57 - Silemg

Transcrição

57 - Silemg
Ano XVII - Nº 57 - Março, Abril e Maio / 2014 - Rua Piauí, 220, 5º andar - Santa Efigênia - BH/MG CEP: 30150-320
Impresso Fechado
Pode ser aberto pela ECT
COM FOCO
NO FUTURO
Governo Federal lança Plano Mais Pecuária e
projeta crescimento para o setor leiteiro nos
próximos dez anos
págs. 08 a 10
Reposição criativa
Pesquisa da UFV se dedica à produção de bebidas
isotônicas com utilização do soro do leite
pág. 11
Turismo terapêutico
Conheça as estâncias naturais do Circuito das Águas
e suas alternativas de ecoturismo
pág. 12
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Editorial
Leandro Bifano
Expediente
ANO XVII / Número 57 / Março, Abril e Maio de 2014
SILEMG / Endereço: Rua Piauí, 220 / 5º andar / Santa Efigênia
CEP: 30150-320 / BH/MG / Tel: (31) 3223-1421
www.silemg.com.br / [email protected]
Periodicidade: Bimestral
Impressão: Gráfica Del Rey / Tiragem: 3.500
DIRETORIA EXECUTIVA
Guilherme Olinto Abreu Lima Resende - Coaperiodoce
Presidente
Paulo Bartholdy Gribel - Laticínios São Vicente de Minas Ltda
Vice-presidente
João Lúcio Barreto Carneiro - Laticínios Porto Alegre Ltda
Diretor Administrativo
Guilherme Silva Costa Abrantes - Laticínios Dona Formosa Ltda
Diretor Financeiro
Alessandro José Rios de Carvalho - Laticínios Verde Campo Ltda
Diretor Tecnológico
DIRETORIA ADJUNTA
Antônio Fernandes de Carvalho - Laticínios Union Ltda
Armindo José Soares Neto - Coop. Central dos Produtores Rurais de
Minas Gerais/Itambé
Bernardo Bahia - Laticínios MB Ltda
Carlos da Silveira Dumont - Coop. dos Produtores Rurais do Serro Ltda
Carlos Eduardo Abu Kamel - Coop. dos Produtores Rurais de Itambacuri Ltda
Carlos Henrique Pereira - Forno de Minas Alimentos S/A
Carlos Roberto Soares - Dairy Partners Americas Manufacturing/DPA Nestlé
Cícero de Alencar Hegg - Laticínios Tirolez Ltda
Claudinei Ribeiro Chaves - Laticínios Bom Gosto Ltda
Estevão Andrade - Laticínios PJ Ltda
Giovanni Diniz Teixeira - Coop. Central dos Produtores Rurais de Minas
Gerais/Itambé
Guglielmo Agostini da Matta - Godiva Alimentos Ltda
Humberto Esteves Marques - Barbosa & Marques S/A
Ivan Teixeira Cotta Filho - Cottalac Indústria e Comércio Ltda
Jaime Antônio de Souza - Laticínios Bela Vista Ltda
João Bosco Ferreira - Coop. Central Mineira de Laticínios Ltda/Cemil
José Antônio Bernardes - Embaré Indústrias Alimentícias S/A
José Márcio Fernandes Silveira - Cristaulat
José Samuel de Souza - Coop. Agropecuária de Raul Soares Ltda
Juarez Quintão Hosken - Laticínios Marília S/A
Léo Luiz Cerchi – Scalon & Cerchi Ltda
Lúcia Alvarenga - Laticínios Lulitati Ltda
Marcelino Cristino de Rezende - Nogueira e Rezende Indústria de
Laticínios Ltda
Marcos Alexandre Macedo Narciso - Laticínios Vida Comércio e Indústria Ltda
Marcos Sílvio Gonçalves - Indústria de Laticínios Bandeirantes Ltda
Maurício Chucre de Castro Silva- Puroleite Industrial Ltda
Olavo Imbelloni Hosken - Laticínios Marília S/A
Ricardo Cotta Ferreira - Coop. Central dos Produtores Rurais de Minas
Gerais/Itambé
Rodrigo de Oliveira Pires - Brasil Foods S/A
Valéria Cristina Athouguia Dias - Indústrias Flórida Ltda
Vicente Roberto de Carvalho - Vicente Roberto de Carvalho e Cia. Ltda
Welson Souto Oliveira - Coop. de Laticínios Vale do Mucuri Ltda
Wellington Silveira de Oliveira Braga - Laticínios Bela Vista Ltda
Wilson Teixeira de Andrade Leite - Laticínios Vitória Ltda
CONSELHO FISCAL EFETIVO
José Nilton Gomes Barbosa - Coop. dos Produtores de Leite de Leopoldina
de Resp. Ltda
Luiz Fernando Esteves Martins - Barbosa & Marques S/A
Roberto de Souza Baeta - Cayuaba Agroindustrial Ltda
CONSELHO FISCAL SUPLENTE
Ana Paula Reis Lopes - Laticínios Nutrileite Ind. e Com. Ltda
Elias Silveira Godinho - Laticínio Sevilha Ltda
Ramiz Ribeiro Junqueira - Laticínios Curral de Minas Ltda
DELEGADOS JUNTO AO CONSELHO DE REPRESENTANTES/FIEMG EFETIVOS
Guilherme Olinto Abreu Lima Resende - Coaperiodoce
Francisco Rezende Alvarenga - Alvarenga & Cia. Ltda
DELEGADOS JUNTO AO CONSELHO DE REPRESENTANTES/FIEMG SUPLENTES
Luiz Fernando Esteves Martins - Barbosa & Marques S/A
Valéria Cristina Athouguia Dias - Indústrias Flórida Ltda
Jornalista responsável: Flávia Rios (06013 JP)
Projeto Editorial: Rede Comunicação de Resultado
Edição: Jeane Mesquita e Licia Linhares
Redação: Juliana Soares, Mariana Menezes, Rodrigo Zavagli, Tiago Penna
e Vanessa Soares
Projeto Gráfico, Diagramação e Ilustrações: Obah Design
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Mais Pecuária:
será?
Temos assistido ao longo dos últimos anos
esforços para a melhoria da qualidade e produtividade leiteira, exercidos pela indústria e pelos
governos, em suas esferas estadual e federal. Entretanto, nada é comparável aos objetivos do Mais
Pecuária, o plano mais ousado e mais completo já
visto no mercado da pecuária leiteira, lançado no
início deste ano pelo Governo Federal, e cuja sua
real implementação espero ver iniciada já em 2015.
Um dos grandes focos dessa nova atuação
está voltado para a exportação de leite. Quando
abordamos esse tema, tratamos implicitamente
de qualidade, produtividade e custos de produção competitivos, o que traz inúmeras vantagens
para a indústria. O conjunto de ações previstas
pelo Mais Pecuária, caso se efetivem, favorecerão
a cadeia produtiva do leite, de modo a inserir, definitivamente, o Brasil entre os players mundiais.
É importante ressaltar que o aumento da
produção ao volume pretendido deve ser trabalhado em paralelo com estímulo ao consumo
interno, por meio de ações de marketing que informem sobre a importância do consumo regular de laticínios. É fato: produção e consumo têm
que andar de mãos dadas, caso contrário, todo o
esforço para a melhoria de qualidade, produção
e produtividade será desperdiçado.
Durante os últimos anos, também temos
visto, infelizmente, um verdadeiro descompromisso do Governo Federal com o Serviço de
Inspeção Federal. A cada ano, mais e mais fiscais
federais agropecuários se aposentam sem que
aconteça a reposição necessária de pessoal. Sem
uma inspeção eficiente, não vislumbro horizonte claro para o crescimento do setor.
Essa questão esbarra diretamente na dificuldade de implantação do novo Regulamento
da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos
de Origem Animal (RIISPOA). Não é possível
pensarmos em uma indústria moderna sem a
contrapartida de legislação que permita desenvolvimento de produtos. A burocracia que hoje
impera desestimula a cadeia do leite.
Temos todas as qualidades e facilidades
para incorporarmos o que está no papel. Com
dedicação e trabalho firme poderemos encarar o futuro do leite no país como um negócio
promissor. Nele, estarão contemplados os produtores e as indústrias que, independentemente das políticas públicas, assimilarem os eixos
estruturantes mencionados, somados a um
modelo de gestão que assegure resultados consistentes. Quanto à implementação do Plano
Mais Pecuária, fica a nossa dúvida: será?
Boa leitura!
Guilherme Olinto
Presidente do Silemg
giro no MERCADO
A Lácteos Brasil (LBR) e a BRF, duas das maiores empresas do
segmento lácteo nacional, colocaram ativos à venda, o que deve refletir
em importantes mudanças no mercado.
O objetivo da BRF, que inclui as marcas Sadia, Perdigão, Batavo,
Elegê e Qualy Sadia, presente em mais de 120 países, é expandir ainda
mais a sua atuação. O caminho mais estratégico é a internacionalização, ou seja, fazer novas aquisições e parcerias com empresas do ramo
no exterior e, assim, aumentar as vendas. Além da parte láctea, a maior
parte da expansão será destinada para os produtos de cadeia agropecuária, como aves, suínos e bovinos.
Já para a LBR, colocar os seus ativos à venda significa redirecionar o negócio no mercado, bem como suas marcas Parmalat, Poços
de Caldas, Boa Nata, LeitBom, Bom Gosto, DaMatta, Ibituruna, São
Gabriel e Líder. Em fevereiro de 2013, a empresa entrou com um pedido
de recuperação judicial, com uma dívida de R$ 1 bilhão. Desde então,
vem adotando medidas de redução de custos e despesas. Uma delas foi
a diminuição do número de fábricas de 31 para 12.
Este movimento abre caminhos para um possível investimento da
francesa Lactalis, a principal do setor mundial. No ano passado, o seu
faturamento foi estimado em €15,7 milhões.
Ativos
à venda
Novo hábito entre os
brasileiros
Após voltar a ser comercializada no Brasil, a
Oreo, marca de biscoito recheado mais vendida
no mundo, lançou uma campanha publicitária para instigar no brasileiro o hábito de comer
biscoito com leite. Essa prática, muito presente
entre os consumidores norte-americanos, não é
vivenciada no Brasil.
Intitulada “Pai e Filho”, a propaganda mostra
a forma mundialmente conhecida de consumir
o produto: abrir, provar e curtir o biscoito
degustando um copo de leite. Esta é a segunda
ação de marketing da Oreo no país. Em fevereiro
deste ano foi lançada a campanha “Is This Love”,
que alcançou quase 5 milhões de visualizações
no YouTube. O filme comemora a chegada do
produto no Brasil. De acordo com a Associação
Nacional das Indústrias de Biscoitos (Anib), o
setor movimenta R$ 7 bilhões por ano no país.
Marca de biscoitos Oreo lança campanha publicitária em rede nacional
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Giro nos Associados
O Laticínios Verde Campo, há 14 anos no
mercado, se tornou a primeira empresa do setor brasileiro a fabricar alimentos com leite certificado pelo Programa Alimentos Seguros para a
Cadeia Produtiva do Leite (PAS-Leite). A iniciativa
avalia o controle sanitário de brucelose e tuberculose e as análises enviadas para as pesquisas de
resíduos de inibidores e antibióticos no leite.
Para conquistar a certificação, o laticínio
realizou treinamentos e consultorias com suas
equipes sobre a importância da organização e higienização dos processos de produção e verificou
o nível de higiene da ordenha, a qualidade do armazenamento e a segurança do leite.
O leite certificado está sendo usado na
produção de iogurte e produtos Lacfree. O certificado do PAS-Leite traz para o consumidor a
segurança e a garantia que o leite utilizado é confiável e que está livre de contaminantes químicos
e fraudes.
Fábio Antonialli
Pioneirismo no mercado
O produtor Agnaldo Gonçalves Pereira recebe certificado das mãos do diretor comercial do Laticínio
Verde Campo, Álvaro Gazolla
Entenda mais
O Programa PAS-Leite visa à adoção de boas práticas que resulta em um produto
com qualidade superior e maior valor agregado. São 112 itens de adequações para a
empresa. A iniciativa conta com o apoio do Sebrae Minas, Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa), Serviços Nacionais de Aprendizagem Rural (Senar) e Industrial (Senai) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, por meio
da Embrapa Gado de Leite.
Mais opções. Mais soluções.
A missão da SPX é oferecer soluções inovadoras para ajudar o mundo a atender à crescente demanda por alimentos de maior qualidade sem perder o
sabor. Com foco na inovação e no desenvolvimento, trabalhamos com componentes de alta qualidade e sistemas de engenharia personalizados a fim
de oferecer soluções completas para todo e qualquer processo. Escolha uma companhia líder de mercado com marcas que você conhece e confia.
BomBAS ∙ VálVulAS ∙ TroCAdorES dE CAlor ∙ HomogEnEizAdorES ∙ SiSTEmAS dE EVAPorAção E SECAgEm ∙ EquiPAmEnToS dE ProCESSo
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Rua João Daprat, 231 – São Bernardo do Campo, SP, Tel.: (11) 2127-8278, E-mail: [email protected]
Arquivo pessoal
PONTO DE VISTA
Metodologia
inovadora
Sistema Intensivo a Pasto com Suplementação
é alternativa para a criação de um pasto de
alta qualidade
* Por Dr. Wagner Beskow
Equilibrar alta produtividade por vaca e por hectare com baixo
custo por litro de leite produzido, obtendo alto resultado econômico
líquido e bem-estar animal, é a proposta do Sistema Intensivo a Pasto com
Suplementação (SIPS). Resultado de 21 anos de pesquisa, a metodologia
promove todos esses benefícios e gera satisfação aos envolvidos.
A metodologia é apresentada a empresas, cooperativas, sindicatos
e interessados por meio de palestras e cursos. O público-alvo é formado
por produtores, técnicos de diversos níveis, alunos e professores de áreas
relacionadas, e também por aqueles profissionais que desejam entrar na
atividade. Com o curso de capacitação sobre o SIPS, os participantes se
surpreendem como é possível tornar algo complexo, como é o nosso
setor, em uma solução simples de se operar.
O SIPS funciona como um conjunto de procedimentos, potencializando
a ingestão do alimento mais completa e barata que conseguimos produzir: o
pasto de alta qualidade. Porém, devido ao limite que a alimentação impõe,
de 17 litros produzidos por vaca ao dia, é preciso fornecer ao animal um
concentrado (“ração”) balanceado. Somado a isso, o Sistema Intensivo conta
com alternativas de minimização das oscilações sazonais de oferta de pasto,
começando por ajustes no manejo e podendo, também, utilizar irrigação,
silagem de milho e de cana-de-açúcar ou uma combinação entre os dois.
O estudo propõe, ainda, uma lógica totalmente diferente de
fornecimento de ração, baseada em pastagem, e não em confinamento
com base em silagem. Além disso, há um sistema próprio de criação de
bezerras, preparando-as para serem “pastejadoras” de alta produção por
cabeça. Sobretudo, a capacitação prepara os participantes para tomar o
controle do próprio negócio.
As diversas experiências com o SIPS têm conseguido resultados
excelentes, como o aumento em até 700% da renda líquida do produtor.
A produção por vaca chega a dobrar, a produção de leite por hectare
ao ano cresce três vezes e os custos são reduzidos em até 25%. Muito
mais leite com menos custo por litro: isso é ganhar duas vezes. O SIPS
também obtém retornos significativos em saltos de produção em
qualquer propriedade do país. Mas, para isso, é necessário visar ao
resultado econômico líquido e aceitar que são os próprios empresários,
produtores e técnicos o freio do avanço que desejam. O SIPS põe abaixo a
briga ideológica do confinamento versus pasto, mostrando que ambas as
escolas têm muito a nos ensinar, e o caminho mais inteligente é manter a
mente aberta, com os pés no chão.
*Pesquisador e consultor da Transpondo (www.transpondo.com.br)
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Valter Campanato
ENTREVISTA
Maior
competitividade
e mais qualidade
Para o deputado federal Antônio Andrade,
esses serão os resultados com a implantação
do plano Pecuária para a indústria laticinista
nos próximos anos
O Governo Federal lançou, em 17 de fevereiro deste ano,
por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Mais Pecuária. Criado com o objetivo de fomentar de forma sustentável a pecuária bovina de leite e de corte
em um período de dez anos, o plano vai se estruturar em dois programas, o Mais Leite e o Mais Carne (confira na pág. 8).
Dentre as ações previstas para o Mais Leite, estão o estímulo ao
aumento do uso de inseminação artificial no país e de reprodutores
nacionais melhorados no comércio de sêmen. A meta é de que 50%
das doses de sêmens comercializadas venham de touros nacionais e
25% do rebanho seja inseminado.
O Mais Leite também visa elevar o consumo de leite e derivados, além de expandir as exportações. Estima-se que o consumo de
leite pelo brasileiro aumente em mais de 20% e que 210 litros sejam
consumidos por habitante ao ano. Outro crescimento esperado é
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Deputado federal Antônio Andrade avalia os benefícios do programa
Mais Pecuária para o setor nacional
a exportação de pelo menos 1,5 bilhão de litros de leite/ano. Para
isso, a meta é capacitar 650 mil produtores e trabalhadores rurais
até 2023, além de 10 mil técnicos que atuam no campo.
Segundo o Mapa, a iniciativa privada é vista como parceira no
plano, por meio da aplicação de créditos tributários do PIS/Cofins
em projetos de fomento direcionados ao fornecedor do leite. Porém, a renegociação com a indústria ainda não foi concretizada.
Para falar sobre o plano Mais Pecuária e as perspectivas do
mercado laticinista para os próximos anos, o Silemg Notícias convidou o deputado federal e ex-ministro da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento Antônio Andrade. Confira o bate-papo a seguir.
Como o senhor avalia o atual cenário da pecuária leiteira
no país?
A pecuária de leite no Brasil vem passando por grandes transformações. Todos os sistemas de produção de leite evoluíram mui-
“À semelhança do que ocorre
com a pecuária de corte, cremos
que com as ações propostas
no plano, tenhamos um setor
leiteiro ainda mais competitivo,
capaz de alimentar nossa
população com produtos
de qualidade e exportar os
excedentes”
to, especialmente, no aspecto tecnológico. No passado, importávamos tecnologias, que nem sempre funcionavam em nosso país.
Com a Embrapa e as universidades nós adaptamos, desenvolvemos
e criamos tecnologias. O atual cenário é que possuímos uma pecuária leiteira capaz de ser competitiva mundialmente.
O Governo Federal lançou, em fevereiro, o plano Mais Pecuária. Quais ações previstas e benefícios gerados o senhor destacaria?
Nosso entendimento é que, para o setor laticinista, haverá uma grande melhoria na qualidade do leite produzido no país.
Destacaria o eixo de Incorporação de Tecnologia, que visa promover
ações que levem as tecnologias geradas pela nossa pesquisa para o
produtor rural.
Diante das ações propostas pelo Governo, como senhor
vislumbra o setor leiteiro nos próximos 10 anos?
À semelhança do que ocorre com a pecuária de corte, cremos
que com as ações propostas no plano tenhamos um setor leiteiro
ainda mais competitivo, capaz de alimentar nossa população com
produtos de qualidade e exportar os excedentes, ajudando no superávit de nossa balança comercial e fortalecendo a economia do país.
Qual é o caminho para a indústria mineira continuar como
líder do setor e ampliar seu crescimento?
A indústria mineira, pela tradição histórica e competência demonstrada, para crescer e consolidar a liderança, deve permanecer
fiel aos seus princípios, isto é, trabalhar intensamente, de maneira
leal a seus fornecedores de leite e consumidores, com foco na qualidade e excelência dos produtos, que distinguem Minas Gerais de
todo o país.
O Regulamento de Inspeção Industrial de Produtos de Origem Animal (RIISPOA) vem passando por uma revisão desde
o ano passado. Qual a importância desse documento e de sua
atualização para a indústria de laticínios no país?
A modernização do RIISPOA sempre foi uma prioridade na
minha gestão à frente do Mapa. É necessário modernizar este regulamento, pois, hoje, os tempos são outros, especialmente quando
comparado à década de 1950, ocasião de sua publicação. A indústria precisa de um regulamento compatível com as inovações tecnológicas que transformaram os processos produtivos.
Em que ponto está a revisão do documento? Qual é a previsão para que novo RIISPOA seja sancionado pelo Governo e
aplicado na prática?
Antes de minha saída do Mapa, finalizamos a revisão do documento e o submetemos à Casa Civil da Presidência da República
para sua publicação. Nossa expectativa é que a aplicação seja imediata, tão logo seja publicado.
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Fotos: Shutterstock
capa
Maior
competitividade
e eficiência
Plano Mais Pecuária do Governo Federal pretende aumentar a produção,
produtividade, consumo interno e exportação de leite no país
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Para o Governo Federal, a produção de leite e de carne é vista como
prioritária e tem potencial para ampliar significativamente o alcance de
sua produção nacional. Atualmente, cerca de 115 mil produtores, 8,5% dos
estabelecimentos, são responsáveis por mais de 53% do leite produzido no
país, ou seja, a grande maioria, 91,5%, produz 46,9% do total necessário.
A fim de melhorar a produtividade e competitividade da pecuária
bovina de leite e de corte, o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou, em fevereiro de 2014, o Plano Mais Pecuária,
com a contribuição da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de câmaras setoriais, de parlamentares e do setor produtivo.
O programa projeta aumentar a produção nacional para 46,8
bilhões de litros de leite por ano e a produtividade em 40%, passando de 1,4 mil litro de leite por vaca ao ano para 2 mil litros e
crescendo em dez vezes o total de leite a ser exportado, alcançando
a marca anual de 1,5 bilhão de litros. Atualmente, são exportados
quase 150 milhões de litros por ano.
A execução do Plano Mais Pecuária será realizada por meio dos
programas Mais Leite e Mais Carne, e cada um deles contará com
projetos e ações desenvolvidos dentro de quatro eixos estruturantes: Melhoramento genético; Ampliação de mercado; Incorporação
de tecnologias; e Segurança e qualidade dos produtos.
O primeiro âmbito pretende disponibilizar até 2023 252 mil touros reprodutores por ano e permitir que a oferta de sêmen de gado
leiteiro nacional seja de pelo menos 50%. O segundo busca expandir
o consumo interno do leite em 23%, além de ampliar as exportações
de derivados do produto. Já o terceiro eixo investirá na capacitação e
assistência técnica em manejo alimentar, saúde e nutrição de 10 mil
técnicos e 650 mil trabalhadores e no desenvolvimento de pesquisas
e projetos para soluções tecnológicas. Por fim, o quarto eixo pretende
inspecionar com rigor todo o leite captado pela indústria, para diminuir a incidência de zoonoses e combater a clandestinidade no abate.
De acordo com João Cruz Reis Filho, chefe da Assessoria de
Gestão Estratégica do Mais, a expectativa é que o Plano Mais Pecuária transforme o setor e promova o crescimento e a competitividade do mercado: “Esperamos que esse programa tenha um efeito catalisador na pecuária nacional, seja ela de leite, seja de corte. Nosso
objetivo é elevar a competitividade da pecuária por meio das ações
coordenadas pelos seus quatro eixos”, explica.
A busca por esses resultados também é compartilhada por Guilherme Olinto, presidente do Silemg: “Esta é a iniciativa mais ousada
e mais completa que vimos nos últimos anos para a pecuária leiteira.
Assistimos esforços para a melhoria da qualidade e produtividade do
leite exercidos pela indústria e pelos governos, entretanto, nada comparável aos objetivos do Plano Mais Pecuária”, acrescenta.
As metas e sua total implementação são de curto, médio e longo
prazo, e estão previstas para serem efetuadas nos próximos dez anos.
O sistema de gestão do programa será realizado pelo Ministério da
Agricultura, por meio de um comitê gestor e um comitê executivo.
O futuro da produção leiteira
Em outubro de 2013, a Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo (Fiesp) divulgou um documento intitulado Outlook Fiesp
2023: projeções para o agronegócio brasileiro. A partir de diversas pesquisas sobre informações nacionais e internacionais e da análise do
setor primário da cadeia produtiva do leite, foram estabelecidos possíveis cenários da perspectiva do agronegócio brasileiro para 2023,
explicitados no documento.
O Mais Leite e Mais Carne serão desenvolvidos dentro dos eixos Melhoramento
genético; Ampliação de mercado; Incorporação de tecnologias; e Segurança e
qualidade dos produtos
De acordo com o diagnóstico, o Brasil é hoje o sexto maior produtor de leite do mundo, com 5% de participação ou 32,9 milhões de toneladas ao ano, no entanto, sua presença nas exportações ainda ocorre
de forma tímida, e as importações do país, convertidas em “equivalente
leite fluido”, representam apenas 3,5% do consumo doméstico.
Analisando de forma conservadora, o cenário de lácteos considera a hipótese de que o Brasil manterá sua presença atual no comércio mundial, importando somente produtos específicos, como
queijos e leite em pó, mas, não em quantidades crescentes. Porém,
de acordo com o estudo, há uma pequena possibilidade de o país se
tornar relevante no mercado internacional na próxima década.
Guilherme Olinto concorda e diz que, caso o Plano Mais Pecuária seja efetivado em sua totalidade, será possível colocar o Brasil
entre as potências mundiais de exportação. No entanto, ele alerta:
“O conjunto de ações previstas no plano, caso se efetive, favorecerá
a cadeia produtiva do leite, de modo a inserir de forma definitiva
o Brasil entre os players mundiais. Mas, o crescimento da produção tem que vir acompanhado do crescimento de consumo; caso
contrário, todo o esforço para melhoria de qualidade, produção e
produtividade irão por água abaixo”.
Segundo João Cruz, as ações do Plano Mais Pecuária contribuirão
para que os produtos sejam qualificados e ganhem mais espaço no comércio internacional. “O eixo Ampliação de Mercado, por exemplo, terá
como foco a expansão do consumo interno e a inserção internacional.
As atividades complementares das secretarias de Desenvolvimento
Agropecuário e Cooperativismo, por meio do fomento, e de Defesa
Agropecuária, por meio da inspeção, garantirão os atributos de qualidade do nossos produtos para os próximos anos”, vislumbra.
Boas perspectivas
A produção
brasileira de leite
crescerá 3,2% ao
ano, partindo de
32,9 bilhões de
litros em 2012
para 46,7 bilhões
de litros em 2023.
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O estudo da Fiesp estima que a produção brasileira de leite crescerá 3,2% ao ano, partindo de 32,9 bilhões de litros em 2012 para 46,7
bilhões de litros em 2023. Após a elaboração do Plano Mais Pecuária
e das metas estabelecidas pelo Mais Leite, as expectativas do setor são
de que esses números aumentem consideravelmente.
Porém, será necessário aprimoramento do serviço oferecido pelo
Governo e a desburocratização na indústria láctea para que o programa se desenvolva em sua plenitude. “Temos que transpor algumas barreiras igualmente difíceis. A primeira é a fonte financeira de custeio do
plano. A segunda é o investimento em pessoal a ser contratado pelo
Mapa. Sem serviço eficiente de inspeção não enxergo horizonte claro
para crescimento do setor”, detalha Guilherme Olinto. “Outra questão
que dificulta o crescimento da cadeia é a longa espera pela implantação do novo Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal. Não é possível pensarmos uma indústria moderna sem a contrapartida de legislação que permita desenvolvimento
de novos produtos e sem a burocracia que hoje impera e desestimula
a cadeia do leite”, finaliza.
Assessoria de Comunicação Social/UFV
RADAR ACADÊMICO
Inovação no
mercado
Pesquisa da UFV permite utilizar o soro do leite na
produção de bebidas isotônicas
Tecnologia: Isotônico elaborado à base de soro do leite produzido
pela indústria de laticínios
Pesquisador responsável: Edimar Aparecida Filomeno Fontes, professora do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade
Federal de Viçosa
Um grupo de pesquisadores do departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), tem se dedicado a um
projeto de produção de bebidas isotônicas com o uso do soro do leite.
O início da pesquisa aconteceu em 2008, ano em que a professora e
pesquisadora de Tecnologia de Alimentos, Edimar Fontes, passou a integrar
o corpo docente da instituição e coordenar o estudo da produção dos isotônicos. Na ocasião, outros profissionais da área, como os seus atuais parceiros, Paulo César Stringheta e Antônio Fernandes Carvalho, já se dedicavam
às pesquisas com sistemas de membranas, inovação tecnológica utilizada
por laticínios com diferentes finalidades, como a esterilização de leite.
Um dos principais experimentos do grupo tem como objetivo o isolamento da proteína do soro, componente aplicado em diversos setores da indústria alimentícia, a exemplo da produção de suplementos. Além da proteína,
o soro é composto por lactose, minerais e vitaminas hidrossolúveis. Quando a
proteína é retida, o restante, que ao passar pelas membranas de ultrafiltração
recebe o nome de permeado, apresenta uma composição natural muito semelhante às bebidas isotônicas produzidas no mercado. E ainda tem a vantagem
de não conter aditivos químicos, como conservantes e corantes artificiais.
Ao longo da cadeia produtiva das indústrias de laticínios, quantidades consideráveis de componentes do leite são reaproveitadas para ou-
Professora Edimar Fontes coordena estudo para produção de isotônico à
base de soro de leite
tros fins, entre eles, o soro. Na fabricação de queijos, por exemplo, aproximadamente 75% da produção são compostas pelo soro de leite. Nesse
sentido, a possibilidade da fabricação da bebida isotônica representa o
aproveitamento de 100% do principal ingrediente desse tipo de indústria.
Outra vantagem é que, como muitos laticínios já possuem a tecnologia
de membranas e a operação não apresenta altos graus de complexidade,
a necessidade seria apenas de treinamento dos operadores.
“No momento, estamos em processo de registro de patente. Estudos que visam avaliar a possível aceitação do produto no mercado, a
adaptação à legislação e a viabilidade da produção e distribuição ficariam
a cargo de possíveis parceiros da iniciativa privada que possam se interessar pelos nossos resultados”, explica Edimar.
Algumas vantagens competitivas já foram identificadas. Além de permitir a utilização de 100% do leite, este novo processo oferece, naturalmente, nutrientes ricos não presentes nos isotônicos do mercado, como
as vitaminas do complexo B e os sais minerais fósforo, cálcio e magnésio.
Bebidas isotônicas
O suor provocado pela prática de esportes e atividades físicas tem
como consequência a perda de líquidos e sais minerais, que são importantes para o equilíbrio do organismo. Desenvolvidos com a finalidade de repor líquidos e eletrólitos perdidos no suor, os isotônicos
são bebidas à base d’água, sais minerais (essencialmente sódio e potássio) e carboidratos. Recebem esse nome por possuírem a fórmula
próxima ao do plasma, facilitando a absorção orgânica.
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Fotos: Escadas Produções
CONTANDO
trilhas
de HISTÓRIAS
minas
As cachoeiras de Baependi são conhecidas por suas características termais e terapêuticas
O paraíso do Circuito das Águas
Natureza, lazer, tranquilidade e instâncias terapêuticas em um só lugar
A região Sul de Minas Gerais é conhecida por sua tranquilidade e
belezas naturais, com paisagens formadas por vales, montanhas, serras
e cachoeiras. O clima frio e aconchegante das montanhas é um convite
para os amantes de esportes ao ar livre, como o ecoturismo.
É também em meio a Serra da Mantiqueira que o turista encontra o
Circuito das Águas, com suas instâncias hidrominerais com propriedades
medicinais e terapêuticas. São diversas fontes e balneários para banhos, massagens e momentos de harmonia e equilíbrio para o corpo e a mente. Além
de diversos parques naturais com espécies de fauna e flora preservadas.
O Circuito das Águas integra dez municípios: São Lourenço e Caxambu, que são as cidades-polo, Cambuquira, Lambari, Baependi, Campanha, Heliodora, Conceição do Rio Verde, Carmo de Minas e Soledade
de Minas. Quem viaja para momentos de descanso e relaxamento nas
águas termais encontra uma rica paisagem histórica nas cidades, com
casarões e museus, e uma gastronomia diversa, com doces, iogurtes e
queijos caseiros, feitos pelos diversos laticínios localizados na região.
Um deles é o Laticínio Fazenda Areado, na cidade de Heliodora.
Fundada por Mendes Ferreira, em 1996, a indústria é responsável
pela produção do iogurte Top Milk, vendido para comércios locais e
de cidades do estado de São Paulo. “Só fabricamos para o segmento
de iogurtes e o nosso diferencial é o uso apenas de leite integral em
sua preparação, uma característica difícil de encontrar no mercado
na atualidade”, revela o empresário.
Segundo ele, esse diferencial competitivo chama muito a atenção dos visitantes que vão à cidade para conhecer as instâncias hidrominerais. “Temos muitos compradores que são turistas. Eles chegam
em Heliodora, conhecem o nosso produto e, na maioria das vezes,
vêm pessoalmente até a fazenda para comprar.” O Laticínios Fazenda
Areado produz, em média, 140 toneladas de iogurte por mês, nos
sabores morango, pêssego, coco e banana, maçã e cereais.
Matéria-prima diferenciada
Divulgação
Na cidade vizinha Soledade de Minas está o Laticínio Leite Alvorada,
especializado na produção de queijos finos Val di Fiemme. Desde 1993, o
seu proprietário Vicente Marin Munhoz vem inovando no mercado, com
a fabricação de produtos com matéria-prima especiais, como é o caso do
leite de ovelhas. “Buscamos sempre o diferencial. Por isso, implantamos
um novo pasto em nossa fazenda e começamos a criar ovelhas e, agora,
estamos produzindo queijos a base do leite delas”, revela Vicente.
A fábrica produz por dia, em média, 1.800 Kg de queijos com
leite de vacas de 11 tipos diferentes e 100 Kg com leite de ovelhas de
seis tipos. O empresário explica que essa diversidade atrai os olhares dos turistas que visitam a cidade. “Eles ficam curiosos quando
encontram tantas variedades de queijos. Para anteder melhor o consumidor, montamos uma loja na estação de trem da cidade e oferecemos uma degustação dos queijos”, detalha o empresário.
Os produtos podem ser encontrados ainda em algumas cidades dos
estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Mato Grosso, Brasília e em alguns comércios de Belo Horizonte.
O Lacticínio Leite Alvorada é especializado na produção de queijos finos Val di Fiemme
Parque das Águas em Caxambu atrai turistas de diversas partes do país
Águas termais
Conheça mais sobre as cidades que integram o Circuito das Águas:
São Lourenço: a grande atração é o Parque das Águas, com seis fontes minerais e terapêuticas.
Caxambu: o Parque das Águas, com 12 fontes de águas minerais,
tem a maior concentração de águas carbogasosa do mundo, que são ricas
em sais minerais.
Baependi: destaca-se pelos passeios de ecoturismo, como trilhas
nas montanhas, trekking, rapel, montanhismo e alpinismo.
Cambuquira: encontramos o Pico do Piripau, uma rampa natural a
1250 metros de altitude, ideal para a prática do voo livre.
Campanha: é a mais antiga cidade do Sul de Minas, com diversas
cachoeiras e fontes termais.
Carmo de Minas: conserva a tranquilidade das cidades do interior
de Minas. Possui diversas fontes, cachoeiras e montanhas, como o Pico
Agudo, que proporciona uma vista panorâmica da cidade e das montanhas em volta.
Conceição do Rio Verde: o Parque das Águas de Contendas oferece
fontes hidrominerais gasosa, ferruginosa, alcalina e magnesiana, ideias para
ajudar nos problemas respiratórios de alergias, pressão arterial, sequelas reumáticas, sistema nervoso como estresse, dores musculares e para a pele.
Heliodora: cidade serrana com montanhas, cachoeiras, fontes e
grutas. Para os praticantes de alpinismo, há montanhas como Pão de Açúcar, Pedrão e Pedra do Ovo.
Lambari: possui seis fontes de águas terapêuticas no Parque das
Águas, além de piscinas e duchas de águas minerais. As águas medicinais
são usadas para beber e como remédios medicinais.
Soledade de Minas: destaca-se pelos trabalhos artesanais de palha a
taboa e argila e produção de mel e doces caseiros, que podem ser encontrados na Feira de Artesanato.
CONTANDO
SAÚDE
COMHISTÓRIAS
SABOR
Um aliado
muito saudável
O consumo de iogurte com
baixo teor de gordura ajuda na
prevenção do diabetes tipo 2
Para controlar e prevenir o diabetes tipo 2, fique
atento às seguintes orientações, dadas pela nutricionista Roberta Rodrigues:
• Beba 2 litros de água por dia.
• Se alimente a cada 3 horas.
• Evite doces, chocolates, refrigerantes, entre outros
alimentos que contêm açúcar em sua composição.
• Não consuma frutas em conservas ou enlatadas, pois
elas são preparadas com caldas contendo açúcar.
• No lugar do sal, tempere a comida com ervas (cebola, salsinha, coentro).
• Evite o consumo de produtos ricos em calorias,
gorduras e sal como batata frita, salgadinhos, sanduíches e enlatados.
no sangue – uma condição conhecida como hiperglicemia. Isso ocorre
porque o organismo não utiliza de forma correta a insulina (hormônio
produzido pelo pâncreas, que permite a entrada de glicose nas células
para ser transformada em energia), impedindo que as células do corpo
absorvam a glicose de modo adequado.
O endocrinologista Wilson Miranda explica que a doença está
ligada à genética, mas, também, ao estilo de vida do paciente. “É importante ter controle e uma alimentação saudável e praticar exer-
Shutterstock
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a diabetes tipo 2 está entre as doenças que mais preocupam os órgãos
de saúde pública, devido ao número cada vez maior de pessoas que
a desenvolvem. Estima-se que 371 milhões indivíduos no mundo
têm diabetes tipo 2, dos quais 13,4 milhões são brasileiros, o que
leva o Brasil a ocupar a 4ª posição na lista dos países que apresentam a doença, atrás da China, Índia e Estados Unidos, respectivamente. O diabetes tipo 2 está ligado ao aumento dos níveis de açúcar
Hábitos saudáveis
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cícios físicos. Das pessoas que são portadoras de diabetes, cerca de
90% apresentam o diabetes tipo 2. Ela ocorre, geralmente, em pessoas
obesas com mais de 40 anos de idade, embora na atualidade é diagnosticada com maior frequência em jovens, em virtude de maus hábitos alimentares, sedentarismo e estresse da vida urbana”, acrescenta.
Para evitar o aumento desta estatística, é preciso se conscientizar em relação às formas de prevenção. A simples adoção de iogurtes com baixo teor de gordura (inferiores a 3,9%) na dieta é uma
delas. Os resultados de uma pesquisa feita pela Universidade de
Cambridge, na Grã-Bretanha (Inglaterra), apontam que esse produto é um grande aliado para diminuir os riscos. Os resultados foram
publicados em março deste ano, na revista especializada Diabetologia da Associação Europeia para o Estudo de Diabetes (EASD).
O estudo comparou os hábitos alimentares de pessoas com e
sem a doença e descobriu que a prevalência do diabetes é significamente menor entre aquelas que consomem o iogurte com baixo
teor de gordura, ao menos quatro vezes por semana. Quatro copos
de 125 gramas do alimento semanal reduz até 28% o risco de diabetes. Em uma análise complementar, os pesquisadores descobriram
que substituir lanches (bolos, biscoitos e salgados) pelo iogurte re-
Qual a
diferença?
sulta em um risco 47% inferior para a diabetes tipo 2. Também foi
apontado que outros laticínios com baixo teor de gordura, como o
queijo cottage, contribuem para a prevenção em até 24%.
Como se prevenir
A nutricionista Roberta Rodrigues conta que o mercado oferece uma variedade de iogurtes com baixo teor de gorduras. “Podemos encontrar nas prateleiras várias marcas com os produtos
desnatados, light e zero. O iogurte é um alimento rico em nutrientes essenciais à saúde, como cálcio, vitamina A, Complexo B e sais
minerais, por isso, é um alimento que pode ser consumido sempre.”
Ela também orienta que o paciente diabético ou com risco de
desenvolver a doença deve ser estimulado a consumir alimentos ricos em fibras, que podem ser servidos com iogurtes. “Elas são importantes para ajudar a manter os níveis de glicose normais, pois
diminuem o tempo de esvaziamento do estômago, dificultando a
absorção de glicose. Pode-se, então, acrescentar algumas fontes de
fibras, como aveia, cereais integrais, linhaça e frutas ao iogurte, fazendo uma perfeita combinação”, finaliza.
Diabetes 1
Diabetes 2
É uma doença autoimune, em que
o organismo produz pouca ou nenhuma insulina. É necessário que o
paciente tome doses diárias de insulina para manter o controle da glicose. Menos de 10% dos diabéticos
têm a doença.
A maior incidência é por fatores hereditários e acomete mais os indivíduos na fase adulta. O nível de insulina no organismo é normal, mas os
tecidos se tornam resistentes a sua
ação, o que impede a absorção da
glicose, gerando o aumento da taxa
de açúcar na corrente sanguínea.
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