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Vol. 18 | N.º 1 | 2008-ISSN 0871-6099. Revista da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia PUBLICIDADE ABBOTT CHIROCAINE FICHA TÉCNICA EDITOR INTERINO Lucindo Ormonde EDITORES ASSOCIADOS INTERINOS Isabel Aragão, Rosário Orfão CONSELHO EDITORIAL Jorge Tavares, Rui Araújo, Jorge Reis, Cristina Granja, Pedro Amorim, Fernando Vale, Joaquim Viana, José Manuel Caseiro, Manuel Seabra, Figueiredo Lima, Pedro Branca, Carlos Bento DIRECÇÃO DA SPA Presidente Lucindo Palminha do Couto Ormonde Vice Presidente Isabel Maria Marques de Aragão Fresh Secretário Maria do Rosário Lopes Garcia Matos Orfão Tesoureiro Maria de Fátima da Silva Dias Costa Gonçalves Vogal Rui Nuno Machado Guimarães ASSEMBLEIA GERAL Presidente José António Bismarck de Melo 1º Secretário Maria do Rosário Santos Rocha Tavares Fortuna 2º Secretário António Manuel Coelho Marques Costa CONSELHO FISCAL Presidente Maria Manuela Marques Proença 1º Vogal Pedro Augusto da Conceição Santos Garcia 2ª Vogal Maria Luísa Graça Teixeira Almeida Gomes S.P.A. World Trade Center Av. do Brasil, 1, 5º, Sala 6 1749-008 Lisboa Tel. 91 3609330 E.Mail: [email protected] PUBLICIDADE Media Style, Publicidade e Marketing, Lda Rua Palmira Bastos, 7, 7ºA 2810 - 262 Almada Tel.(00351) 21 250 03 47 Fax. (00351) 309 992 878 Telm. (00351) 96 923 02 24 E-mail: [email protected] Geral: [email protected] ISSN 0871-6099 Tiragem: 2500 exemplares - Publicação periódica Propriedade e administração da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia Depósito Legal nº 65830/93 Preço avulso: 7,5 € / número Assinatura: 6 edições / 35 € Vol. 18 | N.º 1 | 2008-ISSN 0871-6099. Revista da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia Vol. 18 | N.º 1 Revista da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia ÍNDICE 03 FICHA TÉCNICA 08 EDITORIAL 10 ESTUDO RETROSPECTIVO DE DOENTES MEDICADOS COM DULOXETINA NUMA UNIDADE DE DOR ONCOLÓGICA: O PERFIL DE TOLERABILIDADE BLOQUEIO DO NERVO CIATICO NA FOSSA POPLITEA: ABORDAGEM LATERAL VERSUS ABORDAGEM POSTERIOR 11 MIOSE INDUZIDA PELO FENTANIL: ESTUDO PROSPECTIVO EM DOENTES DE OFTALMOLOGIA 12 ACUPUNCTURA: REPRESENTAÇÃO E EM PUBLICAÇÕES DE ANESTESIOLOGIA E DOR 13 ANALGESIA/ANESTESIA EPIDURAL EM PARTURIENTES COM ESPINHA BÍFIDA 14 BLOQUEIOS DO NEUROEIXO E TATUAGENS: O QUE ANDAMOS A FAZER? ADMINISTRAÇÃO INTRAVASCULAR DE ANESTÉSICO LOCAL POR CATÉTER EPIDURAL MULTIORIFÍCIOS APÓS ASPIRAÇÃO NEGATIVA 15 ANESTESIA PARA CESARIANA EM GRÁVIDA COM FEOCROMOCITOMA HIPERTENSÃO PULMONAR GRAVE (HTPG) – PSAP 120 MMHG O DESAFIO DE UM CASO CLÍNICO Distribuição: Gratuita aos Sócios da S.P.A. Design e Concepção Gráfica: Paulo Quaresma Paginação: Beatriz Silveira Lopes Media Style, Publicidade e Marketing, Lda ANESTESIA ORIENTADA POR OBJECTIVOS PARA CESARIANA EM DOENTE COM HISTÓRIA DE TUMOR CEREBRAL E SHUNT VENTRICULO-PERITONEAL 16 ROPIVACAÍNA INTRAVASCULAR ACIDENTAL E ALTERAÇÕES DO ECG ÉTICA NA EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO. 17 COREVALVE® A UM PASSO DO FUTURO ARCO AÓRTICO À DIREITA: IMPLICAÇÕES ANESTÉSICAS Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 3 ÍNDICE 18 AVC INTRA-OPERATÓRIO - CAUSA DE ATRASO NO RECOBRO DE CONSCIÊNCIA APÓS ANESTESIA GERAL MIOCLONIAS APÓS BLOQUEIO DO PLEXO BRAQUIAL? 19 PREENCHIMENTO PRÉVIO COM CRISTALÓIDES VS COLÓIDES NO BLOQUEIOS SUBARACNOIDEU PARA CESARIANA - ESTUDO PROSPECTIVO (CONTINUAÇÃO) BIS VERSUS ENTROPIA 34 REACÇÃO DISTÓNICA AO PROPOFOL 35 HIPONATRÉMIA COMO COMPLICAÇÃO DE PROSTATECTOMIA SUPRA-PÚBICA 20 ENTUBAÇÃO FIBROSCÓPICA EM VENTILAÇÃO ESPONTÂNEA: O PAPEL DO REMIFENTANIL ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ANALGESIA CONTÍNUA DA FERIDA OPERATÓRIA E ANALGESIA EPIDURAL EM CESARIANA SEGMENTAR TRANSVERSA REALIZAÇÃO DE DUPLO “BLOOD PATCH” EPIDURAL PARA TRATAMENTO DA SÍNDROME DE HIPOTENSÃO INTRACRANIANA ESPONTÂNEA 22 36 23 37 24 ATENUAÇÃO DA LESÃO DE ISQUEMIA-REPERFUSÃO HEPÁTICA PELO HIDROXIETILAMIDO 130/0,4 25 QUALIDADE DE VIDA APÓS EVENTOS CARDÍACOS MAJOR NO PÓSOPERATÓRIO 38 ÁCIDO TRANEXÂMICO NA CIRURGIA ORTOPÉDICA PEDIÁTRICA MAJOR – ESTRATÉGIA POUPADORA DE SANGUE – CASO CLÍNICO 39 QUALIDADE DE VIDA EM DOENTES QUE DESENVOLVERAM INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA APÓS CIRURGIA 40 DETERMINANTES DE EVENTOS CARDÍACOS MAJOR APÓS CIRURGIA SEGURANÇA E EFICÁCIA DA TÉCNICA SEQUENCIAL E ‘WALKING EPIDURAL’ EM ANALGESIA DE PARTO 29 MÁSCARA LARÍNGEA ARAMADA EM ANESTESIA PARA OTORRINOLARINGOLOGIA – EXPERIÊNCIA DE 8 ANOS 30 QUAIS AS IMPLICAÇÕES ANESTÉSICAS DA SUSPENSÃO PRÉOPERATÓRIA DOS AGENTES ANTI-TNFα NA DOENÇA INFLAMATÓRIA ARTICULAR? CESARIANA EM PACIENTE COM MIASTENIA GRAVIS: TÉCNICA SEQUENCIAL COM BAIXA DOSE ANESTÉSICO LOCAL ASSOCIADA A EXPANSÃO DO ESPAÇO EPIDURAL 31 POLIOMIOSITE – UMA ABORDAGEM ANESTÉSICA VIDEOLARINGOSCÓPIO DE MCGRATH – ESTUDO PROSPECTIVO DA CURVA DE APRENDIZAGEM 32 AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DAS GRÁVIDAS EM RELAÇÃO À ANALGESIA EPIDURAL SATISFAÇÃO COM A QUALIDADE DA ANALGESIA/ANESTESIA EPIDURAL DO PARTO 33 SÍNDROME TAKOTSUBO: A PROPÓSITO DE UMA CASO CLÍNICO 4 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 FENTANIL INTRATECAL: MAIOR LABILIDADE HEMODINÂMICA EM GRÁVIDAS? TRATAMENTO DA DOR COM FÁRMACOS OPIÓIDES: QUAL A VIA MAIS PRURIGINOSA? 41 O DOENTE OBESO - PAPEL DA VIDEOLARINGOSCOPIA COM GLIDESCOPE® NA ENTUBAÇÃO PREVISIVELMENTE DIFÍCIL EFEITOS DA ASSOCIAÇÃO DE FENTANIL A LEVOBUPIVACAÍNA 0.5% EM BLOQUEIO SUBARACNOIDEU PARA CESARIANA 42 ABORDAGEM ANESTÉSICA DE UM DOENTE COM POLINEUROPATIA CRÓNICA INFLAMATÓRIA DESMIELINIZANTE (CIDP) – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO USO DE POLIVINILSILOXANO NA NORMALIZAÇÃO DA ARCADA DENTÁRIA COMO FACILITADOR DA LARINGOSCOPIA 43 RETENÇÃO DE CATETER EPIDURAL – CASO CLÍNICO 28 OS DESAFIOS ANESTÉSICOS DA DISTROFIA MIOTÓNICA DE STEINERT A “LEGIS ARTIS” E O RISCO MÉDICO-LEGAL DA ANESTESIA EM OBSTETRÍCIA DETERMINANTES DA INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA APÓS CIRURGIA POR CATÉTER EPIDURAL MULTIORIFÍCIOS APÓS ASPIRAÇÃO NEGATIVA 27 COMPARAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DROPERIDOL-METOCLOPRAMIDA COM DEXAMETASONA METOCLOPRAMIDA NA PREVENÇÃO DE NÁUSEAS E VÓMITOS NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA OFTALMOLÓGICA ANESTESIA DE URGÊNCIA NUM DOENTE COM HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA PÓS-TRAUMÁTICA DIREITA NÃO DIAGNOSTICADA ‘HEMANGIOMA SUBGLÓTICO: UMA CAUSA RARA DE ESTRIDOR NO PÓS-OPERATÓRIO’ 26 MEDICINA DE EMERGÊNCIA: UM CASO DE SUCESSO DE REANIMAÇÃO CARDIO-RESPIRATÓRIA EXTRA-HOSPITALAR FACTORES DE RISCO PARA NÁUSEAS E VÓMITOS NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA OFTALMOLÓGICA SEDAÇÃO PARA COLONOSCOPIAS: UM NOVO MÉTODO SEGURO E EFICAZ DOIS CASOS DE HEMORRAGIA ALVEOLAR APÓS ANESTESIA GERAL – COINCIDÊNCIA? DEXMEDETOMIDINA NA ESTIMULAÇÃO CEREBRAL PROFUNDA: A NOSSA EXPERIÊNCIA BIS BILATERAL EM DOENTE COM ENFARTE CEREBRAL E CHOQUE HEMORRÁGICO ENFARTE AGUDO DO MIOCARDIO ÀS 30 SEMANAS DE GESTAÇÃO - UM DESAFIO PARA UMA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR CIRURGIA DE AMBULATÓRIO: PRIVILEGIAR O DOENTE, COM MELHOR GESTÃO DE RECURSOS? NOVO SISTEMA DE SELECÇÃO PARA A CONSULTA DE ANESTESIA. ADMINISTRAÇÃO ACIDENTAL DE CISATRACURIUM POR VIA SUBARACNÓIDEIA MASSAS DO MEDIASTINO ANTERIOR: ABORDAGEM ANESTÉSICA E COMPLICAÇÕES – ESTUDO CASUÍSTICO SÍNDROME CORONÁRIO AGUDO APÓS ADMINISTRAÇÃO TÓPICA DE FENILEFRINA A 10% E TROPICAMIDA A 1% DURANTE VITRECTOMIA 21 A INFLUÊNCIA DO MÉTODO ANESTÉSICO NO OUTCOME DA ANESTESIA VASCULAR MAJOR: UMA ANÁLISE RETROSPECTIVA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR DA HEMORRAGIA SUBARACNOIDEIA IS THORACIC EPIDURAL MORE DANGEROUS THAN LUMBAR EPIDURAL? THE END OF A MYTH 44 O DOENTE OBESO - PAPEL DA VIDEOLARINGOSCOPIA COM GLIDESCOPE® NA ENTUBAÇÃO PREVISIVELMENTE DIFÍCIL EFEITOS DA ASSOCIAÇÃO DE FENTANIL A LEVOBUPIVACAÍNA 0.5% EM BLOQUEIO SUBARACNOIDEU PARA CESARIANA 45 A INFLUÊNCIA DO POSICIONAMENTO CIRÚRGICO NAS NECESSIDADES DE FÁRMACOS HIPNÓTICOS: MANUTENÇÃO ANESTÉSICA CONTROLADA POR BIS E TCI 46 ABORDAGEM ANESTÉSICA DA PARTURIENTE COM TUMOR INTRACRANIANO - EXPERIÊNCIA DE 8 ANOS 47 MIASTENIA GRAVIS E O PERÍODO PERI-PARTO: ABORDAGEM ANESTÉSICA (ANÁLISE RETROSPECTIVA DE 15 CASOS) 48 ENDARTERECTOMIA CAROTÍDEA SOB BLOQUEIO COMBINADO DO PLEXO CERVICAL: TAXA E CAUSAS DE CONVERSÃO ANESTESIA PARA MICROCIRURGIA TRANSORAL LASER EM OTORRINOLARINGOLOGIA (ORL) ESTUDO RETROSPECTIVO 49 HEMITIROIDECTOMIA – CIRURGIA EM AMBULATÓRIO OU INTERNAMENTO? 50 DOR RELACIONADA COM PROCEDIMENTOS NÃO-CIRÚRGICOS – A REALIDADE DO HOSPITAL DE SANTO ANTÓNIO EDITORIAL O tema deste congresso marca um momento em que numa evolução ímpar do conhecimento na área da medicina, nos confrontamos com uma crise económica à escala planetária, com incidências diversas em áreas da nossa actividade. Avançando para o Futuro é um compromisso entre o que de novo a investigação nos traz, com benefício efectivo para a nossa prática médica, e para o doente, mas também o paradigma do que a economia da saúde tem condicionado no despertar da nossa consciência para a gestão de recursos. Economia em saúde e gestão em saúde, não são sinal de miserabilismo do pensamento sócio-económico. Apostam no estudo, na investigação e no contínuo processo de obter soluções para o problema da contínua escassez de recursos, que até ao desvendar da solução utópica da abundância de meios para todos, nos acompanhará neste mundo cada vez mais aliciante de esperança de vida aumentada. O desafio é permanente. Estão em questão problemas relacionados com a maior exigência dos cidadãos, os seus direitos enquanto homens e mulheres, a segurança do acto medico, a difícil arte de gerir a escassez sem soluções imediatistas, primárias e inimigas da inteligência (mais produto da esperteza), o profissionalismo dos médicos e de outros intervenientes na área da saúde, assim como da necessidade de aparecimento de lideranças responsáveis e representantes de valores sociais, independentemente da diversidade de opinião. Aqui estamos mais uma vez, falando sobre o futuro que necessitamos controlar, um pouco, para obter certezas (ainda que efémeras) mas que casam bem com a esperança. Bom Congresso Lucindo Ormonde Presidente da Direcção da S.P.A. 8 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 I-GEL PUBLICIDADE INTERSURGICAL PO1 PO2 Estudo retrospectivo de doentes medicados com duloxetina numa Unidade de Dor Oncológica: o perfil de tolerabilidade Bloqueio do Nervo Ciatico na Fossa Poplitea: Abordagem Lateral Versus Abordagem Posterior Beleña, José1; Núñez, Mónica2; Yuste, Javier3 Estilita, Joana1; Osório, Joana2; Papoila, Ana Luísa3; Verdasca, Elsa4; Costa, Ilda5; Raposo, Matilde6; Portela, José Luis7 Anestesiologia; Hospital del Sureste, Arganda del Rey, Madrid, Espanha, 2 Serviço de Anestesiologia; Hospital Ramón y Cajal. Madrid, 3 Serviço de Anestesiologia; Hospital del Sureste, Arganda del Rey, Madrid Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar Barlavento Algarvio, 2 Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, 3 Departamento de Bioestatística e Informática FCM-UNL, CEAUL, Lisboa, 4, 5, 6, 7 Unidade de Dor, Instituto Português de Oncologia – Centro Regional de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil RESUMO RESUMO Avaliar se o bloqueio do nervo ciático a nível da fossa poplítea usando a abordagem lateral,tem uma efetividade maior do que a técnica da abordagem posterior para a realização da cirurgia do antepé. INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS METODOLOGIA A duloxetina, um inibidor selectivo do re-uptake da serotonina e noradre- Foram estudados 50 pacientes, submetidos a cirurgía do antepé.Os nalina, demonstrou eficácia na abordagem da dor neuropática do diabético e está a ser progressivamente integrada na terapêutica habitual de doentes com dor neuropática1,2. O corrente estudo examina o perfil de tolerabilidade da duloxetina em doentes da Unidade de Dor de um Hospital Oncológico de referência. pacientes foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos: Grupo A (n=25), usando a técnica da abordagem posterior com uma única punção e o paciente na prona posição; e Grupo B (n=25), realizando a abordagem lateral com o paciente na supina posição.Todas as técnicas foram realizadas com neuro-estimulação, e depois de encontrar resposta motora tibial ou peronial, injetam-se 40 ml de ropivacaína a 0,5% . Avaliaram-se: 1) o tempo requerido para a realização do bloqueio, 2) o número necessário de punções para localizar o nervo ciático, 3) a presença de bloqueio sensitivo,e 4) a presencia de bloqueio motor. 1 1 METODOLOGIA Foram seleccionados 27 doentes em terapêutica com duloxetina e obtidos dados demográficos, clínicos, início e dosagem terapêutica, presença de efeitos secundários (ES) e necessidade de reajustes. O processamento estatístico utilizou o Teste Exacto de Fisher e Mann-Whitney (p<0,05). RESULTADOS Foram estudados 4 homens e 23 mulheres. Na amosta, 44,4% dos doentes referiram pelo menos um ES, tendo este evento adverso levado à redução da dosagem em 13,6% e à descontinuação terapêutica em 14,3% dos casos. 9,5% registou apenas um ES isolado, mas 47,6% verificou dois ou mais ES. A maior frequência de ES registou-se até ao primeiro mês de terapêutica, sendo mais frequentes as náuseas (18,5%), a xerostomia (14,8%) e as tonturas (14,8%). Doentes com VAS inicial mais alto referiram menos ES, apesar de terem iniciado duloxetina com dose superior. OBJECTIVOS RESULTADOS Estatisticamente, encontrámos diferenças significativas na variável 1( grupo A: 5,2 ± 3 min, grupo B: 8,3 ± 3,1 min, com p<0,05) e na variável 2 ( grupo A: 2,1 ± 1,4 punções, grupo B: 3,3 ± 2,2 punções, p<0,05), não foram encontradas no resto das variáveis. CONCLUSÕES Não existem diferenças significativas entre o número de bloqueios efetivos conseguidos com duas técnicas. Mas a técnica da abordagem posterior precisou dum tempo menor para a sua realização e dum número de punções menor do que a técnica da abordagem lateral. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Os doentes que referiram mais ES estavam a fazer a medicação ao pequeno-almoço, não havendo evidência de uma associação entre o número de ES e as doses de introdução e manutenção do fármaco (p=0,645; p=0,487). Os ES mais frequentes foram sobreponíveis a outros dados da literatura, assim como a frequência de abandono da terapêutica. De salientar que, no grupo estudado, os ES se registaram até ao 1º mês de terapêutica, o que não está em concordância com a literatura e pode ser responsável por taxas de abandono mais elevadas. REFERÊNCIAS 1. Pain Med. 2007 Sep;8(6):503-13, 2. Curr Pain Headache Rep. 2006 Jun;10(3):199-204, 3. Ann Pharmacother. 2008 Oct;42(10):1511-3. Epub 2008 Aug 26. 10 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 REFERÊNCIAS Vloka JD, Hadzic A, Kitain E, Lesser JB, Kuroda MM, April EW. Anatomic considerations for sciatic nerve block in the popliteal fossa through the lateral approach. Reg Anesth 1996; 21:414-8, Hadzic A, Vloka JD. A coparison of the posterior versus lateral approaches to the block of the sciatic nerve in the popliteal fossa. Anesthesiology 1998; 88(6): 1480-86. PO3 PO4 Anestesia orientada por objectivos para cesariana em doente com história de tumor cerebral e shunt ventriculo-peritoneal Miose induzida pelo Fentanil: Estudo prospectivo em doentes de Oftalmologia Estilita, Joana1; Campos-Pires, Rita2; Dias, Sandra3; Marques, Rosário4; Costa Martins, José5; Quintans, Amélia6 Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar do Balavento Algarvio, 2Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE – Hospital de S. José, 3Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE – Hospital de S. António dos Capuchos, 4, 5, 6Serviço de Anestesiologia; Maternidade Dr. Alfredo da Costa 1 RESUMO INTRODUÇÃO Actualmente, mulheres com Shunt Ventriculo-peritoneal (SVP) atingem mais frequentemente a idade fértil e a sua abordagem anestésica durante o parto pode ser controversa1,2. Alguns casos clínicos da literatura são uma importante fonte de experiência. Relatamos o caso de uma multípara proposta para cesariana electiva, cujos antecedentes incluíam excisão de meningioma da sela turca e colocação de SVP. CASO CLÍNICO Grávida de 40 anos, G3P1, com várias intervenções secundárias a excisão de um meningioma da sela turca e colocação de SVP, referenciada para a Consulta de Anestesia após proposta cirúrgica de cesariana electiva às 36 semanas. A doente foi classificada como ASA III e manifestou vontade expressa de ser submetida a técnica anestésica epidural por estar convicta de que era isenta de risco. Após abordagem multidisciplinar e explicação do risco-benefício da anestesia locorregional à grávida, optou-se por uma anestesia geral. Foi efectuada indução de sequência rápida com tiopental, fentanilo e succinilcolina, com entubação fácil. A manutenção realizou-se com sevoflurano, titulado para manter a Pressão Arterial Média (PAM) a 90mmHg ± 20%. O recém-nascido era do sexo feminino, 2080g, com Apgar de 8 e 10 ao 1º e 5º minuto. Após administração de ocitocina e analgesia intraoperatória, foi efectuada a extubação vigil, sem variações significativas da PAM. A mãe e o recémnascido tiveram alta ao 4º dia. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A anestesia geral orientada por objectivos (indução de sequência rápida, controlo do ETCO2, titulação de halogenados, estabilização da PAM e analgesia multimodal) permite limitar as flutuações da pressão intracraniana e manter a autorregulação cerebral. Sempre que possível, consultas prévias multidisciplinares são importantes para abordagens bem sucedidas. REFERÊNCIAS Estilita, Joana1; Papoila, Ana Luísa2; Dias, Natália3 Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, 2Departamento de Bioestatística e Informática; FCM-UNL, CEAUL., 3Serviço de Anestesiologia; Hospital Garcia Orta 1 RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS A dilatação pupilar é necessária durante a cirurgia intraocular porque permite uma melhoria da visualização dos tecidos atrás do plano da íris1,2. Desta forma, o efeito miótico dos opióides pode comprometer o campo cirúrgico3. Neste estudo avaliámos as variações de diâmetro pupilar durante cirurgia oftalmológica com Anestesia Geral e investigámos a satisfação do cirurgião com o campo operatório. METODOLOGIA Foi administrado fentanil 0,15mg ev na indução de 12 doentes ASA IIII propostos para vitrectomia. Todos foram submetidos a um protocolo de midriáticos 30 minutos antes da cirurgia. Foi utilizado um compasso Castroviejo 20mm para efectuar as medições de diâmetro (Ø) pupilar antes e após a indução e no final da cirurgia (média de 3 medições). Registaram-se dados demográficos, grau de satisfação com o campo cirúrgico e variações pupilares absolutas e relativas. Os dados são apresentados em média±DP e a estatística utilizou os testes de Wilcoxon, Friedman e Correlação de Spearmann (p<0,05). RESULTADOS Foram incluídos 8 homens e 4 mulheres, com idade de 64,5 ± 6,6 anos. O Ø pupilar inicial, o Ø pós-indução e o Ø no final da cirurgia foram respectivamente 8,7 ± 1,5 mm, 8,3 ± 1,5 mm e 8,4 ± 1,5 mm. A variação percentual média do Ø pupilar antes e após a indução (Δ1) foi de -0,046 ± 0,05. Existiu uma variação significativa do Ø pupilar antes e após a indução (p=0,016), mas registaram-se sempre condições óptimas do campo cirúrgico. Existe uma relação directa entre a idade a variação de Ø pupilar (p=0,022). DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Verificou-se uma normalização para valores basais após uma diminuição inicial, mesmo na presença de midriáticos. O cirurgião manteve-se satisfeito com o campo cirúrgico. A resposta de variação do diâmetro pupilar ao longo da cirurgia é semelhante a outros estudos publicados1. REFERÊNCIAS 1. Anesth Analg 2004;99:108-12, 2. J Appl Physiol 2004;97: 725-30, 3. Anesth Analg 2003;97:1652-6. 1. Can J Anaesth 1999;46:1057–63, 2. Anesth Analg. Jul 2008;107(1):193-200.), 3. Rev Bras Anestesiol 2005;55:90-4. Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 11 PO5 Acupunctura: Representação em Publicações de Anestesiologia e Dor Estilita, Joana1; Campos-Pires, Rita2; Dias, Sandra3; Rocha, Teresa4 Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, 2Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar de Lisboa – Hospital S. José, 3Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar de Lisboa – Hospital S. António dos Capuchos, 4Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar de Lisboa – Hospital D. Estefânia 1 RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS A Acupunctura é uma prática oriental milenar que consiste na aplicação de agulhas finas em pontos específicos. No Ocidente, tem vindo a ser reconhecida por várias Ordens Médicas devido à evidência de resultados. O seu crescente interesse em aspectos da Anestesiologia e da Dor reflecte-se igualmente num aumento das publicações em várias revistas científicas de referência. Procuramos com este trabalho verificar a representação da Acupunctura em cinco revistas científicas de alto factor de impacto na área da Anestesiologia e Dor. METODOLOGIA Foi realizada uma procura na base de dados Medline™ de artigos com a palavra-chave “acupuncture”, publicados nos últimos 10 anos (1998-2008) em cinco revistas de referência em Anestesiologia e Dor. Foram seleccionadas as quatro revistas com maior factor de impacto em Anestesiologia, de acordo com o Journal of Citations Report e a única revista de Anestesiologia de origem asiática referida no Medline™. Os artigos encontrados foram categorizados de acordo com a classificação PubMed. RESULTADOS Os resultados são apresentados na tabela anexa. DISCUSSÃO Revistas vocacionadas para a Dor contribuíram com maior percentagem de artigos, nomeadamente Ensaios Clínicos Randomizados. Percentualmente, as revistas de Anestesiologia publicaram mais meta-análises e artigos de revisão. Quanto ao tipo de artigo, a distribuição foi consistente entre as revistas, sendo mais frequentes os Ensaios Clínicos (43,7%). Não se verificaram alterações de frequências entre a revista asiática e revistas ocidentais. TABELA 1 Representação de artigos com a palavra “acupuncture” em revistas de Anestesiologia e Dor com alto factor de impacto (Pain, Anesthesiology, European Journal of Pain, British Journal of Anaesthesia e Masui/Japanese Journal of Anesthesiology) 12 Pain Anesthesiol Eur J Pain BJA Masui Total Ensaio Clínico 20 9 3 2 1 35 Editorial 4 1 0 0 0 5 Carta ao Director 7 5 0 0 0 12 Meta-Análise 2 0 1 2 0 5 Linhas de Orientação Práticas 0 0 0 0 0 0 Ensaio Controlado Randomizado 19 9 1 2 0 31 Revisão 2 1 1 3 0 7 Caso Clínico 1 0 0 0 3 4 Comentário 10 6 0 0 0 16 Total de artigos com “Acupunctura” 42 16 11 5 6 80 Total de Artigos Publicados 3056 5070 880 3769 2321 15096 Percentagem 1,37% 0,31% 1,25% 0,13% 0,26% 0,53% Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 PO7 Analgesia/Anestesia epidural em parturientes com Espinha Bífida Glória Tomás Sousa, Amélia Eduarda; Carvalho dos Santos, Patrícia Marlene; Saez, Enrique; Santos, Alice Serviço de Anestesiologia; Hospital de S. João RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS A espinha bífida (EB) tem uma incidência de 1/1000 nascimentos, com um número crescente de mulheres a atingir a idade fértil.1 O objectivo deste trabalho é documentar a nossa experiência com a anestesia locorregional nestes casos. METODOLOGIA Análise retrospectiva da abordagem anestésica de 17 parturientes com EB submetidas a analgesia/anestesia de parto entre 1998 e 2005. A informação recolhida incluía dados neurológicos, cirúrgicos, imagiológicos e anestésicos. RESULTADOS trico e a punção da dura.2 Considerando o maior risco de punção da dura é recomendada a realização do bloqueio acima do nível da lesão. Na nossa série, o nível foi estabelecido de acordo com a informação clínica e os achados imagiológicos prévios. A ressonância magnética é fundamental na decisão anestésica, em situações como o mielomeningocelo inclusive no pós correcção cirúrgica (4% incidência de aprisionamento medular) e na EBO com suspeita de disrafismo como é o caso da presença de anormalidades cutâneas ou escoliose. 3 A EB não constitui uma Das 17 epidurais, registou-se um bloqueio assimétrico, com resolução após manipulação do cateter. Registaram-se 2 punções da dura mater em parturientes com espinha bifida oculta (EBO), com recolocação do cateter no espaço imediatamente acima. A clínica por punção da dura foi frustre e cedeu a terapêutica de suporte. contra-indicação absoluta à realização do bloqueio epidural. 2 Consideramos que a atitude anestésica deve ter em conta a individualidade de cada caso. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES 1. Arch Gynecol Obstet 2007 275: 53-56, 2. Anaesth Intensive Care 2007; 35:298-312, O bloqueio epidural em doentes com EB tem sido associado a dificuldade técnica, a analgesia inadequada, a bloqueio assimé- REFERÊNCIAS 3. Anaesth Intensive Care 2006; 34:816-819. TABELA 1 Características do grupo em estudo Caso Defeito do tubo neural Deficit neural Outras anormalidades Local da lesão Estudo imagiológico prévio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 EBO EBO EBO EBO EBO EBO MMC* EBO EBO MMC* EBO EBO MMC* EBO EBO EBO EBO Não Não Não Não Não Não Disestesia leve Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Escoliose Não Não Hipertricose Lombossagrada Não Escoliose Não Não Escoliose Não Não Não Escoliose Não Não Não S1/S2 L4/L5/S1 L5 L4/L5 S1 L5/S1 S1/S2 S2 L5/S1 L5/S1/S2 S2 S1 L5/S1/S2 L5 S2/S3 L4/L5 L5/S1/S2 Raio X RM Raio X Raio X RM Raio X RM Raio X TAC RM Raio X Raio X RM RM Raio X Raio X RaioX Legenda: EBO – Espinha bífida oculta MMC – Mielomeningocelo RM – Ressonância magnética TAC – Tomografia axial computorizada *Cirurgia correctiva Revista SPA ‘vol. 17 18 ‘ n.º 51 ‘ 2008 2009 13 PO6 PO8 Bloqueios do Neuroeixo e tatuagens: o que andamos a fazer? Gaspar, Ana; Serrano, Nuno Administração intravascular de anestésico local por catéter epidural multiorifícios após aspiração negativa Serviço de Anestesiologia; Instituto Português de Oncologia, Francisco Gentil, EPE Almeida, Cláudia1; Fonseca, Cristiana2 RESUMO O anestesista é, frequentemente, confrontado com a realização de um bloqueio do neuroeixo (BNE) em parturientes com tatuagens na região lombar. A literatura é escassa quanto às complicações major da execução de BNE sobre tatuagem, daí a inexistência de guidelines, o que origina decisões diversas dos anestesistas. Conduzimos um inquérito para investigar como actuam os anestesistas quando solicitados a realizar BNE, em parturientes com tatuagens na linha média da região lombar e, como fundamentam a sua acção. Foi efectuada uma análise descritiva dos dados obtidos. Foram inquiridos por carta, 537 anestesistas. Um total de 162 respostas (30,2%) foi obtido. 56,8% dos anestesistas afirmaram já ter sido solicitados para executar BNE sobre tatuagem. 59,8% realizaram sempre o BNE e em pele isenta de tinta, enquanto 6,5% recusaram sistematicamente fazé-lo. 33,7% não o realizaram em todas as ocasiões e quando o fizeram foi sob pele livre de tinta. 72,8% das opções de actuação foram baseadas na literatura. Dos 43,2% nunca deparados com a situação, 74,3% fariam-no, sendo que 67,2% o faria sobre área sem tinta, enquanto 7,1% escolheria a pigmentada. É com base na opinião pessoal que a maioria (57,1%) destes inquiridos procederia. Apesar das limitações dos estudos baseados em questionários, com a taxa de respostas que obtivemos, parece evidenciar-se uma tendência para a realização do BNE sobre pele sem tinta. Os anestesistas já confrontados com a situação basearam a sua decisão na literatura, enquanto que a opinião pessoal foi a sustentação decisória para os que nunca se depararam com as tatuagens. A inexistência de guidelines na comunidade científica e a controvérsia acerca dos riscos da execução do BNE sobre tatuagem, provavelmente explicam as diferentes acções dos anestesistas. REFERÊNCIAS Can J Anesth 2002, 49 (10): 1057-1060; Arch Gynecol Obstet 2008; 278:199-200. 1 Anestesiologia; Hospital S. João, 2Serviço de Anestesiologia; Hospital de S. João RESUMO INTRODUÇÃO A toxicidade dos anestésicos locais(AL) pode resultar de injecção intravascular(IV) inadvertida. Risco aumentado na população obstétrica - conversão de analgesia de parto epidural(EP) em anestesia para cesariana urgente com administração rápida de AL1. Apresenta-se um caso de crise convulsiva tónico-clónica generalizada(CCTCG) em grávida após administração IV de ropivacaina(Rop) via catéter EP. CASO CLÍNICO 30 A, ASA I, analgesia de parto. Colocado cateter EP multiorifícios(CMO)aspiração de sangue em seringa 10 ml. Retirado 1 cm – aspiração negativa. Dose fraccionada - 10 ml Rop 0,2% e 0.05 mg de fentanil. Alívio da dor. Perfusão de Rop 0,1% a 8 ml/h. Cesariana urgente por bradicardia fetal após 3 horas. 10 ml de Rop 0,75% EP, após aspiração negativa com seringa 20 ml. De imediato a grávida referiu zumbido, com CCTCG, que cedeu com 5 mg de midazolam. Anestesia geral. Aspiração com seringa de 2 ml- saída de sangue pelo CMO. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A colocação IV de cateter EP está presente até 10%, mais frequente nos CMO e nas grávidas2,4. 1% não são identificados2. Não há um método perfeito para sua identificação - dose teste, doses fraccionadas de fármacos. A análise deste caso sugere colocação bicompartimental do CMO- EP e IV. O fluxo diferencial através dos orifícios depende da pressão(P) de injecção1,3. Na presença de uma P de injecção baixa (seringas de grande diâmetro/perfusão) o fluxo faz-se preferencialmente pelos orifícios proximais1,3. A administração de AL através destes sistemas reduz a possibilidade de toxicidade sistémica3. As seringas pequenas (menor diâmetro) exercem uma P maior com fluxo similar através de todos os orifícios, sendo recomendadas para a administração de dose teste. De igual modo devemos considerar o seu uso para o teste da aspiração. REFERÊNCIAS 1. Anesthesiology 2000; 92: 1617-20, 2. Anaesth Intensiv Care 2007; 35(3): 335-41, 3. B J Anaesth 1997; 79: 297-300, 4. Ver Obstet Gynecol 2008; 1(2): 49-55. 14 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 PO9 PO10 Anestesia para cesariana Hipertensão Pulmonar Grave em grávida com feocromocitoma (Htpg) – Psap 120 mmHg O desafio de um caso clínico Silva, Laura; Duarte, Joana; Lança, Filipa; Tomé, Odete Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar Lisboa Norte RESUMO INTRODUÇÃO Feocromocitoma é um tumor derivado das células cromafins secretor de catecolaminas. Raro durante a gravidez (<0.2/10000)1, pode ter consequências devastadoras para mãe e feto.Descreve-se a conduta anestésica em grávida com este tumor numa cesariana electiva. CASO CLÍNICO Grávida, 36A, GIP0, com MEN2A há 13 anos, submetida a suprarrenalectomia dta, esq parcial e tiroidectomia total. Em 2006, foi-lhe diagnosticada uma recidiva de feocromocitoma na supra-renal esq restante, mas recusou cirurgia. Seguida por equipa multidisciplinar desde as 20s, proposta para cesariana electiva às 37s. Internada às 36s para bloqueio α com doxazosina. Cesariana realizada sob bloqueio epidural (13ml ropivacaina 0.75%, 10µg sulfentanil). Monitorização standart + PA invasiva. Intraoperatório: 2h, fluidoterapia 20 ml/kg de cristalóides, PA estáveis (110>PAS>160 mmHg), sem necessidade de efedrina. RN sexo , 2870Kg, apgar 10/10. Pós operatório: na sala de observação do puerpério; vigilância PA, BMT e diurese; protocolo de corticoterapia e analgesia epidural com morfina. Sem intercorrências. Alta ao 4º dia pós-op. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Feocromocitoma caracteriza-se pela tríade HTA, cefaleias, sudorese. Na gravidez, alguns eventos (parto vaginal, contracções uterinas) podem levar a crises hipertensivas ou disritmias fatais. A cesariana electiva é o modo preferencial de via de parto. No preoperatório deve fazer bloqueio α, de forma a controlar a PA. O objectivo do manejo anestesico é evitar farmacos ou eventos que resultem na estimulação do sistema nervoso simpatico. Pode ser usada a anestesia geral ou a locoregional. É obrigatória a monitorização invasiva da PA. No pós operatório, manter a vigilância de eventuais crises. Com abordagem multidisciplinar (obstetrícia/anestesia/endocrinologia), bloqueio adrenérgico pré-operatório e técnica anestésica cuidada, pode obter-se bom outcome em grávidas com feocromacitoma. REFERÊNCIAS 1. Can J Anesth 2004; 51:2, 134-8. Rocha, Carolina; Almeida, Madalena; Silveira, Pedro; Granja, Cristina Departamento de Emergência e Medicina Intensiva; Hospital Pedro Hispano RESUMO INTRODUÇÃO HTPG corresponde a PMAP acima de 25 ou 30 mmHg em repouso ou em exercício. Nas UCIs a abordagem destes doentes é um desafio. Rápida deterioração clínica e mau prognóstico associados requerem instituição de terapêutica dirigida à causa subjacente. CASO CLÍNICO Masculino, 36 anos, antecedentes de HTA de difícil controlo, com cardiopatia hipertensiva grave e nefropatia. Internamento prévio por suspeita de TEP não confirmado. Documentadas adenomegalias no mediastino, hilos pulmonares, retroperitoneais, intercavo-aórticas e retrocrurais; cardiomegalia com hipertrofia do ventrículo esquerdo. Admitido na UCI por falências respiratória (infecção respiratória adquirida na comunidade), cardíaca e renal. Ecocardiografia transtorácica mostrou PSAP = 85-90 mmHg, FSVD comprometida e FEVE = 37%. Catéter na artéria pulmonar mostrou IC = 2.04, SVR = 1356, PVR = 506, PMAP = 90 mmHg e PCWP = 25 (17 mmHg em medições subsequentes). Iniciou terapêutica com óxido nítrico, sildenafil, bosentan e iloprost com fraca resposta, apesar da diminuição da PMAP para 70 mmHg. Melhoria da hipoxemia com subida das saturações periféricas de 87% para 98%. No internamento desenvolve choque séptico por pneumonia nosocomial, sem resposta à antibioterapia, assistindo-se a deterioração clínica com hipóxia e choque refractários ao suporte inotrópico e vasopressor. Faleceu ao 11º dia de internamento. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Diagnóstico etiológico precoce e tratamento dirigido associam-se a maior taxa de sobrevida1. Neste caso clínico, a etiologia da HTPG não era conhecida, optando-se por uma terapêutica múltipla. A situação clínica foi agravada por duas comorbilidades importantes que não responderam à antibioterapia, ao suporte inotrópico e vasopressor. Literatura recente demonstra que as comorbilidades, a hipervolémia e o suporte ventilatório invasivo poderão agravar situações clínicas primariamente severas2. REFERÊNCIAS 1. Clin Pulm Med 2004;11: 40–53, 2. Crit Care Med 2007; 35:2037–20. Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 15 PO11 PO12 Ropivacaína intravascular acidental e alterações do ECG Ética na emergência pré-hospitalar: a propósito de um caso clínico Almeida, Cláudia; Santos, Pedro; Lages,Neusa; Tavares, Jorge Serviço de Anestesiologia; Hospital S. João; Faculdade de Medicina RESUMO Gomes, Diana1; Araújo, Daniela2; Pacheco, Carmen3; Milheiro, Ana4; Rebelo, Humberto5; Lima, Fátima6 Serviço de Anestesiologia, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, 3 Viatura de Emergência Médica de Gaia 1, 2, 4, 5, 6 INTRODUÇÃO A toxicidade sistémica dos anestésicos locais (AL) envolve o SNC e o sistema cardiovascular e pode resultar em paragem cardiorrespiratória difícil de reverter. Relatos de toxicidade grave a AL são raros e a aquisição de dados é secundária ao bem-estar do doente, mas informação valiosa pode ser obtida da análise de incidentes clínicos. Os autores descrevem um caso de perfusão inadvertida de AL intravascular. CASO CLÍNICO Homem, 60A, ASA II, gastrectomia parcial electiva. Anestesia geral (AG) endovenosa combinada com epidural (EP) torácica. Indução: propofol EV (140 mg), fentanil (0,15 mg) e rocurónio (50 mg); manutenção: perfusão propofol (6 mg/kg/h), rocurónio (2 x 10 mg). Iniciada perfusão de ropivacaína (Rop) EP (3,75 mg/ml – 6 ml/h) após bólus inicial de 37,5 mg (10 ml). 1 hora após registou-se um aumento significativo na amplitude da onda T e raras extrassístoles ventriculares. Verificou-se que a perfusão de Rop estava conectada a linha IV. Esta foi imediatamente terminada e as alterações ECG reverteram em cerca de 5 minutos. O doente manteve-se sempre hemodinamicamente (HD) estável. A cirurgia e o período pós-operatório decorreram sem outras intercorrências. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES É descrito um caso de toxicidade com Rop. Esta, preparada para perfusão via EP, foi inadvertidamente administrada por linha IV em doente sob AG. Um aumento na amplitude da onda T e extrassistoles ventriculares sem instabilidade HD observados 1 hora depois levaram à suspeita de toxicidade por AL. A suspensão da perfusão de Rop foi imediatamente seguida de normalização da linha de ECG. Sugere-se o aumento de amplitude da onda T como marcador precoce e reversível de toxicidade dos AL, nomeadamente no contexto de AG1. Surge antes de alterações HD, altamente eficaz em crianças anestesiadas com sevoflurano2 e inversamente relacionado com a idade3. REFERÊNCIAS 1. Anesth Analg 2008;106:1429-1439, 2. Anesth Analg 2001;92:915-7, 3. Anesth Analg 1999;88:754-8. RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS A Medicina de Emergência é muito diferente da “medicina de consultório” requerendo decisões médicas e éticas imediatas. O imediatismo tem que ser adquirido para um atendimento competente, respeitando sempre os direitos do doente, que são ameaçados pela rapidez com que se tomam decisões1. Com este caso clínico salientamos as particularidades éticas da emergência pré-hospitalar. CASO CLÍNICO Doente de 82 anos com antecedentes de diabetes mellitus não insulinodependente, autónomo, economista com actividade profissional regular. Foi-lhe diagnosticado em exame de rotina bloqueio aurículo-ventricular Mobitz tipo II com indicação imediata para colocação de pace-maker que o doente recusou. Cerca de uma semana depois, procurando uma segunda opinião, recusou novamente a colocação de pace-maker. Três dias depois, por lipotímias, foi assistido no domicílio pela equipa de emergência pré-hospitalar. À nossa chegada o doente apresentava bloqueio aurículo-ventricular completo, com 35 batimentos por minuto e compromisso hemodinâmico. Após ministração de fármacos sem qualquer efeito na frequência cardíaca, iniciou-se punho-percussão. A família pretendia respeitar a vontade do doente. Procedeu-se à colocação de pace externo após autorização dada pelo próprio aquando da recuperação do estado de consciência atingido durante a punho-percussão. No hospital foi colocado pace-maker definitivo e o doente teve alta sem sequelas. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Na emergência médica os doentes são levados muitas vezes contra a sua vontade. Quando a sua vontade prévia é conhecida a decisão pode ser mais fácil. No entanto, tratando-se de uma situação ameaçadora à vida, mas facilmente reversível, a nossa capacidade de aceitação é posta à prova. A manutenção da vida e a reanimação são concerteza os momentos mais angustiantes e que em boa verdade representam a principal razão de ser da Emergência Médica. REFERÊNCIAS 1. An Emerg Med. Oct 1991, 20: 1153-1162. 16 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 PO13 PO14 Corevalve® A um passo do futuro Arco aórtico à direita: implicações anestésicas Gomes, Diana1; Cardoso, Helder2; Graça, Alexandra3; Celestino, Catarina4; Lima, Fátima5 Gomes, Diana1; Cardoso, Helder2; Graça, Alexandra3; Celestino, Catarina4; Lima, Fátima5 1, 4, 5 Serviço de Anestesiologia, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, 2 Serviço de Anestesiologia, Centro Hospitalar Alto Minho, 3 Serviço de Anestesiologia, Centro Hospitalar do Porto 1, 4, 5 RESUMO RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS A cirurgia valvular aórtica utilizando próteses mecânicas ou biológicas é actualmente o gold standard para o tratamento da estenose aórtica1. Em idosos com múltiplas patologias associadas estão descritas taxas de mortalidade de 50%. Assim, da necessidade de procedimentos menos invasivos para doentes de alto risco surgiu a implantação retrógrada percutânea da bioprótese valvular aórtica auto-expansível (CoreValve®)2. Propomo-nos a descrever a evolução As anomalias congénitas da aorta são raras e, geralmente, são identificadas na infância. Apresentamos um caso clínico de entubação com derivação difícil por arco aórtico à direita. Caso Clínico: Doente de 36 anos que iniciou há 3 anos episódios de dispneia de esforço pelo que efectuou exames auxiliares de diagnóstico que evidenciaram a presença de arco aórtico à direita. Após realização de tomografia computorizada e broncofibroscopia foi identificada anestésica e as principais complicações associadas nos primeiros quinze doentes em Portugal. compressão do arco aórtico sobre a parede direita da traqueia, com desvio da linha média, justificando os sintomas iniciais. Dois anos depois, houve agravamento dos sintomas simultaneamente com aparecimento de infiltrado difuso na radiografia pulmonar levantando-se a suspeita de doença pulmonar intersticial. Por não haver resposta à terapêutica instituída e por agravamento do quadro a doente é proposta para biópsia pulmonar. Dada a distorção da anatomia traqueal com compressão variável, pulsátil, do terço médio e inferior da parede traqueal, programou-se entubação por broncofibroscopia, com necessidade de derivação pulmonar esquerda para a realização de biópsia pulmonar à direita. A derivação mostrou-se impossível, visivelmente pela compressão traqueal causada pelo arco aórtico à direita. MÉTODOS Após aprovação da Comissão de Ética consultamos, retrospectivamente, os processos clínicos dos 15 doentes submetidos a implantação da prótese CoreValve®. Foi utilizada a versão 16 do SPSS. RESULTADOS Co-morbilidades mais frequentes: hipertensão arterial, arterosclerose, diabetes e insuficiência renal crónica. Euroscore logístico de 28%. Em 73% dos casos o procedimento foi efectuado sob sedação, e em 23% sob anestesia geral. Um doente sedado necessitou de ser entubado. Cerca de 85% dos doentes tiveram suporte aminérgico intra-procedimento. Um doente necessitou de cirurgia emergente, 2 de pace-maker definitivo e 2 faleceram nas 72h após procedimento. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A implantação retrógrada percutânea da CoreValve® é uma realidade recente que coloca desafios únicos à intervenção anestésica, no que respeita à complexidade da “invasibilidade mínima”. Apesar de a sedação ter sido a técnica de eleição neste ano de experiência, a anestesia geral será a opção mais segura, sobretudo na fase de aprendizagem. O implante da prótese CoreValve® permitiu que em doentes com um Euroscore logístico de 28% se obtivesse uma mortalidade de 13% (2 doentes), o que a torna uma importante ferramenta terapêutica no tratamento da estenose aórtica sintomática. Serviço de Anestesiologia, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, 2 Serviço de Anestesiologia, Centro Hospitalar Alto Minho, 3 Serviço de Anestesiologia, Centro Hospitalar do Porto DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Existem raros relatos de arco aórtico à direita diagnosticados na idade adulta. Quando sintomáticos apresentam queixas inespecíficas. A sintomatologia mais frequentemente apresentada é a disfagia e dispneia intermitentes. Alguns casos foram diagnosticados no intra-operatório quando a entubação se mostrou impossível por distorção da anatomia traqueal. Em caso de entubação difícil por obstrução infra-glótica este é um diagnóstico a ter em conta, sendo que com tentativas mais intempestivas de ultrapassar a obstrução, as consequências podem ser catastróficas. REFERÊNCIAS Journ of Med Jun 2002, 60, nº5: 212-215. REFERÊNCIAS 1. Can J Anesth 55:11: 761-768, 2. Anesth Clin 26(2008): 465-479. Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 17 PO15 PO16 AVC intra-operatório - causa Mioclonias após Bloqueio de atraso no recobro de do Plexo Braquial? consciência após anestesia geral Coutinho, Ana; Almeida, Vítor; Dionísio, Emídio, Carvalho Santos, Patrícia Marlene; Alves, Joana; Maia, João Diogo; Mesquita, Lurdes Serviço de Anestesiologia; Hospital S. Teotónio, EPE, Viseu Serviço de Anestesiologia; Hospital de S. João RESUMO RESUMO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO O recobro prolongado da consciência após anestesia geral pode resultar da medicação anestésica, alterações metabólicas, respiratórias e lesão neurológica (1). Apresentamos um caso de atraso no recobro de consciência após uma anestesia geral aparentemente sem intercorrências. CASO CLÍNICO Mulher de 62 anos, antecedentes de HTA, epilepsia e hipocoagulação por fibrilhação auricular (FA) e AIT prévios. Medicada com bisoprolol, amiodorona, valproato de sódio e varfarina. Submetida a laparotomia exploradora urgente por ventre agudo sob anestesia geral balanceada. Sem intercorrências intraoperatórias. Administrados paracetamol 1000 mg IV, tramadol 100 mg IV e morfina 4 mg IV para analgesia pós-operatória. No recobro, apresentou depressão do estado de consciência (ECG 6), pupilas mióticas, não obstante respiração espontânea com gasimetria e temperatura (36,2 ºC axilar) normais. Sem reversão após naloxona 400 µg IV. TAC com hipodensidade periventricular frontal esquerda compatível com AVC isquémico sendo admitida em Cuidados Intensivos. Estudo analítico e EEG sem alterações. À data de alta, apresentava recuperação total da consciência com amnésia para acontecimentos prévios e hemiplegia direita. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES O atraso no recobro de consciência após anestesia geral, inclui um conjunto complexo de factores etiológicos.(2) No nosso caso, o uso da naloxona sem reversão clínica, a normotermia e a ausência de distúrbios respiratórios ou metabólicos permitiram excluir as causas mais comuns. O AVC isquémico peri-operatório é uma causa possível sendo o risco em doentes cirúrgicos estimado em 0,3%.(1) A condição tromboembólica associada à FA numa doente de risco elevado para AVC pode ter sido o factor determinante. A especificidade deste caso recai na ausência de sintomatologia intraoperatória, sendo o não recobro da consciência o primeiro indicador de lesão neurológica. REFERÊNCIAS 1. Can J Anaesth 2001; 38; 335-7, 2. Can J Anaesth 1994; 41; 423-6. 18 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 Os Anestésicos Locais(AL) do grupo amida podem ser responsáveis por toxicidade local ou sistémica. As Quinolonas, antibióticos de uso frequente, estão associadas a múltiplos efeitos secundários, nomeadamente do sistema nervoso central.1,2 Este relato apresenta uma reacção rara à Ciprofloxacina. CASO CLÍNICO Sexo masculino, 28 anos, ASA I, com fractura exposta dos ossos do antebraço direito e traumatismo craniano ligeiro. Sob monitorização standard da ASA, foi realizado bloqueio do plexo braquial, por via axilar com neuroestimulador, com mistura de Ropivacaína 7,5%(150mg) e Lidocaína 1,5%(240mg), com sedação leve e sem incidentes, para osteossíntese da respectiva fractura. Iniciou Ciprofloxacina 200mg EV 12/12h. A cirurgia durou cerca de 1h sem intercorrências. O doente teve alta da UCPA sem complicações. Na manhã seguinte, o doente apresentou mioclonias do membro superior direito. A equipa ortopédica solicitou a colaboração da Anestesia, por suspeita de complicação da técnica loco-regional. A sintomatologia reverteu com Diazepam 10mg po. O exame neurológico, TC crânio-encefálica e RX da coluna cervical eram normais. Confirmou-se a profilaxia antitetânica. Cerca de 12h depois e imediatamente após a administração de Ciprofloxacina, o doente apresentou novo episódio de mioclonias do membro superior, com extensão para a face e abdómen, sem resposta ao Diazepam. O Antibiótico foi suspenso, com resolução espontânea do quadro clínico. DISCUSSÃO Pensa-se que as Quinolonas causam inibição parcial, competitiva e dose-dependente dos receptores do Ácido γ amino-butírico, induzindo um estado neuronal excitável que poderá explicar o quadro clínico desenvolvido pelo doente.2,3 A toxicidade pelos AL foi excluída, tendo em conta, o intervalo de tempo decorrido, a localização das mioclonias e a ausência de outra sintomatologia. REFERÊNCIAS 1. Med Clin (Barc).1999Mar6;112(8):317-8, 2. Can Fam Physician.2001Mar 47:553-5, 3. Mov Disord.2004May19(5):595-7. PO17 PO18 BIS versus Entropia Hiponatrémia como complicação de prostatectomia supra-púbica Coutinho, Ana 1; Campos, Manuel2; Velasco; Alfonso3, Serviço de Anestesiologia; Hospital S. Teotónio, EPE, Viseu, 2Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar do Porto, EPE, 3Serviço de Neurocirurgia; Centro Hospitalar do Porto, EPE 1 RESUMO INTRODUÇÃO Diversas tecnologias reivindicam a monitorização da acção dos fármacos anestésicos.A Entropia foi criada para monitorizar a profundidade anestésica,comparando-se ao gold standard: o BIS.1,2 Neste caso clínico, ambos foram usados, sem resultados sobreponíveis. CASO CLÍNICO Sexo feminino, 62 anos, ASA II:HTA; Diabetes tipo 2; Dispepsia; Obesidade (IMC:31,2kg/m2). Proposta para biópsia estereotáxica de Lesão Ocupando Espaço cerebral. Pré-medicação: pantoprazol, metoclopramida e diazepam. Monitorização: standards ASA, BIS e Entropia. Sedada com midazolam e perfusão de remifentanil por Target Controlled Infusion (TCI) segundo Modelo Farmacocinético (MF) de Minto,lidocaína tópica para entubação acordada por fibroscopia. Indução com perfusões de propofol e remifentanil por TCI (MF de Schnider e Minto, respectivamente). Curarizada. Durante o acto anestésico/cirúrgico, verificaram-se diferenças nos perfis evolutivos do BIS e Entropia. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Os valores recomendados para manutenção de anestesia geral são semelhantes (40 a 60) em ambos os índices.1,2 Durante a sedação, entubação, indução e recobro da anestesia, o perfil dos valores é semelhante. Na manutenção notou-se uma diferença clara entre ambos: o BIS(sensor à direita) evoluiu com valores mais baixos que a Entropia (sensor à esquerda). A localização/tamanho da lesão: cortéx parieto-occipital direito com 69,3 mm-AP*47,7 mm-Lat*50, 4 mm-Alt, com o edema associado, poderão ser responsáveis pela diminuição da actividade eléctrica do respectivo hemisfério, por alterações de fluxo, perfusão e distribuição de fármacos a nível cerebral, relacionando variações hemodinâmicas locais e sistémicas.Tal justificará os valores mais reduzidos do BIS em relação à Entropia. Pondera-se a hipótese de haver alteração/dificuldade da leitura do sinal eléctrico, por disrupção/diminuição da sua condução pela lesão. Santos, Sara; Andrade, Inês; Bonifácio, Isabel; Peralta, José Anestesiologia; Hospital Fernando Fonseca RESUMO A ressecção da próstata por via supra-púbica é um procedimento comum, realizado em casos de hipertrofia benigna da próstata (HBP) ou de neoplasia deste orgão. Após a excisão da próstata, é habitualmente colocada uma solução de irrigação para lavagem. Descrevemos o caso clínico de um doente do sexo masculino de 64 anos, ASA 3, admitido para uma prostatectomia supra-púbica por HBP. O período peri-operetório decorreu sem intercorrências, tendo sido submetido a anestesia por bloqueio sub-aracnoideu. A avaliação analítica pré-operatória revelava um ionograma com valores dentro dos limites de referência. Cerca de 7 horas após a cirurgia ocorreu um episódio convulsivo, pelo que são contactados os anestesiologistas de urgência. Feita medicação com diazepam 10mg, com resolução do quadro convulsivo. Observou-se solução de irrigação em curso mas sonda de algaliação clampada. Foi feita desclampagem imediata e colhidas análises que revelaram hiponatrémia (110 mmol/L), tendo-se iniciado terapêutica diurética+solução salina hipertónica. Ao longo dos dois dias seguintes, o quadro clínico e laboratorial resolveu progressivamente, sem sequelas para o doente. Devido à clampagem prolongada inadvertida da sonda de algaliação, houve um aumento de pressão nas paredes vesicais com entrada progressiva de solução de irrigação para os capilares e circulação sanguínea, originando um quadro semelhante a um síndrome pós RTU-P (hiponatrémia, sobrecarga de volume e déficits neurológicos). Após cuidados de suporte e tratamento com restrição de fluidos, diuréticos e solução salina houve melhoria do quadro clínicolaboratorial. REFERÊNCIAS 1.Best Practice&Research Clin Anaesthesiol2006;20:81-99 2.Best Practice&Research Clin Anaesthesiol2006;20:101–109 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 19 PO19 PO20 Entubação Fibroscópica em ventilação espontânea: o papel do remifentanil Síndrome Coronário Agudo após administração tópica de Fenilefrina a 10% e Tropicamida a 1% durante vitrectomia Oliveira, Vitor Miguel1; Mascarenhas, Cátia2; Matos Orfão, Jorge3, Mascarenhas, Daniela4 Anestesiologia; Hospital S.Teotónio - Viseu, 2, 3, Serviço de Anestesiologia, C.H.Porto - H. G. Stº. António, 4 Dept. Matemática; Escola Superior Educação; Instituto Politécnico do Porto 1 RESUMO INTRODUÇÃO A entubação fibroscópica (IFO) em ventilação espontânea é uma opção de abordagem de via aérea difícil que exige a cooperação do doente, podendo causar intensa estimulação simpática. Considerando o eventual benefício de uso de remifentanil (RMF) neste contexto, pretendeu-se avaliar o efeito deste fármaco na entubação por fibroscopia óptica. MATERIAIS E MÉTODOS Quinze adultos, ASA I-III, com sinais de via aérea difícil, propostos para IFO por via nasal ou oral, em ventilação espontânea, para cirurgia ORL e Obesidade. Pré-medicados com midazolam, 15’ antes da IFO, foi-lhes instilado fenilefrina e lidocaína 2% nas mucosas nasais e orais. Iniciou-se a perfusão de RMF (0,02-0,1 ugr/kg/min) nos 5’ prévios à IFO. Registaram-se FC, TAM e SpO2 em 5 períodos diferentes: T0 (entrada na sala), T1 (início RMF), T2(início IFO), T3 (passagem do fibroscópio pelas cordas vocais), T4 (entubação). A cooperação do doente foi classificada de “1-má” a “5-excelente” e comparada com o tempo médio para entubação (minutos). Os registos em T0 foram comparados com os restantes e analisados por teste-T de amostras emparelhadas (IC:95%). Consideraram-se significativos valores de P>0.05. RESULTADOS A entubação por via nasal foi conseguida em 80% dos doentes sem alterações hemodinâmicas. A cooperação dos doentes foi considerada “excelente” em 73,3%, “boa” em 20% e “suficiente” em 6,7%. Oito doentes apresentaram tosse moderada e 1 tosse violenta. Os tempos médios para entubação variaram de 3-15 minutos. Melhores níveis de cooperação associaram-se a tempos para entubação mais curtos. Todos os doentes mantiveram ventilação espontânea, sem complicações. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A perfusão endovenosa de RMF (0,02-0,1 µgr/kg/min), na abordagem de via aérea difícil, permite cooperação do doente durante a entubação fibroscópica sob ventilação espontânea com estabilidade hemodinâmica. REFERÊNCIAS Acta Anaesthesiol Scand 2002; 46: 350-354 Anesth Analg 2003;97:904 –8 Br J Anaesth. 1998; 80:467-469 20 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 Duarte, Filipa; O’Neill, Patrícia; Majó, Josep; Carvalho, Catarina; Pedro, Sérgio; Centeno, Maria João; Moreira, João Serviço de Anestesiologia, Hospital Garcia de Orta RESUMO INTRODUÇÃO A fenilefrina e a tropicamida são midriáticos utilizados frequentemente em oftalmologia. São poucos os casos publicados de reacções adversas graves sendo por isso o seu uso considerado seguro. CASO CLÍNICO Doente do sexo feminino, 37 anos, com prolapso da válvula mitral, proposta para vitrectomia electiva sob anestesia geral balanceada. No início da cirurgia e após administração tópica de um número não quantificado de gotas de fenilefrina a 10% e tropicamida a 1% assiste-se a pico hipertensivo (200-130mmHg) e taquicardia supraventricular (FC 170bpm) com focos ectópicos múltiplos. A cirurgia foi suspensa e administrada lidocaína 1,5mg/kg ev. Passados 35 minutos, após estabilização hemodinâmica, retomou-se a cirurgia. Na UCPA, apresentou hipotensão (TAM 53) e hipoxémia mantidas. Salienta-se Rx tórax com infiltrado intersticial difuso e troponina de 0.77ug/L. O Ecocardiograma revelou uma fracção de ejecção do ventrículo esquerdo de 60%, acinesia apical e da parede antero-lateral e hipocinésia infero-mediana. Coronariografia sem alterações. Passados 1 e 3 meses, a doente foi submetida a vitrectomias, sob anestesia geral que decorreram sem complicações. A reversão das alterações da contractilidade segmentar e a normalização da função sistólica do ventrículo esquerdo verificaram-se 3 meses após o evento isquémico. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO Os autores acreditam que o quadro descrito resultou de vasospasmo secundário à administração de simpaticomimético; não podendo ser descartadas hipóteses como o Síndrome de Apical Ballooning1. Os β-bloqueantes não são recomendados na crise hipertensiva por estimulação β-adrenérgica2. A maioria destes episódios é auto limitado dada a curta duração de acção da fenilefrina. O anestesista deve assegurar que na administração destes fármacos são cumpridas as recomendações que tendem a minimizar os seus efeitos sistémicos. REFERÊNCIAS 1.Annals of Int Med 2004; 141:858-64 2.Anesthesiology, 2000; 92: 859-64 PO21 PO22 Estudo comparativo entre Analgesia Contínua da Ferida Operatória e Analgesia Epidural em Cesariana Segmentar Transversa Realização de duplo “blood patch” epidural para tratamento da Síndrome de Hipotensão Intracraniana Espontânea O’Neill, Patrícia; Duarte, Filipa; Ribeiro, Isabel; Centeno, Maria João, Moreira, João Serviço de Anestesiologia, Hospital Garcia de Orta RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS A perfusão de anestésico local na ferida operatória é reconhecida como útil na abordagem multimodal do tratamento da dor1. O estudo pretende comparar dois regimes analgésicos quanto à eficácia e incidência de efeitos acessórios em mulheres sujeitas a cesariana segmentar transversa (CST). METODOLOGIA Estudo prospectivo e randomizado tendo sido constituído um grupo de analgesia contínua da ferida operatória com ropivacaína 0,2% por cateter fenestrado colocado em posição infra-aponevrótica e conectado a elastómero para perfusão contínua a 5ml/h (grupo A); e outro grupo de analgesia epidural com morfina 2mg 12/12h (grupo B). Ambos regimes para 48h. A CST electiva é feita sob bloqueio subaracnoideu. Às 2, 6, 24 e 48h pós-CST foram avaliados a eficácia analgésica, os efeitos acessórios e dados farmacoeconómicos. Para a análise estatística foram aplicadas metodologias não-paramétricas face ao tipo de amostra e dados obtidos. RESULTADOS Nos primeiros 4 meses do estudo foram incluídas 35 doentes: 16 no grupo A e 19 no grupo B. Verificou-se que o número de sujeitos com dor controlada (VNS<3) é maior no grupo A às 2h, 6h e 24h (p≤0,03). A existência de vómitos, prurido, retenção urinária e atraso no retorno da função intestinal, provaram não ser independentes do regime analgésico às 2, 6 e 24h (p≤0,05) tendo o grupo B maior incidência. A análise das variáveis às 48h mostrou ser independente da estratégia analgésica estudada. O número de visitas de enfermagem, motivadas exclusivamente pelo regime analgésico, no total das 48h foi, em média, 0,4 no grupo A (SD:0,6) e 8,6 no grupo B (SD:2,5). DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A analgesia contínua da ferida operatória demonstrou ser uma técnica simples e segura que parece estar associada a bons resultados analgésicos, a menor incidência de efeitos acessórios que a analgesia baseada em opióides e redução de consumo de recursos humanos. REFERÊNCIAS Duarte, Filipa1; O’Neill, Patrícia2; Grunho, Miguel3; Monteiro, Marco4; Guarda, Cláudia5; Centeno, Maria João6; Moreira, João7 Serviço de Anestesiologia, Hospital Garcia de Orta, 2, 4 Serviço de Neurologia, Hospital Garcia de Orta 1, 3, 5, 6 , 7 RESUMO INTRODUÇÃO A hipotensão intracraniana espontânea (HIE) é uma síndrome caracterizada por cefaleias com agravamento ortostático, náuseas, vómitos, fotofobia e diplopia1. A maioria dos casos de HIE é devida a fístulas liquóricas localizadas a nível cervical ou torácico2. CASO CLÍNICO Relatamos o caso clínico de uma doente, de 33 anos com um início abrupto de cefaleias ortostáticas cervico-occipitais muito incapacitantes com 4 semanas de evolução. Ao exame neurológico apenas apresentava rigidez da nuca sendo o estudo laboratorial e imagiológico normal. Na punção lombar, a pressão de abertura foi 4.8 cmH2O. Por falha da terapêutica conservadora, foi referenciada à Anestesiologia para tratamento invasivo. De forma empírica, foi realizado um duplo “blood-patch” epidural (BPE) tendo sido injectados 10 ml de sangue a nível lombar (L3-L4) e 15 ml a nível torácico (T7-T8). Após a técnica, a doente foi colocada em posição de Trendelenburg durante 40 min. Não houve registo de complicações durante ou posteriores à técnica. Teve alta clinicamente muito melhorada e sem rigidez da nuca. Ao fim de 2 semanas persistiam cefaleias, embora de menor intensidade, pelo que foi realizado novo BPE lombar. Teve alívio completo das queixas que persiste após 2 meses. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES São poucos os casos publicados de BPE torácico associado a lombar como primeira opção no tratamento invasivo de HIE. Baseámos a nossa abordagem numa recomendação grau B1 que propõe um BPE toraco-lombar caso o nível da fístula seja desconhecido. A posição de Trendelenburg permite que o sangue atinja uma maior área de distribuição2. Ainda que alguns autores optem inicialmente por terapêutica médica convencional, o BPE pode ser considerado como opção de primeira linha no tratamento da HIE3. REFERÊNCIAS 1.Reg. Anesth. Pain Medicine 2007; 32: 455-461 2.JAMA 2006; 295, 19:2286-96 3.Current Opinion in Neurology 2003, 16: 319-326 1.Anesth Analg 2000; 91:1436–40 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 21 PO23 PO24 Enfarte Agudo do Miocardio às 30 semanas de gestação um desafio para uma equipa Multidisciplinar Cirurgia de Ambulatório: privilegiar o doente, com melhor gestão de recursos? Novo sistema de selecção para a consulta de anestesia. Duarte, Filipa1; O’Neill, Patrícia2; Grunho, Miguel3; Monteiro, Marco4; Guarda, Cláudia5; Centeno, Maria João6; Moreira, João7 Serviço de Anestesiologia, Hospital Garcia de Orta, 2, 4 Serviço de Neurologia, Hospital Garcia de Orta 1, 3, 5, 6 , 7 RESUMO INTRODUÇÃO O Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) durante a gravidez é raro e está associado a morbimortalidade materno-fetal elevada. CASO CLÍNICO Grávida de 39 anos, hipertensa, fumadora e alcoólica, vem ao S.U., às 31 semanas de gestação, por síncope. Encontrava-se consciente, assintomática e hipotensa(TAM 53). O ECG revelou supradesnivelamento de ST em DI, AVL, V1-V6. Os marcadores de necrose miocárdica estavam elevados. O ecocardiograma evidenciou acinesia apical e hipocinésia grave do segmento médio da parede anterior do ventrículo esquerdo e septo; FEVE:30%. Realizou coronariografia percutânea com tentativa frustrada de angioplastia e colocação de stent convencional na artéria descendente anterior proximal. Ficou internada e medicada com AAS, clopidogrel e carvedilol. O clopidogrel foi substituído por enoxaparina 7 dias pré-parto. Iniciou perfusão de Levosimendan na véspera com melhoria da função sistólica. Às 34 semanas de gestação, foi feita cesariana electiva sob anestesia epidural que decorreu sem intercorrências. O indíce de Apgar foi 9/10. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Face ao risco de mortalidade materna ser maior nas primeiras 2 semanas pós-EAM1, programou-se o parto para 3 semanas depois. Dada a eventualidade de uma cesariana, a angioplastia teria sido o meio mais seguro de revascularização coronária por necessitar de um período menor de dupla anti-agregação plaquetária obrigatória, comparativamente com um stent convencional3. Por decisão multidisciplinar, suspendeu-se o clopidogrel de forma a permitir um parto cirúrgico sob anestesia locoregional. O bloqueio epidural foi escolhido por estar associado a um bloqueio simpático mais insidioso que o bloqueio subaracnoideu. A existência de uma equipa multidisciplinar foi fundamental na abordagem deste caso que representou um desafio tanto diagnóstico como terapêutico. REFERÊNCIAS 1.Circulation 2006;113:1564-1571 2.Am J Ther 2003;10:75-7 3.AnestAnalg 2008 ; 107:570-90. 22 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 Santos, Maria João; Santos, Pedro; Carneiro, Marco; Pereira, Vicente Vieira, Maria José Serviço de Anestesiologia; Hospital S. Marcos RESUMO As vantagens da cirurgia de ambulatório (CA), aliadas à evidência científica da segurança que este regime oferece, serviram de catalisador para o seu rápido desenvolvimento em Portugal. No nosso Hospital as maiores limitações eram infra-estruturas e recursos humanos. A existência de um gabinete único para preparação dos doentes, consulta de anestesia (CoA) e entrevista de enfermagem, associada à carência de anestesistas, dificultavam a observação dos doentes. No 2º semestre (2ºs) 2008, implementámos na UCA um sistema de pré-selecção de doentes para a CoA, baseado na análise de um questionário preenchido pelo cirurgião, onde constam cirurgia proposta, comorbilidades e dados biométricos do doente. O anestesista avalia o questionário e dispensa ou agenda o doente para CoA; todos os doentes seguem para entrevista de enfermagem, onde recebem indicações verbais e escritas. Esperávamos reduzir> 50% nº de CoA e viabilizar crescimento da UCA. Determinar se o modelo de pré-selecção não aumenta os índices de cancelamento e internamento inesperado. Estudo retrospectivo. Inclusão de todos os doentes propostos para CA entre Janeiro e Dezembro 2008; Exclusão de doentes de oftalmologia, sujeitos a protocolo específico. Formaram-se dois grupos: Grupo 1- doentes 1ºs,avaliados sistematicamente na CoA; Grupo 2- doentes 2ºs, submetidos ao sistema de pré-selecção. Análise estatística descritiva. 3637 Doentes propostos para CA,excluídos 1005 (n=2632). Grupo 1: 1399 doentes, 55.9% com CoA; Grupo 2: 1233 doentes, 11.8% com CoA. Cancelamento da cirurgia no BO: Grupo1, 5.7%, 0.36% por risco anestésico; Grupo 2, 4.5%, 0.32% por risco anestésico. Internamento inesperado: Grupo 1, 0.46%; Grupo 2, 0.26%. O sistema de pré-selecção reduziu o nº de CoA em 44.1%, sem que aumentassem cancelamento por causa anestésica e internamento inesperado. Consideramos haver um ganho em recursos humanos e conforto do doente, minimizando as deslocações ao Hospital e custos e maior eficiência da UCA. PO25 PO26 Sedação para colonoscopias: Dois casos de Hemorragia um novo método seguro e eficaz Alveolar após Anestesia Geral – coincidência? Gaspar, Ana; Medeiros, Luis; Serrano, Nuno; Armada, Cláudia Serviço de Anestesiologia; Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco Gentil, EPE RESUMO Os procedimentos em que é necessário anestesista fora do bloco, são cada vez mais frequentes. Os autores elaboraram e aplicaram um protocolo rígido de sedação, com propofol para colonoscopia, através de seringa perfusora PCA. Avaliaram a sua segurança e eficácia, nomeadamente para aplicação pedagógica. 260 doentes, com idade superior a 18 anos, grau ASA I a III, propostos para colonoscopia electiva, foram recrutados para a aplicação do protocolo. Este assentou em dois critérios, idade e peso do doente, para a determinação da dose de propofol. Após uma dose de indução, a sedação foi mantida pela seringa de PCA através de uma perfusão complementada por bólus no caso de movimento do doente. Os principais aspectos avaliados foram: 1) dose total de propofol (dose de indução + bólus e perfusão pela seringa PCA); 2) efeitos adversos; 3) tempo de recuperação; 4) grau de satisfação do endoscopista e do doente. Foi efectuada uma análise descritiva dos dados. A dose total média de propofol foi de 270,6 mg, com um número médio de bólus de 4,7. A ocorrência de complicações foi idêntica à descrita na literatura, sendo a hipotensão transitória a mais frequente (11,6%), seguida de hipoxémia (5,8%) e bradicardia (1,9%), ambas de fácil reversão. O tempo médio de recuperação foi de 21,2 minutos, não necessitando nenhum doente de permanecer internado. Não existiram diferenças entre os vários grupos etários. A maioria dos endoscopistas (79,6%) e dos doentes (88,9%), mostraram-se satisfeitos. A sedação protocolada, através da administração de propofol por seringa perfusora de PCA, é um método seguro e eficaz. Uma rápida recuperação foi possível, também nos doentes idosos. A utilização deste protocolo poderá ser útil, na formação de médicos internos da especialidade, como forma de iniciação às técnicas de sedação. REFERÊNCIAS Asian journal of surgery, 2007;30 (4):239-243. Anaesthesia 2004; 59(2):127-32. Barros, Marta1; Chaves, Ana2; Parente, Susana3; Perez, Rita4; Ferreira, Ana5 Anestesiologia; Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, 2 Serviço de Anestesiologia; Hospital Curry Cabral, 3, 4 Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental - Hosp. S. Francisco Xavier, 5 Directora do Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental 1 RESUMO INTRODUÇÃO O edema pulmonar por pressão negativa é um fenómeno que atinge incidências de 0,1%1, originando, raramente, hemorragia alveolar (HA). É objectivo deste trabalho analisar dois casos de HA que ocorreram no mesmo bloco operatório (BO). CASOS CLÍNICOS Dois doentes do sexo masculino, de 18 e 31 anos, ASA II por alfamanosidase e ASA IE, admitidos para artroscopia do tornozelo e apendicectomia, respectivamente. Deram entrada no BO, no mesmo dia, com 12h de intervalo. Foram submetidos a anestesia geral balanceada (AGB) com entubação orotraqueal. Extubados no final da cirurgia, sem intercorrências. Poucos minutos depois, ambos desenvolveram quadro de tosse não produtiva que culminou em expectoração hemoptóica e hipoxémia. Realizaram TC torácica que confirmou a suspeita de HA bilateral. Permaneceram com O2 por máscara facial com reversão gradual do quadro clínico e imagiológico. DISCUSSÃO Apesar da HA no contexto da AG ser rara, estes dois casos ocorreram com apenas 12h de intervalo. Estes doentes foram anestesiados em salas diferentes do BO e por anestesistas diferentes, não parecendo haver associação com equipamentos anestésicos ou com fármacos. Os casos descritos na literatura são normalmente associados a uma etiologia obstrutiva como o laringospasmo. O início precoce após extubação, a idade jovem e constituição física, e a rápida resolução com medidas de suporte2 são a favor desta etiologia. Tudo aponta para que estes casos clínicos correspondam a casos distintos com etiologias comuns e que, por coincidência, ocorreram no mesmo dia. Este acaso realça a importância de estar alerta para a incidência destas entidades, muitas vezes subdiagnosticadas, e sua prevenção. REFERÊNCIAS 1. Saw Nam Y, Garewal D. Acta Anesthesiol Scand. 2001; 45(7):911-3, 2. Marchertienne IA, Macas A et al. Pulmonary edema and hemorrhage as complications of acute airway obstruction following anesthesia. Medicina (Kaunas). 2008; 44(11):871-6. Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 23 PO27 Atenuação da Lesão de Isquemia-Reperfusão Hepática pelo hidroxietilamido 130/0,4 Catré, Dora1; Lopes, Maria Francelina2; Cabrita, António3; Viana, Joaquim4; Serviço de Anestesiologia; Hospital de São Teotónio - Viseu, 2, 3 Instituto de Patologia Experimental; Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, 4 Serviço de Anestesiologia; Hospitais da Universidade de Coimbra 1 RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS A lesão de isquemia-reperfusão (I/R) é uma situação clínica grave que pode ocorrer em grande cirurgia hepática. A literatura aponta para o efeito benéfico dos hidroxietilamidos (HEA) em contextos com fisiopatologia comum à I/R. O aparecimento de novos HEA de peso molecular médio com menos efeitos adversos levou ao objectivo de testar o efeito do HEA 130/0,4 nas lesões de I/R hepática. METODOLOGIA Foi obtida autorização para o estudo. Randomizaram-se 60 ratos machos adultos Wistar em grupos de 12: Grupo IR+HEA: I/R+20 ml/kg HEA 130/0.4; Grupo IR+SH: I/R+20 ml/kg NaCl7.5%; Grupo IR: apenas I/R; Grupo HEA: controlo com manipulação cirúrgica e administração de HEA 130/0.4, sem indução de I/R; Grupo Sham: controlo com manipulação cirúrgica, sem indução de I/R ou administração de fluidos. Para indução de I/R usou-se o modelo de isquemia parcial normotérmica a 70% com 60 minutos de isquemia hepática e 120 minutos de reperfusão. Avaliou-se o dano hepático por deter- minação da alanina aminotransferase (ALT) e por exame histopatológico do fígado com uma escala de 1 a 9. Foram usados ANOVA e testes post-hoc para comparações múltiplas (p≤0.05 significativo). RESULTADOS Tanto os scores de lesão como a ALT foram mais elevados nos grupos com I/R em comparação com os controlos. Esta diferença não foi significativa para a ALT no grupo IR+HEA. A administração de fluidos diminuiu ambos os parâmetros avaliados em comparação com o grupo IR. Esta diferença foi significativa no grupo IR+HEA, mas não no grupo IR+SH. Da mesma forma, no grupo IR+HEA os scores de lesão e os valores de ALT foram significativamente mais baixos que no grupo IR+SH. (figuras1 e 2). DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A administração de HEA 130/0,4 no início da reperfusão atenua a lesão de I/R hepática no rato. Este efeito protector foi superior ao do soro hipertónico, sugerindo a acção de outros mecanismos além do volume. REFERÊNCIAS: Anesth Analg. 2007 Mar;104(3):624-30; J Invest Surg. 2006;19:113-23 FIGURA 1 Valores plasmáticos de ALT nos diferentes grupos FIGURA 2 Scores histológicos de lesão hepática 12000 10 Scores histológicos de lesão hepática Valores plasmáticos de ATL (UI/L) 10000 8000 6000 4000 2000 0 -2000 IR+HEA IR+SH 24 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 IR HEA Sham 8 6 4 2 0 -2 IR+HEA IR+SH IR HEA Sham PO28 PO29 Qualidade de vida após eventos cardíacos major no pós-operatório ‘Hemangioma Subglótico: uma causa rara de estridor no pós-operatório’ Fernandes, Vera1; Botelho, Miguela2; Abelha, Fernando3 Pires, Ana Cristina1; Duarte, Célia2; Pimentel, Maria3; Rocha, Teresa4; Oliveira, Luísa5 Anestesiologia; Hospital de S.João, 2 Serviço de Anestesiologia; Hospital de S.João, 3 Chefe de Serviço de Anestesiologia; Hospital de S.João 1 RESUMO INTRODUÇÃO As complicações cardiovasculares associam-se a elevada mortalidade e morbilidade no pós-operatório resultando em prolongamento do internamento e elevados custos. Poucos estudos avaliaram o grau de dependência destes doentes e a percepção que têm da sua própria saúde. O objectivo deste trabalho foi avaliar a qualidade de vida em doentes com eventos cardíacos major (ECM) no pósoperatório. MÉTODOS Estudo prospectivo e observacional numa Unidade de Cuidados Pós-Anestésicos (UCPA), entre Março de 2006 e Março de 2008. Os doentes foram avaliados quanto à ocorrência de ECM. Foram registados dados demográficos, variáveis peri-operatórias, tempo de internamento e mortalidade. Os doentes foram contactados 6 meses após alta para preenchimento do questionário Short-Form36 (SF-36) e avaliação do grau de dependência nas actividades da vida diária (AVD). RESULTADOS Dos 1065 doentes admitidos na UPA após cirurgia não cardíaca major, 26 doentes (2.4%) desenvolveram ECM. Dos 16 sobreviventes aos 6 meses 12 completaram os questionários. Não houve diferenças na dependência nas AVD antes da cirurgia e 6 meses após a alta da UPA; 31% referiram que o seu estado geral de saúde era melhor no dia em que responderam ao questionário do que 6 meses antes. Os doentes apresentaram pontuações de SF-36 piores em todos os domínios excepto no desempenho emocional e saúde mental comparados com a população da mesma área urbana. Apresentaram melhor pontuação SF-36 para função física e desempenho físico e piores no desempenho emocional que os doentes sem ECM. CONCLUSÃO Seis meses após alta da UPA poucos doentes com ECM consideravam a sua saúde em geral melhor após a cirurgia, apesar de não serem mais dependentes nas AVD que antes da cirurgia. Comparados com os outros doentes da UCPA apresentavam piores pontuações no SF-36 nos domínios de desempenho emocional mas mostravam melhores pontuações na função física e desempenho físico. Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, 2 Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio, 4, 5 Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar Lisboa Central 1, 3 RESUMO INTRODUÇÃO O Hemangioma subglótico é uma lesão vascular rara. Caracteriza-se por estridor bifásico e dificuldade respiratória, geralmente exacerbados pelo choro e por infecções respiratórias altas. Quando condiciona uma obstrução da via área superior >70% é potencialmente fatal 1-3. É diagnosticado geralmente entre os 6 e 12 meses por fibrobroncoscopia. CASO CLINICO Criança do sexo masculino, 2 anos de idade, 13 Kg, com história de bronquiolites, laringites de repetição, roncopatia e apneia do sono (ASA II), para adenoamigdalectomia e colocação de tubos de Sheppard.Cirurgia a 19/01/09 sob anestesia geral (tubo 4,5 s/cuff), sem complicações anestésico-cirúrgicas.Foi transferida para a UCPA extubada e hemodinamicamente estável.Na UCPA inicia quadro de dificuldade respiratória, estridor e diminuição da SatO2.Fez O2 por máscara facial, corticoide e.v., salbutamol e adrenalina em aerossol sem melhoria.Por laringoscopia directa observou-se estreitamento subglótico acentuado por aparente edema da mucosa, sem hemorragia.Reintubou-se com tubo 3,5 sem cuff e transferiu-se para a UCIP ventilada e sedada. Extubada às 36h sob o controlo de fibrolaringoscopia, que revelou uma massa de superfície lisa, bilateral, imediatamente abaixo das cordas vocais que posteriormente se diagnosticou como hemangioma subglótico bilateral com redução do lúmen em 50-60%. Alta ao 4.º dia sob corticoterapia e antibioterapia e indicação para seguimento na consulta de Pneumologia. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Apesar de ser uma lesão rara, o hemangioma subglótico é potencialmente fatal. O elevado índice de suspeição para o diagnóstico precoce e correcto permite programar a anestesia, a fim de evitar complicações, o que neste caso não foi possível. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1.Laryngoscope. 2006;116(7):1059-1070. 2.Curr Opin Otolaryngol Head Neck Surg. 2004;12(6):509-512. 3.Otolaryngol Clin North Am. 2008;41(5):903-911. Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 25 PO30 PO31 Ácido tranexâmico na Cirurgia Ortopédica Pediátrica major – Estratégia poupadora de sangue – Caso Clínico Determinantes da Insuficiência Renal Aguda após cirurgia 1, 2, 3 Garrido, Natália ; Celestino, Catarina ; Costa, Vânia ; Bezerra, Maria José ; Santos, Mafalda5 RESUMO 1 2 3 4 Botelho, Miguela1; Fernandes, Vera2; Abelha, Fernando3 Serviço de Anestesiologia; Hospital S. João 1, 2, 3, 4 INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS 5 O desenvolvimento de insuficiência renal aguda (IRA) no peri-operatório está associado ao aumento da mortalidade e morbilidade. O estudo pretende avaliar a incidência e factores de risco para desenvolvimento de IRA no pós-operatório, em doentes com função renal previamente normal, submetidos a cirurgia major não cardíaca. Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/ Espinho EPE, Serviço de Ortopedia; Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/ Espinho EPE RESUMO INTRODUÇÃO A cirurgia ortopédica pediátrica major pode associar-se a grandes perdas hemáticas. A etiologia das perdas hemáticas é multifactorial, potenciada por deficiências em factores da coagulação e fibrinólise1. O processo mais directo de reduzir a necessidade de transfusões sanguíneas será a redução das perdas sanguíneas perioperatórias. O ácido tranexâmico (AT), um inibidor da fibrinólise, tem demonstrado diminuição das perdas hemáticas e da necessidade de transfusão sanguínea em 25-45% na cirurgia cardíaca pediátrica e de modo semelhante no transplante hepático, artroplastia do joelho e na cirurgia de escoliose2.Com base nestes resultados, decidimos introduzir o AT na nossa prática clínica em cirurgia ortopédica pediátrica major de longa duração, nos doentes com baixo desenvolvimento estaturoponderal e avaliar a necessidade de transfusão sanguínea. CASO CLÍNICO S.C, sexo feminino, 9 anos, 22,8Kg, ASA 3(paralisia cerebral) submetida a duas cirurgias ortopédicas, com utilização profilática de AT para osteotomia da bacia e fémur e tenotomia dos adutores à direita em 7/2008 e com tenotomia dos adutores à esquerda em 9/2008. Estudo pró-trombótico pré-operatório negativo (tabela). Na 1ª cirurgia submetida a anestesia combinada (Anestesia geral balanceada e bloqueio caudal). Efectuado AT 50mg/Kg 20` após a indução até à incisão cirúrgica, seguido de uma perfusão 10mg/Kg/ h até ao final da cirurgia. Duração da cirurgia 7h30. Perdas hemáticas–100mL.Transferida para a UCPA em ventilação espontânea. Na 2ª cirurgia submetida à mesma técnica anestésica e perfusão AT. Duração da cirurgia: 9h17 e perdas hemáticas-100mL. Transferida para OBS de pediatria em ventilação espontânea. Pósoperatório sem complicações tromboembólicas. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO Nestas duas intervenções cirúrgicas em que o AT foi utilizado, as perdas hemáticas foram pequenas e não houve necessidade de transfusões sanguíneas. REFERÊNCIAS 1. Can J Anesth2006; 53:21-29.2Spine 2007; 32:2278-2283. TABELA 1 Resultado Anticoagulante Lúpico 35.1 seg D-Dímeros 0.26 Proteína S 86 % Proteína C 73% Antitrombina III 118 % Resistência à proteína C activada 156.2 seg 26 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 Normal 31-43 positivo > 0.5 55 - 123 70 - 130 80 - 120 > 120 MÉTODOS Estudo prospectivo e observacional na Unidade Cuidados PósAnestésicos (UCPA) com 5 camas de cuidados intensivos, de Março 2006 até Março 2008. Os doentes foram seguidos para o desenvolvimento de IRA, definida como creatinina sérica superior a 20 mg/L, após a admissão na UCPA. Foram registadas características pré-operatórias, variáveis peri-operatórias, mortalidade e tempos de internamento na UCPA (TI). Foi efectuada análise univariável e a regressão logística múltipla com cálculo de Odds Ratio (OR) e Intervalo de Confiança a 95% (95%IC). RESULTADOS Foram admitidos na UCPA 1265 doentes. Quarenta e quatro doentes desenvolveram IRA (3.5%). Idade (OR 2.22, 95%IC 1.22-4.53, p=0.011 para ≥ 65 anos), cirurgia urgente (OR 2.34, 95%IC 1.264.36 p=0.007), cirurgia de alto risco (OR 3.18, 95%IC 1.62-6.23, p=0.001), doença cardíaca isquémica (OR 2.16, 95%IC 1.17-4.00, p=0.014), insuficiência cardíaca congestiva (OR 4.39, 95%IC 2.398.06, p<0.001), estado físico ASA (OR 2.98, 95%IC 1.39-6.38, p=0.005 para doentes ASA IV/V), total de Revised Cardiac Risk Index (RCRI) (OR 1.74, 95%IC 1.36-2.21, p<0.001), cristalóides e colóides administrados (p=0.004 e p=0.026 respectivamente), foram considerados preditores de IRA. Tiveram maiores SAPS II (p<0.001), TI (p=0.009), e maior mortalidade na UCPA (p<0.001) no hospital (p=0.001) e 6 meses após a alta (p=0.023). CONCLUSÕES A idade, estado físico ASA, alguns itens do RCRI, a pontuação de RCRI e quantidade de fluídos administrados durante a cirurgia, foram considerados predictores do desenvolvimento de IRA. O desenvolvimento de IRA teve um sério impacto nos TI e mortalidade. PO32 PO33 Qualidade de vida em doentes Retenção de Cateter Epidural que desenvolveram Insuficiência – caso clínico Renal Aguda após cirurgia Tenreiro Pinto, Joana; Freitas, Maria João; Vieira, Rui; Dionísio, Emídio Botelho, Miguela1; Fernandes, Vera2; Abelha, Fernando3 Serviço de Anestesiologia;Hospital de São Teotónio Viseu - EPE Serviço de Anestesiologia; Hospital S. João RESUMO INTRODUÇÃO A insuficiência renal aguda (IRA) ocorre em 1-5% no pós-operatório imediato e está associada a maior mortalidade e morbilidade, contudo poucos estudos avaliaram a qualidade de vida nestes doentes. O objectivo deste estudo foi avaliar a qualidade de vida em doentes que desenvolveram IRA após a cirurgia. MÉTODOS Estudo prospectivo na Unidade Cuidados Pós-Anestésicos (UCPA) com 5 camas de cuidados intensivos, de Março 2006 até Março 2008. Os doentes foram seguidos para o desenvolvimento de IRA, definida como creatinina sérica superior a 20 mg/L após admissão na UCPA. Seis meses após alta hospitalar, estes doentes foram contactados para responder ao questionário Short Form 36 (SF-36) e para avaliação da dependência nas actividades de vida diárias (AVD). As comparações entre grupos de doentes com e sem desenvolvimento de IRA foram efectuadas com testes não paramétricos, o Qui-quadrado ou o teste exacto de Fischer. RESULTADOS Foram admitidos na UCPA 1265 doentes adultos. Quarenta e quatro doentes desenvolveram IRA (3.5%). Em 31 doentes que sobreviveram 6 meses após alta, 21 completaram os questionários. Cinquenta e dois por cento dos doentes referiram que o seu estado geral de saúde era melhor no dia que responderam ao questionário do que 12 meses antes. Estes doentes apresentaram piores resultados nos domínios função física, desempenho físico e função social do SF-36 quando comparados com os doentes que não desenvolveram IRA. Apresentaram piores pontuações em todos os domínios do SF-36 quando comparados com a população em geral. Seis meses após alta da UCPA 81% e 38% estavam dependentes nas AVD instrumental e pessoal, respectivamente o que corresponde a maior dependência do que antes da cirurgia (P <0.001). CONCLUSÕES Os doentes que desenvolveram IRA, apesar de terem uma percepção de melhor qualidade de vida 6 meses após a alta apresentaram maior dependência nas AVD e apresentaram piores resultados para os domínios físicos e social do SF-36. RESUMO RESUMO Apesar das vantagens indiscutíveis da epidural para analgesia de trabalho de parto(ATP), esta não é uma técnica isenta de riscos. Apresentamos um caso de retenção de fragmento de catéter epidural durante a sua colocação. INTRODUÇÃO A quebra de cateter epidural é rara1durante a sua colocação devem ser respeitadas algumas regras:não inserir o cateter epidural mais de 5cm no espaço epidural e não o exteriorizar através da agulha de Tuohy.6 A remoção do cateter deve ser feita de forma cuidadosa, aplicando força contínua3 sem utilização de pinças.2 CASO CLÍNICO Primípara 26 anos ASA1,40 semanas de gestação. Estudo analítico normal. Após consentimento informado procedeu-se à colocação de catéter epidural para ATP, na posição sentada, abordagem mediana,L4L5,Tuhoy 18G, pesquisa por perda de resistência com ar. O espaço epidural foi encontrado aos 5cm à 5ª tentativa, tendo sido encontrada resistência à introdução do catéter. Após várias tentativas sem sucesso para a remoção em bloco do cateter e agulha, foi aplicada força contínua crescente para exteriorização do cateter através da agulha de Tuhoy, tendo ocorrido quebra e retenção da ponta do cateter (3mm). Optou-se pela colocação de novo cateter, usando a mesma técnica, a nível L3-L4, sem intercorrências. Após parto eutócico, este cateter foi removido sem complicações. A doente apresentou sempre exame neurológico normal. Realizou Rx e TAC lombar, sem localização da ponta de cateter. Foi avaliada por neurocirurgia, que considerou não haver indicação cirúrgica. A doente teve alta às 48h. Em consulta de anestesia após 3 meses, mantinha-se assintomática. A vigilância neurológica é fundamental. Apesar da recomendação para um tratamento conservador, a laminectomia está indicada se existem sintomas neurológicos de novo, se localização intratecal do fragmento ou se risco de avulsão de raíz nervosa.5 REFERÊNCIAS 1. Anesth Analg, 2002;95:1087-1089 2. Anesth Analg, 2001;93:210-212 3. Br J Anaesth, 1994;73:833-835. 4. Reg Anes Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 27 PO34 PO36 Determinantes de eventos cardíacos major após cirurgia Serviço de Anestesiologia; Hospital S. João Segurança e Eficácia da Técnica Sequencial e ‘Walking Epidural’ em Analgesia de Parto RESUMO Lopes Gomes, Lino; da Fonte, Marcos; Fontes, Daniela; Figueiredo, Paulo Botelho, Miguela; Fernandes, Vera; Abelha, Fernando INTRODUÇÃO As complicações cardiovasculares estão associadas a aumento da morbilidade e mortalidade no pós-operatório, resultando num aumento do tempo de internamento (TI). O objectivo deste estudo foi identificar os predictores de eventos cardíacos major após cirurgia não cardíaca. MÉTODOS Estudo prospectivo e observacional na Unidade de Cuidados PósAnestésicos (UCPA) com 5 camas de cuidados intensivos de Março 2006 até Março 2008. Os doentes foram seguidos para a ocorrência dos seguintes eventos cardíacos major (ECM): enfarte agudo do miocárdio (EAM), edema pulmonar (EP), fibrilhação ventricular (FV) ou paragem cardio-respiratória (PCR). Foram registadas características demográficas e dados peri-operatórios, mortalidade e TI. Foi efectuada regressão logística múltipla com cálculo de Odds Ratio (OR) e intervalo de confiança a 95% (IC95%) para comparar cada variável e a ocorrência de ECM. RESULTADOS Foram incluídos no estudo 1265 doentes. Vinte e seis (2%) apresentaram ECM. Idade (OR 2.65, IC95% 1.11-6.35, p=0.029 para idade ≥ 65 anos), estado físico ASA (OR 4.24, IC95% 1.74–10.34, p=0.001 para doentes ASA IV/V), cirurgia de alto risco (OR 4.24, IC95% 1.74–10.34, p=0.009), doença cardíaca isquémica (OR 7.17, IC95% 3.09 – 16.65, p<0.001), insuficiência cardíaca congestiva (OR 13.39, IC95% 5.32–33.69, p<0.001), total de Revised Cardiac Risk Index (RCRI) (OR 2.78, IC95% 2.01–3.83, p<0.001), hipertensão (OR 12.28, IC95% 2.88-52.32, p=0.001), dislipidemia (OR 2.46, IC95% 1.09–5.52, p=0.030) e volume de fluídos intra-operatórios (p<0.001 para eritrócitos e p=0.023 para plasma) foram considerados predictores de ECM. Estes doentes apresentaram maiores TI na UCPA (p=0.005) e maior mortalidade (p=0.01 na UCPA e p<0.001 hospital). CONCLUSÕES Idade, ASA, cirurgia de alto risco, doença cardíaca isquémica, insuficiência cardíaca congestiva, scores RCRI, hipertensão, dislipidemia e fluídos intra-operatórios foram considerados factores de risco para ECM. Serviço Antestesiologia, Hospital São Sebastião RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS A técnica sequencial e walking epidural ganhou adeptos nos últimos anos. O objectivo foi avaliar a eficácia e segurança desta modalidade analgésica para trabalho de parto. METODOLOGIA Incluídas parturientes ASAI, primíparas, gestações de termo, em trabalho de parto, membranas íntegras, que consentiram analgesia loco-regional e queriam deambular. Explicada zona limite e necessidade de acompanhamento. Monitorizadas de acordo com as recomendações, obtido acesso venoso periférico e preenchimento vascular com 500 mL de Lactato de Ringer. Usou-se kit de sequencial. Utilizou-se levobupivacaína 0,075% (1.5 mg) e sufentanil (2.5 µg) num volume total de 2 mL subaracnoideu e iniciou-se perfusão epidural (levobupivacaina a 0,0625% e sufentanil 0.4 µg/ml) a 4 mL/h, com bolus de 8 ml e lockout de 45 minutos. Colocada perfusão de Ocitocina de acordo com indicação obstétrica. Avaliou-se a propriocepção e o bloqueio motor 30 minutos depois com as mulheres sentadas. Não existindo alterações, foram autorizadas a deambular. Avaliou-se a dilatação e extinção do colo uterino, a duração e tipo do trabalho de parto, a qualidade da analgesia (Escala Visual Analógica) e a utilização de doses analgésicas adicionais. Registaram-se efeitos laterais. RESULTADOS Incluídas 23 parturientes, idade média de 28 +/- 4 anos. Todas deambularam e não houve casos de dificuldade ou queda. O alívio da dor (EVA< 3) ocorreu 4±1,2 minutos e o parto 174±25 minutos após a técnica. Em média usaram 1,2 bólus. Verificou-se prurido em 74% dos casos e hipotensão em 9%. Não houve casos de cefaleias até às 48 horas. 2 casos de bradicardia fetal transitória. O partograma (gráfico 1) mostra a curva média observada. Parto instrumentado em 22%. Nenhum caso evoluiu para cesariana. CONCLUSÃO A técnica sequencial com walking epidural mostra-se segura e eficaz como analgesia e parece acelerar trabalho de parto. O prurido foi o efeito lateral mais frequente e pode ser motivo de insatisfação. GRÁFICO 1 Resultados da Evolução do Partograma 28 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 PO35 Mascara Laríngea Aramada em Anestesia para Otorrinolaringologia – Experiência de 8 anos Lopes Gomes, Lino; Fontes, Daniela; Cardoso, Inês; Pacheco da Fonte, Maria; Loução, Rui; Figueiredo, Paulo Serviço Anestesiologia; Hospital São Sebastião RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Desde o aparecimento da Máscara Laríngea Aramanda (MLa) na década de 90, o seu uso tem crescido quer em número quer em variedade de aplicações. Dada a experiência do nosso serviço na utilização de MLa em anestesia para cirurgia otorrinolaringológica, os autores propõem-se fazer a revisão da casuística dos últimos 8 anos. As MLa são utilizadas em diversas situações nos grandes centros METODOLOGIA mo (0,5%) e a presença de sangue na via aérea 0,5%. Contudo, a complicação mais frequente foi a obstrução tubo da MLa pelo abre-bocas, o que, na maioria dos casos, foi resolvido com a troca por um abre-bocas com lâmina maior. Este facto realça a necessidade de o cirurgião conhecer o dispositivo utilizado na via Foram analisados 2221 registos anestésicos referentes a cirurgias electivas de Otorrinolaringologia (ORL) realizadas entre Janeiro de 2001 e Junho de 2008 nos quais se utilizou a MLa como dispositivo da via aérea. Foi registado o tipo e duração do procedimento cirúrgico bem como as complicações verificadas no intra e pós-operatório imediato. RESULTADOS A adenoamigdalectomia e a septoplastia foram os procedimentos mais frequentes (Tabela 1). A complicação mais frequente foi obstrução da via aérea pelo “abre-bocas” Boyle-Davis (Tabela 2). de cirurgia ORL. Neste estudo verificou-se que o âmbito da utilização das MLa ao longo dos 8 anos é semelhante ao que se verifica nesses centros. A incidência de complicações foi semelhante à descrita na literatura, sendo de destacar a tosse (1,7%), o laringospas- aérea e as suas vantagens/desvantagens de forma a obter dele uma colaboração eficaz. De realçar, também, a baixa incidência de casos em que foi necessária a substituição da MLa por tubo traqueal (0,9%). Tal como o crescente e volumoso conjunto de referências, esta revisão de casos mostra que a MLa é uma forma eficaz e segura de assegurar a via aérea em cirurgia ORL. TABELA 1 Procedimentos Cirúrgicos N Orafaringe Nasal Ouvido Pescoço Adenoidectomia 237 Amigdalectomia 265 Adenoamigdalectomia 426 Biósia orofaringe 12 Uvuloplastia 92 Dacriocistorrinostomia 53 TABELA 1 Complicações Duração média 1032 51+- 12 minutos N % Tosse 37 1,7 Laringospasmo 11 0,5 Presença de sangue na via aérea 16 0,7 Broncospasmo 14 0,6 99 4,5 Rinoplastia 43 Septoplastia 370 Cirurgia Microendonasal 299 Obstrução do tubo pelo abre bocas Redução fractura dos ossos do nariz 88 Odinofagia 37 1,7 Estapadectomia 75 Mastoidectomia 53 159 +- 24 minutos “Ruído durante ventilação” 22 1 Timpanoplatia 199 36 +- 11 minutos Substituição de ML por tubo traqueal 19 0,9 Traqueostomia 853 327 9 128+-19 minutos Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 29 PO37 PO38 Anestesiologia e Reumatologia Quais as implicações anestésicas da suspensão pré-operatória dos agentes anti-TNFα na doença inflamatória articular? Cesariana em paciente com Miastenia gravis: Técnica sequencial com baixa dose anestésico local associada a expansão do espaço epidural Rocha, Carolina1; Abreu, Pedro2; Orfão, Rosário3; Malcata, Armando4 Garrido, Natália; Celestino, Catarina; Ribeiro, Lília; Rocha, Lucília Serviço de Anestesiologia; Hopitais da Universidade de Coimbra, 2, 4Serviço de Reumatologia; Hospitais da Universidade de Coimbra Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/ Espinho 1, 3 RESUMO OBJECTIVO RESUMO INTRODUÇÃO Os anti-TNFα têm sido implicados no risco de infecções e agravamento da doença inflamatória articular (DIA). A manipulação destes fármacos no peri-operatório gera dúvidas ao anestesiologista, pelo A Miastenia Gravis (MG) é uma doença auto-imune da transmissão neuromuscular, incidência 1:20000 e mais frequente no sexo feminino1. As grávidas com MG são consideradas de alto risco pela possibilidade de agravamento da doença durante a gravidez ou que o aconselhamento com o reumatologista se impõe. O objectivo foi observar o número de complicações infecciosas após cirurgia em doentes que suspenderam a terapêutica com anti-TNFα. puerpério. A disseminação das técnicas locorregionais em Obstetrícia permitiu uma melhor abordagem das grávidas miasténicas2. MÉTODOS Grávida 33 anos, IIG0P, 38 sem, com MG tipo II(classificação Osserman´s) proposta para cesariana electiva. Gravidez sem intercorrências. Após monitorização standard, é efectuada técnica sequencial em decúbito lateral, abordagem mediana, L3-L4, pesquisa do espaço epidural com soro, administração espinal de 5mg de bupivacaína hiperbárica 0.5% e 2µg sufentanil e colocação de cateter epidural. Ao fim de 5`, verificou-se bloqueio sensitivo a nível de dermátomo T8. Administrou-se 5ml SF 0.9% via epidural, tendo sido atingido o dermátomo T4 ao fim de 10`. Manteve bloqueio sensitivo adequado e estabilidade hemodinâmica até ao fim da cirurgia (50`). Pós-operatório imediato apresentava bloqueio motor grau II de Bromage, sem alterações respiratórias. Estudo retrospectivo das complicações infecciosas ocorridas no pós-operatório de cirurgia ortopédica e não ortopédica (agravamento da DIA, infecções relacionadas com a cirurgia) em 121 doentes do Hospital de Dia da Reumatologia sob terapêutica com antiTNFα (infliximab, etanercept), submetidos a cirurgia entre 01/2004 a 05/2008. Foi registado o número de complicações e comparado com o tipo de cirurgia a que foram submetidos, assim como o tempo de descontinuação dos anti-TNFα antes da cirurgia. RESULTADOS Dos 121 doentes tratados com anti-TNFα, 21 sofreram 32 cirurgias. A maior parte das intervenções foi ortopédica(62,5%). Em 21 cirurgias(65.6%; 17 doentes) verificou-se agravamento do score de actividade da DIA no pós-operatório. O número de infecções pós-cirurgia foi de 5(15.6%), para o grupo das intervenções ortopédicas(n=20). O número de ocorrências infecciosas foi de 0(0%) para o outro grupo(n=12). Das 5 complicações infecciosas(4 doentes), em apenas 1 caso o agente suspenso foi o infliximab. O etanercept foi suspenso nos restantes(3 doentes). Todos faziam prednisolona e metotrexato.Discussão: Apesar do pequeno número de intervenções em doentes sob terapêutica biológica parece que a interrupção do agente biológico, no grupo das cirurgias ortopédicas, não diminuiu o risco de complicações. As taxas de infecção foram comparadas com as da literatura (cirurgias ortopédicas 7%; cirurgia abdominal 13%). Apesar da controvérsia face à suspensão destes agentes, a sua descontinuação deverá ser equacionada atendendo ao risco de flares, traduzido por scores de DIA mais elevados ααα. CASO CLÍNICO DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A Anestesia locorregional é a técnica de eleição. Contudo, a administração única de anestésico local nas doses convencionais pode ser nefasta. A utilização de técnicas contínuas (técnica sequencial ou espinal contínua) constitui uma opção mais segura nestes doentes. Doses baixas permitiram uma anestesia adequada à cesariana diminuindo o risco de bloqueio motor dos músculos respiratórios. A expansão do espaço epidural com SF permitiu uma elevação do bloqueio, por provável efeito mecânico sobre o saco dural3. A utilização da técnica sequencial associada a expansão do espaço epidural com SF, mostrou-se segura e eficaz, pelo que, pensamos ser útil em parturientes com patologia cardiorespiratória. REFERÊNCIAS 1. Anesth Analg 2008;107:1313-1315, 2. Int J Obst Anesth 2007;16:346-353, 3. Anesth Analg 2004;98:810-814. 30 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 PO39 PO40 Poliomiosite – uma abordagem Videolaringoscópio de anestésica McGrath – Estudo prospectivo da curva de aprendizagem Martins, Filipa; Horta, Graça; Faria, Tiago; Amaro, Rui; Pina, Pedro Departamento de Anestesiologia e Cuidados Críticos; Hospital de S. Marcos, Braga RESUMO Humberto, Rebelo1; Figueira, Iria2; Charco, Pedro3 Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar Gaia/Espinho EPE, 2 Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar Coimbra, 3 Serviço de Anestesiologia;Hospital Universitário Son Dureta 1 INTRODUÇÃO A polimiomiosite é uma doença idiopática rara caracterizada por inflamação muscular mediada imunologicamente, de predomínio proximal. O envolvimento dos músculos faríngeo e esofágico resulta em disfagia e refluxo gastroesofágico (RGE). A aspiração é uma das complicações mais comuns. 50% dos doentes apresenta disfunção pulmonar restritiva, por fraqueza dos músculos respiratórios ou por doença pulmonar intersticial. A disfunção miocárdica traduz-se por arritmias ou insuficiência cardíaca congestiva. CASO CLÍNICO Sexo masculino, 16 anos, 60 kg, ASA II, proposto para tenectomia do pé. Diagnóstico de poliomiosite há 5 anos, por uma apresentação clínica típica, CK elevada e biopsia muscular. A anamnese revelava RGE e o exame físico uma atrofia muscular proximal simétrica, com incapacidade para a posição erecta. Analiticamente, aumento ligeiro da CK e LDH. Estava habitualmente medicado com omeprazol 40 mg e prednisolona 10 mg. Foi efectuada pré-medicação ev no dia anterior e 2 horas antes da cirurgia com ranitidina 50 mg e metoclopramida 10 mg. Após administração de midazolam 2 mg ev, foi induzida uma anestesia geral intravenosa total com entubação orotraqueal: fentanil 150 µg e propofol 140 mg; manutenção com propofol 5-10 mg/kg/h. Monitorização segundo os standards da ASA e com BIS. Sem registo de intercorrências durante 1 hora de per-operatório. Transferido para a UPA, extubado, desperto, hemodinamicamente estável, sem SDR, com alta para a enfermaria após 2 horas. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A avaliação pré-anestésica é essencial para antecipar problemas inerentes ao envolvimento multi-sistémico desta doença. Os sintomas de disfagia e RGE, bem como os de disfunção pulmonar e cardíaca, devem merecer preocupação acrescida.1 O conhecimento dos efeitos dos BNM é escasso e, como tal a sua exclusão da nossa estratégia anestésica.2 REFERÊNCIAS 1. Curr Opinion Anaesth 2001; 14: 693-8 2. Br J Anaesth 1988; 60: 854-58 RESUMO INTRODUÇAO Os laringoscópios indirectos foram desenvolvidos para facilitar a entubação em casos de dificuldade da laringoscopia directa. O Videolaringoscópio McGRATH® Serie 5 é um dispositivo que utiliza uma lâmina rigida que afasta a língua permitindo uma visualizaçao clara da laringe da entrada na traqueia. Tem incorporado uma fonte de luz e uma minicâmara na lâmina do Laringoscópio, o que permite uma visualizaçao da laringe durante todo o procedimento da intubaçao. A imagem é transmitida num ecran LCD que está montado no cabo do dispositivo. O objectivo deste trabalho é demonstrar a curva de aprendizagem de internos na entubação orotraqueal com Videolaringoscópio. MÉTODOS Realizamos um estudo da facilidade do uso do videolaringoscópio de McGRATH® Serie 5 em 40 pacientes propostos para cirurgia sob anestesia geral. Os casos foram distribuidos por dois internos de Anestesiologia sem experiência prévia na utilização do videolaringoscópio. Registamos: grau de laringoscopia com laringoscópio lâmina e com videolaringoscópio, tempos de visualizaçao da laringe e realizaçao de intubaçao com videolaringoscópio, eexperiência do utilizador. Análise estatística com SPSS 11.01. RESULTADOS Todos os doentes popostos foram intubados com auxílio do dispositivo de McGrath. O tempo médio para visualização da glote nos primeiros 10 casos foi de 18,25s e o tempo de entubação de 32,65s, totalizando 50,90s. Do 11º ao 20º caso, o tempo de visualização e entubação foram de 8,4s e 23,15s respectivamente, totalizando 31,55s(p=0,03). Dos 40 doentes incluídos 5 deles apresentavam grau de laringoscopia Comarck-Lehane 3 com laringoscópio de Machintosh, que se reduziu para grau 1 com o videolaringoscópio. CONCLUSÕES Observamos uma diminuição do tempo de entubação, de uma forma sustentada, depois dos primeiros 10 caos realizados por cada um dos internos, que demostrou ter significado estaestatístico (p=0,03)O videolaringoscópio de McGrath apresenta uma curva de aprendizagem rápida. Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 31 PO41 PO42 Avaliação do conhecimento das grávidas em relação à Analgesia Epidural Satisfação com a qualidade da Analgesia/anestesia Epidural do parto Bento, Sónia; Cheung, Linda; Pereira, Margarida; Mártires, Emília Bento, Sónia; Cheung, Linda; Pereira, Margarida; Mártires, Emília Anestesiologia; Hospitais da Universidade de Coimbra Anestesiologia; Hospitais da Universidade de Coimbra RESUMO RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS O conhecimento adequado da técnica epidural para analgesia do parto é vital para uma decisão informada por parte da grávida.1,2 Uma informação escassa ou inadequada, pode condicionar a realização de analgesia epidural. Avaliou-se o conhecimento das grávidas relativamente à epidural. A epidural é a técnica mais eficaz e mais frequentemente usada para analgesia do parto1. Mais grávidas recebem analgesia epidural do que inicialmente tinham planeado. O objectivo do estudo é avaliar o grau de satisfação e se a intervenção não planeada teve impacto na satisfação. MÉTODO Inquérito a 100 grávidas do 3º trimestre seguidas em consulta na Maternidade Dr Daniel de Matos. RESULTADOS MÉTODO Inquérito a puérperas no 1º ou 2º dia pós-parto da Maternidade Dr. Daniel de Matos que realizaram analgesia epidural. Foram considerados 98 inquéritos válidos. Idade materna e idade gestacional médias foram 31 anos e 35 semanas, 60 primíparas. Maioria considera a epidural o método analgésico mais eficaz (73) e pretende realizar (62), restantes não pretendem (16) ou não decidiram (20). Fonte de informação mais frequente foram os amigos (39) ou o obstetra (27). Cada um dos seguintes foi referido por cerca de 22 grávidas: panfleto informativo da maternidade, enfermeiro, família, media, internet e livros. Maioria considera ter conhecimento suficiente (60) embora das 14 complicações possíveis apresentadas identifiquem em média 1,82 (mínimo 0 e máximo 6), sendo as mais frequentes: dificuldade em mexer as pernas (45), lombalgias (35) e insucesso da técnica (24). Teste t Student revela uma correlação estatisticamente significativa entre o número de complicações identificadas e as habilitações literárias (p=0,019) e não significativa para número de partos, epidural prévia e considerar ter conhecimento suficiente ou insuficiente (p>0,05). RESULTADOS DISCUSSÃO E CONCLUSÕES DISCUSSÃO E CONCLUSÕES O anestesista deve estar ciente de que muitas grávidas sobreestimam o seu conhecimento acerca da analgesia epidural. Em virtude da ansiedade, dor e desejo de realizar epidural, o entendimento da informação fornecida na sala de partos pode não ser suficiente ou não ser compreendida. A implementação de outras medidas de informação pré-natal poderá minimizar esta situação. O nível de satisfação relativamente à analgesia epidural foi elevado Não houve diferença na satisfação com a analgesia epidural entre as grávidas que a planeavam e as que a não planeavam inicialmente. As expectativas em relação ao parto, nomeadamente o desejo de um parto natural, podem ser um factor contribuinte para a decisão de realizar epidural2. Realizados 84 inquéritos. Idade materna e idade gestacional médias foram 31 anos e 39 semanas; 59 primíparas e 22 grávidas com experiência epidural prévia. Maioria pretendia desde o início realizar analgesia epidural (68%) e a restante não (10%) ou não tinha decidido (23%), apontando como razões: tolerar a dor e pensar não necessitar de analgesia, pretender um parto natural ou recear complicações. Maioritariamente foi a dor muito intensa (88,8%) que levou as grávidas que não pretendiam ou não tinham decidido a realizar Relativamente à satisfação 31% consideraram como excelente, 27,4% bastante bom, 23,8% bom, 9,5% suficiente, 7,1% insuficiente e 1,2% muito mau. Não se verificou uma correlação estatisticamente significativa entre planear ou não realizar epidural e o grau de satisfação (p>0,05, Chi quadrado). Numa futura gravidez 89,3% pretende epidural, nenhuma puérpera diz não pretender e 10,7% não sabe se pretende. Aquelas que respondem não saber, maioritariamente não planeavam analgesia por pretenderem um parto natural. REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS 1. Int J Obst Anest(2004) 13, 30-34, 2. Can J Anest(2000) 11, 1068-73. 32 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 1. Int J Obst Anest(1996) 5, 229-235, 2. Eur J Pain(2007) 11, 275-282. PO43 PO44 Síndrome Takotsubo: a propósito de uma caso clínico Serviço de Anestesiologia; Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPE Preenchimento prévio com Cristalóides vs Colóides no Bloqueios Subaracnoideu para Cesariana - Estudo prospectivo RESUMO Milheiro, Ana; Rebelo, Humberto; Favaios, Susana; Gomes, Diana; Ferreira, Milene; Bezerra, Maria Resendes, Hernâni Oliveira; Paiva, António; Leite, Rosa INTRODUÇÃO O Síndrome de Tako-Tsubo, ou Apical Balloning Syndrome como é denominado na literatura Anglosaxónica, foi descrito pela primeira vez por Dote et al em 19911. A sua incidência precisa é desconhecida, mas calcula-se que possa chegar a 1 ou 2% dos doentes que se apresentam com síndrome coronário agudo2. CASO CLÍNICO Doente do sexo feminino, 59 anos, 60 kg de peso e antecedentes de hipertensão arterial, dislipidémia e depressão. Apresentava um electrocardiograma com bloqueio completo de ramo esquerdo. Foi proposta para laminectomia. Foi pré-medicada na manhã da cirurgia com alprazolam. A indução foi realizada com midazolam, fentanil, propofol e atracúrio. A cateterização arterial decorreu sem intercorrências, contudo durante a colocação de catéter venoso central a doente entrou em assistolia. Foram iniciadas manobras de suporte avançado de vida, tendo recuperado sinais de circulação espontânea após administração de 1 mg de adrenalina e 3 mg de atropina. A radiografia do tórax não mostou alterações e o ecocardiograma revelou boa função do ventrículo esquerdo mas com hipo-acinésia dos segmentos apicais. Realizou também coronariografia que não evidenciou lesões coronárias e ventriculografia que mostrou boa função global e hipocinésia ligeira anterolateral. A troponina subiu até 0,490 µg/L. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES O quadro descreve um caso de síndrome de Takotsubo. A justificar isso existem alterações ecocardiográficas, ausência de lesões coronárias e elevação moderada de enzimas cardíacas. Não há referência a precordialgia porque a doente estava anestesiada, nem é visível supradesnivelamento do segmento ST no ECG por existir um bloqueio completo de ramo esquerdo prévio. Este síndrome surge normalmente em mulheres pós menopausa e na sequência de eventos geradores de stress. REFERÊNCIAS 1. J Cardiol 1991; 21:203-214, 2. Circulation 2007, 115:e56-e59. Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar de Gaia Espinho EPE RESUMO INTRODUÇÃO O tipo de fluido para preenchimento intravascular antes da realização de bloqueio subaracnoideu (BSA) para cesariana é controverso. O uso de soluções cristalóides é a prática de muitos dos Anestesistas. As soluções colóides parecem preservar a pressão oncótica e débito cardíaco, minimizando as consequências hemodinâmicas e a necessidade de vasopressores aquando da realização de BSA para cesariana. O objectivo deste estudo é tentar mostrar o efeito protector das soluções colóides vs cristalóides na estabilidade hemodinâmica após BSA para cesariana. MATERIAL E MÉTODOS Estudo prospectivo randomizado com 53 mulheres grávidas, submetidas a cesariana, para comparar o efeito protector do preenchimento vascular prévio com 300-500mL de solução colóide (hidroxietilamido 6%) versus 500-800mL de cristalóide na estabilidade hemodinâmica para a cesariana com BSA. A nossa amostra foi constituída por 27 mulheres grávidas que foram preenchidas previamente com solução colóide e as outras 26 com cristalóide. Solução endovenosa administrada imediatamente antes de BSA, e foi monitorizado o valor de pressão arterial não invasiva num intervalo de 3 minutos até 15 minutos pós BSA, e a frequência cardíaca de uma forma contínua. Utilizada dose padrão de 7,5 mg bupivacaina (0,5%) e 2,5 mg sufentanyl (5µg/mL). fedrina foi vasopressor de escolha quando a pressão arterial média (PAM) diminuiu mais de 30% do valor inicial, ou quando PAM foi inferior a 60 mmHg. RESULTADOS No grupo onde foi utilizada solução de colóides, das 27 gestantes, apenas 7 (25,9%) necessitaram vasopressor. No grupo cristalóide, das 26, 12 (46,2%). gestantes necessitaram vasopressor. Usamos o teste de Fisher e o valor de p = 0,158. CONCLUSÃO Embora a proporção que usa vasopressores é maior no grupo cristalóide, esta diferença não atingiu significância estatística (p = 0,158 com teste de Fisher), talvez devido ao pequeno tamanho da amostra. Estudos com maior tamanho amostral devem ser considerados. Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 33 PO45 PO46 A influência do método anestésico no outcome da anestesia vascular major: uma análise retrospectiva Reacção Distónica ao Propofol Rebelo, Humberto; Milheiro, Ana; Mascarenhas, Daniela; Bentes, Carla; Carvalho, José Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar Gaia/Espinho EPE RESUMO OBJECTIVOS Os dois principais tipos de anestesia, usados na anestesia vascular major são: anestesia geral (AG) e anestesia do neureixo (AN). Está provado que os dois tipos de anestesia são seguros nos procedimentos cirúrgicos vasculares. A literatura não tem sido clara sobre qual o tipo de anestesia mais segura, em termos de complicações pós-operatória, para cirurgia reconstrutiva arterial. Estudo tem como objectivo determinar se o tipo de anestesia tem algum efeito sobre o outcome clínico em doentes submetidos a procedimentos cirúrgicos vasculares major. MATERIAL E MÉTODOS Análise retrospectiva, com 98 doentes, durante um ano que foram submetidos a bypass aorto-bifemural e bypass do membro inferior infra-inguinal. Dividimos em dois grupos: grupo com AG + analgesia endovenosa no pós-operatório e o grupo com AN (incluindo AG combinado com anestesia epidural; AG + analgesia epidural para o pós-operatório e apenas anestesia espinhal). RESULTADOS 98 doentes (50 no grupo de AG e 48 no grupo AN) foram submetidos a cirurgia vascular major. O tempo médio de internamento no pósoperatório foi de 9,52 dias para o grupo AG e 7,69 dias para o grupo AN (p= 0,2). No grupo AG 48% doentes tiveram complicações pós-cirurgia e no grupo NA tiveram complicações, 60% doentes (p= 0,151). Arritmias no pós-operatório foram mais prevalentes no grupo AN (18 pacientes), comparando com 10 no grupo AG, com significância estatística (p= 0,045). DISCUSSÃO E CONCLUSÃO Embora não existam diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos em relação às complicações pós-operatórias, excepto para a arritmia, esses resultados são similares a outros estudos já desenvolvidos noutros países. Relativamente ao tempo médio de internamento no pós-operatoperatório para os dois grupos, apesar das diferenças não serem estatisticamente significativas, o facto do grupo AG ter mais 1,83 dias pode ter um impacto negativo nos custos hospitalares. 34 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 Cabrita, Susana; Fragoso, Rita; Romão, Emília Serviço de Anestesiologia; Hospital Fernando Fonseca RESUMO INTRODUÇÃO A administração de propofol tem sido associada ao aparecimento de movimentos involuntários. A etiologia não está bem estabelecida e a duração pode variar de minutos a dias. A maioria destas reacções resolve-se rapidamente. No entanto,contribuem para maior taxa de admissão em UCI, estada hospitalar prolongada e realização de mais exames complementares de diagnóstico. CASO CLÍNICO Homem, 73 anos, AP de psoríase,proposto para cirurgia urgente por oclusão intestinal. Após indução de sequência rápida com propofol e succinilcolina,verificou-se quadro imediato de contractura bilateral intensa do esternocleidomastóideu. A entubação traqueal por laringoscopia foi impossível, mantendo ventilação por máscara laríngea até INT por fibroscopia. Foi pedida observação por neurologista que colocou hipótese de reacção distónica a fármaco e sugeriu terapêutica com biperideno, que o doente efectuou sem efeito imediato. Realizou TACCE e cervical que não revelou causa para o quadro. Duas horas após indução,foi submetido a ressecção segmentar intestinal, sob manutenção anestésica inalatória. Foi transferido para UCI, ventilado,melhorado da contractura muscular cervical,sob terapêutica com biperideno. O quadro reverteu ao fim de 12h e o doente extubado no dia seguinte. DISCUSSÃO As reacções neuroexcitatórias ao propofol assumem diversas formas e podem ser divididas em 2 grupos: reacções epileptiformes e distónicas1. Estes movimentos ocorrem com maior frequência durante a indução e emergência anestésica2. Nestas fases,a concentração sérica e no SNC de propofol varia rapidamente,resultando num desequilíbrio da actividade dos neurotransmissores nos gânglios da base,com aumento de actividade das vias excitatórias(colinérgicas). Os fármacos anti-colinérgicos têm sido utilizados com sucesso,restabelecendo o equilíbrio dos neurotransmissores a nível central1. REFERÊNCIAS 1. AnesthAnalg 2002;94:1237-40 2. Neurology 2002;58:1327-32 3. CanJAnaesth 1996;43:1062-4 PO47 PO48 Administração Acidental de Cisatracurium por Via Subaracnóideia Massas do Mediastino Anterior: Abordagem Anestésica e Complicações – Estudo Casuístico Cortesão, Joana1; Carvalho, Joana2; Torres, Lucinda3; Almeida, Ana4; Morgado, Teresa5 Anestesiologia e Cuidados Intensivos; Centro Hospitalar de Coimbra, EPE, 2 Serviço de Anestesiologia;Hospital de S.Teotónio, EPE Bernardino, Ana; Inácio, Raquel; Paiva, Teresa 1, 3, 4, 5 RESUMO INTRODUÇÃO Diferentes fármacos têm sido administrados involuntariamente durante a realização de técnicas loco-regionais1. A injecção subaracnóideia de relaxantes musculares nunca foi relatada. Os autores apresentam um caso clínico de administração acidental de cisatracurium por via subaracnóideia. CASO CLÍNICO Mulher 63 anos de idade, ASAII, proposta para colpoperineoplastia programada, sob anestesia subaracnoideia. Após saída de líquor claro, foram admnistrados 6mg de cisatracúrium em vez de bupivacaína hiperbárica.Por ausência de sinais de instalação de bloqueio sensitivo-motor, identificou-se o erro da administração. Optou-se por anestesia geral endovenosa com propofol, sem intercorrências. No pós-operatório a doente permaneceu na UCPA 24horas sem alterações hemodinâmicas, respiratórias ou neurológicas. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Erros na administração de fármacos em bloqueios do neuroeixo e de plexos periféricos são relatados na literatura.Existe apenas um caso de administração acidental de cisatracúrium via epidural2 e de atracúrium durante a realização de um plexo axilar1.Não se encontram casos de injecção de relaxantes musculares via subaracnoideia desconhecendo-se as potenciais e imprevisíveis complicações. O exame neurológico realizado no dia, subsequentes e um mês depois não revelou sequelas motoras ou sensoriais de neurotoxicidade, sugerindo que o cisatracurium administrado no espaço subaracnoideu não será potencialmente neurotóxico. Existem várias causas identificadas de administração acidental de fármacos1. No caso clínico descrito a ampola de cisatracurium estava misturada com as de bupivacaína hiperbárica. Quando ocorrem acidentes na administração de fármacos, é fundamental vigiar possíveis complicações, analisar a cadeia de eventos de que resultou o erro e sugerir recomendações que minimizem a sua recorrência e aumentem a segurança1. REFERÊNCIAS 1. Regional Anesthesia and Pain Medicine 2005; 30:104-107 2-Eur J Anesthesiol 2004; 21: 663-672. Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar de Coimbra RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS Doentes com massa do mediastino anterior são um desafio para o anestesiologista e a abordagem anestésica deve ser realizada por profissionais experientes e treinados. Este trabalho tem como objectivo caracterizar a população destes doentes submetidos a biópsia e pesquisar a incidência de complicações e incidentes peri-operatórios. METODOLOGIA Trabalho casuístico de doentes com massas do mediastino anterior submetidos a mediastinoscopia/mediastinotomia, entre 01/01/2003 e 31/12/2008. Foram estudados os outcomes: Idade, sexo, estado físico, exames complementares de diagnóstico (ECD) pré-operatórios, suspeita prévia de compressão extrínseca de estruturas, tipo de anestesia, complicações e incidentes peri-operatórios e natureza da massa. Fez-se um tratamento estatístico descritivo e de cruzamento das variáveis com o programa SPSS 16.0. RESULTADOS Foram analizados 71 casos, 49% do sexo feminino e 51% do masculino, média de idades 45 anos (+/- 20,7), 13% ASA 1, 48% ASA 2, 25% ASA 3 e 14% ASA 4. Radioterapia e quimioterapia prévias em 4% dos doentes. Quanto aos ECD: 100% tinham Rx e TAC torácica prévia, 14 % realizaram ecocardiograma, 7% RMN, 68% provas funcionais respiratórias e 35% broncofibroscopia. Anestesia geral balanceada sob indução endovenosa foi realizada em 92% dos casos e 8 % foram submetidos a anestesia local com sedação (por suspeita de compressão severa da via aérea). Verificou-se um caso de hipotensão severa por rotura acidental de aneurisma da aorta. A entubação foi difícil em 4% dos casos e em 4% houve hipóxia grave durante a manutenção. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Massa do mediastino anterior determina elevado risco anestésico, por potencial compressão cardiovascular ou da via aérea. A avaliação pré-anestésica correcta, a escolha da técnica adequada e a prevenção das complicações são fundamentais para a redução do risco peri-operatório. REFERÊNCIAS Anesthesiology 2004; 100:826-34¸ Ann Thorac Surg 2002; 74:1720-22. Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 35 PO49 PO50 Dexmedetomidina na estimulação cerebral profunda: a nossa experiência BIS bilateral em doente com enfarte cerebral e choque hemorrágico Dias, S.; Canas, M.; Pereira, M.J.; Antunes, C.; Matos, F. Adrega Cardoso, Germano; Beiras, Aldara; Ramos, Manuela; Amorim, Pedro Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar de Lisboa Central Serviço de Anestesiologia, Hospital Santo António-CHP RESUMO RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS INTRODUÇÃO O tratamento mais recente dos sintomas motores da doença de Parkinson envolve a estimulação do núcleo subtalâmico. Este procedimento exige um doente acordado e colaborante. Até há pouco tempo era realizado apenas sob monitorização anestésica. No nosso centro começámos a usar a dexmedetomidina (DEX), um novo α-2 agonista. O Bispectral Index (BIS) permite o acesso a uma informação processada do sinal de EEG. Apesar de inicialmente o uso do BIS estar limitado para controlo da profundidade anestésica,hoje em dia o seu uso é mais generalizado.Com este caso clínico pretendemos demonstrar que o BIS pode ser usado para monitorizar a actividade cerebral e ser uma ferramenta útil em situações de ressuscitação. METODOLOGIA CASO CLÍNICO Foi criado um novo protocolo de actuação na cirurgia funcional usando a DEX. A monitorização usada incluiu o índice bispectral (BIS). O fixador foi colocado sob anestesia local. A perfusão de DEX foi iniciada a 0.5 µg/kg/h e titulada (0.1- 0.7 µg/kg/h) até ao fim do procedimento. Os sinais vitais e o BIS foram registados cada 5 minutos. A qualidade da estimulação foi avaliada através dos registos do neurofisiologista. Mulher de 45 anos admitida na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) depois de clipagem de aneurisma da artéria cerebral comunicante posterior direita. Ao 3º dia pós-operatório ocorreu enfarte do território da artéria cerebral anterior e média direita. Ao 5º dia pós-traqueostomia iniciou hemorragia peri-estomal inicialmente limitada com insuflação do cuff, mas que evoluiu para hemorragia maciça com choque e necessidade de controlo cirúrgico. Para monitorizar a actividade cerebral e EEG foi usado BIS bilateral durante o procedimento. O seu valor foi sempre inferior a 20 no hemisfério direito e entre 20-50 no hemisfério esquerdo. Foi identificada fístula traqueo-artéria inominada e efectuada esternotomia mediana. Por não ser possível controlar a hemorragia foi feito tamponamento. No procedimento realizou-se ressuscitação agressiva,(3Lt cristalóides,1Lt coloides,10UGR)e controlo da diátese hemorrágica com 40ml F VIIa e 750ml plasma. O óbito foi declarado 85’ após chegada à UCI. RESULTADOS No nosso serviço foram submetidos a estimulação cerebral profunda 10 doentes, tendo sido administrada uma perfusão de DEX nos últimos 4. Dos 10, 7 eram homens e a idade média foi 59 anos. À excepção de um caso em que existiram complicações cirúrgicas, em todos os outros a cirurgia foi bilateral. Nos doentes em que foi usada a DEX houve diminuição do estado de consciência com BIS>80, sem implicações na micro e macroestimulação neurofisiológica. O primeiro grupo de doentes manifestou uma maior insatisfação, relacionada com o posicionamento, melhor tolerado pelos doentes sedados. A hipertensão ocorreu em 5 doentes, todos eles sem perfusão de DEX. Todos os doentes sedados referiram xerostomia, com aumento das transaminases num dos casos. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A qualidade da estimulação cerebral profunda durante a perfusão de DEX foi semelhante à conseguida no doente não sedado, mas com maior conforto. Este fármaco induz uma “sedação cooperante” com efeitos mínimos na ventilação e estabilidade hemodinâmica, que nos parece ideal para a cirurgia funcional. REFERÊNCIAS 1. Movement Disorders. 2008;23:1317-20; 2. Operat. Neurosurgery 1. 2005;57:ONS 1-10. 36 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 CONCLUSÃO Como o enfarte ocorreu no hemisfério cerebral não-dominante e ipsislateral ao aneurisma, não foi possível monitorizar invasivamente a oxigenação do hemisfério cerebral não afectado. Assim, a monitorização do BIS bilateralmente permitiu monitorizar actividade eléctrica cerebral do hemisfério não-isquémico e compará-la com a do hemisfério isquémico. Apesar do desfecho fatal, o uso de BIS bilateral funcionou como guia clínico, permitiu objectivar deteriorações da actividade cerebral e provável morte cerebral e assim justificar o investimento de recursos humanos e materiais. PO51 PO52 Medicina de Emergência: Factores de Risco para Náuseas um caso de sucesso de e Vómitos no Pós-Operatório de Reanimação Cardio-Respiratória Cirurgia Oftalmológica extra-hospitalar Poeira, Rita ; Antunes, Inês ; Canas, Margarida , Severina, Luísa , 1 Silva Miranda, Mafalda1; Jerónimo Sousa, Pedro2; Duran, Javier3; Romão, Cristina4; Botelho, Manuela5 Serviço de Anestesiologia; Hospital de Curry Cabral de Lisboa; 2 Serviço de Cardiologia; Hospital de Santa Cruz - CHLO 1, 3, 4, 5, RESUMO INTRODUÇÃO A Paragem Cardio-Respiratória (PCR) é uma importante causa de morte com cerca de 50% ocorrendo em ambiente pré-hospitalar.1 A melhoria da sobrevida está associada à desfibrilhação precoce e início imediato de Suporte Básico de Vida (SBV), que protela a degeneração do ritmo cardíaco a assistolia.1,2 CASO CLÍNICO Homem de 80 anos, recorre ao Centro de Saúde por mal estar geral e sofre PCR enquanto aguarda consulta. É iniciado SBV e solicitado apoio via 112. Após nove minutos, a equipa de Suporte Avançado de Vida (SAV) chega ao local e confirma PCR com Fibrilhação Ventricular. O doente foi desfibrilhado com 200J e o SBV continuado. Na entubação oro-traqueal observou-se contracção masseterina, interrompendo-se o SBV para reavaliação: recuperação de respiração e circulação espontânea, com Escala de Coma de Glasgow 11. Trinta minutos depois foi admitido no SU, colaborante, com amnésia para o evento e precordialgia. Verificou-se no ECG ritmo sinusal com infra-desnivelamento ST V4-V6 e Troponina I inicial de 0,78ng/mL. O doente realizou coronariografia que revelou doença de tronco comum mais três vasos, pelo que foi submetido, 18 horas após PCR, a cirurgia de revascularização coronária (quatro pontagens, com remoção de trombo fresco da artéria descendente anterior). O doente teve alta após sete dias e, trinta meses depois, mantém-se assintomático. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Este caso representa um sucesso na Reanimação Cardio-Respiratória extra-hospitalar após Enfarte Agudo do Miocárdio num doente com doença coronária severa não diagnosticada. Apesar das manobras SAV se iniciarem nove minutos após o evento, o SBV imediato, a recuperação de respiração e circulação espontânea após uma única desfibrilhação contribuíram para o sucesso da reanimação.2,3 A rapidez de tratamento da isquémia de miocárdio foi crucial no outcome favorável. REFERÊNCIAS 1. N Engl J Med 2004;12;351:647-56, 2. Resuscitation 2001;51:247–55, 3. Heart 1999;82:674–9. 2 3 4 Filipe, Helena5; Matos, Francisco6 Anestesiologia; Hospital de Curry Cabral; 2 Serviço de Anestesiologia; Hospital de São José, CHLC-EPE; 3, 4, 5, 6 Serviço de Anestesiologia; Hospital de Santo António dos Capuchos, CHLC-EPE 1 RESUMO INTRODUÇÃO A ocorrência de náuseas e vómitos (NV) no pós-operatório (PO) da cirurgia oftalmológica tem repercussões potencialmente graves, incluindo deiscência de suturas, prolapso da íris e hemorragia intraocular. A etiologia será multifactorial, mas os factores de risco (FR) não são conhecidos1. OBJECTIVO Identificar os FR para NV no PO de cirurgia oftalmológica. Metodologia: Estudo observacional retrospectivo. Doentes (dts) adultos propostos para cirurgia oftalmológica entre Março e Julho de 2008, sem história prévia de NV no PO, foram submetidos a profilaxia com droperidol-metoclopramida ou dexametasona-metoclopramida. Monitorizou-se a ocorrência de NV nas 24h do PO. Mediante revisão do processo clínico, avaliaram-se variáveis demográficas, clínicas [índice de massa corporal (IMC), ASA, patologia associada, duração da anestesia, tensão arterial] e laboratoriais. As variáveis categóricas foram comparadas pelo teste do qui-quadrado e as numéricas pelos testes t-Student ou Kruskal-Wallis. RESULTADOS Estudaram-se 80 dts (54±17 anos; H: 62,5%), 71,3% submetidos a cirurgia intraocular e com classificação ASA 1, 2 e 3 em 7,5%, 71,3% e 21,3%, respectivamente. Ocorreram N ou V em 17,5% (V em 5%), mais frequentes nas mulheres (23,3% vs. 14%), nos dts com hábitos etanólicos (25% vs. 15,9%) e naqueles submetidos a cirurgia extra-ocular (21,7% vs. 15,8%), mas sem que tenha sido atingido o significado estatístico. Foram estatisticamente significativas a classificação ASA (p=0,04, menor nos dts que desenvolveram NV), o IMC (menor nos dts que desenvolveram NV: 24,7±0,9 vs. 27,6±0,6; p=0,01) e a tensão arterial máxima intraoperatória (menor nos dts que desenvolveram NV: 137±16 vs. 149±22 mmHg; p=0,03). CONCLUSÕES Apesar da terapêutica profilática, as NV são frequentes no PO da cirurgia oftalmológica, particularmente nos dts com menor ASA, mais magros e com tensão arterial mais baixa durante a cirurgia. REFERÊNCIAS 1. European Journal of Anaesthesiology 2007;24:166-70. Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 37 PO53 PO54 Comparação da associação droperidol-metoclopramida com dexametasona-metoclopramida na prevenção de Náuseas e Vómitos no Pós-Operatório de Cirurgia Oftalmológica Anestesia de urgência num doente com Hérnia Diafragmática pós-traumática direita não diagnosticada Azevedo, Patrícia1; Rodrigues, Sara2; Gameiro, Hugo3; Ribeiro, Paula4; Perez, Rita5 Serviço de Anestesiologia; Hospital Fernando Fonseca; 2, 3, 4, 5 Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar Lisboa Ocidental 1 Poeira, Rita1; Antunes, Inês2; Canas, Margarida3; Luísa, Severina4; Filipe, Helena5; Matos, Francisco6, Anestesiologia; Hospital de Curry Cabral; 2 Serviço de Anestesiologia; Hospital de São José, CHLC-EPE; 3, 4, 5, 6 Serviço de Anestesiologia; Hospital de Santo António dos Capuchos, CHLC-EPE 1 RESUMO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO A hérnia diafragmática pós-traumática (HDPT) ocorre em cerca de 5-10% dos traumatismos toraco-abdominais graves. A maioria destas lesões é diagnosticada após o trauma, mas 10% só o são meses ou anos mais tarde1. A ocorrência de náuseas (N) ou vómitos (V) é potencialmente grave CASO CLÍNICO no pós-operatório da cirurgia oftalmológica1. O droperidol tem sido utilizado em profilaxia, mas o seu perfil farmacológico desfavorável justifica a procura de alternativas. A dexametasona é uma alternativa reconhecida nas recomendações mais recentes2, mas não existem estudos comparativos neste contexto. Homem, 56 anos, com antecedentes de úlcera gástrica e atelectasia passiva do pulmão direito pós-trauma (acidente de viação em 1975). Recorre ao SU por précordialgia com irradiação para o membro superior direito, dispneia progressiva e ortopneia. Apresentava sinais de hipoperfusão periférica, taquicardia sinusal, TA:139/98mmHg, hipoxémia e hipocápnia. Rx: hipotransparência nos 2/3 inferiores de ambos os hemitoraces. TAC: pneumoperitoneu com suspeita de perfuração de úlcera gástrica. Fez laparotomia exploradora sob AGB verificando-se dificuldade de ventilação por pressões da via aérea elevadas, embora mantivesse saturações periféricas e gasimetrias seriadas sem alterações significativas. Cirurgicamente identifica-se volumosa hérnia diafragmática com estômago com perfuração de úlcera, fígado, vesícula e intestino delgado intratorácicos condicionando grave atelectasia pulmonar direita. Foi realizada ulcerorrafia e tentativa de redução de conteúdo abdominal herniado que cursou com alterações hemodinâmicas graves determinando abandono do propósito e suporte aminérgico. Foi admitido na UCIC para estabilização hemodinâmica e ventilação mecânica durante 24 horas. Ao 3º dia por agravamento clínico e imagiológico compatível com volumoso derrame pleural direito fez drenagem torácica. Restante evolução favorável. Observado pela Cirurgia Torácica que não colocou indicação cirúrgica imediata. RESUMO OBJECTIVO Comparar a eficácia das associações droperidol 1,25mg + metoclopramida 20mg (Dr-M) e dexametasona 5mg + metoclopramida 20mg (Dx-M) na prevenção das N e V. METODOLOGIA Após obtenção de consentimento informado, doentes (dts) propostos para cirurgia oftalmológica sob anestesia geral foram submetidos a profilaxia com um dos esquemas protocolados (aleatorização por blocos estratificada para o sexo). Avaliaram-se variáveis demográficas, clínicas e laboratoriais. Monitorizou-se a ocorrência de N ou V no pós-operatório. Na análise estatística considerou-se endpoint primário a ocorrência de N ou V nas primeiras 24h do pósoperatório, com comparação pelo teste Chi-quadrado. RESULTADOS Estudaram-se 80 dts (54±17 anos; H: 62,5%), 71,3% submetidos a cirurgia intraocular. 41 dts receberam profilaxia com Dr-M e 39 com Dx-M, sem diferença significativa quanto às variáveis demográficas, clínicas ou laboratoriais. Ocorreram N ou V em 17,5% (V em 5%), mais frequentes entre os dts submetidos a profilaxia com Dr-M (22%) do que naqueles com Dx-M (12,8%). Atendendo à dimensão da amostra, não foi atingido o significado estatístico. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A associação Dx-M é uma alternativa valiosa para a profilaxia de N e V em cirurgia oftalmológica, podendo ser mais eficaz do que DrM (potencial redução do risco relativo em 42%). A continuação do estudo será fundamental para atingir conclusões definitivas. REFERÊNCIAS 1. Eur J Anaesthesiol 2007;24:166–170, 2. Anesth Analg 2007;105(6):1615-28. 38 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 Conclusão A HDPT pode cursar sem diagnóstico e com sintomatologia ligeira. Quando se apresenta no SU, a sintomatologia é decorrente da migração de órgãos intraabdominais para o tórax. Para o anestesista põe problemas como ventilação difícil, aspiração do conteúdo gástrico, instabilidade hemodinâmica1. REFERÊNCIAS 1. J Clin Anesth 1998;10:506-509. PO55 PO56 Os desafios anestésicos A “legis artis” e o risco da Distrofia Miotónica de Steinert médico-legal da Anestesia em Obstetrícia Fernandes, Gonçalo; Ramos, João Maria; Cruz, Letícia; Vasconcelos, Pedro; Garcia, Lurdes Serviço de Anestesiologia, Centro Hospitalar Tâmega e Sousa RESUMO INTRODUÇÃO A doença de Steinert é a distrofia miotónica mais comum1, apresenta incidência de 1:8000 nascimentos, seguindo transmissão autossómica dominante. É característico o inicio dos sintomas entre os 15 e os 35 anos, apresentando um espectro variável que poderão ir desde a ausência de sintomas até envolvimento multissistémico1. Caracteriza-se por miotonia, com fraqueza e rigidez muscular. O envolvimento extramuscular caracteriza-se por alterações no sistema de condução cardíaco, ventilatórias, gastrointestinais e endócrinas2. Devido ao envolvimento multissistemico o manuseio anestésico destes doentes constituí um desafio. CASO CLÍNICO Homem de 52 anos proposto para tratamento cirúrgico de fractura do colo do fémur esquerdo. A avaliação pré-operatória relevou idade aparente superior à real, ptose palpebral bilateral, atrofia muscular e pulso arrítmico. Dos exames complementares destacava-se insuficiência respiratória global, trombocitopenia, e fibrilhação auricular. Tinha antecedentes de tabagismo e etilismo. Com jejum adequado. O início dos sintomas da distrofia muscular reporta-se aos 30 anos, o diagnóstico foi estabelecido o após investigação adequada. Foi executada uma técnica de anestesia loco-regional, com bloqueio sub-aracnoideu. Decorreu sem acidentes ou complicações. Cirurgia de 120 minutos. Teve-se especial cuidado ao posicionamento, à prevenção da hipotermia, à monitorização da temperatura. A monitorização revelou sempre estabilidade. Alta hospitalar ao 9º dia de pós-operatório, por questões de apoio social, sem quaisquer intercorrências. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A opção por uma técnica de anestesia loco-regional teve como objectivo evitar os riscos ventilatórios inerentes a uma técnica de anestesia geral. O especial cuidado com o posicionamento, a prevenção da hipotermia e o adequado controle da dor são fundamentais na prevenção de crises miotónicas REFERÊNCIAS 1. Rev Soc Port Anes 2007;15:2;20-22, 2. Rev Bras Anes2006;56:6;649-653. Ribeiro, Edite; Oliveira, Nuno; Maria Isabel; Costa, Vânia; Bezerra, Maria Serviço de Anestesiologia; CHVNGAIA/ESPINHO;EPE RESUMO INTRODUÇÃO A analgesia epidural, quando disponível, é a técnica indicada para analgesia de trabalho de parto. Certos problemas médicos implicam o desenvolvimento de uma alternativa à analgesia epidural. Perante uma grávida com alergia conhecida aos anestésicos locais e vários grupos de fármacos, a disponibilidade e conhecimento de técnicas alternativas é essencial na prática anestésica. CASO CLÍNICO Mulher, 23 anos, IVG/0P, gestação de 37 semanas, em fase latente do 1º estádio de trabalho de parto: dilatação cervical de 3cm e 60% de extinção, solicita epidural analgésica. História médica de urticária e angioedema alérgico com necessidade de entubação traqueal por edema da glote, em contexto de exposição a diversos medicamentos, como anestésicos locais e AINE´s, e outros produtos identificados por estudo imunológico, listados em documento emitido por clínica especializada. Explicado o risco de reacção anafilática com analgesia convencional, optou-se por administração de 1 g paracetamol ev, com alívio parcial. Quatro horas após, por dor de intensidade severa, em fase activa de trabalho de parto, solicita novamente analgesia e assina consentimento informado dos riscos envolvidos. Após instituição de medidas profiláticas, e planeamento de analgesia com perfusão ev de remifentanil, é expulso o feto, sem necessidade da analgesia planeada. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Esclarecida e consciente do risco inerente a analgesia de trabalho de parto, e iniciada profilaxia de reacção alérgica, a parturiente requer analgesia. A perfusão de remifentanil como alternativa, poderia concorrer para a libertação de histamina com reacção anafilática grave, risco materno-fetal e médico-legal. O anestesiologista deverá conhecer técnicas alternativas capazes de promover em segurança a sua arte. Seria importante a orientação antecipada a consulta de anestesia. “Parto sem dor” perigando a vida do feto é eticamente discutível. REFERÊNCIAS Canadian Journal of Anesthesia 2007; 54:626-633 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 39 PO57 PO58 Fentanil Intratecal: maior labilidade hemodinâmica em grávidas? Tratamento da dor com fármacos opióides: qual a via mais pruriginosa? Franco, Nuno Vítor; Azenha, Marta; Nascimento, Pedro; Martins; Mafalda Chaló, Daniela; Moreira, D.; Barros, F.; André, I.; Dores, G. Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar do Porto 1 Anestesiologia; Hospitais da Universidade de Coimbra RESUMO RESUMO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS A administração de fármacos opióides no tratamento da dor peri e pós-operatória é uma constante, apresentando excelentes resultados no controlo analgésico dos nossos pacientes (1-3). No entanto, existem efeitos colaterais indesejados tal como o prurido, sendo por vezes difíceis de manusear. Em cesariana sob anestesia espinhal, na nossa Maternidade, os fármacos são escolhidos anestésico local com ou sem opióide) de acordo com o critério do clínico responsável. Tínhamos a noção empírica que em grávidas submetidas a cesariana sob anestesia espinhal com utilização de opióide, eram utilizadas maiores doses de vasopressor. Neste estudo prospectivo pretendemos verificar se as alterações hemodinâmicas (HD) com concomitante utilização de va- OBJECTIVOS E MÉTODOS Estudo observacional e prospectivo com o objectivo de calcular a incidência de prurido associada à administração de morfina e avaliar a relação com a via de administração. O estudo decorreu entre Agosto e Outubro de 2007 na Unidade de Dor Aguda. Foram incluídos todos os doentes sopressor estão relacionadas ou não com a utilização de opióide no bloqueio subaracnoideu. adultos submetidos a procedimentos cirúrgicos diversos, que receberam morfina no neuroeixo (grupo NE) ou morfina intravenosa controlada pelo paciente (grupo PCA), sendo excluídos os doentes com patologia associada a prurido. A avaliação decorreu no 1ºdia pós-operatório, sendo registados dados relativamente à dor, analgésicos administrados e efeitos colaterais. O prurido foi definido como a sensação que produz o desejo de coçar. Os pacientes foram questionados sobre a presença de prurido, localização e grau de intensidade. Aplicaram-se os testes χ2 e MannWhitney, para p<0,05 expressos em média e desvio padrão. METODOLOGIA Neste trabalho incluímos 40 pacientes propostas para cesariana, divididas em 2 grupos. Ao grupo1 (G1) administramos 2.0 cc levobupivacaína (LB) 0.5% e 0.3 cc soro fisiológico; ao grupo 2 (G2) administramos LB 2.0 cc 0.5% e 15 µg de fentanil (0.3cc). Foi realizado bloqueio subaracnoideu a nível L3-L4 e avaliados, em intervalos de tempo consecutivos, os valores da tensão arterial e frequência cardíaca. A dose total de efedrina requerida para manter as pressões basais, bem como os tempos em que foi utilizada e o tempo de resposta HD, foram registados. RESULTADOS Foram observados 102 doentes: Grupo NE (n=59) e Grupo PCA (n=40). Os resultados encontram-se representados na tabela 1. RESULTADOS DISCUSSÃO As alterações HD (ocorrência de hipotensão), dose total de efedrina utilizada e os tempos de resposta foram semelhantes nos dois grupos. Foi necessário utilizar efedrina mais precocemente (p<0.05) no grupo que recebeu fentanil. Observou-se que a administração de morfina no neuroeixo está associada a uma maior incidência de prurido apesar da dose de morfina ser menor. Existem estudos na literatura que confirmam estes resultados embora outros, não concluam esta relação directa. A sensação de prurido é desagradável e, muitas vezes, menosprezada pelos profissionais de saúde, constituindo ainda, o seu tratamento e prevenção, um desafio para o anestesiologista. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES A associação de opióide em pequenas doses ao anestésico local em cesarianas é largamente utilizada. Neste estudo não se registou maior incidência de hipotensão REFERÊNCIAS: nem ela foi mais refractária à administração de efedrina. Ao associar opióide (fentanil) a LB, o clínico deverá ter presente que a sua intervenção terapêutica poderá ser mais precoce no caso de necessidade de controlo HD. Será necessário realizar um estudo com maior número de casos para que esta afirmação tenha mais força estatística. 1. Anesth 2005;103:168-78, 2. Anesth Analg 2005;101:1506-20, 3. Anesth Analg 2007;104:421-4. TABELA 1 Características do grupo em estudo Caso 1 2 3 4 5 6 Idade Gesta/Para 36 30 30 34 29 36 2/0 1/0 2/1 1/0 2/0 2/0 Tamanho* Microadenoma Microadenoma Microadenoma Microadenoma Microadenoma Microadenoma RM cerebral Tipo Efeito de massa Não secretor Ausente Prolactinoma Ausente Prolactinoma Ausente Prolactinoma Ausente Prolactinoma Ausente Prolactinoma Ausente * Classificação em microadenoma ou macroadenoma pressupõe tamanho inferior a 10 mm ou igual/ superior a 10 mm respectivamente. 40 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 PO59 PO60 O doente obeso - Papel da videolaringoscopia com GlideScope® na entubação previsivelmente difícil Efeitos da associação de fentanil a levobupivacaína 0.5% em bloqueio subaracnoideu para cesariana Frada Gouveia, Rita1; Matos, Eduarda2; Aguiar, José3; Matos Orfão, Jorge4 Nascimento, Pedro; Franco, Nuno; Azenha, Marta; Bela, Lurdes; Martins, Mafalda Serviço Anestesiologia; Centro Hospitalar Porto - Hospital Santo António, Departamento de Saúde Comunitária; Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar Anestesiologia; Hospitais da Universidade de Coimbra 1, 3, 4 2 RESUMO RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS A entubação orotraqueal em pacientes obesos, tem grande probabilidade de ser previsível ou imprevisivelmente difícil1. A videolaringoscopia, tem sido apresentada como uma alternativa à entubação sob visualização directa, por oferecer melhor visualização da via aérea2. A hipótese a testar, foi a de que o uso da videolaringoscopia proporciona uma melhor visualização da via aérea quando comparada com a laringoscopia directa em doentes obesos. Videolaringoscópio utilizado - GlideScope®. METODOLOGIA 50 doentes, IMC >26, ASA I a III, 22 a 77 anos, submetidos a cirurgia electiva e com indicação para entubação orotraqueal. Todos foram avaliados e intubados por um de dois anestesistas seniores com experiência em videolaringoscopia. Foi realizada laringoscopia sequencial com lâmina de Macintosh e GlideScope®, sendo avaliado para cada um, o grau de laringoscopia (Cormack&Lehane). Todas as intubações foram realizadas com GlideScope®. Os dados foram tratados no SPSS15.0 utilizando os testes: Wilcoxon e Spearman Rank, considerando-se estatisticamente significativos p ativa. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Verificou-se manutenção ou melhoria do grau de laringoscopia com a utilização do GlideScope®. Estes resultados estão em concordância com os da literatura. Sugere-se que o GlideScope será um instrumento útil na visualização das estruturas glóticas e consequentemente, na diminuição da incidência de dificuldade na entubação dos pacientes obesos. Na realização de bloqueio subaracnoideu, podemos utilizar anestésico local isoladamente ou coadjuvado com opióide. Esta associação pode influenciar: qualidade da anestesia; tempo de instalação do bloqueio sensitivo e motor;variações hemodinâmicas; efeitos colaterais;grau de satisfação da parturiente. METODOLOGIA Incluímos 40 parturientes propostas para cesariana, divididas em 2 grupos de 20 (GA e GB). Ao GA administramos 2.0 cc levobupivacaína (LB) 0.5% e 0.3 cc soro fisiológico; ao GB administramos LB 2.0 cc 0.5% e 15 µg de fentanil(0.3cc). Foi realizado bloqueio subaracnoideu a nível L3-L4. Foram avaliados em intervalos de tempo consecutivos os valores da tensão arterial, frequência cardíaca e nível de bloqueio sensitivo e motor (escala Bromage). A cirurgia iniciou-se quando bloqueio sensitivo atingiu T6. O tempo de recuperação completa simpática e motora, incidência de náuseas e vómitos, depressão respiratória e grau de satisfação das grávidas também foi avaliado. RESULTADOS Um bloqueio sensitivo T6 foi atingido em média em 6.2 min no GB e 7.5 no GA. O nível mais alto de bloqueio foi similar nos dois grupos. A regressão anestésica para T12 demorou mais tempo no GB (p < 0.05). O fentanil aumentou significativamente a qualidade de anestesia intra-operatória já que em nenhum caso do GB se registaram queixas no intra-operatório, ao contrário de 8 do GA (p < 0.05). As necessidades de vasopressor, valores tensionais médios, incidência de hipotensão/hipertensão e de náuseas e vómitos foram comparáveis. A ocorrência de prurido foi mais elevada no GB, sem afectar o grau de satisfação das grávidas. REFERÊNCIAS DISCUSSÃO E CONCLUSÕES 1-Eur J Anaesth 2007, 24:1045-1049, 2-Can J Anaesth 2005,52:191-198. A associação de fentanil em pequenas doses à LB 0.5% em cesarianas, permite um início mais precoce das cesariana, melhora a qualidade da anestesia sem aumento de complicações, com todas as vantagens daí decorrentes. Não se encontrou na pesquisa efectuada nenhum artigo semelhante. TABELA 1 Melhoria do grau de laringoscopia & Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4 Total Grau 1 22 19 6 1 47 Grau C&L GlideScope® Grau 2 Grau 3 Grau 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 Total 22 19 6 3 50 Legenda: C&L – Cormack and Lehane Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 41 PO61 PO62 Abordagem anestésica de um doente com polineuropatia crónica inflamatória desmielinizante (CIDP) – a propósito de um caso clínico Uso de polivinilsiloxano na normalização da arcada dentária como facilitador da laringoscopia Caldas, Sandra; Salgado, Helena; Caridade, Miguel; Amorim, Florinda; Gonçalves, Marta; Ferreira, Carmélia; Gomes, Cristina Departamento de Anestesiologia e Cuidados Críticos; Hospital de São Marcos - Braga Eusébio, Paulo; Cardoso, Helder; Lages, Neusa; Correia, Carlos Serviço Anestesiogia, CHAA, Unidade Guimarães RESUMO RESUMO As lesões dentárias após laringoscopia e entubação orotraqueal são comuns sendo que a sua incidência varia entre 1/150 a 1/10001, e são resultado da pressão da lâmina do laringoscopio, durante a laringoscopia e entubação, sobre a arcada dentária. INTRODUÇÃO CASO I A CIDP é uma neuropatia periférica rara, sensitivo-motora, de atingimento simétrico. Manifesta-se por fraqueza muscular dos membros (podendo ter evolução proximal e atingimento dos , 43 A, ASAIII, antecedentes de insuficiência renal crónica, proposto para laparotomia exploradora, com classificação da via aérea Malampatti III. Exame da boca revelava a ausência dos incisivos superiores músculos respiratórios), parestesias, dor neuropática e perda de sensibilidade proprioceptiva1. Há apenas 2 casos descritos sobre abordagem anestésica neste grupo de doentes2,3. Pretendemos apresentar outra abordagem. e cárie dentária do 1º canino direito. Após preparação do polivinilsiloxano, procedeu-se á modelagem de toda a arcada dentária mantendo a sua altura em todo o seu trajecto incluindo parte anterior do palato duro. Cento e vinte segundos depois procedeu-se á indução anestésica e laringoscopia/ entubação orotraqueal, sem dificuldade mantendo-se o molde na posição original. Não se visualizou ao exame macroscópico a existência de lesões dentárias após laringoscopia. CASO CLÍNICO Doente, sexo masculino, 56 anos, ASA III (CIDP com 20 anos de evolução, HTA e acidente vascular cerebral), proposto para esofagectomia. Com dor neuropática nos membros inferiores, ataxia com limitação da marcha e síndrome ventilatório misto nas provas respiratórias. Realizada anestesia combinada (anestesia geral balanceada e bloqueio epidural torácico). Indução com fentanil(2ug/ Kg), propofol(2mg/kg), cisatracúrio(0.2mg/kg) e manutenção com sevoflurano numa mistura de O2 e ar. Administração via epidural de ropivacaína 0.375%(18,75mg) e sufentanil(50 ug). Monitorização standard da ASA, relaxamento muscular, índice bispectral, pressão venosa central e pressão arterial invasiva. A cirurgia durou 2h. Pósoperatório imediato na Unidade de Cuidados Intensivos e extubação ao fim de 3h. Alta às 24h, com suporte de O2 e boa dinâmica ventilatória. Manutenção do cateter epidural durante 72h, com boa qualidade analgésica, sem agravamento dos défices neurológicos. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO Existem poucos estudos em doentes com CIDP sobre o comportamento de fármacos usados em anestesia. Os principais desafios são o relaxamento muscular, o controlo da dor e a dinâmica ventilatória no pós-operatório. Neste doente verificou-se uma maior duração do efeito do relaxante muscular e o benefício do bloqueio epidural, com controlo analgésico eficaz, sem agravamento da neuropatia e evitando opióides sistémicos e possíveis complicações respiratórias. REFERÊNCIAS 1. Neurol Clin 2007 Feb;25(1):71-87, 2. Anesth Analg 2000;90:224–6, 3. Anesth Analg 2001;93:1304-6. 42 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 CASO II , 54 A, ASA II, antecedentes de Diabetes Mellitus tipo II, proposta para artroscopia ombro, com classificação via aérea Malampatti II. Exame da boca revelava ausência do 1º incisivo, canino e 1º prémolar direito. Procedeu-se á preparação do molde de polivinilsiloxano de forma semelhante ao caso I e á laringoscopia/ entubação orotraqueal, que decorreu sem qualquer dificuldade. O exame macroscópico não revelou a existência de lesões dentàrias após laringoscopia. DISCUSSÃO Nos casos clinicos descritos, a ausência de dentes origina dificuldades na laringoscopia, pois não existe plataforma segura para apoio da lâmina do laringoscopio. Outros métodos tem sido descritos na literatura2,3 mas a normalização da arcada dentária de forma adaptada a cada doente apresenta-se como uma das vantagens deste método em relação a outros, além da pressão da lâmina se apresentar bem distribuida por todos os dentes e arcada dentária. Assim também é evitada a luxação dos dentes residuais, que são base de apoio das proteses dentárias.Sendo comuns as queixas. PO63 PO64 Abordagem multidisciplinar da hemorragia subaracnoideia Is thoracic epidural more dangerous than lumbar epidural? The end of a myth Franco, Nuno Vítor; Azenha, Marta; Nascimento, Pedro; Martins, Mafalda; Órfão, Rosário Serviço de Anestesiologia; Hospitais da Universidade de Coimbra RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS A hemorragia subaracnoideia (HSA) é uma causa importante de acidente vascular cerebral afectando cerca de 30000 pessoas anualmente nos Estados Unidos. A melhoria dos cuidados médicos no pré-hospitalar e a melhor capacidade de resposta dos sistemas de emergência médica, de imagiologia e de transporte de doentes tornou possível o acesso precoce a cuidados diferenciados à maioria dos doentes que sofrem uma HSA com todos os benefícios que daí advêm. No nosso Hospital existe uma equipa de abordagem precoce dos aneurismas (primeiras 72horas). Com este trabalho pretendemos conhecer os resultados deste programa. METODOLOGIA Incluímos todos os doentes (98) operados nos últimos 21 meses com o diagnóstico de HSA. Registamos os dados relativos ao sexo, idade, escala de Hunt & Hess (H&H) e Fisher de entrada; avaliamos o outcome relativo à mortalidade e existência de déficits neurológicos à data de alta. Registamos também o dia da cirurgia (precoce vs tardia). RESULTADOS Da caracterização da população ressalta: predominância sexo feminino (70%), idade média de 53 anos (idades entre 27 e 82 anos) e a abordagem precoce dos aneurismas (85%). De acordo com escala de H&H os doentes estavam distribuídos do seguite modo: 0-1%, 1-7%, 2-13%, 3-20%, 4-27%, 5-33%. Segundo a escala de Fisher: 0-1%, 1-10%, 2-20%, 3-30%, 4-40%. Á data de alta 52% dos doentes não tinham défices. Registou-se uma mortalidade de 21%. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Os resultados apresentados mostram que, à entrada, a maioria dos nossos doentes se inserem num grau H&H igual ou superior a 4 e Fisher igual ou superior a 3. Trata-se portanto de uma população à qual está associado um mau prognóstico (défices neurológicos tardios ≥ 53% e mortalidade ≥ 25%) segundo H&H. Podemos assim concluir que os nossos resultados são superiores ao esperado. Isto só é possível, pela plena articulação da equipa anestésico-cirúrgica-imagiológica existente no nosso Hospital. Eusébio, Paulo; Lages, Neusa; Correia, Carlos Serviço Anestesiogia, CHAA, Unidade Guimarães ABSTRACT BACKGROUND Thoracic epidural anaesthesia/analgesia offers advantages over lumbar epidural anaesthesia /analgesia in thoracic and high abdominal surgery. Anaesthesiologists are more reluctant in performance thoracic epidurals because of the possible damage of the spinal cord in thoracic levels if there is an inadvertent puncture of the dura. The aim of this study was to investigate the anatomical configuration of the spinal canal in 20 patients without spinal or medullary disease. MATERIAL AND METHODS We have examinated T2-weighted sagittal midline magnetic resonance images of the spinal column in 20 patients in the supine position. We measured the distance from the dura to the spinal cord in the interspaces T7-T8 and T12-L1 with a calculated angle for a entry needle of 60º. RESULTS The posterior distance between the dura and spinal cord in T7-T8 were greater than T12-L1. The median distance in T7-T8 was 7.3mm (min 4.9; max 16.5) and in T12-L1 was 3.9mm (min 2.3; max 7.9). Appling the Wilcoxon Test with the SPSS, the difference in the distance between the dura and spinal cord in the 2 interspaces were statistically significant (P<0.01). DISCUSSION/CONCLUSIONS We choose to study the interspace T7-T8 because of the easy anatomical external references (scapulae tip) during the performance of epidural anesthesia and because is the interspace where is the lowest ligamentum flavum midline gap (2.1%). Our measures were made with an angle of 60º because is the normal angle used during the performance of an epidural anesthesia. Our results confirm the Lee study (T1, T6; T12) and associated with Lirk study proves that T7-T8 epidural approach is a secure space to spinal, combined spinal-epidural and epidural anesthesia. With this study may be there is no place to perform T12-L1 epidural or to be reluctant in teaching middle thoracic epidural anesthesia in order to make safer procedures. Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 43 PO65 PO66 Factor VII activado Fractura da anca no contexto no tratamento intra-operatório de AVC hemorrágico – quando dos distúrbios de hemostase: a operar? propósito de um caso clínico Chaves, Ana1; Sandra, Carvalho2; Elisabete, Aquino3; Manuela, Botelho4 Martins, Hugo ; Duarte, Sérgio ; Casal, Manuela ; Amorim, Pedro 1 2 3 4 Anestesiologia; Hospital Central Funchal, Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar do Alto Ave, 3, 4Serviço de Anestesiologia; Hospital de Santo António, EPE - Centro Hospitalar do Porto 1 2 RESUMO Serviço de Anestesiologia; Hospital Curry Cabral, 3 Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, 4Directora do Serviço de Anestesiologia; Hospital Curry Cabral 1,2 RESUMO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Os distúrbios da hemostase são complicações importantes associadas a qualquer procedimento cirúrgico em que se esperam elevadas perdas sanguíneas. Em idade pediátrica, a correcção cirúrgica de craniossinostose condiciona perdas hemáticas elevadas, podendo a reposição da volémia igualar ou mesmo exceder o volume sanguíneo total da criança. CASO CLÍNICO Lactente de 9 meses, sexo masculino, caucasiano, 8.550 kg, sem patologia associada. Proposto para correcção cirúrgica de craniossinostose sagital, sob anestesia geral balanceada. No intra-operatório ocorreram elevadas perdas sanguíneas acompanhadas de períodos de hipotensão transitória que revertiam após reposição da volémia (transfusão de várias unidades de glóbulos vermelhos, plasma fresco congelado, concentrado de plaquetas). Apesar de todas as medidas instituídas, os exames laboratoriais de controlo demonstraram a persistência dos distúrbios da hemostase. Após discussão do caso com a equipa de Hematologia foi tomada a decisão de administração de factor VII activado que permitiu a correcção da coagulopatia e controle da hemostase. O volume total de fluidos infundidos foi cerca de 4 vezes a volémia do doente. No final do procedimento o lactente estava hemodinamicamente estável e foi transferido para o SCINP, sedado e ventilado, onde evoluiu favoravelmente tendo alta ao fim de 3 dias para o Serviço de Pediatria. DISCUSSÃO Apresenta-se o caso clínico de um lactente submetido a correcção cirúrgica de Craniossinostose, que desenvolveu uma coagulopatia diluicional refractária à administração de plasma fresco congelado e de concentrado de plaqueta. O factor VII recombinante activado desempenhou um papel fundamental na correcção deste distúrbio da coagulação e re-estabelecimento da hemostase. Com este trabalho, os autores pretendem mostrar que o factor VII recombinante activado poderá ser uma alternativa válida e ter um papel importante no tratamento da coagulopatia diluicional, na população pediátrica. 44 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) são eventos comuns na população idosa, resultando frequentemente em queda. A correcção de fracturas, embora urgente, deve ser contrabalançada com o risco peri-operatório destes doentes. Os autores propõem-se a descrever um caso clínico de AVC hemorrágico do qual resultou fractura da anca proposta para cirurgia no 4º dia pós-AVC. CASO CLÍNICO Doente do sexo feminino, 89 anos, ASA IV, proposta para DHS.Admitida por fractura da anca no contexto de AVC hemorrágico. Nas avaliações pré-anestésicas realizadas ao 4º e 11º dia após AVC a doente encontrava-se consciente, desorientada com hemiparésia esquerda. Perfil hemodinâmico hipertensivo e anemia. Em ambas as ocasiões decidiu-se adiar a cirurgia para estabilização neurológica, controlo da tensão arterial e correcção da anemia. Foi intervencionada ao 17º dia pós-AVC com situação clínica e hemodinâmica estabilizadas. Monitorização standard e oximetria cerebral – INVOS 3100A (rSO2). Técnica de anestesia geral balanceada; via aérea mantida com máscara laríngea nº3. A rSO2 à chegada ao recobro era sobreponível à basal. Boa evolução neurológica no pós-operatório. DISCUSSÃO As recomendações para adiar a cirurgia após um AVC apontam para 2 a 3 semanas até que a estabilidade hemodinâmica se restabeleça, uma vez que o AVC prévio duplica o risco de AVC perioperatório1. As medidas de neuroprotecção e a vigilância neurológica no período peri-operatório são fundamentais para garantir um bom resultado neurológico tal como no caso aqui apresentado. REFERÊNCIAS 1. Morris J, Burkey D. Evaluation of the patient with neuropsychiatric disease. Longnecker D. Anesthesiology. 1 st ed. McGraw-Hill. 2007; 149-50, 2. Casati A, Spreafico E, Putzu M. New Technology for noninvasive brain monitoring: continuous cerebral oximetry. Minerva Anesthesiol. 2006;72:605-25. PO67 A influência do posicionamento cirúrgico nas necessidades de fármacos hipnóticos: manutenção anestésica controlada por BIS e TCI Chaló, Daniela1; Nunes, C2; Ferreira, L.3; Santos, I.4; Amorim, P.5 1, 3, 4, 5 Serviço de Anestesiologia; Centro Hospitalar do Porto, 2 Departamento de Matemática; London College RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS Os factores influenciadores das necessidades de fármacos hipnóticos têm sido alvo de estudo nas últimas décadas1. Sabe-se que o sexo, a idade e a patologia associada são exemplos de factores influenciadores. O objectivo deste estudo é avaliar se o posicionamento cirúrgico influencia as necessidades anestésicas. METODOLOGIA Estudo observacional e retrospectivo em pacientes neurocirúrgicos submetidos a craniotomia electiva, classificação ASA 1-3. Foram excluídos os doentes com patologia cardíaca ou pulmonar descompensada, disfunção renal ou hepática, Índice de Massa Corporal>35, Escala de Coma de Glasgow<15 e administração de Midazolam pré-operatório. Caracterização dos pacientes em 2 grupos dependendo da posição cirúrgica: decúbito supino (SUP) ou ventral (VENT). Na indução e manutenção anestésica foi utilizado o sistema de TCI (target controlled infusion) com os fármacos propofol e remifentanil controlado através do sofware Rugloop, o qual regista dados hemodinâmicos e de profundidade anestésica cada 5 segundos. A manutenção da anestesia guiou-se pelo valor de BIS (entre 40 e 60), sendo estes comparados entre os 2 grupos. O consumo de propofol e remifentanil e o tempo de cirurgia foram também comparados. Foram utilizados os testes t de student e χ2, para p<0,05 (média e desvio padrão). RESULTADOS Foram seleccionados 60 pacientes e incluídos apenas 37: Grupo SUP (n=19) e Grupo VENT (n=18). Os resultados estão representados na tabela 1. DISCUSSÃO Observou-se que os pacientes na posição de decúbito ventral necessitaram de menor quantidade de propofol (p<0,05), para valores de BIS semelhantes, portanto, concluímos que o posicionamento altera as necessidades anestésicas. Há poucos estudos2,3 que relacionam o posicionamento com o consumo anestésico, as suas causas permanecem indeterminadas. REFERÊNCIAS 1. Eur J Anaesthesiol.2005 Feb;22(2):123-8, 2. Acta Anasthesiologica Scandinavica 1991;35(8):741-4 3. Ann Fr Anesth Reanim.2008 Feb;27(2):158-5 TABELA 1 Resultados da análise estatistica. SUP (n=19) VENT (n=18) p valor Idade (anos) 53,1115,18 54,78±16,69 0,752 IMC (kg/m2) 25,18±3,47 23,96±3,14 0,270 Tempo cirúrgico (min) 459,86±228,86 409,18±182,19 0,460 Consumo Propofol (mg/min/kg) 0,137±0,027 0,116±0,031 0,0329* Consumo Remifentanil (ug/min/kg) 0,181±0,070 0,168±0,057 0,309 BIS 41,13±5,34 44,48±5,56 0,070 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 45 PO68 Abordagem anestésica da parturiente com tumor intracraniano - Experiência de 8 anos Santos, Patrícia; Glória, Amélia; Alves, Joana; Santos, Alice Serviço de Anestesiologia; Hospital S. João RESUMO INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS Os tumores intracranianos são raros na gravidez, tendo sido identificados, num estudo multicêntrico, 7 casos em 126000 partos.1 O planeamento anestésico pressupõe o conhecimento dos efeitos fisiológicos da gravidez nas dimensões do tumor e do trabalho de parto na pressão intracraniana. O objectivo é documentar a nossa experiência na abordagem destas doentes. METODOLOGIA Análise retrospectiva da abordagem anestésica de 6 parturientes com adenoma hipofisário submetidas a analgesia/anestesia de parto no período de 1998 a 2005 na nossa instituição. A informação recolhida incluiu dados clínicos, a abordagem obstétrica e anestésica. RESULTADOS Caso Idade 1 2 3 4 5 6 36 30 30 34 29 36 TABELA 1 Características do grupo em estudo Gesta/Para RM cerebral Tamanho* Tipo Efeito de massa 2/0 Microadenoma Não secretor Ausente 1/0 Microadenoma Prolactinoma Ausente 2/1 Microadenoma Prolactinoma Ausente 1/0 Microadenoma Prolactinoma Ausente 2/0 Microadenoma Prolactinoma Ausente 2/0 Microadenoma Prolactinoma Ausente * Classificação em microadenoma ou macroadenoma pressupõe tamanho inferior a 10 mm ou igual/superior a 10 mm respectivamente. A avaliação neurológica das parturientes revelou ausência de HIC ou de sinais neurológicos focais. TABELA 2 Procedimento anestésico e outcome Caso 1 2 3 4 5 6 Parto Vaginal Cesariana Vaginal Cesariana Vaginal Cesariana Anestesia Analgesia epidural Anestesia geral Analgesia epidural Anestesia epidural* Anestesia epidural Anestesia epidural* * Parturientes com analgesia epidural prévia 46 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 Puerpério Normal Normal Normal Normal Normal Normal RM pós-parto Sobreponível Sobreponível Sobreponível Sobreponível Sobreponível Sobreponível A progressão para cesariana ocorreu por trabalho de parto estacionário (casos 4 e 6) e por bradicardia fetal sustentada (caso 2). Verificaram-se em todos os casos pressões arteriais médias ± 20% do valor basal. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Os prolactinomas são os tumores intracranianos mais frequentes na gravidez. Cerca de 1% dos microprolactinomas apresenta sintomatologia associada à hipertensão intracraniana (HIC), resultante do crescimento tumoral.2 A HIC constitui uma contraindicação relativa ao bloqueio epidural. O recurso a esta técnica em parturientes com microprolactinoma e sem evidência clínica de HIC ou deficits neurológicos focais pode ser equacionada. Nos casos analisados, o bloqueio epidural revelou-se seguro e eficaz. Na presença de macroadenoma, sinais de HIC ou sinais neurológicos focais o balanço risco/beneficio deve favorecer a anestesia geral para cesariana electiva ou urgente.2 A escolha da técnica anestésica deve ser individualizada tendo em conta o tipo, tamanho, a localização do tumor e o estado neurológico materno. REFERÊNCIAS 1. International Journal of Obstetric Anesthesia; 2007; 16; 82-85, 2. Anaesth Intensive Care 2006; 34: 79-82. PO69 Miastenia gravis e o período peri-parto: abordagem anestésica (análise retrospectiva de 15 casos) Almeida, Carlos1; Coutinho, Ester2; Moreira, Daniela3; Martins, Ana4; Aguiar, José5, 2, 4 Serviço de Neurologia; Hospital de Santo António, 1, 3, 5 Serviço de Anestesiologia; Hospital de Santo António RESUMO INTRODUÇÃO A miastenia gravis (MG) afecta frequentemente mulheres nas 2ªs e 3ªs décadas de vida1,2,3. Este estudo tem como objectivo a análise retrospectiva da abordagem anestésica de mulheres grávidas no parto e das complicações associadas a esta população no periparto. lar; - no 2º caso o doente foi submetido a AG resultando atraso na emergência, fraqueza muscular e insuficiência respiratória. No período pós-parto, registou-se uma crise miasténica grave em grávida submetida a cesariana sob Bloqueio epidural (Ver tabela 2). METODOLOGIA A MG per se não provoca um efeito significativo na gravidez, mas o curso da doença é imprevisível durante este período e o puerpério (1,2). A MG não obriga a parto cirúrgico1. A anestesia locorregional é usualmente uma opção adequada, sobretudo o bloqueio epidural. A anestesia geral pode ser considerada na presença de sintomas Estudo retrospectivo a partir da consulta de processos clínicos de mulheres com MG, cujo parto ocorreu entre 1985 e 2007, no Hospital de Santo António, Porto. RESULTADOS 15 mulheres foram estudadas, classificadas como ASA II – III (Ver tabela 1). Em relação às complicações durante a gravidez, uma mulher foi submetida a timectomia sob anestesia geral (AG), sem intercorrências. A sintomatologia da doença surgiu pela 1ª vez no 3º trimestre em 2 doentes, tendo sido estabelecido o diagnóstico apenas no puérpério: - no 1º caso, a grávida foi submetida a um bloqueio subaracnóideu (BSA), tendo desenvolvido insuficiência respiratória (IR), necessitando de ventilação mecânica, sintomas oculares e fraqueza muscu- DISCUSSÃO E CONCLUSÃO bulbares significativos3. Na população obstétrica, os diagnósticos diferenciais de situações que associem falência respiratória e sintomatologia neurológica (distúrbios oculares e /ou bulbares e fraqueza muscular), devem incluir a MG. REFERÊNCIAS 1. Neurology 2003;61:1362–1366, 2. Clin. Obst. and Gynec. 2005. 48, Nº 1: 48–56, 3. Ann Franç d’Anesth et de TABELA 1 Características da população obstétrica estudada. MG e o perído periparto (características da populução estudada) Nº total de mulheres estudadas 15 Nº de mulheres submetidas a cesariana 10 (5 sob bloqueio epidural, 4 sob BSA e 1 sob AG) Nº de mulheres submetidas a parto vaginal) 5 (todos eutócicos - sob analgesia epidural) Tempo médio desde o diagnóstico de MG no parto 6,8 anos Idade media das mulheres no parto 28 anos Nº de gravidezes de termo 13 Nº de casos em que houve progressão da doença durante a gravidez 4 (em 13 casos) Nº de casos em que o diagnóstico de MG no periparto 2 TABELA 2 Tipo de parto e abordagem anaestésica em função do estadio da doença no parto. Estadio da doença no parto (Osserrman Classification) Diagnóstico no puerpério Remissão completa Remissão farmacológica SI S IIA S IIB S III, IV e V Tipo de parto 2C 1V 2V/2C 1C 4C 3C _ Abordagem anestésica (se Cesariana) 1BSA / GA 1 _ 1 BSA / 1 BE 1 BSA 2 BE 2 BSA / 1 BE _ Regimes analgésicos (se parto vaginal) _ 1 BE 2 BE _ 2 BE _ _ (V: vaginal; C: cesariana; BSA: bloqueio subaracnóideu; BE: bloqueio epidural; S: estadio) Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 47 PO70 PO72 Endarterectomia Carotídea Sob Bloqueio Combinado do Plexo Cervical: Taxa e Causas de Conversão Anestesia para microcirurgia transoral LASER em Otorrinolaringologia (ORL) Estudo retrospectivo Guedes, Luísa; Oliveira, Raquel; Fernandes, Vera; Figueiredo, Alexandre; Tavares, Jorge Magalhães, Joana1; Duarte Teixeira, Maria2; Cerejo, Filomena3; Morais, Alina4 Serviço de Anestesiologia; Hospital S. João EPE; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Serviço de Anestesiologia do CHAA, EPE - Guimarães, 2Serviço de Anestesiologia do Hospital de Aveiro, 3Serviço de Anestesiologia do Instituto Português de Oncologia, 4 Directora de Serviço do Instituto Português de Oncologia RESUMO RESUMO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO A endarterectomia carotídea é eficaz no tratamento da estenose carotídea1 e na prevenção de eventos embólicos em doentes com doença aterosclerótica carotídea. Pode ser realizada sob anestesia geral ou loco-regional. Estudos recentes não encontraram diferenças definitivas entre os 2 tipos de anestesia; a escolha depende do Estudo retrospectivo(Cohort) para avaliação das particularidades anestésicas em microcirurgias transorais LASER realizadas no ano de 2008 no IPO,Porto. Objectivos:conhecer a abordagem anestésica da microcirurgia LASER em ORL e avaliar as características epidemiológicas e anestésicas a ela inerentes. doente e da preferência anestésica e cirúrgica.2 A taxa de conversão para anestesia geral descrita é 1,7%, devido a falha do bloqueio, inquietação, falta de cooperação ou ansiedade do doente.3 MÉTODOS 1 CONCLUSÃO Avaliados os registos intra- e pós-operatórios, num total de 120 cirurgias realizadas entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2008.Avaliou-se as características dos doentes(idade e faixas etárias,sexo,patologia associada e estado ASA),localização da lesão,técnica cirúrgica e duração média da mesma e abordagem anestésica (monitorização e protocolo anestésico, tipo de tubo orotraqueal utilizado, dispositivos de abordagem da via aérea,complicações peri-operatórias,destino dos doentes no período pós-operatório imediato,percentagem de doentes com internamentos prolongados e as causas de alta tardia. A posteriori,efectuou-se o tratamento estatístico dos dados recolhidos.Resultados e conclusões: os doentes tinham, em média,59 anos,mau estado geral e patologia cardiovascular e respiratória associadas.77,5% das lesões eram laríngeas, com utilização do víde olaringoscópio(8,3%)e fibroscopia(1,2%)em casos previsivelmente difíceis.Em 67,2% dos casos utilizou-se tubo microlaríngeo com cuff preenchido(soro e azul de metileno/iodopovidona),com apenas um caso de ruptura.As taxas de complicações foram 29,2% no período intra-operatório.Apenas 14,2% dos doentes foram para Unidade de Cuidados Intermédios e 2,5% para Serviço de Cuidados Intensivos. 76,7% dos doentes estiveram internados até 4dias. Os autores concluiram que o bloqueio combinado do plexo cervical está associado a baixa taxa de conversão para anestesia geral e que foi sempre associada a inquietação do doente. Este é um procedimento anestésico eficaz para endarterectomia carotídea melhor tolerado quando realizado controle da ansiedade. As causas mais frequentes de internamento prolongado foram o esvaziamento cervical associado e dificuldades na deglutição. Trata-se de uma técnica cirúrgica em que se contorna a mutilação associada à traqueotomia com preservação da fonação, deglutição e respiração. REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS 1. Neurosurg Q 2008; 18 (3): 201-206, 2. Lancet 2009; 372: 2132-42, 3. Cochrane Database Syst Rev 2004 (2): CD 000126. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 2007;133:139-144;Current Anesth and Critical Care 20(2009)28-32 MÉTODOS Os autores reviram retrospectivamente o procedimento anestésico das endarterectomias carotídeas (cirurgia única) realizadas durante o período de 1 ano no Hospital de S.João (Outubro 2007 a Outubro 2008). RESULTADOS Total de 96 doentes, 68 sexo masculino (70,8%), 28 sexo feminino (29,2%). Idade média 67 anos (±7). Sete realizados sob anestesia geral (7,3%) e 89 sob bloqueio combinado do plexo cervical (92,7%). O bloqueio do plexo cervical superficial foi realizado por infiltração de 15 mL ropivacaína 7,5% no ponto médio do bordo posterior do esternocleidomastoideu. O bloqueio do plexo cervical profundo foi realizado segundo a técnica de Winnie, injectando em C2, C3 e C4, 4-5mL de ropivacaína 7.5% Os doentes receberam sedação (midazolam) e/ou analgesia (fentanil) i.v. em doses que visavam manter o doente facilmente despertável e capaz de responder a ordens. Os autores relataram 2 conversões para anestesia geral (2,2%) devido a inquietação do doente. Indução de anestesia geral sem intercorrências. 48 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 PO71 Hemitiroidectomia – Cirurgia em Ambulatório ou Internamento? Carlos, Almeida1; Leal, Teresa2; Campos, Matilde3; Alves, Luís4; Lemos, Paulo5 1, 2, 3, 5 Serviço de Anestesiologia; Hospital de Santo António, CHP, 4Serviço de Higiene e Epidemiologia; Faculdade de Medicina da Universidade do Porto RESUMO INTRODUÇÃO A cirurgia da tiróide em ambulatório é um tema controverso1,2. Com este estudo procuramos comparar a segurança da intervenção e a satisfação dos doentes entre os regimes ambulatório e internamento. MÉTODOS Seleccionaram-se aleatoriamente 100 indivíduos hemitiroidectomizados entre 2005 e 2008 no Centro Hospitalar do Porto (Grupo I: 50 cirurgias com internamento; Grupo II: 50 cirurgias em ambulatório com alta médica no mesmo dia). O regime cirúrgico adoptado não dependeu de características clínicas da doença ou do doente. A informação sobre sexo, idade e estado ASA, complicações pós-operatórias e satisfação dos doentes em ambos os grupos foi obtida por inquérito telefónico (Tabela 1). RESULTADOS Análise estatística com testes de Mann-Whitney, Qui2, odds ratios ajustados para a idade calculados por regressão logística (Tabela 1,2). A mediana das idades foi significativamente maior no grupo de internamento. Não houve diferenças com significado estatístico em relação ao sexo, estado ASA e escolaridade. O número de dias com dreno e o tempo até retomar a actividade funcional foram significativamente menores nos doentes do ambulatório (Tabela 1). O risco de desenvolver dor (OR=0,39; IC95%:0,15-2,05), náuseas (OR=0,28; IC95%:0,08-0,99) ou vómitos (OR=0,52; IC95%:0,132,10) foi inferior no regime ambulatório quando comparado com o regime de internamento (Tabela 2). Não se registaram situações ameaçadoras da vida do doente. Não houve diferenças significativas em relação às complicações pós-operatórias (Tabela 1). DISCUSSÃO E CONCLUSÃO Os resultados permitem concluir que a segurança e o nível de satisfação dos doentes submetidos a hemitiroidectomia são semelhantes nos dois regimes cirúrgicos. A recuperação funcional é mais rápida, com menor período de permanência de dreno. O risco de desenvolver dor, náuseas ou vómitos parece ser menor no regime ambulatório. REFERÊNCIAS 1. Am J Surg. 1997;173(6):499-503, TABELA 1 Análise estatística comparativa das características da população e dos resultados obtidos entre ambos os grupos Idade* Sexo feminino† Escolaridade ≤9 anos† ASA* Eventos «life-threatening» Complicações (total)† Complicações major‡ Dreno§ Número de dias com dreno* Dias até retomar actividade* Necessidade de recorrer ao SU Trocava de regime cirúrgico† Satisfação Muito instatisfeito Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito Internamento Ambulatório p 61 (47-71) 36 (72) 38 (76) 2 (2-2) 0 10 (20) 4 (8) 43 (86) 3 (2-4) 15,5 (10-23) 4 (8) 10 (20) 0 (0) 2 (4) 16 (32) 32 (64) 47 (39-58) 40 (80) 34 (68) 2 (2-2) 0 8 (16) 4 (8) 48 (96) 2 (1-3) 9,5 (7-21) 8 (16) 11 (22) 1 (2) 5 (10) 16 (32) 28 (56) <0,01 0,35 0,37 0,25 _ 0,60 1 0,08 <0,01 0,017 0,22 0,81 * Mediana (intervalo interquartis), teste Mann-Whitney; † n (%), teste qui2; ‡ Complicações major: infecção da ferida operatória, hematoma cervical com necessidade de reintervenção ou compromisso da via aérea, necessidade de reintervenção ou compromisso da via aérea por outra causa, manutenção prolongada de dreno cervical por hemorragia e hipocalcemia sintomática; § Dados referentes a 91 doentes TABELA 2 Dor, náuseas e vómitos pós-operatórios: análise estatística comparativa entre ambos grupos. Dor Náuseas Vómitos Internamento 17 (34) 5 (10) 7 (14) Ambulatório 11 (22) 5 (10) 4 (8) Odds Ratio* 0,39 0,28 0,52 Intevalo de confiança a 95% 0,15-1,05 0,08-0,99 0,13-2,10 *Odds ratio ajustados para a idade calculados por regressão logística. Categoria de referência: internamento Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 49 PO73 Dor Relacionada com Procedimentos Não-cirúrgicos – A Realidade do Hospital de Santo António Campos, Matilde1; Chaló, Daniela2; Marcelo, Lara3; André, Isabel4; Bollen Pinto, Bernardo5; Dores, Graça6 Serviço de Anestesiologia; Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto, 6Unidade de Dor Aguda; Serviço de Anestesiologia; Hospital de Santo António - Centro Hospitalar do Porto 1, 2, 3, 4, 5 RESUMO INTRODUÇÃO O doente internado é submetido a procedimentos não cirúrgicos (exames médicos, cuidados de enfermagem, transporte intra-hospitalar, realização de exames complementares, tratamentos específicos, etc). Alguns destes procedimentos são potencialmente dolorosos e causadores de ansiedade1, 2. Este estudo tem como objectivo avaliar a dor associada a estes procedimentos, diagnósticos ou terapêuticos, realizados em meio hospitalar, em doentes internados no CHP-HSA, e a frequência do uso de analgésicos durante a sua realização. MÉTODOS Estudo transversal durante 7 dias em serviços cirúrgicos. Doentes seleccionados aleatoriamente, submetidos a procedimentos diagnósticos/terapêuticos não cirúrgicos (punção venosa, retirada de dreno, mudança de penso, algaliação, mobilização, etc.). Dados obtidos por consulta do processo clínico e entrevista ao doente por questionário. Dor e ansiedade avaliadas através de Escala Verbal Simples. Análise de resultados descritivo e comparativo (qui quadrado, teste de Fisher; significância para p<0,05). RESULTADOS 65 doentes (25 mulheres, 40 homens). Grupo A: 31 doentes (18-65A); Grupo B: 34 doentes (>65A). 33% teve dor severa/muito severa, ainda que submetidos a tratamento analgésico. Não houve diferenças significativas relativamente à dor ou à ansiedade nos 2 grupos. 14% teve analgesia durante o procedimento, embora não tenha diminuído significativamente a dor. Os doentes mais ansiosos registaram maiores graus de dor (p=0,021), assim como os doentes que já se encontravam com sintomatologia dolorosa antes do procedimento (p<0,01). CONCLUSÕES A intensidade da dor associada aos procedimentos é variável, condicionando ansiedade considerável. O seu reconhecimento e a optimização do tratamento analgésico e ansiolítico, servirá para libertar os doentes de um desconforto temporário e também para evitar mudanças fisiológicas que a longo prazo poderão levar a dor persistente. REFERÊNCIAS 1. Eur Jour Pain 12(2008)3-8, 2. Eur Jour Anaest 2005;22(6):405-12. 50 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 51 NORMAS DE PUBLICAÇÃO A Revista da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia publica manuscritos considerados de importância para a Anestesiologia, Cuidados Intensivos, Terapêutica da Dor e Ciências Básicas, dando prioridade a Artigos Originais, Artigos de Revisão e Casos Clínicos. Publica ainda, temas de interesse noutras áreas, tais como: Ensino, Ética ou História da Anestesia. Os Editoriais são normalmente reservados aos Editores e à Direcção da S.P.A., podendo contudo, serem aceites os escritos de outros sócios, a pedido ou por iniciativa própria. Os manuscritos enviados para publicação, não devem ter sido publicados ou simultaneamente presentes para publicação, em qualquer outra parte (exceptuam-se os artigos publicados com a designação de “Intercâmbio”). Quando aceites, ficam propriedade da Revista, só podendo ser reproduzidos com autorização desta. As opiniões e metodologias neles expressas são da inteira responsabilidade dos autores, mesmo quando sujeitos a revisão editorial. Por artigo original entende-se todo aquele que, baseado em material clínico e/ou experimental, pela sua originalidade, objectivo e qualidade de metodologia, representa um esforço de contribuição concreto na esfera do conhecimento científico. Quando pressuponha uma anterior investigação ou tratamento dos dados colhidos, para esclarecimento das conclusões, deve ser referenciado com o subtítulo “comunicação prévia”. O artigo de revisão é todo aquele que resulta de uma síntese crítica de informação contida em publicações existentes, apoiando-se fundamentalmente as afirmações nele referidas em citações bibliográficas recentes (últimos cinco anos). O caso clínico consiste na apresentação de uma história clínica, cuja evolução apresenta particularidades dignas de registo. Discussão: Devem ser relacionados e interpretados os factos observados, assim como o seu significado em relação a estudos já publicados. Os dados considerados de interesse para as conclusões devem também ser discutidos. Os artigos originais não devem ultrapassar as quinze páginas. ARTIGO DE REVISÃO Para além do título, pode subdividir-se em sub-capítulos e alíneas, segundo o critério dos autores. Os artigos de revisão não podem ultrapassar quinze páginas. CASO CLÍNICO Para além do título e resumo, deve conter uma introdução sucinta, sem título, focando a razão de ser do relato clínico, podendo conter referências bibliográficas pertinentes. A esta introdução, segue-se a descrição do caso, sob o título “Caso Clínico”, em que se relatam os dados relevantes da doença actual, antecedentes pessoais e familiares, exames auxiliares, terapêutica e técnicas. Relatando o caso segue-se a Discussão, em que se analisam as características especiais do caso e se aprecia o seu significado, à luz da bibliografia existente. Os casos clínicos não devem ultrapassar as seis páginas. QUADROS Os quadros representam uma relação de dados em linhas horizontais. Se neles figurarem unidades (referentes aos resultados), devem ser colocadas no topo das colunas (não as repetindo nas linhas horizontais). Devem numerar-se com algarismos romanos, segundo a ordem de citação no texto, identificados com legendas na parte superior e apresentados em páginas separadas. CONSIDERAÇÕES LEGAIS Os artigos baseados em investigação clínica no Homem, devem deixar bem explícito que os ensaios foram conduzidos de acordo com as normas éticas da Declaração de Helsínquia. Se se tratar de investigação animal, os autores devem estar atentos ao Decreto-lei l29/72, de 6/7/92 e à Portaria I005/92, de 23/I0/92. ILUSTRAÇÕES Por ilustrações, consideram-se os esquemas, gráficos e fotografias. Numeram-se com algarismos árabes, pela ordem de citação no texto. Os esquemas e gráficos devem ser executados em papel branco e a sua identificação, com número de citação, autor e título do artigo, deve ser feita no reverso, a lápis. As legendas devem ser apresentadas em páginas separadas. Nos casos clínicos, os autores, devem evitar quaisquer dados que identifiquem o doente, tais como o nome ou iniciais deste, fotografias que permitam a sua identificação (salvo com consentimento expresso) ou ainda referências hospitalares. AGRADECIMENTOS Se existem, devem ser curtos. A inclusão de material já publicado, como ilustrações ou quadros, implica a autorização do seu autor e editor. Preparação de manuscrito e suporte informático Devem ser enviadas três cópias de cada, em formato A4, escritos em língua portuguesa. As folhas devem ser dactilografadas de um só lado, a dois espaços, com margens não inferiores a 2,5 cm e paginadas. A primeira página deve conter o título e uma abreviação deste, não ultrapassando os 50 caracteres e espaços. Nesta página, deve ainda constar o nome próprio e o apelido dos autores, categoria profissional, local de trabalho, direcção e telefone do autor, a contactar para troca de correspondência. Na página que se lhe segue deve constar o resumo e as palavras-chave em português, seguindo-se-lhe o título, o resumo e as palavras-chave em inglês. Estas deverão basear-se, sempre que possível, na terminologia do Index Medicus e não exceder o número de 10 (os editores, reservam-se o direito de revisão destas, quando justificada). Deverá ser entregue, um CD com a cópia do manuscrito, em formato de documento Word (Windows XP ou outra versão anterior) ou de texto (.txt) ambos para PC. Os autores devem guardar uma cópia do material enviado, para a eventualidade da sua revisão ou extravio. Os manuscritos dividem-se consoante o tipo: ARTIGO ORIGINAL Subdivide-se, regra geral em: Sumário: Deve conter informação sucinta sobre o objectivo, metodologia, resultados e conclusões e ser elaborado de modo a permitir a compreensão do trabalho, sem necessidade de recorrer ao texto. Introdução: Não deve ser referenciada com título. Deve ser concisa e conter as razões e objectivos do trabalho, podendo incluir referências sucintas e informação considerada pertinente para o tema tratado e com bibliografia devidamente referenciada. Metodologia: Devem ser descritos os métodos utilizados, de modo claro e objectivo, de forma a que a experiência possa ser devidamente interpretada e reproduzida pelo leitor. Igualmente, no que se refere a análise estatística, deve ser referido, neste capítulo, o método usado. Resultados: A apresentação de resultados deve ser feita de forma clara, reportando a significância a níveis de probabilidade e evitando repetições desnecessárias do texto, quadros e gráficos. 54 Revista SPA ‘vol. 18 ‘ n.º 1 ‘ 2009 BIBLIOGRAFIA As referências bibliográficas devem ser numeradas pela ordem em que são mencionadas no texto e identificadas neste por algarismos árabes, entre parênteses rectos. Os títulos das revistas ou jornais devem ser abreviados de acordo com o modelo utilizado no Index Medicus. As referências de manuscritos ainda não publicados não devem ser consideradas como fontes bibliográficas. Exemplos de referências bibliográficas correctas: Revista: Jaeger MJ, Scheultetus RR.The effect of Brain circuit on gas exchange. Can J Anaesth 1897; 34:26-34. Livro: Greene NM. Key words in anaesthesiology, 3rd ed. New York, Elsevier, 1988. Capítulo de Livro: Hull CJ. Opioid Infusions for the management of post-operative pain. In: Smith G, Covino BG, eds. Acute pain. Butterworths,1985:155-179. CARTAS AO EDITOR Poderão ou não referir-se a material publicado na revista. Será, no entanto, dada prioridade de publicação às relacionadas com material já editado. NOTA Estas normas de publicação representam apenas uma orientação para os Autores que pretendem dar o seu contributo para a edição desta Revista. Para informação mais detalhada do modo de elaboração de um artigo científico, poderão ser consultados diversos textos dedicados a este tema, dos quais se destacam: Bailar JC, Mosteller F. Guidelines for statistical reporting in articles for medical Journals. Annals of Internal Medicine 1988: 266-273 Baron DN. Units, symbols and abbreviations: a guide for biological and medical editors and authors. 4th ed. London: Royal Society of Medicine Services, 1988:64 Dudley H.The presentation of original work in Medicine and Biology. Churchill Livingstone, 1977. Huth EH, Kinning K, Lock SP et al. eds. Uniform requirements of manuscripts submmited to Biomedical Journals. Annal of Internal Medicine, 1988; 108: 258-265. Smith G. ed. Extended guide to contributors. British Journal of Anaesthesia,1990; 64: 129-136. CONTRA-CAPA PUBLICIDADE ABBOTT