Pecuária Sustentável na Prática

Transcrição

Pecuária Sustentável na Prática
Pecuária Sustentável
na Prática
1
Pecuária
Sustentável
na Prática
2ª Publicação do GTPS desenvolvida a
partir da consolidação das palestras
apresentadas durante o VI Seminário
Pecuária Sustentável na Prática do Grupo
de Trabalho da Pecuária Sustentável
realizado dia 27 de novembro de 2013 em
São Paulo, na sede da Dow Brasil.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
3
Comissão Executiva
Presidente
Eduardo Bastos
Vice-Presidente
Mauricio Campiolo
Tesoureiro
Fernando Sampaio
Coordenadora Executiva
Sheila Guebara
VI Seminário
Equipe de organização GTPS/Dow
Publicação
Abdias Machado
Bianca Ramirez
Carlos Eduardo Mantovani
Cecília Souza
Gustavo Strambeck
Sheila Guebara
Abdias Machado
Carlos Eduardo Mantovani
Gustavo Strambeck
Sheila Guebara
Elaboração e Revisão de Texto: Luiz Antônio Pinazza
Projeto Gráfico e Diagramação:
Dennis Coelho (AG Futuro)
Gráfica: Extra Copy
Fotos: Allan Richner
Organização Geral do VI Seminário –
Wenter Eventos
Renato Wenter / Willian Rudner
FOTO
5
Pilares do GTPS
Aprovados na Segunda Assembleia Geral Ordinária do GTPS em 14 de Abril de 2011, São Paulo
7
Associados
8
Associados
9
Comissão Executiva – gestão 2012-2015
Presidente
Eduardo Brito Bastos (Dow)
Vice-Presidente
Mauricio Campiolo (ACRIMAT)
Tesoureiro
Fernando Sampaio (ABIEC)
Conselho Diretor
Produtores
•
•
•
•
ACRIMAT – Mauricio Campiolo
ASSOCON – Bruno Andrade
FAMASUL - Eduardo Riedel
Suplente: Novilho Precoce - Alexandre Scaff
Indústria
•
•
•
•
JBS – Márcio Nappo
Marfrig – Mathias Almeida
ABIEC – Fernando Sampaio
Suplente: Minerva – Taciano Cusódio
Instituições Financeiras
•
•
•
•
Organizações da sociedade Civil, Organizações
Sindicais de Trabalhadores e outros
•
•
•
•
Aliança da Terra – Marcos Reis
TNC – Francisco Fonseca
WWF Brasil – Ivens Teixeira
Suplente: APPS - Alcides Torres
Comércio e Serviços
•
•
•
•
Dow – Eduardo Bastos
Stoller – Rodrigo Ferreira
Wal Mart – Tatiana Trevisan
Suplente: Agrotools - Sergio Rocha
IFC - Mariel Reyes
Santander – Christopher Wells
Rabobank – Luiz Amaral
Suplente: Banco do Brasil - Ivandré Montiel
Conselho Fiscal
André Bartocci
Fazenda N. S. das Graças
10
Paulo Pianez
Carrefour
Sebastião Faria
MSD Saúde Animal
Sumário
Mensagens Iniciais .................................................... 10
Programa GTPS ......................................................... 17
Painel 1 ..................................................................... 21
Painel 2 ..................................................................... 25
Painel 3 ..................................................................... 28
Painel 4 ..................................................................... 32
Painel 5 ..................................................................... 37
Painel 6 ..................................................................... 43
Painel 7 ..................................................................... 49
Comissões ................................................................. 53
Programas do BNDES ................................................ 58
Cases de Sucesso ...................................................... 65
11
Mensagens Iniciais
Eduardo Brito Bastos: Presidente de Grupo de trabalho da Pecuária Sustentável e Diretor de
Relações Institucionais da Dow
Luiz Carlos Corrêa Carvalho: Presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG)
Sergio Margulis: Secretário para o Desenvolvimento Sustentável da Secretária de Assuntos
Estratégicos (SAE) da Presidência da Republica
Celso Vainer Manzatto: Chefe Geral da Embrapa Meio Ambiente
Francisco Sergio Ferreira Jardim: Superintende Federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA)
Francisco de Oliveira Filho: Diretor de Política para o Controle do Desmatamento do Ministério
do Meio Ambiente (MMA)
Eduardo Brito Bastos
Quando falamos do começo, em 2007, temos
na memória as 17 entidades com o sonho de
desenvolver um trabalho diferente. Tínhamos,
naquela época, uma demanda muito forte por
causa do desmatamento, em particular no Bioma
Amazônia. Chegamos, hoje, com mais de sessenta
membros, além dos observadores, que permeiam
toda a cadeia produtiva da pecuária. Não podemos
esquecer a importância econômica desse setor, de
quase US$ 170 bilhões, com geração de empregos
diretos e indiretos, com recorde na exportação de
mais de US$ 6,0 bilhões em 2013.
O brasão do município de São Paulo registra a
mensagem significativa de “eu não sou conduzido, eu
12
conduzo”. Podemos tomar essas palavras provocativas
para cobrarmos a nossa obrigação de conduzirmos a
pecuária brasileira, pela sua importância global.
Criamos e ajudamos a criar a mesa redonda
de pecuária sustentável aqui no Brasil e em outros
países do mundo, como na Colômbia, no Canadá, na
Austrália. Estamos diante da expectativa de formála também nos Estados Unidos. Dessa maneira,
estabelecemos um diálogo global mais franco e
aberto. Por isso, precisamos mostrar de forma
contundente as nossas realizações no território
brasileiro. Esse é o objetivo deste Seminário Pecuária
Sustentável na Prática, no sentido de mostrar as
realizações do homem real, no mundo real.
Teremos as apresentações de sete projetos
desenvolvidos em cinco estados nacionais. É o
começo dos passos para frente debaixo desse
guarda chuva maior representado pelo GTPS. A
área abrangida envolve um milhão de hectares,
para o Brasil pode isso representar territórios
pilotos, mas a sua representatividade corresponde
à metade do tamanho da Bélgica. As dimensões e
desafios brasileiros são de largas escalas. Quando
olhamos o potencial da pecuária para liberar áreas
para outras atividades, como os grãos e a cana-deaçúcar, o resultado será aumento da produção e
riqueza para a sociedade em geral. Temos gente e
unidos daremos essa contribuição.
Luiz Carlos Corrêa Carvalho
O GTPS representa a possibilidade de integração
dos setores públicos e privados no sentido de
desenvolver as políticas de sustentabilidade que
caracterizam o Brasil. Sentimos neste século um
amadurecimento daqueles com a possibilidade de
produzirem em larga escala de maneira sustentável.
Vivemos também um tempo de insegurança alimentar
e energética, em que Estado brasileiro aparece
como a bola da vez em termos de oportunidade de
negócios, apesar das suas dificuldades.
Discutir os princípios, critérios, mensuração na
visão da cadeia produtiva mostra a fase de ruptura
experimentada pela pecuária. Isso leva tempo para
ser entendido e avaliado. Existem muitas pessoas
com visão de popa e preconceituosa. O GTPS
parte de um olhar de proa. Não enxergaremos
o futuro com olhos voltados para o passado.
Temos de mostrar soluções, sem ficar apenas nas
apresentações de problemas.
Sérgio Margulis
Esse é um momento importante para o governo
federal. Como devemos assinar uma parceria com o
GTPS , gostaríamos de registar a nossa satisfação em
fazer parte deste evento. Muitas vezes pode parecer
confortável ficar em Brasília, com a formulação de
propostas para otimizar o Brasil. Mas, não existe nada
mais importante do que o real, essa possibilidade de
contato com o setor produtivo, aquele que faz e está
com a mão na massa. Estamos otimistas e ansiosos
com o andamento futuros desses trabalhos objetos
do seminário.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
13
Celso Vainer Manzatto
Precisamos aumentar a produção, mas mostrar
a intensificação produtiva da pecuária nacional, em
particular nas últimas duas décadas. Na verdade,
desde o início do levantamento dos dados censitários
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), essa atividade cede áreas as explorações
agrícolas. Isso só é possível devido à intensificação
produtiva. A Embrapa compartilha com essa visão do
GTPS, em termos de tecnologia, produtos e serviços.
Não muito distante teremos desafios com relação
às métricas de sustentabilidade. Enquanto batemos
recordes em nossas exportações, com certeza os países
importadores requisitarão informações, com análise e
dados sobre a produção sustentável da pecuária.
Na Embrapa possuímos dois movimentos muito
grandes. O primeiro ligado a Integração lavoura,
pecuária e floresta, das quais muitas instituições aqui
presentes são parceiras no esforço de disseminação
e consolidação dessa tecnologia. O segundo
com respeito aos projetos para avaliar todos os
coeficientes relacionados às emissões dos gases
de efeito estufa, considerados importantes para os
trabalhos em curso no Painel Intergovernamental
para as Mudanças Climáticas (IPCC), principalmente
pelo fato arriscado da pecuária ser apresentada
como a vilã ambiental.
Por fim, temos de destacar e fortalecer a
necessidade de apresentarmos estudos com a
abrangência de integral da cadeia produtiva nos
fóruns internacionais. A nossa estratégia, portanto,
passa por uma sintonia cada vez mais próxima da
Embrapa com o GTPS.
Francisco Sergio Ferreira Jardim
Quando cheguei em São Paulo, no início dos
anos setenta, recém formado em veterinária na
Universidade Estadual do Norte Fluminense, tive
a oportunidade de participar de um evento na
Federação da Agricultura do Estado de São Paulo
(FAEASP), para discutir um plano estratégico sobra a
14
pecuária nacional. Naquela conjuntura era prioritário
reverter a nossa situação de grande importador
de alimentos. Para sanar a falta de uma estrutura
institucional para organizar e produzir conhecimento
foi criada a Embrapa, sendo que para disseminá-las
foram montadas as rede de EMATER´s ( Empresas
de Assistência Técnica e Extensão Rural). Tínhamos
de sair da agricultura litorânea, para ocuparmos outras
áreas centrais de trópicos úmidos, cerrados e semiáridos. Assim, começou uma forte migração em direção
as essas regiões. Paralelamente, houve também muito
investimento na infraestrutura física para a formação
da indústria de transformação e de insumos.
Passados quatro décadas, chegamos ao quinto
posto na produção de alimentos. No cenário da
geopolítica mundial para as próximas décadas, os
Estados Unidos se consolidam como fornecedores de
informação, as áreas indústrias e serviços vão para a
China e Índia, o turismo para a Europa e a produção
de alimentos para o Brasil.
Com muita discussão democrática aprovamos
o Código Florestal, temos agora que discutir
estrategicamente as novas tecnologias no
caminho das condições sustentáveis. O Programa
da Agricultura de Baixo Carbono (ABC) faz parte
de um trabalho conjunto entre o MAPA e o
Ministério do Meio Ambiente (MMA). Avançamos
na parte sanitária, com a conquista do status livre
da aftosa com vacinação para 90% do rebanho.
Positivamente, com formação de mão obra e
parceira pública e privada o Brasil cumprirá o seu
desiderato no agronegócio.
Francisco de Oliveira Filho
Somos membros e consideramos apropriado o
modelo de trabalho conjunto adotado pelo GTPS
para o Brasil desenvolver a atividade produtiva de
forma sustentável. O seu nascimento aconteceu
em 2007, justamente quando se firmava as
discussões sobre a moratória da soja. Esses
são dois marcos importantes de integração de
trabalho entre a área de produção e a ambiental.
Com posições isoladas e radicais não chegamos a
nenhum lugar. O Código Florestal, por exemplo,
foi fruto de uma discussão intensa, mas conjunta.
Contamos agora com o Cadastro Ambiental Rural
(CAR), que constitui um instrumento poderoso, a
ser agregado a outros existentes.
Os esforços para o controle do desmatamento
na Amazônia podem ser considerados de
resultados positivos, pois a produção continuou a
crescer, mesmo com a retração na área desmatada.
O trabalho envolve o governo federal, os estados,
a sociedade civil e o setor produtivo. Estamos no
começo de uma estrada de desafios a ser percorrida.
Esse seminário faz parte, sem dúvida, desses passos
na direção correta. Temos de começar com projetos
pilotos, sem perder de vista a busca da escala de
produção em função da dimensão enorme do país.
Estamos com o plano de mudanças climáticas,
com uma postura ambiental diferente sobre o
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
15
desenvolvimento da agropecuária. O Ministério
de Ciência, Cultura e Inovação acaba de divulgar
um trabalho sobre as emissões setoriais. A área
de floresta e do uso da terra mostra uma redução
significativa de 2004 para cá, de 57% para 22%.
Isso reflete em grande parte o trabalho realizado
na Amazônia, cuja região possui características
bem distintas. Já a área de agricultura traz
preocupação, pois as emissões aumentaram.
O MMA, em parceria com o INPE (Instituto
Nacional de Pesquisa Espacial), no produto
TerraClass, desenvolvido junto com a EMBRAPA,
em levantamentos efetuados na Amazônia Legal,
mostram que 66 % das áreas são ocupadas com
pastagens, 21% com vegetação em regeneração
e 5% com agricultura. Uma parte enorme dessas
pastagens está associada às ações de grilagens
de terras. Esse era o pensamento predominante
em décadas anteriores, de invasão desenfreada
e sem cuidado ambiental, que desde o evento
da ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, busca-se
ser erradicada.
Para conseguirmos resultados suficientemente
sólidos, precisamos continuar os investimentos
em capacitação, levar assistência técnica e
facilitar o acesso ao crédito da população local.
O monitoramento e o acompanhamento desses
trabalhos, com a organização de espaço para
discussões, com nesse seminário, são fundamentais.
Dos sete projetos a serem aqui apresentados,
quatro deles estão em Estados do Bioma Amazônia.
Ainda longe do ideal, a governança melhora na
região. O cerrado é outra área sensível para as
nossas análises e observações.
Com ética e transparência, com a
disponibilização de dados para a sociedade,
o Brasil vem conquistando o reconhecimento
internacional na questão ambiental. Estamos
tratando de um setor extremamente importante
para o país, de forma aberta e franca, para
sabermos e analisarmos os desafios postos a
nossa frente. Certamente, as gerações mais novas
terão elementos para julgarem as contribuições
do GTPS neste período.
“Pela relevância da pecuária no Brasil
não podemos ser conduzidos no
cenário global e sim conduzir e liderar a
discussão de sustentabilidade “
- Presidente Eduardo Bastos
16
São Félix do Xingu/PA - Foto: João Ramid
“São nossas ações que vão fazer a
grandeza desse grupo”
Eduardo Brito Bastos – Presidente do GTPS
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
17
Programa GTPS
Pecuária Sustentável na Prática
Coordenador do Painel:
Maurício Campiolo – Vice presidente do GTPS
Apresentadores:
Eduardo Brito Bastos – Presidente do GTPS
Fernando Sampaio – Diretor Executivo da Associação Brasileira dos
Exportadores de Carne Bovina (ABIEC) e Coordenador da Comissão
Técnica do GTPS
Ivens Domingos – Analista Sênior do WWF - Brasil e Coordenador da
Subcomissão de Indicadores do GTPS
Isabella Vitali – Coordenadora da América Latina da Proforest
Eduardo Bastos
Esse programa nasceu de uma demanda dos
próprios membros do GTPS, muitos que já são
investidores cotidianos na pecuária, mas as vezes
com ações isoladas e, por isso a dificuldade de
alcançar escala.
Com a possibilidade de captação de recursos
junto a um fundo do governo holandês (FSP)
por meio da Fundação Solidaridad, tivemos a
oportunidade de sair do discurso e ir para a prática
com investimento em projetos no campo.
Iniciamos com sete projetos, em cinco estados
(Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia
e Bahia), com presença forte no Bioma Amazônia.
Envolvemos 900 produtores numa área próxima de
18
um milhão de hectares. São projetos pilotos e de
sucesso. Como é sabido, como as nossas dimensões
no Brasil são de alta escala, teremos de extrapolálos. Apenas a título de comparação, a Colômbia
possui 1,1 milhão de hectares e somente o estado
do Pará totaliza 1,2 milhão. O mais importante é
criar um modelo de compartilhamento de boas
experiências, que estão dando certo em outras
regiões e aproveitar para aprender com os erros e
“aproveitar para aprender
com os erros e com os acertos
uns dos outros, dessa forma
a tão desejada escala pode se
tornar realidade”
com os acertos uns dos outros, dessa forma a tão
desejada escala pode se tornar realidade. É isso que
estamos almejando.
Fernando Sampaio
Muitas vezes não nos damos conta do quanto
o Brasil avançou em curto espaço de tempo no que
se refere à produção agropecuária. A interiorização
da produção é bem recente, enquanto a expansão
enorme nas exportações de carne aconteceu
praticamente depois de 2000. Em busca por novos
mercados, estivemos em Missão Comercial nos
países asiáticos que nos revelaram descobertas
surpreendentes.
Na Indonésia, por exemplo, consome-se
apenas três quilos de carne bovina per capta ano,
enquanto no Brasil o consumo per capita é de 38
quilos ao ano. Nos supermercados são ofertadas
pequenas bandejas com cabeça e pé de frango,
produto conhecido por “walk talk” que atende à
demanda da população de baixo poder aquisitivo.
Este produto é consumido cozido e serve
como alimentação básica do dia-a-dia. O Brasil
também possui bolsões de pobreza cujo perfil do
consumidor se assemelha a esse exemplo
A pecuária brasileira passou por um longo
período de descapitalização e muitas áreas de
pastagens foram abandonadas entrando em
processo de degradação. Existe uma elite de
produtores cuja atividade é rentável, porém as
classes média e baixa ainda demandam assistência
técnica e extensão rural.
Inicialmente, o foco e a preocupação do GTPS
eram no desmatamento da Amazônia, tanto que
se trabalhava com as comissões de rastreabilidade,
monitoramento da floresta, incentivos econômicos
e princípios e critérios da pecuária sustentável. Essa
estrutura foi mudada a partir de um trabalho da APPS
(Associação Profissional da Pecuária Sustentável),
que recomendava identificar os problemas e as
soluções para a atividade pecuária, o financiamento
das resoluções e a disseminação dos resultados.
Hoje, na comissão técnica do GTPS discutimos as
questões relacionadas à rastreabilidade, sanidade,
pastagem, nutrição, genética, reprodução e gestão
financeira e administrativa das propriedades. Há
um leque de tecnologias em cada um desses itens
possíveis de serem incorporados aos sistemas
produtivos. A oferta de crédito existe, porém, para
fechar a equação, a resposta está em como facilitar
o acesso ao crédito e à tecnologia. A elite da
produção tem acesso à assistência privada. Como
a extensão pública foi desativada e direcionada
para outras áreas além da pecuária, como a
agricultura familiar, as classes baixa e média
ficaram desassistidas. Então, identificamos como
gargalo para a sustentabilidade da pecuária no
país a dificuldade de acesso à assistência técnica
de qualidade para pequenos e médios produtores
e propusemos levar um pacote tecnológico pronto
para qualificar o produtor. Para a disseminação do
projeto, serão montadas unidades demonstrativas
em diversas regiões do país, visando influenciar os
produtores do entorno.
Temos experiências similares de sucesso em
outras atividades, como o programa “Balde Cheio”
na produção de leite, desenvolvido pela Embrapa.
A oportunidade de utilização do fundo FSP
(Farmer Support Program) pelo GTPS, possibilitou a
integração de seus parceiros em regiões importantes
para a pecuária no país.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
19
Isabella Freire Vitali
Com escritórios na Europa, Malásia, África e
no Brasil, o Proforest é uma organização nascida
em 2000, para trabalhar com gestão de recursos
naturais ao longo das cadeias produtivas de várias
commodities, em cima de quatro pilares:
1º. Criar um ambiente propício para a
sustentabilidade na gestão dos recursos
naturais, com apoio à governança
e estruturação de iniciativas de
sustentabilidade, como é o caso do GTPS;
2º Ajudar produtores ou compradores de
artigos que utilizam recursos naturais a
adotarem políticas e práticas que atendam
às exigências de sustentabilidade em
surgimento no mercado;
3º Treinar e capacitar governos, empresas,
ONG´s, iniciativas de sustentabilidade,
auditores e produtores, com relação aos
sistemas de sustentabilidade;
4º Manter uma relação estreita com a academia
e formadores de políticas para levar essas
experiências práticas de relações multi
stakehloders e sistemas operacionais, para
informar essas decisões.
A primeira conversa com o GTPS foi entender os
trabalhos, as ideias e os objetivos propostos pelas
suas comissões, para estruturar e colocar as suas
ferramentas na prática.
Começamos em maio de 2012, com uma
conversa junto a um possível financiador, o
FSP, do governo holandês, administrado pelo
Solidaridad. De lá para cá, tivemos diversas
instâncias e abrimos o conceito daquilo que se
20
queria alcançar. A grande riqueza do GTPS está
na multiplicidade e variedade das experiências
desenvolvidas pelos seus membros em suas
áreas de atuação.
Como resumo dessa história relativamente longa,
em junho de 2013 conseguimos a aprovação do
programa e passamos à coordenação dos parceiros
ao GTPS para executá-lo. O desafio é de superar
barreiras como a percepção de que a sustentabilidade
não é rentável, a falta de capacidade em gestão da
propriedade e a falta de extensão rural.
“A grande riqueza
do GTPS está na
multiplicidade e variedade
das experiências
desenvolvidas pelos seus
membros em suas áreas
de atuação.”
A estratégia do programa é desenvolver as
ferramentas para o GTPS identificar e replicar as
experiências de sucesso em larga escala. Estamos
no primeiro passo, a fase de teste para juntar os
retalhos e montar a colcha até 2015. O programa
tem quatro elementos principais:
1º Apoiar e compilar as boas práticas, com a
criação de um guia;
2º Desenvolver um modelo de capacitação e
identificar os multiplicadores em cada região;
3º Desenvolver e testar critérios e indicadores
de melhoria contínua;
4º Capacitar o GTPS para ser gestor de programas.
Paralelamente, estamos começando um
projeto específico em parceria com o GTPS e
financiamento da Fundação Moore para revisar
o planejamento estratégico do GTPS daqui para
frente, rever e adequar sua governança com
base nisso e esclarecer o propósito e uso dos
critérios e indicadores do GTPS. Para completar,
levantaremos e sistematizaremos as iniciativas de
pecuária sustentável no país para divulgação.
O desafio então passa pela definição e aplicação
de um conjunto de indicadores que seja capaz de
mostrar esses resultados. Esperamos chegar a um
primeiro esboço para apresentação até o meio de
2014, de modo que possa servir para uma discussão
mais ampla, inclusive no âmbito internacional com a
Mesa Redonda Global sobre Carne Sustentável (GRSB).
Ivens Domingos
Se identificarmos os problemas existentes,
apresentarmos soluções para implantar os projetos
pilotos e buscarmos incentivos econômicos, resta
medir os resultados e os impactos das nossas ações
de sustentabilidade.
O programa Pecuária Sustentável na Prática
conta com financiamento disponibilizado pela
Fundação Solidaridad, por meio do Farmer Support
Programme (FSP), fundo do governo holandês.
“O GTPS não é um clube fechado ou uma
panelinha, é um caldeirão de tampa
aberta e pula para dentro quem quiser!
Está aberto, quem tiver coragem e
disposição e muita vontade de trabalhar
proativamente vem com a gente!”
Mauricio Campiolo – Vice-Presidente do GTPS
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
21
Paragominas/PA Foto: Rafael Araujo
22
Painel 1
Pecuária Sustentável na Prática – Rondônia
Coordenador do Painel:
Marcos Reis – Diretor Geral da Aliança da Terra
Apresentadores:
Mathias Almeida – Gerente de Sustentabilidade do Grupo Marfrig
Eduardo Trevisan – Secr. Executivo Adjunto - Instituto de Manejo e
Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora)
Marcos Reis
Existe uma demanda grande em Rondônia
nas questões ambientais e sociais. Trata-se de um
estado com um alto potencial produtivo e com
uma relevante logística principalmente neste
momento em que o Brasil começa a diversificar
rotas de exportação. O Rio Madeira representa uma
hidrovia de grande potencial para o escoamento da
produção estadual. Muitas iniciativas já ocorreram
na região, mas foram interrompidas e desativadas.
Isso abre oportunidades.
Mathias Almeida
Esse projeto é importante, pois demonstra o
prosseguimento de um trabalho que já realizamos
no âmbito do Programa Marfrig Club, com foco
no relacionamento com o produtor. A busca do
pilar econômico da sustentabilidade é um desafio
constante em nossa gestão, assim como o cuidado
especial com os recursos naturais, tão importantes
em nossas operações industriais e cadeia de
suprimentos.
Voltado para três pilares básicos: o ambiental,
o social e o bem estar animal, o programa é
uma mescla de Boas Práticas Agrícolas (BPA),
Rainforest Alliance, EurepGap, assim como
demandas específicas de clientes como Tesco e
McDonald´s. Buscamos no primeiro momento
compliance nas questões socioambientais,
sempre avançando continuamente pelos níveis
de atendimento ao protocolo.
Após passar por um checklist, o produtor é
classificado de iniciante a platinum (150 produtores
que atendem 95% do protocolo e são habilitados
para a Europa, com prêmio de incentivo pela boa
prática correspondente a 15% do preço da arroba
por boi - apesar disso não temos diferencial de
preço na venda). Acreditamos que o papel da
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
23
indústria não se limita em pagar mais a quem tem
a melhor gestão, deve também gerar incentivos
através de assistência técnica.
Acreditamos que o papel
da indústria não se limita
em pagar mais a quem tem a
uma das premissas do
melhor gestão, deve também
trabalho é que que
gerar incentivos através de
“agricultor no vermelho não
assistência técnica.
pensa no verde”.
A parceria com o produtor, na verdade, vai
além do Programa Marfrig Club ao focar a parte
técnica, como o manejo de pastagem. Os resultados
podem ser melhorados numa atuação conjunta
com o IMAFLORA em nosso projeto de Rondônia,
com ações focadas em pontos deficientes, tais
como divisão e recuperação de pastos. Precisamos
ir além do comando e controle e buscar maior
produtividade e lucro ao produtor. A certificação
é uma opção aos melhores produtores, porém
nossa intenção é nivelar por cima toda cadeia,
promovendo a melhoria contínua de acordo com a
realidade de cada produtor.
Eduardo Trevisan
Além da Marfrig possuir escritório e Frigorífico
no município, Rolim de Moura foi escolhido para
implantar o projeto porque na região há poucos
exemplos de pecuária sustentável. Isso possibilita que
o projeto possa ganhar escala no futuro. Este projeto
começa praticamente do zero, mas sempre com
intenção de avaliar os impactos das nossas ações.
Importante destacar que na região os produtores
estão bastante interessados em novas tecnologias.
24
O objetivo do projeto é desenvolver unidades
demonstrativas junto aos produtores ligados
ao Programa Marfrig Club com foco, mas não
limitado, nos pequenos produtores através de uma
equipe técnica de campo do Imaflora, Marfrig e a
Consultoria Via Verde
Partimos das premissas de demonstrar que
através da assistência técnica de qualidade, o
produtor da Amazônia pode ser competitivo e
responsável e que a experiência de outros projetos
são importantes. Vale destacar que este não é
um projeto de certificação (pelo menos não é
prioridade no primeiro momento pela falta de
estrutura e capacitação) e que uma das premissas
do trabalho é que que “agricultor no vermelho não
pensa no verde”.
Exemplos do perfil de
produtores do projeto:
Fazenda Bacopari
•
Médio/Grande porte (1.700 animais – cria
/ recria / engorda);
•
Pontos fortes: Boa tecnologia (divisão de
pastos, IATF, Creep-feeding);
•
Pontos que podem ser melhorados:
Reforma de pastagens sem orientação
técnica e aplicação dos insumos sem
amostras de solo.
Fazenda Santa Maria
Segundo ano
•
Médio / Grande porte (2.200 animais – cria
/ recria / engorda);
•
•
Pontos fortes: Boa tecnologia (divisão de
pastos, IATF, semi-confinamento);
Fortalecimento das propriedades modelo
& demonstrativas – ampliação das
tecnologias aplicadas;
•
Planejamento ambiental das propriedades;
•
Ações de mitigação emissões de gases GEE;
•
Publicação dos resultados;
•
Pontos que podem ser melhorados:
Pouca aplicação de calcário e falta de
planejamento na reforma e recuperação
de pastagens
Sitio Pedra Branca
•
Pequeno porte (185 vacas – cria);
•
Pontos fortes:
inovação;
•
Pontos que podem ser melhorados: Pouca
aplicação de tecnologia e pastagens com
poucas divisões
Disponibilidade
para
Resultados esperados
Primeiro ano
•
Estabelecimento de confiança com
produtores através de visitas regulares e
transparência nos processos;
•
Soluções customizadas: cada produtor tem
sua necessidade especifica;
•
Definição das primeiras propriedades
modelo & demonstrativas
A expertise da Imaflora é o desenvolvimento de
cadeias produtivas mais responsáveis, em clientes
como a Firmenich, Mercur, Nespresso (programa
AAA, com 1000 produtores envolvidos no Brasil;
borracha, copaíba e castanha, com dezenas de
comunidades extrativistas).
Na pecuária, além deste projeto estamos
trabalhando em conjunto com a Solidaridad e
Rainforest Alliance com boas práticas na produção
de carne no Uruguai e em São Felix do Xingu (PA),
desde 2010 com agropecuaristas familiares. Já
desenvolvemos 25 unidades modelo incluindo
planos de adequação ambiental e pretendemos
chegar a 100 unidades até 2016.
O Instituto de Manejo e Certificação Florestal
e Agrícola (Imaflora) é uma Organização Não
Governamental, sem fins lucrativos, que trabalha
para promover a conservação e o uso sustentável
dos recursos naturais e para gerar benefícios sociais
nos setores florestal e agropecuário.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
25
Foto: Pantanal - Arquivo ABPO
26
Painel 2
Pecuária Sustentável na Prática – Bahia
Coordenador do Painel:
Luiz Amaral: Diretor da Divisão de Responsabilidade Social
Corporativa do Rabobank
Apresentadores:
Márcio dos Santos Oliveira – Engenheiro Agrônomo da Profissional
Agronegócios
Peter Sijbrandij: Responsável pelo Setor da Pecuária da Solidaridad
Network
Moderador
O Rabobank é um banco de origem cooperativo voltado exclusivamente para a agropecuária. Estamos
muito satisfeitos com o desempenho do GTPS. Agradecemos o papel prestado pela Acrioeste e Profissional
Agronegócios neste projeto da Bahia.
Marcio Oliveira
Com sede em Barreiras, o nome do projeto é
“Modelo para a Pecuária Sustentável – Diagnóstico
da Pecuária de Corte no Oeste da Bahia”. O seu
objetivo é avaliar a situação atual da pecuária
regional. A partir daí, apontar as lacunas (GAP’s)
existentes nos critérios de sustentabilidade,
diagnosticar os efeitos dos diferentes sistemas de
produção de carne e levantar informações
relevantes para suportar a análise da dinâmica do
carbono relacionada com o uso de pastagens.
Com 85% do rebanho bovino dirigido à
produção de carne, de um modo geral, as
explorações apresentam baixo índice tecnológico.
Não obstante, os produtores foram receptivos à
possibilidade de melhores resultados devido à
aplicação de boas práticas agropecuárias.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
27
Pecuária no oeste da Bahia
práticas sustentáveis de produção, respeitando-se
o ambiente e as pessoas envolvidas no processo de
produção, tanto quanto à sociedade como um todo.
Área de pastagens - 2,25 milhões de hectares
Rebanho bovino - 2,13 milhões de cabeças
Parcerias firmadas e potenciais parcerias:
Cabeças por hectare - 0,95
Fundação Solidaridad, GTPS, Proforest, Banco do
Nordeste, Agência de Fomento do Estado da Bahia,
Propriedades pecuárias - 50.115
Banco do Brasil, Federação da Agricultura e Pecuária do
A iniciativa conta com o apoio financeiro do
governo da Holanda, através da Solidaridad, uma
organização não governamental que fomenta
iniciativas de comércio justo, criando cadeias de
abastecimento equitativas e sustentáveis.
Estado da Bahia, Associação dos Criadores do Cerrado
Baiano, Agência Estadual de Defesa Agropecuária da
Bahia, Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras,
Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães Sindicato
Rural de Wanderley, Fazenda Paredão
Em resumo, o cronograma do projeto passa pelo:
Frigorífico Boi do Cerrado – Santa Maria da Vitória
• Planejamento do projeto
• Elaboração do
diagnóstico
questionário
para
•
Aplicação do diagnóstico nas fazendas
•
Processamento e análise dos dados
•
Palestra para divulgação dos resultados
o
Aplicado entre o final do ano de 2012 e início
de 2013, o guia de auto avaliação foi dividido
em cinco grandes blocos: gestão, produção,
trabalho, meio ambiente e comunidade. Essa etapa
corresponde à fase I, chamada de Bahia Beef I.
A próxima etapa consiste em fornecer ao
pecuarista, através da implantação de unidades
demonstrativas, os requisitos e soluções
necessárias para permitir o devido engajamento
do produtor dentro de um cenário competitivo
e dinâmico de negócios, a partir de modelos de
produção sustentáveis no longo prazo.
O trabalho também será caracterizado pela
capacitação do pecuarista no que concerne às
questões de gestão da propriedade associadas às
28
Fribarreiras – Frigorífico Regional de Barreiras,
Frijoa – Frigorífico Jaime Oliveira do Amor, Oeste
Agrícola e Pecuária, Confinar Produtos Agropecuários,
Grama Agronegócios Rural Pec, Antonio Balbino
Empreendimentos Agropecuários, Agropecuária
Jacarezinho, Confidência Agropecuária, Japaranduba
Fazendas Reunidas.
Peter Sijbrandij
A certificação e a melhoria contínua tem sido
objeto de muito trabalho no campo.
Para ajudar os produtores passo a passo, a
Solidaridad desenvolveu uma ferramenta especial
chamada Horizonte Rural, para que o mesmo
possa auto avaliar o seu sistema de produção,
não somente na ótica social e ambiental, mas
ainda da produção animal e na gestão da fazenda.
É necessário conhecer o quanto a exploração é
rentável. Começamos com a soja e fomos para
a cana-de-açúcar. Com o envolvimento de mais
parceiros, propusemos a desenvolver o projeto na
Bahia junto com a Acrioeste.
Foto: Maracaju/MS - Foto: Sheila Guebara
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
29
Painel 3
Pecuária Sustentável na Prática - São Felix do Xingu (PA)
Coordenador do Painel:
Christopher Wells – Head da Área de Risco Socioambiental do
Santander
Apresentadores:
Francisco Fonseca – Coordenador de Produção Sustentável na The
Nature Conservancy - TNC
Mathias Almeida - Gerente de Sustentabilidade do Marfrig
Tatiana Trevisan – Gerente de Sustentabilidade do Walmart
Wilson Costa – Sindicato Rural de São Felix do Xingu
Francisco
Todos que estão estudando e trabalhando com
o tema Pecuária Sustentável tem a dimensão exata
dos gargalos para se chegar nesta meta. O grande
desafio é de como implementar uma pecuária
sustentável na região amazônica. Levar para prática
os conceitos e colocá-los no chão, de forma que
sejam viáveis e tenham ganhos reais de escala.
Assim, para superar esses desafios trazemos uma
proposta de testar um modelo de colaboração
no âmbito da cadeia de suprimentos da pecuária,
associando produção, indústria e varejo à uma
parceria público-privada, desenhada e desenvolvida
como solução para os principais gargalos, seja: um
cluster de integração sustentável da Pecuária em
São Félix do Xingu, no sul do Pará.
30
O município de São Félix do Xingu abrange
uma área de 8,5 milhões de hectares,
correspondendo a duas vezes e meia o tamanho
da Bélgica. Nessa área mantem em torno de 73%
da sua cobertura original de floresta com 60%
destas como áreas protegidas ambientalmente
entre Unidades de Conservação e Terras
Indígenas. O município abriga o maior rebanho
nacional, com 2 milhões de cabeças, tem 80% de
áreas privadas no Cadastradas Ambiental Rural –
CAR, e 1,4 Milhão de ha com solos com potencial
de regular a bom para intensificação sustentável
da produção pecuária com meta de passar no
Projeto do 0,8 de hoje para 3 a 4 cabeças por
hectare em dois anos.
São Felix do Xingu: Redução do desmatamento
Ano
Quilômetros quadrados
2006
782
2007
878
2008
761
2009
442
2020
354
2011
140
2012
166
Fonte: The Nature Conservancy
Em 2011 foi firmado o Pacto Municipal para a
Redução do Desmatamento, considerado um grande
avanço de governança nos Programa Municípios
Verdes (PMV). Mas, esse problema é sistêmico, pois
envolve a superação de uma série de barreiras. A
situação ambiental é indefinida, com passivo ambiental
e incerteza quanto à viabilidade econômica. Por sua
vez, o acesso a crédito e à informação e tecnologia
em melhores práticas é insuficiente. Consideramos
que faltam exemplos locais de sucesso. E aqui que
atuaremos para sermos este exemplo.
cadeia produtiva, com ações colaborativas entre
os produtores, as indústrias, as redes varejistas
e a sociedade civil, fará a diferença. Como cada
um desses elos possuem ações e parcelas nos
resultados, serão parte das soluções e foram
estabelecidos dois objetivos integrados:
Vemos a solução como colaborativa, com o
envolvimento do MMA, Secretarias Estaduais
do Meio Ambiente (SEMA), Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária (INCRA),
órgão estadual de terra, Embrapa, SEBRAE,
Confederação Nacional da Agricultura (CNA),
Sindicatos Rurais, ONG´s e setor privado
(Marfrig e Walmart), dentre outras. Partimos
do pressuposto que a coalizão no âmbito da
O arranjo institucional do projeto está definido,
apesar de lançado bem recentemente, em agosto
último. Estamos com 20 pilotos dotados de BPA´s,
plano de negócios e propostas de acesso a crédito.
Contamos com 50 técnicos treinados em BPA e
materiais preparados para divulgação massiva. São
150 propriedades apoiadas diretamente e 500 com
extensão e monitoramento. Pretendemos chegar a um
plano municipal de negócios sustentáveis na pecuária.
1º Da intensificação e aceleração sustentável;
2º Testar os ganhos de eficiência e incentivos
na cadeia, de modo a melhorar a
rastreabilidade e o monitoramento.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
31
Como resultados obtidos na cadeia produtiva
podemos destacar as eficiências e incentivos
identificados e testados entre Walmart e Marfrig e
os produtores. Chegamos ao sistema integrado de
monitoramento da cadeia verificado e aprimorado,
bem como o Sistema integrado de identificação e
monitoramento animal, testado e integrado em 30
fazendas (CAR, Guia de Transporte Animal – GTA,
brinco, marca de fogo). Vamos verificar quais desses
meios de verificação animal terá maior eficiência e
testaremos utilizando todos juntos.
As deficiências e as vantagens serão verificadas nas
ações e testadas nas parcerias no resultado integrado
de monitoramento. Como resultado, esperamos em
dois anos obter um White Paper das lições aprendidas
e das recomendações.
O projeto de bem estar animal, principalmente
no transporte é uma demanda forte identificada.
Temos um plano de disseminação e de integração das
iniciativas privadas e governamentais. Será um grande
mutirão nesse cluster.
Mathias Almeida
Quando o GTPS começou em 2009, como
estávamos na mira e pressão do Ministério Público
Federal e o Greenpeace, o foco era nas tarefas de
compliance, direcionado ao comando e controle.
Agora falamos em projetos de assistência e melhoria
de produtividade. É uma grande mudança de
paradigma. Deixamos de apontar erros da produção
e partimos para as soluções.
Como o foco do projeto é desenvolver a
cadeia de valor, existe o envolvimento dos
produtores, indústrias, ONG e varejo, que
buscam em conjunto alternativas que sejam
ambientalmente corretas e principalmente
atendam o aspecto econômico, tão importante
32
para a sustentabilidade do negócio. Sozinhas,
a indústria e a sociedade civil não conseguem
resolver tudo, é preciso engajar mais atores para
ganhar escala e relevância.
Em São Félix do Xingu podemos montar o
business case sustentável, para ser replicado em
outros locais, com diferentes realidades, porém com
desafios semelhantes. A preocupação com o bem
estar animal, componente do projeto, é cada vez
mais importante e relevante, gerando resultados
positivos em pouco tempo.
O projeto também nos traz a oportunidade de
desenvolver este aspecto, já que contamos com
equipe especializada no tema que vem trabalhando
junto aos atores locais, objetivando melhorias nas
áreas de transporte e manejo, com controle dos
hematomas e treinamentos aos produtores sobre as
oportunidades existentes.
Tatiana Trevisan
Como uma empresa varejista, temos o
papel de trabalhar com os nossos fornecedores
para oferecer produtos mais sustentáveis aos
nossos clientes. No caso da carne bovina,
contamos com uma Plataforma de Pecuária
Sustentável que trabalha desde a Gestão de
risco dos produtos comprados através de um
sistema de monitoramento baseado em dados
de georeferrenciamento e informações públicas,
até o fomento ao desenvolvimento da cadeia,
por meio do projeto Carne Sustentável em São
Félix do Xingú, em parceria com a The Nature
Conservancy (TNC) e Marfrig.
Esse projeto tem possibilitado conhecer os
produtores e sua realidade no campo para que
possamos atuar de forma mais contributiva em
relação aos desafios encontrados nesta cadeia.”
Foto: Acre - Sheila Guebara
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
33
Painel 4
Pecuária Sustentável na Prática - Painel Paragominas (PA)
Coordenador do Painel:
Vagner Giomo – Grupo Pão de Açúcar
Apresentadores:
Mauro Lucio Costa – Presidente do Sindicato Rural de Paragominas
e Diretor executivo do Projeto Pecuária Verde
José Benito Guerreiro – The Nature Conservancy e Coordenador da
Comissão de Disseminação do GTPS
Roberto Risolia – Líder de Sustentabilidade da Dow Agrosciences
Coordenador
O varejo tem a missão de levar toda essa
tradução dos trabalhos do GTPS aos clientes, que
nem sempre sabem o que está por trás da sua
produção. É importante, então, estarmos bem
alinhados com essa cadeia produtiva, e ao lado
dos clientes - compradores da carne e anônimos
financiadores disso tudo - providenciando meios
para que conheçam essa realidade.
Mauro Lucio Costa
Estamos muito impressionados com a evolução
do GTPS e esse estágio de compromisso que
estamos assistindo aqui. Estamos nesse trabalho
da sustentabilidade desde 2002. Até 2007, nós não
éramos bem compreendidos e até considerados
irracionais. Desde então, o contexto passou a mudar.
34
No caso da pecuária brasileira, fica a lição da
dificuldade de nascer grande, como é o parto do
elefante. Muitas vezes é mais interessante começar
pequeno e crescer rápido. A criança precisa
engatinhar para andar e depois correr. Cabe cautela
em cada um desses estágios.
Quando começamos o BPA, faziam parte do
grupo vinte propriedades. Na primeira seleção,
caímos para treze. Chegamos à conclusão junto ao
Professor Moacyr Corsi de que tínhamos pernas
para levar adiante o projeto em apenas seis, de
acordo com os critérios do programa. Tínhamos
feito dois checklist, em 2007 e 2008, durante
dezoito meses. Para serem integrantes do Projeto
de Pecuária Verde, essas fazendas passaram por
três pentes finos e foram escolhidas aquelas que
apresentaram as maiores evoluções.
A questão não é volume e nem quantidade, mas
sim qualidade. Só assim conseguiremos êxito no
trabalho de disseminação. Desde o princípio, fazer
muito bem feito, com muita seriedade e dedicação.
As pressões ambientais se fizeram mais forte em
fevereiro de 2008, quando governo criou a primeira
lista dos 36 municípios que mais desmatam, para
a realização da Operação Arco de Fogo. Foi um
período difícil, com o Ministério Público Federal
(MPF) e do Ministério do Trabalho (MT) investigando
fazendas, constatando irregularidades e aplicando
corresponsabilidade às cadeias produtivas.
Em 2009, veio o relatório A Farra do Boi, do
Greenpeace, com o embargo de fazendas pelo
MPF, o varejo amplia exigências e ameaça cortar
fornecedores. Houve a aplicação dos termos
de conduta e o BNDES determina diretrizes
socioambientais para o financiamento. Nesse
cenário de turbulência foi criado o Projeto de
Pecuária Verde, quase que um desdobramento
de um programa executado em Paragominas e
denominado Projeto Município Verde.
Roberto Risolia
Nessa visão de sustentabilidade da pecuária
através da manutenção de toda a legalidade
ambiental e social não tínhamos uma avaliação real
dos ganhos auferidos pelo produtor. Queríamos
através de sua eficiência produtiva e da adequação
de gestão, com números e valores, mostrar que
havia viabilidade econômica.
Então, depois de dois anos de projeto, como
está o produtor? Nas seis fazendas selecionadas
trabalhamos em três frentes: na adequação
ambiental (separação das Áreas de Preservação
Permanente e de acordo com a aptidão técnica, a
escolha do local das Reservas Legais e de produção),
no bem estar e a ética na produção e na importância
da produtividade, que é o nosso tema a ser
abordado.
Em média, a taxa de intensificação inicial foi de
apenas 10,0%. O processo de melhoria leva tempo.
Não adianta querer realizar tudo no primeiro ano.
Podemos trabalhar nas áreas de não produção
com a regeneração e enriquecimento da vegetação
(inclusive com plantas que possam ser extraídas no
futuro dentro da legalidade e preservação do meio
ambiente) e nas áreas de produção no controle e
manejo de plantas invasoras e a limpeza dos pastos.
O projeto modelo com o uso do CAR e estudo de
aptidão e manutenção das APP´s é importante para
ser usado nos seus pontos de acertos e de melhorias,
inclusive para outras regiões. A dimensão do Brasil
é muito grande para termos a pretensão de uma
mudança rápida. Quando atingem a maturidade, os
projetos ajudam muito como referência.
De acordo com os primeiro resultados, a
produção das fazendas passaram de 7 @/ha a 30
@/ha dentro das áreas intensificadas (10%). Existe
ainda melhoria a ser adotada no manejo. Como
um todo, a produção subiu para, na média 9,48 @/
ha. Pensando nas fazendas como um todo tivemos
uma melhoria de margem de 0,8 @/ha para 1,44
@/ha, com melhoria de 78% na rentabilidade.
Então, mantendo 90% da área, aumentamos a
produtividade em 33% e a rentabilidade em 78%.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
35
Resultados com a intensificação de 10% da área no segundo ano
Item
Extensiva
Intensivo
Fazenda
Melhoria
Intensivo
Fazenda
Melhoria
Suporte (UA/ha)
1,14
2,55
1,28
12,3%
3,6%
1,39%
21,9%
GMD 0,43
0,43
0,64
0,45
4,6%
0,67%
0,45%
4,6%
Produtividade
7,15
23,99
8,83
23,5%
30,40%
9,48%
32,6%
Custo (@/ha)
6,34
20,31
7,74
22,1%
23,29%
8,04%
26,8%
Margem (@/ha)
0,81
3,67
1,10
35,8%
7,11%
1,44%
77,8%
Margem (%)
12,80
18,10
13,00
4%
30,50%
15%
Se tivermos a intensificação em 20% da área, no segundo ano, a produtividade aumentaria em 65% e a
rentabilidade em 156%.
Resultados estimados com a intensificação de 20% da área
Item
Extensiva 2012
Intensivo 2013
Fazenda 2013
Melhoria
Suporte (UA/ha)
1,14
3,60
1,63
43%
GMD 0,43
0,43
0,67
0,48
11%
Produtividade
7,15
30,40
11,80
65%
Custo (@/ha)
6,34
23,29
7,74
43%
Margem (@/ha)
0,81
7,11
2,07
156%
Margem (%)
12,1
30,50
0,16
28%
Com a intensificação de 10%, a margem de lucro de 2012 para 2013 cresceu, dentro desta área e em
termos de sacas de soja, de 5 para 10. Em 2014 chegará a 18 sacas. Esse impacto é realmente válido, pois
mede a produtividade e tecnologia para o produtor. É garantia para o suprimento da cadeia de forma bastante
responsável no que diz respeito à sustentabilidade.
Resultados estimados com a intensificação na pecuária
Item
2011
2012
2013
2014
23,99
30,40
40,00
@/ha
3,66
7,1
12
R$/ha
347,7
674,5
1.140
Eq. sacos de soja/ha
5
10
18
1. Área Intensiva
Produtividade
Margem Líquida
36
2. Área Intensiva
0,81
1,10
1,44
2,07
R$/ha
R$ 77
R$ 110
R$ 137
R$ 197
Os próximos desafios são de continuar o
aumento da lotação das pastagens, com melhoria
nas forrageiras e no desempenho animal e
precisamos desenvolver estratégias para os
períodos de estiagens. A pecuária sustentável na
prática está sendo pautada na produtividade e
rentabilidade com a visão da cadeia produtiva. Tudo
isso muda percepção dos funcionários, vizinhos,
clientes e visitantes com relação à condução da
técnica e a gestão da propriedade.
José Benito Guerreiro
Ficamos felizes por sair da discussão focada
no desmatamento ilegal e entrarmos na área de
desenvolvimento de projetos de sustentabilidade.
Como especialista de agropecuária, somos curiosos
e temos uma missão institucional. Tivemos uma
escola anterior em trabalhos na região de Santarém,
com 205 produtores determinados a mostrar a
possibilidade de se cumprir o Código Florestal
(CF), sob uma pressão ambiental muito forte. Não
sabíamos como começar.
Paragominas representou uma oportunidade
para darmos escala àquele fértil aprendizado. A
adequação ambiental não é apenas o cumprimento
do código florestal, mas sim uma oportunidade de
demonstrar como o produtor pode ser eficiente
dentro daquilo que lhe sobra para produzir,
cumprindo a lei e sabendo o quanto é rentável
a sua atividade. Usando as mesmas palavras do
meu amigo Mauro Lucio “Município verde com
produtor roxo não funciona”.
Como por detrás de tudo isso, há uma relação
de custo e benefício, cabe atentar para o CAR como
uma ferramenta não apenas de cumprimento de lei.
A sua importância é vital para o planejamento e a
gestão, na avaliação do ativo, passivo e do potencial
para a intensificação, modificação e melhoria da
propriedade rural.
A situação do agricultor em relação ao Código
Florestal não é tão ruim quanto parece e podemos
ajudar na solução dos seus principais problemas.
Usamos imagens de satélites de alta resolução para
atender e responder boa parte das perguntas, tanto
na parte ambiental como produtiva. Um diagnóstico
mal feito na elaboração do CAR pode significar
no bloqueio no Cadastro da Pessoa Física (CFP) e
infração com multa do Ibama pela identificação
errada de uma Área de Preservação Permanente
(APP), ou cálculo impreciso da Reserva Legal (RL) e
o bloqueio de um patrimônio Ambiental.
Uma área de cobertura vegetal não atualizada
pode gerar um relatório ambiental impreciso,
além requerer diversas e seguidas correções.
Começamos o trabalho em 2009. A partir de
2010, tomamos a consciência da necessidade de
melhorar a produtividade e a rentabilidade para
tornar a pecuária mais sustentável ao longo do
tempo. Focamos nossas ações naquilo que sabemos
fazer, na identificação do passivo ambiental, a RL
e APP, para regularizar os passivos ambientais, e
recuperação das áreas degradadas com resultados
positivos em função da resiliência da floresta ainda
depois de muito tempo de ter sido alteradas.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
37
Paragominas/PA - Foto: Ami Vitale
38
Painel 5
Pecuária Sustentável na Prática - Pecuária de Baixo
Carbono – MT
Coordenador do Painel:
Hilton Salomão – Gerente de Novos Negócios da Stoller
Apresentadores:
Vando Telles de Oliveira: Coordenador da Iniciativa da Pecuária
Integrada ICV - Instituto Centro de Vida
Daniela Teston: Coordenadora de Sustentabilidade da JBS
Wagner Ferraresi: Pecuarista de Alta Floresta do Estado de Mato Grosso
Milton dos Santos de Souza: Pecuarista de Alta Floresta do Estado de
Mato Grosso
Vando Telles de Oliveira
A ideia da pecuária integrada parte de uma visão sistêmica da propriedade, buscando o equilíbrio
entre os recursos naturais (solo, água e floresta), produtivos (pastagem e animal) e, o mais importante
deles, o ser humano.
Mato Grosso: Dados da pecuária
Item
Quantidade
Número de propriedades - unidades
109.498
Rebanho – milhões de cabeças
29
Pastagem – milhões de hectares
24
Fonte: IMEA - 2010
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
39
Atualmente a pecuária em MT é pautada em um conhecimento tradicional que vem sendo transmitido
ao longo das gerações, esse fator vem ocasionando sérias consequências para a atividade, tais como:
degradação do solo, degradação dos recursos hídricos e degradação das pastagens, tornando os sistemas
produtivos insustentáveis.
Mato Grosso: Dados da pecuária
Propriedade - unidades
Rebanho - Milhões de Cabeças
Intervalo
Quantidade
Participação %
Quantidade
Participação %
Até 300
91.980
84
6.960
24
De 301 a 1000
4.380
4
6.960
24
De 1001 a 3000
12.043
11
7.250
25
Acima de 3001
1.095
1
8.830
27
Fonte IMEA - 2010
Diante desse cenário temos um grande desafio pela frente quando analisamos as dinâmicas de uso
do solo das áreas abertas e as projeção de crescimento Agropecuário do MT para 2021/22. Estima-se que
haverá um crescimento de 4 milhões de hectares para plantio de soja, esse incremento está relacionado
a necessidade do aumento de produção. Devido ao alto nível tecnológico já adotado na agricultura, será
necessário mais área para aumentar a produção de grãos. Em contrapartida as projeções apontam que as
Mato Grosso: Projeções de crescimento em soja e milho
Soja
Milho
Indicadores
2012/13
2021/22
Var%
2012/13
2021/22
Var%
Área: milões de ha
7,9
11,9
51,8
2,9
24
68,6
Produtividade: t/ha
3,1
3,3
6,7
4,8
24
21,8
Produção em Milhões
24,1
39,1
61,9
13,9
25
105,6
Acima de 3001
1.095
1
8.830
27
Fonte: IMEA
40
No passado, a atividade era considerada como fácil, pois bastava derrubar as florestas, jogar capim,
fazer algumas divisões e colocar o gado em cima. Mas, quando passamos a observar com mais detalhe o
uso equilibrado dos recursos envolvidos, notamos uma complexidade muito maior neste sistema para ser
sustentável. Com base no cenário visto e nas projeções de demandas, entendemos que o caminho para ser
desenvolvida uma pecuária sustentável é através da adoção das boas práticas. Diante disso temos o Manual
de Boas Práticas Agropecuárias da Embrapa que norteia nossas ações em campo. O manual é composto em
11 pontos principais que segue abaixo:
Gestão integrada da propriedade
Gestão da Propriedade
Instalações rurais
Gestão Recursos Humanos
Identificação animal
Gestão Ambiental
Manejo reprodutivo
Bem Estar Animal
Controle sanitário
Pastagens
Manejo pré-abate
Suplementação Alimentar
A estratégia da iniciativa Pecuária Integrada do ICV, tem como objetivo macro contribuir para desenvolver
uma Pecuária Sustentável na Amazônia, e está alicerçada na recuperação e conservação dos recursos
naturais, aumento da produtividade e rentabilidade, melhoria na qualidade da carne e um produto com
origem garantida.
A estratégia está dividida em 2 fases, sendo a primeira um piloto local no município de Alta Floresta e
a segunda fase disseminação em Mato Grosso. Na fase 1 (2013/14), as ações são implantação dos projetos
de BPAs em 10 propriedades, monitoramento dos resultados, com os indicadores de produção, qualidade,
econômicos e o balanço de carbono e a disseminação das experiências através de dias de campo e palestras.
Na fase 2 (2014/15), com a disseminação, esperamos aumentar o número de propriedades e
estimularemos também a Associação de Produtores, pois quando os pecuaristas se juntam, a força coletiva
fica enorme. Outra ação estratégica para disseminar as técnicas a mais produtores é o Núcleo de Assistência
Técnica Integrada (NATI), um projeto entre o ICV e o GTPS para fomentar a formação de profissionais na
região norte de MT, para atuarem como agentes de assistência técnica e extensão rural (ATER) na pecuária de
corte. Fizemos uma parceria para desenvolver um curso de pós-graduação sobre Produção de Gado de Corte
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
41
com a Rehagro e na conclusão cada técnico entregará um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que é um
projeto de viabilidade técnica/econômica de uma fazenda que eles irão acompanhar durante os 18 meses.
O recado é de que não basta
tecnologia e a informação, é
que preciso que elas cheguem
ao campo
O produtor sozinho costuma dizer que a assistência
técnica é cara. Agora, quando em grupo, a conta fica diluída
e mais barata. Estão, vamos estimular a união de fazendas
para a contratação de assistência técnica. O recado é de que
não basta tecnologia e a informação, é que preciso que elas
cheguem ao campo.
Ainda na fase 2 iremos desenvolver duas ações que estão relacionadas a solução de rastreabilidade
para cadeia de pecuária e buscar envolver os elos indústria e varejo em acordos comerciais pautados na
adoção das BPAs.
Os primeiros resultados já são sentidos, depois de quase um ano e meio de trabalho, com gestão na
propriedade, acompanhamento com o produtor, reunião de planejamento, dias de campo, orientação
aos colaboradores. Tivemos recuperação das APP´s, retiramos os animais dos cursos d´água, reforma das
pastagens com correção e adubação do solo. Chegamos às boas práticas de sanidade, sombreamento,
identificação animal, reprodução e suplementação na seca.
Indicadores pecuários para análise comparativa
Local
Taxa de Lotação
Produtividade
Estado (MT)
0,76
3,36
Microrregião - Alta Floresta
1,12
4,76
URT
2,23
13,00**
Fonte: Projeto Pecuária Integrada de Baixo Carbono
* 9 meses
O caminho para uma pecuária sustentável só é possível quando construímos soluções compartilhadas
que promovam a sustentabilidade do uso da terra e dos recursos naturais. Uma parte valiosa desse
projeto consiste na relação de confiança estabelecida com o produtor, no dia a dia. A solução não se
impõe, mas se conquista.
42
Wagner Ferraresi
Sou filho e neto de produtor. Trabalho em Alta
Floresta há mais de trinta anos. Passamos muitas
fases difíceis. A morte súbita, por exemplo, nos pegou
de surpresa e causou uma grande descapitalização.
Fizemos ações custosas não bem planejadas e sem
assistência técnica. Desanimados, pensávamos em
vender a propriedade e abandonar a atividade. O
projeto do ICV chegou nessa boa hora. Apenas temos
a agradecer. Com informação e bom relacionamento
conseguimos dar a volta por cima.
Milton dos Santos de Souza
Estou na região há 35 anos. Estava na mesma
situação do Wagner. Com a chegada do projeto
pelo ICV, os ânimos voltaram e estamos dispostos a
continuar na labuta.
Daniela Teston
É fantástico ver os projetos em andamento
e os resultados aparecendo. Convidada pelo ICV
para fazer parte da iniciativa, a JBS, analisou a
proposta, que veio ao encontro com aquilo que
a empresa acredita e aplica nos protocolos das
suas atividades. O projeto foca muito a questão
da produtividade e a conservação ambiental.
A parceria da JBS é importante na parte da
comercialização, mas também na capacitação do
que é necessário para que o pecuarista produza e
seja valorado pelo mercado.
Falamos muito na sustentabilidade em
termos do social e ambiental, embora as pessoas
comentem que sem o econômico o projeto não
para em pé. Diante dessa realidade, as portas dos
frigoríficos da empresa foram abertas para mostrar
aos pecuaristas os resultados de seus trabalhos de
campo. Muitos não ficaram satisfeitos com o que
viram. Eles esperavam um produto com qualidade
superior. Quando entenderam a exigência do
mercado, houve certa decepção, pois desconheciam
o ponto que deveriam chegar.
O papel da indústria, então, é levar informação
sobre os aspectos da agregação de valor na
bonificação de um produto, desde que haja
qualidade. A sustentabilidade é primordial para a
questão da conservação e preservação do meio
ambiente, o protocolo é não estar em terras
indígenas, em unidades de conservação e não ter
desmatamento. Tudo isso precisa vir envelopado
num produto de qualidade e ser colocado no mercado
com valorização e retorno para o pecuarista.
A capacitação no campo é um aspecto importante.
No entanto, os técnicos precisam entender aquilo
que acontece dentro das indústrias. Precisamos fazer
uma parte prática lá dentro. Estamos em processo de
avaliação de um protocolo específico para atender
uma bonificação de qualidade para os produtores da
região. Estamos animados para continuar o projeto.
Contamos com os pecuaristas, o frigorífico e falta
ainda um elo importante da ponta final da cadeia,
ligado à rede varejista.
Para encerrar, gostaríamos de apresentar os
produtores aqui presentes, que são os verdadeiros
e reais atores dessa história: Robinson Junqueira,
Avaro Zaneti e Gustavo Zanetti, Arnaldo Campos
Filho, Daniel Carlos Lima, Gilberto Siber Filho e
Florentino Martins.
É fantástico ver os
projetos em andamento e os
resultados aparecendo
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
43
44
Painel 6
Pecuária Sustentável na Prática - Carne Sustentável no
Pantanal/MS
Coordenador do Painel:
Gisele Surjus – Diretoria de Agronegócios do Banco do Brasil
Apresentadores:
Ivens Domingos - Analista de Programa de Conservação do WWF
Brasil
Urbano Gomes Pinto de Abreu: Pesquisador da Embrapa Pantanal
Luiz Carlos Demattê Filho: Diretor industrial Korin Agropecuária Ltda
Urbano Gomes Pinto de Abreu:
Aprecio observar que o processo do GTPS está
sedimentado. Trabalho há 26 anos no Pantanal na
parte de sistema de produção de pecuária de cria
extensiva. Tive oportunidade de trabalhar com
diversos parceiros como a Embrapa Gado de Corte,
Banco do Brasil e WWF, dentre outros.
Dos seis biomas existentes no país (Amazônia,
Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e
Pantanal), o Pantanal é o menor deles, mas com
relato da atividade pecuária desde 1737, como
fator de ocupação da fronteira. Possui um terço
da planície no estado do Mato Grosso (MT) e dois
terços da planície, em Mato Grosso do Sul (MS).
Dos vinte maiores municípios de maior
concentração do rebanho pecuário, quatro deles
estão localizados em áreas pantaneiras (Corumbá,
Aquidauana, Porto Murtinho e Cáceres). Depois
de São Félix do Xingu (PA), o maior efetivo bovino
no país e é em Corumbá (MS). Trata-se de
atividade consolidada na região.
Quando se olha os mapas de concentração do
rebanho bovino, desenvolvido em parceria com
a Embrapa Sensoriamento Remoto, o bioma do
Pantanal mostra uma baixa taxa de lotação, com
grande efetivo bovino, o que caracteriza o sistema
de criação extensivo pantaneiro.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
45
Brasil: Ranking da concentração de rebanho bovino por município
1° São Félix do Xingu (PA)
9° Aquidauana (MS)
17° Água Clara (MS)
2° Corumbá (MS)
10° Nova Crixás (GO)
18° Marabá (PA)
3° Ribas do Rio Pardo (MS)
11° Cumaru do Norte (PA)
19° Três Lagoas (MS)
4° Juara (MT)
12° Porto Murtinho (MS)
20° Pontes e Lacerda (MT)
5° Cáceres (MT)
13° Vila Rica (MT)
6° Vila Bela S. Trindade (MT)
14° Porto Velho (RO)
7° Alta Floresta (MT)
15° Novo Progesso (PA)
8° Novo Repartimento (PA)
16° Altamira (PA)
Nas últimas décadas, diversos relatórios são publicados mundialmente, com estatísticas e projeções de
consumo e demanda de alimentos, em função do crescimento econômico e da população global. Por outro
lado, diversos estudos multidisciplinares, nos mais diferentes setores produtivos, buscam o equilíbrio no Triple
Bottom Line (3 PL´s – People, Planet and Profit), chamado em português como o tripé da sustentabilidade.
Como esse equilíbrio é muito dinâmico, exige metodologias especiais, que levem em consideração o tempo
e o espaço, com métricas que possibilitem sínteses para dar suporte a tomada de decisão, principalmente no
setor agrícola, cujo desafio consiste na capacidade de transferir a teoria para a prática. A abordagem da pecuária
sustentável não é algo que dispense o uso de tecnologias devido a alguma razão ideológica. Pelo contrário, a
atividade precisa utilizar práticas para melhorem a produtividade e não causarem danos ao meio-ambiente. O
uso da terra deve ser multifuncional e economicamente viável, sendo ajustada a cada situação específica.
O Pantanal, em média, abriga 1 (uma) unidade animal (UA) em 3 hectares. A taxa de lotação é um indicador
importante na dinâmica da pecuária. O gado convive com as estações bem secas e de muita água. É, portanto,
uma terra de contraste tanto em termos de regime hídrico como de clima, com amplas amplitudes térmicas.
A Embrapa Pantanal desenvolve projeto de validação e transferência de tecnologia para a pecuária orgânica
no Pantanal, em parceria com a Aliança da Terra, IBD, WWF e ABPO. Obtivemos resultados, utilizando análise
de energia (metodologia que quantifica nos sistemas de produção a necessidade de energia não renovável),
taxa de renovabilidade de 98,81%. A metodologia foi desenvolvida para a indústria, e vem sendo adaptada para
sistemas agrosilvopastoris no Brasil.
Temos ainda os projetos de Avaliação de Impacto de Ciclo de Vida, em parceria com a Embrapa Meio
Ambiente, e da Fazenda Pantaneira Sustentável, com indicadores de sustentabilidade em fase de validação.
Com relação ao Programa ABC, existem estudos sobre as tecnologias para financiamento e aplicação na região.
46
Outros projetos
•
Sistema de manejo de pastagens nativas – rotação e vedação de pastagens. Tecnologia considerada
isenta de licença, devendo, entretanto ser comunicada eletronicamente no IMASUL (Laudo de
isenção de licença ambiental);
•
Formação de pastagens exóticas. Tecnologia requer licença ambiental expedida pelo IMASUL,
devendo projeto ser encaminhado ao mesmo;
•
Controle de invasoras nas pastagens. Tecnologia considerada isenta de licença, devendo, entretanto
ser comunicada eletronicamente no IMASUL (Laudo de isenção de licença ambiental);
•
Suplementação proteica-energética de matrizes no pré-parto e de animais em recria. Tecnologia
considerada isenta de licença, devendo, entretanto ser comunicada eletronicamente no IMASUL
(Laudo de isenção de licença ambiental);
•
Suplementação mineral de matrizes. Tecnologia considerada isenta de licença, devendo, entretanto
ser comunicada eletronicamente no IMASUL (Laudo de isenção de licença ambiental);
•
Recuperação de pastagens exóticas e investimentos estruturais. Tecnologias e investimentos
considerados isentos de licença, devendo, entretanto serem comunicados eletronicamente no
IMASUL (Laudo de isenção de licença ambiental);
•
Desmama precoce (suplementação de bezerros e recria). Tecnologia considerada isenta de licença,
devendo, entretanto ser comunicada eletronicamente no IMASUL (Laudo de isenção de licença
ambiental);
•
Sistemas Agroflorestais. Tecnologia em desenvolvimento;
•
Guia de capacidade de suporte das pastagens;
•
Critérios de redução de uso de queimadas.
Luiz Carlos Demattê Filho
Fundada no Brasil em 1994, a Korin é uma empresa pioneira na produção de frango e ovos livres de
antibióticos, quimioterápicos, anticoccidianos e promotores de crescimento. Também produzimos frangos
e ovos certificados orgânicos e frangos caipiras. Uma das líderes no país na produção orgânica de frutas,
legume e verduras (FLV’s), a empresa segue os princípios e conceitos da Agricultura Natural.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
47
O conceito da Agricultura Natural passa por:
•
Respeito pela força dos processos naturais,
em que o homem os auxiliam, mas não os
criam;
•
Ter os mecanismos e funções naturais
como padrão de comparação para a ação
tomada;
•
Assimilar os mecanismos da natureza
para produzir com saúde, prosperidade e
sucesso.
A missão da empresa é produzir e comercializar
alimentos que promovam a saúde e o bem-estar
do consumidor, assim como a prosperidade do
produtor, utilizando métodos produtivos que
gradativamente concretizem a Agricultura Natural
preconizada por Mokiti Okada, através de um
modelo social, ambiental e economicamente
sustentável.
(*) Nós integramos valores sociais, éticos e
ambientais para uma produção sustentável de
alimentos.
É a primeira empresa no Brasil certificada em
bem estar animal para a produção de frangos e
ovos pelo protocolo americano Humane Farme
Animal Care (HFAC). Existem também outras duas
certificações. Um pelo não uso dos antibióticos,
promotores de crescimento e ingredientes de
origem animal na ração das aves e outro para a
produção do frango orgânico.
No arroz orgânico, temos parceria com uma
cooperativa de produtores assentados da reforma
agrária do Rio Grande do Sul para resgatar a cultura
do agricultor, e mais os selos de orgânico, livre de
agrotóxicos e aditivos químicos, e de compromisso
48
com a sustentabilidade. Essa prática de produção
também segue para sopa instantânea e na linha de
insumos naturais Bokashi.
Há alguns anos fomos procurados pela
Associação Brasileira dos Produtores Orgânicos
(ABPO), com a apresentação de suas parcerias
com a Embrapa e a WWF. Fizemos um protocolo
de produção, que passou a servir de norma de
produção, com:
•
Uso de novilhas – 4 dentes – até 3 anos;
•
Free-Range, acima de 70% de pastagens
nativas;
•
Não uso de antibióticos e ureia;
•
Manejo estratégico de Vermífugos;
•
Cobertura de 3 milímetros de gordura
periférica;
•
Promover a inclusão e avanço social;
•
Preservação do Bioma;
•
Economicamente viável, em cumplicidade
do consumidor.
A produção de carne bovina
sustentabilidade envolve dois pilares:
com
1º Norma de criação, o abate e processamento
Korin;
2º Monitoramento e controle dos processos.
•
Origem controlada: pantanal do Mato
Grosso do Sul;
•
Manejo natural de pastagens, sem
queimadas e adubação química solúvel.
Entre os benefícios auferidos relacionamos: a
preservação da cultura do homem pantaneiro, a
responsabilidade social (mão de obra contratada
de acordo com a legislação trabalhista), a
manutenção dos ecossistemas e a proteção
contra o desmatamento.
Entre os aspectos importantes destacamos a
sanidade do rebanho (atingir equilíbrio e reduzir/
eliminar gradualmente controles químicos
e medicamentos); animais de cruzamentos
industriais, até 3 anos (preferencialmente novilhas)
e bem estar animal na criação, transporte e abate.
Para dar maciez da carne, o processo envolve
a embalagem à vácuo de cortes desossados, com
processo de maturação submetida à temperatura
controlada. O objetivo é chegar ao consumidor
final com produtos abandejados. Os rótulos
levarão informações a respeito de uma produção
realizada com total respeito à natureza e ao
bem estar animal, com foco na saúde humana.
Pretendemos estar o mais breve possível com
essa proposta no mercado.
como a Embrapa Pantanal, a Korin, a Associação
Brasileira de Produtores Orgânicos (ABPO), e o
WWF – Brasil, tem feito a diferença na busca
da pecuária sustentável e pela valorização
da Cultura do Homem Pantaneiro, desde o
aprendizado com a pecuária orgânica certificada
até a nova parceria comercial entre Korin e
ABPO, com o apoio da Embrapa Pantanal, WWF
– Brasil e do Instituto Biodinâmico, também ator
de destaque na região.
Embora o Pantanal seja considerado um
dos Biomas mais conservados do país, ele está
ameaçado por mudanças no perfil dos produtores
que estão adentrando a região que buscando
reverter problemas de baixa eficiência produtiva
e baixa rentabilidade, passa a utilizar práticas
produtivas, como o aumento da taxa de lotação,
que trazem impactos severos.
“Um sistema como o Pantanal
requer práticas especiais
para ser explorado de forma
sustentável”
Gisele – Banco do Brasil
Se pudéssemos escolher duas palavras para esse
painel, primeiramente, a parceria em toda a cadeia
produtiva fica bem clara, depois, o conhecimento
com a fundamentação proporcionada pela Embrapa.
Um sistema como o Pantanal requer práticas
especiais para ser explorado de forma sustentável
Ivens Domingos – WWF Brasil
Consideramos fundamental
ressaltar a
importância da pecuária Bovina para o Pantanal,
suas características, e como atores importantes
Essa nova parceria entre ABPO e Korin, e a
promoção da “Carne Sustentável do Pantanal”
dentro do Programa Pecuária Sustentável na
prática, trará contribuições para a capacitação
e disseminação de boas práticas produtivas
para Pecuária Sustentável para o Pantanal
e outros biomas, e também irá demonstrar
que a Agroecologia também traz alternativas
tecnológicas que aumentam a eficiência produtiva
com um menor impacto para o meio ambiente.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
49
Assentamento Mata Azul - Novo Santo Antônio-MT - Sheila Guebara
50
Painel 7
Pecuária Sustentável na Prática – MS
Coordenador do Painel:
Sergio Rocha - Agrotools e Fazenda Lagoa Bonita
Apresentadores:
Alexandre Scaff Raffi: Presidente da Associação Brasileira do Novilho
Precoce
Ezequiel Rodrigues do Vale: Embrapa Gado de Corte
Moderador:
Com o chapéu de fazendeiro, rodei o Brasil
em 2004, e identifiquei uma interessante região
no Tocantins, que, na época, apesar de muito
rústica apresentava atrativos importantes como:
topografia plana, muita água e o principal,
ainda não havia sido descoberta pelos fundos e
grandes investidores.
Comprei algumas áreas, me envolvi com a
cultura local, entendi o ritmo do centro-oeste e
seus costumes. Participei de muitas experiências
inovadoras, envolvendo novas tecnologias e práticas
sustentáveis para o agronegócio, mas o principal foi
respeitar as práticas da região.
Considero que este respeito a cultura local
é a chave do sucesso da pecuária moderna e
empresarial, que além de trazer inovação e
tecnologia de ponta para o campo, é preciso
entender o processo e adaptá-lo para uma solução
prática, simples e viável na região e no momento.
Além de fazendeiro, sou um entusiasta do
uso de fertilização in vitro, transferência de
embrião, produtor de Brahman e um usuário
dos sistemas de informação geográfica para a
gestão dos meus territórios.
Represento também a empresa Agrotools
Tecnologias Geo-Espaciais, que provê serviços e
soluções de monitoramento e gestão de riscos,
desde 2007 para a cadeia agroalimentar e energias
renováveis, usamos geotecnologias para a cadeia
pecuária, realizamos o monitoramento da rede de
fornecedores de bovinos dos principais frigoríficos,
e também atuamos em outras commodities, como
soja e floresta.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
51
Após a pressão mercadológica e do MPF
sobre a cadeia pecuária, no ano de 2009, a ABIEC
convidou a AgroTools à apresentar uma solução
para o monitoramento da pecuária. A questão
era como prestar esse serviço, visto que o Serviço
Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva
de Bovinos e Bubalinos (SISBOV) estava mal das
pernas, o Geo do INCRA não tinha decolado, o
CAR era uma promessa, e havia muita dúvida dos
frigoríficos de como lidar com este novo momento
e novas exigências.
Apresentamos uma solução, que combinava
o nosso entendimento das raízes nacionais e
dos desafios do agronegócio, relacionados aos
aspectos fundiários, ambientais, ao difícil acesso
à dados e estatísticas públicas, e a integração
de ferramentas de controle aos processos
operacionais e dia a dia do Grupo de Frigoríficos
associados à ABIEC.
Desenvolvemos
uma
solução
que
correlacionava diversos dados estatísticos
(big data), com os insumos de geotecnologia,
calibrados para a realidade de cada Empresa e
sua necessidade de gestão de risco, adotando um
conceito que não visava o indivíduo bovino, mas
sim com um olhar no território de onde originase a matéria prima bovina para o frigorífico, e
esta foi a lógica aplicada para o entendimento,
gestão e controle do supply chain.
Com o suporte da PwC, aplicamos uma
metodologia que atendia as necessidades de
diversos frigoríficos simultaneamente, blindando
as informações de cada empresa, esta solução à
época foi denominada de “Oscar”, visto que usava
conceitos de segurança da informação similares às
utilizadas no consagrado prêmio do cinema.
52
O objetivo era de disponibilizar para todos
frigoríficos uma mesma solução tecnológica, com
cruzamento de dados comuns e informações
qualificadas do território, de onde se originava a
matéria prima bovina, garantindo sigilo e eficácia
nos processos técnicos e operacionais.
Saímos daquela experiência com a sensação de
que a proposta estava bem à frente do tempo. A
fórmula era muito complexa e faltava entendimento
do setor para conseguir aplicar na prática da solução
desenvolvida.
Recuamos com o projeto complexo e
transformamos a solução em sistemas individuais,
mais simples e adaptados as necessidades de cada
frigorifico, e assim possibilitamos gerar resultados
práticos individualmente para cada Empresa.
Então,
hoje,
quando
falamos
de
Sustentabilidade na Prática, vemos nitidamente
o quanto o mercado da pecuária amadureceu em
todos os aspectos, inclusive no entendimento da
gestão territorial, percebendo o que era possível e
o que não era possível ser feito, em decorrência das
limitações que a infraestrutura de dados do Brasil
e as incertezas fundiárias e ambientais geravam na
utilização das soluções.
Estamos exportando conhecimento inovador
brasileiro, para diversos países que estão, e ou
que pretendem estar inseridos no agronegócio
(tropical) moderno.
Atendemos diversos participantes da cadeia do
agronegócio, de forma objetiva e aplicável à sua
realidade, mesmo em situações que demandam
soluções da dimensão da escala de países, de modo
a atender a produção em grande escala e ou as
necessidades de enormes parques industriais.
Alexandre Scaff Raffi
A Associação do Novilho Precoce está
localizada em Mato Grosso do Sul e possui mais
de 304 produtores associados, responsáveis por
um rebanho estimado em mais 800 mil cabeças.
Nos 15 anos de existência da entidade (fundada
em 1998), abatemos mais de 700 mil animais,
todos com registro de peso, idade, acabamento
e produtor. É importante frisar que os produtores
associados possuem direito de acesso aos dados
do protocolo de abate.
Nossa entidade é de caráter comercial, nosso
representante político é a Federação da Agricultura
de Mato Grosso do Sul (Famasul). A associação se
especializou em formar parcerias com frigoríficos
e supermercados.
A distribuição das fazendas dos associados
se espalha por todo o Mato Grosso do Sul. Existe
uma estrutura e organização para a venda e
acompanhamento dos abates dos animais dos
associados. As escalas são feitas no escritório
da Associação por nossa gestora. Só ela faz as
escalas, ninguém vende direto aos frigoríficos.
Uma vez abatidos gera-se um relatório com tudo
o que aconteceu no abate. Isso ajuda o produtor
a ver se está fazendo o trabalho corretamente.
Caso haja algum problema, a associação ajuda o
mesmo a resolvê-la.
Essas alianças permitem a oferta de matéria
prima em qualidade (animais precoces bem
acabados com peso adequado) e quantidade
(abatemos 150 mil cabeças por ano). Temos
sete técnicos em visita constante às fazendas,
de modo a acompanhar a engorda e os apartes.
Isso dá um grau de confiança muito grande
para os frigoríficos e supermercados, no
atendimento das encomendas. A regularidade
das entregas é contínua (abatemos toda a
semana, durante o ano inteiro) e padronizada
(programa remunera de acordo com a
classificação e linhas de premiação).
O início das parcerias foi em 2000, para
atender o programa de garantia de origem (GO)
do Carrefour. Essa relação, que existe até hoje,
derruba a tese sobre a impossibilidade de rastrear
o animal do começo ao fim. Todas as carnes
colocadas nas gôndolas possuem código de barra
com a idade de abate, origem dos produtos, datas
de vacinação e a localização da fazenda.
Criamos um corpo técnico e com o apoio
gratuito das empresas privadas, principalmente
da área veterinária, desde 2000 estabelecemos
Normas e Padrões aos associados: obrigações
sociais e trabalhistas, respeito ao meio ambiente,
manejo sanitário, bons tratos animais, manejo
alimentar, instalações rurais e gestão.
A partir de 2009, novas parcerias foram criadas,
sem as obrigações que o GO tinha, porém a ideia
de produção sustentável já fazia parte da nossa
filosofia. Assim, as Boas Práticas Agropecuárias
(BPA) passaram a ser a ferramenta adotada pelos
associados. Consideramos esse o verdadeiro
protocolo brasileiro, pois foi feito junto com o
produtor brasileiro.
Em 2010 convidamos 20 produtores que
espontaneamente adotaram o BPA. Houve um
envolvimento de todas as atividades que ocorrem
dentro das fazendas. Oferecemos cursos e
desenvolvemos capacitação.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
53
Princípios básicos
Ordem
Pontos de verificação
Item
1
Gestão econômica e financeira
10
2
Função social do imóvel
5
3
Responsabilidade sócial
13
4
Gestão ambiental
23
5
Instalações rurais
39
6
Bons tratos de produção
13
7
Formação e manejo de pastagens
19
8
Suplementação alimentar
8
9
Identificação animal
11
10
Controle Sanitário
13
Total
154
Uma das nossas maiores dificuldades é a falta de infraestrutura devido ao seu custo, que sai do fluxo da
caixa e não volta mais. Você é incentivado a fazer encanamento na fazenda para preservar os açudes naturais
a as APP’s, mas, depois vem a cobrança da Secretaria do Meio Ambiente sobre a outorga da água e a licença
para usar o açude. Difícil acreditar, mas acontece. Exigem que cerquem as APP’s, porém impedem o uso da
aroeira nativa e duradoura. Ou seja precisamos “importar” madeira. O nosso dia a dia é difícil
As vantagens do Programa do Novilho Precoce passam pelo aumento nos índices de produtividade,
diminuição dos riscos de acidentes, gestão econômica mais eficiente, consciência ambiental e a valorização
do produto na venda. Somos uma entidade de vanguarda e andamos na frente. Quem chega primeiro bebe
água limpa. O espírito de união entre os pecuaristas é fundamental para avançarmos. Trabalhamos junto
com a Associação dos Produtores da Pecuária Sustentável (APPS) e fazemos parte do Programa Pecuária
Sustentável na Prática do GTPS.
54
Comissões do GTPS
Eduardo Bastos
Francisco Beduschi: Comissão de Incentivos Econômicos e Financeiros – CIEF e Analista de Economia e
Política Agropecuária do ICV
José Guerreiro: Comissão de Disseminação e Sustainable Agriculture Specialist da TNC
Marcio Caparroz: Subcomissão Científica e Corporate Affairs & Market Access da Elanco
Fernando Sampaio e Rodrigo Paniago: Comissão Técnica
Francisco Beduschi
A nossa agenda aborda seis prioridades, que pautam as nossas reuniões bimestrais. Esta agenda ajuda
a dar um corpo e divulgar todas essas atividades.
Primeiro: Na questão da desoneração e incentivos fiscais o foco está no case de sucesso do Programa do
Novilho Precoce, no estado do Mato Grosso do Sul, com ações de acompanhamento e sugestão de melhorias.
Apoiaremos também o desenvolvimento de outros estudos em outros estados, como no Acre, Pará (ICMS
Verde), MT (Fundo Estadual de Transporte e Habitação – FETHAB) e até mesmo a reaplicação do Programa
do Novilho Precoce.
Segundo: Ajudar na implementação do Plano ABC, que não está efetivamente chegando ao chão. Fizemos
reunião com o Professor Sergio Túlio, da Fundação Getúlio Vargas, que participa do Observatório do ABC e
foi responsável pelo segundo relatório. Vamos apresentar os nossos pontos de vistas com observações e
indicações. Buscaremos apoio da secretaria de Política Agrícola para a implementação dos Planos em cada
estado e apoiaremos a divulgação do Programa ABC em diversos estados.
Terceiro: Apoiar o desenvolvimento e a implementação da linha de crédito Intensifica Pecuária. Tivemos
reunião com o Pedro Arraes na SAE, nossa parceira no desenvolvimento da linha. Estamos encaminhando
uma nota técnica com a recomendação de se manter a essência diferencial do programa, em termos do
planejamento na propriedade rural, com assistência técnica e o incentivo de melhoria contínua.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
55
Quarto: No acompanhamento do Plano Agrícola e Pecuário da Safra 2014/15, o trabalho é mais político,
reforçando a necessidade da implementação de políticas de incentivo à pecuária sustentável.
Quinto: Com a Cota de Reserva Ambiental (CRA), tivemos encontro de nivelamento para entender
como é o seu funcionamento. Em 2014 realizaremos um wokshop específico, para o qual convidaremos os
associados do GTPS, para tratar deste assunto. Também continuaremos no esforço de incentivar parcerias
locais com a BV Rio.
Sexto: apoiar todas as iniciativas para o desenvolvimento do mecanismo REDD+, com desenvolvimento
e sugestões de propostas vinculadas a pecuária sustentável.
José Benito Guerrero
Para compor a comissão, a nossa sugestão é envolver representante do setor produtivo, como os
sindicatos rurais, da indústria, de instituições financeiras (BASA), de varejo (Carrefour, Pão de Açúcar, WalMart), serviços (Dow, Syngenta, Tortuga e Matsuda), sociedade civil (IPAM, Aliança da Terra e WWF) e
pesquisa (unidades da EMBRAPA e Universidades) .
Como proposta de trabalho, propomos:
•
Consultas e seleção dos membros;
•
Elaboração do plano de trabalho;
•
Seleção dos projetos GTPS (FSP – concluído, Piloto MT, MS*);
•
Identificação dos municípios nas regiões prioritárias;
•
Capacitação de Produtores, extensionista e trabalhadores rurais;
•
Identificação das unidades demonstrativas de referência;
•
Promoção e troca de experiências entre os grupos e projetos.
Com base nos resultados e experiências da TNC temos o Manual de restauração florestal – Um Instrumento
de Apoio à Adequação Ambiental de Propriedades Rurais do Pará ;O Relatório sobre a experiência de
produtores de leite de Pinhalzinho – no Uso do Sistema de Pastoreio Voisin; O Projeto Piloto ICT Paragominas
(TNC, SPRP, Embrapa Amazônia Oriental e EnsoAg) – no desenvolvimento de uma ferramenta de suporte e
sistema de informações como suporte à transferência de tecnologia e extensão na gestão de propriedades
rurais em Paragominas e a Geo-espacialização de informações relevantes da localização e ações dos membros
do GTPS, Regiões de Atuação, experiências de sustentabilidade e com um grande potencial de aplicação no
monitoramento e rastreabilidade (TerraVision)
56
Para disseminar os resultados de projetos com ações de agricultura sustentável, existe a necessidade de
poder contar com uma boa infraestrutura e o desenvolvimento de um Sistema de Comunicação e Informação
tecnológica (ICT) disponível aos Produtores Rurais. Esse é o principal objetivo do projeto piloto de Paragominas/
PA, no qual participam a TNC, o Sindicato Rural e a EnsoAg. Que está avaliando uma plataforma de comunicação
entre produtores para permitir a entrada e intercâmbio de informações através de aplicativo de smartphones, e
que também pode ser utilizada para monitoramento e acompanhamento dos projetos do FSP.
O funcionamento envolve uma interface Web e as aplicações para telefonia móvel, que interagem via
banco de dados, com um gateway e envia via um SMS com informações armazenadas no Banco de Dados
e as transforma em mensagens instantâneas de texto. Os produtores podem solicitar informações técnicas,
bem como custos e disponibilidade de insumos via SMS. Integrados ao sistema, os fornecedores apresentam
as cotações, participam de pregões, enviam notícias (controladas por um moderador) e interagem com os
produtores e sindicatos.
Com mapas e produtos, junto com a parceria de terceiros, pretendemos que cada estado tenha um
responsável para fazermos esses trabalhos de disseminação. Pensamos em divulgar os indicadores de
critérios técnicos, as guias elaboradas, as entidades envolvidas com a extensão rural e capacitação, e indicar
os locais das fazendas modelos ou unidades de referência tecnológicas - URT.
Nilton
Vamos mostrar o trabalho realizado pela TerraVision para sabermos da sua capacidade em ajudar a
desobstruir alguns gargalos enfrentados pelo GTPS. A empresa faz parte da Promon, que possui cinco grupos
(engenharia, logicalls, trópico, novos negócios e meio ambiente).
Crida em 2007, a TerraVision é especializada em geotecnologia e geoprocessamento, com atuação em
todo o Brasil em diversos segmentos como: meio ambiente, mineração, siderurgia, agronegócio, engenharia,
energia e óleo e gás. Em parceria com a Brandt Meio Ambiente, elaboramos bases cartográficas para mais
de mil projetos de licenciamento ambiental no país. Já desenvolvemos mapeamentos de uso e ocupação do
solo para aproximadamente 600 mil quilômetros quadrados no Brasil em escala 1:25.000, isso corresponde
ao tamanho do estado de Minas Gerais.
Fornecemos imagens de satélite em diversas resoluções. Realizamos o processamento e a ortorretificação
de imagens e elaboramos as bases cartográficas, que é a cobertura e uso do solo, drenagem e geração de APP´s.
O grande diferencial da TerraVision no momento é o ArcGis On line. Até então, o geoprocessamento era
um atividade bem específica e técnica. O ArcGis é uma ferramenta fácil utilização para qualquer pessoa criar
mapas e realizar análises espaciais. O conteúdo pode ser organizado e compartilhado de forma controlada e
segura, com os dados disponibilizados na nuvem (hospedado ou local).
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
57
A vantagem de usar o ArcGis está na capacidade de juntar muitas informações (planilha, foto, relatório,
trabalho de campo, etc) e organizá-las na forma Web. Desenvolvemos o sistema para Paragominas junto com
a TNC, com base nas informações levantadas em 2007. O município estava na lista negra daqueles que mais
desmatavam no Brasil, mas hoje está fora. Podemos juntar todas as informações da propriedade (cobertura do
solo, APP´s preservadas ou não, piquetes, drenagens, etc) e disponibilizá-los na Web para acesso de terceiros. O
aplicativo georeferenciado facilita a tomada de decisão porque a informação não aparece fragmentada.
Márcio Caparroz
Muito se fala sobre as emissões do Brasil relacionadas a pecuária, mas o país, por si, muito pouco trata
essa questão. Assim, a FAO e o IMS (International Meat Secretariat – IMS) estabeleceram uma cooperação
para elaborar benchmark global de métricas e indicadores, com os quais pretende ter um LCA (analise de
ciclo de vida) global para pecuária.
A nossa missão é ser a plataforma para elaborar estratégias para validar localmente conceitos científicos
internacionais através de intercâmbio de pesquisas e publicações sobre pecuária, com o objetivo de
alinharmos com relação:
1. Emissões e sequestro de carbono
a) Uso da Terra
b) Emissões de gases de efeitos estufa por fermentação entérica e resíduos
c) Uso de Água – Pegada Hídrica
2. Estudar o que mais influencia como mudar o hábito dos consumidores
3. Adequado uso adoção de tecnologias
Pretendemos definir uma posição do GTPS, após levantamento e análise dos estudos sobre as emissões
brasileiras relacionadas as pecuária, revisarmos cientificamente as publicações existentes para:
1. Criarmos um Position paper: Relatório elaborado a ser publicado e a criação de um banco de dados
de estudos científicos no site GTPS;
a. com isso montarmos o link com a política Nacional, com o inventário nacional de emissões de GEE
e com as negociações internacionais – interação com o Embrapa/ MAPA/ MMA e MRE – a partir dos
resultados do trabalho.
2. Estudar o ciclo de vida de consumidores e produtores em relação a sustentabilidade para identificar
como atender essa expectativa
3. Desenvolvermos modelos sustentáveis (Uso de tecnologia): Compilar informações científicas existentes
sobre o impacto na produção ao se usar tecnologias de gado leiteiro e em bovinos de corte.
58
Com isso esperamos definir as próximas tarefas para validar informações localmente, e elaborar
plano de Comunicação com a Sociedade. Em 2013, fizemos o alinhamento metodológico de medição
do projeto SALSA; fechamos o protocolo sustentável de produção na cadeia de lácteos; envolvemos
projetos de redução de emissão de GEE em confinamentos através do tratamento dos dejetos. Vamos
trabalhar na percepção dos consumidores.
Fernando Sampaio: Comissão Técnica
Um trabalho empírico de diagnóstico da pecuária brasileira, elaborado pelo Francisco Villa, revelou que no
Brasil há cerca de mil fazendas tecnificadas, com acesso a assistência técnica privada; 150 a 200 mil fazendas
semi tecnificadas e sem assistência técnica e um milhão de produtores não tecnificados sem assistência.
Existe uma área da pecuária a ser consolidada no país na qual precisamos colocar o nosso foco de
trabalho. No GTPS desenvolvemos um projeto para agregar conhecimento e capacitar pessoas para realizar
a transformação desejada. Temos que arrumar recursos para isso e criar centros de disseminação, onde uma
fazenda possa ser exemplo da aplicação de tecnologia e influenciar a região em seu entorno.
Estamos realizando workshops com outros temas técnicos como pastagens, nutrição e bem estar,
genética e reprodução, sanidade, administração e gestão financeira e adequação legal. Gostaríamos de
condensar todas essas informações para produzirmos um guia, onde o produtor e o extensionista pudessem
consultar e optar por alguma tecnologia.
No primeiro workshop temático realizado pela comissão técnica do GTPS foram abordados os conceitos
de rastreabilidade, identificação e certificação da cadeia da carne bovina. Mostramos as experiências
vivenciadas pelas redes de varejo e as iniciativas de cada um deles para atender às demandas de controle
da cadeia, tanto do ponto de vista das empresas e indústrias, como dos consumidores finais, para os
quais se têm desenvolvido mecanismos de verificação da origem dos produtos. Falamos da plataforma da
gestão agropecuária (PGA) da Confederação Nacional da Agricultura e o MAPA, das modificações do Sisbov.
Apresentamos outras propostas de rastreabilidade, como a do estado do Pará e de Santa Catarina, o único
estado com 100% de rebanho certificado (CIDASC).
Todas as informações e experiências trocadas durante os workshops temáticos irão compor o Guia da
Pecuária Sustentável, produto que a Comissão Técnica do GTPS deverá entregar até o final de 2014. Em geral,
as informações de consulta disponíveis possuem foco “no que deve ser feito” e não no “como fazer”. Há uma
dependência de cada fazenda, diagnóstico e situação. Convidamos profissionais especialistas de cada área
para debater sobre as tecnologias aplicáveis a cada situação e a forma mais sustentável para sua aplicação
ao sistema produtivo. Pretendemos listar as tecnologias de maior importância em cada tema e os tópicos
relacionados que devem ser descritos no guia. A classificação será feita quanto ao investimento, tempo de
“repagamento”, impacto na produtividade, tempo de implantação e complexidade tecnológica.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
59
Programas do BNDES de apoio a
Bovinocultura de Corte
Tiago Peroba – Gerente dos programas
agropecuários do BNDES
O BNDES é principal provedor de recursos para investimentos de longo prazo, tendo como foco as grandes
indústrias e empresas, inclusive na agroindústria e a agropecuária. Quando andamos pelo Brasil, sentimos a
importância da instituição para fornecer funding para os produtores de pequeno, médio e grande porte. Essa
relevância tem sido intensificada nos últimos anos.
Em 2011 foi criada a área de agropecuária e inclusão social. Isso mostra a importância que o governo e
o BNDES dão cada vez mais para com o setor. Nas operações diretas com o produtor somos financiadores
das políticas do governo federal, com as regras definidas pelo Manual do Crédito Rural, que são resoluções
publicadas pelo Banco Central.
O papel do BNDES é de gerir, operar acompanhar o crédito agropecuário. Temos os programas da
agricultura familiar do Ministério de desenvolvimento Agrário (MDA) e da agricultura empresarial do
MAPA (Programa da Agricultura de Baixo Carbono – ABC, Moderagro, Modeinfra, Moderfrota, Prodercoop,
Pronamp, Programa da Capacidade de Armazenagem -PCA e o Inovagro – voltado a capacitação tecnológica
do produtor rural.
Nas safras 2011/12 e 2012/13, liberamos, respectivamente, R$ 9,4 bilhões e R$ 14,0 para os programas
do MAPA.
O Banco do Brasil é um dos agentes financeiros que operam com o BNDES, junto com os bancos das
montadoras, os comerciais, das cooperativas. Com isso, atingimos uma capilaridade na distribuição do
crédito rural acima de cinco mil municípios.
A análise e aprovação dos projetos, em plataforma eletrônica, acontecem em tempo mais curto.
Possuímos três programas para atender os produtores interessados em tomar crédito para a bovinocultura:
Programa ABC, Inovagro e o Pronaf Mais Alimentos. Itens financiáveis: consultoria, aparelhos de computação
60
Plano ABC - Financiamento de Práticas Sustentáveis
O Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma
Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, também denominado de Plano ABC (Agricultura de
Baixa Emissão de Carbono) foi instituído na safra 2010/11 pela Resolução BACEN nº 3.896, de 17/08/2010.
A sua criação representa uma iniciativa do Governo Federal de estímulo ao desenvolvimento de práticas
sustentáveis na agropecuária.
Coordenada pelo Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento (MAPA) e pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), esta iniciativa é orientada para o compromisso de redução das emissões
de GEE entre 36,1% e 38,9% até 2020, conforme compromisso assumido pelo Brasil na 15ª Conferência das
Partes (COP-15), realizada em 2009, em Copenhague, na Dinamarca.
Com vigência até 2020 e sujeito a revisões periódicas, o plano é composto por sete programas relacionados
a tecnologias de mitigação e ações de adaptação às mudanças climáticas:
(1) Recuperação de Pastagens Degradadas;
(2) Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs);
(3) Sistema Plantio Direto (SPD);
4) Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN);
(5) Florestas Plantadas;
(6) Tratamento de Dejetos Animais;
(7) Adaptação às Mudanças Climáticas.
Inicialmente o plano foi constituído com recursos do Sistema BNDES. No entanto, atualmente conta com
recursos da Caderneta de Poupança Rural (MCR 6-4) do Banco do Brasil e de outros fundos.
Em relação a dotação orçamentária, no ano safra 2010/11, o programa ABC teve R$ 2 bilhões em 2011/12,
R$ 3,15 bilhões em 2012/13, R$ 3,4 bilhões e no atual Plano Safra 2013/14, lançado em junho de 2013, teve
um aumento orçamentário para R$ 4,5 bilhões, com juros de 5% ao ano. Deste montante, 500 milhões estão
sob gestão do BNDES.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
61
Desembolsos do Programa ABC – BNDES
Desde seu início, no ano safra 2010/11 até outubro de 2013, o BNDES desembolsou cerca de R$ 690
milhões e efetuou pouco mais de 2 mil operações no âmbito do Programa ABC. As regiões Sudeste e Centro
Oeste corresponderam, cada uma, por 31% do total desembolsado, seguidas pela região Sul (27%), e, com
menores participações, as regiões Norte (8%) e Nordeste (3%).
Programa ABC: Desembolsos por região e ano em R$ mil
Região
2011
2012
2013(*)
Sudeste
18.437
112.082
85.402
Centro Oeste
14.174
93.937
103.505
Sul
20.092
93.959
73.963
Norte
6.872
28.759
119.190
Nordeste
2.31
9.759
8.963
Total
61.808
291.025
291.025
Fonte: BNDES
(*) janeiro e outrubro
Distribuição regional dos desembolsos Programa ABC.
Entre os estados onde foram efetuadas mais operações do Programa ABC, destacam-se Minas Gerais,
com 579 operações e R$ 148 milhões desembolsados, Rio Grande do Sul (323 operações e cerca de R$ 112
milhões desembolsados) e Goiás (311 operações e aproximadamente R$ 109 milhões desembolsados).
62
Programa ABC: Número de operações e valor liberado pelas principais UFs.
Unidade da federação
Operações
Valor Liberado (R$ 1.000)
MG
579
148.533
RS
323
111.820
GO
311
108.749
MS
171
88.459
PR
275
61.511
SP
136
57.948
Demais
319
114.259
Total
2.114
691.281
Fonte: BNDES
Além da linha genérica do Programa ABC, que apoia empreendimentos cujo objetivo é a redução das
emissões de gases de efeito estufa oriundas das atividades agropecuárias, o BNDES opera com algumas
linhas específicas.
Dentro do escopo de promoção da pecuária sustentável, estas linhas são: ABC Recuperação
(investimentos destinados a projetos de recuperação de pastagens degradadas), ABC Integração (implantação
e melhoramento de sistemas de integração lavoura-pecuária, lavoura-floresta, pecuária-floresta ou lavourapecuária-floresta e de sistemas agroflorestais), e ABC Tratamento de Dejetos (implantação, manutenção e
melhoramento de sistemas de tratamento de dejetos e resíduos oriundos de produção animal para geração
de energia de compostagem).
Programa ABC: Número de operações e valor liberado por linha específica
Linha Específica
Operações
Valor Liberado (R$ 1.000)
Genérica
787
268.985
Recuperação
539
173.173
Florestas
545
146.441
Integração
129
48.887
Plantio Direto
84
39.335
Silvicultura
16
9.038
Recomposição
8
4.458
Tratamento de Dejetos
5
902
Orgânico
1
62
Total
2.114
691.281
Fonte: BNDES
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
63
BNDES e a Pecuária Sustentável
A atividade pecuária brasileira possui uma
importância que remonta ao período de colonização,
quando a criação de gado exercia o duplo papel de
complementar a economia da cana-de-açúcar e
iniciar a penetração e povoamento do interior do
Brasil. A despeito dos ciclos de retração e expansão
que se seguiram, a atividade manteve uma
participação de destaque na economia brasileira.
De acordo com a Pesquisa Pecuária Municipal,
do IBGE, entre 1992 e 2010, a participação da região
Norte no total do rebanho nacional aumentou de 10%
para 20%. Por outro lado, a Região Centro-Oeste, que
já possuía a maior participação no rebanho bovino
(32%) em 1992, também apresentou um crescimento
bastante expressivo, passando a representar 35% do
rebanho bovino do Brasil em 2010.
Entre dezembro de 2012 e novembro de 2013,
o setor pecuário gerou US$5.2 bilhões em divisas,
correspondendo a 2,2% das exportações nacionais.
Além disso, de acordo com o Censo Agropecuário de
2006, a pecuária foi a atividade que ocupou a maior
extensão de terras nacionais (26% do território).
Vale observar ainda, que o efetivo nacional
representa o maior rebanho em escala global com
finalidade comercial.
Uma vez que predomina no Brasil a pecuária
bovina de corte extensiva, o estímulo à expansão
da pecuária, sobretudo no Norte, se explica
parcialmente pelo baixo preço das terras. Além
disso, a pecuária bovina exige pouca mobilização de
capital por área ocupada, o que estimula o uso da
atividade como forma de legitimar a ocupação de
terras onde não existe um direito de propriedade
bem definido.
Apesar da sua relevância econômica, a atividade
pecuária, quando realizada sem o uso de práticas
sustentáveis, pode provocar diversos efeitos não
desejados para o meio ambiente.
O cenário que se desenha é a de que a maior
parte da pecuária brasileira se estabelece e se
expande em direção das regiões onde se encontram
os maiores biomas brasileiros. Isso exige do país
um conjunto de políticas públicas para desenvolver
uma pecuária cada vez mais produtiva e menos
dependente da extensão territorial.
Em publicação da FAO – Food and Agriculture
Organization of the United Nations – “A Grande
Sombra dos Rebanhos” O setor pecuário foi o
responsável por 18% das emissões dos gases
de efeito estufa, por 9% de todo gás carbônico
emitido por fontes antrópicas (desmatamentos
para áreas de pastagem ou produção de grãos),
37% da emissão de metano (maior parte devido
à fermentação ruminal) e 65% de todo o gás
nitroso emitido.”
64
Há
diversas
práticas
tecnológicas
economicamente viáveis que podem ser
estimuladas para promover a sustentabilidade na
pecuária. Notavelmente, é imprescindível que se
estimule a recuperação e a renovação de pastagens
em detrimento da expansão da área ocupada.
Ademais, há grande potencial para a redução da
emissão dos gases do efeito estufa (GEE), que são
gerados pela fermentação entérica e pelos dejetos
animais. Para isso, cabem melhorias nas pastagens
e nas técnicas de manejo, como a vedação e a
suplementação das pastagens.
Outra proposta sustentável é a integração
da atividade pecuária com outras atividades
econômicas como a agricultura ou a silvicultura
– prática conhecida como sistema de integração
– de forma que integradas estas atividades sejam
mais sustentáveis e eficientes do que seriam se
funcionassem de maneira segmentada. O que se
espera dos sistemas de integração é que estes
consigam fazer com que as atividades funcionem
com alguma complementaridade de forma que as
duas ou mais atividades favoreçam umas às outras
de maneira simbiótica.
Para fomentar a difusão da agropecuária
sustentável, o governo vem desenvolvendo
diversas políticas públicas, dentre as quais, aquelas
voltadas para acesso ao crédito para emprego de
práticas sustentáveis.
São Félix do Xingu/PA - Foto: Haroldo Palo Jr.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
65
Maracaju/MS - Foto: Sheila Guebara
66
Cases de sucesso
MANUAL DE APLICAÇÃO DA MARCA
Case 1: “ACRIMAT em Ação”
Associado: Associação dos Criadores de Mato Grosso (ACRIMAT )
Período: De 18/03/2013 a 27/05/2013
Associação dos Criadores
de Mato Grosso
Localização:
www.acrimat.org.br
Cuiabá, Poconé, Cáceres, São José dos 4 Marcos, Porto Esperidião, Pontes e Lacerda, Vila Bela da Santíssima
Trindade, Nova Lacerda, São José do Rio Claro, Sinop, Marcelândia, Colíder, Guarantã do Norte, Alta Floresta,
Nova Monte Verde, Apiacás, Brasnorte, Juara, Juína, Castanheira, Juruena, Aripuanã, Rondonópolis,
Paranatinga, Barra do Garças, Água Boa, Ribeirão Cascalheira, Cocalinho, Confresa e Vila Rica.
Investimento:
R$ 673.540,00 (seiscentos e setenta e três mil, quinhentos e quarenta reais.)
Oportunidade:
A atividade da pecuária de corte passa por transição cultural, com mudanças nas praticas de produção e gestão.
Este processo é lento e requer persistência. Nessa direção, ações facilitadoras de como levar informações
ampliam o acesso ao conhecimento e ajudam a adaptação para uma nova situação por parte dos produtores.
Para tanto, foram organizadas palestras técnicas sobre temas diretamente ligados a produção pecuária.
O conteúdo tratou sobre o impacto das novas tecnologias para incrementar os índices de produtividade,
a taxa de rentabilidade e o desenvolvimento da exploração. A ênfase era transmitir a importância de se
buscar a melhoria continua no processo de produção sustentável.
Solução:
Desenvolvido durante três anos, o objetivo foi disseminar informações técnicas de qualidade em todas
as regiões do Estado. As mensagens transmitidas foram elaboradas pela equipe técnica da ACRIMAT, com
base em pesquisa nos municípios polos na produção de carne, para identificar as principais demandas dos
pecuaristas de porte pequeno, médio e grande.
Então, montado a partir da realidade presente na atividade, o diagnóstico serve de fundamentação para a
elaboração do conteúdo programático, que é formulado e apresentado aos parceiros colaboradores.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
67
Uma equipe multidisciplinar de profissionais percorre as quatro rotas para apresentar em todos os municípios o
mesmo conteúdo. Além de palestrantes, também participam o corpo técnico economistas, médicos veterinários,
analistas de marketing, jornalistas, engenheiros agrônomos e o superintende para coordenação dos eventos.
Resultado:
O número de participantes nas palestras aumenta a cada ano. De 2011 a 2012 passou de 900 para 3000
pecuaristas. Em 2013, houve outro aumento, para 4000 produtores. Todos eles são contemplados com
mudas de árvores nativas.
O projeto também apresenta para cada região um diagnóstico sobre a situação econômica, social, sanitária
e de infraestrutura. Um relatório final é confeccionado, com a indicação e apontamento das soluções para
cada um dos problemas detectados.
Nesses 40 anos de atuação, a ACRIMAT promove ações com o objetivo de defender os interesses dos
produtores, com posições firmadas na busca de uma pecuária forte, promissora e sustentável.
Parceria:
Além da colaboração de lideranças locais, como representantes regionais da Acrimat e presidentes
de Sindicatos Rurais, participaram empresas como Grupo JBS, Biogénesis Bagó, Dow Agrosciences,
Concessionárias Volkswagem Trescinco e Ariel e Instituto Ação Verde.
Case 2:
Modelo para a Pecuária Sustentável - Diagnóstico da
Pecuária de Corte no Oeste da Bahia.
Associado: Acrioeste – Associação dos Criadores do Oeste da Bahia
Período: De 06/02/2012 a 27/11/2015
Localização: Barreiras, Bahia
Oportunidade:
Desde a sua pioneira até o final do século XX, a pecuária brasileira foi marcada pela expansão territorial,
abertura de áreas e uso pouco significativo de tecnologia. O resultado desse processo foram índices de
produtividade modestos.
68
A partir de meados da década de 1990, pressões econômicas forçaram os pecuaristas a se tornarem mais
eficazes na geração de lucros para a sobrevivência do negócio. Por sua vez, por razões sociais e ambientais,
com o uso cada vez mais eficiente das áreas abertas e exploradas, a modernização tecnológica chegou na
produção da pecuária de corte.
Apesar desse avanço, a abertura de novas áreas para pastagens ainda é apontada como uma das causas do
desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Daí, a necessidade de recuperação das glebas ocupadas pela
pecuária com baixa produtividade. Isso será fundamental na liberação de áreas para acomodar a expansão
de alimentos, fibras e biocombustíveis, sem a necessidade de novos desmatamentos.
Solução:
O projeto tem como propósito auxiliar no diagnóstico da situação de sustentabilidade e sugerir soluções para
serem aplicadas pelos produtores. O trabalho serve para orientar a execução das políticas regionais e apoiar
os esforços das entidades representativas dos produtores, de modo inserir os agricultores em modelos de
produção mais sustentáveis no longo prazo.
Dada a sua semelhança histórica, cultural e o formato de desenvolvimento adotado, a região oeste da Bahia
foi usada como modelo para retratar outras regiões do nordeste brasileiro,
Primeiramente, além de conhecer o perfil do produtor rural, cabe identificar as lacunas nos sistemas utilizados
de produção e compreender os principais gargalos existentes na atividade. Em seguida, apresentar soluções
apropriadas e incentivar a adoção de processos tecnológicos minimizadores dos impactos ambientais
negativos causados pela exploração.
Resultado:
Com versão adaptada aos produtores do Oeste da Bahia, um questionário foi elaborado e aplicado em 76
propriedades rurais, para captar as lacunas existentes em prol de uma melhor sustentabilidade.
Os dados coletados foram processados, analisados e revisados através de um sistema automatizado de
processamento de dados. O relatório com os resultados do diagnóstico aponta as principais lacunas existentes
e as recomendações individuais baseadas em análise de benchmark.
A próxima etapa é preparar o pecuarista para gerir a propriedade como uma empresa rural. Para tanto,
serão selecionadas algumas fazendas para receber assistência técnica especializada e servir como unidades
demonstrativas. Ao mesmo tempo, treinamentos serão ministrados com o intuito de capacitar os pecuaristas
do oeste da Bahia em diversas áreas como: gestão, produção, meio ambiente, trabalho e comunidade.
Parceria:
Solidaridad Network (Suporte Financeiro), GTPS/FSP (Suporte Financeiro),Acrioeste (Coordenação do Projeto
e Apoio Operacional Profissional) e Agronegócios (Suporte Técnico)
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
69
Case 3 - A (Geo)Revolução da Pecuária Brasileira: maior
programa mundial de monitoramento e gestão de
riscos da matéria prima de origem animal
Associado: AgroTools
Período : De 01/07/2010 a 31/12/2020
Localização: Foco na Amazônia Legal
Oportunidade:
Devido sua importância para a biodiversidade global, a Amazônia Legal merece cuidados especiais,
principalmente em relação à exploração dos recursos naturais, enquanto a agricultura e a pecuária avançam
sobre suas fronteiras.
Nos últimos 20 anos, o crescimento do rebanho bovino nessa região passou de 30 milhões de cabeças para
79,7 milhões em 2011, correspondente a 38% do rebanho nacional. Esse crescimento deveu-se ao aumento
das áreas de pastagens e do desmatamento. Além disso, mais de um terço das libertações de escravos
realizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em 2012, ocorreram em fazendas de gado dentro dos
limites da Amazônia.
O enorme desafio dos frigoríficos é garantir o suprimento da carne bovina proveniente de aproximadamente
u milhão de propriedades rurais na Amazônia, de acordo com critérios sociais e ambientais.
A AgroTools foi a empresa selecionada para desenvolver a solução: garantir carne ao consumidor em
conformidade com o protocolo de produção sustentável.
Solução:
Centrada no conceito de “Identidade Geográfica”, em cima de metodologia desenvolvida pela AgroTools,
com o emprego de imagens de satélite e aparelhos de GPS, milhares de fazendas de gado foram localizadas.
O segundo passo foi delimitar a área de influência dessas fazendas e garantir a acurácia dessas
localizações. Quanto mais informações o produtor fornecia (ex. mapa digital) mais precisa foi a
delimitação do território da fazenda.
O terceiro passo foi fazer duas verificações. O primeiro se havia sobreposição entre o território da fazenda e
as áreas de proteção ambiental ( unidades de conservação, terras indígenas e polígonos de desmatamento).
O segundo se o produtor não constava em quaisquer listas negras (áreas embargadas e trabalho escravo).
70
Produtores com qualquer inconformidade em pelo menos um destes dois critérios não estavam habilitados
para fornecer matérias primas. Dessa maneira, as indústrias de carne bovina garantiam aos seus consumidores
estavam a compra produtos que “preservavam” a Amazônia.
Resultado:
Com a adesão de novos frigoríficos e fazendas de pecuária ao programa de geomonitoramento, bem como
pressão do Ministério Público Federal (MPF), Organizações Não Governamentais (ONGs) e os consumidores,
as taxas de desmatamento continuarão estão em queda ao longo dos anos.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisa espacial (INPE), de 2008 a 2012, a taxa anual de desmatamento
na Amazônia Legal caiu 65%, saindo de 12.911 para 4.571 km² por ano. O “Programa de Geomonitoramento”
contribuiu positivamente. No início, em 2010, o monitoramento abrangia de 3 milhões de hectares e pouco
mais de 7.000 fazendas. Hoje em dia, esse número está perto de 100 mil propriedades, com a adesão de
novas indústrias e fazendas ao uso das ferramentas e metodologias desenvolvidas pela AgroTools.
Diariamente, a área monitorada representado por fazendas de pecuária na região da Amazônia Legal é
igual a área da Alemanha e França combinadas. Trata-se do maior programa de acompanhamento de
carne bovina no mundo.
Parceria:
ABIEC, Marfrig, JBS, BRF, Minerva, Walmart, McDonald’s e GTPS.
Case 4: Análise da sustentabilidade de sistemas de
produção pecuarista na região do cerrado, em Ipameri,
estado de Goiás.
Associado: Fundação Espaço ECO
Período: De 03/02/2014 a 13/01/2015
Localização:Ipameri, estado de Goiás
Oportunidade Na década de 1970 a ocupação do Cerrado, por meio da expansão de fronteiras agrícolas e do
aumento da produtividade, trouxe também a degradação das pastagens e prejuízos ambientais e econômicos.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
71
Para a recuperação ou formação de pastagens, as rotações de culturas e os manejos de solo são técnicas
desenvolvidas para a maior sustentabilidade da agropecuária, Algumas delas fazem parte atual programa
da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), do governo federal, com destaque para o sistema de
integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF).
O iLPF consiste no plantio da forrageira, ou pastagem, concomitante com uma cultura de grãos e plantio de
linhas espaçadas de espécies arbóreas. Entretanto, faltam estudos de avaliação dos aspectos e impactos
ambientais, sociais e econômicos desses sistemas.
Solução:
O objetivo é comparar a sustentabilidade do ILPF frente ao cultivo em pastagem pelo método convencional. O
trabalho será realizado em parceria com a Fundação Espaço ECO, Centro de Excelência em Socioecoeficiência,
instituído pela BASF AS, em parceria com a GIZ, que aplica a metodologia de análise AgBalanceTM,
desenvolvida pela BASF SE.
Os centros de ecoeficiência da BASF desenvolvem e atualizam constantemente um acervo de dados de
avaliação de ciclo de vida de produtos (bens e serviços).
A Fazenda Itapevi apresenta sistema iLPF e iLP consolidados (com mais de 5 anos), mas as propriedades
vizinhas apresentam pastos sob plantio convencional. Essa proximidade física permite a comparação entre os
dois sistemas. Os dados servirão de entradas para a análise de indicadores em termos de socioecoeficiência
Resultado:
Os resultados esperados permitirão além de uma comparação dos sistemas produtivos em termos de
socioecoeficiencia, o mapeamento dos fatores mais impactantes de cada sistema, de modo a contribuir para
a busca de soluções e melhoria contínua.
Parceria:
Fazenda Santa Brigida, Embrapa, BASF SA e Fundação Espaço ECO
72
Case 5: Programa Mais Inovação
AssociadoFAMASUL
Período De 12/03/2014 a 12/03/2017
Localização
Mato Grosso do Sul
Oportunidade:
Segundo dados pesquisados da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande), das 18 milhões de hectares de
pastagens existentes em Mato Grosso do Sul, pelo menos a metade está degradada.
O pesquisador Armindo Neivo Kichel conjectura a possibilidade, para os próximos 10 anos, uma perda
na produção de carne de 40% em razão do processo de degradação das pastagens, e de 7% por conta da
substituição das áreas por outras culturas.
Parte desse problema se deve aos próprios pecuaristas, que herdaram práticas incorretas, atualmente
inadequadas, de manejo do solo. Como exemplo, toma-se a adoção da exploração intensiva, sem rotatividade
ou adubação, com a insuficiência de pasto e tendência a diminuição do rebanho.
O programa Mais Inovação visa estimular por meio de orientação a produção sustentável no agronegócio,
com estruturação na forma de consultoria, nas diversas áreas dos conhecimentos voltados a produção
do campo. Entre elas se destacam as orientações na aptidão de uso do solo, oportunidades de negócios
regionais, treinamentos, educação não formal de caráter continuado para promover processos de gestão,
produção, beneficiamento, comercialização, logística, construção de planos de negócios das atividades e
serviços agrosilvopastoril.
Solução:
Focada em resultados na produção, prestar consultoria e assistência técnica, com a difusão de inovações
tecnológicas no agronegócio e influencia assertiva para a tomada de decisão, de modo a melhorar os
processos produtivos e aumentar a lucratividade.
Resultado:
Benefícios técnicos e econômicos para 500 produtores rurais do norte do estado, onde estão os maiores
problemas de degradação da pastagem.
Parceria:
GTPS
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
73
Case 6: Falando de Pecuária
Associado
Minerva S.A.
Período De 11/04/2011 a 31/12/2020
Localização
Estados de São Paulo, Goiás, Mato Grasso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Tocantins e
Rondônia
Oportunidade
No Brasil, a pecuária de corte, além da concorrência por espaço de outras atividades agrícolas, sofre também
pressão ambiental, com restrição à abertura de novas áreas. Isso provoca redução nas áreas de pastagem do país.
Ciente da extrema importância desse processo de sensibilização ambiental, Minerva desenvolveu soluções
e ferramentas para ajudar seus fornecedores a dar continuidade às suas atividades, além da necessidade de
constantes atualizações quanto às legislações ambientais e trabalhistas vigentes no país.
Solução
O objetivo de debater assuntos pertinentes à indústria e aos pecuaristas, como sustentabilidade, cenário de
oferta e demanda de insumos, qualidade de carne, exigências do público consumidor, novas tendências e
também aproximar o pecuarista da indústria.
Parra isso, o Frigorífico Minerva criou eventos palestras para tratar assuntos ligados às exigências da legislação
e de mercado, como:
- “Boi gordo, cenário e modalidade de negociação”;
- “Exigências de Mercado”;
- “Sustentabilidade: esclarecimentos sobre a legislação”.
Uma equipe técnica formada por 14 extensionistas, capacitados levarão informação até o campo e trarão as
perspectivas dos pecuaristas das regiões visitadas. Ao final de cada “Falando de Pecuária” será realizada uma
avaliação e, aos interessados, visitas dos técnicos às propriedades. ficarão agendadas
Resultado
Em 2013, foram agendadas durante os eventos 69 visitas aos pecuaristas interessados em receber a equipe
da Minerva nas suas fazendas. O público presente em todas as etapas totalizou 320 participantes, entre
pecuaristas e familiares.
O perfil dos pecuaristas variou de “muito pequeno” a “muito grande”, principalmente pela diferença no
74
padrão das propriedades em cada região. Além das palestras fixas dos colaboradores das áreas específicas
da Minerva Foods como Sustentabilidade, Pesquisa e Desenvolvimento, Business Intelligence e Mesa de Boi
a Termo, foram elaboradas palestras de parceiros, divididas de acordo com as necessidades de cada região.
Parceria
FAMASUL, SENARMS, GTPS, Zoetis (ex-Pfizer), Phibro, Prodap e Dupont.
Case 7: Plataforma Pecuária Sustentável
AssociadoWalmart
Período 2009 a 2015
Localização
Região do Amazonas
Oportunidade
Desde 2005, a empresa assumiu a sustentabilidade como parte integrante do seu negócio, com a definição
de metas globais, estruturadas em três pilares: Clima e Energia, Resíduos e Produtos.
Dentro do pilar Produtos, atua para assegurar aos consumidores a garantia de origem da carne bovina
comprada nas lojas da rede. Até 2015, o compromisso é de não realizar nenhuma operação que contribua
para o desmatamento na Amazônia.
Solução
Adoção do Sistema de Monitoramento e Gestão de Riscos da Cadeia da Pecuária Bovina, com a utilização de
informações geográficas sobre as áreas de desmatamento (PRODES e DETER), as terras indígenas (FUNAI) e
das unidades de conservação (ICMBio e MMA), além de bancos de dados públicos sobre trabalho escravo
(MTE) e áreas embargadas (IBAMA). O foco do trabalho é o primeiro elo da cadeia, junto ao frigorífico. Os é pedidos comerciais de carne passam
pela análise de risco do Sistema. Isso possibilita o monitoramento da origem dos produtos e ciência por parte
do Walmart no caso de algum de seus fornecedores estar associado às restrições estabelecidas.
A construção do Sistema teve como base o entendimento das diferentes relações ao longo do processo
produtivo da pecuária. Assim, a companhia pode tomar conhecimento das atividades além daquelas que
lhes cabem na cadeia de valor.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
75
Resultado
Maior indústria do setor no país, a JBS foi o primeiro frigorífico a aderir ao projeto foi a JBS, ainda na fase de
desenvolvimento do Sistema para realização de um piloto, com o fornecimento de informações sobre suas
plantas e fazendas na Amazônia.
Em relação aos demais fornecedores, a equipe de Sustentabilidade do Walmart Brasil realizou sessões de
treinamentos com cada um deles, durante o segundo semestre de 2013, para que os mesmos estejam aptos
a operar o Sistema.
A proposta é futuramente ampliar a aplicação do Sistema para todos os seus fornecedores de carne bovina
em outros biomas, podendo inclusive ser extensivo também a outras cadeias produtivas
Parceria
Agrotools
Case 8: Programa de Certificação do Couro Brasileiro
com Ênfase em Sustentabilidade
Associado
Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB)
Período Em vigência desde setembro de 2012
Localização
Todo território nacional
Oportunidade
Reconhecer as empresas brasileiras do setor curtidor com as melhores práticas dentro das três dimensões da
sustentabilidade: ambiental, econômico e social. A intenção é estabelecer os princípio e critérios para uma
produção de couros sustentável e de forma consistente no Brasil.
Solução
Montagem da Comissão de Estudo Especial (CEE) – formada por empresários, técnicos, representantes de
indústrias transformadoras, pesquisadores acadêmicos e membros da sociedade.
Esta composição deu credibilidade e o reconhecimento para se discutir as normas que servem de base ao
76
Programa de Certificação do Couro com Ênfase em Sustentabilidade
Resultado
O grande engajamento da cadeia produtiva do couro no programa, com as reuniões da CEE, deu origem os
Projetos de Norma que servirão de base para o programa. O próximo passo é a elaboração do Regulamento
de Avaliação da Conformidade (RAC) junto ao Inmetro.
Nesse contexto, inclui-se também a preparação das empresas para adequação interna e a recepção à
auditoria. Ao final, os curtumes serão certificados por seus produtos em nível nacional e internacional.
Parceria
Membros da Comissão de Estudo Especial, ABNT e INMETRO
Case 9: Design na Pele
Associado
Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB)
Período Fevereiro de 2013 a abril de 1014
Localização
Em todo território nacioal
Oportunidade
Desenvolver nos curtumes brasileiros a cultura e a diferenciação do design. As empresas com senso estético
mais apurado olham para os couros e as peles com infinitas possibilidades de uso e aplicação. Isso aprimora
o trabalho dos curtidores e eleva o conceito do couro nacional no mercado interno e externo.
Solução
Convite a duas importantes personalidades da arte da moda no Brasil – a artista plástica Heloísa Crocco e o
estilista Ronaldo Fraga – para se juntarem ao projeto e promoverem sua execução.
Cada um deles ficou responsável por desenvolver o projeto com um determinado número de curtumes.
Foram montadas oficinas, com prestação de consultorias individuais, avaliação do trabalho in loco e as
possibilidades de cada empresa. Com isso, foram desenvolvidos couros – chamados dentro do projeto de
superfícies – com características especiais, em grande sintonia com tendências em design e características
estéticas específicas.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
77
Resultado
Realizada junto aos curtumes participantes, pesquisa qualitativa, captou uma aprovação foi de 100%. Os
relatos revelaram a importância do trabalho para ampliar a cultura do design na empresa, entre outros
aspectos.
No âmbito da mídia, o Design na Pele teve um alcance surpreendente em conteúdo espontâneo: a iniciativa
foi retratada em publicações como Casa Vogue, Casa Cláudia, Folha de São Paulo, Fotoshoe (Itália), ARS
Sutoria (Itália), Alternativa Moda (Argentina), entre outras.
A mostra itinerante Design na Pele passou por cidades como Bento Gonçalves (RS), Novo Hamburgo (RS),
São Paulo (SP) e Brasília (DF), além de seu agendamento para exposição em Hong Kongs, tendo sido vista por
milhares de pessoas.
Dos couros oriundos do projeto Design na Pele nasceram peças físicas para moda e decoração. A iniciativa
gerou também um livro e vídeos sobre o projeto, traduzidos em cinco idiomas.
Parceria
CICB, Maurício Medeiros, Ronaldo Fraga, Heloísa Crocco e Apex-Brasil. Curtumes participantes: Aplic Colour,
Arte da Pele, Coming, Couros Bom Retiro, Courovale, Indústria de Peles Minuano, JBS Couros, Moderno,
Natur, Romeu Couros, Schmechel Peles Exóticas, Soubach Special Leathers e Tre Anytry Marine & Exotic
Leathers
São Félix do Xingu/PA - Foto: Erik Lopes
78
A JBS tem o compromisso público de garantir a origem responsável do gado utilizado como matéria-prima,
por isso, não adquire animais de fazendas envolvidas com desmatamento, invasão de terras indígenas ou
unidades de conservação, violência no campo e conflitos agrários, e uso de trabalho escravo.
Para garantir esse compromisso, desde 2010 a JBS tem um sistema de monitoramento socioambiental de
seus fornecedores de gado que utiliza imagens de satélite, mapas georreferenciados das fazendas, dados
de desmatamento do INPE e informações oficiais de órgãos públicos de áreas embargadas (IBAMA) e de
trabalho escravo (MTE).
O sistema de monitoramento é composto por dois processos de análises que atuam de forma integrada.
O primeiro processo refere-se à verificação diária e sistemática das listas publicadas pelo IBAMA e pelo
Ministério do Trabalho em comparação com o cadastro integral dos fornecedores de gado bovino da
JBS no Brasil.
O segundo processo consiste num sistema tecnológico baseado em informações geográficas que realiza
diariamente o monitoramento territorial das propriedades fornecedoras de gado bovino da JBS localizadas
nos estados da Amazônia Legal (RR, AP, AC, RO, AM, PA, MA, TO MT).
O sistema faz a sobreposição de camadas digitais dos mapas georreferenciados das propriedades
fornecedoras de gado com os mapas da evolução das áreas de desmatamento desde 2009 publicados
pelo INPE, além dos mapas oficiais das áreas de terras indígenas e unidades de conservação ambiental na
região da Amazônia Legal.
A finalidade desse sistema é identificar e bloquear fazendas fornecedoras que apresentem qualquer não
conformidade com esses critérios socioambientais da empresa.
O Sistema de Monitoramento Socioambiental de Fornecedores de Gado da JBS é anualmente auditado, de
forma independente por empresas de terceira parte, de modo a garantir o cumprimento dos compromissos
da empresa com a sustentabilidade. Atualmente são mais de 2.500 fazendas bloqueadas no cadastro da
empresa, por não estarem em conformidade com os critérios socioambientais da JBS. Com o cumprimento
dos critérios a JBS garante que toda a sua cadeia de valor, incluindo todos os produtos e subprodutos
derivados das operações com bovinos, seja sustentável.
GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável
79
Patrocinadores
Marca em cores
Marca monocromática positiva
Realização:
Marca monocromática negativa
Parceria:
Contato:
[email protected]
www.pecuariasustentavel.org.br