20 - revista da fonoaudiologia - 2ª região edição 61

Transcrição

20 - revista da fonoaudiologia - 2ª região edição 61
FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT
20 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO
EDIÇÃO 61 - MAIO/JUNHO 2005
EDITORIAL
Conselho Regional de Fonoaudiologia
do Estado de São Paulo - 2ª. Região
7º Colegiado
Presidente
Sílvia Tavares de Oliveira
Vice-Presldente
Anamy CecÍlia César Vizeu
Diretora-Secretária
Sandra Maria Vieira Tristão de Almeida
Diretora-Tesoureira
Ana Léia Safro Berenstein
Conselheiros
• Ana Léia Safro Berenstein • Anamy Cecília César Vizeu •
Andrea Wander Bonamigo • Claudia Aparecida Ragusa •
Cristina Lemos Barbosa Furia • Diva Esteves • Dulcirene Souza
Reggi • Fernando Caggiano Júnior • Lica Arakawa Sugueno •
Luciana Pereira dos Santos • Márcia Regina da Silva • Maria
Cecília Greco • Mônica Petit Madrid • Roberta Alvarenga Reis •
Sandra Maria Rodrigues Pereira de Oliveira • Sandra Maria
Vieira Tristão de Almeida • Silvia Regina Pierotti • Silvia Tavares
de Oliveira • Thelma Regina da Silva Costa • Yara Aparecida
Bohlsen •
Rua Dona Germaine Burchard, 331
CEP 05002-061 - São Paulo
Fone/Fax: (011) 3873-3788
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CEP 11055-010 - Santos
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Delegacia Regional de Marília
Rua Bahia, 165 - 4 o. andar, sala 43
CEP 17501-080 Marília
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Delegada: Fabiana Martins
Delegacia Regional de Ribeirão Preto
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CEP 14015-130 - Ribeirão Preto
Fone: (16) 632-2555 / Fax: (16) 3941-4220
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Secretaria: [email protected]
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Comissões:
Divulgação: [email protected]
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Legislação e Normas: legislaçã[email protected]
Licitação: [email protected]
Ouvidoria: [email protected]
Saúde: [email protected]
Convênios Médicos: convê[email protected]
Tomada de Contas: [email protected]
A revista elaborada pelo Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª. Região é feita
para os fonoaudiólogos, com a intenção de levar as informações da nossa profissão
para todos, mesmo aqueles que se encontram distantes dos grandes centros. Nos
entristece muito quando tomamos conhecimento de alguns profissionais que
declaram claramente que nem abrem a revista para saber as informações que ela
contém. Afinal de contas, são meses de intenso trabalho para seleção das reportagens, para realização das entrevistas e conclusão da revista. E, todo este trabalho
pensando em você, fonoaudiólogo, nas coisas que sejam do seu interesse. Infelizmente, aqueles que não abrem a revista não estarão tomando conhecimento deste
desabafo. Mas, sabemos que outros profissionais tem aproveitado as informações
que tem recebido a cada dois meses na sua casa, e que podem influenciar seus colegas
para que comecem a fazer a leitura da revista.
Estamos tentando, cada vez mais, procurar os trabalhos que vem sendo
realizados fora do centro de São Paulo. Muitos fonoaudiólogos tem realizado
trabalhos maravilhosos e desconhecidos pela maioria das pessoas, pois muitas vezes
acham-se muito distantes. Esta edição da revista vem claramente nos mostrar que,
independentemente de onde o trabalho está sendo realizado, ele é importante e deve
ser divulgado. É momento de mostrar a todos que a Fonoaudiologia está em todos os
lugares, e que ocupa seu espaço, seja no formato de atendimento público, particular
ou através de ONGs, que atualmente estão se disseminando pelo país inteiro.
A revista apresenta nesta edição, trabalhos desenvolvidos por fonoaudiólogos
com deficientes visuais. É um trabalho realmente empolgante, e que para alguns
pode parecer, em um primeiro momento, que não é da competência do fonoaudiólogo. Mas, os profissionais entrevistados vem desmistificar este conceito, e nos
mostrar que este é sim um dos nossos campos de atuação. Vale a pena ler e conhecer
quem são estes profissionais, e que trabalho é desenvolvido por eles.
Outra matéria muito interessante, é sobre o trabalho desenvolvido por
fonoaudiólogos enfocando a Comunicação Alternativa. Afinal de contas, nosso papel
é o de estabelecer, ou reestabelecer a comunicação, não é? E não é só nos grandes
centros que este trabalho está acontecendo. Leia, e saiba mais sobre o trabalho e
sobre os profissionais.
N° 62 – JULHO/AGOSTO 2005
ISSN – 1679-3048
Tiragem: 12.200 exemplares
Comissão de Divulgação
Márcia Regina da Silva - Presidente
Diva Esteves
Roberta Alvarenga Reis
Cristina Lemos Barbosa Furia
Luciana Pereira dos Santos
Sandra Maria Rodrigues P. de Oliveira
Editor e jornalista responsável:
Elisiario Emanuel do Couto
MTb 8.226
Cada vez mais o Conselho vem tentando se aproximar do fonoaudiólogo, na
tentativa de conhecer como o profissional vem atuando. Fortalece a Fonoaudiologia
divulgar a importância do trabalho nos diversos segmentos da sociedade. Conhecendo esta atuação, podemos responder com mais propriedade àqueles que querem
provar, a qualquer custo, que nosso trabalho não é
importante, ou é menos importante do aquele
Produção Editorial e Gráfica:
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Tel. (11) 5547-0948 / e-mail: [email protected]
desenvolvido por outros profissionais. Somos
importantes, muito importantes, e os nossos
Redação:
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pacientes e a comunidade de uma forma geral são as
nossas principais testemunhas. E é isso o que
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realmente importa. É isto que sempre deve importar
e nos impulsionar para divulgar e defender sempre a
Para anunciar ligue: (11) 3873-3788
As opiniões emitidas em matérias assinadas, bem como na
publicidade veiculada nesta publicação são de inteira
responsabilidade de seus autores. Os textos desta edição
poderão ser reproduzidos, desde que mencionada a fonte.
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nossa profissão.
FOTO: RUBENS GAZETA
REVISTA DA
Silvia Tavares de Oliveira
Presidente do CRFa 2a Região
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Hilton/Perkins para a América Latina
e, em 2000, com apoio de uma
fundação assistencial alemã, construiu
sua sede própria no bairro do Ipiranga,
onde dá seqüência aos seus objetivos
de desenvolver ao máximo o potencial
Atendimento no Ceprevi, em Itapetininga
“Trabalhar com portadores de deficiência visual, tendo os
conhecimentos científicos da Fonoaudiologia, se torna além de
prazeroso, uma fonte de busca de conhecimento diário”.
O sentimento da fonoaudióloga Daniela Cristina S. Pereira uma das seis profissionais entrevistadas pela Revista da
Fonoaudiologia para esta reportagem - é confirmado por
Maria Aparecida Nina Cormedi, diretora técnica da Adefav –
Associação para Deficientes da Audiovisão, que avaliza a
competência deste profissional: “o fonoaudiólogo que atua
em desenvolvimento de linguagem e comunicação com esta
clientela, trabalha com comunicação com qualquer pessoa e
com qualquer deficiência”. Com especialização e mestrado
na área da educação, a diretora técnica da Adefav confessa
que foi a sua formação em Fonoaudiologia que forneceu
o embasamento para poder compreender toda a
problemática do múltiplo deficiente e do surdo-cego.
É justamente na Adefav que a
fonoaudióloga Ângela Teixeira Senise
atua desde 1991 e hoje é a responsável
cegos em locais anexos às escolas
mente, prover capacitação técnica
especializada e treinamento personalizado aos profissionais que
atuam nessa área no Brasil e América
Latina.
“Os programas são divididos por
faixa etária: de intervenção precoce
(0 a 3 anos), escolar (educação infantil,
de 4 a 6 anos, de 6 a 14 e de 14 a 18
anos) e para adultos”, explica a
fonoaudióloga responsável pela
triagem. “Um novo programa foi
recentemente implantado, voltado aos
múltiplos deficientes, com controle
motor paupérrimo e nível de desenvolvimento muito baixo”.
Ângela situa o profissional na
instituição. “O fonoaudiólogo, no
municipais para surdos, localizadas em
cinco regiões do município de São
Paulo. Desde 1991 recebe assessoria
ponto de vista da nossa especialidade.
Todos os nossos alunos apresentam
dificuldades de comunicação e todo
professor tem que saber intervir e
fazer o desenvolvimento dessa
comunicação. O fonoaudiólogo é o
especialista no assunto e trabalhamos
tanto na formação desses profissionais
como na orientação dos programas
dos alunos”.
“Todos os programas são focados
pelo setor de triagem da instituição,
que atualmente atende 120 alunos.
A Adefav surgiu em 1983 com
um projeto de atendimento de surdo-
cia, autonomia e participação na
família e comunidade e, simultanea-
primeiro momento, dá o respaldo
técnico para todos os programas, do
FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT
Respaldo
técnico em
atuação
transidciplinar
e as habilidades do surdo-cego e do
multideficiente para sua independên-
na orientação de pais e participamos
da equipe transdisciplinar que efetua
Fga. Ângela Teixeira Senise
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essa orientação. Temos um grupo de
orientação específico na área de
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FOTO: DIVULGAÇÃO
técnica internacional do Programa
do pela Fonoaudiologia, que conta
com o apoio, na retaguarda, de uma
Na deficiência visual,
a eficiência
fonoaudiológica
psicóloga e, eventualmente, de outros
profissionais. Reunimos crianças dos
diversos grupos que têm um perfil de
atuação de linguagem semelhante e
fazemos atividades focadas para as
necessidades delas”.
Em grupos onde há necessidade
de atenção individual, os pacientes
comparecem três vezes por semana e
permanecem três horas por dia na
instituição. Em outros programas, os
professores desenvolvem as atividades
em grupos de cinco alunos, cinco
vezes por semana, por quatro horas
diárias.
FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT
FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT
linguagem, orientado e supervisiona-
Fga. Maria Aparecida Nina Cormedi
Para a diretora técnica da Adefav,
Maria Aparecida Nina Cormedi, a
dificuldade básica da clientela atendida é a comunicação e lamenta que
disciplinas relacionadas à multideficiência e surdo-cegueira não sejam
contempladas na grade curricular dos
cursos de graduação. “Mesmo nos
cursos de especialização e mestrados
essas informações são mínimas. A
Adefav procura suprir essa falha
trazendo estagiários de Fonoaudiologia para terem essa vivência, para que
existam mais profissionais com essa
visão”.
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FOTO: DIVULGAÇÃO
Diálogo
com pais
auxilia
terapia
“Na intervenção precoce em
bebês cegos sem outras patologias
associadas, foi necessário seguir
etapas: deixar que o bebê reconhecesse minha voz, prestasse atenção e se
acostumasse com ela antes de ter o
primeiro contato físico”. As respostas
são imediatas: alguns choram, riem,
ou simplesmente ficam calados, mas
Daniela Cristina S. Pereira é
fonoaudióloga formada pela USC/
apresentam auto-estimulação (balanceio, esfregam os olhinhos) logo
Bauru e, através da prefeitura de
Itapetininga presta serviços em três
Fga. Daniela Cristina S. Pereira
instituições, entre elas o CEPREVI Centro de Pesquisa e Reabilitação
veis com o ‘suposto’ padrão de
Visual de Itapetininga.
Ela se recorda que, no primeiro
normalidade de quem está sentado,
cantando...). Um aluno cantava no
dia de trabalho nessa instituição (que
conta com aproximadamente 400
ritmo da melodia e da música, mas
apresentava falta de ritmo no movi-
usuários portadores de deficiências
múltiplas e necessidades especiais)
mento do balanceio do corpo. Descobri que meu trabalho também poderia
ouviu um pagode e constatou ser de
um grupo de portadores de deficiência
ser extensivo àquele grupo”.
A fonoaudióloga observa que
visual.
“O professor era cego e estava
atos que para os videntes são de
aprendizado ‘natural’, como levar um
tocando violão, um aluno tocando
timba, e os demais cantavam. A
talher à boca, manter o posicionamento da cabeça direcionado a quem dirige
maioria apresentava maneirismos
faciais, (piscavam excessivamente, não
a fala, interagir com uma pessoa por
meio de gestos, dar ênfase ao conteú-
faziam uso de lateralidade na exploração do ambiente, apresentavam
do do contexto de fala, manter um
diálogo com pessoas desconhecidas
contração seqüencializada de masseter, mímicas faciais exageradas,
sem sentir medo ou apresentar
gagueira, para essa clientela é um
faziam caras e bocas, nada compatí-
aprendizado não muito simples.
depois que lhes é dirigida à fala. “Este
é um sinal de que ele sabe que tem
alguém falando com ele”.
“O estabelecimento do vínculo
com bebês cegos é favorecido pela
tríade de estimulação auditiva,
estimulação tátil e repetições de ações.
Colocar um brinquedo na mão da
criança pode representar o início da
estimulação cognitiva e de fala. É
possível perceber em poucas sessões
que, durante as brincadeiras, surge o
balbucio e logo em seguida, o bebê
passa a apresentar o balbucio socializado. Se os cuidadores estiverem
preparados para estimular essa criança
em casa, em poucas semanas se dá o
início do jogo vocal com inflexão”.
A fonoaudióloga tem plena
convicção de que informar e demonstrar aos pais a diferença entre limitação e incapacidade, auxiliam positiva-
FOTO: DIVULGAÇÃO
mente no tratamento terapêutico.
“Ainda no início do tratamento, à
medida que os pacientes apresentam
aquisições com relação ao reconhecimento e identificação sonoros,
movimentos posturais corretos de
cabeça e pescoço, atenção, lateralização, esquema corporal, desenvolvimento pragmático, ou qualquer outra
conquista positiva que incentive a
independência, faz com que os pais se
tornem menos ansiosos, mais colaborativos e crédulos na terapia”.
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Tolerância à
frustração
é desafio
profissional
meses, você vê resultados. Quanto
mais grave é a criança, mais me
interesso,porque sei que posso fazer
muito por ela”.
A fonoaudióloga dificilmente
atua com seu paciente com a família
do lado de fora da sala. “Não passo
orientações para a família, mas faço,
sim, uma intervenção, construindo
Olhar
fonoaudiólogico
nas orientações
à família
Depois de passar alguns anos
em uma instituição para deficientes
junto com os pais a possibilidade de
fazerem coisas que tenham sentido,
A Laramara - Associação
Brasileira de Assistência ao Deficien-
mentais e psiquiátricos, há sete
anos a fonoaudióloga Danielle
que darão resultado, sem que
necessitem se transformar em
te Visual é uma instituição conhecida da fonoaudióloga Regiane
Nagy direciona sua atuação para um
projeto de integração sensorial,
terapeutas.”
Esta postura de atuação é
Serafim Abreu Silva há pelo menos
dez anos (a entidade foi criada há 12
desenvolvido em uma instituição no
bairro da Vila Mariana, na capital
enfocada na tese de mestrado que
Danielle Nagy defenderá em julho,
anos), quando ali iniciou seu trabalho voluntário, que nos últimos
paulista, envolvendo crianças com
deficiências física e visual (incluindo
sobre a intervenção do fonoaudiólogo junto as mães de crianças com
cinco anos se transformou em
contratação direta. Sua atuação é
a visão subnormal e a cegueira),
como conseqüência direta de sua
múltiplas deficiências. “Analiso sete
casos em que discuto a dificuldade
voltada para orientação à família
com crianças até seis anos, na
especialização em Audiologia
Educacional. Sua atuação está
da mãe estar reconhecendo essa
criança como filho. Ou a super-
intervenção precoce.
“A atuação do fonoaudiólogo é
voltada para linguagem e para
alimentação, sem superposição.
protege ou simplesmente cuida
fisicamente. Questiono se o fonoau-
muito ampla, principalmente em
relação à linguagem, porque em geral
“Meu trabalho sempre se
baseou em buscar a comunicação da
diólogo tem apenas que olhar a boca
dessa criança, fazê-la falar e pronto?
está associada a outros comprometimentos. Em 70% da população
criança com o mundo e, para isso,
utilizo todas as formas de
Quantas coisas mais essa criança
pode fazer? Em minha tese vou
atendida eles estão presentes:
alteração neuro-motora, deficiência
estimulação para propiciar diferentes experiências e a conseqüente
construindo com a mãe as possibilidades que se abrem para essa
auditiva... Como essas crianças em
geral não têm apenas a deficiência
possibilidade de entender o mundo.
Independentemente da sua linha de
criança”.
visual, o objetivo é oferecer sempre
o desenvolvimento integral. Atendo
mundo da linguagem, seja falada,
escrita, gestual... Minha atuação
foi sempre voltada a trabalhar com
todos os sentidos que tenha
disponíveis”.
A fga. Danielle reconhece ser
em grupos, de seis crianças no
máximo e a família permanece na
FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT
formação, o que o fonoaudiólogo
busca é inserir o indivíduo no
sala, para que seja possível a troca de
informações sobre o cotidiano da
criança, pois o interesse é melhorar
a qualidade de vida dessas crianças
em suas casas. Oferecemos orientações para melhorar esse dia-a-dia,
esta uma área em que é necessário
ter uma tolerância à frustração
lembrando sempre da estimulação
visual”.
muito grande, porque o progresso
obtido é muito lento. “É muito
“Quando oriento a mãe da
criança sobre alimentação, mostro
diferente de atender uma criança
com uma troca fonêmica. Em seis
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Fga. Danielle Nagy
também as possibilidades de posicionamento para que possa se alimenREVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 7
feito para fonoaudiólogas de insti-
Jundiaí (SP) - “e nessa época me
uma forma de estimulação visual e
tátil, estimulando também a mastiga-
tuições como Cruz Verde, Lar Escola
São Francisco ou para clínicas de
limitava às questões alimentares pois
meus pacientes eram, na esmagadora
ção e a deglutição. Como essas crianças apresentam em geral disfunções
fonoaudiólogas que fazem atendimento gratuito em parte de sua
maioria, portadores de múltiplas
deficiências. Acreditava que minhas
neurológicas, a alimentação acaba sendo um momento muito difícil, tanto
clientela”.
Músicas e histórias são
dificuldades se deviam à inexperiência
profissional e que minha atuação era
para a família como para a criança”.
O atendimento é transdiscipli-
utilizadas para trabalhar a linguagem, formando e melhorando a
de ‘menor importância’. Dessa
primeira passagem ficou o aprendiza-
nar. “Eu tenho o meu olhar de
fonoaudióloga e as minhas orienta-
comunicação e o potencial cognitivo
dessa criança. “Se a perda é total,
do de como atuar com minhas
limitações e de como partilhar com
ções são voltadas para isso. Os
demais profissionais também podem
utilizo livros em Braille ou adapto
um livro para a visão subnormal e a
uma equipe todas as dificuldades e
prazeres de cada ‘pequeno’ avanço que
efetuar essa orientação e temos
reuniões freqüentes para troca de
criança tem que dar conta, visualmente e cognitivamente, mostrando
conseguíamos”.
informações. Em muitas situações,
participo da atividade junto com a
que está compreendendo a história
através das figuras”.
fisioterapeuta, por exemplo, para
dar a nossa orientação. Há uma troca
A capacitação profissional faz
parte da atuação de Regiane, que
de experiências entre todos os
profissionais, sem que ninguém
ministra periodicamente palestras
para os demais profissionais sobre a
ultrapasse o limite da profissão”.
Fonoaudiologia, com informações
básicas que auxiliem no atendimento
FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT
tar melhor e a alimentação como
do dia-a-dia. “Também dou orientação sobre higiene bucal ou voz para o
Proceja – Programa de Cultura e
Educação para Jovens e Adultos, um
setor que ministra cursos de preparação para o mercado de trabalho e
sobre saúde.
Dificuldades
e avanços
partilhados
com equipe
Fga.\Regiane Serafim Abreu Silva
As mães demonstram muita
preocupação com a fala. “Forneço
orientações para estimular a fala ou,
quando o comprometimento neuro-
Em 2000 foi convidada a
retornar. “Eu era outra pessoa, com
quase 15 anos de experiência clínica
e não imaginava que teria tantas
dificuldades. As técnicas que eu
utilizava na clínica não se aplicavam
no Braille...”
“A maioria do material prevê a
nomeação, a organização de seqüências, elaboração de histórias e tantas
outras propostas todas com base em
estímulos visuais – figuras. Para a
estimulação e adequação da motricidade oral utilizava espelho, filmes
(do próprio paciente e outros) e
desenhos...”.
“Aprendi que eu tinha que
aprender com eles. Realizava o
trabalho de motricidade oral junto
com as crianças, deixando que elas
me tocassem para que percebessem
as diferenças entre o que elas faziam
e o que deveriam fazer”.
“Trabalhei muito próxima às
motor não permite que chegue a esse
ponto, mostro que existem outras
“Meu primeiro trabalho junto
aos deficientes visuais foi em 1987,
mães, principalmente das mães
dos pacientes múltiplos e descobri
formas de comunicação, como
expressão corporal, expressão
no Instituto Jundiaiense Louis
Braille, durante quase um ano.
que aquilo que há anos atrás eu
achava pouco - ensiná-los a
facial... A fonoterapia (essencial para
quem usa sonda, por exemplo) é
Estava no início de minha atuação
profissional (havia me formado no
mastigar e a se alimentar normalmente - modificava profundamente
realizada externamente. Quando
necessário, o encaminhamento é
final de 1986)” - relata a fonoaudióloga Márcia Oliveira Soligo, de
a vida das famílias e dava a estas
crianças e adolescentes um real
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EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
ganho na qualidade de vida. Que as
pequenas adaptações com relação à
“Estes dois anos de convívio
orientações que eu passava para
elas quanto à estimulação de fala e
orientação espacial”.
Com os pacientes em idade
com os deficientes visuais e com a
equipe multidisciplinar me mostra-
linguagem fazia com que elas se
aproximassem de seus filhos.
escolar incluídos em escolas da rede
municipal, a maioria com visão sub-
ram o quanto ainda temos que
aprender para que possamos ser
Que este espaço de orientação era
antes de tudo um espaço de acolhi-
normal e atrasos cognitivos, a
fonoaudióloga desenvolveu o
mais efetivos no trabalho com os
deficientes visuais e acima de tudo,
mento”.
O trabalho mais próximo ao
trabalho de leitura e escrita, com as
adaptações necessárias (tipo de
o quanto temos a colaborar com
estas pessoas que precisam de forma
clínico tradicional era o relacionado
com as alterações de linguagem.
letra, pauta, lupa, Braille). “Também
tínhamos um grupo de leitura e
ímpar da linguagem para se organizarem no mundo. Atualmente, estou
“Habitualmente, com as crianças
pequenas com atrasos de linguagem
discussão de atualidades ou de temas
pertinentes às necessidades dos
atendendo dois deficientes visuais
no consultório: um senhor que
utilizo atividades e dramatizações
relativas às atividades de vida diária.
adolescentes (primeiro emprego,
discriminação, inclusão, sexualidade,
sofreu um AVC isquêmico e uma
criança com deficiência múltipla. O
No Braille só era necessário algumas
notícias do momento...)”.
aprendizado continua.... “.
Happy Hour Cultural
TEMA DOS PRÓXIMOS EVENTOS
SÃO PAULO
■
26 DE AGOSTO
■
20 DE OUTUBRO
■
O papel do fonoaudiólogo no
contexto das ações de Saúde
Palestrante: Thelma Costa
Fonoaudiologia Empresarial
Comitê de Telemarketing da SBFa
■
23 DE SETEMBRO
Gagueira
■
26 DE OUTUBRO
Doenças Neurológicas
Fga. Ana Ana Lúcia Chiapetta
■
■
24 DE NOVEMBRO
Análise do Discurso Aplicada à
Clínica Fonoaudiológica
■ Palestrante : Beatriz H.V.
Maranghetti Ferriolli
As palestras são realizados às
19:30 horas na Sala de Convenções do
Edifício Fortes Guimarães - rua
Bernardino de Campos, 1001 (cobertura). O ingresso é gratuito, com vagas
limitadas. Confirme a presença com
Celi, pelo tel. (16) 632- 2555 .
25 DE NOVEMBRO
Fonoaudiologia e Saúde Mental
Todos os eventos são realizados
na Casa do Fonoaudiólogo (rua Tanabi, 64) a partir das 18 horas, mediante
doação de um quilo de alimento não
perecível e inscrição prévia, com a sra.
Viviane - telefone (11) 3873-3788.
DELEGACIA DE RIBEIRÃO PRETO
11 DE AGOSTO
Triagem Auditiva Neonatal
Palestrante : Márcia Benelli Riscalla
22 DE SETEMBRO
Síndrome do X-Frágil
Palestrante : Martha Carvalho
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REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 9
Comunicação Suplementar Alternativa
Alternativa de
comunicação
orais de comunicação foram criados,
que permitem o uso de símbolos
(SP), que recentemente ganhou o
Prêmio Shirley McNaughton,
compartilhar uma história, pedir
ajuda ou simplesmente sentir uma
distintos à palavra articulada. É a
Comunicação Alternativa (ou,
atribuído pelo ISAAC - International
Society of Augmentative and Alterna
mão reconfortante... em todas as
Comunicação Suplementar e Alterna-
tive Communication ou Sociedade
Internacional de Comunicação
FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT
Para viver e sobreviver em
sociedade, para contar um segredo,
Suplementar e Alternativa. A
entidade é uma grande organização
internacional direcionada à CSA
criada em 1983 e que conta hoje com
mais do que 3.500 membros em mais
de 50 paises, entre profissionais,
usuários e familiares de usuários.
O relato do trabalho que a fonoaudióloga brasileira realiza há mais de
10 anos deu a ela um estágio no Bliss
Learning Centre, em Bala, no Canadá
e uma homenagem no congresso da
entidade. O relato desta viagem foi
publicado na edição de fevereiro
deste ano da revista da ISAAC.
A fonoaudióloga, além da
atuação clínica e assessoria em
escolas, também ministra cursos de
CSA para profissionais de saúde e da
educação, familiares e ao próprio
paciente há cerca de cinco anos.
Grande parte desses cursos são
solicitados por prefeituras do
situações, a comunicação é funda-
tiva – CSA, como muitos preferem),
mental. E aqueles que não possuem
a linguagem oral, não falam ou
uma ferramenta para as pessoas se
comunicarem sem a fala, introduzida
expressam apenas alguns sons que
não são bem compreendidos?
pelo fonoaudiólogo com diferentes
técnicas e estratégias.
Para facilitar essa comunicação
tão imprecisa, vários sistemas não
É nesta área que atua a fga.
Luciana Wolff, de Pindamonhangaba
10 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO
interior do país, que desejam
estabelecer formas de inclusão
social, notadamente na área de
educação.
Qual é a clientela atingida pela
Comunicação Suplementar e Alternativa? A fonoaudióloga destaca as
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
comunicar precariamente, de modo
inibem a fala e, com o desenvolvi-
nentemente estão impossibilitadas
de se comunicar através da lingua-
impreciso e insatisfatório e tentam
mostrar o que desejam e o que
mento da linguagem oral a
prancha de comunicação pode
gem oral, por problemas que podem
se refletir na fala, em razão de
sentem através do seu próprio
corpo, apesar dos movimentos
ser abandonada”.
Um dos sistemas mais utiliza-
diversas patologias, como síndromes, paralisia cerebral (a situação
limitados”
“Comunicação alternativa não é
dos no Brasil é o PCS – Picture
Communication System , traduzido
mais comum), esclerose lateral
amiotrófica, autismo, afasia,lesão
um método ou um único tipo de
símbolo gráfico”, enfatiza a fga.
em varias línguas (inclusive para o
português), por sua acessibilidade e
encefálica adquirida e portadores de
seqüelas de Acidente Vascular
Luciana Wolff. “É uma forma de
comunicação não oral que pode ser
facilidade. “É bem pictográfico, com
desenhos simples, mas limitado
Cerebral (AVC), entre outros.
“Também são usuários da CSA
utilizada e aprendida através de
diferentes métodos”.
pelas questões da linguagem”,
resume a fonoaudióloga. O outro é o
pessoas que apresentam dificuldades
na linguagem oral, por problemas
As pranchas de comunicação,
que acompanham o usuário em
BLISS – Blissymbolics (no qual o PCS
se baseia) desenvolvido por Charles
psíquicos ou físicos, congênitos ou
todos os momentos e são usadas
Bliss nas décadas de 40/50. “Ele
adquiridos (traumatismo craniano,
acidente vascular cerebral). Mesmo
com todas as pessoas com quem
deseja se comunicar, contém dese-
desejava que fosse uma língua universal e para isso criou desenhos
impossibilitados por limitações
motoras ou psíquicas, não podemos
nhos organizados de forma padronizada. Podem ser utilizadas tempora-
comuns a várias culturas, como o
sinal de mais, de menos, exclamação,
dizer que eles não possuam linguagem. Na verdade, conseguem se
riamente ou não, conforme a
necessidades. Essas pranchas não
interrogação... A professora Shirley
McNaughton teve acesso a esse
FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT
pessoas que momentânea ou perma-
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 11
resolveu adaptá-lo para usar com
alunos com paralisia cerebral”. A
fga. Luciana Wolff está efetuando a
tradução do Bliss para o português e
espera disponibilizá-la brevemente..
O acesso a essas pranchas não é
FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT
material no início da década de 70 e
sua própria prancha de comunicação.
Com ela, ‘fala’, conta histórias, conta
piadas...”.
A atividade é multiprofissional.
“Para que consiga se comunicar,
uma pessoa necessita estar bem
posicionada, com equilíbrio, para
fácil. “O material é em geral importado e alguns são muito caros (as
poder mostrar ou olhar o símbolo.
É necessária uma cadeira adequada
digitais, nem pensar...). A solução é
fazer o mesmo trabalho que é desen-
e uma melhor movimentação; há
necessidade do envolvimento do
volvido no exterior, porém com menos
recursos. O que se faz com computa-
professor, do psicólogo e também
da família... É uma teia, onde todos
dor lá fora, fazemos aqui com papel e
canetinha, tão bem ou melhor, graças
dependem uns dos outros mas com
papéis bem definidos. Este paciente
a criatividade utilizada na linguagem”.
Não existe uma receita. Com
cada pessoa se faz um trabalho
individualizado. “A prancha de
diferente em cada pessoa. Temos
palavras em comum, mas também
palavras específicas para cada pessoa.
Desta forma, cada um desenvolve a
não vai se comunicar somente
com a fonoaudióloga. Não adianta
trabalhar com o paciente apenas
entre as quatro paredes do consultório”.
FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT
comunicação é como um vocabulário,
Fga. Luciana Wolff
12 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
“O fonoaudiólogo necessita
seu paciente, para não ficar insistindo
os sistemas existentes e as possibilida-
detectar que existe algum tipo de
comunicação por parte do paciente e
o tempo todo na questão de motricidade oral. Ele pode não estar conse-
des de comunicação alternativa.
“Além do material, há necessidade de
que ele pode estar dizendo coisas.
Talvez não se consiga perceber de
guindo oralizar a palavra mas pode
apontar que está com sede. Por que
se envolver na concepção da linguagem, para verificar como o seu pa-
imediato, mas aos poucos detectamos
o olhar para um lado, um choro, um
insistir em que ele fale ‘água’ e gerar
todo um stress em cima disso, quando
ciente pode estar se expressando.
Basicamente tem que deter o conheci-
sorriso, alguma reação enfim. O
fonoaudiólogo tem que saber olhar o
ele pode mostrar no símbolo?”.
O profissional precisar conhecer
mento da linguagem, que todo fonoaudiólogo adquire em sua formação.
ISAAC Brasil promove primeiro
congresso sobre Comunicação Alternativa
Em 1º. de agosto próximo encerra-se o prazo para
submissão de trabalhos para o 1º Congresso Internacional de Linguagem e Comunicação da Pessoa com
Deficiência, a se realizar no Rio de Janeiro, nas dependências da UERJ – Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, de 21 a 25 de novembro de 2005.
Em paralelo será também realizado o 1º
Congresso Brasileiro de Comunicação
Alternativa. Os dois eventos são
organizados pela ISAAC Brasil e inscrições, programa, relação de conferencistas
estrangeiros e outras informações podem ser obtidas em
http://www.fee.unicamp.br/isaacBrasil/.
A International Society of Augmentative and Alternative Communication - ISAAC é uma associação internacional com muitos filiados no Brasil. A representante
brasileira é a fonoaudióloga Carolina Schirmer, do Rio
Grande do Sul e, em 2004, a conferência bianual internacional foi realizada no Brasil, em Natal (RN). O encontro
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
marcado para agosto próximo é o primeiro em âmbito
apenas brasileiro.
O evento tem o objetivo de reunir pesquisadores,
educadores, profissionais das áreas da saúde (entre eles
os de Fonoaudiologia) e da educação, familiares e pessoas
com deficiência para divulgar e discutir o
conhecimento produzido sobre a linguagem e a comunicação de pessoas com
paralisia cerebral, autismo, surdez-cegueira
e deficiências múltiplas.
São disponibilizados três modalidades de apresentação de trabalhos: comunicações orais,
pôsteres e apresentação de vídeos sobre os temas
privilegiados no evento assim como a demonstração de
recursos de tecnologia assistiva.
Pesquisas concluídas ou em andamento assim como
casos clínicos e relatos de experiências com pessoas com
paralisia cerebral, autismo, surdez-cegueira e deficiências
múltiplas serão bem vindas.
REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 13
CURSOS DE GRADUAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA
O que precisamos mudar?
Fga. Dra. Carla P. H. A. Ribeiro César
Coordenadora e docente do Curso de Fonoaudiologia da UMESP
com o lançamento do livro “Promoção
de Saúde: a Negação da Negação”, de
Fernando Lefevre e Ana Maria
Cavalcanti Lefevre, da editora Vieira &
Lent, as questões profícuas e relevantes para a área da saúde e com diferentes profissionais presentes (fonoaudió-
“A vida só pode ser compreendida
promoveram evento denominado
logos, assistentes sociais, psicólogos,
educadores, sanitaristas, membros do
olhando-se para trás, mas só pode ser
vivida olhando-se para a frente.”
“Promoção da Saúde”, cujo objetivo era
o de discutir a promoção da saúde, por
Ministério da Saúde, biólogos etc)
pode-se creditar sucesso à proposta da
(Soren Kierkegaard)
meio de um fórum entre os debatedores e os profissionais da área (ouvin-
FSP/USP. Entre as tônicas dos debates,
uma merece destaque, qual seja, a da
Nos dias 19 e 20 de maio, a
Faculdade de Saúde Pública da USP e a
tes), além de o lançamento da Revista
Saúde e Sociedade. Com o auditório
formação dos profissionais da saúde e,
por sermos dessa classe de profissio-
Associação Paulista de Saúde Pública
lotado nos dois dias de programação e
nais, precisamos rever, como tem
ocorrido, a graduação superior em
Em maio participei do Seminário Promoção da Saúde em Debate e,
a princípio, achei que não iria encontrar nenhum fonoaudiólogo.
As discussões foram fundamentais para a reflexão cada vez maior sobre a
atuação da Fonoaudiologia na Saúde Coletiva, não só como prevenção, mas como
promoção de Saúde.
Considero importante perceber que não só os fonoaudiólogos estão
tentando definir o que é a promoção de saúde. Entre os médicos essa discussão
também está presente e há uma preocupação que essa não seja mais uma área
fragmentada da Medicina. Pelo contrário, foi defendido a intersetorialidade e a
integralidade em vários momentos. Ficou claro que nenhuma ação isolada é tão
boa quanto associar promoção, proteção e assistência.
Quando se fala de promoção da saúde, o campo é da saúde e não da doença
e, assim, nessa área é necessário alavancar novas políticas de saúde pública.
O que me chamou muito a atenção foi a ação política quando se trabalha
nessa área, o que me deu a sensação de que os fonoaudiólogos por vezes têm uma
ação ingênua nesse sentido. É necessário pensar na limitação do modelo biomédico, na ampliação do conceito de saúde e na diferença entre prevenção e promoção.
No cenário político, a promoção de saúde é uma das oportunidades para se lidar
com a iniqüidade, portanto envolve mudanças de conceitos e comportamentos.
Vale lembrar que não somos nós que devemos dizer ao povo o que necessita.
O conflito é necessário para o movimento social e precisamos, sim, informar em
que e como podemos auxiliar.
Para minha surpresa, no final do seminário, uma fonoaudióloga pediu a
palavra e com um olhar muito diferente do meu, porque coordena um Curso de
Fonoaudiologia, trouxe uma discussão interessante. A convidei para escrever em
nossa revista e seu texto segue nestas páginas.
Na verdade acho que precisamos nos reunir e refletir sobre a área de
promoção de saúde que,ao meu ver, é uma área fundamental e na qual nossa
inserção deve ser garantida.
Sandra Oliveira
Comissão de Divulgação do CRFa 2a. Região
14 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO
Fonoaudiologia.
Essa necessidade emerge tanto
da mudança epistemológica do
conceito de saúde quanto da reforma
sanitária e até mesmo, das práticas
globalizadoras mundiais que foram
disseminadas nas últimas décadas,
principalmente nos países capitalistas.
Dessa forma, a Fonoaudiologia
precisa ser repensada e (re)significada,
tendo-se em vista que somos responsáveis, tanto como fonoaudiólogos
como formadores de, pelas práticas
vigentes em nosso país.
Um dos aspectos debatidos
energicamente pelos membros das
mesas redondas foi a prática segmentada e fragmentada, em que cada
profissional aplica o seu saber independente das necessidades locoregionais, dentro de sua especificidade
de conhecimento/especialização –
aumentando as demandas da comunidade e não atendendo as diretrizes do
próprio SUS. Em muitas ocasiões
(independente da região do País), há
uma prática eminentemente clínica,
sem a atenção primária à saúde, em
centros e unidades básicas de saúde,
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
que deveriam primar pela promoção e
prioridade para as atividades de
práticas com uma carga horária
proteção específica. O que se deseja,
segundo a literatura e os conferencis-
promoção da saúde e proteção
específica, sem prejuízo dos serviços
mínima (aprovada o ano passado) de
3.200 horas e com a possibilidade de
tas, é uma prática voltada para o
social, justa, eqüitativa e que atenda
assistenciais;
cumprir-se 20% (não podendo
exceder) da carga horária total em
as necessidades das pessoas.
atenção;
■ a descentralização da gestão
estágios supervisionados e, com a
menção nas diretrizes curriculares de
também precisará rever suas práticas
em saúde a fim de não corroborar com
e a participação da comunidade
(grupos) apontando para uma
que estes devem ser cumpridos
prioritariamente na instituição?
os entraves observados na atualidade
no que tange a qualidade de vida da
cultura democrática;
Nesse sentido, o fonoaudiólogo
■
a coletividade como foco de
Talvez as universidades públicas
população.
■ conhecimento da realidade
local, de suas necessidades e proposi-
não sofram a mesma pressão que as
particulares, no que tange a redução
Como docente e coordenadora de
curso, penso em colocar em pauta a
ção conjunta de melhorias na qualidade de vida das pessoas, de forma a
de custos, mas parece que teremos
que, como mágicos, solucionar (ou
formação e sua premência de reformulação. Mas em que contexto essa
transformar o aluno de ser passivo a
ativo na sua própria comunidade;
então, para não ser tão enfática,
minimizar) a crise da saúde, mais
reflexão vem à tona?
■
participação na e para a
especificamente do SUS, tendo que
reduzir carga horária e ampliar
No contexto da divulgação do
documento elaborado o ano passado
reformulação de políticas voltadas à
saúde, tendo em vista que ainda é
pelo Ministério da Saúde e pela
Secretaria de Gestão do Trabalho e da
realidade no nosso país a dialética
entre inclusão e exclusão e as conse-
Educação na Saúde denominado por
“AprenderSUS: o SUS e os cursos de
qüências advindas do fato ora mencionado;
graduação da área da saúde”, em que
os ministérios identificam “(...) a
práticas de ensino que privilegiam a responsabilidade para com o
necessidade de promover mudanças
na formação profissional de forma a
seu entorno, com atuação em equipes
multidisciplinares e conteúdos não
ainda temos o Projeto de Lei do Ato
Médico, que per se, estaria na contra-
aproximá-la dos conceitos e princípios
que possibilitarão atenção integral e
fragmentados (com integração do
saber), sem desmerecimento ou
mão da autonomia dos profissionais
da saúde...
humanizada à população brasileira”
(Ministério da Saúde, 2004, p. 03).
desqualificação de vertentes teóricas
que sustentam a visão de mundo de
Explicitam ainda que o objetivo
na formação de profissionais da área
cada sujeito que compõe as unidades
de educação em nosso país, ou seja,
da saúde seria o de transformar as
práticas profissionais pela noção da
com respeito à diversidade e à pluralidade do conhecimento;
integralidade, considerada nos campos
da atenção, da gestão de serviços e de
nova visão do ser (humano),
que é biológico, subjetivo, político e
sistemas. Essa noção diz respeito a um
dos princípios do Sistema Único de
que se expressa no e pelo social.
ocasiões, constatamos práticas
equivocadas e inspiradas na clínica
Pelo exposto, pode-se perceber
que a complexidade da proposta
quando da atuação na atenção básica
da saúde. Deveríamos, no meu ponto
ser incorporadas na prática, como:
ministerial requererá um grande
esforço das Instituições de Ensino
de vista, centrar nossas ações de
forma a unir esforços para conquistar-
ampliação da visão de saúde,
ao atendimento integral e das necessi-
Superior. Mas cabe aqui uma questão
que gostaria de compartilhar com
mos melhores condições e qualidade
de ensino e de vida, sempre pautados
dades das pessoas.
■ conhecimento do SUS, com
vocês: como ampliaremos a inserção
de nossos alunos nas referidas
nos princípios éticos que regem as
relações.
Saúde (SUS). E o que isso revela?
Revela que novas dimensões deverão
■
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
■
■
estágios. Só para ilustrar, a carga
horária para estágios ficaria então
restrita a 640 horas, o que por si só,
não dá conta das práticas usuais dos
cursos de graduação em Fonoaudiologia.
E para gerar ainda mais conflito,
Salienta-se que as pontuações
não são dirigidas contra a reformulação, muito pelo contrário. Afinal de
contas, somos responsáveis como
eleitores, como profissionais e como
formadores de, pela atual situação da
saúde no país em que, em muitas
REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 15
FOTOS (ESQ. PARA DIR.): ELIZABETH ESCOBAR, RAQUEL MUNHOZ, TACIANA CHIQUETTI E ROBERTO PELLIM
Otacílio promove educação
e combate preconceito
Otacílio, uma prótese auditiva
humanizada saiu das páginas de dois
potencialidades. Através de livros
infantis, Otacílio vai até crianças surdas
em evento promovido pela TV Tribuna,
afiliada da Rede Globo e em Valinhos, no
livros infantis e tomou corpo com o
objetivo de orientar e popularizar as
e ouvintes para romper preconceitos e
promover educação com arte e responsa-
programa Sábado Mania promovido em
conjunto pela EPTV, SESI e prefeitura do
próteses auditivas e combater o preconceito. O personagem foi criado pela
bilidade social”.
Outro papel importante destacado
município. Novos compromissos
continuam a ser agendados em institui-
fonoaudiólogas Ana Maria Torres e
Raquel Munhoz, do Núcleo de Audiologia e Próteses Auditivas Campinas Ltda.
pelas duas profissionais é o de favorecer
o exercício consciente da solidariedade e
da cidadania, quando Otacílio participa
ções educacionais.
e faz parte do programa educacional
“Ouça as Cores da Vida”, instituído em
de eventos de cunho social e educacional, interagindo com as pessoas e
Otacílio participa desses eventos
mediante envio de proposta contendo o
1997 com o apoio de uma empresa de
AASI. Seu design foi desenvolvido por
incentivando-as a contribuírem com
entidades filantrópicas.
objetivo do evento, o público alvo, a
localização de atuação e o tipo de
Dimaz Restivo.
Dois livros já foram lançados. O
Fora dos livros. A primeira apa-
Como utilizar? O personagem
patrocínio oferecido pela organização do
evento para disponibilização do perso-
primeiro - “Colorindo Otacílio” - apresenta o personagem em um manual de
rição do personagem fora dos livros foi
em uma ação do projeto A Vez da Voz
nagem (transporte, atuação de dois
atores, custo de viagem, hospedagem,
instruções de AASI e foi inicialmente
doado para o lançamento do projeto A
desenvolvido no Tívoli Shopping em
Santa Bárbara d´Oeste (SP) em 21 de
alimentação, intérprete de Libras...). É
necessária a análise prévia, uma vez que,
Vez da Voz, em maio de 2004.
O segundo - “Otacílio vai à Escola”
outubro do ano passado, quando foram
doados mais de 500 livros.
tanto o personagem quanto os livros são
registrados e necessitam de licença para
- conta a história do personagem em um
ambiente escolar.
Depois disso, o personagem já
esteve presente em outros locais e
serem utilizados.
O livro “Colorindo Otacílio” é
As duas fonoaudiólogas justificam
o nome. “Otacílio vem do latim, ‘o que
ocasiões, como no Campinas Shopping
(em parceria com o Parque da Mônica),
doado nesses eventos e para instituições
que atuam com deficientes auditivos.
escuta’ e a intenção do projeto é
justamente ‘se fazer ouvir’, para
no Shopping Parque Dom Pedro (em
conjunto com a livraria Fnac), em jantar
“Otacílio vai à escola” é vendido pelo seu
preço de custo (R$ 18,00) para a susten-
informar e trabalhar de modo que a
surdez não continue impedindo
beneficente da Apascamp em prol da
entidade, no Liceu Salesiano de Campi-
tabilidade do projeto. Os pedidos devem
ser feitos pelos telefones (19) 3234-
crianças, adolescentes e até mesmo
adultos de desenvolver todas as suas
nas e no Fran’s Café Cambuí, todos em
Campinas. Em Santos esteve presente
7624 ou (19) 3233-7452 ou ainda pelo
e-mail [email protected]
16
16--REVISTA
REVISTADA
DAFONOAUDIOLOGIA
FONOAUDIOLOGIA-- 2ª
2ªREGIÃO
REGIÃO
EDIÇÃO
EDIÇÃO62
62--JULHO/AGOSTO
JULHO/AGOSTO2005
2005
TERCEIRA
REPORTAGEM
DE UMA
SÉRIE
Grupo de Apoio à Triagem Auditiva Neonatal Universal GATANU
Quanto antes, melhor
A audição alterada em um bebê prejudica o desenvolvimento cognitivo
e da linguagem ao longo de sua vida, Quanto mais cedo for a atuação
Formada pela PUC em 1985, ao
retornar de especialização realizada
nos Estados Unidos, a fonoaudióloga
Mônica Jubran Chapchap decidiu
direcionar seu foco de atuação para a
triagem auditiva em berçário, algo que
FOTO: ELISIARIO E.COUTO/INSERT
do fonoaudiólogo, melhor será para o desenvolvimento do bebê.
www.gatanu.org), dos quais 81 localizados no Estado de São Paulo. É ainda
muito pouco: não representa mais do
que 3% do total e, por estes números
dá para se perceber quanto ainda
precisa ser feito e quanto espaço ainda
não era comum na formação acadêmica brasileira. “Não havia naquela época
existe por conquistar. A maioria
desses serviços são prestados por
nenhum fonoaudiólogo inserido na
equipe de neonatologia em berçário do
país ou que fizesse teste eletrofisioló-
instituições privadas e, em sua
absoluta maioria, por fonoaudiólogos”.
Para a fonoaudióloga, a rede
gico, embora em algumas universidades isso ocorresse esparsamente”,
pública já está sensibilizada para a
triagem auditiva neonatal universal
recorda-se a fonoaudióloga.
Em 1988, Mônica foi a primeira
(ou TANU), mas ainda enfrenta
barreiras financeiras para sua implan-
Fga. Mônica Jubran Chapchap
fonoaudióloga a fazer parte de uma
equipe de triagem auditiva em
profissionais nessa área, estas fonoau-
tação. Uma delas é o equipamento,
ainda muito caro para a realidade
berçário, no hospital Albert Einstein,
em São Paulo (SP). “Dez anos depois,
diólogas decidiram, em maio de 1998,
criar o Grupo de Apoio à Triagem
brasileira, 10 ou 20 mil dólares”.
Apesar dessa barreira o procedi-
em 1998, ainda não éramos mais do
que quatro ou cinco pessoas, em
Auditiva Neonatal Universal –
GATANU (que hoje está sendo estrutu-
mento já é cadastrado pelo Sistema
Único de Saúde - SUS, inicialmente
diferentes regiões do país, que faziam
triagem auditiva com potencial
rada como uma ONG) para divulgar a
importância da triagem neonatal e
como de alta complexidade e, mais
recentemente, como de média
evocado ou com emissões otoacústicas”. Entre essas profissionais ela se
sensibilizar profissionais e população
para este procedimento.
complexidade. Algumas clínicas
cadastradas já fazem esse procedimen-
recorda de Maria Cristina Simonek, do
Rio de Janeiro, com muita experiência
Coordenadora do Grupo de
Trabalho até hoje, Mônica Chapchap
to pelo SUS.
A fonoaudióloga reconhece as
na habilitação de surdos no INES –
Instituto Nacional de Educação de
traça o quadro atual. “No Brasil temos
5.800 maternidades, mas temos
dificuldades na implementação da
TANU em todas as maternidades do
Surdos e a fga. Isabela Jardim, de
Goiânia, com atuação semelhante.
cadastrados no GATANU apenas 237
serviços estruturados de triagem
país e aceita um período inicial de
implantação da triagem auditiva
auditiva neonatal (listados no site
neonatal aos recém-nascidos de risco
Diante do pequeno número de
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 17
para surdez, com a gradual ampliação
Outro objetivo é cadastrar os
integrar a Força Tarefa na Deficiência
para toda maternidade.
“A iniciativa de atuação nesta
serviços de triagem auditiva neonatal
existentes no Brasil, para oferecer essa
Auditiva na Infância da SBP, juntamente com médicos otorrinolaringo-
área é normalmente de profissionais
jovens, que estão começando a sua
informação à população. “Uma
preocupação do Grupo de Trabalho é
logistas e pediatras”.
Um grupo multiprofissional de
atuação e elegeram este novo campo,
que não tem mais de 16 ou 17 anos de
fazer com que os profissionais
envolvidos nessa área detenham
especialistas, entre eles fonoaudiólogos, criou o Comitê Brasileiro de Perda
presença no Brasil. Normalmente este
serviço é terceirizado, em uma
conhecimentos teórico e científico
aprofundados. É fundamental que, se
Auditiva na Infância que publicou um
documento com recomendações para a
autonomia que acredito ser benéfica”.
O GATANU foi estruturado com
alguém desejar montar um serviço de
triagem auditiva em bebês, tenha um
implantação da Triagem Auditiva
Neonatal Universal, onde encarece que
vários objetivos. O primeiro deles o de
aumentar a consciência coletiva para o
conhecimento teórico-prático. Já
conquistamos muitas coisas ao longo
todas as crianças devem ser testadas
ao nascimento ou no máximo até os
problema da surdez infantil no Brasil.
Ao lado deste, estão o de divulgar a
destes anos e, se o profissional que vai
atuar em um berçário fizer alguma
três meses de idade e em caso de
deficiência auditiva confirmada,
necessidade da realização da triagem
auditiva neonatal universal (TANU),
coisa que não é esperada, trará um
prejuízo muito grande para todas as
receber intervenção educacional até
os seis meses.
assegurando que o diagnóstico e a intervenção ocorram até os seis meses
pessoas envolvidas nesses programas.
Temos que ter a segurança de que tudo
Como resultado do trabalhado
desenvolvido no GATANU, a fga.
de idade; normalizar e padronizar o
exame de Emissões Otoacústicas
o que estamos fazendo é o melhor, o
mais preciso, o mais seguro”.
Mônica Chapchap foi convidada a
integrar o Conselho Diretor da
Evocadas - BERA e o protocolo de
TANU incentivar o aprimoramento
A preocupação de divulgar a
triagem neonatal faz com que o
IERASG - International Evoked Response Audiometry Study Group, uma
das técnicas de triagem, diagnóstico e
habilitação; desenvolver um estudo
GATANU esteja sempre presente nos
congressos de pediatria, com cursos
sociedade organizada com o expresso
objetivo de ser um fórum para a
multicêntrico para levantar a prevalência brasileira da deficiência auditiva
ou palestras ministradas por fonoaudiólogas. “Conseguimos que, em todos
discussão de sinais fisiológicos
gerados em sistemas de audiometria.
nos bebês normais e de alto risco e,
finalmente, documentar o perfil
os eventos da pediatria, haja sempre
um mesa redonda para abordar a
Seus associados se encontram a cada
dois anos em um simpósio (o último
audiológico das crianças com deficiência auditiva identificadas nos progra-
audição na criança. Ao mesmo tempo,
com apoio da Sociedade Brasileira de
foi em Cuba, neste ano).
“Quando falamos em triagem
mas de TANU, acompanhando o seu
desenvolvimento lingüístico, social e
Pediatria, agregamos um pediatra
como um dos assessores da GATANU
auditiva, estamos sempre falando de
triagem auditiva com alguma
cognitivo.
e,ao mesmo tempo, passamos a
metodologia e equipamento eletrofi-
18 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
siólogico: o potencial evocado
ção relativa a triagem auditiva
como o pai fica gratificado (talvez,
auditivo de tronco encefálico (ou
BERA) ou o teste de orelhinha (um
neonatal e dois (ou provavelmente
três) estados brasileiros também
no início, após uma certa dificuldade
de aceitação) pelo diagnóstico
nome carinhoso criado pela fga.
Maria Cristina Simonek para
já elaboraram legislação a a
respeito.
precoce”.
Com o avanço tecnológico
associar com o teste do pezinho, já
bem definido, inclusive com lei...)
Uma vez realizado o teste, a
intervenção de uma equipe multi-
alcançado, a fga. Mônica Chapchap
destaca a possibilidade de se fazer
que é sinônimo de emissões otoacústicas. As duas metodologias são
profissional é importante para dar
início a intervenção. “O diagnóstico
uma metodologia unificada no país
inteiro para a triagem auditiva
utilizadas concomitantemente em
alguns serviços, quando o bebê está
médico, para identificar a causa da
deficiência auditiva e o diagnóstico
neonatal, com a utilização dos
mesmos parâmetros. “Em paralelo a
na UTI neonatal”. A fga. Mônica
Chapchap tem conhecimento de que
audiológico, pelo fonoaudiólogo,
caminham juntos. No momento em
melhoria da tecnologia, noto com
alegria o crescimento da sensibiliza-
pelo menos duas dezenas de municípios brasileiros já possuem legisla-
que efetuamos o teste de audição e
identificamos o problema, sentimos
ção dos profissionais para o problema da surdez infantil neonatal”.
Prefeitura de São Paulo regulamenta
Programa de Saúde Vocal
Prefeitura que utilizam a voz como
vivências práticas, expressividade e a
ção da Lei 13.778/2004, que criou o
Programa de Saúde Vocal para os
Menos de um ano após a aprova-
instrumento de trabalho, que passam
a ser inseridos no programa de
relação com o ambiente de trabalho”.
São as três secretarias que estão
servidores do município de São Paulo,
sua regulamentação, com avanços em
prevenção de problemas vocais”.
“O texto da lei apresentada pela
envolvidas na aplicação do programa:
a da Educação (por ter um contingente
relação ao texto original, foi assinada
pelo prefeito José Serra, em 24 de
deputada Maria Lúcia Prandi é
semelhante ao que o vereador Paulo
grande de professores com problemas
relacionados aos distúrbios da voz),
maio, através do Decreto 45.924. Na
esfera estadual, a lei apresentada pela
Frange enviou para a Câmara Municipal – destaca a fonoaudióloga - mas no
a da Saúde (com o seu quadro de
fonoaudiólogos que implementarão as
deputada Maria Lúcia Prandi, com
conteúdo semelhante, ainda aguarda a
âmbito municipal já conseguimos, em
menos de um ano, a sua regulamenta-
ações do programa) e de Gestão
(responsável por todas as ações de
regulamentação que agora foi conquistada no âmbito municipal.
ção e estamos em negociações com a
Secretaria de Educação para a imple-
gerenciamento de Recursos Humanos)
Para a fonoaudióloga, a visão da
De acordo com a fonoaudióloga
Cláudia Taccolini, que participou de
mentação real do programa, com a
operacionalização do curso e a capaci-
saúde do trabalhador foi reforçada na
regulamentação da lei e coroa as ações
todas as etapas de elaboração do
projeto e depois em sua regulamenta-
tação dos fonoaudiólogos da rede que
estarão participando do programa”.
que foram desenvolvidas no programa
”A voz é meu instrumento” que
ção, “uma conquista importante foi a
de que, embora a lei estive inicialmen-
“Este curso previsto no texto da
lei e na regulamentação deverá
coordenou no âmbito do Departamento de Saúde do Servidor (ligado a
te voltada apenas aos professores
municipais, a regulamentação avançou
contemplar temas fundamentais, não
só em relação como a voz é produzida
Secretaria de Gestão do município) e
que agora deu origem ao Programa de
e incluiu os demais profissionais da
e os cuidados com a voz, mas também
Saúde Vocal.
Veja o texto do Decreto 45.924/2005 e da Lei 13.778/2004 no site do CRFa 2a. Região, em www.fonosp.org.br
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 19
QUARTA
REPORTAGEM
DE UMA
SÉRIE
CAMPINAS
NAS: família é a meta!
A fonoaudióloga Rita de Cássia
Dias Alves escreveu para a Revista da
Fonoaudiologia para manifestar seu
contentamento por encontrar uma
matéria sobre ONGs exatamente
quando estava sendo contratada por
uma. O NAS - Núcleo de Ação Social é
uma instituição associada à FEAC
(Federação das Entidades Assistenciais
de Campinas)e sua proposta é atender
e fortalecer as famílias carentes da
região em que se localiza. “Obrigada
por essa reportagem que nos trouxe
novas perpectivas e otimismo”,
escreveu ela.
Apesar das dificuldades em
arrecadar recursos, a fonoaudióloga
relata que a presidente do NAS, Teresinha Perpétua Ribeiro, faz questão de
manter uma fonoaudióloga no quadro
de funcionários. Nessa ONG, o maior
enfoque da Fonoaudiologia, desde o
início da instituição, tem sido para as
oficinas de aprendizagem, embora
muitos outros projetos estejam sendo
criados.
Leia o relato que a fonoaudióologa encaminhou, a pedido da redação da
revista. Rita é especialista em Linguagem pela PUC-SP e mestranda em
Semiótica e Linguística Geral pela
USP-SP.
O Núcleo de Ação Social –
NAS é uma entidade filantrópica,
com fins não econômicos, fundada
em 3 de agosto de 1996. Nasceu da
crença comum, de uma psicóloga e
uma assistente social, de que a
clínicos e, por estar situado em um
bairro da periferia de Campinas,
recuperação do valor familiar é o
primeiro e mais importante passo de
acaba assumindo essa demanda, já
que não há vagas em órgãos públi-
um trabalho social de verdadeiro
impacto.
cos.
Dessa forma, as equipes de
profissionais contratados - que hoje
atendimentos terapêuticos, além de
estar atualmente coordenando o
conta com assistente social, fisioterapeuta/acunpunturista, psicóloga,
projeto de Oficina de Aprendizagem,
onde crianças de oito a dez anos são
fonoaudióloga, gerente administrativa e auxiliar de serviços gerais e de
reunidas para que, através de
técnicas fonoaudiológicas específi-
profissionais voluntários como professor de música e teatro, professora
cas, estimulação à criatividade e à
auto-estima, melhorem seu desem-
de artesanato, professora de dança e
estagiários de Pedagogia - se unem
penho escolar.
Cada vez mais, porém,
para realizarem um trabalho que
atinja todos os membros da família.
vimos a necessidade de um trabalho
social mais abrangente. Entre nossa
Optou-se pelo não direcionamento
para apenas um dos segmentos;
crescente demanda, temos encontrado pais com dificuldades – por
aqui, pais, filhos avós, todos recebem o atendimento.
razões diversas – de acompanharem
e auxiliarem no crescimento de seus
Por seguir a filosofia de que
boas condições de comunicação
filhos e, por ouro lado, filhos
privados, muitas vezes, do direito de
facilitam a construção da identidade
da criança e a auto-valorização e a
serem ouvidos. Por essa razão, a
meta maior de nossa equipe vai além
(re) integração social do adulto, a
entidade não abre mão de ter um
da realização de trabalhos técnicos
específicos e de soluções emergenci-
fonoaudiólogo atuante. A proposta é
que nenhum dos profissionais traba-
ais; objetivamos fazer um elo de
ligação, propiciar o diálogo entre os
lhe isoladamente. Formamos uma
equipe integrada que trabalha, prio-
vários membros da família e auxiliar
no resgate da cidadania.
ritariamente, na prevenção de
“patologias” físicas e sociais.
Aqui, tenho sentido que ser
fonoaudióloga tem uma importância
Infelizmente, muitas das
ONGs criadas acabam tendo que
muito maior do que aprendemos na
faculdade. Ser fonoaudióloga nos
assumir papéis e funções que não
seriam de sua responsabilidade. O
permite lutar para que o ser humano
recupere a sua integridade física e
NAS, por exemplo, é ainda muito
procurado para atendimentos
moral; é trabalhar em prol do bemestar social.
20 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO
Assim, acabo por realizar
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
AYRTON SENNA RACING DAY
Batizado de Widex Adventure
Camp, 23 portadores de deficiência
auditiva (além do Brasil, também da
Argentina, Paraguai, Chile e México)
foram reunidos pela Widex Brasil no
Costão do Santinho Resort, de 18 a 25
de junho, para a primeira prova de
FOTO: EVA PRADO / ADVENTURECAMP
Deficientes auditivos treinam para
maratona em São Paulo
pelo prof. Marcos Paulo Reis, técnico
da Seleção Brasileira de Triathlon nas
Olimpíadas de Sidney e Athenas e da
equipe de maratonistas do Grupo Pão
de Açúcar, em S.Paulo.
“O objetivo foi de mostrar que
pessoas com perdas auditivas podem
aventura e de treinamento de corrida
realizada na América Latina com a
desfrutar da vida em seu máximo e
superar todos os seus limites”, diz
participação de portadores de deficiência auditiva, de grau leve a
Marcelo A. Smith de Vasconcellos,
diretor da Widex Brasil. A matriz da
moderada.
O evento em Florianópolis foi a
empresa, na Dinamarca, patrocina
ação semelhante visando a maratona
etapa preparatória para a participação
desses esportistas na segunda marato-
de Berlim, que deverá ser realizada em
setembro deste ano.
na de revezamento Ayrton Senna
Racing Day, que ocorrerá em 12 de
outubro no autódromo de Interlagos,
em São Paulo. Na primeira competição, no ano passado, participaram
5.300 atletas. Parte do valor arrecadado com as inscrições será destinado ao
Instituto Ayrton Senna, que financia
projetos visando o desenvolvimento
dos jovens.
As equipes podem ser formadas
por 2, 4 ou 8 atletas, divididos em
equipes masculinas ou femininas. Elas
participarão, em sistema de reveza-
O CRFa 2ª. Região é um dos
patrocinadores da ação de
inclusão social desenvolvida pela
Widex e estará presente na
maratona em 12 outubro, com
equipes de revezamento formadas por fonoaudiólogos. Acesse
www.ayrtonsennaracingday.com.br
e consulte o site do CRFa 2ª.
Região para saber como se
inscrever e como participar da
equipe de fonoaudiólogos.
mento, do percurso de 42,2 km do
autódromo (aproximadamente oito
voltas) onde cada indivíduo tem o
objetivo de cumprir uma etapa da
prova, de acordo com o número de
atletas em sua equipe.
Este ano, a Widex será uma das
patrocinadoras da maratona. Os
esportistas que irão compor a equipe
da Widex terão todo suporte técnico
da empresa e estão sendo treinados
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 21
Três cadastros:
veja o que você ganha com eles
Dois cadastros disponíveis no site do CRFa 2a. Região permitem o recebimento de
notícias, eventos e ofertas de emprego (entre outras informações) diretamente no seu e-mail
e a inserção de sua atividade profissional no Guia de Fonoaudiólogo, disponível em
www.fonosp.org.br . Cada um destes cadastros conta com vida própria e a inclusão em um
ou em ambos, não quer dizer que os dados cadastrais fornecidos foram automaticamente
regularizados no Incorp - o sistema que registra todas as informações da vida profissional
perante o Conselho. Estas informações necessitam ser atualizadas no Departamento de
Registros, na sede do Conselho ou em uma das Delegacias Regionais, sempre que
ocorrerem modificações, para que não se perca o contato.
Mailing. Para receber periodicamente
por e-mail informações sobre ofertas de
Fonoaudiologia, outros profissionais de
Saúde e todos os interessados na profissão
emprego, abertura de concursos, eventos
programados e um clipping das principais
podem solicitar livremente o cadastramento. Não há custo para essa inclusão (e
notícias de interesse dos fonoaudiólogos,
basta acessar o site do CRFa 2ª. Região em
tampouco para o Guia do Fonoaudiólogo).
www.fonosp.org.br e selecionar a opção
“Cadastre-se” no menu horizontal superior. A inclusão neste
Guia do Fonoaudiólogo. A
pesquisa de serviços, empresas e profissionais da área de
mailing não é restrita ao fonoaudiólogo. Acadêmicos de
Fonoaudiologia que atuam no Estado de São Paulo também
exige cadastramento prévio.
O procedimento é fácil. No menu “Guia do Fonoaudiólogo” escolha a opção “Para se cadastrar no guia e participar das
pesquisas, clique aqui”, selecione uma das opções apresentadas
(Pessoa Física ou Pessoa Jurídica) e preencha todas as informações solicitadas. O campo que solicita a indicação de área de
atuação permite múltiplas escolhas. Nos campos abertos, de
“Descrição Resumida” e “Descrição Detalhada”, procure ser o
mais objetivo possível.
Através deste serviço será possível identificar profissionais (pessoa física ou pessoa jurídica) envolvidos com as
diversas áreas de Fonoaudiologia no Estado de São Paulo e
todas as informações necessárias para o contato. O mecanismo
de busca permite selecionar por área de atuação e por cidades
(no caso da cidade de São Paulo, também pelas regiões da
capital paulista).
A inclusão não é imediata. Para garantir a qualidade e
veracidade das informações fornecidas, as informações são
previamente verificadas pelo CRFa 2a. Região, antes de sua
divulgação. Para alteração dos dados, após a inclusão no guia,
deverá ser encaminhada correspondência formal ou por
e-mail, com a justificativa para a alteração solicitada.
22 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
Em Audiologia,
AAA é a maior do mundo
Quarto artigo de uma
série sobre o envolvimento de
fonoaudiólogos brasileiros em
entidades internacionais.
A American Academy of Audiology
- AAA (ou Academia Americana de
res da prática da profissão do audiologista e do terapeuta da fala norte-
da publicação científica da AAA, o
Journal of the American Academy of
Audiologia) é a maior congregação de
profissionais com especialização em
americanos. Este aspecto regulatório
inclui um Código de Ética muito
Audiology, com 10 edições por ano,
além de uma revista informativa -
audiologia no mundo, com 9.600
profissionais ativos. Seu Comitê
rígido, embora sua atuação se faça de
forma diferente da dos Conselhos
Audiology Today – publicada bimestralmente e um boletim informativo -
Internacional, do qual a fonoaudióloga
brasileira Kátia de Almeida é uma das
brasileiros reguladores das profissões”.
Para ser membro da AAA existem
AT Extra. “Através dessas publicações
tomamos conhecimento de tudo o
dirigentes, é o braço da instituição fora
dos Estados Unidos, embora ainda
vários tipos de admissão, mas a
exigência básica é a de possuir título
que está ocorrendo de mais avançado
na área e ao mesmo tempo temos a
conte com poucos sócios no exterior –
pouco mais de 500 – mas com ações
de mestrado. Fellow é o membro com
todos os direitos, inclusive o de voto,
oportunidade de mostrar que a audiologia que se desenvolve no Brasil é de
em desenvolvimento para se expandir
na audiologia mundial. “Este Comitê
apresentado por outro inscrito na
mesma condição. O fellow tem que
excelência e de primeiro mundo”.
Para se inscrever na AAA a dra.
Internacional faz a ponte com a
comunidade internacional para
comprovar que é doutor em audiologia
e, no mínimo, estar atuante há mais de
Kátia recomenda acessar inicialmente
o site da Academia, em www.audiology.
detectar as questões que afetam o
mundo audiológico, fora dos Estados
cinco anos. É o caso da dra. Kátia de
Almeida, que ingressou na AAA logo
org. “Todo o processo de inscrição é on
line e o site é de circulação extrema-
Unidos, ao mesmo tempo em que
divulga os avanços audiológicos em
após defender o doutorado em 1998.
Esta categoria de associação não é
mente fácil e disponibiliza todas as
informações necessárias. Tudo é on
outros países, entre eles os alcançados
pelo Brasil”, relata a dra. Kátia.
mais disponibilizada para os profissionais do exterior, com a argumentação da
line, inclusive as votações”.
A dra. Kátia relata uma caracte-
Fundada em 1989, o primeiro
encontro da AAA reuniu 600 profissio-
academia norte-americana da impossibilidade da comprovação das diferentes
rística da eleição que considera
extremamente benéfica e que passou a
nais e o último, em Washington, teve a
presença de cerca de oito mil profissi-
formações profissionais existentes no
mundo. Em seu lugar foi criada a
ser adotada por outras entidades da
Audiologia, inclusive a brasileira, com
onais. A dra. Kátia participou de todos
os congressos realizados nos últimos
categoria de international member. Com
isso não são mais de uma dezena de
pequenas adaptações. “Eles trabalham
simultaneamente com um presidente
10 anos.
“A missão da AAA é promover
fellows inscritos no Brasil.
Outra possibilidade de inscrição
em exercício, um presidente eleito e
um presidente que encerrou sua
serviços e cuidados de excelência na
área da audição e do equilíbrio”,
na AAA é a de estudantes e de cientistas da área, interessados na pesquisa
gestão. Com isso, no primeiro ano ele
acompanha o andamento da entidade,
continua a fonoaudióloga brasileira.
“É uma sociedade científica que
da audição e do equilíbrio.
Entre as vantagens da associa-
no segundo atua diretamente e no
terceiro fica na retaguarda, garantindo
elabora normas e pareceres orientado-
ção, a dra. Kátia destaca o recebimento
a continuidade”.
Ação Fonoaudiológica na Saúde: o que você precisa saber
Programa de Saúde da Família, Portaria de Saúde Auditiva,
de agosto próximo (sexta feira) às 18 horas na Casa do Fono-
programas do Ministério da Saúde. ... Onde o fonoaudiólogo audiólogo (r. Tanabi, 64, São Paulo). Faça sua inscrição prévia
está (e poderá ser) inserido nas ações de Saúde? Venha ouvir com a sra. Viviane ( tel. 3873-3788). Sua participação envolve
a palestra da fga. Thelma Costa e debater conosco no dia 5
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
apenas a doação de um quilo de alimento não perecível.
REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 23
COMISSÕES DE SAÚDE E
AUDIOLOGIA
Procedimentos
em avaliação
audiológica
O CRFa 2ª Região está trabalhando
na construção de parâmetros de produção dos procedimentos fonoaudiológicos
que possam contribuir para as ações nos
convênios de saúde e em serviços públicos. Sabemos que o tempo de duração
de procedimentos varia de usuário para
usuário e entre os diferentes profissionais. Existe, no entanto, um intervalo de
tempo médio para a execução dos procedimentos Desta forma, solicitamos aos
Saiu na imprensa...
Análise vocal identifica tipos de locução na TV
Reportagem publicada em 22 de maio pelo jornal A Cidade, de Ribeirão Preto
(SP), aborda pesquisa desenvolvida pela fga. Adriana Balieiro Panico, que classificou as características dos estilos de vida na leitura de notícias para a televisão. A
fonoaudióloga utilizou textos gravados por dez jornalistas para analisar padrões de
fala e verificar a percepção do público. A fonoaudióloga mediu tempo, intensidade e
freqüência das locuções, identificando características de cada estilo.
Problemas de fala em adultos.
A fga. Irene Marchesan participou do Programa Silvia Poppovic, transmitido
pela TV Cultura (de São Paulo, SP) no dia 16 de junho último, quando abordou os
problemas de fala em adultos, os impactos que causam na vida da pessoa como
dificuldades para o desenvolvimento profissional e as dificuldades nos relacionamentos pessoais. Falou também sobre a falta de controle da saliva e também sobre
o ronco. Silvia Poppovic finalizou a entrevista dizendo que o fonoaudiólogo é um
profissional fundamental para desenvolver e aprimorar a comunicação de todos os
profissionais da mídia e da comunicação.
fonoaudiólogos que contribuam, encaminhando o tempo médio que utilizam
Problemas de escrita
para os seguintes exames/avaliações:
■ BERA
O fgo Jaime Zorzi participou de programa da TV Educativa de Jundiaí sobre
problemas de escrita em 20 de junho. Também participaram quatro professores,
■
■
Avaliação audiológica
Exame de Processamento
Auditivo Central
■ Reabilitação vestibular
que debateram questões relacionadas a alfabetização, erros ortográficos, atuação
do professor em sala de aula, tipo de conhecimentos que os alunos precisam ter, a
razão dos erros ortográficos e parâmetros de normalidade. O programa teve
duração de uma hora e 30 minutos.
Exame otoneurológico
Emissões Otoacústicas
Exposição ao ruído.
Seleção de aparelho
Terapia para surdo
A fga. Alice Penna participou de reportagem exibida pelo programa SPTV, da
Rede Globo no dia 28 de junho que abordou a exposição ao ruído que a população e
■
Terapia de linguagem
Terapia de MO
trabalhadores estão expostos, os prejuízos causados à saúde da população e a
importância de se instituir políticas públicas voltadas para a diminuição da
■
Terapia de voz
exposição das pessoas aos elevados níveis de ruído ambiental..
■
■
■
■
■
24 - REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Lançamentos
● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Gagueira: Etiologia, Prevenção e Tratamento
A psicóloga Lúcia Maria Gonzales
As autoras abordam temas controversos
Barbosa e a fonoaudióloga dra. Brasília Maria
Chiari orientam pesquisas na área de gagueira
relacionados com o assunto, respondendo a
questões como: qual a causa da gagueira? ela
há muitos anos e, baseadas em suas experiências profissionais e vasta literatura, oferecem a
pode ser prevenida? a gagueira tem cura? os pais
devem corrigir a fala disfluente de seus filhos?
estudantes, professores, profissionais e
público em geral, informações úteis e atualiza-
quando procurar ajuda? qual é o profissional
que deve tratar da gagueira? A nova edição,
das a respeito da prevenção, surgimento,
evolução e tratamento deste distúrbio da
revisada, atualizada e ampliada, contém
orientações básicas em apêndice. Informações:
fluência da fala.
www.profono.com.br .
Prática da Audiologia Clínica
De autoria das fonoaudiólogas Teresa
Maria Momensohn-Santos e Ieda Chaves
mereceu um capítulo à parte), o processamento
auditivo e a apresentação de casos clínicos para
Pacheco Russo, este livro da Editora Cortez
chega em sua quinta. edição totalmente revisa-
facilitar o aprendizado dos alunos por meio de
exercícios. O último capítulo enfatiza a impor-
do e ampliado. O avanço da tecnologia, da
eletrônica e da informática propiciou a criação
tância dos cuidados que devem ser observados
pelo profissional que atua na clínica audiológica
de novos métodos e técnicas de avaliação da
audição, que tornava premente a atualização da
referentes à prevenção e eliminação de riscos
que possam comprometer a sua saúde no
obra. Nesta nova edição foram incluídos temas
que as autoras consideraram relevantes, como
exercício profissional, ou seja, a biosegurança na
prática audiológica. O livro é referência biblio-
um glossário de termos utilizados em audiologia, a aplicação clínica do mascaramento (que
gráfica em mais de 80 cursos de graduação em
Fonoaudiologia no país.
Terceiro CD de Compilação de Teses e
Dissertações da Fonoaudiologia Brasileira
O terceiro volume deste projeto da Pró-
autores.
Fono, recém-lançado, contém novas teses e
dissertações (Mestrado, Doutorado e Livre-
De acordo com a Pró-Fono, este sistema
permite a fácil localização dos textos, até então
Docência) depositadas na Pró-Fono, com
sistemas de buscas por títulos, assuntos ou
de difícil acesso, visibilidade e disseminação.
Informações em www.profono.com.br
Errata
No texto publicado na página 25 edição 59 em
que a professora dra. Vera Lúcia Garcia avalia o livro
Perdas
e roubos
Fga. Renata Salzani – CRFa 7002, comunica a
PROC – Protocolo de Observação Comportamental, foi
erroneamente identificada. A profa. Vera atua na USP –
perda de seu carimbo profissional.
Fga. Tatiana Lanzarotto Dudas - CRFa 12.597
Universidade de S.Paulo. Lamentamos a falha.
comunica a perda de seu carimbo profissional.
EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005
REVISTA DA FONOAUDIOLOGIA - 2ª REGIÃO - 25
Fiscalização
constata
irregularidades
A Comissão de Orientação
e Fiscalização (COF), com base
na legislação vigente, tem
Comissão de Ética
Em nossa atuação em audiologia ocupacional, outro dia ocorreu um fato que nos deixou
surpresas. Nos foi solicitado copiar um exame do ano anterior e assinar como se fosse um exame
atual. Lógico que não aceitamos isso e tentamos explicar que esse procedimento não podia ser
feito, que só poderíamos assinar um exame feito pela própria pessoa e com a data real.
Algumas fonoaudiólogas chegaram a argumentar que essa postura poderia prejudicar
nossa imagem na empresa, mas preferimos fazer o correto a denegrir nossa profissão, copiando
realizado um trabalho de
conscientização junto aos
exames anteriores e minimizando o real valor de nossos exames atuais. Talvez essa seja uma das
profissionais que atuam em
diversos estabelecimentos
função e gostaríamos de uma orientação...
implicações da lei que regulamenta os exames periódicos, sem que as pessoas entendam sua real
■
A questão relatada envolve um procedimento que algumas empresas e alguns pais
relacionados a Fonoaudiologia
no sentido de fazer cumprir o
de deficientes auditivos têm, com o intuito de agilizar o recebimento do resultado do
que é legalmente determinado.
Durante as fiscalizações, a
fornecer o exame sem ter praticado o procedimento.
exame audiológico. O fonoaudiólogo que relata este caso agiu corretamente ao se negar a
Se o fonoaudiólogo tivesse concordado em fornecer o exame, ele teria infringido o
COF tem se deparado com
diversas irregularidades, especi-
artigo 6, inciso V do Código de Ética que diz que ele deve assumir responsabilidade pelos
almente no que se refere à área
de Audiologia, o que fere as
praticado?), o artigo 7, incisos V e VI (receber por procedimento que não tenha efetiva-
determinações das Resoluções
do CFFa nº 295/03, que dispõe
(emitir relatório dos quais não tenha participado). Além disto ele correria o risco de
sobre a calibração de equipamentos eletroacústicos utilizados nas
quando somos solicitados a “copiar” um exame ou um relatório realizado por outro
avaliações audiológicas, e nº
296/03, que dispõe sobre a
perigos e as conseqüências desastrosas deste tipo de procedimento.
determinação do nível de
pressão sonora das cabinas/salas
de testes audiológicos.
A ausência dos certificados
de calibração dos equipamentos
eletroacústicos e de aferição das
cabinas/salas acústicas tem sido
constatada freqüentemente,
caracterizando assim, condições
inadequadas para que o fonoaudiólogo possa exercer suas
funções.
Este trabalho tem como
objetivo garantir os direitos do
consumidor enquanto usuário de
qualquer serviço fonoaudiológico, além de garantir que a
atuação do fonoaudiólogo se dê
conforme as determinações
legais.
atos praticados (como poderia assumir a responsabilidade se o ato não foi por ele
mente praticado e assinar procedimento realizado por terceiros) e artigo 10, inciso VII
assinar um procedimento que poderia não ter sido corretamente realizado. Desta forma,
profissional, ou por nós mesmos (há muito tempo), é importante que expliquemos os
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EDIÇÃO 62 - JULHO/AGOSTO 2005

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