Construção quer produtividade - Sinduscon-SP
Transcrição
EDITORIAL Superar gargalos Sergio Watanabe* U m importante jornal paulista publicou em abril reportagem sobre os gargalos enfrentados pela construção imobiliária, com uma manchete inusitada: “Construtora atrasa obra e eleva custo do imóvel em SP”. Uma leitura apressada pode dar a impressão de que, propositalmente, determinada empresa ou um grupo delas estaria deixando de cumprir prazos de entrega e, com isso, penalizando os adquirentes. É fato que diversas construtoras enfrentaram problemas para manterem seus cronogramas em dia. Mas nenhuma empresa está retardando de propósito os prazos contratados. Atrasos não interessam às empresas da construção porque elas sofrem os maiores prejuízos financeiros e desgastes. Hoje, o número de obras com dificuldades no cumprimento do cronograma é reduzido e tende a diminuir. Os problemas residem nos gargalos já conhecidos. Um dos principais é a complexidade existente de maneira geral na obtenção dos licenciamentos dos órgãos públicos, muitos dos quais também vêm sofrendo em face do aumento dos pedidos de aprovação dos projetos de edificação. Outro gargalo conhecido é a escassez de mão de obra. Hoje, a indústria da construção vivencia uma situação de pleno emprego. Soluções para estes problemas estão sendo equacionadas. Órgãos públicos se aparelharam para atender rapidamente o novo patamar de lançamentos imobiliários. Empresas treinam trabalhadores nos próprios canteiros. Aumenta o número de vagas nos cursos de formação nas profissões técnicas da construção oferecidas pelo Senai e pelos convênios celebrados O setor precisa de desoneração para elevar sua produtividade por entidades diversas com o Ministério do Trabalho. A necessidade de atrair novos segmentos de trabalhadores para a construção civil acabou sendo incluída nas convenções coletivas deste ano. Nelas, o SindusCon- SP e os sindicatos dos trabalhadores se comprometeram a envidar esforços visando a inserção de mulheres no mercado de trabalho da construção, bem como a favorecer a inclusão social nos canteiros de obras. Também foi auspiciosa a iniciativa do governo federal de lançar o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico, para capacitar 3,5 milhões de trabalhadores até 2014, dos quais 500 mil ainda em 2011. Uma vez que gargalos desta enverga- dura não se resolvem da noite para o dia, as construtoras, numa atitude responsável, se comprometem com prazos de entrega um pouco mais dilatados ao lançarem novos empreendimentos.Trata-se de situação transitória, que certamente será alterada assim que os gargalos forem superados. Para que essa dilatação não se reflita nos custos, as construtoras buscam elevar a produtividade por conta de inovações tecnológicas em processos construtivos. E contam com a concorrência na indústria de insumos de construção para obter produtos acessíveis e de qualidade. Por isso, toda a cadeia produtiva requer incentivos para investir em tecnologia. Neste ponto, o SindusCon-SP espera que os sindicatos dos trabalhadores se unam às construtoras em favor de uma maior qualificação dos profissionais e da desoneração dos investimentos em novas tecnologias. Com aumento da produtividade, se buscará atenuar o efeito do expressivo reajuste salarial concedido em maio sobre o custo das obras. A tecnologia será ainda mais acessível se o governo conseguir desonerar a folha de salários. No projeto de lei em preparação, espera-se que a compensação para evitar uma queda de arrecadação do INSS não penalize aquelas empresas que conseguem empregar mais justamente por terem um faturamento maior. * Presidente do SindusCon-SP , entários, críticas Envie seus com as stões de tem perguntas e suge : na para esta colu .br dusconsp.com presidente@sin REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 3 Presidente Sergio Tiaki Watanabe Escreva para esta Seção [email protected] - Fax (11) 3334-5646 R. Dona Veridiana 55, 2º andar - 01238-010 - São Paulo voz do leitor MISSÃO CUMPRIDA “A reportagem Londres respira sustentabilidade (Notícias da Construção, edição 99) foi bastante feliz transmitir as percepções dos integrantes da Missão Técnica Inglaterra 2011 do SindusCon-SP em relação aos benefícios da adoção do BIM e da sustentabilidade em todos os elos da construção. Além de retratar amplamente a maratona de visitas realizadas, o texto prestou um belo serviço a todos aqueles que estão empenhados no aperfeiçoamento contínuo da construção brasileira. Parabéns à repórter Nathalia Barboza.” Salvador Benevides Diretor de Relações Internacionais do SindusCon-SP Vice-presidentes Cristiano Goldstein Delfino Paiva Teixeira de Freitas Francisco Antunes de Vasconcellos Neto Haruo Ishikawa José Antonio Marsilio Schwarz José Carlos Molina José Roberto Pereira Alvim Luiz Antônio Messias Marcos Roberto Campilongo Camargo Maristela Alves Lima Honda Mauricio Linn Bianchi Odair Garcia Senra Paulo Brasil Batistella Diretores das Regionais José Batista Ferreira (Ribeirão Preto) José Roberto Alves (São José dos Campos) Luís Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente) Luiz Cláudio Minniti Amoroso (Campinas) Renato Tadeu Parreira Pinto (Bauru) Paulo Piagentini (Santo André) Ricardo Beschizza (Santos) Ronaldo de Oliveira Leme (Sorocaba) Emilio Carlos Pinhatari (São José do Rio Preto) Representantes junto à Fiesp Titulares: Eduardo Capobianco, João Claudio Robusti Suplentes: Sergio Porto, Artur Quaresma Filho 6 Capa Mão de obra: a construção busca acertar o passo Comissão busca melhoras no PAC Painel discute cuidado ao terceirzar 14 Habitação Moradia Digna define agenda 21 Eventos Enic colabora em ação anti-sarampo 23 Qualidade Diálogo do setor avança na ABNT 29 SindusCon-SP em Ação Construção quer produtividade Fórum debate mão de obra conselho editorial: Delfino Teixeira de Freitas, Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Bianchi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Porto SUPERINTENDENTE: Antonio Laskos gerência de mercado: Igor Archipovas Secretaria: Marcia Laurino editor responsável: Rafael Marko 16 Meio Ambiente Gestão de resíduos, tema estratégico 20 Relações Internacionais Cônsul britânico recebe homenagem 30 Regionais Campinas incentiva financiamentos Secretário dialoga sobre projetos Ribeirão forma operador de elevador Regional dá orientação em canteiro Rio Preto discute segurança Bauru debate qualidade e inovação Sorocaba estimula qualificação colunistas Robson Gonçalves – Conjuntura 28 12 Celso Petrucci – Financiamento 34Antonio Jesus de Britto Cosenza - Marketing 18 José Carlos Puoli – Legislação Ambiental 36Alexandre Navarro e Fabiano Marcos – Jurídico 24 Maria Angelica Covelo Silva – Motivação 38 26 Pedro Luiz Alves – Motivação 40Ercio Thomaz - Soluções Inovadoras 5 Assessoria de Imprensa Rafael Marko - (11) 3334-5662 Nathalia Barboza - (11) 3334-5647 Maria Angelica Lencione Pedreti – Gestão José Moacir de Lacerda Jr. – Saúde REDAÇÃO: Nathalia Barboza (São Paulo) com colaboração das Regionais: Ester Mendonça (São José do Rio Preto) Giselda Braz (Santos) Homero Ferreira (Presidente Prudente) Enio Machado, Pasquarelli Junior, Denise Kelen (São José dos Campos) Marcio Javaroni e Ana Paula Popolin (Ribeirão Preto) Nerli Peres (Sorocaba) Sabrina Magalhães (Bauru) Sueli Osório (Santo André) Vilma Gasques (Campinas) comunicação: Marcelo da Costa Freitas/Chefe de Arte Jecyane Costa/Produtora Gráfica Sanders Caparroz Giuliani/Designer Gráfico Andressa Jesus da Silva/Web Designer Valdemir Lima/Programador Web PUBLICIDADE: Vanessa Dupont [email protected] Tel. 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Estamos cada vez mais consolidados como uma economia confiável, ainda que sujeita aos solavancos dos emergentes. Quase de imediato, a cotação cambial desceu mais um degrau, firmando-se abaixo de R$ 1,60 por dólar. Essa também poderia ser uma boa notícia. Afinal, as compras dos turistas brasileiros nos exterior se tornaram ainda mais baratas, fazendo a alegria da classe média. Ao mesmo tempo, alguns itens importantes da cesta básica tendem a ficar mais baratos ou, pelo menos, subir de preço mais lentamente, como trigo, arroz e óleo de soja. Sem falar dos combustíveis. Mas esse movimento de valorização do real deve ser visto com mais atenção. Nos primeiros dois meses do ano (última informação disponível no momento do fechamento deste texto), as reservas internacionais haviam crescido mais de US$ 18 bi, superando a marca de US$ 307 bi. O grande responsável por esse acúmulo foram as contas financeiras. No mesmo período, ingressaram no país cerca de US$ 27 bi em capitais estrangeiros. Em igual período de 2010, esse ingresso havia sido de “apenas” US$ 11 bi. De novo, não parecem más notícias. Afinal, o mundo está redobrando suas apostas no país e aplicando aqui seus recursos. Ocorre que boa parte desses capitais busca títulos do Tesouro, remunerados Na Economia, fatos positivos podem virar uma notícia ruim pela Selic. Considerando o ano de 2010 como um todo, ingressaram no país liquidamente mais de US$ 100 bi em capitais estrangeiros. Destes, nada menos que US$ 64 bi eram capitais de curto prazo, atraídos pelo imenso diferencial de juros interno-externo. É verdade que os fluxos de capital produtivo também estão apresentando um bom desempenho. No primeiro bimestre, os ingressos dessa modalidade de capital somaram US$ 19 bi contra pouco mais de US$ 7 bi em capitais especulativos. Mas o upgrading recente em nossa classificação de risco internacional tende a ter efeitos rápidos sobre os fluxos mais voláteis e pode mais uma vez impulsionar a entrada de capitais especulativos, gerando novas ondas de valorização cambial. Enquanto isso, a economia real sofre a perda de competitividade frente aos produtos estrangeiros. Produzir no Brasil está ficando cada vez mais caro em dólares, fato que tende a tornar o país cada vez menos atrativo para os capitais produtivos. No curtíssimo prazo, o governo tende a ser tolerante com esse quadro, pois o dólar baixo contribui para segurar alguns preços importantes na composição da inflação, já bastante pressionada pelo excesso de demanda que parece não perder impulso, apesar do encarecimento do crédito. Nesse ponto o círculo de boas notícias se fecha, numa autêntica armadilha. Medidas mais severas para espantar os capitais especulativos podem ser vistas com desconfiança pelos investidores internacionais, sempre prontos a apontar ameaças às “boas práticas de mercado” quando seus ganhos estão em xeque. Ao mesmo tempo, em tempos de pressão inflacionária, o ajuste cambial jogaria a favor da alta de preços. Nesse contexto, a melhora de nossa classificação de risco só veio agravar os dilemas da política econômica. Precisamos de uma operação delicada para realinhar o quadro macroeconômico. Vamos torcer pelos nossos governantes. Sinceramente. * Professor dos MBAs da FGV e consultor da FGV Projetos , entários, críticas Envie seus com as stões de tem perguntas e suge : para esta coluna [email protected] robson.goncalve REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 5 CAPA Setor busca acertar o passo Nathalia Barboza 6 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Falta de qualificação, alta rotatividade da mão de obra, queda da produtividade, incertezas sobre os limites da terceirização e salários nas alturas. Depois de a construção se curar da escassez e elevação de preços de materiais e insumos entre 2007 e 2008, que infernizou os setores de compras das construtoras, agora são os RHs que experimentam as dores do crescimento acelerado vivido desde 2005 pelo setor. A Sondagem Especial da Construção Civil, rea lizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), com apoio da CBIC ( C â m a ra B ra s i leira da Indústria da Construção) sobre a falta de trabalhador qualificado revelou que se trata de um problema para 89% das empresas do setor da construção pesquisadas. Já a alta rotatividade dos trabalhadores foi apontada por 56% das construtoras pesquisadas como uma das principais dificuldades das empresas para capacitá-los. A pesquisa revelou ainda que 94% das que enfrentam a falta de mão de obra qualificada têm dificuldade em encontrar profissionais ligados à obra, como pedreiros e serventes. Ainda de acordo com a pesquisa, 61% das empresas que enfrentam o problema da falta de trabalhador qualificado entendem que a questão afeta a busca pela eficiência e a redução de desperdícios. Uma outra pesquisa, do Centro de Pesquisas Sociais (CPS) da Fundação Getulio Vargas (FGV), chama a atenção para o fato de que o apagão de mão de obra no setor não ocorre por ausência de pessoas que não estudaram. Pelo contrário, a pesquisa “Trabalho, educação e juventude na construção civil” revela ser justamente porque o jovem de origem humilde passou a estudar mais nos últimos 20 anos que ele não quer mais o trabalho braçal. A pesquisa foi encomendada pelo Instituto Votorantim e divulgada em abril. O diagnóstico do economista Marcelo Neri, coordenador do CPS/FGV, é que “as empresas do setor vão ter que pagar mais para atrair os jovens, até porque o pesquisador constatou que a construção civil está cada vez mais se tornando um setor de meia idade. Entre 1996 e 2009, a participação de trabalhadores de 15 a 29 anos no setor caiu de 36,5% para 29,2%, e é n e s t a fa i x a q u e estão os profissionais com maior escolaridade –média de 8,06 anos de estudo, ante 4,78 anos de estudo entre os com mais de 40 anos. Segundo Neri, “o aumento de renda na construção civil cresce em ritmo mais acelerado do que em outros setores nos últimos anos. Entre 2003 e 2009, enquanto os ganhos na construção subiram 3,2%, o crescimento em outras atividades foi de 2,58%”. No entanto, “os trabalhadores da construção ainda ganhavam abaixo dos demais setores em 2009: R$ 933, ante média de R$ 1.094 do restante das ocupações.” “O governo precisa colocar em prática o mais rápido possível seu projeto de geração de uma política nacional de qualificação”, sugere Har uo Ishikawa, vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP e diretor da Ishikawa Engenharia. Empresas contam como estão driblando falta e alta rotatividade da mão de obra Mão de obra futura Para superar este gargalo, ele conta que vem contratando ajudantes pelo piso salarial de servente e os colocando para trabalhar desde o primeiro dia em várias funções diferentes, sempre ao lado de operários qualificados, até que o novato encontre a atividade que mais lhe agrade. “Como não conhecemos inicialmente o perfil dele, se for alfabetizado poderá trabalhar de carpinteiro; se não, de pedreiro. Somente a partir do momento em que ele amadurece e encontra sua vocação, o trabalhador é indicado para um treinamento do Senai”, diz Ishikawa. Lá, ele deverá fazer sua capacitação por um período que vai de 6 meses a um ano. “Depois disso, o piso dele sobe para o de trabalhador qualificado. É o jeito. Sem isso, não vejo como gerar uma política de mão de obra futura”, afirma o empresário. “Claro que a produtividade de um trabalhador não qualificado não é mais a mesma. Hoje, um pedreiro experiente faz de 10 a 16 metros quadrados de alvenaria por dia. O não qualificado faz menos da metade disso. Um azulejista sem treinamento também não rende mais do que 50% de um habilitado”, calcula. Retenção de profissionais Para Jorge Batlouni Neto, diretor da Tecnum & Corporate, a maior dificuldade é na retenção do profissional. “A rotatividade da mão de obra nos canteiros tem sido muito forte e isto é muito penoso, pois todo o treinamento feito em cima do profissional é perdido, além do impacto negativo na produtividade da obra”. Segundo ele, “apesar dos aumentos significativos dos salários, a rotatividade não tem diminuído. Há falta de bons profissionais em todas as áreas, mas, sem dúvida, a de engenheiros e pedreiros tem sido mais grave”. Ele adverte não haver uma fórmula mágica. “Mas temos mantido salários de mercado, mostrado aos profissio- REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 7 nais a vantagem de trabalhar numa empresa que respeita a boa técnica, o meio ambiente e os aspectos de segurança”, pondera o diretor da Tecnum. Ele conta que, além disso, tem investido na capacitação dos profissionais, quer em cursos de graduação e pós-graduação, quer em seminários e cursos paralelos sobre assunto diversos, como a Norma de Desempenho e o BIM (Building Information Modeling). “No canteiro de obras, temos feito eventos motivacionais como churrasco de confraternização, por exemplo”, revela Batlouni. Fiscalização Com o custo da mão de obra nas alturas, Carlos Alberto Borges, sócio da construtora Tarjab, tem intensificado as ações de treinamento e principalmente de fiscalização dos trabalhos no canteiro. “Por conta da falta de qualificação, a qualidade e a produtividade caíram muito. Temos convênios com o Senai, para treinar nos canteiros de obra os nossos carpinteiros, e com um projetista de fôrmas. Além disso, contratamos mais pessoas para a área de qualidade e estamos dando mais peso à equipe de obra para fazer as fiscalizações, até porque está c a d a ve z m a i s difícil contratar empresas que entreguem qualidade”, relata. “Não é possível formar pessoas rapidamente.” Borges estima que a produtividade tenha caído 10% na etapa de estruturas. “O índice piorou. Precisamos de mais homens-hora para cada metro quadrado de fôrma executado, especialmente quando se sai de São Paulo. O trabalhador de outras cidade precisa de um período de maturação do processo de trabalho do qual não dis- pomos. Precisamos de resultados”, assinala. Segundo Borges a política interna da Tarjab para os estagiários t a m b é m fo i alterada para permitir que cada um deAmarradeira automática para vergalhão reduz 70% da necessidade de mão de obra les execute projeto de canteiro foi respeitado, se sempre o mesmo serviço, na expecas equipes foram treinadas, se estão tativa de que se tornem especialistas fazendo a gestão correta dos resíduos nas tarefas. “Hoje, estamos treinando e se as fichas de controle dos materiais pessoas para treinar outras pessoas.” estão em ordem”, descreve Bernardes. O grupo é formado por uma enControle de qualidade genheira civil e dois engenheiros de Com o objetivo de reduzir os riscos qualidade, que são responsáveis por da expansão dos negócios, a partir de auditar a qualidade real das obras, mas 2009 a Tecnisa conta com uma espécie “vai crescer” ainda em 2011. A primeira de esquadrão, cuja missão é zelar pela auditoria é de orientação. A partir da qualidade das obras da empresa. O segunda, os resultados da empresa gerente de Desenvolvimento Tecnolósão colocados à prova. gico da Tecnisa, Maurício Bernardes, “Em 2010, o setor realizou 135 explica que o Departamento de Quavisitas a canteiros e auditou quase 5 lidade e Produtividade já existia antes mil itens. Sem contar os cursos para disso, mas desde os engenheiros de obra, as equipes então cresceram de canteiro receberam 370 treinaos investimentos mentos diretos do grupo”, contabiliza num sistema mais Bernardes. rígido de controle Segundo ele, depois de dois anos, de qualidade caa empresa começa a sentir uma mupaz de garantir a dança de postura em relação ao grupo implementação das verificador. “Deixamos de ser os chatos regras da ISO 9001 para sermos vistos como parceiros, e a “qualidade real” cúmplices da qualidade, pois dividimos de cada etapa das responsabilidades com as equipes obras. “Vamos no de obra. Com isso, o número de não- detalhe daquilo que está sendo produconformidades reduziu bastante de zido”, revela Bernardes. 2009 para 2010”, diz o gerente. As visitas incluem apontamentos de Yorki Estefan, diretor da Conx problemas segundo um check list de Construtora e Incorporadora, também cerca de 100 itens, incluindo itens de está investindo em treinamento de alvenaria, gestão de resíduos e saúde gestão de qualidade e adicionando e segurança do trabalho. “Checamos no “alguns cuidados na inspeção da quacampo se as regras da Tecnisa estão lidade de suas obras. “A qualidade e sendo respeitadas. Verificamos se o ‘Governo precisa por em prática uma política nacional de qualificação’ 8 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO a produtividade estão sofrendo com a altíssima rotatividade de trabalhadores”, afirma. Segundo ele, o momento exige um grau de excelência maior, mas a relação com os profissionais qualificados tem sido delicada. “A facilidade que um bom carpinteiro encontra hoje de recolocação no mercado o tem tornado mais ‘sensível’ e feito com que ele não aceite reclamações”, diz Estefan. Mas é a falta de gente especializada que tem diminuído a produtividade. Segundo Estefan, ela despencou 30% só no último ano, principalmente em alvenaria estrutural. “Uma laje que era feita em 7 ou 8 dias hoje sobe em 10 ou 12, como reflexo direto também do nível de escolaridade dos novatos”, aponta. Segundo ele, “o mercado tem incorporado trabalhadores cuja capacidade de entendimento dos processos cada vez mais complexos é muito baixo”. Por isso a Conx “fatiou” o canteiro entre vários empreiteiros, para tentar ter mais gente qualificada na obra. “O lado ruim disso é que estamos contratando empreiteiros que não têm tradição com a gente. Novos fornecedores Mais do que vantagem, controle mais rígido da qualidade é uma necessidade levam algum tempo até se adequarem aos nossos processos”, diz Estefan. “Mais do que valer a pena, o controle mais rígido da qualidade é necessário neste momento do setor, até porque não temos pessoas muito experientes em número suficiente para tocar todas as nossas obras. Este seria o mundo ideal. Mas não existe”, conclui Mauricio Bernardes. Industrialização Segundo Jorge Batlouni, da Tecnum, a industrialização será um passo necessário em todo o mercado de construção civil. “Como os profissionais do canteiro estão com salários muito altos, para que se tornem economicamente viáveis é necessário que a produtividade deles seja alta. Como isto não tem ocorrido, a alternativa –que já ocorre nos países desenvolvidos– é a industrialização”, diz. Depois de perder em menos de um ano os 25 carpinteiros que treinou numa parceria com o Senai e a Prefeitura de São Bernardo do Campo, Paulo Rogério Loungo Sanchez, diretor da Sinco Incorporadora e Construtora, revela-se cético em relação ao treinamento de pessoal como forma de fidelização e decreta: “a saída é a industrialização”. Segundo ele, a Sinco está “trabalhando arduamente para fazer a qualificação dos trabalhadores, mas isto não resolve o problema, porque o mercado está muito demandado e o trabalhador não se mantém na mesma empresa por muito tempo”, comenta. Batlouni conta que em uma de suas obras uma grua acabou se tornando viável dada a redução de pessoal que ela permite. “Estávamos em dúvida sobre a viabilidade econômica da instalação do equipamento. Com os recentes aumentos no valor da mão de obra, a grua passou a ser viável, e até fundamental para garantir o cronograma da obra”, justifica. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 9 No entanto, ele adverte que, uma vez instalada a grua, a obra deve ser pensada de outra maneira. “As escadas podem ser pré-moldadas em concreto, os blocos podem ser recebidos em pallets, o aço transportado pela grua e assim por diante.” “Resolvemos adotar uma máquina elétrica que faz a amarração do aço e reduz em até 70% a necessidade de mão de obra em comparação à mesma tarefa executada manualmente”, afirma Haruo Ishikawa. Segundo a fabricante No-Sag, a amarradeira automática para vergalhões promete grande agilidade no sistema de alvenaria estrutural e na fabricação de lajes maciças e pré-moldadas, trabalha com diferentes diâmetros de vergalhões e possui bateria recarregável. “A tecnologia existe e sempre esteve à nossa disposição. A mão de obra está tão cara e improdutiva que passa a valer a pena mecanizar o canteiro”, avalia Sanchez. A troca da alvenaria de bloco por drywall e instalações hidráulicas com PE-X e de portas prontas (já vêm com as guarnições) são algumas das soluções que fazem, segundo Sanchez, minimizar os efeitos da escassez de mão de obra na construção civil. “Só que isso tudo custa mais caro. Uma fachada interna industrializada custava há dois anos R$ 25/m². Hoje, pode chegar a R$ 60/m² só de mão de obra”. Em busca de um sistema construtivo que faça frente ao maior impacto dos altos custos da mão de obra na construção de casas populares do Programa Minha Casa, Minha Vida, o vice-presidente de Obras Públicas do SindusCon-SP e diretor da EME Engenharia e Consultoria, Luiz Antonio Messias, começa a apostar nas fôrmas industrializadas de paredes pré- moldadas. “O sistema já foi aprovado pelo IPT e provou que pode reduzir a necessidade de mão de obra e acelerar a produção”, salienta Messias. 10 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Comissão tripartite busca melhoria de condições nas obras do PAC Numa reunião em 29 de março, em Brasília, que contou com a presença do vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa, governo, empresários e centrais sindicais decidiram formar uma comissão tripartite para melhorar, nos próximos meses, as condições de trabalho nos canteiros de obras do PAC. A chamada “Mesa de Diálogo e Negociação Tripartite para Melhorar as Condições de Trabalho na Construção Civil, em especial na Construção Pesada” foi motivada pelos acontecimentos envolvendo as grandes obras das hidrelétricas de Belo Monte e sobretudo Jirau, em Rondônia, onde cerca de 16 mil trabalhadores se rebelaram. A reunião realizada no Palácio do Planalto foi coordenada pelo ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, e teve a participação do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi. Ishikawa compareceu a convite da CBIC, que também enviou seu vice- presidente José Carlos Martins. O representante do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, propôs a formação da comissão tripartite para definir um acordo sobre a intermediação de mão de obra e a formação e qualificaç ão profissionais, chamado de marco regulatório para as relações de trabalho na construção civil. Na reunião, ficou decidido que a haverá reuniões mensais da Mesa de Diálogo e Negociação Tripartite, formada por 6 representantes das centrais sindicais, 6 das entidades patronais e 1 do Dieese, sob a coordenação da Secretaria Geral da Presidência da República e do Ministério do Trabalho e Emprego. Além disso, será constituído um grupo de trabalho para formulação de propostas para o Marco Regulatório Nacional do Setor da Construção Civil Pesada. Na primeira reunião do GT, a representação patronal ficou de indicar alguns pontos para discussão, entre eles questões de formação profissional. Os trabalhadores propuseram a criação de comissões de solução de conflito e negociação das condições de trabalho por canteiro de obra. Os empresários prometeram discutir o tema entre seus associados e concordaram em retomá-lo numa próxima reunião. Ishikawa deverá continuar a frequentar o GT, agora ao lado do presidente da Comissão de Política de Relações Trabalhistas da CBIC (CPRT), Antônio Carlos Mendes Gomes. Ishikawa: comissão de solução de conflitos Painel Jurídico debate os cuidados necessários com a terceirização As possibilidades, limitações e cuidados na terceirização de serviços na construção civil foram debatidos por representantes de 110 construtoras que lotaram o auditório do SindusCon-SP no Painel Jurídico, realizado em 7 de abril. Ao abrir o evento, o presidente do sindicato, Sergio Watanabe, reforçou a importância de as construtoras conhecerem em profundidade o tema, para realizarem terceirizações com atenção à legislação e cuidados com a segurança e a saúde do trabalho no ambiente da obra. Paulo Brasil Batistella, vice-presidente de Jurídico do SindusCon-SP, disse que “hoje não há como trabalhar na construção sem a terceirização”.Também compareceu o vice-presidente de Relações Capital-Trabalho, Haruo Ishikawa. Obrigações O assessor jurídico do SindusCon-SP, membro do Conselho Jurídico da entidade e colunista da revista Notícias da Construção, Renato Romano, explicou que o artigo 455 da CLT abre a possibilidade de terceirização na construção. O artigo estabelece que o subempreiteiro responde pelas obrigações dos contratados, cabendo a eles o direito de reclamar contra o empreiteiro principal em caso de inadimplemento. Para Romano, a terceirização na construção é um processo irreversível, na medida em que surgem novas metodologias, serviços especializados e o produto final depende de outros serviços específicos. Ele lembrou que as últimas convenções coletivas de trabalho redigidas por empregadores e trabalhadores do setor vinham admitindo a terceirização feita de maneira legal, para combater a informalidade. O assessor jurídico recomendou, diante de uma eventual autuação do Ministério Público do Trabalho, que a construtora busque adequar e manter o ambiente de Romano, Batistella, Watanabe e Joselita falaram sobre as exigências legais e a gestão dos contratos trabalho dentro das exigências legais, evitando assinar um TAC (Termo de Ajuste de Conduta), por sua abrangência. Ele criticou o que chamou de “TAC de adesão”, cuja assinatura por vezes é exigida do contratante da empresa principal diante de irregularidades encontradas no ambiente de trabalho dos terceirizados. Em sua palestra, a advogada, procuradora aposentada do Trabalho e integrante do Conselho Jurídico do SindusCon-SP, Joselita Nepomuceno, elencou as seguintes providências a serem tomadas pela empresa contratante: • levar em conta a especialidade da subempreiteira, que precisa ser especializada na atividade e ter pessoal especializado; • acompanhar a evolução da jurisprudência sobre a matéria no âmbito do TST e as futuras alterações do Congresso; • cuidar para que a subcontratada seja uma empresa em situação tributária, jurídica e trabalhista regular, idônea, com contrato social registrado, sócios que tenham bens para cobrir eventuais prejuízos, capacidade operacional e que apresente os últimos três balancetes anuais; • evitar subcontratar empresas com parentes próximos como sócios aos da empresa principal e recusar contratos de empresas que só trabalhem para a sua construtora; • cuidar para que a terceirização seja lícita, num legítimo processo de parceria (e não de subordinação e/ou personalização), no qual a empresa principal gerencie a prestação do serviço, com acesso a toda a documentação da subcontratada antes e durante o período de contratação, sendo esse acesso garantido em contrato; • zelar pelo ambiente de trabalho e pelas comprovações de adimplemento. Joselita também recomendou que a construtora busque sanar eventuais irregularidades no ambiente de trabalho em vez de assinar um TAC, uma vez que este, além de impor “multas astronômicas” por não-cumprimento, inclui todos os dispositivos da NR 18 e é muito difícil de ser revogado na Justiça. “Tema na construção civil é um processo irreversível”, diz Renato Romano REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 11 FINANCIAMENTO Em busca de dados Celso Petrucci * A maior carência no Brasil é de estatísticas com base na construção imobiliária. Depois de andar “de lado” por mais de 15 anos, o mercado tem crescido de forma consistente nos últimos 5, possibilitando dados variados e suficientes para prever e avaliar períodos de estabilização ou de queda. Em 2010, as 18 incorporadoras de capital aberto lançaram quase 257 mil unidades no valor de R$ 36,3 bilhões e venderam mais de 206 mil unidades no valor de R$ 33,1 bilhões. Atenção: o total das vendas resulta da soma de unidades lançadas no ano e em estoque, ou seja, de lançamentos de anos anteriores. Impressiona o banco de terrenos dessas empresas que chega a um potencial de R$ 137 bilhões em empreendimentos a serem desenvolvidos nos próximos anos. Também impressiona a receita líquida dos balanços: R$ 33,5 bilhões, um crescimento de R$ 12,9 bilhões em relação a 2009, e lucro líquido total de R$ 4,8 bilhões –R$ 1,9 bilhão acima daquele do ano anterior. Apenas PDG, MRV, Gafisa e Brookfield responderam por quase 60% desse lucro adicional. A Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC vem buscando consolidar pesquisas de lançamentos e vendas regionais, feitas por Ademis de Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Pernambuco e Rio de Janeiro, Secovis do Ceará e São Paulo, e Sinduscons do Amazonas, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. A coleta de informações acontece primordialmente nas capitais dos Estados, porém em alguns casos, como São Paulo, abrange também a Região Metropolitana, e na Bahia inclui Feira de Santana, Lauro de Freitas e Camaçari. 12 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Quantas moradias são lançadas e vendidas por ano em todo o país? Se considerarmos todas as cidades cobertas pelas pesquisas, teremos o equivalente a 46% do PIB nacional referente a 2008, 31% da população do país e 31% dos domicílios permanentes referente ao Censo 2010. Essas pesquisas indicaram, em 2010, o lançamento de pouco mais de 187 mil unidades residenciais novas e a venda de quase 169 mil unidades (aqui também se trata da soma dos lançamentos do ano e dos estoques dos anos anteriores). O estoque final de unidades em construção em 31 de dezembro passado era de 115 mil unidades. Com base nesses resultados das regiões pesquisadas podemos, ainda que prematuramente, prever cenários para tentar mensurar o tamanho do mercado imobiliário do país, mesmo sabendo que as conclusões alcançadas nada têm de científico. Adotando-se o PIB apenas das amostras, o mercado de vendas de imóveis novos poderia chegar a 409 mil unidades. Se tomássemos o cenário de representatividade da população das cidades pesquisadas ou o número de domicílios das amostras, o mercado imobiliário teria pouco mais de 600 mil unidades. Como se pode perceber, ainda estamos longe de obter números representativos de lançamentos e vendas de imóveis no Brasil, apesar dos esforços das entidades que pesquisam o setor. É necessário que haja uma cobrança da sociedade junto aos governos (federal, estadual e municipal) e aos cartórios de registro de imóveis, a fim de facilitar a obtenção de dados para todos conhecerem o mercado. Tradicionalmente, países desenvolvidos têm estatísticas sobre tudo e destinada para todos os segmentos econômicos, com dados muitas vezes fornecidos pelo governo. No Brasil, apesar de alguns esforços louváveis, esbarramos em informações sigilosas ou em cláusulas de confidencialidade. Ainda temos de conscientizar governo, empresários e sociedade em geral acerca da importância da apresentação de dados estatísticos consolidados, sem causar desconforto a ninguém. * economista-chefe do Secovi-SP, diretor executivo da vice-presidência de Incorporação Imobiliária do Sindicato e membro titular do Conselho Curador do FGTS , entários, críticas Envie seus com as tem de stões perguntas e suge : na lu co ta para es uol.com.br celsopetrucci@ REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 13 HABITAÇÃO Moradia Digna define agenda A coordenação nacional da Campanha Nacional pela Moradia Digna – Uma Prioridade Social definiu em abril, durante reunião plenária, a agenda para o ano 2011, estabelecendo como prioridade a coleta de assinaturas em prol da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 285/08, a chamada PEC da Habitação, para que sejam entregues ao Congresso em outubro. A PEC “acrescenta artigo ao ato das disposições constitucionais transitórias para dispor sobre a vinculação de recursos orçamentários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios aos respectivos Fundos e Habitação de Interesse Social”. Os recursos definidos na PEC –2% do Orçamento da União e 1% dos Estados, Municípios e Distrito Federal– são o mínimo necessário para que todos os Estados cumpram a tarefa de combater o déficit. “No ano passado, a Campanha não teve a força que queríamos por conta da desmobilização imposta pelo processo eleitoral e pelo avanço da questão habitacional no país, o que é um mérito do governo, mas agora temos plenas condições de retomá-la com energia, até porque nossa meta é garantir a todo brasileiro inserido nas estatísticas do déficit uma moradia digna para viver”, afirmou Miguel Sastre, coordenador-geral da Campanha e membro do Núcleo de Habitação Popular do SindusCon-SP. Para Elcio Sigolo, secretário- geral da Campanha, um dos pontos positivos da dela foi a inclusão da PEC na pauta da Câmara dos Deputados –a proposta já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça e aguarda votação pelo Plenário. Ele lembrou que já foram recolhidas 400 mil assinaturas que pedem a aprovação, pelo Congresso Nacional, da PEC da Habitação. “Somente com o empenho das entidades apoiadoras da Campanha pela Moradia Digna será possível obter as 600 mil restantes”, reconheceu. “A Campanha valorizará as entidades que demonstrarem comprometimento com a coleta de assinaturas e com a divulgação em seus sites”, afirmou Carlos Marun, secretário de Habitação do Mato Grosso do Sul e representante do Fórum Nacional de Secretários de Habitação e Desenvolvimento Urbano. Cada uma das entidades terá um banner em seus endereços eletrônicos para direcionar o internauta para o site www. moradiadigna.org.br. “É importante dar continuidade à Meta é completar 1 milhão de assinaturas a favor da PEC 285 até outubro 14 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Campanha, até porque, na prática, o país precisa de uma política de Estado para a habitação, e não apenas um programa de governo, que só é bom enquanto dura”, afirmou Antonio José de Araújo, representante do MNLM (Movimento Nacional de Luta pela Moradia). “A política de Estado encoraja a realização da produção de moradias”, completou. “A PEC é um avanço em relação ao MCMV”, definiu Carlos Marun. Contenções Miguel Sastre lembrou que o momento do programa Minha Casa, Minha Vida é delicado. “Embora o governo não admita, o corte no Orçamento provocará contenções também nesta área”, afirmou. Para Maria Henriqueta Alves, representante da CBIC, o corte de R$ 5,1 bilhões no Orçamento “é prova clara de que a moradia precisa ter uma política específica”. (Nathalia Barboza) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 15 MEIO AMBIENTE Experiência de diálogo O SindusCon-SP retomou de forma intensiva em 2011 as ações do Comasp (Comitê de Meio Ambiente) voltadas à gestão de resíduos da construção civil. Com a entrada em vigor no final do ano passado da PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos, introduzida pela Lei Federal 12.305, o tema voltou a ser considerado estratégico para o sindicato, que tem tradição de liderança sobre as discussões da matéria desde os debates que culminaram na publicação da Resolução Conama 307, em 2002. Como primeira ação concreta, o SindusCon-SP encomendou um estudo técnico à consultoria I&T (Informações e Técnicas em Construção Civil). Segundo Tarcísio de Paula Pinto, diretor da I&T e responsável pelo estudo, “o trabalho pretende levar adiante a experiência de diálogo e de compartilhamento de responsabilidades que o setor vem tendo, além de estabelecer novas formas de convivência das construtoras com fabricantes, transportadores e receptores de resíduos”. Segundo Tarcísio, embora a gestão de resíduos já esteja espraiada pelo setor, “há espaço para a difusão contínua das melhores práticas”. André Aranha Campos, coordenador do Comasp, comenta que o comitê está bastante envolvido com o processo. “A Política Nacional deu nova luz para o processo. Temos instrumentos para voltar a trabalhar e discutir o assunto com profundidade com associadas, Regionais e Prefeituras”, diz. Entre elas, a de Guarulhos, na Grande São Paulo, que já se mostrou entusiasmada em encaminhar a montagem de um grupo de trabalho com as construtoras para realizar ações conjuntas. “Queremos identificar em qual estágio estamos e os gargalos do setor, para depois apontar as soluções”, afirma Campos. Como representante da CBIC, o sindicato participou de reuniões e apresentou sugestões para a regulamentação da Política Nacional, bem como tem participado das reuniões do Conama, onde continuam sendo discutidos assuntos relacionados à gestão de resíduos da construção. Em São Paulo, o Comasp participa também, como representante da Câmara Ambiental da Construção, ligada à Cetesb, da Câmara Ambiental Resíduos, que reúne representantes dos diferentes setores produtivos. “Neste grupo serão discutidas as ações necessárias para compatibilização da Política Estadual de Resíduos com a versão nacional. Precisamos estar envolvidos nestes fóruns para que possamos elaborar em conjunto com governo as diretrizes que deveremos atender”, aponta Lilian Sarrouf, coordenadora técnica do Comasp. O Comasp também retomará as ações dos grupos de trabalho de resí- Política Nacional eleva gestão de resíduos a tema estratégico do SindusCon-SP 16 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO duos de madeira, tintas, impermeabilização e a discussão com caçambeiros, ATTs (Área de Transbordo e Triagem), empresas de reciclagem e aterros para avançar nas soluções de destinação dos resíduos. Nesta nova etapa a participação das Regionais do SindusCon- SP será fundamental. Para Francisco Vasconcellos Neto, vice-presidente de Meio Ambiente do SindusCon-SP, o trabalho do sindicato em relação aos resíduos tem como meta “disseminar as ferramentas de gestão para as construtoras e permitir uma participação ainda mais intensa do setor nas discussões sobre as políticas públicas voltadas ao tema”. Potencializar Segundo Lilian, “o decreto regulamentador da PNRS traz um ganho importante para a construção civil ao mudar o entendimento de que os resíduos da construção se enquadram como resíduos industriais, como era feito até então. Agora, foi reconhecido que eles devam ter uma forma de gerenciamento diferenciada conforme suas características de geração e tendo como base a Conama 307. Esta determinação permite potencializar as ações que tem sido desenvolvidas alinhadas à Resolução”. Outro importante avanço da PNRS, diz Lilian, é o regramento para as ações que devam ser feitas pelos Estados, municípios, geradores de resíduos e pela própria sociedade. A existência dos “lixões” limitada a 2014 foi outro progresso. “É fundamental que os municípios façam a gestão dos resíduos sólidos. Sem isso, as construtoras ficarão pressionadas a resolver o problema”, afirma Francisco Vasconcellos. “A entrada em vigor da PNRS é um momento novo e significativo. Ele obriga os municípios a darem uma guinada total em sua abordagem a respeito da gestão de resíduos. O texto é avançado e direciona para resultados tangíveis, embora o déficit de atenção a este tema seja ainda muito grande. A Política Nacional aponta para um conjunto de boas diretri- zes e conceitos necessários e inevitáveis de serem exercidos com consciência ambiental”, afirma Tarcisio Pinto. Segundo ele, neste aspecto de implementação de boas práticas, a construção civil sai em vantagem em relação às demais atividades econômicas. “Considero um privilégio do setor receber a PNRS num momento em que está prestes a completar dez anos da Meta é disseminar as boas práticas e opinar sobre as políticas públicas Resolução Conama 307. A nova lei poderá revigorar as práticas que já estão em andamento no setor, como no caso da logística reversa, cujas iniciativas têm aparecido em várias partes do país”, diz. Como exemplos, ele lembrou as logísticas do gesso, em São Paulo; de impermeabilizantes, na Bahia; e de tintas, no Rio Grande do Sul. A definição de metas de implantação de uma logística reversa pós consumo está no Decreto 7.404, de 23/12/2011, que regulamentou a Política Nacional e determina que o governo federal desenvolva um sistema de informações (SNIR) para gerenciar os dados dos resíduos gerados, seu tratamento e destinação de todos Estados e municípios. Resíduos “B” Dentro deste espírito, Luiz Antonio Martins Filho, gerente-executivo da Associação Drywall, comemora a reclassificação do gesso na Conama 307 da classe “C” para “B”. “Os resíduos ‘B’ são aqueles que podem voltar a serem eles mesmos, ou seja, vidro volta a ser vidro, plástico torna-se plástico de novo e gesso é gesso. Na prática, esperamos que isso dissipe qualquer dúvida a respeito da não periculosidade do material e aumente a sua oferta para reciclagem”, diz. “A construção civil tem a peculiaridade e um grande desafio de lidar com a gestão dos resíduos de uma atividade produtiva que não é só de um setor organizado; é também do cidadão comum, daquela dona de casa que retoca as paredes no fim de semana”, aponta Tarcísio. “Por esta lei, a construção se enquadra como um dos setores que deve apresentar um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, ou seja, o gerador deve elaborar o plano de gestão de resíduos que, pela Resolução Conama 307/2002, era denominado de Projeto de Gerenciamento de Resíduos”, explica Lilian Sarrouf. “Espera-se que estes Planos sejam incorporados imediatamente aos processos licitatórios de todo o país. Várias capitais já têm feito isso. É o caso da Sabesp que, além de colocar o gerenciamento de resíduos como condição de contrato, incorpora nas suas práticas o consumo de produtos oriundos dos resíduos gerados em suas próprias obras”, afirma Tarcísio Pinto. Segundo o consultor, “a mudança sistemática nos procedimentos dos órgãos públicos é resultado de um processo perseverante que fez as obras significativas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) atentarem para o gerenciamento de resíduos”. São os casos das implosões do Carandiru e, mais recentemente, do Edifício São Vito, em São Paulo. Em Belo Horizonte (MG), uma recicladora móvel foi instalada para reaproveitar os resíduos de demolição ao longo de quase três quilômetros de grandes estruturas que estavam em uma das laterais da pista da Avenida Dom Pedro. “As arenas da Copa do Mundo 2014 são também casos emblemáticos de gestão de resíduos, por exigência do BNDES, que financia as obras”, pontua Tarcísio. (Nathalia Barboza) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 17 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL Reflexos na cidade José Carlos Baptista Puoli * N o fechamento desta edição, parecia estar próxima do fim a enorme polêmica a respeito da aprovação do novo Código Florestal. O código em vigor foi criado pela lei 4.771 em 1965. A despeito disto, tem sido enorme a resistência à sua atualização. O assunto é de suma importância para a construção. Um dos temas mais relevantes refere-se ao conceito de “área urbana consolidada”, com a respectiva criação de um “regime especial” para as “áreas de preservação permanente” ali situadas. A proposta consiste em utilizar raciocínio similar ao usado pela legislação tributária, afirmando que será “área urbana consolidada: a área integrante do perímetro urbano, definido pelo plano diretor municipal referido no art. 182, § 1º, da Constituição, ou pela lei municipal que estabelecer o zoneamento urbano, que, além de malha viária implantada tenha, no mínimo, três dos seguintes elementos de infraestrutura urbana implantados: a) drenagem de águas pluviais urbanas; b) esgotamento sanitário; c) abastecimento de água potável; d) distribuição de energia elétrica; ou limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos”. Além de criar esta definição, a proposta deixa claro que as áreas de preservação permanente deverão ser observadas tanto nas zonas rurais como nas urbanas, a despeito de, em relação a estas, haver previsão de um “regime especial” que condiciona eventual alteração das mesmas a lei municipal regulando o caso específico. Os críticos da proposta afirmam que este tema não poderia ser deixado ao alvedrio do legislador local, que poderia abrandar indiscriminadamente limites e penalizar o meio ambiente. Este raciocí- 18 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO O novo Código Florestal deve trazer novidades para a construção nio é equivocado na medida em que à lei federal cabe apenas discriminar critérios gerais, deixando a regulação das situações específicas a cargo do legislador municipal, quem melhor pode compreender a situação “local”. Quando muito, pode haver na lei federal a fixação de critérios “específicos” para setores igualmente específicos, em relação aos quais a lei federal realize escolha prévia a ser seguida pela legislação local. Isto já é feito, por exemplo, quanto à região Amazônica, bioma especial para o qual foram eleitos critérios diferenciados. Contudo, exigir que parcelas relevantes da regulação das inúmeras e diversas realidades urbanas fiquem amarradas a critérios genéricos do legislador federal é desprezar a divisão constitucional de competências legislativas, pela qual os Municípios têm prerrogativa de regulamentar assuntos de interesse local, dentre os quais o uso do solo urbano. Querer impedi-lo fere a Constituição e menospreza o princípio da razoabilidade, na medida em que não é razoável supor que escolhas gerais da lei federal possam ser sobrepostas a critérios de quem está presente no dia a dia da cidade e melhor conheça o que de específico existe no tocante às funções ambientais de tais e quais áreas de preservação “urbana”. Ademais, a lei federal, por meio do Estatuto das Cidades, já criou condicionantes que permitem “fiscalizar” a atividade do legislador municipal de maneira que, por absurdo, havendo legislação que num município específico se revele “ilegal”, esta poderá ser, como já ocorre hoje, questionada judicialmente. Ou seja, os mecanismos para controle a casos excepcionais já existem, não se justificando que novamente se queira extirpar a autonomia municipal. De todo modo, a polêmica continua viva e se deve estar atento ao texto que venha a ser aprovado, pois a regra trará importantes repercussões para a atividade da construção. * Advogado do Escritório Duarte Garcia, Caselli Guimarães e Terra, Doutor em Direito/USP e Membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge .br : [email protected] para esta coluna REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 19 RELAÇÕES INTERNACIONAIS Cônsul britânico recebe homenagem O SindusCon-SP homenageou em um almoço, realizado em 14 de abril, o cônsul britânico em São Paulo, John Doddrell. Valéria Martinez, gerente para Construção e Meio Ambiente do UKTI (United Kingdom Trade Investment), braço comercial do consulado, também recebeu uma placa de prata. Eles foram recebidos pelo representante do sindicato junto à Fiesp, Sergio Porto, que na ocasião representou o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; pelo vice-presidente de Tecnologia e Qualidade, Mauricio Bianchi; pelo diretor de Relações Internacionais, Salvador Benevides; e por integrantes da Missão Técnica Inglaterra 2011, que levou 25 empresários brasileiros da construção civil a Londres, entre 25 de fevereiro e 5 de março deste ano. Ambos os representantes receberam as placas em reconhecimento ao grande auxílio que deram para que a Missão Técnica Inglaterra fosse considerada uma das mais bem sucedidas dentre as oito missões realizadas pelo sindicato desde 2004. “A visita a Londres foi muito especial. A missão foi muito organizada e terá vários desdobramentos importantes para ambos os países”, afirmou Sergio Porto. Benevides concordou: “A missão cumpriu seus objetivos e o nível de satisfação dos participantes foi muito alto”, disse. Segundo ele, “Londres deixou uma imagem muito positiva”. “É muito bom visitar um lugar mais desenvolvido e que demonstre para nós ser correta a rota Dodrell recebe placa de prata das mãos de Sergio Porto que os brasileiros tomaram”, disse Mauricio Bianchi, ao destacar a Para a coordenadora do Comasp preocupação dos ingleses com o tema da (Comitê de Meio Ambiente) do SindusCon- sustentabilidade, um dos principais focos SP, Lilian Sarrouf, “foi muito compensador da missão promovida pelo SindusConver que o assunto sustentabilidade, pelo -SP. “Fomos recebidos com carinho e qual o Comitê vem lutando há tempos, foi atenção”, completou. absorvido pelos empresários”. “Espero que no futuro possamos estar O empresário Gianfranco Baradel, por ainda mais próxisua vez, contou que mos, e o UKTI está a Missão já deu reaí para trabalhar sultou nua visita de conjuntamente com Raúl Cúriel, diretor os construtores”, da Aukett Fitzroy Rorespondeu Doddrell. binson, a São José Valéria comedos Campos. Ele fimorou o saldo pocou interessado em sitivo da viagem e colaborar com a resse colocou à dispotauração do Parque sição para atender Vicentino Aranha, a novas demandas. marco histórico de Alguns dos participantes da Missão nossa cidade”, disse. também celebraram as lições aprendidas durante a viagem. “O que Londres tem feito Galegos e espanhóis a partir do Parque Olímpico, trazendo a A Diretoria também recebeu em abril comunidade para trabalhar junto, é extraorrepresentantes da Associação de Empredinário”, afirmou José Roberto Bernasconi, sários Galegos em São Paulo (Aegasp). presidente do Sinaenco-SP (sindicato das O presidente, Jesús Caneda Aguiar, consultorias de engenharia). “O modo de e o diretor, Gustavo Burgos, foram recebio Comitê Olímpico trabalhar consolida na dos por Salvador Benevides para discutir gente a ideia de planejamento”, disse. formas de contato entre as empresas Segundo Bernasconi, os encontros espanholas e brasileiras. com os profissionais dos escritórios Arup Em outro encontro, Ana e José Mare Foster+Partners “foram um grande estítínez, sócios da Martan Autoescuela de mulo às nossas iniciativas e provocaram Maquinaria, mostraram como a empresa uma enorme vontade de nos aprimorarespanhola fabrica simuladores e treina mos, sobretudo em relação aos nossos mão de obra, visando a segurança do critérios de contratação e articulação com trabalhador. O diretor do Centro Espanhol os gestores públicos”. de Negócios, Juan José María Lago, acompanhou a visita. John Doddrell colaborou para sucesso de Missão à Inglaterra Após trabalhar intensamente em prol da Missão à Inglaterra, Valéria é homenageada por Benevides 20 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO EVENTOS Enic colabora com ação contra sarampo Agora, além da participação no maior evento da construção civil da América Latina, os inscritos para o 83º Enic (Encontro Nacional da Indústria da Construção) também colaborarão com a primeira “Campanha de Prevenção ao Sarampo”, que o Seconci-SP (Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo) realiza desde 13 de abril nos canteiros de obra da Capital e Grande São Paulo em benefício dos trabalhadores da construção civil. É que a coordenação do Enic decidiu doar ao Seconci-SP 5% de toda a arrecadação com inscrições dos participantes do encontro, para incrementar a campanha. O evento promovido pela CBIC será realizado pelo SindusCon-SP de 10 a 12 de agosto, em São Paulo. Nos dias do evento, o Seconci-SP será responsável por disponibilizar as equipes médicas e de enfermagem e as ambulâncias que estarão de plantão no WTC, lugar do evento. A ação faz parte dos temas de sustentabilidade e responsabilidade social do Enic. Durante a campanha, a equipe de enfermagem do Seconci-SP está percorrendo diversos canteiros das empresas participantes e aplicando a vacina tríplice viral, que imuniza contra sarampo, caxumba e rubéola. A previsão é imunizar 4 mil trabalhadores na região metropolitana. A medida é importante porque o Estado de São Paulo já confirmou um caso de sarampo neste ano, algo que não acontecia desde 2005, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Além da proteção, os trabalhadores recebem orientações sobre a doença e ganham como brinde um squeeze (garrafa plástica que traz dizeres sobre o uso consciente da água e a importância em hidratar o corpo). Com desconto As inscrições para o 83º Enic que forem feitas até 30 de junho, pelo site do evento (www.enic.org.br) ganharão descontos especiais. Até esta data, empresários e diretores das construtoras, assessores e acompanhantes poderão economizar R$ 100 no valor das inscrições. Os estudantes receberão desconto de R$ 50. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 21 GESTÃO DA OBRA Contradições do crescimento Maria Angelica Covelo Silva * A construção tem vivido muitas contradições. De um lado, empresas se esforçam por melhorias, por aproveitar a lucratividade para investir em tecnologia incorporada nos produtos, capacitação da equipe, aperfeiçoamento dos sistemas de gestão, melhoria das condições de qualidade de canteiros e da qualidade de vida dos trabalhadores. De outro lado, temos condições de trabalho inadequadas, terceirizados que não cumprem as obrigações trabalhistas, obras com problemas sérios de engenharia e segurança. Esse é o quadro que mais aparece na mídia não especializada. A excelência, aquilo que há de melhor no setor, não aparece. A imagem que a sociedade tem do setor ainda é predominantemente negativa, pois não há visibilidade suficiente sobre o que há de melhor nas empresas da cadeia produtiva. Temos o que mostrar? Sem dúvida, mas além de mostrar o positivo, moderno, precisamos neutralizar o negativo, lutar para que o setor possa erradicar práticas empresariais inadequadas em todos os pontos da cadeia produtiva. Temos algum movimento organizado neste sentido? Não parece. Falamos pouco das práticas inadequadas no setor, não discutimos em profundidade os problemas que aparecem na mídia, não temos ações suficientemente organizadas para combater as práticas inadequadas. Sim, combater, porque nenhum setor se fortalece se for contaminado por práticas inadequadas que impedem seus clientes, investidores, órgãos de regulação e de financiamento etc. de separarem o joio do trigo. Somos todos nivelados por estas práticas que mais aparecem, carimbados como o setor que tem todas estas mazelas. 22 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO O setor precisa mudar práticas para resgatar a sua credibilidade É preciso coragem para desenvolver tais movimentos, porque as práticas inadequadas estão infiltradas em toda a cadeia produtiva. Se não fizermos nada, fica a enorme contradição: um setor que cresce e se desenvolve, mas que continua aos olhos da sociedade apenas como gerador de emprego em grande quantidade, por ser “intensivo em mão de obra”. Isso é muito pouco no mundo atual. É preciso gerar emprego com qualidade de vida aos profissionais do setor, compromisso com a segurança, qualidade do produto final, cumprimento de leis, atendimento de normas técnicas, desenvolvimento e evolução tecnológica, satisfação real dos clientes. Precisamos nos aproximar mais de práticas de países desenvolvidos, entendendo profundamente seus conceitos e fundamentos e mobilizando os agentes envolvidos para uma real mudança de condições institucionais e empresariais que nos aproximem das melhores práticas internacionais. Precisamos deixar de considerar imutáveis as situações de nossa realidade setorial que impedem a evolução e buscar mudanças que nos coloquem como setor com efetiva credibilidade na sociedade. Credibilidade pela capacidade de ter mecanismos eficazes para erradicar as práticas empresariais não condizentes com a sociedade brasileira atual e do futuro próximo e que escondem a parte moderna do setor –as empresas que, independentemente de tamanho, são parte de um novo tempo, no qual a construção civil precisa ser vista como um setor que faz muito mais do que gerar empregos em grande quantidade. Viver esta mudança será possível se formos à raiz destas ocorrências, sem atribuir suas causas somente a fatores externos, como a escassez de mão de obra, a chuva excessiva, e a outros fatores, e assumindo a responsabilidade por ações de organização e verdadeira estratégia setorial, de gestão empresarial avançada e, sobretudo, por uma atitude corajosa de coibir as práticas danosas no setor. * Engenheira civil, mestre e doutora em engenharia, diretora da e NGI Consultoria Desenvolvimento , entários, críticas Envie seus com as tem stões de perguntas e suge : na lu para esta co toria.com.br ngi@ngiconsul Diálogo avança na ABNT A insistência do SindusCon-SP em obter da ABNT uma definição mais precisa sobre o escopo das atividades do CB-02 –Comitê Brasileiro da Construção Civil começou a dar seus primeiros frutos em abril. A presidência da ABNT concordou em discriminar detalhadamente os projetos que foram mantidos no CB-02 após a alteração do escopo original. Ao mesmo tempo e em atenção a uma reivindicação do SindusCon-SP e do CB-02, os trabalhos de normatização do sistema de paredes de concreto, que estavam sendo executados pelo CB-18 (Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados), foram para o âmbito do CB-02. O sindicato havia chegado a notificar a ABNT para que não permitisse a aprovação da norma no CB-18. Norma de parede de concreto vai para o Comitê da Construção “A falta de clareza do novo escopo havia dado margem para que o CB-18 iniciasse a redação daquela norma, a qual nitidamente deveria estar no Comitê da Construção”, comenta o vicepresidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, Mauricio Bianchi. Segundo ele, a discriminação dos projetos que cabem ao CB-02 evitará a repetição de casos como este. “De acordo com o novo escopo, o CB-03 deverá passar para o CB-02 a redação das normas de projeto das instalações elétricas (pois quem executa, projeta), ficando com as normas dos materiais, a exemplo dos demais CBs”, defende o vice-presidente. Além de Bianchi, participaram das reuniões com a direção da ABNT o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; o vice-presidente de Meio Ambiente, Francisco Vasconcellos; o coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ), Paulo Sanchez, e o superintendente do CB-02 e membro do CTQ, Carlos Borges. No Conselho No início de maio, o SindusCon-SP foi eleito para continuar participando do Conselho Deliberativo da ABNT. A entidade será representada por Paulo Sanchez (titular) e José Paulo Jereissati (suplente). (Rafael Marko) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 23 junho 2011 Dia 1, em São Paulo Gestão Estratégica de Almoxarifado e Estoques Dia 13, em Campinas Estruturação e Técnicas em Administração de Cargos e Salários na Construção Civil Dia 2, em Bauru A Nova Secretária (Metacompetente, Pró Ativa e Dinâmica) Dia 13, em São Paulo Legislação Tributária na Construção Civil Dia 3, em São Paulo Etiqueta Empresarial, Ética Profissional e Postura Social Dia 3, em Santos Gestão de Empreiteiros na Construção Civil Dia 6, em São Paulo Administrando as Ferramentas do 5S na Construção Civil Dia 7, em São Paulo Instrução Normativa 971/09 Dia 14, em Santo André Gestão Estratégica de Contas a Pagar Dia 15, em Ribeirão Preto Governança e Sucessão em Empresas Familiares Dia 20, em São Paulo DACON X EFD-PIS/COFINS Dia 21, em São Paulo Contratos Built Suit Dia 27, em Campinas Fundamentos da Engenharia Econômica Dia 8, em São Paulo Legislação Previdenciária com Foco na Construção Civil Dia 27, em São Paulo Gestão de Empreiteiros na Construção Civil Dia 9, em São José do Rio Preto Entendendo a NR 33 - Espaços Confinados Dia 28, em Bauru Redação Empresarial Dia 10, em São Paulo Como Evitar Autuações Fiscais Dia 28, em São Paulo Dicas Práticas Previdenciárias CURSOS IN COMPANY Para atender às necessidades das empresas do setor, o SindusCon-SP criou a modalidade In company, que tem como objetivo treinar e capacitar profissionais de forma exclusiva. A facilidade na escolha da data, os temas e a redução dos custos são alguns dos diferenciais desta modalidade. ÁREAS DE ATUAÇÃO • Comércio Exterior • Financeira • Recursos Humanos • Empresarial • Marketing e Vendas • Responsabilidade Social • Estoque e Logística • Produção • Tributária e Trabalhista • Qualidade Cadastro e Atendimento ao Associado: (11) 3334-5600 Acesse www.sindusconsp.com.br e conheça o calendário completo de treinamentos MOTIVAÇÃO O líder moderno Pedro Luiz Alves * A maioria dos líderes imagina que suas competências mais importantes são a técnica ou conhecimento do processo e a obtenção de resultados. No entanto, o que vai garantir a posição de líder é a capacidade de gerenciar pessoas. É responsabilidade do líder a gestão das seguintes fases da vida do profissional na organização: Seleção e admissão; Integração e acolhimento; Treinamento e capacitação; Acompanhamento de desempenho; Retenção; e Transição. Não adianta transferir a contrataçãopara o RH. Já vi muitos líderes atribuírem o insucesso de uma contratação a essa área, porém mal sabem eles que a incompetência foi deles, pois nenhum líder pode permitir a inclusão de alguém em sua equipe sem que haja o seu “de acordo”. Se isso acontecer, o líder transferiu a responsabilidade para alguém que não está habilitado para tal decisão. É muito comum também um líder, quando quer desligar alguém da equipe, encaminhá-lo ao RH. É um absurdo encontrarmos hoje tais situações com tamanha frequência. Nas organizações, o grande diferencial competitivo é o ser humano. Saber como desenvolver e manter os talentos é papel imprescindível da liderança. Eis algumas dicas para tornar sua vida um pouco mais fácil neste modelo: 1) Seleção e admissão: aqui o papel do líder é “eleger” o melhor candidato entre as alternativas que o RH colocou à sua disposição. A melhor escolha é aquela que: tecnicamente tenha boas capacitações e possibilidades de desenvolvimento; denote “aderência e identifi- 26 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Cuide do novo profissional ao longo de toda a vida na empresa cação” com a equipe que vai trabalhar; mas, sobretudo, possua “empatia” com você. Porém, lembre-se de não prejulgar a pessoa pela primeira impressão. No momento em que estiver entrevistando um candidato, preocupe-se em colecionar informações profissionais e comportamentais de forma consistente para minimizar erros. 2) Integração e acolhimento: após a admissão do profissional ele deve ser cuidadosamente integrado à equipe. Não é a integração para mostrar os direitos e deveres de cada um e sim aquela do novo profissional aos integrantes da equipe. O líder deve se reunir com a equipe para informá-la antes da data de início do novo profissional, dando alguns detalhes para minimizar a resistência a ele e garantir que a divisão de espaço organizacional não será afetada. Antropologicamente, nos transformamos em animais irracionais quando sentimos nosso espaço invadido. Acolher o novo integrante também é de fundamental importância, portanto, converse com o profissional, explique a linguagem do grupo e a simbologia implícita nos relacionamentos entre as pessoas da equipe. Mostre-lhe a importância de manter-se receptivo, simpático e disponível, nas interações com os novos colegas. E esteja atento todo o tempo para apagar os possíveis “incêndios” provenientes da vaidade humana. 3) Treinamento e capacitação: aqui o papel do líder é treinar o profissional ao modelo empresarial em que ele foi inserido. Um profissional pode ser contratado com inúmeros predicados técnicos, porém ele só fará pleno uso de suas habilidades se for bem orientado pelo líder. Não basta integrar e depois jogar o novo profissional no cotidiano para que ele descubra os caminhos organizacionais sozinho. Para que o profissional consiga trazer os resultados que a empresa quer, o líder deve preparar e capacitá-lo todos os dias e não “delargá-lo” para que ele “se vire”. 4) Acompanhamento de desempenho: deve ser feito continuamente. Uma boa ideia é manter um “Diário de Bordo” sobre a performance do profissional, com o registro de cada ação positiva e negativa empreendida. Nesta fase, o líder precisa dar feedback. Esse exercício deve ser pontual e garantir que o profissional seja posicionado de tudo o que ele precisa saber para melhorar em alguns aspectos e comemorar seus gols. O feedback deve ser sempre centrado em dados e fatos, não é um momento de desabafo e sim uma ocasião para levar o profissional a refletir sobre seu desempenho e obter maior clareza sobre suas competências e pontos de melhoria. 5) Retenção: manter os talentos na equipe é fundamental e o líder só vai conseguir isso se tratar as pessoas de sua equipe com dignidade e respeito. Acompanhar a trajetória de todos da equipe é fundamental para identificar as “pedras preciosas” que valem todo o investimento de tempo por parte do líder. Mas não menospreze os demais que remam o barco e fazem muito pela equipe também. Não deixe de focar nos possíveis sucessores, pois eles serão imprescindíveis para o seu futuro como líder na organização. 6) Transição: se você pensa que está livre da pessoa quando se demite ou quando você a demite, neste mo- O feedback deve ter sempre dados e fatos para que o profissional pense mento seu papel como líder pode evitar muitos aborrecimentos. Já presenciei vários problemas de processos trabalhistas por assédio moral, simplesmente pelo fato de o líder ter feito uma transição equivocada no momento do desligamento. Basta demonstrar desrespeito ou indiferença para estimular a pessoa a processar a empresa. Ainda assim, se o profissional não mover processo, quando maltratada no desligamento pode multiplicar uma imagem negativa da empresa no mercado. Vale a pena cuidar desta fase, agindo com profissionalismo e respeito para com o outro. Fazer gestão de pessoas em um mercado extremamente competitivo em mão de obra, como o que estamos vivendo na atualidade, é imprescindível. Portanto, quem não estiver disposto a aprender algumas dessas habilidades humanas não terá chance de sobrevivência como um verdadeiro líder. Pense bem sobre o assunto e comece a agir agora! Administrador, consultor de RH e sócio da Ação Consultoria e Treinamento , entários, críticas Envie seus com stões de temas perguntas e suge : para esta coluna ultoria.com.br ns co ao ac o@ pedr REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 27 GESTÃO EMPRESARIAL Avaliando decisões Maria Angelica Lencione Pedreti * N a edição passada, argumentei que as decisões estratégicas sejam avaliadas quanto à sua capacidade de gerar valor por meio de metodologias de desconto de fluxo de caixa e não de medidas contábeis. As decisões estratégicas são as que influenciarão muitos anos futuros da companhia. Envolvem altos investimentos e têm alto impacto no valor da empresa, pois influenciam muito mais os fluxos de caixa de longo prazo que os de curto prazo. Para este tipo de decisão, são conhecidas várias ferramentas já mencionadas: payback descontado, valor presente líquido, taxa interna de retorno, a mesma taxa modificada e índice de lucratividade. Estas ferramentas usam raciocínio que envolve fluxos de caixa (não lucros) trazidos a valor presente por uma taxa de desconto –o custo de capital da companhia, o qual reflete o risco de seus financiadores. Isso não significa desprezar medidas tradicionais, como EVA (Economic Value Added) ou índices financeiros. Elas apenas deveriam ser usadas em decisões táticas, que envolvem montantes menores e não costumam influenciar fluxos de caixa de longo prazo. Exemplos: decisões de avaliação de crédito, pequenas mudanças de produto sem qualquer inovação, contra-propostas de clientes para negócios imediatos etc. Nestes casos, as tradicionais medidas como ROI (Retorno sobre Investimento), Ponto de Equilíbrio e EVA se aplicam muito bem. Focam o curto prazo e as decisões envolvidas. Por precisarem de métricas contábeis, como o Lucro, possuem foco ainda mais no presente e passado. O EVA, po exemplo, mede quanto um determinado projeto é capaz de oferecer 28 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Estratégias vão passar pelo crivo da análise dos fluxos de caixa um retorno acima do exigido por seus financiadores. Veja o conceito abaixo: EVA = (ROI – WACC ) X Capital Investido, onde: ROI = retorno sobre o investimentos, calculado pelo lucro do projeto dividido pelo investimento em ativo fixo ou capital de giro do projeto. WACC = weighted average cost of capital ou custo médio ponderado de capital –medido pela média ponderada entre os custos de capital das diversas fontes de recursos da companhia. Capital investido = a soma de tudo o que foi investido, seja em ativo fixo, seja em estoques ou crédito concedido a clientes. O EVA é o mais moderno e contempla o custo de capital, que já considera risco. Trata-se de medida de curto prazo, pois fala do lucro de um período e do investimento no mesmo período, e não considera evolução de fluxos de caixa pelo tempo. Imagine que o diretor comercial da companhia deseja conceder $1.000.000 adicional de crédito a um cliente. Isto elevará o Contas a Receber da empresa e, portanto, representa investimento. Imagine que o lucro incremental esperado seja de $500.000, gerando um ROI de 50%. Se o custo de capital da companhia for, digamos, 30%, poderemos dizer que ele gera 20% de retorno acima do necessário para pagar as fontes de recursos para cada real investido, ou seja, ele criará $200.000 de valor acima do necessário para pagar o investimento. Este valor vai para o bolso do acionista, o personagem que fica com o dinheiro que sobra depois de pagas as fontes de recursos do projeto. O mesmo raciocínio pode ser usado para volumes adicionais de estoques ou qualquer outro investimento cujo retorno previsto possa ocorrer neste curto prazo, medido pelo ROI. Mas ainda se aplicam críticas quanto a medidas contábeis, o que exige julgamento profissional do analista quanto ao correto uso das ferramentas contábeis. * Professora de Contabilidade e Finanças da FGV, mestra em Administração de Empresas, trabalha em Planejamento Estratégico , entários, críticas Envie seus com as stões de tem perguntas e suge : para esta coluna @fgv.br maria.lencione SINDUSCON-SP EM AÇÃO Construção quer produtividade Um reajuste salarial de 9,75% foi o destaque das convenções coletivas da construção paulista, assinadas a partir de 2 de maio, quando os presidentes do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, e do Sintracon, Antonio Ramalho, firmaram o primeiro desses acordos. De acordo com o vice-presidente de Capital-Trabalho do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa, “o reajuste é fruto da negociação entre as partes, e o SindusCon-SP espera que os sindicatos dos trabalhadores se unam às empresas em favor de uma maior qualificação dos trabalhadores e da desoneração dos investimentos em novas tecnologias que elevem a produtividade. Desta forma, com aumento da produtividade, se buscará atenuar o efeito do aumento salarial sobre o custo das obras.” Em outra cláusula, SindusConSP e Sintracon “se comprometem a estimular trabalhadores e empregadores a envidarem esforços visando a inserção de mulheres no mercado de trabalho da construção civil”, bem como favorecer a inclusão social nos canteiros de obras. No caso específico da capital paulista, um novo piso salarial foi introduzido: o dos trabalhadores qualificados em obras de montagem de instalações industriais. Dentre as opções de alimentação, agora figura um vale-supermercado mensal. Também deverá ser fornecido café da manhã e lanche da tarde. Demais cláusulas permanecem. Fórum debate questão da mão de obra Ele também informou Os gargalos os primeiros resultados do existentes à formação Programa de Formação de mão de obra e nos Canteiros de Mão os caminhos para de Obra, uma parceria sua superação montada em fevereiro de fo r a m a p o n t a d o s 2010. Foram formados 258 pelo presidente trabalhadores, sendo 76 do SindusCon-SP, de 4 empresas associadas Sergio Watanabe, em ao SindusCon-SP e apresentação feita no 182 de 2 empresas não Fórum da Indústria associadas. A meta do da Construção de projeto piloto é capacitar Santos e Região, no 2.336 trabalhadores. início de maio, naquela O presidente do cidade. Realizado pelo SindusCon-SP ainda sistema “A Tribuna relatou a nova parceria de Comunicação”, o Luiz Paiva dos Reis (Assecob), Watanabe, Beschizza e o associado Renato Monteiro da Fiesp com o Senai-SP evento teve o apoio do e o SindusCon-SP para identificar SindusCon-SP. aperfeiçoar o currículo dos estudantes necessidades de mão de obra de cada Watanabe apontou como principais de engenharia e aumentar o número de região do Interior. A Regional Sorocaba desafios, dentre outros: conseguir que os vagas das faculdades. formou a primeira comissão, que está alunos formados no Senai efetivamente O presidente do SindusCon-SP levantando informações. Em outro trabalhem nas construtoras e não anunciou que, neste ano, o Senai painel, o diretor da Regional Santos do no mercado informal; intensificar os paulista pretende formar 50 mil alunos SindusCon-SP, Ricardo Beschizza, falou cursos dentro dos canteiros de obras; em seus cursos voltados à construção sobre o Plano Diretor. estimular mais empresas a aderirem civil. Em 2010, foram formados 38,5 mil; aos Programas de Qualificação de Mão em 2009, um total de 46,5 mil; e em Leia na próxima edição reportagem sobre os trabalhos do Fórum de Obra e de Elevação da Escolaridade; 2008, cerca de 28 mil. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 29 regionais Campinas incentiva financiamentos de recursos. Será destiUma mobilização nada aos empresários da da Regional Campinas construção com juros de do SindusCon-SP para 1,51% ao mês, mais TR, projetar e fortalecer as prazo de 10 anos e o valor empresas do setor na de financiamento de 70% região ganhou apoio da do valor do imóvel dado Caixa Econômica Federal como garantia. e de outras entidades que O convênio foi idealiatuam no setor imobiliário zado depois de o diretor na região. da Regional ter consO s o b j e t i vo s d o Paulo Galli (Caixa), Kelma Camargo (Secovi), Luiz Amoroso, Francisco Lima (Habicamp), tatado a baixa procura acordo são: capacitar os Reinaldo Biondi (Rede Total de Imóveis) e Rodrigo Coelho (Rede Imobiliária Campinas) das linhas de crédito por empreendedores no fiparte das pequenas construtoras. Entre “Pretendemos que as pequenas emnanciamento imobiliário da Caixa para as linhas de crédito apresentadas está o presas do setor tenham acesso às linhas a utilização das linhas de crédito habitaAporte Caixa, um financiamento para que de financiamento para obras do Minha cionais; aumentar a rede credenciada de o empresário tenha recursos de forma mais Casa, Minha Vida”, disse o diretor da Recorrespondentes Caixa Aqui, ampliando rápida. “Desta forma, além de ampliar os gional Campinas do SindusCon-SP, Luiz os pontos de oferta de crédito imobiliário negócios das empresas de construção, vaCláudio Amoroso. e melhorando o atendimento à população; mos reduzir o déficit habitacional na região O benefício maior aos associados da e levar o crédito Aporte Caixa aos emprede Campinas”, disse Amoroso. Regional estará na disponibilidade de uma sários, numa linha de crédito com garantia (Vilma Gasques) linha de crédito diferenciada para captação real imobiliária, simples de ser contratada. Secretário dialoga sobre projetos A Regional Campinas do SindusConSP promoveu encontro do secretário de Urbanismo, Hélio Carlos Jarreta, com os empresários do setor. A conversa teve como foco o processo de aprovação de projetos na Prefeitura, que passa por mudanças com o Plano Local de Gestão (PLG) e criação da macrozonas. Porém, há discussões judiciais que emperram a aprovação de muitos projetos e paralisam o trabalho da construção. “Foi muito importante abrirmos negociações para aprovação dos projetos. Nossa preocupação é com os gargalos que devem ser evitados, dando agilidade às ações dos empresários”, destacou o diretor da Regional. 30 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO “Gostaríamos de colaborar com a Secretaria de Urbanismo, tendo um departamento de apoio do SindusCon-SP dentro da Prefeitura para que haja um contato maior com o poder público, e que os projetos sejam aprovados com maior rapidez”, disse Amoroso. O secretário de Urbanismo expôs as condições de trabalho da Secretaria, que precisa garantir condições de desenvolvimento sustentável na cidade, harmonizando os usos urbanos e rurais e a infraestrutura necessária com conservação dos recursos naturais existentes. “O importante é o entendimento com os empresários para resolver alguns problemas. Estamos aprovando muitos projetos e conseguindo resolver alguns casos. Somente quando há discussão judicial é que não podemos fazer nada além de cumprir a ordem, mesmo que isso vá contra minha posição como urbanista”, ressaltou. Jarreta disse ainda que a atual administração está preocupada com o desenvolvimento da cidade e que possui uma visão pragmática. “Procuramos ser próativos em todos os processos e buscar o desenvolvimento em todas as regiões. Há dificuldades que precisamos vencer e temos clareza disso, mas já aprovamos a construção de 12 mil unidades habitacionais dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. E temos mais 20 mil unidades para serem aprovadas”. (VG) Ribeirão forma operadores de elevador Cerca de 20 trabalhadores de construtoras de Ribeirão Preto e região participaram em abril da turma do curso para formação de operadores de elevadores de obra, na Escola Municipal de Ensino Profissional Básico Dr. Celso Charuri. Como a certificação é obrigatória para o exercício da função e faltam profissionais qualificados no mercado, o curso é sempre bastante procurado. São trabalhadores como Manoel Messias, servente da Construtora Copema, de Ribeirão Preto (SP), que Os participantes da 23ª turma recebem orientações para se qualificarem projetam a oporfila de espera para as próximas. Sua retunidade de aumentar o conhecimento e o alização se deve a uma parceria entre a ganho mensal. “Quero buscar crescimento Regional e o Senai, com o apoio da Mecan profissional e ajudar a minha família. Sou Indústria e Locação de Equipamentos para de Pernambuco e se um dia eu precisar Construção. voltar para minha cidade, terei facilidade (Marcio Javaroni e Ana Paula Poem conseguir um emprego.” polin) O curso está na 23ª edição e já existe Regional dá orientação dentro do canteiro Mais uma ação do Programa SindusCon-SP de Segurança (PSS, realizado em parceria com o Senai) aconteceu em Ribeirão Preto, desta vez na Construtora Croma. Com a participação de cerca de 30 trabalhadores, o técnico de segurança Raimundo Nonato realizou palestra e respondeu dúvidas sobre segurança, orientando sobre o uso adequado de equipamentos e procedimentos corretos. Ainda em abril, o Comitê Permanente Regional (CPR) de Ribeirão Preto reuniuse na sede da Regional. Na ocasião, foram apresentadas ações como o atendimento aos proprietários de obras com 300 a 1000 m² de construção, que estão sendo instruídos em relação à segurança dos trabalhadores nas obras, e as visitas realizadas por técnicos de segurança de empresas associadas, de forma voluntária, a esses canteiros para orientação. (MJ e APP) O técnico de segurança Raimundo Nonato discorre sobre segurança do trabalho no canteiro da Croma Rio Preto discute segurança A Regional São José do Rio Preto do SindusCon-SP e o Senac realizaram o Seminário de Segurança e Saúde na Construção, reunindo cerca de 150 pessoas. O auditor fiscal da SRTE/SP do MTE Gianfranco Pampalon, um dos palestrantes, apresentou dados estatísticos mostrando que a altura é a principal causa de acidentes graves e fatais na construção civil. “No Brasil e no mundo, 49% dos acidentes são relativos a quedas”, disse. Ele também informou que um GTT –Grupo Técnico Tripartite está implementando a criação de uma norma regulamentadora específica para trabalhos em altura. Segundo a coordenadora da Regional, Mércia Godoy, o SindusCon-SP está sempre preocupado com a segurança do trabalhador. Por isso realizamos eventos para troca de informações com o objetivo de reduzir os números de acidentes”, disse. (Ester Mendonça e Camila Reale) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 31 melhores caminhos para garantir qualidade total na construção. Especializado em patologia de materiais, estruturas e habitabilidade, ele é diretor técnico do Grupo Falcão Bauer e presidente do Instituto Falcão Bauer de Qualidade. O conselheiro Falcão Bauer expõe os requisitos para a busca da qualidade nas obras da construção Bauru debate sobre inovação e qualidade A Regional Bauru do Sind us Con-SP e a Escola Senai “João Martins Coube” realizaram em abril um wor kshop sobre inovações e qualidade dos materiais utilizados na indústria da construção civil. Qualidade total O conselheiro do SindusCon-SP Roberto Falcão Bauer destacou os Isolamento acústico A engenheira química Joana Nogueira Cavalcanti, que atua na área de Desenvolvimento Técnico e Comercial da Votorantim Cimentos, apresentou novas opões em tecnologia de sistemas da empresa. O destaque ficou por conta de mantas e argamassas que garantem isolamento acústico às edificações. “São inovações que oferecem ótimos resultados, sendo fáceis de aplicar”, comentou. O workshop contou com a participação de aproximadamente 130 pessoas, incluindo profissionais que já atuam no mercado e alunos do Núcleo da Construção Civil do Senai. (Sabrina Magalhães) Sorocaba estimula qualificação A Regional Sorocaba do SindusCon-SP está convidando os empresários da construção da região a incentivarem a qualificação de seus funcionários, encaminhando ao Senai os profissionais que já atuam no setor. “O momento agora é de qualificar pessoas que já trabalham na construção ou estão interessadas em ingressar nesse mercado. Ninguém melhor do que as próprias empresas para indicar quem deve se qualificar, quem pretende crescer na profissão”, afirmou o diretor da Regional, Ronaldo de Oliveira Leme. Segundo José Sarraccini Júnior, gerente da Regional Sorocaba e coordenador da Comissão Permanente de Qualificação de Mão de Obra na Construção Civil, os cursos ministra- 32 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO dos por meio de parceria com o Senai terão como foco o trabalho em uma construtora. “Muitas vezes os cursos eram frequentados por pessoas que não tinham interesse em trabalhar no setor, buscando uma qualificação a mais ou para reformar ou construir a própria casa. Enquanto isso, o setor sofre com a falta de qualificação de seus funcionários”, disse. Empresários convocados De acordo com Antonio Marcos Vinícius Leite, agente de treinamento do Senai, já foram feitas reuniões com empresários de Sorocaba, Itapetininga, Itapeva e Salto de Pirapora, visando a formação de turmas para qualquer um dos nove cursos oferecidos pela insti- tuição e pelo SindusCon-SP. “Queremos que os empresários nos encaminhem os funcionários que pretendem qualificar. Ou que, com a ajuda do RH, indiquem quem está realmente interessado em entrar nesse mercado”, disse. Os cursos, que têm a duração média de 160 horas, se destinam a maiores de 18 anos e podem ser ministrados a partir da formação de turmas de 16 alunos. As modalidades oferecidas são pedreiro assentador, pedreiro revestidor, armador, pintor de obras, carpinteiro de formas, eletricista residencial, encanador, dry-wall instalador e leitura e interpretação de desenhos e projetos de obras civis. (Nerli Peres) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 33 marketing Preços diferenciados Antonio Jesus de Britto Cosenza * A precificação é um fator crítico de sucesso de uma estratégia de marketing. Quando o setor é controlado pelo governo, num cenário de elevada inflação a variável preço deixa de ser trabalhada estrategicamente pelas empresas, o que provoca uma “comoditização” no mercado. As empresas de aviação comercial possuem tarifas que variam conforme a demanda. Uma área complexa dessa indústria trabalha para aperfeiçoar a utilização de seus altos ativos –os equipamentos de voo. É uma prática corrente no setor de serviços estabelecer preços por tipo de cliente (parques e museus), por versão de serviço (luxo ou standard) ou por localização (teatros, shows). Um “delivery” ou uma lavanderia podem estabelecer seus preços de acordo com os diferentes prazos de entrega. Teatros praticam preços diferentes pela localização dos assentos. As empresas aéreas segmentam preço para as classes econômica, executiva e primeira. Há uma semana, no check in de um voo de volta para São Paulo, ao solicitar assento no corredor, fui informado de que só havia aquele da saída de emergência, pelo qual deveria pagar um pequeno valor adicional. Agradeci e quis pagar no balcão, mas fui orientado a ir até a loja da empresa no aeroporto. Parabéns pela estratégia de preço segmentado, pena que estava mal estruturada. Deveriam facilitar e permitir o pagamento no balcão. Paguei e retornei confortavelmente a São Paulo, em um corredor com espaço para as pernas, sem ninguém a meu lado e podendo ler com a cabeça abaixada 34 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Segmentação é base para sucesso de uma estratégia de atendimento sem correr o risco de levar uma “cadeirada” na testa, uma vez que o assento da frente não reclina. Pensei: “Até que enfim tomaram uma decisão a favor do passageiro frequente. Foi uma sensação de Primeiro Mundo. Vou enviar um e-mail e elogiar a decisão da empresa.” Felicidade efêmera! Em meados de abril, o Procon multou a empresa pela diferenciação de preços dos assentos. É a ignorância geral que prevalece sobre as estratégias empresariais internacionais. Em todo o mundo, o setor de aviação busca incessantemente formas de reduzir seus custos sem comprometer a segurança dos passageiros e encontra, com dificuldade, ideias criativas para alcançar esse objetivo. Mas no Brasil, não. Em nome do acesso a todos, ocorrem interferências despropositadas e inconsequentes. É o mesmo que exigir que os teatros e as arenas de espetáculos padronizem os seus preços pelo menor praticado. Vamos impor às salas de exibição de cinemas, as que possuam poltronas bem mais confortáveis, que também pratiquem o preço mínimo, sem diferenciação das demais? Vamos impedir as construtoras e imobiliárias que cobrem mais caro pelos apartamentos dos andares superiores, porque permitem uma vista privilegiada? Vamos estender para o setor de alimentação e padronizar os preços dos restaurantes? Vamos também exigir o preço mínimo em todos os assentos dos campos de futebol, paixão nacional? É difícil o país se inserir no Primeiro Mundo. Quando o presidente dos EUA afirma que o país do futuro já é presente, ele não tem noção dos bastidores. É preciso o Procon entender que o processo de segmentação em marketing é a base para o sucesso de uma estratégia de atendimento ao mercado consumidor. Ele responde à questão –atender quem?– e permite a formulação das estratégias que nada mais são do que as respostas à questão –atender como? Pena que a felicidade seja tão efêmera na terra do Carnaval. * Consultor de empresas e professor da EAESPFGV e da BBS ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna om.br aeassociados.c nz se co a@ cosenz REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 35 JURÍDICO Novidades fiscais Alexandre Tadeu Navarro e Fabiano Marcos * N esta edição destacaremos três novidades fiscais relacionadas à construção: duas oriundas de manifestações recentes da Receita, mediante Soluções de Consulta, e a outra relativa à MP 510/10, que reconheceu a personalidade jurídica dos consórcios e estabeleceu a solidariedade entre consorciadas e o consórcio. A Receita vem decidindo acerca da possibilidade do reconhecimento somente no mês da entrega do bem ou da conclusão do serviço, em exceção ao regime de caixa, do faturamento antecipado, bem como dos adiantamentos recebidos por conta da venda de unidades imobiliárias em construção. Esta posição representa importante fôlego de caixa para as empresas construtoras, especialmente porque o usual é utilizar os adiantamentos inteiramente para aquisição de materiais e pagamento de subempreiteiros. Transcrevemos: “Ementa: Atividade imobiliária. Lucro presumido. Regime de caixa. Adiantamento. Os adiantamentos relativos à prestação de serviço de empreitada ou à venda de unidades imobiliárias não entregues devem ser reconhecidos como receita para fins de incidência do IRPJ, pela pessoa jurídica optante pelo lucro presumido, regime de caixa, no mês em que se der a entrega do bem ou a conclusão do serviço.” Adicionalmente, a Receita vem decidindo de forma positiva acerca da possibilidade de compensação do saldo retido (11%) de contribuições previdenciárias, na cessão de mão de obra e na empreitada, entre todos os estabelecimentos da empresa cedente de mão de obra, 36 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Conheça três alterações que beneficiam a construção civil inclusive nos casos de obra de construção mediante empreitada total. Dentre as recentes decisões, destacamos aquela que reconheceu a possibilidade de uma empresa sucessora, por incorporação, se aproveitar dos créditos da empresa incorporada, de modo que este valor poderá ser compensado por qualquer outro estabelecimento da empresa sucessora. Neste sentido, veja trecho da Solução de Consulta: “A empresa sucessora, por incorporação, pode compensar os créditos de contribuições previdenciárias da empresa incorporada, oriundos da antecipação das contribuições previdenciárias representada pela retenção dos 11% sobre o valor dos serviços prestados pela sucedida, e dos valores das contribuições previdenciá rias recolhidos indevidamente.” Tal posicionamento é reflexo das novas regras de compensação introduzidas pela Lei 11.941/09, e está em consonância com o disposto na IN da Receita 973/2009, que dispôs sobre o assunto. Vale lembrar que estas Soluções de Consulta somente são vinculantes para as empresas consulentes, mas mostram importante tendência por parte do fisco. Por fim, mas não menos importante, destacamos o reconhecimento da personalidade jurídica aos consórcios pela MP 510, de 28 de outubro de 2010, que determinou que os consórcios passem a cumprir suas “próprias” obrigações tributárias, bem como que as consorciadas são solidariamente responsáveis entre si, pelas obrigações tributárias assumidas pelo consórcio. Importante destacar que, embora a MP 510 ainda não tivesse sido convertida em Lei até a redação deste artigo –o texto aprovado no Legislativo encontrava-se pendente de sanção presidencial desde 12 de abril de 2011, data da nossa última consulta–, seus efeitos já estão em vigor e as empresas devem se atentar a esta novidade, independentemente de sua aprovação ou não, trazendo implicações severas a este formato de parcerias tão utilizado pelo setor construtivo. * Respectivamente: Sócio e membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP, e advogado pleno do escritório Navarro Advogados. ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge v.br [email protected] para esta coluna: REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 37 PREVENÇÃO E SAÚDE Erradicação do sarampo José Moacir de Lacerda Jr. * O sarampo é uma enfermidade viral, aguda, que pinta o corpo com manchas vermelhas, por isso chamado pelos médicos de doença exantemática. Seu aspecto é bastante característico e deve sempre ser diagnosticado pelo médico, uma vez que há muitas doenças que fazem parte desse mesmo grupo. O sarampo foi descrito pela primeira vez no século 10 por Rhazes, um médico persa. Ele classificou a doença como sendo “mais horrorosa que a varíola” e durante séculos elas foram alvo de muita confusão entre os diagnósticos. No século 17, o cientista John Graunt fez a separação definitiva entre as duas doenças. Entretanto, na metade do século 18, o médico escocês Francis Home verdadeiramente reconheceu a natureza da doença e tentou preveni-la. Desde então, inúmeras ações têm sido realizadas nesse sentido. No Brasil, o sarampo foi responsável por muitas epidemias e por ter levado à morte milhares (talvez milhões) de pes soas desde o descobrimento. Em 1968, foi implantada a vacina em São Paulo e no Rio de Janeiro, em caráter experimental. Em 1974, passou a fazer parte, em caráter definitivo, do calendário vacinal, sendo aplicada, nessa época, aos oito meses de idade. De lá pra cá sua aplicação passou a ser aos nove meses e hoje é feita com um ano de idade, na forma da vacina tríplice viral (que protege também contra rubéola e caxumba). A doença geralmente se inicia com febre acompanhada de tosse, coriza, conjuntivite e fotofobia (sensibilidade à luz). Tem muitas semelhantes com uma gripe bastante forte, com uma caracterís- 38 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Seconci-SP está vacinando quatro mil trabalhadores dentro das obras tica de “face suja”, congesta. Por volta do segundo ao quarto dia surgem as lesões maculo-papulosas de coloração avermelhada, o exantema. Esse período pode durar até sete dias, quando se inicia o período de remissão, com diminuição da febre e do mal estar e mudança na cor do exantema de avermelhado para vinho (ele vai gradativamente escurecendo). Um período intermediário mais grave, o toxêmico, pode ocorrer quando o sarampo debilita muito as defesas do organismo, principalmente de crianças desnutridas e adultos jovens, trazendo complicações como broncopneumonia, inflamação de órgãos como cérebro e coração, além de lesões oculares e diarréia intensa. Por se tratar de doença viral, não há tratamento específico. Normalmente são prescritos antitérmicos e analgésicos para aliviar os sintomas de febre e tosse, e se recomenda o aumento da ingestão de líquidos, como água e suco de frutas. Complicações, se surgirem, devem ser tratadas caso a caso. No Brasil, o sarampo é doença de notificação compulsória desde 1968. Até 1991, o país enfrentou nove epidemias, uma a cada dois anos, em média. Em 1992, o país adotou uma meta de erradicação da doença até o ano 2000 e, de fato, o último surto aconteceu nesse mesmo ano com a notificação de 15 casos. Em 2006, 56 casos foram notificados na Bahia, mas acredita-se que tenham sido causados por vírus importados de outros países. Em janeiro deste ano, a Secretaria de Estado da Saúde confirmou o primeiro caso, um morador de Campinas que contraiu a doença em uma viagem aos EUA. Reconhecidamente a melhor forma de prevenção contra a doença é a vacinação. Por isso, o Seconci-SP, ciente da sua responsabilidade social e em parceria com o SindusCon-SP, está promovendo Campanha de Prevenção ao Sarampo, aplicando a vacina tríplice viral nos trabalhadores do setor. Esta ação teve início em 13 de abril e deverá se estender ao longo do mês de maio, quando deverão ser vacinadas quatro mil pessoas. * Médico pediatra e homeopata formado pela Faculdade de Medicina do ABC e integrante da equipe médica do Seconci-SP ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna conci-sp.org.br se o@ ca comunica EmprEEndImEnto Com mAnuAl dE GArAntIA Elaborados pelo SindusCon-SP, Secovi-SP e por uma equipe de construtoras, advogados, fornecedores incorporadores e construtores no pós-ocupação. Os dois manuais ajudam as construtoras na tarefa de materiais e equipamentos e consultores de de instruir os novos ocupantes para garantir a vida útil diferentes áreas, o Manual do Proprietário e o Manual de seus empreendimentos recém entregues por muito de Áreas Comuns são ferramentas fundamentais aos mais tempo. Informe-se no Centro de Atenção ao Associado e saiba como adquirir seus manuais Fone: (11) 3334-5600 ou e-mail: [email protected] SOLUÇÕES INOVADORAS Pisos elevados Ercio Thomaz * A tecnologia dos pisos elevados nasceu basicamente com o advento das calculadoras elétricas e das máquinas de escrever elétricas, firmando-se mais com o desenvolvimento da informática. Ainda com a chegada das máquinas copiadoras, dos scanners, impressoras, sistemas de som e imagem, aparelhos multimídia e outros equipamentos, os escritórios passaram a demandar cada vez mais esse recurso. Pisos elevados facultam o caminhamento de dutos e cabos, as adaptações de layout, a personalização e flexibilização dos ambientes. Interna ou externamente, facilitam ainda as operações de manutenção de instalações neles embutidas, bem como de impermeabilizações ou do próprio piso, com a possibilidade de simples substituição de placas modulares apoiadas sobre pedestais, sem a necessidade de rompimento de concretos ou argamassas. Onde o pé direito e outros fatores permitirem, os pisos elevados podem ser utilizados no retrofit de edifícios comerciais, minimizando a geração de entulho e o tempo despendido nas reformas. Devidamente projetados, podem ainda contribuir para o isolamento acústico entre pavimentos, particularmente no que concerne aos ruídos transmitidos por impacto, e também para um sistema alternativo de condicionamento de ar: o de insuflamento invertido, ou seja, da base para o topo do ambiente. No caso de pisos Tecnologia pode contribuir para isolamento térmico e até acústico externos, a camada de ar entre as placas e a laje é importante fator de contribuição para a isolação térmica, constituindo boa opção para as lajes de cobertura ou de terraços. Contribuição importante para o isolamento acústico de pisos todavia só será conseguido com o emprego de apoios constituídos por materiais resilientes ou pela interposição desses materiais. Restritos inicialmente aos ambientes internos, os pisos elevados têm sido ado- tados também nos ambientes externos. Em áreas extensas, por exemplo, onde o grande número requerido de ralos e os caimentos necessários para a drenagem superficial poderiam comprometer a estética ou a funcionalidade do piso, o sistema possibilita a construção de pisos perfeitamente planos, escoando a água através das frestas mantidas entre as placas que o integram. Tais frestas, se benéficas e necessárias por um lado, por outro podem dificultar o trânsito de carrinhos de bebê, cadeiras de rodas, bicicletas e outros, podendo servir de armadilha para saltos de sapato femininos, skatistas e dedinhos de crianças. Cuidados também devem ser tomados para que o piso elevado não se transforme num criadouro de insetos e pragas. Com altura variável (pode superar até um metro nos CPDs de maior porte), o plenum constituído entre a face inferior do piso e a laje apresenta normalmente altura em torno de 20cm, variando em função de disposições arquitetônicas, do porte dos equipamentos e instalações que se deseje embutir e da distância mínima requerida entre cabos elétricos, sistemas de voz e de transmissão de dados, para que não ocorram interferências indesejáveis entre os diferentes sistemas. No caso de insuflação de ar pelo piso, tal altura estará ainda condicionada à vazão de ar projetada. Os primeiros pisos elevados eram constituídos por placas de concreto re- Foto: Remaster Foto: Buzon International Foto: Buzon International Pedestais com articulação apoiados sobre lajes inclinadas; instalações elétricas e de dados, com tomada embutida no piso, e pedestais com altura regulável Foto: Appian Corporation Foto: Eng° Maurício Bernardes Piso elevado externo próximo a espelho d´água, dentro da área de um jardim pousando sobre alvenaria ou pequenos apoios de concreto moldados no local: efetuava-se o nivelamento da face superior do piso, moldando-se cada apoio na altura necessária. Depois, vieram as placas pré-fabricadas em aço, alumínio, concreto celular, plásticos de engenharia (PVC, PEAD etc.), placas de rocha estruturadas com telas de fibra de vidro no tardoz, porcelanato e placas de madeira reconstituída (MDF/HDF, OSB –com possibilidade de revestimento em carpete, manta de vinil, laminado melamínico e outros). Criaram-se os pedestais reguláveis, telescópicos, em aço ou plástico, inclusive com articulações que permitem manter o piso nivelado mesmo se apoiado sobre uma laje inclinada. Mais recentemente, surgiram os pisos elevados monolíticos, constituídos por pirâmides de PVC invertidas e sequenciais, posteriormente preenchidas com argamassas autonivelantes. No dimensionamento das placas devem-se considerar as cargas concentradas e distribuídas passíveis de atuar, riscos de puncionamento, resistência à flexão e ao cisalhamento, resistência a impactos de corpo mole e de corpo duro, eventuais cargas dinâmicas de veículos leves etc. Para os pedestais, devem ser consideradas cargas de flexo-compressão e os riscos de instabilização ou ruptura por flambagem, providenciando-se nos pedestais de maior altura os contraventamentos necessários. As cargas atuantes nas placas e nos pedestais obviamente devem ser absorvidas pela base. A paginação/modulação das placas tem influência direta em todos os aspectos: estética, resistência mecânica, custo, maior ou menor dificuldade de remoção/ execução das manutenções, custos e dificuldade de reposição etc. Terraços com pisos elevados em edifício Além desses fatores, o projeto do 11.802 para pisos elevados em geral, espiso elevado deve considerar a pecificação que se encontra relativamente necessária segurança ao fogo, risco de desatualizada. Para placas de concreto propagação de chamas, possibilidade foi recentemente editada a norma NBR de ressonância, aspectos ergonômicos/ 15.805-2010, com exigências aderentes desconforto causado por deformações aos requisitos de desempenho da normaou vibração das placas etc. O material e a lização 15.575 (Desempenho de edifícios textura superficial das placas irão facilitar habitacionais) e que inclusive apresenta ou dificultar a limpeza e conservação do um anexo sobre os pedestais de apoio. piso, devendo-se atentar nos pisos exterPara quem necessitar de mais infornos para o perigo de escorregamento que mações, o tema é tratado com extrema representam as superfícies muito lisas. competência na dissertação de mestrado Principalmente nos pisos externos, “Tecnologia Construtiva de Piso Elevado pela ação da radiação ultravioleta as plapara Áreas Externas de Edifícios” (Epusp, cas tendem a apresentar esmaecimento 2009), do engenheiro da Tecnisa Maurício da cor, fator a ser considerado no projeto Bernardes, com orientação da professora de arquitetura. Mesmo que se preveja Mércia de Barros. razoável estoque para reposição, no caso de cores muito vivas as placas repostas apresentarão considerável diferença de * Doutor pela EPUSP, pesquisador do IPT, cor em relação às remanescentes. As professor na pós graduação do IPT e do placas devem apresentar grande reguMackenzie. laridade dimensional, particularmente no que tange ao esquadro e à espessura. Como os pedestais em geral se prestam ao apoio simultâneo de até quatro placas, ntários, críticas, Envie seus come diferenças de espessura entre as placas stões de temas perguntas e suge contíguas resultarão em dentes no piso, : para esta coluna de nada adiantando o ajuste milimétrico l.com.br uo @ az erciothom na altura dos pedestais. Encontra-se em vigor a norma NBR REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 41 INOVAÇÃO Construção e sociedade Vahan Agopyan * S empre que há uma reunião do conselho do CIB, o Conselho Internacional da Construção, relato aqui as discussões ocorridas, pois os temas levantados repercutem no Brasil em um curto espaço de tempo. A última reunião foi na semana da Páscoa em Beijing, na China, e o tema central foi o do título deste artigo. Antes apresento uma discussão paralela mantida com os construtores presentes, todos do Hemisfério Norte (EUA, Europa e Japão). A maior preocupação deles é ter à disposição o melhor projeto integrado possível para serem competitivos. Eles estavam se referindo às soluções de projeto integrado, contemplando desde sua concepção até a entrega da edificação ou obra de arte, o conceito de IDDS – Integrated Design and Delivery Solutions, que já comentei aqui. O termo projeto deve ser entendido no seu sentido amplo, vindo do inglês design, não se restringindo aos desenhos e especificações da obra, mas envolvendo todas as etapas do empreendimento, da concepção à manutenção. O termo integrado também tem o sentido da língua inglesa, não sendo uma somatória de partes, mas a combinação de vários processos que resultam no todo, com sinergia. Para esses construtores, conseguir o melhor projeto é a sua sobrevivência num ambiente muito competitivo. Para isso, todos participam direta ou indiretamente na elaboração dos IDDS de suas obras, montando inclusive equipes próprias de projeto, muitas vezes em empresas coligadas. Nossa realidade é bem diferente, não sendo isso sempre ainda válido, como por exemplo em obras públicas, mas deve-se 42 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Ambiente construído é decisivo para a qualidade de vida da população estar atento para as demais obras e as concessões. Voltemos ao tema do título, cuja motivação básica é que o ambiente construído existe para satisfazer os anseios dos seus usuários diretos e indiretos, pois cada construção afeta toda a sociedade. Não se trata de diminuir os aspectos técnicos e tecnológicos do setor, mas de ampliar seu escopo. O ambiente construído é decisivo para a qualidade de vida da sociedade e os diversos atores da cadeia produtiva da construção devem ter consciência disso. Essa visão holística complementa as abordagens discutidas nesta coluna: a da valoração da construção, entendendo o valor da obra pela sua importância à sociedade e não apenas pelo seu custo somado aos benefícios, e a da construção centrada nos usuários, em que o atendimento dos anseios deles é o foco central. Todo o esforço da construção no exterior é se posicionar como determinante para a sociedade e tentar se fazer reconhecer pela população como atividade social e não apenas técnica. Mais: em países como o Brasil, a construção desempenha um papel decisivo na economia, contribuindo para superar dificuldades, como ficou claro durante a última grande crise financeira. As melhorias nos processos construtivos garantem construções melhores, mais rápidas e viáveis, inclusive para o lucro da empresa. Isso não está claro para a sociedade e precisa ser melhor difundido. O objetivo da abordagem proposta não é apenas de divulgação, mas de mudança de comportamento do setor. Ainda são conjecturas, ideias a serem discutidas, não se tendo propostas concretas. No entanto, o melhor posicionamento da construção para a população não pode ser considerado como um fato secundário ou complementar. Trata-se de mudança cultural decisiva para que o setor se coloque como social e intensamente participante da melhoria de qualidade de vida. Essa visão mais ampla é decisiva para o fortalecimento da construção na sociedade. * Professor Titular da Escola Politécnica da USP e Pró-Reitor de Pós-Graduação da USP ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna poli.usp.br vahan.agopyan@ Inscrições limitadas Não deixe de participar da 7ª edição que traz à debate os principais aspectos atuais da Tecnologia de Sistemas Prediais. DATA 17 de junho de 2011 Horário 8h30 às 18h Local SindusCon-SP Rua Dona Veridiana, 55 - Santa Cecília, São Paulo Informações e Inscrições 11 3334.5600 [email protected] Investimento Empresas associadas e entidades apoiadoras: R$ 350,00 Empresas não associadas: R$ 450,00 www.sindusconsp.com.br realização coordenação patrocínio FaÇa Sua INSCRIÇão No SITE www.enic.org.br São Paulo 10, 11 e 12 de agosto de 2011 WTC - SP Av. das Nações Unidas, 12.551 - Brooklin Novo promoção realização patrocínio apoio
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