Competência Financeira - Prof. Elisson de Andrade

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Competência Financeira - Prof. Elisson de Andrade
TÓPICOS AVANÇADOS EM EDUCAÇÃO FINANCEIRA
VOLUME 2
A IMPORTÂNCIA DO
DESENVOLVIMENTO DE
COMPETÊNCIA FINANCEIRA
PROF. ELISSON DE ANDRADE
WWW.PROFELISSON.COM.BR
VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
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Autor: Professor Elisson de Andrade
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Design e revisão de texto: Phillip Souza (www.criterionbr.com)
Andrade, Elisson de
A importância do desenvolvimento de competência financeira [recurso
eletrônico]. In: Tópicos Avançados em Educação Financeira. Vol 2 / Elisson de
Andrade. -- Piracicaba: O Autor, 2012.
44 p.
Modo de acesso: World Wide Web
Disponível em: http://profelisson.com.br/e-books/
ISBN: 978-85-913916-1-5
1. Competência financeira 2. Finanças Pessoais 3. Educação Financeira
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
SOBRE O AUTOR
O Professor Elisson de Andrade é Mestre e Doutor em Economia Aplicada pela
Universidade de São Paulo (ESALQ-USP), professor de ensino superior em
cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de matemática financeira,
mercado de capitais, derivativos e faz palestras sobre finanças pessoais.
Blog: www.profelisson.com.br
Twitter: @Prof_Elisson
APOIO
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
PREFÁCIO: VOLUME 2
A ideia de inserir dentro do debate sobre a administração do próprio dinheiro a questão
de competência surgiu de minhas aulas e palestras sobre educação financeira. Ao longo dos
últimos anos notei que o maior desafio não se encontrava em fazer as pessoas
compreenderem conceitos tais como fluxo de caixa ou investimentos, mas de conseguir que
elas fizessem um bom uso dos conhecimentos adquiridos.
Para dar um exemplo: provavelmente todas as pessoas que possuem renda sabem não
ser interessante gastar mais do que se ganha. Dessas, algumas buscam formas de gerenciar
seu orçamento doméstico, baixando programas na internet que facilitam o controle (ou
anotando tudo em um caderninho). Entretanto, parte delas não consegue aplicar tal
gerenciamento no dia a dia, pois o que lhes faltam são a habilidade e atitude necessárias
para colocar os conhecimentos em prática.
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
Dessa forma, nota-se que apenas oferecer conhecimento não é suficiente para que haja
uma real transformação do comportamento humano. Isso significa, em outras palavras, ser
necessário criar programas educacionais que desenvolvam a competência financeira dos
indivíduos, que extrapolem a dimensão de “apenas” saber.
É exatamente essa a discussão que norteia a revisão bibliográfica do Volume 2, que tem
o objetivo de oferecer a você uma visão mais ampla sobre Educação Financeira.
Portanto, boa leitura!
Prof. Elisson de Andrade
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 7
FINANÇAS PESSOAIS E PLANEJAMENTO FINANCEIRO ............................................................................. 10
EDUCAÇÃO FINANCEIRA ................................................................................................................................ 14
FINANCIAL LITERACY ...................................................................................................................................... 19
O CONCEITO DE COMPETÊNCIA ................................................................................................................... 25
COMPETÊNCIA FINANCEIRA E SUAS CARACTERÍSTICAS ......................................................................... 28
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................... 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................... 41
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
INTRODUÇÃO
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
No Brasil, termos como Educação Financeira e Finanças Pessoais vêm ganhando cada vez
mais espaço na mídia, em estudos acadêmicos e na própria vida cotidiana da população. Tal
fenômeno pode ser explicado por fatores como: 1) o sistema financeiro tem se tornado cada vez
mais complexo, gerando um alto fluxo de notícias e tonando-se um campo propício para debates
e discussões; 2) existe grande incerteza sobre qual será a situação da previdência pública do país
nas próximas décadas, fazendo com que as pessoas se sintam mais inseguras quanto ao seu
futuro e procurem se precaver desde já; 3) a facilidade de obtenção de crédito tem levado muitas
famílias a se endividar além do razoável, surgindo a necessidade de buscar informações sobre
como melhor administrar suas finanças.
Nesse contexto, de “popularização” de questões ligadas à administração do próprio
dinheiro, é possível verificar que alguns termos, como é o caso de Educação Financeira e Finanças
Pessoais, são utilizados indistintamente, quando na verdade não são sinônimos. Portanto, um
primeiro objetivo do presente trabalho é oferecer aos leitores uma revisão bibliográfica sobre os
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
principais conceitos/definições1 utilizados nessa área de estudo. Um segundo objetivo é
apresentar uma argumentação lógica que resultará na proposta de utilização do termo
Competência Financeira, visando ampliar os horizontes de estudo relacionados ao gerenciamento
das finanças pessoais, em que se foque não só na importância do conhecimento sobre o assunto,
mas também sobre a capacidade de uso individual dessas informações.
Dessa forma, este Volume 2, da série Tópicos Avançados em Educação Financeira, discorrerá
sobre os conceitos de Finanças Pessoais, Educação Financeira, Financial Literacy, Competência
Financeira, dentre outros, de forma a melhorar a compreensão e futuros debates sobre a arte de
administrar o próprio dinheiro.
No campo científico, existe diferença entre conceituar e definir. O primeiro corresponde a ideias e pensamentos sobre
determinado tema, enquanto o segundo busca delimitar a apresentação de algo em forma de palavras. No presente
texto, não será feita uma distinção acadêmica entre ambos, sendo utilizados no intuito de oferecer um significado
acerca dos termos que serão apresentados.
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FINANÇAS PESSOAIS E PLANEJAMENTO
FINANCEIRO
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O primeiro conceito a ser apresentado neste Volume 2 refere-se a Finanças Pessoais, que
segundo Garman e Forgue (2011) pode ser definido como o estudo dos recursos pessoais e
familiares considerados importantes para atingir o sucesso financeiro. Segundo os autores,
Finanças Pessoais envolve compreender como as pessoas gastam, poupam, protegem e investem
seus recursos financeiros, sendo que o objetivo relacionado a sucesso financeiro está ligado à
ideia de libertar-se de problemas relacionados ao dinheiro.
Uma forma mais didática de visualizar os fatores que envolvem o estudo de finanças
pessoais é apresentada pelo fluxograma proposto por Lu (2011):
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É possível notar que as finanças pessoais (que se encontra no centro do fluxograma) são
influenciadas pelas receitas (que podem ser tributadas) e despesas. Ao longo do tempo, a
administração das finanças acaba gerando uma série de ativos e passivos. Os ativos podem ser
vistos como investimentos que geram mais receitas. Já os passivos geram pagamentos, como por
exemplo, os juros pagos por um empréstimo. Lu (2011) explica que a administração das finanças
pessoais deve ter por objetivo que o indivíduo possa melhorar seu bem estar, respeitando o limite
de seus recursos financeiros e levando em consideração os riscos e os eventos futuros.
Nesse contexto, surge a ideia de Planejamento Financeiro, que nas palavras de Redhead
(2008) significa o processo em que são planejadas as despesas, financiamentos e investimentos,
especificando os objetivos pessoais de forma a maximizar o bem estar financeiro. Redhead (2008)
cita que um planejamento financeiro pessoal deve conter decisões relacionadas ao orçamento
(receitas versus despesas), administração da liquidez (dinheiro disponível para uso imediato),
planejamento de longo prazo (compras de bens de grande valor que precisam de certo tempo
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para ser adquiridos), investimentos (compra de ativos que gerem renda) e seguros (formas de
proteção).
Nota-se, portanto, que o estudo das finanças pessoais abarca diversos conhecimentos sobre
como tomar dinheiro emprestado, investir, pagar menos tributos, dentre outros, sendo
necessário que haja um planejamento financeiro que forneça as diretrizes para a conquista dos
objetivos almejados.
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EDUCAÇÃO FINANCEIRA
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Uma primeira diferenciação importante a ser apresentada refere-se aos termos educação e
informação. Segundo Hilgert e Hogarth (2003) educação requer uma combinação de informação,
construção de habilidades e motivação para fazer as mudanças de comportamento necessárias.
Isso significa que educar vai além de apenas oferecer às pessoas conhecimento técnico.
Dentro desse contexto, em se tratando da administração do próprio dinheiro, o Banco
Mundial (2006) define Educação Financeira como uma capacitação dos indivíduos, de forma que
eles se tornem aptos a analisar diversas opções financeiras e tomar atitudes que facilitem atingir
seus objetivos. Tal definição baseia-se na ideia de que o bem estar financeiro dos indivíduos é
fruto de suas ações individuais, mesmo que sofram influência de forças externas como fatores
econômicos e políticas adotadas pelos governos e iniciativa privada (Robb e Woodyard, 2011).
Já a OECD (2005)2 apresenta uma definição mais ampla sobre Educação Financeira, em que a
explica como um processo pelo qual consumidores/investidores aprimoram sua compreensão
sobre produtos financeiros, seus conceitos e riscos, e, através dessa informação, desenvolvem
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Organization for Economic Co-operation and Development.
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habilidade e confiança para tornarem-se conscientes dos riscos e oportunidades. Além disso, os
indivíduos tornam-se capazes de fazer escolhas adequadas, saber onde procurar auxílio e de
tomar decisões efetivas de forma a melhorar seu bem estar financeiro.
De forma a avançar no assunto, Hogarth (2006) argumenta que independentemente da
definição sobre educação financeira adotada, alguns temas são recorrentemente associados a
ela, como por exemplo: a) ter conhecimento, educação e informação sobre assuntos relacionados
à administração de dinheiro e ativos, setor bancário, investimentos, crédito, seguros e tributos; b)
compreender conceitos básicos sobre administração de dinheiro e ativos (exemplo: valor do
dinheiro no tempo); e c) uso do conhecimento e compreensão sobre finanças para planejamento,
implementação e avaliação de decisões financeiras.
A OECD (2006) recomenda alguns princípios e práticas para melhorar a educação financeira
das populações:
Cabe aos governos e todos os stakeholders envolvidos, promover e coordenar a educação
financeira;
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Educação financeira deve começar nas escolas, para que as pessoas sejam educadas o
quanto antes;
educação financeira precisa ser encarada como parte da boa governança das instituições
financeiras, cuja responsabilidade deve ser encorajada;
educação financeira não pode ser confundida com informações puramente comerciais,
sendo que códigos de conduta para as instituições financeiras deveriam ser desenvolvidos;
instituições financeiras precisam ser encorajadas a checar se os clientes leram e entenderam
as informações a serem contratadas, especialmente quando são firmados compromissos de
longo prazo e com grandes potenciais de interferências nas finanças pessoais – letras
pequenas nos contratos e documentos obscuros devem ser evitados;
programas de educação financeira devem focar em pontos importantes do planejamento
financeiro, como investimentos, dívidas, seguros e previdência;
programas devem levar em consideração o público-alvo, personalizando, assim, as
informações para grupos específicos;
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campanhas nacionais, páginas na internet sobre finanças pessoais, serviços de informação
gratuita e sistemas que avisam sobre riscos aos consumidores (como fraudes) devem ser
promovidos.
Concluindo, é possível observar que o termo Educação Financeira mostra-se como um
processo que busca desenvolver nos indivíduos características que irão lhes auxiliar na melhor
administração de suas Finanças Pessoais. Fazer com que a Educação Financeira, que vai muito
além do simples oferecimento de informação, chegue a um maior número de pessoas possíveis,
não é tarefa fácil. Para demonstrar tal dificuldade, a OECD (2006) cita uma pesquisa realizada no
Canadá que obteve como resultado que as pessoas achavam mais estressante escolher um
investimento adequado, que ir ao dentista.
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FINANCIAL LITERACY
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Na literatura internacional, principalmente norte-americana, um conceito bastante utilizado
nas discussões sobre temas relacionados à administração do próprio dinheiro é o que dá nome ao
título desta seção: Financial Literacy. Sem muito esforço e conhecimento da língua, é possível
notar que a primeira palavra relaciona-se com algo ligado a finanças. Mas é o termo Literacy que
merecerá uma atenção especial.
Soares (1999), que atua na área de Educação e Ciências Linguísticas, explica que na década
de 1980 a palavra Literacy começou a ser traduzida como Letramento. Apesar desse vocábulo, à
época, não existir nem no dicionário Aurélio, a autora explica que houve uma necessidade de
inserção desse novo termo devido à Alfabetização não dar conta de expressar toda a
profundidade de Literacy.
Isso ocorre porque, segundo a mesma autora, analfabeto é aquele que não sabe ler, nem
escrever. Logo, ao alfabetizar-se, significa que a pessoa adquiriu tal capacidade. Todavia, a
palavra Literacy possui um espectro mais amplo, significando o estado ou condição que o
indivíduo passa a ter como consequência da apropriação da escrita, influenciando nos aspectos
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
sociais, psíquicos, políticos, cognitivos, linguísticos e até mesmo econômicos do indivíduo. Dessa
forma, explica Soares (1999), para atender a tal demanda, a palavra Letramento ganhou status de
termo técnico.
Partindo desse conceito, de que Letramento significa se apropriar da leitura e escrita para
responder às exigências da sociedade, uma possibilidade seria traduzir Financial Literacy como
Letramento Financeiro. Por analogia, tal termo significaria o estado de não só se apropriar dos
conhecimentos sobre finanças, mas também de conseguir fazer uso desse saber, com reflexo em
outras dimensões da vida pessoal.
Como se pode notar em Hung et al. (2007), o entendimento sobre Financial Literacy é muito
próximo a essa ideia. Os autores definem o termo como o conhecimento de conceitos básicos de
economia e finanças, bem como a capacidade de usar esse conhecimento e outras habilidades
financeiras, de forma a administrar os recursos de maneira efetiva para melhoria do bem estar.
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Hung et al. (2007) também diferenciam Financial Literacy de Educação Financeira. Explicam
que enquanto o primeiro geralmente trata de questões relacionadas a conhecimento, habilidades,
comportamento e experiência, o segundo significa o processo pelo qual uma pessoa melhora sua
compreensão sobre produtos, serviços e conceitos financeiros.
Outro termo, muito similar a Financial Literacy, encontrado na literatura consultada, refere-se
a Financial Capability. O’Connell (2007) explica que Educação Financeira seria um método utilizado
para aumentar o conhecimento financeiro dos indivíduos, tendo como resultado almejado o
aprimoramento de sua Financial Capability. Segundo O’Connell (2007) esse é um termo mais
usado no Reino Unido, ao invés de Financial Literacy, mas reconhece que ambos tratam de
tomadas de decisão, habilidades e comportamento, bem como conhecimento e capacidade de
compreensão.
O que se nota, portanto, é uma ampla gama de definições que carecem ainda de certa
maturidade, de forma a serem corretamente utilizados por pesquisadores, mídia e população em
geral. De forma resumida: 1) Finanças Pessoais é o estudo sobre como gerenciar o próprio
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dinheiro; 2) Educação Financeira mostra-se como um processo (método) que objetiva capacitar
os indivíduos, visando um aperfeiçoamento de sua Financial Literacy (ou Capability).
Dessa forma, ainda resta decidir sobre a utilização ou não do termo Letramento Financeiro,
para expressar em língua portuguesa esse termo que se refere ao conhecimento e capacidade de
uso de tais informações. Para solucionar essa indefinição, foi realizada uma pesquisa sobre outras
aplicações da palavra Literacy. Lecardelli e Prado (2006), além de Melo e Araújo (2007), por
exemplo, traduzem o termo Information Literacy como Competência Informacional. Nesse caso,
Literacy foi utilizada como sinônimo de Competência, ao invés de letramento.
Para as áreas de Economia/Administração, competência mostra-se como um termo bastante
adequado, pois é bastante estudado nesses campos do conhecimento (enquanto Letramento, por
exemplo, certamente não é encontrado com a mesma frequência). Dessa forma, optou-se, neste
trabalho, adotar o termo Competência Financeira para descrever a importância de se conhecer e
saber usar os conhecimentos sobre finanças (Huston, 2010), ou seja, como tradução de Financial
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
Literacy. A seguir será realizada uma breve apresentação sobre o que a literatura compreende
como competência.
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
O CONCEITO DE COMPETÊNCIA
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
Um trabalho bastante interessante sobre competência foi realizado por Fleury & Fleury
(2001). Os autores citam que, na literatura norte-americana, competência é encarada como um
conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que justificam um alto desempenho, podendo
ser vista como um estoque de recursos. Já no conceito francês, competência (os autores focam
sua aplicação para o ambiente de trabalho) baseia-se em três características: 1) comunicação:
compreender o outro e a si mesmo, entrar em acordo sobre objetivos; 2) noção incidente: a
pessoa precisa sempre estar mobilizando recursos para resolver as novas situações de trabalho,
saber lidar com novas situações; 3) serviço: saber atender aos outros (negociar).
É possível notar que as definições de competência apresentadas possuem certa similaridade
com as definições de Literacy, sendo que a visão norte-americana talvez seja a que mais se
aproxima da visão apresentada na seção anterior. Dessa forma, um esquema simples que pode
servir de base, no presente trabalho, para resumir o que significa competência, é o apresentado
por Brandão e Guimarães (2001) – adaptado de Durand (2000). Nessa visão, bastante didática,
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
competência pode ser compreendida como um conjunto de CONHECIMENTO, HABILIDADES e
ATITUDES.
- Informação
Conhecimento
- Saber o quê
- Saber o porquê
COMPETÊNCIA
- Técnica
- Querer fazer
- Capacidade
- Identidade
- Saber como
- Determinação
Com base nas argumentações expostas, entende-se que o termo Competência Financeira
seria bastante adequado para traduzir Financial Literacy, já que considera não só a questão do
conhecimento, mas também outros aspectos relacionados ao seu uso.
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
COMPETÊNCIA FINANCEIRA E SUAS
CARACTERÍSTICAS
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
Nesta seção será realizada uma apresentação de diversos trabalhos internacionais sobre
Financial Literacy (ou Capability), em que esses termos serão sempre traduzidos como
Competência Financeira, conforme já definido na seção anterior.
A importância desse tema, nas palavras de Hung et al. (2007), é que o desenvolvimento de
Competência Financeira mostra-se cada vez mais necessário, pois os indivíduos estão tendo a
responsabilidade de tomar decisões sobre um número cada vez maior de questões.
Marcolin e Abraham (2006) apresentam uma lista desses motivos, que aumentaram a
complexidade das tomadas de decisão individuais:
Desregulamentação dos mercados;
Facilidade de obtenção de crédito;
Número cada vez maior de formas de pagamentos, que estimulam o consumo;
Aumento dos serviços financeiros disponíveis;
Necessidade de complementar a previdência pública;
Ajuda a evitar e resolver problemas financeiros.
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
Segundo o Banco Mundial (2009), o desenvolvimento de Competência Financeira ajuda a
preparar as pessoas a encarar momentos difíceis, promovendo estratégias que diminuam sua
exposição ao risco, tais como acumular poupança, diversificar ativos e comprar seguros. Hogarth
(2006) dá um passo além, dizendo que a Competência Financeira não é importante apenas para o
indivíduo ou família, mas também para a sociedade como um todo.
O Banco Mundial (2009) expõe que Competência Financeira é um conceito amplo, que inclui
informação e comportamento, sendo relevante para qualquer consumidor, independentemente
da riqueza ou renda. A OECD (2006), por sua vez, alerta que seu nível tende a variar de acordo
com a educação e classe social, mas evidências mostram que consumidores altamente educados
e com grandes rendas podem ser tão ignorantes em relação a assuntos financeiros, quanto os
menos educados e de classes sociais inferiores.
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
Em se tratando da definição do termo, Remund (2010) explica que há diversas conceituações
sobre Competência Financeira, que geralmente se encaixam em cinco categorias: a) conhecimento
de conceitos financeiros; b) habilidade de lidar com conceitos financeiros; c) capacidade em
administrar as finanças pessoais; d) destreza em tomar decisões financeiras apropriadas; e)
confiança em planejar eficientemente para necessidades futuras.
Moore (2003) argumenta que indivíduos serão financeiramente competentes se
demonstrarem que sabem usar os conhecimentos obtidos não só através da educação financeira,
como também da experiência adquirida ao longo da vida. Marcolin e Abraham (2006) são outros
autores que citam a importância da experiência (tentativa e erro) na construção das habilidades e
conhecimento dos indivíduos.
Para uma melhor compreensão da aplicação do conceito de Competência Financeira, Huston
(2010) apresenta a seguinte figura.
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
CONHECIMENTO
FINANCEIRO
Habilidade e confiança para efetivamente
aplicar ou usar os conhecimentos relacionados
às finanças pessoais.
DIMENSÃO DO CONHECIMENTO
Estoque de conhecimento adquirido através da
educação e/ou experiência, especificamente
relacionado aos conceitos essenciais às finanças
pessoais.
COMPETÊNCIA FINANCEIRA
DIMENSÃO DA APLICAÇÃO
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
Segundo o autor, o conhecimento financeiro (que pode advir de um processo de educação
financeira e/ou experiência) é uma dimensão integrante da competência. Isso porque, além do
conhecimento, o indivíduo precisa desenvolver habilidades e confiança, de forma a tomar
atitudes que levem à melhoria de seu bem estar financeiro. Tais implicações acerca do bem estar
podem ser resumidas no esquema a seguir. (apresentado em Huston, 2010).
CAPITAL HUMANO
OUTRAS INFLUÊNCIAS
BEM-ESTAR
FINANCEIRO
COMPETÊNCIA
FINANCEIRA
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
COMPORTAMENTO
FINANCEIRO
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
O que se pode notar na figura é que a Educação Financeira é a matéria-prima que tende a
aumentar o capital humano de um indivíduo, mais especificamente, agindo na dimensão do
desenvolvimento de Competência Financeira. Todavia, é muito importante reconhecer que o
comportamento das pessoas também sofrerá outras influências, tais como vieses cognitivos e de
comportamento, problemas de autocontrole, família, amigos, situação econômica do país etc. As
atitudes que refletirão esse comportamento financeiro acabam, por fim, definindo a situação de
bem estar financeiro de cada indivíduo.
O que se pode notar é que ao adotar o conceito de competência financeira, saímos da esfera
de apenas difusão de conhecimento, mas também são levadas em consideração características
que influenciam na questão comportamental. Isso remete a uma reflexão da real importância da
Educação Financeira convencional (cursos, palestras, leituras etc), a ser realizada a seguir.
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
A resposta usual à pergunta: “como desenvolver competência financeira?” tende a ser
“através de educação financeira” – sendo esta considerada, geralmente, apenas como difusão de
conhecimento. Todavia, o caso não é tão simples assim.
Segundo Robb e Woodyard (2011), entender a relação entre conhecimento e seu
correspondente comportamento sobre questões financeiras é algo complexo. Nesse sentido
Robb e Woodyard (2011) citam evidências, através de trabalhos científicos, de que conhecimento
não implica, diretamente, em melhora nas atitudes financeiras. Na verdade, concluem os autores,
fatores como renda explicaria mais a questão comportamental que o próprio conhecimento.
Ainda nessa linha, Monticone (2010) chegou a resultados em que se sugere que pessoas com
grande quantidade de ativos financeiros são mais propensas em investir em educação financeira –
esse resultado ajudaria a validar estudos anteriores que mostraram que a riqueza afeta o
conhecimento financeiro. Segundo Monticone (2012) as pessoas podem aprender com a
experiência ou também responder a incentivos econômicos, sendo tal fator muito importante
para a compreensão da relação entre comportamento e conhecimento. Em sua visão, muitas
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
vezes a pessoa enriquece e depois vai atrás de conhecimento para lidar com a situação: não seria
o conhecimento que atrai riqueza. De tal visão, Monticone (2010) sugere que talvez isso signifique
que programas educacionais deveriam ser focados às pessoas menos favorecidas, pois são
exatamente elas que tem a menor propensão a procurar conhecimento financeiro.
Hilgert
e
Hogarth
(2003)
são
outros
autores
que
estudaram
essa
relação
conhecimento/comportamento. Em seus estudos também contestam a tese de que
conhecimento seria o fator mais importante sobre o comportamento financeiro. Explicam que
muitos estudos verificaram uma correlação entre conhecimento financeiro e comportamento,
mas que essa correlação não implica, necessariamente, em causalidade. Na verdade, explicam os
autores, a causalidade pode ser oposta, em que primeiro as pessoas acumulam riqueza e depois
vão em busca de conhecimento financeiro. Ainda complementam dizendo que pode existir uma
terceira variável, como por exemplo, as experiências familiares, que afetariam tanto
comportamento como conhecimento.
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
O que se pode concluir, portanto, é que o desenvolvimento de competência financeira é um
tema bastante complexo e que significa o desenvolvimento de conhecimento, habilidades e
atitudes, de forma a se buscar uma melhoria no bem estar dos indivíduos. A educação financeira,
certamente, é um meio facilitador para essa nova postura, mas existem evidências que outros
fatores podem ser tão ou mais determinantes no comportamento de cada indivíduo. São
questões em aberto, que devem ser levadas em consideração em futuras pesquisas e na
elaboração de programas educacionais.
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
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Para o Banco Mundial (2009), veja algumas vantagens do desenvolvimento de competência financeira:
- possibilita avaliar produtos e tomar decisões com base em informações colhidas;
- sem competência financeira as pessoas apresentam problemas com dívidas, poupam menos, possuem maior propensão a
tomar empréstimos a juros altos, e planejam menos o futuro;
- propicia que as pessoas tomem boas decisões financeiras, exijam seus direitos, saibam das responsabilidades como
consumidores e entendam e administrem riscos;
- melhor controle do futuro financeiro, além do uso mais efetivo de produtos e serviços;
- ajuda a melhorar a eficiência e qualidade dos serviços financeiros, à medida que consumidores poderão comparar e avaliar
produtos financeiros com maior conhecimento de causa;
- diminuir a assimetria de informação entre instituição financeira e cliente, pois poderão compreender melhor seus direitos e
responsabilidades, os riscos a que estão expostos, os termos e condições dos produtos financeiros;
- fará com que as instituições financeiras ofereçam serviços mais baratos e transparentes, pois clientes poderão comparar
opções, fazer as perguntas certas e negociar mais efetivamente;
- as próprias instituições financeiras ganhariam, à medida que possuiria um cliente com menor risco e garantia de uma
prestação de serviços sustentável ao longo do tempo;
- Aumenta-se a demanda por produtos financeiros, ajudando a sustentar a estabilidade dos mercados financeiros e
contribuindo para um maior crescimento econômico e desenvolvimento.
VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
O objetivo desse Volume 2 foi de auxiliar ao leitor na compreensão de conceitos importantes
relacionados à administração do próprio dinheiro, além de propor a utilização do termo
Competência Financeira, como forma de ampliar a discussão para um campo que vai além da
mera difusão de conhecimento.
Como aperfeiçoar e desenvolver a Competência Financeira dos indivíduos ainda é um tema
em aberto. O Volume 3 tratará especificamente sobre os programas de Educação Financeira já
testados ao redor do mundo e sua eficácia na mudança de comportamento de seus participantes.
Porém, já se pode inferir, através da revisão bibliográfica exposta neste trabalho, que tal questão
é tão complexa quanto a própria natureza do ser humano.
“Jogue uma pedra em uma lagoa – as ondulações irão se estender com efeitos cada vez
mais amplos. Da mesma forma, isso acontece com a educação financeira. Consumidores bem
informados e educados podem gerar ondulações na economia. Eles tomarão melhores
decisões financeiras para eles e suas famílias, aumentando sua segurança econômica e bem
estar”.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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to finance by empowering consumers. (2009) Trabalho conjunto entre The World Bank,
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HILGERT, M. A.; HOGARTH, J. M. Household financial management: the connection between
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VOLUME 2: A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIA FINANCEIRA
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