Junho de 2008 - res.ldschurch.eu

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Junho de 2008 - res.ldschurch.eu
A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • JUNHO DE 2008
HISTÓRIA DA CAPA:
Não Se Deixar
Levar pelo Ritmo
Frenético, p. 20
10 Maneiras de
Ajudar os Adolescentes
a Liderar, p. 10
Por Que Não
Experimentar?
p. 26
Juntos para Sempre
por causa de Hoje,
p. A14
Junho de 2008 Vol. 61 Nº. 6
A LIAHONA 02286 059
Publicação oficial em português de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias
A Primeira Presidência: Thomas S. Monson, Henry B. Eyring,
Dieter F. Uchtdorf
Quórum dos Doze Apóstolos: Boyd K. Packer,
L. Tom Perry, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks,
M. Russell Ballard, Joseph B. Wirthlin, Richard G. Scott,
Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland, David A. Bednar,
Quentin L. Cook
Editor: Jay E. Jensen
Consultores: Gary J. Coleman, Yoshihiko Kikuchi,
Gerald N. Lund, W. Douglas Shumway
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Diretor Editorial: Victor D. Cave
Editor Sênior: Larry Hiller
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Tradução: Edson Lopes
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A “Liahona”, termo do Livro de Mórmon que significa
“bússola” ou “orientador”, é publicada em albanês,
alemão, armênio, bislama, búlgaro, cambojano, cebuano,
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(A periodicidade varia de um idioma para outro.)
A LIAHONA, JUNHO DE 2008
P A R A O S A D U LT O S
2
Mensagem da Primeira Presidência:
Segurança nos Conselhos
Presidente Henry B. Eyring
8 Os Frutos do Livro de Mórmon
Élder Richard G. Hinckley
10 Cuidar do Rebanho: Ensinar Técnicas de
Liderança aos Jovens Presidente Dieter F.
Uchtdorf e Élder M. Russell Ballard
20 Reservar Tempo para a Santificação
Adam C. Olson
25 Mensagem das Professoras Visitantes:
39 Passar por uma Mudança
no Coração
O Evangelho de Jesus Cristo Ensina a
Realidade da Nossa Existência Pré-Mortal
34 O Componente Espiritual da Cura
Élder Alexander B. Morrison
39 Lições do Livro de Mórmon: Passar por
uma Mudança no Coração
Élder Keith K. Hilbig
44 Vozes da Igreja
O Que Mais Aprecio na Igreja
Isabelle Alpert
Mais uma Semana até o Pagamento
Julie C. Donaldson
20 Reservar Tempo para a
Onde Encontrar Outro Livro de
Santificação
Mórmon? Curtis Kleinman
A Oração dos Meus Filhos
Virgínia Augusta de Pádua
NA CAPA
Fotografia: Adam C. Olson.
Lima Pereira
CAPA DE O AMIGO
Ilustração: Brandon Dorman.
IDÉIAS PARA A NOITE FAMILIAR
Estas idéias podem ajudá-lo a
usar esta edição d’A Liahona para
reforçar seu ensino tanto
na sala de aula como em
casa. Você pode adaptar
estas idéias a sua família ou
classe.
Reservar Tempo para
a Santificação, p. 20:
Ensine a idéia de dar tempo às prioridades com a seguinte atividade: Mostre para sua família uma vasilha vazia,
areia, pedrinhas e pedras um pouco
maiores. Coloque a areia na vasilha,
depois as pedrinhas e por último as
pedras maiores. (Com antecedência,
separe as quantidades de cada coisa
de forma que as pedras maiores não
caibam se deixadas por último.) Diga
que é preciso planejar o momento
em que faremos as coisas mais
importantes. Esvazie a vasilha e
encha-a novamente, começando pelas pedras maiores,
depois colocando as pedrinhas e por último a
areia, para preencher os
espaços vazios. Utilizando o artigo
conversem sobre o que seriam as
“pedras maiores” ou as prioridades
da nossa vida e o que podemos fazer
para ter tempo para elas.
Um Chamado para Crescer, p. 28:
Leia em voz alta a seção “Uma Aula
sobre o Testemunho”. Conversem
sobre como o Élder Soares recebeu
Enquanto procura pelo anel do CTR cambojano
escondido nesta revista, pense em como
escolher o que é certo pode ajudar você a
preparar-se para ir ao templo.
PA R A O S J O V E N S
16
26
28
Chaves para o Futuro
Kimberly Reid
Perguntas e Respostas: “Qual é o mal de beber
ou fumar só uma vez para experimentar?”
Um Chamado para Crescer
Élder Ulisses Soares
32 Derrotar os Seus Golias
48 Você Sabia?
O A M I G O : PA R A A S C R I A N Ç A S
A2
A4
A6
A8
A11
A12
A13
A14
A16
Vinde Profeta Escutar: A Primeira Visão
Presidente Dieter F. Uchtdorf
Tempo de Compartilhar: Devo Preparar-me
Desde Já Linda Christensen
Da Vida do Profeta Joseph Smith: Joseph Recebe
as Placas de Ouro
Fé em Deus Presidência Geral da Primária
Atividade: Ligue as Frases dos Meus Padrões
do Evangelho
Só para Divertir: Descubra as Figuras
Roupas de Domingo no Brasil Nathan N. Waite
Não Apenas por um Dia Wendy Ellison
Página para Colorir
32
Derrotar os
Seus Golias
16 Chaves para o Futuro
A8 Fé em Deus
A12 Só para Divertir
TÓPICOS NESTA EDIÇÃO
Passar por uma Mudança no
Coração, p. 39: Em um coração de
papel escreva “fé”, “retidão”, “amor”
e “vencer o mundo” (ver a seção
“As Bênçãos do Renascimento Espiritual”). Discutam como esses quatro
princípios podem ajudar cada pessoa
da família a passar por uma mudança
no coração. Ilustre esse ponto contando a história de Ivan. No verso do
coração de papel, faça uma lista do
que sua família pode fazer para viver
esses princípios.
Fé em Deus, p. A8: Peça que as
pessoas de sua família amarrem os
sapatos com uma mão só. Conversem
sobre porque isso é difícil. Depois,
peça-lhes que amarrem os sapatos
uns dos outros. Conversem sobre
como a tarefa ficou mais fácil quando
feita em conjunto. Leiam o artigo e
discutam como sua fé em Deus se
fortalecerá se vocês trabalharem juntos para concluir esse programa.
Escolham uma atividade do livreto
Fé em Deus, para fazerem em conjunto durante esta semana.
Os números representam a primeira página de
cada artigo.
A=O Amigo
Obediência, 2, 20, 26
Administração do tempo, 20
Obra missionária, 16,
39, 46
Caridade, 44, 45
Chamados, 10, 28
Oração, 47
Conversão, 39
Padrões, A11, A13
Cura, 34
Palavra de Sabedoria, 26
Davi e Golias, 32
Primária, A4, A8
Dia do Senhor, A13
Prioridades, 20
Ensino, 1, 10, 28
Programa Fé em Deus, A4,
Existência premortal, 25
A8, A11
Expiação, 34
Roupas, 16, A13
Família, 10, A14
Sacerdócio, 16, 28, 34
Fé, 2, 20, 34
Sacramento, 44
Jesus Cristo, 25, 34
Santificação, 20
Jovens, 10, 28
Segurança, 2
Liderança, 10, 48
Smith, Joseph, A2, A6
Livre-Arbítrio, 26
Templos, A4, A14, A16
Livro de Mórmon, 8,
Testemunho, 8, 28
46, A6
Vencer os desafios, 32, 47
A LIAHONA JUNHO DE 2008
1
MARGEM © CORBIS
seu testemunho e de como esse testemunho o ajudou a viver de acordo
com os padrões do evangelho. Faça
uma lista do que podemos fazer para
fortalecer nosso testemunho. Como
o testemunho nos ajuda a viver o
evangelho?
MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA
Segurança
nos Conselhos
PRESIDENTE HENRY B. EYRING
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
OUVI-O, DE SIMON DEWEY, CORTESIA DE ALTUS FINE ART, AMERICAN FORK, UTAH.
O
Salvador sempre amparou aqueles
que aceitam Sua proteção. Ele disse
mais de uma vez: “Quantas vezes quis
ajuntar-vos como a galinha ajunta os seus pintos e não quisestes” (3 Néfi 10:5; ver também,
por exemplo, Mateus 23:27; D&C 29:2).
O Senhor exprimiu o mesmo pesar em
nossa dispensação depois de enumerar as
muitas maneiras pelas quais procura conduzirnos à segurança: “Quantas vezes vos chamei
pela boca de meus servos e pelo ministério de
anjos e por minha própria voz; e pela voz de
trovões e pela voz de relâmpagos e pela voz
da tempestade; e pela voz dos terremotos e
grandes chuvas de pedra; e pela voz da fome
e pestilências de toda espécie; e pelo grande
som de uma trombeta e pela voz do julgamento e pela voz da misericórdia, todo o dia;
e pela voz da glória e honra e das riquezas
da vida eterna quis salvar-vos com salvação
eterna, mas vós não o quisestes!” (D&C
43:25.)
O Salvador demonstra ter o eterno desejo
de proteger-nos. Ele nos mostra o caminho
com constância, embora use diferentes meios
para alcançar os que estão dispostos a atender a Sua voz. Entre esses recursos, invariavelmente está o de enviar a mensagem por
meio de Seus profetas, sempre que o povo
estiver qualificado para ter profetas de Deus
em seu meio. Esses servos autorizados têm
o compromisso de admoestar o povo, mostrando-lhe o caminho seguro a seguir.
O Alerta de um Profeta
No outono de 1838, quando ocorreram
muitas contendas no norte do Missouri, o
Profeta Joseph Smith chamou todos os santos dos últimos dias para que se reunissem
em Far West, pois lá estariam protegidos.
Muitos deles viviam isolados em fazendas ou
em comunidades dispersas. O Profeta deu
esse conselho especificamente a Jacob Haun,
fundador de uma pequena comunidade chamada “Haun’s Mill” (Moinho de Haun). Um
relato daquela época diz o seguinte: “O
irmão Joseph mandara um comunicado por
meio de Jacob Haun, dono do moinho, instruindo os irmãos que lá viviam a saírem
daquele lugar e irem para Far West, mas o
senhor Haun não transmitiu a mensagem”.1
Mais tarde, o Profeta Joseph registrou em
sua biografia: “Até hoje, Deus concedeu-me
sabedoria para salvar as pessoas que aceitaram meus conselhos. Nenhum dos que acataram meus conselhos foi morto”.2 O Profeta,
então, registrou a triste verdade de que
vidas inocentes poderiam ter sido salvas em
Haun’s Mill se tivessem recebido e seguido
seu conselho.
O Salvador demonstra ter o eterno
desejo de protegernos. Ele nos mostra o
caminho com constância, embora use
diferentes meios
para alcançar os
que estão dispostos a
atender a Sua voz.
A LIAHONA JUNHO DE 2008
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Em nossa própria época temos sido aconselhados a
como encontrar proteção contra o pecado e a tristeza.
Uma das principais maneiras de reconhecer esses conselhos é que eles se repetem. Por exemplo, em mais de uma
conferência geral, vocês já ouviram nosso profeta dizer
que citaria um profeta anterior e que seria, portanto, a
segunda testemunha e talvez a terceira. Nós que tínhamos
idade suficiente na época do Presidente Spencer W.
Kimball (1895–1985), o ouvimos aconselhar os santos
sobre a importância da mãe no lar, depois ouvimos o
Presidente Ezra Taft Benson (1899–1994) citá-lo e
também ouvimos o Presidente Gordon B. Hinckley
(1910–2008) citar o que ambos disseram.3
O Apóstolo Paulo escreveu: “Por boca de duas ou três
testemunhas será confirmada toda a palavra” (II Coríntios
13:1). Uma das maneiras de sabermos que o conselho vem
do Senhor é observar se foi evocada a lei das testemunhas,
testemunhas autorizadas. Quando as palavras dos profetas
parecerem repetitivas, devemos ficar atentos e com o coração repleto de gratidão por vivermos em uma época tão
abençoada.
Para quem tem uma fé vigorosa, faz todo o sentido
seguir os conselhos dos profetas para encontrar o caminho
que leva à segurança. Ao ouvirem um profeta falar, aqueles
que não têm muita fé talvez pensem que se trata apenas de
um homem sábio dando um bom conselho. Se o conselho
for agradável, razoável e adequar-se ao que querem fazer,
obedecem-no. Do contrário, consideram-no falho ou usam
as circunstâncias em que se encontram como justificativa
para não seguirem o conselho. Os que não têm fé talvez
suponham que os homens que dão esses conselhos buscam exercer influência por alguma razão egoísta. Talvez
zombem deles e os desprezem, como fez um homem chamado Corior, dizendo estas palavras que estão registradas
no Livro de Mórmon: “E assim induzis este povo a acreditar nas tolas tradições de vossos pais e segundo vossos
próprios desejos, conservando-os submissos, como se estivessem no cativeiro, para assim vos saciardes com o trabalho de suas mãos, de modo que não se atrevem a levantar
a vista destemidamente nem a usufruir seus direitos e
privilégios” (Alma 30:27).
Corior argumentava enganosamente, como fizeram
muitos homens e mulheres desde o início dos tempos,
que acatar os conselhos dos servos de Deus significa
renunciar aos direitos de independência concedidos por
Deus. Esse argumento, porém, é falso, porque distorce a
realidade. Quando rejeitamos um conselho vindo do
4
Senhor, o que fazemos não é escolher permanecer independentes das influências externas; escolhemos outro tipo
de influência. Rejeitamos a proteção de um Pai Celestial
amoroso, onipotente, onisciente, cujo único propósito,
assim como o de Seu Filho Amado, é conceder-nos a vida
eterna, dar-nos tudo o que tem e levar-nos de volta ao lar
celestial como família para vivermos amparados por Seu
amor. Ao rejeitar Seu conselho, escolhemos a influência de
outro poder, que é movido pelo ódio e cujo propósito é o
de tornar-nos infelizes. O livre-arbítrio que temos é um
dom de Deus. Essa liberdade é o direito inalienável de nos
submetermos ao poder que escolhermos, e não de ficarmos totalmente isentos de influências.
Permanecer em Lugar Seguro
Outra idéia errônea é acreditar que a decisão de aceitar
ou não o conselho dos profetas nada mais é que decidir se
aceitamos um bom conselho e recebemos seus benefícios
ou se permanecemos na situação atual. Entretanto, a decisão de não atender aos conselhos dos profetas muda completamente a nossa situação: Passamos a correr mais
perigo. Se não dermos ouvidos ao conselho do profeta
hoje, nossa capacidade de acatar os conselhos inspirados
no futuro será reduzida. O melhor momento para decidir
ajudar Noé na construção da arca foi da primeira vez que
ele pediu ajuda. Depois disso, cada vez que ele voltava a
pedir e não era atendido, menor se tornava a sensibilidade
das pessoas para ouvir o Espírito. E assim, o conselho de
Noé parecia-lhes cada vez mais tolo, até que veio a chuva.
Aí, já era tarde demais.
Todas as vezes que decidi adiar a obediência a um conselho inspirado ou considerei-me uma exceção, acabei descobrindo que me colocara em terreno perigoso. Sempre que
dei ouvidos aos conselhos dos profetas, senti a confirmação
ao orar e, ao segui-los, percebi que havia caminhado em
direção à segurança. Ao longo do percurso, percebi que o
caminho fora preparado para mim e que os trechos acidentados haviam sido aplainados. Deus guiou-me em segurança por um caminho que já havia sido preparado
carinhosamente, às vezes com grande antecedência.
O relato do início do Livro de Mórmon refere-se a um
profeta de Deus, Leí. Ele também era um chefe de família.
Foi instruído por Deus a conduzir seus entes queridos
para um lugar seguro. A experiência de Leí é um exemplo
do que ocorre quando Deus dá conselhos por meio de
Seus servos. Da família de Leí, apenas os que tinham fé e
que receberam confirmação pessoal perceberam o perigo
O POVO RIDICULARIZA A PREGAÇÃO DE NOÉ, DE HARRY ANDERSON, © IRI
e também o caminho seguro a seguir. Para os
que não tinham fé, a mudança para o deserto
parecia não apenas tola, mas também perigosa. Assim como todos os profetas, Leí tentou, até a morte, mostrar a sua família onde
ela ficaria em segurança.
Ele sabia que o Salvador considera responsáveis aqueles a quem delega as chaves do
sacerdócio. Junto com essas chaves, é concedido o poder para dar conselhos que nos
mostrarão o caminho seguro. Aqueles que
possuem as chaves têm a responsabilidade de
advertir outros, mesmo que seus conselhos
não sejam seguidos.
As chaves são delegadas por meio de uma
linha de autoridade que passa do profeta para
outros líderes, responsáveis por grupos progressivamente menores de membros, até
chegar às famílias e aos membros individualmente. Essa é uma das formas pelas quais o
Senhor torna a estaca um lugar seguro. Por
exemplo, tive a oportunidade de comparecer
a uma reunião de pais marcada pelo nosso
bispo para alertar-nos sobre os perigos espirituais enfrentados pelos nossos filhos. Ouvi
mais do que a voz de um sábio amigo. Ouvi a
voz de um servo de Jesus Cristo, portador de
chaves do sacerdócio, que cumpria sua responsabilidade de aconselhar e que passava
para nós, os pais, a tarefa de agir. Quando
honramos as chaves da linha de autoridade
do sacerdócio, procurando ouvir e dar atenção aos conselhos recebidos, atamo-nos a
uma corda salva-vidas que não nos deixará
em apuros nas tempestades.
Nosso Pai Celestial nos ama. Ele enviou Seu
Filho Unigênito para ser nosso Salvador. Sabia
que enfrentaríamos sérios perigos na mortalidade, principalmente por causa das tentações
de um inimigo terrível. Esse é um dos motivos
pelos quais o Salvador concedeu aos homens
as chaves do sacerdócio, de modo que aqueles que tiverem ouvidos para ouvir e fé para
obedecer sejam conduzidos a lugares seguros.
O
melhor
momento
para decidir
ajudar Noé na construção da arca foi
da primeira vez que
ele pediu ajuda.
Depois disso, cada
vez que ele voltava a
pedir e não era atendido, menor se tornava a sensibilidade
das pessoas para
ouvir o Espírito.
Ter Ouvidos para Ouvir
Ter ouvidos para ouvir requer humildade.
Lembrem-se da advertência do Senhor a
Thomas B. Marsh, que era, na ocasião o
Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos.
O Senhor sabia que o Presidente Marsh e
seus irmãos do Quórum dos Doze seriam
provados. Ele fez uma admoestação referente à importância de darmos ouvidos aos
A LIAHONA JUNHO DE 2008
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LEÍ PREGA EM JERUSALÉM, DE DEL PARSON, © IRI
A
experiência
de Leí é um
exemplo do
que ocorre quando
Deus dá conselhos
por meio de Seus servos. Da família de
Leí, apenas os que
tinham fé e que receberam confirmação
pessoal perceberam
o perigo e também o
caminho seguro a
seguir.
6
conselhos, dizendo: “Sê humilde; e o Senhor
teu Deus te conduzirá pela mão e dará resposta a tuas orações” (D&C 112:10).
O Senhor acrescentou uma advertência
que se aplica a qualquer pessoa que segue
um profeta vivo: “Não vos exalteis; não vos
rebeleis contra meu servo Joseph; pois em
verdade vos digo que estou com ele e minha
mão estará sobre ele; e as chaves que lhe dei,
como também a vós, não serão tiradas dele
até que eu venha” (D&C 112:15).
Deus dá-nos conselhos não apenas para
nossa própria segurança, mas para a segurança de outros de Seus filhos, a quem devemos amar. Há poucos consolos tão doces
quanto saber que fomos instrumentos nas
mãos de Deus para conduzir outras pessoas à
segurança. Essa bênção geralmente exige que
tenhamos fé para seguir os conselhos quando
nos é difícil fazê-lo.
Um exemplo desses na história da Igreja
é o que aconteceu com Reddick Newton
Allred. Ele fazia parte do grupo enviado por
Brigham Young (1801–1877) para resgatar
as companhias Martin e Willie de carrinhos
de mão. À margem do rio Sweetwater, perto
de South Pass, o Capitão George Grant pediu
a Reddick Allred que permanecesse ali com
alguns homens e carroções prontos para
auxiliar os pioneiros de carrinhos de mão
quando esses chegassem com o grupo de
resgate.
O grupo de resgate encontrou a companhia Willie presa na neve, sofrendo com frio e
fome, e vários mortos. Parte do grupo de resgate continuou a procurar a companhia
Martin, enquanto outros ajudavam a companhia Willie a vencer a exaustiva subida da serrania de Rocky Ridge. Logo que esse grupo
assentou acampamento, Reddick Allred e
seus homens chegaram com ajuda e suprimentos essenciais.
Depois de cumprir essa tarefa, Allred
esperou pelo retorno do Capitão Grant com
a companhia Martin. Passaram-se semanas
sem qualquer sinal deles. A nevasca uivava
e o clima tornava-se cada vez mais ameaçador e dois dos homens decidiram que seria
tolice permanecerem ali. Supuseram que a
companhia Martin devia ter-se abrigado em
algum lugar para passar o inverno ou que já
havia perecido. Decidiram retornar ao Vale
do Lago Salgado e tentaram persuadir os
outros a fazerem o mesmo. Allred recusouse a sair de onde estava. Tinham sido enviados até ali por Brigham Young, e seu líder
do sacerdócio havia-lhe pedido que esperasse naquele lugar.
Os que decidiram voltar levaram vários carroções cheios
de suprimentos necessários e puseram-se a caminho do
Vale. O mais trágico é que fizeram voltar também 77 carroções que vinham do vale com mais ajuda. Alguns desses
carroções percorreram grande parte do caminho de volta
e já haviam chegado a Big Mountain quando os mensageiros enviados pelo Presidente Young os encontraram e
mandaram que fizessem meia-volta e retornassem.
Finalmente, três semanas após o resgate da companhia
Willie, o Capitão Grant chegou com a companhia Martin.
Os pioneiros dessa companhia estavam ainda mais carentes e dezenas deles haviam morrido. A equipe de resgate
do Capitão Grant era pequena e tinha poucas provisões —
e faltavam ainda 320 quilômetros para chegarem ao Vale
do Lago Salgado. Mais uma vez, devido à fidelidade as suas
responsabilidades, mesmo nas mais difíceis circunstâncias,
Reddick Allred estava em condições de prestar ajuda e fornecer os suprimentos necessários para salvar a vida daqueles pioneiros.4
Estender a Mão a Outros
Ouviremos e leremos conselhos inspirados dos profetas
de Deus dizendo-nos para estender a mão aos membros
novos da Igreja. Os que tiverem a mesma fé que possuía
Reddick Newton Allred continuarão a oferecer sua amizade
mesmo quando isso não parecer necessário ou aparentemente não surtir efeito; esses persistirão. Quando algum
membro novo chegar ao ponto de exaustão espiritual, os
membros de fé estarão por perto para oferecer palavras
amáveis e amizade. Sentirão assim o mesmo reconhecimento divino que o irmão Allred sentiu ao ver os pioneiros
chegando com tanta dificuldade sabendo que poderia oferecer-lhe segurança por ter seguido um conselho, mesmo
em situação adversa.
O relato não nos informa, mas estou certo de que o
irmão Allred orou enquanto esperava. Creio firmemente
que suas orações foram respondidas. Com isso ele soube
que o conselho de permanecer firme naquele lugar viera
de Deus. Precisamos orar para ter igual certeza. Prometolhes que suas fervorosas orações terão resposta.
Algumas vezes recebemos conselhos que não compreendemos ou que parecem não se aplicar a nós, mesmo
depois de meditarmos e orarmos fervorosamente. Não os
rejeitem, mas mantenham esses conselhos na mente e no
coração. Se alguém de confiança lhes entregasse um pacote
que parecesse conter apenas areia e lhes fizesse a promessa
de que havia ouro misturado, vocês sabiamente ficariam
algum tempo com o pacote na mão e o balançariam delicadamente. Todas as vezes que fiz isso em relação ao conselho de um profeta, depois de algum tempo, os grãos de
ouro começaram a aparecer e eu me senti grato.
Somos abençoados por vivermos em uma época em que
as chaves do sacerdócio estão sobre a Terra. Somos abençoados por sabermos onde procurar e como ouvir a voz
que cumprirá a promessa do Senhor de nos reunir em um
lugar seguro. Oro para que nosso coração seja humilde,
para que ouçamos, oremos e esperemos a resposta do
Senhor, que certamente virá, de acordo com a nossa fé. ■
NOTAS
1. Philo Dibble, “Early Scenes in Church History,” Four Faith Promoting
Classics (1968), p. 90.
2. History of the Church, vol. 5, p. 137.
3. Ver, por exemplo, The Teachings of Spencer W. Kimball (1982),
p. 327; “Aos Pais em Israel“, A Liahona, janeiro de 1988, p. 46;
”Mulheres da Igreja“, A Liahona, janeiro de 1997, p. 72.
4. Ver Rebecca Bartholomew e Leonard J. Arrington, Rescue of the 1856
Handcart Companies (1992), pp. 29, 33–34.
I D É I A S PA R A O S M E S T R E S
FAMILIARES
Depois de se preparar em espírito de oração, dê esta mensagem, utilizando um método que incentive a participação
daqueles a quem você ensina. Seguem-se alguns exemplos:
1. Leia o relato de como Reddick Allred foi firme e fiel.
Pergunte aos membros da família o que teriam feito naquelas
circunstâncias. Pergunte: De que maneira nos mantemos em
segurança por seguir o profeta? Como a nossa própria obediência pode influenciar a segurança dos que estão a nosso
redor?
2. Pergunte aos membros da família como podem reagir
ao enfrentar uma questão a respeito da qual os profetas
tenham dado algum conselho, como, por exemplo, a de vestir-nos com recato e de evitar os programas e materiais questionáveis nos meios de comunicação. O livreto Para o Vigor
da Juventude (item n° 36550 059) traz conselhos em relação
a muitas questões atuais.
3. Leiam juntos o segundo parágrafo sob o título “O Alerta
de um Profeta”. Peça aos membros da família que relembrem
alguns discursos da última conferência geral. Convide-os a
falar dos princípios do evangelho que se lembram terem sido
mencionados por mais de um orador. Preste testemunho de
que somos abençoados por viver em uma época na qual o
Senhor envia várias testemunhas de Sua palavra.
A LIAHONA JUNHO DE 2008
7
Os Frutos do
Livro de Mórmon
É L D E R R I C H A R D G. H I N C K L E Y
Dos Setenta
Q
Ponderar e aplicar
as doutrinas de
Cristo ensinadas no
Livro de Mórmon
produziu em mim
uma “vigorosa
mudança”.
8
uando leio o Livro de Mórmon, algo
inevitavelmente acontece comigo.
Meus fardos me parecem mais leves.
A fé e a esperança substituem minhas preocupações, angústias e dúvidas. A vida fica
mais radiante.
Quando eu era um jovem missionário na
Alemanha, depois de apenas um ou dois
meses no campo, tive duas experiências
parecidas que exerceram um profundo
impacto sobre o meu testemunho do Livro
de Mórmon.
Certa manhã, ao fazermos contatos, eu e o
meu companheiro batemos à porta do ministro de uma importante igreja. Ele nos convidou para entrar, sentou-se conosco à mesa e
sem mais demora começou a atacar o Livro
de Mórmon de modo extremamente exaltado
e contundente. Entendi quase tudo o que ele
disse, e o espírito de contenda que suas palavras deixavam transparecer era inegável, mas
por não ser fluente em alemão, tive dificuldade para responder. O meu companheiro
sênior, um missionário capaz e notável, simplesmente prestou um testemunho incisivo
do livro, e pedimos licença e fomos embora.
O meu coração batia acelerado. Acho que até
estava trêmulo. Fiquei perturbado.
Uma ou duas semanas depois, conhecemos um homem ao fazermos contatos de rua
e ele aceitou nos receber. Marcamos a hora e
a data e ele nos deu seu endereço em
Bückeburg, pitoresco povoado a vários quilômetros da cidade que nos fora designada,
Minden, mas que ainda estava situado nos
limites da nossa área.
Estávamos no inverno, e na manhã do
domingo combinado, pegamos as bicicletas
e pedalamos até Bückeburg, enfrentando
um forte e gélido vento contrário. Com frio
e ofegantes, tocamos o interfone do prédio
do nosso pesquisador, e ele abriu a porta.
Subimos as escadas até o apartamento e ele
nos convidou para entrar. De imediato, reconhecemos o espírito de contenda que havia
no local: o mesmo que sentíramos algumas
semanas antes na casa do ministro.
Nosso anfitrião não nos convidou para
sentar. Em vez disso, retirou-se por alguns
instantes. Voltou com várias edições da
Bíblia nas mãos, pôs tudo na mesa e lançou
em voz alta e com tom desafiador: “Então
querem falar [de religião], não é mesmo?”
Em seguida, apontando para a janela, gritou:
“Muito bem, mas primeiro joguem o seu
Livro de Mórmon no [Rio] Weser!”
Algumas semanas tinham-se passado
desde a nossa experiência com o ministro, e
eu já conseguia dizer algumas frases em alemão. Tentei fazê-lo. Mais uma vez, o meu
companheiro sênior simplesmente prestou
um testemunho firme e sereno do Livro de
L
À DIREITA: FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER
i, orei, refleti
e ponderei. O
Senhor acabou
por coroar os meus
esforços, e eu recebi
um testemunho que
permanece comigo
até hoje e que só fortaleceu com o passar
dos anos.
Mórmon e agradeceu educadamente a
atenção de nosso anfitrião e, então, pedimos licença e voltamos de bicicleta para
Minden, mas dessa vez com o vento
soprando a nosso favor.
Eu tinha um testemunho da veracidade
do Livro de Mórmon — ou pelo menos na
época achava que sim. Contudo, tive o
pesar de constatar após essas duas experiências ocorridas num curto intervalo de
tempo que o meu testemunho não era
sólido nem profundo. Fiquei inseguro em
relação a mim mesmo e a minha capacidade de testificar do Livro de Mórmon de
modo veemente e persuasivo.
Dei-me conta de que, a fim de ter êxito na missão, precisaria garantir o vigor e sinceridade do meu testemunho do
Livro de Mórmon. Comecei a me empenhar para isso; li,
orei, refleti e ponderei. O Senhor acabou por coroar os
meus esforços, e eu recebi um testemunho que permanece
comigo até hoje e que só fortaleceu com o passar dos anos.
Essas duas experiências ficaram gravadas na minha
mente. Sou grato por aquele companheiro sensato e
sóbrio e, de certa forma, também por aquele ministro irrefletido e por aquele fanático que, de modo figurado, me
sacudiram e me impeliram a agir. Até hoje, muito mais de
40 anos depois, recordo o nome deles e os detalhes de
nosso encontro. Quando penso neles, uma passagem
grandiosa de 3 Néfi me vem à mente:
“E segundo o que vos ordenei, assim batizareis; e não haverá disputas entre vós, como até
agora tem havido; nem haverá disputas entre
vós sobre os pontos de minha doutrina, como
até agora tem havido.
Pois em verdade, em verdade vos digo que
aquele que tem o espírito de discórdia não é
meu, mas é do diabo, que é o pai da discórdia
e leva a cólera ao coração dos homens, para
contenderem uns com os outros.
Eis que esta não é minha doutrina, levar a
cólera ao coração dos homens, uns contra os
outros; esta, porém, é minha doutrina: que
estas coisas devem cessar” (3 Néfi 11:28–30).
Penso também nas palavras inspiradas de
Paulo aos gálatas: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo,
paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão,
temperança” (Gálatas 5:22).
Esses são os frutos com os quais me deleito ao ler o
Livro de Mórmon. Ao ler suas páginas, refletir sobre as
doutrinas sublimes de Cristo que elas encerram e tentar
aplicá-las na minha vida, produz-se na minha mente e
alma uma “vigorosa mudança” (Mosias 5:2; Alma 5:14),
algo que suscita em mim a resolução de progredir, ser
mais bondoso, menos crítico, mais generoso e de partilhar com as pessoas as bênçãos maravilhosas que o
Senhor me concedeu.
Tais são os frutos do Espírito de Deus. Tais são os frutos
do Livro de Mórmon. ■
Cuidar do Rebanho
ENSINAR TÉCNICAS DE LIDERANÇA AOS JOVENS
P
De uma entrevista com
o Presidente Dieter F.
Uchtdorf, Segundo
Conselheiro na Primeira
Presidência, e com o
Élder M. Russell Ballard,
do Quórum dos Doze
Apóstolos.
10
reparar a nova geração para formar uma
família forte, liderar a Igreja e voltar à
presença do Pai Celestial é uma responsabilidade importante — é responsabilidade
dos líderes, professores e, acima de tudo, dos
pais. “A responsabilidade de formar os líderes
da Igreja recai sobre cada pai e mãe”, explica
o Élder M. Russell Ballard, do Quórum dos
Doze Apóstolos. “À medida que os jovens
crescem e amadurecem no decorrer da adolescência e vão chegando à fase adulta, a
Igreja passa a desempenhar um papel importante nesse processo de dar aos jovens a
oportunidade de liderar, mas tudo começa
em casa.”
Aqui, o Élder Ballard e o Presidente
Dieter F. Uchtdorf, Segundo Conselheiro na
Primeira Presidência, também discorrem
sobre dez princípios relacionados ao ensino
de técnicas de liderança aos jovens, com
base nas suas próprias observações e
experiências.
1. Começar em Casa
O ensino da liderança no lar pode ocorrer
até na mais simples das circunstâncias, como
quando o pai ou a mãe estiver preparando
uma refeição ou consertando algo na casa,
diz o Élder Ballard.
“A meu ver, não há o que substitua o pai e a
mãe mostrarem ao filho o que estão fazendo
e como estão fazendo, mesmo que ele ainda
seja bem pequeno. O simples fato de a criança
estar por perto ajudando o pai ou a mãe faz
com que ela aprenda muito mais da vida e de
como agir; isso também a ajuda a sentir-se
parte do processo decisório da família.
Há situações em que os jovens não têm
em casa o pai nem a mãe. Compreendemos
isso, mas alguém os está criando, e essa pessoa deve ser a primeira a ensiná-los como
proceder e liderar.”
Os jovens podem aprender o evangelho
no lar mesmo que os pais não sejam membros da Igreja, afirma o Presidente Uchtdorf.
Os líderes da ala ou ramo podem convidar os
pais — a despeito de serem ou não santos
À DIREITA: ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA DE JUAN PABLO ARAGÓN; BACKGROUND © ARTBEATS
Para alguns jovens, a idade
adulta parece um futuro longínquo. Em breve, porém, essa
nova geração terá a liderança
do lar e da Igreja. O que podemos ensinar a esses jovens
agora?
T
er a oportunidade de ensinar, mesmo em
pequenos grupos, é
essencial para os
jovens. O ensino, ressalta o Presidente
Uchtdorf, é a essência da liderança.
dos últimos dias — a se envolverem nas atividades dos filhos na Igreja. Alguns dos melhores métodos são ferramentas já existentes.
“Os líderes podem tirar proveito dos
recursos já oferecidos pela Igreja, como o
folheto Para o Vigor da Juventude e os programas Dever para com Deus e Progresso
Pessoal. O Guia para Pais e Líderes dos
Jovens explica como podemos ajudar nossos
jovens a terem sucesso nesses programas e a
desenvolverem habilidades de liderança”,
lembra o Presidente Uchtdorf. “Levem essas
ferramentas para o lar dos jovens. Instem os
pais a ajudarem os filhos a cumprirem as
metas e fazerem as tarefas e as outras coisas
boas que lhes forem oferecidas.
Isso exigirá um esforço especial da parte
dos líderes, mas ajudará esses pais a identificarem o potencial de liderança na família e
também mostrará a eles quem somos e o que
é importante para nós. Eles verão que a Igreja
une a família e apresenta valores maravilhosos — princípios que nos tornam mais semelhantes a Cristo. Esses pais perceberão que
‘falamos de Cristo, regozijamo-nos em Cristo,
pregamos a Cristo, profetizamos de Cristo
(...) para que nossos filhos saibam em que
fonte procurar a remissão de seus pecados’
(2 Néfi 25:26). Se utilizarmos os recursos de
que já dispomos, poderemos ajudar todos os
nossos jovens a tornarem-se líderes.”
2. Ensinar num Ambiente de Conselho
O Élder Ballard observa que não é incomum ver líderes adultos assumirem responsabilidades que na verdade cabem aos jovens.
“A liderança entre os jovens cresce quando os
líderes deliberam criteriosamente com sua
organização”, garante ele. “Suponhamos, por
exemplo, que um quórum de diáconos tenha
cinco rapazes ativos e três que não são ativos.
Quem é o responsável por reativar os três
inativos? Há líderes demais que diriam que
são os responsáveis.”
12
Na verdade, o líder deve levar o assunto a
um conselho formado pelos membros da
presidência do quórum e perguntar: “O que
faremos, como faremos e quem será responsável pelo quê?”, esclarece o Élder Ballard.
“Se virem um bispo ou outro líder que
cuida de tudo, que não envolve os demais e
não organiza conselhos para aproveitar todos
os recursos disponíveis, os jovens acharão
que esse é o papel do líder. É trágico ver um
bispo que pensa: ‘Esta é a minha ala e ela vai
funcionar do meu jeito’, sem perceber que a
ala é do Senhor. Devemos procurar saber o
que Ele deseja que façamos e como Ele
deseja que combinemos os recursos de que
dispomos para fazer as coisas acontecerem.”
3. Proporcionar Oportunidades de Ensino
no Lar e na Igreja
Ter oportunidades de ensinar — mesmo
as simples como prestar testemunho, dar
um pensamento sobre uma escritura ou
expor princípios do evangelho em discussões em pequenos grupos — é algo essencial para os jovens, ressalta o Presidente
Uchtdorf, e acrescenta que ensinar é a
essência da liderança.
“Muitas vezes, nossos jovens são os únicos
membros da Igreja na escola, assim precisam
adquirir consciência de seu grande valor e de
que conhecem sua religião. Têm de compreender que, a despeito do que façam, estão
sempre ensinando. Se dermos aos nossos
jovens diversas oportunidades de ensinar,
incentivando-os a não se envergonharem do
evangelho, vamos ajudá-los muito.”
A organização da Igreja proporciona
oportunidades não só para o crescimento
espiritual, mas também para o desenvolvimento em outras áreas. O Presidente
Uchtdorf diz o seguinte sobre a sua carreira
na aviação: “Tudo o que contribuiu para as
minhas conquistas profissionais, aprendi por
meio da Igreja”.
E conta que agora vê o mesmo acontecer em seu círculo familiar. “Meus netos são conhecidos como membros
da Igreja e também como os melhores oradores da classe.
Por quê? Porque aprenderam essa habilidade em casa e na
Igreja. Eles nem percebem que estão aprendendo — acontece naturalmente.”
ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: LAURENT LUCUIX
4. Ajudá-los a Vencer o Medo
Quando o Élder Ballard estava com pouco menos de
30 anos, foi chamado para bispo. “Fiquei muito ansioso”,
lembra. “Nunca servira como bispo antes. Cada um dos
meus dois conselheiros tinha idade para ser meu pai.
Pensei em todos os bispos que já tivera e tentei identificar
em seu exemplo as coisas que admirava e julgava proveitosas. Porém, é fazer, é desempenhar a responsabilidade,
seja ela qual for, o que, em última instância, nos ajuda a
sobrepujar o medo.”
O receio é algo inerente a qualquer nova responsabilidade, acrescenta o Élder Ballard. “Um rapaz de 12 anos
chamado para presidente do quórum de diáconos sentirá
certa apreensão. Pode ser que se pergunte: ‘Como se
dirige uma reunião?’ Mas isso lhe é mostrado. Talvez ele
hesite e tenha dificuldades, contudo, após dirigir algumas
reuniões, ele verá que é capaz. Esse é um enorme passo
à frente. Quando aprendemos a fazer algo, de repente,
passamos liderar sem temor.”
A autoconfiança também nasce da compreensão
de quem somos, afirma o Presidente Uchtdorf.
“Tomemos o exemplo de Moisés em Pérola de
Grande Valor. Ele aprende que foi criado à
semelhança de Deus e que Deus
lhe confiou um trabalho. Quando
se está a serviço do Senhor, é
diferente. É por isso que nossos
jovens precisam saber quem
são e que o Senhor
estará ao lado deles.
Quando eu era adolescente, um missionário estava nos
dando aula em nosso
pequeno ramo. Algo
que disse me marcou
profundamente: ‘Se
Deus estiver conosco, quem será contra nós?’ É essa autoconfiança que nos dá forças para agir mesmo que tenhamos medo ou que não nos sintamos à altura.”
5. Permitir que Aprendam Seus Deveres
Alguns líderes têm a tendência de dirigir, providenciar
a música ou orar num serão para os jovens e outras reuniões, mas na verdade deveriam ser “eminências pardas”,
supervisionando nos bastidores os jovens que cumprem
essas funções, esclarece o Presidente Uchtdorf.
“Isso pode ser difícil para os pais e líderes, pois sabem
que podem fazer essas coisas mais rápido ou melhor. É
preciso paciência para deixar os jovens assumirem essas
responsabilidades. Isso significa às vezes deixá-los tropeçar. As escrituras ensinam: ‘Para que meu povo seja ensinado mais perfeitamente e tenha experiência e conheça
mais perfeitamente os seus deveres e as coisas que exijo
de suas mãos’ (D&C 105:10; grifo do autor).
Devemos dar o exemplo e permitir que eles aprendam.
Vejamos o Salvador: Ele deixa que nós realizemos a Sua
obra aqui em nossos diferentes chamados. Ele é paciente
conosco. É isso que precisamos fazer com os nossos
jovens.”
O Élder Ballard dá como exemplo uma experiência que viveu com um neto ex-missionário
que queria pendurar objetos nas paredes de seu apartamento. O Élder Ballard foi até lá para mostrar-lhe como
perfurar a parede e pôr os suportes.
“Fiz uma vez e depois lhe perguntei onde queria o
furo seguinte. Ele me mostrou e eu disse: ‘Tudo bem,
você coloca. Você me viu fazer, agora é a sua vez. Aqui
está a furadeira’. E assim ele fez. E cuidou de todo o resto
também. O ritmo foi lento, pois ele estava tenso. Eu teria
feito tudo na metade do tempo, mas assim ele aprendeu.
Isso aumentou sua confiança. Se ele quiser colocar mais
alguma coisa na parede, virá apenas pegar a furadeira
emprestada... e espero que a devolva!”
6. Dar uma Visão Global
É importante explicar aos jovens que um dos motivos
para pedirmos que obedeçam e sirvam é que liderarão a
família e a Igreja no futuro. Mas a obediência e o serviço
farão mais do que os preparar para responsabilidades futuras na família e na Igreja: também ajudarão cada um a cumprir sua própria missão na vida.
Ter uma visão global é uma bênção não só para os
jovens, mas também para os líderes, esclarece o
Presidente Uchtdorf. “Acho que temos a tendência de dar
demasiada atenção aos detalhes. Se nossos líderes adultos
incutirem uma perspectiva abrangente de nosso propósito e
potencial no coração e mente
dos jovens, será fácil administrar os pormenores.
Compreender os jovens e comunicar-se com eles com
clareza e cordialidade também é crucial, acrescenta ele.
“Quando eu tinha 13 anos de idade, fui chamado para
presidente do quórum de diáconos. Nosso presidente de
ramo teve o cuidado de, em vez de só falar comigo no
corredor, encontrar uma sala para conversar e dizer-me
o que eu precisava fazer. Foi excelente como ele me
ensinou as coisas que tanto ele como o Senhor esperavam de mim.
Sabem quantos diáconos tínhamos em nossa classe?
Dois. Mas ainda assim ele se dava o trabalho de se preparar
e de me preparar. Isso foi há 50 anos, e ainda me lembro
de como isso me comoveu. Ele queria que eu me saísse
bem. Dedicou-me tempo e atenção. Suas instruções eram
dadas com bondade, mas também eram diretas, e ele fazia
o acompanhamento.”
7. Responsabilidade e Prestação de Contas
O Senhor não precisa de admiradores, mas de seguidores, afirma o Presidente Uchtdorf. “Aprendemos a ser líderes aprendendo primeiro a ser seguidores. As escrituras
nos instam a ‘agir’, não a ‘receber a ação’ (ver 2 Néfi 2:26).
O passo seguinte é o acompanhamento. É isso que
aprendemos no templo — o princípio de voltar e prestar
conta do que fizemos. Contudo, alguns de nossos líderes
têm certo receio de orientar, dizer amavelmente, mas com
toda a clareza o que esperam do jovem e, depois, fazer o
acompanhamento. Nem tudo sairá perfeito, mas incentivem os jovens quando se empenharem — eles se lembrarão
disso. Talvez não recordem as palavras exatas,
mas não esquecerão o que sentiram.”
ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: CHRISTINA SMITH
8. Saber que Têm Direito a Inspiração
Quando o Élder Ballard era um jovem
bispo, um menino indisciplinado de nove
anos estava dando muito trabalho a sua professora da Primária. Depois de várias semanas
de problemas, ela levou o menino até o bispado e anunciou: “Bispo, eis uma das ovelhas
do seu rebanho. Apascente-a”.
O Bispo Ballard não sabia bem o que fazer,
mas naquele momento teve a impressão de
que devia pedir ao menino que apresentasse
um relato semanal de seu comportamento na
Primária. O Bispo Ballard lançou o desafio, e
isso mudou a atitude do menino. O garoto
percebeu que poderia agir de outra forma.
“Eu não tinha pensado nessa idéia de prestação de contas antes da chegada do menino
a minha porta”, conta o Élder Ballard. “Mas o
Senhor, pelo poder do Espírito, inspira os
professores ou líderes dignos e justos quanto
a como proceder e ao que dizer a fim de fazer
aflorar o melhor em cada pessoa, principalmente nos jovens.”
Aliás, aquele menino de nove anos teve um
futuro brilhante, conta o Élder Ballard. Serviu
como missionário, casou-se no templo e tornou-se um grande líder.
A preparação espiritual necessária para receber inspiração exige empenho, diz o Presidente
Uchtdorf, mas é essencial. Ele aprendeu algo
semelhante durante sua carreira na aviação.
Pilotar aviões 747 era divertido, conta ele, mas a
preparação para fazê-los decolar dava muito trabalho. “Para um professor ou líder, o trabalho a
ser feito previamente consiste em orar e inteirar-se das necessidades do rapaz ou da moça.
Os líderes também devem tomar cuidado para
que o programa dos jovens não seja apenas
diversão, mas algo maravilhoso e cheio de vida
que os ajude a progredir na mocidade e a atingir seu potencial.”
9. Mais uma Vez, a Família
Acima de tudo, os líderes — principalmente os bispados — precisam cumprir sua
responsabilidade de manter os pais informados do que se passa com os jovens da ala. Os
bispos e presidentes de ramo não devem trair
a confiança de ninguém nem divulgar confidências e assuntos pessoais, mas podem
abordar coletivamente os problemas gerais.
“Se eu fosse bispo hoje”, diz o Élder
Ballard, “creio que não pensaria duas vezes
antes de ir à aula conjunta do sacerdócio e
Sociedade de Socorro no quinto domingo do
mês para falar aos pais sobre algumas questões preocupantes com relação aos jovens.
Diria: ‘As coisas que fiquei sabendo sobre os
seus jovens por meio de entrevistas feitas ao
longo dos anos ficam só entre mim e eles, e
eles sabem disso. Não vou trair a confiança
deles. Mas, de modo geral, temos um problema. Vocês pais precisam tomar conhecimento e lidar com tal e tal coisa...’. Alguns
pais talvez preferissem não ouvir os verdadeiros problemas, mas precisam estar a par da
situação”.
E
mbora o receio
seja inerente a
qualquer nova
responsabilidade,
afirma o Élder
Ballard, quando
a cumprimos fica
mais fácil superar
esse sentimento e
passamos a ter
confiança para
prosseguir.
10. Visualizar o Potencial Eterno dos Jovens
“Nos últimos anos, elevamos os padrões”,
diz o Élder Ballard. “Mas não apenas para os
jovens. Isso se aplica também aos pais, que
são os principais responsáveis por ensinar
princípios corretos aos filhos. Aplica-se também aos líderes, e, igualmente, aos professores. Todos nós temos que galgar um degrau a
mais neste mundo que caminha a passos largos rumo ao caos.”
“Vemos que eles amam o Senhor”, prossegue. “Lembrem-se de que Ele os ama. Dentro
do pequeno corpo do rapaz ou da moça sob
sua responsabilidade, há um espírito eterno.
Esses jovens pertencem ao Pai Celestial, e Ele
tem grande interesse pela vida de todos os
Seus filhos. Devemos manter acesa neles a
chama desse testemunho.” ■
A LIAHONA JUNHO DE 2008
15
Chaves para
Este rapaz italiano sabe que exercer o
sacerdócio ajuda a construir uma
ponte para a felicidade.
receber as bênçãos do templo. Para preparar-se para isso,
ele cumpre os seus deveres do Sacerdócio Aarônico e vive
de modo a estar à altura dessa responsabiliade sagrada.
K I M B E R LY R E I D
A Liahona
E
m Florença, na Itália, havia uma antiga tradição: os
casais prendiam cadeados na Ponte Vecchio e jogavam as chaves no rio Arno, o que simbolizava que o
seu amor estaria “cativo” para toda a eternidade.
Criatividade Pura
16
Fogo Purificador
Em 1497, um monge florentino convenceu os habitantes da cidade a queimarem quaisquer pertences que
pudessem ser considerados mundanos ou indecorosos,
como espelhos, roupas caras e obras de arte. Em 2008, a
FOTOGRAFIAS: KIMBERLY REID
Hoje em dia, é proibido pôr cadeados a fim de proteger
a ponte histórica, que data da Idade Média. Contudo,
Cristian Morelli, de 16 anos de idade, sabe que chaves reais
existem desde muito antes da Ponte Vecchio — chaves eficazes do sacerdócio restauradas ao Profeta Joseph Smith
em 1829, quando foram restaurados o Sacerdócio Aarônico
e o Sacerdócio de Melquisedeque. Uma dessas chaves é o
poder selador, e Cristian sabe que o amor de uma família
pode de fato ser “selado” por toda a eternidade. Seus pais
foram selados no templo por um portador dessa autoridade do sacerdócio, e um dia ele também pretende
Florença é conhecida como o berço da Renascença,
um período de florescimento na arte, literatura e pensamento científico. Assim como homens talentosos do
Renascimento que o precederam, Cristian sabe que há
muito de bom na música e nos livros. Toca contrabaixo há
três anos e gosta de estudar Literatura Inglesa e Filosofia.
Mas ele bem sabe que por vezes a “criatividade” se
entrelaça com o pecado; e conhece alguns adolescentes
que ouvem músicas impróprias ou cedem ao apelo da
pornografia. Por lembrar-se do sacerdócio que possui,
Cristian sabe que precisa ser diferente.
o
Futuro
C
ristian Morelli
mora num
povoado nos
arredores de
Florença, na Itália,
cidade famosa por
sua arte e arquitetura. Gosta de cultivar seus próprios
talentos, como tocar
contrabaixo.
A LIAHONA JUNHO DE 2008 17
C
ristian é grato
pela visão espiritual que possui. Sabe que há um
Deus, que Jesus é o
Cristo e que as chaves do sacerdócio
foram restauradas
na Terra. Esse conhecimento molda sua
maneira de viver.
estratégia de Cristian é um pouco diferente:
em vez de procurar purgar a sociedade a sua
volta, ele busca o fogo do Espírito Santo
para purificar sua própria vida.
“Às vezes é difícil”, admite Cristian. Há
apenas quatro alunos em sua classe do seminário, e eles não podem reunir-se diariamente por estarem espalhados numa área
geográfica enorme. Muitas vezes ele se sente
só, mas sabe que as provações podem ter
um efeito santificador. Para buscar inspiração, mira-se no exemplo de outras pessoas
que tenham enfrentado oposição.
Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, passou
por tribulações na terra natal de Cristian: foi
preso em Roma e é provável que, ali, tenha
morrido como mártir. Ainda hoje, com freqüência representa-se Pedro segurando
grandes chaves que simbolizam a autoridade do sacerdócio. Assim como Pedro,
Cristian quer ser um verdadeiro discípulo e permanecer comprometido
com seus chamados do sacerdócio, custe o
que custar.
Outro dos heróis de Cristian é Néfi. “Néfi,
tal qual Pedro, teve de enfrentar várias adversidades”, diz Cristian. “Esses reveses o ajudaram a forjar seu caráter.”
A oração, o estudo das escrituras e o
porto seguro que é o seu lar ajudaram a formar o caráter de Cristian e a torná-lo o que
é: um santo dos últimos dias que assumiu o
compromisso de honrar o sacerdócio, servir
como missionário e um dia tornar-se um
marido e pai justo.
Imersão nas Diversões
Essas metas distinguem Cristian de
seus amigos. “Sinto o desejo de sair em
missão desde a época da Primária”, conta.
Infelizmente, seus amigos não se interessam por ouvir suas crenças nem nada de
religião por “estarem totalmente imersos
no estudo, nos esportes e nas diversões”.
JESUS CURA O CEGO, DE CARL HEINRICH BLOCH, USADO COM PERMISSÃO DO MUSEU HISTÓRICO NACIONAL EM
HILLERØD, DINAMARCA, REPRODUÇÃO PROIBIDA; FOTOGRAFIA DE JAMES E. FAUST: BUSATH PHOTOGRAPHY
VIVER DE MODO DIFERENTE
DAQUELE QUE VIVE O MUNDO
Ele recorda experiências espirituais que teve ao distribuir o sacramento quando diácono e ao jejuar para um
parente enfermo. Sente grande satisfação no ensino
familiar ao “perceber a diferença entre antes e depois
da visita”, quando as famílias visitadas por ele e seu pai
“recebem consolo e demonstram gratidão pelas palavras
proferidas”.
Esses sentimentos e experiências são inconcebíveis para
muitos dos amigos de Cristian. Às vezes ele se sente mal
compreendido, mas a visão espiritual é uma bênção que
ele não quer perder nunca. Assim como o cego curado
pelo Salvador numa de suas histórias prediletas do Novo
Testamento (ver João 9:1–11), Cristian enxerga nitidamente, ao passo que muitos de seus amigos ainda estão
cegos para a alegria do evangelho.
Partilhar a Visão
Este é um dos motivos pelos quais ele anseia por servir
como missionário: para ajudar as pessoas a verem realidades espirituais que ele já tem a bênção de compreender.
Desde a infância, ele nutre uma forte amizade com os missionários e sente tristeza quando um deles é transferido.
“Com o passar do tempo, posso esquecer o nome do missionário, mas nunca esqueço a experiência. Cada um deles
deixou uma marca”, afirma. “Quero ser como os missionários que conheci até agora.”
Cristian fica impressionado principalmente pela determinação que vê ao trabalhar voluntariamente com os
missionários. Embora “muitas pessoas digam de modo
“Como portadores do sacerdócio desta
Igreja, parte do preço que precisamos
pagar é viver de modo diferente daquele
que o mundo vive. Somos portadores e
guardiães desses poderes vigorosos que
podem e farão retroceder o poder de Satanás na Terra.
Peço-lhes do fundo do coração que nos ajudem a repelir
o mundo.”
Presidente James E. Faust (1920–2007), Segundo Conselheiro na
Primeira Presidência, “A Garganta do Diabo”, A Liahona, maio de
2003, p. 52.
categórico: ‘Não estou interessado’ ou lhes batam a
porta na cara, eles não desanimam”, admira-se Cristian.
“Vão adiante e batem à porta seguinte e tentam levar o
conhecimento do evangelho a outras pessoas.”
Cristian se prepara para a sua própria missão não
apenas se conservando puro e estudando o evangelho,
mas também se vestindo de modo adequado, mas sem
ostentação.
A moda desempenha um papel de destaque em
Florença, mas para Cristian as roupas caras não são
importantes. Aos domingos, “uso camisa branca, paletó
e gravata para demonstrar respeito pelo Dia do Senhor e
por Ele”, diz Cristian. Ele sabe que isso o ajudará a manter o padrão de vestuário missionário. No restante da
semana, veste o que quer. “Jamais gostei de seguir as
regras da moda”, conta. “Não me importo com o que
visto, contanto que esteja nos padrões” — não importa
a marca da roupa.
Chaves para a Felicidade
Cristian mal pode esperar para receber o Sacerdócio de
Melquisedeque, a investidura do templo, o chamado para
a missão de tempo integral e, um dia, a oportunidade de
“selar seu amor” à família eterna que constituirá.
E Cristian anseia também pela Segunda Vinda de Jesus
Cristo. “Traz-me consolo saber que, quando Ele regressar, os pecados do mundo e a tristeza deles decorrentes
chegarão ao fim.” Até lá, Cristian honrará os portadores
das chaves do sacerdócio e guardará os convênios que o
aproximam do Salvador. Ele sabe que é a única maneira
de alcançar segurança espiritual e felicidade eterna. ■
A LIAHONA JUNHO DE 2008 19
Reservar
Tempo paraa
Santificação
A DA M C . O L S O N
Revistas da Igreja
O Ritmo Trepidante do Mundo
Kathy e seus amigos sabem como é fácil se enredar no
ritmo trepidante do mundo.
Chow Shu Wai, de 28 anos de idade, é supervisor
numa fábrica e trabalha 70 horas por semana. Yuen Lung
20
Sing, de 29 anos, trabalha mais de 50 horas por semana
como engenheiro civil. Kathy, de 28 anos, também trabalha cerca de 50 horas por semana no serviço de vendas e
atendimento aos clientes. Chan Misty Lai Ming, auxiliar
de pesquisa de 27 anos, e Tsang Dick Hing Leung, engenheiro mecânico de 28 anos, trabalham ambos cerca de
45 horas.
Ainda assim, esses jovens adultos fiéis aceitam responsabilidades adicionais ligadas a chamados na Igreja, que
FOTOGRAFIAS: ADAM C. OLSON, EXCETO QUANDO INDICADO
N
as ruas de Hong Kong, a vida segue um ritmo frenético. Noite e dia, multidões se deslocam de modo
ordeiro, mas apressado. Entram no metrô e saem
dele a caminho do trabalho, das compras ou da escola.
Numa cultura que valoriza a industriosidade e o
sucesso, parece que o dia não tem horas suficientes para
se fazer tudo o que é necessário.
“Preciso de mais tempo”, suspira Ng Kathy Ka-Lai, num
momento de descontração com alguns amigos jovens
adultos solteiros ao fim de um domingo atarefado.
Eles estão aprendendo por experiência própria que o
mundo pode ser tanto exigente quanto opressor. Pode
impelir uma pessoa simultaneamente em várias direções
diferentes e ocupar todo o tempo que lhe restar. As ocupações e apelos do mundo podem acabar por deixar pouco
tempo para a espiritualidade. Se não tivermos cuidado,
sem perceber estaremos à mercê do mundo, em vez de
contar com a misericórdia de Deus.
Yuen Lung Sing,
de Hong Kong,
sente que o ritmo
acelerado do
mundo pode
impedir-nos de
achar tempo para
nos aproximarmos de Deus.
em cada caso tomam de 5 a 15 horas por semana. Esse
grupo inclui uma presidente das Moças da estaca, um
conselheiro na presidência dos Rapazes da estaca, um
conselheiro na presidência da Escola Dominical da ala,
um presidente do conselho do instituto da região e um
representante dos adultos solteiros da estaca.
Para achar um tempo para renovação espiritual pessoal,
esses amigos afirmam que é preciso planejamento. Isso
significa às vezes usar de criatividade ou dormir menos,
acordar mais cedo, deitar-se mais
tarde e tirar proveito do tempo
nos transportes coletivos e intervalos no trabalho.
“Se tivermos o desejo de achar um tempo para
coisas como o estudo das escrituras, então será fácil”,
garante Dick. “É justamente quando não planejamos
que temos a tendência de desperdiçar o tempo livre de
que dispomos.”
A LIAHONA JUNHO DE 2008
21
SEM TEMPO?
“Teremos de fazer
algumas escolhas difíceis sobre a maneira
de usar o nosso tempo.
Mas nunca deve haver
a opção sistemática
em nossa vida de relegar a espiritualidade
ao segundo plano.
Nunca. (...)
(...) Ao pormos os
desígnios de Deus em
primeiro lugar, Ele nos
concederá milagres. (...)
(...) As paredes aparentes da prisão da ‘falta
de tempo’ começarão a
ruir, mesmo ao recebermos responsabilidades
adicionais.”
Presidente Henry B.
Eyring, Primeiro
Conselheiro na Primeira
Presidência, “Education
for Real Life”, Ensign,
outubro de 2002, pp.18,
20, 21.
Isso acontece porque, quando o mundo
não pede a sua atenção para o trabalho e
outras responsabilidades, costuma oferecer
outras formas de preencher o tempo.
“Há muitas distrações no mundo”, diz
Misty. Ela menciona, por exemplo, os aparelhos de MP3, que permitem às pessoas levar
suas músicas favoritas a todos os lugares,
mas que podem também impedi-las de se
concentrarem.
“Parei de usar o meu MP3 há quase um
ano”, conta ela. “Era impossível me concentrar. Não consigo pensar ou
ponderar ouvindo MP3.”
Dick cita a televisão. “Se
tenho tempo para a televisão,
tenho também para as escrituras”, diz ele. “Precisamos achar
um equilíbrio e fazer a coisa
certa no momento certo.”
Para esses jovens adultos, o
problema não consiste em assistir a programas impróprios ou
ouvir músicas inadequadas. O problema é
deixar o entretenimento ocupar o pouquíssimo tempo que lhes resta para as coisas
espirituais. Como disse o Élder Richard G.
Scott, do Quórum dos Doze Apóstolos:
“Quando as coisas do mundo se avolumam,
com demasiada freqüência as coisas erradas
assumem a maior prioridade. (...) Satanás
conta com uma ferramenta eficaz para usar
contra as pessoas boas. É a distração. Ele faz
com que as pessoas preencham a vida de
‘coisas boas’ de modo a não deixar espaço
para o que é essencial”.1
responsabilidade para proceder como o
Senhor ordenou: “Portanto santificai-vos, e
sede santos, (...)” (Levítico 20:7). Esses amigos indicaram como buscam a santificação.
1. Pela Fé
“E no dia em que eles exercerem fé em
mim, diz o Senhor, (...) [tornar-se-ão] santificados em mim, (...)” (Éter 4:7).
A fé conduz à ação, e esses jovens adultos crêem que a fé em Jesus Cristo levará a
ações condizentes com os ensinamentos
de Cristo.
Ao longo do dia, Dick
tenta pensar em Jesus com
a maior freqüência possível.
“Ele é o nosso exemplo de
santidade. O que Jesus fez?
O que Ele disse?”, questiona-se.
E ele tenta viver da
mesma maneira.
Em virtude da fé, esses
amigos estudam as escrituras, freqüentam o instituto, trabalham com os
missionários e servem no templo. Servem ao
próximo e prestam testemunho quando possível. Demonstram também que estão dispostos a sacrificar seus desejos a fim de
obedecerem ao Senhor.
“A minha mente e os meus atos devem
estar centrados em Jesus Cristo”, lembra
Kathy. “Não posso dizer que quero ser mais
paciente, sem fazer nada depois. Se creio e
tenho fé no Senhor, posso tornar-me mais
semelhante a Ele.”
2. Pelo Estudo
Santificai-vos
Ao tentarem esquivar-se do mundo, Dick,
Kathy, Lung, Misty e Shun estão aprendendo
22
“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:17).
“Quando as aplicamos, as escrituras trazem
FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE HONG KONG CHINA: CRAIG DIMOND
Cuidado com as Distrações
respostas para ajudar-nos a enfrentar e resolver nossos problemas na vida”, diz Dick sobre a sua experiência com o
estudo das escrituras.
Todos os amigos concordam. E cada um deles afirma
tentar achar tempo para o estudo diário das escrituras, seja
meia hora antes de ir trabalhar ou dormir ou durante o
tempo que passam nos transportes coletivos.
O estudo, acompanhado de reflexão fervorosa, nos
torna sensíveis à inspiração, diz Lung, e pode até transformar nossa natureza.2
“As escrituras aprofundam minha compreensão do
evangelho”, afirma Lung. “Sinto o Espírito e isso me aproxima de Deus.”
3. Pelo Sacrifício
“Santificação essa resultante da entrega de seu coração a Deus” (Helamã 3:35).
“O Salvador pede que nos prontifiquemos a sacrificar
nossos próprios desejos para seguir a Deus”, diz Kathy.
“Devemos estar dispostos a abrir mão das coisas do
mundo”, concorda Misty.
Lung cita o exemplo do jovem no Evangelho de Lucas
que perguntou a Jesus o que precisaria fazer para herdar
a vida eterna. O rapaz guardara os mandamentos desde
pequeno, mas não estava disposto a abandonar suas
Quando temos a
impressão de não
dispor de tempo
para fazer tudo o
que é necessário,
devemos dar total
prioridade a
Deus, afirmam
Tsang Dick Hing
Leung, Ng Kathy
Ka-Lai e Yuen
Lung Sing.
riquezas quando Jesus o convidou a vender tudo o que possuía para seguir o Salvador (ver
Lucas 18:18–23).
“Para seguir a Cristo, ele teria
de sacrificar coisas às quais estava
apegado”, explica Lung. “Todos nós temos coisas assim —
não necessariamente riquezas — mas coisas que nos impedem de segui-Lo.”
Um exemplo citado foi o pai do rei Lamôni, que se
prontificou a abandonar todos os seus pecados para
conhecer a Deus (ver Alma 22:18).
“Deus deseja saber se temos fé para segui-Lo. Ele
quer nosso coração”, afirma Misty. “Ele deseja saber
o que mais amamos. É assim que nos tornamos Seus
discípulos.”
“Para alcançarmos a santidade, devemos sacrificar nossa
vontade, nossos desejos”, acrescenta Shu.
4. Pela Obediência
“O que é governado pela lei é também preservado pela
lei e é por ela aperfeiçoado e santificado” (D&C 88:34).
Sacrificar os nossos desejos constitui santificação
quando o fazemos para cumprir a vontade do Senhor,
guardar nossos convênios e obedecer aos mandamentos.
A LIAHONA JUNHO DE 2008
23
A disposição de
sacrificar as coisas do mundo
para achar
tempo para Deus
traz bênçãos
grandiosas, de
acordo com Chow
Shu Wai e Chan
Misty Lai Ming.
“Deus nos deu leis”, diz Dick. “A observância delas nos
santifica.”
“Receberíamos mais bênçãos se estivéssemos mais dispostos a obedecer”, afirma Kathy. “Podemos ser felizes
cumprindo Sua lei.”
5. Pela Expiação
“Temos sido santificados pela oblação do corpo de
Jesus Cristo, feita uma vez“ (Hebreus 10:10).
“Para mim, ser santo significa ser digno de estar na presença de Deus, ser puro”, diz Lung. “Isso só é possível por
meio da Expiação.”
“Ele passou por todas as nossas dificuldades”, lembra
Misty. “Os sentimentos que temos, Ele já vivenciou. Há um
grande poder na Expiação que nos permite tornar-nos santos como Ele é santo” (ver Morôni 10:32–33).
Kathy afirma que permitir a atuação da Expiação na
nossa vida significa, em parte, “lembrar o que o Salvador
fez” por nós.
Dick garante sentir os efeitos da Expiação quando se
arrepende e guarda os mandamentos no dia-a-dia, deixando o Senhor purificá-lo — um exemplo de como
podemos santificar a nós mesmos a fim de que o Senhor
24
nos santifique (ver Levítico
20:7–8).
Estar no Mundo sem Ser do Mundo
Esses jovens adultos estão achando tempo para se santificarem e se absterem das coisas do mundo, pois o Senhor
nos deu o seguinte mandamento: “que vos (...) organizeis
e vos prepareis e vos santifiqueis; sim, purificai o coração e
lavai as mãos e os pés perante mim (...)”.
Contudo, compreender o motivo desse mandamento
de santidade é tão importante quanto compreender a
maneira de cumpri-lo.
“(...) para que eu vos torne limpos; para que eu testifique a vosso Pai e vosso Deus e meu Deus, que estais limpos do sangue desta geração (...)” (D&C 88:74–75).
“A vida às vezes é frenética”, diz Dick, olhando a agitação constante de Hong Kong à noite. “Quando achamos
tempo para o Salvador na vida, podemos contar com Sua
ajuda para vencer nossos desafios. Nada no mundo é mais
importante para mim do que poder voltar à presença do
Pai Celestial.” ■
NOTAS
1. “Primeiro o Mais Importante”, A Liahona, julho de 2001, p. 7.
2. Ver Boyd K. Packer, “Não Temais”, A Liahona, maio de 2004, p. 77.
MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES
Por Que É Essencial Que
O Evangelho de Jesus Cristo
Ensina a Realidade da Nossa
Existência Pré-Mortal
Ensine as escrituras e
citações que atendam
às necessidades das
irmãs a quem visitar.
Testifique da doutrina. Convide as
irmãs visitadas a externarem o que
sentiram e aprenderam.
orientação para saber como viver.
O plano de salvação de nosso
Pai nesta vida, que inclui a oportunidade de voltar a Ele, chama-se evangelho de Jesus Cristo” (“A Verdade
Restaurada”, A Liahona, novembro
de 2005, pp. 78–79).
O Que Nos É Ensinado sobre a
Quórum dos Doze Apóstolos:
Élder Joseph B. Wirthlin, do
“Num
Existência Pré-Mortal?
Élder Richard G. Scott, do Quórum
“Vivíamos em
verdade na presença de Deus, nosso
Santo Pai, e de Seu Filho Amado,
Jesus Cristo, na nossa existência prémortal. (...) Assim nos disseram:
‘Faremos uma terra onde estes
possam habitar;
E assim os provaremos para ver se
farão todas as coisas que o Senhor
seu Deus lhes ordenar;
E os que guardarem seu primeiro
estado [isso significa ser obediente na
existência pré-mortal] receberão um
acréscimo; (...) e os que guardarem
seu segundo estado [isto é, ser obediente durante a vida mortal] terão
um acréscimo de glória sobre sua
cabeça para todo o sempre’ [Abraão
3:24–26]. (...)
Fomos ensinados e preparados
para as circunstâncias que cada um
de nós encontraria na mortalidade.
(...) Suas lembranças da vida pré-mortal seriam retiradas para garantir a
validade do teste, mas você receberia
O GRANDE CONSELHO: ROBERT T. BARRETT; MARGEM: DETALHE DE JESUS CRISTO, DE HARRY ANDERSON
dos Doze Apóstolos:
conselho pré-mortal ao qual todos
estávamos presentes, [Jesus Cristo]
aceitou o grandioso plano de felicidade do nosso Pai para Seus filhos
e foi escolhido pelo Pai para pôr
o plano em prática. Ele assumiu a
dianteira das forças do bem contra as
de Satanás e seus seguidores numa
batalha pela alma dos homens que
começou bem antes da formação
deste mundo. Esse conflito continua
hoje em dia. Naquele momento,
estávamos todos ao lado de Jesus.
E ao lado Dele prosseguimos hoje”
(“Christians in Belief and Action”,
Ensign, novembro de 1996, p. 71).
Compreendamos a Existência
Pré-Mortal?
Julie B. Beck, presidente geral da
Sociedade de Socorro: “As mulheres
receberam papéis distintos desde
antes da fundação do mundo.
(...)Sabemos que no grande conflito
pré-mortal, ficamos ao lado do
Salvador Jesus Cristo para preservar
nosso potencial de pertencermos a
famílias eternas. Sabemos que somos
filhas de Deus e que sabemos o que
devemos fazer. (...)Acreditamos na
formação de famílias eternas.
(...)Sabemos que o mandamento de
multiplicar e encher a Terra continua
em vigor. (...)Temos fé que, com a
ajuda do Senhor, podemos ser bemsucedidas na criação e no ensino dos
filhos. Essas são responsabilidades
vitais no plano de felicidade e quando
as mulheres abraçam esses papéis
de todo o coração, elas são felizes!”
(“O Que as Mulheres da Igreja Fazem
de Melhor: Permanecem Firmes e
Inamovíveis”, A Liahona, novembro
de 2007, p. 110).
Presidente Spencer W. Kimball
“Se considerássemos a
vida mortal a totalidade da existência, então as dores, tristezas, fracassos e morte precoce seriam uma
calamidade. Mas se encararmos a
vida como algo que começou há
muito no passado pré-mortal e vai
prolongar-se por toda a eternidade,
todas as coisas que nos acontecerem
poderão ser compreendidas com a
perspectiva correta” (Ensinamentos
dos Presidentes da Igreja: Spencer
W. Kimball [2006], p. 16).
Para aprofundar o estudo, ver
Jeremias 1:4–5; D&C 138:55–56. ■
(1895–1985):
A LIAHONA JUNHO DE 2008
25
Perguntas e Respostas
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e
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b
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“Q
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”
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a
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para exper
A
s escrituras ensinam que, para exercermos o arbítrio, deve haver oposição —
o bem e o mal — no mundo e que
devemos ser “[atraídos] por um ou por outro”
(2 Néfi 2:16; grifo do autor). Você não precisa
ceder ocasionalmente ao apelo das escolhas
ruins para que o seu arbítrio seja genuíno. A
capacidade de distinguir o certo do errado é o
que importa. Não é necessário conhecer tanto
o bem quanto o mal, mas saber distinguir o
bem do mal — e depois escolher o bem.
Talvez você ache que experimentar álcool
e cigarro uma só vez não vá lhe fazer mal,
mas fará. Trata-se de substâncias nocivas, e
não se pode sentir o Espírito ao utilizá-las.
Para algumas pessoas, essa única vez se
transforma num vício para toda a vida.
Não Existe “Uma Única Vez”
Não, você não deve experimentar —
nenhuma vez! Talvez você diga que nunca
voltará a fazê-lo, mas o álcool e o cigarro
podem criar dependência. Tenho uma amiga
que experimentou álcool uma vez. Quando ela saiu de
novo, o que aconteceu? Tornou a beber. Todos sabiam que
ela bebera “só uma vez”, então se tornou “só mais uma vez”.
Nós, membros, somos constantemente observados pelos
não-membros. Não passamos uma boa imagem quando não
seguimos nossos próprios padrões — sem falar na decepção
causada aos nossos pais.
Kaila W., 17 anos , Nova Gales do Sul, Austrália
Os Mandamentos nos Mantêm em Segurança
O Pai Celestial está a par de cada acontecimento
na nossa vida e das respectivas conseqüências.
É por isso que nos concedeu a Palavra de
Sabedoria. Ele nos ama imensamente e quer proteger-nos do diabo. E os mandamentos são uma de Suas maneiras
de nos manter em segurança. Você sabe que a abstenção de substâncias nocivas é um mandamento, então permaneça em terreno
seguro. Ore para receber a orientação Dele a fim de ficar longe da
tentação de experimentar coisas que você sabe não serem certas.
Asenaca V., 18 anos, Suva, Fiji
As respostas são auxílios e pontos de vista, e não pronunciamentos de
doutrina da Igreja.
26
Guarde a Palavra de
Não Aprenda pela Dor
Sabedoria
Nossos líderes da Igreja não dizem
“apenas uma vez”. Dizem não.
Devemos simplesmente ter fé no que
a Igreja nos ensina, em vez de aprender por nós mesmos com experiências
dolorosas. Lembre também que, na
entrevista de recomendação para o
templo, os líderes do sacerdócio perguntam se você guarda a Palavra de
Sabedoria.
Tenha em mente que a
Palavra de Sabedoria é
um mandamento de
Deus e por isso devemos observá-la à
risca. Do contrário, estaremos pecando,
e um pecado será sempre um pecado,
ainda que praticado uma única vez. Não
esqueça que os pecados sérios só acontecem caso cedamos primeiro a pequenas tentações, como experimentar
álcool ou cigarro para ver como é.
PRÓXIMA PERGUNTA
“Alguns amigos meus da Igreja discutem
com amigos não-membros sobre qual
religião é verdadeira. Sei que é errado
entrar em contendas, mas como posso
mostrar aos meus amigos o que sinto pelo
evangelho?”
Mande a resposta até 15 de julho de
2008 para:
Liahona, Questions & Answers 7/08
Lauren R., 15 anos, Maryland,
50 E. North Temple St., Rm. 2420
Estados Unidos
Salt Lake City, UT 84150-3220, USA
Ana M., 20 anos, Michoacán, México
Ou pelo e-mail: [email protected]
A Racionalização Pode levar ao Vício
Todas as substâncias prejudiciais ingeridas pelo organismo são contrárias à
Palavra de Sabedoria. Não as experimente! O uso dessas substâncias,
mesmo em doses mínimas, pode levar
a uma dependência destrutiva. Ao violarmos a Palavra de Sabedoria, abrimos
mão de muitas bênçãos que poderíamos receber. Maculamos nosso espírito. As melhores armas para fazer
frente à tentação são a oração, o jejum
e o estudo das escrituras.
O erro em dizer “é apenas uma vez” é o
fato de tê-lo feito. Isso enfraquecerá a
sua resistência diante de uma tentação
semelhante no futuro. Racionalizar e
dizer “é apenas uma vez” nos afasta do
caminho estreito e apertado. Depois
de iniciar nessa direção, talvez não seja
fácil dar meia volta, pois você dirá: “É
só mais uma vez e, além do mais, posso
parar quando quiser”. Pode ser que
você acabe dizendo: “Preciso de mais
uma vez” ou “Não há mais esperança
para mim”.
Oleg P., 16 anos, Criméia, Ucrânia
Adam H., 16 anos, Colúmbia Britânica,
Resistir à Tentação
O seu e-mail ou a sua carta devem conter
as informações e a permissão a seguir:
NOME COMPLETO
DATA DE NASCIMENTO
ALA (ou ramo)
ESTACA (ou distrito)
Dou permissão para a publicação da
resposta e da fotografia:
ASSINATURA
ASSINATURA DOS PAIS (se você for menor de 18 anos)
Canadá
Uma Vez Só Faz Mal
“Há alguns anos,
um de nossos
filhos me perguntou por que não
era uma boa
idéia experimentar álcool ou
cigarro para ver
como é. Ele conhecia a Palavra de Sabedoria e também os efeitos negativos dessas
substâncias para a saúde, mas
questionava por que não deveria
experimentá-las por si mesmo.
Respondi que, se quisesse experimentar algo, deveria ir ao curral e
comer um pouco de estrume. Ele
recuou, horrorizado. ‘Ah, que
nojo!’, foi sua reação.
‘Que bom que pensa assim’, respondi, ‘mas por que não experimenta para saber por si próprio? Já
que está sugerindo experimentar
algo que você sabe ser ruim para si
mesmo, por que não aplica esse
mesmo princípio a outras substâncias?’ Essa ilustração do caráter
absurdo de ‘experimentar por si
mesmo’ revelou-se convincente para
um jovem de 16 anos de idade.” ■
Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos Doze
Apóstolos, “Sin and Suffering”, Tambuli,
abril de 1994, p. 32.
A LIAHONA JUNHO DE 2008
27
E
u era o único diácono na ala, assim
o bispo e eu andamos pelo bairro,
visitando todos os rapazes do quórum
e convidando-os a voltar para a Igreja.
28
UM CHAMADO PARA
CRESCER
ÉLDER ULISSES SOARES
Dos Setenta
ILUSTRAÇÕES: DOUG FAKKEL
N
asci no Brasil numa boa família de
quatro meninos e pais maravilhosos.
Quando nasci, meus pais não eram
membros da Igreja. Filiaram-se à Igreja
quando eu era pequeno, e fui batizado e
confirmado aos oito anos de idade.
Ao completar 12 anos, o bispo me chamou para uma entrevista. Nessa ocasião,
explicou-me o que é o Sacerdócio Aarônico.
Discorreu sobre as minhas responsabilidades ao portar o sacerdócio. Fui designado
como presidente do quórum de diáconos,
mas era o único membro ativo do quórum.
Naquela época, meu ótimo bispo me ensinou uma lição importante sobre o serviço
na Igreja.
Um Convite Simples
Certo domingo, estávamos na capela
para a reunião do sacerdócio e ele se voltou para mim e perguntou: “Onde estão os
outros rapazes? Onde estão os diáconos do
seu quórum?”
Respondi: “Estou aqui. Que eu sabia, sou
o único”.
“O que está fazendo para conhecer os
membros do seu quórum?”, indagou ele.
Repliquei: “Não sei o que fazer”.
Então ele disse: “Vou-lhe mostrar o
que fazer”.
Logo após a reunião andamos pelo
bairro visitando cada um dos rapazes da
lista do quórum e convidando-os a voltar
para Igreja. Vários deles retornaram
após algumas visitas. Alguns serviram
como missionários, constituíram uma boa
família e se tornaram bispos e presidentes
de estaca. Tudo isso começou com uma
simples visita minha e do bispo. Ele estava
atento a essa necessidade especial em
nossa pequena ala, e sou muito grato por
aprender uma lição que me marcou para
sempre.
No decorrer da minha vida, aprendi que
as pessoas estão prontas para serem convidadas para voltar. É preciso ir até elas e convidá-las a voltar para a Igreja. Até mesmo
um jovem como eu era, sem experiência no
O meu bispo me confiou uma designação
e ajudou-me a compreender como é
bom servir na Igreja
e fazer o testemunho
crescer.
A LIAHONA JUNHO DE 2008
29
Q
uando tinha
quase 16
anos de
idade, o bispo me
chamou para ensinar na Escola
Dominical. Fiquei
com medo e nervoso.
Ao preparar a aula,
ajoelhei-me e orei.
No domingo seguinte,
garanti aos alunos
que o Pai Celestial
responderia as
suas orações caso
tivessem fé.
sacerdócio, pode fazer muito para ajudar o
reino a crescer.
Essa experiência como presidente do
quórum de diáconos foi de grande valia
para mim. O bispo foi muito sábio. Ele
tinha visão do futuro. Confiou-me essa
designação por saber que eu era um rapaz
que precisava ser treinado e decidiu ser o
treinador, assim dedicou o tempo necessário para me ajudar e apoiar, saindo comigo.
Ele me ajudou a entender como é bom
servir na Igreja e fazer o testemunho crescer. Foi maravilhoso. Serei eternamente
grato a ele.
Uma Aula sobre o Testemunho
Quando eu tinha quase 16 anos de
idade, esse mesmo bispo me designou
para substituir temporariamente um professor dos jovens na Escola Dominical.
Quando recebi esse cargo, fiquei com
medo e nervoso. Achava que não tinha
conhecimento suficiente para ensinar.
30
Pensei: “Como posso ensinar essa classe? É como um
cego guiando outro”.
Recordo que, em certa aula, tinha de falar sobre o testemunho de Jesus Cristo. Estávamos estudando no Livro de
Mórmon sobre como adquirir um testemunho do evangelho. Eu sentia no coração que a Igreja é verdadeira e que
Jesus é o Cristo. Contudo, nunca orara a respeito disso.
Pensei: “Como é que vou ensinar a esses jovens que precisam orar para receber uma resposta se eu mesmo nunca
fiz isso?”
Desde que nasci fora-me ensinada a fé em Jesus
Cristo. E quando me tornei membro da Igreja, tinha no
peito um sentimento cálido em relação a Jesus Cristo, a
meu Pai Celestial e à Igreja. Eu nunca duvidara que esta
é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo; jamais orara a respeito porque os sentimentos já eram muito fortes. No
entanto, ao me preparar para a aula naquela semana,
resolvi orar para receber a confirmação da veracidade
do evangelho.
Ajoelhei-me no meu quarto e orei com todas as forças
para que me fosse confirmado no coração que esta é a
verdadeira Igreja de Jesus Cristo. Eu não estava à espera
de uma grande manifestação, da visita de um anjo ou de
nada do gênero. Nem sequer sabia o que esperar como
resposta.
Quando me ajoelhei e perguntei ao Senhor se o evangelho é verdadeiro, tive um sentimento muito doce no
coração e uma voz mansa me confirmou sua veracidade e
que eu deveria continuar a segui-lo. Foi algo tão forte que
eu jamais poderia negar, nem ignorar. Ainda que fosse
uma voz mansa e delicada, o sentimento no coração foi
arrebatador.
Passei o dia inteiro sentindo tanta felicidade que não
consegui pensar em nada negativo. Quando meus colegas
na escola diziam coisas ruins, eu nem dava atenção. Era
como se estivesse no céu, ponderando sobre aquele
sublime sentimento no coração.
No domingo seguinte, ao ensinar a classe dos jovens,
pude prestar meu próprio testemunho e garantir-lhes
que o Pai Celestial responderia as suas orações caso
tivessem fé. Usei Tiago 1:5, a mesma escritura lida por
Joseph Smith sobre pedir sabedoria a Deus. Todavia, o
versículo seguinte esclarece que é preciso pedir com
fé, “porque o que duvida é semelhante à onda do mar,
que é levada pelo vento, e lançada de uma parte para
outra” (Tiago 1:6). Ensina também que uma pessoa
não pode esperar receber uma resposta se não tiver
confiança ao orar. Depois, eu disse a mim mesmo e a
minha pequena classe que devemos perguntar com fé
verdadeira, buscando uma resposta e então o Senhor
responderá.
A partir daquele momento, o meu testemunho me
trouxe a convicção de que era preciso tomar boas decisões, principalmente em momentos de tribulação. Todos
nós nos deparamos com desafios ao procurarmos guardar
os padrões do evangelho, principalmente as pessoas que,
como eu, eram os únicos membros da Igreja na escola. No
entanto, o meu testemunho me ajudou a recordar que,
embora eu sofresse pressão dos amigos para fazer coisas
erradas, sabia que estava seguindo o verdadeiro evangelho
de Jesus Cristo. Depois dessa experiência, jamais poderia
rejeitar esse testemunho.
Aquele dia fez uma grande diferença na minha vida. A
partir daquele momento continuei a me preparar para a
missão com a ajuda do meu maravilhoso bispo e de minha
família. Servi como missionário e, quando voltei me formei na universidade. Casei-me e constituí uma família. E
tudo começou por causa daquela oração quando tinha
apenas 16 anos de idade.
Uma Vida de Crescimento
Como já disse, sempre soube que o evangelho era
verdadeiro, mas tive que perguntar e depois partilhar
minha própria experiência com outras pessoas. Isso
me ajudou também na missão, pois ao convidar os pesquisadores a orar, podia falar-lhes da minha própria
experiência, mostrando que já passara por isso antes.
Eu testificava que eles poderiam receber uma resposta
se orassem com fé.
Bênçãos grandiosas me foram concedidas porque tive
a oportunidade de aprender, servir e crescer por meio de
chamados e designações na Igreja. Oro para que, ao receberem essas oportunidades, vocês saibam aproveitá-las.
É algo que pode fazer toda a diferença em sua vida. ■
A LIAHONA JUNHO DE 2008
31
O atirador colocava ambas as extremidades da funda na mão usada para o
, enrolando às vezes uma das pontas em volta dos dedos e segurando a outra ponta
entre o polegar e o indicador. Em geral, o atirador não girava a funda acima da
cabeça, mas simplesmente a girava uma vez e, depois, com um movimento forte
de arremesso (seja com as mãos acima da altura do ombro ou abaixo), soltava a
extremidade entre o polegar e o indicador a fim de liberar a pedra.
Davi devia ter, no
máximo, uns 16 anos
de idade quando lutou
contra Golias e é descrito nas escrituras
como “ruivo”, ou seja,
com cabelo avermelhado e rosto rosado
(jovial).
As fundas antigas costumavam ser feitas com uma
longa tira de lã ou linho trançado e uma espécie de bolsa
no meio para segurar a pedra.
Quanto mais longa a funda,
maior o alcance. As fundas
mais longas podem lançar
uma pedra a bem mais de
250 metros de distância,
com uma velocidade de 100 a
160 quilômetros por hora.
As pedras redondas e
pesadas eram as preferidas
pelos atiradores, devido ao
potencial de um percurso mais
retilíneo. Em geral, as pedras
usadas nas fundas tinham por
volta de 5 centímetros de diâmetro (aproximadamente o
tamanho de uma bola de
golfe).
DERROTAR
OS SEUS
GOLIAS
“Hoje mesmo o Senhor
te entregará na minha
mão (...) e toda a terra
saberá que há Deus em
Israel” (I Samuel 17:46).
Tabela de basquetebol, 3 metros
Golias, cerca de 2,7 metros
Davi
Um leão e um urso atacaram os rebanhos do pai de Davi, e Davi os combateu, o
que lhe deu confiança para lutar contra
Golias.
FOTOGRAFIA DA FUNDA: CRAIG DIMOND; ilustrações: GREG NEWBOLD;
ANIMAIS © GETTY IMAGES; MAPA © MOUNTAIN HIGH MAPS
T
odos nós enfrentamos
alguns Golias na vida:
provações, desafios e
tentações que parecem difíceis
demais para serem superados.
Contudo, assim como Davi,
podemos sobrepujá-los caso
confiemos em Deus e façamos
a nossa parte. O Presidente
Gordon B. Hinckley (1910–2008)
ensinou: “Quando aparecer
alguma tentação, chamem o
monstro maldoso de ‘Golias’ e
tratem-no como Davi tratou o
filisteu de Gate” (“Derrotar
A couraça de
escamas de
Golias tinha “cinco
mil siclos de bronze”, o
que equivale a um peso
de 57 a 90 quilos.
os Golias de Nossa Vida”, A
Liahona, fevereiro de 2002,
p. 5).
Ao lermos I Samuel 17, o que
aprendemos com a batalha de
Davi e Golias? De que forma
a confiança de Davi em Deus o
ajudou? Como ele se preparou
A haste da lança
de Golias era como
o “eixo do tecelão” e
devia pesar cerca de
10 quilos; a ponta da
lança pesava “seiscentos siclos de ferro” —
de 7 a 11 quilos.
para esse combate? Que
impacto um adolescente pode
ter na edificação do reino do
Senhor?
Turquia
M AR
Grécia
EG
Aqui vão alguns detalhes
Síria
U
E
para complementar o seu
Líbano
MAR M
EDITE RRÂNE O
estudo dessa história notável.
Líbia
Israel
Jordânia
Egito
Tudo leva a crer que os filisteus
O capacete de bronze de Golias
eram originários da região em volta do Mar
Egeu. É possível que Golias fosse descendente
de um povo conhecido por ter pessoas altíssimas, “gigantes” (ver Deuteronômio 2:10–11;
Josué 11:22).
era feito provavelmente de estanho, cobre ou
ferro. Talvez estivesse acoplado a um pequeno
escudo, cujo objetivo era proteger as costas e
o pescoço.
34
O Componente
Espiritual da Cura
ÉLDER ALEXANDER B. MORRISON
Foi membro dos Setenta de 1987 a 2000
O
s relatos das escrituras sobre a vida e
os ensinamentos de Jesus estão repletos de referências a Seu poder incomparável de curar toda sorte de aflições. Os
Evangelhos registram mais de 20 ocasiões
em que Jesus curou enfermos: da cura do
filho do nobre em
Cafarnaum (ver
João 4:46–53) à
restauração da orelha cortada de Malco,
servo do sumo sacerdote (ver Lucas
22:50–51; João 18:10).
Os poderes de cura de Cristo se aplicavam a muito mais do que problemas físicos,
abrangiam “todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mateus 4:23; grifo do
autor; ver também Mosias 3:5; 3 Néfi
17:5–10). Jesus, em Sua infinita compaixão,
curou não só as pessoas que sofriam de
males físicos, mas também de distúrbios
mentais e emocionais.
Essas curas são um componente integral
da Expiação de Jesus Cristo. Ela é tão poderosa — tão abrangente em sua extensão e
alcance — que não apenas paga o preço do
pecado, mas pode também curar
todas as aflições mortais. Ele,
que sofreu dores e aflições de
toda sorte a fim de saber com
perfeição como socorrer Seu
povo (ver Alma 7:11–12),
que suportou o peso
dos pecados de todos
os integrantes da família
de Adão (ver 2 Néfi 9:21),
oferece igualmente a todos
os benefícios de Seu poder
de cura, seja qual for a
causa das aflições. “Pelas
suas pisaduras fomos
sarados” (Isaías
53:5).
O dom divino da
cura manifesta-se
em função das necessidades individuais
dos beneficiários,
determinadas por
Aquele que as
conhece melhor que
ninguém por ser
quem mais os ama.
TANQUE DE BETESDA, DE CARL HEINRICH
BLOCH, CORTESIA DO MUSEU DE ARTE DA
UNIVERSIDADE BRIGHAM YOUNG
A LIAHONA JUNHO DE 2008
35
A
fé por parte
da pessoa a
ser curada
é um pré-requisito
primordial para a
cura. Sem fé não
pode ocorrer o milagre da cura.
O Papel do Sacerdócio
O Salvador, por meio de Seu poder
divino, podia curar a todos, mas os homens
mortais que exercem a autoridade do santo
Sacerdócio de Melquisedeque estão sujeitos
à vontade Dele. Às vezes, como a vontade
de Deus é diferente, eles não conseguem
curar as pessoas a quem ministram. Por
exemplo, o apóstolo Paulo “três vezes
[orou] ao Senhor” para retirar o “espinho
na carne” não identificado que o atormentava (II Coríntios 12:7–8), mas o Senhor
recusou-Se a fazê-lo, explicando: “A minha
graça te basta, porque o meu poder se
aperfeiçoa na fraqueza” (II Coríntios 12:9).
Paulo entendia melhor do que ninguém
que a tribulação e o sofrimento são, tanto
um quanto o outro, partes necessárias e
inevitáveis da vida.
O Presidente Spencer W. Kimball
(1895–1985) compreendia
como é sábio que haja
limites para o poder de
cura dos portadores
do sacerdócio e observou: “O poder do sacerdócio é ilimitado, mas
sabiamente Deus deu
certas restrições a
cada um de nós. (...)
Sou grato pelo fato
de que, mesmo com
o sacerdócio, não
posso curar todos os
enfermos. Eu poderia
ser tentado a curar
pessoas que deveriam
morrer. (...) Sinto que
poderia frustrar os
propósitos de Deus”.1
Há muitos anos,
quando eu era um
jovem e inexperiente
presidente de
ramo, um membro me pediu que participasse
de uma bênção de saúde dada a sua esposa
gravemente enferma. Percebi que ele queria
que eu a abençoasse com o total restabelecimento da saúde. Essa era mesmo a minha
intenção: tanto ele como a esposa eram pilares
essenciais de nosso ramo titubeante.
O marido ungiu a cabeça da esposa com
óleo consagrado do modo recomendado, e
eu me incumbi do selamento da unção (ver
Tiago 5:14). Para minha surpresa, ouvi-me
proferindo palavras que não pretendia dizer:
aquela irmã estava “[designada] para morrer”
(D&C 42:48). Ela não se recuperaria da
doença, mas se retiraria de nosso meio em
paz, amparada pelos braços amorosos do
Salvador.
A irmã morreu no dia seguinte e presidi
seu funeral. Eu estava triste, mas também
amadurecera com aquela lição. Aprendera
algo extraordinário: quando ministramos aos
enfermos, nosso lema deve ser: “não se faça
a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22:42).
Assim, o dom divino da cura manifesta-se
de diferentes maneiras, em função das
necessidades individuais dos beneficiários,
determinadas por Aquele que as conhece
melhor que ninguém por ser quem mais os
ama. O poder de cura de Cristo pode pôr
fim ao sofrimento corrigindo a disfunção de
uma ou mais partes do organismo ou retirando o fardo pesado da aflição do coração
angustiado; mas a paz, o repouso e o alívio
tão ardentemente desejados pelas pessoas
cuja carga parece por vezes insuportável
podem não vir da cura no sentido médico,
mas assumir a forma de um dom de maior
força, compreensão, paciência e compaixão
que lhes permita suportar as provações.
Assim como Alma e seus irmãos, elas poderão então “carregar seus fardos com facilidade” e submeter-se “de bom grado e com
paciência a toda a vontade do Senhor”
(Mosias 24:15).
ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS: DAVID STOKER
que abordagens espirituais na psicoterapia da depressão,
por exemplo, são pelo menos tão eficazes quanto as puramente seculares. Um número cada vez maior de médicos e
psicoterapeutas agora usa métodos e intervenções ligados à
espiritualidade para tratar pacientes com enfermidades físicas ou mentais.
O Papel da Medicina
O Papel da Fé
Não devemos crer que todas as pessoas acometidas por
doenças, sejam quais forem as causas, precisam apenas
receber uma bênção do sacerdócio para que os fardos
sejam retirados — talvez de modo permanente. Sou um
grande advogado e defensor das bênçãos do sacerdócio.
Sei, por meio de muitas experiências pessoais, que Jesus
Cristo, e somente Ele, possui o precioso “bálsamo de
Gileade” (ver Jeremias 8:22) necessário para a cura final e
completa. Mas sei também que Deus nos concedeu conhecimentos maravilhosos que podem ser de valor inestimável para lidar com o sofrimento. Creio que devemos tirar o
máximo proveito dessas informações oferecidas por Deus.
Há pessoas que, quando estão doentes, depois de
receber uma bênção do sacerdócio ou orar com fervor
pedindo o alívio de seu fardo, julgam que buscar auxílio
profissional para seus problemas seria demonstrar uma
lamentável falta de fé. Em alguns casos, essas pessoas até
param de tomar os remédios prescritos pelo médico,
achando erroneamente que sua fé bastará e substituirá
o tratamento. Esse tipo de raciocínio é simplesmente
errôneo. Receber e seguir conselhos de profissionais
não é incompatível com o exercício simultâneo da fé. De
fato, a prática da fé pode exigir a observância das orientações de profissionais de saúde experientes.
Os profissionais de saúde competentes — seja
qual for sua formação ou orientação acadêmica
e tanto no campo médico quanto psicológico
— estão cada vez mais conscientes de que a
espiritualidade é um elemento significativo
entre seus recursos terapêuticos. Há apenas
uma década, somente uma meia dúzia de
faculdades de Medicina dos Estados Unidos
oferecia cursos sobre espiritualidade e
cura, mas agora mais da metade o faz.
Principalmente no caso de pacientes religiosos, começam a surgir evidências de
A fé por parte da pessoa a ser curada é um pré-requisito
primordial para a cura (ver 2 Néfi 26:13; Mosias 8:18; D&C
35:9). A fé — “o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” (Hebreus 11:1)
— é um dom do Espírito, concedido como recompensa
pela retidão pessoal (ver I Coríntios 12:9; D&C 46:19–20).
Sem fé não pode ocorrer o milagre da cura; “pois, se não
houver fé entre os filhos dos homens, Deus não pode
fazer milagres entre eles; portanto ele não apareceu senão
depois que tiveram fé” (Éter 12:12).
A cura completa, que leva em
conta os aspectos espirituais, também exige uma compreensão de
nossa natureza como filhos de
Deus e de nosso relacionamento com Ele. As escrituras ensinam e os profetas
modernos confirmam
que os mortais são
compostos de corpo e
espírito — o primeiro
é corruptível e o último,
eterno — que, unidos,
constituem uma alma
vivente. O grande
plano de
A LIAHONA JUNHO DE 2008 37
A
s manifestações maravilhosas do
amor de Cristo por
todos nós trazem
esperança e alento
para os que padecem de males de
toda natureza. Seu
amor está sempre
presente e nunca
falha.
felicidade do Pai nos ensina que o corpo e o
espírito separados pela morte que advém a
todos os mortais serão, no devido tempo de
Deus, reunidos, “e todos os homens tornarse-ão incorruptíveis e imortais e serão almas
viventes, tendo um perfeito conhecimento”
(2 Néfi 9:13; ver também Alma 11:42–45).
A fé no Pai Celestial, que nos ama, e em
Seu Filho, nosso Salvador — aliada à compreensão de que somos literalmente filhos
de Deus, com a oportunidade divina de nos
empenharmos para nos tornarmos como Ele
e a consciência de que Seu amor por nós é
eterno e imutável — traz paz à nossa vida.
Essa paz persiste mesmo que as dimensões
médicas, psicológicas ou sociais da doença —
sejam elas de origem física ou mental — permaneçam como um “espinho na carne”.
O Papel do Sofrimento
Creio que a intensidade da nossa força
espiritual está intimamente ligada ao quanto
nossa alma é provada, mas não devemos
buscar o sofrimento nem nos gloriar na tribulação. Não há valor intrínseco no sofrimento em si. O padecimento pode ferir e
amargurar a alma da mesma forma que
pode fortalecê-la e purificá-la. Algumas
almas se fortalecem em reação ao sofrimento, ao passo que outras se curvam e
fenecem. Como observou com perspicácia
a autora Anne Morrow Lindbergh: “Se o
sofrimento em si ensinasse, todos seriam
sábios, pois todos no mundo sofrem”.2 Se
quisermos comunhão com as aflições de
Cristo (ver Filipenses 3:10), precisamos
pagar o preço de nos empenharmos de
todo o coração para conhecê-Lo e imitá-Lo.
Esse preço pode de fato envolver sofrimento, mas a isso se devem somar a compaixão, a empatia, a paciência, a humildade
e a disposição de sujeitar a nossa vontade
à de Deus.
As manifestações maravilhosas do amor
de Cristo por todos nós trazem esperança e
alento para os que padecem de males de
toda natureza. Seu amor está sempre presente e nunca falha. Como testificou Paulo:
“Quem nos separará do amor de
Cristo? (...)
Porque estou certo de que, nem a morte,
nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente,
nem o porvir,
Nem a altura, nem a profundidade, nem
alguma outra criatura nos poderá separar do
amor de Deus, que está em Cristo Jesus
nosso Senhor” (Romanos 8:35, 38–39).
Jesus, em Seu infinito amor e compaixão, conhece nossas provações e
pesares, pois “se lembra de todos
os povos, estejam na terra em que
estiverem; sim, ele conta o seu
povo e suas entranhas de misericórdia cobrem toda a Terra” (Alma
26:37). ■
NOTAS
1. Ver Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer
W. Kimball (2006), p. 18.
2. “Lindbergh Nightmare”, Time, 5 de fevereiro de
1973, p. 35.
38
Passar por uma
LIÇÕES DO
LIVRO DE MÓRMON
ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: CHRISTINA SMITH
Todos nós poderemos
vivenciar uma notável mudança no
coração e um renascimento espiritual e,
assim, receber as
bênçãos prometidas
de paz, amor, alegria verdadeira e a
disposição de fazer o
bem continuamente.
MUDANÇA NO CORAÇÃO
ÉLDER KEITH K. HILBIG
Dos Setenta
á alguns anos na Europa Oriental,
vi um jovem élder levantar-se diante
de outros missionários numa
conferência de zona para relatar uma experiência que lhe moldara a vida. Ele e seu
companheiro tinham ensinado um homem
de meia idade chamado Ivan (nome verdadeiro omitido) numa cidade distante. Esse
pesquisador tinha origens modestas —
algo evidente devido a suas roupas gastas,
H
barba mal cuidada e comportamento hesitante. A vida tinha sido difícil e penosa
para ele.
Como nunca recebera ensinamentos
religiosos, Ivan tinha muito a aprender e
mudar. Precisava abandonar práticas incompatíveis com o evangelho restaurado e teria
de aceitar e depois adotar novos princípios.
Ivan tinha o desejo de aprender e se preparou com diligência para o batismo e a confirmação. Suas roupas continuaram surradas
e a barba, mal cuidada, mas ele dera os
A LIAHONA JUNHO DE 2008
39
A CONVERSÃO DE ALMA: GARY L. KAPP; BRIGHAM YOUNG: JOHN WILLARD CLAWSON
A
lma, o Filho,
viveu pessoalmente a transformação de passar de
inimigo de Deus a uma
nova criatura, um ser
convertido e, portanto,
tornar-se comprometido com a edificação
do reino.
40
primeiros passos. Pouco depois do batismo
de Ivan, o missionário foi transferido. Ele
esperava voltar a ver Ivan um dia.
Seis meses depois, o presidente da missão
designou o jovem élder para seu antigo
ramo. Surpreso, mas ansioso para voltar, o
élder chegou cedo com o novo companheiro
à reunião sacramental no primeiro domingo
de volta ao ramo. Os membros ficaram felizes
ao reverem o missionário em seu meio.
Receberam-no com largos sorrisos e saudações calorosas.
O élder reconheceu quase todos na
pequena congregação. Todavia, procurou em
vão, em meio aos muitos rostos, o homem
que ele e seu companheiro tinham ensinado
e batizado seis meses antes. O élder sentiu
decepção e tristeza. Será que Ivan retomara
os hábitos nocivos? Será que não honrara o
convênio batismal? Teria perdido as bênçãos
prometidas pelo seu arrependimento?
Os temores e reflexões do élder foram
interrompidos pela chegada de um homem
desconhecido que veio correndo abraçar o
missionário. Esse homem estava bem barbeado, tinha um sorriso confiante e uma
inegável bondade irradiava de seu semblante. Usava camisa branca, uma gravata
com o nó bem feito e estava indo preparar
o sacramento para o pequeno grupo reunido naquela manhã do domingo. Só
quando o homem começou a falar é que
o élder o reconheceu. Era o novo Ivan, não
o velho Ivan que eles tinham ensinado e
batizado! O élder viu personificado nesse
amigo o milagre da fé, do arrependimento
bem-intencionada que seja essa posição, não
e do perdão; testemunhou a realidade da
é correta.
Expiação.
O Novo Testamento traz numerosas refeNa conferência de zona, esse missionário
rências ao conceito de nascer de novo, mas,
disse aos outros que Ivan mudara e crescera
O Presidente
em sua tradução, nem sempre explica exataem todos os aspectos durante seus meses de
Brigham Young ensimente como isso acontece. Por exemplo, o
ausência do ramo. Ivan abraçara o evangelho, e nou que as pessoas
Salvador (ver João 3:5–7), João Batista (ver
isso lhe conferia uma nova luz. Ele passara por
que passam por um
Mateus 3:11) e Paulo (ver Romanos 6:2–6; II
uma “mudança no coração” (Alma 5:26) forte o “novo nascimento”
Coríntios 5:17; Gálatas 4:29; Efésios 4:24) probastante para impeli-lo ao batismo e à persevese dedicam “de
clamam o princípio, mas não esclarecem seu
rança no processo contínuo de conversão.
modo (...) completo e
significado.
Estava-se preparando para receber o sacerdócabal ao Espírito da
Por outro lado, o Livro de Mórmon é uma
cio maior e as ordenanças do templo. Ivan de
verdade e a Deus”.
fonte maravilhosa de recursos para compreenfato vivera a experiência de “nascer de novo”
der melhor o processo de passar por uma
(Alma 7:14).
vigorosa mudança no coração e nascer de
Ao concluir, o missionário perguntou a si
novo. Seus profetas oferecem uma descrição
mesmo em voz alta: “Até que ponto eu passei
doutrinária mais completa do processo. Ambos os conceipor uma ‘mudança no coração’ nos últimos seis meses?”
tos são explorados de modo mais completo por Alma, o
Continuando o auto-exame, perguntou: “Será que ‘nasci
Filho, que fez três perguntas aos membros da Igreja: “Eis
de novo’?” Essas são duas perguntas profundas que cada
que vos pergunto, meus irmãos da igreja: Haveis nascido
um de nós deve fazer a si mesmo continuamente.
espiritualmente de Deus? Haveis recebido sua imagem em
Nos anos que se seguiram, refleti sobre as palavras
vosso semblante? Haveis experimentado esta poderosa
do jovem missionário e as atitudes de Ivan. Ponderei
mudança em vosso coração?” (Alma 5:14.)
sobre o papel que essa “grande mudança” (Alma 5:12)
Sabemos por meio das obras-padrão que o batismo
em nosso coração e o nosso nascimento espiritual de
por imersão permite que nos tornemos membros da
Deus (Alma 5:14) desempenham no processo de abraçar
Igreja, mas que a ordenança por si só não constitui o
o evangelho restaurado. Concluí que são claramente
renascimento espiritual que nos permite regressar à preuma parte importante da doutrina do Senhor, não apesença do Pai Celestial. Da mesma forma, quando somos
nas experiências ocorridas uma única vez na mortaliconfirmados depois do batismo, passamos a ter direito
dade. São oportunidades contínuas, que têm por
à companhia constante do Espírito Santo. Entretanto,
objetivo aprofundar o processo de conversão e aperfeisomente quando nos arrependemos verdadeiramente —
çoamento pessoal. Preparam-nos mais plenamente para
e assim recebemos de fato o Espírito Santo — é que
a vida eterna.
podemos ser santificados e portanto nascer de novo
espiritualmente. Por conseguinte, as perguntas instiganOs Desafios do Renascimento Espiritual
tes de Alma são válidas para cada um de nós repetidas
Os desafios de nascer de novo e passar por uma
vezes ao longo da vida.
grande mudança no coração devem ser enfrentados por
O Presidente Brigham Young (1801–1877) pregou o
todos nós. Algumas pessoas na comunidade cristã crêem
seguinte sobre o “novo nascimento”: “Pode ocorrer o nasque podem nascer de novo apenas reconhecendo Cristo
cimento espiritual enquanto vivemos na carne; e quando
como Salvador do mundo, a despeito de qualquer concompreendermos com mais perfeição a nossa própria
duta pessoal anterior ou posterior. Há quem afirme que
organização independente concedida por Deus, bem
o simples fato de reconhecer o papel de Cristo, aliado à
como o mundo espiritual e os princípios e poderes que
simples expressão da crença em Cristo, bastará para
agem neste organismo, aprenderemos que uma pessoa
levar-nos de volta à presença do Pai e do Filho. Por mais
A LIAHONA JUNHO DE 2008
41
e alivia a dor da transgressão (ver Mosias
pode dedicar-se de modo tão completo e
27:29; Alma 36:19).
cabal ao Espírito da verdade e a Deus e ficar
tão envolta pelo Espírito que podemos, com
propriedade, falar de um novo nascimento”.1
“Os membros da
As Bênçãos do Renascimento Espiritual
O Rei Benjamim, num sermão contunIgreja que de fato
O Élder Bruce R. McConkie (1915–1985),
dente dirigido a seu povo, aconselhou-o
do Quórum dos Doze Apóstolos, lembrou
nasceram de novo”,
quanto à observância dos princípios do evan- disse o Élder Bruce R.
que “os membros da Igreja que de fato nascegelho (ver Mosias 2–4). Em seguida, pergunram de novo encontram-se num estado abenMcConkie, “alcançatou audazmente se acreditavam em suas
çoado e favorecido. Alcançaram sua posição
ram sua posição não
palavras. A resposta pungente constitui um
não apenas se filiando à Igreja, mas por meio
apenas se filiando à
extraordinário exemplo: “E todos clamaram a Igreja, mas por meio
da fé (I João 5:1), da retidão (I João 2:29), do
uma só voz, dizendo: Sim, acreditamos em
amor (I João 4:7) e da vitória sobre o mundo
da fé, da retidão, do
todas as palavras que nos disseste e também
(I João 5:4)”.2
amor e da vitória
sabemos que são certas e verdadeiras, por
Alma, o Filho, viveu pessoalmente a transsobre o mundo”.
causa do Espírito do Senhor Onipotente que
formação de passar de inimigo de Deus a uma
efetuou em nós, ou melhor, em nosso coranova criatura, um ser convertido e, portanto,
ção, uma vigorosa mudança, de modo que
tornar-se comprometido com a edificação do
não temos mais disposição para praticar o
reino:
mal, mas, sim, de fazer o bem continua“Pois, disse ele, arrependi-me de meus
mente” (Mosias 5:2).
pecados e o Senhor redimiu-me; eis que nasci do Espírito.
Disseram também: “E estamos dispostos a fazer um
E o Senhor disse-me: Não te admires de que toda a
convênio com nosso Deus, de cumprir a sua vontade e
humanidade, sim, homens e mulheres, toda nação, línobedecer a seus mandamentos em todas as coisas que ele
gua, tribo e povo tenham de nascer de novo; sim, nascer
nos ordenar, para o resto de nossos dias” (Mosias 5:5; grifo de Deus, serem mudados de seu estado carnal e decaído
do autor).
para um estado de retidão, sendo redimidos por Deus,
O Rei Benjamim explicou-lhes então o que acontecera e tornando-se seus filhos e filhas;
com quais resultados, oferecendo uma excelente definição
E tornam-se, assim, novas criaturas; e a menos que
do que significa nascer de novo:
façam isto, não poderão de modo algum herdar o reino de
“Dissestes as palavras que eu desejava; e o convênio
Deus” (Mosias 27:24–26; grifo do autor).
que fizestes é um convênio justo.
Como todas as pessoas precisam nascer de novo e pasE agora, por causa do convênio que fizestes, sereis chasar por uma mudança no coração, não importa se nascemados progênie de Cristo, filhos e filhas dele, porque eis
mos na Igreja ou nos convertemos posteriormente quando
que neste dia ele vos gerou espiritualmente; pois dizeis
jovens ou adultos. Todos nós precisamos, em algum
que vosso coração se transformou pela fé em seu nome;
momento, passar por essa mudança no coração e esse
portanto nascestes dele e vos tornastes seus filhos e suas
renascimento espiritual ao longo de nosso processo de
filhas” (Mosias 5:6–7).
conversão. O processo de renascimento e mudança no
Esses súditos do Rei Benjamim passaram nitidamente
coração deve ser abrangente e estar ao alcance de todas as
por uma transformação tal no coração que não tinham
nações, ou seja, de todas as pessoas.
mais disposição para fazer o mal; além disso, foram
As escrituras contêm relatos de pessoas que nasceram
visivelmente gerados em espírito, ou seja, nasceram
de novo de modo notável, como Paulo (ver Atos 9:1–20) e
de novo.
Alma, o Filho (ver Mosias 27:8–37). Contudo, para a maioria
Lembremos que nascer de novo não elimina a lemdas pessoas dos tempos bíblicos e da época do Livro de
brança dos pecados passados, mas traz paz de consciência
Mórmon, assim como da atualidade, essa mudança no
42
O REI BENJAMIM PREGA AOS NEFITAS: GARY L. KAPP
S
coração não é um evento único, mas na verdade um processo íntimo e gradual.
O Élder McConkie, num discurso na conferência da Estaca Brigham Young University
I, proferiu estas palavras reconfortantes e
animadoras: “Para a maioria das pessoas, a
conversão [o renascimento espiritual e a subseqüente remissão dos pecados] é um processo; ocorre passo a passo, grau por grau,
nível por nível, de um estado inferior a um
superior, de graça em graça, até a pessoa
estar voltada totalmente à causa da retidão.
Isso significa que as pessoas sobrepujam um
pecado de cada vez. Aperfeiçoam sua vida
numa área agora e em outra depois. E o processo de conversão continua até estar concluído, até nos tornarmos literalmente, como
diz o Livro de Mórmon, santos de Deus em
vez de homens naturais”.3
Pouco importa se o nosso renascimento
espiritual é repentino ou, como na maioria
dos casos, gradual. Embora o processo varie,
os resultados serão semelhantes. Não há
diferença na qualidade da conversão. Para
cada pessoa, a experiência de viver uma
mudança no coração manifesta-se em sensações de alegria e amor, e ambas eliminam a
dor anterior resultante da desobediência
(ver Alma 36:20–21). Como o nosso Pai
Celestial é bondoso! Como a Expiação de
Seu Filho é completa!
Se seguirmos essas doutrinas verdadeiras,
como no caso do missionário na Europa
Oriental e seu pesquisador, todos poderemos beneficiar-nos de uma notável mudança
no coração e um renascimento espiritual e,
assim, receber as bênçãos prometidas de paz,
amor, alegria verdadeira e a disposição de
fazer o bem continuamente. ■
omos “gerados
espiritualmente”
por Cristo, ensinou o Rei Benjamim,
quando nosso “coração se transforma pela
fé em seu nome”.
NOTAS
1. Deseret News, 2 de maio de 1860, p. 68.
2. Mormon Doctrine, 2ª edição (1966), p. 101; ver
também Tradução de Joseph Smith, I João 3:9.
3. Be Ye Converted, Brigham Young University
Speeches of the Year (11 de fevereiro de 1968),
p. 12.
A LIAHONA JUNHO DE 2008
43
VOZES DA IGREJA
O Que Mais Aprecio
na Igreja
R
ecentemente, eu e
meu marido saímos
para jantar com amigos. A certa altura, o assunto se
voltou para a religião, e um
amigo menos ativo na Igreja
começou a me dizer por que a
Igreja não era verdadeira.
Ao explicar-se, ficou exaltado,
hostil e furioso. O tempo inteiro,
apenas ouvi. No início, tive vontade
de chorar, mas depois senti raiva e
quis repreendê-lo. Entretanto, a voz
mansa e delicada me instou a ficar
em silêncio.
Nosso amigo só terminou
seus ataques depois de acabarmos de jantar e pagar a
conta. Por fim, fez uma
pausa, como que
esperando minha
réplica.
E
u disse a
nosso amigo
menos ativo
que estava indignado que o que
mais aprecio ao ir
à Igreja é tomar o
sacramento.
Continuei sentada por alguns instantes, em oração silenciosa. Então, com
a voz serena, perguntei calmamente:
“Sabe o que mais aprecio ao ir à
Igreja domingo? O sacramento. É
para mim a oportunidade de curvar
serenamente a cabeça e orar ao Pai
Celestial. Digo-Lhe tudo o que eu
poderia ter feito de modo diferente
na semana anterior e busco maneiras
de melhorar”.
Prossegui: “Penso em todas as pessoas que tentei abençoar no decorrer
da semana e peço ao Pai Celestial que
me ajude a achar mais pessoas para
abençoar na semana seguinte. Sou
grata por ter tempo durante a reunião sacramental a cada semana para
fazer isso e me tornar a melhor pessoa possível”.
Nosso amigo me olhou e não disse
nada. Saímos do restaurante e caminhamos até o carro. Depois, perguntei
se ele se lembrava de todos os livros
de auto-ajuda que eu tinha em casa na
estante. Ele respondeu afirmativamente. John Elks que, desde o meu
batismo na Igreja, nunca mais lera um
livro de auto-ajuda e que agora o
único livro do qual obtenho respostas é o Livro de Mórmon.
Alguns dias depois, ele telefonou para pedir desculpas.
“Vinde a Cristo (...) e [amai] a
Deus com todo o vosso poder,
mente e força” (Morôni 10:32),
exorta-nos Morôni. Ao tentar
ILUSTRAÇÕES: DANIEL LEWIS
Isabelle Alpert
seguir esse conselho, meu amor
aos filhos de Deus aumentou —
mesmo os que se predispõem a
ser meus inimigos. ■
Mais uma
Semana até o
Pagamento
Julie C. Donaldson
C
om certa dificuldade, eu
e o meu marido, carregando nossos dois filhos
pequenos, achamos uma mesa
vazia no enorme refeitório da faculdade. Ao pegarmos nossos sanduíches caseiros, conversamos sobre a
nossa difícil situação financeira.
Estávamos sem dinheiro e ainda
faltava uma semana para o pagamento
seguinte. Nenhum dos dois queria
pedir ajuda aos pais. Tínhamos cartões de crédito, mas se começássemos a usá-los, como conseguiríamos
parar? Pagávamos fielmente o dízimo
e esperávamos que o Pai Celestial nos
abençoasse.
Ao pensarmos nas opções, vi um
homem sorrindo para nós a várias
mesas de distância. Por causa dos nossos filhos traquinas e barulhentos, eu
estava acostumada a olhares reprovadores. Assim, nem dei muita atenção
antes de ele vir até nós. Ele pôs uma
folha dobrada na mesa, deu um tapinha nas costas do meu marido e disse
com um sorriso: “Parece que trabalho
é o que não falta para vocês”.
Em seguida, foi embora e logo
desapareceu na multidão.
O
desconhecido veio
em nossa
direção, colocou
uma folha
dobrada na mesa
e deu um tapinha
nas costas do meu
marido.
Ao desdobrarmos o papel,
lemos: “Boa sorte! Parece
que vocês estão se saindo
bem até agora”. E dentro
havia dinheiro suficiente
para as nossas despesas da
semana seguinte e ainda um
pouco mais.
Com lágrimas nos olhos,
senti pelo Espírito a certeza
serena de que se tratava de uma resposta as nossas orações e uma bênção resultante da nossa obediência à
lei do dízimo. Naquele momento,
soube que o Pai Celestial conhecia
intimamente a nossa pequena família
e não nos abandonaria.
Guardei esse
bilhete e o li muitas
vezes nos últimos
anos. Tenho certeza
de que o generoso
desconhecido nem
compreendia plenamente o impacto de
sua ação. No entanto,
para a nossa família,
essa experiência foi um marco —
rumo a uma maior obediência, fé e
gratidão.
Um sussurro do Espírito, um desconhecido generoso disposto a agir
e um bilhete abençoaram eternamente a minha família. ■
A LIAHONA JUNHO DE 2008
45
A
o aproximar-se
do livro no chão,
Favio reconheceu
as letras douradas. Era
a resposta do Pai
Celestial.
Onde
Encontrar
Outro Livro
de Mórmon?
Curtis Kleinman
E
u e o meu companheiro estávamos chegando ao fim de um
dia longo e infrutífero de contatos porta a porta em Buenos Aires,
Argentina. Ao sentar-nos para esperar
o ônibus, mergulhei numa espiral de
autocomiseração. Eu servira naquela
área durante três meses sem sucesso
algum. Senti que decepcionara o
Senhor.
Só então vi um homem ao longe
que corria de bicicleta em nossa direção. Estava gritando e acenando. Na
esperança de evitar esse homem que
parecia furioso, nos apressamos para
pegar o ônibus que chegava. Estava
escurecendo e nos encontrávamos
numa parte perigosa da nossa área.
Esperávamos entrar no ônibus antes
de o homem se aproximar de nós.
46
“Tenho uma
pergunta para vocês”, gritou ele. O
ônibus chegou e entramos às pressas. Foi aí que ouvi a pergunta do
ciclista: “O que aconteceu com as
placas de ouro depois que Joseph
Smith as traduziu?” Fiquei boquiaberto. Tive vontade de saltar do
ônibus, que a essa altura já se distanciava. Em vez disso, gritei: “Onde
você mora?” e anotei apressadamente o endereço.
Fomos à casa dele no dia seguinte.
Chamava-se Favio. Contou-nos que,
um mês antes, um amigo lhe emprestara um Livro de Mórmon.
“Sempre me interessei por Jesus
Cristo, mas nunca tinha ouvido falar
de outro testamento de Sua vida”,
disse Favio. “Só tinha conhecimento
da Bíblia e
do ministério
de Cristo no
Oriente. Ninguém jamais
me dissera que Cristo viera à América!
Vibrei ao aprender mais.”
Algumas semanas depois, Favio
teve que devolver o livro. “Não sabia
onde conseguir outro exemplar”,
relatou. “Eu queria, mais do que
tudo, saber se o livro era verdadeiro.
Ajoelhei-me e pedi ajuda ao Pai
Celestial. Disse: ‘Pai, se o Livro de
Mórmon for verdadeiro, por favor
permita que outro exemplar caia nas
minhas mãos para eu continuar a
estudá-lo’.”
Certo dia, Favio estava na estação
ferroviária. De soslaio, viu o que
parecia um livro azul jogado na calçada. Ao se aproximar, reconheceu
as letras douradas. Era a resposta do
Pai Celestial.
Semanas depois de achar o Livro
de Mórmon, Favio nos viu no ponto
de ônibus. A essa altura, já sabia que
o livro era verdadeiro. Nas semanas
que se seguiram, ensinamos a Favio
os princípios básicos do evangelho e
o incentivamos a continuar a leitura.
A cada vez que perguntávamos se ele
se comprometeria a cumprir um
novo princípio do evangelho, respondia: “Não me atrevo a não o fazer”.
Pouco tempo depois, entrou nas
águas do batismo.
Agora, sempre que tenho um
dia difícil, em vez de sentir pena
de mim mesmo, penso no Favio,
sua pergunta a dois missionários
desanimados e seu comprometimento para com o Senhor depois
de receber uma resposta. ■
A Oração dos Meus Filhos
Virgínia Augusta de Pádua Lima Pereira
A
perguntar: “Mesmo? Está bem?”
o atender o telefone da nossa
“Estou”, respondi. Fiquei em silêncapela em Viseu, Portugal,
cio no restante do trajeto.
nem fazia idéia de quem
Ao chegarmos ao hospital, enconpoderia estar do outro lado da linha.
trei minha filha de quatro anos consFiquei surpresa ao ouvir a voz trêciente e apenas com ferimentos leves.
mula do meu filho de oito anos.
Depois de tranqüilizá-la, não conseguia
“Mãe, a Viviana foi atropelada”,
parar de pensar na paz que sentira.
disse ele. “Ela está viva, mas com a
A Viviana voltou para casa depois de
cabeça sangrando! Está indo para o
somente um dia de internação. Ao
hospital.”
falar sobre o acidente, a irmã que ficara
Quase desmaiei. O que deveria
cuidando das crianças disse: “Ontem,
fazer? Felizmente, havia familiares por
depois que a ambulância
perto: duas das minhas irmãs estapartiu, a Vanessa e o
vam comigo. Uma delas me acompaVasco entraram em
nhou ao hospital e a outra foi até
casa e oraram juntos”.
minha casa para cuidar dos meus
Fiquei emociooutros três filhos e consolá-los, pois
nada ao saber que,
estavam aflitos.
Em meio a tanta angústia, tive
vontade de orar, mas só conseesmo com
guia chorar. Porém, a caminho
todo o
do hospital, fui envolvida por
temor que
uma sensação repentina de paz e estavam sentindo,
segurança. Senti que não precimeus filhos se lemsava me preocupar, pois tudo
braram do que
terminaria bem.
tinham aprendido
Minha irmã se deu conta da
em casa e na
mudança e perguntou: “Você
Primária.
está bem?” Concordei com a
cabeça. Sem acreditar, tornou a
M
mesmo com todo o temor que estavam sentindo, meus filhos se lembraram do que tinham aprendido em
casa e na Primária. Com apenas seis e
sete anos de idade, já tinham fé no
poder da oração. Sabiam que o Pai
Celestial podia ajudar a irmãzinha.
Pensei a tarde inteira na fé que eles
tinham demonstrado. Então, uma
pergunta me veio à mente: quando
eu começara a sentir paz? Depois de
calcular quanto tempo eu levara para
chegar ao hospital, percebi que a sensação de paz me adviera por volta do
momento em que a Vanessa e o Vasco
tinham orado.
Sei que o Pai Celestial ouviu aquelas doces vozes e não só abençoou a
minha filha com saúde, como também
me concedeu paz. Nunca me esquecerei do que aprendi naquele dia com os
meus filhos: temos um Pai amoroso
que ouve as nossas orações e quernos dar a “bênção de [sentirmos] seu
consolo e proteção” (“Sê Humilde”,
Hinos, nº 74). ■
Você Sabia?
Minha Escritura
Favorita
“Em verdade
assim diz o Senhor:
Acontecerá que toda
alma que abandonar seus pecados e
vier a mim e invocar meu nome e
obedecer a minha voz e guardar meus
mandamentos verá minha face e
saberá que eu sou” (D&C 93:1).
Esse versículo trata de todas as coisas que é preciso fazer para vermos o
Salvador. Quero dedicar-me a elas em
minha vida para atingir essa meta.
Ole I., 16 anos, Buskerud, Noruega
Diga-nos qual é a sua escritura predileta
e por quê. Mande um e-mail para
[email protected]. Escreva na linha
de assunto: “Favorite Scripture”.
Dica para Discursos
Caso tenha recebido o convite para discursar na Igreja, não se
preocupe — prepare-se. Lembre-se
da promessa do Senhor: “Se estiverdes preparados, não temereis” (D&C
38:30). Ao preparar e organizar o seu
discurso, pense em incluir uma experiência pessoal positiva que ilustre a
atuação do princípio do evangelho
em questão na sua vida e como ele o
aproxima de Jesus Cristo.
Líderes em Retidão
ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: MATTHEW REIER; FOTOGRAFIA DE MICROFONE: CHRISTINA SMITH; FOTOGRAFIA DAS ESCRITURAS: NATHAN
CAMPBELL; FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE COCHABAMBA BOLÍVIA: JAMIE CARDONA, REPRODUÇÃO PROIBIDA
“O Presidente Gordon
B. Hinckley disse a
respeito de vocês:
[Vocês são] ‘a melhor
e [mais forte] geração
de jovens da história desta Igreja’.
Creio que vocês foram preparadas e
reservadas para estar na Terra, nesta
época, quando os desafios e oportunidades são maiores. Creio que o
Senhor conta com vocês para serem
líderes em retidão e servirem de testemunhas ‘em todos os momentos
e em todas as coisas e em todos os
lugares’ (Mosias 18:9). Realmente
podemos dizer que vocês são ‘a
radiante esperança do futuro’.”
Elaine S. Dalton, Primeira Conselheira na
Presidência Geral das Moças, “Teu Rosto
Revela”, A Liahona, maio de 2006, p. 109.
48
Números
3.500.000: Exemplares do Livro de Mórmon impressos
em 2006.
A Igreja na (...) Bolívia
Alguns missionários chamados
para a Missão dos Andes chegaram à
Bolívia em novembro de 1964. Em
dezembro do mesmo ano, batizaram
e confirmaram o primeiro converso.
O primeiro boliviano a servir como
missionário da Igreja foi Desiderio
Arce Cano em 1967. Deixou para trás
a carreira de cantor na Argentina para
pregar o evangelho em seu país natal.
Posteriormente, tornou-se presidente
de estaca e presidente de missão.
O número de membros da Igreja
na Bolívia mais que dobrou nos últimos dez anos.
NÚMERO DE MEMBROS
ESTACAS E DISTRITOS
153.674
34
MISSÕES
3
TEMPLOS
1
CENTROS DE HISTÓRIA DA FAMÍLIA
31
PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S TO D O S S A N TO S D O S Ú LT I M O S D I A S • J U N H O D E 2 0 0 8
OAmigo
VINDE AO PROFETA
ESCUTAR
A Primeira Visão
P R E S I D E N T E D I E T E R F. U C H T D O R F
Eu sentia um espírito especial ao contemplar a bela cena do vitral. Via a imagem
de um menino de fé, em um bosque
a minha infância e adolescência na
sagrado, que tomou a decisão corajosa de
Alemanha, freqüentei a Igreja em
orar sinceramente ao Pai Celestial, que o
muitos lugares e situações diferenouviu e respondeu com amor.
tes: em humildes salões nos fundos de
Ali estava eu, um menino na Alemanha
alguma casa, em mansões imponentes e
logo após a Segunda Guerra Mundial,
em capelas bastante funcionais e modermorando numa cidade em ruínas, a milhanas. Todos esses edifícios tinham um
res de quilômetros de Palmyra, na América
importante fator em comum: o Espírito
O Presidente
do Norte, e mais de cem anos depois do
de Deus estava presente; podia-se sentir
Uchtdorf presta
ocorrido. Pelo poder universal do Espírito
o amor do Salvador no ramo ou na ala
testemunho da
Santo, porém, senti no coração e na mente
quando nos reuníamos, como uma família.
Primeira Visão de
que era verdade: Joseph Smith vira Deus e
A capela de Zwickau tinha um antigo
Joseph Smith.
Jesus Cristo e ouvira a voz Deles.
órgão de tubos. Todos os domingos, um
O Espírito de Deus confortou-me a alma
rapaz era encarregado de elevar e abaixar a
em minha juventude com a certeza da realidade daquele
pesada alavanca que movimentava os foles que faziam o
momento sagrado, que resultou no início de um moviórgão funcionar. Algumas vezes tive o grande privilégio
mento mundial destinado a “[rolar] até encher toda a
de ajudar nessa importante tarefa.
Terra” (D&C 65:2). Acreditei no testemunho de Joseph
Enquanto a congregação cantava os nossos amados
Smith dessa gloriosa experiência no Bosque Sagrado, e
hinos da Restauração, eu bombeava com toda a força
essa convicção me acompanha até hoje. Deus falou
para que o órgão não parasse. A pessoa que movimennovamente à humanidade! ●
tava os foles se sentava num local com uma ótima visão
Extraído de um discurso da conferência geral de abril de 2005.
do vitral que embelezava a frente da capela. Era uma
representação da Primeira Visão, com Joseph Smith
ajoelhado no Bosque Sagrado, olhando para o céu e
COISAS EM QUE PENSAR
para uma coluna de luz.
Durante os hinos da congregação e até mesmo
1. A aparência do prédio onde nossa Igreja se reúne
durante os discursos e testemunhos dos membros,
é importante? O que realmente importa?
muitas vezes eu ficava a olhar aquela ilustração de um
2. A seu ver, o que é o “poder universal do Espírito
dos momentos mais sagrados da história do mundo.
Santo”? Qual pode ser a relação entre isso e as muitas
Mentalmente, via Joseph recebendo conhecimento, tespessoas que estão entrando para a Igreja no mundo
temunho e instruções divinas enquanto se tornava um
inteiro?
instrumento abençoado nas mãos do Pai Celestial.
3. Você tem um testemunho da Primeira Visão de
Segundo Conselheiro na Primeira Presidência
Joseph Smith? O que pode fazer para adquirir um?
A2
À DIREITA: ILUSTRAÇÃO: BEN SOWARDS; FOTOGRAFIA: CORTESIA DA FAMÍLIA UCHTDORF
N
Seguirei o plano
do Pai Celestial
para mim.
Lembrarei do
meu convênio
batismal e
ouvirei o Espírito
Santo.
Manterei o
corpo e a mente
sagrados e puros
e não comerei
nem beberei
coisas que sejam
prejudiciais a
mim.
Irei vestir-me
com recato para
demonstrar
respeito pelo Pai
Celestial e por
mim mesmo.
Escolherei o
que é certo. Sei
que posso me
arrepender
quando cometer
um erro.
Serei honesto
com o Pai
Celestial, com as
outras pessoas e
comigo mesmo.
Lerei e assistirei
apenas coisas
que sejam
agradáveis ao
Pai Celestial.
Ouvirei somente
músicas que
sejam
agradáveis ao
Pai Celestial.
Usarei o nome
do Pai Celestial
e de Jesus Cristo
com reverência.
Não direi
palavrões.
No Dia do
Senhor farei
coisas que
ajudem a me
sentir mais perto
do Pai Celestial
e de Jesus Cristo.
Procurarei ter
bons amigos e
tratar os outros
com gentileza.
Viverei agora
de modo a ser
digno de ir ao
templo e de
fazer a minha
parte para ter
uma família
eterna.
A4
Nota: Se não quiser tirar páginas
da revista, copie esta atividade ou
imprima-a da Internet em www.lds.org.
Para o inglês, clique em “Gospel
Library”. Para os demais idiomas,
clique em “Languages”.
ILUSTRAÇÃO: DAVID W. MEIKLE
Honrarei meus
pais e farei
minha parte
para fortalecer
minha família.
TEMPO DE
COMPARTILHAR
Devo Preparar-me
Desde Já
“Que essa casa seja construída ao meu nome, a fim
Idéias para o Tempo de Compartilhar
de que nela eu revele minhas ordenanças a meu
1. Faça um desenho simples de um templo. Recorte o desenho em 12 retângulos para representar tijolos. Numere as
peças de 1 a 12. Recorte uma folha de papel em 12 seções e
escreva em cada uma delas um dos 12 verbos existentes em
Meus Padrões do Evangelho. (Verbos: seguir, lembrar, escolher,
ser, usar, fazer, honrar, manter, vestir, ler e assistir, ouvir, procurar e viver.) Dobre os papéis de modo que o verbo fique escondido. Distribua exemplares do livreto Fé em Deus. Pegue o
jogo de construção de templos. Comece lendo D&C 124:40.
Escreva no quadro-negro: “Que essa casa seja construída”.
Convide uma criança para escolher um papel e ler o verbo.
Peça às crianças que procurem esse verbo em Meus Padrões do
Evangelho. Quando acharem, leiam juntos o padrão em questão. Peça à criança ou à classe que pense numa maneira de
viver esse padrão. Em seguida, peça à criança ou à classe que
ache o tijolo 1 e o ponha no quadro-negro. Continue até terminar o templo. Ressalte que todos os padrões do evangelho
são coisas que as crianças podem fazer para ter uma família
eterna.
2. Segure uma sacola que contenha escrituras. Dê várias
pistas para ajudar as crianças a adivinharem o que está lá
dentro. Quando adivinharem, abra Malaquias 3:10 e leia as
palavras: “Trazei todos os dízimos”. Pergunte às crianças qual
mandamento é mencionado nessa passagem. Leiam o versículo
juntos, atentando para a promessa: “derramar sobre vós uma
bênção”. Peça às crianças que citem algumas bênçãos que receberam do Pai Celestial e faça uma lista no quadro-negro. Dê
uma folha a cada criança. Peça-lhes que desenhem ou escrevam nela uma bênção. Quando terminarem, peça que façam
uma bola de papel com a folha. Coloque tudo na sacola. Peça a
um líder do sacerdócio que fique com as mãos estendidas para
pegar as bolas. Despeje-as nas mãos dele e veja-as transbordar
e cair no chão. Leia a promessa: “derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar para suficiente para a recolherdes”. Ajude as crianças a entenderem que, ao obedecermos à lei
do dízimo, o Pai Celestial nos concede tantas bênçãos que nem
sequer temos espaço para recebê-las. Explique-lhes que o
dinheiro do dízimo ajuda a construir templos. ●
povo” (D&C 124:40).
L I N DA C H R I S T E N S E N
Os templos são uma bênção para você e sua
família. Há mais de 120 templos em todo o
mundo. Sabe o nome do templo mais próximo a você? Há uma fotografia de templo na sua casa?
Alguém da sua família já foi ao templo para fazer convênios sagrados?
A música da Primária “Eu Gosto de Ver o Templo”
(Músicas para Crianças, nº. 99) ensina que o templo
é “a Casa do Senhor, lugar santificado”. Fala também
que o templo é um local sagrado “onde as famílias
podem se selar”. Na próxima vez que cantar essa
música, preste atenção às palavras “Ali eu entrarei”.
É uma promessa que você está fazendo a si mesmo
e ao Pai Celestial de que será digno de entrar em Sua
santa casa.
§
Atividade
Retire a página A4 e cole-a em cartolina. Recorte
o templo nas linhas inteiras, dobre nas pontilhadas
e cole as pontas no interior das paredes para formar
uma caixa. Recorte os cartões dos Meus Padrões do
Evangelho (p. A4) e ponha-os dentro da caixa do
templo. Escolha um padrão do evangelho na caixa,
leia-o e decida o que pode fazer para guardá-lo. Na
noite familiar, mostre como a obediência a esse
padrão pode preparar você para um dia entrar no
templo.
Coloque a caixa do templo e os cartões dos Meus
Padrões do Evangelho num lugar especial, como
lembrete para fazer boas escolhas. Ao ler um padrão
do evangelho e decidir como aplicá-lo, lembre-se
das seguintes palavras de “Eu Gosto de Ver o
Templo”: “Devo preparar-me desde já — é meu
dever sagrado”.
O AMIGO JUNHO DE 2008
A5
DA VIDA DO PROFETA JOSEPH SMITH
Joseph Recebe as
Placas de Ouro
Certa noite, Joseph orou para saber
o que o Pai Celestial desejava que
fizesse. Durante a oração, uma luz
encheu o quarto, e apareceu um
ser chamado Morôni. Era um anjo
enviado pelo Pai Celestial. Ele falou
a Joseph de um registro antigo gravado em placas de outro. A visão
durou a noite inteira.
No dia seguinte, Joseph não conseguiu trabalhar por estar muito cansado.
É melhor voltar para casa
e descansar, filho.
No caminho de casa,
Morôni apareceu a Joseph
e repetiu o que dissera na
noite anterior. Em seguida,
disse para Joseph contar as
visões ao pai.
A visão é de Deus,
Joseph. Faça o que o
anjo mandar.
A6
Joseph foi ao Monte Cumora.
Ao levantar uma grande pedra,
viu as placas de ouro, o Urim e
Tumim e um peitoral enterrados numa caixa de pedra.
Morôni o instruiu a voltar
anualmente durante quatro
anos. Nesse período, Joseph
recebeu muitas revelações.
Contou-as à família.
Joseph, você está falando
de povos que viveram antigamente neste continente. Fala como
se tivesse passado toda a sua vida
no meio deles!
No ano seguinte, Joseph voltou à colina. Tirou as placas da
caixa e as pôs no chão por
alguns instantes e, quando ia
pegá-las, tinham desaparecido!
É porque o Senhor
os mostrou a mim.
Por que as placas me
foram tiradas?
Morôni apareceu e disse-lhe que ainda
não poderia ficar com as placas, pois
precisava aprender a ser mais obediente.
Você recebeu a ordem
de não soltar as placas antes
de chegar em casa.
Joseph aprendeu a ser
mais obediente e cuidadoso. Em 22 de setembro de 1827, Joseph e a
esposa, Emma, foram
até o Monte Cumora à
meia-noite. Emma ficou
esperando na carroça
enquanto Joseph subia
a colina.
ILUSTRAÇÕES: SAL VELLUTO E EUGENIO MATTOZZI
Ao voltarem na manhã seguinte, a mãe de Joseph muito
se alegrou.
Finalmente
tenho as placas!
Mas esqueceu e
foi desobediente!
Adaptado de Lucy Mack Smith, History of Joseph Smith, ed. Preston Nibley (1979), pp. 108, 112,
121–122; ver também Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith (2007), pp. 7, 59, 441.
Rendamos graças
a Deus! Passei a
noite inteira orando.
O AMIGO JUNHO DE 2008
A7
Fé em Deus
À ESQUERDA: ILUSTRAÇÃO FOTOGRÁFICA: CHRISTINA SMITH; À DIREITA: FOTOGRAFIAS: BUSATH PHOTOGRAPHY; ILUSTRAÇÕES: STEPHANIE CALL
numa carta: “É nosso desejo que
meninos e meninas desenvolvam
mais fé e coragem aprendendo e
vivendo o evangelho, servindo ao
próximo e cultivando seus talentos” (Carta da Primeira Presidência,
2 de abril de 2003).
No mundo de hoje, você precisará de grande fé e coragem. Pode
desenvolver essas qualidades orando
todos os dias, lendo as escrituras
Acima (a partir da esquerda):
Margaret S. Lifferth, primeira conselheira; Cheryl C. Lant, presidente;
e Vicki F. Matsumori, segunda
conselheira.
PRESIDÊNCIA GERAL DA PRIMÁRIA
S
helby, de nove anos, fez a oração de abertura na noite familiar. “Shelby”, disse a mãe,
“acho que você quase concluiu uma
das atividades do programa Fé em
Deus. Fez a oração de encerramento
na noite familiar há algumas semanas. Agora precisa externar seus sentimentos sobre como a oração nos
protege e nos ajuda a ficar perto do
Pai Celestial e do Salvador.”
Shelby saiu da sala e voltou com
seu diário. Leu que alguns dias antes
tinha orado na traseira do carro da
família pedindo ajuda
quando o motor não
queria pegar. Quase
imediatamente, aparecera um vizinho para
ajudar a resolver o
problema. Ela se lembrara de orar porque
vinha pensando sobre
a atividade do programa Fé em Deus.
Como várias crianças em todo
o mundo, Shelby descobriu que
Fé em Deus é mais do que um programa. É uma forma de fortalecer a
fé ao praticar o evangelho de Jesus
Cristo.
Quando o programa Fé em
Deus foi apresentado em 2003, o
Presidente Gordon B. Hinckley, o
Presidente Thomas S. Monson e o
Presidente James E. Faust disseram
FÉ EM DEUS
PARA
MENINAS
“Que te conheçam, a ti só, por
único Deus verdadeiro, e a
Jesus Cristo, a quem enviaste.”
João 17:3
regularmente e guardando os mandamentos. Essas e outras maneiras
de viver o evangelho fazem parte
dos requisitos básicos alistados no
guia. Ao fazer oito anos de idade,
você receberá o guia Fé em Deus.
Em algumas áreas do mundo,
as crianças se reúnem duas vezes
por mês com uma líder dos dias de
atividade para fazer amizades, pôr o
O A M I G O JUNHO DE 2008 A9
evangelho em prática e se divertir.
Nas partes do mundo com número
reduzido de membros da Igreja ou
grande distância entre eles, as crianças devem participar do programa
Fé em Deus com a família ou sozinhos. Seja qual for a sua situação, o
mais importante é encontrar uma
maneira de pôr em prática o evangelho de Jesus Cristo.
As líderes da Primária podem
ajudá-lo. Os membros da presidência da Primária podem incentivá-lo
e dar-lhe a oportunidade de fazer
um relato das atividades realizadas.
Os professores podem ajudá-lo a
memorizar as Regras de Fé. Para
os meninos que residirem nos
Estados Unidos e Canadá, os líderes de Lobinhos podem coordenar
as atividades do escotismo com as
metas do programa Fé em Deus.
O programa Fé em Deus também
é uma forma de fortalecer a família.
Lindsey acabara de fazer oito anos e
recebera seu guia Fé em Deus. Os
pais estudaram o livreto com ela.
Lindsey se prontificou a dar a aula
na noite familiar. Escolheu um dos
tópicos do guia Fé em Deus. Com a
ajuda da família, Lindsey deu aula na
noite familiar e também concluiu
uma atividade.
Outras famílias também usam o
programa Fé em Deus para ajudá-las
na noite familiar. Certa família escolhe a cada semana uma regra de fé
diferente para estudar e memorizar.
Outra família deixa as crianças escolherem uma atividade do guia
quando chega sua vez de dar aula.
A10
Para um projeto de serviço pais
e filhos (ver o guia, p. 9), a família
de Michael decidiu fazer tortas de
maçã que cada membro da família
poderia levar para alguém. Michael
perguntou se poderia oferecer sua
torta a uma família que tinha sido
antipática. Embora a mãe tenha
se mostrado reticente, Michael
estará mais preparado para receber
o Sacerdócio Aarônico ou tornar-se
uma jovem virtuosa. Terá formado
hábitos de retidão e tido oportunidades de viver o evangelho, servir
ao próximo e desenvolver seus
talentos. E o mais importante: terá
fortalecido seu testemunho de
Jesus Cristo. ●
FÉ EM DEUS
PARA
MENINOS
“Que te conheçam, a ti só, por
único Deus verdadeiro, e a
Jesus Cristo, a quem enviaste.”
João 17:3
insistiu. A família de Michael ofereceu a torta. Assim, descobriram que
a família estava passando por
momentos difíceis e que a hostilidade não se dirigia a eles. As duas
famílias iniciaram uma forte amizade, tudo porque Michael tinha o
desejo de viver o evangelho de
Jesus Cristo.
Ao cumprir os requisitos, você
receberá o certificado que fica no
fim do guia. A sua presidente da
Primária e o bispo ou presidente de
ramo o assinarão. Mas a maior bênção é que você terá praticado coisas que podem ajudá-lo a viver o
evangelho e ser forte e corajoso.
Ao cumprir os requisitos do programa Fé em Deus, você também
Atividade: Ligue as Frases dos
Meus Padrões do Evangelho
BORDA © CORBIS
Trace uma linha para ligar a primeira parte de cada frase ao final correspondente.
Consulte o verso do seu guia Fé em Deus em busca de ajuda.
Seguirei
direi palavrões.
Lembrarei do meu convênio
batismal e
farei minha parte para fortalecer
minha família.
Escolherei o que é certo. Sei
não comerei nem beberei coisas
que sejam prejudiciais a mim.
Serei honesto com
sejam agradáveis ao Pai Celestial.
Usarei o nome do Pai Celestial e de
Jesus Cristo com reverência. Não
tratar os outros com gentileza.
No Dia do Senhor farei coisas que
o plano do Pai Celestial para mim.
Honrarei meus pais e
ajudem a me sentir mais perto do
Pai Celestial e de Jesus Cristo.
Manterei o corpo e a mente sagrados e puros e
agradáveis ao Pai Celestial.
Irei vestir-me com recato para
de fazer a minha parte para ter
uma família eterna.
Lerei e assistirei apenas coisas que
ouvirei o Espírito Santo.
Ouvirei somente músicas que sejam
demonstrar respeito pelo Pai
Celestial e por mim mesmo.
Procurarei ter bons amigos e
o Pai Celestial, com as outras
pessoas e comigo mesmo.
Viverei agora de modo a ser digno
de ir ao templo e
que posso me arrepender quando
cometer um erro.
O A M I G O JUNHO DE 2008 A11
SÓ PARA DIVERTIR
Descubra as Figuras
che os seguintes objetos que Jill pode ter usado ao conquistar o prêmio Fé em Deus: as escrituras, uma caneta,
uma moeda, uma colher, um garfo, uma espátula, uma
botinha, um cesto de piquenique, um rastelo, um piano, um
pincel, uma casa de passarinho, uma bola de
beisebol, um bastão de beisebol, uma corda
para pular, uma capela da Igreja, um pente,
uma escova de dentes e uma maçã. Como
Jill pode ter usado cada um desses
objetos para ganhar
seu prêmio?
ILUSTRAÇÃO: ADAM KOFORD
A
A12
Roupas de Domingo
no
“Guarda o dia de sábado, para o
santificar” (Deuteronômio 5:12).
N AT H A N N . WA I T E
m Minas Gerais, Brasil, não há
inverno. As únicas estações são
a seca e a época das chuvas. Às
vezes faz calor e há muita umidade!
As crianças da Primária do Ramo de
Conselheiro Lafaiete aprenderam as
bênçãos resultantes de vestir suas melhores roupas nas
reuniões da Igreja, mesmo no calor.
A irmã Patrícia da Costa servia como presidente
da Primária quando começou a se preocupar com
os padrões de vestuário das crianças do ramo. “É
difícil para as crianças usarem roupas sociais por
causa do calor”, explica ela. “Além do mais, ninguém
dava muita atenção a isso antes.” Embora o uso
de roupas de domingo pareça algo sem grande
importância, a irmã Patrícia sabia que isso ajudaria
as crianças da Primária a mostrar respeito pelo
Pai Celestial. E elas criariam bons hábitos para o
futuro.
A Primária traçou metas. As famílias receberam roupas sociais para as crianças que não as tinham.
Até foi feito um “desfile” na Primária para mostrar
as roupas adequadas para as reuniões dominicais.
Não foi fácil, mas atingiram a meta. “No dia da apresentação da Primária na reunião sacramental, todos
estavam vestidos de acordo com os padrões”, conta
a irmã Patrícia. “Foi maravilhoso!”
Muitos membros do ramo notaram a diferença. As
crianças estão mais reverentes e agora se arrumam no
domingo por iniciativa própria, sem precisar receber
ordens dos pais. E houve mais uma bênção inesperada:
os pais menos ativos começaram a voltar para a Igreja,
graças ao exemplo dos filhos. ●
ILUSTRAÇÃO: JOHN ZAMUDIO
E
Brasil
O A M I G O JUNHO DE 2008 A13
Não Apenas por
um Dia
W E N DY E L L I S O N
Inspirado numa história verídica
“E conclamou todo o povo (...) a reunir-se para ir ao templo” (Mosias 1:18).
O
sábado começou como um dia qualquer. O sol
nasceu sobre as montanhas perto da casa de
Kolin, e a luz entrou suavemente pela janela
do seu quarto. Se fosse outro dia, talvez ele tentasse
se refugiar sob os cobertores e ficar mais um pouco
na cama, mas Kolin bocejou, se espreguiçou e por fim
criou coragem e se levantou, pois algo especial ia acontecer, e era preciso se arrumar.
Em geral, o sábado era o dia de brincar com os
amigos, ajudar no quintal ou ir visitar o avô e a avó
depois das tarefas. Ele normalmente usaria roupas
confortáveis que pudesse sujar sem problemas em
atividades físicas. Dessa vez, vestiu seus trajes domingueiros que a mãe lavara e passara para ele. Abotoou
a camisa branca e a pôs com cuidado por dentro
da calça. Calçou as meias e os sapatos e colocou a
gravata no pescoço — seu pai ia ajudá-lo a dar o nó.
Quando a mãe anunciou: “Está na hora de ir”, ele
estava pronto.
Com toda a família no carro e todos com o cinto de
segurança, o pai dirigiu rua abaixo e fez uma curva
logo à frente. Kolin sorriu quando chegaram ao templo. Viu a superfície lisa do edifício brilhar ao sol e os
vitrais coloridos que se estendiam até a torre com o
anjo Morôni.
Kolin vira o templo várias vezes. Até já entrara num
templo antes: uma vez quando foi selado aos pais aos
seis meses de idade e outra quando seus pais adotaram seu irmão mais novo, Kaden. Kolin era novo
demais para se lembrar dessas duas ocasiões, mas ao
crescer aprendeu que o que fizeram ali era de grande
A14
importância. Ele também compreendeu que, após
essa visita especial no sábado, sua irmãzinha adotiva
Shayla passaria a fazer parte da família para sempre,
assim como ele e o irmão.
Em outros dias, Kolin gostava de rir e falar, mas ao
passar pelas grandes portas do templo com a família,
tentou deixar as gargalhadas e travessuras do lado de
fora. Sabia que estava num lugar sagrado.
Afáveis oficiantes do templo levaram Kolin, Kaden e
Shayla a uma sala destinada às crianças, e lá eles foram
vestidos com roupas brancas e permaneceram até a
hora de ir à sala de selamento, onde o pai e a mãe os
aguardavam. Na sala de selamento, Kolin viu seu avô,
sua avó, tios, amigos da família e alguns membros da
ala. Era um dia de alegria, embora algumas pessoas
estivessem com lágrimas nos olhos.
O selador do templo cumprimentou os meninos
com um aperto de mão firme e um sorriso. Elogiou-os
e disse que estavam lindos nos trajes brancos.
Incentivou-os a sempre fazerem boas escolhas a fim
de se prepararem para a missão e para voltar ao templo. Em seguida, lembrou-lhes a importância do que
estava prestes a acontecer. Depois disso, começou a
ordenança do selamento.
Ao fim do selamento, Kolin e sua família se levantaram e olharam os espelhos em ambos os lados da sala.
Ele se viu com o pai, a mãe, o irmão e a irmãzinha. Os
reflexos eram infinitos, assim como sua família eterna.
Kolin sabia que, por causa do templo, sua família poderia permanecer unida não apenas naquele dia, mas para
sempre. ●
FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN
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“Devemos fo
tano templo, es
e ser selados
cionamentos
belecendo rela
or e alegria, e
cheios de am
eternamente.”
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son, do
ell M. Nel
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Apóstolos
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Quórum do
2004,
de
o
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Liahona,
Ramos”, A
“Raízes e
p. 29.
PÁGINA PARA COLORIR
O TEMPLO É UMA BÊNÇÃO PARA MIM E MINHA FAMÍLIA
“E em verdade vos digo: Que essa casa seja construída ao meu nome,
a fim de que nela eu revele minhas ordenanças a meu povo” (D&C 124:40).
A16
ILUSTRAÇÕES: APRYL STOTT
Faça um desenho de você na frente de um templo.
Esse entalhe em madeira ilustra a história contada em Jacó 5, no Livro de Mórmon. Nessa passagem, Jacó cita a alegoria do profeta Zenos,
da oliveira boa e da oliveira brava, que representam a história e o destino da casa de Israel. Jacó disse: “Esta é a minha profecia — que as coisas
que este profeta Zenos disse referentes à casa de Israel (...) seguramente acontecerão” (Jacó 6:1).
A Alegoria da Oliveira, Brad Teare
4
02022 86059
PORTUGUESE
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