A importância do brincar para o desenvolvimento infantil e suas
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A importância do brincar para o desenvolvimento infantil e suas
A importância do brincar para o desenvolvimento infantil e suas contribuições para o atendimento de humanização Bruno Márcio de Castro Reis1 RESUMO A partir da proposta de atendimento em humanização em um ambulatório de uma unidade de saúde, e da utilização dos brinquedos como instrumento que possibilita a escuta clinica, será discutida a contribuição que essa prática traz para esse atendimento. Abordando o ideal da proposta e a realidade encontrada no estágio, será iniciada uma reflexão sobre as reais contribuições da brincadeira para o atendimento de humanização e a importância do brincar para o desenvolvimento infantil. Este artigo tem o objetivo de iniciar uma reflexão a cerca do tema, visto ainda que relacionada com a prática do estágio não será possível por fim ao que este assunto pode abranger, o dialogo desta forma está aberto, pois são muitas as contribuições que podem emergir a partir dos diferentes posicionamentos a respeito da situação exposta. Palavras chaves: HUMANIZAÇÃO – BRINCAR – DESENVOLVIMENTO INFANTIL – ESCUTA CLÍNICA 1 Aluno da Graduação do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Unidade São Gabriel – 6° Período. Trabalho de Estágio realizado na Fundação Hemominas sob supervisão da professora Lúcia Efigênia, 2° Semestre de 2009. Introdução Com o intuito de acompanhar o percurso do trabalho de um analista em um hospital, este artigo irá propor algumas importantes reflexões, e promover diálogos entre discussões teóricas e práticas do atendimento psicanalítico no ambiente de ambulatório. Para começarmos a situar as possibilidades de atuação de um psicanalista em um hospital é importante compreendermos qual o trabalho deste profissional, para só posteriormente aprofundarmos na problematização de sua prática. O psicanalista como tradicionalmente é conhecido pelas pessoas e caracterizado por elas, é aquele psicólogo que atende em um consultório, que comumente mais ouve do fala e que, muitos esperam, principalmente os que ainda não passaram por analises, que dá conselhos. Este é resumidamente o “retrato” deste profissional, acrescido ainda de uma imagem de puro imaginário de um sujeito distante, intocável. Essa imagem corresponde com a verdade deste profissional? Ou, há mais o que esse profissional possa fazer? Sabemos do atendimento clinico em consultório por parte deste profissional, mas este atendimento ficaria restrito ao consultório psicológico ou podemos pensá-lo em outros contextos? Este talvez seja o primeiro desafio da pratica psicanalítica em um hospital, romper com o atendimento psicanalítico em um consultório apenas. Entrando em contato com o estágio e com a proposta de humanização no atendimento da Hemominas, tendo como orientação de atuação a teoria psicanalítica, vimos que mesmo fora do consultório é possível fazer uso da psicanálise. Outra especificidade é que, quando o atendimento é feito em consultório há necessariamente uma busca por parte do paciente em relação ao analista, sendo que este procura pelo atendimento, enquanto no hospital não é necessariamente desta forma, é o analista quem vai ao encontro do paciente, o analista que se oferece. Assim é problematizada essa atuação. Como pode haver psicanálise sem que haja uma demanda do analisando? E mais, como fazer psicanálise em tão pouco tempo de contato com os pacientes? Poderíamos citar inúmeros questionamentos da atuação do analista em um hospital, mas por ora essas são suficientes para começarmos nossas discussões, elaborações e aprofundarmos nosso estudo. Humanização no atendimento – O que é isso? A proposta de Humanização no atendimento de saúde tem como objetivo promover mudanças no modelo de gestão presente na saúde brasileira preparando melhor os agentes envolvidos no atendimento dos cidadãos, de forma que eles tenham mais preparo para lidar com a questão subjetiva que o atendimento de saúde demanda. Através da Política Nacional de Saúde buscam-se formas de descentralizar o modelo de gestão de saúde, promovendo entre os profissionais, usuários e demais envolvidos neste processo relações menos hierárquicas. Esta política de humanização enfrenta muitos desafios como a fragmentação no processo de trabalho na rede de saúde onde há pouca comunicação entre os diferentes profissionais, então é parte do objetivo desta política promover mais dialogo destes profissionais e incentivar um atendimento multidisciplinar, onde possa ser promovida uma rede de assistência a partir do trabalho em equipe e que prepare melhor os profissionais para lidarem com as dimensões subjetivas do atendimento aos pacientes. Esta política de Humanização segundo o documento base para gestores e trabalhadores do SUS (2004) se sustenta a partir da troca e da construção de saberes, do incentivo a redes solidárias e participativas entre os envolvidos e de promover o protagonismo dos usuários do SUS. Humanizar o atendimento é um avanço na política de saúde brasileira é uma abertura através da descentralização do “saber sobre o que é bom” para a saúde do outro. A troca dos saberes incentivada nesta nova gestão permite um novo arranjo e novas metodologias de trabalhos para os profissionais. São desafios que emergem a partir da pratica de se estabelecer diálogos transdisciplinares no trabalho em rede. Esta política de humanização dá ao usuário maior conhecimento do processo ao qual está submetido conhecendo quais os profissionais que o atenderão. É meta também que cada unidade de saúde garanta uma gestão participativa aos trabalhadores e usuários. Na PNH (Política Nacional de Humanização) o conceito de clinica ampliada é reforçado, estimulando-se praticas terapêuticas e a co-responsabilidade dos trabalhadores e usuários na produção da saúde, assumindo o compromisso com o sujeito e com o seu coletivo. Na fundação Hemominas o projeto de Humanização envolve um trabalho em conjunto com os diferentes profissionais, dentre eles psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, médicos, fisioterapeutas, dentistas e outros, onde se tem o objetivo de se oferecer um atendimento de boa qualidade e que possa ser o mais humano possível. Busca-se tornar o atendimento no hospital algo mais agradável menos apreensivo e aversivo, visto que pessoas com doenças crônicas, como é o caso do publico na instituição, passam grande parte de suas vidas no ambulatório, então tornar o ambiente agradável e acolhedor é importante para a saúde física, psicológica e emocional destes usuários. Para atender a esses objetivos são realizadas varias atividades, no decorrer deste artigo abordarei mais precisamente a atividade no projeto de humanização que compete à psicologia, mais precisamente aos estagiários da psicologia. Importância do Brincar Como nos propõe Freud (1908) o brincar para criança assume um importante papel em seu desenvolvimento. Freud compara a atividade lúdica da criança à capacidade criativa do poeta, fazendo um paralelo onde nos aponta que em ambas as situações essas atividades cumprem uma importante função, permitem à criança e ao escritor criativo elaborarem seus conflitos a partir do brincar e da escrita literária, respectivamente. Pois estas atividades os permitem “adaptar” o mundo real ao mundo imaginário, tanto a criança que brinca quanto o poeta, consegue fazer a distinção da realidade e da imaginação, mas se utiliza deste recurso imaginativo para representar a realidade de outra maneira, no brincar e no escrever, são assumidas outras posições diante do mundo real, e o que causaria sofrimento em determinado momento, pode a partir daí ser fonte de prazer. Sobre a fantasia, segundo Freud (p.137) “Podemos partir da tese de que a pessoa feliz nunca fantasia, somente a insatisfeita. As forças motivadoras das fantasias são os desejos insatisfeitos, e toda fantasia é a realização de um desejo, uma correção da realidade insatisfatória”. Pode ser observado nos escritos de Freud também, que o brincar da criança é determinado por um desejo que contribui para seu desenvolvimento, um único desejo, o de ser adulta, assim ela reproduz em suas brincadeiras aquilo que ela apreende do mundo dos adultos que ela conhece. Essa observação de Freud nos permite entender melhor o motivo da utilização de jogos para o atendimento de crianças no trabalho psicanalítico. Segundo GEETS (1977) para Melanie Klein o brinquedo tem um papel de destaque no atendimento de crianças, pois diante da necessidade de atendimento das crianças e das dificuldades encontradas para se realizar uma psicanálise, levando em consideração sua pobreza de vocabulários e sua insuficiente capacidade de associar, fica inapropriado um tratamento baseado na linguagem, e consecutivamente apoiado na associação livre. Ainda segundo GEETS (1941) Melanie Klein considera o brinquedo “para crianças de pouca idade, não um meio de expressão como outro qualquer, mas um meio de expressão por excelência. Brincando, a criança expressa de modo simbólico suas fantasias, seus desejos e suas experiências vividas” (GEETS,1941p.26). Após estas importantes contribuições fica mais compreensível dizer que a brincadeira no atendimento de humanização é muito mais que uma atividade distrativa, pois ela está a serviço, em função de algo maior que o brincar apenas, esta em detrimento de possibilitar uma escuta do cotidiano desta criança. Brincando a criança é capaz de falar mais de si, principalmente se for levado em conta que o analista é alguém estranho a ela em sua vida cotidiana, é alguém novo e que necessita de um tempo para criar uma relação de transferência que permita que a criança fale mais de sua vida. A brincadeira serve como um atrativo que estabelece uma espécie de rapport, pois deixa a criança menos apreensiva e mais tranqüila para falar. A teoria na prática Como relacionar agora o que estamos discutindo com a prática no atendimento no ambulatório da Hemominas? Nesta altura de nossa reflexão já é possível responder a alguns questionamentos colocados no inicio deste artigo? Já se tornou claro ao longo deste trabalho a real importância da brincadeira no atendimento de humanização? Quais as dificuldades e limites colocados pela nossa prática de atendimento? Em atendimento, nós estagiários de psicologia, somos o tempo todo desafiados pela necessidade de acolher os pacientes que aguardam atendimento e assim oferecer um trabalho de escuta, possibilitar que este paciente fale, consiga dizer mais sobre sua enfermidade, sobre sua vida, e principalmente sobre como lida com esta enfermidade. Nem sempre é possível promover essa intervenção terapêutica, assumir este caráter de atendimento, pois existem limitações que impossibilitam este trabalho, exemplo disso é o pouco tempo de contato com os pacientes. Existem pacientes que fazem acompanhamento médico, odontológico, psicológico e fisioterápico que vão à unidade da Hemominas com um espaço de tempo maior, há casos de ida à unidade de 3 em 3 meses, de 6 em 6 meses, isso dificulta o atendimento analítico, além dos mais, dos pacientes que vão à unidade com mais freqüência há aqueles que vão em horários diferenciados e assim nem sempre é possível encontrá-los novamente. Dentro deste contexto, a proposta de atendimento propriamente dito fica mais prejudicada. Mas ainda assim é possível em muitas circunstâncias oferecendo esta escuta intervir de forma analítica, pois existem pessoas que chegam e aguardam o atendimento, mas que necessitam também de serem ouvidas em suas dores, que não passam tanto pelas dores físicas necessariamente, mas uma dor que traz consigo de outra ordem, uma dor, um sofrimento advindo não diretamente da doença, mas de como essa repercute em sua vida, em suas relações e o lugar que ocupa em seu dia a dia. Vimos a problematização da psicanálise no hospital, desta proposta diferente de atendimento, de criar a demanda, ir ao encontro do paciente, se oferecer para ouvir. Na prática do estágio talvez a maior dificuldade encontrada, nem passe tanto pela oferta de escuta, ou mesmo de estar fora do consultório, mas sim de não conseguir uma estabelecer uma relação de transferência com o paciente. Nosso atendimento em estágio abrange tanto os adultos quanto as crianças que aguardam o atendimento, em ambos os casos as dificuldades referidas estão presentes, mas no caso com as crianças o brincar nos possibilita uma aproximação mais fácil e também uma “expressão mais natural da criança”, digo isto, pois, a brincadeira é algo do seu cotidiano e brincar enquanto aguarda o atendimento além de suavizar as dificuldades e o cansaço da espera, permite à criança nos dizer algo, ainda que não seja necessariamente por meio das palavras. O brincar pode nos oferecer um importante meio para análise e de intervenção no estágio. Durante o atendimento das crianças ao longo do estágio foi possível observar muitas coisas a partir dos jogos e das brincadeiras. Observamos em certas ocasiões crianças que não conseguem lidar com o “fracasso”, com a perda e que, vendo em eminente situação de derrota durante o jogo, começa a se comportar de outra forma, fica mais irritada, menos paciente e tenta burlar as regras na esperança de atrapalhar a outra pessoa que também está no jogo. Uma brincadeira que teria um papel de suavizar as dificuldades da espera de atendimento durante todo um dia, ganha um valor de competição por crianças que não conseguem lidar com a frustração, crianças que não sabem que não é possível ganhar todo o tempo. Nestas situações interviamos de forma a levar as crianças a pensarem sobre suas ações e, neste exemplo especifico, oferecemos a possibilidade de mudança de regra, já que no momento do companheiro jogar esta criança que não estava aceitando perder mudava as peças do jogo de memória de lugar para dificultar a ação do adversário no jogo, assim propusemos que essa regra nova valesse para todos, inclusive para ela própria, pois sendo um jogo poderíamos mudar as regras deste que, combinadas e seguidas por todos os participantes. A riqueza da intervenção por meio dos jogos também nos possibilitou ver diferenças entre as crianças, sabemos que mesmo entre elas já haviam diferenças de idades e de contexto de vida, famílias que vinham de Belo Horizonte, outras da região metropolitana e outras ainda do Interior, mas mesmo assim, ao brincar e promover diálogos vimos que haviam crianças mais receptivas e comunicativas que outras e que, se não fosse pelo atrativo brinquedo teríamos poucas possibilidades de ouvir as crianças menos abertas para falarem de si no contexto do ambulatório. Assim o brincar teve grande contribuição para nosso atendimento. Tivemos casos ao longo do semestre muito interessantes, em atendimento, conversei com um adolescente que estava na unidade da Hemominas para atendimento de fisioterapia. Quando o vi pela primeira vez, este adolescente estava em uma cadeira de rodas no ambulatório esperando ser chamado, então o convidei para participar de nossas atividades na parte externa ao ambulatório e com sua concessão o levei até o local. Chegando ao local onde havíamos preparado para recebermos as crianças começamos a conversar, manter os primeiros contatos e nos apresentarmos mutuamente. Importante foi ouvir este adolescente dizendo que, já estava em Belo Horizonte a mais de um mês para tratamento, estava acomodado na casa dos hemofílicos no bairro Minas Caixa em Belo Horizonte. O adolescente disse morar no interior de Minas Gerais, na cidade de Ferros. Conversando a respeito de sua estadia em Belo Horizonte e do seu tratamento este adolescente de 14 anos me informou que, é a primeira vez que fica na capital à tanto tempo, que das outras vezes que teve em Belo Horizonte para ser atendido e que precisou fica hospedado na casa dos hemofílicos ele não precisou ficar tanto tempo, foi no máximo 15 dias. Este adolescente estava impossibilitado de ir embora, pois ainda precisava fazer fisioterapia, seu joelho ainda permanecia inchado e por isso estava em uma cadeira de rodas. O adolescente dizendo sobre sua estadia na casa informou que, no local havia separação entre os sexos, os homens ficavam em uma parte da casa e as mulheres em outra parte e que ele havia vindo com sua mãe, perguntei como ficava essa situação e ele disse que, no momento a casa não estava cheia e que, assim ele tinha condições de ficar mais com a mãe, mas que caso tivesse mais cheia era mais complicado deles ficarem mais juntos. O adolescente ainda me disse que, estando em Belo Horizonte durante todo esse tempo, além de ir ao Hemominas, ele e sua mãe costumavam ir à casa de alguns familiares na capital mineira, pois tinham tempo ocioso na casa dos hemofílicos e as vezes faziam este programa. O adolescente disse que já até acostumou a ficar na casa dos hemofílicos e que lá até tem computador, e que ele até tem Orkut, mas só possui três amigos na rede, sendo que dois deles são seus primos. O adolescente disse ainda que sente falta de sua casa, e de jogar Vídeo Game. Disse que quando esta em Belo Horizonte só mantém contato com o pai por telefone, pois segundo seu relato o pai trabalha no interior e não pode acompanhá-lo nos tratamentos na capital. Foi um atendimento muito rico, o adolescente foi falando de tudo o que vivia com essa sua enfermidade, disse que já teve que ser atendido fora do estado para tratamento e que se o atendimento na Hemoninas fosse 24 horas seria melhor, pois quando ele precisa ir à unidade após o encerramento das atividades ele é recebido no Hospital Pronto Socorro e lá ele fica em meio a pacientes que demandam outros tipos de atendimento e que, na Hemominas é bem melhor de se ficar. O adolescente disse ainda, quando conversava com ele a partir do questionário que estava sendo aplicado por minhas companheiras de estagio que, o atendimento e as atividades dos estagiários de psicologia eram legais, pois eles distraiam enquanto esperavam o atendimento e que era cansativo ficar no ambulatório sem nada para fazer. O adolescente ainda relatou já ter participado do bingo que nós promovemos em outra tarde no ambulatório, mas que ele não havia ganhado prêmio algum, falou isso em tom de descontração. Outro dado importante da minha conversa com ele foi ao que tange sua vida escolar, o perguntei sobre os estudos e de como ficava sua situação na escola com essas viagens a Belo Horizonte para tratamento, entendendo pelo seu relato que vinha a capital mais de uma vez por ano. O adolescente disse que já perdeu ano de escola por conta de sua enfermidade, pois mesmo estando em casa não tinha como ir à escola, pois precisava ir a pé, mas ele não conseguia andar a distancia até chegar à escola por estar machucado e assim perdia muitos dias de aula. Atualmente ele disse que a prefeitura disponibilizou transporte escolar para os alunos e que desta forma ele não precisa faltar tanto, já pode ir para aula, pois não precisa andar grandes distâncias. Sobre sua vinda a capital ele disse que os professores entendem e que repetem as atividades e as provas, mas que, o conteúdo das aulas ficam perdidos pois não há como recuperar o que foi ensinado e assim ele só pode recuperar os pontos. Atualmente ele está na 3ª serie (4° ano) e tem 14 anos. Foram muitos os atendimentos como os deste adolescente onde a intervenção pela brincadeira nos possibilitou ouvir o sofrimento da pessoa, oferecer uma escuta e apresentar uma proposta mais humana de atendimento. Deixar com que a pessoa fale é importante, pois além de ser um importante meio de acolhimento e atendimento é também um forma de saber o que pode e deve ser feito para aperfeiçoar ainda mais o atendimento na Hemominas. Considerações Finais A experiência do estágio foi muito rica, aprendi muito com os sucessos e também com os fracassos da minha intervenção, encontrei momentos de limites meus e vi muita coisa que precisa ser aperfeiçoada para minha prática profissional. Essa é uma riqueza insondável. Foi importante ver na pratica como utilizar da brincadeira para ouvir o sujeito e humanizar o atendimento. Ao longo do artigo me detive mais ao atendimento das crianças durante todo o semestre, pois era o foco principal da discussão a que me propus, mas poderia aprofundar muito mais na experiência deste estágio dizendo sobre outras praticas realizadas, como por exemplo, os bingos que realizamos no ambulatório, as atividades de desenhos, os jogos de forca, a semana das crianças onde realizamos desfiles, confecções de cartazes, oficinas de pinturas e contação de histórias, além de um momento musical. Visitamos também o espaço da transfusão onde foi possível também promover um atendimento humanizado. Assim, posso concluir pela experiência obtida com a realização do estagio que o espaço do analista no hospital é desafiante e provocativo, pois nos impele a romper com o estereótipo já colocado, e nos aventurarmos ao conceito de clínica ampliada. É algo inovador e necessário, mas que demanda capacitação, habilidades e sutileza do analista para saber intervir em um contexto como este, onde há esse jogo de forças que são os desejos dos pacientes, os da instituição e os dos analistas. Quanto às contribuições da brincadeira para o atendimento de humanização e para o desenvolvimento infantil, posso concluir pela escuta e pelas observações que o estagio me proporcionou que, o brincar é muito importante. Como os próprios pacientes disseram: “é legal, pois ficamos aqui sem nada para fazer”, atendendo desta forma a proposta de acolhimento, de valorização do sujeito e aproximação do paciente, minimizando as relações hierárquicas que por ora podem desumanizar o atendimento na saúde. Para o desenvolvimento infantil a brincadeira também foi importante, pois estabelecia uma relação, uma interação com outras pessoas e assim as crianças puderam se colocar em um lugar onde era necessário se posicionar levando em consideração o outro, aprender regras de convivência a partir dos jogos que são importantes para vida em sociedade, além de neste momento poder elaborar com a brincadeira seus conflitos vividos, sempre contando com a supervisão do estagio pude ir aperfeiçoando a pratica do atendimento. Como havia dito anteriormente, este artigo não põe fim à discussão a cerca do tema proposto, é apenas um convite à reflexão sobre esta prática, não esgotou tudo o que poderia ser trabalhado a partir de nossa experiência, mas sem duvida, acrescentou e contribuiu muito para novas discussões a partir deste momento. Referências Bibliográficas: FERREIRA, Tânia. O brincar e sua função na estrutura. In: A escrita da Clínica Psicanálise com crianças. 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