consultoria empresarial: um caminho sustentável e

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consultoria empresarial: um caminho sustentável e
CONSULTORIA EMPRESARIAL: UM CAMINHO SUSTENTÁVEL
E LUCRATIVO NOS PEQUENOS NEGÓCIOS DE CAFÉ
Alda Nunes Barroso1
Resumo
Com o constante crescimento do mercado de cafeterias os empresários deste
segmento precisam levar em consideração uma série de fatores para
empreender os charmosos e pequenos negócios de café. Apesar do tamanho,
trata-se de uma estrutura bastante complexa, que exige planejamento, equipe
bem treinada e muito envolvimento por parte do proprietário. É necessário
muita habilidade e conhecimento para administrar o mercado de fornecedores,
que envolve máquinas, produtores de café, matérias-primas de qualidade;
estratégias para conquistar e manter clientes; concorrência; capacitação dos
colaboradores. Quando o empresário não possui o domínio dessas
metodologias é importante que ele recorra a profissionais que lhe auxiliem nas
tomadas de decisões estratégicas. É propósito deste artigo analisar de que
forma a consultoria empresarial, entendida como um serviço de
aconselhamento pode contribuir para iniciar ou fazer evoluir os pequenos
negócios de café de forma sustentável e lucrativa. Para desenvolvimento da
pesquisa foram realizados levantamentos bibliográficos sobre o tema e de
entrevistas junto a empresários e profissionais que atuam no segmento.
Palavras-chave:
planejamento.
1
consultoria
empresarial,
pequenos
negócios
de
Aluna do MBA em Gastronomia – SENAC MG – Belo Horizonte – [email protected]
café,
1 INTRODUÇÃO
A história do café, tanto no Brasil como no mundo, tornou-se um alimento
culturalmente gastronômico com um forte vínculo emocional e social, sendo
consumido diariamente pelas pessoas em diversos lugares e ocasiões.
A exploração de produtos e serviços em torno do café, as campanhas em favor
do seu consumo assumiram um caráter de permanência em todo o país. Nos
últimos anos, a cafeteria, uma espécie de boutique de cafés, onde se prepara a
bebida com grãos de alta qualidade, passou a ser cada vez mais um lugar de
encontro e descanso das pessoas.
A Associação Brasileira da Indústria do Café – ABIC, 2011, constatou em um
levantamento feito de 2003 a 2010, que o consumo de café tradicional
aumentou 307% entre os brasileiros acima de 15 anos e o café especial
cresceu 17% em 2010, no Brasil. O consumidor brasileiro tem qualificado o
produto, está mais exigente, quer inovação, e a indústria tem que responder à
altura, oferecendo o produto de qualidade, enfatiza Herszkowicz, diretor da
ABIC.
Dados como esses, justificam o número de cafeterías que abrem todos os anos
em vários estados do Brasil. Porém, o sucesso de um estabelecimento vai
muito além de sua estrutura. Os empresários deste segmento precisam
conscientizar da importância de uma série de fatores para empreender este
charmoso e pequeno negócio. Trata-se de um empreendimento bastante
complexo e para ter sucesso é fundamental planejamento, a presença e
administração do proprietário, treinamento e capacitação dos colaboradores,
inovação e ambiente agradável.
O presente trabalho aborda o papel que tem o consultor empresarial nesse tipo
de empreendimento. Geralmente um consultor auxilia na solução e prevenção
de problemas bem como na implantação de técnicas de gestão empresarial
bem-sucedidas.
Para realizar a pesquisa foram selecionadas dezoito (18) casas de café nos
diversos bairros da cidade de Belo Horizonte. As informações foram colhidas
através de entrevistas com os proprietários e/ou responsáveis pelo negócio,
entrevistas com consultores da área e de outras fontes secundárias:
levantamento bibliográfico em livros, revistas, pesquisas em sites relacionados
com o segmento, com o objetivo de identificar e analisar de que forma a
consultoria empresarial pode contribuir para iniciar ou melhorar o
desempenho deste tipo de negócio.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1
O café e sua história
O café é um alimento que faz parte da evolução da humanidade e sua história
é permeada por lendas, mitos, verdades e relatos.
A lenda de Khaldi,
registrada em manuscritos do Iêmen, é a mais conhecida sobre a descoberta
do café. Existem várias versões, a respeito da narrativa lendária com
contornos, cenários e personagens muito alegres e divertidos, resultado da
imaginação popular. Porém, a essência da descoberta do efeito estimulante
destes frutinhos vermelhos permanece.
Khaldi era um pastor de cabras da Etiópia (nordeste da África), que,
certo dia, observou o efeito excitante que as folhas e frutos de
determinado arbusto produziam em seu rebanho. Os animais que
mastigavam a planta se tornavam mais lépidos, subiam as
montanhas com agilidade, revelavam melhor resistência, percorriam
quilômetros de subidas íngremes. Ao experimentar os tais frutos, o
pastor confirmou seus dotes estimulantes, e a notícia se disseminou
pela região, provocando de imediato seu consumo, na forma
macerada...Seja (a lenda) fantasia ou realidade, importa registrar
que a revelação do potencial do grão projetou no mundo a planta
que, mais tarde, escreveria a história do Brasil. (MARTINS, 2008, p.
18).
A propagação inicial do precioso fruto ocorreu há mais de mil anos, na
Abssínia, hoje, Etiópia, por volta do ano 575 D.C. e em seguida levada para o
Iêmen, no Oriente Médio, por volta dos anos 1200 e difundindo-se a partir do
século XV, por todos os países árabes. Bressani, (2009).
Ao contrário do que sugere a palavra café não vem de Kaffa,
província em que foi cultivado, mas do árabe qahwa, que significa
vinho. Por isso, o café ficou conhecido entre os europeus como “o
vinho da Arábia”. Em 1450, a planta foi introduzida em Meca e em
1554, foi aberto em Constantinopla o primeiro café público do
mundo. Em 1615, mercadores venezianos introduziram-no na
Europa, onde vários estabelecimentos que serviam a bebida
começaram a surgir, reproduzindo as casas de café árabes. O
primeiro deles surgiu em Londres em 1652 e, no final do século XVII,
o Procope, o primeiro em Paris. (BRESSANI, 2009, p. 20).
Existem relatos que os holandeses foram os primeiros a conseguirem mudas
de café que foram cultivadas no Jardim Botânico de Amsterdã.
Em 1714, o rei Luís XIV foi presenteado com uma muda,
posteriormente plantada no Jardin des Plants, em Paris. Mais um
romântico capítulo da história do café foi escrito logo em seguida, em
1723, quando o oficial da marinha francesa Gabriel-Mathieu de Clieu
trouxe as primeiras mudas para a ilha da Martinica, na época,
colônia da França. Seriam as primeiras que aterrissavam na América
Central, atualmente bastante pródiga em cafés de alto nível. Conta a
lenda que o navio onde estava Gabriel fora atacado por piratas,
enfrentara forte tempestade e ficara sem água potável. Mas que,
preocupado em manter as mudas vivas, ele abriu mão de sua parte
de água doce para regar as plantinhas...o cultivo espalhou-se por
São Domingos, Cuba, Porto Rico...(BASTOS, 2008, p. 21).
A chegada do café ao Brasil, a exemplo das várias narrativas que envolvem a
trajetória desta planta do Oriente ao Ocidente, é envolta em relatos sedutores.
Consta oficialmente, segundo Bastos, 2008, que o Estado do Pará foi o
primeiro a receber as mudas do fruto. Em 1727, o capitão-general João da
Maia da Gama incumbiu o sargento-mor, Francisco de Melo Palheta para
resolver questões de fronteira na Guiana Francesa.
Ao chegar, foi recebido pela bela esposa do governador, Madame
D’Orvilliers. Foi a seu convite que experimentou pela primeira vez na
vida uma xícara de café. Durante a “degustação”, lamentou de forma
envolvente não haver no Brasil o arbusto do qual se extraía o
saboroso elixir. Após o momento a sós, o sargento e a esposa do
governador foram fazer um passeio pelo cafezal com o político. Ali,
sob a permissão do marido, a madame ofereceu gentilmente a
Palheta “uma mão cheia de pevides de café, praticando a galanteria
de ser a mesma que lhas introduziu no bolso da casaca”, para que
Palheta pudesse renovar, quando regressasse a Belém, o prazer
que então experimentara com a deliciosa beberagem. (BASTOS,
2008, p. 22)
O café espalhou-se nos estados do norte e nordeste. Em 1760 o plantio
chegou ao Rio de Janeiro e em 1790 iniciam-se plantios no Vale do Paraíba em
rota para São Paulo, em seguida ao Sul de Minas. Espalhou-se por todo o país,
a cultura, devido às condições favoráveis de clima e solo, diz Bressani (2009).
A riqueza do Brasil se concentrou na economia cafeeira durante quase todo o
século XIX e parte do século XX, enfatiza o autor. Em 1902, a superprodução
de café fez com que os preços baixassem gerando crise no setor. Em 1929,
com a quebra da Bolsa de Nova York, o café brasileiro perdeu seu maior
comprador, o preço despencou e o governo teve que intervir. Milhões de sacas
de café foram queimadas para diminuir a oferta mundial e recuperar o preço de
mercado, porém, sem sucesso. Em 1947 os preços do café voltaram aos níveis
anteriores. O café é um produto fundamental para a economia e política de
muitos países. Isto demonstra o quão importante é a atividade cafeeira no
processo de estruturação das economias dos países produtores, cita Bressani,
2009.
Alencar, 2011, em seu texto “o poder do café” na revista espresso,
complementa que mais de 60 países produzem café; é a segunda commodity
mais comercializada, atrás somente do petróleo; existem cerca de 100
espécies de café, mas apenas duas são comercialmente viáveis: a Coffea
arabica (arábica) e a Coffea canephora (robusta); a maior cooperativa do
mundo é brasileira, a Cooxupé, que fica em Guaxupé/MG.
De acordo com a matéria, acima citada, o Brasil exporta café para 126 (cento e
vinte e seis) países e detém 33% das exportações mundiais de café e exportou
33 milhões de sacas em 2010; os países que mais importaram o café brasileiro
em 2010 foram Estados Unidos, Alemanha e Itália. O café move o mercado
mundial, com consumo em todos os pontos do planeta. Os principais
destaques são:
a) Estados Unidos: maior consumidor do mundo. A norte-americana
Starbucks, maior cadeia de cafeterias do mundo, tem mais de 15 mil
lojas em cerca de 50 países.
b) Brasil: maior produtor e exportador mundial de café. A produção é igual
a dos outros seis maiores produtores mundiais somados. São 2,2
milhões de hectares de café plantados em 11 Estados produtores.
c) Escandinávia: Finlândia, Noruega e Dinamarca são os maiores
consumidores per capita de café. São consumidos 13 Kg de grãos cru
por ano.
d) China e Japão: novos mercados consumidores despontam por lá.
Pesquisas apontam que o consumo de café aumenta mais de 20% ao
ano.
e) Etiópia: considerado o berço do café, por deter a origem mais remota da
planta. De lá para os países árabes, o café ganhou o mundo.
f) Itália: apesar de o espresso ter surgido na França, é a Itália considerada
o berço do espresso, pelo aprimoramento das máquinas e técnicas de
extração. Os 60 milhões de habitantes consomem 40 milhões de
espresso por dia.
Ainda de acordo com a matéria, o brasileiro, a cada ano, bebe mais café. No
Brasil o café é a segunda bebida mais consumida, depois da água. Está
presente na casa de cada um, na história e em todo território nacional. Em
2010, o consumo foi de 19,13 milhões de sacas, ou seja, 4,81 Kg de café
torrado ou 6,02 Kg de grão cru por pessoa, quase 81 litros por ano, número
que bate o recorde mundial. Gera emprego e renda. São 8 milhões de
brasileiros na cadeia produtiva. Estima-se que a produção de café na safra de
2011, no Brasil, seja entre 41,89 milhões e 44,73 milhões de sacas de 60 Kg de
café beneficiado, sendo de 30,96 a 33,17 milhões de sacas de café arábica. Os
principais estados produtores são: Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Paraná e
Espírito Santo, finaliza a autora Alencar. De acordo com o diretor da Abic
Nathan Herszkowicz, a melhoria da renda, crescimento das classes A e B, tem
feito com que as pessoas gastem mais com alimentos de melhor qualidade e
isso acontece também com o café.
O Café além de bebida é um alimento culturalmente gastronômico com um
forte vínculo emocional e social, sendo consumido diariamente pelas pessoas
em diversos lugares e ocasiões. Segundo Savarin, 1995, a gastronomia está
relacionada à história natural, à física, à química, à culinária, ao comércio, à
economia política, em que ela governa a vida do homem, influenciando todas
as classes sociais. O “café tem vida própria e uma rica história”, enfatiza Anne
Ewing, diretora de desenvolvimento para a região do Meio-Oeste da Starbucks
- maior rede de cafeterias do mundo - e citado por Michelli 2009, p. 13.
A valorização desse produto passou a ser ainda maior quando ele
começou a ser tratado como parte dessa ciência (gastronomia). Saiu
da margem e foi para o topo, como um presente para os
apaixonados por essa bebida. E todos ganham muito com isso. (...)
Esse poder do café, esse prazer proporcionado, e tudo o que ele
influencia na área de gastronomia, economia, saúde, artes e história,
instiga a falar cada vez mais sobre ele e mostrar que não dá para
viver sem a preciosa bebida. (FONTES, 2011, p. 08).
Desta forma, o autor da matéria propõe levar aos apreciadores o máximo de
informações e novidades do mundo do café, sem parecer que é inatingível ou
complicado, ou que somente especialistas podem entender as nuances de um
preparo correto. “Ao contrário, café é tão popular, tão presente no dia a dia das
pessoas, que todos podem perguntar opinar, avaliar, provar e se deliciar cada
vez mais com ele”. (FONTES, 2011, p. 8).
O café também é bom para a saúde. Depois de muitos anos sendo contraindicado, pesquisas provam seus benefícios para o corpo humano. Buchalla,
2006, p. 96 diz que a cafeína é apenas uma entre as cerca de 1000 (mil)
substâncias que compõem o café. Hoje, médicos e cientistas dedicam-se ao
trabalho de analisar todos os elementos contidos no café. Já se concluiu que a
bebida tem substâncias antioxidantes, bastante potentes que reduzem o ritmo
do processo de envelhecimento. Os achados têm se revelado fascinantes,
revela a autora.
Na reportagem da revista Espresso , pesquisas mostram os benefícios do café
para o corpo humano, depois de muitos anos sendo contra-indicado.
O café possui minerais, aminoácidos, lipídios e açúcares. Tem
antioxidantes, que combatem os radicais livres. O café contém de
1% a 2,5% de cafeína. Ao tomar um café, a cafeína leva 15 minutos
para começar a agir no organismo. É um bom alimento porque
aumenta o valor nutritivo das refeições. É estimulante, o que melhora
a atenção, a concentração e a memória das pessoas. Aumenta a
disposição e a sensação de bem-estar. Combate o estresse e evita a
sonolência. Aumenta o rendimento físico e diminui a sensação de
fadiga. É bom para o coração porque previne doenças
cardiovasculares; e para a digestão, no equilíbrio da flora intestinal.
Ajuda na prevenção da depressão, cirrose, diabetes, câncer, Mal de
Parkison e outras doenças. A quantidade ideal de consumo diário é
de quatro xícaras de 125 ml. Gestantes e crianças podem consumir
com moderação, sem prejuízo para a saúde. Não escurece os
dentes. (ALENCAR, 2011, p. 49).
A Associação Brasileira da Indústria do Café - ABIC - lançou em 2005 um
projeto “Café na merenda, saúde na escola” com a parceria de empresas com
o objetivo de disseminar os benefícios do café em doses moderadas,
propiciando à atividade intelectual e à prevenção de doenças.
2.2
As micro e pequenas empresas e sua importância para a economia
do Brasil
Microempresa é um conceito criado pela Lei n. 7.256/84 e, atualmente,
regulado pela Lei n. 9.841, de 5.10.99, que estabelece normas também para as
empresas de pequeno porte, em atendimento ao disposto nos arts. 170 e 179
da Constituição Federal, favorecendo-as com tratamento diferenciado e
simplificado nos campos administrativo, fiscal, previdenciário, trabalhista,
creditício e de desenvolvimento empresarial. Trata-se de uma política de
desburocratização, com o intuito de agilizar o funcionamento dos pequenos
organismos empresariais, segundo o Sebrae, 2011.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –
Sebrae – é a principal entidade que apoia os empreendedores
brasileiros. Foi criado por lei de iniciativa do Poder Executivo, mas é
predominantemente administrado pela iniciativa privada. A instituição
é resultante de uma decisão política, que atende aos anseios dos
empresários e do Estado, que se associaram para criá-la e
cooperam na busca de objetivos comuns. Sua criação ocorreu em
1990 pelas Leis 8.029 e 8.154, sendo regulamentado no mesmo ano
pelo Decreto n. 99.570. (DORNELAS 2005 p. 198).
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Estatística – IBGE - 2003, as
Micro e Pequenas Empresas - MPE's - nas atividades de comércio e serviços
cobrem cerca de 80% da atividade total deste segmento, tanto em termos da
receita gerada como das pessoas nele ocupadas.
Pesquisas mostram que nos últimos anos, as empresas de pequeno porte
registraram uma evolução significativa em sua taxa de sobrevivência no Brasil,
diz Schneider, 2011, através da revista mercado do Brasil. Menciona também
que em 2002 enquanto cerca de 51% dos pequenos negócios sobreviviam aos
dois primeiros anos de vida, hoje, o índice alcança os 80% - chegando a
superar os 85% em alguns estados. A autora em entrevista a Carlos Alberto
dos Santos, diretor técnico do Sebrae e doutor em economia se diz animado
com esta perspectiva e que a tendência é de surgirem pequenos
empreendimentos bem-sucedidos no País. Na entrevista, o especialista em
economia, reforça o papel das micro e pequenas empresas na economia
brasileira:
As micro e pequenas empresas brasileiras têm uma dimensão social
e econômica importante para o País. Elas respondem por 99% das
empresas formais e são responsáveis por mais de 53% dos
empregos com carteira assinada. Então, elas são geradoras de
emprego e renda com melhor distribuição no País. O total de
riquezas que produzem tem participação de 20% no PIB - Produto
Interno Bruto do Brasil. Decididamente, elas promovem o
desenvolvimento local e regional. Os maiores desafios na atualidade
são reduzir a informalidade e dobrar a fatia de participação das
empresas de pequeno porte no PIB nacional. São desafios bons
para um País que cresce e se destaca no cenário mundial.
(SANTOS, 2011, citado por Schneider).
Em matéria postada por Gasparim, 2011, a importância das Micro e Pequenas
Empresas para a economia brasileira foi destaque durante a posse da nova
diretoria do Sebrae e da presidência do Conselho Deliberativo Nacional. O
novo presidente da instituição, Luiz Barretto, segundo Gasparin, 2011, afirmou
que os negócios de micro e pequeno porte somam quase seis milhões de
empresas no país e empregam 53% da força de trabalho formal e que estas
empresas são as grandes geradoras de oportunidades de emprego e renda e
também o motor do mercado interno. Durante a cerimônia o ex-presidente do
Sebrae, Paulo Okamotto salientou que as micro e pequenas empresas são
uma forma de distribuir conhecimento, criar oportunidades e poder para todos.
Diz a matéria acima que o propósito do SEBRAE é trabalhar de forma
estratégica, inovadora e pragmática para fazer com que o universo dos
pequenos negócios no Brasil tenha as melhores condições possíveis para uma
evolução sustentável, pois estas empresas ajudam a criar riquezas regionais
de forma muito mais justa e rápida, do que as grandes corporações, finaliza
Gasparin.
Apesar do grande crescimento dos pequenos negócios, segundo Mai, 2006,
alguns deles não conseguem se manter no mercado, por diversos motivos, e
acabam por encerrar suas atividades muito antes do esperando. Estudos
mostram que um dos maiores causadores de danos a essas empresas é a falta
de gestão administrativa e financeira por parte do proprietário do negócio. Ou
seja, muitas vezes falta capacitação profissional ou orientação para dirigir estas
pequenas empresas explica o autor.
Devido à grande capacidade empreendedora do brasileiro, cada vez mais
pessoas com pouca capacidade gerencial embarcam no projeto de virar patrão.
Essa falta de experiência administrativa aliada à dificuldade de se manter em
um mercado cada vez mais competitivo, faz com que seja necessário buscar
meios que possam dar uma maior sustentação a essas empresas, conclui Mai,
2006.
Para Porter (1995, p. 12) "quanto menor a empresa mais importante é a
estratégia". Ele usa esta afirmação, pois, empresas menores sofrem mais com
variações da economia, além da dificuldade de se gerenciar orçamentos
apertados e carga tributária excessiva.
As cafeterias fazem parte do universo das micro e pequenas empresas. Abrir
um pequeno café é o sonho de muitas pessoas que pensam em partir para o
próprio negócio. Segundo o Sebrae, 2001, trata-se de um dos mais charmosos
e tradicionais negócios do ramo de alimentação.
As cafeterias vieram da Europa carregadas de história. Em Paris,
foram pano de fundo tanto para a euforia da Belle Époque como para
o terror da ocupação nazista. Em Lisboa ou no Rio de Janeiro não foi
diferente. Em torno de suas mesas sentaram-se personagens
ilustres. Fernando Pessoa e Manoel Bandeira foram sempre clientes
assíduos. Não é difícil imaginar que o encontro de Sartre com
Simone de Beauvoir aconteceu num despojado, mas elegante, café
parisiense. Ao sabor de aromáticos cafés, já se fez poesia, filosofia,
cinema. Já se organizaram levantes e resistências. Já se amou já se
sofreu ou simplesmente se viveu. (SEBRAE 2001).
A jornalista gastronômica Bastos, 2008, reforça que: seja em Paris, Roma,
Turquia, Nova York ou São Paulo, a cultura da cafeteria está plenamente
arraigada, com um público que vai ao local para tomar uma xícara, ler um
jornal, encontrar amigos, filosofar..., diz a autora. É um segmento que tem
contagiado desde as grandes cidades até pequenas cidades do interior.
Em Belo Horizonte, segundo pesquisa????, onde não havia mais do que três
casas especializadas na década de 90, atualmente há mais 40???? cafeterias,
dentro do novo padrão. Nos mais diferentes bairros da cidade, podem-se
encontrar dezenas de cafés charmosos, ou seja, verdadeiras “boutiques de
café”, onde as pessoas podem degustar lanches leves e saudáveis, ler um bom
livro, jornal, apreciar arte, ouvir uma boa música, adquirir presentes,
intermediar negócios, acessar a internet, além da identificação dos clientes
com outras pessoas que freqüentam o local, com funcionários que os cativam
ou, ainda, com o proprietário, que possui características que as agradem ou
com as quais elas sintam-se confortáveis. Um ato humano de recepcionar,
alimentar e entreter pessoas, fazendo com que elas se sintam queridas.
Para fomentar este mercado tão promissor, as campanhas em favor do
consumo de cafés no Brasil assumiram um caráter de permanência.
Constantemente, nos mais diversos locais do país, a população tem acesso a
um amplo leque de informações referente ao produto. Nathan Herszkowick,
diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), através
da revista Anuário Brasileiro do Café, 2006, afirma que o crescimento nos
índices de consumo, apresentados ano após ano, reflete o acerto desse tipo de
ação. Desde maio de 2005, o Brasil conta com uma data especial para celebrar
os grandes feitos envolvidos pela magia do café. Incorporado ao Calendário
Brasileiro de Eventos, o 24 de maio celebra o início da colheita e homenageia a
bebida consumida por 95% pela população brasileira, segundo estatística.
A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), num
reconhecimento da importância dessa comemoração, desde a
escolha da data passou a incentivar indústrias, produtores,
exportadores, cooperativas, jornalistas, artistas, escritores e
consumidores a retribuírem com uma homenagem especial.
(ANUÁRIO BRASILEIRO DE CAFÉ, 2006, p. 119).
Vale ressaltar a fala de Guivan Bueno, 2006, na época presidente da Abic, a
respeito da válida iniciativa de manter sempre a bebida em evidência:
A data enaltece toda a cadeia produtiva, do grão até à xícara, e
aplaude todos os segmentos que investem continuamente para
oferecer ao consumidor brasileiro um café de qualidade, com muito
aroma e sabor. (ANUÁRIO BRASILEIRO DE CAFÉ, 2006, p. 119).
Para valorizar ainda mais a bebida “café” foi criado em Belo Horizonte 2011, o
Circuito de Cafeterias, em comemoração ao Dia Nacional do Café, com início
em 24 de maio até 24 de junho. O circuito reúne algumas cafeterias da capital
em um Guia – Circuito de Cafeterias – com o objetivo de proporcionar aos
entusiastas da bebida, o conhecimento dos mais diversos produtos derivados,
além de tornar o mercado cada vez mais fortalecido. Viana 2011.
O Campeonato Brasileiro de Barista, que acontece todos os anos, desde 2002,
apoiado pelo Campeonato Mundial e de outros concursos internacionais é
outra forma de levar informação ao consumidor sobre a importância da
profissionalização da atividade, além de promover o hábito do consumo dos
cafés especiais, conforme Associação Brasileira de Café e Barista (ACBB),
2008.
Porém se engana quem pensa que entrar no ramo é simples. Para ter sucesso,
um negócio de café exige uma grande dose de dedicação do proprietário.
Fazer um bom planejamento, investir nos equipamentos e produtos adequados
contratar e capacitar os profissionais certos para que possam esclarecer todas
as dúvidas sobre o café, suas técnicas de preparo, bem como instruí-los
quanto ao manuseio do maquinário utilizado na preparação da bebida, é
fundamental, esclarece Silva, 2006.
Atualmente, os consumidores estão cada vez mais exigentes. Selecionam com
critério o café que querem tomar e estão dispostos a pagar mais caro por um
produto que lhes dê prazer. Fontes, 2009 reforça que na gastronomia ótimos
ingredientes, boa receita e executante caprichoso são requisitos básicos para
preparar uma bebida de qualidade.
No entender de Bressani (2009), o preparo do café tornou-se um elo
extremamente importante na cadeia, completando o ciclo que leva da semente
até à xícara. Hoje, com os programas criados e implementados pela
Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), focados na pureza, na
qualidade e sustentabilidade, tem-se acesso a uma boa matéria-prima. Porém,
não o suficiente para garantir um espresso com qualidade. Para fechar esse
ciclo, Fontes, 2009, aponta um grande aliado:
o barista. Profissional que se dedica a preparar o café com paixão,
atenção. Esta profissão ainda busca espaço no mercado, seja em
cafeterias, restaurantes ou solo, mas uma coisa é fato: sem ele o
café não recebe o cuidado que merece. Fazendo uma comparação,
é como a relação do sommelier com o vinho, do chef com a comida,
do confeiteiro com a sobremesa. (FONTES, 2009).
“Os baristas são especialistas no preparo do café e têm atuação fundamental
na divulgação junto ao consumidor final”. (BRESSANI 2009). O autor, citado,
considera que, aos poucos, o apreciador será capaz de identificar preferências
de aroma suave ou intenso, de bebida leve ou encorpada, de torra média ou
escura, de moagem fina, média ou grossa, por exemplo. O barista qualificado é
um artesão e um artista que pode extrair todo o potencial do café, enfatiza
Bressani. Nenhum barista deve trabalhar em uma máquina de espresso sem
ter bons conhecimentos sobre grãos, cultivo, colheita e beneficiamento,
princípios de torra e da moagem, ou seja, satisfazer a curiosidade dos
consumidores em questionamentos de como é composto o blend? É um puro
bourbon? É um blend de café natural, cereja descascado e despolpado? Qual a
qualidade da bebida extraída a partir desses grãos? É uma bebida dura, mole,
estritamente mole?, ressalta o autor citado acima. O profissional “barista” tem a
responsabilidade de transmitir o conceito de qualidade para quem aprecia a
bebida. “Do freqüentador ao proprietário da loja, todos ganham com esse novo
status do profissional, conhecedor do tema”, completa Bressani 2009.
E para participar de um mercado tão competitivo e exigente como o de
cafeteria, precisa estar muito bem posicionado e ter um planejamento
estratégico, com a ajuda de profissionais dotados de informações e
conhecimentos amplos. Em razão disto, uma das ferramentas mais importantes
para o desenvolvimento humano e empresarial cada vez mais utilizado é o
treinamento, que faz parte do serviço de consultoria.
2.3
Consultoria empresarial e sua função na empresa
Apesar do grande crescimento das pequenas empresas, muitas não
conseguem se manter no mercado e acabam por encerrar suas atividades
muito antes do esperado. Segundo Mai, 2006, um dos maiores causadores de
danos a essas empresas é a falta de gestão administrativa e financeira por
parte do proprietário do negócio. Esta falta de gestão aliada à dificuldade de se
manter em um mercado cada vez mais competitivo, faz com que seja
necessário buscar meios que possam dar uma maior sustentação a essas
empresas, esclarece o autor citado acima.
Partindo desse contexto de dificuldades encontradas pelas micro e pequenas
empresas, a consultoria empresarial em forma de parceria torna-se uma
grande fonte de perspectiva de sustentabilidade para o negócio. É a
oportunidade de integrar os conhecimentos necessários que a consultoria
oferece à demanda que a empresa necessita para ter um desenvolvimento
organizado e sustentável, pondera Mai, 2006.
A consultoria empresarial é um segmento que tem crescido no mundo inteiro.
Jacintho, 2004, afirma que, hoje, a atividade de consultoria começa a ganhar
terreno para fazer frente ao novo cenário de intensa concorrência entre as
empresas, pois para adaptar-se ao ambiente de incertezas e mudanças, as
organizações necessitam de uma grande variedade de informações e
habilidades. É um processo interativo de um agente de mudanças externo à
empresa, o qual assume a responsabilidade de auxiliar os executivos e
profissionais da referida empresa nas tomadas de decisão, não tendo,
entretanto o controle direto da situação. Além de diminuir os custos, os
benefícios de se contratar uma consultoria estão no fato de que o profissional
consultor não está contaminado pelos prováveis vícios de gestão préexistentes, reafirma o autor.
A alternativa de manter no quadro de pessoal tantos especialistas
quanto for necessário é, não só onerosa, como limitante. Onerosa
porque este profissional especialista não seria necessário em tempo
integral, e fatalmente seria desviado para atividades de menor grau
de especialização, que um empregado que receba menor
remuneração poderia exercer. Limitante porque deixa de trazer para
a empresa experiências que o profissional pode trazer e que serão
benéficas para facilitar o processo de mudança que se faça
necessário. (JACINTHO 2004, p....).
Na profissão de consultor, segundo Azevedo, 2011, ainda há uma grande
resistência de muitos empresários em recorrer ao apoio dos serviços de
consultoria empresarial. Têm certa dificuldade de aceitar a idéia de ter um
profissional, dando orientações sobre seu próprio negócio. A consultoria,
segundo o autor citado acima, é considerada uma das mais antigas do mundo.
A origem da palavra vem do latim consultare, que significa aconselhar e
também ser aconselhado, complementa o autor citado acima.
[...] a consultoria não é uma profissão em si mesma, mas uma
maneira de exercer uma profissão. O engenheiro que dá consultoria
permanece, em primeiro lugar, um engenheiro e, só depois disto, um
consultor. O médico que dá consultoria não desiste de ser, em
primeiro lugar, um médico, e nem qualquer uma das outras pessoas
que se voltam para a consultoria muda a sua profissão. Elas
simplesmente modificam a maneira e, muitas vezes, o tipo de
indivíduos e de organizações aos quais prestam os seus serviços.
(JACINTHO, 2004, p. 28).
O consultor deve ser um profissional bem preparado e que possua um
comportamento ético, buscando sempre maximizar o interesse da empresa
cliente. O autor aconselha que a base desta vocação seja efetuada por um
tripé:
a) A integridade que o profissional precisa para atuar como
consultor;
b) O valor que o profissional da consultoria proporciona para a
empresa-cliente;
c) A felicidade que o consultor tem e expressa por sua atuação
profissional. (JACINTHO, 2004).
Os objetivos de uma consultoria podem ser analisados e definidos tanto pelo
consultor ou da empresa-cliente. A proposta do consultor é efetuar um trabalho
de busca e solução de falhas nos processos internos das empresas, ajudar a
empresa-cliente na solução dos problemas, oferecer um trabalho de qualidade
com soluções práticas, respeitando sempre o tipo e porte da empresa. A
empresa que passa por uma transformação tende a absorver as mudanças de
maneira lenta, portanto todo o trabalho do consultor deve ser feito de maneira
gradativa, porém constante. O maior objetivo do consultor é demonstrar para o
cliente que o dinheiro investido por ele em um processo de consultoria trará
benefícios a partir do momento que houver uma conscientização de toda
empresa, da importância de mudança metodológica e uma nova postura
quando algo está errado na empresa. Mai, 2006.
3 DEMONSTRAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Apresenta-se a seguir os principais dados realizados em um estudo
exploratório através de consultas bibliográficas e pesquisa de campo realizada
durante o mês de junho e julho/2011, junto a empresários e profissionais que
atuam no segmento de pequenos negócios de café na cidade de Belo
Horizonte/MG, com o intuito de saber de que forma a consultoria
empresarial pode contribuir para atender as necessidades básicas de
quem quer iniciar ou melhorar os pequenos negócios de café.
O café é a mais universal das bebidas. Ele sempre esteve presente na vida das
pessoas. Numa terra de tantas culturas, hábitos, aromas e paladares como o
Brasil, o café consegue estar a um só tempo em todos os lugares e cada vez
mais os consumidores se sentem atraídos pelo ambiente das cafeterias e o
interesse pelos cafés finos e de qualidade superior. Esta nova era cultural da
bebida desperta o grande interesse pela abertura de pequenos e charmosos
negócios de café. Trata-se de um segmento que faz parte das micro e
pequenas empresas e tem uma importância fundamental na criação e
preservação das riquezas regionais de forma mais justa e rápida do que
grandes corporações.
As empresas de menor porte enfrentam maiores dificuldades em decorrência
de fatores como inexperiência ou falta de planejamento por parte do
proprietário, explica Mai, 2006. Muitos empresários esquecem de condições
básicas para iniciar ou melhorar um negócio e simplesmente preferem executar
atividades de forma desordenada sem dedicar tempo para planejar e elaborar
um plano de negócio. E quando o assunto é planejamento, falar em consultoria,
muitas vezes é ofensa para os investidores mais desatentos ao mundo
empreendedor, reforça o autor citado acima.
Foram entrevistados dezoito (18) pequenos negócios de café dos quais nove
(9) participaram do circuito de cafeterias, evento com o objetivo de tornar o
mercado cada vez mais fortalecido. O tempo que estas empresas estão em
funcionamento no mercado varia de dezessete (17) anos a seis (6) meses.
Parte dos entrevistados (60%) justificou que o grande interesse de abrir este
tipo de negócio foi a oportunidade em virtude do crescimento do mercado dos
cafés especiais e trinta por cento (30%) por achar uma área interessante e dez
por cento (10%), do sexo feminino, disse que sempre sonhou em ter este tipo
de negócio, ou seja, realização pessoal. Oito (08) do total dos cafés
entrevistados são administrados pelos proprietários. Permanecem ali porque
gostam muito do que fazem e têm prazer em receber os clientes e compartilhar
idéias e sugestões. São verdadeiros anfitriões. Prestam um atendimento
personalizado, onde os clientes se reportam à hospitalidade da casa de entes
queridos. Esta forma de tratamento é uma das características bem sucedida
deste tipo de negócio e o grande diferencial, segundo os autores pesquisados.
Percebe-se que os locais administrados pelos proprietários têm um
atendimento humanizado, com sentimento, não é plastificado, automático ou
robotizado, é o que expressa um dos entrevistados. Ressalta ainda que é um
negócio personalíssimo, sabe de tudo que acontece no dia a dia e gosta muito
do que faz.
Quanto à dificuldade de gestão desse segmento, o setor mais complicado e
mais dificulta no processo de abertura do negócio, na opinião dos entrevistados
é o de pessoal. O elemento humano é de fundamental importância para o
sucesso de locais que trabalham com café. Desta forma é necessário capacitar
os colaboradores para que possam esclarecer todas as dúvidas sobre o café,
suas técnicas de preparo, bem como instruí-los quanto ao manuseio do
maquinário utilizado na preparação da bebida, esclarece Silva, 2006. Parte dos
entrevistados ainda desconhece a importância do profissional “barista” no
ambiente das cafeterias. Muitas vezes os estabelecimentos possuem um bom
equipamento, um grão de qualidade, no entanto falta mão de obra qualificada
para operar. Bressani, 2009 diz que o barista qualificado é um artesão e um
artista que pode extrair todo o potencial do café. Precisa de bons
conhecimentos sobre grãos, cultivo, colheita e beneficiamento, princípios de
torra e da moagem a fim de satisfazer a curiosidade dos consumidores cada
dia mais exigentes, enfatiza o autor. É muito difícil encontrar, no mercado,
profissionais treinados para esta atividade. A melhor alternativa, segundo os
consultores entrevistados é o treinamento dentro da própria empresa, por
profissionais da área, ou seja, consultores com conhecimento e experiência.
O segundo maior complicador da atividade é qualidade no atendimento, em
terceiro lugar foi apontado higiene e segurança e em quarto lugar o cliente. Na
opinião dos consultores entrevistados todos estes setores selecionados em
relação aos dificultadores na gestão de uma cafeteria, dependem de
investimento contínuo de um profissional no intuito de aumentar a capacidade e
as habilidades dos colaboradores. Higiene, limpeza e organização do local de
trabalho, principalmente quando se trata de Alimentos e Bebidas, precisam
estar sempre impecáveis. Fontes, 2009 reforça que, na gastronomia, ótimos
ingredientes, boa receita e executante caprichoso são requisitos básicos para
preparar uma bebida de qualidade. O funcionário deve estar sempre
bem
apresentável. O uniforme discreto, limpo e bem conservado demonstra zelo
para com o cliente. São detalhes,
que se não for dada a devida atenção,
compromete o setor. Outro ponto fundamental é o cliente. Para muitos não é
tão complicado, porém o mais importante. Nesse tipo de negócio o cliente quer
um atendimento personalizado. A dedicação e atenção são primordiais a fim de
garantir a sua fidelização.
No quesito a respeito da estratégia utilizada pelos responsáveis para atrair e
manter os clientes foi apontado, por ordem de prioridade: qualidade, variedade,
atendimento, ambientação. Atualmente, os consumidores estão cada vez mais
exigentes. Selecionam com critério o café que querem tomar e estão dispostos
a pagar mais caro por um produto de melhor qualidade. Bastos, 2008 enfatiza
que as pessoas vão a esses locais não só para tomar uma xícara de café, mas
para degustar lanches leves e saudáveis, ler um jornal, acessar a internet,
encontrar amigos, adquirir presentes, filosofar..., diz a autora. Cafeterias são
abertas, mas nem sempre dispõe de mão-de-obra qualificada, o que
compromete a qualidade do produto final e do serviço oferecido. Os autores
pesquisados foram unânimes em salientar a importância da presença de
colaboradores com conhecimento sobre o processo de extração do café. Os
baristas além de saberem operar a máquina de café espresso e o moinho,
precisam demonstrar simpatia e cortesia no atendimento. Para isto, os
consultores entrevistados fazem questão de ressaltar a importância de como
contratar e investir em treinamento. Uma contratação equivocada, um grupo de
pessoas apenas para ocupar funções ou preenchimento de vagas, pode
comprometer toda a produtividade e ainda gerar custo desnecessário. Dois dos
cinco consultores entrevistados apontaram que o grande segredo é treinar uma
equipe com pessoas sem “vícios de trabalho” adquiridos em atividades
anteriores, pois assim torna-se mais fácil o ensino com a filosofia da empresa.
O depoimento de um entrevistado mostrou a importância do método de
trabalho em equipe dentro desta filosofia. Quando contrata alguém, sem os
princípios básicos da empresa, os próprios funcionários manifestam a
incompatibilidade. A devida atenção ao treinamento é muito importante para
manter a equipe motivada. É o que foi relatado por alguns entrevistados.
Apenas quatro (4) das dezoito (18) empresas entrevistadas demonstraram esta
preocupação. Estes fazem encontros semanais e/ou mensais, ressaltando a
filosofia básica da empresa, como: respeito, ética, tratamento educado,
cooperação, solidariedade porém, em contrapartida dão devida atenção ao
pagamento em dia, horário, alimentação adequada, motivação, ou seja,
deveres e direitos respeitados. Os consultores entrevistados manifestaram a
importância que é preciso ser dada em relação ao item citado acima, para que
a equipe tenha orgulho da empresa onde trabalha. Outro detalhe essencial na
fidelização e manutenção do cliente é o ambiente que deve ser especial e
confortável, tanto para
os freqüentadores
do local quanto
para
os
colaboradores. Os entrevistados da área de consultoria despertam para a
importância de um minucioso projeto elaborado em consonância com o tipo e
tamanho do estabelecimento, com a quantidade e variedade de alimentos que
se pretende oferecer.
Quanto ao assessoramento ao iniciar o negócio, todos os entrevistados
admitiram ter tido apoio por parte de pessoas que conheciam o ramo da
atividade e/ou por empresa de consultoria ou consultor da área. Neste
momento de grande expectativa de como fazer funcionar o negócio é
importante ter alguém para dar suporte. Lamentam não saber onde buscar
pessoas com especialização para os diferentes setores que esse pequeno e
complexo negócio exige.
Estudos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –
SEBRAE indicam que a maioria (57%) das micro e pequenas empresas fecha
suas portas com menos de cinco (05) anos no mercado. É um índice bastante
preocupante e que poderia ser evitado com o apoio de profissionais mais
experientes. Cem por cento (100%) dos proprietários das cafeterias
entrevistadas conhecem ou já ouviram falar sobre os serviços de consultoria do
SEBRAE. De acordo com Argenta, consultora da área, o empresário muitas
vezes contrata uma consultoria depois que o problema já está instalado na
empresa, tornando a situação bastante delicada. A consultoria deveria ser
contratada como preventivo. Oitenta por cento (80%) dos entrevistados já foi
beneficiado por algum tipo de orientação e que o resultado foi positivo. Diante
de um mercado tão competitivo o uso de um serviço de consultoria pode ajudar
a mantê-lo no mercado com um crescimento sustentável.
Pode-se perceber que os empresários do segmento, bem sucedidos, e que em
conseqüência, estão há mais tempo no negócio, têm qualidades especiais
comuns. Estão conscientes e dispostos a inovar, adquirir e buscar
conhecimentos adequados ao negócio. Para estes empreendedores o sucesso
de uma cafeteria está muito além da estrutura. Trata-se de um mercado com
bastante complexidade que envolve café, alimentos, bebidas e pessoas com
alto nível de exigência. Por não terem tempo suficiente para acompanhar as
mudanças e inovações de mercado precisam buscar profissionais dos mais
diferentes setores para assessorá-los, sempre. Esse tipo de visão é
característico de empreendedoras de sucesso. Para Dornellas 2001, os
empreendedores sabem explorar as oportunidades, são determinados e
dinâmicos, dedicados ao trabalho, otimistas, apaixonados pelo que fazem e
sempre à procura de atualização no segmento que atua. 80% dos
entrevistados atribuem a causa do sucesso dos pequenos negócios à
capacidade empreendedora, onde a pessoa tem um sonho, vê uma
necessidade e tenta ser inovador criando algo diferente, tentando conquistar
uma
parcela
do
mercado,
através
de
clientes
fidelizados,
o
que
consequentemente trará bons resultados para a empresa. Os outros 20% dos
entrevistados atribuem habilidades gerenciais como fator preponderante para o
sucesso.
Um dos entrevistados disse que se não houvesse contratado o serviço de uma
consultoria, provavelmente não sustentaria o negócio. O apoio em relação ao
projeto, layout, equipamentos, fornecedores, elaboração de cardápio, pesquisa
de
mercado,
precificação
dos
produtos,
treinamento
operacional,
foi
fundamental para superar os desafios ao iniciar o empreendimento. Outro
depoimento enfatiza a satisfação que teve ao pagar o trabalho da consultoria
prestado. Através do apoio durante o projeto e no dia da abertura sentiu mais
seguro e confiante na tomada de decisões e nos inevitáveis imprevistos.
Apesar de reconhecer o grau de importância de uma consultoria na empresa,
alguns empresários têm uma grande resistência em recorrer a este serviço.
Têm dificuldade de aceitar a idéia de ter um profissional, dando orientações
sobre seu próprio negócio, conforme foi dito por Azevedo 2011. Desconhece
que a função do consultor é identificar as origens e propor soluções para os
problemas, as dificuldades e necessidades da organização e além disso, o
profissional consultor não está contaminado pelos prováveis vícios de gestão
preexistentes.
Para Mai, 2006, a consultoria empresarial em forma de parceria torna-se uma
grande fonte de perspectiva de sustentabilidade para o negócio das empresas.
É a oportunidade de integrar os conhecimentos necessários que a consultoria
oferece à demanda que a empresa necessita para ter um desenvolvimento
organizado e sustentável, reafirma o autor.
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O presente trabalho tem como objetivo analisar de que forma a consultoria
empresarial pode contribuir para iniciar ou fazer evoluir os pequenos negócios
de café de Belo Horizonte, de maneira sustentável e lucrativa. Através das
pesquisas, entende-se que a consultoria empresarial por intermédio da
transmissão de conhecimento, métodos e técnicas possui embasamento
necessário para auxiliar os proprietários das cafeterias.
O auxílio aos empresários na identificação e resolução dos pontos críticos de
seus empreendimentos através da difusão de novas perspectivas e tecnologias
de planejamento, gestão empresarial, análise dos empreendimentos sob uma
ótica administrativa, identifica potencialidades e ajustes que possibilitam um
crescimento sustentável desses pequenos negócios.
Quanto à consultoria empresarial foram apresentados conceitos de diferentes
autores para que um embasamento teórico fosse formado. As características e
os objetivos foram destacados a fim de demonstrar a importância dessa
ferramenta da administração.
O diagnóstico da necessidade de consultoria foi confirmado por meio da
pesquisa de campo e aplicação de questionários, onde os empresários
pesquisados puderam expor seus pensamentos e dificuldades frente às
constantes mudanças que o mercado impõe.
Conforme dados da pesquisa realizada junto aos proprietários das cafeterías
de Belo Horizonte/MG, nota-se que a consultoria empresarial é um serviço
conhecido por cem por cento (100%) dos empresários entrevistados, porém
trata-se de uma ferramenta pouco utilizada ainda no mercado da região.
Com o crescimento constante do mercado de cafeterias os proprietários e
futuros empresários deste segmento têm que tomar inúmeras decisões, ou
encarar tudo sozinho correndo atrás de tudo, gerando muito desgaste e
incertezas.
A pesquisa demonstra que a Consultoria empresarial é uma forma de auxiliar
estes empresários ...................................................................
Pode-se, ao término deste trabalho de pesquisa, com base nos relatos dos
empresários entrevistados e na pesquisa elaborada, sugerir algumas ações
....................................................................................................
Ainda vou concluir melhor...................
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