PERCEPÇÕES DA ADOLESCENTE SOBRE A MATERNIDADE1

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PERCEPÇÕES DA ADOLESCENTE SOBRE A MATERNIDADE1
PESQ U I SA
PERC E PÇÕES DA ADOLESCENTE SOBRE A MATERN I DADE1
T H E A D O L E S C E N T P E RC E PT I O N S O F MAT E R N ITY
P E RC E PC I O N ES D E LA A D O L E S C E N T E S O B R E LA MAT E RN I DAD
Jan ice Regina Rangel Port02
Anna Maria Hecker Luz3
R E S U M O : O presente estud o tem por objetivo con hecer as percepções d a mãe adolescente sobre a matern idade nesta
eta pa da vida ; conhecer a percepção da s adol escentes sobre o atendimento de saúde p restado pela equipe hospitalar; e
conhecer o modo como gostariam de ser cuidadas no periodo de maternidade. Trata-se de u m estudo exploratório descritivo ,
com abordagem qualitativa , real izado com 1 1 puérperas adolescentes, na U n idade de I nternação Obstétrica de um hospital­
ensino. As i nformações foram col etadas através d e entrevistas sem i-estrutu radas e s u b m etidas à anál ise de conteúdo
temático . As informações obtida s revel a m q uatro temas: Estou g rávi d a ! Agora , é assu m i r. . . ; Vivenciando o parto ; Ser mãe
é ... e A gente se sente à vontade com os profissionais daq u i . A fala destas jovens demonstra que u m atendimento humanizado
é possive l , revelando nesta matern idade, profissionais sensi bil izados e comprometidos com a mel horia da saúde materna.
PALAVRAS-C HAVE: mães adolescentes, maternidade na adolescênci a , h u m a n ização
ABSTRACT: The present study has as its objective to learn about the perceptions of adolescent mothers, regarding matern ity
in this stage of their l ives, the health assistance given to them by the hospital tea m , a nd their expectations in relation to this
assista nce d u ring the matern ity period . This is a n exploratory-descriptive study with a q ualitative a pproach , carried out with
1 1 puerperal adolescents d uring their stay an obstetric unit in a school hospital. Data were collected through semi-structured
interviews and subm itted to a theme analysis. The i nformation gathered s u rfaced fou r m a i n themes : 1 ) I am pregnant ! , 2)
Now, I have new responsibilities . . . , 3 ) Experiencing childbirth ; To be mother is ... , 4) We feel comfortable with the professionals
here . . . Accord ing to patient's reports it is feasi ble to have a h u man istic assistance. ln the specific case of the matern ity
analyzed the professionals were sensitive and comprom ised with the improvement of maternal health .
KEYWO RDS: adolescence, matern ity i n adolescence , h u man ization
RESU M E N : EI presente estudio tiene como objetivo conocer las percepciones de la madre adolescente sobre la maternidad
en esa etapa de la vida; conocer qué percepción tienen las adolescentes sobre la atención prestada por el eq u i po dei
hospital y conocer el modo como les g u staría qu e fueran cuidadas d u rante la matern idad. Se trata de u n estudio exploratorio
descri ptivo , con u n enfoq ue cual itativo, realizado con 1 1 puérperas adolescentes , en una U n idad de I nternación Obstétrica
de un hospital escuela. Las i nformaciones se recogieron a través de entrevistas semiestru cturadas y sometidas ai análisis
de contenido temático. Como res u ltado sobresalen cuatro temas: "Estoy embarazada i Tengo q u e concienciarme. ;
Viven ciando el parto ; Ser madre es . . . ; y U n a se siente m u y a g u sto con los profesionales de a q u í ". Lo q u e d icen estas
jóvenes demuestra q u e es posi ble un atendim iento hu manizado y revela en esta matern idad profesionales sensibilizados y
comprometidos en mejora r la salud materna.
PALAB RAS C LAVE: madres adolescentes , maternidad en la adolescencia, h u m a n ización
Recebido em 2 1 /0 1 /2002
Aprovado em 26/08/2002
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Trabalho d e Concl usão d o C u rso d e G raduação d a Escola d e Enfermagem d a U F RGS .
Mestranda d o C u rso de Pós-g rad u ação da Escola d e Enfermagem da U n ivers i d a d e Federal do Rio Grande do Sul -
U F RGS.
3 Professora Titu lar d o C u rso d e Enfermagem d a U n iversidade d o Val e d o Rio dos S i nos. P rofessora Cola boradora da
Escola de Enfermagem U F RGS. Doutora em E d u cação. O rientadora do trabalho.
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Rev. B ras. Enferm . , B ras í l i a , v. 55, n . 4 , p. 384-39 1 , j u l ./ago. 2002
P O RTO , J . R. R . ; LUZ, A. M . H .
INTRODUÇÃO
Os adol escentes s ã o s e res expostos aos m a i s
d iversos riscos - físicos, psicológicos , sociais e culturais. A
adolescênci a , q u e deveria ser u m a fase sa u d áve l , m u itas
vezes deixa marcas ca usadas por i ntercorrências vividas
pelos jovens. Além do uso a b u sivo d e d rogas e da violência
relacionados a essa fase d e vida, o que mais chama a
atenção, nesse período são as a m igas ou con hecidas q u e
engravidam e q u e t ê m ou não s e u s bebês, provocando
sentimentos de medo e vergonha naqueles q u e colocam-se
no lugar destas jove n s .
C o m o fut u ra profissional d a sa ú d e , q u estiono-me :
q u e m s ã o e s s a s a d o l e s c e n t e s q u e , c a d a vez m a i s
p recoce m e n t e , a s s u m e m a m a t e rn i d a d e ? C o m o a s
adol escentes s e sentem a o chegar n a matern i d a d e d o
hospital? São atend i d a s como adolescentes o u a d u ltas?
Como os profissionais d e saúde assistem essas jovens
clientes no seu cotidiano?
MATER N I DADE NA ADOLESC Ê N CIA: UM RECORTE DA
LITERATURA
De acordo com o M i n istério d a Saúde ( B RAS I L ,
1 9 9 3 ) , o p e rce n t u a l d e g e sta n t e s a d o l e s c e n t e s t e m
au mentado sign ificativamente, nos ú ltimos anos. O s dados
do S I NASC (200 1 ) - Estatística de N ascimento, no ano 2000
reg istram 6 8 . 994 nascimentos n a região metropol itana d e
Porto Alegre sendo que 2 0 , 4% sã o de mulheres adolescentes
com idade entre 1 0- 1 9 anos.
Ser mãe n a a d olescência con d u z o i n d iv í d u o a
assu mir novos papéis, incl u indo-se, a í , a identidade materna.
Esse fato i nterro m pe o processo de identifi cação pessoal , o
" e u " q u e está e m fo rmação . Ace l erar o p rocesso d e
identidade, assu m i n d o n ovos papéis, pode gerar confl itos
desestruturadores dessa personalidade em formação.
Para o M i n i stério d a Saúde ( B RAS I L , 1 99 3 ) , a
g ravidez na adolescência é considerada d e alto risco, e no
P rog ra m a d a Ass i stê n c i a I ntegral à Saúde d a M u l her
( B RAS I L , 1 99 1 ) , os riscos pod e m ser de natureza d iversa :
cl ín icos (ex: d i a betes) ; biológicos (ex: certos g ru pos d e
idade); comportamentais; relacionados à assistência à saúde
( e x . : má q u a l i d a d e da a s s i st ê n c i a ) ; s o c i o c u l t u ra i s ,
econômicos e a m bienta i s .
A adolescência i n i cia-se por volta dos dez anos e
ca racteriza-se pelo a u mento d a velocidade do crescimento
e a m ad u reci m e nto físico e p e l o s confl i tos e m o ci o n a i s
(D'AN DREA, 1 986). A autora refere q u e , apesar do l i m ite
cronológ ico e m p regado ser de 1 0 a 2 0 anos -, esse l i m ite
não é fixo e varia de acord o com fatores constitucionai s ,
sociais, econômicos, psicoló g icos, geog ráficos e cu ltu ra i s
d o s jovens.
Gama, Szwa rcwald e Leal (2002) referem que os
efeitos do movi mento de l i beração sexu a l , intensificado a
partir da d écad a d e 6 0 , e o i n ício, cada vez mais precoce
das relações provocaram o aumento da freqüência da gravidez
na adolescência, fenômeno observado em diversos países.
Esses autores a l ertam para o fato d e que os i n d i cadores
escolaridade, re n da fa m i l i a r e local d e mora d i a podem
determinar tanto o acesso q u a nto a qu alidade da assistência
prestad a pelos serviços de saúde.
A adolescente, ao entrar no n ível terciário de saúde
para dar à luz a o seu bebê, é tratad a d e modo semelhante ,
às m u l heres a d u lta s , na ma ioria dos hospita i s , apesar de o
M i n i stério d a Sa ú d e ( B RAS I L , 1 99 3 , p . 1 4 ) preconizar u m
ate n d i m e nto e m "se rviços q u e d i s p o n h a m d e pessoal
s e n s i b i l iza d o e tre i n a d o p a ra rece bê-Ias e a s s i sti - I a s
a d e q u a d a m e nte , q u a nto à s necess i d a d es biológicas e
emociona i s ".
A i m portâ ncia d o estu do prend e-se ao fato de q u e
20% d a s m u l h eres torn a m -se mães na adol escência período co n s i d e ra d o crítico n a v i d a d o s er h u m a n o somando-se a isso, a necessidade d e adaptação de novos
p a p é i s . P o rta n t o , estu d a r a t e m áti ca a d o l escê n c i a e
materni d a d e é d e g ra n d e relevância para a compreensão
d e s s e p ro ce s s o , a l é m de contri b u i r p a ra o corpo d e
conhecimento d a enfermagem materno-infantil, área prioritária
de atenção do M i n i stério da S a ú d e .
QU ESTÕES D E PEQU ISA E OBJ ETIVOS
Frente ao exposto na l iteratu ra e as indagações
i n iciais sobre o c u i d a d o às mães adolescentes , apresenta­
s e a q u e s t ã o d e p e s q u i s a : Q u a i s as p e rcepções d a
adolescente e m relação à reali dade de ser mãe e como está
sendo atendida pela eq u i pe de saúde?
A partir d a q uestão d e pesq u isa e considerando-se
as reflexões sobre a temática em estud o , apresenta-se os
objetivos desta i nvestigação:
Con hecer a s percepções d a mãe adolescente
sobre a matern i d a d e , nessa etapa d a vid a ;
Conhecer a percepção das adolescentes sobre o
atendi mento d e sa ú d e prestado pela equipe hospita lar;
Conhecer o modo como gostariam de ser cuidadas
no período d e maternidade .
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CAMIN HADA M ETODOLÓGICA
Trata-se de um estudo do tipo exploratório-descritivo,
com abordagem q u a l itativa , pois esta modalidade possibil ita
a análise dos dados s u bjetivos q u e venham a emergir, e que,
p o r sua v e z , não p o d e m s e r s i ntetiza d o s e m d a d o s
estatísti cos ( M I NAYO, 1 996).
Segundo M i nayo et aI. ( 1 995, p. 1 O), as metodologias
d e pesq u i s a q u a l itativa são ente n d i d a s como "aq u e l a s
ca pazes d e i n co r p o ra r a q u estão d o s i g n ificado e d a
i ntencionalidade como i n e rentes a o s atos, às relações e à s
estrutu ras soci a i s , sendo essas ú ltimas tomadas tanto n o
seu advento quanto na s u a transformação, como construções
h u manas sign ifi cativas ."
O contexto d o estudo é a U n idade de I nternação
Obstétri ca d o Hospital d e C l í n icas d e Porto Alegre/RS, em
que se realiza atendimento à Saúde d a M u lher, nas situações
de i ntern a ç ã o p ré- p a rt o e , m a i s e s p e c ifica mente , n o
atendimento obstétrico às puérperas no pós-parto .
O e s t u d o f o i re a l i z a d o c o m 1 1 p u é r p e r a s
adolescente s , intern a d a s com seus bebês na U n idade d e
I nternação Obstétrica , em Sistema de Alojamento Conj u nto,
A escolha dos suj eitos foi por i n d i cação da enfermeira d o
tu rn o d a noite . A i d a d e dessas adolescentes variou entre 1 3
e 1 9 anos, sendo tod a s pri m í pa ra s .
Para a coleta das i nformações, foi utilizada a técnica
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Percepções da adolescente . . .
d e e n trevi sta s e m i - e s t ru t u ra d a , p o rq u e " ofe rece a o
pesquisador certa flexibilidade" na obtenção de i nformações
(POLlT; H U NGLER, 1 995, p . 1 67 ) .
Por tratar-se de estud o envolvendo seres h umanos,
p a ra as q u estões é t i c a s em p e s q u i sa , s eg u i u - s e as
recomendações de Goldim (2000) e de Polit e H u ngler ( 1 995),
que sal ientam os pri ncípios d a beneficência , d o respeito à
d ig n idade h u mana e da j u stiça .
O consentimento dos participantes foi obtido através
do Termo de Consentimento Pós-I nformado, garantindo-lhes
o anoni mato (identificação dos participantes por cód igo nome de flores), o caráter sigi loso das informações e o d i reito
de não-participação ou desistência em q u a l q u e r momento
do estudo sem prej u ízo à assistência.
Utilizou-se para a análise das informações coletadas,
o método de Análise de Conteúdo, do tipo Temático, proposto
por M i nayo ( 1 996 ) , descrito em três eta pas: p ré-análise,
exploração do material e a n á l ise fin a l e i nterpretação das
informações .
I NTERPRETAÇÃO DAS I N FORMAÇÕES
Da anál ise das fa las das adolescentes emergem
temas que vão além dos q u esti onamentos p reviamente
formulados. Foram encontradas q uatro categorias temáticas
relacionadas às percepções maternas das pa rticipantes
d e ste es tu d o : Esto u g rá v i d a ! A g o r a , é a s s u m i r. . . ;
Vivenciando o parto; Ser mãe é . . ; e A g e nte se sente à
vontade com os p rofissionais d aq u i . . . .
.
ESTOU G RÁV I DA! AGORA , É ASS U M I R . . .
Ao depara r-se com a g ravidez, a adolescente é
obrigada a assu mir novo papel "sem o benefício dos ritos de
passagem usuais" ou preparação, e é nessa fase de transição
que as jovens necessitam a m p a ro , a p o i o e seg u ra nça
profissional de enfermagem para o acompanhamento i ntegral
exigido no momento gestaci onal ( MARTI N S et aI . , 2000, p .
98).
Constata-se, nas falas das jovens d o estudo, que a
gravidez na adolescência n e m s e m pre é planejada pela
m u lher ou pelo casa l .
A h ! No momento quando eu logo . . . que eu fiquei
sabendo foi um susto, mas depois foi. . . depois foi aquela
coisa assim. Olha, não são planejados, planejados não são,
mas são bem aceitos ( G i rasso l ) .
Entre as adolescentes q u e planejaram a g ravidez,
quando q uestionadas sobre a razão da escolha de gerar um
filho durante essa etapa da vida, - sem terminarem os estudos,
possuírem estabilidade conjugal e financeira - a pontaram os
senti mentos positivos relacionados à s cri an ça s , d esejo de
companhia e ser mãe.
Eu quis né ? Então pra mim está sendo ótimo.
Planejei tudo, então pra mim tá sendo mara vilhoso. Não tá
tendo problema nenhum (Hortênsia).
Foi planejada .. . Porq ue sim, e u a doro criança
(Camélia).
Porque eu me sentia muito sozinha em casa, daí o
meu marido trabalhava, o meu cunhado também e eu achei
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que era melhor ter um nenê em casa, assim que eu ia me
sentir melhor, ter companhia, assim (Sufena).
Apenas d u a s adolescentes , as de menor idade no
estud o ( 1 3 e 14 anos), não têm companheiro. De acordo
com Aberastury e Knobel ( 1 992), na adolescência as pessoas
vivenciam o chamado "amor apaixonado", apresentando
aspectos d os vínculos intensos, no entanto, frágeis.
E m seus estu d o s ace rca d a matern i d a d e , Luz
(2000) relata que, em gera l , as mulheres jovens assu mem a
g ravidez, mesmo i n d esej a d a , enq uanto os rapazes fogem
com mais facil i d a d e dessa responsa b i l idade, ou assumem
apenas os aspectos legais d a paternidade. Esse aspecto é
mencionado por O rq u ídea : Ele nem sabe que eu tava.
Para G a rcia , Pelá e C a rva l h o (2000) , na gravidez
em adolescentes soltei ras torna-se evidente a transgressão
dos cód igos de conduta mora l q u e a sociedade valoriza e
considera adeq ua d a : esses jovens põem em risco, além da
honra própri a , a d e seus fa m i l i a res , em uma sobreposição
d e crises vita i s (evol utivas e situacionais) reforçadas pelo
medo da cen s u ra fam i l i a r e soci a l .
VIVENCIANDO O PARTO
Todas as adolescentes q u e participaram do estu do
procu raram a emergência obstétrica com sinais e si ntomas
d o tra b a l h o d e pa rto: contrações uteri nas ou perda de
secreções va g i n a i s , bolsa rota , e l i m i nação d e ta mpão
mucoso ou sangramento vag i n a l .
P a ra A r m e l l i n i ( 2 0 0 0 , p . 1 1 1 ) , as p a rtu rientes
"esperam ser i nternadas, pois acred itam q u e seus motivos
para buscar o hospital ju stificam sua i nternação". No entanto,
isso nem sempre ocorre , por d i scord ância entre os motivos
próprios e os d a eq u i pe méd i ca decorrentes da avaliação
obstétrica .
. . .já tava cada vez mais forte, mais forte, daí eu vim
pra cá. Saí de casa eram 1 1 e pouca, cheguei aqui meia­
noite. Daí eu tava com dois dedos de dilatação. Daí ° médico
mandou eu ficar caminhando duas horas. Daí eu voltei lá
depois, eu tava com quatro dedos ainda, daí ele mandou eu
ficar caminhando mais duas horas. Daí quando eu voltei eu
tava com quatro e meio, eu acho, e aí foi que eu fiquei
internada (Girassol ) .
P e l o relato d e G i rassol , consta-se q u e a admissão
das parturientes não ocorre na primeira tentativa . Entretanto,
o tempo d e d esloca m ento gasto pela gestante do hospital
até o seu domicílio gera i n seg u rança e novas preocu pações
em i r e v i r , a l é m de g a st o s fi n a n ce i ros n e m s e m p re
planejados e dispon íveis . As mulheres, temendo pôr em risco
sua saúde e a do bebê , g e ra l mente, optam por permanecer
nas dependências o u i mediações d o hospita l , ao invés de
voltar para cas a . N esse períod o , além da ansiedade, elas
experi menta m o d esconforto pela falta d e acolhimento e
m u itas veze s , p e l a s d o res causadas pelas contrações
uteri nas (AR M E L Ll N I , 2000) .
. . . eu queria voltar pra casa, m a s o médico que tava
me atendendo começou a dizer 'se tu vai pra casa daí tu
chega lá e a tua bolsa rompe '. (. . .) A única coisa que eu
queria ter feito era ter vindo bem depois pro hospital. Ter
ficado em casa mais um pouco, esperando . . . não, bah! Tá
louco ficar do meio-dia até as 6 horas da manhã caminhado
Rev. B ra s . Enferm . , B ras í l i a , v . 55, n . 4 , p. 384-39 1 , j u l ./ag o . 2002
PORTO , J . R. R . ; LUZ, A. M . H .
pra lá e pra cá sem ter nada pra fazer e o meu marido ta va
trabalhando. Ele trabalha de noite. Ele veio direto do serviço
pra cá, daí ele ficou até a hora do nenê nascer, uma meia
hora depois que o nenê nasceu ele ficou aqui e a gente
acordado até aquela hora ( G i rassol ) .
A expectativa em relação ao trabalho de parto forma­
se através da conversa com outras pessoas que já passaram
por essa situação. De acord o com Armel l i n i (2000, p. 1 42 ) ,
" a i nformação d e q u e o parto é dolori d o , é tra n s m itida d e
g e ração a g e ra çã o . D e s d e a i nfâ n ci a , a s m u l h e re s ,
subliminarmente, ouvem de fam i l i a res e a m igos q u e o parto
é acompanhado de dor" .
outras m u l heres , p o i s a ú n i ca d iferença está relacionada à
idade d a s m u l heres adolescentes e a d u lta s , no entanto, o
processo físico/biológico d a matern idade ocorre da mesma
forma : Acho que não precisa ser diferente . . . . só que a gente
é mais nova que as outras ( Rosa ) .
N a s fa l a s d e R o s a e S u fe n a c o n s t a t a - s e a
necessidade d e a l g u m a s adolescentes receberem mais
orientações sobre o processo reprodutivo não apenas durante
a gestaçã o, ma s na esco l a .
. . . u m adolescente, sendo a primeira vez, tem que
ter mais, eles tem que aprender mais, saber. Os médicos
tem que explicar mais vezes ainda para eles ( Rosa ) .
Foi rápido. Ah! Dolorido foi muito, ainda é! Mas foi
rápido . . . foi rápido. Depois que eles estouraram a bolsa,
demorou um pouquinho para eles estourarem foi rapidinho . .
Foi. Horrível, a s contrações são horrível é o pior que tem
né ? É até mesmo, é pior que quando ele tá nascendo
(Hortênsia).
E u acho que com o adolescente eles deviam ter
m a is cuida do. Q u e a dole s c e n te a ssim, tu não tem
experiência nenhuma, que nem eu é o primeiro filho, eles
deveriam ter mais orientação eu acho que eles deveriam dar
mais orientação. A cho que até em colégio eles deveriam
dar orientação sobre gravidez (Sufena).
Ah, foi dolorido mas é uma dor que, como é que eu
posso dizer, é uma dor que vai depois volta, vai depois volta,
vai depois volta. Depois quando dá a dor mesmo, já tá quase
nascendo, daí depois nasce e tu não sente mais nada, aquela
dor intensa tu não sente mais (Aza l é i a ) .
E m s u a s fala s observa-se a i mportâ ncia atri b u í d a
aos profissionais dos serviços d e s a ú d e, p e l a s q u a i s a
adolescente passa : do pré-natal ao p uerpéri o , para auxiliá­
las a assu m i rem sua nova identidade de mãe, independente
da idade.
P e l o relato d a s a d o l e s c e n t e s , evi d e n ci a -se o
processo doloroso do parto vivenciado de modo corajoso por
essas jovens m u l heres . Ao caracterizare m , sob o seu ponto
de vi sta , o períod o de tra b a l h o de parto , elas demonstram
conheci mento ao d izer q u e é uma dor que vai depois volta . . .
(Sufena), dolorido foi muito . . . mas foi rápido . . . (Aza léia) e
depois que estoura a bolsa a dilatação vem mais rápido . . . .
(Tu l i p a ) . Por essas fa l a s , percebe-se q u e elas estavam
preparadas para esse m o m e nto . N e n h u m a p a rti cipa nte
relatou experiência tra u m ática d u ra nte o pré-parto e parto .
As adolescentes vivenciam a maternidade de modo
semel hante às mulheres adu ltas e , em suas falas, expressam
os mesmos senti m entos rel atados por pri m íparas a d u ltas
de outros estudos, enfatizando que a diferença exi ste em
relação às m u l h eres que já tiveram fi lhos e, por essa razã o ,
s ão mais experientes.
Ao serem q uestionadas se observaram diferença no
atendimento oferecido à s mães adolescentes e às mães
adu ltas, algu mas referiram não haver d iferença. Elas ainda
reforça m q u e senti ra m-se capazes d e rea l iza r tudo o que
lhes foi solicitado, o que a u mentou a autoconfiança para
enfrentar a sucessão d e fatos d esconheci dos.
A í eu acho que me trataram assim como mãe. Né ?
Porque assim pelo jeito que as enfermeiras falavam com a
gente, as atitudes delas né, elas tentavam passar pra gente,
não mostrar medo ou alguma coisa assim sabe. Eu gostei
bastante e foi aí que eu me senti bah! Agora sim, agora eu
sou mãe de verdade. Sou mãe de dois, Né! (Jasmim).
Pelo que eu vi lá foi igual. Das outras que eu vi lá
ganhando também foi igual assim, do mesmo jeito que eles
trataram as outras eles trataram eu também (Violeta ) .
Eu nem sei como dizer, m a s eu acho que eu fui
tratada, me trataram bem. Não sei se tem alguma diferença
que elas deveriam fazer né ? Para adolescentes e para
mulheres mais experientes. Mas é eu acho que o que elas
me pediram para fazer na hora do parto eu tinha condições
de fazer mesmo . . . (Tu l i pa ) .
As a d o l e s c e n t e s n ã o p e rc e b e m o s a s p e ct os
psicológicos e os meca n ismos d e d efesa q u e util izam para
se estabil izarem e vivenciare m d e modo s a u d ável esse
período de transformações físicas. Amor-Perfeito acredita que
o atend imento não precisa ser d iferenciado e m relação a
As adolescentes acreditam q u e d eve existir u m
trata mento d i ferenciado n ã o para mães adolescentes, mas
para as m u l heres mães d e pri m e i ro fi l h o , i n dependente da
faixa etária .
A h ! N o caso, por exemplo, e u sou mãe do primeiro
bebê né ? No caso esse tipo de diferença, sem ter diferença
de idade, mas caso a mãe do primeiro bebê e aquela que já
tem uma certa experiência, que já tá no segundo ou no terceiro
bebê, né ? A cho que neste caso tem que ter uma certa
diferença porque por mais que, tá eujá tenho uma experiência
porque a minha irmãjá teve filhos, mas e aquela que nunca
teve, não teve sobrinhos que morou ou coisa parecida, essas
eu acho que precisam de um pouco mais de atenção ou um
pouco mais de orientação (Azaléia).
A gente chega aqui sem saber nada, não sabe nem
como pegar! Eu na hora que eu vi ele eu fiquei apavorada,
como é que eu vou pegar, falei, assim, vai quebrar!
(Hortênsia).
SER MÃE É . . .
A idéia d a m atern i d a d e , mesmo tendo passado por
nove meses de g estação, é encarada como algo novo a pós
o nasci mento d o bebê. Para as adolescentes deste estud o ,
s e r mãe é t e r novos com prom i ssos, significa mudança de
vi d a : a lgo m a i s a m plo q u e parir u m fi l h o , mas, também , é
u m a nova experiência q u e não sabem como d efinir.
Ai, sei lá outra vida né, bem diferente assim. Não é
m e s m a coisa c o m o a n te s n é . A g o ra e u tenho um
Rev. Bras. Enferm . , B ras í l i a , v . 55, n . 4, p . 384-39 1 , j u l ./ago. 2002
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Percepções da adolescente . . .
compromisso sério n é. . . cuidar de uma criança e u acho legal
assim, mas a parte que eu digo difícil assim, não é difícil,
difícil porque cuidar de uma criança não é difícil, é fácil
(Violeta) .
(Risos) Agora assim pra mim tá sendo tudo, n é ?
Porque antes eu não dava muita bola no início, até nem
queria ter filho. Vivia dizendo que eu não queria ter filho e
pra mim veio dois ? Agora mais importante pra mim, tudo
que eu tenho são eles, né ? (Rosa ) .
A formação da auto-imagem m aterna ocorre e m
d iferentes momentos, variando d e m u l he r para m u l her. N a
fa la d a s a d o l escentes o b s e rva-se q u e a l g u m a s d e l a s
perceberam-se mães a o sentirem os primeiros movimentos
feta is.
Acho que desde o momento que eu senti a primeira
mexida dentro da minha barriga. A ssim o primeiro chute,
que tu não sabe o que parece, quando tu tá com fome que
dá aquela coisa assim na barriga é tipo assim daí tu fica 'ai
meu Deus é meu filho que tá mexendo ou será que tô com
fome, mas eu acabei de comer porque que a minha barriga
tá assim!' Acho que daí, desde aquele momento que tu vê
que tem alguma coisa se mexendo alguma coisa criando
vida, criando forma dentro de ti acho que é desde este
instante que tu vê que meu Deus! Agora eu sou responsável
por ele entendeu? (Azaléia).
De acordo com Maldonado, D ickste in e Nahoum
( 1 997 ) , a percepção dos pri m e i ros movi mentos fetai s gera
um im pacto na gestante caracterizando-se como fenômeno
central do segundo trimestre . " É a p rimeira vez que a m u lher
sente o feto como uma realidade concreta dentro de si, como
um ser separado dela e, no entanto, tão dependente, mas já
com características próprias" ( 1 997, p. 4 1 ) .
A s adolescentes n ã o pensam na poss i b i l idade d e
serem mães mes m o depois d e i n i cia re m sua vida sexua l .
Alg u mas m u l heres n ã o se percebem m ã e s mesmo d u rante
a gestação e vivenci a m este m o m e nto com a p a rente
ind iferença em relação ao feto e m formação.
Eu queria engravidar, eu queria ter filho, mas, mas
eu nunca parei pra pensar. . . Parecia que eu nem tava grávida.
Eu sabia que tinha um bebê dentro de mim, mas parecia
que eu nem tava grávida ( G i rasso l ) .
Em seu relato , G i rassol e x p l i ca q u e tem i a s e r
considerada louca p o r conversar c o m o fi l h o , o q u e pa rece
ter dificultado a aceitação e formação do a pego entre mãe e
bebê, ainda no período gestacional.
Nunca tive assim coragem. Falavam pra mim que
eu devia conversar que eles entendiam, ouviam e tal, mas
eu não, eu ficava pensando que ah, parece uma louca
conversando, falando. Daí, eu nunca conversei com ele
(Girassol).
O u t r a s a d o l e s c e n t e s , no e n t a n t o , refe r e m
perceberem-se mães apenas depois do nascimento do bebê,
mesmo assi m , n u m momento inicial, consideram-no u m ser
estranho.
Ai, nem parece que é eu! É tão diferente, tão
estranho assim, quando ele nasceu eu olhei assim pra ele e
eu pensei que não era meu filho. Porque é um estranhinho,
né ? Sei lá . . . ah! mas eu tô gostando . . . . por enquanto
(Girassol).
388
Nas falas das adolescentes é possível constatar que
a formação do apego, para elas, pode ocorrer lentamente, o
q u e é confi rmado pelos relatos d e G i rassol e Orqu ídea .
Esta noite, por exemplo, eu fiquei a noite toda
acordada, não consegui pregar o olho! Olhando pra ele e
tal. Daí, hoje, eu já tô aceitando ele. Mas ontem quando ele
nasceu eu não ta va m uito assim, acreditando que era meu
filho, mas agora, sim ( G i rasso l ) .
Aqui no alojamento, que eu tenho que cuidar dela o
tempo todo . . . e agora vai ser diferente, como minha mãe
disse: 'Se nascê uma menina tu vai ver o que é ser mãe, a
gente faz tudo por um filho '. Ela disse isso porque eu era
muito respondona, eu respondia para ela . . . gostei de ter
ganho uma menina (Orq u ídea).
Segundo Klaus e Kennel ( 1 993) a formação do apego
ta mbém ocorre através do toq u e . Esse é um mome nto
i m po rtante p a ra a e q u i pe de s a ú d e , pr i n ci pal mente a
enfermagem , para encorajar as pacientes a iniciarem , através
desse gesto , o vínculo com seu bebê. A capacidade do
profissional de enfermagem d e expor para as mães que seu
bebê, peq ueno e frá g i l , necessita d e toq ue - gerador de
conforto - revela u m olhar h u m a nizado. Os mesmos autores
reforçam que o apego é fu ndamental para o desenvolvimento
e sobrevivência do recém-nascido.
Em relação às alterações no esti lo de vida , observa­
se q u e a gestação na adolescência i m põe às mu l heres uma
série de l i m itações soci a i s , pecu l i a res a essa etapa do
d e s e n vo l v i m e nto h u m a n o , oca s i o n a n d o riscos
comportamentais.
Talvez, o principal problema social enfrentado por
e s s a s a d o l e s c e n t e s seja a eva s ã o esco l a r q u e , e m
d ecorrência d a g ravidez, o u a gravada p o r e l a , tem , por
conseq üênci a , a excl u são delas do mercado de traba lho,
cada vez mais com petitivo .
Eu já tinha parado de estudar, sabe ? Eu já tinha
parado de estudar acho que há uns dois anos atrás e já não
tinha voltado mais. Mais não foi assim por causa da gravidez,
eujá tinha parado de estudar fazia tempo (Violeta ).
Eu parei de estudar porque daí eu não quis ir para o
colégio com um barrigão. Daí, eu parei de estudar, mas vou
voltar a estudar ( Rosa ) .
É d u rante a adolescência que a maioria das pessoas
i n i c i a m s eu s ensaios de i nd e pe n d ência fi nance i ra . Em
méd i a , no B ras i l , a s pessoas começa m a traba l h a r na
seg u n d a década d e vida, e nesse período descobrem as
festas e o prazer d e a d q u irir peq uenas, mas significativas
coisas materiais - roupas, calçados, CDs, etc. A vida dessas
pessoas modifica-se, e ra ramente um jovem pla neja abrir
mão d a l i berdade para gerar e cri a r um fil h o , fato que pode
ocasionar uma ruptura no processo natural de inserção social.
. . . quando eu menos esperava . . . quando eu tava
mesmo descobrindo que eu tava saindo, que tava comprando
as coisa pra mim eu engravidei! . . . não deu nem seis meses
de serviço e eu já engravidei. . . bom eu só saía, comprava
roupa e . . . . e aí eu fico pensando e agora, o que que eu vou
fazer. Eu não esperava isso (Jas m i m ) .
A s adolescentes referem q u e sua v i d a soci a l , d e
modo gera l , s e modifica , tornando-se mais d ifíci l , envolvendo
responsabilidade em relação ao pequeno bebê e limitações
Rev. B ras. Enferm . , Bras í l i a , v . 55, n . 4 , p. 384-39 1 , j u l .lago. 2002
PORTO, J. R . R.; LUZ, A. M. H .
nas relações sociais com os a m ig o s.
. .. Não dá pra levar mais nada na brincadeira, agora
tenho que saber que tem ela pequeninha (Rosa ) .
Fica mais difícil porque eu n ã o posso fazer o que
eu fazia antes . . . . Ah, sair com os amigos de noite, mas isso
eu nem sou muito ligada (Orq u í d ea ) .
Apesar d i sso, a l g u m a s adolescentes con seg uem
s u perar as d i fi cu l d a d e s i n i ci a i s d e uma g ra vi d ez não
planejad a , e relatam u m a m a d u recimento e aprend izado no
enfrentamento da matern idade.
. . . foi bom até porque eu aprendi, porque eu era muito
de fazer assim de não pensar em fazer as coisas, eu já ia
direto e fazia, não fica va pensando o que que aconteceria
depois. E agora não, e u já paro e penso um pouco mais
naquilo que vou fazer, sabe ? (Jasm i m ) .
Para T u l i p a , apesar d e j u l g a r positiva a vivência d a
maternidade, o fato não afasta os medos d e não poder
entender o fi l h o e m suas necessidades. De acord o com
Maldonado, Dickste i n e N a h o u m ( 1 997 p . 1 54 ) , é com u m os
pais senti rem d i ficu ldades, d u rante as p ri m e i ras semanas,
em "traduzir o choro do bebê - se é fome, sede , cólica, fralda
mol hada, necessidade d e ser aconchegado e embalado ou
algum outro tipo d e desconforto . "
E u tô gostando muito d e s e r mãe . Só, às vezes, eu
fico u m pouco com medo d e n ão saber o que fazer, às vezes
ela pode chorar e eu não vou. . . eu tenho medo de não saber
o que que ela tá sentindo, assim . . . a gente não tem como
saber, né ? É só esse o meu mdo (Tu l i pa ) .
Jasmi m , na vivência d e s e r mãe de gêmeos, relata
o medo d e não saber como demonstra r afeto para os dois
fi lhos na mesma intensidade.
A í é que tá! É que daí eu tô me sentindo um pouco
confusa, porque eu não sei se vou. . . assim tentar assim,
sabe quando eu for dar carinho pra um, o outro também vai
querer, sabe? Eu não sei eu vou conseguir dar carinho pros
dois ao mesmo tempo, sabe ? Se de repente um tiver
querendo ter alguma coisa, eu não sei se eu vou conseguir
ter possibilidade de dar para os dois, sabe ? É isso que eu
fico pensando (Jasm i m ) .
S e m e l h a n t e a m u it a s m ã e s q u e v i v e n ci a m a
maternidade pela pri m e i ra vez, elas e nfrentam o medo d e
cuidar d o seu próprio bebê, reve l a n d o d ificu ldades não
encontradas quando cuidam outras cri anças da fam í l i a . N a
fa la, a seg u i r, verifica-se o medo d e sentir-se c u l pada por
fa lhas cometi das ao assistir o recém-nasci d o .
. . . no m e u é tão diferente, assim eu tenho medo de
mudar, de fazer alguma coisa errada. Ainda eu não dei
banho, mas quando eu der eu vou ter medo. Parece que no
dos outros é mais fácil, mas no meu é mais difícil (Girasso l ) .
A G E N T E S E S E N T E À V O N TA D E
PROFISSIONAIS DAQ U I . . .
COM
OS
Todas as adolescentes relatam q u e o atend i mento
recebido no hospital o n de ocorreu o p a rto difere de outros,
pela qualidade da assistência desde a entrada na emergência
até a i nternação obstétrica .
. . . foi até o primeiro hospital que me recebeu bem,
porque eles já me sentaram, eu falei que a minha bolsa
tinha estourada, eles me sentaram na cadeira tiraram a minha
pressão foram me levando para sala. O médico não demorou,
o médico já veio e já me falou já que eu tinha que fazer uma
cesárea me examinaram tudo que eu tinha que fazer uma
cesárea e me levaram lá pra sala. Não foi aquela coisa de ­
Ah, não tá na hora ain da vamo esperar. . . Eu adorei o
atendimento daqui. A té as enfermeiras são boas, gostei
bastante (Jas m i m ) .
A s adolescentes a pontam aspectos positivos desse
hospita l , e j u stificam o bom ate n d i m ento p restado pela
i nstitu ição, comparand o-o com outros hospitais, onde foram
atendidas d u rante a gestação.
. . . eu fiquei uma semana num hospital, né ? Não
vou dizer o nome, porque . . . eu tava com contração. Cheguei
lá com contração com três dedos de dilatação eles me
fizeram cinco vezes exame de toque, me machucaram. Me
levaram para observação me deram 'buscopan ' para passar
a dor e lá eu fiquei uma semana sem motivo nenhum. E
quando eu cheguei aqui, isso foi quando eu dei alta ano
hospital na sexta. No sábado eu comecei a ter febre, passar
mal no domingo estourou a minha bolsa daí eu vim pra cá. E
eu não quis ir direto pra lá porque eu já sabia, que lá eles
iam me fazer sofrer. Eles iam me mandar caminhar para um
corredor e outro e eu ia acabar sofrendo né ? Eu adorei o
atendimento daqui (Jasmi m ) .
E n t re o s a s p e ct o s p o s i t i v o s , n a s fa l a s d a s
adolescentes observa-se a presença d e profissionais sol ícitos
e d ispon íveis para orientá-Ias em relação à sua inexperiência
q u a nto à p a rt u ri ç ã o . S a l i e n ta m , a i n d a , o respeito nos
m o m e ntos d e d ifi cu l d a d e , a s o r i e ntações q u a nto aos
p roced i mentos, e o pronto atendi mento.
Ah, eu achei que eles me explicaram tudo direito
sabe ? E porque eu acho que melhor não podia ser. Eu acho
que pra mim o atendimento foi bom (Violeta ) .
Eles m e explicaram tudo bem, assim tudo nos
mínimos detalhes. Eu entendi tudo . . . " ( Rosa ) .
Assim s e eles . . . é eles falavam n é ? 'A gora a gente
vai tirar. . . agora a gente vai estourar a bolsa '. Antes de ir
para a sala de parto. Aí depois eles falaram que costurar por
dentro depois costurar por fora . (Tu l i pa ) .
. .
Talvez até eu n e m sei porque que eu fiz a cesárea,
talvez na minha . . . creio eu porque um tava sentado e eles
pegaram e me levaram pra lá me atenderam super bem,
sabe não foi aquela coisa assim de que 'Ah vamo esperar
pra ver o que que vai dar, vamo esperar ela sentir contração '
sabe, e me deixarem sofrendo . . . (Jas m i m ) .
Percebe-se, tam bém , que o que elas valorizam como
u m bom atendimento é receber informações sobre o processo
pelo q u a l estão passa n d o e o q u e virá , a prontidão, no
atendimento, evitando sofrimento desnecessário, e o fato de
o s p rofi s s i o n a i s s e d i s po r e m a e s cl a recer e ate n d e r
necessidades q u e e l a s possam ter.
Através do d i á logo com fa m i l i ares, amigas, e até
mesmo com outros profissionais, as adolescentes escolhem
o hospital o nd e desej a m dar à l u z .
E u já tive amigas, né que tiveram filhos e elas
sempre reclamavam assim, que os médicos xingavam, e as
Rev. B ra s . Enferm . , Bras í l i a , v. 55, n. 4, p. 384-39 1 , j u l ./ag o . 2002
389
Percepções da adolescente . . .
enfermeiras também. Mas e u não fui xingada em momento
nenhum assim . . . (. . . ) Cheguei a arrancar o soro na hora
antes de ir para sala de parto. Começou a me dar uma
contração e quando eu vi já tava lá nos pés da cama
gritando, né ? E daí arranquei o soro e não percebi. Mas eles
nào me xingavam! (Tu lipa).
Na fa la de Tu l i p a , constata-se o poder cred itado à
eq u i pe de saúde. Ao rea g ir à dor, reti ra ndo o soro d e u m a
veia periféri ca , ela se su rpreende d e não ser x i n g a d a por
isso. Acred ita que a g i u e rrado e q u e , portanto , a eq u i pe
poderia repreendê-Ia . A violência hospita la r à m u l her é tão
com u m que causa su rpresa q uando não acontece .
Como demonstração d e d escaso do atend i mento
de saúde e da reação de algu mas pacientes, a fala de Azaléia
ao ser informada das condições i nadequadas de atend imento
do hospital "Y" , decide evitá-lo por recomend ação da sua
méd ica .
Eu escolhi vir pra c á porque a minha médica do pré­
natal disse que no hospital "Y", eles atendem os pacientes
de costas, como se eles quisessem que todo mundo fosse
embora. Daí, ela me deu um encaminhamento de emergência
por causa da minha anemia (Aza lé ia ) .
A s adolescentes sentem-se segu ras pe la qualidade
do s e rv i ç o p re sta d o , e p o r c o n s i d e ra re m p o s i t i v o o
atendimento nessa i n stitu ição d e e n s i n o .
E até agora, pra mim, pra quem for ganhar, eu vou
falar pra vir aqui para o Hospital de Clínicas, porque eu fui
atendida maravilhosamente. Os médicos me trataram ótima . . .
(Rosa).
A ênfase ao bom atend i m ento é dada através d e
aspectos relacionados à h u m a n izaçã o , considerada pelas
adolescentes como: presença constante d e u m profissional
ao lado delas, aj udando-as e enco rajando-as, o d iálogo
amigável, como uma troca de carinho, experiência e respeito.
Tinha bastante enfermeiras assim, na minha volta,
o doutor e a doutora me ajudando. Daí eles até na hora de
fazer a força, me ajudaram, né ? Puxa vam minhas pernas,
isso me ajudou bastante, porque eu acho que eu não teria
força. Acho que eu não consegui ter- bastante força que era
necessário. Ainda mais que ela era grande (Tu l i p a ) .
Aí perguntava se eu ta va sentindo alguma coisa.
Tipo como se ela tivesse querendo descontrair pra eu não
sentir a dor, entende u ? Como se ela quisesse me confortar
pra não sentir a dor, assim, pra mim como se eu m e
desligasse d a dor (Aza lé ia ) .
Ah! É ter a s pessoas chegarem com jeito, conversar
com a gente, perguntar se a gente quer alguma coisa e tal.
Chegar como amiga, não chegar 'ah, tá precisando de alguma
coisa ' ou então nem conversar, que nem tem alguns médicos
que vão só chegando 'ai eu vou fazer um exame de toque ' e
já vão, né ? Não, os daqui não. Eles chegam, conversam,
perguntam as coisas pra gente, deixam a gente mais (. . . )
relaxado e tal. A gente se sente mais à vontade com os
profissionais daqui (Girasso l ) .
Tulipa salienta a importância de expl icações prévias
aos atos médicos , e G i rassol valoriza a possibilidade de
escolha de sedativo para a dor.
Eu entendi tudo, por exemplo, quando foram fazer a
390
anestesia, a médica veio e me explicou, perguntou se eu
queria. Ah, quando botaram o soro em mim falaram pra que
era o soro e tal. Ah! Agora veio uma enfermeira, uma médica
do aleitamento, da amamentação, sei lá, e me explicou
como é que eu tinha que dar mamá, as posição e tal, veio
os pediatras, também, eles pegam e explicam direitinho as
coisas. Até agora tá indo tudo bem (Tu l i pa ) .
Todas as participantes do estudo referem terem sido
bem tratadas. Quando q uestionadas sobre: "o que é ser bem
trata d a ?" - a s mães a d o l escentes e nfatizam o pronto
aten d i m e nto como i m portante fator d o cu i d ado a e l a s
prestado.
Ai eu acho assim, se preocupar se tu tá sentindo
alguma dor ou não, e daí qualquer coisa que tu sentir tu
poder contar com a ajuda delas, né ? Saber que tu pode
chamar e elas vão lá te atender, e assim, não demorar
muito (Tulipa).
Ah! Tipo assim, no caso se tu pede alguma coisa,
digamos (. . ) no caso o meu lençol suja de sangue, que
isso é uma coisa que acontece bastante, daí tu chama a
enfermeira e pede pra ela trocar pra ti se tu pede pra ela e
ela demora umas duas horas até vir de novo com o lençol ou
nem lembra mais que tu pediu. Se ela tem aquela atenção e
'ha já vou buscar pra ti', já pergunta se quer mais alguma
coisa (. . . ) assim eu acho que é um bom atendimento!
(Sufena).
.
O utro fator i m po rtante d o cuidado à parturiente
adolescente é a orientação q u e d eve ser feita através de
u m a l i n g u a g e m s i m p l e s e o bj et i v a . A p re s e n ça d o s
profissionais também é u m aspecto relevante, apontado pelas
adolescentes como fonte de seg u rança e auxílio d u rante a
partu rição.
É, eles tratam a gente bem, né ? Orientar a gente,
porque principalmente eu que não tenho experiência. E até
agora eles tão me orientando bem, e tudo, banhinho e coisa!
( Hortênsia).
Ah! Ficar ajudando a pessoa, fica no lado . . . eles
me ajudaram bastante lá, começaram a perguntar o meu
nome (Orq u ídea).
E m s u m a , a troca de s a b e res e experi ê n c i a s
poss i b i l ita i r m u ito a l é m d a tra n s m i ssão de i nformações e
contri b u i r para a construção d e espaços de convivência
h u m a n izantes n a maternidade e m que atuam a eq u i pe de
saúde e as mães adolescentes.
CONSIDERAÇÕES FI NAIS
N e s t e e s t u d o , p ro c u ro u - s e c o m p re e n d e r a
compl exidade do fato d e ser gestante e adolescente ao
mesmo tempo, e d e que modo essas jovens se relacionam
com o s i stema d e saúde. E m suas fa las evidencia-se que
u m atendimento h u m a n izado é possíve l , e as adolescentes
reve l a m a e x i stê n c i a de p rofi s s i o n a i s sensi b i l izados e
com p rometidos com a melhoria da saúde das mul heres no
processo de parturição, na institu ição onde foram atendidas ..
A l iteratu ra mostra que a g ravidez na adolescência
d ifici l mente é planejada , e m u itas adolescentes vivenci a m ,
d e m o d o tra u m ático , esse acontecimento p o r se tratar de
a l go indesejado. No entanto, a peq uena a mostra de sujeitos
Rev. B ras. E nferm . , B ras í l i a , v . 55, n . 4 , p . 384-39 1 , j u l ./ag o . 2002
PORTO, J . R . R . ; LUZ, A . M . H .
deste estudo revelou u m a nova concepção de g ravid ez na
adolescência, pois a maioria (80 % ) das participantes desejou
engravidar. Destaca-se que o sentido de planej a mento d e
u m a g rav i d ez n a a d o l e s c ê n c i a n ã o p o ss u i o m e s m o
significado para uma m u l her adulta . Os motivos qu e levaram
as a d o l e scentes a o pt a r p e l a g r a v i d e z são frá g e i s e
desprovidos da noção d e responsabilidade qu e envolve uma
gravidez em qualquer etapa da vida: gostar de criança , desejo
de companhia e de ser m ã e .
Outro aspecto releva nte , relacionado ao pri m e i ro
objetivo deste estud o é a i nserção da s adolescentes na
s o c i e d a d e . Ao c o n s t a t a r- s e q u e d a s o n z e j o v e n s
entrevi stad a s , d ez a b a n d o n a ra m o s estu d o s a ntes d e
completa rem o ensino fu ndamenta l ou méd i o , questiona-se
sobre o futu ro d e s s a s m u l h e re s q u e p o d e r ã o , até ter
condições fi nance i ra s pa ra criar e ed u ca r seus fi lhos, mas
estão abrindo mão de se capacitar melhor para com peti r no
mercado d e trabalho, cad a dia m a i s exigente.
Q u a nto à p e rcepção das a d o lescentes sobre o
atendimento de saúde prestado pela equ i pe hospitalar, todas
mostra ra m-se sati sfe i t a s com a a s s i st ê n c i a p e r i n at a l
realizada.
Como a maioria das partici pantes está vivenciando
a i nternação hospitalar pela primeira vez, o modo encontrado
para classificar o atend i m ento p restado pela i n stitu ição foi
através da comparação com outros hospitais, nos quais foram
atend idas d u rante a gestação, a pontando aspectos positivos
do atendimento d o hospital onde real izaram o parto.
A s a d o l e s c e n t e s v a l o r i z a ra m o q u a d ro d e
fu ncionários, reforça n do a s atitudes d e dispon i b i l idade, d e
pronto ate n d i m ento desses p rofissionais, o respeito à s
dificuldades e a o s m e d o s q u e emerg i ra m d u ra nte o período
d e partu rição. Relata m , a i n d a , q u e foram adequadamente
o r i e n ta d a s e q u e p e rc e b e ra m a p re o c u p a ç ã o d o s
p rofi s s i o n a i s e m a l i v i a r o sofri m e nto d e l a s d u ra nte a s
contrações provocadas pelo trabalho d e parto.
N e n h u m a paciente teve seu bebê nesse hospita l ,
por acaso. Todas, de a l g u m modo, escolhera m a i nstitu ição,
com a ajuda de familiares, amigas ou profissionais, revelando,
a partir das falas da s adolescente s, o papel soci al e a
confiabilidade q u e a i n stituição poss u i .
U m aspecto i mportante a ressaltar foi a revelação
da assistência h u m a n iza d a , n a q u a l a paciente sente-se
respeitad a e seg u ra e real izada , evita ndo-se, assi m , mais
uma crise para essa m u l he r que, m u itas veze s, chega ao
fi n a l d a g e st a ç ã o fi s i ca m e n t e c a n s a d a e fra g i l i za d a
emocionalmente.
O ú l t i m o o bj et i v o r e l a t i v o ao m o d o c o m o a s
adolescentes gostariam d e s e r c u i d a d a s no período d e
maternidade, verifica-se n ã o s e r m uito diferente da realidade
por elas expere n c i a d a . E x p re s s a m a n eces s i d a d e da
presença d e u m p rofissional competente e amigo. I sso l eva
a crer q u e a técnica sem h u ma n i d a d e está d i stante d a
concepção d e ate n d i mento e m s a ú d e , desej a d o p e l a s
m u lheres adolescentes.
Cada fu ncion á ri o d a i n stituição poss u i u m papel
i m portante no atend im e nto às pacientes que, certa mente ,
não e s q u ecerã o , tanto o sorriso q u a nto o cari n h o q u e
receberam nos dife rentes setores p o r o n d e passara m .
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