avaliação clínica de recém-nascidos com crises
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avaliação clínica de recém-nascidos com crises
1232 AVALIAÇÃO CLÍNICA DE RECÉM-NASCIDOS COM IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação PUCRS CRISES CONVULSIVAS NO PERÍODO NEONATAL: ESTUDO DA COORTE 2004 A 2007. Vanessa Bento Saravia, Magda L. Nunes (orientador) Programa de Pós Graduação Curso Mestrado em Pediatria e Saúde da Criança, Faculdade de Medicina , PUCRS, Resumo Introdução No período neonatal o distúrbio neurológico mais freqüente é a convulsão, que clinicamente corresponde a injúrias de diferentes etiologias no Sistema Nervoso Central (SNC) do neonato ( Silva LFGd, Nunes ML, Costa JCd, 2004; Arpino C et all., 2001), como desordens orgânicas, metabólicas ou funcionais sendo que a incidência das crises convulsivas neonatais varia entre 1,8 – 5/1000 nascidos vivos (Costa JC, Nunes ML, Fiori RM, 2001; Sheth RD, Hobbs GR, Mullett M., 1999). As convulsões neonatais constituem um importante preditor de possíveis complicações neurológicas. Apesar da taxa de mortalidade ter diminuído, ainda resta uma alta taxa de morbidade ( Silva LFGd, Nunes ML, Costa JCd, 2004; Nunes ML, Martins MP, Barea BM et all., 2008), assim crianças que apresentam crises convulsivas possuem alto risco de morte e aquelas que sobrevivem um alto risco de prejuízo neurológico, atraso no desenvolvimento e desenvolvimento de epilepsia pós neonatal ( Tekgul H, Gauvreau K, Soul J, et all., 2006 ). Alguns estudos mostram que a ocorrência de epilepsia após crises convulsivas neonatais varia entre 3,5 a 56%. Além disso, o desenvolvimento da epilepsia está fortemente associado com outras alterações neurológicas permanentes como retardo mental e paralisia cerebral ( Silva LFGd, Nunes ML, Costa JCd, 2004; (Nunes ML, Martins MP, Barea BM et all., 2008). IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009 1233 Assim, o objetivo deste estudo é dar continuidade ao projeto institucional de seguimento de neonatos com crises convulsivas no período neonatal avaliando a coorte nascida entre Janeiro de 2004 e Dezembro de 2007. Metodologia Estudo de caso-controle, cujos casos serão constituídos de recém-nascidos que apresentaram crises convulsivas confirmadas pela observação clínica e/ou vídeo - EEG durante permanência na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital São Lucas, Hospital Universitário da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), no período entre Janeiro de 2004 a Dezembro de 2007. Os controles serão selecionados na mesma instituição e no mesmo período. A seleção dos casos será feita através do banco de dados da Unidade Neonatal, como do serviço de EEG. Após esta identificação será feita uma revisão dos prontuários para confirmação dos dados clínicos obtidos. Os controles, de ambos os sexos, serão selecionados através dos registros obstétricos de partos (cesárea ou normal) ocorridos na mesma instituição e no mesmo período, com ausência de intercorrências perinatais (se a termo) e ausência de intercorrências neurológicas se prematuros (menor que 37 semanas). Durante revisão dos prontuários serão anotados, dos casos, dados como data e peso ao nascimento, tipo de parto, Apgar no 1º e 5º minuto, presença e tipo de crise, se houve confirmação ou não da crise através do EEG neonatal, se feito analisar EEG, idade em que realizou o mesmo, e tipo de tratamento das crises convulsivas. Já nos controles serão observados data e peso ao nascimento, Apgar 1° e 5°min, idade gestacional, tipo de parto. Após revisão dos prontuários será realizado o envio de correspondência aos pais ou responsável legal convidando-os a comparecerem ao Ambulatório de Seguimento Neonatal do Hospital São Lucas da PUCRS, para que estas sejam avaliadas em data e horário pré-determinado. Durante a avaliação, um dos testes que será utilizado é o Teste de Triagem do Desenvolvimento de Denver. Este é utilizado pelos profissionais da área de saúde para triagem em populações assintomática de 0 a 6 anos de idade. É composto por 125 itens IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009 1234 distribuídos em quatro áreas do desenvolvimento: pessoal-social; motor fino; linguagem e motor grosseiro. Cada um dos itens avaliados é classificado em Normal; Cautela; Atraso. Alberta Infant Motor Scale (AIMS), uma escala canadense, será utilizada para avaliar o desenvolvimento motor, sendo composta de 58 itens organizados dentro de 4 posturas: prono (12), supino (9), sentado (12) e de pé (16). Para todos os itens observados são creditado um ponto, assim, a soma dos pontos creditados em cada uma das quatro posições é a pontuação de posicionamento. Este valor é transcrito para um gráfico fornecido para esquematizar a pontuação total da AIMS para cada criança. A partir deste gráfico o examinador pode determinar uma classificação percentual da performance motora do bebê. Quanto mais alto a classificação percentual menor a chance de um bebê demonstrar atraso em seu desenvolvimento motor. Será utilizado também o questionário de hábito de dono para Bebês e “Inventário dos Hábitos de Sono para Crianças Pré-Escolares” com idade entre 2 e 6 anos servindo como triagem para identificação de alterações nos hábitos de sono, através do questionamento aos pais sobre os hábitos de sono da criança na última semana. A resposta é numerada de 1 a 4. Os dados são analisados quanto à rotina para dormir, ritmicidade e separação afetiva. Atualmente o projeto está na faze de envio de correspondência aos casos e avaliação dos mesmo, após a assinatura do responsável legal no termo de consentimento livre e esclarecido. Referências Silva LFGd, Nunes ML, Costa JCd. Risk Factors for developing epilepsy after neonatal seizures. Pediatrc Neurol. Vol 30. 2004;30:271-7. Arpino C, Domizio S, Carrieri MP, Brescianini S, Sabatino G, Curatolo P. Prenatal and perinatal determinants of neonatal seizuresoccurring in the first week of live. J Child Neurol 2001; 16:651-6. Costa JC, Nunes ML, Fiori RM. Convulsões no período neonatal. Jornal de Pediatria2001; 77(Supl. 1): S115-S22. Sheth RD, Hobbs GR, Mullett M. Neonatal seizures: incidence, onset, and etiology by gestational Age. Journal of Perinatology 1999; 19:40-3. IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009 1235 Nunes ML, Martins MP, Barea BM, Wainberg RC, Costa JCd. Neurological outcome of newborns with neonatal seizures. Arq Neuropsiquiatr 2008;66:168-74. Tekgul H, Gauvreau K, Soul J, Murphy L, Robertson R, Stewart J, et al. The current etiologic profile and neurodevelopmental outcome of seizures in term newborn infants. Pediatrics2006;117:1270-80. IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009