Myrtaceae Juss. da Restinga da Marambaia, RJ
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Myrtaceae Juss. da Restinga da Marambaia, RJ
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Myrtaceae Juss. da Restinga da Marambaia, RJ – Brasil Marcelo da Costa Souza 2005 2 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Myrtaceae Juss. da Restinga da Marambaia, RJ – Brasil. Marcelo da Costa Souza Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Botânica, Escola Nacional de Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Botânica. Orientador: Dra. Marli Pires Morim Rio de Janeiro Fevereiro de 2005 3 Myrtaceae Juss. da Restinga da Marambaia, RJ – Brasil. Marcelo da Costa Souza Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre. Aprovada por: Profa. Dra. Marli Pires Morim (Orientador) ______________________ Profa. Dra. Carolyn Elinore B. Proença _________________________ Profa. Dra. Dorothy Sue Dunn Araujo _________________________ em 25/02/2005. Rio de Janeiro Fevereiro de 2005 4 S685L Souza, Marcelo da Costa Myrtaceae Juss. da Restinga da Marambaia, RJ Brasil. xi, 140 f. : il. ; 28 cm. Dissertação (mestrado) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical, 2005. Orientadora: Marli Pires Morim. Banca examinadora: Carolyn Elinore B. Proença, Dorothy Sue Dunn Araujo. Bibliografia. 1. Myrtaceae. 2. Restinga. 3. Marambaia. 4. Taxonomia. 5. Florística. I. Título. II. Escola Nacional de Botânica Tropical. CDD 581.61 5 Este trabalho é dedicado à Dra Graziela Maciel Barroso (in memoriam) e ao meu filho Matheus. 6 AGRADECIMENTOS Gostaria de demonstrar meus sinceros agradecimentos à todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste estudo. Diante da participação de tantas pessoas durante essa etapa de minha vida fica difícil agradecer à todos, porém gostaria de dizer meu muito obrigado, em especial: À Dra Graziela M. Barroso (in memoriam) pela grande amizade que fez crescer em tão pouco tempo, mas que parecia muito antiga; pela oportunidade de assimilar seus preciosos conhecimentos, não só da botânica, mas também da vida; pelos momentos inesquecíveis de trabalho em sua sala; pelos constantes estímulos para o estudo das Myrtaceae e pelo início empolgante de minha orientação no mestrado. À Marli Pires Morim pela boa recepção e dedicação na minha orientação, pela amizade formada e por ter tido um papel fundamental no desenvolvimento deste estudo. Ao Luis Fernando T. Menezes pela grande amizade e por ter sido o grande motivador dos meus estudos na Marambaia e com as Myrtaceae. À Ariane L. Peixoto pela amizade e pelas importantes contribuições para o desenvolvimento deste trabalho. À Profa. Marilena Conde pela dedicada orientação na graduação, pela importante participação no desenvolvimento desse estudo e pela bela pessoa que é, sempre disposta à ajudar. Ao Marcos Sobral pelos incentivos, pelas conversas sobre as Myrtaceae, pelas sugestões e contribuições para este trabalho e pelas imagens cedidas de tipos de Myrataceae digitalizados. Aos professores do Programa de Pós Graduação da ENBT pela dedicação. À ENBT e JBRJ pela estrutura e auxílio. Ao Departamento de Botânica da UFRRJ e pelo apoio para do desenvolvimento deste estudo, em especial à todos os professores que sempre estiveram dispostos a ajudar. Ao Campo de Provas da Marambaia (Exército) e ao Centro de Adestramento da Ilha da Marambaia (Marinha) por possibilitar o desenvolvimento deste trabalho e pelo apoio fornecido. Aos curadores e funcionários dos herbários consultados. 7 À FAPERJ pela bolsa concedida. À Fundação O Boticário de Proteção à Natureza pelo apoio ao Projeto Marambaia. Às ilustradoras Sidelma e Parecis Morato pelos dedicados trabalhos e à Parecis pela aquarela utilizada na capa. À Sheila Profice quem conheci por intermédio da Dra Graziela e que se tornou uma grande incentivadora do meu trabalho. Aos amigos do Jardim Botânico pelo convívio e pelas reuniões no churrasquinho do Bolinha. Aos amigos da Universidade Rural pelo companheirismo e pelos trabalhos de campo na Marambaia, em especial Adriano Melo, Avelino Silva, Gilberto Terra e João Paulo Condack. Ao Juan Alarcon, que não só se tornou um parceiro de sala de trabalho e nas escaladas, mas também um grande amigo e irmão. À minha família por acreditar em mim e por todo carinho. À Michele, mãe do Matheus, pela amizade, incentivo e por fazer o Matheus entender minhas ausências. Ao Matheus, meu filho, por todo amor, carinho e pelos momentos mais felizes da minha vida. À Deus por tornar possível todos os acontecimentos da minha vida. 8 RESUMO A Restinga da Marambaia localiza-se no Estado do Rio de Janeiro, compreendida pelos municípios do Rio de Janeiro, Itaguaí e Mangaratiba, entre os meridianos 43º32’ e 44º01’W e os paralelos 23º01’ e 23º06’S. A diversidade de ambientes presentes na Restinga da Marambaia está relacionada a diferentes feições geológicas, como as dunas, praias, cristas praiais, cordões arenosos e depressões intercordões. Estas feições são caracterizadas por diferentes níveis de saturação hídrica do solo e estão associadas a distintas fisionomias da vegetação, que se faz presentes em 13 diferentes formações vegetais. A família Myrtaceae compreende cerca de 3500 a 5000 espécies, com mais ou menos 100 gêneros. No Brasil é reconhecida como uma das famílias lenhosas com maior riqueza de espécies. Este trabalho teve como objetivo realizar um levantamento florístico e um estudo taxonômico das espécies de Myrtaceae ocorrentes na Restinga da Marambaia. Os resultados constituem-se em listagem das espécies, chaves de identificação, descrições morfológicas, acompanhadas de comentários taxonômicos, ilustrações, bem como dados relativos a épocas de floração e frutificação e distribuição geográfica das espécies. Foram registradas ocorrências de 30 espécies, subordinadas a 11 gêneros os quais distribuem-se entre 3 subtribos (Eugeniinae, Myrciinae e Myrtinae). Blepharocalyx salicifolius, Eugenia rostrata, E. sp., Myrcia richardiana, Plinia ilhensis e Psidium guineense são novos registros de ocorrência para as retingas do Rio de Janeiro. O gênero mais rico em espécies é Eugenia (13 spp), sendo provável que Eugenia sp. seja uma nova espécie para a ciência. Novos sinônimos foram propostos para Eugenia bahiensis e Myrcia richardiana. A partir do estudo de distribuição geográfica das espécies, evidenciou 6 padrões de distribuição: Ampla distribuição (5 spp.), Peri-amazônico Oeste-Costa Atlântica (1 sp.), Brasil Leste-Sul e países vizinhos (2 spp.), Costa Atlântica Ampla (2 spp.), Costa Atlântica Sudeste-Sul (12 spp.) e Endêmico do Rio de Janeiro (8 spp.). 9 ABSTRACT Marambaia Restinga (a barrier island system) lies in the state of Rio de Janeiro, in the municipalities of Rio de Janeiro, Itaguaí and Mangaratiba (43º32’ - 44º01’W; 23º01’ 23º06’S). A diversity of geomorphological features such as dunes, beaches, beach ridges and swales leads to considerable habitat diversity, characterized by different levels of soil flooding and associated with the 13 different vegetation types. The Myrtaceae is composed of 3500 – 5000 species, with some 100 genera. In Brazil, it is one of the most important woody families as regards species richness. The aim of this study was to examine the taxonomy of the Myrtaceae species found in a floristic survey of Marambaia Restinga. There are identification keys and a morphological description of each species with comments on taxonomy, illustrations, flowering and fruiting data, and geographic distribution. A total of 30 species were found in 11 genera belonging to three subtribes (Eugeniinae, Myrciinae and Myrtinae). Blepharocalyx salicifolius, Eugenia rostrata, Eugenia sp., Myrcia richardiana, Plinia ilhensis and Psidium guineense are new records for the Rio de Janeiro sandy coastal plains. The most species-rich genus is Eugenia (13 spp.) and Eugenia sp. is probably a new species. New synonyms are proposed for Eugenia bahiensis and Myrcia richardiana. Based on species distributions, six distribution patterns were detected, as follows: Wide (5 spp.), Extra-Amazonia-West – Atlantic Coast (1 sp.), Eastern-Southern Brazil and neighboring countries (2 spp.), Atlantic Coast Wide (2 spp.), Southeastern-Southern Atlantic Coast (12 spp.) and Rio de Janeiro Endemics (8 spp.). 10 SUMÁRIO Introdução __________________________________________________________________1 Principais estudos de Myrtaceae para a flora brasileira _______________________________4 Material e métodos ___________________________________________________________6 Resultados e discussões ______________________________________________________ 9 1. A Restinga da Marambaia ________________________________________________9 2. As Myrtaceae na Restinga da Marambaia ___________________________________18 2.1. Aspectos morfológicos gerais ________________________________________20 2.2. Tratamento taxonômico _____________________________________________37 2.2.1. Descrição da família Myrtaceae para a Restinga da Marambaia _________37 2.2.2. Chave para identificação das subtribos _____________________________37 2.2.3. Chave para identificação das espécies _____________________________38 2.2.4. Descrições dos táxons __________________________________________42 2.2.4.1. Subtribo Eugeniinae _______________________________________42 Eugenia ____________________________________________________42 E. bahiensis _________________________________________________43 E. brasiliensis _______________________________________________46 E. copacabanensis ___________________________________________48 E. excelsa __________________________________________________52 E. neonitida _________________________________________________55 E. neosilvestris ______________________________________________58 E. oxyoentophylla ____________________________________________61 E. punicifolia ________________________________________________63 E. rostrata __________________________________________________67 E. rotundifolia _______________________________________________70 E. sulcata __________________________________________________73 E. uniflora __________________________________________________76 E. sp ______________________________________________________79 Myrciaria __________________________________________________82 M. floribunda _______________________________________________82 11 M. tenella __________________________________________________85 Neomitranthes obscura _______________________________________88 Plinia ilhensis ______________________________________________ 91 2.2.4.2. Subtribo Myrciinae ______________________________________ 94 Calyptranthes brasiliensis ____________________________________ 94 Gomidesia _________________________________________________98 G. fenzliana ________________________________________________98 G. martiana _______________________________________________ 101 Marlierea tomentosa ________________________________________ 104 Myrcia ____________________________________________________107 M. acuminatissima __________________________________________108 M. lundiana _______________________________________________110 M. multiflora ______________________________________________112 M. recurvata ______________________________________________114 M. richardiana ____________________________________________116 2.2.4.3. Subtribo Myrtinae ______________________________________119 Blepharocalyx salicifolius ___________________________________119 Myrrhinium atropurpureum var. atropurpureum _________________121 Psidium _________________________________________________124 P. cattleyanum ____________________________________________124 P. guineense ______________________________________________126 3. Padrões de distribuição _______________________________________________129 Conclusões _____________________________________________________________132 Referências bibliográficas _________________________________________________134 12 INTRODUÇÃO A família Myrtaceae abrange um número de gêneros estimado em 100 (Barroso et al. 1984), 133 (Wilson et al. 2001) ou 144 (Judd et al. 1999) e um número de espécies em torno de 3100 (Judd et al. 1999) a 5800 (Lughadha & Snow, 2000) com distribuição pantropical, sendo os maiores centros de diversidade na América do Sul (ca. 2250 spp), Austrália (ca. 1950 spp) e Ásia Tropical (ca. 1050 spp) (Lughada & Snow, l.c.). Tradicionalmente a família é dividida em duas subfamílias, Leptospermoideae e Myrtoideae, que foram estabelecidas com base na estrutura e consistência dos frutos, sendo Leptospermoideae representada pelos frutos secos e Myrtoideae pelos frutos carnosos. A subfamília Leptospermoideae tem como principal centro de diversidade a Oceania e apenas Tepualia stipularis (Hook. & Arn.) Griseb., espécie do gênero monotípico Tepualia, tem ocorrência na América e distribui-se em regiões da Argentina e Chile. À subfamília Myrtoideae estão subordinadas as espécies que se concentram, principalmente, na América do Sul. As subfamílias de Myrtaceae foram primeiramente contestadas por Johnson & Briggs (1984) que foram pioneiros nos estudos sobre a filogenia da família e basearam-se em caracteres morfológicos e anatômicos e, posteriormente, por Wilson et al. (2001), que incluiram em seus estudos dados morfológicos e moleculares. Wilson et al. (l.c.) mostram claramente que, embora a família seja monofilética, os táxons infrafamiliares precisam ser redefinidos, já que as características tradicionalmente utilizadas nas delimitações são inconsistentes; o fruto carnoso, considerado típico de Myrtoideae, provavelmente surgiu independentemente em três ocasiões distintas na evolução da família, não sendo, portanto, confiável como caráter taxonômico. Wilson et al. (2001) deixaram claro em suas análises que as espécies estudadas dos gêneros de Myrtoideae, com representantes na América do Sul, formam um grupo filogeneticamente coeso, sendo mais apropriado posicioná-lo em uma tribo, como Myrteae, ao invés de chamá-lo de subfamília Myrtoideae. À tribo Myrteae estão subordinadas três subtribos: Myrciinae O.Berg, Eugeniinae O.Berg e Myrtinae O.Berg. Reunidas, as subtribos abrangem cerca de 70 gêneros e 2400 espécies, de acordo com Schimid (1980 apud Landrum, 1986). Dentre os gêneros 13 reconhecidos para esta tribo, 23 ocorrem no Brasil com cerca de 1000 espécies (Landrum & Kawasaki, 1997). Na costa oriental brasileira, Myrtaceae é uma das famílias lenhosas com maior riqueza de espécies, como comprovado em levantamentos florísticos e fitossociológicos nas fitofisiomias da Floresta Pluvial Atlântica (Mori et al. 1983; Peixoto & Gentry, 1990; Barroso & Perón, 1994; Lima & Guedes-Bruni, 1997; entre outros) e na Restinga (Silva, 1991; Silva et al. 1994; Araujo, 2000). Os levantamentos recentes sobre as restingas do Estado do Rio de Janeiro assinalam cerca de 65 espécies de Myrtaceae (Araujo, 2000) destacando-se, entretanto, a ausência de estudos floristicos-taxonômicos detalhados para o grupo. Araujo (l.c.) menciona que o número de espécies até então registrado para as restingas do Rio de Janeiro pode ser avaliado como pequeno em relação ao real, considerando-se o grande número de espécimes indeterminados nos herbários. Tal fato deve-se, principalmente, aos poucos taxonomistas especialistas no grupo, associado ainda a complexidade taxonômica de vários táxons, o que ocasiona dificuldades na identificação. Muitas espécies são conhecidas por suas utilidades, tais como: extração de madeira (Eucalyptus spp.), alimentar (pitanga - Eugenia uniflora L., goiaba - Psidium guajava L., jambo - Syzygium jambos (L.) Alston, jaboticaba - Plinia trunciflora (Berg) Kausel etc.) e ornamental (escova-de-garrafa - Calistemon e eugênia - Eugenia sprengelii DC.). A família apresenta também uma grande importância ecológica a medida que oferece alimento à fauna silvestre, como o pólen atrativo aos insetos, principalmente abelhas. Os frutos suculentos e a polpa carnosa são atrativos para animais vertebrados, ressaltando-se as aves (Proença, 1991; Landrum, 1986). As espécies neotropicas de Myrtaceae têm sua sistemática extremamente dificultada pelo forte paralelismo filogenética entre os gêneros, pelas diferentes interpretações morfológicas dos caracteres e pelas coleções, freqüentemente, pouco representativas em relação a variabilidade morfológica e quanto a distribuição geográfica das espécies (Barroso & Peixoto, 1995). Tratando de espécies brasileiras, vários autores têm se referido às dificuldades de delimitação entre os táxons (McVaugh, 1968; Kawasaki, 1984; Proença, 1986). Barroso et al. (1984) sugerem que somente um levantamento cuidadoso das espécies 14 de cada região poderá trazer esclarecimentos adicionais para a delimitação confiável dos diferentes táxons. A complexidade taxonômica de Myrtaceae, a ausência de levantamentos detalhados sobre a família nas Restingas e a grande pressão antrópica as quais estão, constantemente, sujeitas as regiões litorâneas motivaram o início do estudo da família Myrtaceae - Subtribo Myrciinae na Restinga da Marambaia, no Estado do Rio de Janeiro, como tema de monografia de bacharelado (Souza, 2002). Os resultados obtidos estimularam e evidenciaram a importância da continuidade deste estudo. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivos principais: (1) conhecer a riqueza e a diversidade das Myrtaceae ocorrentes na área de estudo; (2) colaborar para o avanço sobre a taxonomia de Myrtaceae, desenvolvendo o tratamento taxonômico das espécies ocorrentes na Restinga da Marambaia; (3) estabelecer os padrões de distribuição dos táxons, comparando-os aos já definidos para as espécies das restingas fluminenses (Araujo, 2000); e (4) fornecer subsídios para definições de estratégias de conservação não só dos táxons de Myrtaceae, como também para a área de Restinga em estudo. Uma vez reunidos e alcançados estes objetivos espera-se contribuir no avanço sobre o conhecimento da família Myrtaceae no Rio de Janeiro, principalmente, em relação às espécies que habitam os ambientes de restinga. 15 PRINCIPAIS ESTUDOS DE MYRTACEAE PARA A FLORA BRASILEIRA As publicações do trabalho de Candolle (1828) e Berg (1855-56; 1857-59), no século XIX, deram um grande impulso ao estudo das Myrtaceae, até então, com os limites entre os gêneros pouco conhecidos e mal circunscritos. A obra "Prodromus", Candolle (1828) tratou os gêneros Campomanesia Ruiz & Pav., Psidium L., Myrtus L., Calyptranthes Sw., Syzygium Gaertn., Caryophyllus Mill., Myrcia DC. Ex Guill. e Eugenia L., apresentando para cada espécie uma diagnose sucinta, ressaltando suas características principais e, pela primeira vez, descrevendo os embriões das Myrtaceae, sendo essa sua maior contribuição para o entendimento do grupo. Depois de Candolle, Berg, monografista das Myrtaceae para a Flora Brasiliensis de Martius (Berg, 1857-59), embasou-se nas informações da morfologia dos embriões, desenvolvimento do tubo do hipanto, deciduidade dos lobos do cálice oferecidas por Candolle, para estabelecer 5 subtribos, que após serem ajustadas reduziram-se a 3 subtribos (Myrciinae, Eugeniinae e Myrtinae). Berg também descreveu, na época, cerca de 1000 novas espécies. McVaugh (1968) deu grande contribuição ao conhecimento dos gêneros americanos, apresentando uma extensa revisão crítica dos caracteres usados até então na distinção e delimitação de gêneros, o que resultou no reconhecimento e estabelecimento de várias sinonímias para os táxons genéricos. Dos 60 nomes genéricos conhecidos após o trabalho de McVaugh (l.c.), pouco mais de 30 gêneros americanos foram taxonomicamente reconhecidos como válidos. Após o trabalho de Berg (1857-59), as Myrtaceae da flora brasileira não receberam mais um tratamento global. Floras de outras regiões americanas foram objetos de estudos em relação às Myrtaceae: Amshoff (1942, 1948 e 1958) publicou notas sobre as Myrtaceae do Suriname, das Guianas e Flora do Panamá; McVaugh (1958, 1963 e 1969) elaborou a Flora do Peru, da Guatemala e da Guiana; Legrand contribuiu para o conhecimento das Myrtaceae do Uruguai (Legrand, 1936, 1943, 1968), do Paraguai (Legrand, 1938, 1962a) e da Argentina (Legrand, 1941, 1950, 1962a, 1962c). Para a flora do Brasil, as espécies de Myrtaceae têm sido tratadas regionalmente ou por gêneros e/ou subtribos, destacando-se como contribuições: 16 Região Sul: Legrand (1953) estudou as Myrceugenia austro-brasileiras, em 1961, as Mirtáceas do Estado de Santa Catarina, em 1962b Calyptranthes do Brasil austral. Em parceria com Klein, fez extenso estudo das Myrtaceae para a flora de Santa Catarina (Legrand & Klein, 1967, 1969a, 1969b, 1970, 1971a, 1971b, 1972, 1977a, 1977b, 1978). Mattos (1984, 1985) contribui no conhecimento das Myrtaceae do Rio Grande do Sul; Soares-Silva (2000) estudou as Myrtaceae (subtribo Myrciinae e Eugeniinae) da Bacia Hidrográfica do Rio Tibagi, no Paraná; Sobral (2003) apresenta um tratamento para todas as espécies nativas do Rio Grande do Sul, com chaves de identificação, descrições e ilustrações das espécies. Região Sudeste: para Minas Gerais conta-se com os trabalhos de Kawasaki (1989), que apresentou o tratamento das Myrtaceae para a Serra do Cipó; Perón (1991), que estudou as espécies do gênero Myrcia ocorrentes em Ouro Preto; Arantes (2002), que elaborou o estudo florístico das Myrtaceae da Estação Ecológica do Panga, em Uberlândia. Para a flora do Estado do Rio de Janeiro destacam-se os trabalhos de Barroso & Perón (1994), que estudaram as espécies de Myrtaceae da Reserva Ecológica de Macaé de Cima, em Nova Friburgo; Carrara (1997), que tratou as espécies de Campomanesia; Lima (2004), que realizou um estudo sobre as espécies de Myrceugenia. Para o Espírito Santo assinalase o trabalho de Barroso & Peixoto (1995), que contribuíram para o conhecimento das espécies de Calyptranthes e Marlierea da Reserva Florestal de Linhares. Região Centro-Oeste: Proença (1991) concluiu o trabalho sobre as Myrtaceae (subtribos Eugeniinae e Myrtinae) do Distrito Federal. A sinopse realizada por Landrum & Kawasaki (1997) possibilita uma visão global dos gêneros de Myrtaceae ocorrentes no Brasil; apresenta, ainda, uma chave para identificação dos gêneros. Além dos estudos mencionados para flórulas de regiões brasileiras, conta-se também com revisões taxonômicas e sinopses genéricas elaboradas por botânicos que têm se dedicado ao estudo de alguns gêneros de Myrtaceae. As espécies de Marlierea do Brasil foram tratadas por Legrand (1962d); os gêneros Myrceugenia, Campomanesia, Pimenta, Blepharocalyx, Legrandia, Acca, Myrrhinium e Luma foram revisados para a flora neotropica por Landrum (1981, 1986); Proença (1990) elaborou a revisão de Siphoneugena e Sobral (1991, 1993) estudou as espécies de Paramyrciaria e Myrciaria, respectivamente. 17 MATERIAL E MÉTODOS O levantamento das espécies na Restinga da Marambaia teve como fontes principais de informações: (1) a análise da coleção formada pelo grupo de estudos da flora da Marambaia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ); (2) as coletas realizadas na área durante o período de 2000 a 2004, principalmente, nas épocas de floração e frutificação das espécies; (3) a consulta as coleções de herbários, destacando-se os do Rio de Janeiro. Durante os trabalhos de campo, realizados juntamente com a equipe da UFRRJ foram percorridas as 13 formações vegetais da Restinga da Marambaia (Menezes & Araujo, no prelo). Os exemplares, principalmente em fase reprodutiva, foram coletados nas diferentes formações da Restinga da Marambaia e feitas observações sobre o habitat das espécies, aliadas a documentação fotográfica. As informações que subsidiaram a descrição sobre a área em estudo foram obtidas durante as excursões e extraídas de Menezes & Araujo (no prelo). Os materiais botânicos foram coletados e processados conforme as normas usuais de herborização. Os espécimes foram depositados no herbário do Departamento de Botânica da UFRRJ (RBR) e as duplicatas encaminhadas para o herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB). As coleções examinadas nos herbários foram prioritariamente as procedentes da Restinga da Marambaia e/ou de outras áreas de Restinga. Os herbários consultados são mencionados abaixo e suas respectivas siglas são adotadas segundo Holmgren et al. (1990): · Herbário do Departamento de Botânica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (RBR); · Herbário Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB); · Herbário FEEMA, Serviço de Ecologia Aplicada (GUA); · Herbário do Museu Nacional (R). Além das coleções de espécimens foi examinado a coleção de fotografias de tipos do Herbário do CPATU-EMBRAPA (IAN), que abrange fotografias de tipos de vários herbários estrangeiros e o banco de imagens digitais de fotografias de tipos do especialista em Myrtaceae Marcos Sobral, da Universidade Federal de Minas Gerais. 18 As identificações das espécies foram realizadas com o auxílio de bibliografia taxonômica de Myrtaceae, consulta as coleções dos herbários e de fotografias de tipos. Especialistas na família: Dra. Graziela Maciel Barroso (in memoriam), do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e Marcos Sobral, da Universidade Federal de Minas Gerais revisaram as identificações. Os caracteres morfológicos descritos foram aqueles observados nos exemplares das espécies da Restinga de Marambaia, do mesmo modo que as descrições apresentadas para a família, as subtribos e os gêneros referem-se aos táxons que ocorrem na área de estudo; os gêneros que estão representados por uma só espécie, a descrição desta subentendem à genérica. Na ausência de material da área de estudo, incluiu-se material examinado dos herbários RBR e RB, provenientes de outras áreas que quando possível oriundo de outras restingas. No tratamento taxonômico, após o nome genérico e o binômio específico, foram mencionados a obra princeps, tipo, basiônimo e os sinônimos novos. As citações das obras princeps seguem Stafleu & Cowan (1981). Os tipos examinados foram classificados quanto as categorias. Os tipos não examinados não foram classificados, sendo a informação extraída de bibliografia e/ou da coleção de fototipos. As citações dos nomes de autores dos táxons foram adotadas de Brummit & Powell (1992). As formas de vida foram definidas de acordo com a altura dos espécimens, sendo arbustiva até 3m, arvoreta até 6m e arbórea com altura acima de 6m. Os dados dendrológicos foram descritos de acordo com Ribeiro et al. (1999) e Marchiori (1995). Para as descrições de indumento utilizaram-se as definições de Harrington & Durrel (1957), Lawrence (1951) e Ribeiro et al. (1999). A terminologia utilizada para a arquitetura foliar é aquela adotada por Hickey (1973). As inflorescências foram descritas de acordo com os conceitos firmados para a família por Briggs & Johnson (1979) e Barroso et al. (1997). Para a designação dos tipos de fruto e de embriões utilizou-se a classificação de Barroso et al. (1999). As medidas das folhas estão representadas em intervalos de variação, onde o primeiro valor mencionado refere-se ao comprimento da folha e o posterior a largura. 19 Foram convencionadas as seguintes abreviaturas: fl. = flor; fr. = fruto; vg. = vegetativo; ca.= cerca de; diam. = diâmetro; comp. = comprimento; s.n. = sem número; s.d. = sem data. A chave de identificação foi elaborada a partir da seleção de caráteres morfológicos que foram considerados de valor diagnóstico para o reconhecimento dos táxons. As ilustrações dos táxons foram confeccionadas pelas ilustradoras botânicas Sidelma e Parecis Morato, a partir da observação de material botânico herborizado, fresco, ou fixado em álcool 70% com auxílio estereomicroscópio equipado com câmara clara, em diferntes escalas de aumento. O mapa de localização da Restinga da Marambaia, datado de 1999, foi obtido no Centro de Informações do Rio de Janeiro - CIDE e o da cobertura vegetal foi extraído de Góes et al. (no prelo). Os padrões de distribuição foram reconhecidos de acordo com os adotados por Araujo (2000) para as espécies das restingas do Rio de Janeiro. As informações sobre distribuição geográfica das espécies foram extraídas do levantamento feito nas coleções de herbário e na bibliografia, analisando a distribuição pelas 9 áreas de Restinga do Estado do Rio de Janeiro, tratadas por Araujo (l.c.). 20 RESULTADOS E DISCUSSÕES 1. A Restinga da Marambaia A Restinga da Marambaia localiza-se no Estado do Rio de Janeiro, compreendida pelos municípios do Rio de Janeiro, Itaguaí e Mangaratiba, entre os meridianos 43º32’ e 44º01’W e os paralelos 23º01’ e 23º06’S. Esta é formada por uma longa faixa de areia, que separa a Baía de Sepetiba do oceano Atlântico, com uma área de aproximadamente 4.940 ha e uma extensão de cerca de 40 Km (figura 1). A Restinga da Marambaia teve sua origem a partir de uma paleoilha (Ilha da Marambaia), que serviu de armadilhas para a retenção e deposição de sedimentos arenosos, com uma migração lateral de duas restingas (interna e externa) de idades distintas, na direção leste, pela ação de correntes litorâneas e retrabalhamento (ação das ondas), pelo mar transgressivo, de sedimentos continentais depositados na fase regressiva (Roncarati & Menezes, no prelo). O clima, segundo a classificação de Köpen (1948), enquadra-se no tipo Aw - Clima tropical chuvoso, onde a temperatura média do mês mais frio é superior a 18 ºC e a do mês mais quente superior a 22 ºC. As chuvas são abundantes no verão e escassas no inverno, e a média da precipitação anual é superior a 1.000 mm. A temperatura média anual é de 23,7 ºC, sendo o mês de fevereiro o mais quente, com temperatura média de 26,8 ºC, e agosto o mais frio, com média de 20,9 ºC. A precipitação média anual é de 1.239,7 mm, sendo o mês de agosto o de menor precipitação com média de 45,3 mm, e janeiro o mais chuvoso, com 164,5 mm de precipitação média (Mattos, no prelo). A diversidade de ambientes presentes na Restinga da Marambaia está relacionada com os processos de sua formação que deram, por conseqüência, origem a diferentes feições geomorfológicas, como as dunas, praiais, cristas praias, cordões arenosos e depressões intercordões. Estas feições são caracterizadas por diferentes níveis de saturação hídrica do solo e estão associadas a distintas fisionomias da vegetação (Menezes & Araujo, no prelo). 21 Figura 1: Localização da Restinga da Marambaia, RJ – Brasil (Fonte: Centro de Informações do Estado do Rio de Janeiro – CIDE, 1999). 22 Menezes & Araujo (no prelo) reconhecem 13 formações vegetais na Restinga da Marambaia: quatro formações herbáceas (herbácea aberta de praia, herbácea fechada inundável, herbácea fechada inundada e herbácea fechada de cordão arenoso), quatro formações arbustivas (arbustiva aberta não inundável, arbustiva aberta inundável, arbustiva fechada de cordão arenoso e arbustiva fechada de pós-praia) e cinco formações florestais (floresta inundada, floresta inundável, floresta de cordão arenoso, floresta de duna e complexo florestal inundável) (figura 2-4). Herbácea aberta de praia – formação dominada por espécies herbáceas, estoloníferas, rizomatosas, reptantes e resistentes ao alto teor de salinidade no solo, sendo sujeitas à destruição parcial ou total pelas ressacas. Está localizada próximo à linha de praia, após a zona de estirâncio, acima do nível médio das marés altas. Estendende-se pelos 40 Km de praia no lado oceânico da Restinga e no lado da Baía de Sepetiba só ocorre na Baía da Marambaia Herbácea fechada inundável (figura 4b) – associada às depressões formadas entre os cordões interno e externo. Essas depressões apresentam formato alongado e estão restritas a porção oeste da Restinga da Marambaia, onde sofreu uma colmatação, o que permite um afloramento do lençol freático apenas nos períodos mais chuvosos. Herbácea fechada inundada – ocorre em depressões sempre alagadas, associadas à construção de cúspides de baía (Ponta da Pombeba) na porção oeste e pelo acréscimo de cordões arenosos isolando uma região central de formato triangular na porção leste. Está representada exclusivamente por Typha domingensis Pers. e ciperáceas na região central das depressões, que proporcionam um aspecto homogêneo à formação atingindo cerca de 2 metros de altura; na periferia, sob maior oscilação do lençol freático, a vegetação não ultrapassa 1 metro de altura, predominando Blechnum serrulatum Rich., Paepalanthus tortilis (Bong.) Mart., Xyris jupicai Rich. e Paspalum maritimum Trin.. Herbácea fechada de cordão arenoso (figura 3c) – formação dominada por Allagoptera arenaria (Gomes) Kuntze, uma palmeira geófita rizomatosa de até 1,5m de altura, cuja parte aérea é constituída exclusivamente de folhas, inflorescência e infrutescência enquadrando-se na forma de vida herbácea, apesar da altura. Esta formação tem sido designada como “formação de Palmae” e nela podem ser encontrados arbustos esparsos. 23 Arbustiva aberta inundável – localizada na porção oeste da Marambaia, associada a determinados trechos do conjunto de feixes de cordões arenosos truncados que formam cúspides de baía. Estes feixes assumem a forma de “meia-lua” e fazem parte do complexo que deu origem ao esporão arenoso conhecido como Ponta da Pombeba. Ocorrem também em áreas de ecotono entre a formação arbustiva não inundável e a floresta inundável. A fisionomia é caracterizada por apresentar agrupamentos de arbustos, com altura média de 4m, individualizados por espécies herbáceas, marcadamente gramíneas e ciperáceas, ou o solo recoberto por Sphagnum sp. Arbustiva aberta não inundável (figura 4c) – está localizada no cordão interno da porção oeste Restinga da Marambaia, bordejadas por densas florestas com transição abrupta entre uma fisionomia e outra. A formação é composta por moitas densas de altura média de 4m, geralmente hemisférica, de tamanho relativamente homogêneo e individualizada por espaços desnudos com o solo exposto ou com cobertura esparsa de pequenos arbustos e ervas. As espécies centrais das moitas são de maior altura, podendo alcançar 6m, como Ocotea notata (Nees) Mez, Myrcia recurvata O.Berg, Clusia criuva Cambess., Protium brasiliense (Spreng,) Engl., Byrsonima sericea DC. e Humiria balsamifera (Aubl.) A.St.Hil. Arbustiva fechada de cordão arenoso (figura 3d) – esta formação restringe-se à porção leste da restinga, situada na face oceânica do alinhamento de dunas até atingir uma estrada que separa esta formação da herbácea fechada de cordão arenoso. O dossel está há uma altura média de 4m e as bordas das copas dos arbustos entremeiam-se umas as outras, dando um aspecto homogêneo e impenetrável à vegetação. A família de maior valor de importância nesta área é Myrtaceae (H.M.Dias, dados não publicados), que também apresenta um alto número de espécies (15). Arbustiva fechada de pós-praia – está representada em poucas áreas da Marambaia, localizadas no extremo oeste da restinga (Praia da Gaeta) e na porção leste (Campo de Provas da Marambaia). A formação está sobre a crista do cordão arenoso externo, adjacente à formação herbácea aberta de praia, com transição abrupta entre ambas as formações. Devido a sua proximidade com o mar, a fisionomia da formação é bastante influenciada pelo vento que traz grande quantidade de salsugem, existindo um aumento gradativo na altura dos arbustos no sentido mar-continente. 24 Floresta inundada – está restrita a porção oeste da restinga, junto ao embasamento do Pico da Marambaia, tendo sua ocorrência relacionada com o confinamento de uma área entre os cordões arenosos interno e externo e o embasamento do Pico da Marambaia. O afloramento do lençol freático é constante durante o ano, tendo a inundação dessa área também a contribuíção da drenagem das encostas do Pico da Marambaia. A vegetação é pouco densa, dominada por Tabebuia cassinoides (Lam.) DC., com indivíduos que podem atingir até 17 metros de altura. Floresta inundável – esta formação ocorre ao redor das lagoas Vermelha e Lagoinha, sendo inundada quando o nível d’água aumenta nos períodos de maior pluviosidade. Ocorre também nas depressões do cordão arenoso interno, formadas pelos arrombamentos causados pelo mar, sendo inundadas pelo afloramento do lençol freático. O dossel da floresta apresenta 20m de altura, podendo alumas árvores emergentes atingir 25m, como é o caso de Tapirira guianensis Aubl. e Calophyllum brasiliense Cambess., que também são espécies muito comuns. Floresta de cordão arenoso (figura 4e) – esta formação se restringe à porção oeste no cordão interno da Restinga da Marambaia e foi estabelecida em áreas livres da influência direta do lençol freático, mesmo nos períodos mais chuvosos. O dossel da floresta está a uma altura média de 15m, sendo que Couepia schottii Fritsch, Tapirira guianensis Aubl., Ficus cyclophylla (Miq.) Miq. e Pseudopiptadenia contorta (DC.) G.P.Lewis & M.P.Lima comportam-se como emergentes, podendo atingir até 20m de altura. Floresta de duna (figura 3e) – este tipo de formação está restrita à porção leste da restinga, sobreposta a uma única duna, com cerca de 30m de altura, que está isolada do alinhamento de dunas barcanas recobertas pela formação arbustiva de cordão arenoso. A vegetação apresenta diferenças estruturais e florísticas entre a face voltada para o oceano e a voltada para a Baía de Sepetiba, apresentando-se densa e com altura do dossel atingindo 8m na face voltada pra o oceano; e vegetação esparsa e com um dossel atingindo 15m de altura na face voltada para a Baía de Sepetiba. Em estudos fitossociológicos recentes nesta formação foram encontradas 47 espécies lenhosas, sendo Myrtaceae (17) e Leguminosae (4) as famílias mais ricas em espécies. As espécies com maior valor de importância foram Ocotea notata (Nees) Mez, Maytenus obtusifolia Mart., Byrsonima sericea DC., Cupania 25 emarginata Cambess. e Aspidosperma parvifolium A. DC. Myrtaceae é a família mais importante, tendo como espécies mais freqüentes Eugenia punicifolia (Kunth) DC., E. sulcata Spring ex Mart., E. bahiensis DC., E. copacabanensis Kiaersk. e Myrciaria floribunda (H.West ex Willd.) D.Legrand. Complexo florestal inundável (figura 4d) – está associado aos feixes de cordões arenosos que deram origem às cúspides voltadas para dentro da Baía de Sepetiba, topograficamente mais baixas do que o cordão arenoso interno. A vegetação é marcadamente influenciada pelas feições topográficas do terreno, ora correspondendo a depressões inundáveis entre os cordões de cúspides, ora correspondendo aos topos destes, que não inundam, constituindo um mosaico vegetacional formado por áreas diretamente influenciadas pela flutuação do lençol freático. Nos trechos em que a floresta recobre os cordões arenosos o dossel varia entre 20 a 25m de altura, sendo as espécies mais representativas Chaetocarpus myrsinites Baill., Pouteria grandiflora (A. DC.) Baehni, P. caimito Ruiz & Pav.) Radlk., Tapirira guianensis e Amaioua intermédia. Nos trechos próximos às depressões, o dossel da floresta torna-se mais alto, representado por indivíduos de T. guianensis Aubl. e Calophyllum brasiliensis Cambess., que atingem 25 a 30m de altura. A floresta nas depressões inundáveis é representada predominantemente por Tabebuia cassinoides (Lam.) DC., podendo também ocorrer Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin, Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg., Myrcia acuminatissima O.Berg e Annona glabra L., caracterizando uma área ecotonal com os trechos sem alagamento. 26 27 a b c d e Figura 3: Formações vegetais da porção leste da Restinga da Marambaia: a - vista aérea da porção oeste, b - vista panorâmica da porção oeste, c - formação herbácea fechada de cordão arenoso, d - formação arbustiva fechada de cordão arenoso, e - floresta de duna (a, c, e: fotos de L.F.T. Menezes; b, d: fotos de M.C.Souza). 28 a b c d e Figura 4: Formações vegetais da porção oeste da Restinga da Marambaia: a - vista panorâmica da porção oeste, b - formação herbácea fechada inundável, c - formação arbustiva aberta não inundável, d - complexo florestal inundável, e - floresta de cordão arenoso (a, d: fotos de D.S.D.Araujo; b, e: fotos de L.F.T.Menezes; c: foto de M.C.Souza). 29 2. As Myrtaceae na Restinga da Marambaia A família Myrtaceae na Restinga da Marambaia abrange três subtribos, às quais estão subordinadas 11 gêneros, perfazendo um total de 30 espécies (tabela 1). Os gêneros estão subordinados às subtribos Eugeniinae (4), Myrciinae (4) e Myrtinae (3). A subtibo com maior número de espécies é Eugeniinae (17 spp.), seguida de Myrciinae (9 spp.) e Myrtinae (4 spp.). O grande número de espécies observado em Eugeniinae pertence, principalmente, ao gênero Eugenia (13 spp.). Tabela 1: Riqueza de táxons da família Myrtaceae na Restinga da Marambaia Subtribos 1. Eugeniinae 2. Myrciinae 3. Myrtinae Gêneros No. de espécies 1.Eugenia 13 2.Myrciaria 2 3.Neomitranthes 1 4.Plinia 1 5.Calyptranthes 1 6.Gomidesia 2 7.Marlierea 1 8.Myrcia 5 9.Blepharocalyx 1 10.Myrrhinium 1 11.Psidium 2 Total de espécies 30 As espécies ocorrem em nove do total das 13 formações vegetais definadas para a Restinga de Marambaia. As espécies de Myrtaceae e suas respectivas ocorrências nas formações vegetais da Restinga da Marambaia são apresentadas na tabela 2. A formação que apresenta a maior riqueza de espécies é a floresta de duna (19spp.), seguida pelo complexo florestal inundável (18spp.), formação arbustiva fechada de cordão arenoso (15spp.), floresta de cordão arenoso (15spp.) e arbusti 30 va aberta não inundável (12spp.). O maior número de gêneros por formação vegetal foi oito, no complexo florestal inundável. Tabela 2: Espécies de Myrtaceae e suas ocorrências nas formações vegetais da Restinga da Marambaia (RJ). As formações vegetais foram indicadas numericamente: 1 - herbácea fechada de cordão arenoso; 2 - arbustiva aberta não inundável; 3 - arbustiva aberta inundável; 4 - arbustiva fechada de cordão arenoso; 5 arbustiva fechada de pós-praia; 6 - floresta inundável; 7 - floresta de cordão arenoso; 8 - floresta de duna; 9 complexo florestal inundável. * Área pertubada ESPÉCIES Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O.Berg Calyptranthes brasiliensis Spreng. Eugenia bahiensis DC. Eugenia brasiliensis Lam. Eugenia copacabanensis Kiaersk. Eugenia excelsa O. Berg Eugenia neonitida Sobral Eugenia neosilvestris Sobral Eugenia oxyoentophylla Kiaersk. Eugenia punicifolia (Kunth) DC. Eugenia rostrata O.Berg Eugenia rotundifolia Casar. Eugenia sp. Eugenia sulcata Spring ex Mart. Eugenia uniflora L. Gomidesia fenzliana O.Berg Gomidesia martiana O.Berg Marlierea tomentosa Cambess. Myrcia acuminatissima O.Berg. Myrcia lundiana Kiaersk. Myrcia multiflora (Lam.) DC. Myrcia recurvata O.Berg. Myrcia richardiana (O.Berg.) Kiaersk. Myrciaria floribunda (H. West ex Willd.) O.Berg Myrciaria tenella (DC.) O.Berg Myrrhinium atropurpureum Schott Neomitranthes obscura (DC.) N.Silveira Plinia illhensis G.M.Barroso Psidium cattleyanum Sabine Psidium guineense Sw. Nº total de espécies 1 2 6 12 FORMAÇÃO VEGETAL 3 4 5 6 7 8 9 * 15 19 18 1 15 8 10 31 2.1. Aspectos morfológicos gerais As espécies de Myrtaceae apresentam porte arbustivo de 0,5 a 2m de altura ou arbóreo alcançando até 9m de altura, destacando-se que a grande maioria dos indivíduos é arvoreta, em geral, com cerca de 4 -5m. Os troncos, segundo o aspecto morfológico externo da casca, podem ser distinguidos em cinco padrões (figuras 5, 6 e 7): (1) áspero, quando a superfície apresentase acidentada marcada, em geral, por fissuras tênues, ou às vezes não bem definadas, que se tornam proeminentes, como observado em Eugenia bahiensis, E. excelsa, E. punicifolia, E. rotundifolia, E. sp, Gomidesia fenzliana, G. martiana, Myrrhinium atropurpureum e Plinia ilhensis; (2) áspero, com a casca desprendendo-se em placas, como em E. neonitida, E. oxyoentophylla, E. uniflora, Marlierea tomentosa, Myrcia richardiana, Neomitranthes obscura e Psidium guineense; (3) laminado, com casca desfoliante em lâminas finas, papiráceas e de forma irregular, como em E. brasiliensis, E. copacabanensis, E. neosilvestris, E. sulcata, M. acuminatissima e M. multiflora; (4) laminado, com casca desfoliante em placas rígidas e coriáceas que após o desprendimento deixam o tronco com o aspecto inteiramente liso, como em Calyptranthes brasiliensis, E. rostrata, M. lundiana, Myrciaria floribunda, M. tenella e P. cattleyanum; (5) fissurado que se caracteriza pela presença de sulcos longitudinais e a casca não se desprende, tal como observado apenas em M. recurvata. Entre os padrões observados, o laminado desfoliante é o mais característico das Myrtaceae, possibilitando o fácil reconhecimento no campo, como táxons dessa família. Entretanto, como caracter isolado os aspectos do tronco não subsidiam, na maioria das vezes, a identificação em níveis genérico e/ou específico. Em geral, os ramos jovens são achatados ou angulosos, glabros ou cobertos por indumento com tricomas que podem ser simples, na maioria das espécies, dibraquiados, apenas em Calyptranthes brasiliensis, ou do tipo farináceo, observado em Gomidesia martiana. Este último tipo foi descrito anatomicamente por Fontenelle et al. (1993) como de forma “suigeneris”, apresentando projeções aleatórias, arredondadas, e, até o momento foi encontrado apenas nesta espécie e em G. spectabilis, não presente na Restinga da Maramabaia. Os tipos e as cores do indumento são variados e, em geral, utilizados no conjunto de caracteres diagnósticos para os táxons específicos. 32 a b c d Figura 5: Aspecto da casca externa do tronco: áspero: a - G. fenzliana, b - G. martiana; áspero desprendendo-se em placas: c - E. oxyoentophylla, d - M. tomentosa. 33 a b c d Figura 6: Aspecto da casca externa do tronco: laminado desfoliante em lâminas finas e papiráceas: a - E. brasiliensis, b - M. multiflora; laminado desfoliante em placas rígidas tornando-se liso: c - C. brasiliensis, d - E. rostrata. 34 a b Figura 7: Aspecto da casca externa do tronco fissurado em M. recurvata: a - aspecto geral do tronco, b - detalhe da casca externa. 35 As folhas caracterizam-se principalmente pela filotaxia oposta e pelos pontos translúcidos ou opacos que embora sejam de presença mais comum nas folhas, também podem aparecer em botões, flores, frutos, testa das sementes e, mais raramente, nos embriões. Tais pontos são definidos anatomicamente como cavidades secretoras (Fontenelle et al. 1994), produtoras de óleo. Estes pontos podem ser concolores ou discolores em relação à superfície foliar, e estarem imersos na epiderme ou proeminentes, neste caso assumindo um aspecto verrucoso como em E. rotundifolia. Como em outras famílias botânicas, as formas da lâmina, do ápice e da base foliar, assim como as dimensões, apresentam uma grande amplitude de variação morfológica entre os táxons e inclusive, às vezes, entre os indivíduos de uma mesma espécie, conforme apresentado no tratamento taxonômico das espécies. O padrão de nervação foliar, na maioria das espécies estudadas, é do tipo camptódromo-broquidódromo. Neste padrão, os arcos ou laços que formam a nervura marginal podem se apresentar de duas formas: (1) arcos fechados em ângulos obtusos, formando uma linha quase contínua ao longo bordo da folha, deixando muito evidente a formação da nervura marginal, na maioria das espécies; (2) arcos em ângulos retos ou quase retos, que ocorre apenas em E. uniflora e G. fenzliana. Outro tipo de padrão de nervação evidenciado é o craspedódromo-simples, definido pelo alcance das nervuras secundárias até a margem foliar; observado apenas em P. guineense. A nervura principal apresenta-se sulcada, plana ou saliente na face adaxial e sempre saliente na face abaxial; nervuras secundárias variam desde fortemente impressas, tênues até inconspícuas em ambas as faces. As nervuras intramarginais, que se localizam entre a nervura marginal e o bordo foliar, podem variar em relação ao número (1-2) e estão presentes nas espécies de Calyptranthes, E. bahiensis, Gomidesia, Marlierea, Myrcia e P. cattleyanum. O bordo foliar apresenta-se plano ou revoluto e em determinado grupo de espécies pode ser bem destinto devido a sua coloração amarelada, geralmente associada a uma maior espessura em relação a lâmina foliar (E. copacabanensis, Eugenia sp., N. obscura, P. ilhensis). A inflorescência em Myrtaceae é fundamental no entendimento de relações entre os táxons e na compreensão das tendências evolutivas da família. Desde os estudos realizados por Berg (1855-56, 1857-59), a organização infragenérica em Eugenia e Myrcia, por 36 exemplo, levou em consideração os tipos de inflorescências reconhecidos por este autor. A estrutura da inflorescência foi detalhadamente estudada por Briggs & Johnson (1979), bem como discutida a terminologia, os tipos reconhecidos e o grau de complexidade em relação a estruturação e as tendências evolutivas. Barroso et al. (1997), dedicando-se nos últimos anos ao estudo das Myrtaceae do sudeste brasileiro, deu especial atenção às inflorescências, buscando aplicar os resultados de Briggs & Johnson (l.c.) às espécies do sudeste. As inflorescências das espécies estudadas no presente trabalho são originadas nos ramos, não ocorrendo caulifloria como conhecido para outras espécies da família. Quanto à posição, as inflorescências são axilares, originando-se nas axilas das folhas e distinguindose nas seguintes variações: as axilares terminais, que se posicionam nas terminações dos ramos, devendo ser esta uma fase preliminar da condição axilar em nós folhosos mais basais; as axilares em nós folhosos basais; as axilares em nós áfilos, onde apenas a gema foliar é evidente. Observou-se ainda que em algumas espécies todos os indivíduos examinados apresentaram o posicionamento das inflorescências somente em nós foliares; em outras espécies, encontraram-se indivíduos com suas inflorescências ocorrendo tanto em nós folhosos como em nós áfilos. Entretanto, não foram encontradas inflorescências originando-se somente em nós áfilos. Destaca-se ainda que em Psidium cattleyanum e algumas espécies de Myrcia foram observados indivíduos com inflorescências originadas nas axilas das folhas ou em outras regiões dos ramos, onde pode se encontrar apenas ferofilo. As inflorescências, em geral, são providas de ferofilos e profilos, denominações estas que correspondem às brácteas e bractéolas, respectivamente (Briggs & Johnson, 1979), que normalmente são ovados ou trianguares, persistentes ou decíduos. Os profilos podem estar livres entre si ou conados e, nesta condição, em geral são persistentes (E. oxyoentophylla, Eugenia sp., M. floribunda, M. tenella, N. obscura, P. ilhensis). Na Restinga da Marambaia foram observados sete tipos morfológicos de inflorescência: panícula, tirsóide, dicásio, mônade, fascículo, racemo de díade e racemo “stenocalyx” (figuras 8, 9 e 10). 37 Figura 8: Desenho esquemático dos tipos de inflorescências presentes nas espécies de Myrtaceae na Restinga da Marambaia: a - panícula, b - tirsóide, c - dicásio, d - mônades, e - fascículo, f racemo de díade, g - racemo "stenocalyx". 38 Os tipos panícula, tirsóide, dicásio e mônade têm o desenvolvimento na porção terminal do eixo principal (raque) ou do lateral definido por uma flor e são consideradas inflorescências monotélicas (figura 9). As panículas, nas espécies estudadas, são muito ramificadas, multifloras, e por vezes sem uma estruturação de ramificação ordenada; a flor terminal nem sempre é distinta das demais (Marlierea tomentosa, Myrcia acuminatissima, M. lundiana, M. multiflora). Os tirsóides, como considerados no presente trabalho, apresentam um padrão com um menor número de ramificações do que as panículas e estas se mostram ordenadas em ramificações sempre dicotômicas, terminando com um dicásio simples (C. brasiliensis, G. fenzliana, G. martiana, M. recurvata e M. richardiana). Segundo Briggs & Johnson (1979) e Barroso et al. (1997) na família Myrtaceae há uma gradação do tipo panícula, para a forma tirsóide. Briggs & Johnson (l.c.) ressaltam que algumas formas de panícula poderiam ser consideradas como complexos de tirsóides. Os dicásios são caracterizados por suas ramificações sempre dicotômicas, constituída por 2 flores laterais sobre antopódios e a flor central sem antopódio. Este tipo é de ocorrência marcante na subtribo Myrtinae, observados aqui em Blepharocalyx, Myrrhinium e Psidium guineense. A inflorescência do tipo mônade, caracteriza-se pela presença de uma única flor na axila das folhas ou em outras regiões dos ramos; o tipo é exclusivo das espécies de Psidium. Em P. guineense observa-se uma variação nos indivíduos e até no mesmo espécime entre os tipos dicasio e mônade. Percebe-se claramente que ocorre a perda dos ramos laterais do dicásio, mantendo-se apenas a flor central. Os tipos fascículo, racemo de díade e racemo “stenocalyx” têm o eixo principal com desenvolvimento indeterminado, não terminado por uma flor. São inflorescências politélicas, originadas de uma forma racemiforme, consideradas como conflorescências racemiformes (Briggs & Johnson, 1979; Barroso et al. 1997). Os fascículos (figura 10 a, b) apresentam o eixo principal reduzido, em maior ou menor grau, ficando as flores aproximadas umas das outras, aparentemente originando-se de um único ponto, e cada uma sustentada por um antopódio. São representados por algumas espécies de Eugenia, pelas espécies de Myrciaria e Neomitranthes obscura. 39 a b c d Figura 9: Inflorescências monotélicas: panícula - a: M. lundiana; tirsóide - b: M. recurvata; dicásio - c: M. atropurpureum var. atropurpureum; mônade - d: P. guineense. 40 Espécies de Eugenia foram posicionadas por Berg (1855-56; 1857-59) no grupo denominado por ele como umbellatae porque nestes táxons a redução em maior grau no eixo principal deixa as flores bastante aproximadas, assemelhando-se a uma umbela. Os racemos de díade se caracterizam basicamente pela presença de apenas 2 flores opostas, também sustentadas por um antopódio. Foram reconhecidas para as espécies de Eugenia sp. e Plinia ilhensis. No racemo “stenocalyx” (figura 10 c, d) há um conjunto de ferofilos involucrais na base da raque. Estes ferofilos, variáveis em número, são bastantes característicos pela disposição imbricada e consistência rígida, sendo referidos também como catáfilos (Barroso et al. 1984). Após a floração, o ramo retorna ao seu crescimento vegetativo. As flores possuem, em geral, antopódio longo. Tal tipo foi reconhecido em E. brasiliensis, E. neonitida, E. neosilvestris, E. sulcata e E. uniflora. Ressalta-se que embora em E. neonitida, E. sulcata e E. uniflora tenha se verificado a ausência do invólucro de ferófilos, as demais características peculiares ao racemo “stenocalyx” estão presentes e, por esta razão, as inflorescências de tais táxons foram classificadas como pertencentes a este tipo. A denominação racemo “stenocalyx” é em alusão a um grupo de espécies de Eugenia posicionadas por Berg (1855-56; 1857-59) no então gênero Stenocalyx, atualmente sinônimo de Eugenia. Observa-se, entretanto, que o racemo “stenocalyx” pode ocorrer em espécies de outros gêneros, além de Eugenia (McVaugh, 1968), não representados na Restinga da Marambaia. As flores são tetrâmeras ou pentâmeras, em geral, sésseis e inseridas no ápice de um eixo denominado por Briggs & Johnson (1979) de antopódio, que é uma estrutura que faz parte do sistema de ramificação da inflorescência, portanto, sendo inadequado chamá-lo de pedicelo floral. Geralmente as flores apresentam os 4 verticilos florais bem formados, podendo apresentar corola com as pétalas reduzidas em tamanho, como em Calyptranthes brasiliensis e Neomitranthes obscura; ou pétalas ausentes, como em Marlierea tomentosa. 41 a b c d Figura 10: Inflorescências politélicas: fascículo - a: E. rotundifolia, b: N. obscura; racemo "stenocalyx" - c: E. brasiliensis, d: E. uniflora. 42 O botão floral pode apresentar o cálice variando de aberto a parcialmente ou completamente fechado; os lobos do cálice podem ser distintos ou indistintos e variarem em número, de 3 a 5. Nos botões fechados os lobos do cálice se concrescem inteiramente (ex. C. brasiliensis, M. tomentosa, N. obscura, Plinia ilhensis e Psidium guineense); nos parcialmente fechados há uma pequena abertura e os lobos são diminutos e indistintos no ápice do botão, como em P. cattleyanum; nos botões abertos o globo petalífero fica exposto em maior ou menor grau, depedendo do comprimento dos lobos do cálice, que são sempre bem definidos como nas espécies de Blepharocalyx, Eugenia, Gomidesia, Myrcia, Myrciaria. No caso dos botões fechados a abertura se dá ou pelo rompimento irregular longitudinal do tubo do cálice, formando 3-5 lobos, como ocorre em M. tomentosa, Plinia ilhensis, Psidium guineense ou por uma ruptura calipitriforme como em C. brasiliensis e N. obscura. A morfologia do cálice no botão floral foi utilizada por Berg (1855-56, 1857-59) como importante caráter diagnóstico para a delimitação e descrição de novos gêneros. Com contribuições posteriores nos estudos de Myrtaceae, associadas a um maior número de coletas e de espécimes em herbários, foi observado (Landrum, 1984) que essa característica do cálice do cálice aberto ou fechado no botão floral pode variar entre espécies de um mesmo gênero, sendo portanto frágil como um carater diagnóstico genérico. Sobral (2003) reforça o posicionamento de Landrum (l.c.), destacando ainda que a delimitação entre Myrcia, Calyptranthes e Marlierea, baseada apenas no critério de abertura do cálice, é artificial. Entretanto, os referidos táxons são mantidos pela grande maioria dos especialistas em Myrtaceae, principalmente, devido aos inúmeros problemas taxonômicos que apresentam e por questões nomenclaturais (Sobral, l.c.). O desenvolvimento do tubo do cálice (hipanto) sobre o ovário pode ser evidente, como ocorre em Calyptranthes, Marlierea, Gomidesia, na maioria das espécies aqui estudadas de Myrcia (seção Aulomyrcia), Myrciaria, Neomitranthes, Plinia e Psidium, ou não evidente, como em Blepharocalyx, Eugenia e Myrcia recurvata (Seção Myrcia). Este caráter foi utilizado por Berg (1955-56) para a separação entre Aulomyrcia e Myrcia, entretanto, atualmente, não é reconhecido como de valor diagnóstico na delimitação entre táxons genéricos; pode ser útil na distinção entre táxons específicos subordinados a um 43 mesmo gênero. Os lobos do cálice, após a antese, é persistente na maioria dos táxons e decíduo apenas nas espécies de Myrciaria. O androceu é formado por numerosos estames, geralmente de coloração branca, dispostos em várias séries sobre o bordo do hipanto, logo abaixo dos lobos caliciniais ou sobre o disco estaminífero, carnoso em torno do ápice do ovário. Apenas Myrrhinium apresenta o androceu de coloração vermelha e com somente oito estames. As anteras são rimosas, apresentando apenas nas espécies de Gomidesia uma assimetria na abertura, onde uma das paredes da teca fica posicionada ligeiramente mais alta do que a outra, tomando uma aparência sigmóide. Esta característica serviu como base para Berg (1855-56, 185759) criar o gênero Gomidesia, sendo o único caráter que o distingui de Myrcia. Por esta razão, este gênero vem sendo contestado e foi incluído no gênero Myrcia por Landrum & Kawasaki (1997) e Sobral (2003). O gineceu é sempre constituído de ovário ínfero, com 2, 3 ou 5 lóculos, sendo que apenas P. cattleyanum apresenta cinco lóculos no ovário. Possui de 2 a muitos óvulos por lóculo e estigma filiforme ou globoso. Neste caso só é observado nas espécies de Psidium, sendo considerado típico para o gênero. A estrutura externa do ovário não é muito variável na família, tendo utilidade apenas para a distinção de algumas espécies de Eugenia, que apresentam 8-costas longitunais como E. neonitida, E. sulcata e E. uniflora, resultando em frutos igualmente costados. O fruto pode ser globoso, piriforme ou elipsóide, glabro ou piloso e, em algumas espécies de Eugenia, costado longitudinalmente. Em geral apresentam coloração que varia do amarelo, alaranjado, vermelho, violáceo, até atropurpureo (figuras 11 e 12). Os lobos do cálice são persistentes nos frutos, exceto em Myrciaria onde o cálice é decíduo após cisão transversal no hipanto, deixando uma cicatriz circular no fruto. O pericarpo é carnoso de pouca a mediana espessura e a polpa, sempre presente, pode ser abundante e envolver ou não a semente. O espaço interno apresenta-se indiviso, na maioria das espécies, ou delimitado em lóculos. Este conjunto de caracteres é peculiar ao tipo bacóide e com base nas variações expostas, em relação principalmente à polpa e ao espaço interno do fruto, são reconhecidos 3 subtipos (Barroso et al. 1999): 44 Bacáceos – pericarpo de pouca a muita espessura, com espaço central não dividido por septos, geralmente com poucas sementes que não se encontram envolvidas por polpa. Apresentam esse subtipo as espécies de Calyptranthes, Eugenia, Gomidesia, Marlierea, Myrcia, Myrrhinium. Bacídio – semelhante ao bacáceo, porém apresenta a semente envolta por polpa. Este subtipo só foi encontrado em Myrciaria e Neomitranthes. Solanídio – pericarpo com a cavidade central dividida em 3 ou 5 lóculos e totalmente preenchida por polpa carnosa, que tem origem a partir do desenvolvimento das placentas (Barroso et al., 1999), deixando o espaço central dos lóculos reduzidos; as sementes são numerosas e envolvidas por polpa. Este tipo é de ocorrência exclusiva no gênero Psidium. 45 a b c d e f Figura 11: Frutos: a - E. copacabanensis (frutos imaturo e maduros); b - E. neonitida (frutos imaturo e maduro); c - E. sulcata (frutos maduros); d - E. uniflora (frutos maduros); e - M. floribunda (frutos imaturos e maduros); f - M. tenella (frutos maduros). 46 a b c d e f Figura 12: Frutos: a - N. obscura (frutos imaturos); b - G. martiana (frutos maduros); c M. tomentosa (frutos imaturos); d - M. recurvata (frutos imaturos e maduros); e - P. cattleyanum (frutos maduros); f - P. guineense (frutos imaturos). 47 As sementes apresentam a testa membranácea ou cartácea nas subtribos Eugeniinae e Myrciinae, já na subtribo Myrtinae tem uma consistência mais rígida ou óssea, como obsevado em espécies de Psidium. Os embriões são estruturas fundamentais na organização sistemática das subtribos, destacando-se que a família Myrtaceae foi, de certa forma, pioneira para o conhecimento da estrutura do embrião e de sua importância na taxonomia, tendo em vista as descrições e observações de Candolle (1826) em seus estudos sobre essa família. Em consequência disto as denominações utilizadas pelos especialistas de Myrtaceae estão relacionadas aos nomes das subtribos que caracterizam. Entre as espécies estudadas na Restinga de Marambaia são reconhecidos os tipos de embrião: Invaginado plicado – eixo hipocótilo-radícula e cotílédones distintos entre si, não contínuos, cotilédones amplos, maiores que o eixo, foliáceos, dobrados e plicados em torno do eixo hipocótilo-radícula. Nas Myrtaceae, denominam-se mircióides e caracterizam as espécies da subtribo Myrciinae. Hipocotilar – eixo hipocótilo-radícula bastante desenvolvido e cotílédones distintos, entretanto vestigiais. Na família, são conhecidos como embriões mirtóides, em alusão a subtribo a Myrtinae. Estudos em relação aos aspectos anatômicos, de germinação e a dilatação do eixo deste tipo de embrião em relação a diferentes espécies da subtribo Myrtinae foram realizados por Landrum & Stevenson (1986). Conferruminado - o embrião é em geral globoso ou ovóide, crasso, sem distinção do eixo hipocótilo-radícula e nem dos cotílédones que, por sua vez, são fundidos um ao outro. São característicos das espécies do gênero Eugenia e Myrciaria. Em outros gêneros da subtribo Eugeniinae, como em Plinia e Neomitranthes, observa-se que o embrião é globoso, crasso com o eixo bastante curto mas ainda distinto dos cotilédones que, podem estar livres entre si ou aderidos um ao outro e ainda deixam visível a linha de sutura entre ambos, considerando-se uma variação do tipo conferruminado. O tipo é conhecido nas Myrtaceae como embrião eugenióide. 48 2.2. Tratamento taxonômico 2.2.1. Descrição da família Myrtaceae para a Restinga da Marambaia. Plantas lenhosas, de arbustivas a abóreas, glabras ou pilosas, com numerosas cavidades secretoras produtoras de óleo, presentes em forma de pontos translúcidos ou opacos, que freqüentemente aparecem nas folhas, flores, frutos e sementes; folhas simples, opostas, geralmente com nervura marginal; inflorescências em panículas, tirsóides, dicásios, mônades, fascículos, díades e racemos “stenocalyx”; flores andróginas, actinomorfas, diclamídias, de coloração branca, exceto Myrrhinium com flores vermelhas; cálice aberto, com 4 ou 5 lobos evidentes, ou fechado no botão floral, abrindo-se por uma caliptra ou pelo rompimento em lobos; corola dialipétala, raramente de tamanho reduzido ou ausente; androceu com muitos estames, salvo Myrrhinium que apresenta até 8 estames, anteras rimosas; estigma filiforme, apresentando-se globoso apenas nas espécies de Psidium; ovário infero; frutos bacóides; sementes com embrião do tipo eugenióide, mircióide ou mirtóide. 2.2.2. Chave para identificação das subtribos 1 Embrião globoso, com cotilédones carnosos, concrescidos entre si ou livres, planoconvexos, com eixo hipocótilo-radícula pouco desenvolvido ou inconspícuo; vários óvulos axilares, exceto em Myrciaria, Neomitranthes e Plinia (2 basais/lóculo)............ Eugeniinae 1' Sem o conjunto de caracteres 2 Embrião invaginado plicado com cotilédones livres entre si, foliáceos, muito dobrados, bem desenvolvido; eixo hipocótilo-radícula desenvolvido, geralmente circundando os cotilédones; 2 óvulos basais/lóculo ..................................... Myrciinae 2' Embrião com eixo hipocotilar bem desenvolvido, curvo, mais ou menos crassos e cotilédones reduzidos, planos ou vestigiais; 4-numerosos óvulos/lóculo ...... Myrtinae 49 2.2.3. Chave para identificação das espécies 1 Inflorescência em panícula ou tirsóide. (Subtribo Myrciinae) 2 Botão floral com cálice fechado, lobos caliciniais não distintos. 3 Cálice abrindo-se por uma caliptra; ramos, pecíolos e face abaxial das folhas quando novos, inflorescências, flores e frutos ferrugíneo-tomentosos ............................................................................... Calyptranthes brasiliensis - p.93 3' Cálice abrindo-se em lobos (4-5), irregulares, profundamente fendidos; ramos e folhas novos, inflorescências, flores e frutos albo-tomentosos ...................................................................................... Marlierea tomentosa - p.103 2' Botão floral com cálice aberto, lobos caliciniais 5, distintos. 4 Anteras com abertura sigmóide. 5 Ramos novos, ambas as faces das folhas novas, inflorescências, flores e frutos com indumento amarelado-pardacento, viloso; folhas obovadas ou elípticas, com ápice obtuso, arredondado ou retuso; ovário trilocular ............................................................................... Gomidesia fenzliana - p.97 5' Ramos novos, e somente a face abaxial das folhas, inflorescências, flores e frutos com indumento amarelo, farináceo; folhas lanceoladas ou oblongas, com ápice acuminado; ovário bilocular ............... Gomidesia martiana - p.100 4' Antera com abertura reta. 6 Hipanto não prolongado acima do topo do ovário...Myrcia recurvata - p.113 6' Hipanto prolongado acima do topo do ovário. 7 Inflorescência do tipo tirsóide; ovário trilocular ....................................................................... Myrcia richardiana - p.115 7' Inflorescência do tipo panícula; ovário bilocular. 8 Botão floral com globo petalífero aparente até cerca da metade do tamanho do botão; cálice com lobos pouco salientes ................................................................. Myrcia multiflora - p.111 8' Botão floral com globo petalífero pouco ou não aparente no ápice do botão; cálice com lobos proeminentes. 9 Ramos e folhas novas, inflorescências, flores e frutos canescentes e vilosos ....... Myrcia acuminatissima - p.107 50 9' Ramos, folhas e frutos glabros; ramos da inflorescência avermelhados e tomentosos; flores, quando em botão, pubescentes no ápice ................... Myrcia lundiana - p.109 1' Inflorescência de outros tipos. (Subtribo Eugeniinae e Myrtinae) 10 Botão floral com cálice fechado ou com uma pequena abertura apical. 11 Cálice abrindo-se por uma caliptra ....................... Neomitranthes obscura - p.87 11' Cálice abrindo-se em lobos. 12 Flores em racemo de díade; estigma filiforme ............ Plinia ilhensis - p.90 12' Flores em mônades ou dicásios; estigma globoso. 13 Botão floral globoso-obovado; cálice parcialmente fechado .................................................................... Psidium catlleyanum - p.123 13' Botão floral com forma de “8” constricto logo acima do ovário; cálice totalmente fechado .............................. Psidium guineense - p.125 10' Botão floral com cálice aberto. 14 Inflorescência do tipo dicásio. 15 Folhas com ápice acuminado e mucronado; flores com androceu com mais de 20 estames .............................................. Blepharocalyx salicifolius - p.118 15' Folhas com ápice obtuso ou arredondado; flores com androceu de 5-8 estames .................................................... Myrrhinium atropurpureum - p.120 14' Inflorescência de outros tipos. 16 Flores com hipanto prolongado acima do ovário, estes com os lobos decíduos logo após a floração. 17 Folhas elípticas ou lanceoladas, 25-60 x 10-30 mm; ápice longo acuminado; pecíolo com 5-8 mm comp. ..... Myrciaria floribunda - p.81 17' Folhas elípticas ou oblongas, 15-25 x 5-8 mm; ápice agudo; pecíolo com até 1 mm comp. .......................................... Myrciaria tenella - p.84 16' Flores sem hipanto prolongado, com lobos persistentes após a floração. 18 Inflorescência do tipo racemo “stenocalyx”. 19 Flores com hipanto e ovário 8-costado; fruto 8-costado. 51 20 Profilos persistentes na antese e ocultando o ovário; lobos do cálice foliáceos ultrapassando o globo petalífero ......................................................... Eugenia neonitida - p.54 20' Profilos decíduos; lobos do cálice não foliáceos, nem ultrapassando o globo petalífero. 21 Folhas elípticas ou oblongas, com pontuações densas na face abaxial, visíveis a olho nú; nervuras secundárias pouco evidentes em ambas as faces; nervura marginal inconspícua; frutos maduros atropurpureo, com lobos do cálice roxos .......................... Eugenia sulcata - p.72 21' Folhas ovadas ou elípticas, com pontuações não visíveis a olho nu em ambas as faces; nervuras secundárias visíveis e salientes na face abaxial; nervura marginal conspícua; frutos maduros vermelhos, com lobos do cálice verdes ............. Eugenia uniflora - p.75 19' Flores com hipanto e ovário não costado; frutos não costados. 22 Planta glabra; folhas obovadas ou oblongas com pecíolos 8-13 mm comp.; raquis 20-40 mm comp.; botões florais 8-10 mm comp. ............................................. Eugenia brasiliensis - p.46 22' Planta com ramos novos, pecíolos, face abaxial das folhas e quando novas também a abaxial, antopódio, flores e ovário ferrugíneo-viloso; folhas elípticas ou oval-oblongas com pecíolos 1-5 mm comp.; raquis 3-13 mm comp.; botões florais 4 mm comp. ........................................... Eugenia neosilvestris - p.57 18' Inflorescência em fascículo ou racemo de díade 23 Inflorescência em racemo de díade ............... Eugenia sp. - p.78 23' Inflorescência em fascículo 24 Cálice ocultando o globo petalífero 25 Lobos do cálice iguais ......... Eugenia excelsa - p.51 52 25' Lobos do cálice desiguais 26 Profilos conados, ocultando o ovário, persistentes no fruto ............................................... ………………... Eugenia oxyoenthophylla - p.60 26' Profilos não conados 27 Ramos novos, folhas novas, pecíolos, inflorescência, velutinos; flores frutos, e frutos quando curto- maduros, enegrecidos .......... Eugenia bahiensis - p.43 27' Planta glabrescente, às vezes com ramos novos, folhas pubérulas; novas frutos, e inflorescências quando maduros, vermelhos .......... Eugenia punicifolia - p.62 24' Cálice não ocultando o globo petalífero 28 Folhas com nervura principal saliente na face adaxial; bordo foliar com espessamento amarelado e pecíolo amarelado ....... Eugenia copacabanensis - p.48 28' Folhas com nervura principal plana ou sulcada na face adaxial; bordo revoluto e pecíolo não amarelado 29 Folhas com ápice longo acuminado; nervuras secundárias tênues a impercepitíveis em ambas as faces ................................ Eugenia rostrata - p.66 29' Folhas com ápice arredondado, obtuso ou curto obtuso-acuminado; nervuras secundárias visíveis em ambas as faces ..................................... .................................. Eugenia rotundifolia - p.69 53 2.2.4. Descrições dos táxons 2.2.4.1. Subtribo Eugeniinae O.Berg Inflorescências axilares terminais, em nós folhosos basais ou em nós áfilos, em díades, fascículos ou racemo “stenocalyx”. Flores tetrâmeras, com cálice aberto ou fechado no botão floral, quando fechado abrindo-se pelo rasgamento do hipanto em 3-4 lobos irregulares ou por uma caliptra. Pétalas presentes; androceu polistêmone; hipanto elevado acima do ovário ou não; ovário bilocular, 2 ou mais óvulos por lóculo. Baga do tipo bacáceo ou bacídio, com 1-2 sementes; embrião eugenióide, com cotilédones unidos formando uma estrutura ovóide sem vestígio de eixo hipocótilo-radícula, ou livres, crassos, plano-convexos e com eixo hipocótilo-radícula curto. Está representada na Restinga da Marambaia pelos gêneros Eugenia, Myrciaria, Neomitranthes e Plinia. Eugenia L., Sp. pl. 1 (1): 470. 1753. Lectótipo: Eugenia uniflora L., desiguinado por McVaugh (1956). Arbusto a árvore de até 9 metros de altura. Inflorescências axilares terminais, em nós folhosos basais ou em nós áfilos, em díades, fascículos, ou racemo tipo “stenocalyx”; profilos livres ou conados, decíduos ou persistentes na antese, podendo permanecer até o fruto. Flores tetrâmeras, botões florais com cálice aberto, com o globo petalífero visível ou oculto pelos lobos do cálice; lobos do cálice desiguais, iguais, podendo ser foliáceos, ultrapassando o globo petalífero; hipanto não elevado acima do ápice do ovário; ovário bilocular, com mais de 4 óvulos por lóculo. Baga do tipo bacáceo, globosa, elipsóide ou piriforme, amarelo, vermelho ou atropurpureo quando maduro e com lobos caliciniais persistentes; sementes1-2; embrião conferruminado, globoso a reniforme, compactado ou com uma linha de separação dos cotilédones, radícula visível ou não. Eugenia é um dos gêneros com maior número de espécies, porém o número total é incerto, devido aos vários problemas nomeclaturais envolvidos. Certamente, ao gênero, estão subordinadas mais de 500 espécies que ocorrem na América do Sul (McVaugh, 1968). Landrum & Kawasaki (1997) calculam cerca de 350 espécies para o Brasil; na Restinga da Marambaia ocorrem 13 espécies. 54 Eugenia bahiensis DC., Prodr. 3: 271. 1828. Tipo: “Brasiliae prov. Bahiensi”. Martius s.n., s.d., M, fototipo!. = Eugenia velutiflora Kiaersk., Enum. Myrt. bras.: 144. 1893. (Tipo: Brasil, Rio de Janeiro, “ad Morro da Boa Vista”. Glaziou , 07/III/1887, R!-isotipo, RB!-isotipo). sinônimo novo = Eugenia maricaensis G.M. Barroso, Bradea 5(35): 357-358, fig.1. 1990. (Tipo: Brasil, Rio de Janeiro, Maricá. J. Azeredo et G. Fontenelle s.n., 26/X/1989, RB286965! - holótipo) sinônimo novo Figura 13. Arbusto a arvoreta de até 6 metros de altura, ramos novos, folhas novas, pecíolos, inflorescência, flores e frutos curto-velutinos; tronco com casca externa áspera. Folhas elípticas ou raro oblongas, ápice obtuso-acuminado, base cuneada, bordo ondulado e revoluto, cartácea a coriacea, discolores; 40-100 x 20-55 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias 5-8 pares visíveis em ambas as faces; nervura marginal 1-4 mm do bordo; nervura intramarginal 0,2-1 mm do bordo, as vezes quase inconspícua; pecíolo 5-8 mm comp. Fascículos axilares em nós folhosos basais ou áfilos, com até 6 flores, eixo com 1-6 mm comp.; ferofilos ovados, ca. 1 mm comp., ciliados; antopódio 7-12 mm comp.; profilos triangulares, não conados, 1 mm comp., ciliados, decíduo; botões florais obovados, até 7 x 5 mm, com ovário diferenciado do cálice; cálice ocultando o globo petalífero; lobos do cálice suborbiculares ou arredondados, 3-5 x 4-5 mm, desiguais com 2 menores externos e 2 maiores internos, ciliados. Baga globosa ou obovada, com até 20 x 12 mm, atropurpurea quando madura. Distribuição geográfica: Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro ocorre tanto na Mata Pluvial Atlântica como na Restinga, onde se distribue nas seguintes áreas de restingas: Reserva da Praia do Sul, Marambaia, Jacarepaguá, Maricá, Cabo Frio, Macaé e São João da Barra. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação arbustiva fechada de cordão arenoso, na floresta de cordão arenoso, na floresta de duna e no complexo florestal inundável. 55 Épocas de floração e frutificação: floração de outubro a março e frutificação de março a maio. Comentário: espécie muito característica pela presença de um indumento curto velutino nos ramos novos, nas flores e nos frutos. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 04-I-1999 (fl), L.F.T.Menezes 196 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 29-IV-1999 (fr), L.F.T.Menezes et al. 301; Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, complexo florestal inundável, 18-III-2000 (fl), L.F.T.Menezes 639 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 08-IV-2000 (fr), L.F.T.Menezes 671 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, Bravo 6, 20-I-2001 (fl), M.C.Souza 166 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 27-I-2001 (fl), M.C.Souza 189 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 21-IV-2001 (fr), M.C.Souza 200 (RBR). Material adicional: ESPÍRITO SANTO: Guarapari, Setiba, formação aberta de Clusia, 27-X-1987 (fl), O.J.Pereira 1318 (RB). RIO DE JANEIRO: Angra dos Reis, Ilha Grande, Resrva Biológica Estadual da Praia do Sul, 19-XII-1984 (fl), D.Araujo 6505 (GUA); Cabo Frio, sistema de dunas Dama Branca, 10-XII-1987 (fl), D.Araujo 8344 (GUA); Campos dos Goytacazes, Mata Bom Jesus, 25-I-1984 (fl), D.Araujo 5984 (GUA); Macaé, Lagomar, 09-V-1995 (fr), D.Araujo 10250 (GUA); Maricá, restinga de Maricá APA, 01-III-1990 (fl), D.Araujo 9101 (GUA); Rio de Janeiro, Restinga da Tijuca, 10-XII1971 (fl), D.Sucre 8032 (RB). 56 Figura 13: E. bahiensis: a – hábito, b – inflorescência, c – botão floral, d – corte transversal do ovário, e – fruto. (a: Souza 189; b,c,d: Souza 254; e: Menezes 301) 57 Eugenia brasiliensis Lam., Encycl. 3: 203. 1789. Tipo: Brasil, Jussieu s.n., s.d., P, fototipo 39509!. Figura 6 a; 10 c; 17 d - g. Arvoreta de até 6 metros de altura, glabra; tronco com casca externa laminada desfolhando em lâminas papiráceas. Folhas obovadas ou oblongas, ápice obtusoacuminado, base de cuneada a decurrente, bordo revoluto, coriacea, discolores, densamente pontuada; 70-130 x 25-60 mm; nervura principal sulcada na face adaxial, saliente na abaxial; nervuras secundárias de difícil distinção com as intersecundárias; nervura marginal 2-3 mm do bordo; pecíolo 8-13 mm comp. Flores em racemo “stenocalyx” axilares terminais ou em nós folhosos basais, desenvolvendo a partir de um invóluco de ferofilos que protegem a gema floral, raque 20-40 mm comp., 3-4 pares de flores; ferofilos ovados a obovados, 3-5 x 3-6 mm comp., seríceo a glabrescente, ciliados; antopódio 20-45 mm comp.; profilos ovados, não conados, 1-2 mm comp., ciliados, decíduos; botões florais globosos ou piriformes, 8-10 x 5-6 mm, ovário diferenciado do cálice; cálice ocultando parcialmente o globo petalífero; lobos do cálice oblongos, 5-7 X 2-3 mm, iguais, ciliados. Baga globosa, 13-20 mm diam., atropurpurea quando madura. Distribuição geográfica: Em toda faixa litorânea oriental do Brasil, desde os Estados do nordeste até Santa Catarina (Legrand & Klein, 1969a). No Rio de Janeiro ocorre tanto na Mata Pluvial Atlântica como na Restinga, onde se distribuem nas seguintes áreas de restinga do Rio de Janeiro: Reserva da Praia do Sul, Restinga da Marambaia e Jacarepaguá. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na floresta de cordão arenoso, na floresta inundável e no complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: floração de julho a fevereiro e frutificação de outubro a fevereiro. Comentário: espécie muito cultivada em virtude dos seus frutos comestíveis. 58 Nome comum: grumixama. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 18-III-2000 (est.), L.F.T.Menezes 632 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 29-I-2002 (fr), L.F.T.Menezes 914 (RBR); Rio de Janeiro, Jardim Bitânico do Rio de Janeiro (cultivado), -1932 (fl), J.G.Kulhmam s.n. (RB); Ibid., Parque Nacional da Tijuca, 26-IX-1979 (fl), H.C.Lima 1103 (RB). Material adicional: BAHIA: Porto Seguro, Matas do Vale Verde, 02-X-1971 (fl), D.P.Lima 12715 (RB). CEARÁ: Sete Pontes, 20-IX-1878 (fl), H.B.Roham 68 (R). ESPIRITO SANTO: Linhares, Reserva Florestal, 26-IX-1972 (fl), A.M.Lino 99 (RB). MINAS GERAIS: Ouro Preto, Parque Estadual do Itacolomi, 07-IX-1987 (fl), M.Peron 257 (RB). PARANA: Londrina, Parque Artur Thomas, 17-IX-1986 (fl) A.O.S.Vieira s.n. (RB). RIO DE JANEIRO: Angra dos Reis, Ilha Grande, Reserva da Praia do Sul, 02-XII1980 (fr), D.Araujo 4125 (GUA); Rio de Janeiro, Restinga da Tijuca, 14-I-1946 (fr), O.Machado s.n. (RB). SANTA CATARINA: Brusque, Mata da Azambuja, 20-X-1949 (fl), H.Veloso 137 (RB). 59 Eugenia copacabanensis Kiaersk., Enum. Myrt. bras.: 172. 1893. Tipo: “ad Copacabana”, Rio de Janeiro, Brasil, Glaziou 3982, III-1870, R! (isotipo). Figura 11 a; 14. Arbusto a arvoreta de até 6 metros de altura, glabra; tronco com casca externa laminada desfolhando em lâminas papiráceas. Folhas elípticas, ovadas ou lanceoladas, ápice acuminado, base cuneada a decurrente, bordo foliar revoluto com um espessamento amarelado, coriacea, discolores, com a face adaxial brilhante, densamente pontuada; 40-70 x 20-35 mm; nervura principal saliente em ambas as faces; nervuras secundárias 8-10 pares visíveis em ambas as faces; nervura marginal 1-2 mm do bordo; pecíolo 8-12 mm comp., amarelado no material vivo. Fascículos axilares em nós folhosos basais, com 4-6 flores, com raque muito curta 3-5 mm comp.; ferofilos ovados, ca. 1 mm comp., ciliados; antopódio 5-7 mm comp.; profilos ovados, não conados, ca. 1 mm comp., ciliados, decíduos; botões florais obovados, 4-6 x 3 mm, com ovário diferenciado do cálice; cálice não ocultando o globo petalífero; lobos do cálice ovado-arredondados, 2-3 x 2-3 mm comp., iguais, ciliados. Baga piriforme, 30-40 x 20-25 mm, amarelo-alaranjada quando madura. Distribuição geográfica: Ocorre apenas nas restingas do Rio de Janeiro, distribuindo-se pelas seguintes áreas: Reserva da Praia do Sul, Restinga da Marambaia, Jacarepaguá, Maricá e Cabo Frio. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação herbácea fechada de cordão arenoso, na arbustiva aberta não inundável, na arbustiva fechada de cordão arenoso, na arbustiva fechada de pós-praia, na floresta de duna e no complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: Floração de janeiro a junho e frutificação registrada em todos os meses do ano. 60 Comentário: espécie muito característica pela folha brilhante, com margens e pecíolos amarelados na planta viva. Sua fase de frutificação persiste por quase todo ano devido ao longo tempo de desenvolvimento dos frutos até a maturação. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 29-V-1999 (fr), L.F.T.Menezes 291 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 29-V-1999 (fr), L.F.T.Menezes 297 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 20-I-2001 (fl), M.C.Souza 170 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, área de moitas, 27-XII-2002 (fl), M.C.Souza 252 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, área de moitas, 22-II-2003 (fl), L.F.T.Menezes 1061 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, área de moitas, 13-III-2003 (fr), L.F.T.Menezes et al. s.n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 13VIII-2003 (fr), H.F.Baylão Jr. 37 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, área de moitas, 31X-2003 (fr), M.C.Souza 291 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, área de moitas, 01-V2004 (fr), D.N.Castro et M.C.Souza 08 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, formação de Palmae, 30-XII-1994 (fl), L.F.T.Menezes 157 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, formação arbustiva fechada, 20-X-1995 (fr), L.F.T.Menezes 160 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 03-VII-1998 (fr), M.C.Souza 27 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 09-I-1999 (fl), M.C.Souza 38 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 15-I-1999 (fl), M.C.Souza 66 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 05-II-1999 (fl), L.F.T.Menezes et M.C.Souza s.n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 21-III-1999 (fr), L.F.T.Menezes 241 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 08-V-1999 (fr), M.C.Souza 111 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, formação arbustiva fechada, 09-III-2002 (fl), M.C.Souza 240 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, formação arbustiva fechada, 09-III2002 (fl), M.C.Souza 243 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, formação arbustiva fechada, 20-XII-2003 (fl), M.C.Souza 299 (RBR). Material adicional: RIO DE JANEIRO: Angra dos Reis, Ilha Grande, Praia do Sul, 23-VI-1993 (fr), D.Araujo 9853 (GUA); Cabo Frio, Cia. Salinas Perynas, 22-II-1989 61 (fl), D.Araujo 8744 (GUA); Maricá, restinga da Barra, 22-VIII-1984 (fr), D.Araujo 6365 (GUA); Rio de Janeiro, Restinga de Jacarepaguá, 01-VIII-1958 (fr), E.Pereira 3957 (RB). 62 Figura 14: E. copacabanensis: a – hábito, b – inflorescência, c – botão floral, d – corte transversal do ovário, e – fruto. (a, b, c, d: Souza 38; e: Souza 291) 63 Eugenia excelsa O.Berg, Fl. bras. 14(1): 277. 1857. Tipo: Rio de Janeiro, Brasil, Sellow s.n., s.d., G, fototipo 23540! Figura 15. Arvoreta de até 9 metros de altura, glabra; tronco com casca externa áspera. Folhas ovadas, obovadas ou elípticas, ápice longo acuminado, base cuneada, bordo foliar revoluto, coriacea, discolores, pontuações não muito evidentes em ambas as faces, face adaxial fosca a rugosa; 50-100 x 25-50 mm; nervura principal saliente ou plana na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias 8-12 pares pouco visíveis na face adaxial e evidentes na abaxial; nervura marginal 1-3 mm do bordo; pecíolo 5-7 mm comp. Fascículos axilares em nós folhosos basais ou áfilos, com 4-6 flores, eixo com 2-3 mm comp.; ferofilos oblongos, 1,5-2 mm comp., ciliados; antopódio 5-20 mm comp.; profilos suborbiculares ou arredondados, não conados, diminutos até ca. 1 mm comp., decíduos; botões florais obovados, 3 x 3 mm, com ovário diferenciado do cálice; cálice ocultando o globo petalífero; lobos do cálice ovado, 2-3 x 1,5-2 mm comp., iguais entre si, ciliados. Baga globosa, até 7 mm diam., enegrecida quando madura. Distribuição geográfica: Espirito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina (Legrand & Klein, 1969a), ocorrendo tanto em Mata Pluvial Atlântica como em Restinga. Nas restingas do Rio de Janeiro distribui-se pelas seguintes áreas: Reserva da Praia do Sul, Restinga da Marambaia, Jacarepaguá, Maricá, Cabo Frio e Macaé. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação arbustiva fechada de cordão arenoso, na arbustiva fechada de pós-praia, na floresta de cordão arenoso, na floresta de duna e no complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: floração de julho a outubro e frutificação de setembro a dezembro. Comentário: espécie característica por apresentar a superfície adaxial da folha fosca e um pouco rugosa após herborizada. 64 Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, floresta de restinga, 24-X-1999 (fl), L.F.T.Menezes et al. s.n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, área da Aeronáutica, 03-I-2002 (fl), L.F.T.Menezes 887 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, complexo florestal inundável, 22-XI-1999 (est.), L.F.T.Menezes 681 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 06-I-1997 (fl), L.F.T.Menezes et al. s.n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 29-XI-1999 (fr), M.C.Souza 135 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 20-X-2000 (fl), M.C.Souza 138 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 07-XI-2000 (fl), A.L.Melo 10 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 21-IV-2001 (fl), M.C.Souza 202 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 30-VI-2001 (fr), A.N.Silva s.n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 27-IX-2003 (fl), M.C.Souza 267 (RBR); Ibid., Restinga de Jacarepaguá, 23-IX-1969 (fr), D.Sucre 5958 (RB). Material adicional: ESPIRITO SANTO: Linhares, Reserva Florestal, 27-IX-1972 (fl), A.M.Lino 101 (RB). RIO DE JANEIRO: Angra dos Reis, Ilha Grande, Reserva da Praia do Sul, 01-XII-1992 (fr); Cabo Frio, 16-X-1938 (fl), D.Legrand 1506 (R); Maricá, Barra de Maricá (APA), 26-X-1989 (fl), M.Botelho 328 (GUA); Rio de Janeiro, Restinga da Barra da Tijuca, 26-VII-1941 (fl), E.Pereira 10 (RB). SANTA CATARINA: Florianópolis, Morro Costa da Lagoa, 16-X-1968 (fl), R.M.Klein 7892 (R). SÃO PAULO: Serra da Bocaina, 13-II-1876 (fl), Glaziou 1639a (R). 65 Figura 15: E. excelsa: a – hábito, b – inflorescência, c – botões florais, d – flor após antese, e corte transversal do ovário, f – fruto (a, b, c, d, e: M.C.Souza 267; f: D.Sucre 5958). 66 Eugenia neonitida Sobral, Napaea 11: 36. 1995. Basiônimo: Eugenia nitida Cambess., Fl. Bras. Merid. 2: 349. 1832. Tipo: Cabo Frio, Rio de Janeiro, Brasil, Saint-Hilaire s.n., s.d., P, foto F36989! Figura 11 b; 16. Arbusto de até 2 metros de altura, com indumento bruneo-ferrugineo tomentoso, principalmente nas porções jovens dos ramos, folhas e flores; tronco com casca externa áspera e desprendendo-se em placas. Folhas elípticas, ápice curto obtuso-acuminado; base obtusa ou arredondada, bordo revoluto, membranácea a coriácea, densamente translúcida pontuada, discolores, face adaxial brilhante; 20-55 x 10-27 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias 8-10 pares, evidentes e salientes na face abaxial e pouco salientes na adaxial; nervura marginal 1-2 mm do bordo; pecíolo 12 mm comp. Racemo “stenocalyx” axilares terminais, raque até 5 mm, com 1-2 pares de flores; ferofilos elíptico-ovados, 2-4 x 1-2 mm, na base do antopódio, decíduo; antopódio 3-12 mm comp.; profilos elípticos ou ovados, não conados, 3-4 x 3-4 mm , ocultando o ovário, as vezes persistentes até o fruto jovem; botões florais globosos, até 8 x 8 mm, com cálice ocultando o globo petalífero; lobos do cálice elíptico, ovados ou oblongos, foliáceos, ultrapassando o globo petalífero, 7-8 x 3-4 mm, iguais; ovário sempre oculto pelos profilos, 8-costado longitudinalmente. Baga globosa, costada longitudinalmente, até 40 mm diam., amarela quando madura. Distribuição geográfica: Ocorre apenas nas restingas do Rio de Janeiro, distribuindo-se pelas seguintes áreas: Restinga da Marambaia, Grumari, Jacarepaguá, Maricá, Cabo Frio, Barra de São João e Macaé. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação herbácea fechada de cordão arenoso, na arbustiva aberta não inundável, na arbustiva fechada de cordão arenoso, na arbustiva fechada de pós-praia e na floresta de duna. Épocas de floração e frutificação: floração de setembro a fevereiro e frutificação de outubro a março. 67 Comentário: a espécie apresenta uma baga muito característica costada longitudinalmente, amarela quando madura e de tamanho que pode atingir 4 cm diam., sendo um dos maiores frutos da família na Marambaia, além disso apresenta um odor adocicado e muito agradável, sendo também popularmente apreciado na alimentação ou no preparo de bebidas. Nome comum: pitangão, pitangatuba Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, área da Aeronáutica, 03-I-2002 (fl), L.F.T.Menezes 877 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, área de moitas, 15-XI-2002 (fl), L.F.T.Menezes 1080 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 03-III-1998 (fl), L.F.T.Menezes s.n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, próximo a linha 2, 13-IX-2000 (fl), L.F.T.Menezes 459 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 20-X2000 (fl), M.C.Souza 141 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 27-IX2003 (fl), M.C.Souza 269 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, formação arbustiva fechada - linha 2, 25-X-2003 (fl, fr), M.C.Souza 284 (RBR). Material adicional: RIO DE JANEIRO: Barra de São João, 05-X-1980 (fl), A.M.N.Vilaça 96b (GUA); Cabo Frio, ao norte do Rio Uma, 14-II-1985 (fl, fr), ), D.Araujo 6650 (GUA); Macaé, restinga de Cabiúnas, 10-II-1981 (fr), D.Araujo 4263 (GUA); Maricá, APA de Barra de Maricá, 29-X-1984 (fl, fr), ), D.Araujo 6425 (GUA); Rio de Janeiro, Grumari, 20-II-1991 (fr), ), D.Araujo 9262 (GUA); Ibid., Restinga do Recreio do Bandeirantes, Pedra de Itaúna, 11-IX-1980 (fl), G.G.Plácido 04 (GUA). 68 Figura 16: E. neonitida: a – hábito, b – inflorescência, c – botão floral, d – flor após antese, e corte transversal do ovário, f – frutos (a, b: L.F.T.Menezes s.n.; c, d, e: M.C.Souza 269; f: M.C.Souza 284). 69 Eugenia neosilvestris Sobral, Napaea 11: 36. 1995. Basiônimo: Stenocalyx silvestris O.Berg , Fl. Bras. 14(1): 346. 1857. Tipo: Cabo Frio, Rio de Janeiro, Neuwied s.n., BR. Figura 17 a - c. Arbusto a arvoreta de até 5 metros de altura, com ramos novos, pecíolos, face abaxial das folhas e também a adaxial quando novas, antopódio, flores e ovário ferrugíneopubescentes a vilosas; tronco com casca externa laminada desfoliante em lâminas papiráceas. Folhas elípticas ou oval-oblongas, ápice obtuso-acuminado, obtuso ou arredondado, base cuneada, às vezes um pouco decorrente ou arredondada, bordo revoluto, coriácea, densamente pontuada; 23-75 x 11-40 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias de difícil distinção com as intersecundárias e um pouco apagadas; nervura marginal 1-2 mm do bordo; pecíolo 1-5 mm comp. Flores em racemo "stenocalyx", axilares terminais ou em nós folhosos basais, desenvolvendo a partir de um invólucro de ferofilos que protege a gema floral, raque 3-13 mm comp., 2-3 pares de flores; ferofilos ovados na base do invólucro a oblongos ou espatulados na base do antopódio, 3-7 x 2-4 mm, ciliados; antopódio 5-30 mm comp.; profilos ovados ou triangulares, não conados, ca. 1 mm comp., decíduos; botões florais globosos a piriformes, 4 mm comp., com cálice ocultando o globo petalífero; lobos do cálice oblongos, 3-6 x 2-3 mm, ciliados; ovário diferenciado do cálice, ócreo-pubescente ou viloso. Baga não vista. Distribuição geográfica: ocorre desde o Rio de Janeiro até Santa Catarina, limitada a zona litorânea (Legrand & Klein, 1969a). No Rio de Janeiro foi encontrada nas seguintes áreas de restinga: Restinga da Marambaia e Cabo Frio. Na Restinga da Marambaia só foi registrada a sua ocorrência na floresta inundável. Épocas de floração e frutificação: floração de setembro a dezembro. 70 Comentário: espécie muito semelhante a E. brasiliensis, distinguindo-se por apresentar folhas, inflorescências e flores menores e pilosidade ferrugínea nos ramos novos, folhas novas e flores, caracteres estes mencionados por Legrand & Klein (1969a). Legrand & Klein (l.c.) observaram que na flora de Santa Catarina o habitat preferencial da espécie é em solos úmidos de planíces quaternárias. Tal observação foi registrada também para a Restinga da Marambaia, onde a única formação em que foi encontrada é caracterizada pela a inundação periódica. Nome comum: grumixana-miúda Material examinado: RIO DE JANEIRO: Búzios, Praia da Gorda, 18-VIII-1998 (fl), A.Lobão 336 (RB); Mangaratiba, Restinga da Marambaia, borda da Lagoa Vermelha, 27-XII-2002 (fl), L.F.T.Menezes 1029 (RBR); Rio de Janeiro, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, canteiro 28, 20-VIII-2004 (fl), M.C.Souza 315 (RBR). 71 Figura 17: E. neosilvestris: a – hábito, b – inflorescência, c – corte transversal do ovário; E. brasiliensis: d – inflorescência, e – botão floral, f – hábito, g – fruto (a, b, c: L.F.T.Menezes 1029; d, e: H.C.Lima 1103; f, g: L.F.T.Menezes 914). 72 Eugenia oxyoentophylla Kiaersk., Enum. Myrt. bras.: 145. 1893. Tipo: Fortaleza de Santa Cruz, Rio de Janeiro, Glaziou 6832, 19-XI-1873, R! (isótipo). Figura 5 c; 23 a - d. Arvoreta de até 8 metros de altura, glabra ou glabrescente, com ramos novos, folhas novas, pecíolos e inflorescências hialino-pubérulos; tronco com casca externa áspera e desprendendo-se em placas. Folhas elípticas ou lanceoladas, ápice longamente acuminado, base cuneada, bordo foliar ondulado e as vezes um pouco revoluto, cartáceas a coriácea, discolores, pontuações não visíveis a olho nu, superfície ondulada; 35-70 x 10-35 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias 6-10 pares pouco evidentes ou as vezes invisíveis em ambas as faces; nervura marginal 1-2 mm do bordo; pecíolo 3-7 mm comp. Fascículos axilares terminais ou em nós folhosos basais, com 4-6 flores, raque 6-7 mm comp.; ferofilos triangulares, ca. 1 mm comp., ciliados; antopódio ca. 1 mm comp.; profilos triangulares, conados, ca. 1 mm comp., ciliados, ocultando o ovário, persistentes na antese até o fruto; botões florais globosos, 3 mm diâm.; cálice ocultando o globo petalífero; lobos do cálice arredondados ou suborbiculares, 1-2 x 2 mm comp., desiguais, com 2 maiores externos e 2 menores internos, ciliados. Baga globosa, 5-7 mm diam., vermelha quando madura. Distribuição geográfica: ocorre apenas nas restingas do Rio de Janeiro, distribuindose pelas seguintes áreas: Restinga da Marambaia, Grumari e Maricá. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na floresta de duna. Épocas de floração e frutificação: floração em julho e novembro, frutificação de janeiro a abril. Comentário: espécie afim de E. repanda O.Berg, distinguindo-se pela folha longamente acuminada e com a nervação mais inconspícua. 73 Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Ilha da Marambaia, Praia do Caju, 01-IV-2000 (fr), L.F.T.Menezes 521 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 13-VII-1998 (fl), L.F.T.Menezes 630 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 09-V-2001 (vg.), M.C.Souza 205 (RBR). Material adicional: RIO DE JANEIRO: Maricá, s.d. (fl), M.C.Ramos 216 (RB); Rio de Janeiro, Restinga de Grumari, 20-II-1991 (fr), D.Araujo 9264 (GUA). 74 Eugenia punicifolia (Kunth) DC., Prodr. 3: 267. 1828. Basiônimo: Myrtus punicifolia Kunth, Nov. Gen. Sp. 6: 149. 1823. Tipo: Venezuela, Humbondt & Bonpland 273, s.d., P, fototipo! Figura 18. Arbusto a arvoreta de até 8 metros de altura, glabrescente, com ramos novos, folhas novas e flores pubérulos; tronco com casca externa áspera. Folhas elípticas ou obovadas, ápice curto obtuso-acuminado, base cuneada ou aguda, bordo revoluto, cartáceas a coriáceas, discolores, pontuações não visíveis a olho nu; 20-100 x 10-65 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias 6-8 pares visíveis em ambas as faces; nervura marginal 1-3 mm do bordo; pecíolo 2-5 mm comp. Fascículos axilares em nós folhosos basais, com 2-4 flores, eixo muito curto com ca. 2 mm comp.; ferofilos ovados e aredondados, ca. 1 mm comp.; antopódio 3-20 mm comp.; profilos triangulares, ca. 1 mm comp., não conados, persistentes na antese; botões florais obovados, 4-5 x 3-4 mm, com ovário diferenciado do cálice; cálice ocultando o globo petalífero; lobos do cálice ovado-arredondados ou oblongos, 1-3 x 2 mm comp., desiguais, com 2 menores externos e 2 maiores internos, ciliados. Baga globosa ou elipsóide, até 10 mm diam., vermelha quando madura. Distribuição geográfica: distribui-se por quase todo Brasil, Paraguai e Venezuela (Sobral, 1987), ocorrendo em diversas fitofissionomias. Nas restingas do Rio de Janeiro ocorre nas seguintes áreas: Reserva da Praia do Sul, Restinga da Marambaia, Grumari, Jacarepaguá, Maricá, Cabo Frio, Barra de São João, Macaé e São João da Barra. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação herbácea fechada de cordão arenoso, na arbustiva aberta não inundável, na arbustiva fechada de cordão arenoso, na arbustiva fechada de pós-praia, floresta de cordão arenoso, na floresta de duna e no complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: floração de junho a março e frutificação durante quase todo ano. 75 Comentário: a espécie apresenta uma grande variação morfológica foliar, o que acarretou numa grande lista de sinônimos. Esta é muito comum e abundante nas restingas do Estado do Rio de Janeiro com uma grande representatividade nos herbários, porém tendo sido muito determinada como E. ovalifolia, um sinônimo. Outros sinônimos são citados para a espécie por McVaugh (1969) e Sobral (1987). Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Ilha da Marambaia, Praia do Sino, 12-X-2002 (fl), L.F.T.Menezes 987 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 05-V-2001 (fl), L.F.T.Menezes s.n. (RBR); Ibid., Ilha da Marambaia, mata atlântica, 17-XII-1997 (fr), R.Facre 15 (RBR); Ibid., Ilha da Marambaia, mata atlântica, 01-IV-2000 (fr), L.F.T.Menezes 522 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, complexo florestal inundável, 22-XI-1999 (fr), L.F.T.Menezes 650 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, mata de restinga, 16-II-2000 (fr), L.F.T.Menezes 327 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, mata de restinga, 20-XI-1999 (fr), L.F.T.Menezes s.n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, mata de restinga, 29-V-1999 (fl), L.F.T.Menezes s.n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 22-XII-1998 (fr), L.F.T.Menezes et M.C.Souza s.n. (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 03-VII-1998 (fl), M.C.Souza 28 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 20-II-1999 (fl), L.F.T.Menezes et M.C.Souza s.n.627 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 29-XI-1999 (fr), M.C.Souza 134 (RBR); Ibid., Restinga de Jacarepaguá, 04-VIII1958 (fl), E.Pereira 4108 (RB). Material adicional: RIO DE JANEIRO: Angra dos Reis, Ilha Grande, Reserva da Praia do Sul, 28-II-1985 (fr), D.Araujo 6757 (GUA); Barra de São João, 05-IX-1953 (fl), Restinga I - 1363 (R); Cabo Frio, terras da Álcalis, 13-IX-1984 (fl), D.Araujo 6413 (GUA); Campos dos Goytacazes, estrada Campos - São João da Barra, 19-IX-1979 (fl), D.Araujo 2215 (GUA); Macaé, próximo a Lagoa Comprida, 23-VIII-1982 (fr), D.Araujo 5147 (GUA); Maricá, Barra de Maricá, 22-X-1983 (fr), D.Araujo 5755 (GUA); Rio de 76 Janeiro, Grumari, 13-XI-1989 (fr), D.Araujo 8992 (GUA); Ibid., Restinga de Jacarepaguá, 04-VIII-1958 (fl), E.Pereira 4108 (RB). 77 Figura 18: E. punicifolia: a – hábito, b – inflorescência, c – botão floral, d – corte transversal do ovário, e – fruto (a, e: L.F.T.Menezes 650; b,c,d: E.Pereira 4108). 78 Eugenia rostrata O.Berg, Fl. bras. 14(1): 282. 1857. Tipo: Brasil, Sellow s.n., s.d., B. Figura 6 d; 19. Arvoreta de até 8 metros de altura, glabra ou glabrescente, com ramos novos e inflorescência (ferofilos) pubescente a seríceo; tronco com casca externa laminada desfoliante em placas rígidas, deixando um aspecto liso, esbranquiçado ou malhado. Folhas lanceoladas, elípticas ou oblongas, ápice longo acuminado; base cuneada bordo revoluto, coriaceas, discolores, com pontuações não evidentes; 40-90 x 13-40 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias tênues a imperceptíveis em ambas as faces; nervura marginal 1-3 mm do bordo, um pouco apagada em ambas as faces; pecíolo 3-10 mm comp. Fascículos axilares em nós folhosos basais ou áfilos, com 46 flores, eixo com 2-3 mm comp.; ferofilos ovados pubescente, ca. 1 mm comp., ciliados; antopódio 5-10 mm comp.; profilos ovados, ca. 1 mm comp., não conados, ciliados, persistentes até o fruto; botões florais obovados, 2-3 x 2-3 mm, com ovário diferenciado do cálice; cálice não ocultando o globo petalífero; lobos do cálice ovado a suborbiculares, 1-2 x 1-2 mm comp., desiguais com 2 menores externos e 2 maiores internos, ciliados. Baga globosa, 5-6 mm diam. Distribuição geográfica: ocorre apenas no Rio de Janeiro na Floresta Pluvial Atlântica e na Restinga, distribuindo-se pelas seguintes áreas de restinga: Restinga da Marambaia, Jacarepaguá e Cabo Frio. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação arbustiva fechada de cordão arenoso, na floresta de duna e complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: floração de outubro a abril e frutificação em outubro e novembro. Comentário: E. rostrata apresenta o tronco com casca laminada, soltando placas, dando o aspecto liso ao tronco de coloração esbranquiçada ou malhada; as folhas são 79 longamente acuminada, com nervação inconspícua em ambas as faces e nervura principal sulcada na face adaxial, essas características facilitam a identificação. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 24-X-1999 (fl), L.F.T.Menezes et al. s.n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, complexo florestal inundável, 24-X-1999 (fl), L.F.T.Menezes 510 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, complexo florestal inundável, 22-XI-1999 (vg.), L.F.T.Menezes 649 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, área da Aeronáutica, 03-I-2002 (fl), L.F.T.Menezes 884 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 03-VII-1998 (fl), M.C.Souza 24 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 02-VII-1999 (fl), M.C.Souza 126 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 27-XII-1999 (fr), A.N.Silva 06 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 27-V-2000 (fr), A.L.Melo 01 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 30-IX-2001 (fl), A.L.Melo 10 (RBR); Saquarema, Reserva de Jacarepiá, 22-XI-1996 (fr), C.Farney 3556 (RB). Material adicional: RIO DE JANEIRO: Búzios, Rancho Dez, mata de tabuleiro, 02-X-1996 (fr), D.Araujo 10483 (GUA); Rio de Janeiro, Restinga de Jacarepaguá, Pedra de Itaúna, 23-X-1973 (fr), D.Araujo 507 (GUA). 80 Figura 19: E. rostrata: a – hábito, b – inflorescência, c – botão floral, d – corte transversal do ovário, e – fruto (a, b, c, d: L.F.T.Menezes 510; e: C.Farney 3556). 81 Eugenia rotundifolia Casar., Nov. stirp. bras. 40. 1842 Tipo: Brasil, Casaretto 1201, s.d., G, fototipo!. Figura 10 a; 20. Arbusto até 2 metros de altura. Planta glabra; tronco com casca externa áspera. Folhas elípticas obovadas ou suborbiculadas, ápice arredondado, obtuso ou curto obtusoacuminado; base arredondada, obtuso ou aguda, bordo revoluto, coriaceas, discolores, densamente pontuadas; 35-75 x 20-55 mm; nervura principal plana ou sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias 6-10 pares visíveis em ambas as faces; nervura marginal 2-4 mm do bordo; pecíolo 2-5 mm comp., não amarelado no material vivo. Fascículos axilares em nós folhosos basais ou áfilos, com 4-6 flores, com raque muito reduzida com ca. 2 mm comp.; ferofilos arredondados, ca. 0,5 mm comp., ciliados; antopódio 5-10 mm comp.; profilos arredondados, ca. 1 mm comp., não conados, ciliados, persistentes até o fruto; botões florais globosos, até 4 mm diâm., com ovário diferenciado do cálice, densamente pontuados; cálice não ocultando o globo petalífero; lobos do cálice arredondados, muito reduzidos com ca. 1 mm comp., ciliados. Baga globosa ou elipsóide, até 15 mm diam., enegrecida quando madura. Distribuição geográfica: Espírito Santo e Rio de Janeiro, nas restingas. No Rio de Janeiro, distribuindo-se pelas seguintes áreas: Restinga da Marambaia, Grumari, Jacarepaguá, Maricá, Cabo Frio, Macaé e São João da Barra. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação herbácea fechada de cordão arenoso, na arbustiva aberta não inundável, na arbustiva fechada de cordão arenoso, na arbustiva fechada de pós-praia e na floresta de duna. Épocas de floração e frutificação: floração de fevereiro a junho e frutificação de abril a dezembro. Comentário: os limites entre E. rotundifolia e E. umbelliflora O.Berg não estão bem definidos. Tal constatação pode ser vista nas determinações das coleções de herbários 82 referentes a ambas as espécies. No presente trabalho optou-se por manter-se E. rotundifolia, binômio mais antigo. Além disso o único exemplar estudado que apresenta características mais próximas a E. umbelliflora é oriundo da Reserva da Praia do Sul (D.Araujo 3090 GUA 14977). Estudos posteriores devem ser desenvolvidos para um posicionamento taxonômico mais seguro de ambos os táxons. Nome comum: araponga Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, complexo florestal inundável, 08-IV-2000 (fl), L.F.T.Menezes 593 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, área de moitas, 22-II-2003 (fl), L.F.T.Menezes 1052 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, área de moitas, 22-II-2003 (fl), L.F.T.Menezes 1062 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, na beira da estrada para a Gaeta, 15-I-2004 (fl), M.C.Souza 305 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, área de moitas, 01-V-2004 (fr), D.N.Castro et M.C.Souza 13 (RBR 7192); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, próximo a linha 2, 09-III-2002 (fl), M.C.Souza 233 (RBR); Ibid., Restinga de Jacarepaguá, Itaúna, 18-VIII-1975 (fr), D.Araujo 752 (RB). Material adicional: ESPÍRITO SANTO: Aracruz, Estação Biológica Marinha Mello Leitão, 15-VII-1973 (fr), D.Araujo 240 (RB). RIO DE JANEIRO: Cabo Frio, restinga, 18-IX-1968 (fr), D.Sucre 3716 (RB); Macaé, Lagoa Comprida, 06-IV-1983 (fr), D.Araujo 5528 (GUA); Maricá, nas dunas, 08-IX-1975 (fr), M.C.Vianna 545 (GUA); Rio de Janeiro, Restinga de Grumari, 08-V-1969 (fl), D.Sucre 4950 (RB); Ibid., Restinga de Jacarepaguá, Pedra de Itaúna, 16-VI-1969 (fr), D.Sucre 5322 (RB); São João da Barra, próximo a fazenda Caruará, 16-V-1989 (fl), D.Araujo 8861 (GUA). 83 Figura 20: E. rotundifolia: a – hábito, b – inflorescência, c – botão floral, d – corte transversal do ovário, e – fruto (a, b, c, d: L.F.T.Menezes 593 – RBR; e: D.Araujo 752 – RB). 84 Eugenia sulcata Spring ex Mart., Herb. fl. bras. 20 (2): 85. 1837. Tipo: Brasil, Rio de Janeiro, Martius s.n., s.d. Figura 11 c; 21. Arbusto a arvoreta de até 4 metros de altura, glabra ou com ramos novos e inflorescência glabrescente; tronco com casca externa laminada desfoliante em lâminas papiráceas. Folhas elípticas ou oblongas, ápice agudo ou acuminado, base cuneada ou raramente aguda, cartáceas, discolores, densamente pontuada na face abaxial;10-25 x 20-50 mm; nervura principal sulcada e saliente na abaxial; nervuras secundárias pouco evidentes em ambas as faces; nervura marginal inconspícua; pecíolo 2-5 mm comp.. Flores em racemo “stenocalyx” axilares terminais ou em nós folhosos basais, raque 5-10 mm comp., 2-3 pares de flores; ferofilos oblongos a lineares, 1-4 mm comp., ciliados; antopódio 10-25 mm comp.; profilos oblongos, ca. 1 mm comp., não conados, ciliados, decíduos; botões florais globosos ou piriformes, 3-5 mm diam., com hipanto e ovário 8-costado longitudinalmente, bem delimitado do cálice; cálice ocultando parcialmente o globo petalífero; lobos do cálice oblongos, 4-5 X 2-2,5 mm, iguais, ciliados. Baga globosa ou piriforme, costada longitudinalmente, 6-12 x 7-15 mm, atropurpurea e com lobos do cálice roxos quando madura. Distribuição geográfica: Espirito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (Legrand & Klein, 1969a), ocorrendo tanto em Mata Pluvial Atlântica como em Restinga. Nas restingas do Rio de Janeiro distribui-se pelas seguintes áreas: Reserva da Praia do Sul, Restinga da Marambaia, Jacarepaguá, Maricá, Cabo Frio, Barra de São João, Macaé. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação arbustiva fechada de cordão arenoso, na floresta de cordão arenoso, na floresta de duna e no complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: floração de julho a novembro e frutificação de setembro a dezembro. 85 Comentário: espécie muito confundida nas coleções de herbário com E. uniflora, porém distingui-se bem pelas folhas com nervação inconspícua, além dos frutos de menores dimenssões e de coloração enegrecida quando maduros. Os espécimes encontrados na Marambaia apresentaram-se sempre muito ramificados desde a base. Nome comum: pitanga preta, murta preta. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 24-X-1999 (fr), L.F.T.Menezes et al. 507 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, complexo florestal inundável, 20-XI-1999 (est.), L.F.T.Menezes 683 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 19-I-2002 (fr), L.F.T.Menezes 927 (RBR); Ibid., Ilha da Marambaia, Praia do Sino, 12-X-2002 (fl), L.F.T.Menezes 994 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, área de moitas, 15-XI-2002 (fl), L.F.T.Menezes 1083 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 16-IX-2000 (fl), A.L.Melo 04 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 20-X-2000 (fl), M.C.Souza 140 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 20-X-2000 (fl), M.C.Souza 142 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 27-IX-2003 (fl), M.C.Souza 268 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 27-IX-2003 (fl), M.C.Souza 272 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 25-X-2003 (fr), M.C.Souza 283 (RBR). Material adicional:RIO DE JANEIRO: Angra dos Reis, Ilha Grande, Reserva da Praia do Sul, 01-XII-1992 (fr), D.Araujo 9692 (GUA); Barra de São João, Rio das Ostras, 21-XI-1986 (fl), A.Souza 1542 (R); Macaé, Restinga de Carapebus, 09-XI-1981 (fl), D.Araujo 4657 (GUA) ; Maricá, restinga, 30-IX-1987 (fl), G.Fontenelle s.n. (GUA); Rio de Janeiro, Restinga de Jacarepaguá, Pedra de Itaúna, 15-IX-1969 (fl), D Sucre 5915 (RB); Saquarema, Praia Seca, VIII-1981 (fl), D.Sucre 11304 (R). 86 Figura 21: E. sulcata: a – hábito, b – inflorescência, c – botão floral, d – corte transversal do ovári, e – flor após antese, f – frutos (a, b, c, d, e: Souza 268; f: Souza 283). 87 Eugenia uniflora L., Sp. pl. 1: 470-471. 1753. Lectótipo: Micheli, Nov. Pl. Gen. 226, t. 108. 1729, F, designado por McVaugh (1956). Figura 10 d; 11 d; 22. Arbusto a arvoreta de até 5 metros de altura, glabra; tronco com casca externa áspera e desprendendo-se em placas. Folhas ovadas ou elípticas, ápice agudo ou acuminado, base aguda, obtusa, arredondada, ou cordada, cartáceas a coriáceas, discolores, com pontuações não visíveis a olho nu em ambas as faces; 25-70 x 15-35 mm; nervura principal sulcada a plana na face adaxial, saliente na abaxial; nervuras secundárias 6-8 pares pouco evidentes na face adaxial, visíveis e salientes na abaxial; nervura marginal não definida por apresentar os laços de fechamento das nervuras secundárias em ângulo reto ou próximo à reto; pecíolo 1-4 mm comp. Flores em racemo “stenocalyx” axilares terminais, em nós folhosos basais ou áfilos, raque muito reduzida com ca. 1 mm comp., 1-2 pares de flores; ferofilos ovados ou elípticos, 2-5 mm comp., ciliados; antopódio 15-30 mm comp.; profilos lanceolados ou lineares, ca. 1 mm comp., não conados, ciliados, decíduos; botões florais globosos ou piriformes, com hipanto e ovário 8-costado longitudinalmente, bem delimitado do cálice; cálice ocultando parcialmente o globo petalífero; lobos do cálice oblongos, 3-4 X 1,5-2 mm, iguais, ciliados, após a antese reflexos escondendo o ovário. Baga globosa, costada longitudinalmente, 15-30 mm diam., vermelha e com lobos do cálice verdes quando madura. Distribuição geográfica: no Brasil ocorre da Bahia ao Rio Grande do Sul, alcançando países vizinhos como Uruguai, Paraguai e Argentina (Legrand & Klein, 1969a). Pode ser encontrada em outras regiões do Brasil, por ser muito cultivada. A espécie é muito abundante nas regiões litorâneas, associada aos locais arenosos e ensolarados das restingas, porém habita ocasionalmente a Floresta Pluvial Atlântica. No Rio de Janeiro, distribui-se pelas seguintes áreas de restinga: Restinga da Marambaia, Grumari, Jacarepaguá, Maricá, Cabo Frio e São João da Barra. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação herbácea fechada de cordão arenoso, arbustiva fechada de cordão arenoso, na floresta de cordão arenoso e na floresta de duna. 88 Épocas de floração e frutificação: foram observados materiais com flores e frutos ao longo de quase todo o ano, com um predomínio da floração de agosto a outubro e frutificação de outubro a janeiro. Comentário: a espécie é muito apreciada na alimentação e normalmente ocorre em populações concentradas próximo das áreas habitadas pelo o homem. Nome comum: pitanga Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 02-VIII-2000 (fl), L.F.T.Menezes 337 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 13-III-2003 (fl), L.F.T.Menezes et al. s.n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 15-I-2004 (fl, fr), M.C.Souza 300 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 02-VII-1999 (fl), M.C.Souza 124 (RBR). Material adicional: RIO DE JANEIRO: Cabo Frio, Praia das Conchas, 07-X-1986 (fr), D.Araujo 7645 (GUA); Maricá, próximo à Lagoa do Padre, 08-VII-1978 (fl), L.F.Aguiar 28 (GUA); Rio de Janeiro, Restinga do Recreio dos Bandeirantes, 20-IV-1961 (fl), H.E.Strang 273 (GUA); Ibid., Restinga do Grumari, 22-II-1960 (fl), H.F.Martins 144 (GUA); Atafona, 22-VII-1975 (fl), A.L.Peixoto 560 (RB). 89 Figura 22: E. uniflora: a – hábito, b – inflorescência, c – botão floral, d – corte transversal do ovári, e –fruto (a, b, c, d, e: Souza 300). 90 Eugenia sp. Figura 23 e - i. Arvoreta de até 7 metros de altura, glabra ou glabrata, salvo alguns tricomas esparsos nos ramos novos; tronco com casca externa áspera. Folhas elípticas, ápice longamente acuminado, base cuneada, bordo ondulado e com espessamento amarelado, cartáceas, discolores, pontuações translúcidas densas e evidentes a olho nu em ambas as faces, superfície ondulada; 40-80 x 20-40 mm; nervura principal sulcada ou plana na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias 8-10 pares visíveis em ambas as faces; nervura marginal 1-2 mm do bordo; pecíolo 5-7 mm comp., amarelado no material vivo e escurecido após herborizado. Inflorescências em racemos de díade axilares, terminais ou em nós folhosos basais, com 2 flores, com raque 2-3 mm comp.; ferofilos triangulares, ca. 1 mm comp., ciliados; antopódio 1-2 mm comp.; profilos arredondados, conados, ca. 1 mm comp., ciliados, persistentes na antese, abraçando e ocultando o ovário; botões florais globosos, 3-4 mm diâm.; cálice ocultando o globo petalífero; lobos do cálice arredondados ou suborbiculares, até 2 x 2 mm comp., desiguais, com 2 maiores externos e 2 menores internos, ciliados. Baga globosa, até 15 mm diam., vermelha quando madura. Distribuição geográfica: até o momento só foi registrada a ocorrência para a Restinga da Marambaia, sendo encontrada na formação arbustiva aberta não inundável e floresta de cordão arenoso. Épocas de floração e frutificação: floração em novembro e janeiro, frutificação em dezembro. Comentário: espécie provalvelmente ainda não descrita para a ciência. Planta muito característica pela presença de pontuações translúcidas grandes, muito evidentes a olho nu em ambas as faces e densamente distribuída. Tem certa afinidade com E. glandulosissima Kiaersk., da qual se distingue pela inflorescência menos desenvolvida e desprovida de indumento. 91 Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 04-I-1999 (fl), L.F.T.Menezes s.n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, área de moitas, 15-XI-2002 (fl), L.F.T.Menezes 1070 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, estrada que vai para a Praia da Gaeta, 27-XII-2002 (fr), M.C.Souza 255 (RBR). 92 Figura 23: E. oxyoenthophylla: a – hábito, b – inflorescência, c – corte transversal do ovário, d – fruto; Eugenia sp.: e – hábito, f – detalhe da folha, g – inflorescência, h – flor, i – corte transversal do ovário. (a, b, c, d: L.F.T.Menezes 521; e, f, g, h, i: L.F.T.Menezes 1070) . 93 Myrciaria O.Berg, Linnaea 27: 320. 1856. Lectotipo: Myrciaria tenella (DC.) O.Berg, desiguinado por McVaugh (1956) = Paramyrciaria Kausel, Lilloa 32: 345. 1966. (tipo: P. delicatula (DC.) Kausel) Arbusto a arvoreta de até 5 metros de altura. Inflorescências em fascículos, axilares, em nós folhosos basais ou áfilos; profilos conados, persistentes após a antese. Flores tetrâmeras; cálice ocultando o globo petalífero no botão floral, com lobos decíduos após a antese por cisão transversal no hipanto; hipanto desenvolvido acima do ovário; pétalas presentes; ovário bilocular, com 2 óvulos por lóculo. Baga do tipo bacídio com pequena cicatriz circular deixada pela cisão no hipanto; 1-2 sementes; embrião eugenióide. Gênero com espécies distribuídas desde o México e Caribe até o norte da Argentina. No Brasil ocorrem cerca de 30 espécies, principalmente na região sudeste (Landrum & Kawasaki, 1997). Foram encontradas duas espécies na Restinga da Marambaia: M. floribunda e M. tenella. Myrciaria floribunda (H.West ex Willd.) O.Berg, Linnaea 27: 330. 1856. Basiônimo: Eugenia floribunda H.West ex Willd., Sp. pl. 2: 960. 1799. Tipo: Ilha Santa Cruz, Vahl s.n., Herb. Willdenow 9524, B. Figura 11 e; 24 a - f. Arbustos ou arvoretas de até 5 metros de altura, glabras, às vezes com alguns poucos tricomas nos ramos, face abaxial das folhas, cálice e profilos; tronco com casca externa laminada desfoliante em placas rígidas, deixando um aspecto liso, amarelado ou rosado. Folhas elípticas ou lanceoladas, ápice longo acuminado, base cuneada ou decurrente, bordo não revoluto, cartáceas, pouco discolores, densamente pontuadas; 25-60 x 10-30 mm; nervura principal sulcada ou plana na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias 15-20 pares, visíveis em ambas as faces; nervura marginal 0,5-1 mm do bordo; pecíolos 5-8 mm comp., amarelado na natureza e enegrecido após herborizado. Fascículos axilares em nós folhosos basais ou áfilos, com até 6 flores, eixo muito reduzido com ca. 1 mm; ferofilos suborbiculares, ca. 0,5 mm comp., ciliados; antopódio ca. 0,5 mm comp.; profilos arredondados ou suborbiculares, ca. 1 mm comp., cilados; botões florais 94 globosos, ca. 2 mm diam., com o ovário não diferenciado do cálice; cálice ocultando o globo petalífero, com lobos ciliados; hipanto prolongado acima do ovário. Baga globosa, até 13 mm diam., alaranjada a vermelha quando madura. Distribuição geográfica: América Central e América do Sul (Sobral, 1993). No Rio de Janeiro, distribui-se pelas seguintes áreas de restinga: Restinga da Marambaia, Jacarepaguá, Maricá, Cabo Frio e Macaé. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação arbustiva aberta não inundável, na arbustiva fechada de cordão arenoso, na arbustiva fechada de pós-praia, na floresta de cordão arenoso, na floresta de duna e no complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: floração de dezembro a janeiro, frutificação de julho a outubro. Comentário: a espécie apresenta uma grande variação morfologica nas folhas e uma ampla distribuição geográfica, o que acarretou numa grande lista de sinônimos, conforme já mencionados por Sobral (1993, 2003). Os espécimes coletados nas restingas do Rio de Janeiro são comumente encontrados com galha, desenvolvendo-se na superfície das folhas e de morfologia semelhante a uma roseta de folhas com ca. 10 mm comp., apresentam, também, pecíolos longos e com uma coloração amarelada na natureza, caracteres que facilitam na identificação. Nome comum: camboim Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, complexo florestal inundável, 11-XI-2000 (vg.), L.F.T.Menezes 704 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, área de moitas, 31-X-2003 (fr), M.C.Souza 292 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 09-I-1999 (fl), L.F.T.Menezes 621 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, 05-II-1999 (fl), L.F.T.Menezes et M.C.Souza s.n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 21-III-1999 (fl), 95 L.F.T.Menezes 240 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 29-XII-2000 (fl), M.C.Souza 158 (RBR). Material adicional: ALAGOAS: Piaçabuçu, Ponta da Terra, 17-XI-1987 (fl, fr), G.L.Esteves 1958 (RB). BAHIA: Porto Seguro, Km 18 da BR-367, 04-XII-1980 (fl), A.Euponino 553 (RB). ESPIRITO SANTO: Linhares, Reserva Florestal, 21-X-1994 (fr), D.Araujo 10096 (GUA). PARÁ: Oriximiná, Rio Trombetas, 02-VII-1980 (fl), G.Martinelli 7266 (RB). PARANÁ: Vila Velha, 15-II-1949 (fl), A.C.Brade 19561 (RB). PERNAMBUCO: Serra do Orurubá, Fazenda São Francisco, 11-I-1995 (fr), M.Correa (RB). RIO DE JANEIRO: Cabo Frio, terra da Álcalis, 13-IX-1984 (fr), D.Araujo 6415 (GUA); Macaé, Praia de Carapebus, 25-IX-1981 (fr), D.Araujo 4626 (GUA); Maricá, Barra de Maricá, 18-II-1982 (fl), D.Araujo 4841 (GUA); Rio de Janeiro, Barra da Tijuca, 01-VIII-1977 (fl), L.Mautone 116 (RB); Saquarema, Sambaqui da Beirada, 11-I-1988 (fl), D.Araujo 8365 (GUA). RIO GRANDE DO SUL: Parnambi, 26-I-1964 (fl), H.E.Strang 549 (GUA); SÃO PAULO: Mogi das Cruzes, 30-VIII-1949 (fr), M.Kulhmam 1984 (RB). 96 Myrciaria tenella (DC.) O.Berg, Linnaea 27: 328. 1856. Basiônimo: Eugenia tenella DC., Prodr. 3: 272. 1828. Tipo: Minas Gerais, Martius s.n., s.d., M, foto F20030! Figura 11 f; 24 g – k. Arvoretas de até 5 metros de altura, com ramos novos, face abaxial das folhas concentrando-se na nervura principal, pecíolos, inflorescências e flores hialino-castanho pubescente; tronco com casca externa laminada desfoliante em placas rígidas, deixando um aspecto liso e vermelho. Folhas elípticas ou oblongas, ápice agudo, às vezes curtamente obtuso-acuminado, base aguda ou cuneada, bordo mais espesso e um pouco revoluto, cartáceas, discolores, com pontuações verrucosas mais evidentes na face abaxial; 15-25 x 58 mm; nervura principal plana ou sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias 10-12 pares, tenuamente impressa em ambas as faces; nervura marginal 0,1-0,5 mm do bordo; pecíolos ca. 1 mm comp. Fascículos axilares em nós folhosos basais, com até 4 flores, com eixo vestigial ou inconspícuo e coberto pelos ferofilos; ferofilos ovados, ca, 0,5 mm comp., ciliados; antopódio ca. 1 mm comp.; profilos ovado-arredondados, ca. 0,5 mm comp., cilados; botões florais globosos, 1-1,5 mm diam., com ovário não diferenciado do cálice; cálice ocultando o globo petalífero, com lobos ciliados; hipanto prolongado acima do ovário. Baga globosa, até 8 mm diam., alaranjada quando madura. Distribuição geográfica: América Central, Venezuela, Argentina, Uruguai e no Brasil, ocorre do Pará ao Rio Grande do Sul (Sobral, 1993). No Rio de Janeiro, distribui-se pelas seguintes áreas de restinga: Restinga da Marambaia, Jacarepaguá e Cabo Frio. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na floresta de cordão arenoso e na floresta de duna. Épocas de floração e frutificação: floração em dezembro, frutificação em janeiro. Comentário: a espécie é facilmente reconhecida nas áreas de restinga do Rio de Janeiro por apresentar folhas miúdas, além de um tronco com casca laminada, desfolhando em placas, deixando um aspecto liso e vermelho; comumente os indivíduos são encontrados 97 muito ramificados desde a base. À M. tenella estão subordinados sinônimos já mencionados por Sobral (1993, 2003). Nome comum: camboim, murta. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 27-I-2001 (vg.), L.F.T.Menezes 211 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 27-I-2001 (fr), M.C.Souza 186 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 27-I-2001 (fr), A.N.Silva s.n. (RBR); Ibid., Barra da Tijuca, 16-XII-1971 (fl), D.Sucre 8116 (RB). Material adicional: MARANHÃO: São Luis, Reserva Florestal do Sacavem, 03VI-1992 (fl, fr), F.H.Muniz 374 (RB). MINAS GERAIS: Ouro Preto, Estação Ecológica do Tripuí, 17-XI-1987 (fl), M.Peron 475 (RB). PARÁ: Salvaterra, Campos de Joanes, 16IX-1976 (fl), N.A.Rosa 915 (RB). PIAUÍ: São Raimundo Nonato, Boqueirão Grande, 31I-1984 (vg), L.Emperaire s.n. (RB). RIO DE JANEIRO: Saquarema, Reserva de Jacarepia, 14-VIII-1992 (fl), C.Farney 3158 (RB). SÃO PAULO: Serra da Bocaina, 20V-1951 (fl), A.C.Brade 20648 (RB). 98 Figura 24: M. floribunda: a – hábito, b – galha foliar, c – inflorescência, d – botão floral, e – corte transversal do ovário, f – fruto; M. tenella: g – hábito, h – inflorescência, i – botão floral, j – corte transversal do ovário, k – fruto. (a, b: M.C.Souza 158; c, d, e: L.F.T.Menezes 240; f: M.C.Souza 292; g, h, i, j: D.Sucre 8116; k: M.C.Souza 186) 99 Neomitranthes Kausel ex D.Legrand, Fl. Il. Catarin. 15: 671. 1977. Tipo: Neomitranthes glomerata (D.Legrand) D.Legrand (Legrand & Klein, 1977) O gênero foi estabelecido por Legrand, baseado no subgênero de mesmo nome, descrito por Kausel para o gênero Mitranthes O.Berg, porém não publicado. Este último, foi transferido para a subtribo Myrciinae, após o reconhecimento do embrião mircióide para a espécie-tipo, Mitranthes ottonis O.Berg (McVaugh, 1968), enquanto as espécies do antigo subgênero Neomitranthes apresentavam embriões típicos eugenióides. Neomitranthes é um gênero exclusivamente brasileiro e que provavelmente não ultrapasse 10 espécies (Sobral, 2003). Na Restinga da Marambaia está representado apenas por Neomitranthes obscura. Neomitranthes obscura (DC.) N.Silveira, Roessleria 4(1): 123. 1981. Basiônimo: Calyptranthes obscura DC., Prodr. 3: 257. 1828. Tipo: Brasil, Martius s.n., s.d., M. Figura 10 b; 12 a; 25 a – h. Arbustos ou arvoretas de até 5 metros de altura, glabras ou às vezes com alguns poucos tricomas nos ramos novos, face abaxial das folhas e pecíolos; tronco com casca externa áspera e desprendendo-se em placas. Folhas ovadas ou elípticas, ápice acuminado, base cuneada a decurrente, bordo foliar espessado, amarelado e, às vezes, pouco revoluto, coriáceas, discolores, densamente translúcido-pontuadas; 30-60 x 13-30 mm; nervura principal saliente em ambas as faces; nervuras secundárias ca. 10 pares, não muito evidentes em ambas as faces; nervura marginal ca. 1 mm do bordo; pecíolos 3-5 mm comp., podendo ser amarelado na natureza. Fascículos axilares, em nós folhosos basais ou áfilos, com 4-6 flores, com raque muito curta com ca. 1mm; ferofilos triangulares, ca, 1 mm comp., ciliados; antopódio ca. 0,5 mm comp.; profilos triangulares, conados, ca. 0,5 mm comp., cilados, persistentes na antese; botões florais obovados, apiculados, 20-60 x 40 mm, com o hipanto mal demarcado do cálice; cálice fechado no botão, abrindo-se por uma caliptra; pétalas reduzidas, espatuladas, ciliadas, caducas, 4; hipanto prolongado acima do ovário, campanulado; ovário bilocular, com 2 óvulos por lóculo. Baga do tipo bacídio, 100 globosa, até 15 mm diam., coroada pelo hipanto e com cicatriz da caliptra, enegrecida quando madura; 1-2 sementes; embrião eugenióide. Distribuição geográfica: pelas restingas do Espírito Santo e Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro, distribuindo-se pelas seguintes áreas: Restinga da Marambaia, Jacarepaguá, Maricá, Cabo Frio, Macaé e São João da Barra. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação arbustiva aberta não inundável, na arbustiva fechada de cordão arenoso, na floresta de cordão arenoso e na floresta de duna. Épocas de floração e frutificação: floração de maio a setembro, frutificação de agosto a dezembro. Comentário: a espécie é muito característica por apresentar folhas densamente translúcida-pontuadas e face adaxial muito brilhosa na natureza. Os espécimes são comumente encontrados com galhas, que se desenvolvem nos ramos jovens e com aspecto de uma roseta, de tamanho em torno de 30-40 mm comp. Nome comum: camboim de cachorro, pitanga de cachorro. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 29-V-1999 (fl), L.F.T.Menezes et al. 294 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, floresta de restinga, 24-X-1999 (fr), L.F.T.Menezes 516 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, próximo a área da Aeronáutica, 17-V-2000 (fl), L.F.T.Menezes 609 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, próximo a área da Aeronáutica, 12-VI-2000 (fl), L.F.T.Menezes 565 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, próximo a área da Aeronáutica, 12-VI-2000 (fl), L.F.T.Menezes 571 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, formação aberta de moitas, 31-X-2003 (fr), M.C.Souza 293 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 02-VII-1999 (fl), M.C.Souza 131 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 09-IX-1999 (fr), M.C.Souza 132 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 20-X-1999 (fl, fr), L.F.T.Menezes 101 569 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 29-XII-2000 (fl), M.C.Souza 159 (RBR). Material adicional: ESPIRITO SANTO: Presidente Kennedy, Praia das Neves, 17-V-1994 (fl, fr), D.Araujo 10038 (GUA). RIO DE JANEIRO: Cabo Frio, Restinga de Massambaba, 26-VIII-1987 (fr), D.Araujo 8042 (GUA); Campos dos Goytacazes, Barra do Açu, 04-VI-1981 (fl), D.Araujo 4530 (GUA); Macaé, entre a Lagoa Comprida e Carapebus, 05-VII-1994 (fr), D.Araujo 10072 (GUA); Maricá, Barra de Maricá (APA), 29V-1987 (fl), D.Araujo 7850 (GUA); Rio de Janeiro, Barra da Tijuca, próximo a Lagoa de Marapendi, 13-VI-1976 (fr), G.Martinelli 1008 (RB); Saquarema, Jaconé, 08-VI-1995 (fl), D.Araujo 10271 (GUA). 102 Plinia L., Sp. pl. : 516. 1753. Tipo: Plinia pinnata L. Gênero ocorrendo desde a América Central e Caribe até o Brasil, com aproximadamente 20 espécies (Landrum & Kawasaki, 1997). Na Restinga da Marambaia ocorre apenas P. ilhensis. Plinia ilhensis G.M.Barroso, Napaea 10: 2, fig. 1. 1994. Tipo: Brasil, Rio de Janeiro, Baía de Sepetiba, Ilha Furtada. D.Sucre 2010, 24-XII-1967, RB! (holotipo). Figura 25 i – k. Arbusto de até 2,5 metros de altura, com ramos novos, face abaxial e pecíolos das folhas novas, inflorescências, flores e frutos tomentelos; tronco com casca externa áspera. Folhas elípticas, suborbiculares, oblongas ou raramente ovadas, ápice obtuso-acuminado, obtuso, ou arredondado, base cuneada ou arredondada, bordo foliar amarelado revoluto, cartáceas a coriáceas, discolores, pontuações translúcidas diminutas e pouco visíveis; 20-90 x 15-45 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias 5-10 pares evidentes em ambas as faces; nervura marginal 1,5-4 mm do bordo; pecíolos 2-5 mm comp. Inflorescências em racemos de díade axilares, em nós folhosos basais ou áfilos, com raque muito curta; ferofilos muito reduzidos, ca. 0,1 mm comp.; antopódio ca. 1 mm comp.; profilos triangulares, conados, ca. 1,5 mm comp., cilados, persistentes na antese; botões florais obovados, 30-40 x 40 mm, com o ovário não diferenciado do cálice; cálice fechado no botão rompendo-se em 3-4 lobos triangulares, irregulares e fendidos até o ápice do ovário; pétalas presentes, cedo caducas; hipanto prolongado acima do ovário, não decíduo após a antese; ovário bilocular, com 2 óvulos por lóculo; estigma filiforme. Baga globosa, 8-14 mm diam., com os lobos do cálice persistentes; 1-2 sementes; embrião eugenióide. 103 Distribuição geográfica: até o momento só foi registrada a ocorrência para o Rio de Janeiro, em Floresta Pluvial Atlântica e em Restinga. Para as restingas só foi encontrada na Restinga da Marambaia, ocorrendo na floresta inundável. Épocas de floração e frutificação: floração de dezembro a março, frutificação de janeiro a abril. Comentário: a espécie até o momento só havia sido registrada pelo material tipo. Com este estudo foi possível identificar e registrar novas áreas de ocorrência para a espécie no Rio de Janeiro, como na Serra das Emerências - Búzios e Reserva Ecológica da Prainha - Rio de Janeiro, além do registro para a Restinga da Marambaia. Na Restinga da Marambaia sua ocorrência é muito rara, sendo encontrada uma pequena população restrita a um trecho de floresta inundável. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Búzios, Serra das Emerências, 22-IV1999 (fr), A.Lobão 413 (RB); Ibid., Serra das Emerências, 22-IV-1999 (fr), A.Lobão 414 (RB); Mangaratiba, Restinga da Marambaia, estrada que vai para a Gaeta, 15-I-2004 (fr), M.C.Souza 306 (RBR); Rio de Janeiro, Reserva Ecológica da Prainha, Morro da Boa Vista, 19-III-2004 (fl, fr), M.C.Souza 308 (RBR). 104 Figura 25: N. obscura: a – hábito, b – inflorescência, c – flor aberta, d – botão floral, e – corte longitudinal do botão floral, f – corte longitudinal da flor aberta, g – corte transversal do ovário, h – fruto; P. ilhensis: i – hábito, j – flor aberta, k – fruto. (a, b, c, d, e, f, g: L.F.T.Menezes 294; h: L.F.T.Menezes 293; i, j, k: M.C.Souza 308). 105 2.2.4.2. Subtribo Myrciinae O.Berg Inflorescências axilares terminais, axilares em nós folhosos ou em outras regiões dos ramos na axila de ferofilos, tirsóides ou panículas. Flores pentâmeras; com botão floral de cálice aberto ou fechado, abrindo-se pelo rasgamento do hipanto em 4-5 lobos irregulares ou por uma caliptra. Pétalas presentes, reduzidas, ou ausentes; androceu polistêmone, antera com descência rimosa retilinea ou sigmóide; hipanto prolongado acima do ovário ou não; ovário 2-3-locular, 2 óvulos por lóculo basais. Baga do tipo bacáceo, 1-2 sementes; embrião mircióide, que apresenta cotilédones livres, amplos, foliáceos, dobrados, circundados pelo eixo hipocótilo-radícula longo. Está representada na Restinga da Marambaia pelos seguintes gêneros: Calyptranthes, Marlierea, Gomidesia e Myrcia. Calyptranthes Sw., Prodr. 5: 79. 1788. Lectotipo: C. chytraculia (L.) Sw., desiguinado por McVaugh (1968). Gênero distribuído desde o México e Caribe até norte da Argentina, com provavelmente mais de 100 espécies, sendo que a maioria delas ocorrem no Sudeste do Brasil (Legrand 1962b; MacVaugh 1968; Barroso & Peron 1994; Landrum & Kawasaki 1997). Segundo Legrand (1962b), o gênero é muito homogêneo, com diferenças específicas escassas, merecendo uma atenção especial com estudos mais aprofundados. O gênero está representado na Restinga da Marambaia por apenas uma espécie, C. brasiliensis. Calyptranthes brasiliensis Spreng., Syst. Veg., 16 (2) : 499. 1825. Tipo: Brasil, Sello s.n., s.d., P, fototipo! Figura 6 c; 26. Arbusto a árvore de até 8 metros de altura, ramos novos, pecíolos novos, face abaxial das folhas novas, inflorescências, flores e frutos com indumento ferrugíneo106 tomentoso, tricomas dibraquiados até 1 mm comp.; ramos velhos glabros e esfoliando em placas, porções terminais dos ramos com ramificações dicotômicas; tronco com casca externa laminada desfoliante em placas rígidas, deixando um aspecto liso e avermelhado. Folhas elíptica-oblongas ou ovadas, ápice levemente obtuso-acuminado ou agudo, base aguda ou obtusa, bordo um tanto revoluto, coriáceas, discolores, com pontuações evidentes em ambas as faces; 50-125 x 25-50 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias 12-17 pares, às vezes visíveis na face adaxial, visíveis e um pouco salientes na abaxial; nervura marginal 1,5-2 mm do bordo; nervura intramarginal ca. 0,3-0,5 mm do bordo; pecíolo com 5-8 mm comp., enegrecido depois de herborizado. Inflorescência em tirsóides, 4 ramifloras, 40-110 mm comp., hipopódio de 25-50 mm comp.; 2-3 pares de ramificações laterais, opostos, ramificados ou não, terminados por 3, 7 ou mais flores aglomeradas; ferofilos ovados, 3-5 mm comp., decíduo; profilos ovados, com ca. 2 mm comp., decíduo; botões florais obovados com ápice acuminado, 2-3 mm comp.; cálice fechado no botão, abrindo-se por uma caliptra; pétalas 3 pequenas, caducas; hipanto desenvolvido sobre o ápice do ovário; ovário bilocular. Baga globosa, ca. 5 mm diam., atropurpurea quando madura, com hipanto coroando e por vezes com caliptra persistente; sementes 1-2 por fruto; embrião mircióde. Distribuição geográfica: da Bahia a Santa Catarina, ocorrendo na Floresta Pluvial Atlântica, em ambientes com solos úmidos, como brejos temporários (Legrand & Klein, 1971b), na Mata de Tabuleiro do Espírito Santo (Barroso & Peixoto, 1995) e nas Restingas. No Rio de Janeiro, distribui-se pelas seguintes áreas de restinga: Restinga da Marambaia, Jacarepaguá, Maricá, Cabo Frio, Macaé e São João da Barra. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação arbustiva aberta não inundável, arbustiva aberta inundável, floresta inundável, floresta de cordão arenoso e complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: floração de novembro a abril, frutificação de março a julho. Comentário: a espécie apresenta as porções terminais dos ramos com uma ramificação dicotômica, além de indumento com tricomas dibraquiados, caracteres estes 107 muito comuns ao gênero, o indumento tem coloração ferrugínea. O conjunto de caracteres facilita na identificação da espécie. Nome comum: guamirim branco, batinga mirim Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, complexo florestal inundável, 22-XII-1998 (fl), L.F.T.Menezes 232 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, 23-XII-1998 (fl), L.F.T.Menezes s/n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, 29-V-1999 (fr), L.F.T.Menezes s/n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, 08-IV-2000 (fl), L.F.T.Menezes 698 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, 19-I-2001 (fl), M.C.Souza 164 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, 20-I-2001 (fl), M.C.Souza 168 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, área de moitas, 22-II-2003 (fl), L.F.T.Menezes 1060 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, área de moitas, 13-III-2003 (fr), L.F.T.Menezes s.n. (RBR). Material adicional: BAHIA: Una, mata higrófila, 26-II-1978 (fl), S.A.Mori s.n. et al. (RB). ESPIRITO SANTO: Linhares, 20-II-1965 (fl), A.P.Duarte 9152 (GUA). MINAS GERAIS: São Tomé das Letras, 05-VI-1971 (fr), L.Monteiro 241 & M.C.Vianna (GUA). RIO DE JANEIRO: Cabo Frio, 02-I-1955 (fl), C.Joland 6678 (RB); Macaé, margens da lagoa Feia, 09-IV-1980 (fr), D.Araujo 3700 (GUA); Rio de Janeiro, Restinga da Tijuca, 02-IX-1944 (fr), O.Machado s.n (RB); São João da Barra, restinga, 23-I-1976 (fl), A.L.Peixoto 822 (RB). 108 Figura 26: C. brasiliensis: a – hábito, b – ápice da inflorescência, c – flor após antese, d – corte longitudinal da flor, e – corte transversal do ovário, f – fruto (a, b: M.C.Souza 168; c, d, e: L.F.T.Menezes 698; f: L.F.T.Menezes s.n.). 109 Gomidesia O.Berg, Linnaea 27: 6. 1855-56. Lectotipo: G. spectabilis (DC.) O.Berg, designado por McVaugh (1956). Arbustos ou árvores. Indumento castanho-avermelhado ou amarelado em porções jovens e face abaxial das folhas. Inflorescências em tirsóides axilares terminais ou em nós folhosos basais; ferofilos e profilos decíduos. Flores pentâmeras, botão floral aberto com lobos calicinais triangulares de ápice agudo ou obtuso; pétalas presentes, pilosas externamente e glabra internamente, a pétala mais externa recobre totalmente o globo petalífero; antera com 4 sacos polínicos distintos e de deiscência rimosa sigmóide, lageniformes; hipanto prolongado acima do ovário; ovário com 2-3 lóculos, 2 óvulos basais por lóculo. Embrião mircióide. Landrum & Kawasaki (1997) falam de uma possível união deste gênero com Myrcia, uma vez que as diferenças que os separam são tênues. A morfologia das anteras, no tocante a descência rimosa sigmóide é o caráter essencial na separação entre Myrcia e Gomidesia. Até o momento ambos mantêm-se distintos como táxons genéricos, havendo, entretanto, uma tendência a união, como já aplicado por Sobral (2003). As espécies de Gomidesia são quase que exclusivas do Sul e Sudeste do Brasil, com limite austral no Paraguai, nordeste da Argentina e norte do Uruguai. Poucas espécies chegam até a Bahia, entretanto podem ocorrer nas Antilhas. Gomidesia fenzliana O.Berg, Fl. bras 14(1): 19, pl. I, 8. 1857-59. Tipo: Brasil, Mart.Hb.Fl.Bras. 683 s.n., s.d., G, fototipo!. Figura 5 a; 27 a – d. Arbusto a arvoreta de até 5 metros de altura, ramos novos, face abaxial das folhas, face adaxial das folhas novas, inflorescências, flores e frutos amarelado-pardacento viloso; ramos mais velhos cilíndricos, acinzentados, de pubescentes a glabrescentes; tronco com casca externa áspera, acinzentado, liquenizado. Folhas de obovadas a elípticas, ápice de obtuso a arredondado, podendo ser retuso, base cuneada, bordo revoluto, coriáceas, discolores; 45-100 x 25-50 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na 110 abaxial; nervuras secundárias de 7-12 pares; nervura marginal não bem definida por apresentar os laços de fechamento das nervuras secundárias em ângulo próximo à reto, 2-3 mm do bordo; nervura intramarginal ca. 1 mm do bordo; pecíolo com 4-6 mm comp. Inflorescências em tirsóides piramidais, com 2 ou 4 (6) axilares terminais ou em nós folhosos basais, 70-125 mm comp., hipopódio 40-60 mm comp.; 3-5 pares de ramificações laterais, opostas, ascendentes; ferofilos ovados, ca. 4 mm comp., ocráceo-pardacento tomentosos, decíduos; profilos ovados, ca. 2 mm comp., ocráceo-pardacento tomentosos, decíduos. Botões florais obcônicos, com 3-4 mm comp., globo petalífero aparente; cálice com 5 lobos triangulares de ápice agudo, pilosos externa e internamente; estames com anteras de deiscência rimosa sigmóides colaterais, muito abertas lateralmente com o interior da teca visível; ovário trilocular. Baga globosa, de vermelha a atropurpurea quando madura, com cálice persistente. Distribuição geográfica: distrbui-se pela região ltorânea de todo o Brasil a partir de Santa Catarina, transpondo o limite norte do Brasil chegando até a Venezuela (Legrand & Klein, 1967). Nas restingas do Rio de Janeiro ocorre nas seguintes áreas: Reserva da Praia do Sul, Restinga da Marambaia, Jacarepaguá, Maricá, Cabo Frio, Barra de São João e Macaé. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na floresta de cordão arenoso, floresta de duna e complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: floração de novembro a março e frutificação de fevereiro a maio. Comentário: A espécie foi incluída por Legrand (1958) na seção Platyteca, que tem anteras mais ou menos abertas lateralmente e que deixam ver sempre o interior de cada teça, e subseção Collaterales, que apresentam anteras bastante abertas lateralmente, mostrando o resto sutural das sacos polínicos de forma oblíqua ou quase vertical. Nome comum: guamirim, papaguela. 111 Material examinado: RIO DE JANEIRO: Macaé, restinga aberta, 05-V-1981 (fr), D.S.D. Araujo 4420 (GUA); Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 22XI-1999 (vg.), L.F.T. Menezes 683 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 11-XI-2000 (vg.), L.F.T. Menezes 703 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 20-I-2001 (fl), M.C. Souza 171 (RBR); Ibid., Ilha da Marambaia, Praia Grande, 18-XII-2002 (fl), M.C. Souza 218 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 09-I-1999 (vg.), M.C. Souza 51 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 15-I-1999 (vg.), M.C. Souza 64 (RBR). Material adicional: BAHIA: Ilheus, 03-VIII-1980 (fr), A.M. Carvalho 300 (RB); ESPIRITO SANTO: Guarapari, 22-XII-1988 (fl), O.J. Pereira (RB); RIO DE JANEIRO: Angra dos Reis, Ilha Grande, Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul, 28II-1985 (fr), D.S.D. Araujo 6743 (GUA); Cabo Frio, Restinga de Cabo Frio, 18-I-1967 (fl), D. Sucre 1382 (RB); Macaé, mata de restinga periodicamente inundável, 29-XI-1994 (fl), C. Farney 3445 (GUA); Maricá, Restinga de Maricá, 21-I-1982 (fl), L.R. Landrum 4177 (RB); Rio de Janeiro, Barra da Tijuca, 14-II-1933 (fl), J.G. Kulhmann s/n. (RB); SANTA CATARINA: São Francisco do Sul, 31-I-1964 (fl), E. Pereira 8800 (RB); SÃO PAULO: Ubatuba, 18-IV-1979 (fr), P.P. Jonvin 526 (RB). 112 Gomidesia martiana O.Berg, Fl. bras. 14(1): 12. 1857-59. Tipo: Brasil, Sello 147, s.d., W, fototipo 31535!. Figura 5 b; 12 b; 27 e – i. Arbusto a arvoreta de até 6 metros de altura, indumento dos ramos novos, face abaxial das folhas, pecíolos, inflorescências, flores e frutos amarelo-farináceo; ramos mais velhos semi-cilíndricos, castanho-claros, glabros; tronco com casca externa áspera, liquenizado. Folhas lanceoladas ou oblongas, ápice acuminado, base aguda, bordo não revoluto, coriáceas, discolores; 125-220 x 35-50 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias de 17-22 pares; nervura marginal 2-3 mm do bordo; nervura intramarginal ca. 0,5 mm do bordo; pecíolo com 5 mm comp. Inflorescências em tirsóides piramidais, 2-4, axilares terminais ou em nós folhosos basais, 75-100 mm comp., hipopódio 30-60 mm comp., de ramos compressos e costados; 3-4 pares de ramificações laterais, opostas, patentes a ascendentes, terminadas em tríades; ferofilos lanceolados, 3-7 mm comp., com indumento amarelo-farináceo na face abaxial e amarelotomentoso na face adaxial, decíduos; profilos ovados ca. 2 mm comp., ocráceo-pardacento tomentoso. Botões florais obcônicos, com 4 mm comp., globo petalífero aparente; cálice com 5 lobos triangulares de ápice obtuso, amarelo-farináceo externamente e amarelotomentosa internamente; estames com anteras oblongas de deiscência rimosa sigmóide, sacos polínicos dispostos em alturas levemente diferentes; ovário 5-costado, bilocular. Baga globosa ou ovada, 10 mm diam., amarelada quando madura, cálice persistente. Distribuição geográfica: Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Nas restingas do Rio de Janeiro ocorre nas seguintes áreas: Restinga da Marambaia, Jacarepaguá, Maricá, Cabo Frio, Barra de São João e Macaé. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação arbustiva aberta não inundável, arbustiva fechada de cordão arenoso, floresta inundável, floresta de cordão arenoso, floresta de duna e complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: floração de novembro a fevereiro, frutificação de fevereiro a junho. 113 Comentário: a espécie apresenta um indumento característico na face abaxial das folhas, partes jovens dos ramos, inflorescências, flores e frutos, denominado na obra princeps como farináceo e de coloração amarelada. O táxon foi incluído por Legrand (1958) na seção Elytroteca, que se caracteriza pelas anteras com dois sacos polínicos, subcilíndricos, com as margens tecais incurvadas e fechadas ou pouco aberta lateralmente, e na subseção Subaequales, onde os níveis (superior e inferior) dos sacos polínicos são pouco distintos e a deiscência mais aparente ocorre no ápice ou latero-extrorsamente. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Pombeba, 04-II-1997 (fl), D.S.D. Araujo 10543 (GUA); Ibid., Restinga da Marambaia, área da Aeronáutica, 03-V-1998 (fl), L.F.T. Menezes 643 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 28-XII-1998 (fl), L.F.T. Menezes s/n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 16-II-2000 (fl), L.F.T. Menezes 646 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Gaeta, 12-VI-2000 (fr), L.F.T. Menezes 562 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, área da Aeronáutica, 03-I-2002 (fl), L.F.T. Menezes 889 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 23-XII-2000 (fl), M.C. Souza 153 (RBR). Material adicional: BAHIA: Ilheus, 19-V-1985 (fr), G.M.Martinelli 11096 (RB). ESPIRITO SANTO: Conceição da Barra, Aracruz celulose S.A., 08-I-1992 (fl), O.J.Pereira 2552 (RB). RIO DE JANEIRO: Macaé, 04-VI-1981 (fr), D.Araujo 4382 (GUA); Magé, Centro de Primatologia, 09-XI-1984 (fl), G.Martinelli 10339 (GUA); Maricá, Restinga da Barra, 09-V-1984 (fr), D.Araujo 6245 (GUA); Rio de Janeiro, Restinga de Jacarepaguá, 04-VI-1969 (fr), D.Sucre 5415 (RB); Rio das Ostras, 31-V-1999 (fr), D.Araujo 10709 (GUA); Saquarema, 25-XI-1988 (fl), C.Farney 2196 (GUA). 114 Figura 27: G. fenzliana: a – hábito, b – flor após antese, c – corte transversal do ovário, d1 – antera vista lateral, d2 – antera vista frontal; G. martiana: e – inflorescência, f1 – antera vista frontal, f2 – antera vista dorsal, g – corte longitudinal da flor aberta, h – corte transversal do ovário, i – fruto. (a: M.C.Souza 218; b, c, d: M.C.Souza 171; e, f, g, h: M.C.Souza 153; i: L.F.T.Menezes 562) 115 Marlierea Cambess., Fl. Bras. Mer. 2: 373. 1833. Lectótipo: M. suaveolens Cambess., designado po McVaugh (1956). O gênero é exclusivamente americano e deve apresentar por volta de 95 espécies na América do Sul, das quais a maioria é encontrada no sul, sudeste e centroeste do Brasil (Barroso & Peixoto 1995); na Restinga da Marambaia foi registrada a ocorrência apenas de M. tomentosa. Marlierea tomentosa Cambess., Fl. Bras. Merid. 2: 373. 1833. Tipo: Brasil, St.Hilaire s.n., 1816-21, P, fototipo 36474!. Figura 5 d; 12 c; 28. Arvoreta a árvore de até 7 metros de altura, ramos novos, pecíolos novos, face abaxial das folhas novas, inflorescências, flores e frutos albo-tomentosos; ramos e folhas velhas pubescentes a glabrescentes; tronco com casca externa áspera e desprendendo-se em placas. Folhas elíptica-oblongas, ápice acuminado, base obtusa a arredondada, bordo não revoluto, coriáceas, discolores, pontuações escurecidas evidentes em ambas as faces, 150320(360) x 60-115(150) mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias 15-18 pares, visíveis em ambas as faces; nervura marginal 310 mm do bordo, primeira nervura intramarginal 1-5 mm do bordo e a segunda nervura intramarginal ca. 0,5-1 mm do bordo; pecíolo com 10-15 mm comp., enegrecido depois de herborizado. Inflorescências em panículas, 2-4 axilares terminais ou em nós folhosos basais, 70-200 mm comp., hipopódio de 10-40 mm comp.; 5-7 pares pares de ramificações laterais, alternas, ramificadas; ferofilos oblongos na base da inflorescência com 20-30 x 510 mm, envolvendo a inflorescência nova, e ovados na base dos ramos da inflorescência com ca. 1 mm comp., decíduos; profilos decíduos, não vistos; botões florais obovados, ca. 4 mm comp.; cálice fechado no botão, abrindo-se em 4-5 lobos, irregulares, profundamente fendidos, externamente albo-tomentoso e glabro por dentro; pétalas ausentes; hipanto desenvolvido sobre o ápice do ovário; ovário bilocular. Baga globosa, 10-15 mm diam., negra quando madura, com lobos do cálice persistente; sementes 1-2 por fruto; embrião mircióide. 116 Distribuição geográfica: do Rio de Janeiro a Santa Catarina (Legrand & Klein, 1971a). Nas restingas do Rio de Janeiro ocorre nas seguintes áreas: Reserva da Praia do Sul, Restinga da Marambaia e São João da Barra. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na floresta inundável e complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: floração de fevereiro a junho, frutificação de maio a agosto. Comentário: segundo Legrand (1962d), o táxon se enquadra na seção Marlierea, que apresenta os botões florais completamente fechados ou quase, rompendo-se na antese em 45 lobos profundos até próximo a região do ovário e irregulares. A espécie, entre as Myrtaceae da Restinga da Marambaia, é bastante característica por apresentar folhas com maior dimensão em comprimento, ultrapassando 150 mm. Sua ocorrência é muito rara, sendo apenas encontrada, em pequenas populações, nos locias cujo solo é periodicamente encharcado. Nome vulgar: guapurana, guapurunga. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Gaeta, 17-V-2000 (fl, fr), L.F.T. Menezes 610 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Gaeta, 28-VI-2003 (fl), M.C.Souza 257 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Gaeta, 02V-2004 (fr), M.C.Souza 313 (RBR); Nova Iguaçu, Reserva Biológica do Tinguá, 08-VII1993 (fr), M.M.T. da Rosa 415 (RBR); Ibid., 23-IV-1994 (fl), S.J. Silva Neto 48 (RBR); Paraty, Fazenda Larangeiras, 10-VI-1976 (fl), G. Martinelli 963 (RB); Ibid., mata de encosta (80msm), próximo a mata de baixada, 05-VII-1989 (fr), C. Farney 2308 (RB); Ibid., APA do Cairuçu, 16-II-1993 (fl), E.A. Filho 117 (RB); Ibid., 01-VII-1993 (fr), R. Marquete 1155 (RB); Ibid., altitude 45 msm, 03-VIII-1994 (fr), L.C. Moura 19 (RB); Ibid., Trindade (restinga), 29-VI-1995 (fr), M.D. Campos 56 (RB); Ibid., APA do Cairuçu, 24VIII-1995 (fr), A. Castellar 27 (RB). 117 Figura 28: M. tomentosa: a – hábito, b – ápice da inflorescência, c – flor após antese, d – corte longitudinal da flor, e – corte transversal do ovário, f – fruto (a: M.C.Souza 313; b, c, d, e: S.J.Silva Neto 48; f: L.F.T.Menezes 610). 118 Myrcia DC. ex Guill., Dict. Class. Hist. Nat. 11: 401. 1827. Lectótipo: M. bracteolaris (Poir.) DC., designado por McVaugh (1956) Arbustos a árvores. Inflorescências em tirsóides ou panículas, axilares terminais, em nós folhosos basais, ou ramifloras; ferofilos e profilos decíduos. Flores pentâmeras, botão floral aberto; pétalas presentes; hipanto elevado acima do ápice do ovário ou não; antera com descência rimosa retilínea; ovário com 2-3 loculos, com 2 óvulos por lóculo. Baga do tipo bacácea, globosa ou elipsóide, com lobos caliciniais persistentes; sementes 1-2; embrião típico mircióide. O prolongamento do hipanto acima do ápice do ovário é um carater que foi utlizado por Berg (1855-56) para estabelecer um novo gênero, Aulomyrcia. Posteriormente, Grisebach (1861) observou que o referido caracter por si só não tem valor diagnóstico para circunscrever um táxon genérico. Desta forma, este gênero foi redefinido como uma seção do gênero Myrcia. O gênero é neotropical com espécies desde as Antilhas, Guianas, Peru, Brasil até a Argentina, Paraguai e Uruguai, sendo que o maior número de espécies ocorre nas regiões centro-oeste e sudeste do Brasil. Após o trabalho de Berg (1857-59) nenhuma revisão do gênero foi feita e o número de espécies vem sendo estimado em torno de 300 (McVaugh, 1969 e Judd et al. 1999); na Restinga da Marambaia está representado por 5 espécies, sendo 4 pertencente à seção Aulomyrcia (M. acuminatissima, M. lundiana, M. multiflora, e M. richardiana) e uma à seção Myrcia (M. recurvata). 119 Myrcia acuminatissima O.Berg, Fl. bras., 14 (1): 167. 1857-59. Tipo: Brasil, Sello 5938, s.d., P, fototipo 36478!. = Aulomyrcia racemosa O.Berg, Fl. bras., 14 (1): 88. 1857-59. = Aulomyrcia gaudichaudiana O.Berg, Fl. bras., 14 (1): 88. 1857-59. = Myrcia racemosa (O.Berg) Kiaersk., Enum. Myrt. bras., 72. 1893. Figura 29 a – c. Arbusto a árvore de até 8 metros de altura; ramos jovens, pecíolos, inflorescências, flores e frutos canescentes e vilosos, folhas com indumento canescentes pubescentes, sendo glabrescente na face adaxial; tronco com casca externa laminada desfolhando em lâminas papiráceas, acinzentado, liquenizado, com manchas verdes. Folhas elíptica-oblongas ou lanceoladas, ápice longamente acuminado, base obtusa, bordo um pouco revoluto, cartáceas, com pontuações evidentes em ambas as faces; 40-75 x 10-30 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias de 9-12 pares, visíveis em ambas as faces; nervura marginal 1-2 mm do bordo; nervura intramarginal ca. 0,5 mm do bordo; pecíolo 4-5 mm comp. Inflorescências em panículas, 4-6 axilares, terminais e em nós folhosos basais, 40-60 mm comp., hipopódio mm comp.; 2-4 pares de ramificações laterais alternas, podendo o primeiro ser oposto; ferofilos ovados ou lanceolados, 1-3 mm comp., decíduos; profilos lanceolados, 2 mm comp., decíduos. Botões florais obovados, com 2 mm comp., globo petalífero pouco aparente no ápice do botão; cálice com 5 lobos triangulares de ápice agudo, proeminentes, iguais; hipanto prolongado ca. 0,5 mm sobre o ápice do ovário, internamente glabro; ovário bilocular. Baga globosa, 6 mm diam., vermelha quando madura, coroada pelo hipanto, com lobos do cálice persistentes. Distribuição geográfica: Do sul da Bahia ao norte de Santa Catarina, desenvolvendo preferencialmente nas planícies costeiras e muito raramente nas matas de encosta, atingindo as Serras de Minas Gerais (Legrand & Klein, 1969b). Nas restingas do Rio de Janeiro ocorre nas seguintes áreas: Reserva da Praia do Sul, Restinga da Marambaia, Jacarepaguá, 120 Cabo Frio e Macaé. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na floresta inundável, floresta de cordão arenoso e complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: Floração de outubro a janeiro, frutificação de janeiro a julho. Comentário: a espécie foi encontrada com muita freqüência nas formações florestais onde ocorre encharcamento do solo; apresentam características que facilitam a identificação como presença de tricomas canescente nos ramos, folhas, flores e frutos, além da folha com ápice longo acuminado. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, rio vermelho, 03-VI-1972 (fr), D Sucre 9171 (RB); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 23-XII-1998 (fl), L.F.T.Menezes 395 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 04-I-1999 (fl), L.F.T.Menezes 216 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 29-V-1999 (fr), L.F.T.Menezes 267 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 19-III-2000 (fr), L.F.T.Menezes s/n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 08-IV-2000 (fr), L.F.T.Menezes s/n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 03-I-2002 (fl), L.F.T.Menezes 879 (RBR). Material adicional: BAHIA: Lençóis, 28-X-1978 (fl), G.Martinelli 5379 (RB). ESPIRITO SANTO: Linhares, 30-I-1972 (fl), D.Sucre 8336 (RB). MINAS GERAIS: Serra de Ibitipoca, entre 1580-1600 msm, 21-I-1971 (fl), D.Sucre 7378 (RB). RIO DE JANEIRO: Angra do Reis, Ilha Grande, Praia do Sul, 15-II-1984 (fr), D.Araujo 6107 (GUA); Cabo Frio, sistema de dunas, 09-V-1986 (fr), D.Araujo 7444 (GUA); Macaé, Carapebus, 14-II-1980 (fr), D.Araujo 3585 (GUA); Paraty, mata de encosta, 22-III-1992 (fr), M.C.Marques 281 (RB); Rio de Janeiro, restinga da Tijuca, 21-XII-1942 (fl), O.Machado s/n. (RB). 121 Myrcia lundiana Kiaersk., Enum. Myrt. bras., 78. 1893. Basiônimo: Aulomyrcia vauthieriana O.Berg, Linnaea 30, 655. 1861 Tipo: não encontrado na bibliografia. Figura 9 a; 29 d. Arbusto a arvoreta de até 6 metros de altura; glabra, com apenas os ramos jovens e inflorescências avermelhado-pubescentes; tronco com casca externa laminada desfoliante em placas rígidas, deixando um aspecto liso, avermelhado. Folhas ovadas ou elíptica, ápice acuminado, base aguda, bordo um pouco revoluto, coriáceas, discolores, com a face adaxial brilhante, densamente pontuadas; 30-80 x 15-40 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias de 8-12 pares, visíveis em ambas as faces; nervura marginal 0,5-2 mm do bordo; nervura intramarginal ca. 0,1-0,5 mm do bordo; pecíolo 3 mm comp., amarelado na natureza e escurecendo após herborizado. Inflorescências em panículas, 2-6 axilares, terminais e em nós folhosos basais, 30-80 mm comp., hipopódio até 30 mm comp.; 3-4 pares de ramificações laterais alternas, podendo o primeiro ser oposto; ferofilos ovados ou lanceolados, 2-4 mm comp., decíduos; profilos ovados, 1-2 mm comp., decíduos. Botões florais obovados, puberulos no ápice, com 2 mm comp., globo petalífero pouco aparente no ápice do botão; cálice com 5 lobos arredondados, proeminentes, desiguais com 2 maiores e 3 menores; hipanto prolongado ca. 0,5 mm sobre o ápice do ovário; ovário bilocular. Baga globosa, 5-8 mm diam., negra quando madura, coroada pelo hipanto, com lobos do cálice persistentes. Distribuição geográfica: Restrita as restingas do Rio de Janeiro, ocorrendo nas seguintes áreas: Restinga da Marambaia, Jacarepaguá, Marica, Cabo Frio e Macaé. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação arbustiva aberta não inundável, arbustiva fechada de cordão arenoso, arbustiva fechada de pós-praia, floresta de duna e complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: Floração de dezembro a junho, frutificação de abril a setembro. 122 Comentário: Foi observada, nos botões floral, a presença de um apêndice em forma de profilo, localizado na porção mediana do hipanto. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 23-XII-1998 (fl), L.F.T.Menezes 392 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 29-V-1999 (fl), L.F.T.Menezes 295 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 03-V-1998 (fl), M.C.Souza 20 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 03-V-1998 (fl), M.C.Souza 21 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 27-VI-1999 (fl), L.F.T.Menezes 633 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 27-VI-1999 (fr), M.C.Souza s/n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 09-XI-1999 (fr), M.C.Souza 133 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 08-VI-2000 (fl), A.N.Silva s/n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 09-VI-2001 (fl), M.C.Souza 204 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 09-VI-2001 (fl), M.C.Souza 207 (RBR). Material adicional: RIO DE JANEIRO: Arraial do Cabo, restinga arbustiva aberta, 13-IV-1996 (fl, fr), D.Araujo 10430 (GUA); Cabo Frio, sobre dunas, 14-VI-1984 (fl, fr), D.Araujo 6328 (GUA); Macaé, restinga de Carapebus, 09-VI-1980 (fl), D.Araujo 3797 (GUA); Maricá, restinga arbustiva aberta, 17-IV-1991 (fl), D.Araujo 9362 (GUA); Rio de Janeiro, Barra da Tijuca, 13-IV-1945 (fl), O.Machado s/n. (RB); Ibid., restinga de Jacarepaguá, 04-VIII-1958 (fr), E.Pereira 4101 (RB); Saquarema, restinga arbustiva aberta, 07-VIII-1987 (fr), D.Araujo 7936 (GUA). 123 Myrcia multiflora (Lam.) DC., Prodr. 3: 244. 1828. Basiônimo: Eugenia multiflora Lam., Encycl., Botanique 3: 302. 1789. Tipo: Cayenne, sem coletor, B, foto 39580!. Figura 6 b; 29 e, f. Arbusto a árvore de até 18 metros de altura; planta glabra, com apenas os ramos jovens e inflorescências puberulos ou pubescentes; tronco com casca externa laminada desfoliante em pequenas lâminas finas, com coloração esbranquiçada e rosada. Folhas elíptica ou obovada, ápice acuminado ou obtuso-acuminado, base cuneada, bordo um pouco revoluto, cartáceas, discolores, densamente pontuadas; 25-50 x 10-25 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias de 12-17 pares, visíveis em ambas as faces; nervura marginal 0,5-1,5 mm do bordo; nervura intramarginal ca. 0,1 mm do bordo, quase inconspícua; pecíolo 2-5 mm de comp., enegrecido após herborizado. Inflorescências em panículas, 2-4 ramifloras podendo se encontrar na axila de ferofilos, 25-70 mm comp., hipopódio até 15-30 mm comp.; 2-4 pares de ramificações laterais alternas, podendo o primeiro ser oposto; ferofilos na base da inflorescência lanceolados, 5 mm comp., cedo decíduos; profilos ca. 1 mm comp., cedo decíduos. Botões florais globosos, com 2 mm comp., globo petalífero aparente em ca. da metade do tamanho do botão; cálice com 5 lobos semi-circulares, pouco saliente, iguais; hipanto prolongado ca. 0,5 mm sobre o ápice do ovário; ovário bilocular. Baga globosa, 5 mm diam., negra quando madura, coroada pelo hipanto, com lobos do cálice persistentes. Distribuição geográfica: Do norte da América do Sul até o Rio Grande do Sul (Legrand & Klein, 1969b). Nas restingas do Rio de Janeiro ocorre nas seguintes áreas: Reserva da Praia do Sul, Restinga da Marambaia, Jacarepaguá, Cabo Frio e Macaé. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação arbustiva não inundável, floresta inundável e complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: Floração de julho a fevereiro e frutificação de outubro a abril. 124 Comentário: a espécie apresenta uma ampla distribuição geográfica, ocorrendo em diversas fitofissionomias e apresentando uma grande variação morfológica, principalmente folhiar, o que acarretou numa ampla lista de sinônimos, como já mencionado por Legrand & Klein (1969b). Foi observada, nos botões floral, a presença de um apêndice em forma de profilo, localizado na porção mediana do hipanto Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 22-XII-1998 (fl), L.F.T.Menezes s/n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 23-XII-1998 (fr), L.F.T.Menezes s/n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 16-II-2000 (fl), L.F.T.Menezes s/n. (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 08-IV-2000 (fr), L.F.T.Menezes 672 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 20-I-2001 (fl), M.C.Souza 169 (RBR). Material adicional: ACRE: Rio Macanhan, 21-VIII-1933 (fl), B.A.Krukoff’s 5581 (RB). ALAGOAS: Mata Grande, 13-XI-1985 (fl), R.P.Lyra-Lemos 1094 (RB). ESPIRITO SANTO: Lagoa do Macuco, 16-VII-1969 (fr), D.Sucre 5618 (RB). MINAS GERAIS: Ouro Preto, 19-XI-1987 (fr), M.Peron 517 (RB). PARÁ: Serra dos Carajás, 16-X-1977 (fl), C.C.Berg s.n. (RB). PARANÁ: Irati, 04-III-1948 (fr), O.Mattos s.n. (RB). PIAUÍ: Novo Oriente, 14-VII-1978 (fl), A.B.Sousa s.n. (RB). RIO GRANDE DO NORTE: Parque das Dunas, 14-X-1980 (fl, fr), (RB). RIO GRANDE DO SUL: Canoas, 26-XI-1984 (fl), N.Silveira 2891 (RB). RIO DE JANEIRO: Angra dos Reis, Ilha Grande, Praia do Sul, 02-XII-1992 (fl), D.Araujo 9712 (GUA); Arraial do Cabo, Reserva Ecológica de Massambaba, 20-XI-1996 (fl), D.Araujo 10503 (GUA); Cabo Frio, 02-I-1951 (fl), C.Yoland 6669 (RB); Macaé, restinga de ericaceae, 24-I-1996 (vg), R.C.M.Montezuma 35 (GUA); Rio de Janeiro, restinga da Tijuca, 08-X-1946 (fl), Apparicio 396 (RB); Saquarema, restinga de Itaúna, 28-X-1984 (fl), C.Farney 532 (RB). SANTA CATARINA: Florianópolis, 10-XII-1984 (fl), J.Mattos 28696 (RB). SÃO PAULO: Itapetininga, 03-XII-1974 (fl, fr), L.H.F.Carvalho 128 (RB). PARAGUAI: Itambu, 17-XII-1984 (fr), W.Hahn 984 (RB). 125 Myrcia recurvata O.Berg, Fl. bras. 14 (1): 166. 1857-59. Tipo: Brasil, Sellow s.n., s.d., P, fototipo 36553!. Figura 7; 9 b; 12 d; 29 g – i. Arbusto a arvoreta de até 6 metros de altura; com os ramos novos, inflorescências e flores ocráceo-pubescentes, face abaxial das folhas glabrescente; tronco com casca externa suberosa e fissurada. Folhas ovadas ou lanceoladas, ápice longamente acuminado, base obtusa a arredondada, bordo pouco revoluto, coriáceas, com face adaxial brilhante, pontuações translúcidas esparsas; 50-150 x 20-70 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias de 10-12 pares, visíveis em ambas as faces e muito saliente na abaxial; nervura marginal 2-4 mm do bordo; nervura intramarginal ca. 0,5-1 mm do bordo; pecíolo 6-10 mm comp. Inflorescências em tirsóides, 2-4 axilares, terminais ou em nós folhosos basais, 50-100 mm comp., hipopódio 25-40 mm comp.; 4-5 pares de ramificações laterais, o primeiro par sempre oposto e os outros opostos ou subopostos; ferofilos não visto, decíduos; profilos ovados, 1 mm comp., decíduos. Botões florais obovados, com 3 mm comp., globo petalífero aparente no botão; cálice com 5 lobos deltóides, iguais; hipanto não prolongado sobre o ápice do ovário; ovário bilocular. Baga globosa ou elipsóide, 10 mm diam., negra quando madura, com lobos do cálice persistentes. Distribuição geográfica: distribui-se pelas restingas do Espírito Santo e Rio de Janeiro; ocorre nas seguintes áreas do Rio de Janeiro: Reserva da Praia do Sul, Restinga da Marambaia, Jacarepaguá, Cabo Frio e Macaé. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação arbustiva não inundável, arbustiva fechada de cordão arenoso, floresta de cordão arenoso, floresta de duna e complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: Floração de setembro a dezembro e frutificação de outubro a janeiro. 126 Comentário: espécie muito característica pelo seu tronco com a casca externa suberosa e fissurada, além das folhas dobradas na área da nervura principal após herborizadas, normalmente ocultando a face adaxial. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 22-XII-1998 (fr), L.F.T.Menezes 234 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 23-XII-1998 (fl), L.F.T.Menezes 394 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 28-XII-1998 (fr), L.F.T.Menezes 393 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 24-X-1999 (fl), L.F.T.Menezes 506 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 11-XI-2000 (fl), L.F.T.Menezes 709 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, 20-I-2001 (fr), M.C.Souza 167 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 20-X-1999 (fl), L.F.T.Menezes 570 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 27-XI-1999 (fr), A.N.Silva 04 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 20-X-2000 (fl), A.L.Melo 05 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 29-XII-2000 (fr), M.C.Souza 160 (RBR). Material adicional: ESPÍRITRO SANTO: Guarapari, Setiba, 28-XI-1990 (fl), O.J.Pereira 2294 (RB). RIO DE JANEIRO: Angra dos Reis, Ilha Grande, Praia do Sul, 19-XII-1984 (fl), D.Araujo 6495 (GUA); Arraial do Cabo, 29-I-1950 (fr), O.Machado s.n. (RB); Cabo Frio, 20-IX-1968 (fl), D.Sucre 3744 (RB); Macaé, Lagoa de Carapebus, 10-X1979 (fl), D.Araujo 3315 (GUA); Quissamã, restinga de Clusia, 26-X-1994 (fl, fr), D.Araujo 10108 (GUA); Rio de Janeiro, Recreio dos Bandeirantes, 09-X-1970 (fl), J.P.Fontella 435 (RB); Saquarema, 04-X-1981 (fl), J.C.Andrade s.n. (GUA). 127 Myrcia richardiana (O.Berg) Kiaersk., Enum. Myrt. bras.: 97. 1893. Basiônimo: Aulomyrcia richardiana O.Berg, Linnaea 30: 664. 1861. Tipo: Brasil, Vauthier s.n., s.d., P, foto F36558!. = Aulomyrcia lucida O.Berg, Fl. bras. 14 (1): 118. 1857-59. (Tipo: Brasil, Serra de Tinguá, Schott 1027, fototipo K!) sinônimo novo = Myrcia grandiglandulosa Kiaersk., Enum. Myrt. bras.: 83. 1893. (Tipo: Brasil, Rio de Janeiro, Santo Ângelo, Glaziou 13879, R! – isotipo) sinônimo novo = Myrcia dilucida G.M.Barroso, Bradea 5 (35): 358. 1990. (Schott 1027) sinônimo novo Figura 29 j. Arbusto a árvore de 18 metros de altura; com ramos novos, folhas novas, inflorescências e flores castanho a ferrugíneo pubescentes; tronco com casca externa áspera desprendendo-se em placas. Folhas elípticas, ovadas, ou oblongas, ápice acuminado; base cuneada, bordo revoluto, coriáceas, discolores, com pontuações translúcidas grandes e evidentes em ambas as faces; 30-110 x 15-50 mm; nervura principal um pouco saliente na face adaxial e fortemente saliente na face abaxial, com maior concentração de tricomas em relação ao restante da lâmina foliar; nervuras secundárias 10-20 pares, salientes em ambas as faces; nervura marginal a 2 mm do bordo; nervura intramarginal a ca. 0,5 mm do bordo; pecíolo 3-8 mm compr. Inflorescências em tirsóides, 2-4 axilares, terminais ou em nós folhosos basais, 50-100 mm comp., hipopódio 20-60 mm comp.; 3-4 pares de ramificações laterais opostas; ferofilos lanceolados, 2-10 mm comp., decíduos; profilos ovados, 1 mm comp., decíduos. Botões florais obovados, 2-4 mm comp., globo petalífero aparente no botão; cálice com 5 lobos triangulares ou arredondados, iguais; hipanto prolongado ca. 0,5 mm sobre o ápice do ovário; ovário trilocular. Baga globosa, 10 mm diam., vermelha a negra quando madura, coroados pelo hipanto, com lobos do cálice persistentes. Distribuição geográfica: Distribui-se do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul (Legrand & Klein, 1969b). Nas restingas do Rio de Janeiro só foi encontrada na Restinga da Marambaia ocorrendo na floresta inundável. 128 Épocas de floração e frutificação: Floração de setembro a dezembro e frutificação de janeiro a fevereiro. Comentário: a espécie apresenta folhas muito características, com pontuações translúcidas grandes e muito evidentes em ambas as faces, além de uma nervação reticulada, saliente e evidente em ambas as faces. Até o momento só foi encontrado poucos indivíduos na floresta inundável da Restinga da Marambaia, demonstrando ser muito rara nas restingas. Material examinado: ESPIRITO SANTO: Santa Tereza, Estação Biológica de Santa Lúcia, 24-XI-1988 (fl), H.Q.B.Fernandes 2648 (RB). RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, próximo à lagoa Vermelha, 17-II-2004 (vg.), M.C.Souza 314 (RBR); Niterói, Pico do Alto Moirão, 14-I-1982 (fr), R.H.P.Andreata 388 (RB); Paraty, Ilha da Cotia, 22-XI-1989 (fl), M.C.Marques 187 (RB); Petrópolis, Carangola, X-1943 (fl), G.C.Góes e D.Constantino 604 (RB); Ibid., 28-I-1968 (fl), D.Sucre 2251 (RB); Rio de Janeiro, Morro do Leme, XI-1966 (fl), D.Sucre 1202 (RB); Ibid., 27X-1941 (fl), J.G. Kuhlmann s.n. (RB); Ibid., Copacabana, APA Chacrinha, 08-XII-2003 (fl), L.J.T.Cardoso 41 (RB); Ibid., Mesa do Imperador, 10-XI-1947 (fl), A.Duarte 992 (RB); Ibid., Corcovado, 24-XI-1971 (fl), D.Sucre 7968 (RB); Ibid., Pico da Tijuca, 03-II1971 (fr), D.Sucre 7381 (RB); Ibid., Morro do Pão de Açúcar, 17-X-1978 (fl), H.C.Lima 717 (RB); Ibid., Pedra da Gávea, 07-II-1971 (fl), D.Sucre 7417 (RB); Teresópolis, PARNA Serra dos Órgãos, 06-IX-1998 (fl), C.S.R.Pardo 55 (RB). 129 Figura 29: M. acuminatissima: a – hábito, b1 – antera fechada, b2 – antera aberta, c – fruto; M. lundiana: d – corte longitudinal da flor; M. multiflora: e – corte transversal do ovário, f – ramo da inflorescência; M. recurvata: g – ápice da inflorescência, h – corte longitudinal da flor, i – fruto; M. richardiana: j – folha. (a, b: L.F.T.Menezes 395; c: L.F.T.Menezes 288; d: M.C.Souza 207; e, f: M.C.Souza 169; g, h: L.F.T.Menezes 709; i: M.C.Souza 160; j: M.C.Souza 314) 130 2.2.4.3. Subtribo Myrtinae O.Berg Inflorescências em mônades ou dicásios, axilares em nós folhosos ou áfilos, ou em outras regiões dos ramos. Flores tetrâmeras ou pentâmeras; com botão aberto, parcialmente ou fechado, abrindo-se pelo rasgamento do hipanto em 4-5 lobos irregulares. Pétalas presentes; androceu com 5-8 estames ou polistêmone; hipanto elevado acima do ovário ou não; estigma filiforme ou globoso; ovário 2, 3 ou 5-locular, 4 ou pluriovulados por lóculo. Baga do tipo bacáceo ou solanídio, 1-4 ou multiseminado; embrião mirtóide, com o eixo hipocótilo-radícula bem desenvolvido e cotilédones pequenos ou vestigiais. Está representada na Restinga da Marambaia pelos seguintes gêneros: Blepharocalyx, Myrrhinium e Psidium. Blepharocalyx O.Berg, Linnaea 27: 412. 1856. Lectótipo: Blepharocalyx acuminatissimus (Miq.) O.Berg (= B. salicifolius), designado por McVaugh (1956). Gênero com distribuição disjunta nos Andes, Antilhas e Brasil, com apenas três espécies (Landrum, 1986). Na Restinga da Marambaia ocorre B. salicifolius. Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O.Berg, Linnaea 27: 413. 1856. Basiônimo: Myrtus salicifolia Kunth, Nov. Gen. Sp. 6: 136. 1823. Tipo: Equador, “prope Loxam Novo-Granatensium”, Humboldt et Bonpland s.n., P, fototipo F36906! Figura 30 a – d. Arvoreta a árvore de até 7 metros de altura; ramos e folhas novas com indumento alvo-seríceo; tronco com casca externa áspera, desprendendo-se em placas. Folhas elípticas, ápice acuminado e mucronado; base aguda ou cuneada, cartáceas, discolores, com pontuações evidentes na face abaxial; 20-45 x 10-20 mm; nervura principal sulcada a plana na face adaxial, saliente na abaxial; nervuras secundárias 15-20 pares, evidentes e salientes em ambas as faces; nervura marginal ca. 0,5 mm do bordo; pecíolo 2-3 mm comp. 131 Inflorescências em dicásios axilares em nós folhosos basais, 3-15 flores; eixo central de 1530 mm comp.; antopódio presente nas flores laterais com 2-7 mm comp. e ausente nas flores centrais; ferofilos e profilos decíduos, não vistos. Flores tetrâmeras, botões florais com cálice aberto, piriformes, 3 x 2 mm, ovário diferenciado do cálice; cálice ocultando o globo petalífero; lobos do cálice individualizados, ovado-elíptico, iguais, côncavo, densamente ciliado, decíduos após a antese; pétalas presentes; androceu com mais de 20 estames; ovário bilocular, com 4 ou mais óvulos por lóculo; hipanto não desenvolvido. Fruto não visto. Distribuição geográfica: No Brasil distribui-se de Goiás ao Rio Grande do Sul, Paraguai, Uruguai, norte da Argentina, Bolívia e Equador (Landrum, 1986), ocorrendo em fitofisionomias diversas. Nas restingas do Rio de Janeiro distribui-se pelas seguintes áreas: Restinga da Marambaia e Jacarepaguá. Na Restinga da Marambaia foi encontrada somente no complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: Floração de setembro a janeiro, frutificação de novembro a março. Comentário: a espécie apresenta um variação morfológica da folha muito grande, levando a apresentar um grande lista de sinônimos como já mencionado por Landrum (1986). Os epécimes coletados nas restingas do Rio de Janeiro apresentam a folha com ápice mucronado. Nome comum: cambuí Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, complexo florestal inundável, 08-IV-2000 (est.), L.F.T. Menezes 670 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Armação, complexo florestal inundável, 19-I-2001 (fl), M.C. Souza 165 (RBR). Material adicional: RIO DE JANEIRO: Rio de Janeiro, Jacarepaguá, restinga de Itapeba, X-1957 (fl), Strang 874 (R). 132 Myrrhinium Schott, Syst. Veg. 4 (2): 405. 1827. Tipo: Myrrhinium atropurpureum Schott O gênero foi revisado por Landrum (1986), que reconheceu a existência de uma única espécie, Myrrhinium atropurpureum Schott, com a variedade típica e M. atropurpureum var. octandrum Benth. A variedade típica está restrita às restingas do Rio de Janeiro e a variedade M. atropurpureum var. octandrum ocorre no sudeste-sul do Brasil, Uruguai, Argentina e nos Andes. Myrrhinium atropurpureum Schott var. atropurpureum, Syst. Veg. 4 (2): 405. 1827. Tipo: Brasil, Schott s.n., s.d., BP. Figura 9 c; 30 e – i. Arbusto a arvoreta de até 5 metros de altura; ramos jovens seríceos a pubérulos, glabrescente; tronco com casca externa áspera. Folhas elípticas, ápice obtuso ou arredondado, base aguda, obtusa ou arredondada, bordo revoluto, coriáceas, discolores com a face adaxial nítida, densamente pontuadas; 25-50 X 10-35 mm; nervura principal sulcada na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias 6-9 pares as vezes salientes em ambas as faces; nervura marginal 1-3 mm do bordo; pecíolo 2-3 mm comp. Inflorescências em dicásios axilares, em nós áfilos, 3-15 flores, o eixo central de 3-5 mm comp.; antopódio 2-4 mm comp., ausente nas flores centrais; ferofilos e profilos triangulares ca. 1 mm comp., ciliados, persistentes na antese; flores tetrâmeras, botões florais com cálice aberto, piriformes, 5-6 X 2-3 mm; ovário marcadamente distinto do cálice; cálice não ocultando o globo petalífero; lobos do cálice ovais ou orbiculares, ca 1 mm comp., ciliados; pétalas elípticas a ovais, 4-5 X 2-3 mm, vermelhas a roxas e suculentas quando a flor está fértil, ciliadas; 5-8 estames, de 20-25 mm comp., vermelhos; ovário bilocular, multiovulado por lóculo; hipanto desenvolvido sobre o ovário. Baga do tipo bacácea, globoso-elípticos ou obovados, ca 6mm comp., negros quando maduros; 1-4 sementes reniformes, com testa lúcida; embrião mirtóide. 133 Distribuição geográfica: restrita as restingas do Rio de Janeiro (Landrum, 1986), ocorrendo nas seguintes áreas: Restinga da Marambaia, Grumari, Jacarepaguá, Maricá, Cabo Frio, Barra de São João. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na formação herbácea de cordão arenoso, arbustiva aberta não inundável, arbustiva fechada de cordão arenoso, arbustiva fechada de pós-praia e floresta de duna. Épocas de floração e frutificação: floração de julho a novembro, frutificação de outubro a março. Comentário: a espécie é muita característica por apresentar flores com poucos estames, vermelhos e com as pétalas roxas, suculentas e adocicadas. Nome comum: pau-ferro, carrapatinho Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, área da Aeronáutica, 03-I-2002 (fr), L.F.T. Menezes 881 (RBR); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 27-XI-1999 (fl), A.N. Silva 05 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 20-X-2000 (fr), A.L. Melo 08 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 20-X-2000 (fl), M.C. Souza 139 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, duna próximo da linha 2, 09-III-2002 (fr), M.C. Souza 238 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, floresta de duna, 27-IX-2003 (fl), M.C. Souza 270 (RBR). Material adicional: RIO DE JANEIRO: Cabo Frio, área da Compania Salinas Perynas, 18-III-1989 (fr), C.Farney 2265 (RB); Casimiro de Abreu, 19-IX-1986 (fl), D.Araujo 7606 (GUA); Maricá, Restinga de Maricá, 24-X-1986 (fl, fr), L.C.Giordano 181 (RB); Rio de Janeiro, Restinga de Jacarepaguá, 01-VII-1958 (fl), E.Pereira 3963 (RB); Ibid., Restinga de Grumari, 30-VII-1968 (fl), D.Sucre 3353 (RB); Rio da Ostras, Restinga de Itapebussus, 19-VIII-1999 (fl), A.Lobão 442 (RB); Saquarema, Restinga de Massambaba, 22-VIII-1986 (fl), C.Farney 1157 (RB). 134 Figura 30: B. salicifolius: a – hábito, b – inflorescência, c – botão floral, d – corte transversal do ovário; M. atropurpureum var. atropurpureum: e – hábito, f – inflorescência, g – flor, h – fruto, i – semente. (a, b, c, d: M.C.Souza 165; e, f, g: M.C.Souza 270; h, i: M.C.Souza 238) 135 Psidium L., Sp. pl. 1: 470. 1753. Lectótipo: Psidium guajava L., designado por McVaugh (1968) Arbusto a árvore de até 10 metros de altura. Inflorescências em dicásios ou mônades, axilares em nós folhosos basais ou afilos, ou em outras regiões dos ramos; ferofilos ou profilos decíduos. Botão floral parcial ou completamente fechado pelo cálice, rompendo-se em 4-5 lobos irregulares; pétalas presentes; estigma globoso; ovário 3 ou 5– locular, com numerosos óvulos por lóculos, aderidos a uma placenta desenvolvida que se projeta em direção ao centro do lóculo; hipanto desenvolvido sobre o ovário. Baga do tipo solanídio, plurisseminados, sementes com testa óssea; embrião mirtóide. O maior gênero da subtribo Myrtinae, com mais de 70 espécies, distribuindo-se desde o México ao norte da Argentina, sendo que a maior parte ocorre no Brasil (Landrum & Kawasaki,1997). Na Restinga da Marambaia ocorrem duas espécies. Psidium cattleyanum Sabine, Trans. Hort. Soc. London 4: 215, tab. 2. 1821. Tipo: não localizado na literatura. Figura 12 e; 31 a – f. Arbusto a árvore de até 10 metros de altura; ramos jovens de coloração acastanhado, pubérulos a glabrescente, ramos velhos de coloração acinzentado; tronco com casca externa laminada desfoliante em placas rígidas que após o desprendimento deixam o tronco com o aspecto inteiramente liso e avermelhado. Folhas obovadas ou elíptico-obovadas, ápice obtuso-acuminado ou obtuso, base cuneada ou decurrente, bordo revoluto, coriáceas, discolores; 55-135 X 25-65 mm; nervura principal plana a sulcada na face adaxial e saliente na face abaxial; nervuras secundárias 8-10 pares, pouco visíveis na face adaxial, salientes e evidentes na face abaxial; nervura marginal 2-4 mm do bordo; nervura intramarginal muito próxima do bordo quase inconspícua; pecíolo 5-10 mm comp. Flores em mônades axilares em nós folhosos basais ou ramifloros; antopódio 7-15 mm comp.; profilos triangulares, 1,52 mm comp., pubescente, decídua antes da antese; botões florais globoso-obovados , 7-12 X 5-10 mm; cálice parcialmente fechado com uma pequena abertura apical, formado por 4- 136 5 lobos diminutos que se rompem irregularmente na antese. Baga globosa ou obovada, até 25 mm diam., vermelha quando madura. Distribuição geográfica: Distribui-se em toda parte oriental do Brasil, chegando até o nordeste do Uruguai; é muito abundante nas restingas (Legrand & Klein, 1977). Nas restingas do Rio de Janeiro ocorrem nas seguintes áreas: Restinga da Marambaia, Jacarepaguá e Maricá. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na floresta inundável, floresta de duna e no complexo florestal inundável. Épocas de floração e frutificação: Floração de novembro a dezembro e frutificação de novembro a junho. Comentário: a espécie apresenta frutos comestíveis, muito apreciados, sendo comumente cultivada. Nome comum: araçá, araçá da praia, araçá vermelho. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Angra dos Reis, Ilha Grande, Trilha da Mãe d’Água, 09-XI-2000 (fl), F. Pinheiro 595 (RB); Ibid., Ilha Grande, Caxadaço, 09-XI2000 (fl), F. Pinheiro 601 (RB); Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Armação, complexo florestal inundável, 03-VI-2000 (fr), L.F.T. Menezes 669 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, próximo à Lagoa Vermelha, 14-II-2004 (fr), M.C. Souza 307 (RBR); Paraty, Praia Negra, 23-XI-1990 (fl), C. Farney 2507 (RB); Rio de Janeiro, Restinga da Marambaia, floresta de duna, 09-VI-2001 (est.), M.C. Souza 208 (RBR); Ibid., Restinga da Tijuca, 21-III-1943 (fr), O. Machado s.n. (RB). Material adicional: RIO DE JANEIRO: Maricá, Lagoa do Padre, 16-IV-1975 (fr), D.Araujo 685 (RB); Rio de Janeiro, Restinga de Jacarepaguá, 06-I-1972 (fr), D.Sucre 8209 (RB). 137 Psidium guineense Sw., Prod.: 77. 1788. Tipo: Santo Domingo?, “Insula principis Africes, in Domingo culta”, Swartz s.n., s.d., S. Figura 9 d; 12 f; 31 g – l. Arbusto de até 1,5 metros de altura; ramos novos, pecíolos, face abaxial das folhas, quando nova também a adaxial, inflorescências e flores com indumento castanhoavermelhado viloso; tronco com casca externa laminada desfoliante em placas rígidas que após o desprendimento deixam o tronco com o aspecto inteiramente liso e acastanhado. Folhas obovadas, elípticas ou oblongas, ápice arredondado, obtuso, agudo ou acuminado; base aguda a cuneada, coriáceas, discolores; 40-105 x 25-50 mm; nervura principal sulcada a plana na face adaxial e saliente na abaxial; nervuras secundárias 7-10 pares, visíveis na face adaxial, salientes na face abaxial; nervura marginal ausente; pecíolo 5-10 mm comp. Flores em dicásio trifloro ou mônades, axilares em nós folhosos basais; antopódio 5-15 mm comp.; profilos lanceolados ou lineares , 1-3 mm comp., decíduos; botões florais constritos logo acima do ovário com forma de “8”, o globo estaminal mais largo que o ovário, 10-14 x 5 mm; cálice totalmente fechado, rompendo-se irregularmente em 4-5 lobos. Baga globosa, até 20 mm diam., amarela quando madura. Distribuição geográfica: Ocorre desde o México (Legrand & Klein, 1977) até a Argentina (Rotman, 1976), comumente encontrado em ambientes secos ou degradados. Nas restingas do Rio de Janeiro ocorrem nas seguintes áreas: Restinga da Marambaia, Maricá e Barra de São João. Na Restinga da Marambaia foi encontrada na floresta de cordão arenoso, nas áreas pertubadas. Épocas de floração e frutificação: Floração de setembro a março e frutificação de setembro a março. Comentário: apresenta grande variação morfológica e é facilmente confundida com P. guajava L., diferindo principalmente pelas folhas menores, nervuras secundárias em menor número e mais distanciadas entre si, além de apresentar a face abaxial das folhas 138 vilosas. A espécie só foi encontrada na formação florestal de cordão arenoso, em trechos que sofreram pertubações ambientais, demonstrando ser uma espécie com características pioneiras ou ruderias. Nome comum: araçá, araçá azedo. Material examinado: RIO DE JANEIRO: Mangaratiba, Restinga da Marambaia, Praia da Gaeta, 12-VI-2000 (fr), L.F.T. Menezes 567 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, próximo à Lagoa Vermelha, 12-VI-2000 (fr), L.F.T. Menezes 573 (RBR); Ibid., Restinga da Marambaia, Praia da Gaeta, 12-VI-2000 (fl), L.F.T. Menezes 587 (RBR). Material adicional: RIO DE JANEIRO: Casimiro de Abreu, estrada para a Lagoa da Coca-Cola, 04-II-1990 (fr), C.A.L.Oliveira 320 (GUA); Maricá, 14-X-2000 (fl), Igor s.n. (RB). 139 Figura 31: P. cattleyanum: a – hábito, b – flor após antese, c – botão floral, d – corte transversal do ovário, e – fruto, f – semente; P. guineense: g – hábito, h – inflorescência, i – botão floral, j – estígma, k – corte transversal do ovário, l – fruto (a, b: F.Pinheiro 601; c, d: C.Farney 2507; e: O.Machado s.n.; f: M.C.Souza 307; g, h, i, j, k: L.F.T.Menezes 587; l: L.F.T.Menezes 573). 140 3. Padrões de distribuição Os padrões definidos através de distribuições geográficas coincidentes sugerem que as condições atuais dos ambientes e/ou os eventos que ocorreram no passado tiveram influência no estabelecimento e na migração de espécies (Oliveira & Daly, 1999). Os estudos de padrões de distribuição fornecem informações sobre diversidade e centros de endemismo, que constituem dois parâmetros fundamentais para a indicação de áreas prioritárias para a conservação (Gentry, 1992; Prance, 1994). Araujo (2000) analisou as distribuições geográficas de cerca de 51% das espécies listadas para as restingas do Rio de Janeiro, com base em dados publicados, permitindo a delimitação de 10 padrões de distribuição. Algumas das famílias mais ricas em espécies, como Myrtaceae, tiveram pouca representatividade nesta análise, pela falta de dados puplicados sobre a distibuição das espécies (Araujo, l.c.). Analisando as distribuições geográficas das Myrtaceae ocorrentes na Restinga da Marambia, foi possível enquadrar as espécies em 6 padrões dos estabelecidos por Araujo (l.c.), conforme demonstrado na tabela 3, a saber: Neotropical/América do Sul Tropical; Peri-amazônico Oeste-Costa Atlântica; Brasil Leste-Sul e países vizinhos; Costa Atlântica Ampla; Costa Atlântica Sudeste-Sul; Endêmico do Estado do Rio de Janeiro. Tabela 3: Número de espécies por Padrão de distribuição das Myrtaceae da Restinga da Marambaia. Padrões de distribuição N. de espécies Distribuição Ampla (Neotropical/América do Sul Tropical) 5 Peri-amazônico Oeste-Costa Atlântica 1 Brasil Leste-Sul e países vizinhos 2 Costa Atlântica Ampla 2 Costa Atlântica Sudeste-Sul 12 Endêmico do Rio de Janeiro 8 141 Os padrões, definidos de acordo com Araújo (l.c.), são apresentados a seguir identificando-se nestes as espécies estudadas. Distribuição Ampla (Neotropical/América do Sul Tropical) – inclui espécies com distribuição ampla que ultrapassa os limites do continente sul-americano, com ou sem presença no Caribe (Neotropoical) ou que ocorre em quase toda a zona tropical deste continente (América do Sul Tropical). Em geral são espécies tolerantes a uma grande diversidade de habitats. Foram enquadradas neste padrão as seguintes espécies: E. punicifolia e M. multiflora com distribuição pela América do Sul Tropical; M. floribunda, M. tenella e P. guineense com distribuição Neotropical. Peri-amazônico Oeste-Costa Atlântica – as espécies ocorrem na periferia da bacia central amazônica, distribuindo-se em um arco fragmentado que engloba a costa atlântica oriental do Brasil (Pico das Almas até Uruguai) e a parte ocidental da Amazônia (curso superior dos rios Negro, Solimões, Juruá e Madeira), passando pelo Brasil Central (MG, GO, DF, MS) e por Bolívia e Paraguai. Apresenta esse padrão de distribuição B. salicifolius. Brasil Leste-Sul e países vizinhos – as espécies ocorrem na parte leste do Brasil, basicamente na Floresta Pluvial Atlântica, mas que penetram também no Planalto Central, nos cerrados e, para o sul, pode ultrapassar os limites do país, ocorrendo no Uruguai, Paraguai, norte da Argentina, mas não ultrapassam o Chaco no Paraguai. Este padrão está representado por E. uniflora que tem como limite norte a Bahia e P.cattleyanum que se limita ao sul no Uruguai. Costa Atlântica Ampla – as espécies distribuem-se numa faixa do litoral oriental do Brasil, cujos limites concidem com aqueles do domínio da mata atlântica, que começa no Estado da Paraíba no nordeste brasileiro onde encontram-se manchas de Floresta Ombrófila Densa nas serras interioranas (Rizzini, 1979), e se estende até o Rio Grande do Sul no litoral brasileiro. Enquadram-se neste padrão E. brasiliensis e G. fenzliana que têm como limite sul o Estado de Santa Catarina, sendo que G. fenzliana ultrapassa os limites do Brasil ao norte atingindo a Venezuela. Costa Atlântica Sudeste-Sul – as espécies distribuem-se no domínio da mata atlântica na região Sudeste-Sul, incluindo como limite setentrional o sul da Bahia. Foi 142 registrado o maior número de espécies se enquadrando neste padrão de distribuição, a saber: C. brasiliensis, E. bahiensis, E. excelsa, E. neosilvestris, E. rotundifolia, E. sulcata, G. martiana, M. tomentosa, M. acuminatissima, M. recurvata, M. richardiana e N. obscura. Endêmico do Estado do Rio de Janeiro – as espécies podem ocorrer tanto nas Restingas quanto na Floresta Pluvial Atlântica ou serem restritas as Restingas. As espécies que apresentam esse padrão de distribuição são: E. copacabanensis, E. neonitida, E. oxyoentophylla, E. rostrata, E. sp, M. lundiana, M. atropurpureum var. atropurpureum e P. ilhensis. Destas, apenas E. rostrata e P. ilhensis tiveram suas ocorrências registradas em Floresta Pluvial Atlântica e Restinga, enquanto as demais só foram registradas para as Restingas fluminenses. 143 CONCLUSÕES A família Myrtaceae está representada por 30 espécies na Restinga da Marambaia, sendo que o levantamento possibilitou o registro de 6 novas ocorrências para as restingas do Rio de Janeiro e o registro de uma espécie de Eugenia, ainda não identificada, com possibilidade de ser uma espécie nova. A Restinga da Marambaia apresenta-se como uma relevante área em diversidade de Myrtaceae, considerando-se que das 65 spp. de Myrtaceae registradas por Araujo (2000) para as restingas do estado do Rio de Janeiro, 37% ocorrem na área de estudo, além de como mencionada anteriormente a presença de 6 novas ocorrências assinaladas para B. salicifolius, E. neosilvestris, Eugenia sp., Myrcia richardiana, Plinia ilhensis e Psidium guineense. O gênero que teve a maior riqueza de espécies foi Eugenia (13 spp.), seguido de Myrcia (5 spp.), demonstrando a grande importância desses gêneros na representatividade da riqueza de espécies da família em diferentes ecossistemas brasileiros. As espécies estudadas ocorrem preferencialmente nas formações florestais da Restinga da Marambaia, sendo a floresta de duna a de maior registro de ocorrência de espécies(19 spp.), seguido do complexo florestal inundável (18 spp.). Entre as formações arbustivas, a com maior representatividade de espécies foi a arbustiva fechada de cordão arenoso (15 spp.). Os caracteres que se destacam como importantes para distinção dos táxons na Restinga da Marambaia são baseados em estruturas reprodutivas (inflorescência, botão floral, anteras, hipanto, fruto e embrião). Os caracteres vegetativos podem contribuir na distinção dos táxons, entretanto não são por si só caracteres com valor diagnóstico e, por esta razão, estão sempre associados aos caracteres florais e frutíferos. O estudo possibilitou contribuições taxonômicas para a família: atribuições de novos sinônimos para as espécies E. bahiensis e Myrcia richardiana; uma provável espécie nova de Eugenia ; novas coleções e o registro de uma nova área de ocorrência para Plinia ilhensis no estado do RJ, conhecida até então apenas de material tipo. A análise das distribuições geográficas das espécies possibilitou o reconhecimento de 6 padrões de distribuição geográfica estabelecidos por Araujo (2000) para as espécies 144 das restingas fluminenses, sendo eles: Neotropical/América do Sul Tropical; Peri- amazônico Oeste-Costa Atlântica; Brasil Leste-Sul e países vizinhos; Costa Atlântica Ampla; Costa Atlântica Sudeste-Sul; Endêmico do Estado do Rio de Janeiro. Os padrões de distribuição representados por maior número de espécies foi o Costa Atlântica Sudeste-Sul (12 spp.), seguido do Endêmico do Estado do Rio de Janeiro (8 spp.), que apresenta uma ocorrência restrita de Eugenia sp. para a Restinga da Marambaia, demostrando a impontância dessas regiões como centro de diversidade e endemismo e indicando ser áreas prioritárias para a conservação. A família tem papel fundamental na sutentação da fauna silvestre através de seus frutos, apresentando importância a sua conservação não só pela riqueza de espécies mas também pela sua relação direta com o ecossistema. Este estudo contribuiu para o enriquecimento quantitativo e qualitativo das coleções de Myrtaceae dos herbários do Rio de Janeiro, bem como corroborou as afirmações de vários outros especialistas no grupo que apontaram a necessidade de estudos regionais para a família, assim como a relevância das formações de Restingas como ambientes fundamentais para os táxons de Myrtaceae. 145 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Amshoff, G.J.H. 1942. Notes on the Myrtaceae of Suriname. Mededeelingen van het Botanisch Museum en Herbarium van do Rijksuniversiteit te Utrecht. 86: 147165. _______ 1948. Guiana Plants - Myrtaceae. Bulletin of the Torrey Botanical Club. 75: 528-538. _______ 1958. Flora do Panama (Myrtaceae). Annals of the Missouri Botanical Garden 45 (3):165-201. Arantes, A.A. & Monteiro, R. 2002. A família Myrtaceae na Estação Ecológica do Panga, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. Lundiana 3 (2): 111-127. Araujo, D.S.D. 2000. 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