31 de outubro de 2009 iv encontro brasileiro na suíça berna

Transcrição

31 de outubro de 2009 iv encontro brasileiro na suíça berna
IV ENCONTRO BRASILEIRO NA SUÍÇA
31 DE OUTUBRO DE 2009
BERNA
DOCUMENTAÇÃO FINAL
Esta documentação pode ser vista em PDF na página
www.conselho-brasileiro.ch
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[email protected]
Índice
Apresentação
3
Programa
6
Palestras
A globalização e os brasileiros no mundo
7
A importância de tomar o destino nas mãos
10
Apresentação do Conselho Brasileiro na Suíça
14
Grupos de Interesse
Autoestima: processo contínuo de crescimento
17
Brasileiros no mundo: oportunidades e desafios
20
Comunicação Intercultural: como interagir melhor
23
Crescendo com os desafios
27
Dependência e independência psicológica no processo de integração
28
Educação para a cidadania: valores éticos no mundo globalizado
30
Educar para o mundo: desafio dos pais
31
Estrangeiros na Suíça: o que mudou desde 2008
33
Imposto de Renda na Suíça: como funciona e modo de preencher
35
Mulheres migrantes no mundo do trabalho
38
Novos caminhos profissionais: reconhecimento de diplomas e possibilidades de
formação
41
Os seguros sociais na Suíça – direito e deveres
45
Situação econômica no Brasil e a remessa de dinheiro
47
Reflexão Final
A caminhada dos grupos brasileiros na Suíça
48
Avaliação
50
Momentos do Encontro
53
Agradecimentos
57
4. Encontro Brasileiro na Suíça
1
Apresentação
„ “NINGUÉM PODE INTEGRAR OUTRA PESSOA”
Para início de conversa.....
Imigrante não é uma profissão. Imigrante é a pessoa que entra em outro país com a intenção de viver e trabalhar
de forma temporária ou permanente. Imigrantes somos nós, que não estamos aqui como turistas, mas que
procuramos nos estabelecer num novo país.
Por isso, sejam bem-vindos à leitura do relato deste encontro de imigrantes!
Todo mundo que experimenta esse processo de “achar seu lugar” numa terra muitas vezes tão diferente da sua,
sabe que nem sempre é fácil. Exige engajamento, força de vontade, coragem para encarar um mundo novo e
disposição de se adaptar à realidade local. Ser você mesmo e integrar-se no meio em que vive: eis o desafio do
imigrante.
Pensando nisso escolhemos como tema para o IV Encontro Brasileiro na Suíça: “Integração e Emancipação:
assumindo seu próprio caminho!” Em outras palavras: fazer parte da comunidade envolvente e ter autonomia e
liberdade para tomar decisões sobre a sua própria vida, sem depender dos outros.
A proposta do Conselho Brasileiro na Suíça, organizador do evento, foi analisar a questão da integração do ponto
de vista pessoal. Ninguém pode integrar outra pessoa, cada um é responsável pela sua própria integração, pois os
caminhos de cada imigrante são diferentes. Todos têm uma forma muito individual de encarar e enfrentar os
problemas, buscando soluções. Esse processo de autodeterminação faz com que o imigrante se sinta mais forte,
mais preparado para enfrentar os desafios de aprender uma nova língua e encaixar-se numa sociedade diferente
de seu país de origem.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
3
Apresentação
Para poder assumir seu próprio caminho é preciso saber como as coisas funcionam no país de acolhida, é
necessário saber qual é a “linguagem” utilizada (não apenas a língua, mas toda a forma de comunicar), deve-se
conhecer os direitos e deveres e principalmente saber como se pode utilizar o próprio potencial da melhor forma.
Um dos objetivos do encontro foi abrir aos participantes algumas gavetas cheias de informação para compreender
melhor a estrutura da Suíça, sem esquecer do Brasil. Procuramos dar algumas pistas de como administrar essa
dualidade de estar aqui e lá, de manter sua identidade e adaptar-se ao país, de ser imigrante sem deixar de ser
brasileiro!
Nesse processo de integração e emancipação os grupos e outras entidades têm o papel de apoiar, dar orientação
e instrumentos para que os imigrantes encontrem seu caminho e seu lugar no país que escolheram para viver.
Em sua saudação aos presentes o senhor Roland Beeri, do Fachstelle Integration de Bern salientou a importância
dos grupos migrantes se organizarem e assim contribuírem para a integração de seus cidadãos na Suíça.
Maria Stela Pompeu Brasil Frota, Embaixadora do Brasil na Suíça, apresentou sua saudação em nome do Ministério
das Relações Exteriores do Brasil e elogiou a iniciativa de realização do Encontro. A Embaixadora destacou que o
número de brasileiros no exterior já ultrapassou os 8 milhões e afirmou que o governo brasileiro vem dando passos
significativos para ir ao encontro das necessidades desses brasileiros emigrados. As duas conferências Brasileiros no
Mundo (www.brasileirosnomundo.mre.gov.br), realizadas em 2008 e 2009 representam, segundo ela, um sinal claro
dessa determinação do Itamaraty e permitem um contato cada vez mais próximo com a comunidade brasileira.
Na seqüência do programa foram apresentadas explanações sobre os brasileiros no mundo globalizado e sobre os
elementos que são indispensáveis para os imigrantes se emanciparem, para sentirem-se bem no país de acolhida e
construírem suas vidas na nova comunidade. O resumo das palestras está nas páginas seguintes.
Além das palestras principais na parte da manhã, à tarde foram realizados vários Grupos de Interesse sobre temas
relacionados ao cotidiano da imigração, na área do trabalho, direitos, educação, relacionamento e comunicação
intercultural, entre outros. Vários momentos de descontração foram garantidos durante os espaços culturais no
meio da programação. Para as crianças pequenas foi organizado o Cantinho das Crianças e nos intervalos os
participantes puderam visitar a Feirinha do Encontro.
É importante ressaltar que este evento está inserido numa história que começou em meados dos anos 90, quando
surgiram os primeiros grupos brasileiros na Suíça. O tema do 4. Encontro também tem a sua história. No 1. Encontro
Nacional de Brasileiras na Suíça discutiu-se a questão do “ser migrante” e como conseguir se integrar como tal na
sociedade envolvente. Já o 2. Encontro, em 2003, abordou o tema “Identidade e Integração”, vendo nossa
identidade pessoal e como brasileiros, ao mesmo tempo em que procuramos nos integrar na sociedade local. O 3.
Encontro abordou a nossa participação como migrantes, um elemento importante no processo de integração.
Com o 4. Encontro deu-se um passo além: somos migrantes, brasileiros, integrados, participantes e agora
precisamos nos emancipar, tomando nosso destino nas próprias mãos para viver melhor no país que nos acolhe. O
símbolo dessa caminhada, colocado em destaque no salão principal, é a pintura de uma árvore, cujas folhas
foram feitas com as impressões digitais dos participantes do 3. Encontro. A história que começou com uma
semente, foi se transformando em árvore.
Na reflexão final Carminha Pereira enfatizou: “a migração faz parte das nossas vidas e da nossa história coletiva
enquanto brasileiras e brasileiros. Somos muitas variantes de diversas nacionalidades...Temos que aprender com as
diferenças e ver a vida em outro país como um enriquecimento. O importante é que nossa vida é no momento
neste país. Portanto temos que levar a nossa Emancipação aqui a sério e não deixar para amanhã.”
4
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Apresentação
Mais de 300 pessoas compareceram ao evento, vindas de 17 cantões da Suíça e também da Alemanha e
Holanda. Isso comprova a necessidade de encontros desse tipo, que possibilitam a troca de experiências, a busca
de informações em áreas concretas da vivência diária e o convívio num ambiente alegre, descontraído, com
cheiro e cor do Brasil.
O feedback dos participantes no dia do Encontro foi muito positivo, tanto em relação aos temas apresentados,
quanto à organização e à programação. Certamente nem tudo foi perfeito, mas as falhas não comprometeram o
andamento do Encontro.
Em sua exposição Carminha destacou também que “na Suíça este Encontro é somente a parte visível, além de
bonita e emocionante, da nossa organização. É uma parte importante, mas não a mais importante. O trabalho
mais valioso é a participação cotidiana nos diversos grupos e organizações. É para isso que serve este Encontro:
para estimular a nossa participação na região onde moramos”.
Esta documentação final apresenta os resultados do 4. Encontro Brasileiro na Suíça, realizado em 31 de outubro de
2009 no Gymnasium Neufeld, em Berna. Nas próximas páginas estão reunidas as palestras e os resumos dos vários
Grupos de Interesse.
Como bem concluiu Carminha: “somos cidadãos, com direitos e deveres, não importa em que lugar. E ninguém vai
conseguir nos segurar, pois somos cidadãos do mundo!”
Boa leitura!
Equipe Organizadora do IV Encontro Brasileiro na Suíça
Anna
Paula
Sardenberg
(Grupo
Atitude, Berna)
Carminha Pereira (FIZ, Zurique)
Elcídia
Barbosa
Bollinger
(CIBRA,
Solothurn)
Irene Zwetsch (CIGA-Brasil, Basel)
Maria Rolim Janotta (Grupo Equilíbrio,
Thurgau)
Magnólia
Vigny
(Grupo
Raízes,
Genebra)
Nilce Cunha (CEBRAC, Zurique)
Ocirema Kukleta (Zurique)
Patrícia
Brookling
Negrão
(Grupo
Equilíbrio, Thurgau)
Regina Jomini (Etoy, Vaud)
Rosimary Stöckli (Grupo Atitude, Berna)
Rubens Zischler (Ciga-Brasil, Basel)
Sandra Suely Rodrigues Urech (Canta Brasil, Argau)
4. Encontro Brasileiro na Suíça
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Programa
9:00h
Chegada, inscrição e café
10:00h
Abertura e saudação
Irene Zwetsch, Conselho Brasileiro na Suíça
Roland Beeri, Fachstelle Integration, Berna
Maria Stela Pompeu Brasil Frota, Embaixada do Brasil, Berna
10.30h
A globalização e os brasileiros no mundo
Marcos Viana, Rede de Brasileiras e Brasileiros na Europa
11:00h
A importância de tomar o destino nas mãos
Flavia Reginato, Tradutora Intercultural
11:30h
Apresentação do Conselho Brasileiro na Suíça
Vitoria Cleaver, Consulado Geral do Brasil, Zurique
11:45h
Espaço Cultural
Elias Moreira, voz e violão
12:00h
Almoço
13:45h
Grupos de Interesse (simultaneamente em salas diferentes)
15:45h
Pausa
16:15h
Espaço Cultural
Coral Canta Brasil (Aarau), regente Sandra Rodrigues
André Figueiredo, piano
16:30h
Reflexão final
Carminha Pereira, FIZ - Centro de Apoio à mulher migrante e vítimas
de tráfico de mulheres
17:00h
Encerramento
Jane Cruz e DJ Miguelito
Hélio Faria
6
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Palestras
A GLOBALIZAÇÃO E OS BRASILEIROS NO MUNDO
GLOBALIZAÇÃO E O BRASILEIRO
Marcos Elísio da Rocha VIana
O QUE É GLOBALIZAÇÃO?
RAIZES DA GLOBALIZAÇÃO
Pergunta:
Qual é a mais correta definição de Globalização?
Com vocês a palavra!!!
RAIZES DA GLOBALIZAÇÃO
O PLANETA TERRA JÁ SOFREU A
GLOBALIZAÇÃO:
EGÍPCIA
GRECO-MACEDÔNICA
ROMANA
MUÇULMANA
IBÉRICA
John Locke o pai do
Liberalismo
1632 - 1704
Adam Smith o pai do
Liberalismo Econômico
Século XVIII
GLOBALIZAÇÃO AMERICANA
EUA DEPOIS DA SEGUNDA
GUERRA MUNDIAL
SOFREMOS A
GLOBALIZAÇÃO:
BRITÂNICA
NAZI-FACISTA
4. Encontro Brasileiro na Suíça
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Palestras
OS MOLDES SÃO OS MESMOS
A HISTÓRIA SE REPETE OS MOLDES SÃO OS MESMOS
A HISTÓRIA SE REPETE GUERRA FRIA
GUERRA SANGRENTA
OS MOLDES SÃO OS MESMOS
A HISTÓRIA SE REPETE AQUI CHEGAMOS NO BRASIL
GUERRA “PACÍFICA”
PELO PRIVILÉGIO DOS BENS GLOBAIS, POUCOS
ENRIQUECEM
PELA EXPLORAÇÃO, MILHARES FAZEM DA MISÉRIA
O SEU LEITO
PELA FOME, MUITOS MORREM EM “PAZ”,
SEM FORÇAS PARA LEVANTAR SEQUER A VOZ, QUE
DIRÁ UMA ESPADA.
A ESTRADA DA MIGRAÇÃO FICA PAVIMENTADA
Para se ter uma ideia de como está mais fácil se mover
pelo mundo, vejamos um detalhe dos tempos Globais:
UM DOS MUITOS PAÍSES
GLOBALIZADOS EM “PAZ”
A GLOBALIZAÇÃO AUMENTA A MIGRAÇÃO DA MÃO DE OBRA
O QUE É GLOBALIZAÇÃO?
Pergunta:
HÁ 50 ANOS A MILHA VOADA CUSTAVA – 0,27 US$
Qual é a mais correta definição de Globalização?
AGORA CUSTA 0,10 US$
Resposta de um brasileiro:
A morte da princesa Diana.
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4. Encontro Brasileiro na Suíça
Palestras
Por quê?
Uma princesa inglesa com um namorado egípcio,tem um acidente de carro dentro de um túnel francês, num carro alemão com motor holandês, conduzido por um belga, bêbado de whisky escocês, que era seguido por paparazzi italianos, em motos japonesas. A princesa foi tratada por um médico americano, que usou medicamentos brasileiros.
O QUE ISTO TEM A VER COM O BRASIL?
Como é isto?
Isto é apresentado a você por um brasileiro, usando tecnologia americana (Bill Gates), e provavelmente você está lendo isso de um computador genérico, que usa chips feitos em Taiwan e um monitor coreano montado por trabalhadores de Bangladesh numa fábrica de Singapura, transportado em caminhões conduzidos por indianos, roubados por indonésios,descarregados por pescadores sicilianos, reempacotados por mexicanos e finalmente vendido a você por judeus, através de uma conexão paraguaia.
PARA TERMINAR
Cabe ressaltar que este brasileiro se encontra agora num encontro em Berna, na Suíça, curiosamente a imigração suíça foi a primeira imigração de pessoas livres de origem não portuguesa que chegou ao Brasil por volta de 1818, sendo este brasileiro residente na Holanda, lugar de asilo político de um dos pais do liberalismo, que na realidade já tinha pai muito antes. E foi o mesmo liberalismo que acabou provocando migrações generalizadas através dos séculos, fazendo com que as estimativas apontem para um contingente de aproximadamente 3 milhões de
Brasileiros no Mundo.
Quando estes brasileiros se dão conta disso precisam se organizar e ter representantes, se reúnem na pátria amada e elegem um conselho provisório de representantes via E‐MAIL depois dissolvem este conselho e por fim propõem uma eleição via INTERNET em todas as regiões do Globo terrestre. Enquanto isso, tentam se organizar numa rede continental, que quer ser mundial, e trocam milhares de mensagens eletrônicas (E‐MAIL) tentando se entender nos seus diferentes contextos dentro da GLOBALIZAÇÃO. Isto é que é , my friend, a tal de GLOBALIZAÇÃO!
O QUE FAZER DIANTE DO INEVITÁVEL?
CONCLUSÃO
COMO VENCER A TIRANIA DA GLOBALIZAÇÃO?
Devemos gritar para todo mundo ouvir que estamos
enviando 7,2 bilhões de dólares para o Brasil?
Devemos esperar que o Governo Brasileiro
faça alguma coisa?
Devemos desprezar as oportunidades que este governo
nos dá, as CONFERÊNCIAS BRASILEIROS NO MUNDO, dizendo que somos incapazes de nos organizar?
Devemos nos entregar ao conformismo de que nada vai
mudar, ou mesmo a lutas egoísticas entre nós, zelando
pela nossa imagem em detrimento das necessidades
dos brasileiros dispersos pelo mundo globalizado?
PRECISAMOS URGENTEMENTE VOLTAR À ESSÊNCIA DO NOSSO GÊNERO, PRECISAMOS SER MAIS GENEROSOS.
A FORÇA DE UM SISTEMA QUE NOS TRANSFORMA A TODOS EM UM MERO PRODUTO SÓ PODE SER VENCIDA SE COMO SERES ASSOSSIATIVOS QUE SOMOS, NOS VOLTARMOS PARA AS REDES DE RELACIONAMENTOS E VOLUNTARIEDADE, QUE RESGATAM A NOSSA VERDADEIRA IDENTIDADE, A SABER: SERES HUMANOS,
NO NOSSO CASO ESPECÍFICO
BRAVA GENTE BRASILEIRA!
MARCOS ELISIO ROCHA VIANA, pastor na Holanda, membro da Rede de Brasileiras e Brasileiros na Europa.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
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Palestras
A IMPORTÂNCIA DE TOMAR O DESTINO NAS MÃOS
Flávia Reginato-Pereira dos Santos
Independência
Conteúdo
ƒ Introdução
ƒ emancipar =
ƒ Emancipação: definições
ƒ Emancipação e migração
ƒ Conquistando a emancipação
independência
do latim emancipare, que
antigamente significava
proporcionar a um escravo
ou filho adulto a sua independência.
Berna, 31.10.2009
IV Encontro Brasileiro na Suíça
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Independência
Autodeterminação
Identidade
Independência
Autodeterminação
ƒ emancipação = autodeterminação
ƒ emancipação = identidade social
A capacidade de uma pessoa de
definir, de formar e também de
modificar a sua função e a sua
posição na sociedade.
A capacidade de uma pessoa de
construir e manter relações
sociais.
Berna, 31.10.2009
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IV Encontro Brasileiro na Suíça
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Berna, 31.10.2009
IV Encontro Brasileiro na Suíça
4. Encontro Brasileiro na Suíça
4
Palestras
Independência
Autodeterminação
Identidade
Liberdade
Independência
Autodeterminação
Identidade
Liberdade
Autonomia
ƒ emancipação = liberdade
ƒ emancipação = autonomia
A capacidade de uma pessoa de
desenvolver suas próprias
perspectivas e metas de vida, e
com isso dar um sentido individual
para a sua própria existência.
Berna, 31.10.2009
A capacidade de uma pessoa de
satisfazer as suas próprias
necessidades, e de assegurar a
sua própria existência.
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Berna, 31.10.2009
IV Encontro Brasileiro na Suíça
Independência
Autodeterminação
Identidade
Liberdade
Autonomia
Participação
Igualdade
Independência
Autodeterminação
Identidade
Liberdade
Autonomia
Participação
ƒ emancipação = igualdade de direitos
ƒ emancipação = participação
A capacidade de uma pessoa de
participar da vida cultural de uma
comunidade, assim como de
colaborar ativamente para ela.
Berna, 31.10.2009
IV Encontro Brasileiro na Suíça
Emancipação
Independência
Autodeterminação
Identidade
Liberdade
Autonomia
Participação
Igualdade
7
O esforço de um grupo para obter
direitos civis e políticos, e assim
equiparar a sua condição de cidadão em
relação a outros grupos, independente
da origem, religião situação econômica e
outras características individuais.
Berna, 31.10.2009
IV Encontro Brasileiro na Suíça
ƒ
ƒ
ƒ
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Emancipação e migração
ƒ Paradoxo
ƒ Basicamente feminina
ƒ Recurso individual
ƒ Processo paralelo
Berna, 31.10.2009
ƒ
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IV Encontro Brasileiro na Suíça
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Ao mesmo tempo em que nos emancipamos em certos aspectos da nossa cultura de origem, iniciamos
um processo de dependência dentro da nova realidade como migrante, apesar da migração atual muitas
vezes não se dar por motivos de sobrevivência, ou por outros motivos espetaculares.
Basicamente feminina, o que faz com que a emancipação tenha também o caráter de combater a
discriminação da mulher na sociedade
Existe uma teoria que diz que a experiência de imigração pode se tornar um valioso recurso de cada
pessoa, que, quando ativado, irá contribuir para o processo de emancipação do individuo no pais
estrangeiro.
Vai depender do interesse e do empenho de cada migrante, assim como das possibilidades que o país de
acolhida irá oferecer, permitir e fomentar.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
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Palestras
Responsabilidade
Conquistando a emancipação
ƒ através da RESPONSABILIDADE
Realizar cada tarefa com
responsabilidade, sem
julgamentos sobre importância
dela perante a sociedade.
ƒ A pirâmide do poder –
tomando o destino nas mãos
Berna, 31.10.2009
IV Encontro Brasileiro na Suíça
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IV Encontro Brasileiro na Suíça
Responsabilidade
Autoridade
Autoconhecimento
Responsabilidade
Autoridade
ƒ através do AUTOCONHECIMENTO
ƒ através da AUTORIDADE
A auto-avaliação das próprias
capacidades e talentos permite
estabelecer metas realistas, nem
muito fáceis, nem muito
impossíveis de serem alcançadas.
Ter a autoridade necessária para
desempenhar as tarefas das
quais se é responsável.
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Responsabilidade
Autoridade
Autoconhecimento
ƒ através do APRENDIZADO E
DESENVOLVIMENTO PESSOAL
9 Aprender o idioma
9 Aprender o ritmo local, as nuances culturais
9 Experimentar novas áreas de atuação
9 Aperfeiçoar-se na profissão
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IV Encontro Brasileiro na Suíça
IV Encontro Brasileiro na Suíça
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Responsabilidade
Autoridade
Autoconhecimento
Aprendizado e Desenvolvimento
Feedback e Autocrítica
Aprendizado e Desenvolvimento
Berna, 31.10.2009
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ƒ através do FEEDBACK E DA
AUTOCRÍTICA
9 Possibilidade de aperfeiçoar o
desempenho de suas responsabilidades
9 Avaliar o próprio desempenho,
confrontando-se de forma construtiva com
seus pontos fortes e fracos.
Berna, 31.10.2009
IV Encontro Brasileiro na Suíça
4. Encontro Brasileiro na Suíça
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Palestras
Responsabilidade
Autoridade
Autoconhecimento
Aprendizado e Desenvolvimento
Feedback e Autocrítica
Confiança
Permissão para Errar
Responsabilidade
Autoridade
Autoconhecimento
Aprendizado e Desenvolvimento
Feedback e Autocrítica
Confiança
ƒ através da CONFIANÇA
ƒ Ter ESPAÇO PARA ERROS
9 Confiar na própria capacidade (autoconfiança),
9 Reivindicar a confiança alheia
9 Se esforçar ao máximo para evitá-los
9 Permissão para errar -> mais coragem
para assumir riscos e experimentar novos
caminhos/alternativas
9 Não repetir os erros
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IV Encontro Brasileiro na Suíça
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Berna, 31.10.2009
IV Encontro Brasileiro na Suíça
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Bibliografia
Responsabilidade
Autoridade
Autoconhecimento
Aprendizado e Desenvolvimento
Feedback e Autocrítica
Confiança
Permissão para Errar
Respeito
Zuwanderung im Zeichen der Globalisierung
Christoph Butterwege & Gudrun Hentges
Verlag für Sozialwissenschaften
ƒ através do RESPEITO
Die Macht-Pyramide. Wie man Macht gewinnt,
9 Muitas vezes se esconde nos detalhes indem man sie abgibt
Diane Tracy
9 Reivindicar o respeito alheio
moderne Verlagsgesellschaft
9 Respeitar os próprios valores
culturais e também os valores locais
(pontualidade)
Berna, 31.10.2009
IV Encontro Brasileiro na Suíça
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Ausbildung - wer hilft bei der Finanzierung?
SVB Schweizerischer Verband für
Berufsberatung & Verlag pro juventute
Emancipação
Respeito
Igualdade
Participação
Autonomia
Permissão para errar
Confiança
Feedback e
Autocrítica
Aprendizado e
Desenvolvimento
Liberdade
Identidade
Autoconhecimento
Autodeterminação
Autoridade
Independência
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Responsabilidade
IV Encontro Brasileiro na Suíça
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FLAVIA REGINATO-PEREIRA DOS SANTOS, tradutora intercultural.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
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Palestras
APRESENTAÇÃO DO CONSELHO BRASILEIRO NA SUÍÇA
Na
apresentação
Conselho
Brasileiro
do
na
Suíça, a Cônsul Geral do
Brasil em Zurique, Vitória
Alice Cleaver salientou
que “os
brasileiros na
Suíça têm a sorte de
contar
com
uma
comunidade que muito
cedo se interessou em se
organizar”.
Segundo
ela,
seus
registros remontam aos
anos
1994/95,
começaram
Vitória Alice Cleaver
quando
a
ser
criados certos grupos. “E foi em 98, portanto há 11
anos, que aconteceu aqui na Suíça o 1. Encontro
Brasileiro, naquela época só de mulheres, porque a migração era muito mais feminina”, continuou. Organizado
pelos grupos Ação, Atitude, BRASS e CIGA-Brasil, o encontro debateu o tema “Migração – Solidariedade e
Participação”, com a proposta de reconhecer a condição de “migrante” e ver como se integrar na comunidade
envolvente, descobrindo o seu papel.
Em seu relato a cônsul lembrou que “na seqüência desse 1. Encontro foram realizados muitos seminários. Até hoje 10
seminários”. Esse constante reencontro permitiu, segundo ela, que se criasse um terreno extremamente fértil para se
realizar um 2. Encontro Brasileiro na Suíça, dessa vez misto, para homens e mulheres. Naquela oportunidade se
abordou o tema Identidade e Integração, chamando a atenção para a necessidade de se manter a identidade
pessoal e cultural, ao mesmo tempo em que se busca espaços de participação e integração no país de acolhida.
Vitória Cleaver destacou que em 2003 foi avaliado que realmente havia a necessidade de se articular melhor, de
trabalhar regionalmente, de repente criar um tipo de central de informações que pudesse apoiar os grupos. “O
sentimento dessa necessidade de melhor se articular regionalmente eu poderia chamar como uma semente para
a criação do Conselho Brasileiro na Suíça”, afirmou.
Formou-se mais tarde uma “Comissão pró-Conselho”, que depois do 3. Encontro Brasileiro, realizado em Berna
(28.10.2006), já começou a trabalhar e coordenou o manifesto em prol dos Brasileirinhos Apátridas, realizado no dia
2 de junho de 2007 em frente ao Consulado Geral do Brasil em Zurique, em prol da Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) 272-00 para garantir a nacionalidade brasileira nata aos filhos de brasileiros nascidos no
exterior.
Esse grupo ainda organizou um seminário especial do qual participaram representantes do Consulado Geral do
Brasil em Zurique, e participou de encontros fora da Suíça, como por exemplo o II Encontro Brasileiro na Europa, que
aconteceu em Bruxelas.
“Então o que se passou é que no fundo, essa Comissão Pró-Conselho, que era formada por representações de
grupos em todo o espectro suíço foi se transformando, numa transição muito suave, no próprio Conselho, de modo
14
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Palestras
que hoje o Conselho é um órgão representativo da comunidade brasileira na Suíça, reúne brasileiros de diferentes
regiões do país e atua como ponto de informação e apoio para a comunidade e os grupos de brasileiros locais”,
resumiu.
O Conselho Brasileiro na Suíça está formado pelas seguintes pessoas (da esquerda para a direita na foto):
ƒ
Elcídia Barbosa Bolinger – CIBRA, Solothurn
ƒ
Nilce Cunha – CEBRAC, Zurique
ƒ
Patrícia Brooking Negrão – Grupo Equilíbrio, Thurgau
ƒ
Sandra Suely Rodrigues Urech – Coral Canta Brasil, Aargau
ƒ
Ocirema Kukleta – Zurique
ƒ
Rosimary Stöckli – Grupo Atitude, Berna
ƒ
Irene Zwetsch – CIGA-Brasil, Basel
ƒ
Magnólia Vigny, Raízes, Genebra
ƒ
Regina Jomini – Raízes, Genebra
ƒ
Maria Rolim Janotta – Grupo Equilíbrio, Thurgau
VITÓRIA ALICE CLEAVER, cônsul geral do Brasil em Zurique.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
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Grupos de Interesse
AUTOESTIMA: PROCESSO CONTÍNUO DE CRESCIMENTO (I)
As metas para o trabalho neste grupo foram:
•
Apresentar um modelo prático da autoestima.
•
Despertar no grupo o interesse sobre este aspecto tão importante da saúde pessoal.
•
Refletir, trocar ideias e conceitos, questionar.
De início as participantes tiveram oportunidade de expor por escrito em folhas de “Flipchart” seu interesse pelo
tema da seguinte forma:
•
Eu me interessei pela sua visão em relação à autoestima
•
De que forma a autoestima é atingida durante o processo de imigração e qual a maneira de superar essa
•
Autoestima = felicidade?
•
Autoestima na família (amor).
•
Dicas de preservação da autoestima
•
Como coloco para meus colegas de trabalho o que sou, minha vida privada?
•
Como posso ser mais positiva?
•
Como melhorar a autoestima em crianças?
•
Depressão e autoestima (caminhos para sair)
•
Autoestima – base de crescimento
situação?
Em forma de palestra e diálogo debatemos
primeiramente
o
desenvolvimento
da
autoestima, tendo como base as seguintes
palavras chave .
•
O que é a autoestima e como ela
se manifesta?
•
A
confiança
nas
nossas
capacidades de pensar e de
poder dominar/ vencer desafios
da vida .
•
A crença em nossos direitos de ter
sucesso e ser feliz. A crença no
sentimento de ter um valor, de
merecer e de ter o direito de
expressar nossas necessidades e
desejos, de realizar nossas ideias e
colher frutos de nossos esforços.
Taís Michelle Mundo
Como ela se desenvolve?
•
A autoestima se desenvolve pela vivência da autoeficácia e pela resposta que recebemos do meio
ambiente em que vivemos (pais, irmãos, familiares, amizades, religião, sociedade, entre outros).
Exemplo de vivência de autoeficácia: um bebê de seis meses que está deitado sobre uma superfície sólida (um
tapete no chão) se vira de um lado para o outro e vivencia um poder de autoeficácia por ser capaz de se
locomover independente. Se esse bebê for colocado sentado entre travesseiros, não poderá sair desta postura até
que alguém o ajude, sendo assim dependente. E assim várias outras experiências diárias nos dão ou tiram a própria
habilidade de autoeficácia, desde o primeiro até o último dia de vida.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
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Grupos de Interesse
E como migrante a autoeficácia é bastante atingida (através do poder de expressar suas necessidades, seus
direitos, seus sentimentos, suas capacidades pessoais, sociais e profissionais...).
•
A autoestima não é uma característica estática, mas está em constante desenvolvimento e em constante
ação recíproca com o que vivenciamos e com os nossos próprios atos.
Um exemplo: se minha meta é comer menos doce para emagrecer e devoro um pacote de chocolate, perco
perante mim mesma a “moral” e a minha autoestima diminui. Mas, se fico firme perante a minha meta, me sinto
forte e capaz de vencer um desafio.
Este é um exemplo bastante simples, mas vai por aí...
Uma pessoa com a autoestima elevada tem mais facilidade de lidar com desafios, mas sempre haverá momentos
em nossas vidas em que o grau da autoestima baixará. Porém, quanto mais alto for o grau de autoestima, mais
rápida será a capacidade de “se levantar” novamente.
Por exemplo: um rompimento amoroso pode deixar uma pessoa muito mal, mas de acordo com o grau de
autoestima ela terá ou não recursos para continuar a “vida” novamente.
O grau de autoestima também pode variar de acordo com as nossas capacidades ou características pessoais.
Por exemplo: uma pessoa pode ter um grau de autoestima muito alto em relação à sua capacidade musical por
tocar muito bem um instrumento, mas um grau de autoestima muito baixo em relação à capacidade social, por ser
tímida. Ou ainda ter uma autoestima elevada em termos profissionais por ser um cardiologista competente, se
sentir valorizado e vivenciar a autoeficácia, e no campo esportivo ter um grau de autoestima baixo por não
conseguir um bom desempenho.
A autoestima é um aspecto de grande importância da saúde humana. Ela é parte de nossos recursos pessoais e
como migrantes precisamos dessa consciência para combater com mais firmeza esse grande desafio da vida.
Como todo desafio vejo a migração como uma grande possibilidade de autocrescimento e de desenvolvimento
pessoal bem como da autoestima.
Coordenação do Grupo
TAÍS MICHELLE MUNDO, Professora de Feldenkreis e pedagoga sexual.
18
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
AUTOESTIMA: PROCESSO CONTÍNUO DE CRESCIMENTO (II)
Este encontro foi primeiramente uma reflexão sobre o que é a autoestima. Descobriu-se que ela é muito mais
complexa e essencial para a emancipação de estrangeiros em terras novas.
Trata-se certamente de amor próprio, mas também de senso de responsabilidade pelo próprio destino, confiança
em suas capacidades e se guiar por valores mais internos que externos, como a opinião dos outros.
A opinião que temos de nós
mesmos
poderia
ser
o
ponto
principal da autoestima e neste
workshop tratamos de discernir as
suas
origens:
educação,
pais,
colegas, mídia, religião, valores
culturais, entre outros.
Com
a
podemos
consciência
começar
a
disso,
triar
as
influências positivas das negativas
sobre
nossa
autoestima,
compreendendo e perdoando os
limites daqueles que nos passaram
seus
valores
escolhendo
Meiri Yamaguchi Chesney
negativos
valores
e
mais
construtivos. Disso compreende-se
que o trabalho da autoestima é constante e longo, mas como todo artista livre e apaixonado, podemos modelar
constantemente nosso íntimo até que ele transpareça nas suas ações positivas o valor que damos a nós mesmos.
Este trabalho baseou-se muito no trabalho de Nathanel Branden e “Os Seis Pilares da Autoestima”, ou seja, a
prática de viver com consciência, de viver com responsabilidade, de viver com um propósito, a prática da autoaceitação, da autoafirmação e, finalmente, a prática de
viver com integridade.
Voltado à situação da emancipação do imigrante, este
trabalho culminou com uma breve discussão do que
poderia ser trabalhado para melhorar a autoestima nesta
situação
particular.
Alguns
exemplos
seriam:
não
se
comparar com o outro, mas consigo mesmo e o seu
progresso; encarar as situações difíceis como desafios e não
como problemas; fazer uso da criatividade e intuição;
concentrar-se no que ganha com a imigração, e não no
que perde…
Coordenação do Grupo
MEIRE YAMAGUCHI CHESNEY, socióloga, naturopata holística.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
19
Grupos de Interesse
BRASILEIROS NO MUNDO – OPORTUNIDADES E DESAFIOS
Estima-se em 4,5 milhões o número de brasileiros no exterior. Para atender suas necessidades, a comunidade se
organizou em associações de ajuda mútua, cursos de português para crianças, grupos de dança e de capoeira
entre outros.
O diálogo entre as organizações de
brasileiros no exterior e
o governo
começou há alguns anos. Retraçamos
aqui
alguns
momentos
marcantes
desses contatos:
1997, Lisboa: I Simpósio Internacional
sobre
a
Emigração
Brasileira,
organizado pela associação “Casa do
Brasil”
de
Lisboa.
Participaram
do
evento brasileiros residentes nos Estados
Unidos,
na
Europa
e
no
Japão,
representantes do governo do Brasil e
de Portugal e pesquisadores da área.
Resultados:
o
levantamento
de
problemas da comunidade durante o Simpósio mostrou que tanto o governo como os
Marcos Viana
próprios emigrantes pouco faziam para resolver as inúmeras dificuldades enfrentadas pela
população brasileira no exterior.
2002, Lisboa: I Encontro Ibérico da Comunidade de Brasileiros no Exterior, promovido por órgãos governamentais
brasileiros, com apoio organizacional da “Casa do Brasil” de Lisboa e a colaboração de várias organizações nãogovernamentais, sob o patrocínio do Banco do Brasil. Participaram do evento 120 pessoas (associações e
emigrantes isolados, membros do governo brasileiro e português, acadêmicos dos dois países e organizações
religiosas ligadas às migrações).
Resultados: Elaboração do Documento de Lisboa e criação de um grupo de trabalho para elaborar propostas de
políticas públicas voltadas para os emigrantes, seguida da publicação de “Políticas públicas para as migrações
internacionais – Migrantes e Refugiados”, que marca a difusão da necessidade de atenção do governo na defesa
e proteção dos direitos dessas populações.
2005, Boston: I Brazilian Summit. Organizada por associações de brasileiros residentes nos USA. Participaram 300
pessoas: lideranças comunitárias, pesquisadores e especialistas em imigração, parlamentares e diplomatas
brasileiros e autoridades americanas.
Resultados: Carta de Boston, que levanta os principais problemas da população brasileira residente nos USA.
2007, Bruxelas: II Encontro de Brasileiras e Brasileiros no Exterior. Organizado por entidades religiosas de defesa dos
migrantes, com apoio do governo brasileiro e de associações de brasileiros na Bélgica. Este encontro procurou
reunir as associações brasileiras na Europa, que foram contatadas e em parte visitadas pelos organizadores. Foi
aplicado um questionário sobre os problemas identificados pelas associações. Setenta pessoas e instituições de
onze países participaram do evento, incluindo representantes dos ministérios do Trabalho e da Justiça, deputados e
pesquisadores.
Resultados: 1) Documento de Bruxelas, que levanta os principais problemas dos brasileiros emigrados nos diversos
países da Europa. O Documento foi protocolado no Palácio do Planalto. 2) Criação da Rede de Brasileiras e
Brasileiros na Europa e escolharesponsável pela divulgação do Documento de Bruxelas e organização do próximo
encontro de brasileiras e brasileiros na Europa. Foi também criado um fórum de comunicação eletrônica entre as
20
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
associações ativas nos vários países europeus.1
2008, Rio de Janeiro: I Conferência “Brasileiros no Mundo”. Organizada pela recém criada (2006) Sub-Secretaria
Geral das Comunidades Brasileiras do Exterior (SGEB). Participação de 300 pessoas: associações de muitas regiões
do globo, emigrantes isolados, órgãos governamentais e entidades religiosas.
Resultados: 1) Levantamento dos problemas enfrentados pelos emigrantes brasileiros por região e arrolados em
quatro Atas: Europa, América do Norte, América do Sul, Ásia, África e Oriente Médio; 2) Criação do Conselho
Provisório de Representantes: 12 pessoas (três por região) para participar na elaboração dos temas e objetivos a
serem abordados na II Conferência.
2009, Barcelona: 3° Encontro Europeu da Rede de Brasileiras e Brasileiros no Exterior. Reuniu representantes de
associações brasileiras atuantes em diversos países europeus, autoridades do governo brasileiro, representantes de
entidades sindicais e patronais, bem como organismos internacionais e brasileiros de apoio aos migrantes.
Resultados: 1) Documento de Barcelona: proposta de priorização dos problemas mais prementes de solução,
enfrentados pelos brasileiros na Europa. Documento europeu de base para a II Conferência “Brasileiros no Mundo”;
2) Eleição da coordenação da Rede por país.
2009, Rio de Janeiro: II Conferência “Brasileiros no Mundo”. Promovida pela SGEB, com o apoio do Conselho
Provisório de Representantes. Participaram 200 pessoas.
Ponto central da II Conferência: prestação de contas do governo com relação aos problemas enfrentados pelos
brasileiros no exterior e arrolados nas Atas da I Conferência. Cada Ministério expôs aos participantes:
- o que vem sendo feito na sua alçada para resolver os problemas da diáspora brasileira
- o que está previsto para ser feito e prazo de execução
- o que não é possível ser feito pois não é de competência do governo brasileiro, mas do governo do país de
moradia.2
Resultados:
1) Atas por temas de problemática levantadas por emigrantes brasileiros de diversas regiões do mundo: Cultura e
Educação; Trabalho, Previdência e Saúde; Serviços consulares e Regularização migratória; Representação Política.
As Atas servem para orientar a reflexão e a implementação de políticas públicas e podem ser consultadas no site:
www.brasileirosnomundo.mre.gov.br/pt-br/conferencia_brasileiros_no_mundo.xml
2) Definição dos critérios de eleição para o primeiro Conselho de Representantes das Comunidades Brasileiras no
Exterior (CRBE), que irá apoiar a SGEB na realização da próxima Conferência “Brasileiros no Mundo”. O Conselho
será formado por 16 titulares (4 por região) e 16 suplentes (4 por região), ao todo 32 pessoas da comunidade.
Os representantes serão eleitos em pleito previsto para os dias 15 e 30 de maio de 2010. Pode se candidatar: todo
brasileiro com mais de 18 anos que estiver apto a exercer as funções, comprove estar residindo no exterior há pelo
menos três anos e conste em uma das bases cadastrais mencionadas a seguir. Poderá votar: todo brasileiro inscrito
no Consulado (Matrícula Consular), que tiver título de eleitor no exterior e se cadastre pelo sistema eletrônico a ser
desenvolvido para esse fim. As eleições serão pelo correio, por internet ou presencial no Consulado.
O que são essas Conferências? Para que servem? Em que contexto se incluem?
As Conferências têm como metas principais:
- levantar os problemas sentidos pelo segmento da população que delas participam e
- guiar a implementação de políticas públicas no sentido de resolver essas questões.
As Conferências“Brasileiros no Mundo” se incluem num amplo contexto de levantamento de questões sociais pelas
próprias populações atingidas. Elas são instrumentos da democracia participativa do governo Lula e servem para
direcionar as políticas públicas, segundo Luiz Dulci, Secretário Geral da Presidência da República. Assim já foram
4. Encontro Brasileiro na Suíça
21
Grupos de Interesse
organizadas inúmeras Conferências no país: Conferência dos Jovens, Conferência de Educação, Conferência dos
Idosos, etc, das quais participaram 4 milhões de brasileiros desde 2002.
Vide site: www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/sec_geral/
Desafios para a comunidade:
- Incentivar o Registro Consular, para
que grande parte da comunidade
possa votar em maio para eleger
seus
representantes
junto
ao
Ministério das Relações Exteriores
(MRE).
- Continuar o levantamento de seus
problemas, a fim de levá-los ao
conhecimento do Ministério durante
as
Conferências
“Brasileiros
no
Mundo”.
-
Expandir as informações sobre o
que vem sendo feito em matéria de
política pública voltada para os
Regina Jomini (à esquerda, no fundo)
brasileiros do exterior, a fim de que
mais compatriotas possam se beneficiar dessas políticas.
Fontes de referência:
1
Histórico: MILESI Rosita e FANTAZZINI , 2008. “Cidadãs e cidadãos brasileiros no exterior”, I Conferência “Brasileiros no
Mundo” (textos de subsídio à I Conferência), Brasília, Fundação Alexandre Gusmão, 2009 .
2
Exemplo do conteúdo discutido numa das Mesas de trabalho durante a II Conferência “Brasileiros no Mundo”
Mesa da Previdência Social:
A Previdência Social brasileira já tem acordos bilaterais com a Alemanha (dez. 2009), Portugal, Espanha, Itália,
Luxemburgo, Grécia, Cabo Verde, Chile, além do acordo multilateral do Mercosul: Argentina, Paraguai e Uruguai.
Isso significa em grandes linhas para o brasileiro habitante na Alemanha, por exemplo, que se ele trabalhou no Brasil
e contribuiu para a Previdência, digamos 10 anos, e em seguida trabalhou e contribuiu para a Previdência alemã
por 15 anos, ao se aposentar, receberá a aposentadoria alemã, pelo tempo que trabalhou na Alemanha (15 anos)
e a aposentadoria brasileira, pelo tempo que trabalhou no Brasil (10 anos).
Cada acordo tem sua especificidade, por isso é preciso visitar o site da Previdência para conhecer os detalhes
referentes ao país de residência. Site: www.previdenciasocial.gov.br
O brasileiro que trabalha num país com o qual o Brasil não tem acordo de previdência e por algum motivo não
contribui para a aposentadoria local (por ex. brasileiro sem permissão de estadia na Suíça), pode contribuir com a
aposentadoria brasileira na condição de facultativo. Veja o site citado acima.
A Previdência está trabalhando para aumentar o número de acordos bilaterais, que irão beneficiar tanto os
brasileiros residentes nesses países quanto os originários desses países que vivem no Brasil.
Coordenação do Grupo
MARCOS VIANNA, pastor na Holanda e membro da coordenação da Rede de Brasileiras e Brasileiros na Europa.
REGINA JOMINI, assistente social e membro do Conselho Brasileiro na Suíça (autora do texto aqui apresentado).
22
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL: COMO INTERAGIR MELHOR (I)
Características culturais
Comunicação direta/indireta:
Enquanto na Suíça teríamos um exemplo de
país com comunicação direta, no Brasil ela é
indireta, ou seja, nem sempre um "sim" é "sim"
e um "não" é "não".
Hierarquia:
Na
Suíça,
o
chefe
e
o
empregado se tratam por "senhor/senhora";
no Brasil, o patrão trata seu motorista por
"você", mas não admitiria ser chamado assim
por seu empregado.
Lidando com o tempo: O tempo do brasileiro
é
policrônico,
ou
seja,
ele
consegue
desenvolver várias tarefas ao mesmo tempo.
O do suíço é monocrônico, quer dizer, ele se
incomoda ao ser interrompido enquanto
está escrevendo uma carta.
Gerti Saxer
Relação grupo x indivíduo: Enquanto o brasileiro é capaz de conviver com um conflito para não prejudicar o
espírito de grupo, para o suíço é muito importante enfrentá-lo, mesmo que isso seja negativo para o clima de
trabalho.
Relação pessoa x objeto: O brasileiro entenderia uma crítica direta ao seu trabalho como ofensa pessoal. Para o
suíço, o objeto do trabalho seria mais importante que a sensibilidade do colega.
Lidando com regras: Enquanto um punk é capaz de esperar o sinal abrir na Suíça, o brasileiro sempre tende a
relativizar as regras, atravessando o sinal vermelho (segurança).
A comunicação – ela poder ser verbal/ paraverbal/ não-verbal
Assimetria da comunicação: Quando um dos dois fala num idioma estranho e o outro na sua língua materna,
falamos de assimetria, pois há uma desigualdade de poder em relação à comunicação.
Como casais binacionais comunicam:
•
Um deles deixa de falar o seu idioma materno
•
Ambos tentam encontrar uma “mistura” dos dois idiomas
•
Ambos falam um 3° idioma
4. Encontro Brasileiro na Suíça
23
Grupos de Interesse
Fatores
que
influenciam
a
comunicação:
Comunicação Não-verbal
distância
toque
olhar
gestos & postura
mostrando as emoções
vestimenta e acessórios
cheiros
Comunicação Paraverbal
tom de voz
silêncio
velocidade da comunicação
Comunicação Verbal
interpretação da comunicação - alemão/português
falando face a face
sotaque
ruídos
siglas e abreviações
chavões preferidos de linguagem
comunicação direta ou indireta
humor e provérbios
dependendo da situação
cumprimentos e sutileza das palavras
assuntos pessoais
recomendações
troca de informações - mundos distintos
receptividade
curiosidade e interesse
paciência
presente em todos os sentidos - observar
tratando o outro como o outro gostaria de ser tratado
fazendo perguntas e mais perguntas - com os ouvidos abertos
parafraseando & sumarizando
pedindo para repetir
escrevendo ou desenhando - complexidade da comunicação
Reflexão
Quando se sentir incomodado, tente descobrir: o que mexe comigo, o que me preocupa, irrita, magoa, emociona,
paralisa, me dá medo, me deixa sentir insegurança.
Coordenação do Grupo
GERTI SAXER, psicóloga, terapeuta sistêmica individual, para casais e famílias. Diretora do Centro de Informações
para Estrangeiros em St. Gallen.
24
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL: COMO INTERAGIR MELHOR (II)
O título do evento hoje é: “Integração e Emancipação: assumindo o seu próprio caminho”.
Comum à experiência da migração é o fato que estamos aqui para viver por um tempo mais ou menos longo,
encontrar o nosso lugar, nos desenvolvermos, criar nossos filhos e proporcionar para eles um futuro bom. Encontrar
seu lugar e se desenvolver não é fácil num lugar novo e para muitos, desconhecido. Algumas dificuldades já eram
esperadas, outras nos apanham de surpresa. Nem sempre entendemos o que se diz e o que se passa, nem sempre
somos entendidos, o que com o tempo nos irrita, nos enfurece ou entristece. Vamos percebendo que aqui
dominam outras regras, outro modo de pensar e agir, outra cultura. E que é, afinal, cultura? Em que somos
diferentes e somos semelhantes?
Alexander
Thomas,
psicólogo
alemão, define cultura do seguinte
modo:
“Cultura
específico
de
é
um
sistema
orientação
que
define a pertença de um indivíduo
a uma determinada sociedade”.
Muito mais poética é a definição
de
Raymonde
Carroll,
um
etnólogo francês: “A minha cultura
é a lógica, com a ajuda da qual
eu ordeno o mundo. Comecei a
aprender esta lógica no momento
do
meu
nascimento
e
segui
aprendendo-a pouco a pouco: através dos gestos, das palavras e da afeição dos que me cercavam; através dos
olhares, do tom da sua voz; através dos ruídos, das cores, dos cheiros, do contato corporal; através da forma como
fui educado, elogiado, castigado, lavado, alimentado; através das histórias que me contaram, dos livros que li e
das canções que entoei na rua, na escola, nos quintais; através das relações entre as pessoas que eu observei e
dos juízos que ouvi, em todas as coisas, até mesmo durante o sono e nos sonhos que eu aprendi a sonhar e
recontar. Eu aprendi a respirar essa lógica e a esquecer que ela foi aprendida. Para mim, ela era um ato natural”.
Esse conjunto de características centrais constitui os chamados códigos culturais ou “standards” culturais, que se
formaram historicamente e são transmitidos de geração em geração. São tão integrados na vida das pessoas
desse grupo que são tomadas por vezes erradamente como universais, como se fossem a única forma de pensar,
sentir e agir, o que faz com que todas as outras formas sejam erradas...
Segundo Edgar Schein, psicólogo social britânico em Cambridge, cada cultura tem três dimensões:
a.
uma visível, “concreta”: representada pelos objetos (artefatos): manifestações de arte, roupa, literatura,
arquitetura, culinária.
b.
uma meio visível, meio invisível, “comportamental”: reflete as normas e valores que definem a língua que
se fala, gestos, rituais, relação entre os gêneros, estrutura familiar.
c.
uma invisível, “simbólica”: inclui sistema de valores, usos e costumes, espiritualidade, religião, crenças.
Em que é que as culturas se diferenciam? Geert Hofstede, programador de computadores e psicólogo social
holandês, definiu a diferenciação de culturas a partir de quatro índices:
1.
de distância ao poder (mais ou menos hierárquico e de aceitação da autoridade)
4. Encontro Brasileiro na Suíça
25
Grupos de Interesse
2.
de individualismo (mais voltado para o indivíduo ou para o grupo)
3.
de masculinidade (mais baseado em força e luta ou em brandura e sentimento)
4.
de controle de incerteza (aceitando ou temendo riscos imprevistos)
Segundo estes índices observam-se diferenças nítidas entre o Brasil e a Suíça. No Brasil a autoridade e hierarquia são
aceitas, a lealdade com o grupo e a solidariedade predominam, a sensibilidade e o calor são mais apreciados que
a ambição e
a confrontação, a verdade é considerada como única e existem mais tabus. Já na Suíça a
autoridade e hierarquia são reduzidas, o individualismo e independência predominam, a ambição e a
confrontação são mais apreciadas que a sensibilidade e o calor, a verdade é considerada relativa e existem
menos tabus.
Esses índices devem ser encarados e utilizados como instrumentos para entender e não para classificar culturas, e
muito menos pessoas. É que a sociedade não forma uma unidade monocultural, mas sim um sistema social com
várias subculturas (língua, religião, gênero, geração, classe social, nível de habilitações etc).
E mesmo nessas
subculturas, não temos apenas produtos culturais, temos pessoas com a sua própria história, a sua própria
experiência de vida, a sua base cultural. O ser humano é, assim, um conjunto de: natureza humana (universal),
cultura (o que é aprendido) e personalidade (o que é aprendido e vivido)
Numa sociedade estamos em contínua comunicação com outras pessoas. Comunicação é definida como uma
troca de informações entre duas ou mais pessoas, um processo em si complexo e exigente, já que cada troca de
informações contém, mesmo sem querermos, quatro níveis: damos uma informação, revelamos algo sobre nós
próprios, damos uma pista sobre como nos relacionamos com a pessoa com quem comunicamos e tentamos um
apelo, uma mensagem que queremos deixar no interlocutor. Importa o que é dito, como é dito (tom de voz, olhar,
gestos) e até o que não é dito!
A comunicação tende a ser mais fácil quando duas pessoas têm os mesmos “standards” culturais. Não sendo o
caso, ela é ainda mais complexa, já que nela se refletem valores e normas, estereótipos e preconceitos,
sentimentos e o peso (positivo ou negativo) de experiências pessoais. Na comunicação intercultural é preciso
atentar para o perigo das interpretações muito rápidas e muitas vezes erradas. Para sabermos como comunicar
com sucesso, devemos adquirir e desenvolver as chamadas competências interculturais:
a)
Conhecimentos sobre os nossos próprios valores culturais e sobre os da outra pessoa com quem
b)
Habilidades pessoais, com capacidade de reflexão e autoreflexão, capacidade de distinguir o que é
comunicamos
cultura e o que é personalidade
c)
Habilidades sociais, capacidade de lidar com stress e situações inesperadas, ter sentido de oportunidade
no que deve ser dito e como, capacidade de “se por na pele” do interlocutor
d)
Capacitação de utilizar todos os aspectos anteriores e comunicar com bons resultados com pessoas ou
grupos de diferentes bases culturais
Isso vai nos ajudar a encontrar e consolidar o nosso lugar nesta sociedade, entender e fazer-se ouvir, ser tomado a
sério e ser respeitado, alcançar afinal os fins que nos propusemos alcançar através da migração.
Coordenação do Grupo
ELSA FUCHS-DE MELO, assistente social. Atua no Kompetenzzentrum Integration, Gleichstellung und Projekte
26
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
CRESCENDO COM OS DESAFIOS
Na vida enfrentamos vários tipos de perda. Uma delas é a mudança para outro país. Alguns sintomas da perda são:
irritação, vazio, pessimismo, medo, culpa, inquietação e ira.
No processo da integração, por
sua
vez,
existem
três
fases:
a
sobrevivência, a adaptação e o
crescimento. No momento em que
você conseguir passar pelas três
fases será uma pessoa diferente:
será mais sensível ao sofrimento do
seu
próximo
preparada
e
muito
para
mais
enfrentar
sofrimentos futuros .
Aprender costumes diferentes, o
choque
cultural,
ressentimento
por
a
raiva
causa
e
da
mudança, são possíveis problemas
no casamento quando se vive no ou se muda para o estrangeiro. A
Telma Witzig
saudade e a solidão, bem como sentir-se desorientado e inseguro são
características típicas da fase da sobrevivência.
Stress relacionado a ajudar os filhos a se ajustarem, preocupações sobre problemas financeiros e a fantasia de que
viver no exterior vai resolver problemas antigos, fazem parte da fase de adaptação e precisam ser lidados de
maneira adequada, a fim de que não haja perda da autoestima, ou a possibilidade de se sentir excluído.
Algumas dicas para adaptar-se no exterior são:
•
Para os obstáculos mais simples, um bom planejamento ajuda.
•
Tenha vontade de aprender e de se integrar no novo país. Quanto mais rápido for esse processo, melhor
será o desempenho profissional e pessoal.
•
Nunca compare seu país e sua cultura ao novo país e à nova cultura.
•
Ignore, tanto quanto possível, as coisas que você gosta e que não tem no novo país.
•
Mude sua postura e, quando necessário, seu nível de exigência.
•
Planeje o processo de transição da família de forma adequada. Às vezes, é melhor mudar aos poucos.
•
Tente focar o máximo possível no que você e sua família encontraram e apreciam no novo país.
•
Mantenha a motivação e espírito da família em "alto astral".
Coordenação do Grupo
TELMA WITZIG, psicóloga.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
27
Grupos de Interesse
DEPENDÊNCIA E INDEPENDÊNCIA PSICOLÓGICA
NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO (I)
Emancipação é um termo usado para descrever
vários esforços de obtenção de direitos políticos ou
de igualdade, frequentemente por um grupo
especificamente privado de seus direitos ou mais
genericamente na discussão de tais questões.
Emancipação significa o ato de libertar um
indivíduo ou um grupo social ou equiparar o
padrão legal de cidadãos em uma sociedade
política.
Como
exemplo
pode-se
citar
a
emancipação feminina: direitos iguais à mulher.
Dependência se define como:
Vicente Luís de Moura
Necessidade de estar subordinado a outro.
Correlação, sujeição.
Parte acessória, anexo, pertença.
O que é, então, dependência?
É a falta de autodeterminação e de ser levada (o) em consideração nos aspectos: financeiros, legais, emocionais,
culturais, idiomáticos, o que pode ocorrer de maneira voluntária ou involuntária.
Inicialmente no casamento binacional não estamos na mesma condição que o parceiro suíço, e isto nos coloca
em uma posição dependente. As desigualdades no relacionamento binacional estão ligadas à possibilidade de
trabalho, ao dinheiro, ao acesso às informações, ao idioma e aos contatos.
O desequilíbrio nesses aspectos pode gerar reações negativas ao abuso do poder: esfriamento da relação
(mágoa), uso do sexo como vingança, traição, uso dos filhos como arma contra o parceiro (a).
Essas questões geram alguns desafios no relacionamento binacional e afetam diretamente a relação de
dependência e independência frente ao parceiro (a). Aqui temos a questão do poder no relacionamento e a
necessidade do poder estar em equilíbrio dentro do casal. Cabe então se questionar se você já se sentiu
dependente em alguns destes aspectos aqui na Suíça?
A definição de independência tem a ver com:
1. Estado de não se achar sob domínio ou
influência estranha.
2. Autonomia.
3. Caráter: Caráter de independente.
Aqui cabem os seguintes questionamentos:
O que o ajudou a se sentir independente?
O que é, para mim, independência?
Quais eram meus recursos / limites no Brasil?
Quais são meus recursos / limites na Suíça?
O que me falta para ser independente?
Coordenação do Grupo
VICENTE LUÍS DE MOURA, psicólogo.
28
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
DEPENDÊNCIA E INDEPENDÊNCIA PSICOLÓGICA
NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO (II)
Neste
Workshop
buscou-se
refletir
sobre
a
dependência
psicológica no processo migratório.
Enfocou-se o reconhecimento das diversas situações cotidianas
onde a dependência (seja ela emocional, financeira, cultural etc)
pudesse ser reconhecida, buscando entender o seu significado no
processo individual de adaptação ao país estrangeiro.
A situação de dependência foi enfocada como um estado
transitório (passageiro) e na maioria das vezes necessário ao
processo
de
migratória.
crescimento
Nesse
sentido,
pessoal
dentro
situações
da
adversas,
experiência
nas
Luciana de Luna Toprak
quais
normalmente nos sentimos fracos e incapazes, podem ser
entendidas
como
possíveis
caminhos
de
desenvolvimento
pessoal.
A compreensão das situações nas quais estamos dependentes,
nos propicia assim uma oportunidade de reconhecer o problema
e procurar soluções práticas para nos livrarmos da dependência.
Luciana de Luna Toprak
Enfocou-se também neste Workshop as duas atitudes básicas
frente ao “Desconhecido”, no caso a Suíça, seu povo e sua cultura como o “Outro” que eu não conheço.
São elas:
•
a
atitude
positiva,
onde
as
dificuldades podem ser vistas
como chances de crescimento
pessoal;
•
atitude negativa, onde nossas
dificuldades
são
encaradas
como perda.
Ambas atitudes estão inevitavelmente
presentes no processo de adaptação ao
país estrangeiro. A arte consiste em
procurar um equilíbrio saudável entre as
duas, de forma que a atitude negativa
não prevaleça e acabe sufocando a
atitude positiva.
Coordenação do Grupo
LUCIANA DE LUNA TOPRAK, psicóloga analista.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
29
Grupos de Interesse
EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA:
VALORES ÉTICOS NO MUNDO GLOBALIZADO
Para despertar o interesse e introduzir o tema utilizamos cópias de um
material elaborado por alunos do Curso de Língua e Cultura do Brasil,
imagens de propaganda, música e técnicas de desacelereção
cerebral. A sequência do tema foi elaborada com base em
referências de autores experientes no desenvolvimento de um
modelo de
aprendizagem de
educação
para
a
cidadania
planetária, do Instituto Paulo Freire, no Brasil.
Foi uma apresentação dinâmica, com muita interação entre os
participantes, de modo a facilitar a exposição de opiniões, dúvidas e
críticas ao tema trabalhado.
Um ponto
enfocado foi a importância da autoeducação, na
significação e resignação dos conceitos apreendidos, dos valores
éticos que ao longo do tempo de existência da humanidade
tomaram nuances de conotação, devido à própria interpretação do
homem, pela sua visão de mundo.
Outro ponto foi como podemos nos integrar no local onde estamos
vivendo, sendo estrangeiros e nos guiando por pontos cardeais
Sandra Luiza Niedermann da Silva
como: respeito, cordialidade, tolerância, carinho, entre outros.
De certo modo, o quanto a comunicação influencia nossos julgamentos, nossa conduta, positiva ou
negativamente, o que de fato acaba reforçando a globalização.
Tentamos sensibilizar o grupo para uma visão do homem integral. Agindo, sentindo, vivendo e amando, o homem
torna-se capaz de se autotransformar e com isso transformar o seu meio ambiente. Foi frisada a necessidade do
equilíbrio entre ecologia interior e exterior.
Em homenagem ao país anfitrião analisamos também algumas referências sobre o assunto da obra de J. H.
Pestalozzi, figura importante na história da educação e na escola para todos na Suíça . Como havia professores no
grupo, foram sugeridas algumas técnicas e dinâmicas de trabalho. E encerramos a tarde com um movimento
simbólico de todos sustentando o globo terrestre, em forma de balão.
Referências Bibliográficas:
Prado, Francisco Gutiérrez Cruz, Ecopedagogia e Cidadania Planetária - Guia da Escola Cidadã 3, São Paulo,
Instituto Paulo Freire, Editora Cortez, 2008
Moran, Desafios na Comunicação Pessoal - Gerenciamento integrado da comunicação pessoal, social e
tecnológica, Ed. Paulinas, 2007
Boff, Leonardo, Saber Cuidar - Ética do humano - compaixão pela terra, Ed. Vozes, 2008
Tezolin, Olganir Merçon, Re-criando a educação - Uma nova visão da psicologia do afeto, DP&A Editora, 2003
Coordenação do Grupo
SANDRA LUISA NIEDERMANN DA SILVA, bióloga e professora de língua e cultura do Brasil.
30
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
EDUCAR PARA O MUNDO – DESAFIO AOS PAIS
A difícil arte de educar
É comum aos pais uma certa angústia ligada ao educar, uma sensação de inadequação, de dúvidas - se estão
seguindo um bom caminho, se estão agindo “direito”. Fazer escolhas: trabalhar ou não? Pôr numa creche? Qual
escola? Educar em duas línguas? Satisfazer as vontades dos pequenos ou manter uma linha dura? Ser flexível,
compreensivo ou mais intransigente? Que
prioridades
selecionar
estabelecer?
?
Valorizar
Que
estes
ou
valores
aqueles
aspectos culturais? Confiar nos professores ou
confrontar a escola?
Cumprir papéis, atender aos compromissos,
sustentar, mostrar-se firme, ser modelo para os
filhos. Enfim, conhecer e educar os filhos não é
tarefa fácil.
Hillary Clinton comentou: “são tantas as coisas
e pessoas necessárias para o crescimento de
nossos filhos que é necessário ter toda uma
cidade.”
Indisciplina, rebeldia, birra infantil, envolvimento dos jovens com álcool e
Miriam Vizentini, à direita, em pé
drogas, um excessivo consumismo, violência, bullying, o uso inadequado das novas tecnologias (computador,
internet, celular, etc) e os níveis de aprendizagem insatisfatórios estão entre as reclamações mais comuns das
famílias (e das escolas). Como lidar com tudo isso?
É preciso disponibilidade, bom senso, sensibilidade, respeito, ternura e uma enorme resistência para enfrentar os
êxitos e os fracassos dessa empreitada. Implica – e esse talvez seja o maior desafio – estarmos dispostos a crescer
com eles. Simplesmente porque o ser humano não é estático, não vem com uma receita pronta, mas vive em
transformação.
“Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra.” Anísio Teixeira
Os filhos aprendem com as relações que estabelecem no seu mundo, com as atividades que realizam, com as
experiências e sentimentos que vivenciam. E tudo isso, é bom lembrar, é bem diferente do que nós, pais e
educadores, aprendemos, fizemos e vivenciamos. “Sessenta anos atrás eu sabia tudo, hoje sei que nada sei. A
educação é o descobrimento progressivo da nossa ignorância.” William J. Durant
A realidade de hoje é consequência das transformações que marcaram o século 20. Algumas dessas mudanças:
perda da força do papel do pai e da religião como fonte de moralidade, desestruturação do núcleo familiar,
imenso avanço tecnológico, gerando inúmeras possibilidades de comunicação e um mundo virtual, que nem todo
pai/mãe conhece exatamente como funciona, nascimento de um novo status para o jovem, que passou a ser
reconhecido como uma força social com vontade própria e grande alvo das propagandas de bens de consumo,
a juventude prolongada como objetivo de vida.
“Ser jovem passou a ser um ideal para toda a sociedade, mesmo para os idosos.” - Ernesto Bologna,
psicoterapeuta.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
31
Grupos de Interesse
Muitos pais associam a educação fincada na
moral e nos valores com autoritarismo e
acreditam
ser
conservadorismo.
um
Mas
retrocesso
a
ao
transmissão
de
valores é uma das preocupações que todo
pai deve ter ao educar. Sem transmitir os
valores humanos universais, não há como
formar cidadãos éticos e preparados para
viver em sociedade.
Como fazer isso no dia-a-dia? Quais valores
precisam
ser
passados?
A
escola
pode
ajudar? É natural que dúvidas acabem surgindo: o assunto é sério.
Jacqueline de Brida, à direita, em pé
Apesar de não existir respostas simples, é possível apontar caminhos a
serem seguidos, com o objetivo de amenizar alguns problemas de comportamento enfrentados atualmente.
Segundo o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), valores são investimentos afetivos. Isso quer dizer que, apesar de
se apoiarem em conceitos, estão ligados a emoções, tanto positivas quanto negativas. Educar para os valores é
transmitir aos filhos ou alunos ideias em que realmente acreditamos – por exemplo, que vale a pena ouvir enquanto
outra pessoa estiver falando. Ou que ficar muito tempo no chuveiro pode levar à falta de água para todos. Ou
ainda que cada um é responsável por seus atos.
Educar para os valores é convidar alguém a acreditar naquilo que apreciamos, como por exemplo respeitar o
próximo. Não há valor que se sustente sem bons exemplos. Não adianta os pais defenderem que a criança não
pode agir como se ela fosse o centro do universo se eles próprios o fazem em seu dia-a-dia. Crianças aprendem,
repetindo o que vêem. Nossos modelos de pessoas são fundamentais, queiramos ou não. Portanto, devemos
observar a nós mesmos, avaliando o modelo que oferecemos às crianças e jovens. Os pais devem estar e crescer
com seus filhos, sendo disponíveis e cúmplices nesse processo de socialização e lembrando que podem mudar.
Quando nos colocamos no lugar de alguém para tentar entender seu ponto de vista, fica mais fácil compreender e
aceitar as diferenças culturais, sociais, raciais, intelectuais ou afetivas que sempre fizeram parte do convívio
humano. E a educação pode ser uma ferramenta fundamental nessa troca de papeis. "Educar" para essa troca é
um verdadeiro exercício que pode mesmo levar a vida inteira. Mas é muito melhor quando começa cedo.
Os pais devem educar os filhos como cidadãos do mundo. Não se pode criá-los como eternas crianças. Eles não
podem fazer em casa o que não poderão fazer lá fora e viceversa. Não dá para levar a vida só no nosso famoso –
e muitas vezes perigoso - jeitinho. Dar limites e criar para a autonomia é fundamental. É preciso educar, não se
pode apenas amar, ou melhor, educar é um ato de amor. E é preciso medir e balancear atitudes. Estabelecer
relacionamentos verdadeiros, sem hipocrisia. O login é “afeto”, e “respeito” é a senha. De olhos e braços abertos.
As pessoas confundem educar com criar. Criar é dar comida, dar roupa etc. Quando surgem os primeiros sinais de
independência e autonomia no adolescente, alguns pais acham que a tarefa já está feita. Não, ainda precisam
terminar essa fase de educação. Adolescentes não são adultos. A adolescência ainda não é o fim do processo de
educação. Mas muda o papel e mudam algumas atitudes dos pais quando os filhos crescem. É preciso, ainda,
confiar na base que foi dada e redesenhar o “relatório” com os filhos, convidando-os a refletir, incentivando-os e
apoiando-os na sua caminhada rumo à independência.
Coordenação do Grupo
MIRIAM VIZENTINI, educadora e psicóloga. Coordenadora pedagógica da ABEC - Associação Brasileira de
Educação e Cultura.
JACQUELINE DE BRIDA, educadora, consultoria educacional, professora de inglês.
32
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
ESTRANGEIROS NA SUÍÇA: O QUE MUDOU DESDE 2008
A Lei sobre Estrangeiros (LEtr): Novidades em matéria de Autorizações de Estadia e de Trabalho
A Lei sobre Estrangeiros entrou em vigor em 1° de janeiro de 2008. Seus objetivos (oficiais) são:
•
Limitar a admissão de trabalhadores não-europeus, obedecendo a critérios de qualificação e de
•
Melhorar o estatuto jurídico dos estrangeiros, permitindo a mobilidade profissional e geográfica,
•
Privilegiar a integração;
•
Lutar contra os abusos: possibilidade de recusar a celebração de um casamento e novo dispositivo penal
especialização, princípio de prioridade etc;
agrupamento familiar;
entre outros.
Na hora de contratar profissionais assalariados será dada prioridade aos trabalhadores suíços e europeus.
No caso de admissão de trabalhadores não-europeus, as condições de trabalho e de remuneração serão as usuais
e a pessoa terá de ter um alojamento adequado.
As qualificações pessoais serão bem analisadas e existe um contingente limitado para cada cantão.
Exceções:
•
Missões/mandatos específicos e temporários;
•
Estágios, formação/aperfeiçoamento;
•
Transferência de especialistas dentro de uma mesma empresa;
•
Motivos econômicos (criação de empregos);
•
“Fronteiriços”;
•
Regularização dos “sem-papeis”;
•
“Aposentados”;
•
Atividade
lucrativa
após
estudos
científicos
na
Suíça
(novidade);
•
Estudantes-domésticas/babás (novidade);
•
Interesse público (arte/cultura, assistência espiritual, instituições
•
Intercâmbio/projetos de desenvolvimento;
•
Retorno de ex-titulares de uma autorização de estadia (novidade);
•
Vítimas e testemunhas de tráfico de seres humanos.
internacionais etc.);
Condições de admissão de trabalhadores não-europeus (autônomos) :
•
É uma novidade da Lei.
•
Entre elas se destacam os motivos econômicos, a criação de empregos.
•
As qualificações pessoais também são muito importantes, assim como as condições financeiras para
•
Mesmo assim há um contingente limitado de pessoas para cada cantão.
desenvolver um projeto que seja viável.
Mobilidade profissional e geográfica – a nova Lei facilitou a mobilidade:
Autorização de estadia (tipo B) : possibilidade de mudar de emprego e de cantão;
Autorização de estadia limitada (tipo L): a princípio, impossibilidade de mudar de emprego.
Para a obtenção da autorização de estabelecimento (tipo C), a princípio é necessário ter completado 10 anos de
estadia. No caso de comprovada integração é possível a obtenção antecipada, após 5 anos.
É importante observar que não se trata de um direito, exceto em caso de agrupamento familial, após 5 anos.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
33
Grupos de Interesse
Agrupamento familial - Dependendo da
composição da família, há diferenças.
Família de um cidadão suíço
1.
Se o estrangeiro não é europeu,
porém titular de autorização de
estadia
durável
de
um
país
europeu.
•
Direito à autorização de estadia
(tipo B), mesmo sem convivência
conjugal.
•
Descendentes
até
21
anos
e
ascendentes (pode trazer os pais).
Pedro da Silva Neves
2.
Se proveniente de um outro país:
•
Direito à autorização de estadia (tipo B), a princípio só se houver convivência conjugal (novidade).
•
Filhos até 18 anos, exclusão dos ascendentes (não é possível trazer os pais).
•
Direito à autorização de estabelecimento (tipo C) após estadia contínua de 5 anos.
•
Direito à autorização de estabelecimento (tipo C) imediato para filhos (do cidadão suíço) de até 12 anos.
•
Direito à atividade lucrativa para os membros da família.
•
Motivos de revogação da permissão: abuso, dependência da assistência social, entre outros.
Família de um titular de autorização de estabelecimento (tipo C)
•
Direito à autorização de estadia (tipo B), a princípio só enquanto houver convivência conjugal (pode-se
•
Filhos até 18 anos, sem ascendentes (não é possível trazer os pais).
exigir cursos de língua e/ou integração).
•
Direito à autorização de estabelecimento (tipo C) imediato para filhos (do titular) de até 12 anos.
•
Direito à autorização de estabelecimento (tipo C) após estadia contínua de 5 anos.
•
Direito à atividade lucrativa para os membros da família.
•
Motivos de revogação da permissão: abuso, dependência da assistência social, entre outros.
Família de um titular de autorização de estadia e de estadia limitada (tipos B e L)
•
Não há direito à autorização de estadia e de trabalho (tipo B ou L) e existe a possibilidade de exigência
•
A convivência conjugal é obrigatória, assim como meios financeiros para garantir o sustento da família.
•
Motivos de revogação da permissão: abuso, dependência da assistência social, entre outros.
de cursos de língua e/ou integração.
Prazos para solicitar o agrupamento familiar dos filhos menores
•
Regra geral: 5 anos. Para crianças de mais de 12 anos, o prazo é de 12 meses (novidade).
•
Exceções, se houverem motivos pertinentes.
Em caso de dissolução da família
•
Para a família do titular de uma autorização de estadia (tipo B ou L), a princípio será revogada a
•
Para a família de um cidadão suíço ou do titular de uma autorização de estabelecimento (tipo C), será
autorização de estadia.
possível a preservação do direito à autorização de estadia se: a união conjugal durou 3 anos e for
comprovada a integração (novidade) ou outros motivos pertinentes (ex: violência conjugal + reintegração
social complicada no país de origem).
Luta contra abusos/imigração clandestina
•
Reforço da comunicação de dados entre autoridades penais e administrativas.
•
Possibilidade de recusar a celebração de um casamento (novidade).
•
“Criminalização” das infrações à legislação sobre estrangeiros. Penas de até 5 anos de prisão (novidade).
Coordenação do Grupo
PEDRO DA SILVA NEVES, advogado.
34
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
IMPOSTO DE RENDA NA SUÍÇA:
COMO FUNCIONA E MODO DE PREENCHER
Quem paga imposto na Suíça?
•
Todos os cidadãos residentes no território nacional, sejam suíços ou estrangeiros.
•
Todos os cidadãos NÃO residentes, mas que possuem bens e/ou rendas provenientes destes.
•
Todos os aposentados ou assegurados.
•
Exceção: os assegurados pelo Serviço Social (total ou parcialmente) - isentos de imposto sobre esse auxílio.
Com quantos anos começo a pagar imposto? Existe uma classificação do contribuinte:
•
Casado
•
Solteiro
•
Separado/Desquitado
•
Divorciado
•
Concubinato: sem filhos, com filhos naturais ou com filhos de uma das partes
Imposto de Renda Retido na Fonte:
•
Para todos os contribuintes que possuem a Permissão de Residência Provisória e exercem uma atividade
lucrativa
•
A taxa de imposto é deduzida diretamente do salário
PORÉM…
... se o contribuinte recebe um montante anual acima de CHF 120.000, além do imposto retido, ainda terá que
apresentar a declaração e pagar a diferença tributária se for o caso.
Quem deve preencher a Declaração de Rendas na Suíça?
•
Crianças
•
Estudantes
•
Trabalhadores Assalariados
•
Desempregados
•
Profissionais Liberais
•
Assegurados: Invalidez ou Acidente
•
Prestadores de Serviços
•
Empresários
•
Aposentados, Viúvos, Arrimos–Herdeiros,
Ganhadores de Prêmios Lotéricos ou outros
prêmios
Tipos de Impostos:
•
Imposto Federal
•
Imposto Estadual
•
Imposto Municipal
•
Imposto de Religião (Católica ou Reformada)
•
Imposto Pessoal = CHF 24
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Mércia Alder
35
Grupos de Interesse
Novidades na Legislação:
Parceria devidamente registrada no Cartório Civil: para todos os registros efetuados em cartório oficial, serão
tributados como casados e receberão formulários em nome das duas pessoas.
São aplicadas as mesmas regras para os matrimônios entre heterossexuais ou homossexuais.
Desde 2008 existe o desconto social de CHF 2.500 no Imposto Federal para os casados ou parcerias.
Declaração do Casal:
Para os casados ou parcerias, de fato e de direito: assinatura das duas pessoas.
Mesmo que uma das partes não exerça uma atividade lucrativa, na declaração deverão contar as duas
assinaturas.
Concubinato: este não é reconhecido por lei. Nesse caso a Declaração é individual.
Formulários da Declaração:
•
Declaração de Rendas, Rendimentos, Deduções e Patrimônio
•
Formulários Auxiliares
•
Títulos e Valores
•
Gastos Profissionais
•
Prêmios de Seguros
•
Dívidas e Hipotecas
Deduções para assalariados, para desempenhar a atividade profissional:
•
Transporte
•
Alimentação
•
Roupas, Ferramentas e Literatura
•
Especialização Profissional
•
Gastos para desempenhar a atividade secundária, “Bico”
Pensão Alimentícia destinada à esposa ou filhos:
•
Para quem recebe: neste caso trata-se de Rendimento
•
Para quem paga: neste caso trata-se de Dedução
Outros Descontos:
•
Juros provenientes de dívidas
•
Pagamentos de Aposentadoria Particular (3°nível)
•
Pagamentos efetuados na Aposentadoria Profissional (2°nível)
•
Aposentadoria obrigatória (AHV)
•
Contribuição para Partidos Políticos
•
Desconto especial para casados (quando o casal desempenha atividade lucrativa)
•
Doações para Instituições de Caridade
Perguntas sobre outros Descontos:
•
Posso descontar o dinheiro enviado para a família que vive exterior?
•
Em caso de Desquitado ou Divorciado, quem tem direito a descontar os filhos menores?
•
Como faço com os descontos para os filhos maiores de idade?
•
Posso deduzir: academias, aulas de piano, fitness, correções plásticas, aparelhos de ortodontia, etc..?
36
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
Descontos Sociais:
•
Para as crianças menores de idade que residem com o responsável
•
Para os dependentes maiores de idade que estão em formação profissional residentes, ou não com o
contribuinte
•
Para as pessoas que dependem financeiramente do contribuinte
•
Para o pagamento de creches (só para o Imposto Estadual) de crianças até os 15 anos de idade
Patrimônio:
•
Saldo das Contas Bancárias +
•
Prêmios pagos aos Seguros de Vida ou Fundos de Pensão Privada (Ex. 3°ou 2°nível b) +
•
Automóveis, Barcos, Motocicletas +
•
Jóias, Obras de Arte +
•
Apartamentos, dentro e fora da Suíça (- o valor das hipotecas) +
•
Equipamentos adquiridos por empresas ou maquinários comprados pelo Profissional Liberal
Dicas:
•
Para os que não são religiosos: solicite sua saída deste tributo no seu Distrito Religioso
•
Caso você exerça algum trabalho no “Negro”, transforme-o em emprego eventual
•
As dívidas ou hipotecas são deduzidas do seu Patrimônio
•
Os juros dos empréstimos são deduzidos dos seus rendimentos
Conta do Imposto
•
Conta Provisória – o contribuinte recebe ainda no ano vigente, pagamento integral adiantado com 2% de
desconto (pagamentos efetuados até 30 de setembro)
•
Conta Definitiva – depois de entregar a declaração, deduzido o pagamento provisório, ao saldo restante
são acrescidos juros de 2%
OBS: depois de vencimento da conta definitiva, serão cobrados juros de 4,5%.
Multas e Penalidades
•
Omissões: neste caso serão cobradas multas no valor de 60%, baseado na conta real + imposto devido
efetivamente. Este cálculo é sempre realizado pelo Comissário Fiscal
•
Fraudes: esses casos ocasionam processo fiscal administrativo com altas multas e podem ainda gerir um
processo judicial com sentenças expedidas por tribunais
Coordenação do Grupo
MÉRCIA ALDER, administradora de empresas e consultora tributária.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
37
Grupos de Interesse
MULHERES MIGRANTES NO MUNDO DO TRABALHO
Nos últimos anos vem se falando muito sobre o fenômeno da “feminização das migrações”. Esse fenômeno teve um
aumento significativo no âmbito internacional. Segundo as Nações Unidas, quase 50% dos 175% de migrantes são
mulheres. As latinoamericanas são as responsáveis pelo novo perfil da migração na Europa. Colombianas,
bolivianas, equatorianas, peruanas, uruguaias, argentinas, paraguaias e brasileiras superam os homens na ajuda
econômica que prestam aos parentes no país de origem. O primeiro local de destino continua sendo os Estados
Unidos. A Europa aparece em segundo lugar.
Essa “feminização” na Europa é resultado de vários fatores como: a crise econômica, que provoca o seu maior
impacto nas mulheres, a falência
do
papel
do
homem
como
provedor econômico na família, a
demanda específica de mulheres
estrangeiras para os setores de
serviço
doméstico
de
baixa
qualificação, cuidados de pessoas
dependentes e o funcionamento
de redes migratórias femininas.
A
feminização
da
migração
internacional cresce e tem com
ela um aspecto interessante, se
visto do ponto de vista do papel
da mulher na sociedade mundial.
As formas tradicionais do “trabalho
feminino” são recusadas pelas mulheres das nações industrializadas e por isso abre-se espaço para as mulheres dos
países não industrializados ou em fase de industrialização. Para viver a emancipação na Europa, a mulher terceiriza
o trabalho doméstico, abrindo com isso um mercado de trabalho, mercado esse, na maioria das vezes, ilegal.
O que também favorece a “feminização” da migração são fatores como: a acentuada desigualdade social, o
desemprego, as ideologias e hierarquias raciais, status social, sonho de uma vida melhor, razões de ordem familiar,
formação e especialização profissional. Todos esses fatores servem como motor para impulsionar a procura por
“melhorias do outro lado da fronteira”.
A nova definição da mulher no quadro social familiar como provedora da família, leva-a a buscar melhores
condições para os seus. Com essa tarefa as mulheres migrantes já são responsáveis por 54% dos mais de quatro
bilhões de dólares das remessas enviadas para casa. O envio de remessas supõe maior esforço para as mulheres do
que para os homens, já que os salários femininos são sensivelmente inferiores.
A indústria do sexo também contribui para novo perfil da migração na Europa. O tráfico de mulheres com fins
unicamente comerciais faz parte também dessa indústria do sexo, que constitui um fenômeno muito importante no
qual as mulheres são vítimas das piores formas de exploração, onde os direitos humanos inexistem e as mulheres são
tratadas como escravas.
38
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
Situação da imigrante no mercado de trabalho suíço
Pesquisas mostram que muitas mulheres que migram costumam ter mais qualificação que os homens, mas isso não
é uma garantia de bons postos de trabalhos. O projeto de pesquisa encabeçado pela Dra. Yvonne Riaño e a Prof.ª
Dóris Wastl-Walter no Instituto de Geografia da Universidade de Berna, analisou e discutiu o tema da migração
feminina na Suíça. Houve um aumento no número de migrantes oriundas dos países que não fazem parte da
Comunidade Europeia. Atualmente as mulheres constituem a maior parte dos migrantes que vivem na Suíça.
Infelizmente elas não são vistas no mercado de trabalho. Elas são consideradas exclusivamente para os trabalhos
em casa de famílias (domésticas).
O resultado da pesquisa, que trabalhou com mulheres latinoamericanas e do Oriente Médio com uma formação
superior completa no seu país de origem, mostra que mesmo de posse de uma formação superior completa, com
experiência profissional em seu país de origem ou em outro país antes da chegada na Suíça e com domínio da
língua, somente uma minoria obtém na Suíça um emprego que condiz com sua qualificação.
Um terço das migrantes qualificadas não se encontram integradas no mercado de trabalho e o restante exerce
um trabalho precário. Trabalho precário porque trabalham em função abaixo de sua qualificação ou trabalham
em condições instáveis, sem perspectivas de uma possível efetivação.
O estudo mostra que para muitas migrantes qualificadas a migração não promove uma melhoria, muito pelo
contrário, resulta em retrocesso, com a perda de status de classe.
A pesquisa revela barreiras discriminatórias, apoiadas tanto pelas leis de imigração suíças, como pela forma de
pensar dos empregadores, a desvalorização das qualificações das migrantes não europeias e a sociedade
patriarcal suíça. Esses fatores contribuem para uma desigualdade de direitos no acesso ao mercado de trabalho.
Mecanismos de exclusão na tentativa de exercer a profissão
•
O não reconhecimento do diploma estrangeiro e da experiência adquirida no país de origem
•
Visto de permanência
•
A instrumentalização da língua
•
Discriminação antes de empregar e depois
•
Cursos profissionalizantes ou de atualização caros
•
Informação deficitária do sistema suíço de especialização complementar para profissional formado
•
Informação sobre o mercado de trabalho para profissionais já formados
•
Falta de creches
Os efeitos dessa exclusão sobre a mulher migrante
•
Falta da prática do trabalho
•
Perda da qualificação
•
Perda da autonomia
•
Perda da autoestima
•
Frustração e desintegração
•
Depressão
•
Um des-empoderamento
(dis-empowerment)
Theodora Leite Stampfli
4. Encontro Brasileiro na Suíça
39
Grupos de Interesse
Planejando o ingresso no mercado de trabalho
Usar o planejamento como uma forma para vencer as barreiras estruturais que impedem o acesso da migrante no
mercado suíço de trabalho é uma estratégia que deve ser empregada. Usando o planejamento, a migrante faz
uma avaliação dos seus recursos pessoais, mobilizando-os para facilitar e melhorar as chances de ingressar no
mercado de trabalho.
A definição clara de objetivos, a formação profissional mais a consciência dos recursos pessoais, são sem duvida
nenhuma instrumentos básicos para a volta ao mercado de trabalho seja aqui ou em outro país. Fazendo um
balanço do que se fez, do que se tem e do que se pretender fazer na profissão onde se quer atuar é uma
estratégia para entrar num mercado restrito de trabalho, conforme mencionado acima.
Plano – Portfólio & Análise - Quais são os meus objetivos?
•
Avaliar a situação pessoal atual (quantos por cento quero trabalhar? 50%? 60%?)
•
Avaliar a situação familiar atual (se tem filho, quem pode tomar conta dele? Tem creche? Com quem
•
Avaliar a formação adquirida (preciso complementar alguma matéria? Línguas?)
•
Avaliar a competência profissional (preciso de uma especialização? Uma equiparação? Atualização?)
deixar?)
Concretizando
•
Elaborar um plano estratégico de carreira definindo prazos de ação e realização, num período máximo de
•
Construir várias networks (rede de relacionamento/contatos), formar diferentes redes de relacionamentos
três meses.
dentro e fora do círculo pessoal. Identificar quais são as áreas de interesse que são relevantes para
objetivo desejado.
•
Estudar as tendências do mercado alvo e promover plano estratégico para área desejada.
•
Criar um programa de desenvolvimento de competências.
Por exemplo: Plano de ação para aperfeiçoar o idioma:
•
Fazer um curso de três meses.
•
Prazo - começar em janeiro e terminar em março.
•
Realização - colocá-lo em prática – inscrição no curso desejado.
Preparar - se bem para o mercado de trabalho significa ter consciência real da competência que compõe o perfil
profissional que se tem, para poder oferecer-se na área onde se quer atuar. Trabalhar no Marketing pessoal para
aumentar as oportunidades.
E para finalizar, a competência social é uma qualidade importante, que muitas imigrantes trazem na bagagem - as
experiências de socialização adquiridas no país de origem, somadas com as vividas aqui, dão uma flexibilidade,
que bem empregada, é mais um ponto positivo no currículo.
"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois
desinquieta. O que ela quer da gente é coragem." (João Guimarães Rosa)
Coordenação do Grupo
THEODORA LEITE STAMPFLI, coordenadora do Projeto “Mentores com Migrantes”.
40
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
NOVOS CAMINHOS PROFISSIONAIS: RECONHECIMENTO
DE DIPLOMAS E POSSIBILIDADES DE FORMAÇÃO
“Prepara-te para a vida. Porque do céu só cai chuva.” Publicidade de uma universidade portuguesa.
“Caminante.... No hay camino. Se hace camino al andar.” António Machado, poeta espanhol (1875-1939)
O número de pessoas inscritas neste Grupo de Interesse mostrou a atualidade do tema que foi abordado a partir
das mensagens acima transcritas: Temos de ser nós a tomar a iniciativa e a construir o nosso futuro profissional como
queremos que ele seja. Mas, como disse o poeta, não há um caminho. O caminho fazemos nós, à medida que
vamos avançando.
Daí que o objetivo deste Grupo de Interesse tenha sido mostrar algumas estratégias que
possam ajudar a encontrar, mesmo se com desvios, uma situação profissional que nos satisfaça.
A aprendizagem da língua
Partindo de histórias de vida reais sublinhou-se a
importância
da aprendizagem da língua local.
Através de um curso de línguas conhecemos várias
outras
pessoas,
muitas
vezes
mulheres,
com
vivências semelhantes às nossas. É principalmente
no
contato
com
colegas
que
tomamos
consciência de não sermos as únicas no início de
um processo de integração e no início da
aprendizagem de uma nova língua, tão diferente
do português. Esses cursos têm muitas vezes uma
Ana Maria Witzig
função quase terapêutica. Não estamos sozinhas,
damos força umas às outras, trocamos ideias.
Mas a aprendizagem da língua da região em que vivemos não nos permite apenas sentirmo-nos melhor. Ela abrenos a possibilidade de travarmos novos conhecimentos, de começarmos a trabalhar e de encontrarmos aqui um
novo caminho, que talvez nunca tivéssemos imaginado poder vir a fazer. O domínio da língua é essencial para nos
realizarmos profissionalmente. Se é verdade que o domínio da língua da região onde vivemos atualmente não é o
único critério de integração, o sabermos falar essa língua abre-nos muitas portas e é essencial quando nos
candidatamos a um emprego, quando queremos fazer uma formação contínua ou iniciar uma nova formação.
Para além das escolas de línguas existem cursos de alemão, francês ou italiano, consoante a região linguística,
organizados pelos serviços cantonais ou comunais de integração. Esses cursos, destinados em grande parte a
mulheres, são subvencionados pela Confederação.
Que futuro profissional?
O caminho até a realização profissional faz-se, como escreveu o poeta, à medida que avançamos. Antigamente
aprendia-se uma profissão que se exercia durante toda a vida. Muitas vezes essa profissão passava de geração em
geração. Hoje isto já nem acontece com pessoas que nunca saíram do seu país. Uma grande percentagem
abandona a profissão aprendida. Uns porque não se sentem realizados, outros porque, com o desenvolvimento
técnico, a profissão inicial está em risco de desaparecer, outros por razões de saúde.
Alguns exemplos concretos: advogadas que decidem abandonar a advocacia para seguirem os cursos de
educadora de infância, professora primária, assistente social. Um jovem pedreiro que hoje trabalha num centro de
atendimento para deficientes e está fazendo uma formação como porteiro, um marceneiro que segue a carreira
4. Encontro Brasileiro na Suíça
41
Grupos de Interesse
militar e a abandona para trabalhar como formador na proteção civil, um arquiteto que aos 50 anos decide tirar o
curso de assistente social. A educadora de infância que faz a aprendizagem de livreira, a livreira que depois de
alguns cursos de formação se forma em economia, a psicóloga que tem hoje um atelier de costura. Esses são todos
casos de pessoas que se reorientaram no seu próprio país.
Quando o fator “emigração” entra em jogo, o caminho torna-se mais complicado. Às vezes ficamos parados, sem
saber que orientação seguir. Damos um primeiro passo e pode acontecer que não seja o certo. Temos de voltar
para trás e procuramos uma nova direção. O importante é não desistir.
Alguns aspectos importantes
É essencial planejarmos nosso futuro profissional: Qual é a minha meta? Que “bagagem” trago comigo? O que é
necessário para atingir o meu objetivo? Que apoios tenho? Posso contar com o apoio da minha família? Do meu
companheiro? Como vou organizar o meu tempo? Onde poderei deixar meus filhos: numa creche, numa babá,
aproveitar uma troca com outras mães? Se decidir fazer uma nova formação, como vou financiá-la?
Quando falamos da nossa “bagagem, não devemos esquecer de que essa “bagagem” não se resume a
certificados, diplomas, à nossa experiência profissional. Temos a nossa experiência de vida, muitas vezes a
experiência de gerir um orçamento familiar, de educar filhos, de organizar a vida familiar. Temos, muitas vezes,
experiência associativa. Mesmo se ainda não dominamos bem o alemão (ou o francês ou o italiano), falamos pelo
menos mais uma outra língua, o português. E temos uma experiência importantíssima de adaptação a novas
situações. É importante não desistirmos, procurando atingir o objetivo que nos propusemos alcançar. É muito
importante não nos deixarmos seduzir pelo caminho mais fácil. Se tivermos filhos pequenos, não devemos esperar
que eles cresçam para refletirmos sobre a nossa vida profissional. Preparemo-nos para a iniciar o mais rapidamente
possível, mesmo se for só em tempo parcial.
Profissões regulamentadas e não regulamentadas
Se tem uma formação profissional concluída no Brasil ou um diploma de uma escola superior ou de uma
universidade, informe-se junto aos Serviços de Orientação Profissional do seu cantão (consulta gratuita) se sua
profissão é regulamentada na Suíça. São consideradas profissões regulamentadas aquelas cujo exercício se
encontra regulamentado por títulos profissionais obrigatórios (Licença, Carteira Profissional, Cédula Profissional ou
outro) que garantem a posse das competências necessárias. Na Suíça há 108 profissões regulamentadas,
dependendo em certos casos do cantão o serem ou não regulamentadas. Uma profissão pode ser regulamentada
num cantão e noutro não ser. Se sua profissão não pertencer ao grupo das profissões regulamentadas, não
necessita fazer reconhecer seu certificado ou diploma. Pode trabalhar por conta própria ou candidatar-se a um
emprego no seu setor. Neste caso depende apenas da entidade patronal aceitar ou não seu certificado ou
diploma. Mas atenção: se uma pessoa que trabalha por conta própria numa profissão não regulamentada quiser
formar aprendizes, tem que pedir a equiparação da sua formação na Suíça.
O dossiê de candidatura
Um aspecto muito importante é o da apresentação do dossiê. Os dossiês de candidatura não podem ter erros e
devem estar bem apresentados: um curriculum com os dados pessoais, formação escolar, formação profissional,
outros cursos de formação contínua, conhecimentos de línguas, experiência profissional. Certificados de formação
e de trabalho traduzidos, uma boa fotografia. Um dossiê bem apresentado é um primeiro passo muito importante
para uma entrevista.
42
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
É interessante observar que o trabalho voluntário pode ter grande influência na nossa vida profissional. Através dele
adquirimos uma variedade de conhecimentos que podem ser úteis quando decidimos procurar um trabalho
remunerado. O trabalho voluntário deve ser mencionado no curriculum. Na carta que acompanha o dossiê devem
ser focadas as razões que nos levam a interessarmo-nos precisamente pelo emprego em questão. Devemos nos
informar sobre a empresa, na internet por exemplo, para podermos ser mais concretos. E não é preciso esperar por
um anúncio para nos candidatarmos a um determinado emprego. Podemos enviar o dossiê à empresa ou
instituição onde gostaríamos de trabalhar, apresentando na carta os motivos por que decidimos contactá-los.
Profissões regulamentadas: Reconhecimento de diplomas
Se sua profissão pertence ao grupo das cerca de 108 profissões regulamentadas, terá de pedir o reconhecimento
de seu certificado ou diploma. Não é um processo fácil, porque os currículos são diferentes. Isso não deve
desmotivar. Se quiser continuar a estudar num instituto superior especializado ou numa universidade, deve dirigir-se,
neste caso, ao instituto ou à universidade em questão. Aí serão dadas todas as informações sobre a
documentação a apresentar. Outro
aspecto muito importante é o da formação contínua. Atualizam-se
conhecimentos, estabelecem-se contatos e pode ser mais fácil fazer reconhecer o diploma que já temos.
Rede de contatos
Uma boa rede de contatos é um elemento importante. A participação numa associação cultural, num partido
político, numa associação local, por exemplo numa associação intercultural, é um bom passo para a nossa
integração, pode levar-nos a estabelecer contatos que poderão vir a ter um papel importante na nossa vida.
Temos a possibilidade de praticar e aperfeiçoar a língua, temos novos contatos que podem ser úteis quando se
precisa de informações ou se procura um emprego.
Endereços
Para além dos serviços de orientação profissional existentes em todos os cantões, há outras instituições
especializadas na informação e no apoio a quem procura novos caminhos profissionais:
Informações sobre orientação escolar e profissional:
•
www.berufsberatung.ch
•
www.orientation.ch
•
www.orientamento.ch: Informação sobre os vários temas ligados à orientação profissional (alemão,
francês e italiano).
•
www.berufsberatung.ch/dyn/8188.aspx: Informações em português sobre o acesso ao trabalho e à
formação profissional na Suíça.
Profissões regulamentadas na Suíça
•
http://ec.europa/internal_market/qualifications/regprof/index.cfm
Lista das profissões para o exercício das quais é exigido um diploma ou certificado profissional reconhecido na
Suíça (alemão e francês).
Reconhecimento de diplomas e certificados
•
www.bbt.admin.ch/themen/hoehere/00169/index/html
Consultar a folha de informações E 1 onde se encontram igualmente os endereços dos serviços responsáveis
pelo reconhecimento de diplomas e certificados que não são da competência dos Serviços Federais de
Formação Profissional e da Tecnologia (alemão, francês, italiano e inglês).
4. Encontro Brasileiro na Suíça
43
Grupos de Interesse
Algumas instituições especializadas na informação e no apoio a mulheres que procuram novos caminhos
profissionais:
•
effe – espace de formations - formation d’espaces (espaço de formações - formação de espaços), na
região de Biel-Bienne: www.effe.ch
•
Mentoring mit Migrantinnen, em Berna, projeto do cfd, dirigido pela brasileira Theodora Leite Stampfli (tel.
•
platform networking for jobs, em Zurique, trabalha há alguns anos com migrantes com formação
031 300 50 60).
profissional ou universitária e bons conhecimentos de alemão (informações em alemão, espanhol, inglês e
russo): www.networking-for-jobs.ch
Vorbereitungsjahr LOG IN, para jovens de ambos os sexos, entre 18 e 26 anos, residentes no cantão de Zurique, que
tenham feito a escolaridade no estrangeiro e queiram a equivalência na Suíça para poderem fazer depois uma
formação profissional ou prosseguir os estudos.
Condição necessária para a candidatura: possuírem conhecimentos de alemão do nível B1:
http://www.stadt-zuerich.ch/content/ssd/de/index/jugend-_und_erwachsenenbildung/ integration/Login
Risorsa: Wiedereinstieg? Neubeginn? Umschulung? – Este curso, que pode ser frequentado em Baden e para o qual
é necessário um nível B1 de alemão, apoia mulheres migrantes no caminho para a integração profissional na Suíça:
www.ecap.ch (Informações podem ser obtidas através da Regionalstelle Aargau: [email protected] )
Progredir: Percurso de formação em Lausanne e/ou Vevey a partir de janeiro de 2010, para mulheres de língua
materna portuguesa, que trabalham ou procuram emprego nos ramos do comércio, da limpeza ou da hotelariarestauração e que desejam adquirir uma atestação ou um certificado profissional reconhecidos: www.progredir.ch
(Contatos: Paula da Silva, tel. 078 807 62 22, [email protected] ou Amilcar Cunha, tel. 021 925 20 51,
[email protected])
Outras informações
•
Níveis europeus de língua: grelha de autoavaliação (em português):
http://europass.cedefop.europa.eu/LanguageSelfAssessmentGrid/pt
Coordenação do Grupo
ANA MARIA WITZIG, especialista em questões de integração, tradutora para francês, português e alemão.
44
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
OS SEGUROS SOCIAIS NA SUÍÇA – DIREITO E DEVERES
Procuramos
abordar
os
Direitos
Sociais
do/da
trabalhador/a e alguns aspectos relacionados a isso.
No programa enfocamos basicamente os seguintes
aspectos:
•
Sistema dos 3 pilares
•
Subsídio de desemprego
•
Abono de família
•
Subsídio de maternidade
O Sistema de Segurança Social na Suíça, constituído pelo sistema dos 3 pilares, assegura o trabalhador contra:
•
Riscos de velhice, invalidez e morte – seguro AHV/IV, AVS/AI, BVG/LPP
•
Risco de desemprego – subsídio de desemprego
•
Risco de acidente e de doença – seguro coletivo de acidente e de doença
•
Ausência por maternidade ou serviço militar – subsídio de maternidade e subsídio por prestação de serviço
•
O trabalhador contribui para a cobertura destes riscos com os seus descontos salariais
militar
Como já foi dito, a Previdência Social na Suíça assenta no sistema dos 3 pilares:
1. pilar – AHV/IV ou AVS/AI (desde 1948):
•
Seguro básico
•
Garantido pelo Estado
•
Garante o mínimo para a sobrevivência em caso de: velhice, invalidez/incapacidade de trabalho, morte
(dependentes do agregado familiar)
•
Para todos os que residem e/ou trabalham na CH (mesmo para pessoas sem trabalho)
Valor da renda da AHV/AVS por inteiro em 2009:
A renda por casal não pode ultrapassar 150% da renda máxima – Fr. 3.420.
44 anos de desconto dão direito a uma renda por inteiro / menos de 44 anos dão direito a uma renda parcial.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
45
Grupos de Interesse
2. pilar – BVG ou LPP (desde 1985):
•
Previdência profissional
•
Seguro entre a empresa e o
trabalhador (c/ + 25 anos/ por
ano rendimento anual superior a
Fr.19.890 – dados de 2007)
3. pilar – seguro privado:
•
Seguro privado
•
Reforço do 1. e 2. pilar - melhor
garantia e mais segurança em
caso de velhice, invalidez
incapacidade
morte
de
ou
trabalho,
(dependentes
do
agregado familiar)
Margarida Pereira
Subsídio de desemprego
•
70% do salário bruto
•
80% do salário bruto (no caso de se ter filhos / salário bruto inferior a Fr. 3.000)
•
Depois de 12 meses de descontos nos últimos 2 anos
•
Durante 400 dias
•
Possibilidade de exportação para um estado da UE até 3 meses – Formulário E 303
Abono de família
•
Todo o trabalhador com filhos tem
direito a receber abono de família
mensal
•
Fr. 200.- no mínimo até aos 16 anos
•
Fr. 250.- no mínimo após os 16 e até
os
25
anos
para
filhos
que
continuam a estudar
•
Em alguns cantões os valores são
superiores
Subsídio de maternidade
•
toda a mulher trabalhadora tem direito a uma licença de maternidade paga
•
depois de 9 meses de inscrição na AHV/AVS e 5 meses de trabalho
•
recebe 80% do salário bruto
•
durante 14 semanas após o parto (alguns CCT prevêem 16 semanas)
Coordenação do Grupo
MARGARIDA PEREIRA, secretária sindical da UNIA no âmbito da migração.
46
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Grupos de Interesse
SITUAÇÃO ECONÔMICA NO BRASIL E A REMESSA DE DINHEIRO
Foi feita uma análise do atual momento financeiro no
Brasil, as oportunidades e desafios que se apresentam.
Os principais pontos debatidos foram:
Crise no sistema financeiro global e seus desdobramentos
•
Maior aversão ao risco => redução do fluxo de
•
Deterioração das contas externas
•
Desvalorização da taxa de câmbio (R$/US$)
•
Crédito: mais caro, escasso e seletivo
•
Desaceleração da atividade econômica
•
Impacto ambíguo sobre a inflação (commodities
•
Política monetária (próximas decisões do Banco Central)
•
Política fiscal
•
Oportunidade (investimentos x gastos correntes)
capitais
x câmbio)
Marco Aurélio Moura
DESAFIO PARA A POLÍTICA ECONÔMICA: Evitar que a crise de liquidez se traduza em crise de insolvência!
Brasil – nova realidade: Razões para otimismo
•
SITUAÇÃO EXTERNA CONFORTÁVEL:
¾
reservas internacionais maiores que a dívida externa
¾
baixa dependência de exportações para os EUA
•
SISTEMA FINANCEIRO SÓLIDO:
¾
bancos brasileiros resistiram muito bem na crise
¾
manutenção do grau de investimento
•
BANCO CENTRAL NO COMANDO DA REAÇÃO:
¾
redução de compulsórios
¾
intervenção no mercado de câmbio
¾
provimento de linhas de comércio exterior
¾
Brasil aplicando recursos no FMI
•
ESTABILIDADE MACROECONÔMICA:
¾
bons fundamentos fiscais
¾
câmbio flutuante
¾
inflação baixa e sob controle
¾
Banco Central autônomo
Ambiente interno – Perspectivas:
•
Taxa de câmbio: pressão por valorização adicional
•
Indicadores fiscais: deterioração temporária
•
Inflação: cenário benigno
•
Política monetária: manutenção da Selic por um intervalo prolongado de tempo
•
Nível de atividade: taxas de crescimento mais robustas a partir de 2010
Coordenação do Grupo
MARCO AURÉLIO MOURA, gerente do Banco do Brasil em Frankfurt.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
47
Reflexão final
„ A CAMINHADA DOS BRASILEIROS NO MUNDO
A tarefa de encerrar o dia de hoje, que foi preenchido com várias experiências, é um grande desafio. As emoções
são variadas. Por um lado, a alegria de saber que somos capazes de, enquanto migrantes brasileiros, ter esse
grande nível de organização. Por outro lado, a tristeza também está presente, pois este dia está chegando ao fim.
Para mim em especial é um momento bastante significativo, pois participo da caminhada de diversos grupos desde
1994. Pude vivenciar de perto a luta contínua para se organizar a comunidade brasileira na Suíça e estar presente
em muitos marcos dessa organização. E também ter a felicidade de estar junto com outras pessoas que buscam a
mesma meta.
O objetivo principal do Conselho Brasileiro na Suíça com este 4. Encontro Nacional foi mostrar que há formas, como
migrantes, de percorrer o nosso próprio caminho. Esperamos que essa mensagem tenha achado um terreno fértil
em vocês.
Informações foram dadas,
idéias foram discutidas,
contatos foram feitos,
conhecemos novas pessoas,
reencontramos outras.
E tudo isso num clima bastante
encorajador.
Percorremos hoje várias estações:
Iniciamos com a história do nosso
movimento,
continuamos com a Globalização e
passamos pela Emancipação, com
o enfoque no respeito mútuo.
Na
parte
da
tarde
tivemos
a
oportunidade de nos informar sobre diversos temas e campos concretos. Todas essas
Carminha Pereira
estações foram entrecortadas por momentos culturais cativantes. Depois de passar por
essas estações, cabe a nós a responsabilidade de definir qual caminho nós vamos percorrer.
Em algum lugar do passado começou nossa carreira de migrante:
- Talvez já na família, se ela mudou de um lugar para outro
- Talvez dentro do próprio Brasil, mudando-se de uma região para outra
- Talvez para fora do Brasil, mudando-se para outro país
e de alguma forma viemos parar na Suíça.
Portanto a migração faz parte das nossas vidas e da nossa história coletiva enquanto brasileiras e brasileiros. E dessa
parte da nossa história temos que ter orgulho, mesmo com todas as dificuldades que isso possa representar. Não
devemos ter medo do “perder a identidade”, pois identidade não se perde. Ela pode se modificar, como teria se
modificado se não tivéssemos migrado. Nós temos é que cultivar a nossa identidade. Cultivar significa cuidar bem e
quando estamos bem cuidados, nós crescemos.
É importante aprender com as diferenças e ver a vida em outro país como um enriquecimento e não somente ficar
lamentando que não estamos no Brasil e que tudo aqui é difícil. Não importa se vamos ficar aqui só até amanhã, só
até o ano que vem, só até se aposentar, ou o resto da vida. O importante é que nossa vida no momento é neste
país. Portanto temos que levar a nossa Emancipação aqui a sério e não deixar para amanhã.
48
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Reflexão final
A longa caminhada que fizemos, tanto em termos geográficos como em termos culturais pode ser um grande
sucesso. Uma das condições para isso é participar desta sociedade. Estar de igual para igual com todos os outros
cidadãos que moram aqui, independente de sua origem. Para se emancipar, para assumir o caminho nas próprias
mãos, vale saber que não estamos sozinhos. Basta olhar para os nossos vizinhos de cadeira, à esquerda, à direita,
na frente e atrás. Com essas pessoas podemos contar. E também têm muitas outras que estão na mesma
caminhada, com quem podemos compartilhar nossas experiências e com quem podemos ensinar e aprender.
Quem não aprende não cresce. Quem se fecha para o novo, fica parado na história. E não só nós enriquecemos
com a mudança, mas também a sociedade acolhedora. A Suíça tem muito a ganhar e se enriquecer conosco. Por
isso é também nosso papel lutar pelos nossos direitos como migrantes e como cidadãos brasileiros. Os direitos não
caem do céu, eles vêm somente com a participação e a reivindicação. E uma das formas mais eficientes de lutar
pelos nossos direitos é participar nesta sociedade em todos os níveis, tanto nas organizações brasileiras como nas
suíças. Além disso é importante se informar. Não tenha vergonha de não saber, não tenha medo de perguntar.
Quem sabe tem poder.
Somos cidadãos, com
direitos e deveres não
importa em que lugar no
mundo.
Não somos somente brasileiros ou suíços. Eu não tenho que deixar um país
Somos parte de um grande
movimento que está se
organizando cada vez mais.
não são excludentes, mas sim complementares.
para me dedicar ao outro. Somos muitas variantes de diversas
nacionalidades. E podemos nos dedicar a vários países e a várias culturas
ao mesmo tempo. Dentro de nós existem muitas experiências. Temos que
vivenciá-las e não ter medo de ser diferentes. As culturas e nacionalidades
Integrar-se nesta sociedade não quer dizer que perdemos o nosso ponto
de origem. Ninguém pode esperar isso de nós. Somos o que somos. Temos
uma origem. Nosso primeiro desafio é não parar só na origem, mas nos desenvolvermos. Ter a mesma origem não
significa que somos todos iguais. Cada um de nós passou por processos diferentes. Cada um assimilou o que
aconteceu em sua volta de forma diferente. Não éramos iguais no Brasil e portanto não vamos ser iguais aqui. O
segundo desafio está em procurar o que temos em comum e não as diferenças.
Fazendo uma retrospectiva de tudo o que já aconteceu em termos de organização de brasileiros na Suíça, vemos
que a caminhada que seguimos é um trabalho conjunto de muitos anos. Desde o primeiro encontro em 1998 até
hoje, 2009, passaram-se 11 anos. Onze anos nos quais muitas pessoas se dedicaram à construção do que temos
hoje aqui. E esse processo não está sendo vivenciado somente na Suíça, mas em vários outros países com
migrantes brasileiros. Os encontros de grupos brasileiros em outros países europeus e as duas conferências da
comunidade brasileira no exterior são o exemplo disso. Somos parte de um grande movimento que está se
organizando cada vez mais.
Na Suíça este Encontro é somente a parte visível, além de bonita e emocionante, da nossa organização. É uma
parte importante, mas não a mais importante. O trabalho mais valioso é a participação cotidiana nos diversos
grupos e organizações. É para isso que serve este Encontro: para estimular a nossa participação na região onde
moramos.
O famoso jargão “Pensar global e agir local” deve ser o nosso lema! Somos cidadãos, com direitos e deveres, não
importa em que lugar no mundo, se no Brasil, na Suíça ou na China. E por mais barreiras que se criem, mais as
pessoas vão encontrar formas de quebrar essas barreiras, pois ninguém barra o ser humano.
E ninguém vai conseguir nos segurar,
pois somos cidadãos do mundo!
CARMINHA PEREIRA, historiadora, coordenadora do FIZ - Centro de apoio às mulheres migrantes e vítimas de tráfico.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
49
Avaliação
Resultado de 167 respostas recebidas do questionário de avaliação do Encontro
Como você avalia a forma de como foi
tratado o tema "Integração e Emancipação"
180
As palestras na parte da manhã foram de
proveito para você?
120
154
160
114
100
140
120
80
100
60
80
60
34
40
40
7
20
Bastante
Interessante
Pouco Interessante Nada Interessante
15
20
6
0
0
Não respondeu
As informações obtidas no seu Grupo de
Interesse podem ajudar no seu dia-adia?
4
0
Muito
Pouco
Não respondeu
Nenhum
De qual Grupo de Interesse você
participou?
130
140
120
Não respondeu
4
100
80
60
Novos caminhos profissionais
40
19
25
12
20
0
Sim
Não
Não respondeu
18
Autoestima
Imposto de Renda na Suíça
16
Você participou de algum encontro anterior?
Mulheres migrantes no mundo do trabalho
15
120
98
Comunicação intercultural
100
80
15
68
13
Crescendo com os desafios
60
40
Brasileiros no mundo
20
12
1
0
Sim
Não
Não respondeu
Educar para o mundo
10
9
Estrangeiros na Suíça
Como você ficou sabendo do Encontro?
90
Dependência e independência no
processo de integração
85
9
80
70
60
50
Seguros sociais na Suíça
48
40
30
Situação econômica no Brasil e a
remessa de dinheiro
20
20
10
7
6
2
6
6
0
Através de
grupo ou
associação
brasileira
50
Amigo
Internet
Jornal
Cartaz
Outros
4
Educação para a cidadania
0
5
10
15
4. Encontro Brasileiro na Suíça
20
Avaliação
Você participa de algum Grupo Brasileiro?
90
Você gostaria que fossem realizados outros
Encontros como esse?
82
75
80
180
70
160
60
140
161
120
50
100
40
80
30
60
20
40
10
20
10
Sim
Não
Sim
Não respondeu
Organização do Encontro
Taxa de inscrição
160
1
5
Não
Não respondeu
0
0
Organização do Encontro
Local
152
160
142
140
140
120
120
100
100
80
80
60
60
40
40
15
20
7
3
5
10
Não acessível
Não respondeu
20
0
0
Compatível
Barata
Cara
Acessível
Não respondeu
Organização do Encontro
Programa Cultural
Organização do Encontro
Alimentação
120
120
103
102
100
100
80
80
60
60
39
38
40
40
25
24
20
20
3
0
0
0
Boa
Regular
Ruim
Bom
Não respondeu
Regular
Ruim
Não respondeu
Organização do Encontro
Programação, data, horário, divisão das atividades
Organização do Encontro
Cantinho da Criança
160
120
102
100
140
140
120
80
100
61
60
80
40
60
40
20
4
0
Regular
Insatisfatório
Bom
14
20
0
Não usou/Não
respondeu
4. Encontro Brasileiro na Suíça
13
0
0
Bom
Regular
Ruim
Não respondeu
51
Avaliação
Organização Geral
(material, divulgação, recepção, etc.)
Dados sobre os participantes
Sexo
149
160
160
141
140
140
120
120
100
100
80
80
60
60
40
20
40
17
15
0
Regular
Bom
15
20
0
Ruim
3
0
Não respondeu
Feminino
Não respondeu
Masculino
Dados sobre os participantes
Idade
Dados sobre os participantes
Estado de origem no Brasil
70
58
60
São Paulo
30
40
19
Rio de Janeiro
58
50
30
Minas Gerais
15
Bahia
15
24
18
20
10
3
5
mais de 60
anos
Não
respondeu
1
0
Pernambuco
menos de
20 anos
14
20-30
anos
31-40 anos
41-50 anos
51-60 anos
9
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
6
Ceará
6
Paraíba
5
Pará
5
Dados sobre os participantes
Tempo na Suíça
60
48
50
Goiás
4
40
Sergipe
20
Rio Grande do Norte
3
Distrito Federal
3
Maranhão
2
Espírito Santo
2
Tocantins
1
Roraima
1
Piauí
1
Mato Grosso do Sul
1
32
30
3
25
24
18
15
5
10
0
menos de 2
anos
2-5 anos
5-10 anos
10-15 anos 15-20 anos
Mais de 20
anos
Não
respondeu
Dados sobre os participantes
Grau de instrução
120
105
100
Amazonas
1
Alagoas
1
80
60
Suíça
49
40
5
20
Não respondeu
10
3
15
0
0
52
5
10
15
20
25
30
35
Primário
Secundário
Superior
Não respondeu
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Momentos do Encontro
Inscrição e participantes
4. Encontro Brasileiro na Suíça
53
Momentos do Encontro
Cantinho das Crianças
Coordenado pela ABEC
54
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Momentos do Encontro
Espaço Cultural
Elias Moreira
Jane Cruz
Helio Faria e Marina Haueter
Coral Canta Brasil
4. Encontro Brasileiro na Suíça
55
Momentos do Encontro
Na plenária, as cores do Brasil
A árvore símbolo do Conselho Brasileiro na
Suíça cresceu e está dando frutos!
Chegou a hora da partida...
Até a próxima!
56
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Agradecimentos
O IV Encontro Brasileiro na Suíça foi possível graças a muitas pessoas, organizações e instituições que
de formas variadas deram sua contribuição para a sua realização.
Em especial gostaríamos de agradecer a presença dos convidados e palestrantes, que na abertura e
no encerramento do Encontro nos transmitiram seu apoio e enfatizaram a importância de se atuar em
conjunto com todos os grupos de migrantes na Suíça:
Roland Beeri, Fachstelle Integration, Bern
Maria Stela Pompeu Brasil Frota,
Embaixadora do Brasil na Suíça, Bern
Vitória Alice Cleaver, Cônsul Geral do Brasil na Suíça, Zurique
Marcos Viana, da Rede de Brasileiras e Brasileiros na Europa
Flávia Reginato, Tradutora Intercultural
PATROCINADORES
APOIO INSTITUCIONAL
4. Encontro Brasileiro na Suíça
57
Agradecimentos
ESTANDES
ƒ
Aline – Produtos Natura
ƒ
Rosangela Schibli - Jemako
ƒ
Ana Célia - Produtos Brasileiros
ƒ
TAP Portugal
ƒ
BANCO DO BRASIL
ƒ
UNIA
ANÚNCIOS NO CADERNO DO
ENCONTRO
ƒ
Dr. Klaus Ferdinand
ƒ
Escritório de Tradução Brigitte Weber e Ocirema Kukleta
ƒ
Deborah Maristela Bierman – Traduções oficiais
ƒ
Igreja Evangélica de Língua Portuguesa de Zurique
ƒ
Brasil DOC –TRA, Walburga Sutter
ƒ
Roger Müller Rechtsanwalt
ƒ
Escritório de Advocacia Wolf
ƒ
Atlântico Reisen + Service
ƒ
Brasilmar Travel & Toursim
ƒ
Dr. Paschoal Felippe
ƒ
Paladar Brasil – Carlos Lima
ƒ
Lúcia Amelia
ƒ
Luso Digital
ƒ
Brasil Express
ƒ
Styllus Brasileirus
ƒ
Helio Faria – Aulas de dança
ƒ
Jane Cruz & DJ Miguelito – Life Music
ƒ
Elias Moreira – Aulas de violão
ƒ
Rosilene
ƒ
Corpo e Alma
ƒ
Meditrina
DIVULGAÇÃO
ƒ
Associação do(a)s estudantes brasileiro(a)s e amigo(a)s do Brasil
ƒ
Brasil Online
ƒ
Brasil Infos
ƒ
Brasil Vídeo
ƒ
CIGA-Informando
ƒ
Fórum Brasil-Suíça
ƒ
Jornal Horizonte, da UNIA
ƒ
Portal Brasil Europa
58
4. Encontro Brasileiro na Suíça
Agradecimentos
ƒ
Rede de Brasileiras e Brasileiros na Europa
ƒ
Revista da Swisscam
ƒ
Revista Online Integra
ƒ
Revista Lusitano de Zurique
ƒ
Swissinfo
ƒ
Televisão Record Internacional
ƒ
Via Brasil
ƒ
Programa Espaço Brasil - Rádio RaBe, Bern
ƒ
Programa Beleza
ƒ
Programa Brasil In
ƒ
Rádio e TV Zoa
ƒ
Sintoniza Brasil
APOIO GERAL
ƒ
ABEC, pelo trabalho no Espaço Infantil.
ƒ
Anna Paula Sardenberg, pelo contato no Gymnasium Neufeld e a organização da cantina.
ƒ
Bendicht Stöckli, pelo apoio nos pedidos de financiamento e traduções de texto para alemão.
ƒ
Carminha Pereira, pela reflexão final e a diagramação do Caderno do Encontro.
ƒ
Coral Canta Brasil e pianista André Figueiredo, pela apresentação musical.
ƒ
Clovis Inocêncio, pelo apoio técnico de som.
ƒ
Gymnasium Neufeld, pela cessão da estrutura física (local) utilizada no Encontro.
ƒ
Grupos brasileiros na Suíça: Brasil Uster tropical, BRASS, Comunidade dos estudantes brasileiros
na Universidade de Neuchâtel, Cores do Brasil, FEBA, pela divulgação e apoio.
ƒ
Ligian Mendes Ter-Nedden, pela coleta de anúncios para o Caderno do
Encontro.
ƒ
Mara Hort, que cuidou da enfermaria.
ƒ
Marcio Jerônimo Sousa, pela filmagem.
ƒ
Maria José Perrin (Marijô), pela sinalização do Encontro na estação de
Berna.
ƒ
Palestrantes dos Grupos de Interesse (Mencionados no resumo dos GIs)
ƒ
Renata Autran, pelas fotos.
ƒ
Rubens Zischler, pelo apoio técnico de som e pela homepage.
ƒ
Tania Oliveira, pela tradução do alemão falado pelos convidados.
ƒ
Voluntários e Voluntárias:
o
da equipe da cozinha, que correram
o
da equipe da secretaria, que ajudaram
o
e outros que de forma espontânea
para poder servir o almoço e o café.
na recepção.
ajudaram no que foi necessário antes,
durante e depois do encontro.
4. Encontro Brasileiro na Suíça
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