CARTA DE FORTALEZA I ENCONTRO NACIONAL DE
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CARTA DE FORTALEZA I ENCONTRO NACIONAL DE
CARTA DE FORTALEZA I ENCONTRO NACIONAL DE JUVENTUDES E ESPIRITUALIDADE LIBERTADORA Jovens de diferentes lugares, regiões, sotaques, igrejas e experiências nos encontramos em Fortaleza (CE) entre os dias 1º e 04 de maio de 2014, para uma vivência e um diálogo inter-geracional sobre a espiritualidade libertadora. Foram trajetórias pessoais, comunitárias, eclesiais e de movimentos que vêm de distintos rios, riachos, lagos, cacimbas... inspirad@s pelo sonho de se construir outros mundos possíveis e animad@s na busca da justiça e pela utopia do reino de Deus, sinais de um prosseguimento do sonho de Jesus, fontes de água viva ante aos desertos de nossa história. Reunid@s nas plenárias, oficinas e encontros cotidianos, bebemos de fontes de nossas vidas e realidades juvenis; de teologias da libertação; da memória de tantas mulheres e homens e de tantas experiências que foram vividas antes de nós. É com essas águas que alimentamos o nosso cotidiano. Reconhecemos que a espiritualidade libertadora é um modo de viver, de expressar o apelo radical feito por Jesus quando assumiu a nossa humanidade. Essa espiritualidade perpassa nossos corpos, o nosso “coração de carne”, nossas entranhas, ante as provocações da realidade que nos oprime, permeada por sinais de morte e cruzes fixas nas esquinas de nossas casas, nas vielas de nossas comunidades, nos espaços eclesiais. Elas nos provocam para uma opção pelas pessoas excluídas e à margem do neoliberalismo, sistema idolátrico que pede vítimas. A espiritualidade deve nos levar à boa notícia da vida plena e abundante para todas as pessoas e toda a Criação. Uma vida sem muros, sem as barreiras do individualismo, fundamentalismos e intolerâncias. Com este espírito, com humildade e rebeldia amorosa, nos comprometemos a: - denunciar e lutar contra o extermínio da juventude negra, pobre e periférica, configurado como verdadeiro genocídio; - enfrentar a homofobia, a lesbofobia e transfobia, que negam o direito de expressar a vivência de uma sexualidade marcada pela pluralidade e pelas diferenças; - combater o capitalismo, o patriarcado e o machismo, que (des)estruturam a nossa casa-comum e destroem e ceifam as vidas de tantas mulheres e desumanizam os homens; - contestar a influência do fundamentalismo religioso no exercício da política institucional, um modo de agir que testemunha uma religião arrogante, preconceituosa e excludente, que compromete a garantia do Estado Laico; - participar ativamente no processo da reforma do sistema político brasileiro; - sensibilizar e assumir a defesa de uma justiça socioambiental que garanta a vida do nosso planeta e de seus habitantes, assegurando os recursos naturais para as futuras gerações; - engajar-se na luta pela justiça no campo, pela realização de uma reforma agrária popular, pela demarcação das terras indígenas e das terras ancestrais d@s quilombolas e outras comunidades tradicionais, como também pela integridade de suas culturas. Essas dimensões são fundamentais para evitar o genocídio destas populações; - lutar contra todo tipo de atitude ou expressão de intolerância religiosa e assumir a profecia de uma vivência ecumênica que testemunhe o Mistério atuante na diversidade reconciliada; Que a nossa espiritualidade se alimente da mesma mística de Jesus e da sua fidelidade ao sonho maior do bem-viver. Vinho novo em odres novos nos reúna na festa que já celebramos na fé do que há de vir, antecipado na alegria de nossos corpos, de nossos encontros, brincadeiras e danças na construção de mundos novos, possíveis e imaginados, numa esperança organizada. Amém, Axé, Aleluia, Awiri