20 - revista da fonoaudiologia - 2ª região edição 61
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20 - revista da fonoaudiologia - 2ª região edição 61
FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT 20 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO EDIÇÃO 61 - MAIO/JUNHO 2005 EDITORIAL Conselho Regional de Fonoaudiologia do Estado de São Paulo - 2ª. Região 7º Colegiado Presidente Sílvia Tavares de Oliveira Vice-Presldente Anamy CecÍlia César Vizeu Diretora-Secretária Sandra Maria Vieira Tristão de Almeida Diretora-Tesoureira Ana Léia Safro Berenstein Conselheiros • Ana Léia Safro Berenstein • Anamy Cecília César Vizeu • Andrea Wander Bonamigo • Claudia Aparecida Ragusa • Cristina Lemos Barbosa Furia • Diva Esteves • Dulcirene Souza Reggi • Fernando Caggiano Júnior • Lica Arakawa Sugueno • Luciana Pereira dos Santos • Márcia Regina da Silva • Maria Cecília Greco • Mônica Petit Madrid • Roberta Alvarenga Reis • Sandra Maria Rodrigues Pereira de Oliveira • Sandra Maria Vieira Tristão de Almeida • Silvia Regina Pierotti • Silvia Tavares de Oliveira • Thelma Regina da Silva Costa • Yara Aparecida Bohlsen • Rua Dona Germaine Burchard, 331 CEP 05002-061 - São Paulo Fone/Fax: (011) 3873-3788 Site: www.fonosp.org.br Delegacia Regional da Baixada Santista Rua Mato Grosso, 380 – cj. 01 CEP 11055-010 - Santos Fone: (13) 3221-4647 - Fax (13) 3224-4908 E-mail: [email protected] Delegada: Isabel Gonçalves Delegacia Regional de Marília Rua Bahia, 165 - 4 o. andar, sala 43 CEP 17501-080 Marília Fone/fax: (14) 3413-6417 E-mail: [email protected] Delegada: Fabiana Martins Delegacia Regional de Ribeirão Preto Rua Bernardino de Campos, 1001 - cj. 1303 CEP 14015-130 - Ribeirão Preto Fone: (16) 632-2555 / Fax: (16) 3941-4220 E-mail. [email protected] Delegada: Ana Camilla Bianchi Pizarro Departamentos: Geral: [email protected] Cadastro/perfil: [email protected] Departamento Pessoal: [email protected] Contabilidade: [email protected] Eventos: [email protected] Fiscalização: [email protected] Jurídico: [email protected] Registros/Tesouraria: [email protected] Secretaria: [email protected] Supervisão: [email protected] Comissões: Divulgação: [email protected] Educação: [email protected] Ética: [email protected] Legislação e Normas: legislaçã[email protected] Licitação: [email protected] Ouvidoria: [email protected] Saúde: [email protected] Convênios Médicos: convê[email protected] Tomada de Contas: [email protected] A revista elaborada pelo Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª. Região é feita para os fonoaudiólogos, com a intenção de levar as informações da nossa profissão para todos, mesmo aqueles que se encontram distantes dos grandes centros. Nos entristece muito quando tomamos conhecimento de alguns profissionais que declaram claramente que nem abrem a revista para saber as informações que ela contém. Afinal de contas, são meses de intenso trabalho para seleção das reportagens, para realização das entrevistas e conclusão da revista. E, todo este trabalho pensando em você, fonoaudiólogo, nas coisas que sejam do seu interesse. Infelizmente, aqueles que não abrem a revista não estarão tomando conhecimento deste desabafo. Mas, sabemos que outros profissionais tem aproveitado as informações que tem recebido a cada dois meses na sua casa, e que podem influenciar seus colegas para que comecem a fazer a leitura da revista. Estamos tentando, cada vez mais, procurar os trabalhos que vem sendo realizados fora do centro de São Paulo. Muitos fonoaudiólogos tem realizado trabalhos maravilhosos e desconhecidos pela maioria das pessoas, pois muitas vezes acham-se muito distantes. Esta edição da revista vem claramente nos mostrar que, independentemente de onde o trabalho está sendo realizado, ele é importante e deve ser divulgado. É momento de mostrar a todos que a Fonoaudiologia está em todos os lugares, e que ocupa seu espaço, seja no formato de atendimento público, particular ou através de ONGs, que atualmente estão se disseminando pelo país inteiro. A revista apresenta nesta edição, trabalhos desenvolvidos por fonoaudiólogos com deficientes visuais. É um trabalho realmente empolgante, e que para alguns pode parecer, em um primeiro momento, que não é da competência do fonoaudiólogo. Mas, os profissionais entrevistados vem desmistificar este conceito, e nos mostrar que este é sim um dos nossos campos de atuação. Vale a pena ler e conhecer quem são estes profissionais, e que trabalho é desenvolvido por eles. Outra matéria muito interessante, é sobre o trabalho desenvolvido por fonoaudiólogos enfocando a Comunicação Alternativa. Afinal de contas, nosso papel é o de estabelecer, ou reestabelecer a comunicação, não é? E não é só nos grandes centros que este trabalho está acontecendo. Leia, e saiba mais sobre o trabalho e sobre os profissionais. N° 62 – JULHO/AGOSTO 2005 ISSN – 1679-3048 Tiragem: 12.200 exemplares Comissão de Divulgação Márcia Regina da Silva - Presidente Diva Esteves Roberta Alvarenga Reis Cristina Lemos Barbosa Furia Luciana Pereira dos Santos Sandra Maria Rodrigues P. de Oliveira Editor e jornalista responsável: Elisiario Emanuel do Couto MTb 8.226 Cada vez mais o Conselho vem tentando se aproximar do fonoaudiólogo, na tentativa de conhecer como o profissional vem atuando. Fortalece a Fonoaudiologia divulgar a importância do trabalho nos diversos segmentos da sociedade. Conhecendo esta atuação, podemos responder com mais propriedade àqueles que querem provar, a qualquer custo, que nosso trabalho não é importante, ou é menos importante do aquele Produção Editorial e Gráfica: Insert Consultores em Comunicação Ltda. Tel. (11) 5547-0948 / e-mail: [email protected] desenvolvido por outros profissionais. Somos importantes, muito importantes, e os nossos Redação: Rua Dona Germaine Burchard, 331 CEP 05002-061 - São Paulo, SP Fone/Fax: (011) 3873-3788 E-mail: [email protected] pacientes e a comunidade de uma forma geral são as nossas principais testemunhas. E é isso o que Impressão: Prol Editora Gráfica realmente importa. É isto que sempre deve importar e nos impulsionar para divulgar e defender sempre a Para anunciar ligue: (11) 3873-3788 As opiniões emitidas em matérias assinadas, bem como na publicidade veiculada nesta publicação são de inteira responsabilidade de seus autores. Os textos desta edição poderão ser reproduzidos, desde que mencionada a fonte. EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 nossa profissão. FOTO: RUBENS GAZETA REVISTA DA Silvia Tavares de Oliveira Presidente do CRFa 2a Região REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 3 Hilton/Perkins para a América Latina e, em 2000, com apoio de uma fundação assistencial alemã, construiu sua sede própria no bairro do Ipiranga, onde dá seqüência aos seus objetivos de desenvolver ao máximo o potencial Atendimento no Ceprevi, em Itapetininga “Trabalhar com portadores de deficiência visual, tendo os conhecimentos científicos da Fonoaudiologia, se torna além de prazeroso, uma fonte de busca de conhecimento diário”. O sentimento da fonoaudióloga Daniela Cristina S. Pereira uma das seis profissionais entrevistadas pela Revista da Fonoaudiologia para esta reportagem - é confirmado por Maria Aparecida Nina Cormedi, diretora técnica da Adefav – Associação para Deficientes da Audiovisão, que avaliza a competência deste profissional: “o fonoaudiólogo que atua em desenvolvimento de linguagem e comunicação com esta clientela, trabalha com comunicação com qualquer pessoa e com qualquer deficiência”. Com especialização e mestrado na área da educação, a diretora técnica da Adefav confessa que foi a sua formação em Fonoaudiologia que forneceu o embasamento para poder compreender toda a problemática do múltiplo deficiente e do surdo-cego. É justamente na Adefav que a fonoaudióloga Ângela Teixeira Senise atua desde 1991 e hoje é a responsável cegos em locais anexos às escolas mente, prover capacitação técnica especializada e treinamento personalizado aos profissionais que atuam nessa área no Brasil e América Latina. “Os programas são divididos por faixa etária: de intervenção precoce (0 a 3 anos), escolar (educação infantil, de 4 a 6 anos, de 6 a 14 e de 14 a 18 anos) e para adultos”, explica a fonoaudióloga responsável pela triagem. “Um novo programa foi recentemente implantado, voltado aos múltiplos deficientes, com controle motor paupérrimo e nível de desenvolvimento muito baixo”. Ângela situa o profissional na instituição. “O fonoaudiólogo, no municipais para surdos, localizadas em cinco regiões do município de São Paulo. Desde 1991 recebe assessoria ponto de vista da nossa especialidade. Todos os nossos alunos apresentam dificuldades de comunicação e todo professor tem que saber intervir e fazer o desenvolvimento dessa comunicação. O fonoaudiólogo é o especialista no assunto e trabalhamos tanto na formação desses profissionais como na orientação dos programas dos alunos”. “Todos os programas são focados pelo setor de triagem da instituição, que atualmente atende 120 alunos. A Adefav surgiu em 1983 com um projeto de atendimento de surdo- cia, autonomia e participação na família e comunidade e, simultanea- primeiro momento, dá o respaldo técnico para todos os programas, do FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT Respaldo técnico em atuação transidciplinar e as habilidades do surdo-cego e do multideficiente para sua independên- na orientação de pais e participamos da equipe transdisciplinar que efetua Fga. Ângela Teixeira Senise 4 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO essa orientação. Temos um grupo de orientação específico na área de EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT FOTO: DIVULGAÇÃO técnica internacional do Programa do pela Fonoaudiologia, que conta com o apoio, na retaguarda, de uma Na deficiência visual, a eficiência fonoaudiológica psicóloga e, eventualmente, de outros profissionais. Reunimos crianças dos diversos grupos que têm um perfil de atuação de linguagem semelhante e fazemos atividades focadas para as necessidades delas”. Em grupos onde há necessidade de atenção individual, os pacientes comparecem três vezes por semana e permanecem três horas por dia na instituição. Em outros programas, os professores desenvolvem as atividades em grupos de cinco alunos, cinco vezes por semana, por quatro horas diárias. FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT linguagem, orientado e supervisiona- Fga. Maria Aparecida Nina Cormedi Para a diretora técnica da Adefav, Maria Aparecida Nina Cormedi, a dificuldade básica da clientela atendida é a comunicação e lamenta que disciplinas relacionadas à multideficiência e surdo-cegueira não sejam contempladas na grade curricular dos cursos de graduação. “Mesmo nos cursos de especialização e mestrados essas informações são mínimas. A Adefav procura suprir essa falha trazendo estagiários de Fonoaudiologia para terem essa vivência, para que existam mais profissionais com essa visão”. EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 5 FOTO: DIVULGAÇÃO Diálogo com pais auxilia terapia “Na intervenção precoce em bebês cegos sem outras patologias associadas, foi necessário seguir etapas: deixar que o bebê reconhecesse minha voz, prestasse atenção e se acostumasse com ela antes de ter o primeiro contato físico”. As respostas são imediatas: alguns choram, riem, ou simplesmente ficam calados, mas Daniela Cristina S. Pereira é fonoaudióloga formada pela USC/ apresentam auto-estimulação (balanceio, esfregam os olhinhos) logo Bauru e, através da prefeitura de Itapetininga presta serviços em três Fga. Daniela Cristina S. Pereira instituições, entre elas o CEPREVI Centro de Pesquisa e Reabilitação veis com o ‘suposto’ padrão de Visual de Itapetininga. Ela se recorda que, no primeiro normalidade de quem está sentado, cantando...). Um aluno cantava no dia de trabalho nessa instituição (que conta com aproximadamente 400 ritmo da melodia e da música, mas apresentava falta de ritmo no movi- usuários portadores de deficiências múltiplas e necessidades especiais) mento do balanceio do corpo. Descobri que meu trabalho também poderia ouviu um pagode e constatou ser de um grupo de portadores de deficiência ser extensivo àquele grupo”. A fonoaudióloga observa que visual. “O professor era cego e estava atos que para os videntes são de aprendizado ‘natural’, como levar um tocando violão, um aluno tocando timba, e os demais cantavam. A talher à boca, manter o posicionamento da cabeça direcionado a quem dirige maioria apresentava maneirismos faciais, (piscavam excessivamente, não a fala, interagir com uma pessoa por meio de gestos, dar ênfase ao conteú- faziam uso de lateralidade na exploração do ambiente, apresentavam do do contexto de fala, manter um diálogo com pessoas desconhecidas contração seqüencializada de masseter, mímicas faciais exageradas, sem sentir medo ou apresentar gagueira, para essa clientela é um faziam caras e bocas, nada compatí- aprendizado não muito simples. depois que lhes é dirigida à fala. “Este é um sinal de que ele sabe que tem alguém falando com ele”. “O estabelecimento do vínculo com bebês cegos é favorecido pela tríade de estimulação auditiva, estimulação tátil e repetições de ações. Colocar um brinquedo na mão da criança pode representar o início da estimulação cognitiva e de fala. É possível perceber em poucas sessões que, durante as brincadeiras, surge o balbucio e logo em seguida, o bebê passa a apresentar o balbucio socializado. Se os cuidadores estiverem preparados para estimular essa criança em casa, em poucas semanas se dá o início do jogo vocal com inflexão”. A fonoaudióloga tem plena convicção de que informar e demonstrar aos pais a diferença entre limitação e incapacidade, auxiliam positiva- FOTO: DIVULGAÇÃO mente no tratamento terapêutico. “Ainda no início do tratamento, à medida que os pacientes apresentam aquisições com relação ao reconhecimento e identificação sonoros, movimentos posturais corretos de cabeça e pescoço, atenção, lateralização, esquema corporal, desenvolvimento pragmático, ou qualquer outra conquista positiva que incentive a independência, faz com que os pais se tornem menos ansiosos, mais colaborativos e crédulos na terapia”. 6 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 Tolerância à frustração é desafio profissional meses, você vê resultados. Quanto mais grave é a criança, mais me interesso,porque sei que posso fazer muito por ela”. A fonoaudióloga dificilmente atua com seu paciente com a família do lado de fora da sala. “Não passo orientações para a família, mas faço, sim, uma intervenção, construindo Olhar fonoaudiólogico nas orientações à família Depois de passar alguns anos em uma instituição para deficientes junto com os pais a possibilidade de fazerem coisas que tenham sentido, A Laramara - Associação Brasileira de Assistência ao Deficien- mentais e psiquiátricos, há sete anos a fonoaudióloga Danielle que darão resultado, sem que necessitem se transformar em te Visual é uma instituição conhecida da fonoaudióloga Regiane Nagy direciona sua atuação para um projeto de integração sensorial, terapeutas.” Esta postura de atuação é Serafim Abreu Silva há pelo menos dez anos (a entidade foi criada há 12 desenvolvido em uma instituição no bairro da Vila Mariana, na capital enfocada na tese de mestrado que Danielle Nagy defenderá em julho, anos), quando ali iniciou seu trabalho voluntário, que nos últimos paulista, envolvendo crianças com deficiências física e visual (incluindo sobre a intervenção do fonoaudiólogo junto as mães de crianças com cinco anos se transformou em contratação direta. Sua atuação é a visão subnormal e a cegueira), como conseqüência direta de sua múltiplas deficiências. “Analiso sete casos em que discuto a dificuldade voltada para orientação à família com crianças até seis anos, na especialização em Audiologia Educacional. Sua atuação está da mãe estar reconhecendo essa criança como filho. Ou a super- intervenção precoce. “A atuação do fonoaudiólogo é voltada para linguagem e para alimentação, sem superposição. protege ou simplesmente cuida fisicamente. Questiono se o fonoau- muito ampla, principalmente em relação à linguagem, porque em geral “Meu trabalho sempre se baseou em buscar a comunicação da diólogo tem apenas que olhar a boca dessa criança, fazê-la falar e pronto? está associada a outros comprometimentos. Em 70% da população criança com o mundo e, para isso, utilizo todas as formas de Quantas coisas mais essa criança pode fazer? Em minha tese vou atendida eles estão presentes: alteração neuro-motora, deficiência estimulação para propiciar diferentes experiências e a conseqüente construindo com a mãe as possibilidades que se abrem para essa auditiva... Como essas crianças em geral não têm apenas a deficiência possibilidade de entender o mundo. Independentemente da sua linha de criança”. visual, o objetivo é oferecer sempre o desenvolvimento integral. Atendo mundo da linguagem, seja falada, escrita, gestual... Minha atuação foi sempre voltada a trabalhar com todos os sentidos que tenha disponíveis”. A fga. Danielle reconhece ser em grupos, de seis crianças no máximo e a família permanece na FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT formação, o que o fonoaudiólogo busca é inserir o indivíduo no sala, para que seja possível a troca de informações sobre o cotidiano da criança, pois o interesse é melhorar a qualidade de vida dessas crianças em suas casas. Oferecemos orientações para melhorar esse dia-a-dia, esta uma área em que é necessário ter uma tolerância à frustração lembrando sempre da estimulação visual”. muito grande, porque o progresso obtido é muito lento. “É muito “Quando oriento a mãe da criança sobre alimentação, mostro diferente de atender uma criança com uma troca fonêmica. Em seis EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 Fga. Danielle Nagy também as possibilidades de posicionamento para que possa se alimenREVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 7 feito para fonoaudiólogas de insti- Jundiaí (SP) - “e nessa época me uma forma de estimulação visual e tátil, estimulando também a mastiga- tuições como Cruz Verde, Lar Escola São Francisco ou para clínicas de limitava às questões alimentares pois meus pacientes eram, na esmagadora ção e a deglutição. Como essas crianças apresentam em geral disfunções fonoaudiólogas que fazem atendimento gratuito em parte de sua maioria, portadores de múltiplas deficiências. Acreditava que minhas neurológicas, a alimentação acaba sendo um momento muito difícil, tanto clientela”. Músicas e histórias são dificuldades se deviam à inexperiência profissional e que minha atuação era para a família como para a criança”. O atendimento é transdiscipli- utilizadas para trabalhar a linguagem, formando e melhorando a de ‘menor importância’. Dessa primeira passagem ficou o aprendiza- nar. “Eu tenho o meu olhar de fonoaudióloga e as minhas orienta- comunicação e o potencial cognitivo dessa criança. “Se a perda é total, do de como atuar com minhas limitações e de como partilhar com ções são voltadas para isso. Os demais profissionais também podem utilizo livros em Braille ou adapto um livro para a visão subnormal e a uma equipe todas as dificuldades e prazeres de cada ‘pequeno’ avanço que efetuar essa orientação e temos reuniões freqüentes para troca de criança tem que dar conta, visualmente e cognitivamente, mostrando conseguíamos”. informações. Em muitas situações, participo da atividade junto com a que está compreendendo a história através das figuras”. fisioterapeuta, por exemplo, para dar a nossa orientação. Há uma troca A capacitação profissional faz parte da atuação de Regiane, que de experiências entre todos os profissionais, sem que ninguém ministra periodicamente palestras para os demais profissionais sobre a ultrapasse o limite da profissão”. Fonoaudiologia, com informações básicas que auxiliem no atendimento FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT tar melhor e a alimentação como do dia-a-dia. “Também dou orientação sobre higiene bucal ou voz para o Proceja – Programa de Cultura e Educação para Jovens e Adultos, um setor que ministra cursos de preparação para o mercado de trabalho e sobre saúde. Dificuldades e avanços partilhados com equipe Fga.\Regiane Serafim Abreu Silva As mães demonstram muita preocupação com a fala. “Forneço orientações para estimular a fala ou, quando o comprometimento neuro- Em 2000 foi convidada a retornar. “Eu era outra pessoa, com quase 15 anos de experiência clínica e não imaginava que teria tantas dificuldades. As técnicas que eu utilizava na clínica não se aplicavam no Braille...” “A maioria do material prevê a nomeação, a organização de seqüências, elaboração de histórias e tantas outras propostas todas com base em estímulos visuais – figuras. Para a estimulação e adequação da motricidade oral utilizava espelho, filmes (do próprio paciente e outros) e desenhos...”. “Aprendi que eu tinha que aprender com eles. Realizava o trabalho de motricidade oral junto com as crianças, deixando que elas me tocassem para que percebessem as diferenças entre o que elas faziam e o que deveriam fazer”. “Trabalhei muito próxima às motor não permite que chegue a esse ponto, mostro que existem outras “Meu primeiro trabalho junto aos deficientes visuais foi em 1987, mães, principalmente das mães dos pacientes múltiplos e descobri formas de comunicação, como expressão corporal, expressão no Instituto Jundiaiense Louis Braille, durante quase um ano. que aquilo que há anos atrás eu achava pouco - ensiná-los a facial... A fonoterapia (essencial para quem usa sonda, por exemplo) é Estava no início de minha atuação profissional (havia me formado no mastigar e a se alimentar normalmente - modificava profundamente realizada externamente. Quando necessário, o encaminhamento é final de 1986)” - relata a fonoaudióloga Márcia Oliveira Soligo, de a vida das famílias e dava a estas crianças e adolescentes um real 8 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 ganho na qualidade de vida. Que as pequenas adaptações com relação à “Estes dois anos de convívio orientações que eu passava para elas quanto à estimulação de fala e orientação espacial”. Com os pacientes em idade com os deficientes visuais e com a equipe multidisciplinar me mostra- linguagem fazia com que elas se aproximassem de seus filhos. escolar incluídos em escolas da rede municipal, a maioria com visão sub- ram o quanto ainda temos que aprender para que possamos ser Que este espaço de orientação era antes de tudo um espaço de acolhi- normal e atrasos cognitivos, a fonoaudióloga desenvolveu o mais efetivos no trabalho com os deficientes visuais e acima de tudo, mento”. O trabalho mais próximo ao trabalho de leitura e escrita, com as adaptações necessárias (tipo de o quanto temos a colaborar com estas pessoas que precisam de forma clínico tradicional era o relacionado com as alterações de linguagem. letra, pauta, lupa, Braille). “Também tínhamos um grupo de leitura e ímpar da linguagem para se organizarem no mundo. Atualmente, estou “Habitualmente, com as crianças pequenas com atrasos de linguagem discussão de atualidades ou de temas pertinentes às necessidades dos atendendo dois deficientes visuais no consultório: um senhor que utilizo atividades e dramatizações relativas às atividades de vida diária. adolescentes (primeiro emprego, discriminação, inclusão, sexualidade, sofreu um AVC isquêmico e uma criança com deficiência múltipla. O No Braille só era necessário algumas notícias do momento...)”. aprendizado continua.... “. Happy Hour Cultural TEMA DOS PRÓXIMOS EVENTOS SÃO PAULO ■ 26 DE AGOSTO ■ 20 DE OUTUBRO ■ O papel do fonoaudiólogo no contexto das ações de Saúde Palestrante: Thelma Costa Fonoaudiologia Empresarial Comitê de Telemarketing da SBFa ■ 23 DE SETEMBRO Gagueira ■ 26 DE OUTUBRO Doenças Neurológicas Fga. Ana Ana Lúcia Chiapetta ■ ■ 24 DE NOVEMBRO Análise do Discurso Aplicada à Clínica Fonoaudiológica ■ Palestrante : Beatriz H.V. Maranghetti Ferriolli As palestras são realizados às 19:30 horas na Sala de Convenções do Edifício Fortes Guimarães - rua Bernardino de Campos, 1001 (cobertura). O ingresso é gratuito, com vagas limitadas. Confirme a presença com Celi, pelo tel. (16) 632- 2555 . 25 DE NOVEMBRO Fonoaudiologia e Saúde Mental Todos os eventos são realizados na Casa do Fonoaudiólogo (rua Tanabi, 64) a partir das 18 horas, mediante doação de um quilo de alimento não perecível e inscrição prévia, com a sra. Viviane - telefone (11) 3873-3788. DELEGACIA DE RIBEIRÃO PRETO 11 DE AGOSTO Triagem Auditiva Neonatal Palestrante : Márcia Benelli Riscalla 22 DE SETEMBRO Síndrome do X-Frágil Palestrante : Martha Carvalho EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 9 Comunicação Suplementar Alternativa Alternativa de comunicação orais de comunicação foram criados, que permitem o uso de símbolos (SP), que recentemente ganhou o Prêmio Shirley McNaughton, compartilhar uma história, pedir ajuda ou simplesmente sentir uma distintos à palavra articulada. É a Comunicação Alternativa (ou, atribuído pelo ISAAC - International Society of Augmentative and Alterna mão reconfortante... em todas as Comunicação Suplementar e Alterna- tive Communication ou Sociedade Internacional de Comunicação FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT Para viver e sobreviver em sociedade, para contar um segredo, Suplementar e Alternativa. A entidade é uma grande organização internacional direcionada à CSA criada em 1983 e que conta hoje com mais do que 3.500 membros em mais de 50 paises, entre profissionais, usuários e familiares de usuários. O relato do trabalho que a fonoaudióloga brasileira realiza há mais de 10 anos deu a ela um estágio no Bliss Learning Centre, em Bala, no Canadá e uma homenagem no congresso da entidade. O relato desta viagem foi publicado na edição de fevereiro deste ano da revista da ISAAC. A fonoaudióloga, além da atuação clínica e assessoria em escolas, também ministra cursos de CSA para profissionais de saúde e da educação, familiares e ao próprio paciente há cerca de cinco anos. Grande parte desses cursos são solicitados por prefeituras do situações, a comunicação é funda- tiva – CSA, como muitos preferem), mental. E aqueles que não possuem a linguagem oral, não falam ou uma ferramenta para as pessoas se comunicarem sem a fala, introduzida expressam apenas alguns sons que não são bem compreendidos? pelo fonoaudiólogo com diferentes técnicas e estratégias. Para facilitar essa comunicação tão imprecisa, vários sistemas não É nesta área que atua a fga. Luciana Wolff, de Pindamonhangaba 10 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO interior do país, que desejam estabelecer formas de inclusão social, notadamente na área de educação. Qual é a clientela atingida pela Comunicação Suplementar e Alternativa? A fonoaudióloga destaca as EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 comunicar precariamente, de modo inibem a fala e, com o desenvolvi- nentemente estão impossibilitadas de se comunicar através da lingua- impreciso e insatisfatório e tentam mostrar o que desejam e o que mento da linguagem oral a prancha de comunicação pode gem oral, por problemas que podem se refletir na fala, em razão de sentem através do seu próprio corpo, apesar dos movimentos ser abandonada”. Um dos sistemas mais utiliza- diversas patologias, como síndromes, paralisia cerebral (a situação limitados” “Comunicação alternativa não é dos no Brasil é o PCS – Picture Communication System , traduzido mais comum), esclerose lateral amiotrófica, autismo, afasia,lesão um método ou um único tipo de símbolo gráfico”, enfatiza a fga. em varias línguas (inclusive para o português), por sua acessibilidade e encefálica adquirida e portadores de seqüelas de Acidente Vascular Luciana Wolff. “É uma forma de comunicação não oral que pode ser facilidade. “É bem pictográfico, com desenhos simples, mas limitado Cerebral (AVC), entre outros. “Também são usuários da CSA utilizada e aprendida através de diferentes métodos”. pelas questões da linguagem”, resume a fonoaudióloga. O outro é o pessoas que apresentam dificuldades na linguagem oral, por problemas As pranchas de comunicação, que acompanham o usuário em BLISS – Blissymbolics (no qual o PCS se baseia) desenvolvido por Charles psíquicos ou físicos, congênitos ou todos os momentos e são usadas Bliss nas décadas de 40/50. “Ele adquiridos (traumatismo craniano, acidente vascular cerebral). Mesmo com todas as pessoas com quem deseja se comunicar, contém dese- desejava que fosse uma língua universal e para isso criou desenhos impossibilitados por limitações motoras ou psíquicas, não podemos nhos organizados de forma padronizada. Podem ser utilizadas tempora- comuns a várias culturas, como o sinal de mais, de menos, exclamação, dizer que eles não possuam linguagem. Na verdade, conseguem se riamente ou não, conforme a necessidades. Essas pranchas não interrogação... A professora Shirley McNaughton teve acesso a esse FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT pessoas que momentânea ou perma- EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 11 resolveu adaptá-lo para usar com alunos com paralisia cerebral”. A fga. Luciana Wolff está efetuando a tradução do Bliss para o português e espera disponibilizá-la brevemente.. O acesso a essas pranchas não é FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT material no início da década de 70 e sua própria prancha de comunicação. Com ela, ‘fala’, conta histórias, conta piadas...”. A atividade é multiprofissional. “Para que consiga se comunicar, uma pessoa necessita estar bem posicionada, com equilíbrio, para fácil. “O material é em geral importado e alguns são muito caros (as poder mostrar ou olhar o símbolo. É necessária uma cadeira adequada digitais, nem pensar...). A solução é fazer o mesmo trabalho que é desen- e uma melhor movimentação; há necessidade do envolvimento do volvido no exterior, porém com menos recursos. O que se faz com computa- professor, do psicólogo e também da família... É uma teia, onde todos dor lá fora, fazemos aqui com papel e canetinha, tão bem ou melhor, graças dependem uns dos outros mas com papéis bem definidos. Este paciente a criatividade utilizada na linguagem”. Não existe uma receita. Com cada pessoa se faz um trabalho individualizado. “A prancha de diferente em cada pessoa. Temos palavras em comum, mas também palavras específicas para cada pessoa. Desta forma, cada um desenvolve a não vai se comunicar somente com a fonoaudióloga. Não adianta trabalhar com o paciente apenas entre as quatro paredes do consultório”. FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT comunicação é como um vocabulário, Fga. Luciana Wolff 12 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 “O fonoaudiólogo necessita seu paciente, para não ficar insistindo os sistemas existentes e as possibilida- detectar que existe algum tipo de comunicação por parte do paciente e o tempo todo na questão de motricidade oral. Ele pode não estar conse- des de comunicação alternativa. “Além do material, há necessidade de que ele pode estar dizendo coisas. Talvez não se consiga perceber de guindo oralizar a palavra mas pode apontar que está com sede. Por que se envolver na concepção da linguagem, para verificar como o seu pa- imediato, mas aos poucos detectamos o olhar para um lado, um choro, um insistir em que ele fale ‘água’ e gerar todo um stress em cima disso, quando ciente pode estar se expressando. Basicamente tem que deter o conheci- sorriso, alguma reação enfim. O fonoaudiólogo tem que saber olhar o ele pode mostrar no símbolo?”. O profissional precisar conhecer mento da linguagem, que todo fonoaudiólogo adquire em sua formação. ISAAC Brasil promove primeiro congresso sobre Comunicação Alternativa Em 1º. de agosto próximo encerra-se o prazo para submissão de trabalhos para o 1º Congresso Internacional de Linguagem e Comunicação da Pessoa com Deficiência, a se realizar no Rio de Janeiro, nas dependências da UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, de 21 a 25 de novembro de 2005. Em paralelo será também realizado o 1º Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa. Os dois eventos são organizados pela ISAAC Brasil e inscrições, programa, relação de conferencistas estrangeiros e outras informações podem ser obtidas em http://www.fee.unicamp.br/isaacBrasil/. A International Society of Augmentative and Alternative Communication - ISAAC é uma associação internacional com muitos filiados no Brasil. A representante brasileira é a fonoaudióloga Carolina Schirmer, do Rio Grande do Sul e, em 2004, a conferência bianual internacional foi realizada no Brasil, em Natal (RN). O encontro EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 marcado para agosto próximo é o primeiro em âmbito apenas brasileiro. O evento tem o objetivo de reunir pesquisadores, educadores, profissionais das áreas da saúde (entre eles os de Fonoaudiologia) e da educação, familiares e pessoas com deficiência para divulgar e discutir o conhecimento produzido sobre a linguagem e a comunicação de pessoas com paralisia cerebral, autismo, surdez-cegueira e deficiências múltiplas. São disponibilizados três modalidades de apresentação de trabalhos: comunicações orais, pôsteres e apresentação de vídeos sobre os temas privilegiados no evento assim como a demonstração de recursos de tecnologia assistiva. Pesquisas concluídas ou em andamento assim como casos clínicos e relatos de experiências com pessoas com paralisia cerebral, autismo, surdez-cegueira e deficiências múltiplas serão bem vindas. REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 13 CURSOS DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA O que precisamos mudar? Fga. Dra. Carla P. H. A. Ribeiro César Coordenadora e docente do Curso de Fonoaudiologia da UMESP com o lançamento do livro “Promoção de Saúde: a Negação da Negação”, de Fernando Lefevre e Ana Maria Cavalcanti Lefevre, da editora Vieira & Lent, as questões profícuas e relevantes para a área da saúde e com diferentes profissionais presentes (fonoaudió- “A vida só pode ser compreendida promoveram evento denominado logos, assistentes sociais, psicólogos, educadores, sanitaristas, membros do olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para a frente.” “Promoção da Saúde”, cujo objetivo era o de discutir a promoção da saúde, por Ministério da Saúde, biólogos etc) pode-se creditar sucesso à proposta da (Soren Kierkegaard) meio de um fórum entre os debatedores e os profissionais da área (ouvin- FSP/USP. Entre as tônicas dos debates, uma merece destaque, qual seja, a da Nos dias 19 e 20 de maio, a Faculdade de Saúde Pública da USP e a tes), além de o lançamento da Revista Saúde e Sociedade. Com o auditório formação dos profissionais da saúde e, por sermos dessa classe de profissio- Associação Paulista de Saúde Pública lotado nos dois dias de programação e nais, precisamos rever, como tem ocorrido, a graduação superior em Em maio participei do Seminário Promoção da Saúde em Debate e, a princípio, achei que não iria encontrar nenhum fonoaudiólogo. As discussões foram fundamentais para a reflexão cada vez maior sobre a atuação da Fonoaudiologia na Saúde Coletiva, não só como prevenção, mas como promoção de Saúde. Considero importante perceber que não só os fonoaudiólogos estão tentando definir o que é a promoção de saúde. Entre os médicos essa discussão também está presente e há uma preocupação que essa não seja mais uma área fragmentada da Medicina. Pelo contrário, foi defendido a intersetorialidade e a integralidade em vários momentos. Ficou claro que nenhuma ação isolada é tão boa quanto associar promoção, proteção e assistência. Quando se fala de promoção da saúde, o campo é da saúde e não da doença e, assim, nessa área é necessário alavancar novas políticas de saúde pública. O que me chamou muito a atenção foi a ação política quando se trabalha nessa área, o que me deu a sensação de que os fonoaudiólogos por vezes têm uma ação ingênua nesse sentido. É necessário pensar na limitação do modelo biomédico, na ampliação do conceito de saúde e na diferença entre prevenção e promoção. No cenário político, a promoção de saúde é uma das oportunidades para se lidar com a iniqüidade, portanto envolve mudanças de conceitos e comportamentos. Vale lembrar que não somos nós que devemos dizer ao povo o que necessita. O conflito é necessário para o movimento social e precisamos, sim, informar em que e como podemos auxiliar. Para minha surpresa, no final do seminário, uma fonoaudióloga pediu a palavra e com um olhar muito diferente do meu, porque coordena um Curso de Fonoaudiologia, trouxe uma discussão interessante. A convidei para escrever em nossa revista e seu texto segue nestas páginas. Na verdade acho que precisamos nos reunir e refletir sobre a área de promoção de saúde que,ao meu ver, é uma área fundamental e na qual nossa inserção deve ser garantida. Sandra Oliveira Comissão de Divulgação do CRFa 2a. Região 14 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO Fonoaudiologia. Essa necessidade emerge tanto da mudança epistemológica do conceito de saúde quanto da reforma sanitária e até mesmo, das práticas globalizadoras mundiais que foram disseminadas nas últimas décadas, principalmente nos países capitalistas. Dessa forma, a Fonoaudiologia precisa ser repensada e (re)significada, tendo-se em vista que somos responsáveis, tanto como fonoaudiólogos como formadores de, pelas práticas vigentes em nosso país. Um dos aspectos debatidos energicamente pelos membros das mesas redondas foi a prática segmentada e fragmentada, em que cada profissional aplica o seu saber independente das necessidades locoregionais, dentro de sua especificidade de conhecimento/especialização – aumentando as demandas da comunidade e não atendendo as diretrizes do próprio SUS. Em muitas ocasiões (independente da região do País), há uma prática eminentemente clínica, sem a atenção primária à saúde, em centros e unidades básicas de saúde, EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 que deveriam primar pela promoção e prioridade para as atividades de práticas com uma carga horária proteção específica. O que se deseja, segundo a literatura e os conferencis- promoção da saúde e proteção específica, sem prejuízo dos serviços mínima (aprovada o ano passado) de 3.200 horas e com a possibilidade de tas, é uma prática voltada para o social, justa, eqüitativa e que atenda assistenciais; cumprir-se 20% (não podendo exceder) da carga horária total em as necessidades das pessoas. atenção; ■ a descentralização da gestão estágios supervisionados e, com a menção nas diretrizes curriculares de também precisará rever suas práticas em saúde a fim de não corroborar com e a participação da comunidade (grupos) apontando para uma que estes devem ser cumpridos prioritariamente na instituição? os entraves observados na atualidade no que tange a qualidade de vida da cultura democrática; Nesse sentido, o fonoaudiólogo ■ a coletividade como foco de Talvez as universidades públicas população. ■ conhecimento da realidade local, de suas necessidades e proposi- não sofram a mesma pressão que as particulares, no que tange a redução Como docente e coordenadora de curso, penso em colocar em pauta a ção conjunta de melhorias na qualidade de vida das pessoas, de forma a de custos, mas parece que teremos que, como mágicos, solucionar (ou formação e sua premência de reformulação. Mas em que contexto essa transformar o aluno de ser passivo a ativo na sua própria comunidade; então, para não ser tão enfática, minimizar) a crise da saúde, mais reflexão vem à tona? ■ participação na e para a especificamente do SUS, tendo que reduzir carga horária e ampliar No contexto da divulgação do documento elaborado o ano passado reformulação de políticas voltadas à saúde, tendo em vista que ainda é pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da realidade no nosso país a dialética entre inclusão e exclusão e as conse- Educação na Saúde denominado por “AprenderSUS: o SUS e os cursos de qüências advindas do fato ora mencionado; graduação da área da saúde”, em que os ministérios identificam “(...) a práticas de ensino que privilegiam a responsabilidade para com o necessidade de promover mudanças na formação profissional de forma a seu entorno, com atuação em equipes multidisciplinares e conteúdos não ainda temos o Projeto de Lei do Ato Médico, que per se, estaria na contra- aproximá-la dos conceitos e princípios que possibilitarão atenção integral e fragmentados (com integração do saber), sem desmerecimento ou mão da autonomia dos profissionais da saúde... humanizada à população brasileira” (Ministério da Saúde, 2004, p. 03). desqualificação de vertentes teóricas que sustentam a visão de mundo de Explicitam ainda que o objetivo na formação de profissionais da área cada sujeito que compõe as unidades de educação em nosso país, ou seja, da saúde seria o de transformar as práticas profissionais pela noção da com respeito à diversidade e à pluralidade do conhecimento; integralidade, considerada nos campos da atenção, da gestão de serviços e de nova visão do ser (humano), que é biológico, subjetivo, político e sistemas. Essa noção diz respeito a um dos princípios do Sistema Único de que se expressa no e pelo social. ocasiões, constatamos práticas equivocadas e inspiradas na clínica Pelo exposto, pode-se perceber que a complexidade da proposta quando da atuação na atenção básica da saúde. Deveríamos, no meu ponto ser incorporadas na prática, como: ministerial requererá um grande esforço das Instituições de Ensino de vista, centrar nossas ações de forma a unir esforços para conquistar- ampliação da visão de saúde, ao atendimento integral e das necessi- Superior. Mas cabe aqui uma questão que gostaria de compartilhar com mos melhores condições e qualidade de ensino e de vida, sempre pautados dades das pessoas. ■ conhecimento do SUS, com vocês: como ampliaremos a inserção de nossos alunos nas referidas nos princípios éticos que regem as relações. Saúde (SUS). E o que isso revela? Revela que novas dimensões deverão ■ EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 ■ ■ estágios. Só para ilustrar, a carga horária para estágios ficaria então restrita a 640 horas, o que por si só, não dá conta das práticas usuais dos cursos de graduação em Fonoaudiologia. E para gerar ainda mais conflito, Salienta-se que as pontuações não são dirigidas contra a reformulação, muito pelo contrário. Afinal de contas, somos responsáveis como eleitores, como profissionais e como formadores de, pela atual situação da saúde no país em que, em muitas REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 15 FOTOS (ESQ. PARA DIR.): ELIZABETH ESCOBAR, RAQUEL MUNHOZ, TACIANA CHIQUETTI E ROBERTO PELLIM Otacílio promove educação e combate preconceito Otacílio, uma prótese auditiva humanizada saiu das páginas de dois potencialidades. Através de livros infantis, Otacílio vai até crianças surdas em evento promovido pela TV Tribuna, afiliada da Rede Globo e em Valinhos, no livros infantis e tomou corpo com o objetivo de orientar e popularizar as e ouvintes para romper preconceitos e promover educação com arte e responsa- programa Sábado Mania promovido em conjunto pela EPTV, SESI e prefeitura do próteses auditivas e combater o preconceito. O personagem foi criado pela bilidade social”. Outro papel importante destacado município. Novos compromissos continuam a ser agendados em institui- fonoaudiólogas Ana Maria Torres e Raquel Munhoz, do Núcleo de Audiologia e Próteses Auditivas Campinas Ltda. pelas duas profissionais é o de favorecer o exercício consciente da solidariedade e da cidadania, quando Otacílio participa ções educacionais. e faz parte do programa educacional “Ouça as Cores da Vida”, instituído em de eventos de cunho social e educacional, interagindo com as pessoas e Otacílio participa desses eventos mediante envio de proposta contendo o 1997 com o apoio de uma empresa de AASI. Seu design foi desenvolvido por incentivando-as a contribuírem com entidades filantrópicas. objetivo do evento, o público alvo, a localização de atuação e o tipo de Dimaz Restivo. Dois livros já foram lançados. O Fora dos livros. A primeira apa- Como utilizar? O personagem patrocínio oferecido pela organização do evento para disponibilização do perso- primeiro - “Colorindo Otacílio” - apresenta o personagem em um manual de rição do personagem fora dos livros foi em uma ação do projeto A Vez da Voz nagem (transporte, atuação de dois atores, custo de viagem, hospedagem, instruções de AASI e foi inicialmente doado para o lançamento do projeto A desenvolvido no Tívoli Shopping em Santa Bárbara d´Oeste (SP) em 21 de alimentação, intérprete de Libras...). É necessária a análise prévia, uma vez que, Vez da Voz, em maio de 2004. O segundo - “Otacílio vai à Escola” outubro do ano passado, quando foram doados mais de 500 livros. tanto o personagem quanto os livros são registrados e necessitam de licença para - conta a história do personagem em um ambiente escolar. Depois disso, o personagem já esteve presente em outros locais e serem utilizados. O livro “Colorindo Otacílio” é As duas fonoaudiólogas justificam o nome. “Otacílio vem do latim, ‘o que ocasiões, como no Campinas Shopping (em parceria com o Parque da Mônica), doado nesses eventos e para instituições que atuam com deficientes auditivos. escuta’ e a intenção do projeto é justamente ‘se fazer ouvir’, para no Shopping Parque Dom Pedro (em conjunto com a livraria Fnac), em jantar “Otacílio vai à escola” é vendido pelo seu preço de custo (R$ 18,00) para a susten- informar e trabalhar de modo que a surdez não continue impedindo beneficente da Apascamp em prol da entidade, no Liceu Salesiano de Campi- tabilidade do projeto. Os pedidos devem ser feitos pelos telefones (19) 3234- crianças, adolescentes e até mesmo adultos de desenvolver todas as suas nas e no Fran’s Café Cambuí, todos em Campinas. Em Santos esteve presente 7624 ou (19) 3233-7452 ou ainda pelo e-mail [email protected] 16 16--REVISTA REVISTADA DAFONOAUDIOLOGIA FONOAUDIOLOGIA-- 2ª 2ªREGIÃO REGIÃO EDIÇÃO EDIÇÃO62 62--JULHO/AGOSTO JULHO/AGOSTO2005 2005 TERCEIRA REPORTAGEM DE UMA SÉRIE Grupo de Apoio à Triagem Auditiva Neonatal Universal GATANU Quanto antes, melhor A audição alterada em um bebê prejudica o desenvolvimento cognitivo e da linguagem ao longo de sua vida, Quanto mais cedo for a atuação Formada pela PUC em 1985, ao retornar de especialização realizada nos Estados Unidos, a fonoaudióloga Mônica Jubran Chapchap decidiu direcionar seu foco de atuação para a triagem auditiva em berçário, algo que FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT do fonoaudiólogo, melhor será para o desenvolvimento do bebê. www.gatanu.org), dos quais 81 localizados no Estado de São Paulo. É ainda muito pouco: não representa mais do que 3% do total e, por estes números dá para se perceber quanto ainda precisa ser feito e quanto espaço ainda não era comum na formação acadêmica brasileira. “Não havia naquela época existe por conquistar. A maioria desses serviços são prestados por nenhum fonoaudiólogo inserido na equipe de neonatologia em berçário do país ou que fizesse teste eletrofisioló- instituições privadas e, em sua absoluta maioria, por fonoaudiólogos”. Para a fonoaudióloga, a rede gico, embora em algumas universidades isso ocorresse esparsamente”, pública já está sensibilizada para a triagem auditiva neonatal universal recorda-se a fonoaudióloga. Em 1988, Mônica foi a primeira (ou TANU), mas ainda enfrenta barreiras financeiras para sua implan- Fga. Mônica Jubran Chapchap fonoaudióloga a fazer parte de uma equipe de triagem auditiva em profissionais nessa área, estas fonoau- tação. Uma delas é o equipamento, ainda muito caro para a realidade berçário, no hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP). “Dez anos depois, diólogas decidiram, em maio de 1998, criar o Grupo de Apoio à Triagem brasileira, 10 ou 20 mil dólares”. Apesar dessa barreira o procedi- em 1998, ainda não éramos mais do que quatro ou cinco pessoas, em Auditiva Neonatal Universal – GATANU (que hoje está sendo estrutu- mento já é cadastrado pelo Sistema Único de Saúde - SUS, inicialmente diferentes regiões do país, que faziam triagem auditiva com potencial rada como uma ONG) para divulgar a importância da triagem neonatal e como de alta complexidade e, mais recentemente, como de média evocado ou com emissões otoacústicas”. Entre essas profissionais ela se sensibilizar profissionais e população para este procedimento. complexidade. Algumas clínicas cadastradas já fazem esse procedimen- recorda de Maria Cristina Simonek, do Rio de Janeiro, com muita experiência Coordenadora do Grupo de Trabalho até hoje, Mônica Chapchap to pelo SUS. A fonoaudióloga reconhece as na habilitação de surdos no INES – Instituto Nacional de Educação de traça o quadro atual. “No Brasil temos 5.800 maternidades, mas temos dificuldades na implementação da TANU em todas as maternidades do Surdos e a fga. Isabela Jardim, de Goiânia, com atuação semelhante. cadastrados no GATANU apenas 237 serviços estruturados de triagem país e aceita um período inicial de implantação da triagem auditiva auditiva neonatal (listados no site neonatal aos recém-nascidos de risco Diante do pequeno número de EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 17 para surdez, com a gradual ampliação Outro objetivo é cadastrar os integrar a Força Tarefa na Deficiência para toda maternidade. “A iniciativa de atuação nesta serviços de triagem auditiva neonatal existentes no Brasil, para oferecer essa Auditiva na Infância da SBP, juntamente com médicos otorrinolaringo- área é normalmente de profissionais jovens, que estão começando a sua informação à população. “Uma preocupação do Grupo de Trabalho é logistas e pediatras”. Um grupo multiprofissional de atuação e elegeram este novo campo, que não tem mais de 16 ou 17 anos de fazer com que os profissionais envolvidos nessa área detenham especialistas, entre eles fonoaudiólogos, criou o Comitê Brasileiro de Perda presença no Brasil. Normalmente este serviço é terceirizado, em uma conhecimentos teórico e científico aprofundados. É fundamental que, se Auditiva na Infância que publicou um documento com recomendações para a autonomia que acredito ser benéfica”. O GATANU foi estruturado com alguém desejar montar um serviço de triagem auditiva em bebês, tenha um implantação da Triagem Auditiva Neonatal Universal, onde encarece que vários objetivos. O primeiro deles o de aumentar a consciência coletiva para o conhecimento teórico-prático. Já conquistamos muitas coisas ao longo todas as crianças devem ser testadas ao nascimento ou no máximo até os problema da surdez infantil no Brasil. Ao lado deste, estão o de divulgar a destes anos e, se o profissional que vai atuar em um berçário fizer alguma três meses de idade e em caso de deficiência auditiva confirmada, necessidade da realização da triagem auditiva neonatal universal (TANU), coisa que não é esperada, trará um prejuízo muito grande para todas as receber intervenção educacional até os seis meses. assegurando que o diagnóstico e a intervenção ocorram até os seis meses pessoas envolvidas nesses programas. Temos que ter a segurança de que tudo Como resultado do trabalhado desenvolvido no GATANU, a fga. de idade; normalizar e padronizar o exame de Emissões Otoacústicas o que estamos fazendo é o melhor, o mais preciso, o mais seguro”. Mônica Chapchap foi convidada a integrar o Conselho Diretor da Evocadas - BERA e o protocolo de TANU incentivar o aprimoramento A preocupação de divulgar a triagem neonatal faz com que o IERASG - International Evoked Response Audiometry Study Group, uma das técnicas de triagem, diagnóstico e habilitação; desenvolver um estudo GATANU esteja sempre presente nos congressos de pediatria, com cursos sociedade organizada com o expresso objetivo de ser um fórum para a multicêntrico para levantar a prevalência brasileira da deficiência auditiva ou palestras ministradas por fonoaudiólogas. “Conseguimos que, em todos discussão de sinais fisiológicos gerados em sistemas de audiometria. nos bebês normais e de alto risco e, finalmente, documentar o perfil os eventos da pediatria, haja sempre um mesa redonda para abordar a Seus associados se encontram a cada dois anos em um simpósio (o último audiológico das crianças com deficiência auditiva identificadas nos progra- audição na criança. Ao mesmo tempo, com apoio da Sociedade Brasileira de foi em Cuba, neste ano). “Quando falamos em triagem mas de TANU, acompanhando o seu desenvolvimento lingüístico, social e Pediatria, agregamos um pediatra como um dos assessores da GATANU auditiva, estamos sempre falando de triagem auditiva com alguma cognitivo. e,ao mesmo tempo, passamos a metodologia e equipamento eletrofi- 18 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 siólogico: o potencial evocado ção relativa a triagem auditiva como o pai fica gratificado (talvez, auditivo de tronco encefálico (ou BERA) ou o teste de orelhinha (um neonatal e dois (ou provavelmente três) estados brasileiros também no início, após uma certa dificuldade de aceitação) pelo diagnóstico nome carinhoso criado pela fga. Maria Cristina Simonek para já elaboraram legislação a a respeito. precoce”. Com o avanço tecnológico associar com o teste do pezinho, já bem definido, inclusive com lei...) Uma vez realizado o teste, a intervenção de uma equipe multi- alcançado, a fga. Mônica Chapchap destaca a possibilidade de se fazer que é sinônimo de emissões otoacústicas. As duas metodologias são profissional é importante para dar início a intervenção. “O diagnóstico uma metodologia unificada no país inteiro para a triagem auditiva utilizadas concomitantemente em alguns serviços, quando o bebê está médico, para identificar a causa da deficiência auditiva e o diagnóstico neonatal, com a utilização dos mesmos parâmetros. “Em paralelo a na UTI neonatal”. A fga. Mônica Chapchap tem conhecimento de que audiológico, pelo fonoaudiólogo, caminham juntos. No momento em melhoria da tecnologia, noto com alegria o crescimento da sensibiliza- pelo menos duas dezenas de municípios brasileiros já possuem legisla- que efetuamos o teste de audição e identificamos o problema, sentimos ção dos profissionais para o problema da surdez infantil neonatal”. Prefeitura de São Paulo regulamenta Programa de Saúde Vocal Prefeitura que utilizam a voz como vivências práticas, expressividade e a ção da Lei 13.778/2004, que criou o Programa de Saúde Vocal para os Menos de um ano após a aprova- instrumento de trabalho, que passam a ser inseridos no programa de relação com o ambiente de trabalho”. São as três secretarias que estão servidores do município de São Paulo, sua regulamentação, com avanços em prevenção de problemas vocais”. “O texto da lei apresentada pela envolvidas na aplicação do programa: a da Educação (por ter um contingente relação ao texto original, foi assinada pelo prefeito José Serra, em 24 de deputada Maria Lúcia Prandi é semelhante ao que o vereador Paulo grande de professores com problemas relacionados aos distúrbios da voz), maio, através do Decreto 45.924. Na esfera estadual, a lei apresentada pela Frange enviou para a Câmara Municipal – destaca a fonoaudióloga - mas no a da Saúde (com o seu quadro de fonoaudiólogos que implementarão as deputada Maria Lúcia Prandi, com conteúdo semelhante, ainda aguarda a âmbito municipal já conseguimos, em menos de um ano, a sua regulamenta- ações do programa) e de Gestão (responsável por todas as ações de regulamentação que agora foi conquistada no âmbito municipal. ção e estamos em negociações com a Secretaria de Educação para a imple- gerenciamento de Recursos Humanos) Para a fonoaudióloga, a visão da De acordo com a fonoaudióloga Cláudia Taccolini, que participou de mentação real do programa, com a operacionalização do curso e a capaci- saúde do trabalhador foi reforçada na regulamentação da lei e coroa as ações todas as etapas de elaboração do projeto e depois em sua regulamenta- tação dos fonoaudiólogos da rede que estarão participando do programa”. que foram desenvolvidas no programa ”A voz é meu instrumento” que ção, “uma conquista importante foi a de que, embora a lei estive inicialmen- “Este curso previsto no texto da lei e na regulamentação deverá coordenou no âmbito do Departamento de Saúde do Servidor (ligado a te voltada apenas aos professores municipais, a regulamentação avançou contemplar temas fundamentais, não só em relação como a voz é produzida Secretaria de Gestão do município) e que agora deu origem ao Programa de e incluiu os demais profissionais da e os cuidados com a voz, mas também Saúde Vocal. Veja o texto do Decreto 45.924/2005 e da Lei 13.778/2004 no site do CRFa 2a. Região, em www.fonosp.org.br EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 19 QUARTA REPORTAGEM DE UMA SÉRIE CAMPINAS NAS: família é a meta! A fonoaudióloga Rita de Cássia Dias Alves escreveu para a Revista da Fonoaudiologia para manifestar seu contentamento por encontrar uma matéria sobre ONGs exatamente quando estava sendo contratada por uma. O NAS - Núcleo de Ação Social é uma instituição associada à FEAC (Federação das Entidades Assistenciais de Campinas)e sua proposta é atender e fortalecer as famílias carentes da região em que se localiza. “Obrigada por essa reportagem que nos trouxe novas perpectivas e otimismo”, escreveu ela. Apesar das dificuldades em arrecadar recursos, a fonoaudióloga relata que a presidente do NAS, Teresinha Perpétua Ribeiro, faz questão de manter uma fonoaudióloga no quadro de funcionários. Nessa ONG, o maior enfoque da Fonoaudiologia, desde o início da instituição, tem sido para as oficinas de aprendizagem, embora muitos outros projetos estejam sendo criados. Leia o relato que a fonoaudióologa encaminhou, a pedido da redação da revista. Rita é especialista em Linguagem pela PUC-SP e mestranda em Semiótica e Linguística Geral pela USP-SP. O Núcleo de Ação Social – NAS é uma entidade filantrópica, com fins não econômicos, fundada em 3 de agosto de 1996. Nasceu da crença comum, de uma psicóloga e uma assistente social, de que a clínicos e, por estar situado em um bairro da periferia de Campinas, recuperação do valor familiar é o primeiro e mais importante passo de acaba assumindo essa demanda, já que não há vagas em órgãos públi- um trabalho social de verdadeiro impacto. cos. Dessa forma, as equipes de profissionais contratados - que hoje atendimentos terapêuticos, além de estar atualmente coordenando o conta com assistente social, fisioterapeuta/acunpunturista, psicóloga, projeto de Oficina de Aprendizagem, onde crianças de oito a dez anos são fonoaudióloga, gerente administrativa e auxiliar de serviços gerais e de reunidas para que, através de técnicas fonoaudiológicas específi- profissionais voluntários como professor de música e teatro, professora cas, estimulação à criatividade e à auto-estima, melhorem seu desem- de artesanato, professora de dança e estagiários de Pedagogia - se unem penho escolar. Cada vez mais, porém, para realizarem um trabalho que atinja todos os membros da família. vimos a necessidade de um trabalho social mais abrangente. Entre nossa Optou-se pelo não direcionamento para apenas um dos segmentos; crescente demanda, temos encontrado pais com dificuldades – por aqui, pais, filhos avós, todos recebem o atendimento. razões diversas – de acompanharem e auxiliarem no crescimento de seus Por seguir a filosofia de que boas condições de comunicação filhos e, por ouro lado, filhos privados, muitas vezes, do direito de facilitam a construção da identidade da criança e a auto-valorização e a serem ouvidos. Por essa razão, a meta maior de nossa equipe vai além (re) integração social do adulto, a entidade não abre mão de ter um da realização de trabalhos técnicos específicos e de soluções emergenci- fonoaudiólogo atuante. A proposta é que nenhum dos profissionais traba- ais; objetivamos fazer um elo de ligação, propiciar o diálogo entre os lhe isoladamente. Formamos uma equipe integrada que trabalha, prio- vários membros da família e auxiliar no resgate da cidadania. ritariamente, na prevenção de “patologias” físicas e sociais. Aqui, tenho sentido que ser fonoaudióloga tem uma importância Infelizmente, muitas das ONGs criadas acabam tendo que muito maior do que aprendemos na faculdade. Ser fonoaudióloga nos assumir papéis e funções que não seriam de sua responsabilidade. O permite lutar para que o ser humano recupere a sua integridade física e NAS, por exemplo, é ainda muito procurado para atendimentos moral; é trabalhar em prol do bemestar social. 20 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO Assim, acabo por realizar EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 AYRTON SENNA RACING DAY Batizado de Widex Adventure Camp, 23 portadores de deficiência auditiva (além do Brasil, também da Argentina, Paraguai, Chile e México) foram reunidos pela Widex Brasil no Costão do Santinho Resort, de 18 a 25 de junho, para a primeira prova de FOTO: EVA PRADO / ADVENTURECAMP Deficientes auditivos treinam para maratona em São Paulo pelo prof. Marcos Paulo Reis, técnico da Seleção Brasileira de Triathlon nas Olimpíadas de Sidney e Athenas e da equipe de maratonistas do Grupo Pão de Açúcar, em S.Paulo. “O objetivo foi de mostrar que pessoas com perdas auditivas podem aventura e de treinamento de corrida realizada na América Latina com a desfrutar da vida em seu máximo e superar todos os seus limites”, diz participação de portadores de deficiência auditiva, de grau leve a Marcelo A. Smith de Vasconcellos, diretor da Widex Brasil. A matriz da moderada. O evento em Florianópolis foi a empresa, na Dinamarca, patrocina ação semelhante visando a maratona etapa preparatória para a participação desses esportistas na segunda marato- de Berlim, que deverá ser realizada em setembro deste ano. na de revezamento Ayrton Senna Racing Day, que ocorrerá em 12 de outubro no autódromo de Interlagos, em São Paulo. Na primeira competição, no ano passado, participaram 5.300 atletas. Parte do valor arrecadado com as inscrições será destinado ao Instituto Ayrton Senna, que financia projetos visando o desenvolvimento dos jovens. As equipes podem ser formadas por 2, 4 ou 8 atletas, divididos em equipes masculinas ou femininas. Elas participarão, em sistema de reveza- O CRFa 2ª. Região é um dos patrocinadores da ação de inclusão social desenvolvida pela Widex e estará presente na maratona em 12 outubro, com equipes de revezamento formadas por fonoaudiólogos. Acesse www.ayrtonsennaracingday.com.br e consulte o site do CRFa 2ª. Região para saber como se inscrever e como participar da equipe de fonoaudiólogos. mento, do percurso de 42,2 km do autódromo (aproximadamente oito voltas) onde cada indivíduo tem o objetivo de cumprir uma etapa da prova, de acordo com o número de atletas em sua equipe. Este ano, a Widex será uma das patrocinadoras da maratona. Os esportistas que irão compor a equipe da Widex terão todo suporte técnico da empresa e estão sendo treinados EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 21 Três cadastros: veja o que você ganha com eles Dois cadastros disponíveis no site do CRFa 2a. Região permitem o recebimento de notícias, eventos e ofertas de emprego (entre outras informações) diretamente no seu e-mail e a inserção de sua atividade profissional no Guia de Fonoaudiólogo, disponível em www.fonosp.org.br . Cada um destes cadastros conta com vida própria e a inclusão em um ou em ambos, não quer dizer que os dados cadastrais fornecidos foram automaticamente regularizados no Incorp - o sistema que registra todas as informações da vida profissional perante o Conselho. Estas informações necessitam ser atualizadas no Departamento de Registros, na sede do Conselho ou em uma das Delegacias Regionais, sempre que ocorrerem modificações, para que não se perca o contato. Mailing. Para receber periodicamente por e-mail informações sobre ofertas de Fonoaudiologia, outros profissionais de Saúde e todos os interessados na profissão emprego, abertura de concursos, eventos programados e um clipping das principais podem solicitar livremente o cadastramento. Não há custo para essa inclusão (e notícias de interesse dos fonoaudiólogos, basta acessar o site do CRFa 2ª. Região em tampouco para o Guia do Fonoaudiólogo). www.fonosp.org.br e selecionar a opção “Cadastre-se” no menu horizontal superior. A inclusão neste Guia do Fonoaudiólogo. A pesquisa de serviços, empresas e profissionais da área de mailing não é restrita ao fonoaudiólogo. Acadêmicos de Fonoaudiologia que atuam no Estado de São Paulo também exige cadastramento prévio. O procedimento é fácil. No menu “Guia do Fonoaudiólogo” escolha a opção “Para se cadastrar no guia e participar das pesquisas, clique aqui”, selecione uma das opções apresentadas (Pessoa Física ou Pessoa Jurídica) e preencha todas as informações solicitadas. O campo que solicita a indicação de área de atuação permite múltiplas escolhas. Nos campos abertos, de “Descrição Resumida” e “Descrição Detalhada”, procure ser o mais objetivo possível. Através deste serviço será possível identificar profissionais (pessoa física ou pessoa jurídica) envolvidos com as diversas áreas de Fonoaudiologia no Estado de São Paulo e todas as informações necessárias para o contato. O mecanismo de busca permite selecionar por área de atuação e por cidades (no caso da cidade de São Paulo, também pelas regiões da capital paulista). A inclusão não é imediata. Para garantir a qualidade e veracidade das informações fornecidas, as informações são previamente verificadas pelo CRFa 2a. Região, antes de sua divulgação. Para alteração dos dados, após a inclusão no guia, deverá ser encaminhada correspondência formal ou por e-mail, com a justificativa para a alteração solicitada. 22 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 Em Audiologia, AAA é a maior do mundo Quarto artigo de uma série sobre o envolvimento de fonoaudiólogos brasileiros em entidades internacionais. A American Academy of Audiology - AAA (ou Academia Americana de res da prática da profissão do audiologista e do terapeuta da fala norte- da publicação científica da AAA, o Journal of the American Academy of Audiologia) é a maior congregação de profissionais com especialização em americanos. Este aspecto regulatório inclui um Código de Ética muito Audiology, com 10 edições por ano, além de uma revista informativa - audiologia no mundo, com 9.600 profissionais ativos. Seu Comitê rígido, embora sua atuação se faça de forma diferente da dos Conselhos Audiology Today – publicada bimestralmente e um boletim informativo - Internacional, do qual a fonoaudióloga brasileira Kátia de Almeida é uma das brasileiros reguladores das profissões”. Para ser membro da AAA existem AT Extra. “Através dessas publicações tomamos conhecimento de tudo o dirigentes, é o braço da instituição fora dos Estados Unidos, embora ainda vários tipos de admissão, mas a exigência básica é a de possuir título que está ocorrendo de mais avançado na área e ao mesmo tempo temos a conte com poucos sócios no exterior – pouco mais de 500 – mas com ações de mestrado. Fellow é o membro com todos os direitos, inclusive o de voto, oportunidade de mostrar que a audiologia que se desenvolve no Brasil é de em desenvolvimento para se expandir na audiologia mundial. “Este Comitê apresentado por outro inscrito na mesma condição. O fellow tem que excelência e de primeiro mundo”. Para se inscrever na AAA a dra. Internacional faz a ponte com a comunidade internacional para comprovar que é doutor em audiologia e, no mínimo, estar atuante há mais de Kátia recomenda acessar inicialmente o site da Academia, em www.audiology. detectar as questões que afetam o mundo audiológico, fora dos Estados cinco anos. É o caso da dra. Kátia de Almeida, que ingressou na AAA logo org. “Todo o processo de inscrição é on line e o site é de circulação extrema- Unidos, ao mesmo tempo em que divulga os avanços audiológicos em após defender o doutorado em 1998. Esta categoria de associação não é mente fácil e disponibiliza todas as informações necessárias. Tudo é on outros países, entre eles os alcançados pelo Brasil”, relata a dra. Kátia. mais disponibilizada para os profissionais do exterior, com a argumentação da line, inclusive as votações”. A dra. Kátia relata uma caracte- Fundada em 1989, o primeiro encontro da AAA reuniu 600 profissio- academia norte-americana da impossibilidade da comprovação das diferentes rística da eleição que considera extremamente benéfica e que passou a nais e o último, em Washington, teve a presença de cerca de oito mil profissi- formações profissionais existentes no mundo. Em seu lugar foi criada a ser adotada por outras entidades da Audiologia, inclusive a brasileira, com onais. A dra. Kátia participou de todos os congressos realizados nos últimos categoria de international member. Com isso não são mais de uma dezena de pequenas adaptações. “Eles trabalham simultaneamente com um presidente 10 anos. “A missão da AAA é promover fellows inscritos no Brasil. Outra possibilidade de inscrição em exercício, um presidente eleito e um presidente que encerrou sua serviços e cuidados de excelência na área da audição e do equilíbrio”, na AAA é a de estudantes e de cientistas da área, interessados na pesquisa gestão. Com isso, no primeiro ano ele acompanha o andamento da entidade, continua a fonoaudióloga brasileira. “É uma sociedade científica que da audição e do equilíbrio. Entre as vantagens da associa- no segundo atua diretamente e no terceiro fica na retaguarda, garantindo elabora normas e pareceres orientado- ção, a dra. Kátia destaca o recebimento a continuidade”. Ação Fonoaudiológica na Saúde: o que você precisa saber Programa de Saúde da Família, Portaria de Saúde Auditiva, de agosto próximo (sexta feira) às 18 horas na Casa do Fono- programas do Ministério da Saúde. ... Onde o fonoaudiólogo audiólogo (r. Tanabi, 64, São Paulo). Faça sua inscrição prévia está (e poderá ser) inserido nas ações de Saúde? Venha ouvir com a sra. Viviane ( tel. 3873-3788). Sua participação envolve a palestra da fga. Thelma Costa e debater conosco no dia 5 EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 apenas a doação de um quilo de alimento não perecível. REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 23 COMISSÕES DE SAÚDE E AUDIOLOGIA Procedimentos em avaliação audiológica O CRFa 2ª Região está trabalhando na construção de parâmetros de produção dos procedimentos fonoaudiológicos que possam contribuir para as ações nos convênios de saúde e em serviços públicos. Sabemos que o tempo de duração de procedimentos varia de usuário para usuário e entre os diferentes profissionais. Existe, no entanto, um intervalo de tempo médio para a execução dos procedimentos Desta forma, solicitamos aos Saiu na imprensa... Análise vocal identifica tipos de locução na TV Reportagem publicada em 22 de maio pelo jornal A Cidade, de Ribeirão Preto (SP), aborda pesquisa desenvolvida pela fga. Adriana Balieiro Panico, que classificou as características dos estilos de vida na leitura de notícias para a televisão. A fonoaudióloga utilizou textos gravados por dez jornalistas para analisar padrões de fala e verificar a percepção do público. A fonoaudióloga mediu tempo, intensidade e freqüência das locuções, identificando características de cada estilo. Problemas de fala em adultos. A fga. Irene Marchesan participou do Programa Silvia Poppovic, transmitido pela TV Cultura (de São Paulo, SP) no dia 16 de junho último, quando abordou os problemas de fala em adultos, os impactos que causam na vida da pessoa como dificuldades para o desenvolvimento profissional e as dificuldades nos relacionamentos pessoais. Falou também sobre a falta de controle da saliva e também sobre o ronco. Silvia Poppovic finalizou a entrevista dizendo que o fonoaudiólogo é um profissional fundamental para desenvolver e aprimorar a comunicação de todos os profissionais da mídia e da comunicação. fonoaudiólogos que contribuam, encaminhando o tempo médio que utilizam Problemas de escrita para os seguintes exames/avaliações: ■ BERA O fgo Jaime Zorzi participou de programa da TV Educativa de Jundiaí sobre problemas de escrita em 20 de junho. Também participaram quatro professores, ■ ■ Avaliação audiológica Exame de Processamento Auditivo Central ■ Reabilitação vestibular que debateram questões relacionadas a alfabetização, erros ortográficos, atuação do professor em sala de aula, tipo de conhecimentos que os alunos precisam ter, a razão dos erros ortográficos e parâmetros de normalidade. O programa teve duração de uma hora e 30 minutos. Exame otoneurológico Emissões Otoacústicas Exposição ao ruído. Seleção de aparelho Terapia para surdo A fga. Alice Penna participou de reportagem exibida pelo programa SPTV, da Rede Globo no dia 28 de junho que abordou a exposição ao ruído que a população e ■ Terapia de linguagem Terapia de MO trabalhadores estão expostos, os prejuízos causados à saúde da população e a importância de se instituir políticas públicas voltadas para a diminuição da ■ Terapia de voz exposição das pessoas aos elevados níveis de ruído ambiental.. ■ ■ ■ ■ ■ 24 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● Lançamentos ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● Gagueira: Etiologia, Prevenção e Tratamento A psicóloga Lúcia Maria Gonzales As autoras abordam temas controversos Barbosa e a fonoaudióloga dra. Brasília Maria Chiari orientam pesquisas na área de gagueira relacionados com o assunto, respondendo a questões como: qual a causa da gagueira? ela há muitos anos e, baseadas em suas experiências profissionais e vasta literatura, oferecem a pode ser prevenida? a gagueira tem cura? os pais devem corrigir a fala disfluente de seus filhos? estudantes, professores, profissionais e público em geral, informações úteis e atualiza- quando procurar ajuda? qual é o profissional que deve tratar da gagueira? A nova edição, das a respeito da prevenção, surgimento, evolução e tratamento deste distúrbio da revisada, atualizada e ampliada, contém orientações básicas em apêndice. Informações: fluência da fala. www.profono.com.br . Prática da Audiologia Clínica De autoria das fonoaudiólogas Teresa Maria Momensohn-Santos e Ieda Chaves mereceu um capítulo à parte), o processamento auditivo e a apresentação de casos clínicos para Pacheco Russo, este livro da Editora Cortez chega em sua quinta. edição totalmente revisa- facilitar o aprendizado dos alunos por meio de exercícios. O último capítulo enfatiza a impor- do e ampliado. O avanço da tecnologia, da eletrônica e da informática propiciou a criação tância dos cuidados que devem ser observados pelo profissional que atua na clínica audiológica de novos métodos e técnicas de avaliação da audição, que tornava premente a atualização da referentes à prevenção e eliminação de riscos que possam comprometer a sua saúde no obra. Nesta nova edição foram incluídos temas que as autoras consideraram relevantes, como exercício profissional, ou seja, a biosegurança na prática audiológica. O livro é referência biblio- um glossário de termos utilizados em audiologia, a aplicação clínica do mascaramento (que gráfica em mais de 80 cursos de graduação em Fonoaudiologia no país. Terceiro CD de Compilação de Teses e Dissertações da Fonoaudiologia Brasileira O terceiro volume deste projeto da Pró- autores. Fono, recém-lançado, contém novas teses e dissertações (Mestrado, Doutorado e Livre- De acordo com a Pró-Fono, este sistema permite a fácil localização dos textos, até então Docência) depositadas na Pró-Fono, com sistemas de buscas por títulos, assuntos ou de difícil acesso, visibilidade e disseminação. Informações em www.profono.com.br Errata No texto publicado na página 25 edição 59 em que a professora dra. Vera Lúcia Garcia avalia o livro Perdas e roubos Fga. Renata Salzani – CRFa 7002, comunica a PROC – Protocolo de Observação Comportamental, foi erroneamente identificada. A profa. Vera atua na USP – perda de seu carimbo profissional. Fga. Tatiana Lanzarotto Dudas - CRFa 12.597 Universidade de S.Paulo. Lamentamos a falha. comunica a perda de seu carimbo profissional. EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005 REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 25 Fiscalização constata irregularidades A Comissão de Orientação e Fiscalização (COF), com base na legislação vigente, tem Comissão de Ética Em nossa atuação em audiologia ocupacional, outro dia ocorreu um fato que nos deixou surpresas. Nos foi solicitado copiar um exame do ano anterior e assinar como se fosse um exame atual. Lógico que não aceitamos isso e tentamos explicar que esse procedimento não podia ser feito, que só poderíamos assinar um exame feito pela própria pessoa e com a data real. Algumas fonoaudiólogas chegaram a argumentar que essa postura poderia prejudicar nossa imagem na empresa, mas preferimos fazer o correto a denegrir nossa profissão, copiando realizado um trabalho de conscientização junto aos exames anteriores e minimizando o real valor de nossos exames atuais. Talvez essa seja uma das profissionais que atuam em diversos estabelecimentos função e gostaríamos de uma orientação... implicações da lei que regulamenta os exames periódicos, sem que as pessoas entendam sua real ■ A questão relatada envolve um procedimento que algumas empresas e alguns pais relacionados a Fonoaudiologia no sentido de fazer cumprir o de deficientes auditivos têm, com o intuito de agilizar o recebimento do resultado do que é legalmente determinado. Durante as fiscalizações, a fornecer o exame sem ter praticado o procedimento. exame audiológico. O fonoaudiólogo que relata este caso agiu corretamente ao se negar a Se o fonoaudiólogo tivesse concordado em fornecer o exame, ele teria infringido o COF tem se deparado com diversas irregularidades, especi- artigo 6, inciso V do Código de Ética que diz que ele deve assumir responsabilidade pelos almente no que se refere à área de Audiologia, o que fere as praticado?), o artigo 7, incisos V e VI (receber por procedimento que não tenha efetiva- determinações das Resoluções do CFFa nº 295/03, que dispõe (emitir relatório dos quais não tenha participado). Além disto ele correria o risco de sobre a calibração de equipamentos eletroacústicos utilizados nas quando somos solicitados a “copiar” um exame ou um relatório realizado por outro avaliações audiológicas, e nº 296/03, que dispõe sobre a perigos e as conseqüências desastrosas deste tipo de procedimento. determinação do nível de pressão sonora das cabinas/salas de testes audiológicos. A ausência dos certificados de calibração dos equipamentos eletroacústicos e de aferição das cabinas/salas acústicas tem sido constatada freqüentemente, caracterizando assim, condições inadequadas para que o fonoaudiólogo possa exercer suas funções. Este trabalho tem como objetivo garantir os direitos do consumidor enquanto usuário de qualquer serviço fonoaudiológico, além de garantir que a atuação do fonoaudiólogo se dê conforme as determinações legais. atos praticados (como poderia assumir a responsabilidade se o ato não foi por ele mente praticado e assinar procedimento realizado por terceiros) e artigo 10, inciso VII assinar um procedimento que poderia não ter sido corretamente realizado. Desta forma, profissional, ou por nós mesmos (há muito tempo), é importante que expliquemos os Classificados Alugam-se salas Em clínica com infra-estrutura completa, ótimo padrão, prédio novo. Integral ou períodos. Aclimação, 20m do metrô Vergueiro. Tel. 3271-7007 – Elizabeth Vendo Vecto a Tinta de 03 canais/ Eletrotermico de 01 canal/Otocalorimetro a ar Berger/ ta,bpr de Barane. Tel.: (11) 50343305 ou 9265-9772 – Edilberto Vendo ILO 288 Equipamento de emissão otoacústica evocada por transiente ILO 288 (Otodynamics). Tratar com Marisa - fone (11) 9106-6055 Alugam-se salas Por horário e período, mobiliada com toda infra-estrutura (telefone, secretária etc...) próximo metrô Santa Cruz Informações: 115579-9962 ou 11-5575-7114 Reforma de Cabinas Audiométricas Novo Mundo. Reformas internas e externas, colocação de piso, iluminação. Confeccionamos cabinas sob medidas e cabinas para automóveis. Também reformamos móveis estofados em geral. Fone: ( 11 ) 8234-9726 Facilitando a Tecnologia Oferecemos orientação e manutenção em micros, notebooks, redes e internet. Desde 1994. 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