasal) e com menor números de células caliciformes O muco secretado por estas células tem a função de umedecer o ar inspirado e captar os resíduos impróprios ao organismo (HAM e COMARCK, 1983). Os resultados histológicos relativos à presença de células caliciformes na mucosa sinusal de ratos “fumantes” e “nãofumantes” com 45 e 60 dias demonstraram que, após 45 dias do início da pesquisa, dois ratos (n= 7) do grupo experimental (grupo submetido à exposição da fumaça do cigarro) apresentaram suas mucosas sinusais com células caliciformes prejudicadas (28,57 %). Isto significa que, em 45 dias, o fumo ainda não provocou efeitos severamente prejudiciais nestas células. Com 60 dias de exposição de fumaça, os resultados mostraram que cinco ratos (n= 8) do grupo experimental apresentaram suas mucosas com células REVISTA DA SOBRACIBU 23 caliciformes prejudicadas (62,5 %). O resultado estatístico da comparação ratos com presença de células caliciformes saudáveis para 45 dias e ratos com presença de células caliciformes prejudicadas (‘fumantes”e “não-fumantes”) foi semelhante (p = 0,3), isto é, neste período de tempo (45 dias), as células caliciformes dos ratos “fumantes” ainda não haviam sido totalmente alteradas diferentemente dos ratos “fumantes” de 60 dias de exposição à fumaça do cigarro, que apresentaram alterações quanto a presença de células caliciformes em cinco ratos. Portanto, para 60 dias, o resultado estatístico da comparação ratos com presença de células caliciformes saudáveis e ratos com presença de células caliciformes prejudicadas (‘fumantes” e “não-fumantes”) foi significantemente diferente (p = 0,01). Ortug (2003) mostrou através de um microscópio eletrônico de varredura, as alterações ocorridas nas mucosas nasais de ratos expostos à fumaça do cigarro. O resultado de seu estudo demonstrou alterações importantes como a diminuição da atividade mucociliar, diminuição do comprimento dos cílios, aderência e desorientação ciliar além da diminuição da quantidade de células caliciformes. Este fato também foi comprovado nesta pesquisa. A análise histológica da integridade ciliar, após 45 dias do início desta pesquisa, mostrou que três ratos (n= 7) do grupo experimental (grupo submetido à exposição da fumaça do cigarro) apresentaram integridades ciliares prejudicadas em suas mucosas (42,85 %). Após 60 dias de exposição de fumaça, os resultados mostraram que oito ratos (n= 8) do grupo experimental apresentaram integridades ciliares prejudicadas em suas mucosas (100 %). O resultado estatístico da comparação Integridades Ciliares Saudáveis com Integridades Ciliares Prejudicadas em 45 dias (para “fumantes” e “não-fumantes”) foi semelhante (p = 0,077), isto é, neste período de tempo, as integridades ciliares dos ratos “fumantes” ainda não haviam sido totalmente alteradas, ao contrário dos ratos “fumantes” de 60 dias que apresentaram alterações nas mucosas ciliares. Portanto, o resultado estatístico da comparação Integridades Ciliares Saudáveis com Integridades Ciliares Prejudicadas em 60 dias (para “fumantes” e “nãofumantes”) foi significantemente diferente (p = 0,0013). Junqueira e Carneiro (1995) relataram que em determinadas condições patológicas, certas células podem sofrer alterações e dar origem a um novo tipo de tecido. Esse processo se chama metaplasia, uma alteração considerada reversível que pode ocorrer nos epitélios pseudo-estratificados dos tratos respiratórios de fumantes crônicos sob a ação irritante do fumo o que pode ser substituído por epitélio estratificado pavimentoso e cúbico com células em paralelo e com mitoses típicas. Outro relato na literatura mostra que, no caso de exposição prolongada da fumaça do cigarro sobre a mucosa sinusal, podem ocorrer mudanças no epitélio respiratório levando a uma metaplasia característica de carcinoma in situ (FALK; KOTIN; ROWLETTE, 1963 apud VIDIC; RANA; BHAGAT, 1974). Os resultados estatísticos da minha pesquisa foram confirmados pelo relato desses autores, que encontraram uma grande proporção de metaplasia nos ratos do grupo experimental. Outro estudo sobre os efeitos da fumaça do cigarro no epitélio maxilar de ratos realizado por Vidic; Rana e Bhagat (1974) demonstrou que os componentes da fumaça do cigarro causam um efeito direto no epitélio maxilar, alterando sua morfologia. O epitélio perde as células ciliares colunares e simultaneamente tem um aumento na sua espessura, além do que também reações inflamatórias ocorrem ao longo da submucosa. Estes resultados assemelham-se aos resultados encontrados nesta pesquisa, onde ficou bem demonstrado a metaplasia ocorrida na mucosa dos ratos “fumantes” em 45 e 60 dias. As alterações patológicas ocorridas nesses períodos foram a transformação do epitélio pseudo-estratificado em cúbico e as formações de mitoses atípicas. Após 45 dias do início desta pesquisa, seis ratos (n= 7) do grupo experimental (grupo submetido à exposição da fumaça do cigarro) apresentaram metaplasias em suas mucosas sinusais (85,71 %). Após 60 dias de exposição de fumaça, os resultados mostraram que sete ratos (n= 8) do grupo experimental apresentaram metaplasias em suas mucosas sinusais (87,5 %). Os resultados estatísticos das comparações Mucosas Saudáveis com a Ocorrência de metaplasia (dos ratos “fumantes” e “não-fumantes”) foram significantemente diferentes para 45 dias (p = 0,03) e para 60 dias (p = 0,03). Portanto, as alterações encontradas nas mucosas sinusais de ratos expostos à fumaça de cigarro foram: 24 REVISTA DA SOBRACIBU 1.Aderência ou ausência de cílios, que dificulta a remoção de impurezas do seio maxilar; 2.Presença de metaplasias, causando um aumento da espessura da mucosa sinusal; 3.Diminuição ou ausência de células caliciformes, dificultando a produção de muco. Estas alterações ocorridas nas mucosas de ratos expostos à fumaça de cigarro demonstram uma certa preocupação durante as cirurgias de levantamento de assoalho sinusal realizadas em pacientes fumantes uma vez que, a mucosa sinusal de ratos é histologicamente semelhante à mucosa sinusal de humanos (Junqueira e Carneiro, 1995). ANEXO A- Avaliação dos resultados em quantidade de cruzes Ratos Integridade Cili ar Metap las ia Presença de células c al iciformes Experimental 45 dias Liso 1 +++ +++ ++++ Experimental 45 dias Cabeça 1 +++ ++++ ++ Experimental 45 dias D orcal 1 ++++ +++ ++ Experimental 45 dias D orso 1 ++ +++ +++ Experimental 45 dias Cabeça 2 +++ ++ ++++ Experimental 45 dias Cauda 1 ++ ++ ++++ Experimental 45 dias Liso 1 Inconclusivo Inc onc lusivo Inconcl usivo Experimental 45 dias Liso 2 ++ ++++ +++ Controle 45 dias Cauda 2 +++ +++ ++++ Controle 45 dias Liso 2 ++++ ++ ++++ Controle 45 dias D orcal 2 ++++ ++ +++ Controle 45 dias D orcal 1 +++++ ++ ++++ Controle 45 dias Liso 2 +++++ ++ ++ Controle 45 dias Liso 1 ++++ + ++++ Controle 45 dias Cauda 1 ++++ ++ +++ Controle 45 dias D orso 1 +++ +++ ++++ Experimental 60 dias Liso 1 ++ +++ + Experimental 60 dias D orcal 2 + ++++ + Experimental 60 dias D orso 2 + + ++++ +++ Experimental 60 dias Cabeça 1 ++ +++ ++ Experimental 60 dias D orcal 1 ++ +++ +++ Experimental 60 dias Cauda 2 + +++ ++ Experimental 60 dias Cauda 1 + +++ ++ Experimental 60 dias D orso 1 ++ ++ +++ Controle 60 dias D orso 2 ++++ + +++ Controle 60 dias Cabeça 1 +++ +++ +++ Controle 60 dias D orso 1 Inconclusivo Inc onc lusivo Inconcl usivo Controle 60 dias Cauda 2 ++++ ++ +++ Controle 60 dias Cauda 1 ++++ ++ +++ Controle 60 dias Cabeça 2 ++ +++ +++ Controle 60 dias D orcal 1 ++++ ++ +++ Controle 60 dias Liso 1 +++ +++ +++ Legenda para Integridade Cili ar e para Células Caliciformes: + a ++ - Prejudicadas +++ - Moderada ++++ a +++++ - Saudáveis Legenda para Metaplasias + a ++ - Saudáveis +++ - Moderada ++++ a +++++ - Pres ença de Metaplasia CONCLUSÃO O resultado desta pesquisa comprovou que as mucosas sinusais de ratos expostos à ação da fumaça de cigarro por um período de 45 e 60 dias sofreram alterações histológicas de grande relevância quando comparado com as mucosas sinusais de ratos que não foram expostos à ação da fumaça do cigarro. 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Recebido em 15/06/2009 Aprovado em 05/08/2009 *Rubens Camino Junior **Nairo Galiás de Souza Vargas ***João Gualberto de Cerqueira Luz RESUMO Depois dos terceiros molares, os dentes mais comumente retidos são os caninos permanentes, que são de grande importância na oclusão dentária e na estética facial. O tratamento a ser instituído é, em geral, uma decisão mútua entre algumas especialidades odontológicas. Neste estudo foram analisados os dados de 70 procedimentos realizados em pacientes portadores de dentes caninos permanentes retidos. Foi verificado que, os dentes caninos permanentes retidos foram mais freqüentes em mulheres (70%), localizados no arco superior (92,6%), na posição intra-óssea (88,6%) e retro-alveolar (44,3%). Houve uma maior incidência para os dentes caninos superiores do lado esquerdo (52,9%), destes 61,4% sofreram exodontias e 38,5% a desinclusão cirúrgico-otodôntica. Os pacientes com indicação para o tracionamento ortodôntico tinham idades entre 12 a 17 anos e com posicionamento alveolar ou verticalizado (51,9%). Assim, o procedimento cirúrgico predominante foi a exodontia, associada a caninos retidos no arco superior, que eram intra-ósseo e retroalveolares. Palavras-Chave: Canino-Cirurgia, Dente impactado-Cirurgia Abstract After the third molars, the most commonly retained teeth are the permanent canines, which are of great importance in dental occlusion and facial aesthetics. The treatment to be instituted is usually a mutual decision among some dental specialties. In this study, data from 70 procedures performed in patients with retained permanent canines were evaluated. It was found in this work that the canines were more frequent in women (70%), located in the upper arch (92.6%), intraosseous (88.6%) and retroalveolar (44.3%) positioned. From these, 61.4% underwent exodontics, and 38.5% orthodontic guidance. Patients with indication to the orthodontic guidance were aged between 12 to 17 years, and with alveolar or vertical positioning (51.9%). Thus, the predominant surgical procedure was exodontics, associated to retained canines in the upper arch, which were intraosseous and retroalveolar. Key words: Canine-surgery, impacted tooth-surgery INTRODUÇÃO A retenção do dente canino permanente está intimamente relacionada à fatores locais, sistêmicos e hereditários, necessitando assim, de uma atuação e compartilhamento nas decisões entre os dentistas ortodontista e o cirurgião bucomaxilofacial, evitando desta forma, alguns transtornos decorrentes desta situação1,2. A presença da retenção destes dentes corresponde a 0,9% a 3,3% da população, sendo mais frequente no gênero feminino, de localização palatina (85%), e 8 a 10% com retenção bilateral3,4,5,6. Métodos eficazes, como um criterioso exame clínico e os de imagens, são de fundamental importância para um adequado diagnóstico, ressaltando-se as corretas indicações e o planejamento do tratamento a ser instituído3,7. Diante da incidência e as controvérsias geradas pelas modalidades nos tratamentos dos dentes caninos permanentes retidos, objetivamos fazer um estudo destas indicações frente a essa ocorrência. Figura 1 - Tratamento por exodontia do 13 retido Figura 2 - Tratamento por desinclusão cirúrgico-ortodôntica do dente 33. MATERIAL E MÉTODOS Foram selecionados e avaliados 70 procedimentos realizados em dentes caninos permanentes retidos pelos alunos do curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas Central, em um período de dois anos. Para o estabelecimento do diagnóstico clínico foi confeccionada uma ficha que continha dados relevantes como, qual o dente retido, o seu posicionamento conforme a classificação proposta por Marzola (1995)8, a indicação, o tratamento proposto (Figuras 1 e 2), planejamento, descrição do procedimento e, finalizando, sua evolução clínica. Para os métodos imaginológicos, foram selecionadas as incidências radiográficas panorâmicas (Figura 3), oclusais (Figura 4), periapicais (Figura 5) e a tomografia computadorizada 3D Cone Beam (Figura 6). Figura 3 - Radiografia panorâmica onde observa-se o dente 13 retido (seta). Figura 4 - Radiografia oclusal da maxila, onde observa-se o dente 13 retido (seta). F i g u r a 5 Radiografias periapicais da maxila, onde realizou-se a t é c n i c a de localização do dente 13 retido. 1 Monografia apresentada à Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas Central para obtenção do título de Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial. *Residência, Especialização e Mestrado em CTBMF. **Especialista em CTBMF pela EAP APCD CENTRAL. ***Professor Associado de Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da FOUSP, Coordenador do curso de Especialização em CTBMF da EAP APCD CENTRAL. 26 REVISTA DA SOBRACIBU posicionamentos. Tabela 4 - Posicionamento dos dentes caninos retidos em relação ao processo alveolar. Posicionamento do Número de dente canino retido procedimentos Porcentagem Pré- alveolar 11 15,7% Trans-alveolar 10 14,3% Retro-alveolar 31 44,3% Alveolar ou 18 25,7% verticalizado Total 70 100% Figura 4 Os dados referentes aos pacientes com indicação para desinclusão cirúrgico-ortodôntica e o posicionamento em relação ao processo alveolar encontram-se na Tabela 5. Predominou o posicionamento alveolar ou verticalizado (51,9%) nos casos com indicação para a desinclusão cirúrgico-ortodôntica. Tabela 5 - Pacientes com indicação para desinclusão cirúrgicoortodôntica e o posicionamento em relação ao processo alveolar. Figura 6 - Tomografia computadorizada 3D Cone Beam da maxila, onde observa-se o dente 13 retido na posição retro-alveolar. Os pacientes que apresentavam retenção bilateral foram contabilizados duas vezes, sendo realizada uma ficha clínica para cada procedimento executado. RESULTADOS Os resultados referentes à distribuição dos pacientes em relação ao gênero, encontram-se na Tabela 1. Verificou-se que, de 70 procedimentos realizados, 49 foram em mulheres, havendo uma prevalência de 70% para o gênero feminino. Tabela 1 - Distribuição dos procedimentos realizados em relação ao gênero. Gênero Masculino Feminino Total Número de procedimentos 21 49 70 Porcentagem 30% 70% 100% Na Tabela 2 estão os resultados dos dentes que apresentaram-se retidos. Observou-se que houve uma maior incidência para os caninos superiores (92,9%) em comparação com os caninos inferiores (7,1%), destacando-se o lado esquerdo (52,9%). Tabela 2- Tipos de dentes retidos. Dente Canino superior direito Canino superior esquerdo Canino inferior direito Canino inferior esquerdo Total Número de procedimentos 28 Porcentagem 40% 37 52,9% 2 3 2,8% 4,3% 70 100% Posicionamento do dente canino retido Pré- alveolar Trans-alveolar Retro-alveolar Alveolar ou verticalizado Total Pacientes com indicação para desinclusão cirúrgicoortodôntica 2 0 11 14 27 Porcentagem 7.4% 0% 40,7% 51,9% 100% Na Tabela 6 observamos a distribuição das modalidades cirúrgicas realizadas. Os resultados mostraram um maior número de procedimentos para ás exodontias (61,5%) em comparação á desinclusão cirúrgico-ortodôntica (38,5%). Tabela 6 - Tipos de modalidades cirúrgicas realizadas. Número de Modalidade procedimentos Porcentagem cirúrgica Desinclusão cirúrgico27 38,5% ortodôntica Exodontia 43 61,5% Total 70 100% O Gráfico 1 ilustra a faixa etária dos pacientes que foram indicados para a cirurgia de desinclusão cirúrgico-ortodôntica. Dentre os pacientes com indicação para a desinclusão cirúrgicoortodôntica, houve prevalência para aqueles na faixa etária entre 12 e 17 anos (69,2%). Gráfico 1- Relação da faixa etária com o número de casos indicados para desinclusão cirúrgico-ortodôntica. A Tabela 3 demonstra a distribuição do posicionamento dos dentes em relação ao tecido que recobre o dente canino retido. Houve uma prevalência da retenção do tipo intra-óssea (88,6%) comparada à retenção do tipo subgengival (11,4%). Tabela 3 - Classificação do posicionamento quanto ao tecido de recobrimento. Tipo de posicionamento Intra-ósseo Subgengival Total Número de dentes 62 8 70 Porcentagem 88,6% 11,4% 100% A Tabela 4 mostra a distribuição do tipo de retenção quanto ao posicionamento dos dentes caninos em relação ao processo alveolar. Observou-se um predomínio da posição retroalveolar (44,3%) e um equilíbrio entre os outros tipos de DISCUSSÃO O diagnóstico nos dentes caninos permanentes retidos é realizado por meio da associação dos achados clínicos e imaginológicos, e estas informações são fundamentais na decisão e no planejamento do tratamento proposto3,7,8. REVISTA DA SOBRACIBU 27 Ao exame clínico, alguns sinais são indicativos da presença dos dentes caninos permanentes retidos, como a presença dos dentes caninos decíduos após os quatorze anos de idade; ausência da bossa canina; abaulamento intra-ósseo vestibular ou palatino e migração distal dos dentes incisivos laterais com ou sem desvio da linha média3,7,8. A avaliação imaginológica é imperativa e deve ser realizada utilizando-se inicialmente as técnicas radiográficas convencionais, como as do tipo panorâmica, oclusal, periapicais e, principalmente para um diagnóstico mais fidedigno, as tomografias computadorizadas, com destaque para o método do feixe cônico (Cone Beam)5. Em relação ao tratamento, cada caso deve ser avaliado detalhadamente e, as opções incluem desde uma ulotomia, a exodontia, mais comumente utilizada atualmente, a técnica de desinclusão cirúrgico-ortodôntica, até mesmo o autotransplante e, também, o tracionamento associado à apicotomia1,4,7,8. A decisão quanto ao tipo da modalidade de tratamento a ser instituída, deve ser uma ação conjunta entre os especialistas ortodontistas e os cirurgiões bucomaxilofaciais, pois esta relação interdisciplinar influencia numa proposta bem indicada e conduzida e também no índice de sucesso nos resultados3,5,7,8. Este trabalho fez um estudo sobre as possíveis indicações no tratamento dos dentes caninos permanentes retidos e, verificouse que a incidência relacionada ao gênero mostrou uma predileção para o feminino (70%). Esta assemelha-se aos achados na literatura que afirmam que este tipo de retenção em mulheres, é duas vezes mais comum do que em homens3,4,5,6,8. À respeito da prevalência para os dentes caninos permanentes retidos superiores (92,9%), ser maior que para os inferiores, há um consenso desta situação ser mais frequentemente observada na maxila, pois está geralmente relacionada a uma resultante de fatores locais como, discrepância entre o tamanho do dente e o comprimento do arco; retenção prolongada ou perda precoce dos dentes caninos decíduos; ausência ou anomalia de forma dos dentes incisivos laterais; posição ectópica do germe dental; presença de supranumerários, lesões císticas ou neoplásicas e até a presença de uma dilaceração radicular3,5,7,8. Verificou-se também, uma superioridade no posicionamento intra-ósseo (88,6%) e em posição retro-alveolar (44,3%), resultados que estão de acordo com outros trabalhos4,8. Os pacientes com indicação para a desinclusão cirúrgicoortodôntica apresentaram seus dentes caninos permanentes retidos, na maioria dos casos, nas posições alveolar ou verticalizado (51,9%) e retro-alveolar (40,7%), isto porque, são estes posicionamentos que necessitam de maiores cuidados pela maior complexidade que envolve o procedimento cirúrgico nestas situações1,4,8. O posicionamento pré-alveolar nos pacientes com indicação para a desinclusão cirúrgico-ortodôntica, tiveram um percentual de 7,4%, pois, a etiologia desse tipo de retenção é a falta de espaço1,4,8. Isso explica a discrepância com a retenção tipo retro-alveolar (40,7%), onde a causa não é a falta de espaço e, sim, a presença óssea, perda de uma guia de erupção, seja por ausência ou perda do dente incisivo lateral, ou anquilose da raiz do dente canino decíduo, que promove uma inclinação da coroa do dente canino permanente em direção ao palato, tornando por estas razões, este posicionamento o mais indicado para a desinclusão cirúrgico-ortodôntica1,4,8. O posicionamento que teve mais indicação para a desinclusão cirúrgico-ortodôntica foi o alveolar ou vertical (51,9%), porque este, é o posicionamento mais favorável no aproveitamento do tratamento ortodôntico1,4. Esta indicação envolve alguns pré-requisitos, como condições de posicionamento e a fase de desenvolvimento da raiz1,4, o que levou a uma maior prevalência de indicações para exodontias (61,4%). O prognóstico favorável para uma desinclusão cirúrgico-ortodôntica envolve algumas variáveis, como a motivação pessoal do paciente com relação á utilização de um aparato ortodôntico, o próprio posicionamento do dente, a saúde periodontal, a necessidade de espaço no arco dental e a fase em que encontra-se a formação radicular, pois, para que esta modalidade de tratamento possa ter sucesso, o folículo pericoronário necessita de espaço para promover a reabsorção óssea e direcionar a erupção1,3,4. Houve uma prevalência para as indicações de desinclusão cirúrgico-ortodôntica para pacientes entre 12 a 17 anos de idade (69,2%), isto porque, este procedimento não causa anquilose, ou ela pré-existia, ou foi induzida por um procedimento cirúrgico traumático, onde houve luxação dos ligamentos e manipulação excessiva do folículo pericoronário1,3,4. 28 REVISTA DA SOBRACIBU Neste estudo foram realizados 27 procedimentos cirúrgicos de desinclusão cirúrgico-ortodôntica por meio de uma exposição coronária do dente canino permanente retido para colagem de um acessório ortodôntico e, estes foram realizados com retalho de espessura total e reposicionamento no seu local de origem, por ser a melhor abordagem e obter melhores resultados1,4,8. Esta cirurgia deve ser realizada da forma mais conservadora possível, ou seja, uma ostectomia suficiente e, se possível, uma manipulação mínima do folículo pericoronário, para que desta maneira, tenhase um bom acesso à área de colagem do acessório ortodôntico, não promovendo assim, lesões na junção amelocementária1,4,8. A manutenção de um dente canino permanente retido pode gerar mais freqüentemente reabsorção ou desvio do dente incisivo lateral, originar processos patológicos como, o desenvolvimento de cistos e mais raramente infecções1,4,8. São descritos também, processos dolorosos intensos causados por compressão de terminações nervosas e dores orofaciais que regridem após sua exodontia8. CONCLUSÃO Os resultados neste estudo sobre as indicações dos procedimentos realizados em pacientes portadores de dentes caninos permanentes retidos permitem concluir que houve uma maior incidência para os caninos superiores, predominando a modalidade do tratamento por exodontia, com maior freqüência em mulheres, na posição intra-óssea e retro-alveolar. Ressalta-se também que o posicionamento mais favorável para a desinclusão cirúrgico-ortodôntica, por meio da exposição cirúrgica e colagem de acessório ortodôntico, foi o alveolar ou vertical, na faixa etária compreendida entre 12 a 17 anos. REFERÊNCIAS 1. Blair GS, Hobson RS, Leggat TG. Posttreatment assessment of surgically exposed and orthodontically aligned impacted maxillary canines. Am J orthod Dentofacial Orthop 1998; 113(3):329-32. 2. D’Amico RM, Bjerklin K, Kurol J, Falahat B. Angle Orthodontist 2003; 73(3):231-8. 3. Zuccati G, Ghobadlu J, Nieri M, Clauser C. Factors associated with the duration of forced eruption of impacted maxillary canines: A retrospective study. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2006;130(3):349-56. 4. Bishara SE. Clinical management of impacted maxillary canines. Semin Orthod 1998;4(2):87-98. 5. Walker L, Enciso R, Mah J. Three-dimensional localization of maxillary canines with cone-beam computed tomography. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2005;128(4):418-23. 6. Cooke J, Wang Hom-Lay. Canine impactions: Incidence and management. Int J Periodontics Restorative Dent 2006;26(5):483-91. 7. 7. Bishara SE. Impacted maxillary canines: A review. Am J Orthod Dentofacial Orthop 1992;101(2):159-71. 8. Marzola C. Retenção dental. 2ª ed. São Paulo: Pancast; 1995. SUA EMPRESA AQUI! Errata ESPAÇO LIVRE Informamos que em edição passada da Revista SOBRACIBU; Edição Julho 2009; Revista :Matéria 3º Molar Inferior, Incluso Invertido, Ectópico e no Ramo da Mandibula, Páginas 20-22, houve a falta duas radiografias ilustrativas para complementar a explicação do material apresentando. Pedimos desculpas e disponibilizamos o complemento da matéria em questão. Você ou sua empresa desejam participar em nossas próximas edições? Tem algum trabalho, nóticia ou algo relevante que acredita que possa somar em nossa revista? Então consulte à página 3 desta revista, lá estão todos os nossos contatos. Venha fazer parte de nossa revista estamos abertos para ouvir e somar. 3º Molar Inferior, Incluso Invertido, Ectópico e no Ramo da Mandibula (published erratum in Revista SOBRACIBU; 2009; 1 (1):20-22) PREENCHA ESTE ESPAÇO ANÚNCIE EM NOSSA REVISTA REVISTA DA SOBRACIBU 29 Normas de Publicação A revista da Sobracibu é órgão de divulgação científica da Sociedade Brasileira de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial. É publicada trimestralmente e destina-se a veiculação de artigos originais, casos clínicos, notícias, informações e tudo que possa referir-se a especialidade e suas áreas conexas como patologia, semiologia, implantologia e reabilitação por prótese, fonoaudiologia, foniatria e tudo que possa dar qualidade de vida aos pacientes, bem como responder a dúvidas de profissionais, enviadas à mesma, através de seus profissionais experientes. Os originais submetidos devem estar de acordo com a linha editorial da Revista, eminentemente voltada à especialistas, alunos de especialização e clínicos. A Revista da Sobracibu aceita artigos de autores nacionais e internacionais desde que estejam nas normas Vancouver e as internacionais escritas em inglês ou espanhol. O artigo deverá ser fornecido em arquivo digital em Word gravado em CD. O autor deverá guardar duplicata dos originais para maior segurança contra extravios. O conteúdo dos originais deve ser inédito. Não pode ter sido publicado anteriormente nem ser concomitantemente submetido à apreciação em outros periódicos sejam eles nacionais ou internacionais. Forma de Apresentação: de cada figura, que deve ser citada no corpo do texto obrigatoriamente. As figuras devem possuir boa qualidade técnica e artística para permitir uma reprodução mínima de 300 dpi, em formato .jpg. Não serão aceitas fotografias embutidas em arquivos Word ou PowerPoint. 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Figuras e Tabelas já publicadas em outras revistas ou livros devem conter as respectivas referências e o consentimento por escrito do autor e dos editores. Os artigos deve ser utilizando-se o software Word com terminação .doc ou .docx. ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS Artigo original - Título; resumo; palavras-chave; relevância; clínica; introdução; materiais; e métodos; resultados; discussão; conclusão; agradecimentos (se houver); referências; legendas; título; resumo (abstract) e palavras-chave em inglês (keywords). Devem estar em conformidade com as especificações contratadas com o setor comercial. A Revista da Sociedade Brasileira de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial eximese de qualquer responsabilidade pelos serviços e/ou produtos anunciados, cujas condições de fornecimento e veiculação publicitária estão sujeitas ao Código de Defesa do Consumidor e ao CONAR Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária. Limites: 10 páginas de texto, 2 tabelas e 16 figuras. Orientando o paciente - Título; perguntas e respostas visando cobrir aspectos de grande relevância para o leigo, utilizando linguagem de fácil entendimento. Não necessita referências bibliográficas. Limites: 2 páginas de texto e 2 figuras. Orientando o Cirurgião Dentista e Pergunte aos Experts - Título; perguntas e respostas visando cobrir aspectos de grande relevância para o clínico; referências; legendas. Limites: 3 páginas de texto e 2 figuras. ETAPAS DE AVALIAÇÃO Controle do cumprimento das normas de publicação pela Secretaria. Avaliação dos originais pelo corpo editorial quanto à compatibilidade com a linha editorial da Revista. O conteúdo científico dos originais é avaliado por no mínimo dois assessores ad hoc segundo os critérios: Originalidade, relevância clínica e/ou científica, metodologia empregada e isenção na análise dos resultados. A comissão de avaliação emite um parecer sobre os originais, contendo uma das quatro possíveis avaliações: “Desfavorável” ou favorável. Os originais com a avaliação “sujeitos a modificações” são remetidos aos autores, para que as modificações pertinentes sejam realizadas a posteriormente reavaliadas pelos assessores ad hoc. Texto Páginas de Rosto: A página de rosto deverá conter o título; nome completo; titulação e afiliação acadêmica dos autores; endereço completo contendo telefone, FAX e e-mail para contato do autor correspondente; especificação da categoria sob a qual os originais devem ser avaliados; especificação da área (ou áreas associadas) de enfoque do trabalho (ex.: Ortodontia, Periodontia, Dentistica). CONGRESSO Título: Máximo de 100 caracteres. Resumo: Máximo de 250 palavras. Deve ser composto seguindo a seguinte sequência: Objetivos, Matérias e Métodos, Resultados, Conclusão. Relevância Clínica: Descrição sucinta (de 2 a 4 linhas de texto) da relevância do trabalho apresentado. Palavras-Chave: Máximo de 5 para escolha de descritores indexados, consultar Descritores em Ciência da Saúde, obra publicada pela Bireme http://decs.bvs.br Resumo título e palavras-chave em inglês: Devem seguir as mesmas normas para os itens em português. Os autores devem buscar assessoria lingüística profissional (revisores e/ou tradutores certificados em língua inglesa) para correção destes itens. Introdução: Deve ser apresentada de forma sucinta (de uma a duas páginas de texto com clareza enfocando o tópico estudado na pesquisa e o conhecimento atual pertinente ao assunto. O objetivo deve ser apresentado no final desta seção. Materiais e Métodos: Identificar os métodos, procedimentos, materiais e equipamentos (entre parênteses das o nome do fabricante, cidade, estado e país de fabricação) e detalhes suficientes para permitir que outros pesquisadores reproduzam o experimento. indique os métodos estáticos utilizados. Identificar com precisão todas drogas e substâncias químicas utilizadas, incluindo nome genérico, dose e via de administração. Resultados: Devem ser apresentados em uma sequência lógica no texto com o mínimo possível de discussão, acompanhados de tableas apropriadas. Relatar os resultados de análise estatísticas. Não utilizar referências nesta seção. Discussão: Deve explicar e interpretar os dados obtidos, relacionando-os ao conhecimento já existente e aos obtidos em outros estudos relevantes. enfatizar os aspectos novos e importantes do estudo e as conclusões derivadas. não repetir em detalhes dados já citados na seções da introdução ou Resultados. Incluir implicações para pesquisas futuras. Conclusão: Deve ser pertinente aos objetivos propostos e justificados nos próprios resultados obtidos. A hipótese do trabalho deve ser respondida. Referências: Máximo de 30. a exatidão das referências bibliográficas é de responsabilidade dos autores. IMPORTANTE: A utilização de referências atuais é de fundamental importância para o aceite do trabalho. As referências devem ser numeradas de acordo com a ordem de citação e apresentadas em sobrescrito no texto. Sua apresentação deve seguir a normatização do estilo Vancouver, conforme orientações fornecidas no site da National Library of Medicine: HTTP://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html. Nas publicações com 7 ou mais autores, citam-se os 6 primeiros e em seguida, a expressão latina et al. Deve-se evitar a citação de comunicações pessoais, trabalhos em andamento e não publicados. Tabelas: Devem ser fornecidos em folhas separadas no final do texto. A legenda deve acompanhar a tabela. Figuras-Normais gerais: As ilustrações (fotos, gráficos, desenhos, quadros, etc.), serão consideradas no texto como figuras. Devem ser entregues duas cópias impressas 30 REVISTA DA SOBRACIBU ARARAQUARA De 17 à 19 de Março de 2010 Hotel Colina Verde São Pedro - SP PRESENÇAS INTERNACIONAIS JÁ CONFIRMADAS Dr. STELLA (DALLAS - USA) Dr. DANIELE BOTTICELLI (ITÁLIA) ANOTE EM SUA AGENDA!!!!