PRENHEZ ECTÓPICA
Transcrição
PRENHEZ ECTÓPICA
PRENHEZ ECTÓPICA Ranuce Ribeiro Aziz Ydy PRENHEZ ECTÓPICA # DEFINIÇÃO: Denomina-se gravidez ectópica (ectociese) a gestação cuja implantação e desenvolvimento do ovo ocorrem fora da cavidade corpórea do útero. Gravidez extra-uterina (ovariana, abdominal, tubária, cervical, instersticial). - Incidência: 1,5 a 2% das gestações, sendo a tuba uterina o local mais frequente de gravidez ectópica, responsável por 98% dos casos. - Região ampular: 80% - Ovariana: 1,4% - Istmo: 12% - Abdominal: 0,15% - Infundibular: 6% - Cervical: 0,15% - Intersticial: 2% 1. Ovariana 2. Prenhez Abdominal 3, 4 e 5. Intersticial 6. Prenhez Ístimica 7. Ampular 8. Infundibular 9. Prenhez Fimbriária 10. Intraligamentar PRENHEZ ECTÓPICA # ETIOLOGIA: A gravidez ectópica geralmente se encontra associada a fatores de risco que causam lesão tubária ou alteração no transporte ovular. - Doença Inflamatória Pélvica (DIP): infecções genitais originada principalmente por Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae (causam obstrução tubária, pregas, diminuição no número e no movimento dos cílios, destruição das fímbrias); processos inflamatórios pélvicos inespecíficos (Perissalpingite), endossalpingite (tuberculosa). Um episódio de DIP, aumenta cerca 2 a 7 vezes o risco de prenhez ectópica. PRENHEZ ECTÓPICA - Uso de Dispositivo Intra-Uterino – DIU: não é fator causal direto. - Cirugia Tubária Prévia: pacientes que foram submetidas anteriormente a sapingostomia, reanastomose, fimbioplastia e lise de aderências. - Antecedentes de Gravidez Ectópica: risco 6 a 8 vezes maior de ter nova gravidez ectópica. - Endometriose: Na trompa, ovário e no peritônio, predispõe também a gravidez ectópica. - Mal formações Tubárias - Ligadura Tubária - Tabagismo: efeito da nicotina na atividade ciliar e motilidade das trompas PRENHEZ ECTÓPICA # QUADRO CLÍNICO – DIAGNÓSTICO “ Pensar na possibilidade de gravidez ectópica” - Tríade clássica: - sangramento, dor pélvica, amenorréia - Dor Abdominal (baixo ventre, fossas ilíacas, epigástrio, hipocôndrio) - Dor abdomen superior, escápula (sinal de Laffont) lombar, região cervical e - Sangramento Transvaginal (descamação endometrial) - Atraso/ irregularidade menstrual (1/3 das mulheres não referem atraso menstrual) PRENHEZ ECTÓPICA ► Achados de exame físico vão depender do estado hemodinâmico da paciente. - ROTURA TUBÁRIA: - palidez progressiva, incompatível com a intensidade do sangramento transvaginal - Choque Hemorrágico: - alterações na pressão arterial, pulso. - Abdomen: - equimose periumbilical (sinal de Cullen) – hemorragia intra-abdominal, dor à palpação abdomen, com defesa à descompressão (sinal de Blumberg), distensão abdominal - Exame Ginecológico: pode ter sangue na vagina, em virtude do sangue intra-abdominal, acúmulo de sangue e coágulos em fundo-de-saco vaginal, doloroso (sinal de Proust) – Grito de Douglas. PRENHEZ ECTÓPICA - Em 50% dos casos pode-se palpar uma massa anexial dolorosa. - Náuseas, vômitos, diarréia, tenesmo. “Toda mulher em idade reprodutiva com vida sexual ativa que apresenta dor abdominal e sangaramento transvaginal deve ser investigada para gravidez.” PRENHEZ ECTÓPICA # DIANGÓSTICO DIFERENCIAL: - Ameaça de Abortamento Tópico - Prenhez Normal - Rotura de Cisto Lúteo, Cisto Folicular - Torção de Tumor de Ovário, Cisto de Ovário - Salpingite - Patologia Extragenital (apendicite, cálculo pancreatite, colecistitie, infecções parasitárias) renal, PRENHEZ ECTÓPICA - Ultrassonografia Transvaginal: é mandatório para a mulher com suspeita de gravidez anormal no 1º trimestre - Presença de saco gestacional, localização, presença de embrião, presença de atividade cardíaca do embrião - Presença de líquido livre pelve: é sinal de hemorragia por rotura, aborto tubário ou sangramento fimbrial, mas não é patognômonico de rotura tubária. - O doppler colorido da massa anexial mostra fluxo moderado/acentuado com RI: 0,45 em 80-85% dos casos - Dosagem do Beta-HCG: a concentração séria de betahCG em casos de gestação ectópica tende a ser menor do que a observada em gestação tópica de mesma idade gestacional. PRENHEZ ECTÓPICA - Beta-HCG: Na gestação tópica inical o beta-hCG duplica entre 1,4 a 3,5 dias. A ausência de elevação do título de pelo menos 66% em duas dosagens consecutivas, com intervalo de 48 horas, revela tratar-se, em 85% dos casos, de gravidez ectópica ou de gestação tópica que resultará em abortamento. (Ponto de corte de viabilidade) - Dosagem de Progesterona Plasmática: a concentração sérica desse hormônio reflete sua produção pelo corpo lúteo e pouco se modifica durante o 1º trimestre de gravidez. - Nível < 5 ng/ml – confirma gravidez anormal - Nível > 20 ng/ml está em geral associado a gestação normal intra-uterina - Entre 5 e 20 ng/ml – são equivocados. A maioria das Gestações Ectópicas apresentam nível de progesterona plasmática entre 10 e 20 ng/ml – método limitado na clínica. PRENHEZ ECTÓPICA # TRATAMENTO 1. CLÍNICO MEDICAMENTOSO O metrotexate é um quimioterápico antimetabólito antagonista do ácido fólico, com atividade antitrofoblástica, interfere na divisão celular. Os efeitos colaterais depende da via de administração e da dose utilizada (depressão da medula óssea, estomatites, náuseas, enterorragia, hepatotoxicidade, nefrotoxicidade, neurotoxicidade, deramatite, alopécia, pneumonite instersticial. PRENHEZ ECTÓPICA - METROTEXATE # CRITÉRIOS DE METROTEXATE INCLUSÃO PARA O USO DE - Gravidez Ectópica Íntegra - Quadro Clínico Estável - Ausência de dor abdominal intensa ou persistente - Saco Gestacional < 3,5 cm de diâmetro - Função Renal e Hepática normais - Beta- HCG menor que 5.000 mUI/ml - Líquido livre na pelve < 50 ml - Ausência de contra-indicação ao uso da medicação - Doppler com fluxo vascular trofoblástico < 2/3 da massa anexial PRENHEZ ECTÓPICA - METROTEXATE # CONTRA-INDICAÇÕES ABSOLUTAS - Gravidez intra-uterina - Imunodificiência - Anemia Moderada para Intensa - Leucopenia (leucócitos < 2.000 cel/mm3 ) - Trombocitopenia (plaquetas < 100.000) - Sensibilidade prévia ao Metrotexate - Vigência de Doença Pulmonar - Úlcera Péptica ; - Disfunção Hepática ou Renal - Amamentação PRENHEZ ECTÓPICA - METROTEXATE # CONTRA-INDICAÇÕES RELATIVAS - Batimentos cardiofetais detectados pela ultrassonografia - Beta-HCG inicial > 5.000 mUI/ml - Declínio dos títulos de Beta-HCG 24/48 horas antes do início do tratamento - Impossibilidade de dar continuidade ao acompanhamento - Paciente recusa-se a fazer uso da medicação PRENHEZ ECTÓPICA - METROTEXATE Antes de iniciar o tratamento devem ser realizados: hemograma, TGO, TPG, Tipagem sanguínea + fator Rh, creatinina. METROTEXATE (MTX): É administrado na dose única de 50 mg/m2 de área corporal. (ampola tem 50 mg) - A eficácia do MTX é aferida por duas dosagens do BetahCG nos dias 4 e 7. - Toda paciente que não mostrar declínio do Beta-hCG entre os dias 4 e 7 maior que 15% receberá a segunda dose. - Medir o beta-hCG semanalmente até negativação dos valores (< 5 mUI/ml) PRENHEZ ECTÓPICA # OUTROS FÁRMACOS - Prostaglandinas: causam vasonconstrição e contração da musculatura tubária - Glicose Hipertônica: causa necrose asséptica do tecido trofoblástico - Cloreto de Potássio: objetivo causar assistolia no produto conceptual PRENHEZ ECTÓPICA 2. CONDUTA EXPECTANTE Dentro da evolução natural da gravidez ectópica, alguns casos podem terminar em abortamento tubário ou em reabsorção completa do tecido trofloblástico. Reservado a grupo seleto de pacientes (10 a 15%), com quadro estável, Beta-hCG inicial < 1.000 1.500 mUI/ml e declinante: pacientes clinicamente estáveis, saco gestacional de diâmetro < 3,5 cm. - Beta-hCG semanal no seguimento PRENHEZ ECTÓPICA 3. TRATAMENTO CIRÚRGICO - Pacientes que se recusam ao tratamento clínico - Pacientes que tenham contra-indicação ao tratamento clínico - Falha do tratamento medicamentoso - Paciente hemodinamicamente instáveis - Prenhez Ectópica Rota - Laparotomia - Videolaparoscopia - Conservador (salpingostomia) - Radical (saplingectomia) PRENHEZ ECTÓPICA - SALPINGOSTOMIA LINEAR PRENHEZ ECTÓPICA - SALPINGECTOMIA Atraso Menstrual + Dor Pélvica + Sangramento Beta-HCG Prenhez Tópica Ultrassonografia TV Quadro Clínico Instável Prenhez Tubária Íntegra Massa Tubária < 3,5 cm Declinante (Beta-hCG < 1.000-1.500 mUI/ml) Duas dosangens Beta-HCG (48 horas) Prenhez Tubária Rota LAPAROTOMIA Massa Tubária > 3,5 cm LAPAROSCOPIA Ascensão EXPECTANTE MTX 50 mg/m2 IM (dia 1) Beta-hCG semanalmente Até < 5 mUI/ml MTX (2ª dose) 50 mg/m2 IM Queda do Beta-hCG < 15% entre os Dias 4 e 7 LITERATURA SUGERIDA 1. Rezende, Obstetrícia – Antonio Carlos Montenegro, Jorge de Rezende Filho, 11ª edição, 2010 2. Neme, Obstetrícia Básica – Bussâmara Neme, 3ª edição, 2006 3. Zugaib, Obstetrícia – Marcelo Zugaib, 1ª edição, 2008
Documentos relacionados
GE Gemelar - Digimax
hipogástrio, peritonite e choque. • Massa abdominal no local da rotura (20%).
Leia maisMarço/Abril 2012
ravidez ectópica é a implantação do ovo fora da cavidade corporal do útero. Em 95% das vezes, ocorre na tuba uterina e, em 80% desses casos, na região da ampola da tuba. A gravidez ectópica fora da...
Leia mais