Praça John Lennon - Centro de Memória

Transcrição

Praça John Lennon - Centro de Memória
Praça John Lennon
A praça circundada pelas ruas Henrique José Pereira, Cônego Manoel Garcia e
Francisco D´Agostinho, localizada no Jardim Chapadão, foi, em 12 de março de 1981,
denominada Praça John Lennon, em homenagem ao ídolo quase mitológico da cultura pop.
No dia 9 de outubro de 1940 nasceu John Winston Lennon, na cidade industrial de
Liverpool, cidade aonde passou sua infância e adolescência e também onde conheceu Paul,
George e Ringo, seus futuros companheiros de Beatles.
Sua juventude fora um tanto quanto conturbada, o pai abandonou a família ainda na
infância de John e a mãe o deixou aos cuidados de uma tia, a tia Mimi. Mais tarde, a mãe
volta à vida de John, mas não por muito tempo: morre atropelada quando John contava 16
anos.
A presença da mãe, Julia, passa a ser uma constante na vida de Lennon, que, além
de chamar seu primeiro filho de “Julian”, anos mais tarde compõe a canção “Julia”, em que
expressa os sentimentos pela mãe com toda a poesia que lhe é particular: “Half of what I
say is meaningless, but I say it just to reach you, Julia... sleeping sand, silent cloud, touch
me... so I sing a song of love... Julia 1 ”.
Com o fim dos Beatles – após o lançamento do álbum Abbey Road, em 1969, John
Lennon opta por uma vida mais discreta e decide mudar para New York, com a intenção de
se perder no anonimato, afastando-se assim um pouco do assédio da imprensa, na esperança
de ter uma vida mais tranqüila com sua família.
O assédio da imprensa sempre fora um problema para John, que chega a desabafar
em uma de suas músicas: Christ you know it ain´t easy, you know how hard it can be, the
way things are going... they´re gonna crucify me2 ! Vítima de sua fama, Jonh Lennon morre
a caminho do hospital, avejado por 5 tiros. O assassino, Mark Chapman, entre outras
declarações confusas, disse ser também John Lennon e como não poderiam haver dois, ele
tinha que matar o outro.
Sua morte trágica, ironicamente, acabou sendo mais um aspecto em comum com
aquele que certa vez Lennon disse haver superado: Jesus Cristo. Quase profético também
1
Metade do que eu digo não tem sentido, mas eu digo apenas para alcançar você, Julia... dormindo na areia,
nuvem silenciosa, toque-me... então eu canto uma canção de amor... Julia.
2
Cristo, você sabe que não é fácil, você sabe o quão difícil pode ser, do jeito que as coisas vão, eles vão me
crucificar!
foi o comentário de Lennon em uma entrevista 2 meses antes de morrer: “os súditos matam
seus reis”, ao falar sobre a morte de Elvis Presley.
Colocá-lo apenas como um poeta, como ele mesmo se auto-proclamava, contudo,
parece pouco para elucidar a dimensão que sua vida e obra tiveram no século XX. Fazendo
de sua poesia e de sua música armas políticas e pacifistas, muitos chegaram a colocar
Lennon como um pensador extremamente sagaz das coisas do mundo. Na verdade, o
próprio Lennon chega a se definir como “comunista-cristão”, mas “não o comunismo de
Moscou ou o cristianismo de Roma”, numa espécie de ideologia anárquica que
desconsideraria lutas de classes e dogmas da Igreja, mas que fosse permeada por valores de
se construir um mundo melhor. Como na Guerra do Vietnã, em que John Lennon e sua
esposa espalharam cartazes e outdoors por todo EUA com os dizeres: “War is over, if you
want it! 3 ”
Referências
VILAGELLIN, Arthur. “Dossiê Praça John Lennon” in Série: Ruas e Praças de Campinas,
Fundo Arthur Pereira Vilagellin. Arquivos Históricos, Centro de Memória – UNICAMP.
TAVARES, Flávio. “Lennon, anti-herói, vítima de regicídio”, Folha de S. Paulo,
14.12.1980
KROLL, Jack “Strawberry Fields Forever” Newsweek, NY, 22.12.1980.
Patrícia Xavier Leonardo
Graduanda em História pela UNICAMP
Estagiária dos Arquivos Históricos do Centro de Memória da UNICAMP.
[email protected]
3
“A guerra acaba se você quiser”

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