Visualizar - Casa Fiat de Cultura

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Livros. Escritor José Luís Peixoto fala em BH sobre a literatura portuguesa. Página 4
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www.otempo.com.br
PEDRO GONTIJO
Museu
INOVAÇÃO
Museu de Artes e Ofícios
implanta audioguias. Página 3
O TEMPO BELO HORIZONTE SEXTA-FEIRA, 6 DE JUNHO DE 2014
Exposição
Amostra“BarrocoItáliaBrasil–PrataeOuro”seráinauguraterça-feiraemnovoespaçodapraçadaLiberdade
Dois momentos do barroco
¬ CARLOS ANDREI SIQUARA
¬ Quando Giorgio Leone,
JMUSEU DO TESOURO DE SÃO GENARO/DIVULGAÇÃO
curador da mostra “Barroco Itália Brasil – Prata e Ouro”, a ser inaugurada na
próxima terça-feira (10),
na nova sede da Casa Fiat
de Cultura, na praça da Liberdade, conheceu Ouro
Preto, ele teve a sensação
de estar em uma das cidades do Sul da Itália. O que
lhe provocou esse efeito foi
justamente o contato, principalmente, com a arquitetura das suntuosas igrejas
da cidade, além das diversas esculturas que encontrou naqueles templos.
Para ele ficou clara a
presença da herança do
barroco, desenvolvido em
Roma no início do século
XVII, depois levado à
Espanha e a Portugal, de onde chegou até os países
da América Latina, entre eles o
Brasil. As afinidades possíveis de serem identificadas nesses diferentes momentos
do estilo, que
aqui tem
sua maior
representatividade por
meio do
trabalho de
artistas como Aleijadinho,
Francisco Vieira Servas e
Mestre Valentim, dentre outros, são, assim, sublinhadas nessa mostra.
“Como no Sul da Itália,
onde havia menos recursos
disponíveis do que em Roma, os materiais empregados no Brasil eram semelhantes. Em Ouro Preto, por
exemplo, encontramos esculturas feitas em madeira
revestida por lâminas de metal precioso. Essa mesma estratégia foi usada com frequência naquela região”,
compara Giorgio Leone.
Grande parte oriunda do
Museu do Tesouro de São
Genaro, localizado em Nápoles, as peças italianas a
serem conhecidas aqui
não se encaixam nessa
categoria.
Todas foram produzidas em
prata ou ouro, o que reflete
a grande atividade dos ourives daquela cidade desde o
século XV.
“Nápoles chegou a ter,
em apenas um quarteirão,
cerca de 350 oficinas de ourivesaria. Não só
praticamente
toda a prata
que vinha
da Espa-
nha era tratada nesses espaços, como 70% das esculturas feitas com esse material
e espalhadas por várias partes da Europa eram produzidas ali”, pontua Paolo Jorio,
diretor do Museu do Tesouro de São Genaro.
Dividida em dois preciosos acervos, que colocam lado a lado a produção italiana e brasileira, somando 40
trabalhos ao todo, a exposição conta também com a
curadoria de Angelo Oswaldo. O presidente do Instituo
Brasileiro de Museus pontua que no país a profissão
de ourives era proibida durante o período colonial,
época em que o barroco floresceu no Brasil.
“Por esse motivo, os
artistas daqui se dedicaram à madeira em pleno ciclo do ouro. Surge um grande prodígio em Minas Gerais, que foi Aleijadinho, e diversos outros nomes que exibimos nesse projeto. Mestre de Piranga, um anônimo
que viveu na vila
do Rio Piranga,
ao Sul de Ouro
Preto e Mariana, é um deles”, observa
Angelo
Oswaldo.
Outro
frisa-
do por ele é Mestre Valentim. Nascido em Serro, de
acordo com Oswaldo, Valentim depois se mudou para o Rio de Janeiro, onde
se sagrou um dos maiores
artistas da capital. “Dele
nós trazemos duas obras
que pertencem ao Museu
Histórico Nacional. São
duas representações de
apóstolos que nunca foram
exibidas em Belo Horizonte. Eles pertenciam à Igreja
de Santa Cruz dos Militares, localizada no centro
do Rio, mas no início do século XX foram levadas para o museu”, diz o curador.
Oswaldo ainda destaca
Alfredo Ceschiatti, criador
dos anjos expostos na catedral de Brasília, e Maurino
de Araújo, dois artistas mineiros que apontam a continuidade da tradição barroca com o presente. “Queremos mostrar que a arte
sacra produzida em Minas
Gerias não parou no século XVIII e manteve a sua vitalidade até o presente, ainda que tenha assumido novos caminhos”, completa.
Do conjunto italiano,
Giuseppe Sanmartino e Lorenzo Vaccaro são alguns
dos criadores destacados
pela também curadora
Rossella Vodret. Para ela,
as esculturas desenham
uma panorama da arte barroca concebida em Nápoles, a partir do seus principais artistas, que, muitas
vezes trabalham coletivamente. É o caso, por exemplo, de “Imaculada Conceição” (leia mais na página
2). “Nesta foram reunidos
os esforços de Giuliano Finelli, Onofrio D’Alessio,
Giaocmo Colombo, Giuseppe Tregloia, e Tommaso
Treglia. Uma única obra levava anos para ficar pronta
e além de escultores, participavam pintores e ourives”.
CONTINUA NA PÁGINA 2
¬¬¬
Obra. A “Sant’Ana com A
Virgem Menina” é um
das 16 esculturas
pertencentes ao Museu do
Tesouro de São Genaro que
vão estar expostas