Carta Econômica

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Carta Econômica
Carta Econômica
Fevereiro de 2015
Economista-Chefe
Gustav Gorski
João Fernandes
Economista
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A atividade econômica recessiva na economia brasileira ganhou corpo ao longo dos
dados divulgados no início de 2015. Os níveis de confiança continuaram a piorar e
renovaram as mínimas históricas. Neste contexto, chama a atenção a forte retração da
confiança do consumidor em janeiro, mostrando que o cenário para consumo será
desafiador ao longo do ano. A indústria voltou a retrair e muito provavelmente diminuiu
o volume produzido no último trimestre de 2014. As informações antecedentes para o
início de 2015 sinalizam que não há melhora aparente neste segmento. O setor de
serviços, por sua vez, também continuou a mostrar piora. A queda da receita real para
este setor acentuou-se em novembro e também deve retrair no quarto trimestre de
2014. A falta de chuva no NE e SE, principais bacias hidrográficas do Brasil, já ligou a luz
amarela para o racionamento tanto de energia quanto de água. O nível dos reservatórios
de energia está extremamente baixo para o período de chuvas que vige de dezembro a
abril. Em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo já há racionamento de água.
Contabilizando todo este contexto e assumindo racionamento de água e energia ao longo
do ano, nossa projeção de PIB foi revisada para baixo. Esperamos recessão econômica
em 2015, com o PIB caindo 1,7% no período.
Em relação à inflação, a recomposição dos preços administrados pelo governo fará com
que a variação dos preços ao consumidor do primeiro trimestre de 2015 seja muito
elevada. A alta da tarifa de energia elétrica, a elevação da tributação do preço da
gasolina e a elevação do preço do transporte público, estancado a dois anos, impactarão
fortemente a inflação no início de 2015. Mesmo com a atividade econômica mais fraca e
elevação dos juros, a recomposição dos preços administrados fará com que a inflação
ainda fique bastante elevada em 2015. Em nossa projeção, esperamos alta de 10% nos
preços administrados e de 7% no IPCA, como um todo, em 2015.
Em relação à política monetária, o Banco Central elevou novamente a meta para a
taxa Selic, em mais 0,50 ponto percentual, para 12,25% ao ano. Na ata da reunião, a
autoridade monetária reconheceu que os preços administrados serão bastante elevados
em 2015, elevando sua projeção de 6% para 9,3%. Além disso, no documento o BC
entende que a queda dos preços das commodities deve transmitir-se para a economia
doméstica. Ele revelou também que o crescimento econômico será abaixo do potencial e
que a confiança das firmas e das famílias é um componente importante para a retomada
do crescimento econômico. Em resumo, o BC adotou um tom um pouco mais suave,
abrindo margem para desaceleração da elevação da taxa básica de juros nas reuniões
futuras. Esperamos que a meta para a taxa Selic seja elevada em mais 0,25 ponto
percentual na reunião de março, encerrando este ciclo de alta em 12,50% ao ano. No
entanto, ainda não descartamos um ajuste um pouco maior nos juros, com a taxa básica
atingindo 13% ao ano.
O ajuste fiscal iniciou-se na economia brasileira. Após o anúncio de atingir uma meta
de superávit primário de 1,2% do PIB ou de R$ 66 bilhões de economia, foram tomadas
medidas tanto pelo lada da despesa, quanto pelo lado da receita. Pelo lado da despesa,
haverá cortes no auxílio desemprego e abono salarial, bem como nas regras de pensões
por morte. Nas estimativas do governo, haverá uma economia de R$ 18 bilhões com
estas medidas. Pelo lado da receita, houve aumento das contribuições sobre a gasolina
(CIDE), elevação dos impostos sobre cosméticos e sobre a concessão de crédito. Nas
contas do governo, o aumento da arrecadação será em torno de R$ 20 bilhões. No
entanto, as contas fechadas de 2014 revelaram que o esforço para atingir a meta de
1,2% do PIB será maior. Em 2014, houve déficit primário de 0,6% do PIB ou R$ 33
bilhões. Somos céticos quanto ao atingimento da meta de primário. Em nossa visão
haverá um ajuste menor, em torno de 0,5% do PIB.
Crescimento do PIB – acum. 4 trim.
Fonte: Quantitas, IBGE.
IPCA - % 12 meses
Fonte: Quantitas, IBGE.
Meta para Taxa Selic - % ao ano
Fonte: Quantitas, Banco Central.
Taxa de Câmbio – R$/US$
Fonte: Quantitas, Banco Central.
*Cenários Quantitas para Brasil
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