aplicação do conceito de proteína ideal para bovinos

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aplicação do conceito de proteína ideal para bovinos
APLICAÇÃO DO CONCEITO DE PROTEÍNA IDEAL PARA
BOVINOS LEITEIROS
Flávio Augusto Portela Santos1; Fernanda Lopes Macedo2; Lucas Jado Chagas2
1
Professor titular do Dept. de Zootecnia da ESALQ/USP; 2Pós-graduação do Dept. de Zootecnia
da ESALQ/USP
INTRODUÇÃO
A nutrição proteica de ruminantes evoluiu de forma considerável
desde a publicação das primeiras normas de nutrição de bovinos por W.
A. Henry em 1898, com a primeira edição do livro FEEDS AND
FEEDING nos Estados Unidos. Na época, a vaca leiteira média do
rebanho norte americano produzia menos que 1.500 kg de leite/ano e
nas palavras do referido autor “uma boa vaca leiteira deve produzir ao
redor de 3.000 kg de leite/ano”. Na primeira edição do livro acima
citado, extensa lista de tabelas de composição de alimentos já se
encontrava disponível e as exigências protéicas foram apresentadas em
termos de proteína digestível (kg por 1000 kg de peso corporal), com
base em estudos de digestibilidade e desempenho animal (Tabela 1).
Tabela 1 - Exigências nutricionais de vacas leiteiras (W. A. Henry, 1898)
kg por 1000 kg de peso corporal
Kg de leite
11,0
16,6
22,0
27,5
MS
25
27
29
32
PD
1,6
2,0
2,5
3,3
CHOD
10
11
13
13
EED
0,3
0,4
0,5
0,5
NDT
12,3
14,0
16,7
18,2
MS: matéria seca; PD: proteína digestível; CHOD: carboidratos digestíveis; EED:
extrato etéreo digestível; NDT: nutrientes digestíveis totais.
Na página 461 do livro o autor relata o levantamento feito por
técnicos treinados da Universidade de Wisconsin, em 9 fazendas típicas
da época. De acordo com os dados levantados, as dietas fornecidas
para as vacas leiteiras encontravam-se deficientes em proteína
(proteína digestível) e foram reformuladas de acordo com as normas
propostas no referido livro (Tabela 2).
302 - 1st International Symposium of Dairy Cattle
Tabela 2 - Readequação protéica de dietas em 9 fazendas leiteiras
nos Estados Unidos no século XIX
Item
Ração original
Ração reformulada
PV, Kg
340,2
340,2
PD, g
762
984
NDT, g
26650
25900
Razão nutritiva
1:7,5
1:5,6
PV: peso vivo; PD: proteína digestível; NDT: nutrientes digestíveis totais.
O livro FEEDS AND FEEDING foi reeditado posteriormente ao
longo do século XX pelo Dr. Morrisson, e até o início da década de 70,
dividiu com as edições iniciais do NRC, o papel de principal fonte de
informação sobre exigências nutricionais e guia para formulação de
rações para bovinos nos Estados Unidos e também no Brasil.
Por várias décadas as estimativas das exigências protéicas
continuaram a ser obtidas a partir de ensaios de desempenho e
digestibilidade, até o aprimoramento dos ensaios de metabolismo, que
possibilitaram o desenvolvimento do método fatorial de exigências,
utilizado até o momento pelos principais sistemas protéicos disponíveis.
O método fatorial consiste em dividir a exigência protéica do animal em
exigências de manutenção e de produção. As exigências de
manutenção consistem do nitrogênio (N) endógeno urinário, N de
descamação (pele e pêlos) e N metabólico fecal. As exigências de
produção consistem do N necessário para o feto, crescimento e
lactação. Entretanto, até o final da década de 70 nos Estados Unidos,
as exigências protéicas de bovinos leiteiros ainda eram expressas com
base em proteína bruta ou proteína digestível.
A seguir apresentamos breve histórico da evolução da nutrição
protéica de bovinos leiteiros com base em estudos publicados no
Journal of Dairy Science desde sua primeira edição em 1917.
Com a aprovação do uso da uréia para a alimentação animal nos
Estados Unidos em 1941, teve início uma série de experimentos com
essa fonte protéica. A uréia passou a ser então a grande vedete entre
as fontes protéicas nos trabalhos publicados no Journal of Dairy
Science até meados dos anos 70, sendo tema também das primeiras
revisões sobre proteína para vacas leiteiras publicadas nesse periódico.
Em 1943 (Rupel et al, 1943) avaliaram níveis de inclusão de
uréia em dietas para vacas leiteiras com produções de 3500 kg de
leite/lactação (LCG a 4%) em substituição ao farelo de linhaça. Os
autores concluíram que a uréia deveria ser fornecida em no máximo 1%
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 303
da MS da dieta total ou 3% no concentrado, recomendações essas que
passaram a ser adotadas por produtores na América do Norte.
Já na década de 60, pesquisadores da Universidade de New
Hampshire realizaram 3 estudos (Colovos et al, 1967; Holter et al, 1968)
onde foram avaliados 4 níveis de inclusão de uréia no concentrado (0;
1,25; 2,0 e 2,5%) em substituição ao farelo de soja, para vacas com
produções ao redor de 7.300 kg/lactação. Os autores concluíram que
“vacas podem usar uréia em níveis mais altos que os adotados no
nordeste dos EUA, que é de no máximo 1% do concentrado”.
Os debates sobre o uso de uréia em comparação com fontes de
proteína verdadeira para vacas leiteiras tornaram-se mais acirrados na
década de 70, período de maior publicação de trabalhos sobre essa
fonte de NNP (nitrogênio não protéico) para vacas leiteiras. Dois
pesquisadores de renome nos Estados Unidos destacaram-se nas
discussões sobre o uso de uréia. De um lado o Dr. Larry Satter, com
base em estudo “in vitro” (Satter e Slyter, 1974) sugeriu que 2 a 5mg de
N-NH3/dl de fluido ruminal seriam suficientes para otimizar a produção
de proteína microbiana no rúmen. Em revisão publicada pelo mesmo
pesquisador (Satter e Roffler, 1975) foi proposto que para vacas
leiteiras, só se deveria incluir uréia na dieta quando a concentração
ruminal de N-NH3/dl fosse inferior a 5 mg/dl, ou em rações com teores
de PB inferiores a 12-13%.
Essas recomendações foram contestadas pelo Dr. J. T. Huber
com base nos seus trabalhos clássicos sobre adição de uréia em
silagem de milho para vacas com produções superiores a 30 kg de
leite/dia (Huber e Kung Jr, 1981; Kung Jr e Huber, 1983).
Apesar do aperfeiçoamento nas determinações das exigências
de proteína digestível entre os anos de 1898 e a década de 60,
questionamentos cada vez mais frequentes passaram a ser feitos sobre
o sistema protéico vigente na época. A publicação de Morrisson (1959)
e a terceira edição do NRC publicada em 1958 (NRC, 1958)
constituíam-se nas principais referências quanto às exigências
nutricionais dos bovinos e composição química dos alimentos.
Era crescente a convergência do pensamento científico sobre a
necessidade do desenvolvimento de um sistema capaz de atender tanto
às exigências dos microrganismos ruminais por compostos
nitrogenados degradáveis no rúmen, quanto do ruminante em termos de
proteína digerida no intestino, ou seja, entrava-se na fase embrionária
dos sistemas de proteína metabolizável adotados atualmente nos
304 - 1st International Symposium of Dairy Cattle
principais modelos para bovinos leiteiros desenvolvidos na América do
Norte como o CNCPS (Russel et al., 1992) e o NRC (2001).
Segundo Satter e Roffler (1975) Burroughs foi provavelmente o
primeiro pesquisador a usar o termo “proteína metabolizável” para se
referir à proteína digerida no intestino delgado ainda em 1972.
O primeiro simpósio específico sobre proteína publicado no
Journal of Dairy Science foi provavelmente em 1975. Nesse simpósio
Satter e Roffler (1975) criticaram os sistemas de proteína digestível e
defenderam a elaboração de um sistema de proteína metabolizável.
Clark (1975) com base em trabalhos de infusão abomasal ou duodenal
de caseína em vacas leiteiras de alta produção, enfatizou a importância
da adequação do suprimento de proteína não degradável no rúmen
(PNDR) e de aminoácidos em dietas para esses animais. No mesmo
simpósio Chalupa (1975) revisou dados até então “escassos” nas
palavras do próprio autor, sobre o fornecimento de fontes ricas em
PNDR e de aminoácidos (AA) quanto aos seus efeitos no desempenho
de vacas leiteiras. Nesse artigo, o autor enfatizou a importância de se
otimizar a síntese ruminal de proteína microbiana (Pmic) e a importância
do uso de nitrogênio não protéico (NNP) para suprir amônia para as
bactérias ruminais, entretanto, o autor também discutiu as limitações do
rúmen como supridor de proteína metabolizável para vacas de alta
produção, realçando a importância de fontes ricas em PNDR e a
possibilidade de suprir diretamente AA para esses animais.
Definitivamente havia sido dada a largada para o desenvolvimento de
sistemas de proteína metabolizável para bovinos leiteiros.
A proposta então amadureceu ainda mais com o Simpósio sobre
proteína para vacas leiteiras publicado pelo Journal of Dairy Science
em 1984, onde as publicações abordaram temas como, degradação
ruminal, digestão intestinal e absorção de compostos nitrogenados, a
importância do N metabólico fecal e a excreção urinária de N, o
metabolismo pós absortivo de AA, a resposta animal a diferentes teores
de PB e fontes de PNDR, e finalmente as implicâncias do excesso de
proteína bruta nas dietas.
Esse processo finalmente foi concretizado com a publicação do
modelo de “proteína absorvida” em 1985 (NRC, 1985). Mesmo assim,
essa publicação ainda foi embasada em número limitado de dados. As
limitações até aquele momento eram principalmente o número pequeno
de estudos com vacas de alta produção e com animais canulados, as
dificuldades metodológicas, imprecisões e a escassez de dados
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 305
relativos à degradação ruminal de proteínas e à síntese de proteína
microbiana.
O modelo então denominado de “proteína absorvida”, apesar da
terminologia não ser a mais adequada, foi adotado pelo NRC de
bovinos leiteiros editado em 1989 (NRC, 1989). As décadas de 80 e de
90 foram as de maior publicação de artigos relativos à nutrição protéica
de vacas leiteiras no Journal of Dairy Science e possibilitaram
aperfeiçoamentos, que culminaram com as edições do modelo dinâmico
de proteína metabolizável proposto no CNCPS (Russel, et al, 1992) e
pela mais recente edição do NRC (NRC, 2001). Cientes de que era
necessário evoluir além da adequação de PDR para suprir os
microrganismos ruminais e da adequação de proteína metabolizável
para o bovino, esses dois novos modelos contemplaram também, submodelos para o balanceamento de AA em dietas para vacas leiteiras.
Nas Tabelas 3 e 4 pode ser observada a evolução cronológica
dos temas abordados nos trabalhos sobre nutrição protéica de bovinos
leiteiros, publicados no Jornal of Dairy Science desde sua primeira
edição em 1917.
Tabela 3 - Trabalhos sobre proteína para vacas leiteiras publicados no
Journal of Dairy Science desde 1917
Período
Uréia
1917-29
1930-49
1950-59
1960-69
1970-79
1980-89
1990-99
2000-09
2010-11
4
2
6
19
3
1
3
1
Fontes
PNDR
4
2
2
4
13
30
62
29
3
Níveis/
Fontes
1
2
9
20
15
31
2
A
A
1
6
10
23
28
7
Exigências Metabolismo Revisões
Metodologia
3
5
2
1
4
1
1
8
2
5
12
4
4
37
5
6
48
2
6
28
6
2
11
2
PNDR: proteína não degradável no rúmen; AA: aminoácidos.
* Alguns trabalhos avaliaram duas ou mais variáveis.
Total
12
8*
10
24
68
109
157
131
20*
306 - 1st International Symposium of Dairy Cattle
Tabela 4 - Evolução das produções médias de leite do rebanho leiteiro
americano e do conhecimento sobre nutrição protéica
Período
Sistema
protéico
Vaca EUA,
kg/dia
Tema
Trabalhos
publicados
4,5
Vaca
experimental,
kg/dia
8 – 13
1917-29
PD
-
12
1930-49
1950-59
PD
PD
5,7
6,6
12 – 17
12 - 17
U
U
8
10
1960-69
PD
-
20 - 35
U
24
1970-79
PD
11,6
25 - 35
U
68
1980-89
PA
14,8
30 - 35
PNDR
109
1990-99
PA
22,7
30 – 40
157
2000-09
PM
AA
-
30 – 45
PNDR
AA
PNDR
AA
131
PD: proteína digestível; PA: proteína absorvida; PM: proteína metabolizável; AA:
Aminoácidos; U: uréia; PNDR; proteína não degradável no rúmen.
Com base nas Tabelas 3 e 4 fica evidente a determinação e
objetividade da comunidade científica americana (publicações
majoritárias no JDS) no sentido de gerar informações que
possibilitassem o desenvolvimento dos modelos de proteína
metabolizável disponíveis no momento.
Em síntese, os sistemas evoluíram das determinações de
exigências em proteína digestível ou bruta para os atuais modelos de
proteína metabolizável, que permitem adequar as exigências da
população microbiana ruminal em compostos nitrogenados, assim como
as exigências do ruminante em proteína metabolizável. Os sistemas de
proteína metabolizável têm estimulado e permitido avanços no
conhecimento das exigências em aminoácidos dos ruminantes e o
balanceamento do perfil de aminoácidos essenciais da proteína
metabolizável. Esses avanços têm possibilitado ganhos de
produtividade animal por meio da otimização da síntese de proteína
microbiana no rúmen, adequação das doses de proteína não
degradável no rúmen, adequação da quantidade e qualidade da
proteína metabolizável suprida para o animal, redução nas perdas de
compostos nitrogenados e redução do impacto negativo da liberação
desses compostos para o ambiente.
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 307
CARACTERIZAÇÃO E FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS
Proteínas são macromoléculas presentes nas células com
funções diversas como componentes estruturais, funções enzimáticas,
funções
hormonais,
recepção
de
estímulos
hormonais
e
armazenamento de informações genéticas. As proteínas são compostas
de unidades formadoras, os AA, unidos por ligações peptídicas. Apesar
de ocorrerem na natureza aproximadamente 300 AA distintos, apenas
20 deles estão presentes nas proteínas de microrganismos, plantas e
animais. A hidrólise de qualquer proteína natural dos seres vivos produz
uma mistura dos 20 L-α-AA. Todos esses AA contêm um grupamento
carboxílico (COOH) e um grupamento amino (NH3+) funcionais ligados
ao carbono e possuem as configurações absolutas do L-gliceraldeído e,
portanto, são L-α- AA.
Os 20 L-α-AA presentes nas proteínas dos seres vivos podem
ser classificados de várias formas, entretanto, do ponto de vista da
nutrição de animais ruminantes e não ruminantes, eles são classificados
principalmente como aminoácidos essenciais (AAE) e aminoácidos não
essenciais (AANE). Os AAE não são sintetizados pelo organismo do
animal, ou são sintetizados (Arg e His) em quantidades insuficientes
para suprir as exigências. Dos 20 L-α-AA, 10 são considerados AAE
tanto para ruminantes como para não ruminantes: ariginina (Arg),
histidina (His), isoleucina (Ile), leucina (Leu), lisina (Lis), metionina
(Met), fenilalanina (Phe), treonina (Thr), triptofano (Trp) e valina (Val).
Os AANE são aqueles que podem ser sintetizados pelo tecido animal a
partir de metabólitos do metabolismo intermediário e de grupamentos
amino provenientes do excesso de AA. Podem ser sintetizados a partir
de outros AANE ou mesmo de AAE, quando necessário. São eles:
alanina, ácido aspártico, asparagina, cisteína, ácido glutâmico,
glutamina, glicina, prolina, serina e tirosina.
Os 20 L-α-AA são requeridos pelo organismo principalmente
para a síntese de proteínas, mas podem também ser utilizados para a
síntese de outros metabólitos. Com base nos metabólitos produzidos,
os AA podem ser classificados em:
a) glicogênicos (Ala, Arg, Asp, Cis, Glu, Gli, His, Met, Pro, Ser, Thr e
Val), importantes precursores para a síntese de glicose, através da
gliconeogênese hepática em ruminantes;
b) cetogênicos (Leu), precursores para a síntese de ácidos graxos;
308 - 1st International Symposium of Dairy Cattle
c) glicogênicos e cetogênicos (Ile, Lis, Phe, Trp e Tir), precursores tanto
de glicose como de ácidos graxos.
O teor de AAE e a proporção entre esses AA na proteína
metabolizável no intestino determinam a eficiência de utilização dessa
proteína pelo ruminante. Quando a proteína metabolizável é de alta
qualidade (rica e com perfil adequado em AAE), o teor de proteína bruta
da ração pode ser reduzido, a eficiência de utilização da proteína
metabolizável é otimizada, a excreção de uréia e de outros compostos
nitrogenados é reduzida e o desempenho animal é maximizado.
A proteína bruta (PB) contida nos alimentos consumidos por
ruminantes, calculada como N x 6,25 (assume teor de N na proteína de
16%), contém N na forma protéica (AA unidos por meio de ligações
peptídicas que formam uma molécula de proteína) e N na forma não
protéica (NNP), representado por AA livres, peptídeos, ácidos nucleicos,
amidas, aminas e amônia.
IMPORTÂNCIA DA PROTEÍNA MICROBIANA PARA VACAS LEITEIRAS
A proteína bruta contida nos alimentos dos ruminantes é
composta por uma fração degradável no rúmen (PDR) e uma fração não
degradável no rúmen (PNDR). A degradação de proteína no rúmen
ocorre pela ação de enzimas (proteases, peptidases e deaminases)
secretadas pelos microrganismos ruminais. Esses microrganismos
degradam a fração PDR da PB da ração e utilizam peptídeos, AA e
amônia, para a síntese de proteína microbiana e multiplicação celular. A
precisão dos atuais sistemas protéicos, baseados nas exigências em
proteína metabolizável, é altamente dependente de informações
precisas quanto às frações degradáveis e não degradáveis dos
alimentos.
O suprimento de quantidades adequadas de PDR e PNDR é
fundamenta para otimizar a produção de proteína microbiana e
complementá-la adequadamente com PNDR e, assim, suprir as
exigências em proteína metabolizável dos animais.
A proteína metabolizável (PM) no intestino de ruminantes é
representada pelo total de AA provenientes da digestão intestinal da:
a) proteína microbiana produzida no rúmen;
b) PNDR de origem alimentar;
c) proteína endógena.
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 309
A Pmic é normalmente a principal fonte de proteína para
ruminantes, na maioria das situações produtivas. Ela pode representar
ao redor de 45 a 55% da PM no intestino de vacas leiteiras de alta
produção, 55 a 65% em bovinos de corte confinados com rações ricas
em energia e mais de 65% em bovinos mantidos exclusivamente em
pastagens. Portanto todo e qualquer programa nutricional só terá
sucesso se a produção de Pmic for otimizada. Manipulações da ração
que resultem em redução na síntese microbiana, normalmente,
comprometem o desempenho do animal. O desempenho pior pode
ocorrer em razão da redução na fermentação ruminal, com efeitos
negativos no consumo de alimento e, portanto, na disponibilidade de
energia para o animal, como também pela redução na quantidade e/ou
qualidade da PM disponível no intestino.
No tocante à nutrição proteica, a exigência metabólica do
ruminante não é por PB, NNP, PDR ou PNDR, mas sim por AA. As
células dos tecidos dos ruminantes necessitam de AA para seu
metabolismo. Os AA devem estar disponíveis para o metabolismo dos
tecidos em quantidades e proporções adequadas para eficiência
máxima. Sendo assim, o valor nutricional da PM para ruminantes
depende, principalmente, do seu perfil em AAE.
A qualidade da fonte suplementar de proteína para ruminantes
pode dentre outros fatores, ser estimada com base no seu perfil em
AAE. O escore químico para cada AAE pode ser estabelecido para a
proteína alimentar com base no teor dos AAE na proteína do alimento
em relação ao teor desses AAE na proteína do leite (para vacas em
lactação) ou no tecido muscular (para animais em crescimento ou
terminação) por meio da fórmula:
Escore do AAy = (% do AAy na proteína do alimento / % do AAy na
proteína do leite ou tecido) x 100
O valor máximo para o escore é 100, mesmo quando a proteína
do alimento contiver teor de determinado AAE maior que o da proteína
do leite ou do tecido muscular. O escore médio dos 10 AAE para cada
fonte protéica pode então ser calculado, conforme apresentado na
Tabela 5.
310 - 1st International Symposium of Dairy Cattle
Tabela 5 - score químico1, índice de AAE (AAEi2) e AAE mais limitantes3 de diferentes
fontes de proteína, quando comparadas com a proteína do leite.
Fonte de proteína
Farinha de sangue
Farinha de peixes
Farinha de penas
Farinha de carne
Farinha de carne e ossos
Farelo glúten de milho 60
Farelo de alfafa
Resíduo de cervejaria
Resíduo de destilaria
Farelo de soja
Microrganismos
His
100
77
11
67
64
67
69
56
74
Phe
100
69
59
65
64
100
100
100
84
Leu
93
58
66
46
46
100
55
83
72
Thr
86
68
59
59
59
60
80
65
63
Met
45
100
23
49
49
100
60
78
81
Arg
33
59
32
76
76
36
50
53
42
Val
70
59
38
51
48
48
66
65
53
Ile
10
47
32
36
36
40
51
74
38
Trp Lis
76
91
71
80
29
13
39
58
32
55
30
18
100 46
87
34
45
24
89
90
100
97
56
54
74
100
56
97
89
79
60
66
55
61
75
99
70
100
AAEi
60
68
34
53
51
52
65
67
54
71
82
AA limitantes
Ile
Arg Met
Ile
Leu Val
His
Lis Met
Ile
Trp Leu
Trp
Ile Leu
Lis
Trp Arg
Lis
Arg Ile
Lis
Arg His
Lis
Ile Arg
Ile
Leu
Leu
Ile
Met
Val
Adaptada de Santos et al. (1998).
1: calculado como (% dos AA na fonte de proteína / % dos AA na proteína do leite) x 100. O escore 100 é o
máximo possível, e significa que a fonte de proteína tem a mesma % dos AA em questão em relação à
proteína do leite;
2: AAEi = [(log dos AAE na fonte de proteína) / (log dos AAE na proteína do leite)] x 100;
3: listados em ordem de limitação.
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 311
A análise dos dados das Tabelas 5 mostra de forma clara a
superioridade da proteína microbiana em relação às principais fontes
protéicas disponíveis comercialmente para serem utilizadas em rações
de ruminantes. A proteína microbiana é equilibrada na maioria dos AAE
em relação à proteína do leite ou do tecido muscular. Apesar da análise
dos dados indicarem que os AAE mais limitantes na proteína microbiana
são os de cadeia ramificada, leucina, valina e isoleucina, a grande
maioria dos trabalhos tem mostrado que lisina e metionina são os dois
AAE mais limitantes para a produção de leite e de carne na maioria das
rações utilizadas para vacas de alta produção e para bovinos em
crescimento. A proteína microbiana tem perfil excelente desses dois
AAE, muito parecido com o da proteína do leite e do tecido muscular.
Além de proteínas, as células microbianas contêm carboidratos, lipídios,
minerais e vitaminas na sua composição e portanto, esses nutrientes
são necessários no meio ruminal para que a população microbiana
possa se multiplicar de forma eficiente.
Com base no discutido acima, fica clara a importância de se
otimizar a síntese de Pmic no rúmen, pois isso indica o uso eficiente da
PDR ingerida, menor perda de amônia ruminal e menor excreção de
uréia, menor necessidade de PNDR na ração e maior fluxo de proteína
metabolizável com melhor perfil de AAE para o intestino.
Com o objetivo de otimizar a síntese microbiana no rúmen de
vacas leiteiras deve-se garantir as seguintes condições:
a) Fornecer fonte de forragem de alta qualidade para otimizar a
ingestão total de MS, o ambiente ruminal em termos de pH e a
geração de energia proveniente da fermentação de FDN de alta
qualidade
b) Fornecer fontes de CNF (amido, açúcares e pectina) de alta
fermentabilidade ruminal, respeitando limites máximos de CNF
totais em relação aos teores de FDN e de FDN de forragem ou
FDN fisicamente efetiva da dieta.
c) Balancear a dieta em CNF não apenas no tocante ao seu teor
total, mas também quanto à sua composição em carboidratos, ou
seja, monitorar o teor específico e a degradabilidade ruminal do
amido presente na fração CNF das dietas.
d) Garantir o suprimento adequado de PDR (peptídeos, aminoácidos
e amônia) para os microrganismos ruminais.
312 - 1st International Symposium of Dairy Cattle
Controvérsia ainda existe quanto à concentração mínima de
amônia no fluido ruminal para maximizar a síntese microbiana.
Trabalhos iniciais in vitro sugeriram que valores tão baixos quanto 2 a 5
mg de N amoniacal/dL de fluido ruminal seriam suficientes em rações
ricas em fibra. Esses valores são inferiores aos normalmente obtidos
em condições práticas com vacas leiteiras alimentadas com rações bem
balanceadas para desempenho elevado. Trabalhos conduzidos in situ
têm sugerido valores bem superiores a 2 a 5 mg/dL, ou seja, da ordem
de até 22 mg de N amoniacal/dL de fluido ruminal para maximizar a
fermentação de fontes de CHO de alta degradabilidade. É de se esperar
que o teor ótimo de N amoniacal seja variável em razão da
disponibilidade de energia fermentável no rúmen. De acordo com a
literatura consultada, de forma consistente a substituição parcial ou total
de fonte protéica rica em PDR como o farelo de soja, pelas mais
diversas fontes comerciais ricas em PNDR, diminuiu a passagem de
proteína microbiana para o duodeno. Essa observação, com certeza,
ocorreu em virtude da menor disponibilidade de PDR no fluido ruminal.
É mais provável que tenha havido limitação de amônia no fluido ruminal
que limitação de peptídeos e AA.
A degradabilidade ruminal das fontes protéicas pode afetar a
disponibilidade ruminal de amônia, aminoácidos e peptídeos para a
síntese microbiana. Os antigos sistemas protéicos baseados em PD ou
PB desconsideravam as exigências microbianas em compostos
nitrogenados. Com a publicação do sistema de Proteína Absorvida
(NRC, 1985) e, posteriormente o Sistema de Proteína Metabolizável
(NRC, 2001), tornou-se possível balancear as rações tanto em PDR,
para suprir as exigências dos microrganismos ruminais, quanto em
PNDR, para complementar a Pmic e suprir a exigência de PM do
ruminante.
De acordo com o NRC (2001) valores entre 10 a 11% de PDR na
matéria seca da ração de vacas leiteiras são exigidos para maximizar a
síntese microbiana. A limitação de PDR pode afetar negativamente a
ingestão de MS, a fermentação de carboidratos e a produção de ácidos
graxos voláteis (AGV), a síntese microbiana e finalmente, a produção e
composição do leite (NRC, 2001). Por outro lado, o excesso de PDR
além de representar desperdício de proteína, de dinheiro, e ser fonte de
poluição ambiental, pode também ter efeito negativo no próprio
crescimento microbiano (Boucher et al, 2007). No NRC (2001) a
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 313
quantidade de proteína microbiana produzida no rúmen é calculada com
base no NDT da ração. A fórmula utilizada é:
kg de Pmic = kg de NDT x 0,13
Nesse modelo a exigência é de 1,18 kg de PDR para cada kg de
Pmic produzida no rúmen. Caso essa quantidade de PDR não seja
suprida, é adotada a seguinte fórmula para o cálculo de Pmic:
kg Pmic = kg PDR x 0,85
A excelente qualidade da proteína microbiana sintetizada no
rúmen permite a ela complementar, em muitos casos, as deficiências
das frações das fontes protéicas da ração que escapam da degradação
ruminal. Esse fato contribuiu para retardar o interesse em busca de
métodos mais sofisticados para a determinação das exigências
protéicas para ruminantes. Pesquisas conduzidas nos anos 60
mostraram que o rúmen foi capaz de suprir toda a proteína necessária
para a produção de até 4.500 kg de leite/lactação de vacas recebendo
uréia como única fonte de N. Entretanto, o potencial genético dos
rebanhos atuais de países desenvolvidos, tem crescido de forma
expressiva desde a década de 60, sendo comum rebanhos com
produções médias por vaca/ano entre 9.000 a 14.000 kg/leite/ano em
sistemas confinados. Isso tem exigido avanços cada vez maiores no
conhecimento da nutrição protéica de vacas leiteiras.
Para as vacas com alto potencial genético em sistemas
confinados, o rúmen não é capaz de suprir toda a proteína necessária
para a manutenção corporal e produção, aumentando assim a
importância da fonte protéica da ração. Nesses casos, maior quantidade
de proteína da ração tem que escapar da fermentação ruminal para ser
digerida no intestino, porém sem que haja limitação de N para a síntese
de proteína microbiana no rúmen. Não apenas a quantidade de proteína
microbiana e de proteína alimentar que escapam da fermentação
ruminal são importantes, mas também a qualidade desta última. O perfil
de AAE na proteína que chega ao intestino é tão importante quanto a
quantidade dessa proteína para que se possa maximizar o desempenho
animal.
Desde a publicação do NRC (1985), grande número de estudos
tem sido conduzido para se determinar as quantidades e as fontes mais
adequadas de PDR e PNDR, para vacas leiteiras, com o objetivo final
314 - 1st International Symposium of Dairy Cattle
de otimizar o fluxo de aminoácidos para o intestino e o desempenho
desses animais.
Com base nas recomendações do NRC (1985, 1989), diversos
autores sugeriram a existência de possível deficiência de PNDR em
rações para vacas leiteiras de alta produção, quando suplementos
protéicos convencionais pobres em PNDR (como farelo de soja) são
fornecidos. Em tais condições, a suplementação com fontes ricas em
PNDR poderia teoricamente aumentar a produção de leite.
TEORES E FONTES DE PROTEÍNA EM DIETAS PARA VACAS
LEITEIRAS
Teor de proteína bruta na dieta
A otimização do balanço entre síntese de proteína microbiana e
degradação de proteína no rúmen de vacas em lactação é ferramenta
importante para maximizar a produção e composição de leite, a
eficiência de uso do N e, ao mesmo tempo, reduzir a excreção de N
para o ambiente. Sistemas de proteína metabolizável atuais (CNCPS,
1992; NRC, 2001) permitem estimar a degradabilidade ruminal da
proteína para suprir as exigências de PDR dos microrganismos e as
exigências de proteína metabolizável da vaca leiteira. Esses sistemas
permitem avanço ainda maior, o balanceamento de aminoácidos da
proteína metabolizável, principalmente no tocante a Lis e Met.
De acordo com a literatura, aumentar o teor de PB da ração
pode reduzir a possibilidade de deficiência de aminoácidos no intestino
e, assim, aumentar a produção de leite. Entretanto, o fornecimento de
rações com excesso de PB aumenta o custo da ração, reduz a
eficiência de uso do N e pode reduzir a fertilidade de vacas leiteiras.
De acordo com a revisão de 82 estudos apresentada no NRC
(2001), a produção de leite aumentou 0,75 kg/vaca/dia quando o teor de
PB na ração foi aumentado de 15% para 16% e apenas 0,35
kg/vaca/dia quando o teor de PB foi aumentado de 19% para 20%. A
produção máxima de leite ocorreu com teores de 23% de PB na ração.
Resultados similares foram reportados por Ipharraguerre e Clark
(2005a), os quais utilizaram um banco de dados maior e mais atualizado
(112 estudos publicados entre 1981 e 2003) e uma metodologia
diferente de análise. Esses autores estimaram aumentos na produção
de leite de 0,94 e 0,42 kg/vaca/dia quando o teor de PB da ração foi
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 315
aumentado de 15% para 16% e de 19% para 20%, respectivamente. A
produção máxima foi obtida com 22,8% de PB.
Na revisão do NRC (2001), o aumento na produção de leite com
o aumento no teor de PB da ração não esteve correlacionado com
aumento no consumo de MS. Efeito positivo do aumento do teor de PB
da ração no consumo de MS é esperado quando a ração é deficiente
em PDR. Essa ocorrência é mais comum em rações com teores de PB
abaixo de 15%, mesmo assim há inconsistência nos dados.
Santos e Pedroso (2011) revisaram 13 estudos sobre doses de
PB em rações para vaca leiteiras de alta produção mantidas em
confinamento, publicados no Journal of Dairy Science entre 2005 e
2009 (Ipharraguerre e Clark, 2005b; Reynal e Broderick, 2005; Groff e
Wu, 2005; Olmos Colmenero e Broderick, 2006a,b; Kalscheur et al.,
2006; Wang et al, 2007; Cabrita et al., 2007; Cyriac et al., 2008; Law et
al., 2009). Vacas alimentadas com rações com menos de 15% de PB
tiveram suas produções de leite aumentadas de forma consistente,
quando os teores de PB das rações foram elevados para 15 a 17%. Na
maioria desses estudos, o consumo de matéria seca não foi afetado
pelo teor de PB das rações.
Em 7 desses 13 estudos revisados, as vacas produziram entre
36,3 e 43,3 kg de leite/dia (Ipharraguerre e Clark, 2005b; Reynal e
Broderick, 2005; Groff e Wu, 2005; Olmos Colmenero e Broderick,
2006a,b; Cyriac et al., 2008). Para essas vacas de alta produção,
aumentar o teor de PB da ração de 16,2-17,2% até 20% não aumentou
a produção de leite nos 7 estudos e não aumentou o consumo de MS
em 5 estudos. A produção de proteína do leite não foi afetada em 6 dos
7 estudos, mas a concentração de uréia no leite aumentou nos 7
estudos e a eficiência de uso do N diminuiu em 6 estudos.
É importante frisar que a ausência de resposta em produção de
leite ao aumento no teor de PB das dietas acima de 17% da MS nos
trabalhos mais recentes em comparação com o banco de dados do
NRC (2001), provavelmente se deve ao aperfeiçoamento na formulação
das dietas com o uso dos modelos de proteína metabolizável vigentes.
Efeito de fontes proteicas
Os dados apresentados a seguir são os resultados da revisão de
literatura feita por Santos et al. (1998), que abrangeu trabalhos
publicados entre 1985 a 1997. Nessa revisão, foram estudados os
316 - 1st International Symposium of Dairy Cattle
efeitos da substituição parcial ou total do farelo de soja (rico em PDR)
por fontes ricas em PNDR. O farelo de soja foi utilizado nesses
experimentos como o tratamento controle, por ser uma das fontes
proteicas mais utilizadas para bovinos leiteiros. Foram compiladas 29
comparações provenientes de 15 ensaios de metabolismo com animais
canulados e 127 comparações de 88 ensaios de produção. Todos os
ensaios foram realizados com vacas de alta produção, mantidas em
sistemas de confinamento total, principalmente nos Estados Unidos e
Canadá.
Com base em 29 comparações obtidas de 15 ensaios de
metabolismo, observou-se que a substituição parcial ou total do farelo
de soja por diferentes fontes ricas em PNDR não afetou o consumo de
matéria seca, reduziu a passagem de proteína microbiana para o
intestino e aumentou a passagem de proteína de origem alimentar. O
resultado final foi que a passagem total de proteína para o intestino não
foi aumentada pelas fontes ricas em PNDR. O fluxo de AAE também
não foi aumentado pelas fontes ricas em PNDR. Um dos principais
argumentos utilizados pelos pesquisadores e nutricionistas, para
justificar a suplementação com fontes ricas em PNDR, sempre foi que o
aumento no fluxo total de proteína e, consequentemente, de AAE para o
intestino deveriam ocorrer.
De modo geral, as fontes ricas em PNDR não foram capazes de
melhorar a qualidade da proteína que chegou ao intestino, pois as
proporções dos dois AA mais limitantes para a produção de leite, Lis e
Met, não foram aumentadas de forma balanceada na proteína que
chegou ao intestino. A farinha de sangue pode aumentar a quantidade
de Lis que chega ao intestino, mas baixa a quantidade de Met,
enquanto o farelo de glúten de milho (glutenose ou protenose) aumenta
a passagem de Met para o intestino, mas reduz a de Lis. A exceção foi
a farinha de peixes que, de forma consistente, aumentou a proporção
De ambos os AA na proteína metabolizável.
Com base nos dados obtidos nos ensaios de metabolismo, fica
claro que, para se ter sucesso com a suplementação com fontes ricas e
PNDR, é preciso respeitar dois pontos principais:
a) balanceamento adequado da ração em PDR, para não limitar a
síntese microbiana;
b) utilizar fontes que melhorem ou pelo menos não piorem o perfil de
AAE da proteína que chega ao intestino, especialmente no tocante a
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 317
Lis e Met. Infelizmente, a maioria das fontes ricas em PNDR é
deficiente em um desses dois aminoácidos e, às vezes, em ambos.
A maioria das fontes protéicas ricas em PNDR comercialmente
disponíveis apresenta perfil de aminoácidos inferior ao da proteína
microbiana. Para vacas de alta produção, a farinha de peixes parece ser a
mais promissora das fontes ricas em PNDR para suprir adequadamente
Lis e Met. Entretanto essa fonte protéica está proibida para bovinos no
Brasil, assim como toda e qualquer fonte protéica de origem animal.
Os dados apresentados a seguir são o resultado da revisão de 127
comparações de 88 experimentos de lactação, nos quais o farelo de soja
foi substituído parcial ou totalmente por fontes ricas em PNDR. As fontes
ricas em PNDR estudadas foram farelo de soja tostado adicionalmente
(FST), farelo de soja tratado quimicamente (FSQ), farelo de soja expeller
(FSE), farelo de glúten de milho (FGM-60) comercializado no Brasil como
protenose ou glutenose, farelo de grãos destilados (FGD), resíduo de
cervejaria (RC), farinha de carne e ossos (FCO), farinha de sangue (FSG),
farinha de penas (FPN) e farinha de peixes (FP).
Das 127 comparações, em apenas 17% delas, a suplementação
com fontes ricas em PNDR aumentou a produção de leite em
comparação ao FS. Possíveis explicações para a ausência de efeito
positivo das fontes ricas em PNDR no desempenho de vacas leiteiras
na maioria das comparações são:
a) redução na síntese de proteína microbiana no rúmen por falta de PDR;
b) baixa qualidade da fonte de PNDR em termos de balanço de
aminoácidos essenciais;
c) baixa digestibilidade das fontes de PNDR no intestino delgado;
d) dietas usadas como tratamento controle já adequadas em PNDR.
Os resultados positivos ocorreram principalmente quando as
fontes de PNDR foram FP, FST, FSQ e FSE. O efeito positivo médio foi
da ordem de 0,7 kg de leite por vaca dia. O FP foi a fonte que mais teve
efeito positivo na produção de leite. As respostas positivas foram
observadas principalmente com vacas com produções acima de 30 kg
de leite/dia. Fontes ricas em PNDR, como RC, FGD, FCO, FSG, FPN
não aumentaram a produção de leite em comparação ao FS. Já o FGM60, comercializado no Brasil com os nomes de protenose ou glutenose,
quando utilizado em doses médias a altas em substituição parcial ao
FS, em rações com silagem de milho, diminuiu a produção de leite.
318 - 1st International Symposium of Dairy Cattle
Em comparação ao FS, a suplementação com fontes ricas em
PNDR causou mais efeitos negativos que positivos no teor de proteína
do leite. Houve redução no teor de proteína do leite em 28, ausência de
efeito em 93 e aumento em apenas 6 das 127 comparações, quando
fontes ricas em PNDR foram suplementadas.
Quando duas fontes ricas em PNDR, mas com diferentes perfis em
AAE foram utilizadas, os resultados foram marcantes. Farinha de peixes é
considerada fonte de PNDR de alta qualidade em virtude do seu ótimo teor
em Lis e Met, enquanto FGM-60 é considerada fonte desequilibrada, pois é
rica em Met mas muito pobre em Lis. Apesar de ambas as fontes serem
ricas em PNDR, a produção de leite foi maior com FP.
O resumo geral de todas as comparações é apresentado na Tabela 6.
Tabela 6 - Produção de leite de vacas alimentadas com Farelo de Soja
(rico em PDR) ou com fontes ricas em PNDR com diferentes
perfis de AA
Fonte de PNDR1
Vacas
(n°)
FST3
641
FP
662
SBPA
725
RUC e RD
334
FGM-60
297
FP vs. FGM-60
156
Com ou
2
sem blocos
+
+
+
+
+
+
-
Tratamento
FS
Alta PNDR
---------- Leite (kg/d) ---------34.23
34.91
34.23
35.27
31.27
32.09
31.27
31.96
34.07
33.76
34.04
33.94
31.45
31.76
31.45
30.78
33.15
32.41
33.15
32.32
29.09
28.01
29.09
28.01
P<
0.032
0.259
0.010
0.648
0.343
0.661
0.341
0.644
0.124
0.550
0.016
0.661
1: FS = farelo de soja; FP = farelo de peixes; SBPA = sub-produtos de origem animal; RUC =
resíduo de cervejaria; RD = resíduo de destilaria; FGM-60 = farelo de glúten de milho 60;
2: Cada bloco representa uma comparação simples entre cada fonte de PNDR; a
variância entre os blocos foi removida do erro na análise estatística dos dados. O
número de comparações para cada fonte de PNDR foi: FST (trat. químico ou térmico) =
27; FP = 26; SBPA = 26; RUC e RD = 18; FGM-60 = 15; FP vs. FGM-60 = 7;
3: tratamento químico ou térmico;
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 319
Com base nos dados da Tabela 6, pode-se concluir que a
maioria das fontes ricas em PNDR não melhora o desempenho de
vacas leiteiras em comparação ao FS. Entretanto existe potencial para
ganhos em produção de leite com o uso de fontes ricas em PNDR para
vacas leiteiras. Para que isso ocorra, algumas condições básicas devem
ser observadas:
a) vacas com produções inferiores a 30 kg normalmente têm toda a
sua exigência em PNDR suprida por fontes convencionais, como o
FS e farelo de algodão;
b) vacas com produções acima de 30 kg de leite/dia são mais
prováveis de responderem à suplementação com fontes ricas em
PNDR;
c) a disponibilidade de PDR no rúmen deve ser adequada, a fim de
não reduzir a síntese de proteína microbiana;
d) a fonte de PNDR deve ter perfil de AAE, principalmente Lis e Met,
de tal modo que melhore ou pelo menos que não piore a proporção
destes dois aminoácidos na proteína que chega no intestino.
BALANCEAMENTO DE AMINOÁCIDOS: SISTEMA FATORIAL X
PROTEÍNA IDEAL
Conforme já discutido neste texto, os sistemas protéicos
evoluíram do balanceamento em proteína bruta para sistemas mais
precisos. Atualmente, todos os sistemas consideram a exigência da
população microbiana do rúmen em PDR. Também consideram a
necessidade de complementar quantitativamente a proteína microbiana
que chega ao intestino com proteína de origem alimentar (PNDR), com
o objetivo de suprir quantidade adequada de proteína metabolizável
para animais de alto desempenho. Entretanto, conforme mostrado
anteriormente, a suplementação com fontes ricas em PNDR com perfil
inadequado de Lis e de Met, não melhora o desempenho animal. O
consenso atual é que, para otimizar a nutrição proteica de ruminantes, é
necessário determinar com maior precisão as suas exigências em AAE,
a eficiência de uso dos AAE da PM pelos diferentes tecidos do animal e
aprimorar as técnicas de formulação de rações para o correto
balanceamento desses aminoácidos.
Nas décadas de 80 e 90, dois grupos de pesquisa destacaramse nos estudos de exigências de AA de vacas leiteiras. O grupo
americano foi liderado por C. G. Schwab e o grupo francês foi liderado
320 - 1st International Symposium of Dairy Cattle
por H. Rulquin. Com base em estudos de dose-resposta, tendo a teor
de proteína do leite como variável de produção mais sensível ao
balanceamento correto de AA na dieta, esses grupos demonstraram
que Lisina e Metionina são os AAE mais limitantes em dietas
tradicionais contendo principalmente silagem de milho, alfafa, milho e
proteína de soja.
Atualmente, há dois métodos para se determinar as exigências
de AAE de vacas leiteiras e tentar balancear suas dietas nesses
nutrientes. O primeiro é através do método fatorial clássico, conforme
proposto inicialmente por Oldham (1981) e por O’Connor et al. (1993),
na primeira versão do CNCPS. O segundo método é o da proteína ideal,
proposto inicialmente por Rulquin et al. (1993).
Para se determinar as exigências de AA absorvidos através do
método fatorial é necessário ser conhecer:
a) as exigências de proteína líquida para mantença, crescimento,
prenhes e lactação;
b) a composição de AA da proteína microbiana, da PNDR e da
proteína endógena quando esta é calculada;
c) a eficiência de uso de cada AA para cada fator do item a (NRC,
2001; Chalupa e Sniffen, 2010; Schwab, 2010).
De acordo com Chalupa e Sniffen (2010), a determinação dos
teores de AA no leite e nos tecidos animais é possível de ser feita de
forma confiável. A grande dificuldade está em se determinar de forma
precisa e confiável a eficiência de uso de cada AA para os diferentes
fatores do item a.
Para se determinar as exigências de AA absorvidos através do
método da proteína ideal dois procedimentos podem ser adotados:
a) procedimento direto de dose-respota;
b) procedimento indireto de dose-resposta. Esses procedimentos
são descritos de forma sucinta no NRC (2001).
No método da proteína ideal proposto por Rulquin et al. (1993),
foi adotado o procedimento indireto de dose-resposta para a produção
de proteína do leite em resposta aos teores de Met e de Lis expressos
como porcentagem do PDI (proteína digestível no intestino). No NRC
(2001) também foi adotado o método da proteína ideal, com o
procedimento indireto de dose resposta para o teor de proteína do leite
em resposta aos teores de Met e de Lis, só que neste caso, expressos
como porcentagem da PM (proteína metabolizável).
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 321
De acordo com Rulquin et al. (1993), as exigências de Lisina e
de Metionina (exigências para a produção de 16g menos proteína láctea
que a máxima produção possível de ser atingida) de vacas de alta
produção, são respectivamente, concentrações de 7,3% e 2,5% da PDI.
No modelo do NRC (2001) as exigências de Lisina e de
Metionina foram estabelecidas como os valores necessários para se
atingir a máxima concentração de proteína no leite. Nesse caso as
exigências são 7,2 e 2,4% respectivamente para Lisina e Metionina.
As diferenças pequenas entre os valores obtidos pelos dois
grupos em questão se devem aos critérios expostos acima e aos
desvios que existem entre os 2 sistemas protéicos.
O conceito de proteína ideal pode ser expandido para todos os
demais AAE além de Lisina e de Metionina (Chalupa e Sniffen, 2010).
Entretanto, suprir as exigências dos dois AAE mais limitantes
para a produção de leite em dietas convencionais usadas na América
do Norte e no Brasil, ou seja, concentrações de Lisina e de Metionina de
7,2% e 2,4% respectivamente na PM (NRC, 2001), é muito difícil de se
conseguir com ingredientes convencionais ou pode ser inviável
economicamente com doses altas de AA protegidos. Dessa maneira a
recomendação prática tem sido até então, atingir concentrações de
6,6% e 2,2% desses AA na PM (Schwab, 2010). Ainda assim, para que
isso seja possível é necessário o uso de fontes de PNDR ricas em Lis
como a farinha de sangue, combinada com proteína de soja, e a
suplementação com Metionina protegida. É importante frisar que esses
níveis mencionados acima, se aplicam ao modelo do NRC (2001).
Em vista da dificuldade operacional e financeira de suprir 100%
das exigências dos dois AA mais limitantes para a produção de leite e
de proteína do leite, é pouco provável que se viabilize a curto e médio
prazo, o balanceamento dos demais AAE na dieta, conforme proposto
por Chalupa e Sniffen (2010).
Na tentativa de aprimorar os modelos de PM para o
balanceamento de Lisina e de Metionina em dietas de vacas leiteiras,
recentemente Schwab et al. (2009) reavaliaram as exigências de Lisina
e Metionina com base no método da proteína ideal, com o procedimento
indireto de dose-resposta para os modelos do NRC (2001), do CPMDairy (v.3.0.10) e do AMTS.Cattle (v.2.1.).
Para o modelo do NRC (2001) as novas exigências de Lisina e
de Metionina são 6,80% e 2,29% na PM respectivamente, valores que
são inferiores aos propostos na versão oficial de 2001. Mesmo assim,
322 - 1st International Symposium of Dairy Cattle
esses níveis só são passíveis de serem atingidos, com o fornecimento
de fontes de PNDR ricas em Lisina como as farinhas de sangue e com
Metionina protegida da degradação ruminal.
O CPM-Dairy (v.3.0.10) adota o método fatorial (O’Connor et al.,
1993) e usa o CNCPSv.5. Os níveis recomendados de Lisina e de
Metionina na PM são respectivamente 7,46% e 2,57%.
O AMTS.Cattle (v.2.1.) adota o método fatorial (O’Connor et al.,
1993) e usa o CNCPSv.6. Os níveis recomendados de Lisina e de
Metionina na PM são respectivamente 6,68% e 2,40%.
É importante que as relações Lisina:Metionina acima
apresentadas, de 3:1, 2,9;1 e 2,8;1, respectivamente para os modelos
do NRC (2001), do O CPM-Dairy (v.3.0.10) e do AMTS.Cattle (v.2.1.)
sejam mantidas para otimizar a resposta animal (Schwab, 2010). O
aumento no suprimento de Metionina sem o correspondente ajuste na
concentração de Lisina, que resulte em relações mais estreitas que a
acima citadas pode limitar a resposta animal ao fornecimento de AA ou
até mesmo, ter efeito negativo no desempenho do animal (NRC, 2001;
Schwab, 2010)
FONTES DE AA PROTEGIDOS
Tomando como exemplo a seguinte dieta típica do sudeste
brasileiro, formulada para vaca de 640 kg de peso corporal, 75 dias de
lactação e produção de 45 kg de leite (teores de 3,5% gordura e 3,15%
proteína): 41,3% de silagem de milho, 3,9% de feno de gramínea,
19,3% de milho moído, 9,3% de polpa cítrica, 22,1% de farelo de soja,
1,5% de fonte de gordura inerte e 2,6% de núcleo mineral e vitamínico
(% da MS). De acordo com o NRC (2001) a dieta supre a exigência de
energia líquida para manutenção e produção (balanço de +0,1 Mcal) e
está adequada em PDR (10,8% da MS) e em proteína metabolizável
(PM) (balanço de 0 g). Entretanto, as concentrações de Lisina e de
Metionina na PM (6,49% e 1,79%, respectivamente) estão abaixo das
exigências para máximo teor de proteína do leite, de 6,8% de Lisina e
2,29% de Metionina, segundo Schwab (2010).
Como pode ser observado, o suprimento de Lisina estaria em
95,5% do ótimo e o de Metionina em apenas 78,1% do ótimo. A relação
Lisina:Metionina de 3,62 está muito acima do ideal de 3:1, quando se utiliza
o NRC (2001) segundo Scwhab (2010). Conforme esperado em dietas
onde o farelo de soja é o principal suplemento protéico, os teores de Lisina
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 323
na PM se aproximam da exigência, porém com deficiência acentuada de
Metionina. Esta condição é freqüente na quase totalidade das dietas
formuladas para vacas confinadas de alta produção no Brasil.
Nenhum suplemento protéico disponível no mercado nacional e
permitido para a alimentação de bovinos, seria capaz de elevar o teor de
Metionina na PM e ainda manter o teor de Lisina inalterado. A única
alternativa para elevar o teor de Metionina na PM nessa dieta para atingir a
relação Lisina:Metionina de 3;1, seria suplementar diretamente Metionina
na dieta.
Os suplementos contendo Lisina e Metionina cristalinos,
normalmente utilizados em rações de monogástricos não são eficazes
para bovinos com o intuito de balancear a PM na intestino, uma vez que
esses produtos são rapidamente degradados no rúmen pelos
microrganismos (NRC, 2001). Portanto, tanto a Lisina quanto a
Metionina para serem eficazes como fontes de AA metabolizáveis,
devem ser protegidas.
Nas últimas décadas diversos métodos de proteção têm sido
desenvolvidos. O método tem que garantir proteção ruminal, mas
garantir que o produto seja digerido no intestino delgado. Os métodos
mais utilizados, de acordo com o NRC, 2001, são:
a) polímeros de ácidos graxos sensíveis ao pH;
b) revestimentos ou matrizes contendo ácidos graxos saturados e
minerais;
c) análogos de metionina de baixa degradação ruminal;
Diferentes fontes de Metionina com diferentes graus de proteção
estão disponíveis comercialmente e serão apresentados a seguir:
a) Smartamine M (Adisseo, Alpharreta, GA) é metionina protegida
com
80%
de
biodisponibilidade
(80g
de
Metionina
metabolizável/100g de metionina), segundo os fabricantes. Esse
valor está adequado segundo Schwab (2010).
b) Mepron M85 (RP Nutrients, Inc., Springfield, WI) é metionina
protegida. No trabalho de Berthiaume et al. (2001) o escape
ruminal da Metionina foi de 66% e a digestibilidade no intestino
delgado foi 82%, resultando em 54% de biodisponibilidade (54g de
Metionina metabolizável/100g de Metionina). De acordo com
Schwab (2010) os dados são menos consistentes para o Mepron
que para o Smartamine, com valores máximos de
biodisponibilidade de 50%.
324 - 1st International Symposium of Dairy Cattle
c) MetaSmart (Adisseo, Alpharreta, GA) é o isopropil do hidróxi
análogo da Metionina (DL-2-hidróxi-4-metil-tio- butanóico). A
biodisponibilidade da Metionina é de 50% de acordo com o
fabricante. O HMB proveniente do HMBi que não é degradado no
rúmen é absorvido pela parede ruminal e convertido em Met nos rins,
fígado e outros tecidos do animal. De acordo com Schwab (2010) os
dados são menos consistentes para o MetaSmart que para o
Smartamine, com valores de biodisponibilidade entre 35 e 50%.
d) Rhodimet AT88 (Adisseo, Alpharreta, GA) e Alimet (Novus
International, Inc., St. Charles, MO) são HMB ou hidróxi análogo
da Metionina (DL-2-hidróxi-4-metil-tio- butanóico). De acordo com
os dados de pesquisa os produtos são altamente degradados no
rúmen, com biodisponibilidade menor que 5%.
De acordo com Schwab (2010), Smartamine M, Mepron M85 e
MetaSmart, são os produtos mais eficientes para suprir Metionina
metabolizável para vacas leiteiras, sendo o produto Smartamine M mais
consistente que os demais.
Por outro lado, na meta análise feita por Patton (2010), as vacas
que receberam Mepron M85 produziram leite com menor teor de
proteína verdadeira, mas produziram mais leite e mais proteína
verdadeira que as vacas suplementadas com Smartamine M.
Com relação à Lisina protegida, recentemente foram
disponibilizados alguns produtos para mercado, porém ainda se
encontram em fase inicial de testes, para confirmar sua eficiência como
supridor de Lisina metabolizável (Schwab, 2010).
BALANCEAMENTO DE AAE E DESEMPENHO ANIMAL
Segundo Schwab et al. (2007) e Schwab (2010) o balanceamento
de Lisina e de Metionina na PM pode resultar em diversos benefícios que
propiciam maior lucratividade para o produtor de leite:
a) maior produção de leite
b) maior teor de proteína no leite
c) maior produção de proteína do leite
d) menor necessidade de inclusão de PNDR na dieta em virtude da
maior eficiência de uso da PM
e) menor excreção de N por unidade de leite ou de proteína do leite
produzidas
f) melhora na saúde e eficiência reprodutiva
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 325
De acordo com Schwab et al. (2007) e Schwab (2010), o
aumento em produção de leite é observado de forma mais consistente
no início da lactação, principalmente quando as dietas são balanceadas
em Lisina e Metionina ainda na fase pré-parto.
Do ponto de vista de produção, os efeitos mais significativos e
consistentes são os aumentos no teor e na produção de proteína do
leite. O teor de gordura do leite também pode aumentar com o
balanceamento desses 2 AA na dieta. Aumentos de 0,1 a 0,25 unidades
percentuais para teor de proteína e de 0,1 a 0,15 unidades percentuais
para teor de gordura do leite foram reportados na revisão de Schwab
(2010).
Para este artigo foram compilados 16 trabalhos científicos (17
experimentos) publicados no Jornal of Dairy Science entre 2003 e 2011,
sobre o balanceamento de Lisina e de Metionina para vacas leiteiras
(Tabela 7).
326 - 1st International Symposium of Dairy Cattle
Tabela 7 - Efeito do balanceamento de Lisina e Metionina para vacas leiteiras
Item
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Leite, kg
Prot., %
Gord., %
Controle
42,9 b
2,99 b
3,66
35,5
3,12
3,37
42,5
3,17 b
2,49
39,8 b
2,81 b
3,61
31,4
3,09 b
4,16
38,5
2,91 b
3,35
39,7 b
3,02
3,55
39,50
3,07
3,62
37,7
2,47
2,80
38,6
3,15 b
3,85
37,0
2,80
3,39
36,5
2,93
3,72
37,7
2,95 b
3,69
40,4 b
3,18
3,58 b
37,7
2,94 b
3,21 b
43,4
2,72 b
3,65
41,8
3,03 b
3,52 b
1
SMT
46,6 a
3,09 a
3,73
35,5
3,20
3,26
32,0
3,16 a
4,16
37,2
3,01 a
3,33 a
42,0
2,87 a
3,68
41,7
3,15 a
3,77 a
2
MP
41,9
3,26 a
2,52
41,60 a
2,97
3,40
39,40
3,08
3,61
39,8
2,61
2,46
36,7
2,97
3,44
37,4
2,96
3,73
37,3
3,08 a
3,73
41,4 a
3,22
3,68 a
36,8
3,03 a
3,35 a
-
MTS
43,2 a
2,95 a
3,86
31,5
3,19 a
4,20
38,3
3,02 a
3,42
38,9
3,28 a
3,99
43,5
2,81 a
3,65
42,1
3,19 a
3,93 a
3
Leite, kg
+3,70
+0,10
+0,07
0,00
+0,08
-0,11
-0,60
+0,09
+0,03
+3,5
+0,14
+0,25
+0,35
+0,09
+0.02
-0,2
+0,10
+0,07
+1,90
-0,05
-0,15
-0,10
-0,01
-0,01
+2,10
+0,14
-0,34
+0,3
+0,13
+0,14
-0,30
+0,17
+0,05
+0,9
+0,03
+0,01
-0,4
+0,13
+0,04
+1,00
+0,04
+0,10
-0,7
+0,09
+0,13
-0,65
+0,12
+0,01
+0,01
+0,14
+0,33
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Broderick et al.
(2008)
Broderick et al.
(2008)
Davidson et al.
(2008)
Phipps et al.
(2008)
Preynat et al.
(2009)
Broderick and Muck
(2009)
Preynat et al.
(2009b)
Broderick et al.
(2009)
Benefield et al.
(2009)
Ordway et al.
(2009)
Chen et al.
(2011)
1: Smartamine ®; 2: Mepron ®; 3: MetaSmart ®; Prot: Proteína; Gord: Gordura.
Letras diferentes na mesma linha indicam diferença estatística entre os tratamentos.
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 327
Na media houve aumento de 0,64 kg de leite/vaca, de 0,09
unidades percentuais de proteína verdadeira e 0,038 unidades
percentuais de gordura quando a dieta foi balanceada para Lisina e
Metionina. O efeito mais consistente do balanceamento em AA foi no
aumento do teor de proteína do leite. As variações nas magnitudes das
respostas podem ser conseqüência de vários fatores, mas é importante
destacar a capacidade real da fonte de AA protegido de liberar
Metionina metabolizável no intestino delgado do animal.
Seis experimentos foram compilados de 5 artigos publicados
(Noftsger e St-Pierre, 2003; Leonardi et al, 2003; Broderick et al 2008;
Phipps et al, 2008; Broderick et al, 2009) onde se estudou a
suplementação com Metionina protegida em dietas com níveis
diferentes de PB.
No experimento conduzido por Noftsger e St-Pierre (2003),
vacas alimentadas com dieta com 17% de PB e balanceada para AA
com Smartamine M (6,57% de Lisina e 2,01% de Metionina na PM,
segundo o NRC, 2001) produziram a mesma quantidade de leite (46,6 x
46,2 kg/d) com maior teor de proteína (3,09 x 2,98%) que vacas
alimentadas com dieta com 18,3% de PB e não balanceadas para AA
(6,42% de Lisina e 1,70% de Metionina na PM).
No experimento 1 conduzido por Broderick et al. (2008) vacas
alimentadas com dieta com 16,1% de PB e balanceada para Lisina e
Metionina com Mepron M85, produziram mais leite (41,6 x 39,7 kg/d) e
mais proteína (1,15 x 1,23 kg/d) com maior eficiência de uso do N (N
excretado no leite/N ingerido) (21,7 x 31,7%) que vacas alimentadas
com dieta com 18,6% de PB não balanceada para Lisina e Metionina.
No experimento conduzido por Broderick et al. (2009) apesar da
ausência de interação significativa, quando a PB das dietas foi reduzida
de 17,1 para 15,8%, a suplementação com Mepron M85 evitou a queda
na produção de leite e de proteína do leite nas dietas com 6% de
PNDR (% da MS), mas não nas dietas com 5,3% de PNDR (% da MS).
Entretanto, no experimento 2 conduzido por Broderick et al.
(2008), onde as vacas se encontravam em balanço negativo de N, a
suplementação com Metionina protegida não evitou a queda na
produção de leite quando a PB da dieta foi reduzida de 17,3 para
16,1%. No trabalho de Leonardi et al. (2003) (16,1 x 18,8% de PB) a
suplementação com Mepron M85 não aumentou a produção de leite e
de proteína do leite na dieta com baixa proteína em comparação com a
dieta de alta proteína não balanceada. No trabalho de Phipps et al.
328 - 1st International Symposium of Dairy Cattle
(2008) a suplementação com HMBi não foi capaz de evitar a queda em
produção de leite e de proteína do leite (38,6 x 35,6 kg/d; 1,209 x 1,148
kg/d)) quando o teor de PB da dieta foi reduzido de 16,9 para 14,7%.
Com relação à melhora na saúde e eficiência reprodutiva de
vacas alimentadas com dietas balanceadas para Lisina e Metionina,
apesar da escassez de dados, o tema foi discutido por Schwab et al.
(2007).
A maior eficiência de uso da PM quando a dieta é balanceada
em Lisina e Metionina reduz a excreção de N e por conseqüência reduz
os gastos energéticos envolvidos nesse processo, aliado a isso, a maior
disponibilidade de Metionina pode ter efeitos positivos no metabolismo
hepático do animal. A combinação desses dois aspectos pode reduzir
os riscos de cetose em vacas recém paridas. É sabido que metionina
tem papel fundamental na síntese de apoproteína B, que é componente
da proteína de baixa densidade (VLDL) responsável por remover
gordura do fígado para os tecidos periféricos. Dessa maneira, o
balanceamento de Lisina e de Metionina pode reduzir a incidência de
fígado gorduroso em vacas leiteiras (Schwab et al., 2007). Os mesmos
autores também discutiram a possibilidade de Lisina e Metionina
interferirem de forma positiva no sistema imune de bovinos, apesar da
falta de comprovação científica.
A melhora na eficiência reprodutiva pode ocorrer em virtude da
menor concentração de uréia plasmática e da maior concentração de
progesterona em vacas alimentadas com dietas balanceadas para
Lisina e Metionina, conforme discutido por Schwab et al. (2007).
CONCLUSÕES
As dietas típicas utilizadas no Brasil para vacas confinadas de
alta produção têm níveis satisfatórios de Lisina na PM, porém são
altamente deficientes em Metionina. Com base no discutido no texto,
fica claro que o balanceamento dessas dietas em Metionina pode
resultar em ganhos significativos para o produtor.
Para que haja sucesso com essa prática, alguns cuidados têm
que ser tomados, como garantir o fornecimento de níveis adequados de
carboidratos fermentáveis no rúmen e de forragem de alta qualidade,
além de garantir níveis de PDR na dieta entre 10 e 11% da MS para
otimizar a síntese de proteína microbiana. Uma vez otimizada a síntese
microbiana, deve-se complementar a dieta com fontes de PNDR de alta
III Simpósio Nacional de Bovinocultura de Leite
- 329
qualidade, principalmente no tocante ao seu teor de Lisina, a fim de
atingir concentração deste aminoácido na PM o mais próximo possível
de 6,80% (quando se utiliza o NRC, 2001). Finalmente utilize fonte de
Metionina protegida com eficácia garantida para elevar o teor desse AA
para 2,29% da PM, mantendo a relação Lisina:Metionina ao redor de
3:1.
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