CPEP Marrocos 2007 De Pasmo Em Surpresa

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CPEP Marrocos 2007 De Pasmo Em Surpresa
CPEP Marrocos 2007
D e Pasmo Em Surpresa
“É proibid a a entrada a qu em não and ar espantad o d e existir”.
Foi assim qu e José Gom es Ferreira escreveu em “Aventu ras d e João
Sem Med o”. Seja qual for o contexto, a frase é lapid ar. Eu u so-a
frequentem ente para m im , sobretu d o quand o constato qu e a su rpresa
m e anim a a vid a. Desta viagem , guard o d e novo essa sensação
m ágica.
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CPEP M arrocoos 2007
De Pasmo em Surpresa
30-04-07
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Autor: Carlos Cord eiro
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Éram os vinte e u m , 15 hom ens e 6 mu lheres. Portu gu eses, sem
d ú vid a. Eles eram m ais Josés, 3, elas m ais Marias, 4. Motos, eram
catorze, 11 STX e 3 STs.
Dispú nham os d e 1 representante d os anos 70, 4 d os anos 60, 10 d os
anos 50, 6 d os anos 40. Deixám os o yé-yé d e lad o e foi m uito Rock &
Roll.
Lisboa “ ru les” com o capital d e partid a, com 5 representantes, Trofa e
Aveiro com 3. Depois, Massam á, Beja, Qu arteira, Porto, Portalegre,
Coim bra, Leiria.
A saú d e e a gestão são as profissões mais representadas, seguid as da
ad vocacia, d o ensino, e d o com ércio.
Saím os d a AS d e Alcochete com m eia hora d e atraso, d eixand o o José
Ed u ard o entregue apenas à expectativa d e notícias. Em Lou lé,
garantíam os o m esm o atraso, mas já acom panhad os por m ais
participantes e por u m gru po d e 4L’s portugu esas qu e tinha o m esm o
d estino, Marrocos. N a inexistência d a AS La Florida, parám os na
ú ltim a área d e serviço d a AE Sevilha-Cád iz, na d ú vida, d epois
d issipada, d e que estariam algu m as Pans na prim eira AS d essa AE.
De Jerez a Algeciras, a via rápid a d eixou-nos inexplicavelm ente no
cam inho por Tarifa. Cu rvas agrad áveis ao longo d e u ma falésia
d elicad a, não com prom eteram a hora d e chegad a ao porto d e
em barque. À nossa espera, estava a Trofa. O gru po estava com pleto.
Com pra d e bilhetes, entrada no ventre d a nau , m otos am arrad as,
subid a para as bu tacas. África estava d o ou tro lad o, Marrocos ali
perto.
Após a relativa m od ernid ad e d e Ceu ta, su rge a caótica fronteira
m arroqu ina. Estava calor, m u ita gente na fila e a habitu al azáfama
d os arvorad os assessores d e comu nicação marroqu inos.
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Preenchim ento d o d ocu m ento d e id entificação ind ividu al, e restantes
papéis para a pasta. Su rge o Moam ed . Por qualqu er coisa, trata d e
tu d o. Lá foi, connosco, posto a posto, fazer o qu e d issera. Duas horas
d epois, aind a and ávam os a recu perar carimbos d e passaportes qu e
não tinham sid o apostos, registos d e saíd a esqu ecid os. Su rgia o
prim eiro pasm o d e bu rocracia qu e nos abafava a vontad e d e segu ir.
Em Tetouan já era d e noite. N a prim eira rotu nd a, algu ns não viraram
à d ireita. Parámos à beira d e u ma loja d e m obílias para su ltões, à
espera d eles, m esm o no coração d a m ais andalu z cidad e d e
Marrocos. Segu im os m eia hora d epois e, próxim o d e Checfchaou en,
voltám os a ju ntar-nos, após mais d e u m a hora d e estrad a estreita,
sinuosa, algu ns cam iões d e frente, e encand eamentos qu anto baste.
Checfchaouen, no Rif.
Checfchaou en é u m a Covilhã marroqu ina. Trepa pelo Rif, até ficar
próxim o d e d u as agu lhas d e ped ra qu ase inacessíveis. As vielas, ao
invés d e ped ra, são caiadas em branco e anil, d izem , para afastar os
m osqu itos. É u ma sensação d e frescu ra qu e com pensa o alcantilad o
d a u rbe. Recantos e m ais escaninhos, lojas e hostais precários,
d elicad os ou exóticos. Não há ainda ad obe nas pared es.
A entrad a no hotel Parad or foi apoteótica, quer pela d inâm ica que
criou à volta da pequena praça qu e fica praticam ente no centro d a
localidad e, qu er por eu ter d eixad o cair a m oto, qu and o o asfalto m e
faltou d ebaixo d a bota. A tam pa d o óleo, qu e u m m ecânico m e
d issera estar rachad a, partiu . N ada qu e u m a rolha d e cortiça não
resolvesse.
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Chefchaouen. Praça central
Reu nim o-nos à volta d a m esa ao jantar, contagiad os pela animação
qu e a novidad e nos proporcionara até ali, mais qu e não fosse pela
d egu stação d a prim eira tajine d a jornad a. Mas não tard ou qu e a
negociação su rgisse sob a forma d e u m a conta, ond e eu , por ser o
gu ia, não pagaria, m as qu e, send o pago naqu ele d ia, ad ju d icaria u m
d esconto agradável a tod os. Assim foi, após m eia hora d e d iscu ssão.
Sonhei com a factu ra mais esm iu çada e armad ilhada d a viagem .
Conhecêram os o Am ed na noite anterior. Fru to d e u m contacto
anterior d o Zé Ed uard o, este hom em sem id ad e e com u m a filosofia
d e vid a qu e balança entre u m a boa cerveja e o d estino qu e tem
traçad o, gu iou -nos pelos m eand ros d as lojas, d as passagens baixas
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entre casas, d os tú neis, d os hostais, d a nascente e d o lavad ou ro, para
term inar a manhã com u m d os chás mais caros d a jornada.
Alm oçámos nu m segu nd o and ar d e u m restau rante panorâm ico d e
ond e d om inávam os m eia cidad e, bem por cim a da praça central.
Aqu i entrám os em contacto com ou tra su rpresa típica: não há “ nãos”
em Marrocos! Tu d o se com bina, tu d o está bem , “ trankilo” , tu d o se
faz, tu d o se consegue. Não é bem assim . N ão é m esm o assim …
Chefchaouen. Interior do restaurante
Raro é o qu e está tabelad o. Mesm o o qu e está, é forçoso ser alvo d e
negociação. N em tu d o está inclu íd o, aliás, bebid as nu nca estão.
Cerveja e vinho são caros. O Corão parece qu e não os contem plou
sob o tecto d as su as raras perm issões. Refeição agrad ável e mais m eia
d ú zia d e ru as para percorrer até m eio d a tard e, quand o, su bitam ente,
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o Am ed d eu por find o o périplo. A partir d aí, cad a u m perd eu -se
com o qu is.
“ Portu gal” !, “ Cascais” !, “ Batata frita” !, “ Fixe” !, “ Porto!” , já faziam
parte d o vocabu lário d os locais. Reprod uziam a verborreia com o se
não hou vesse am anhã, nu m a espécie d e pregão m istu rad o com
sau d ação d e boas-vindas. É fácil perceber a faixa etária, as regiões, e
os interesses d os protagonistas qu e legaram aqu ele léxico …
Chefchaouen. Uma das ruas
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A caminho de Midelt: a chuva e a neve por companhia
N o d ia segu inte o d estino era Mid elt, Meknes e Volubilis objectivos
d e visita, e d ois Col os pontos d e paragem d a jornad a, não fosse o
tecto d o m u nd o qu ase ter d esabad o sobre nós. E foi avisad o, u ma vez
qu e o alarm e d o Carlos Mariano não se calou até Mid elt. Saím os d e
Checfchaou en sob chu va, qu e nos acom panhou d u rante qu ase tod o o
d ia.
Percorrem os algu m as estradas que m e fizeram lem brar o Minho ou
Trás-os-Montes, entre m ontes aind a verd es qu e esprem iam ribeiros
baixos e tranquilos. E com o a chu va não parava, parám os nós em
Volu bilis, o m aior com plexo d e ruínas romanas em Marrocos, mas
ond e apenas nos acolhem os sob u m telheiro qu e d ava acesso às casas
d e banho. À partid a, u m pórtico, ao longe, envolvid o nu m a neblina
d e hu m id ad e, d eitou -nos u m olhar sereno d e séculos, a convidar-nos
a regressar.
Em Meknes não foi d ifícil d ar com o hotel Íbis, para ond e eu tinha
m and ad o 2 faxes, m as d os quais não havia recebid o resposta.
Receberam -nos com sim patia, m algrad o a piscina d e água d estilad a
qu e d eixám os no lobby d o restau rante. Aqu i, o ânim o recom pôs-se.
Aproveitám os u m a aberta e pu d em os rod ar secos até à Med ina.
Apanágio d a boa relação existente com a polícia marroqu ina, foi a
perm issão d as 14 m otos pisarem u m traço contínu o para, d epois,
estacionarm os frente à Porta Mansou r, u m d os expoentes artísticos d e
Meknes.
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A saíd a d a cidad e foi
escoltad a por u m carro
d a polícia, privilégio d e
grand e u tilidad e,
em bora o acesso à
nacional não seja
com plicad o.
N u nca chegu ei a saber o
preço d a refeição, u ma
vez qu e tod os se
quotizaram para pagar a
m inha parte e a d a
Ju lieta.
Meknes. N a Bab Mansour
Com o fiqu ei sem palavras, ju lgo qu e tod os perceberam qu e o gesto
m e su rpreend eu d e form a significativam ente agrad ável.
Assim send o, obriguei-me a não m e irritar mais d o qu e u m a vez na
viagem , send o qu e essa possibilidad e, a acontecer, seria simu lad a.
Porém , não consegu i. Aliás, pou co m ais à frente, foi com os
elem entos natu rais qu e a arrelia sobreveio. O ar gelava à m ed id a qu e
subíam os o Méd io Atlas, acom panhad o por u ma chu va frígida qu e
nos paralisava m ãos e pés.
A partir d a passagem pelo fam oso bosqu e d e ced ros qu e fica na
região d e Azrou , as pingas d e chu va engrossaram , a formar neve. A
água qu e se acu mu lava nos vid ros e nas viseiras gelou . Qu and o
parám os, algu mas placas d e gelo, rend eram-se ao d eslizar pelas
carenagens caind o no chão com o gu ilhotinas. Os cam pos tinham
alguns palm os d e neve e os ced ros estavam carregad os d e espessas
m antas brancas. N ós estávam os qu ase congelad os.
N ão quase. A Ju lieta qu is registar em foto aqu ele am biente e tirou
u m a lu va para carregar no botão d e d isparo d a máqu ina.
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Consegu iu , m as
d eixou cair a lu va.
Algu ém a apanhou
m as, quand o a calçou ,
ju lgou qu e tinha
perd id o os d ed os, tão
gelad os qu e estavam .
A neve d eixou -nos
após m eia hora d e
m ontanha.
N a Floresta de Cedros, a nevar
Chegámos a Mid elt em pânico, m enos porém d o qu e o expresso pelo
recepcionista quand o foi preciso saber ond e estava qu em , u ma vez
qu e havia quartos d u plos ond e estavam singles, triplo ocu pad os por
d u plos, três pessoas em d u plos … Após meia hora d e engenharia, lá
foi possível assegu rar alojam ento a tod os e tomar u m banho a ferver
para repor a circu lação sanguínea.
N essa noite, su rgiu o Omar, após eu ter pergu ntad o por ele ao irmão,
Ali. Seria o nosso guia nos próxim os d ois d ias. O Ali estava com u m
gru po d e tu ristas algu res, pelo qu e seria o seu irmão Omar a
controlar a nossa estad ia no d eserto. "Tu do bem!", “ trankilo!” , “ fixe!” .
O léxico liceal já chegara ao d eserto. Porém , tu d o estava preparad o,
assegu rava. De facto, aqu ela noite, não pagu ei. Dorm i sossegad o.
Pela manhã, foi u m cenário d e bonança qu e nos acord ou . O sol
aproxim ava-se d o Atlas, relaçand o já os cu m es nevad os e a arid ez
qu e circu ndava o Kasbah Asm m a Hotel, situad o a cerca d e 3
qu ilóm etros d e Mid elt.
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A caminho do sul: o deserto como destino.
De m anhã, o gu ard a do
parqu e m ostrou u m belo
sorriso à vista d a
“ proprina” qu e lhe
d eixava. Saím os tard e. A
jornad a era cu rta, pou co
m ais d e 400 qu ilóm etros.
Com o alarm e d a m oto
d o Carlos Mariano
d om ad o por u m
especialista local, o
gru po segu iu em
A neve em redor de Midelt
caravana atrás d o jipe d o Om ar, sob u ma tem peratu ra retem perad ora
e auspiciosa. O mau tem po havia d ad o lu gar a u m céu azu l e ao sol
d espid o d e nu vens. O ad obe das casas su rgia agora m ais frequ ente.
Estávam os a cam inho d o su l.
Segu im os o Om ar,
nu m ritm o qu e
enfad ou algu ns,
sequ iosos d e d eserto.
A u m a m éd ia d e 80,
vagueámos pelo vale
e oásis d o Ziz, em
estrada seca e d e
perfil tentad or.
Vale do Ziz
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Parám os à vista d o
oásis, aind a entalad o
entre falésias qu e
faziam
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lem brar as “ m esas” texanas e m exicanas. Quand o passám os ER
Rachid ia, sentiu -se o odor d o d eserto a aproximar-se, à m ed id a qu e
as palm eiras e as tamareiras se ju ntavam à beira d a estrad a.
Alm oçámos nu ma espécie d e riad - ao estilo tu rism o d e habitação
portu guês - já não havia pachorra para cheirar o fu mo d o escape d o
jipe. Estávam os próxim o d e Rissani, ond e d eixaríam os as motos no
cu rral da Maison Tuareg e em barcaríamos em 4 naves d o d eserto,
Land Rovers, qu e nos acom panhariam d u rante tod o o tem po em qu e
estivem os no d eserto.
Mu itas pistas, m u ito pó, m u ita terra batid a, mais areia, e su rgem as
d u nas. Estávam os no Erg Chebbi. Ao longe, u m albergu e, algu mas
tend as, e u m lago, um lago no d eserto! Do ou tro lad o, d u nas, e mais
d u nas. Deste, u m gru po d e m ú sicos gnaw a d ava-nos as boas-vind as.
N ão tard ou qu e o Arlind o - o nosso especialista em d ança gnaw a - os
su rpreend esse …
Distribuíram-se as tendas. Eu fiquei entre d uas qu e m eteram … areia,
fru to d e u ma brisa suave mas insistente, que se esgu eirava por
alguns bu racos na lã. Aned otas, u m sentar à bord a d o lago, m ais
aned otas, e d uas u ru guaias a su rpreend er (ou ser su rpreend id as)
pelos m ais noctívagos.
Antes, porém , o jantar foi pantagru élico. Após algu mas tajines para
partilhar, chegou u m cabrito qu e nos sobressaltou o apetite. E, se
algu ma relu tância pareceu su rgir, não ficaram m ais d o qu e ossos
para recordar o repasto.
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Isto, sem pre ao ritm o
d a m ú sica, qu e fluía
entre o gnaw a e a
capoeira, com algu ns
batu qu es e solos d e
u m a espécie d e violino
a d inam izar o ritm o da
noite.
Músicos nas tendas do Erg Chebbi
N a m anhã d o d ia segu inte, foi a vez d e circund ar o d eserto a bord o
d os 4 jipes. O “ pequeno” d eserto, d e u m amarelo-torrad o que se
averm elha à proxim id ad e, é bastante concorrid o. Tem mais tu ristas,
d o qu e tu aregu es. Aliás, visitám os a tenda d a ú nica família que
parece aind a viver naqu ele sítio, d aqu ele exígu o m od o d e vid a.
Aqu i, ao contrário d o ad obe qu e im pera nas constru ções sed entárias
d o d eserto, é a lã qu e d om ina com o material d e construção
d as tend as d os nóm adas.
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Acom panhám os a silhu eta
d o relevo m ontanhoso
argelino a caminho d as
“ m inas” d e fósseis.
Entretanto, pu d em os
d isfru tar d e im agens
refrescantes d e lagos que
m u d avam d e posição ao
avanço d o jipe. Miragens,
e m u ito bem feitas, por
sinal ...
Poço tuaregue defendido por um pneu de camião.
N a "m ina", o Joaqu im Soares afastou -se e apanhou u m ou d ois
fósseis, sabem os agora com algu ns milhares d e anos. Pou co d epois,
sentámo-nos nu ma casa com prid a, propriedad e d e u m a cooperativa
m u sical, ond e escu tám os, d e novo, ritm os gnaw a, nu ma ald eia qu e
tam bém parece estar no circu ito tu rístico d os gu ias da região.
Depois, conhecemos o Lago d os Flam ingos, já no d eserto d e ped ra,
u m a longa extensão d e águ a ond e apenas faltavam … os flam ingos.
Aqu i, não havia m iragens. A m eia d ú zia d e vend ed ores qu e
apareceram d o nad a, não tard aram a acocorar-se e a abrir as
respectivas “ lojas” .
And ám os a cam inho d o alm oço, u ma gostosa pizza d e Rissani,
elaborada com pão e carne, u m d os m elhores pratos marroqu inos qu e
tivem os o prazer d e d egustar. Com o sobrem esa extra, o convite para
visitar a Maison Tu aregu e, trazia areia no bico. A costu m eira m ostra
d e tapetes não passou d isso m esm o. A certo ponto, os próprios
vend ed ores d evem ter percebid o qu e não consegu íam os arru mar u m
lenço nas m alas, qu anto m ais u m tapete …
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Daí a pou co, estávamos no mausoléu d e u m m onarca d a d inastia
vigente, salvo erro avô d e H assan II. Estranham ente, apenas
pu d em os visitar o clau stro, u m a vez qu e não d em os qualquer
"propina" a u m jovem qu e introd uziu u m casal d e espanhóis na zona
proibid a, m as foi prontam ente invectivad o pelo segu rança.
A seguir, passámos ao kasbah d e Rissani, m u ito sem elhante (em
configu ração, não em d im ensão) à m ed ina d e Fes, já qu e era fechad o
por cim a e estava escorad o em grand e parte d o percu rso. Estava
praticam ente aband onad o, em bora aind a não fosse ru ína. Aliás,
vislu mbrámos bastantes, sobretu d o d esd e Erfou d . H á mu itas
constru ções qu e, qu er pelas cond ições clim atéricas m ais agressivas,
qu er pela d egradação, vão send o aband onad as. A propósito, u m d os
albergu es d o Erg Chebbi, tinha sid o alvo d e u ma tem pestad e
trem end a e estava já em ru ínas …
Pouco d epois, ala para o d eserto, a cam inho d o H otel Kasbah. Pena
foi qu e o “ hotel” fosse u m albergu e, qu e tenham os ficad o a m eia hora
d e jipe d as m otos, que os quartos du plos fossem quád ru plos, qu e os
ind ivid u ais qu e nos qu eriam d estinar tivessem casa d e banho no
exterior, qu e a água qu ente tenha acabad o quand o fu i tomar banho.
Exigências dali, ced ências d aqu i, e m eia hora d epois estava eu a
tentar coelhos d a cartola entre o salve-se qu em pu d er qu e pairou
sobre os mais apavorad os. A m agia veio então d a agilidad e d os qu e
perceberam não ser fú nebre partilhar u ma d ivisória nu m quád ru plo.
Mas, d entro em pou co, estávamos quase tod os no topo d e u ma d u na
catita, agu ardand o o sol d esaparecesse lá para os lad os d e
Marraqu exe. Entretanto, recebem os algu mas motos 4 na “ nossa”
d u na, tripu lad as por elem entos d o Clu be Gold Wing espanhol, cu ja
caravana apanharíam os no trajecto para Casablanca e para Arzila.
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Um deserto concorrido
Deixámos escapar o
fim d o d ia com u m a
sensação d e d ever
cu m prid o, m as
igu alm ente com
u m a serenid ad e
própria d aqu ele
am biente qu ieto e
silencioso, ond e a
arqu itectu ra d e
linhas su aves d as
d u nas d eve ter u m
papel apaziguad or e
relaxante.
O d eserto é u m local privilegiad o para fazer o elogio d o silêncio e
atend er aos d etalhes. Foi aqu i qu e pegu ei na máqu ina fotográfica e
gu ard ei imagens d e tod os os qu e estavam ali, com vontad e d e lhes
reprod u zir a alma.
Mas não foi apenas a sensação das formas qu e serviu d e terapêu tica à
excitação provocad a pela "im previsível" red istribu ição d e
alojam entos no "hotel". Um d iscu rso ortopéd ico perm itiu corrigir
u m a ou ou tra d eform ação ad qu irid a, tratar vestígios d e subtis
trau matismos, e repor os níveis d e ansied ad e qu e, tam bém eu , havia
exced id o, em bora d e forma d issimu lad a, como é perm itid o …
A noite ofereceu -nos mais mú sica gnaw a e d isseram-m e qu e a festa
pu xou mais d os nossos para a “ pista” . Entretanto, eu arrem atava o
cu sto d o d eserto, que cu m priu irrepreensivelm ente o qu e estava
estipu lad o em term os d e nú m eros. Assim fossem as cond ições
contratad as e acred itaríam os qu e tu d o é “ fixe!” , fica “ trankilo” … ! O
albergu e d os hom ens azu is ficaria mais com o ponto negro d o qu e
com o alvo cartão d e visita d o Erg Chebbi.
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Rumo a Marraquexe: sobre tempestade de areia
Pela manhã, confirmám os qu e as m otos ainda estavam no red il.
Desped i-m e d o Om ar com a sensação d e qu e o acaso não consegu iria
vencer nem o espanto nem a su rpresa. A segu ir, passám os por várias
ald eias pobres qu e a estrad a para Tinejad e liga, nu m a sucessão d e
rectas e oásis.
Com a proxim id ad e d e Bou lmalne d u Dad es, o Atlas foi-se
m ostrand o à caravana. As m ontanhas mais elevadas d o norte d e
África, ergu iam-se à nossa d ireita, encrespand o-se árid as para oeste
até se esbranqu içarem d e neve lá para os 2500 m etros d e altitu d e. Em
Bou lm alne, bebem os u m cafezinho nu m restau rante panorâm ico,
logo após a entrad a da povoação.
Em baixo,
vislu mbrava-se
u m a vasta área d e
oásis, o mais
extenso e
u rbanizad o d este
périplo, qu e nos
obrigou a rodar
com m u ita atenção
e paciência,
lim itad os
sistematicam ente
pelo tal traço
contínu o qu e nos
Kasbah de Ouarzazate
escoltava d esd e a fronteira …
Espanto foi qu and o, algu ns qu ilóm etros d epois, u ma ventania,
d aqu elas qu e têm m esm o vento, arrastava areia consigo, fazend o-nos
rod ar à vela na m eia centena d e qu ilóm etros qu e nos separavam d e
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Ouarzazate. Lá, tinha eu aprazad o o almoço para as 13:00, sob u ma
positiva salvaguard a d o Said : “ venham que está reservad o!” . Estava.
Mas a ventania tam bém havia d om inad o a agilidad e d os cozinheiros,
pelo que aqu ele alm oço d em orou m ais d o qu e estava previsto e
com prom eteu a chegad a d iu rna a Marraqu exe.
Aliás, o vento voltaria a acom panhar-nos nos próxim os 50
qu ilóm etros. Em “ Ait Benad ou ” , o mais fam oso kasbah d e Marrocos,
qu e pretendíam os visitar, estava envolto em areia, qu e teim ava em
não d eixar passar ningu ém pelo acesso d o rio qu e não usasse
capacete.
Desistim os d e entrar,
à excepção d o
Ed u ard o qu e, com o
portu calense
convicto, invectivou
pela fortaleza m ou ra
sem apelo nem
agravo. Voltám os à
estrada para
enfrentar, d e novo, o
sopro d e u m Eolo
irascível.
Ait Benadou envolto em areia
Gru pos d e au tocaravanas, jipes e m otos, foram quase u ma constante
nesta jornad a. Pouco antes d e Ou arzazate, foi a vez d e nos cruzarm os
com a caravana d a MotoMil, u m gru po formad o sobretu d o por
BMWs GS, m as ond e também participavam algu m as KLT e u m a
Paneu ropean. Antes, havíamos d eixad o ou tra com itiva, espanhola,
nu m a estação d e serviço, qu e d evia ju ntar cerca d e 40 motos.
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Foi com u ma falsa sensação d e alívio que abordám os as prim eiras
cu rvas d o Atlas. Pensám os qu e na montanha o vento d esaparecesse.
Enganámo-nos. A cerca d e 2200 m etros d e altitu d e, o vento
em pu rrava as m otos com o se fossem folhas d e árvores. N em a saíd a
agitada d os com erciantes d o Tizi N Tichka nos d em oveu d e partir o
m ais rápid o possível, assim qu e pu sem os as mangas d os blusões para
fora d as lu vas.
A tem peratu ra baixa, aliada à am eaça d e chu va e ao vento forte qu e
se fazia sentir, partiram a caravana Paneu ropean em vários gru pos.
N ão m ais parám os nas exíguas e alcantiladas lojas d e artesanato d a
m ontanha, nem sequer nu ma d as ald eias serranas qu e m ais parecem
Katmand us m arroquinas.
Eu tentei encontrar o cam inho noctu rno para o hotel, m as com o
entrám os por ou tro lu gar, não insisti. Foi preciso recorrer a várias
su gestões d os locais, até que, pou co antes d a hora d e jantar, o José
Menau consegu iu d ar com o H otel Am alay. Já próxim o, foi a vez d e
perd erm os u ma garrafa d e água, qu e rebentou no chão d a rotu nd a
anteced ente, após ter caíd o d a mochila qu e levava por cima d o saco
d e topo. N ão seria a ú nica bagagem a d esaparecer …
N a Meca do comércio marroquino
Com u m nom e daqueles, o hotel não augu rava grand e coisa.
Cu m priu . Era longe d a Praça Fna, e os quartos tinham casas d e
banho estranhas e exíguas. H avia greve d os “ petit-taxi” . Socorrem onos d a iniciativa privada, a bord o d e u m velho Golf marroqu ino,
para aced er à praça, qu e é tam bém o coração d e Marraqu exe e em
cu jas artérias corre u ma activid ad e com ercial exótica, d ivertid a,
colorid a, d elicad a e aprazível. Deixám os a respectiva exploração para
o d ia segu inte.
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Tend o as m otos enfileirad as à porta d o hotel, m u itos d ecid iram partir
em au tocarro tu rístico para conhecer Marraqu exe.
Fiquei com pena,
quand o lá passei, d e
qu e não tivéssem os
consegu id o lu gar no
H otel d e la Menara,
ond e aind a tentei,
d ias antes, reservar
a nossa estad a, m as
sem êxito. A cid ad e
estava cheia d e
gente d e fora.
Pela hora d e almoço,
O colorido das lojas
estávam os na praça Fna. Depois, foi u m “ ver se te avias” pelas vielas,
ond e transitam bu rros, reboqu es, m otorizadas e, até pessoas, entre
lojas estreitas e baixas, d e ond e se apela constantem ente aos clientes.
O Carlos Mariano sobreviveu -nos ao tem po d e passeio e d e entrad a
nas lojas, mas não consegu i acom panhar o ritm o d e fu nd o com que
estávam os. Só nos revimos à noite, já tod os estavam à m esa d e jantar
no hotel.
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Eu entregu ei algu ns
pistachos a ped id o d e
saltimbancos, m as fui
assed iad o por u m
m ú sico qu e até m e
beijou para assegu rar
m ais algu ns d aqu eles
aperitivos. De u m mod o
geral, os vend ed ores
foram sim páticos, algu ns
foram m esm o d ivertid os,
tornand o as com pras
nu m a actividad e castiça.
N a Praça Fna
Voltarem os a Chefchaouen, ond e a sim patia e serenidad e d os
com erciantes su plantou os d e Marraqu exe, m as, aqu i, o fervilhar d o
m ercad o é m ais atractivo, a d iferença é m ais acentuad a, a Med ina
m ais cativante.
A energia d a Praça faz o resto. Macacos am estrad os, cobras
ad orm ecid as, d entistas im provisad os, aguad eiros d ecorativos,
cantores, contad ores d e histórias, actores, vend ed ores d isto e d aqu ilo,
bancas d e su mo d e laranja, d oces, esprem em -nos os sentid os.
Ficam os com sau d ad e. É bom .
Marraquexe-Arzila: a etapa mais longa.
A jornad a segu inte era am biciosa. H avia-o d ito ao José Ed u ardo,
confirm ámo-lo no terreno. O trânsito d a nacional até Settat obriga,
com o já antes havia acontecid o, a pisar o traço contínu o
perm anentem ente, esse traço contínu o qu e parece com eçar na
fronteira e d ar a volta a Marrocos connosco. Foi na AE, qu e liga Settat
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a Casablanca, qu e os cartu chos d e pistachos e d e tâm aras, se
escapu liram d as “ aranhas” traseiras.
Era a vez d e entrar em Casablanca para visitar a m esqu ita H assan II,
a m aior d a Marrocos e a ú nica visitável por não crentes. Verificou -se
qu e, d evid o à celebração em cu rso, nem sequ er nos pu d em os
aproxim ar d a m esqu ita, qu anto m ais visitá-la. N ão sei se ficará para
ou tra ocasião, em que, com tem po, possam os estar lá e integrar a
hora correcta d e visita. N ão fosse o passeio pela m arginal, lid erad o
pelo Menau , ficaria com id eia d e qu e Casablanca era a Mesqu ita e
qu e, por tal, não valeria a pena lá voltar ...
Percebemos tam bém que o trânsito na cid ad e om breia com os piores
d ias d e Lisboa ou d o Porto. Tal com o em Portu gal há 40 anos, as
buzinas parecem estar ju nto d o coração, qu e bate ao ritm o d a
abertu ra d os semáforos. Dem orámos quase d uas horas para alm oçar
peixe, nu m restau rante d e cozinha francesa. A saíd a d e Casablanca
processou-se com lentid ão, d e tal ord em qu e, na AE, foi preciso
and ar mais d epressa d o que o habitual.
Apanhám os a hora d e
saíd a laboral - em que
alguns precisam d e
atravessar a AE para
regressarem a casa alcançám os a caravana
Gold Wing espanhola qu e rolava lenta rod ám os u ma centena
d e qu ilóm etros à noite.
Arzila. N o interior das muralhas
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Finalm ente, chegám os ao hotel d e Arzila, cu jos quartos foram d os
m elhores d a jornad a. Cond uzid os por d uas m otorizadas, ficám os
alojad os em frente d a Protecção Civil d a cid ad e. Estávamos segu ros
… Entretanto, soubem os qu e o Arm and o, a Teresa e o Ed u ard o
haviam consegu id o passar por Rabat, d estino qu e havíam os
d escartad o d evid o ao ad iantad o d a hora.
Arzila. N aporta de armas da fortaleza
Com o ficám os perto d o castelo erigid o pelos Portu gu eses em m il
quatrocentos e pou co, foi para lá qu e fom os esticar as pernas d epois
d e jantar, registar algu mas imagens d o que foram algu m as d as obras
portu guesas d o século XV em Marrocos. Porém , não gostei d o
am biente noctu rno d e Arzila. N ão fosse a sim patia d os 2 ou 3
com erciantes d a Med ina qu e ainda tinham as lojas abertas, ficaria
com a id eia d e qu e o lu gar ju nta gente pouco recom end ad a.
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A caminho de casa
De m anhã, o pneu traseiro d a m oto d o Arm and o rend era-se. Tinha
u m fu ro e a respectiva calvície não inspirava confiança. Tivesse d e
fazer os 20 kms em estrad a d e obra, não resistiria até Ceu ta. Mu d ou se em Tanger, tal como u ma d as lâm pad as d e m éd ios d a m inha ST,
qu e não paguei …
Aqu ecem os naqu ela manhã fria a em pu rrar a m oto d o Zé Marqu es
qu e d eve ter passad o a noite d estapada. Com sete ou oito m ãos na
traseira, a STX não resistiu à im pu lsão e bu fou d e novo. Saím os com
quase 1 hora d e atraso d e Arzila.
Passám os à estrada qu e liga Tanger a Ceu ta, entre m ontes e vales,
estrada esbu racad a ou pista larga abrasiva. Aind a consegu im os
vislu mbrar u m cartaz qu e anu nciava que a Expo 2012 é em Marrocos,
provavelm ente em Tanger. Dali, d aqu elas colinas, a vista é
d eslu mbrante, qu er para a serra, qu er para a costa espanhola,
d istingu ind o-se facilm ente o roched o d e Gibraltar.
Chegámos praticam ente ao m esm o tem po à fronteira. Desta vez, a
passagem para Ceu ta foi mais fácil e m enos d em orad a. Os papéis d o
costu m e, u ma pequ ena fila, tem po para carim bar, e eis nos d o lad o
eu ropeu . Qu em não gostou m u ito d a quebra d a chave das malas foi o
António Carvalho, qu e não consegu iu retirar d e lá o bilhete d e
regresso. Eu não levei u ma tam pa d e substitu ição, mas tinha chaves
d e reserva …
N o barco, com eçou a aflorar-se a hipótese d e nos reu nirmos u m d ia
d estes para ver as im agens que captám os d a viagem . Também
su pu nha qu e sairíam os em gru po d o barco d e m od o a segu irm os
ju ntos até à ú ltim a AS antes d e Sevilha. Com o fu i o ú ltim o a sair,
ju lgu ei que tod os estavam à m inha frente. Porém , haviam optad o
pela estrad a ru mo a Tarifa e não pela A381, u m a via rápida qu e leva
d irectam ente a Jerez.
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Aind a esperei pelo Jorge na AS El Fantasm a, mas com o ele parou na
portagem , continu ei. Acabei por estar à frente d e tod os e chegar a
casa por volta d as 9 d a noite. Com o praticam ente não havia trânsito,
a velocidad e passou para os cento e “ entas” , controland o
frequentem ente a traseira para não ser su rpreend id o, como o Porsche
qu e estava a ser fotografad o pela polícia na AS d e Alm od ôvar …
De facto, as su rpresas da chu va no Rif, d a neve no Méd io Atlas, d a
tem pestad e d e areia d esd e antes d e Ou arzazate até à serra, d o frio no
Atlas, d os lagos d o d eserto, d o faz qu e não faz m arroqu ino, d a
m arabu nta d e tu ristas, d os hotéis m ais ou m enos “ exóticos” , do
trânsito caótico d e Casablanca, foram suficientes para apaladar a
viagem , espantand o-m e sobretu d o com a d iversid ad e d e situ ações e
d e paisagens.
Continuarei, evid entem ente, ad epto d a expressão e da prática d e qu e
“ é proibida a entrad a a qu em não andar espantad o d e existir” . Ora,
para existir não basta pensar, é preciso ser reconhecid o, socialm ente é
claro. Por isso, continu arei a su rpreend er-m e sobretu d o por existirem
ou tros qu e tão bem sabem partilhar m om entos d e vid a.
Um a palavra especial d e apreço a tod os os participantes revela qu e as
inflamações simu lad as foram em nú m ero ad equad o e qu e a boa
d isposição e o com panheirism o im perou. Fiqu ei mu ito agradad o por
partilhar convosco um a sem ana catita que não se estimava fácil. Essa
d estreza só aconteceu porqu e em geral não se com plicaram as
d ú vid as, nem se exaltaram anseios. Aliás, houve gente qu e se revelou
m u ito d ivertid a, cooperante, organizad a e, além d isso, sim pática.
Um agrad ecim ento particu lar ao José Menau e à Isabel, “ obrigad os” a
navegar à popa, enqu anto garantes d e qu e ninguém ficava para trás,
e tam bém pela d isponibilid ad e d e nos orientarem pelas ru as d e
Marraqu exe e Casablanca, assim com o sem pre qu e era necessário
trad uzir ou entend er árabe. Ao José Barriga, por ter sid o o ou tro pólo
d e controlo, à proa d a caravana.
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Um a palavra final d e apreço para o José Ed uard o, incansável nos
contactos, no au xílio logístico e no assegu rar d a produ ção d os pólos.
Foi ele, especialm ente, qu e faltou no gru po.
Com as sau dações d o costu m e
C.
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