Tratamento de Oclusão Coronariana Crônica Utilizando a Técnica

Transcrição

Tratamento de Oclusão Coronariana Crônica Utilizando a Técnica
Rev Bras Cardiol Invas 2006; 14(3): 330-331.
Caixeta AM, et al. Tratamento de Oclusão Coronariana Crônica Utilizando a Técnica de Fios-Guias Paralelos. Rev Bras Cardiol
Invas 2006; 14(3): 330-331.
Imagem & Intervenção Cardiovascular
Tratamento de Oclusão Coronariana Crônica
Utilizando a Técnica de Fios-Guias Paralelos
Adriano M. Caixeta1, Noeme Osterne Coelho1, Márcia Manggini1, Leonardo C. Beck1
O
s autores descrevem uma técnica de abordagem
de oclusão coronária crônica denominada técnica
dos fios-guias paralelos (the parallel wire technique).
Trata-se de um paciente de 39 anos, sem fatores
de risco para doença coronária, com quadro clínico de
angina estável aos médios esforços há 6 meses. O
eletrocardiograma mostrava isquemia subepicárdica anterior extensa e o ecocardiograma transtorácico acinesia
septal apical e de ápice, com hipocinesia anterior médio-apical com fração de ejeção de ventrículo esquerdo
(VE) de 44% (Simpson), com diâmetro diastólico e sistólico, respectivamente, de 57 e 43 mm. A cineressonância
magnética com realce tardio revelou fibrose nas regiões
ínfero-apical e ápice ventricular (> 50%) com viabilidade
nas demais regiões. A cinecoronariografia evidenciou
lesão obstrutiva única total, na porção inicial da artéria
descendente anterior. A ventriculografia esquerda mostrava acinesia ântero-apical.
Considerando os sintomas do paciente, o aspecto
anatômico da oclusão e a presença de circulação colateral originando-se da artéria coronária direita e das
porções iniciais da própria artéria descendente anterior
(DA), optou-se pela abordagem por intervenção percutânea (Figuras 1 e 2).
Após a passagem do primeiro fio-guia (Cross-It
0.014”/0.010” ponta standard) até o terço médio da
DA, notou-se a não progressão deste para as porções
distais do vaso, fazendo suspeitar de dissecção pelo
fio-guia e sua progressão por uma luz falsa. O recuo
do fio-guia até o terço inicial da DA e nova tentativa
de recruzamento da lesão com o mesmo poderia acarretar dificuldades – pela potencial presença de dissecção,
extensa luz falsa e hematoma – em avançá-lo na luz
verdadeira. Por isso, optou-se por não recuá-lo, mantendo-o na luz falsa para a progressão de um segundo
fio-guia. Desta forma, um segundo fio-guia (Cross-It
0,014”/0.010” ponta standard) foi avançado paralelamente ao primeiro fio-guia, atingindo, desta vez, a luz
verdadeira até o terço distal da DA (Figuras 3, 4 e 5).
Figura 1 - Artéria coronária direita em projeção OAD, sem lesões
obstrutivas. Observa-se circulação colateral discreta para as porções
distal e média da artéria descendente anterior (setas).
1
Instituto do Coração do Distrito Federal/Fundação Zerbini, Brasília, DF.
Correspondência: Adriano M. Caixeta. Divisão de Intervenção Cardiovascular - Instituto do Coração/ Fundação Zerbini. Estrada Parque
Contorno do Bosque, s/n – Brasília – DF – CEP 70658-700
E-mail: [email protected]
Recebido em: 04/08/2006 • Aceito em: 18/09/2006
Figura 2 - Artéria coronária esquerda em projeção OAD cranial; a
artéria DA apresenta-se ocluída no seu terço inicial, imediatamente
após a emergência do primeiro ramo diagonal e grande ramo septal.
Observa-se discreta circulação colateral para o terço médio da
descendente anterior (setas).
330
Imagem.p65
330
20/10/2006, 17:47
Caixeta AM, et al. Tratamento de Oclusão Coronariana Crônica Utilizando a Técnica de Fios-Guias Paralelos. Rev Bras Cardiol
Invas 2006; 14(3): 330-331.
Após a confirmação angiográfica de que o segundo
fio-guia estava na luz verdadeira, retirou-se o primeiro
fio-guia e foi realizada a angioplastia com pré-dilatação
e implante de stent Express 2 3.5 x 28 mm, com restituição do fluxo coronariano anterógrado (Figura 6). Dezenove
meses após o procedimento, o paciente encontra-se assintomático. O ecocardiograma transtorácico mostra hipocinesia
inferior apical e acinesia do ápice, com fração de ejeção
do VE de 63% (Simpson), com diâmetro diastólico e
sistólico, respectivamente, de 54 e 31 mm. A angiotomografia coronária mostra a DA e o stent pérvios (Figura 7).
Figura 5 - Através da luz verdadeira, o segundo fio-guia (F2) é avançado até o terço distal da artéria descendente anterior. F1 (primeiro
fio-guia na luz falsa) e F2 (segundo fio-guia na luz verdadeira).
Figura 3 - Passagem do primeiro fio-guia (F1) até o terço médio da
artéria descendente anterior. A partir deste ponto, o fio-guia não mais
progredia distalmente. Pela suspeita de que o fio-guia tivesse progredido por um falso lúmen por aproximadamente 20 mm (marca radiopaca
do fio-guia), optou-se por não recuá-lo, mantendo-o na luz falsa para
a progressão de um segundo fio-guia.
Figura 6 - Resultado angiográfico final, após implante de stent Express
2 3.5 x 28 mm. O implante do stent envolveu desde o óstio da primeira
septal e primeiro diagonal (A) até o segundo ramo septal (B).
Figura 4 - Técnica dos “fios-guias paralelos” ( the parallel wire
technique). O primeiro fio-guia (F1) permanece na luz falsa do vaso;
passagem do segundo fio-guia (F2) até o terço médio da artéria
descendente anterior. Nota-se a disposição paralela dos fios-guias,
com o F1 na luz falsa e o F2 na luz verdadeira.
Figura 7 - Angiotomografia multislice com 16 canais de detectores
mostra stent (setas) e artéria descendente anterior pérvios.
331
Imagem.p65
331
20/10/2006, 17:47

Documentos relacionados