CIBERGRADUAL – Investimento Imobiliário, S.A. Dolce Vita Braga
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CIBERGRADUAL – Investimento Imobiliário, S.A. Dolce Vita Braga RESUMO-NÃO-TÉCNICO DO ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL DO CONJUNTO COMERCIAL DOLCE VITA BRAGA EM FASE DE ESTUDO PRÉVIO C.P.A. Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda Edição: Abril 2007 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda ÍNDICE 1 Introdução................................................................................................. 1 2 O projecto Dolce Vita Braga.................................................................... 1 3 4 2.1 Onde se localiza?................................................................................. 1 2.2 Como se enquadra no ordenamento do território?............................... 2 2.3 O que é o projecto Dolce Vita Braga? .................................................. 2 2.4 Como se justifica a necessidade do projecto? ..................................... 4 Caracterização ambiental do local em estudo....................................... 5 3.1 Geologia e geomorfologia. ................................................................... 5 3.2 Hidrogeologia e águas subterrâneas.................................................... 6 3.3 Águas superficiais e águas residuais. .................................................. 7 3.4 Sistemas ecológicos............................................................................. 8 3.5 Integração paisagística. ....................................................................... 9 3.6 Clima. ................................................................................................. 11 3.7 Qualidade do ar.................................................................................. 11 3.8 Ambiente acústico. ............................................................................. 12 3.9 Acessibilidades e tráfego. .................................................................. 13 3.10 Sócio-economia.................................................................................. 15 3.11 Ocupação do solo e ordenamento do território. ................................. 16 3.12 Resíduos. ........................................................................................... 17 3.13 Arqueologia e património.................................................................... 18 Plano de monitorização. ........................................................................ 19 Índice Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda 1 Introdução. O presente documento constitui o Resumo Não Técnico do Estudo de Impacte Ambiental referente à instalação do conjunto comercial Dolce Vita Braga, adjudicado à C.P.A. – Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda pela CIBERGRADUAL – Investimento Imobiliário, S.A., promotora do projecto, pertencente ao universo das empresas da Amorim Imobiliária, S.G.P.S., S.A.. O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) foi desenvolvido com base no estudo prévio do conjunto comercial Dolce Vita Braga e realizado entre Julho e Dezembro de 2006. O EIA tem por objectivo a análise ambiental do local onde se irá instalar o conjunto comercial Dolce Vita Braga, e foi realizado com vista ao cumprimento da legislação em vigor sobre Avaliação de Impacte Ambiental, concretamente, o Decreto-lei n.º 69/2000 de 3 de Maio, alterado e republicado pelo Decreto-lei nº 197/2005 de 08 de Novembro, regulamentado através da Portaria n.º 330/2001 de 2 de Abril. Pretende-se com o estudo realizado caracterizar o estado do ambiente na área envolvente ao projecto à data da respectiva implantação, bem como avaliar os possíveis impactes, positivos e negativos, resultantes da concretização do mesmo. Pretende-se ainda, indicar as medidas para a minimização / compensação de impactes negativos e as medidas potenciadoras dos impactes positivos, bem como definir o plano de monitorização ambiental a implementar. O EIA é constituído por um Relatório Síntese de Estudo de Impacte Ambiental, pelo presente Resumo Não Técnico, por um conjunto de Estudos Técnicos e por um volume contendo Plantas, Peças Desenhadas e Documentos. Na elaboração do estudo foram considerados os seguintes descritores ambientais: Geologia e geomorfologia; Hidrogeologia e águas subterrâneas; Águas superficiais e águas residuais; Sistemas ecológicos; Integração paisagística; Clima; Qualidade do ar; Ambiente acústico; Acessibilidades e tráfego; Sócio-economia; Ocupação do solo e ordenamento do território; Resíduos; e, Arqueologia e património. 2 O projecto Dolce Vita Braga. 2.1 Onde se localiza? O conjunto comercial Dolce Vita Braga localiza-se na freguesia de Dume, no concelho de Braga, num terreno compreendido entre a via rápida Braga - Vila Verde e a Estrada Nacional (EN) 101. Na figura 1 partindo de um enquadramento à escala nacional apresenta-se, à escala local, a área destinada à implantação do conjunto comercial. Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 1 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda 2.2 Como se enquadra no ordenamento do território? O local em estudo está inserido numa região que está abrangida por instrumentos de planeamento que condicionam o seu desenvolvimento espacial e funcional, concretamente o Plano Director Municipal (PDM) de Braga e o Plano de Bacia Hidrográfica do Cávado. O projecto encontra-se inserido na área de jurisdição do município de Braga, estando abrangido, como mencionado, pelo respectivo PDM. Este instrumento de planeamento foi publicado em Diário da Republica, 1ª série, a 20 de Maio de 1994, por meio da Resolução do Conselho de Ministros nº 35/94, tendo sido alterado pela Resolução do Conselho de Ministros nº 70/98 de 18 de Junho. Posteriormente, o PDM sofreu um processo de revisão ratificado pela Resolução do Conselho de Ministros nº 9/2001 de 04 de Janeiro de 2001. O PDM de Braga classifica a área de implantação do projecto Dolce Vita Braga em “Espaços Urbanizáveis”, estabelecendo que «as áreas englobadas nos espaços urbanizáveis destinamse à localização predominante de actividades residenciais, complementadas com outras actividades, nomeadamente comerciais, de equipamento, de serviços e industriais ou armazenagem, desde que não criem condições de incompatibilidade com a função residencial». 2.3 O que é o projecto Dolce Vita Braga? O projecto Dolce Vita Braga compreende o desenvolvimento de um conjunto comercial do tipo híbrido, englobando diversas áreas funcionalmente distintas mas complementares, identificando-se quatro vertentes estruturantes, concretamente, uma zona comercial (que integra uma área comercial e uma área de retail), uma zona de restauração, uma zona de lazer e uma zona de hipermercado. 2 A área de intervenção disponibilizada para o projecto é de 159 971 m , sendo que a área de 2 implantação do conjunto comercial é de 46 611 m , para uma área bruta de construção de 2 90 000 m . Estruturalmente, a área comercial proposta desenvolve-se em três pisos e as unidades de retail sobre um piso único, sendo o empreendimento apoiado por um parque de estacionamento público distribuído por quatro pisos e por estacionamento exterior. O acesso pedonal à área comercial é assegurado através de tapetes e escadas rolantes, prevendo-se ainda a localização de núcleos de elevadores. Na área comercial, ao nível do piso 0 irá localizar-se um hipermercado, com uma área de 15 000 m² incluindo os respectivos serviços de apoio. Na frente da linha de caixas do hipermercado ocorrerá um grupo de pequenas lojas, dedicadas essencialmente a actividades e Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 2 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda serviços de apoio do dia-a-dia. Neste piso encontrar-se-á ainda uma área de comércio, com lojas de média dimensão, apoiadas por uma loja âncora. Ao nível do piso 1 a área de comércio desenvolver-se-á à volta de uma galeria pública de dimensão generosa. No último piso (piso 2) é proposta uma área de lazer que incluirá salas de cinema, um espaço para um health club e uma grande zona de restauração. Esta zona será apoiada por uma ampla praça alimentar. Prevê-se ainda a instalação nesta zona de um parque infantil de acesso livre. Este piso, dada a sua geometria, irá usufruir de uma panorâmica interessante sobre a envolvente exterior. A área de retail, dedicada a actividades de comércio, desenvolver-se-á a um único piso e as lojas apresentar-se-ão contíguas. Na globalidade, ao conjunto comercial estará associada uma área bruta locável (ABL) total de 2 75 000 m , correspondente a 165 unidades, à qual estarão afectas diferentes actividades. Na Tabela 1 encontra-se apresentado o Mix Comercial previsto para o Dolce Vita Braga. Tabela 1 – Mix Comercial previsto e distribuição de Área Bruta Locável (ABL) Dolce Vita Braga Actividades Estabelecimentos Unid. m2 % Alimentar (Hipermercado) 1 15 000 20,0 Equipamento pessoal 66 22 500 30,0 Equipamento Lar 16 14 000 18,7 Outros Bens 42 12 000 16,0 Restauração 25 3 500 4,7 Cinemas 1 3 000 4,0 Serviços 12 1 000 1,3 Centro Auto 1 500 0,7 Health Club/Ginásio 1 3 500 4,7 165 75 000 100 Total No que se refere a estacionamento, o conjunto comercial disponibilizará uma área total de 2 77 000 m , distribuída por quatro caves e superfície exterior, ao que correspondem 2 750 lugares de parqueamento automóvel. Relativamente às operações de cargas e descargas, os respectivos acessos serão independentes do parque público, estará assegurada capacidade para a circulação de veículos pesados e as áreas de cais foram dimensionadas para a dimensão do complexo. Na globalidade está prevista a disponibilização de uma área de cerca 2 de 16.000 m para a área de cargas e descargas. Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 3 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda 2.4 Como se justifica a necessidade do projecto? Braga é um centro urbano de grande dinâmica demográfica e económica, tal como o hinterland que domina. Esse dinamismo está associado a um conjunto de factores como a conjugação da tradição industrial com a progressiva terciarização da sua economia, ou o estatuto de capital de distrito, que lhe confere um conjunto de serviços da Administração que aumentam a sua atractividade e contribuem para a geração de emprego, muito dele qualificado. Efectivamente Braga funciona como pólo atractivo para a região envolvente, não só em termos residenciais como também de actividade económica. Em 2001, na área de influência do conjunto comercial identificava-se uma população total residente de cerca de 260 000 habitantes num “raio” de 20 (vinte) minutos, dos quais cerca de 140 000 (54 %) se inseriam num raio inferior a 10 (dez) minutos. Atendendo à população que a cidade serve, a oferta de centros comerciais é deficitária e desequilibrada, constituindo-se o projecto de conjunto comercial Dolce Vita Braga como uma oportunidade de corrigir tais lacunas. De facto, na cidade de Braga, não existe nenhum Centro Comercial Regional (Grande, na classificação da Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC)) mas apenas equipamentos com atractividade caracteristicamente local, sendo frequente a deslocação dos residentes da cidade e da região de Braga ao Porto para compra de bens não essenciais. Compreende-se então que o Conjunto Comercial Dolce Vita Braga, pela dimensão, conjunto de valências que apresenta, e pelo facto de se desenvolver segundo as orientações mais actuais para estes formatos, constitui uma proposta inovadora na cidade e na área de influência. Operando em horário versátil e apresentando uma oferta concentrada e diversificada, o projecto pretende dar resposta ao perfil do consumidor actual e à sua atitude comportamental, contribuindo para melhorar indicadores de qualidade de vida associados às sociedades modernas. Tendo a cidade e a sub-região uma população jovem, exigente e com apetência ao consumo, Braga passará a usufruir de um conjunto multifuncional e moderno que se pretende assumir como o melhor equipamento de abastecimento e de lazer da cidade e da sua sub-região. A instalação deste projecto, que estudos de mercado realizados pelo promotor validam em termos de adequação à área de influência e de sustentabilidade económica, reforçará a oferta de comércio, serviços e lazer em toda a Sub-Região de Braga, em particular a Norte, aumentando ainda a sua diversidade e especialização. Adicionalmente, o conjunto comercial Dolce Vita Braga irá promover a dinamização de diferentes sectores da actividade económica, na medida em que representa um investimento Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 4 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda próximo dos 130 Milhões de Euros. No que respeita ao emprego, estima-se que com o projecto sejam criados 3 350 postos de trabalho directos. 3 Caracterização ambiental do local em estudo. 3.1 Geologia e geomorfologia. O local em análise corresponde a um relevo granítico, de moderado a pouco acidentado, que se encontra perfeitamente inserido na morfologia da área envolvente. As cotas mais elevadas localizam-se junto ao sector nascente da área, junto à EN 101, sendo aí ultrapassada a curva de nível dos 100 metros. Nas zonas de talvegue, existem linhas de escoamento de água que drenam segundo as direcções principais Nordeste-Sudoeste e Este-Oeste, formando um padrão sub-paralelo típico. As formas de relevo que ocorrem na região onde se insere o local em estudo encontram-se condicionadas pelo substrato rochoso, no qual predominam rochas de natureza granítica. Os fenómenos de erosão diferencial produziram relevos graníticos localizados, constituindo as principais unidades geomorfológicas de toda a área. A actuação da tectónica Hercínica e, posteriormente, da Alpina, desempenharam um papel importante na estruturação dos relevos que ocorrem por toda a região. Assim, os vales de fractura com orientação predominante segundo Nordeste-Sudoeste onde, nomeadamente, se inserem os leitos dos rios Cávado e Este, condicionaram a distribuição e a orientação desses relevos. A intervenção projectada para o local representa uma alteração importante da morfologia do terreno e do modelado granítico que o caracteriza, efeitos ambientais associados à fase de construção e decorrentes, essencialmente, das actividades de escavação necessárias à construção das fundações e dos pisos de parqueamento automóvel no subsolo. Os impactes identificados para este descritor são, em geral, importantes mas de magnitude local, não sendo passíveis de adopção de medidas de mitigação, uma vez que se tratam de acções irreversíveis e necessárias para a construção do projecto. A análise das cartas de risco sísmico, assim como as cartas da neotectónica para o território português, mostram que o local estudado se insere numa zona com grande estabilidade tectónica e risco sísmico reduzido. Os parâmetros sísmicos expectáveis para esta área revelam que a mesma se enquadra na zona D, a de menor risco em Portugal Continental, de acordo com a escala utilizada. Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 5 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda 3.2 Hidrogeologia e águas subterrâneas. Em termos regionais, a área em estudo integra a bacia hidrográfica do rio Cávado, cujo curso corre poucos quilómetros a norte do local, seguindo uma direcção de escorrência preferencial, segundo o azimute Nordeste-Sudoeste. Na área envolvente, o escoamento superficial efectua-se de forma condicionada por factores de natureza local, tais como os sistemas de linhas de água, a fraca a moderada expressão da camada de alteração do solo e o declive do terreno, este ainda que pouco acentuado. Estes factores controlam o escoamento das águas, admitindo-se que possa existir algum equilíbrio entre a drenagem superficial e a recarga dos aquíferos subterrâneos. A drenagem é feita para linhas de água secundárias, até atingirem outras de maior importância, as quais se juntam ao rio Cávado. Em profundidade, o escoamento subterrâneo é condicionado pela compartimentação do maciço rochoso, ou seja, encontra-se na dependência da permeabilidade da formação granítica. Num granito biotítico de grão médio a fino com algumas passagens mais alteradas, a permeabilidade pode ser considerada moderada a baixa. Tratando-se de uma rocha granítica pouco alterada, a circulação de água no aquífero subterrâneo será realizada em meio fissural e estará condicionada pelas fracturas que afectam a rocha. Para o maciço rochoso que ocorre no local em estudo, o qual se caracteriza como sendo um meio fissurado com permeabilidade reduzida, é admitida uma produtividade aquífera baixa. Ao nível local, no interior da área em estudo, identifica-se a presença de linhas de escoamento de água superficial e captações do tipo nascente, embora algumas destas tenham sido aproveitadas para funcionar como minas. Na envolvente imediata, contudo, o tipo de captação de água mais frequente é do tipo poço, embora também se verifique a existência de furos, minas e linha de água superficial. Os impactes sobre este descritor resultam, fundamentalmente, de alterações ao circuito hidrogeológico local decorrentes de modificações no modelo natural de infiltração e de circulação. A diminuição da recarga profunda do aquífero e a alteração da localização das nascentes poderá implicar alterações significativas na circulação das águas subterrâneas, afectando as disponibilidades hídricas do aquífero de uma forma permanente. Este efeito sobre as águas subterrâneas inicia-se na fase de construção e tem continuidade na fase de exploração do projecto. Constitui um impacte importante mas de âmbito local, o qual não é passível de adopção de medidas de mitigação de eficácia relevante. Contudo, o controlo da água proveniente da percolação das águas subterrâneas será efectuado através da drenagem subterrânea, que ao mesmo tempo permitirá repor a jusante o caudal histórico e evitar uma Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 6 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda redução da capacidade de suporte dos solos. Para a execução desta solução serão utilizados drenos longitudinais e camadas drenantes. 3.3 Águas superficiais e águas residuais. O terreno destinado à implantação do Dolce Vita Braga insere-se no Plano da Bacia Hidrográfica do rio Cávado. A área abrangida pela bacia hidrográfica do rio Cávado é de 1.699 2 2 2 km , dos quais cerca de 256 km e 248 km correspondem, respectivamente, às sub-bacias dos afluentes mais importantes, o rio Homem e o rio Rabagão. O rio Cávado assume relevância regional e supra regional na medida em se constitui como um rio que desempenha diversas funções tais como produção de electricidade, fonte de água para fins agrícolas, de abastecimento de água para as populações e indústria, ou até como meio receptor de descargas de águas residuais. Concretamente no que se refere à cidade de Braga, e por conseguinte à área do projecto, o rio Cávado representa a fonte de abastecimento de água à cidade e constitui o preferencial meio receptor de águas residuais urbanas. Ao nível da área de influência do projecto constata-se a existência de linhas de água próximas, de carácter temporário e permanente, de reduzida expressão, que afluem ao rio Cávado. Estas linhas de água, actualmente, tem uma utilização essencialmente agrícola embora possam ser utilizadas também para fins domésticos. Concretamente na área de implantação do projecto verifica-se a existência linhas de escoamento de água superficial de carácter temporário e permanente. A análise da qualidade da água do rio Cávado foi realizada com base nos dados fornecidos pelo Sistema de Informação de Recursos Hídricos. Dos dados relativos aos últimos anos verifica-se que a qualidade da água na estação de Salamonde tem variado entre Boa e Excelente, enquanto que na estação de Ponte Nova Barcelos tem variado entre Boa e Razoável. De sublinhar que a estação de Salamonde fica situada no sector de montante da Bacia do rio Cávado, enquanto que a estação de Ponte Nova Barcelos fica no sector de jusante. Ao nível da área de implantação do projecto, e considerando que está identificada uma rede de escoamento de águas superficiais, procedeu-se a uma caracterização sumária da qualidade da água. Os resultados obtidos evidenciam uma água que não indicia contaminação físicoquímica, mas onde se detecta contaminação microbiológica que condiciona a sua utilização Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 7 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda para fins domésticos e agrícolas. Na fase de construção do projecto não está prevista a utilização de água superficial, sendo que toda a água consumida terá origem na rede pública. Na fase de construção do Dolce Vita Braga, principalmente as operações de escavação e modelação do terreno vão alterar o padrão natural de drenagem superficial, bem como a relação do binómio infiltração / escoamento com influência sobre as disponibilidades hídricas subterrâneas e superficiais e sobre a qualidade da água superficial. Trata-se de impactes importantes que serão atenuados com o encaminhamento das águas para valas de drenagem periféricas, a céu aberto, com protecção em enrocamento e com traçado aproximado à modelação natural existente. A entrega das águas drenadas será efectuada no ponto onde presentemente é escoado o caudal proveniente da sub-bacia de drenagem do local em estudo. No que se refere aos efluentes líquidos de origem doméstica gerados em resultado da actividade dos trabalhadores afectos à obra, os mesmos serão descarregados na rede pública de saneamento básico e tratados na estação de tratamento de águas residuais (ETAR) de Frossos pelo que não causarão impacte sobre os recursos hídricos superficiais. Durante a fase de exploração do projecto, verificar-se-ão acções que poderão induzir impactes sobre os recursos hídricos superficiais, seja pelo consumo de água efectuado a partir da rede pública de abastecimento, pela descarga de efluentes domésticos nos sistemas públicos de drenagem e tratamento, ou outros que de um modo geral tipificam as acções normais para este tipo de actividade. Efectivamente, a análise das acções que podem gerar impactes associados ao descritor resumem-se: à afectação dos recursos superficiais por aumento do escoamento de superfície ou por factores acidentais decorrentes dos riscos associados ao próprio funcionamento do conjunto comercial; e, à afectação dos sistemas municipais de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais. Os impactes resultantes não têm importância. 3.4 Sistemas ecológicos. Na área em estudo não se verifica a existência de áreas sensíveis tal como definidas no Regime Jurídico de Avaliação de Impacte Ambiental. A área envolvente à zona de intervenção apresenta um valor ecológico moderado, resultante da coexistência de áreas agrícolas e ecológicas de interesse com áreas fortemente urbanizadas destituídas de valores ecológicos de referência. Concretamente, a área de implantação do projecto compreende áreas de ocupação agrícola, linhas de água superficiais e áreas de vegetação arbustiva e arbórea. Estas tipologias de ocupação coabitam com um Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 8 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda traçado de “pista de motocross” que foi instalado na vertente Norte / Este do terreno. No computo global, o valor ecológico específico do local não é relevante. No terreno afecto ao projecto, na área de ocupação agrícola, verifica-se a existência de um extenso prado verde; na área ocupada com vegetação constata-se a presença de densas manchas de vegetação arbustiva, sub-arbustiva e arbórea. No seio de toda a vegetação presente destaca-se a vegetação de carácter oportunista (exemplo: silvas, heras, acácias), a vegetação climácica (exemplo: carvalho-roble) e a vegetação própria de linhas de água (exemplo: salgueiros, cana, juncos). O conjunto do inventário florístico é medianamente interessante. No local de intervenção e na envolvente identificam-se linhas de água superficiais de ocorrência natural. A importância das linhas de água e das áreas agrícolas e florestais destacase, sobretudo, para os passeriformes e para alguns exemplares da fauna local, que se deslocam nas imediações dos campos e matos e nas áreas inundadas. O elenco faunístico, de reduzido valor conservacionista, está inevitavelmente ligado com as áreas circundantes, muito em especial com os habitats hidrófilos e com algumas áreas agrícolas e/ou florestadas. Na envolvente da área em estudo distinguem-se cinco habitats, concretamente, formações arbóreas, áreas agrícolas, áreas urbanas consolidadas, áreas rururbanas, e linhas de água. Estes habitats são actualmente o suporte da fauna de referência para a envolvente dos corredores estudados. Os impactes ambientais induzidos pelo Dolce Vita Braga na área de implantação e na envolvente próxima são de baixa magnitude dado o reduzido interesse conservacionista registado, ao que acresce o elevado índice de urbanização e profusão de vias de comunicação que se verifica na envolvente imediata ao local. Os impactes ambientais directos sobre os sistemas ecológicos centram-se, fundamentalmente, na afectação da área de implantação e respeitam à destruição do coberto vegetal e à perturbação dos ecossistemas. Igualmente, efeitos sobre as linhas de água poderão afectar as comunidades de seres vivos estabelecidas. Contudo estes impactes não são importantes. 3.5 Integração paisagística. A análise da envolvente paisagística teve como objectivo caracterizar a paisagem onde se pretende instalar o conjunto comercial Dolce Vita Braga. Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 9 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda A paisagem da região é o resultado da integração de dois modelos distintos de urbanização, respectivamente, de uma malha densa na urbe de Braga, e de uma tipologia de urbanização dispersa ao longo das vias de comunicação presentes na envolvente periférica da cidade. Esta interacção é, no entanto, muitas vezes, desprovida de equilíbrio e harmonia, conferindo sensações menos harmoniosas ao observador. Na envolvente da área em estudo constata-se a presença de uma paisagem diversificada e bastante intervencionada pelo Homem podendo identificar-se diferentes unidades de paisagem, nomeadamente, áreas florestais, áreas agrícolas, áreas urbanas, áreas rururbanas e linhas de água. No entanto, numa perspectiva global, a componente natural da paisagem da região assume uma valorização interessante, onde se identificam ainda marcas da floresta climácica do norte de Portugal. A área de intervenção integra-se na matriz agrícola que se estende por todo um vale aberto, de orientação Nordeste-Sudoeste, e que foi interrompido por diversas vias de comunicação (EN 101 e via rápida Braga – Vila Verde, entre outras). Contudo, actualmente, esta área não representa interesse agrícola, cuja prática intensiva foi abandonada há muito tempo, passando a desenvolver-se uma densa vegetação que ocupa uma grande parte do terreno. Pode afirmarse que a matriz agrícola do local se encontra parcialmente florestada, dado a densidade de matos arbustivos e sub-arbustivos que acompanham diversos exemplares arbóreos. De entre as diferentes unidade de paisagem a área agrícola é aquela que possui melhor Qualidade de Paisagem. Contudo, especificamente no que concerne à área de intervenção, o processo de alteração e descaracterização da matriz agrícola originária, que induziu uma evolução para uma matriz com características agro-florestais, e a inclusão de intrusões visuais, como é o caso do traçado da “pista de motocross”, contribuem para uma perda significativa de qualidade da paisagem. Ainda, e no que se refere à envolvente próxima, a área de intervenção está rodeada por vias de comunicação (a Este e Oeste) e por prédios de habitação e unidades industriais (a Norte e Este), elementos que contribuem para perdas de qualidade paisagística. Os canais visuais existentes a partir do local de implantação do projecto levam o observador ao encontro das unidades de paisagem da periferia visual. Ao localizar-se num vale aberto encaixado entre vertentes mais elevadas nas orientações Norte, Sul e Este, a área de intervenção dispõe de um canal visual efectivo na vertente Oeste. Nesta vertente a paisagem apresenta relevos muito suaves até surgir uma linha de festo principal, que limita a extensão do canal visual. Atendendo a que a diferença entre os diversos canais visuais reside na sua maior ou menor distância visual, o canal visual marcado para Oeste assume maior importância pois possibilita uma excelente visibilidade até ao encontro com a linha de horizonte. Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 10 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda A fragilidade da paisagem depende da sua qualidade e exposição/absorção visual. As áreas de maior qualidade paisagista apresentam menor capacidade de suportar alterações, ou seja, são mais sensíveis / frágeis do ponto de vista paisagístico. Embora a qualidade de paisagem assuma valores muito variáveis na envolvente da área em estudo, regista-se que as variáveis fisiográficas e de relevo condicionam, pela negativa, a fragilidade da paisagem. Ou seja, estas variáveis actuam no sentido de contrário da qualidade paisagística das diferentes unidades de paisagem, o que conduz a que a fragilidade da paisagem da área de intervenção seja moderada. O principal impacte que ocorre na fase de construção é a afectação da área de intervenção enquanto unidade de paisagem da região. Este efeito é devido a um conjunto de situações de obra como sejam: a movimentações de terras, veículos e pessoas, o funcionamento de estaleiros e outras instalações provisórias de apoio; a possível deposição de lamas e poeiras nas unidades de paisagem próximas; a destruição de parte das estruturas vegetais existentes e a exposição da situação de obra. Trata-se de impactes temporários e de importância moderada. Em fase de exploração, a presença do projecto Dolce Vita Braga, como elemento construído e vivo, é compreendida como uma mais valia para o local na medida em que assentando em critérios de qualidade arquitectónica poderá constituir-se como um impulso estético para uma área para a qual está previsto um desenvolvimento urbano, tal como reflecte o PDM de Braga. O projecto ao ser desenvolvido pela Amorim Imobiliária, SGPS, S.A. (recentemente agraciada com o MIPIM AWARDS de 2005 e MIPIM AWARDS de 2006 para o melhor conjunto comercial do mundo e o ICSC World 2006 (International Council of Shopping Centers) para o melhor conjunto comercial europeu), garante a melhor integração paisagística com introdução de conceitos arquitectónicos e estéticos que não só caracterizarão o local, como poderão influenciar um desenvolvimento urbano ordenado e regido por padrões de qualidade, contribuindo para a melhoria estética e paisagística da periferia urbana de Braga. 3.6 Clima. Dadas a dimensão e características do projecto de conjunto comercial não se prevê que o mesmo venha a causar qualquer impacte sobre o clima do local e da região. 3.7 Qualidade do ar. Para caracterizar a qualidade do ar na área de implantação de projecto em estudo utilizaram-se os dados registados pelo Instituto do Ambiente na estação de monitorização localizada na Circular Sul de Braga. Esta estação é a mais próxima do local de implantação do projecto e Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 11 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda sendo do tipo tráfego, considera-se representativa da realidade da envolvente do local em estudo. Esta estação está em funcionamento desde Maio de 2004. Os dados fornecidos por esta estação, demonstram que a qualidade do ar é, regra geral, média ou boa. Contudo, a qualidade do ar é determinada, principalmente, pela presença de partículas na atmosfera, factor que contribui para situações de perda assinalável da qualidade do ar. Em 2004 e 2005, verificou-se que cerca de 20% dos dias controlados apresentaram níveis de qualidade do ar classificados como mau. Do projecto do conjunto comercial Dolce Vita Braga, e durante a fase de construção, os principais impactes sobre a qualidade do ar estão ligados às actividades de escavação e movimentação de solos, rochas e materiais e à circulação de veículos, traduzindo-se na emissão de poeiras. Estes efeitos são temporários e pouco significativos pelo que o impacte decorrente será pouco importante. Da actividade do Dolce Vita Braga identifica-se as emissões gasosas provenientes do sistema de exaustão das actividades alimentares (padaria,…), da restauração e do parque de estacionamento subterrâneo. Considerando as características de um projecto deste tipo, os potenciais poluentes presentes nas emissões gasosas são os odores provenientes das actividades alimentares e a emissão resultante da exaustão da atmosfera ocupacional da área do parque de estacionamento subterrâneo, que contribui para o aumento das emissões de poluentes típicos da combustão automóvel, como são o caso dos óxidos de azoto, compostos orgânicos voláteis e monóxido de carbono. Atendendo que as fontes fixas de emissão referidas, estão equipadas com sistemas de tratamento de gases, é garantido que os teores de poluentes nas emissões gasosas serão sempre inferiores aos limites definidos na legislação para fontes fixas. O tráfego automóvel que aflui ao conjunto comercial constitui uma fonte de emissão difusa de gases para a atmosfera. Contudo, não é provável que este tráfego determine qualquer alteração aos padrões de qualidade do ar. Em consequência, estas perturbações decorrentes do projecto sobre a qualidade do ar serão pouco importantes. 3.8 Ambiente acústico. O conjunto comercial, de acordo com o PDM de Braga, insere-se num local classificado como “Espaço Urbanizável”. As zonas circundantes incluem áreas habitacionais e áreas industriais. Contudo não se identifica a existência de alvos sensíveis próximos capazes de ser afectados. Para caracterizar a situação em termos de ruído procedeu-se a medições em pontos Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 12 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda determinados que permitiram a posterior modelação das reais características dum campo sonoro no exterior. Neste particular, o campo sonoro é tipificado fundamentalmente pelo ruído emitido pelo intenso tráfego que circula na via rápida Braga – Vila Verde e na EN 101. Os valores obtidos demonstram que na imediação da via rápida, no período diurno, registam-se valores de ruído na ordem dos 70 a 75 dB, sendo que numa faixa a esta via de cerca de 25 metros e na direcção da área de intervenção, os níveis são ainda na ordem dos 60 a 65 dB. No período nocturno, próximo desta variante, os níveis de ruído variam entre os 55 e os 60 dB. Na EN 101 os níveis de ruído são da ordem dos 70 dB, quer no período diurno, quer nocturno. Os potenciais impactes negativos na fase de construção resultam em particular das operações de remoção de solos que envolvam a utilização de equipamentos/veículos pesados, podendo afectar zonas na imediata vizinhança da área de implantação do empreendimento. Os potenciais impactes serão, contudo circunscritos no tempo e limitados. Se as actividades ruidosas forem programadas para o período diurno, se forem colocados taipais e utilizados equipamentos de potência sonora adequada os impactes não se perspectivam significativos. Na fase de exploração o projecto não provocará uma alteração significativa no ambiente acústico da sua zona envolvente, embora se preveja um ligeiro acréscimo de ruído junto aos acessos, relativamente à situação de referência. A combinação das medidas a definir no projecto de condicionamento acústico com um adequado programa de monitorização de ruído, permitirá minimizar ou mesmo anular a exposição ao ruído gerado pelo empreendimento. 3.9 Acessibilidades e tráfego. O terreno destinado à implantação do projecto Dolce Vita Braga fica localizado em Braga, na freguesia de Dume, numa área próxima à via rápida variante à EN 101 e ao gaveto sudeste do futuro nó entre esta via e a futura Variante do Cávado. Concretamente, o terreno confronta; a Norte, com o terreno destinado à futura Via Variante do Cávado; a Oeste, com o Caminho Municipal 1282-2 e Via Rápida Braga – Vila Verde; e, a Este, com a EN 101. A área envolvente ao conjunto comercial apresenta boas acessibilidades que permitem o estabelecimento de ligações eficazes, quer com as vias de ligação à cidade de Braga, quer com as vias de comunicação regionais e nacionais existentes na envolvente. Para aceder ao local de implantação do projecto serão construídas acessibilidades a partir da EN101, do caminho municipal (CM) 1282-2 e da variante Braga – Vila Verde. No âmbito da construção das acessibilidades, e particularmente no caso da ligação à variante Braga – Vila Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 13 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda Verde, será construído um nó específico de acesso e um troço da futura Via Variante do Cávado, concretamente aquele que cruzará o terreno afecto ao projecto no seu limite Norte. As vias rodoviárias que servem a área em questão – via rápida Braga – Vila Verde e a EN101 apresentam elevados volumes de tráfego. Os fluxos automóvel estão relacionados não só com a movimentação de residentes, de trabalhadores e visitantes que acedem / saem da envolvente periurbana, mas também de toda a movimentação associada à funcionalidade das zonas industriais próximas, sendo o Parque Industrial de Pitancinhos o exemplo mais concreto. Durante a fase de construção do projecto o acesso far-se-á, fundamentalmente, pela variante Braga – Vila Verde e pela EN101. As vias apresentam boas condições de circulação e os tapetes rodoviários são bons. Os impactes decorrentes estão associados à utilização das vias rodoviárias para o transporte de materiais, máquinas, equipamentos e pessoas, essenciais à completa execução do projecto, verificando-se de uma forma geral um aumento de tráfego, que se traduzirá num impacte importante. Considerando que será elaborado um plano de sinalização e circulação, que está previsto que as movimentações de pesados para o local de obra sejam distribuídas durante o dia e efectuadas preferencialmente fora das horas de ponta, e que serão respeitadas velocidades e taras, o impacte resultante será atenuado. Na fase de exploração haverá um acréscimo da movimentação automóvel sobre as vias mencionadas decorrente dos fluxos afluentes ao complexo comercial, nomeadamente de veículos de mercadorias para cargas e descargas e de veículos de trabalhadores e de visitantes. Contudo, a preparação das acessibilidades e respectivos ramais de ligação, a configuração da rede viária interna e a capacidade de estacionamento disponibilizada irão assegurar capacidade de resposta aos fluxos esperados. No entanto, e no que se refere à articulação destes fluxos com outras movimentações existentes em alguns pontos sobre a EN101 e a própria via rápida Braga – Vila Verde, é de prever que haja situações de trânsito acumulado, principalmente em horas e épocas de maior afluência ao conjunto comercial. Este provável impacte será importante mas de efeito temporário. Avaliando a dimensão deste tipo de actividade, o problema do acréscimo de tráfego induzido pelas cargas e descargas de mercadorias, não é relevante dado que o seu número será diminuto e decorrerá em horas desencontradas da maior afluência de clientes e fora das horas de ponta da rede viária envolvente. Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 14 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda 3.10 Sócio-economia. O conjunto comercial Dolce Vita Braga está dimensionado para funcionar como um conjunto comercial de dimensão relevante conseguindo uma abrangência supra concelhia, impondo-se como unidade de dimensão regional, actuando essencialmente para a população a Norte de Braga. Em 2001, na área de influência do conjunto comercial residiam cerca de 260 000 habitantes, destes, 140 000 distavam menos de dez minutos a Braga e cerca de 63 000 distavam entre dez e quinze minutos. Os dados mais recentes revelam que ao nível dos concelhos considerados na área de influência do projecto, a população sofreu um acréscimo de cerca de 10% no seu número de habitantes residentes, acompanhado de um aumento do índice de envelhecimento. Verifica-se ainda que a população em idade activa (24 / 64 anos) é a que tem maior representatividade, sendo que a maioria dos trabalhadores são operários que trabalham por conta de outrem. O desemprego na região, em Outubro de 2006, atingia uma preocupante taxa na ordem dos 10%. Ao nível de oferta comercial constata-se que Braga apresenta uma oferta insuficiente face à população residente e população afluente. Actualmente, a oferta comercial “concorrencial” ao projecto caracteriza-se pelo Braga Parque – associado ao Feira Nova, embora em edifícios diferentes – e pelo Minho Center e Braga Shopping, estes consideravelmente mais pequenos face ao projecto. Contudo, e de acordo com a classificação da Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC), em Braga não existe qualquer conjunto comercial regional. A construção do Dolce Vita Braga traduz um investimento estimado em 130 milhões de euros. O projecto será responsável por uma forte dinamização dos sectores da construção civil e outros sectores conexos, imprescindíveis é completa concretização do empreendimento. Os impactes decorrentes sobre a economia são positivos e importantes, essencialmente num período em que se verifica um aumento do desemprego, mas têm, contudo, um efeito temporário. Na fase de exploração o Dolce Vita Braga constitui-se como um pólo de dinamização económico a nível supra local tendo como principal impacte a criação de 3 350 novos postos de trabalho directos. Este impacte é muito significativo, tanto mais quanto a taxa de desemprego tem vindo a aumentar, situando-se actualmente em valores muito preocupantes. 2 A presença do Dolce Vita Braga, com uma área bruta locável de 75 000 m , traduz um considerável incremento na oferta comercial à população, quer em termos de qualidade, quer de diversidade. Contudo, para além de exercer a sua influência sobre a população local, sendo Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 15 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda o projecto de âmbito regional, funcionará como um pólo de atracção de consumidores que sem o mesmo não se deslocariam a Braga. Analisando os previsíveis efeitos sobre os sectores do comércio, é de considerar que sobre o comércio tradicional se faça sentir uma retracção nas vendas, principalmente na fase de arranque do projecto em que se fará sentir o efeito “novidade”. Contudo, passado esse período, e dado o enraizamento que o comércio tradicional tem nos hábitos de consumo local, prevê-se um progressivo regresso aos actuais padrões de consumo. No respeitante aos demais centros comerciais é certa a diminuição da população consumidora, que procurará no novo centro comercial encontrar alternativas e novidades. 3.11 Ocupação do solo e ordenamento do território. O conjunto comercial Dolce Vita Braga localiza-se na freguesia de Dume, concelho da Braga, inserido na Região NUT (Nomenclatura de Unidades Territoriais) II – Região Norte, estando integrado na Sub-Região NUT III – Cávado. A área de intervenção disponibilizada para o 2 projecto é de 159 971 m , sendo que a área de implantação do conjunto comercial é de 2 2 46 611 m , para uma área bruta de construção de 90 000 m . O local destinado ao projecto não apresenta qualquer tipo de utilização dedicada. O espaço está ocupado por um prado verde e por uma área de vegetação arbustiva e arbórea. Verificase a presença de linhas de escoamento de água de reduzida expressão e de um traçado usado como “pista de motocross”. De uma forma geral pode dizer-se que o terreno integra uma matriz agrícola que, numa área significativa, evoluiu para características do tipo florestal. A área destinada ao projecto confina: a Norte, com a futura Via Variante do Cávado, sendo que as áreas estão classificadas no PDM de Braga como de “espaços urbanizáveis”, “espaços florestais”, “espaços agrícolas”, e “reserva agrícola nacional”; a Sul, com vários terrenos classificados no PDM de Braga como de “espaços urbanizáveis”; a Este, com a EN 101 que liga Braga e Vila Verde, sendo que as áreas a Este são classificadas no PDM de Braga como de “espaços urbanos” e de “espaços urbanizáveis”; a Oeste, com o Caminho Municipal 1282-2 e terreno, e em segunda linha com a via rápida que liga Braga e Vila Verde, sendo que as áreas imediatas a Oeste são classificadas no PDM de Braga como “espaços urbanizáveis” e “espaços agrícolas” e as do lado oposto da via rápida são classificadas como de “categoria de espaço de equipamento proposto”. O projecto encontra-se inserido na área de jurisdição do município de Braga, estando abrangido, como mencionado, pelo respectivo PDM. Este instrumento de planeamento foi publicado em Diário da Republica, 1ª série, a 20 de Maio de 1994, por meio da Resolução do Conselho de Ministros nº 35/94, tendo sido alterado pela Resolução do Conselho de Ministros Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 16 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda nº 70/98 de 18 de Junho. Posteriormente, o PDM sofreu um processo de revisão ratificado pela Resolução do Conselho de Ministros nº 9/2001 de 04 de Janeiro de 2001 O PDM de Braga determina a integração do terreno onde se implantará o projecto Dolce Vita Braga em “Espaços Urbanizáveis”, devidamente regulamentado nos artigos 54º a 64º do PDM de Braga - Secção II – do Capítulo III, Uso Dominante do Solo. Particularmente, o Artigo 55º Destino de uso dominante – estabelece que «as áreas englobadas nos espaços urbanizáveis destinam-se à localização predominante de actividades residenciais, complementadas com outras actividades, nomeadamente comerciais, de equipamento, de serviços e industriais ou armazenagem, desde que não criem condições de incompatibilidade com a função residencial». Encontrando-se sob as disposições do PDM de Braga o terreno disponibilizado para o projecto enquadra-se predominantemente em Espaço Urbanizável Índice C e Espaço Canal de Protecção à Via Variante do Cávado. Da interpretação da Planta de Condicionantes do PDM de Braga verifica-se que uma faixa do terreno a Norte e a Oeste é abrangida pelo Espaço Canal de Protecção à Via Variante do Cávado, e que a Este o terreno confina com Linha Adutora de Água Potável. Contudo, verifica-se que com a implantação proposta para o projecto, as áreas sujeitas a estas condicionantes não são afectadas. Ainda no que se refere a condicionantes, verifica-se que a área afecta ao projecto não está abrangida por qualquer restrição seja ao nível do PDM de Braga, seja de qualquer outro instrumento. A este propósito refira-se que a área de implantação não é abrangida por nenhuma das áreas sensíveis enumeradas na alínea b) do Artigo 2º do Decreto-Lei nº 197/2005 de 08 de Novembro, nomeadamente Sítios da Rede Natura 2000, áreas protegidas, áreas de protecção dos Monumentos Nacionais e dos Imóveis de Interesse Público. No seguimento do exposto, pode assumir-se que a interpretação do projecto e a análise do PDM de Braga permitem identificar linhas de coerência na medida em que estando a área classificada como “Espaço Urbanizável”, permite o uso e a actividade comercial desde que não se verifiquem situações de incompatibilidade com as zonas residenciais. 3.12 Resíduos. Sobre a área de implantação do Dolce Vita Braga não é desenvolvida qualquer actividade dedicada. Segundo o PDM de Braga o terreno encontra-se integrado numa zona classificada como “Espaço Urbanizável”, destinando-se a habitação complementada com outras actividades, nomeadamente comerciais, de equipamento, de serviços e industriais ou armazenagem, desde que compatíveis com a função residencial. Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 17 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda A escavação do solo necessária à construção do projecto é a principal actividade responsável pela ocorrência de resíduos sólidos. Estima-se que a globalidade do processo de construção 3 obrigue a uma movimentação de 230.000 m de terras e rochas. Uma parte destes materiais será utilizada para a modelação e arranjos finais do próprio projecto, contudo uma fracção significativa constituir-se-á como um resíduo que carece de um adequado processo de gestão. De entre estes processos de gestão será favorecida a integração dos resíduos no processo construtivo do próprio projecto Dolce Vita Braga (por exemplo: utilização de rochas para pavimentação ou valas de drenagem de água) ou noutras actividades de construção civil. Está igualmente prevista a integração de resíduos em processos de valorização por meio de produção de inertes, sendo a deposição em aterro a última opção a considerar. A elevada ocorrência de resíduos traduz um impacte importante que será minimizado pela adopção dos processos de gestão de resíduos mencionados. Estima-se que da exploração do conjunto comercial resulte uma produção diária superior a 7 (sete) toneladas de resíduos sólidos. No entanto, os impactes provocados por essa ocorrência podem ser considerados pouco importantes, desde que a gestão do conjunto comercial assegure uma política de recolha selectiva e valorização de resíduos adequada. Efectivamente, as tipologias de resíduos gerados permitem a integração em processos de reciclagem (exemplo: papel/cartão, plástico, vidro,…) e de valorização (exemplo: óleos alimentares, orgânicos…) de uma fracção significativa dos resíduos produzidos. 3.13 Arqueologia e património. A área afecta à construção do Dolce Vita de Braga corresponde ao terreno outrora pertencente à Quinta do Carvalhal. Trata-se de uma zona arqueologicamente sensível localizada entre a villa romana de Dume, a necrópole de Carquemije e uma outra provável villa em Palmeira. A recolha de um fragmento de cerâmica de construção, provavelmente da época romana – tegullae – poderá indiciar a existência de um estabelecimento tipo casal. Na área de incidência directa do projecto localiza-se um edifício de reduzido valor patrimonial – a casa do caseiro da Quinta do Carvalhal – que poderá ver a sua conservação ameaçada. Independentemente da decisão a tomar sobre a sua preservação em fases mais avançada de projecto, deverá ser elaborado um registo prévio e uma memória descritiva que possa servir como informação para o projecto de recuperação / preservação ou, caso o edifício seja demolido, como memória do local. Na área de incidência indirecta detectou-se a existência de três valores patrimoniais: a casa da Quinta do Carvalhal, edifício de elevado valor patrimonial; uma casa junto ao CM1282-2 de reduzido valor patrimonial; e uma inscrição já inventariada por Luís Fontes e interpretada por Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 18 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda este autor como uma epigrafe medieval que pode ter funcionado como marco delimitador de propriedade. No que diz respeito à alteração da envolvente da casa de Quinta do Carvalhal o plano de integração paisagista deverá promover o seu melhor enquadramento. Relativamente à inscrição, propõe-se a sua retirada, devidamente orientada por técnico qualificado e a sua colocação em local seguro. Recomenda-se ainda a elaboração de uma memória descritiva no sentido de compreender a sua funcionalidade e encontrar a melhor solução para o seu destino em espaço museológico ou no local original. Quanto à casa junto ao CM1282 -2, dado seu reduzido valor patrimonial e avançado estado de deterioração não se identificam medidas de minimização. Dado o potencial arqueológico do terreno e o estado actual do solo propõe-se o acompanhamento arqueológico dos trabalhos de remoção do coberto vegetal e de desaterro. No âmbito dos trabalhos de acompanhamento arqueológico, no caso de ser detectado algum vestígio arqueológico significativo deverá o mesmo ser objecto de caracterização prévia através da realização de sondagens arqueológicas cujos resultados poderão determinar a adopção de medidas minimizadoras complementares, que poderão ir desde o estudo integral do vestígio até à definição da melhor forma de compatibilizar / integrar o achado com o projecto, valorizando-o como elemento associado à história da ocupação do local. Da avaliação de impactes foi considerado que os impactes do projecto podem ser considerados pouco importantes. Contudo, no que se refere ao valor patrimonial “inscrição“, caso não sejam adoptadas as medidas de minimização acima descritas, o impacte será significativo. 4 Plano de monitorização. O plano de monitorização ambiental está associado às diferentes fases de desenvolvimento do projecto – construção, exploração, desactivação. A desactivação prevista para o projecto traduz-se fundamentalmente numa alteração da sua organização e estrutura de funcionamento, sendo que as actividades a desenvolver serão no seu conjunto em tudo semelhantes às previstas para a fase de exploração, pelo que o plano de monitorização será o mesmo. O plano de monitorização previsto para as diferentes fases de desenvolvimento do projecto é descrito pela tabela que se segue. O Plano considera o controlo de factores relativos aos descritores ambientais associados aos impactes ambientais mais importantes ou aqueles cujo quadro legislativo assim o determine. Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 19 C.P.A. - Consultoria e Projectos de Ambiente, Lda Tabela 2 – Plano de Monitorização Ambiental Fases de Exploração e Factor Fase de Construção Águas subterrâneas X X Águas superficiais X X Consumo de água - X Efluentes Líquidos - X Qualidade do Ar - X Ruído X X Sinistralidade X - Resíduos X X Desactivação Paralelamente ao programa de monitorização ambiental, sugerem-se acções que permitam assegurar um controlo ambiental na fase de construção do projecto, concretamente, o acompanhamento da obra por arquitecto e/ou arquitecto paisagista e arqueólogo. Os condicionalismos inerentes à fase em que se encontra o projecto - fase de estudo prévio – não permitiram analisar a componente associada ao consumo energético do projecto. Contudo, é certo que a racionalização energética se constitui como um elemento relevante em fase de exploração. Nesse sentido, e de acordo com as directrizes que vierem a ser definidas em projecto de execução, será necessário definir um plano de controlo energético do projecto. Volume II - Resumo Não Técnico Dolce Vita Braga Pág. 20 Área de Localização do Projecto Legenda: À ESCALA NACIONAL, REGIONAL E LOCAL DO PROJECTO ENQUADRAMENTO DA LOCALIZAÇÃO FIGURA 1 Escala ~ 1/37 000