Sistema de Apoio à Decisão Espacial
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Sistema de Apoio à Decisão Espacial
SÍLVIO LUÍS RAFAELI NETO UM MODELO CONCEITUAL DE SISTEMA DE APOIO À DECISÃO ESPACIAL PARA GESTÃO DE DESASTRES POR INUNDAÇÕES Tese apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Engenharia São Paulo 2000 SÍLVIO LUÍS RAFAELI NETO UM MODELO CONCEITUAL DE SISTEMA DE APOIO À DECISÃO ESPACIAL PARA GESTÃO DE DESASTRES POR INUNDAÇÕES Tese apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Engenharia Área de Concentração: Engenharia de Transportes Orientador: Prof. Dr. Marcos Rodrigues São Paulo 2000 DEDICATÓRIA À minha querida e dedicada esposa Marlene e meus amados filhos Denis e Cássio pelo seu amor, carinho, força, paciência e compreensão. AGRADECIMENTOS À Universidade do Estado de Santa Catarina e colegas do Departamento de Engenharia Rural pelos esforços e sacrifícios que possibilitaram este trabalho. À Universidade de São Paulo, Escola Politécnica e Laboratório de Geoprocessamento pela oportunidade. Ao Professor Dr. Marcos Rodrigues pela oportunidade e orientação. Ao Professor Dr. José Alberto Quintanilha pela ajuda em momentos críticos. Aos colegas do Laboratório de Geoprocessamento pela troca de idéias, amizade, carinho e respeito. Ao Coordenador de Curso, Professor Dr. Denizar Blitzkow, pela confiança e ajuda que possibilitaram viagem aos Estados Unidos para apresentação de trabalho. Ao Professor Ruben La Laina Porto pelas suas prestigiosas atenção e orientação em diversas ocasiões. Ao Professor Benedito P. F. Braga Jr. pelos contatos iniciais que evoluíram para este trabalho. Ao Superintendente do Centro Tecnológico de Hidráulica (CTH), Prof. Mário Tadeu L. de Barros, que permitiu conhecermos o Sistema de Alerta de São Paulo. Ao Dr. Rodolfo Scaratti Martins pelo incentivo inicial e contribuições técnicas relevantes. Ao Dr. Paulo Takashi Nakayama pela sua atenção em mostrar a metodologia utilizada na previsão de cheias em São Paulo. SUMÁRIO Lista de figuras...................................................................................................................i Lista de tabelas.................................................................................................................iv Lista de símbolos ..............................................................................................................v Lista de relações formais..................................................................................................xi RESUMO ......................................................................................................................xv ABSTRACT...................................................................................................................xvi 1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................1 2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................7 2.1 Paradigma dos sistemas de alerta a inundações........................................................ 7 2.1.1 Sistema do NWS....................................................................................................8 2.1.2 Sistema SAISP.....................................................................................................10 2.1.3 Monitoramento com GPS ....................................................................................11 2.1.4 Conclusão.............................................................................................................11 2.2 Gerenciamento de desastres naturais - GDN.......................................................... 12 2.3 Natureza espacial do fenômeno de inundação........................................................ 14 2.4 Tecnologias e produtos para lidar com a natureza espacial dos fenômenos de inundações .............................................................................................................. 14 2.5 Problema................................................................................................................. 16 2.5.1 Definição..............................................................................................................16 2.5.2 Métodos de solução .............................................................................................17 2.5.3 Classes .................................................................................................................18 2.5.4 Papéis ...................................................................................................................20 2.5.5 Problema espacial ................................................................................................21 2.6 Sistemas de apoio à decisão.................................................................................... 22 2.6.1 Arquitetura ...........................................................................................................23 2.6.2 Funcionalidades do gerenciador do banco de modelos .......................................24 2.6.2.1 Funcionalidades gerais.....................................................................................26 2.6.2.2 Funcionalidades para sistemas efetivos ...........................................................27 2.6.3 SAD em hidrologia ..............................................................................................32 2.7 Sensoriamento remoto ............................................................................................ 33 2.8 Sistemas de informação geográfica ........................................................................ 34 2.8.1 Funcionalidades de SIG para apoio a decisões....................................................37 2.8.2 Interoperabilidade ................................................................................................39 2.8.3 SIG estendido.......................................................................................................39 2.9 Sistema de apoio à decisão espacial - SADE ......................................................... 41 2.9.1 SADE efetivo.......................................................................................................42 2.9.2 SADE específico..................................................................................................43 2.9.3 Estado da arte.......................................................................................................44 2.10 Sumário................................................................................................................... 47 3 UMA TAXONOMIA DE CONFIGURAÇÕES DE SISTEMAS DE APOIO À DECISÃO ESPACIAL ESPECÍFICOS ................................................................50 3.1 Papel dos sistemas de informação geográfica (SIG) .............................................. 50 3.2 Taxonomia de estratégias de integração de subsistemas de software .................... 53 3.3 Critérios de classificação ........................................................................................ 53 3.3.1 Modelagem científica ..........................................................................................55 3.3.2 Dados ...................................................................................................................56 3.3.3 Controle da integração .........................................................................................57 3.3.4 Assistência ao usuário..........................................................................................58 3.3.5 Critérios de classificação aplicados à integração dos subsistemas SIG e SMC ..58 3.4 Classes de estratégias.............................................................................................. 59 3.4.1 Acoplamento livre................................................................................................60 3.4.1.1 Acoplamento livre aplicado aos subsistemas SIG e SMC ...............................61 3.4.1.1.1 GIS/CADD DSS (4-Dimentional GIS/CADD-Based Decision Support System)..........................................................................................................62 3.4.1.1.2 WATERSHEDSS..........................................................................................62 3.4.1.1.3 Integração AGNPS-RAISON........................................................................63 3.4.1.1.4 WOODSS - Workflow-based Spatial Decision Support System..................64 3.4.1.1.5 LADSS (Sistema de Apoio à Decisão para Alocação de Solo) ....................64 3.4.2 Acoplamento próximo .........................................................................................65 3.4.2.1 Acoplamento próximo aplicado aos subsistemas SIG e SMC.........................66 3.4.2.1.1 Integração Arc/Info-MODFLOW - Sistema ARCMOD...............................67 3.4.2.1.2 Integração MGE-MODFLOW ......................................................................67 3.4.2.1.3 Integração MGE-SWMM..............................................................................68 3.4.2.1.4 Geo-STORM (Storm Water System) ............................................................68 3.4.2.1.5 STAMP (Spatial Temporal Modeling Program)...........................................69 3.4.3 Acoplamento rígido ou forte................................................................................69 3.4.3.1 Acoplamento rígido aplicado aos subsistemas SIG e SMC.............................71 3.4.3.1.1 Integração Arc/Info-MODFLOW - Sistema MODFLOWARC ...................72 3.4.4 Integração plena...................................................................................................72 3.4.5 Integração plena aplicada aos subsistemas SIG e SMC ......................................75 3.4.5.1 Análise comparativa de desempenho computacional entre acoplamento próximo por habilitação e acoplamento pleno por habilitação ........................76 3.4.6 Integração mista...................................................................................................79 4 MODELO CONCEITUAL DE SADE EFETIVO ...............................................81 4.1 Material................................................................................................................... 81 4.1.1 Modelo ontológico de Wand................................................................................82 4.1.2 Teoria de sistemas - enfoque sistêmico ...............................................................84 4.1.2.1 Ontologia de um sistema..................................................................................84 4.1.2.2 Sistema geográfico...........................................................................................85 4.1.2.3 Níveis de agregação de sistemas......................................................................87 4.1.2.4 Modelo de um sistema .....................................................................................89 4.1.2.4.1 Tipos de modelos ..........................................................................................91 4.1.2.4.2 Modelo científico ..........................................................................................94 4.1.2.4.3 Elementos da modelagem científica..............................................................94 4.1.3 Teoria de conjuntos............................................................................................102 4.2 Métodos ................................................................................................................ 103 4.3 Modelo formal ...................................................................................................... 110 4.3.1 Modelo formal do banco de modelos ................................................................110 4.3.1.1 Componentes estruturais do banco de modelos .............................................111 4.3.1.1.1 Propriedades de um elemento de SC...........................................................112 4.3.1.1.2 Percepção de um SC....................................................................................113 4.3.1.1.3 Estrutura comportamental de um SC ..........................................................113 4.3.1.2 Insumos e produtos comportamentais............................................................127 4.3.1.2.1 Entrada ........................................................................................................127 4.3.1.2.2 Saída ..........................................................................................................128 4.3.1.3 Limites Comportamentais ..............................................................................129 4.3.1.3.1 Limite conceitual.........................................................................................130 4.3.1.3.2 Limite paramétrico ......................................................................................131 4.3.1.3.3 Contorno ou fronteira..................................................................................131 4.3.1.3.4 Limite procedimental ..................................................................................132 4.3.1.4 Desempenho comportamental........................................................................133 4.3.1.4.1 Categorias de desempenho comportamental ...............................................135 4.3.2 Modelo formal do banco de dados espacial.......................................................146 4.3.2.1 Componentes estruturais do BDE ..................................................................146 4.3.2.1.1 Propriedades de um elemento de SM..........................................................147 4.3.2.1.2 Percepção de um SM...................................................................................149 4.3.2.1.3 Topologia espacial entre os elementos de um SM ......................................158 4.3.3 Associação entre modelo científico e feição geográfica....................................161 4.3.3.1 Associação a nível de componentes...............................................................164 4.3.3.2 Associação a nível de propriedades ...............................................................168 4.4 Estado do sistema ................................................................................................. 173 4.4.1 Transição ou mudança de estado .......................................................................174 4.4.2 Pontos de estado.................................................................................................175 4.4.2.1 Pontos de estado durante desempenhos ∆......................................................178 4.4.2.2 Identificação formal de estados......................................................................180 4.4.2.2.1 Estados dos elementos da estrutura STEP ..................................................180 4.4.2.2.2 Estados dos elementos geométricos e topológicos do BDE........................180 5 MODELO DE IMPLEMENTAÇÃO ..................................................................182 5.1 Mapeamento entre conceitos ................................................................................ 182 5.2 Diagrama de classes.............................................................................................. 184 5.3 Classes, atributos e operações .............................................................................. 186 5.4 Associação ............................................................................................................ 189 5.5 Agregação ............................................................................................................. 190 5.6 Herança................................................................................................................. 191 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...........................................................193 6.1 Conclusões............................................................................................................ 193 6.1.1 Sobre o paradigma dos sistemas de alerta .........................................................193 6.1.2 Sobre o gerenciamento de desastres naturais.....................................................193 6.1.3 Sobre problemas espaciais e processos de tomada de decisão ..........................194 6.1.4 Sobre as tecnologias de suporte à decisão .........................................................194 6.1.5 Sobre o desenvolvimento de SADE efetivo ......................................................195 6.1.6 Sobre as ferramentas de trabalho .......................................................................196 6.1.7 Sobre o uso da teoria de sistemas ......................................................................196 6.1.8 Sobre o uso do modelo ontológico de Wand .....................................................196 6.1.9 Sobre o uso da teoria de conjuntos ....................................................................197 6.1.10 Sobre o modelo formal proposto .......................................................................197 6.2 Recomendações .................................................................................................... 198 ANEXO 1 - Fases do gerenciamento de desastres naturais ..........................................199 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................201 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - MODELO DO DOMÍNIO E FOCO DA PESQUISA................................................................................ 2 FIGURA 2 - MODELO DE SISTEMA DE ALERTA A INUNDAÇÕES (FONTE: KRZYSZTOFOWICZ & DAVIS, 1983 A). ................................................................................................................................................. 7 FIGURA 3 - FASES DO GERENCIAMENTO DE DESASTRES NATURAIS. ........................................................... 12 FIGURA 4 - OCORRÊNCIA DE UM PROBLEMA. .............................................................................................. 16 FIGURA 5 - PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO.......................................................................................... 17 FIGURA 6 - PAPÉIS DOS AGENTES DE PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO. .................................................. 21 FIGURA 7 - COMPONENTES BÁSICOS DE UM SAD........................................................................................ 23 FIGURA 8 - ARQUITETURA DE UM SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE BANCO DE MODELOS DE UM SADE (ADAPTADO DE SAGE, 1991). ................................................................................................. 28 FIGURA 9 - COMPONENTES BÁSICOS DE UM SIG. ........................................................................................ 35 FIGURA 10 - EXEMPLOS DE ESTRUTURAS DE DADOS VETORIAIS. (A) MODELO DE DADOS POLYVRT; (B) ESTRUTURA DE DADOS POLYVRT; C) ESTRUTURA DE UM ARQUIVO DIME............................... 36 FIGURA 11 - ESTRUTURA DE DADOS MATRICIAL. ........................................................................................ 37 FIGURA 12 - ADEQÜABILIDADE DE SIG PARA APOIO A DECISÕES SOBRE PROBLEMAS DO DOMÍNIO DO GDN. ............................................................................................................................................... 39 FIGURA 13 - PAPEL DOS DESENVOLVEDORES E USUÁRIO NOS NÍVEIS TECNOLÓGICOS DE SADE (FONTE: ADAPTADO DE DENSHAM, 1991). ........................................................................................... 44 FIGURA 14 - DOMÍNIO DOS RELACIONAMENTOS POSSÍVEIS ENTRE AS CATEGORIAS E SUBCATEGORIAS DE CRITÉRIOS. ............................................................................................................................. 59 FIGURA 15 - CATEGORIAS DE ESTRATÉGIAS DE ACOPLAMENTOS PARA CONFIGURAÇÃO DE SADE............. 60 FIGURA 16 - INTEGRAÇÃO DE SOFTWARES APLICATIVOS ATRAVÉS DE ACOPLAMENTO MISTO (ADAPTADO DE MATSON ET AL., 1995)........................................................................................................... 80 FIGURA 17 - SUMÁRIO ESQUEMÁTICO DO MODELO ONTOLÓGICO DE WAND. .............................................. 83 FIGURA 18 - SISTEMA CAIXA BRANCA......................................................................................................... 87 FIGURA 19 - SISTEMA CAIXA CINZA. ........................................................................................................... 87 FIGURA 20 - SISTEMA CAIXA PRETA............................................................................................................ 88 FIGURA 21 - ENTRADA E SAÍDA DE ÁGUA DE ALGUNS SUBSISTEMAS DO CICLO HIDROLÓGICO. ................... 88 FIGURA 22 - METODOLOGIA DE SISTEMA PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMA COM RETROALIMENTAÇÃO (FONTE: POOCH & WALL, 1993, P.6). .................................................................................................. 91 FIGURA 23 - ELEMENTOS DE UM MODELO CIENTÍFICO (ABORDAGEM CAIXA PRETA). .................................. 95 FIGURA 24 - REPRESENTAÇÃO PICTÓRICA DA RELAÇÃO FUNCIONAL F ENTRE PARES DE VARIÁVEIS (ENTRADA E SAÍDA) DE UM SISTEMA. ..................................................................................... 96 FIGURE 25 - ARQUITETURA DE SADE COM EXPANSÃO AO DOMÍNIO DO PROBLEMA E PROCESSO DE TOMADA DE DECIÃO............................................................................................................................ 104 FIGURA 26 - ENFOQUE SISTÊMICO APLICADO À REPRESENTAÇÃO CONCEITUAL E TECNOLÓGICA DE SISTEMAS GEOGRÁFICOS. ..................................................................................................................... 107 FIGURA 27 - COMPONENTES DE UM SADE APLICADO AO GERENCIAMENTO DE LIXO EM LOMBARDIA, NORTE DA ITÁLIA (ADAPTADO DE MANIEZZO, MENDES & PARUCCINI, 1998). ................................ 108 FIGURA 28 - DIAGRAMA DE CONJUNTOS E SUBCONJUNTOS DOS COMPONENTES ESTRUTURAIS DO BM..... 115 i FIGURA 29- DIAGRAMA DA HIERARQUIA DOS COMPONENTES DE UM SC OU MC. ..................................... 115 FIGURA 30 - EXEMPLO ILUSTRATIVO DA IDENTIFICAÇÃO DE UM COMPONENTE NOS DIFERENTES NÍVEIS DA ESTRUTURA HIERÁRQUICA STEP DE UM BM. ...................................................................... 116 FIGURA 31 - FORMALISMO DA AGREGAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE INSUMOS (Γ) DE UM SC................. 116 FIGURA 32 - VISÃO RELACIONAL DA AGREGAÇÃO DA INFORMAÇÃO: (A) A NÍVEL DO BANCO DE MODELOS, (B) A NÍVEL DO SIMULADOR.................................................................................................. 118 FIGURA 33 - CICLO HIDROLÓGICO (FONTE: PORTO, 1973). ....................................................................... 120 FIGURA 34 - APLICAÇÃO DO MODELO RACIONAL (FONTE: RIGHETTO, 1998)............................................ 123 FIGURA 35 - ESQUEMA DO MODELO TOPMODEL (FONTE: RIGHETTO, 1998). ........................................ 125 FIGURA 36 - PONTOS DE ENTRADA E SAÍDA DURANTE A EXECUÇÃO EM SÉRIE DE UMA TAREFA DE SIMULADOR.......................................................................................................................... 128 FIGURA 37 - VARIAÇÃO DA EXECUÇÃO CONFORME O NÚMERO DE COMPONENTES. .................................. 135 FIGURA 38 - COMPARTILHAMENTO DE COMPONENTES ENTRE SIMULADORES, TAREFAS, ETAPAS E PROCEDIMENTOS. ................................................................................................................. 137 FIGURA 39 - DIAGRAMA DE REUTILIZAÇÃO DE COMPONENTES. ................................................................ 137 FIGURA 40 - FORMALIZAÇÃO DO COMPARTILHAMENTO DE ELEMENTOS ENTRE OS CONJUNTOS................ 138 FIGURA 41 - COMPARTILHAMENTO DE PROCEDIMENTOS NO NÍVEL DE ETAPA........................................... 139 FIGURA 42 - COMPARTILHAMENTO DE COMPONENTES ENTRE OS CONJUNTOS TAREFA E ETAPA. (A) COMPARTILHAMENTO DE ETAPAS; (B) COMPARTILHAMENTO DE PROCEDIMENTOS............... 141 FIGURA 43 - FORMALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO SEQÜENCIAL ENTRE DOIS COMPONENTES ESTRUTURAIS DE UM SC........................................................................................................................................ 142 FIGURA 44 - EXECUÇÕES SEQÜENCIAIS E PARALELAS DE COMPONENTES DA ESTRUTURA STEP. O ESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES ENTRADA-SAÍDA (SETAS) NOS NÍVEIS MAIS BAIXOS DA HIERARQUIA ACARRETA VÍNCULOS ENTRE OS NÍVEIS SUPERIORES. ...................................... 142 FIGURA 45 - FORMALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO PARALELA ENTRE DOIS COMPONENTES ESTRUTURAIS DE UM SC........................................................................................................................................ 143 FIGURA 46 - EXECUÇÕES EM PARALELO INDICANDO QUE A SOLUÇÃO FINAL PODE SER FORMADA: A) PELA UNIÃO DE SOLUÇÕES, OU SEJA, S = {ΡI, ΡJ}; B) PELO PROCESSAMENTO FINAL QUE PRODUZA SOLUÇÃO ÚNICA, OU SEJA, S = [ΡK / ΓK = {ΡI, ΡJ}]. ............................................................. 144 FIGURA 47 - EXECUÇÕES EM PARALELO E EM SÉRIE DE TAREFAS.............................................................. 144 FIGURA 48 - EXECUÇÃO SIMULTÂNEA DE COMPONENTE DE SC. INTERNAMENTE O PROCESSAMENTO PODE SER EM SÉRIE OU PARALELO, MAS AS SAÍDAS PRODUZIDAS NÃO SÃO RELEVANTES PARA A ANÁLISE OU SOLUÇÃO DE UM PROBLEMA EM QUESTÃO........................................................ 145 FIGURA 49 - ESQUEMA DE EXECUÇÕES DOS COMPONENTES DE UM SC. .................................................... 146 FIGURA 50 - IDENTIFICAÇÃO E VALIDADE DAS PROPRIEDADES DE UM ELEMENTO DE SM PERCEBIDO COMO DISCRETO. SUAS FRONTEIRAS SÃO SEMPRE IDENTIFICÁVEIS E AS PROPRIEDADES DO ELEMENTO SOMENTE SÃO OBTIDAS ATRAVÉS DE SUAS FRONTEIRAS. .................................................... 150 FIGURA 51 - ELEMENTOS DE UM SISTEMA MORFOLÓGICO (SM)................................................................ 151 FIGURA 52 - CONJUNTOS DE PONTOS, LINHAS E POLÍGONOS DE UM BDE.................................................. 152 FIGURA 53 - IDENTIFICAÇÃO E VALIDADE DAS PROPRIEDADES DE UM ELEMENTO DE SM PERCEBIDO COMO CONTÍNUO. SUAS FRONTEIRAS PODEM OU NÃO SER IDENTIFICÁVEIS E AS PROPRIEDADES DO ELEMENTO SEMPRE SÃO OBTIDAS ACESSANDO-SE QUALQUER PONTO DE SUA REGIÃO, INCLUINDO SUAS FRONTEIRAS IDENTIFICÁVEIS. ................................................................... 154 FIGURA 54 - CONJUNTOS DE ELEMENTOS PARA CAPTURA DA PERCEPÇÃO CONTÍNUA DE UM SM.............. 157 FIGURA 55 - ORIGEM DAS RELAÇÕES TOPOLÓGICAS ENTRE OS ELEMENTOS DE UM SM. ........................... 159 ii FIGURA 56 - CONJUNTOS DE NÓS, LIGAÇÕES E CÉLULAS DE UM BDE. ...................................................... 160 FIGURA 57 - CÉLULAS DE UMA GRADE IRREGULAR GI: (A) VETORES INDICANDO AS DIREÇÕES DE LINHA DE MAIOR DECLIVE DOS TRIÂNGULOS DE UMA CÉLULA J; (B) ÁREAS DE INFLUÊNCIA PARA O CÁLCULO PONDERADO DAS VAZÕES EFLUENTES SOBRE A VAZÃO TOTAL DA CÉLULA J. (FONTE: ADAPTADO DE RIGHETTO, 1998, P.345). .............................................................................. 162 FIGURA 58 - ESTRUTURA TOPOLÓGICA PARA DESCRIÇÃO DOS RELACIONAMENTOS ESPACIAIS DE UM SM A SER UTILIZADA POR UM MODELO HIDROLÓGICO. .................................................................. 164 FIGURA 59 - ASSOCIAÇÃO ENTRE SM E SC: (A) INDIRETA, ATRAVÉS DA TOPOLOGIA ESPACIAL (T) DO SM; (B) DIRETA, POR ACESSO DIRETO AOS ELEMENTOS GEOMÉTRICOS BÁSICOS DO SM.............. 165 FIGURA 60 - VISÃO VETORIAL DE UMA ASSOCIAÇÃO BINÁRIA ENTRE COMPONENTE DE UM SC E COMPONENTE DE UM SM...................................................................................................... 167 FIGURA 61 - ASSOCIAÇÃO ENTRE SIMULADORES E PONTOS. ..................................................................... 167 FIGURA 62 - ASSOCIAÇÃO BINÁRIA FORMAL ENTRE PROPRIEDADES DOS COMPONENTES DE UM SC E SM. ESTA ASSOCIAÇÃO ESTABELECE UMA RELAÇÃO INTERATIVA CAUSA-EFEITO ENTRE OS COMPONENTES ASSOCIADOS................................................................................................. 169 FIGURA 63 - PONTOS DE ESTADO DE UM ELEMENTO DA ESTRUTURA STEP............................................... 175 FIGURA 64 - CONJUNTOS DE ESTADOS PRIMÁRIO E FINAL RELATIVOS A EVENTOS DISTINTOS. .................. 177 FIGURA 65 - PONTOS DE ESTADO NAS EXECUÇÕES EM SÉRIE, PARALELA E SIMULTÂNEA. ......................... 179 FIGURA 66 - DIAGRAMA DE CLASSES DO MODELO STEP (NOMENCLATURA UML)................................... 185 FIGURA 67 - ASSOCIAÇÃO BI-DIRECIONAL ENTRE DUAS CLASSES. ............................................................ 190 FIGURA 68 - ASSOCIAÇÃO DE AGREGAÇÃO. .............................................................................................. 191 iii LISTA DE TABELAS TABELA 1 - ATRIBUTOS DE UM SADE EFETIVO.......................................................................................... 43 TABELA 2 - CATEGORIAS DE CRITÉRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE INTEGRAÇÃO DE SUBSISTEMAS DE SOFTWARE. ................................................................................................... 54 TABELA 3 - CATEGORIAS DE CRITÉRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE INTEGRAÇÃO DE SUBSISTEMAS DE SOFTWARE PARA CONFIGURAR SADE. ......................................................... 58 TABELA 4 - CARACTERÍSTICAS DAS ESTRATÉGIAS DE ACOPLAMENTO DE SUBSISTEMAS DE SOFTWARE. ..... 59 TABELA 5 - METODOLOGIA DE SISTEMA PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMA. .................................................... 90 TABELA 6 - SEQÜENCIA DE ATIVIDADES, MODELOS E DOCUMENTOS PRODUZIDOS NO MODELO DE REPRESENTAÇÃO...................................................................................................................... 92 TABELA 7 - APLICAÇÃO DA ESTRUTURA STEP SOBRE MODELOS BASEADOS NO CICLO HIDROLÓGICO. ..... 121 TABELA 8 - APLICAÇÃO DA ESTRUTURA STEP SOBRE O MODELO RACIONAL. .......................................... 123 TABELA 9 - APLICAÇÃO DA ESTRUTURA STEP SOBRE O MODELO TOPMODEL. ..................................... 126 TABELA 10 - ESTRUTURA STEP PARA A DETERMINAÇÃO DA TOPOLOGIA ESPACIAL A SER UTILIZADA POR UM MODELO HIDROLÓGICO. ................................................................................................. 163 TABELA 11 - NÍVEIS DE ASSOCIAÇÃO BINÁRIA ENTRE COMPONENTES ESTRUTURAIS DO BANCO DE MODELOS E COMPONENTES ESTRUTURAIS DO BANCO DE DADOS ESPACIAL. ......................................... 165 TABELA 12 - MAPEAMENTO ENTRE ESTRUTURAS CONCEITUAIS UTILIZADAS NA PESQUISA....................... 183 iv LISTA DE SÍMBOLOS Símbolos de Uso Genérico BM: banco de modelos BDE: banco de dados espacial BGM: gerenciador do banco de modelos BGD: gerenciador do banco de dados MC: modelo científico SC: sistema em cascata SM: sistema morfológico Símbolos da Teoria de Conjuntos ⊂: está contido ⊃: contém /: tal que < >: tupla {}: conjunto ∩: intersecção ∪: união ∧: ou ∨: e Símbolos do Formalismo do Banco de Modelos Si: simulador i Tij: tarefa j do simulador i Ei,jk : etapa k da tarefa j v Pi,j,kl : procedimento l da etapa k upi,j,k,lm : unidade procedural m do procedimento l Cw: elemento de um sistema em cascata (SC) Η (eta): propriedade Estrutura de um elemento de SC Γ (gama): propriedade Insumo de um elemento de SC Λ (lambda): propriedade Limite comportamental de um elemento de SC ∆ (delta): propriedade Desempenho comportamental de um elemento de SC Ρ (rô): propriedade Produto de um elemento de SC γ (gama): elemento do conjunto Γ δ (delta): elemento do conjunto ∆ ρ (rô): elemento do conjunto Ρ C: limite comportamental do tipo conceitual Π (pi): limite comportamental do tipo parâmetro Χ (chi): limite comportamental do tipo contorno ou fronteira Φ (fi): limite de comportamento do tipo processamento π (pi): elemento do conjunto Π χ (chi): elemento do conjunto Χ φ (fi): elemento do conjunto Ψ Símbolos do Formalismo do Banco de Dados Espacial Dz: elemento de um sistema morfológico (SM) Ψ (psi): propriedade Conformação de um elemento de SM Θ (teta): propriedade Posição de um elemento de SM Α (alfa): propriedade Atributo de um elemento de SM vi pt: elemento de um SM de natureza pontual, representado num BDE como "ponto" Pt: conjunto de elementos pt de um SM l: elemento de um SM de natureza linear, representado num BDE como "linha" L: conjunto de elementos l de um SM pg: elemento de um SM de natureza poligonal, representado num BDE como "polígono" Pg: conjunto de elementos pg de um SM trg: triângulo sem conformação definida TIN: conjunto de elementos trg adjacentes sp: polígono do tipo subdivisão planar SP: conjunto de elementos sp c: polígono do tipo célula GR: grade regular GI: grade irregular is: linha do tipo isolinha Is: conjunto de elementos is ap: ponto do tipo amostra pontual AP: conjunto de elementos ap T: topologia espacial n: ponto do tipo nó N: conjunto de elementos n lg: linha do tipo ligação Lg: conjunto de elementos lg Símbolos de associações vii Ω: associação binária Dz(dk): elemento dk de um SM que se associa a um elemento de SC PtJ(ptk): ponto k do conjunto de pontos PtJ que se associa a um elemento de SC LJ(lk): linha k do conjunto de pontos LJ que se associa a um elemento de SC PgJ(pgk): polígono k do conjunto de polígonos PgJ que se associa a um elemento de SC FWZ: associação binária entre as propriedades de um elemento de SC e um elemento de SM Símbolos de Estados Σ: estado de um sistema Σ(Cw): estado de um elemento de SC Σ(Dz): estado de um elemento de SM Σ(Ω): estado de uma associação binária α: índice de estado inicial ou primário de um sistema β: índice de estado final de um sistema αΣ: estado inicial ou primário de um sistema βΣ: estado final de um sistema Cw(1,1), Cw(2,2),...: estados inicial e final do componente de SC nos eventos 1, 2, ... Dz(1,1), Dz(2,2),...: estados inicial e final do componente de SM nos eventos 1, 2, ... e αΣ(Si) : estado inicial (α) do simulador i no evento e e βΣ(Si) : estado final (β) do simulador i no evento e i e αΣ(T j) : estado inicial da tarefa j pertencente ao simulador i no evento e viii i e βΣ(T j) : estado final da tarefa j pertencente ao simulador i no evento e i,j e αΣ(E k) : estado inicial da etapa k pertencente a tarefa j no evento e i,j e βΣ(E k) : estado final da etapa k pertencente a tarefa j no evento e αΣ(P i,j,k e l) : i,j,k e βΣ(P l) : l e αΣ(pt i) : estado inicial do procedimento l pertencente a etapa k no evento e estado final do procedimento l pertencente a etapa k no evento e estado inicial do ponto i pertencente ao conjunto de pontos l no evento e l e βΣ(pt i) : estado final do ponto i pertencente ao conjunto de pontos l no evento e m e αΣ(l i) : estado inicial da linha i pertencente ao conjunto de linhas m no evento e m e βΣ(l i) : estado final da linha i pertencente ao conjunto de linhas m no evento e n e αΣ(pg i) : estado inicial do polígono i pertencente ao conjunto de polígonos n no evento e n e βΣ(pg i) : estado final do polígono i pertencente ao conjunto de polígonos n no evento e l e αΣ(n i) : estado inicial do nó i pertencente ao conjunto de nós l no evento e l e βΣ(n i) : estado final do nó i pertencente ao conjunto de nós l no evento e m e αΣ(lg j) : estado inicial da ligação j pertencente ao conjunto de ligações m no evento e m e βΣ(lg j) : estado final da ligação j pertencente ao conjunto de ligações m no evento e n e αΣ(c k) : estado inicial da célula k pertencente ao conjunto de células n no evento e ix n e βΣ(c k) : estado inicial da célula k pertencente ao conjunto de células n no evento e x LISTA DE RELAÇÕES FORMAIS S ⊂ X ×Y (1) X T = ( x1 , x 2 ,..., x n ) (2) Y T = ( y1 , y 2 ,..., y n ) (3) S : X →Y (4) Y = f (X ) (5) BM = {MC1 , MC 2 ,....MC m ,..., MC mc } (6) BM = {SC1 , SC 2 ,....SC m ,..., SC mc } (7) C w = Η , Γ, Λ , ∆, Ρ (8) BM = {S1, S2, ..., SI,..., SS} (9) S i = Η i , Γi , Λ i , ∆ i , Ρi SI = {T1, T2, ..., TJ,..., TT} T ji = Η j , Γ j , Λ j , ∆ j , Ρ j TIJ = {E1, E2, ..., EK,..., EE} E ki , j = Η k , Γk , Λ k , ∆ k , Ρk EI,JK = {P1, P2, ..., PL,..., PP} ( 10 ) ( 11 ) ( 12 ) ( 13 ) ( 14 ) ( 15 ) Pl i , j ,k = Η l , Γl , Λ l , ∆ l , Ρl ( 16 ) PI,J,K L = {UP1, UP2, ..., UPM,..., UPU} ( 17 ) up mi , j , k ,l = Η m , Γm , Λ m , ∆ m , Ρm ( 18 ) ΓS ⊇ ΓT ⊇ ΓE ⊇ ΓP ( 19 ) ΛS ⊇ ΛT ⊇ ΛE ⊇ ΛP ( 20 ) ∆S ⊇ ∆T ⊇ ∆E ⊇ ∆P ( 21 ) ΡS ⊇ ΡT ⊇ ΡE ⊇ ΡP T J = < E, Γ, Λ, ∆, Ρ> I Γ = {γ 1 , γ 2 ,..., γ f ,..., γ w } Ρ = {ρ1 , ρ 2 ,..., ρ h ..., ρ r } ( 22 ) (23) ( 24 ) ( 25 ) C = {c1 , c 2 ,...ci ,...c n } ( 26 ) Π = {π 1 , π 2 ,..., π l ,..., π q } ( 27 ) Χ = {χ 1 , χ 2 ,..., χ m ,..., χ c } xi ( 28 ) Φ = {φ1 , φ 2 ,..., φ n ,..., φ v } ∆ = {δ 1 , δ 2 ,..., δ g ,..., δ d } ( 29 ) ( 30 ) { } ( 31 ) {E m } = Tki ∩ Tl j (32) ρi ∩ ρ j = τ k i ,k j ,l {E m } = Tki ∩ Tl j i ,k {P m } = E ki ∩ E l j j ,l {P m } = E ki ∩ E l j D z = Ψz , Θ z , Α z (33) (34) (35) ( 36 ) SM = {Pt , L, Pg} ( 37 ) Pt = {pt1 , pt 2 ,..., pt i ,... pt t } ( 38 ) pt i = Θ i , Α i SM = {Pt1 , Pt 2 ,..., Pt l ,..., Pt s } ( 39 ) ( 40 ) pt il = Θ i , Α i ( 41 ) L = {l1 , l 2 ,..., l j ,...l u } ( 42 ) l j = {pt a , pt b } ( 43 ) l j = Ψj ,Θ j , Α j ( 44 ) SM = {L1 , L2 ,..., Lm ,..., Lr } l mj = Ψ j , Θ j , Α j Pg = {pg 1 , pg 2 ,..., pg k ,..., pg v } ( 45 ) ( 46 ) ( 47 ) pg k = {l a , l b , l c ,...} ( 48 ) pg k = Ψk , Θ k , Α k ( 49 ) SM = {Pg 1 , Pg 2 ,..., Pg n ,..., Pg q } pg kn = Ψk , Θ k , Α k TIN ⊂ Pg / TIN = {trg 1 , trg 2 ,..., trg t } ( 50 ) ( 51 ) ( 52 ) SP ⊂ Pg / SP = {sp1 , sp 2 ,..., sp s } ( 53 ) GR ⊂ Pg / GR = {c1 , c 2 ,..., c m } ( 54 ) xii GI ⊂ Pg / GI = {c1 , c 2 ,..., c n } ( 55 ) Is ⊂ L / Is = {is1 , is 2 ,..., is l } ( 56 ) AP ⊂ Pt / AP = {ap1 , ap 2 ,..., ap a } ( 57 ) Τ = {N , Lg , C} ( 58 ) N = {n1 , n 2 ,..., ni ,..., no } ( 59 ) Lg = {lg 1 , lg 2 ,..., lg j ,..., lg p } ( 60 ) C = {c1 , c 2 ,..., c k ,..., c q } ( 61 ) f : Pt → N ( 62 ) f : L → Lg ( 63 ) f : Pg → C ( 64 ) T = {N 1 , N 2 ,..., N l ,..., N t } ( 65 ) nil = Θ i , Α i ( 66 ) T = {Lg 1 , Lg 2 ,..., Lg m ,..., Lg u } ( 67 ) lg mj = Ψ j , Θ j , Α j ( 68 ) T = {C1 , C 2 ,..., C n ,..., C x } ( 69 ) c kn = Ψk , Θ k , Α k ( 70 ) Ω C w ←→ Dz ( 71 ) Ω C w ←→ D z (d k ) ( 72 ) Ω S i ←→ Pt j ( pt k ) ( 73 ) S i ↔ Pt J ( pt j , pt k ,...), Pt K ( pt j , pt k ,...),... S i ↔ L J (l j , l k ,...), LK (l j , l k ,...),... S i ↔ Pg J ( pg j , pg k ,...), Pg K ( pg j , pg k ,...),... FWZ = CW ⊗ D Z ( 75 ) ( 76 ) ( 77 ) Σ(Cw ) = {ΓC w , Π C w , Χ C w , ΦC w , ∆ C w , ΡC w } ( 78 ) Σ( Dz ) = {ΨDz , Θ D z , Α D z } ( 79 ) Σ(Ω ) = f (Σ(C w ), Σ( D z ) ) α ( 74 ) Σ(C w ) = { α ( 80 ) } Σ(C w )1 ,α Σ(C w ) 2 ,α Σ(C w ) 3 ,... xiii ( 81 ) { Σ( D ) , Σ( D ) , Σ( D ) ,...} Σ(Ω) = { Σ(Ω) , Σ(Ω) , Σ(Ω) ,...} Σ(C ) = { Σ(C ) , Σ(C ) , Σ(C ) ,...} Σ( D ) = { Σ( D ) , Σ( D ) , Σ( D ) ,...} Σ(Ω) = { Σ(Ω) , Σ(Ω) , Σ(Ω) ,...} Σ( S ) = { Σ( S ) , Σ( S ) , Σ( S ) ,...} Σ( S ) = { Σ( S ) , Σ( S ) , Σ( S ) ,...} Σ(T ) = { Σ(T ) , Σ(T ) , Σ(T ) ,...} Σ(T ) = { Σ(T ) , Σ(T ) , Σ(T ) ,...} Σ( E ) = { Σ( E ) , Σ( E ) , Σ( E ) ,...} Σ( E ) = { Σ( E ) , Σ( E ) , Σ( E ) ,...} Σ( P ) = { Σ( P ) , Σ( P ) , Σ( P ) ,...} Σ( P ) = { Σ( P ) , Σ( P ) , Σ( P ) ,...} Σ( pt ) = { Σ( pt ) , Σ( pt ) , Σ( pt ) ,...} Σ( pt ) = { Σ( pt ) , Σ( pt ) , Σ( pt ) ,...} Σ(l ) = { Σ(l ) , Σ(l ) , Σ(l ) ,...} Σ(l ) = { Σ(l ) , Σ(l ) , Σ(l ) ,...} Σ( pg ) = { Σ( pg ) , Σ( pg ) , Σ( pg ) ,...} Σ( pg ) = { Σ( pg ) , Σ( pg ) , Σ( pg ) ,...} Σ(n ) = { Σ(n ) , Σ(n ) , Σ(n ) ,...} Σ(n ) = { Σ(n ) , Σ(n ) , Σ(n ) ,...} Σ(lg ) = { Σ(lg ) , Σ(lg ) , Σ(lg ) ,...} Σ(lg ) = { Σ(lg ) , Σ(lg ) , Σ(lg ) ,...} Σ(c ) = { Σ(c ) , Σ(c ) , Σ(c ) ,...} Σ(c ) = { Σ(c ) , Σ(c ) , Σ(c ) ,...} Σ( D z ) = α α α α 1 w β w β z β z 1 w β z i α i β i β i α i j β i j 2 w β z β i α i 1 j α i j 2 β i 1 β j i j 2 2 α i, j k α i, j 1 α k i, j k 2 β i, j k β i, j 1 k β i, j k 2 i , j ,k α l β l i, j ,k i , j ,k 1 α l β l i , j ,k 1 3 l β l ( 85 ) l i α l 1 α i l i 2 β l i β l 1 i β l i 2 3 ( 87 ) i β i ( 88 ) α i 3 j ( 89 ) β i 3 j ( 90 ) 3 α i, j k 3 β i, j k 3 2 i, j ,k α ( 86 ) α i, j ,k α ( 84 ) 3 2 i ( 83 ) 3 β β α 1 3 2 β ( 82 ) z α 2 β 1 α 2 3 α z α 1 β 2 α 1 β β 2 α l β l i , j ,k 3 i, j ,k 3 α l i 3 β l i 3 ( 91 ) ( 92 ) ( 93 ) ( 94 ) ( 95 ) ( 96 ) α m j α m 1 j α m 2 j α m 3 j ( 97 ) β m j β m 1 j β m j 2 m 3 j ( 98 ) n k 2 n k α β 1 z n 1 α k α n k n 1 k β β l i β n 3 k α n 2 k β ( 99 ) n 3 k α l 1 i α l i 2 l i β l 1 β i l i 2 α m j α m 1 j α m j α m 3 j ( 103 ) β m j β m 1 β j m 2 β j m 3 j ( 104 ) α β α β n k n k α l i 3 β l i 3 ( 100 ) 2 . ( 101 ) ( 102 ) α n 1 α k n 2 α k n 3 k ( 105 ) β n 1 k β n k n 3 k ( 106 ) xiv 2 β RESUMO Cheias são fenômenos de ocorrência mundial que causam perdas de vida e material. Elas têm sido estudas por disciplinas específicas como a Hidrologia numa abordagem tradicional em que a informação não é espacialmente referenciada. Como conseqüência, os sistemas em operação usualmente têm trabalhado de forma limitada, monitorando condições hidrometeorológicas e emitindo alertas às comunidades a serem atingidas. Seu principal compromisso cessa neste ponto, não informando o que poderia ser feito após o alerta. Argumenta-se que os eventos de cheias, e suas conseqüências, possuem características espaciais e que estão inseridas no contexto amplo do Gerenciamento de Desastres Naturais (GDN). Processos de tomada de decisão (PTD) sobre problemas de natureza espacial freqüentemente envolvem muitas informações, objetivos conflitantes, muitas variáveis e parâmetros de análise, carência de alternativas de soluções ótimas e busca por soluções satisfatórias. Problemas espaciais em geral são semi- ou mal estruturados e podem ser solucionados com auxílio de Sistemas de Apoio à Decisão Espacial (SADE). Todavia, esta tecnologia ainda não atingiu maturidade, no sentido de prover apoio efetivo às fases do GDN. Há diversas estratégias para o desenvolvimento de SADE e esta pesquisa sinaliza para a mais provável que conduz à tecnologia efetiva. Argumenta-se que a busca por SADE Efetivo deve se iniciar com abstrações de alto nível, baseadas em modelos ontológicos e Teoria de Sistemas. Esta pesquisa propõe um modelo conceitual para SADE Efetivo baseado nestes princípios. O modelo é apresentado através de linguagem matemática da Teoria dos Conjuntos. xv ABSTRACT Floods are worldwide events that cause loss of life and material. They have been studied by specific disciplines. In Hydrology, traditionally information is not spatially referenced. Consequently, the most common operational systems have worked in a limited fashion: from monitoring hydrometeorological conditions to alert the communities to be reached. Their main compromise ceases with the alert and lacks for more information such as what should be done after the alert. This thesis uses this domain of application as a target demanding for effective support devices, capable for acting further the traditional scope of the alert systems. The aim is helping managers in more effective decision-making. This research argues the flood events and their consequences have spatial traits and are inserted in a wider context embraced by the Natural Disasters Management (NDM) stages. The large number of the decision variables and their spatial distribution make the spatial problems difficult to solve for flood management purposes. Decision-making processes on spatial problems usually demands lots of information, variables, data types and parameters. Spatial problems raise essentially semi-structured decisions and as such open the way for the human and computer participation in the decision-making process. Spatial Decision Support Systems are signed as the most appropriate in support the human at the NDM' phases. Therefore, in the sense for providing effective support, this technology has not reached maturity yet. There are many strategies for developing SDSS. This research signs to the most likely for providing effective technology. It is argued that seeking for effective SDSS should start from high level abstractions, based on ontological models and System Theory. This research presents a conceptual model for effective SDSS based on these principles. The model is presented through a Set Theory's mathematical language. xvi 1 1 INTRODUÇÃO Cheias ou inundações são fenômenos de natureza geográfica que ocorrem no tempo e no espaço. Problemas decorrentes de tais fenômenos tendem a ser de difícil solução porque envolvem variáveis de natureza geográfica (domínio espacial do problema), técnica (conhecimento científico e tecnologia), organizacional (pública, privada, níveis de decisão), social (variáveis do tomador de decisão como estilo, número, acesso à informação, nível de poder) e temporal. Este trabalho se restringe a abordar questões eminentemente técnicas quanto a tomada de decisões sobre problemas decorrentes daqueles eventos. Problemas de cheias, fundamentalmente, são tratados em duas vertentes técnicas (Figura 1). A primeira aborda o problema estritamente sob o enfoque de alerta e tem sua base conceitual no modelo de Krzysztofowicz & Davis (1983, a, b, c). O objetivo deste paradigma é alertar comunidades sobre eventos iminentes. Isto é realizado por atividades que abrangem o monitoramento de informações hidrometeorológicas, previsão de estados futuros, via modelos matemáticos, e alerta a autoridades e/ou vítimas em potencial. É o caso do Sistema de Alerta a Inundações da Cidade de São Paulo (SAISP) e dos sistemas de alerta americanos baseados em padrões estabelecidos pelo National Weather Service (NWS). Na segunda vertente, problemas de cheias são tratados sob o conceito de Gerenciamento de Desastres Naturais (GDN). Trata-se de um conceito amplo que procura incluir não somente atividades relacionadas com alerta mas também atividades que permitam prevenir e controlar o evento, melhorar a capacidade de resposta e ainda restaurar sistemas atingidos. Este domínio inclui o paradigma dos sistemas de alerta 2 atuais e permite que se pense em atuações mais eficazes sobre os problemas de cheias, na medida em que suas fronteiras se estendem sobre horizontes mais distantes. Domínio da Tecnologia Domínio do Problema Tecnologia de Suporte à Decisão Espacial Gerenciamento de Desastres Naturais Cheias Decisor PROBLEMA ESPACIAL Paradigma dos Sistemas de Alerta Processo de Tomada de Decisão SAD SIG SADE Foco da Tese BM SOLUÇÃO BDE Implementação Figura 1 - Modelo do domínio e foco da pesquisa. Dada a complexidade dos problemas de natureza espacial e a necessidade de tomada de decisão com vistas à sua solução, este trabalho focaliza sobre tecnologia de suporte ao decisor. Sua meta é garantir decisões de alta qualidade que promovam ações mais produtivas, solução mais rápida e eficaz e melhor desempenho organizacional (Eierman, Niederman & Adams, 1995). Há diversos conceitos, e tecnologias respectivas, capazes de lidar com elementos geométricos e posicionais. Dentre estes destacam-se os Sistemas de Informação Geográfica - SIG (Figura 1). Estes sistemas vêm sendo utilizados por inúmeros profissionais pelas suas capacidades em coletar, armazenar, manipular e apresentar dados espaciais. Apesar da versatilidade de funções e competência em lidar com a componente espacial, os SIG carecem de habilidade suficiente para promover adequado suporte a decisões espaciais (Van der Meulen, 1992; Densham, 1991; Keenan, 1995). Estes sis- 3 temas têm se mostrado eficientes para tarefas de análise e síntese da informação, pouco eficientes para explicar a informação e ineficientes para prever informação (Wellar, Cameron & Sawada, 1994). Tecnologias de suporte à decisão espacial devem ser eficazes não apenas quanto a estas tarefas, mas também devem estar aptos a capturar preferências do decisor e auxiliá-lo na seleção de alternativas de solução. Modelo formal do mundo real é ferramenta importante neste contexto. Modelo é uma abstração que se pretende que comporte-se de forma similar ao seu equivalente real (Sage, 1991). Modelo formal ou matemático modela um sistema real, ajuda a definir e entender o problema, os elementos do sistema que concorrem para o problema, a formular alternativas de solução, a prever comportamentos, a avaliar impactos de decisões, a documentar processo decisório, a treinar não especialistas e a realizar controles operacionais. Modelo formal pode capturar não somente processos do mundo real, mas também pode ser usado para modelar preferências pessoais e processo de seleção de alternativas. Aliar modelos formais com informação tem sido tarefa exercida na área de Sistema de Apoio à Decisão - SAD (Figura 1). Entretanto, as tecnologias resultantes têm estado voltadas para Ciências de Administração, Gerência e Pesquisa Operacional em que a componente espacial é negligenciada. Sistemas de Apoio à Decisão Espacial - SADE (Figura 1) são sistemas computacionais configurados para dar suporte a decisões baseadas em dados geométricos e posicionais. Estes sistemas surgiram da congregação de tecnologias, notadamente de SAD e de SIG. Sistemas SADE associam as variáveis o que, como, quando com onde. Suas aplicações têm se pautado sobre problemas de alocação, localização, estratégia, interação e predição. Na localização ou assentamento ("sitting") a decisão visa definir locais para objeto, aparato ou serviço (posto policial, poço artesiano, etc.). Em proble- 4 mas de alocação a ênfase da decisão está sobre o que dever ser realizado em parcelas pré-definidas do espaço geográfico (uso do solo). Em problemas estratégicos visa-se estipular como um objeto deve se comportar no espaço geográfico (problemas de roteamento). Nos problemas de interação as decisões procuram solucionar problemas advindos da atuação de objetos sobre outros objetos, típico dos problemas ambientais provocados por ações antrópicas. Finalmente, decisões sobre problemas preditivos visam determinar a ocorrência espacial e temporal de objeto ou fenômeno sobre o domínio geográfico. Sistemas SADE podem ser desenvolvidos sob diversas estratégias. Talvez por tratarem-se de conceito relativamente novo (cerca de 10 anos) as estratégias atuais são essencialmente dirigidas pela a tecnologia. Em geral, os sistemas existentes são construídos à partir de SIG junto do qual se procura integrar subsistemas de software que implementam modelos matemáticos de área especialista. Hidrologia e Hidráulica são das que mais têm experimentado esta abordagem. Sistemas SADE ainda não atingiram maturidade, em parte devido a carência de estudos de casos para verificação do desempenho dos sistemas existentes, em parte pela carência de delineamentos teóricos eficazes, o que têm gerado críticas sobre a utilidade dos sistemas atuais (Keenan, 1995; Neto & Rodrigues, 2000). De fato, o que se tem observado em certos casos é a existência de uma interface gráfica pela qual o usuário acessa as funções do SIG e de alguns programas laterais que trabalham os algoritmos dos modelos analíticos. Os modelos gerados resultam inflexíveis no sentido de lidar com problemas novos, não antecipados. Autores têm preconizado que os componentes de um SADE, provindos das áreas SAD, SIG e domínio especialista, compartilhem de uma visão integrada, com base em delineamento teórico eficaz (Sui & Maggio, 1999). De acordo com Keenan (1995), apesar de já haver livros-textos em SAD que incluem 5 SIG como um componente dos sistemas de suporte à gerência, ainda não se estabeleceu um quadro definido sobre seus relacionamentos. As estratégias de integração são essencialmente dirigidas pela tecnologia sem haver uma abordagem adequada a respeito dos problemas conceituais da integração (Sui & Maggio, 1999). De acordo com Eierman, Niederman & Adams (1995) o perigo de abordagens ateóricas para um campo de estudo é que, enquanto fatos interessantes podem ser acumulados, nenhuma unificação de temas ou padrões previsíveis emerge. Segundo este autores, delineamentos teóricos são importantes porque servem como base para acumulação e refinamento de conhecimento especialista; servem como mecanismo de relacionamento entre conjuntos diversos de fatos, para produzir maior entendimento; podem ser utilizados para propor e testar ligações entre fatores-chaves, indicando nível de impacto com que atingem os resultados. Outro aspecto importante é que as funções básicas de geração, análise e processamento de modelos ficam impraticáveis sob a maioria destas abordagens. Estas funcionalidades são tarefas para Sistemas de Gerenciamento de Modelos (ou de Banco de Modelos) - SGBM. Gerenciamento de modelos é área de pesquisa relativamente nova em SAD onde três vertentes se destacam (Ma, 1997): representação de estruturas do banco de modelos, projeto de sistemas de bancos de modelos e ambiente organizacional dos sistemas de gerenciamento de modelos. Estas áreas podem ser aproveitadas também como áreas de pesquisa em SADE. Neste sentido, há que se destacar a existência de um campo aberto a investigações que podem se concentrar sobre as interfaces dado-modelo e modelo-usuário. Este trabalho vem de encontro à solução das questões colocadas acima centrando foco sobre o banco de modelos, banco de dados espacial e sua interface (Figura 1). Procura-se definir uma estrutura para estes componentes de tal forma que se implemente o conceito de SADE Efetivo. Neste trabalho, SADE Efetivo se refere a SADE capaz de 6 implementar os conceitos de Estruturação de Problema, Geração, Análise, Processamento, Reutilização, Abstração, Integração, Decomposição, Invocação, Recuperação e Dicionário de modelos. Para isso, estabeleceu-se como objetivo geral a construção de um modelo conceitual que apresentasse uma visão integrada das áreas mencionadas, desprendido das abordagens puramente tecnológicas. De forma complementar, este trabalho delineia um arcabouço de conceitos que situa o conceito SADE no conceito GDN, analisa o estado atual das estratégias de configurações de SADE, propõe uma taxonomia para estas estratégias e identifica tendências entre as mesmas. No capítulo 2 apresenta-se, com base em revisão de literatura, um conjunto de conceitos e abordagens que permeiam o domínio especialista relacionado com problemas de cheias. O capítulo 3 levanta e analisa as principais variáveis que determinam as metodologias atuais de desenvolvimento de softwares aplicativos na área de SADE, propõe uma taxonomia sobre estas metodologias tendo como propósitos ser genérica, abrangente e prática, e identifica e analisa a estratégia mais provável para a configuração de SADE efetivo. No capítulo 4 apresentam-se os materiais, métodos e o modelo proposto. No capítulo 5 é feito um esforço no sentido de mostrar o potencial que o modelo STEP apresenta em pode ser mapeado para a gramática da orientação a objetos, de uma forma quase que natural. . 7 2 2.1 REVISÃO DE LITERATURA Paradigma dos sistemas de alerta a inundações A possibilidade de previsão das inundações, com antecedência apropriada, esti- mula ações de prevenção e resposta que podem reduzir ou eliminar perdas humanas e materiais. Krzysztofowicz & Davis (1983 a, b, c) apresenta um modelo genérico para sistemas de previsão de cheia e resposta a inundações. Este modelo admite que as inundações ocorrem em regiões próximas do rio, ao longo do qual existam estações fluviométricas. Neste modelo o sistema de alerta possui três componentes básicas: monitoramento, previsão e decisão, cujo modo de operação varia entre as implementações (Figura 2). A componente de monitoramento coleta, trata, armazena e distribui dados hidrometeorológicos como níveis de rios e reservatórios e índices pluviométricos. Estes dados são utilizados, direta ou indiretamente, pela componente de previsão, representada por modelos hidrológicos com a função de preparar os hidrogramas de seções estratégicas do canal, onde ocorrem as inundações. O hidrograma expressa, em dada seção, o comportamento da vazão ou nível do rio ao longo do tempo. Monitoramento Previsão Decisão Figura 2 - Modelo de sistema de alerta a inundações (Fonte: Krzysztofowicz & Davis, 1983 a). No modelo de Krzysztofowicz & Davis (1983 a, b, c) a componente de decisão é representada por uma organização de gerenciamento da emergência, por um gerente das planícies de inundação ou pelos habitantes das áreas alagadas que são avisados com antecedência quando os modelos hidrológicos prevêem valores superiores a limites pre- 8 viamente especificados. Este modelo somente se aplica quando o tempo de concentração da bacia, na seção considerada, é de tal magnitude que estas atividades possam se processar em tempo hábil para resposta. É o caso dos modelos de sistemas de alerta locais adotados pelo National Weather Service dos Estados Unidos (WSH, 1997; Carpenter et al., 1999) e do modelo do SAISP (Sistema de Alerta a Inundações da Cidade de São Paulo), adotado pelo Centro Tecnológico de Hidráulica, no Brasil. 2.1.1 Sistema do NWS Os sistemas de alerta americanos normalmente seguem os padrões estabelecidos pelo NWS, os quais abrangem tanto sistemas manuais como automatizados. Os sistemas manuais compreendem um sistema de coleta de dados local, um coordenador comunitário, procedimentos de previsão simplificados, uma rede de comunicação para distribuição de avisos e planos de resposta. As tecnologias utilizadas nesta categoria variam em sofisticação, desde réguas linimétricas a Sistemas de Coleta Remota Automática Limitada. A previsão da cheia é estimada pelo uso da chuva observada e/ou prevista e um índice de cheia potencial. O índice é determinado pelo centro regional (RFC - River Forecast Center) que o repassa ao escritório regional (WFO - Weather Forecast Office) e por fim ao coordenador local. A previsão pode incluir ainda o tempo remanescente antes do estágio de cheia ser atingido ou o tempo em que o pico ocorrerá. Nos sistemas automatizados, sensores enviam dados a um computador numa estação base, e desta para outros sistemas de computadores. Protocolos de comunicação são utilizados nestas transmissões. Os equipamentos podem incluir registradores automáticos dos níveis de precipitação e do rio, sistema de comunicação, dispositivos de coleta e processamento de dados automáticos, microprocessador e software para análise 9 e previsão. A nível de implementação os sistemas automatizados podem ser configurados para atuar especificamente sobre problemas locais ou a nível regional. Para o nível local estes sistemas de coleta de dados são de mão única e possuem pouca ou nenhuma capacidade de rede computacional. Na configuração mais simples, estes sistemas podem funcionar como sistemas de alerta a cheias rápidas (Flash Flood Alarm System), em que sensores de nível d'água, posicionados a montante dos locais de inundação, são ligados a dispositivos de aviso sonoro e/ou visual, situado na comunidade e operado continuamente. Na configuração mais sofisticada (ALERT - Automated Local Evaluation in Real Time), sensores transmitem dados através de ondas de rádio (VHF/UHF) à estação base, passando por um ou mais locais de rádio-repetição. Na estação base equipamentos de rádio-recepção e software coletam estes sinais e processam-nos em informação hidrometerológica. Esta informação pode seguir diferentes caminhos: ser transmitida para outros usuários, ser visualizada graficamente em tela ou telão, isolada ou em combinação com a extensão do alagamento, inundação de rodovias, rotas de evacuação, depósitos de suprimentos, hospitais e centros comunitários; ativar alarmes ou iniciar outras ações programadas. A nível regional o sistema (IFLOWS - Integrated Flood Observing and Warning System) é composto por vários sistemas locais ALERT em rede, com capacidade de comunicação por voz, dados e textos em via dupla. Além das funções de aquisição e processamento de dados em tempo real os softwares manipulam a transferência de informação entre os computadores da rede. As transmissões podem se dar através de linhas telefônicas, satélites, ondas VHF/UHF e microondas. (WSH,1997) 10 2.1.2 Sistema SAISP No SAISP a componente de monitoramento é representada por um sistema de estações remotas que monitoram estados hidrometeorológicos e por radares de solo, que vasculham a atmosfera detectando e mapeando chuva, com resolução de 4km2 (grid 2km x 2km). Os dados coletados pela rede telemétrica e radar são transmitidos a intervalos de tempo para um computador central (estação base), através de sinais de rádio VHF e linhas telefônicas privadas, e daí para uma central de dados hidrológicos - CDH (CTH, 1999). A componente de previsão é representada por programas computacionais que, utilizando os dados telemétricos e de radar, implementam previsões de precipitação e níveis ou vazões de rios. Numa primeira etapa é utilizado um modelo de previsão (SHARP ou Translation Model), para até 3 horas à frente, do avanço do campo de precipitação detectado pelo radar. Posteriormente são utilizados os modelos hidrológicos Modelo Estocástico Linear - MEL e Modelo de Previsão de Estados Hidrológicos MOPEH (Nakayama, 1998).O modelo MEL é usado para prever vazões e níveis, expressos por hidrograma, até 3 horas à frente, em locais críticos onde há medições fluviométricas, como Ponte do Limão e Barragem Móvel no Rio Tietê. O sistema de aviso é acionado quando esta previsão atinge os limiares das situações críticas de atenção, alerta, emergência e extravasamento. O modelo MOPEH é usado para prever estados hidrológicos em locais desprovidos de dados fluviométricos, tanto nas regiões circunvizinhas como nas regiões distantes dos canais. Estes estados são expressos por índices para apontar as situações críticas de inundações segundo observação, atenção ou alerta, expressas em cada célula de mapas matriciais do campo do radar. A componente de decisão é representada por instituições da sociedade que têm acesso aos produtos gerados 11 pelo SAISP: mapa de chuva observada na área do radar, leituras nos postos da rede telemétrica e mapa de previsão de inundações na cidade de São Paulo. 2.1.3 Monitoramento com GPS A tecnologia GPS (Global Positioning System) vem se constituindo numa fer- ramenta sofisticada para incrementar os sistemas de monitoramento. O GPS está estabelecido para a determinação acurada de posições sobre a Terra. Ele tem sido utilizado em muitos campos de aplicação incluindo sistemas de monitoramento ambiental. No caso de cheias o GPS tem permitido melhorias na coleta de dados e em sistemas de distribuição de dados. Atributos como umidade do solo e condições hidrometeorológicas podem ser coletada em tempo-real e constituírem entradas em modelos científicos (Zingler, Fisher & Lichtenegger, 1999). As transmissões podem ser feitas através de estações terrestres conectadas a constelações de satélites, abrangendo qualquer parte da Terra (ORBCOMM, 1999). Esta tecnologia pode ser considerada uma tendência no emergente campo do Telegeoprocessamento (Laurini, 1999). 2.1.4 Conclusão Nos sistemas de alerta baseados no modelo de Krzysztofowicz e Davis há duas situações fundamentais de decisão: primeiro o tomador de decisão deve decidir pelo momento de emissão do aviso à comunidade; segundo o decisor, coordenador ou membro da comunidade, deve decidir o que fazer após a emissão do aviso. O modelo de Krzysztofowicz e Davis claramente enfatiza a previsão do evento visando subsidiar os decisores do primeiro grupo, e praticamente ignoram as atividades posteriores à emissão do aviso. Apesar da maioria destes sistemas operarem continuamente o seu principal 12 compromisso com a comunidade se encerra com a emissão do aviso. Eles estão voltados para a ocorrência do evento dentro de um período de tempo restrito ao tempo do evento, ignorando suas possíveis causas ou conseqüências, que permitiriam decisões mais efetivas de proteção, controle ou minimização, a médio e longo prazos. 2.2 Gerenciamento de desastres naturais - GDN Gerenciamento de Desastres Naturais - GDN abrange quatro fases: preparação, resposta, recuperação e mitigação (Figura 3). Estas etapas não seguem um padrão linear, mas são de natureza cíclica, com ações que se sobrepõem (Maheshwari, 1997). No Anexo 1 podem ser obtidos maiores detalhes sobre estas ações. Preparação Mitigação Resposta Recuperação Figura 3 - Fases do Gerenciamento de Desastres Naturais. A fase de preparação envolve atividades de planejamento bem anteriores à ocorrência do evento e objetivam melhorar a capacidade de resposta operacional durante uma emergência. Inclui a preparação de planos de emergência, monitoramento do perigo e adoção de medidas estruturais visando prevenir o desastre, como construção de barragens, diques, reservatórios de detenção e cortes de meandros. A fase de resposta se caracteriza quando o evento está em progresso. Envolve a coordenação dos recursos disponíveis imediatamente antes, durante ou após uma emergência, visando reduzir per- 13 das materiais e de vidas. Abrange diversas atividades emergenciais como monitoramento, aviso, supressão ou controle do perigo, avaliação de necessidades emergenciais imediatas, avaliação e mobilização de recursos disponíveis, evacuação e atendimento de vítimas e treinamento de voluntários. A fase de restauração se caracteriza pelo restabelecimento dos sistemas afetados e o retorno às atividades no nível anterior ao desastre, se possível com melhorias. O restauração pode ser emergencial a curto prazo ou emergencial a longo prazo, em relação à época do evento. O primeiro envolve a procura e resgate de vítimas e o segundo a provisão de suprimentos como remédios, comida, roupas, material de construção e restauração de serviços públicos como redes de abastecimento de água, energia, comunicações e transporte. A fase de mitigação se refere à adoção de medidas com o objetivo de reduzir ou eliminar a vulnerabilidade ao perigo de longo prazo, prevenir futuros desastres e propiciar comunidades mais seguras. Incluem realocação de atividades, evacuações, políticas de zoneamento para o controle do uso do solo, regulamentação e controle das construções e programas de educação (Boyle, Tsanis & Kanaroglou, 1998). A etapa de mitigação não é bem definida porque algumas de suas atividades se sobrepõem com as etapas de restauração emergencial a longo prazo e de preparação (Maheshwari, 1997). Neste contexto o modelo de Krzysztofowicz e Davis se coloca como a etapa inicial da fase de resposta, contribuindo no sentido de monitorar, prever e apoiar a tomada de decisão sobre o momento de emissão do aviso, antecipado ao evento, em tempo suficiente para que as demais atividades desta fase possam acontecer de maneira eficaz. O modelo não se enquadra nas demais atividades da fase de resposta e da fase de restauração porque estas atividades envolvem decisões do segundo grupo, ou seja, decidir o que fazer após o aviso. O modelo representa, portanto, conceitos dirigidos a um sub- 14 domínio particular de um conjunto amplo de problemas relacionados com as inundações. 2.3 Natureza espacial do fenômeno de inundação Inundações são fenômenos eminentemente espaciais, pois sua extensão ocorre sobre o domínio geográfico. Superfícies de alagamento tendem a atingir casas, prédios, ruas, avenidas, lavouras, redes, entre outros, que são componentes de sistemas, correlacionados ou não, e possuem atributos associados. Decidir sobre rotas alternativas em sistemas de abastecimento de água, energia elétrica, comunicações ou transporte requer lidar com a localização e com os estados dos dispositivos de controle. Decidir sobre locais prioritários para atendimento por equipes de restauração ou prevenção exige informação sobre a extensão dos alagamentos e os equipamentos urbanos em iminência de ser atingidos. Planejar ações que visem melhorar operações de emergência também exige lidar com elementos de distribuição geográfica. Exemplos como estes ilustram que processos decisórios em GDN envolvem volume significativo de informação e cujo resultado ou conseqüência de decisões caracteristicamente distribuem-se pelo espaço. Além disso, os relacionamentos entre as informações geográficas e a presença de um número de critérios de decisão obstam a elaboração e seleção de alternativas de solução. Estes elementos dificultam a estruturação do problema de GDN, e a presença de incertezas e riscos tornam desconhecidos os impactos reais da decisão. 2.4 Tecnologias e produtos para lidar com a natureza espacial dos fenômenos de inundações O modelo de Krzysztofowicz e Davis vem servindo como base conceitual para o acoplamento de outros conceitos e tecnologias que incluem o referenciamento espacial 15 da informação, no sentido de prover decisões mais eficazes sobre a emissão de avisos. Um dos maiores avanços se tem verificado na etapa de monitoramento e espacialização de precipitações através de radares meteorológicos de solo. A meta é melhorar a estimativa e previsão da chuva como forma de melhorar a qualidade da previsão das inundações, especialmente aquelas provocadas por enxurradas. Nakayama (1998) propõe o uso do modelo Translation Model como forma de melhorar a estimativa da precipitação em oito isócronas da bacia de Ponte do Limão e doze isócronas da bacia de Barragem Móvel, ambas integrantes da Bacia do Alto Tietê, em São Paulo, visando a previsão de estados hidrológicos na foz destas bacias. Pesquisas têm demonstrado que a utilização conjunta de dados de radar e dados de postos pluviométricos convencionais tem propiciado estimativas mais precisas da distribuição e comportamento da precipitação, melhorando significativamente a previsão da inundação, do que o uso somente de dados das estações pluviométricas (Mimikou & Baltas, 1996; Krzysztofowicz, 1993). Segundo Krzysztofowicz (1993) a estimativa da chuva acumulada através de radar pode apresentar tendências significativas, por isso o julgamento do decisor permanece vital na atribuição de pesos de credibilidade às fontes de informação. Para o autor, as próximas gerações em engenharia de sistemas deverão combinar a estimativa homem-computador, ou seja, julgamento humano com ferramentas estatísticas. Limitado às etapas iniciais da fase de resposta do GDN o modelo conceitual de Krzysztofowicz e Davis, para sistemas de previsão e alerta, não considera o referenciamento espacial dos alagamentos, especialmente a nível de previsão dos estados hidrológicos e apresentação de resultados. Os produtos disponibilizados usualmente incluem tabelas e gráficos, referenciados a pontos estratégicos do canal. Estes produtos são formas de comunicação freqüentemente difíceis de interpretar e por isso exigem habilidades pessoais para tomada de decisões. Esta forma de expressar os resultados do monito- 16 ramento e previsão pode estar relacionada com a influência ainda persistente das limitações tecnológicas de tempos passados, como os subsistemas de software de sistemas computacionais. 2.5 2.5.1 Problema Definição Problema existe quando há insatisfação gerada por diferença de estados (Figura 4). Resolver problema significa eliminar a insatisfação e ao mesmo tempo atingir o estado desejado. O estado desejado se constitui no objetivo central da decisão. Pode ocorrer que o estado desejado inclua uma série de estados de um conjunto de objetos (prover água para hospitais, residências, indústrias, parques) que caracterizem conflitos. A presença de objetivos conflitantes tende a dificultar a solução de um problema. Por isso, nem sempre uma solução é capaz de resolvê-lo. Apenas parte do problema é considerado resolvido se o nível de insatisfação for apenas reduzido pela solução implementada e o estado desejado for atingido apenas parcialmente. Neste caso a solução encontrada pode ter sido apenas "satisfatória". Estado Atual Insatisfação Estado Desejado Figura 4 - Ocorrência de um problema. 17 2.5.2 Métodos de solução Solução de problema é, necessariamente, precedida por decisão. Solucionar pro- blema é parte de um processo em que há um conjunto de procedimentos interativos e iterativos, que se concluem com a seleção de uma ou mais alternativas de solução ou cursos de ação. O Processo de Solução de Problemas (Meredith et al., 1985) envolve definição do problema, plano de abordagem, alocação de recursos, modelagem e análise, projeto e avaliação de alternativas e seleção de alternativa preferida. Para Simon (1960) este é um Processo de Tomada de Decisão (Figura 5) cujo termo "tomada de decisão" é adotado como sinônimo de "gestão", entendendo que o ato final de tomar decisão não é isolado, mas faz parte de um processo de decisão para a solução de problemas. O autor divide este processo em três etapas: inteligência, projeto e escolha. PTD Domínio do Problema Inteligência Projeto Escolha Sucesso Implementação Insucesso Figura 5 - Processo de tomada de decisão. A etapa de inteligência é a etapa em que o decisor procura diagnosticar o problema. É nesta etapa que o decisor mais necessita de informações sobre o domínio do problema. Tecnologias de informação têm papel especial nesta etapa. Na etapa de projeto o decisor procura por cursos de ação ou alternativas de solução. É nesta etapa que o decisor mais necessita de modelos simplificados, quantitativos e/ou qualitativos, do 18 domínio do problema. Estes modelos, juntamente com informação, serão os insumos básicos para gerar as alternativas ou cursos de ação. Na etapa de escolha as alternativas ou cursos de ação passam por um processo de seleção, conduzido pelo decisor, visando eleger a solução mais adequada. Nesta etapa é fundamental o papel de metodologias de escolha formal que, inclusive, captem as preferências do decisor e minimizem os riscos da decisão. As fases do GDN, incluindo o modelo de Krzysztofowicz e Davis, se constituem numa matéria potencial para aplicação dos conceitos de H. A. Simon porque podem ser vistas como um conjunto de situações de solução de problemas. A solução pode ser procurada através de um processo de tomada de decisão associado a cada problema do GDN. Neste processo há que se delimitar e entender o problema, assistido por informação, desenvolver cursos de ação ou alternativas de solução, assistido por representações simplificadas do domínio do problema e, finalmente, decidir, através de um processo de escolha formal, sobre alternativas ou cursos de ação formulados, com base num conjunto de critérios. 2.5.3 Classes De acordo com Simon (1960) as decisões seguem um contínuo desde as deci- sões completamente programadas até as decisões completamente não-programadas. Decisões semi-programadas estariam entre estes extremos. As decisões programadas são decisões tomadas sobre problemas completamente estruturados, nos quais os procedimentos são definidos e acionados toda vez que a decisão se faz necessária. Caracterizam-se por estarem associadas a procedimentos repetitivos e rotineiros, próprio das decisões operacionais (Sage, 1991). 19 Nas decisões não-programadas não há método definido para manipular o problema seja porque sua ocorrência é nova, seja porque sua natureza e estrutura precisas são indefiníveis ou complexas. Neste tipo de decisão os problemas não podem ser estruturados nem pelo decisor nem por teoria relevante (Malczewski, 1997). Outras características de problema não-estruturado são (Porto & Azevedo, 1997): a) papéis dos agentes que concorrem para o problema não são claramente definidos; b) ambiente das decisões é mal conhecido ou complexo; c) carência de informações ou conhecimento especialista; d) dificuldade para se definir critérios para tomada de decisão; e) presença de incertezas e riscos. Em problemas completamente não-estruturados a intuição humana freqüentemente é a base para a tomada de decisão (Turban, 1995). O conceito de decisão mal ou semi-estruturada foi introduzida em 1978 por Keen e Scott-Morton para abranger a classe de decisões que combinam procedimentos de solução estruturada e de solução não-estruturada, ou seja, procedimentos padrões e julgamento individual (Turban, 1995). Entre outros fatores Reistma & Carron (1997), citando A. Bosman, afirma que problemas semi-estruturados são aqueles em que as soluções não mostram correspondência consistente com os modelos que as derivam ou a eficiência e eficácia das alternativas não podem ser numericamente avaliadas. Nas decisões semi-estruturadas o decisor não consegue definir claramente o seu problema ou articular seus objetivos (Densham, 1991). 20 2.5.4 Papéis O alto nível de programabilidade dos problemas estruturados permite que tecno- logias de sistemas computacionais possam exercer o papel de decisor, através do subsistema de software. Por outro lado, a natureza indefinida e complexa dos problemas nãoestruturados impede esta abordagem e exige a participação do julgamento humano no processo de decisão (Malczewski 1997). Os problemas semi-estruturados abrem caminho para a participação conjunta do homem e do computador no processo de tomada de decisão. Neste sentido, sistemas computacionais destinados à apoiar uma ou mais etapas do processo de tomada de decisão têm sido conceitualizados como Sistemas de Apoio à Decisão - SAD (Sage, 1991; Sprague Jr., 1991; Turban, 1995; Porto & Azevedo, 1997). Este conceito expressa, precisamente, que o papel do computador é apoiar o ser humano, a quem cabe a tarefa de conduzir o processo e concluí-lo com sua decisão. Segundo Maniezzo, Mendes & Paruccini (1998) sistemas de apoio à decisão não pretendem substituir o tomador de decisão, mas ajudá-lo a tomar decisões responsáveis e claramente documentada, utilizando seu potencial tanto quanto possível. Esta abordagem contradiz uma certa tendência em se adotar conceitos e técnicas da Inteligência Artificial no apoio à decisão baseado no conhecimento. Nesta abordagem os computadores são agentes inteligentes que poderiam desempenhar determinadas tarefas tão bem quanto o ser humano (Goul, Henderson & Tonge, 1992). Redes neurais e bancos de conhecimento seriam os principais instrumentos utilizados para isso. 21 problema não estruturado problema semi-struturado nível de estruturação do problema problema estruturado decisão não programável decisão semiprogramável decisão programável Tomador de Decisão Tecnologia de Apoio à Decisão Computador Figura 6 - Papéis dos agentes de processo de tomada de decisão. 2.5.5 Problema espacial Problema espacial é o problema para cuja solução há que se considerar informa- ção espacial, ou seja, informação relativa a descrição geométrica e/ou posicionamento de objeto, aparato, serviço ou fenômeno. O fato de existir ou não referência espacial não elimina a existência do problema no mundo real. Solução para problema espacial é difícil de ser obtida porque além deste tipo de problema possuir características semi-estruturadas, há fatores inerentes que compõem o que Hendriks & Vriens (1995) chamam de "domínio da complexidade". Este domínio é composto por variáveis de natureza geográfica, técnica, organizacional, social e temporal. Variáveis geográficas são propriedades de entes espaciais que compõem o domínio do problema. Em sistemas de informação estas variáveis informam sobre a conformação geométrica, posição espacial e atributos dos entes. Variáveis de natureza técnica se referem ao conhecimento científico ou especialista que existe sobre o domínio do problema e o aparato tecnológico disponível. Parte de sua função é prover alternativas de solução e estabelecer critérios de escolha. Variáveis organizacionais se referem ao tipo de organização (pública ou privada), estrutura organizacional (instâncias de decisão), estrutura 22 física, estrutura funcional, capacidade funcional e recursos disponíveis. A componente social da tomada de decisão inclui variáveis como número de decisores, estilo de decisão, nível de poder institucional e financeiro, acesso à informação e interesse, os quais podem introduzir coexistência competitiva de objetivos ao processo decisório. Por fim há a possibilidade de que as variáveis, incluindo as metas, não permaneçam estáveis ao longo do tempo. 2.6 Sistemas de apoio à decisão A nível tecnológico Sistemas de Apoio à Decisão são sistemas de informação dotados de capacidades de modelagem científica, ferramentas de manipulação e de análise de dados, configurados para atender processos de tomada de decisão sobre problemas grandes e mal ou semi-estruturados. Seus objetivos gerais são melhorar a eficácia (ou qualidade) da decisão e eficiência do processo de tomada de decisão a nível de planejamento e gerência (Bonczek, Holsapple & Whinston, 1980). A eficácia da decisão pode ser obtida através de um estudo formal do problema (parte estruturada do problema) representado por modelos matemáticos. Este estudo formal exige que o problema seja analiticamente estruturado. Esta estruturação analítica do problema (Maniezzo, Mendes, Paruccini, 1998): a) pode estimular comparações e proporcionar uma referência para a identificação e solução de conflitos; b) pode produzir conhecimento mais profundo do problema, o que não é óbvio dada sua natureza complexa; c) provê um arcabouço que integra informação especialista relativa a várias disciplinas envolvidas no problema; 23 d) provê documentação técnica da decisão, que pode ser utilizada diante de autoridades e opinião pública (o sistema de apoio "...diz não só qual informação foi utilizada e de onde ela provém, mas também como a informação foi utilizada e porque a decisão tomada é a melhor."). Além disso a tecnologia SAD pode assistir planejadores e gerentes na exploração de opções, avaliação de impactos potenciais, experimentar estratégias e descobrir novo conhecimento (Matthews, K. B., Sibbald, A. R., Craw, S., 1999). 2.6.1 Arquitetura A arquitetura básica de SAD inclui dado, modelo e usuário (Bonczek, Holsapple & Whinston, 1980; Sprague Jr. & Watson, 1991; Sage, 1991), que podem ser vistos como vértices de um triângulo cujas arestas representam as respectivas interfaces (Figura 7). Domínio do Problema Usuário Dado Modelo Banco de Dados Banco de Modelos Figura 7 - Componentes básicos de um SAD. Arquiteturas estendidas podem incluir componentes de conhecimento e/ou decisão (Turban, 1991; Applegate, Konsynski & Nunamaker, 1986). A componente de conhecimento visa capturar conhecimento especialista sobre o domínio do problema, de 24 tal forma que não especialista possa utilizar o sistema. É representada pelo Banco de Conhecimento construído com base em técnicas da Inteligência Artificial. A componente de decisão é representada por um Banco de Cenários. Um cenário reflete uma situação específica dos dados e pode se constituir numa alternativa de decisão. Um cenário pode compor o sistema de banco de dados do SAD (Maniezzo, Mendes & Paruccini, 1998). A componente de dados é gerenciada por um Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados (SGDB) convencional. Um Sistema de Gerenciamento de Banco de Modelos (SGBM) gerencia a componente de modelo. A componente usuário interage com os demais através de diálogos geridos por um Sistema de Gerenciamento de Diálogos (SGD). Um Sistema Gerenciador de Banco de Conhecimento gerencia a componente de conhecimento, provendo apoio aos demais subsistemas ou atuando como um componente independente (Turban 1991). 2.6.2 Funcionalidades do gerenciador do banco de modelos Modelo é uma representação abstrata de um sistema que deve ser utilizado de forma adequada nos processos decisórios de uma organização, pois se trata de recurso disponível obtido com certo custo. Diversos tipos de modelos podem compor o banco de modelos. Por exemplo, no sistema de Maniezzo, Mendes & Paruccini (1998) o banco de modelos possui algoritmos eurísticos para configurar combinações praticáveis de locais para coleta e tratamento de lixo, modelo de avaliação de risco, modelo de avaliação de impacto ambiental, modelo de avaliação de custos, modelo de avaliação de risco de transporte e algoritmos de decisão baseada em múltiplos critérios. 25 A presença do subsistema de gerenciamento de modelos é a principal diferença entre os sistemas computacionais tradicionais e os sistemas de apoio à decisão (Pearson & Shim, 1994). Embora o termo gerenciamento de modelo venha sendo utilizado desde meados da década de 70 (Sage, 1991) é pouco freqüente encontrar profissionais que o conheçam, especialmente aqueles ligados ao campo de Informações Geográficas. Se, por um lado, há uma variedade significativa de programas para gerenciamento de dados, por outro, gerenciadores de modelos existem em número bastante reduzido. Considerando o domínio geográfico, este problema é ainda maior. Bonczek, Holsapple & Whinston (1980) e Turban (1995) apontam razões que podem ser extrapoladas para o domínio dos problemas espaciais. Uma primeira seria a existência de inúmeros modelos em inúmeras áreas de aplicação. Seus especialistas tendem a trabalhar de forma isolada em domínio particular de problemas, desenvolvendo modelos matemáticos e softwares respectivos. Poucos têm tido a preocupação em contextualizar seus modelos em processos decisórios organizacionais que potencialmente usam os modelos. Os modelos gerados resultam inflexíveis no sentido de lidar com situações não antecipadas. Outra razão seria que a utilização de SGBM requer a presença do especialista da área de aplicação. Em se tratando de problemas espaciais, que possuem uma forte componente de interdisciplinaridade, esta dificuldade se torna mais evidente. Banco de Conhecimento é conceito que visa suprimir parte deste problema mas não será abordado neste trabalho, por fugir ao seu escopo. Diversos autores concordam que as funcionalidades de um SGBM podem ser extraídas das funcionalidades de SGBD convencionais (Applegate, Konsynski & Nunamaker, 1986; Blanning, 1986; Brennan & Elam, 1986; Blanning, 1991; Sage, 1991; Ma, 1995; Rizzoli, Davis & Abel, 1998). Nesta abordagem um modelo é visto semelhante a dado, na chamada visão "modelo como dado". Certamente que há diferenças 26 conceituais e tecnológicas neste tratamento, mas a abordagem é basicamente a mesma. Outro ponto de convergência é que modelo é considerado um usuário de dado, capaz de transformá-lo. Assim sendo, entrada e produto do modelo (ou do sistema) são dados armazenados no banco de dados e manipulados pelo SGBD. 2.6.2.1 Funcionalidades gerais Não há classificação consensual sobre as funcionalidades de um SGBM. Os atributos variam de autor para autor com algumas sobreposições1. Uma classificação simplificada é apresentada por Applegate, Konsynski & Nunamaker (1986). Nesta classificação o SGBM é responsável por suporte nos níveis organizacional e tecnológico. No primeiro o SGBM descreve, analisa e armazena as decisões da organização. No segundo o SGBM gerencia e controla os modelos da organização. Interessante nesta abordagem é que a história da decisão e da modelagem é mantida pelo sistema e pode ser utilizada para aprendizado. Outra forma de agrupar as funcionalidades é quanto as tarefas a serem realizadas. Nesta abordagem o SGBM teria três tarefas básicas: geração, análise e processamento de modelo. Nas tarefas de geração o SGBM é responsável pela prototipação ou desenvolvimento de novos modelos, implementando o conceito de reutilização. Nas tarefas de análise o SGBM deve conduzir o usuário ao entendimento, interpretação e validação do modelo. Podem incluir análises do tipo "o que-se?", procura de respostas para a pergunta "por que isto aconteceu?", e análise de sensibilidade. Nas tarefas de processamento o SGBM deve seqüenciar e controlar a execução dos modelos necessá1 Applegate, Konsynski & Nunamaker (1986), Blanning (1986), Brennan & Elam (1986), Dolk (1986), Geoffrion (1986), Pracht (1990), Blanning (1991), Sage (1991), Eierman, Niederman & Adams (1995), Ma (1995), Sohl & Venkatachalam (1995), Turban (1995), Kwon & Park (1996), Bennett (1997), Ma (1997), Porto & Azevedo (1997), Rizzoli, Davis & Abel, (1998), Taylor, Walker & Abel (1999). 27 rios para resolver problemas específicos. Quando um modelo requer dados, o SGBM deve interagir com o SGBD. Entretanto, estas duas abordagens falham porque ignoram uma série de atividades e funções que, necessariamente, devem ser previstas em projetos de sistemas efetivos. 2.6.2.2 Funcionalidades para sistemas efetivos O SGBM é o agente que permite ao usuário realizar determinadas tarefas com finalidades diversas. Fazendo uma analogia com as funcionalidades gerais de Sistemas de Informação Geográfica, proporcionadas por Wellar, Cameron & Sawada (1994), pode-se classificar tais tarefas em atividades de Análise, Síntese, Explanação, Predição e Seleção em relação ao conteúdo do banco de modelos (Figura 8). Na Análise o interesse do usuário reside sobre o exame das partes de um modelo. Seu objetivo é inquirir o banco de modelos através de comparação, exploração e revisão do seu conteúdo. Análises de sensibilidade são atividades que visam verificar a magnitude do impacto com que as variáveis de entrada e/ou os parâmetros do modelo atingem as variáveis de saída. Este tipo de estudo pode produzir prescrições no mundo real de forma a que o sistema real atinja estados estáveis e aceitáveis. Pode-se ainda incluir na Análise atividades que visam verificar/validar os produtos gerados pelo modelo. Neste caso, a questão a ser respondida seria se os resultados apresentados fazem algum sentido e em que medida isto ocorre. O SGBM deve dar suporte ao usuário inclusive provendo direcionamentos, ou seja, recomendar ações futuras diante de determinados resultados. 28 Usuário Sistema de Diálogos Sistema de Gerenciamento de Banco de Modelos Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados Banco de Modelos (Modelos) Análise Síntese Explanação Predição Seleção Sistema de Gerenciamento de Modelos Geração Acesso Controle Manipulação Armazenamento Manutenção Figura 8 - Arquitetura de um sistema de gerenciamento de banco de modelos de um SADE (adaptado de Sage, 1991). Atividades de Síntese são ações que objetivam descrever o banco de modelos de modo que o usuário tenha compreensão de seu conteúdo. A agregação de partes de modelos ou modelos pode conduzir o usuário à composição de novos modelos, ou generalização de modelos existentes. Através da Síntese o usuário pode reunir as partes de modelos estudadas na Análise e identificar possíveis sobreposições. Relatórios completos ou resumidos podem ser gerados à partir da união ou unificação de informações sobre os modelos existentes. Tanto Análise como Síntese podem auxiliar no que Brennan & Elam (1986) chamam de detecção, ou seja, a habilidade de decidir o que realmente é importante numa situação de problema. Os autores comparam a detecção com as capacidades Holmesianas, criando uma analogia com um imaginário Sherlock Holmes computadorizado. Em outras palavras, Análise e Síntese permitiriam ao sistema realizar deduções. 29 Na Explanação as atividades visam explicar por que o modelo apresentou certo comportamento numa determinada situação de problema. Através de associação entre produtos gerados pelo modelo, em momentos distintos, o usuário pode interpretar racionalmente seus valores e buscar razões ou causas para o comportamento. Atividades de Predição visam prever comportamentos do sistema real representado pelo modelo. Predições permitem ao usuário realizar experimentações no sentido de verificar tendências e realizar conjecturas ou hipóteses sobre comportamentos do sistema real. Atividades preditivas podem ainda dar suporte à construção de modelos mais simplificados. Por fim, nas atividades de Seleção o interesse está em optar pelo uso de um ou mais modelos adequados à solução do problema. Para tanto, há que se realizar procura ou busca pelos modelos disponíveis, obter informações sobre eles, avaliá-los e então realizar escolha. Alguns autores preconizam que estas atividades devem ser, preferencialmente, realizadas automaticamente pelo sistema gerenciador. Em que pese esta idéia, é importante que o usuário tenha suas preferências incorporadas nos algoritmos de ordenação/priorização e seleção de alternativas. Para que estas atividades possam ser efetivamente implementadas, o SGBM deve estar munido com um aparato de mecanismos ou ferramentas funcionais, análogas às de um SGBD (Figura 8), com capacidades específicas de realizar: a) Geração ou construção: são mecanismos que permitem ao usuário desenvolver protótipo de novo modelo, implementando conceitos como reutilização, integração e/ou decomposição. b) Armazenamento: são mecanismos que implementam a representação e armazenamento físico de um modelo. Representação de modelo se refere ao projeto lógico do banco de modelos. São utilizadas técnicas como lógica formal 30 (cálculo de predicados, regras de produção e técnicas de procura por estados no espaço), redes semânticas, frames, teoria relacional e orientação a objetos. c) Manipulação: são mecanismos que implementam operações de instanciação (classificação dos modelos existentes), recuperação (pesquisa direcionada por cláusulas do tipo encontre, se...então, onde, enquanto, etc.), invocação (requisição de um modelo ou partes de para solucionar um problema) e edição (inclusão, exclusão ou modificação que visam manter o BM atualizado) de modelo. d) Acesso: tratam-se de ferramentas que permitem ao usuário, ou mesmo a outro modelo, acessar componentes de modelos ou modelos completos. e) Controle: é representado por dispositivos que controlam autorização e concorrência de acesso/uso de modelo, consistência, inteireza, integridade e ciclos no sentido de garantir segurança e concisão ao banco de modelos. f) Descrição: tratam-se de mecanismos que implementam o chamado dicionário de modelos. Sua função é prover descrição pormenorizada dos modelos, semelhante ao conceito de metadados (Guidara Jr. & Quintanilha, 1997). Pode incluir informação sobre heurística (conjunto de métodos que auxiliam na solução de um problema), tarefas, modelos, usuários e relacionamentos. g) Manutenção: ferramentas de manutenção atualizam o conteúdo do banco de modelos, de modo que o modelo científico reflita o sistema real. Pode ser executada em dois níveis. No nível de componentes do modelo (variáveis de entrada e de saída, parâmetros, relações formais, condições iniciais e injunções) realiza edição (inclusão, exclusão ou modificação). No nível do banco de modelos atua na interface entre os modelos. 31 Atributos complementares, mas não menos importantes, são apresentados em Pracht (1990) e Sage (1991): a) Flexibilidade. O usuário deve ser capaz de desenvolver parte da solução usando uma abordagem e então poder mudar para outra abordagem de modelagem, se isto lhe parecer preferível. Qualquer mudança ou modificação no banco de modelos se tornará disponível para todos os usuários do sistema. Flexibilidade também significa a capacidade do sistema em se adaptar a novas situações de problema. b) Retroalimentação. É a capacidade do SGBM em prover respostas suficientes sobre o estado do processo de resolução do problema a qualquer ponto no tempo. c) Interface usuário-modelo. O usuário deve se sentir confortável com um modelo em uso pelo SGBM a qualquer tempo. O usuário não deve ter que realizar entradas laboriosas quando não desejar fazer isto e as mensagens recebidas devem ser compatíveis com a terminologia de seu conhecimento. d) Redução da redundância. Isto pode ser feito pelo uso de compartilhamento entre modelos, com eliminação associada de armazenamento redundante. e) Incremento da consistência. Pode ser conseguido pensando-se em permitir que múltiplos decisores façam uso do mesmo modelo, e na redução associada de inconsistência, que pode resultar do uso de diferentes dados ou diferentes versões de um modelo. f) Estruturação e formulação do problema. É a capacidade do SGBM em dar suporte à postulação de quais elementos ou variáveis que estão no domínio do problema e como estes elementos se ajustam e interagem. 32 2.6.3 SAD em hidrologia Hidrologia é a Ciência que estuda a água na natureza no contexto do chamado Ciclo Hidrológico. Fenômenos de inundação podem ser vistos como parte deste ciclo na medida em que representam a parcela de armazenamento temporário na superfície. Em Hidrologia, SAD tem sido aplicado desde a década de 80 em sistemas de abastecimento de água, operação de reservatórios, gerenciamento de bacias hidrográficas, avaliação de riscos de contaminação em águas subterrâneas, calibração de modelos hidrológicos, gerenciamento da qualidade da água, avaliação da eutrofização em reservatórios, alerta a inundações, e outros (Nakayama, 1998). Há duas correntes principais no que tange à modelagem dos fenômenos do ciclo hidrológico: a dos modelos de parâmetros gerais ou agregados e a dos modelos de parâmetros distribuídos. Na abordagem agregada (“lumped-parameter”), ou caixa-preta (seção 4.1.2.3), os parâmetros consideram a bacia hidrográfica uma entidade singular homogênea, em que as entradas são representadas pelo excesso da precipitação e as saídas por hidrograma na foz, sem considerar a variabilidade espacial da bacia (Mamillapalli et al., 1996). Estas formulações simplificadas do fenômeno fazem com que o modelo careça de significado espacial efetivo (Bian, 1997) e que as centenas de softwares que os implementam tenham características idiossincráticas, que restringem-nos a regiões geográficas específicas (Taylor, Walker & Abel, 1999). Estes softwares oferecem linguagem própria de comunicação com o usuário e exigem especificação particular para a entrada e apresentação de dados. Na vertente dos modelos distribuídos procura-se captar, tanto quanto possível, a variabilidade espacial da bacia hidrográfica, dividindo-a em áreas menores regulares, em geral quadrangulares, ou em sub-bacias, onde os parâmetros são considerados uni- 33 formemente (Maidment, 1993). O fenômeno hidrológico é simulado dentro de cada subárea e o resultado é carreado na direção da foz. De acordo com DeVantier & Feldman (1993) "quando um modelo usa um elemento menor do que o tamanho da escala do processo físico, (o modelo) é descrito como distribuído, e quando a escala do modelo é a mesma da escala do processo (a bacia completa), ele é chamado de modelo agregado“. Os modelos distribuídos vêm assistindo a um maior interesse dos pesquisadores com a melhoria das tecnologias computacionais. Enquanto os modelos agregados proporcionam melhores desempenhos computacionais os modelos distribuídos normalmente apresentam melhores resultados. Os modelos distribuídos exigem a manipulação extensa de uma grande quantidade de dados a fim de prepará-los em arquivos de entrada. O modelo distribuído AGNPS (Agricultural Nonpoint Source Pollution), por exemplo, pode exigir até 157 parâmetros de entrada para cada célula espacial (León et al., 1998). Adicionalmente, a tarefa de análise dos resultados é difícil em vista do formato tabular usualmente apresentado nos relatórios. Dado que estas dificuldades se constituem num dos principais problemas encontrados pelos usuários de modelos, as metodologias usuais têm procurado integrar subsistemas de modelagem científica com tecnologias de Geoprocessamento, em especial Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e Sensoriamento Remoto. 2.7 Sensoriamento remoto A área de Sensoriamento Remoto - SR, considerada afim a área SIG (Fisher & Lindenberg, 1989), tem sido explorada como ferramenta de suporte à Hidrologia, conforme atestam diversos trabalhos em Anderson, Peters & Walling (1997). A propriedade hidráulica mais estudada por SR é a extensão do campo de inundação, para calibrar e 34 avaliar modelos científicos e relacionamentos empíricos (Bates et al, 1997). Sua aplicabilidade é recomendada somente para bacias cujo tempo de resposta seja similar à freqüência do imageamento (Bates et al., 1997, Blyth, 1997). O dado sobre a extensão do alagamento somente pode ser adquirido após o evento de cheia, e por isso não pode ser usado diretamente como meio de minimização de danos na fase de Resposta, mas pode ser insumo para procedimentos projetados na fase de Preparação visando reduzir danos em eventos futuros. As tecnologias de SR são úteis em situações em que tarefa de amostragem convencional "in loco" se mostra inviável ou mesmo perigosa. Seu uso têm sido estimulado pelas propriedades de rapidez, qualidade e baixo custo relativo de seus produtos. 2.8 Sistemas de informação geográfica De uma forma geral, a componente espacial do gerenciamento de problemas tem conduzido especialistas ligados ao marketing, negócios, teoria da localização, modelagem sócio-econômica, transportes, meio ambiente, agricultura, cadastro, planejamento urbano, entre outros, em direção à arena dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG). Na Hidrologia, a utilização inicial de recursos SIG foi motivada pela necessidade de representações mais acuradas do terreno (Sui & Maggio, 1999). Nesta linha de trabalho, identificam-se iniciativas de utilizar modelos hidrológicos distribuídos sobre representações raster da superfície geográfica e rede de drenagem (Carpenter et al., 1999). Mas este campo ainda não atingiu maturidade, especialmente no que concerne à solução de problemas de escala (resolução espacial), tempo e calibração de parâmetros. Sistemas SIG são capazes de gerenciar dados geográficos, ou seja, dados que descrevem entes do mundo real em termos de sua posição (em relação a um sistema de 35 referência espacial), geometria, relacionamentos espaciais (relações topológicas) e atributos (Burrough, 1986) (Figura 9). A principal diferença entre estes sistemas e os demais está na sua capacidade em armazenar e gerenciar dados espaciais. As estruturas matricial e vetorial, própria de cada implementação, são as mais utilizadas para este fim (Figura 10 e Figura 11). O banco de dados não espacial armazena informações que descrevem características ou atributos das entidades espaciais representadas no banco de dados espacial. Domínio Geográfico Dados Geográficos SIG Geometria Banco de Dados Não Espaciais Posição Banco de Dados Espaciais Atributos de Visualização Espacial Topologia Espacial Figura 9 - Componentes básicos de um SIG. A capacidade de gerenciamento usualmente inclui coleta, edição, armazenamento, recuperação, manipulação e apresentação de uma variedade de dados espaciais, expressos em imagens de satélite, mapas, gráficos, modelos numéricos de terreno (MNT), e outros, além de ferramentas avançadas de análise e visualização. São comuns usos destas ferramentas para extração de estruturas topográficas sobre o MNT, como bacias hidrográficas e direções de fluxos (Jenson & Domingue, 1988) e estudos da distribuição espacial de variáveis de interesse hidrológico, como a umidade do solo (Kostra, 1994). 36 10 11 a) 1 7 12 6 14 2 9 3 5 8 17 15 13 4 16 3 4 19 18 23 5 2 P o lig o n o s b) nom e L is ta p o n te iro 1 . 2 3 . . . 20 1 C a d e ia s d e C a d e ia s n o m e p o n to c o m p r . 11 12 13 . de p a ra 11 12 . . 9 7 7 8 0 1 2 2 13 . 8 9 0 2 P o n to s Nos c a d e ia x y x y , x y , ... 1 II Smith I State 4 IV Rutgers Rd. c) 2 e s q u e r d a d ir e ita Nom e x 7 8 x x y y y 9 x y Birtch St. III 3 Cherry St. Itens principais: Grupos de Segmentos Número CEP Cód. Área Trecho 1000 93106 805 14 1001 93117 805 14 Códigos de Segm entos: Cada Segmento de Linha Esquerda Nome do Polígono Nós superior Segmento de para Esquerda Direita inferior Direita inferior superior Número Birch St. 1 2 - Sm ith Est 101 175 102 178 1000 Cherry St. 3 4 - Sm ith Est 103 177 104 180 10 00 Rutgers St. 4 1 - Sm ith Est 8602 8 686 8603 8685 100 0 Localizações de Nós: Nós Leste Norte 1 2 127251 127352 1340600 1040601 3 4 127350 124256 1040584 1040502 Figura 10 - Exemplos de estruturas de dados vetoriais. (a) Modelo de dados polyvrt (Peuquet, 1990); (b) Estrutura de dados polyvrt; c) Estrutura de um arquivo dime (Star & Estes, 1990). 37 A R Q U IV O M A P A v5 a) P o n to v4 c o ord en a da X c oo rde n ad a Y v3 O ve rla y v2 v1 va lo r Z O u tro s A R Q U IV O O ve rla y v1 P o nto b) mapa c oo rd. X c o ord . Y v a lo r Z y v2 O u tro s ov e rla ys c) x A R Q U IV O M A P A O v erlay 1 títu lo e sc a la un id a de de m a pe a m e nto 1 ró tu lo sím b o lo s d e a pre se n ta ç ão v a lo re s d e a tribu tos co n ju n to d e p o nto s co o rd e na d as X ,Y u n id a de d e m ap e am en to 2 u nid ad e d e m a p e am e n to n O ve rla y 2 O v erlay m Figura 11 - Estrutura de dados matricial (Burrough, 1986, p.22). 2.8.1 Funcionalidades de SIG para apoio a decisões Wellar, Cameron & Sawada (1994) agrupam as funcionalidades dos SIG em Análise, Síntese, Explanação e Predição em relação ao conteúdo do banco de dados. Análise compreende comparação, construção, exame, exploração, introdução, revisão, entre outros. Síntese inclui agregação, compreensão, composição, dedução, generalização, integralização, sobreposição, relatório, unificação, união, entre outros. Explanação abrange associação, causa, interpretação, racionalização, razão, relatório, entre outros; e Predição envolve previsão, futuro, resultado, prognóstico, tendência, entre outros. Apesar da versatilidade de funções e competência em lidar com a componente espacial, os SIG carecem de capacidades suficientes para promover adequado suporte a 38 todas as etapas dos processos decisórios (Van Der Meulen, 1992; Densham, 1991; Keenan, 1995, Seffino et al. 1999, Matthews, Sibbald & Craw, 1999). Com base em levantamento sobre resumos de trabalhos científicos, publicados em diversas fontes, Wellar, Cameron & Sawada (1994) concluiu que SIG tem sido utilizado mais para Análise e Síntese, ou seja, inquirir ou descrever o conteúdo do banco de dados, do que para Explanação e Predição, ou seja, explicar ou prever alterações no seu conteúdo. Cerca de 50 trabalhos, de um total de 744, tinham em suas palavras-chaves prefixos relacionados com Predição (Forecast*, Futur*, Outcome*, Predict*, Prognos*, Trend*). Segundo estes autores os relatórios dos SIG servem mais ao propósito de descrição e defendem seu uso para explanação e predição integrados com modelos quantitativos. A etapa de inteligência, em que o decisor procura por uma situação de problema, pode ser apoiada pelas funções de Análise, Síntese e Explanação. Na etapa de projeto, quando necessita escolher modelos formais e gerar alternativas ou cursos de ação, são úteis as funções de Predição. A etapa de escolha não é abrangida por nenhuma das categorias de funcionalidades dos SIG. Como ferramenta de suporte à decisão o papel da tecnologia SIG pode ser visto dentro de uma faixa contínua de adeqüabilidade em relação às fases do GDN (Figura 12). Estes sistemas se mostram excelentes fornecedores e manipuladores de informação, na forma de dados, e como tal se constituem em tecnologia sem restrições para trabalhos de Análise e Síntese, e com restrições para trabalhos de Predição. 39 baixo alto Fase do GDN Mitigação Recuperação nível de restrição Resposta Preparação Análise Síntese Explanação Predição Funcionalidades gerais de SIG Figura 12 - Adeqüabilidade de SIG para apoio a decisões sobre problemas do domínio do GDN. 2.8.2 Interoperabilidade Interoperabilidade é um conceito que visa exprimir a transferência recíproca de usuários, dados ou informações, software e outros elementos de um sistema para outro (Goodchild, Engenhofer & Fegeas, 1997, Sondheim, Gardels & Buehler, 1999). Interoperabilidade se trata de um conceito recente em que diversas questões a nível de tecnologia, semântica e instituição permanecem na agenda das pesquisas. Na área SIG a interoperabilidade visa promover o intercâmbio de dados, simplificar formatos e padrões da indústria de software, simplificar a interação entre usuário e sistema, e simplificar o conhecimento exigido do usuário para operar o sistema. 2.8.3 SIG estendido Tecnologias SIG têm experimentado ampliação de funcionalidades através da reunião de um conjunto de ferramentas interoperáveis de software voltadas a uma classe de problemas (Taylor, Walker & Abel, 1999). Isto vem sendo possível porque há uma clara tendência dos desenvolvedores de SIG em tornar disponíveis produtos mais flexíveis, numa abordagem não monolítica. Seus sistemas tendem a seguir a distribuição de plataformas, usuários, bancos de dados e processamento (Goodchild, Engenhofer & 40 Fegeas, 1997; Laurini, 1999). Alguns são de domínio público com arquitetura aberta (SPRING, 1999; GRASS, 1999). Outros possuem bibliotecas que podem ser úteis dentro do paradigma da orientação-a-objetos (Galvão et al., 1999; Sui & Maggio, 1999; Taylor, Walker & Abel, 1999; Rizzoli, Davis & Abel, 1998). De uma forma geral, as propostas para melhorar a capacidade de SIG com vista ao suporte à tomada de decisão são classificadas em (Seffino et al., 1999): a) apresentação de estudos de casos; b) implementação de modelos; c) projeto de sistema e arquitetura. Na primeira busca-se mostrar como o uso das funções SIG e visualização cartográfica podem melhorar a tomada de decisão espacial. Na segunda, procura-se incorporar módulo de modelagem científica ao SIG. O SIG fornece as ferramentas de desenvolvimento de aplicativos, o banco de dados (e gerenciador) e interface com o usuário. Na terceira aborda-se ad hoc o problema de como construir tecnologia específica de apoio à decisão espacial. Independentemente da estratégia adotada para ampliar as funcionalidades SIG, em direção a apoio efetivo a decisões espaciais, há que se ressaltar que o sistema resultante é visto por muitos não mais como um "SIG estendido", mas sim como um Sistema de Apoio à Decisão Espacial - SADE (Densham, 1991). Este conceito vem de encontro a um consenso crescente quanto a necessidade de tecnologias de suporte efetivo à decisão espacial (Laaribi, Chevallier & Martel, 1996), ou mesmo como um meio de incrementar a utilidade de SIG e SAD para a solução de problemas espaciais (Walsh, 1993). Uma área promissora que pode se constituir em um nicho apropriado para SADE pode ser a Geocomputação (Macmillan, 1998). 41 Esta distinção é de fundamental importância porque ressalva que o escopo deste trabalho está sob uma ordem de conceitos interrelacionados que contribuem para a definição de uma nova disciplina. O fato de se utilizar sistemas SIG para implementar SADE mostra apenas que esta é uma das abordagens tecnológicas e que, necessariamente, não elimina outras que por ventura venham a surgir na prática, como resultado dos avanços teóricos nesta disciplina. No capítulo 3 o leitor poderá encontrar uma proposta de classificação das estratégias de desenvolvimento de SADE, em que SIG é considerado o subsistema principal. 2.9 Sistema de apoio à decisão espacial - SADE O conceito de Sistema de Apoio à Decisão Espacial - SADE (Armstrong, Den- sham & Rushton, 1986) vem sendo utilizado como arcabouço teórico para o desenvolvimento de sistemas computacionais, voltados para apoio a processos decisórios sobre problemas espaciais. A nível tecnológico estes sistemas vêm sendo amplamente aplicados sobre decisões de uso do solo e decisões sobre o uso da água (USDA, 1997, 1998). O primeiro grupo envolve a divisão da paisagem em partes sobre as quais procedem-se avaliações e prescrições distintas para cada uma. Incluem decisões sobre alocações, tratamentos, decisões ambientais e decisões de gerenciamento de riscos. Este último diz respeito à identificação de riscos específicos, desenvolvimento e avaliação de estratégias de mitigação. Incluem riscos geológicos, de incêndios, nucleares, de transporte de materiais perigosos e inundações. Os componentes básicos da arquitetura SADE são os mesmos dos SAD. A diferença está em que a visão de SADE é dirigida para o domínio da informação espacial. 42 2.9.1 SADE efetivo Um dos critérios para se definir a eficácia de um sistema é a satisfação do usuá- rio ou decisor (Gatian, 1994). Se um sistema atende aos anseios do decisor, satisfazendo suas necessidades quanto à resolução de seus problemas, então pode-se dizer que o sistema é efetivo. Nesta linha de argumentação até mesmo uma calculadora eletrônica seria um sistema de suporte à decisão. Mas o domínio dos problemas espaciais costuma ser complexo, de modo que esta argumentação merece melhor reflexão. Para um sistema ser efetivo no suporte a decisões baseadas em dados espaciais seria preciso que: a) esteja apto para lidar com problemas relativamente grandes e mal estruturados; b) efetivamente preste suporte a todas as etapas do processo decisório; c) apresente alternativas; d) direcione o decisor rumo à melhor solução possível para o problema; e) esteja orientado a um domínio específico de aplicação. Um SADE Efetivo, e não necessariamente eficiente, permitiria ao usuário, especialista ou não, tomar decisões com base em dados espaciais, cujos efeitos sobre o mundo real teriam sido previstos durante o PTD. Um SADE Efetivo poderia assistir planejadores e gerentes na exploração de opções, avaliação de impactos potenciais, experimentar estratégias e descobrir novo conhecimento (Matthews, Sibbald & Craw, 1999). Estes atributos, aliados aos da Tabela 1, podem se constituir num guia útil para a avaliação de sistemas que se propõem a dar suporte à decisão espacial, mesmo que sejam desenvolvido a partir de SIG. 43 Tabela 1 - Atributos de um SADE Efetivo. Assunto escopo das decisões modo de decisão variáveis de decisão complexidade do problema nível de apoio componentes tecnológicos 2.9.2 Atributo − apoio às fases do processo de tomada de decisão; − ser orientado para o apoio diante da substituição do fator humano; − atuar sobre PTD em que varáveis de decisão Quantitativa/qualitativa estejam espacialmente distribuídas; − apoio a problemas espaciais mal ou semi-estruturados; − atuar sobre PTD em que os produtos exigem análises espaciais complexas; − ser dispositivo prático que direcione o usuário aos objetivos formulados de uma maneira simples, direta, clara e objetiva (Porto & Azevedo, 1997); − considerar fatores administrativos, como nível e fluxo das decisões, fatores sociais e políticos que compõem o ambiente organizacional da decisão e até fatores psicológicos, como o tipo de tomador de decisão e seu comportamento (Porto & Azevedo, 1997); − proporcionar ambiente virtual no qual o usuário possa explorar a teoria e avaliar as estratégias de decisão (Bennett, 1997); − proporcionar ambiente didático e iterativo que permita ao usuário aprender sobre o problema e as possibilidades/limitações dos métodos utilizados (Porto & Azevedo, 1997); − prover funcionalidades de SGBD espacial e não espacial; − prover funcionalidades de SGBM; − incorporar experiências de especialista. SADE específico SADE específico é um sistema projetado para atender um domínio de aplicações (Densham, 1991; Sprague Jr., 1991). Este conceito se contrapõe à utopia de um sistema suficientemente genérico capaz de prover suporte em qualquer domínio. Uma das estratégias mais comuns para o desenvolvimento de SADE específico é utilizar o chamado Gerador de SADE (Densham, 1991), semelhante ao Gerador de SAD (Sprague Jr., 1991). O gerador de SADE é um software que oferece ferramentas para, isolado ou integrado a outros sistemas, configurar um outro sistema com características de SADE. 44 Aplicativos de SADE- SADE Específico Usuário Gerador de SADE Desenvolvedor de SADE Ferramentas para SADE Figura 13 - Papel dos desenvolvedores e usuário nos níveis tecnológicos de SADE (Fonte: adaptado de Densham, 1991). Atualmente, a grande maioria das estratégias de construção de SADE têm sido utilizar SIG como gerador de SADE, associado a ferramentas ou a sistemas que implementam a modelagem de sistemas geográficos. O uso de SIG como Gerador de SADE parece representar uma tendência que provoca certa confusão conceitual entre SADE e SIG estendido. Entretanto, tratam-se de arcabouços conceituais distintos, cujas principais conseqüências estão associadas à eficiência e eficácia do apoio a processos de tomada de decisão, sobre problemas espaciais semi-estruturados. 2.9.3 Estado da arte Pode-se comparar a situação vivida pela área SADE hoje com a de SIG há mais ou menos 30 anos atrás. O conceito SIG essencialmente provém do uso dos computadores para mapeamento e análise espacial nos campos do Mapeamento Cadastral e Topográfico, Cartografia Temática, Engenharia Civil, Geografia, Análise Espacial (estudos matemáticos da variação espacial), Ciência do Solo, Topografia e Fotogrametria, Planejamento Urbano e Rural, Redes de Serviços, Sensoriamento Remoto e Análise de Ima- 45 gens (Burrough, 1986). Em certo período, percebeu-se que reunir tecnologias diversas em sistemas computacionais limitavam sua expansão rumo à tecnologia efetiva. Um dos fatores que contribuíram fortemente para o estabelecimento do conceito SIG foi sua aceitação pelos desenvolvedores de software. A industria passou a construir sistemas à partir dos conceitos científicos e estes, por sua vez, foram sendo aprimorados à medida que a tecnologia se desenvolvia, incorporando e melhorando funcionalidades. Durante muitos anos sistemas foram desenvolvidos sob a crítica de ser um campo dirigido pela tecnologia. Em 1990, Michael F. Goodchild lança o desafio de se alterar este paradigma e estabelecer sua proposta de uma Ciência da Informação Geográfica (Goodchild, 1992). Seus argumentos se calcaram sobre o que chamou de unicidade do dado espacial, ou seja, que dado espacial é baseado em dimensões contínuas, possui dependência mútua e que se distribui sobre a superfície curva da Terra. Estas características dariam legitimidade a uma série de inferências científicas. Como Ciência, este campo teria que possuir sub-campos, questões específicas e uma agenda. À partir disto, o autor sugeriu oito sub-áreas: medição e compilação de dados, captura de dados, estatística espacial, modelagem e teoria de dados espaciais, estrutura de dados, algoritmos e processos, apresentação de dados, ferramentas analíticas, questões éticas, gerenciais e institucionais. Com SADE atualmente acontece algo semelhante. Entretanto, a indústria de software ainda não vê vantagens na construção de sistemas monolíticos, dedicados a poucas áreas de aplicação e prefere investir em softwares ou módulos expansíveis na área SIG. Isto tem contribuído para que hoje ainda não se disponha de sistemas comerciais prontos para consumo. O que facilmente se observa é a prática da "extensibilidade de SIG" entendida pelos especialistas como "desenvolvimento de aplicativos", ou então a integração de SIG com softwares de modelagem científica (SMC) (ver capítulo 3). Esta abordagem, 46 essencialmente tecnológica, tem resultado em sistemas pouco eficientes e eficazes no apoio a PTD porque não há suporte adequado aos problemas conceituais da integração (Sui & Maggio, 1999). As conceitualizações de espaço, tempo, escala e objetos em SIG são incompatíveis com a maioria dos modelos hidrológicos (Sui & Maggio, 1999; Bian, 1997). Num SIG vetorial, por exemplo, é comum representar a rede de drenagem por segmentos orientados, conectados por nós geograficamente referenciados. Este tipo de representação espacial torna muito difícil que modelos convencionais de processos hidrológicos, disponíveis em pacotes SMC, possam exercer algum tipo de atividade algorítmica sobre esta rede de drenagem. Além disso, os sistemas integrados, em geral, se tratam de caixas pretas com diferenças semânticas naturais porque foram desenvolvidos à partir de visões distintas da realidade. Na área SIG o mundo real é visto quase como estático (expresso conforme atestam os bancos de dados espacial e não espacial). Na área da modelagem científica geográfica o mundo é visto como um conjunto de processos bem mais dinâmicos, onde as entidades sofrem alterações de comportamento continuamente (ex. fluxo da água em rio). Na área SIG, ênfase é dada na representação espacial de entidades, feições ou objetos geográficos, seus relacionamentos topológicos e atributos associados. Na área da modelagem científica geográfica ênfase é dada na modelagem quantitativa dos processos que ocorrem junto a estas mesmas entidades, feições ou objetos geográficos. Enquanto uma rede de drenagem tem uma função praticamente estática nos bancos de dados SIG, nos modelos hidrológicos estas mesmas entidades simbolizam fenômenos dinâmicos importantes como o escoamento da água ou a propagação de poluentes. Portanto, estas áreas possuem seu grupo particular de conceitos desenvolvidos em Ciências distintas, como a Ciência da Informação Geográfica e a Hidrologia. Elas trabalham sobre dois mundos geográficos distintos vistos por Chorley & Kennedy (1971) como sistemas morfológicos e sistemas em cascata. O primeiro é com- 47 posto por propriedades físicas associadas com o fenômeno, como geometria, composição e localização. No segundo, mais dinâmico, ocorre o fluxo de massa ou energia através de seus componentes. Nesta abordagem, o mundo SIG está mais relacionado a sistemas morfológicos e o mundo SMC mais a sistemas em cascata. Vale destacar ainda que uma das principais questões a ser formulada e resolvida é a implementação do banco de modelos e das funcionalidades do seu sistema gerenciador. Isto parece ser difícil sob as tradicionais abordagens dirigidas essencialmente pela integração de tecnologias, onde se identifica uma visão policotômica da realidade, provinda destes diferentes sistemas. Há, portanto, uma necessidade de convergência conceitual que permita o pleno desenvolvimento de tecnologia SADE efetiva. Isto poderia envolver as Ciências responsáveis pela representação espacial e modelagem de processos geográficos, como a Ciência da Informação Geográfica, Hidrologia, Geografia Física e Teoria de Sistemas. O objetivo é pensar além e acima das questões meramente tecnológicas em direção a uma integração semântica de conceitos com suporte da Ontologia (Sui & Maggio, 1999). 2.10 Sumário Inundações são fenômenos de ocorrência mundial que acarretam perdas materiais e humanas. A previsão destes fenômenos vem sendo abordada como forma de estimular ações de prevenção e controle dos seus efeitos. As metodologias tradicionais de previsão e alerta priorizam a tomada de decisão sobre o momento de emissão e tipo de aviso e praticamente ignoram decisões sobre as ações posteriores. O conceito de Gerenciamento de Desastres Naturais - GDN inclui a previsão e alerta como etapas de uma abordagem mais ampla sobre o problema das inundações. O objetivo é obter ações mais 48 efetivas e eficazes de prevenção e controle do fenômeno com a conseqüente minimização das perdas. O caminho a ser percorrido deve considerar que o GDN compreende fases que se constituem em diversas situações de solução de problemas, que cada uma destas situações demanda processo de tomada de decisão e este, por sua vez, exige informações, modelos simplificados do domínio do problema, critérios e modelos de escolha formais. Aliado a estes fatores deve-se acrescentar que tanto as precipitações como as inundações são fenômenos espaciais. Os problemas decorrentes deste tipo de fenômeno são problemas espaciais de natureza complexa, cujas decisões para solução são tomadas sob incertezas e riscos. A natureza complexa dos problemas espaciais, a presença de incertezas e riscos e a impossibilidade de estruturação completa do espaçoproblema abrem caminho para a participação conjunta do homem e do computador no processo de tomada de decisão. Apesar de ser bastante utilizados na Hidrologia, os Sistemas de Apoio à Decisão não são adequados para apoiar a solução dos problemas espaciais do GDN porque, ao não considerarem o referenciamento espacial, não possuem ferramentas adequadas de manipulação e análise de informação espacial. A opção tecnológica atualmente disponível para lidar com a componente espacial são os Sistemas de Informação Geográfica. Mas, mesmo podendo ser utilizada junto com o Sensoriamento Remoto para mapear a extensão dos alagamentos, com vista a calibração e avaliação de modelos hidrológicos, os SIG carecem de recursos para apoio efetivo a todas as etapas do processo de decisão, especialmente de funções de Explanação e de Predição. Algumas tentativas têm sido feitas no sentido de estender suas funcionalidades incorporando modelos científicos de processos geográficos, mas os sistemas resultantes ainda não têm conseguido chegar a sistemas efetivos. O conceito de Sistema de Apoio à Decisão Espacial tem tido aceitação crescente, principalmente pela comunidade científica, como uma forma de desenvolver arcabouços conceituais mais robustos em direção a 49 tecnologias mais efetivas. Estes conceitos ainda não tiveram plenos reflexos sobre o segmento tecnológico. Em parte, isto se deve à persistência dos desenvolvedores em adotar a tecnologia SIG como geradora de SADE. O caminho para se atingir SADE efetivo deve começar por uma análise de alto nível, desprendida das abordagens puramente tecnológicas. A análise deve se dirigir para o espaço-problema de domínio do GDN no sentido de buscar uma compreensão integrada sobre entes espaciais e processos físicos associados, incluindo-se as questões de espaço, tempo e escala. 50 3 UMA TAXONOMIA DE CONFIGURAÇÕES DE SISTEMAS DE APOIO À DECISÃO ESPACIAL ESPECÍFICOS De acordo com Pressman (1995) um sistema baseado em computador é um con- junto ou disposição de elementos que é organizado para executar certo método, procedimento ou controle ao processar informações. Do ponto de vista computacional um SADE é composto pelos subsistemas de software, hardware, dados e de procedimentos. O subsistema de software é composto por programas, estruturas de dados e documentação correlata que implementam o método, processo ou controle lógico do sistema. O subsistema de software pode ser classificado em software aplicativo, que executa as funções de processamento de informações, e software básico, que executa as funções de integração com outros elementos do sistema (Pressman, 1995) como, por exemplo, o hardware. As estratégias de desenvolvimento de SADE são metodologias para a incorporação de funções a softwares aplicativos. Esta seção tem os seguintes objetivos: a) levantar e analisar as principais variáveis que determinam as metodologias correntes de desenvolvimento de softwares aplicativos na área de SADE; b) propor e ilustrar uma taxonomia destas metodologias, tendo como propósitos ser genérica, abrangente e prática; c) identificar e analisar a estratégia que apresenta maior flexibilidade para o desenvolvimento de SADE Efetivo. 3.1 Papel dos sistemas de informação geográfica (SIG) Na Engenharia de Software é comum o agrupamento de funções no subsistema de software em estruturas modulares de modo a comportar programas extensos. As es- 51 tratégias para o desenvolvimento de SADE fundamentalmente abordam o aproveitamento de softwares ou módulos existentes. Estas metodologias são quase que unânimes em perseguir o conceito de Sistema de Informação Geográfica (SIG), seja incorporando softwares de modelagem científica (SMC), seja desenvolvendo interconexões entre SIG e SMC, conforme já discutido no Capítulo 2. Os motivos para a utilização de SIG estão, essencialmente, nas capacidades deste sistema em coletar, armazenar, manipular e apresentar uma variedade de dados espaciais, tais como imagens de satélite, mapas vetoriais e matriciais, gráficos, modelos numéricos de terreno, além de prover ferramentas avançadas para visualização. Entre outros, estas capacidades permitem ao usuário visualizar e conhecer a localização, distribuição e relacionamentos espaciais dos fenômenos geográficos modelados a partir do mundo real. Para a Hidrologia, atributos importantes como área de bacia, extensão de fluxo, declividade do terreno, rugosidade da superfície, tipo de solo e cobertura do terreno (DeVantier & Feldman, 1993) podem ser viabilizados a partir do banco de dados espacial de um SIG. Atributos de descrição de solo, uso da terra, cobertura do terreno, condições da água no terreno, sistemas feitos pelo homem, podem ser obtidos a partir de um banco de dados não espaciais de um SIG. Por outro lado, os SMC em geral são muito difíceis de utilizar porque envolvem a manipulação tediosa de formatos inflexíveis de dados (Handcock, 1995) e são inaptos a lidar adequadamente com a variabilidade espacial dos processos modelados. Uma das funções do SIG num SADE seria fornecer parâmetros de maior qualidade ao SMC. Apesar destas funcionalidades atraentes ainda não é plena sua aceitação pela comunidade hidrológica. Apesar de SIG estar sendo utilizado em Hidrologia, segundo DeVantier & Feldman (1993), em muitas aplicações as seguintes questões ainda permanecem pendentes: a) grau em que SIG pode substituir as atividades que são fortemente dependentes do julgamento da Engenharia; 52 b) inclusão de séries temporais no banco de dados do SIG; c) manipulação apropriada de dados variantes no tempo; d) custos de implantação de SIG; e) falta de evidências claras quanto a superioridade dos resultados de SIG sobre os métodos tradicionais; f) carência de utilização a campo de tecnologias SIG aplicadas a Hidrologia para que se tenha mais estudos sobre sua real utilidade; g) falta de consenso sobre quais tecnologias SIG e SMC devem ser aplicadas; h) discussões inconclusivas quanto ao nível de escala espacial de aplicação de parâmetros e de modelos hidrológicos; i) indefinição da resolução espacial para os modelos distribuídos. Por outro lado, Dragosits et al. (1996) aponta para alguns benefícios importantes da integração de SIG com SMC: a) SIG auxilia raciocínio, comunicação e experimentação; b) previsão de resultados onde a mensuração direta é impossível e/ou muito cara; c) testes de cenários do tipo "o que se"; d) obtenção dos melhores ou piores cenários; e) sinergismo de tecnologias. Além destes aspectos, a tecnologia SIG vem tendo um amplo papel de préprocessamento de dados utilizados pelos SMC, permitindo ao usuário concentrar-se mais sobre as atividades da modelagem científica do que sobre detalhes do software (Handcock, 1995). 53 3.2 Taxonomia de estratégias de integração de subsistemas de software A integração de tecnologias de software visando a configuração de SADE tem gerado inúmeros sistemas. Alguns autores têm procurado definir classes de metodologias de integração, algumas vezes baseados em experiências próprias no desenvolvimento e uso destes sistemas (Goodchild et al., 1992; Watkins et al., 1996; Fedra, 1993). Em geral, estas classes não são claramente diferenciadas, utilizam muitos atributos que, notadamente, ofuscam análises comparativas. A proposta de taxonomia apresentada neste trabalho tem os seguintes propósitos: a) ser aplicada à integração de quaisquer subsistemas de software que incorporem a modelagem científica sobre um domínio de aplicações; b) incluir não apenas as tecnologias atuais, mas também abranger seus potenciais desenvolvimentos futuros; c) nortear estudos sobre diferentes categorias de sistemas de apoio à decisão espacial; d) ter aplicação prática para os desenvolvedores de SADE, uma vez que as diferentes categorias podem servir como ponto inicial ao futuro projeto de SADE. 3.3 Critérios de classificação As integrações são atividades que buscam formas de integrar (Watkins et al., 1996), acoplar (Goodchild et al. 1992), conectar (Watkins et al., 1996) ou interfacear (Rodrigues & Raper, 1997) subsistemas de softwares. De uma maneira geral, as estratégias que implementam esta integração podem ser agrupadas em duas categorias básicas: integração parcial e integração plena. 54 Na integração parcial cada subsistema é uma entidade independente, que exige determinados tipos de dados, tipos e formatos de arquivos e que executa funções particulares sobre um domínio de aplicação. As tecnologias são integradas por mecanismos que agem sobre arquivos de dados, os quais, essencialmente, se constituem no elo de ligação. As variações entre as abordagens para integração parcial, fundamentalmente, ocorrem na implementação do mecanismo de controle da integração e na origem dos dados que fluem entre os subsistemas. Na integração plena uma das tecnologias é configurada para executar as tarefas ou funções de outra(s) tecnologia(s). Tem-se, portanto, uma entidade singular com funções ampliadas ou estendidas. As variações entre as abordagens para integração plena diferem na forma pela qual ocorre a extensão da tecnologia principal. Estas duas categorias não são suficientes para diferenciar as diversas metodologias de integração de subsistemas de software com vistas ao desenvolvimento de SADE. Esta pesquisa estabeleceu alguns critérios que foram agrupados em três categorias básicas: Modelagem Científica, Dados e Controle da Integração (Tabela 2). As seções seguintes apenas descrevem estes critérios enquanto que a análise dos mesmos é procedida no âmbito das classes das estratégias. Tabela 2 - Categorias de critérios para classificação das estratégias de integração de subsistemas de software. Critério (1) Modelagem Científica Tipo de Integração (A) Incorporação Nível de Integração Dedicação Habilitação (B) Independente (2) Dados (A) Compartilhamento (B) Transferência (3) Controle da Integração (A) Incorporação Dedicação Habilitação (B) Independente 55 3.3.1 Modelagem científica Este critério diferencia as estratégias de integração ou acoplamento conforme o grau de proximidade física2 dos subsistemas envolvidos. Quando a proximidade física é mínima ou nula, se tem a independência dos subsistemas. Cada subsistema se constitui numa entidade independente, que executa funções particulares sobre um domínio distinto de aplicação. Quando a modelagem científica é independente, alguns autores utilizam o termo "abordagem caixa preta", em que um sistema passa dados para outro sistema e recebe os resultados de volta. No caso de SMC e SIG o contato entre os sistemas não passa além do conhecimento necessário das estruturas dos dados de entrada e saída (Handcock, 1995). A abordagem caixa preta guarda semelhanças com o conceito de encapsulação da abordagem orientada a objetos. Quando a proximidade física é máxima denomina-se de incorporação, ou seja, um subsistema de software absorve totalmente o código necessário para a execução das tarefas executadas pelo outro subsistema. Se a incorporação é representada por linguagens de programação compiladas em código de execução como C, FORTRAN, C++, Pascal, ou linguagem de programação compilada do sistema incorporador, tem-se uma incorporação feita por dedicação. Se a incorporação ocorrer através de uma linguagem de alto nível, interpretada em tempo de execução (p.e. AML do SIG Arc/Info), e que é de propriedade de um dos subsistemas, tem-se uma incorporação feita por habilitação. Pode-se dizer que, no primeiro caso, um subsistema de software está “dedicado” às tarefas do subsistema absorvido, além das suas próprias. Na incorporação há, portanto, uma entidade singular com funções ampliadas ou estendidas. 2 A proximidade física se refere ao nível de incorporação de código de um subsistema em outro subsistema. 56 O nível de dedicação é o mais exigente quanto ao desenvolvimento de software e é o nível em que há o máximo envolvimento entre a aplicação e o subsistema incorporador. Implementar a dedicação significa trilhar pelos conceitos da Engenharia de Software. Não está no escopo deste trabalho se estender nestes conceitos, de modo que se faz um pequeno resumo a fim de situar o nível de dedicação. O desenvolvimento de sistemas de software normalmente segue o conceito de ciclo de vida de desenvolvimento de sistemas. O ciclo de vida corresponde a uma seqüência ordenada de etapas onde as saídas de uma etapa são as entradas da etapa seguinte. Diferentes abordagens foram desenvolvidas sob o conceito de ciclo de vida e se constituem em paradigmas da Engenharia de Software, tais como o modelo em cascata, a prototipação, o modelo espiral e as técnicas de quarta geração. Estes paradigmas podem ser combinados de modo a que se tire proveito das potencialidades de cada um durante um projeto. Usualmente são descritos como abordagens alternativas à Engenharia de Software em vez de abordagens complementares (Pressman, 1995). As técnicas estruturadas usualmente adotam o modelo em cascata em que os sistemas são desenvolvidos de acordo com as etapas de Análise, que visa especificar "o que" o sistema deve fazer, abstraindo o "como"; Projeto, em que se define o "como" e a de Implementação, onde codificam-se, testam-se e concluem-se os programas (Bayas, 1995). O caminho percorrido entre a análise e a implementação envolve diferentes níveis de abstração de dados e de procedimentos. 3.3.2 Dados Este critério define as estratégias de acordo com os dispositivos e mecanismos utilizados para operar e acomodar os dados comuns aos subsistemas. Dentre as metodo- 57 logias se destacam aquelas em que há o compartilhamento ou a transferência de dados entre os subsistemas (Tabela 2). O compartilhamento de dados entre os subsistemas define o seu nível de proximidade lógica. A proximidade lógica é máxima quando um subsistema acessa diretamente os dados armazenados conforme o modelo e a estrutura de dados do outro subsistema. Os dados acessados ficam imediatamente disponíveis para uso, sem necessidade de operações intermediárias de tradução. A proximidade lógica é mínima ou nula quando, antes de ser utilizados pelos subsistemas, os dados são extraídos da estrutura de armazenamento (banco de dados ou memória) para um ou mais arquivos intermediários. Para que um subsistema utilize estes dados é necessário acessálos através do arquivo de transferência. O arquivo de transferência atua como um tradutor entre os subsistemas, em que a linguagem seria o formato do armazenamento. 3.3.3 Controle da integração A análise deste critério é semelhante ao critério da modelagem científica. O con- trole da integração discrimina as estratégicas conforme o nível de proximidade física entre os mecanismos de controle do processo de integração e os subsistemas integrados por este processo. A proximidade física é máxima quando a parcela de código responsável pelas operações de controle está incorporada totalmente ao código de um dos subsistemas. Evidentemente que se admite ainda a situação em que tal parcela pode estar segmentada e distribuída junto aos códigos de dois ou mais subsistemas. Todavia, esta situação não é comum no desenvolvimento usual de SADE, e parece não representar uma tendência. Conforme ocorre na modelagem científica, a incorporação do controle da integração também pode dar-se a nível de dedicação ou de habilitação. 58 3.3.4 Assistência ao usuário Este critério discrimina estratégias conforme o grau de interação entre usuário e computador, disponibilizadas pelas ferramentas de software. Por ser um recurso que se interpõe entre usuário e computador, e não entre os subsistemas a serem integrados, a assistência ao usuário não será considerada no escopo desta classificação de estratégias. O objetivo de mencionar este critério é deixar um campo aberto na estrutura dos critérios que, eventualmente, pode constituir-se num critério efetivo. 3.3.5 Critérios de classificação aplicados à integração dos subsistemas SIG e SMC Os critérios gerais descritos na seção anterior podem ser aplicados considerando como subsistemas de um lado, um Sistema de Informação Geográfica (SIG) e, de outro, um software ou sistema de modelagem científica (SMC). A Tabela 3 resulta de uma adaptação da Tabela 2 para acomodar estes sistemas. Tabela 3 - Categorias de critérios para classificação das estratégias de integração de subsistemas de software para configurar SADE. Critério (A) Modelagem Científica Tipo de Integração (A) Incorporada ao SIG Nível de Integração Dedicação do SIG Habilitação do SIG (B) Independente do SIG (B) Dados (A) Compartilhamento dos bancos de dados do SIG e do SMC (B) Arquivo de transferência (C) Controle da Integração (A) Incorporado ao SIG Dedicação do SIG Habilitação do SIG (B) Independente do SIG 59 3.4 Classes de estratégias Dentre os inúmeros relacionamentos possíveis entre as categorias e subcategori- as de critérios (Figura 14) quatro casos se distinguem (Tabela 4, Figura 15). A Incorporado Compartilhados Controlador da Integração Dados Transferidos Independente B Independente Incorporado SMC Figura 14 - Domínio dos relacionamentos possíveis entre as categorias e subcategorias de critérios. Tabela 4 - Características das estratégias de acoplamento de subsistemas de software. Classe de Acoplamento Característica SMC Rótulo Dado CI 1B 2B 3B 1B 2B 3A 1B 2A 3A 1A 2A 3A - - - modelagem científica independente Livre “loose coupling” transferência de dados controle da integração independente modelagem científica independente Próximo “close coupling” transferência de dados controle da integração incorporado modelagem científica independente Rígido “tight coupling” compartilhamento de dados controle da integração incorporado modelagem científica incorporada Pleno “full integration” Misto compartilhamento de dados controle da integração incorporado indefinido 60 Os rótulos ilustram uma evolução gradual desde os subsistemas totalmente livres aos subsistemas totalmente integrados. 3.4.1 Acoplamento livre A integração ou acoplamento é livre (Tabela 2) quando os subsistemas são enti- dades independentes, que não compartilham, mas sim transferem, os dados entre si no processo de integração, e cujo controle é desvinculado de quaisquer dos subsistemas. As proximidades física e lógica são mínimas ou nulas. O símbolo para expressar este nível de integração é 1B 2B 3B. SADE SI arq. dados SMC Livre CI SADE Próximo SI arq. dados CI SMC SADE Rígido SI dados SMC CI SI: subsistema incorporador SMC: subsistema de modelagem científica CI : controle da integração SADE Pleno SI + SMC CI Figura 15 - Categorias de estratégias de acoplamentos para configuração de SADE. Esta estratégia permite o aproveitamento integral de subsistemas existentes, sem necessidade de desenvolvimento de código específico para executar tarefas abrangidas pelos subsistemas integrados. O esforço de programação se concentra, basicamente, 61 sobre os mecanismos de controle do processo de integração, conferindo menor custo e tempo de desenvolvimento do projeto. As ineficiências desta abordagem estão a nível de armazenamento e de desempenho do sistema. Os arquivos de transferência configuram dispositivos de duplicação de armazenamento dos dados que serão utilizados pelos subsistemas. A construção destes arquivos usualmente exige operações de tradução além das operações rotineiras de leitura/gravação. A execução repetida de seqüências de transferência de dados em arquivos pode ser lenta e podem ser necessárias muitas operações de depuração para assegurar que os dados transferidos entre os subsistemas estejam corretos (Watkins et al., 1996). 3.4.1.1 Acoplamento livre aplicado aos subsistemas SIG e SMC No chamado acoplamento livre ["loose coupling" conforme termo de Goodchild et al. (1992), Matson et al. (1995), Handcock (1995), Karimi (1997); "link" conforme Watkins et al. (1996) e Fedra (1993)] SIG e SMC são sistemas autônomos, integrados através de arquivos. O programa ou conjunto de programas de interface converte dados entre os formatos de arquivos do SIG e do SMC (Watkins et al., 1996). O SIG é utilizado para análise geográfica, para geração de arquivos que são a entrada do SMC, para a leitura, análise e visualização dos arquivos gerados pelo SMC. Os arquivos podem estar no formato ASCII ou binário. No nível de ligação de Watkins et al. (1996), o programa de interface usualmente acessa o banco de dados do SIG, prepara o arquivo a ser lido pelo SMC, ativa o SMC, ativa um programa de formatação do arquivo de saída do SMC para ser lido pelo SIG. Pode ainda chamar outros programas que preparam a estrutura de dados do SIG para receber os resultados. 62 3.4.1.1.1 GIS/CADD DSS (4-Dimentional GIS/CADD-Based Decision Support System) Apesar de hoje haver versões mais atualizadas em relação às que foram utilizadas por Anderson (1998), o trabalho serve como um bom exemplo de acoplamento livre em que se tem um número significativo de softwares aplicativos e muitas operações de transferências e controles, sem assistência de uma interface visual. O trabalho descreve a integração entre os softwares AutoCad v.12 (CADD - Computer Aided Design and Draft), ArcCAD v.11.2 e ArcView v.2.1b (SIG) com os softwares de modelagem ambiental 3DFEMWATER (A Three-Dimensional Finite Element Model of WATER Flow through Satured-Unsatured Media), o qual simula o fluxo de água na subsuperfície, e 3DLEWASTE (A Hybrid Three-Dimensional Lagrangian-Eulerian Element Model of WASTE Transport through Satured-Unsatured Media), que modela o transporte de contaminantes. Há 10 operações básicas que o usuário deve proceder, quais sejam: desenvolver um mapa-base no CADD 3D, construir o banco de dados no SIG, estabelecer o grid de elementos finitos para a área modelada e entrar com os pontos nodais no CADD 3D, ativar o modelo ambiental, converter os arquivos de saída ASCII para o banco de dados do SIG, criar isolinhas e renderizá-las a partir destes pontos, criar os temas do SIG (ArcCad) a partir das entidades do CADD, ligar o banco de dados aos temas do SIG, desenvolver análises espaciais, desenvolver saídas gráficas. Como nem todas estas operações eram assistidas pelos aplicativos, o autor teve que utilizar aplicativos adicionais para fazer a modelagem digital do terreno e converter arquivos. 3.4.1.1.2 WATERSHEDSS O sistema objetiva avaliar impactos de fontes de poluição não pontuais individuais através de informações sobre qualidade da água e química do solo. Basicamente o 63 WATERSHEDSS (Water, Soil, and Hydro-Environmental Decision Support System) integra um SIG (GRASS - Geographic Resource Analysis Support System) com um software aplicativo do modelo AGNPS (Agricultural Non-Point Source Pollution) através de um gerador de arquivo de entrada de dados no AGNPS. O SIG é utilizado para gerar os 22 parâmetros de entrada exigidos pelo AGNPS. Tanto o processo de simulação no AGNPS como o modelo de dados do SIG seguem o modelo matricial ou raster (USDA, 1997). 3.4.1.1.3 Integração AGNPS-RAISON O sistema é resultado do acoplamento livre via arquivo entre um software que aplica o modelo AGNPS e um Sistema de Apoio a Decisão (RAISON - Regional Analysis Information System). De acordo com León et al. (1998)b, o RAISON é um conjunto de ferramentas de software que interligam banco de dados, planilhas e gráficos com SIG e Sistemas Especialistas para análise geográfica, aceita diversos formatos de arquivos SIG e sistemas de bancos de dados e permite a customização do software para aplicações específicas. O usuário é assistido por uma interface gráfica pela qual se dá todo o controle do processamento de dados, inicialização dos SMC e análise dos resultados dos modelos. Tendo sido gerado o arquivo ASCII no formato entendido pelo SMC, este pode ser ativado no ambiente do sistema ou externamente (DOS). O sistema ainda comporta modos de execução diferenciados, como a execução singular ou a execução múltipla para análise de sensibilidade. A análise dos resultados é assistida por ferramentas gráficas e estatísticas visando a interpretação dos resultados. León et al.(1998)b 64 3.4.1.1.4 WOODSS - Workflow-based Spatial Decision Support System O WOODSS é um sistema de apoio à decisão espacial baseado em workflows científicos. Workflow científico é uma técnica para descrever a execução de tarefas de experimentação científica através de documentação. O WOODSS é um sistema que enfatiza a documentação de procedimentos de geração de mapas por um SIG (IDRISI) para a posterior avaliação e tomada de decisão sobre problemas ambientais. O sistema ainda documenta os modelos científicos e seus parâmetros. Permite testar e comparar estratégias de planejamento. O WOODSS é integrado ao SIG através do módulo Monitor, parte integrante da arquitetura do WOODSS. (Seffino et al., 1999) 3.4.1.1.5 LADSS (Sistema de Apoio à Decisão para Alocação de Solo) O LADSS tem por objetivo geral explorar opções de uso do solo e o impacto potencial de sua mudança. Especificamente visa maximizar o retorno financeiro de um uso e minimizar seu impacto sobre o meio ambiente. A tecnologia LADSS está baseada na integração de um SIG (Smallworld) com um sistema baseado no conhecimento - KBS denominado Gensym ou G2. Os modelos científicos se referem a sistemas de uso do solo (cevada de primavera, rebanho ovino de planalto, gado leiteiro, pastagem semeada, cinco espécies de árvores com copa densa e duas espécies de coníferas) e de avaliação de impactos (produtividade agrícola e análise financeira). Usa técnicas de otimização por Algoritmos Genéticos. Os módulos de uso do solo avaliam a adeqüabilidade biofísica de um Fragmento de Bloco de Terra, estimam sua produtividade sob um certo regime de gerenciamento definido pelo gerente e fazem uma avaliação da produtividade financeira marginal de um sistema, dado um conjunto de custos e preços de mercado, denominados de parâmetros globais. Os módulos de avaliação de impactos avaliam impactos 65 econômicos, sociais e ambientais, o que caracteriza um problema multi-objetivo. As ferramentas de planejamento de uso do solo são usadas para alocar usos do solo, ou seja, definir qual o uso de cada parcela. Dados os objetivos da procura e parâmetros globais do gerenciamento (pagamento de concessões e preços de produtos) pode-se fazer análises de cenários do tipo "o que-se". Com os objetivos e cenários o Algoritmo Genético procura pela melhor alocação de uso do solo a nível de blocos de terra (um campo numa fazenda). O usuário pode visualizar uma alocação, definida por um genótipo na população AG, chamando método do SIG. Modificações de parâmetros são permitidas. O SIG Smallworld e o KBS G2 são integrados por um mecanismo baseado na orientação a objetos. O controle da integração é um programa em C que manipula comunicações entre a Interface Padrão do Gensym (GSI) e a interface do Smallworld chamada Co-processador Alienígena (ACP). O CI passa dados do SIG para o KBS criando dentro do KBS uma estrutura de dados "parcialmente espelhada", ou seja, uma cópia parcial dos objetos do SIG. Acompanham objetos, seus atributos (dentre os quais o identificador único do objeto - UID), relacionamentos entre os níveis de informação no SIG (Empresa, Bloco de Terra, Fragmento de Bloco de Terra), entre outros. O KBS pode acessar funções SIG através de chamadas remotas de procedimentos (RPC). O problema da abordagem parcialmente espelhada é a alta suscetibilidade a erros comparada a integração plena. (Matthews, Sibbald & Craw, 1999) 3.4.2 Acoplamento próximo O acoplamento próximo se difere do acoplamento livre pela incorporação do controle da integração a um dos subsistemas (Figura 15). Apesar de as proximidades física e lógica dos subsistemas ainda serem mínimas ou nulas, o acoplamento próximo 66 sinaliza na direção de uma maior aproximação entre os subsistemas. O símbolo para expressar este nível de integração é 1B 2B 3A. A estratégia do acoplamento próximo reúne os aspectos positivos do acoplamento livre, com a vantagem adicional de que, a nível de habilitação, os mecanismos de controle da integração podem ser programados em linguagem de alto nível (p.e. macros), num ambiente amigável ao usuário, pertencente a um dos subsistemas. Em geral, esses ambientes são configurados para assistir usuários no desenvolvimento de aplicações, incluindo ferramentas para construção rápida de interfaces visuais. Esta abordagem permite reduzir o esforço de programação bem como o tempo e o custo de desenvolvimento do SADE. Por outro lado, as ineficiências do acoplamento livre são também mantidas, com a desvantagem adicional de que, na habilitação elaborada por linguagens interpretadas, se tem uma depreciação no desempenho do sistema. Já a nível de dedicação, elaborada por linguagens de baixo nível, os códigos dos mecanismos de controle são compilados para a linguagem de execução, de modo que esta depreciação não é esperada. Neste caso, o esforço de programação pode ser maior que na habilitação devido à falta, comumente encontrada, de um ambiente amigável de programação junto a um dos subsistemas. 3.4.2.1 Acoplamento próximo aplicado aos subsistemas SIG e SMC No acoplamento próximo ["close coupling" conforme termo de Goodchild et al. (1992) e Handcock (1995); "integrate" conforme termo de Watkins et al. (1996)] dos subsistemas SIG e SMC as características funcionais e operacionais são semelhantes ao seu acoplamento livre. 67 3.4.2.1.1 Integração Arc/Info-MODFLOW - Sistema ARCMOD Watkins et al. (1996) descreve o sistema ARCMOD que integra o subsistema SIG Arc/Info ao subsistema SMC MODFLOW (simulação do fluxo da água subterrânea) através de arquivos. O mecanismo de controle da integração é incorporado ao SIG por habilitação, através da linguagem AML de propriedade do SIG (Maguire, 1995), e executa as seguintes operações: chama uma série de programas que selecionam um arquivo do banco de dados do SIG, recupera os dados necessários para o SMC e traduzem-nos em um arquivo de transferência ASCII de forma que o MODFLOW possa utilizá-los. O controle também ativa o MODFLOW que, por sua vez, produz um conjunto de arquivos com os resultados da modelagem científica. Em seguida o controle chama um programa em FORTRAN para, a partir dos arquivos de saída do MODFLOW, gerar novo arquivo traduzido para o formato compatível com o SIG. O controle ainda é o responsável pelo preparo da estrutura de dados do SIG para receber os dados do arquivo traduzido. 3.4.2.1.2 Integração MGE-MODFLOW Outro sistema citado por Watkins et al. (1996) resulta da integração por dedicação dos subsistemas SIG MGE (Modular GIS Environment) e SMC MODFLOW. O controle da integração é desenvolvido em linguagem C e utiliza recursos de assistência ao usuário através de interface gráfica com caixas de diálogos, comandos gráficos e consulta a banco de dados. O controle permite a entrada de dados a partir de diversas fontes e os traduz em um arquivo de entrada padrão do MODFLOW. Ainda provê métodos para visualização e análise dos resultados do MODFLOW. 68 3.4.2.1.3 Integração MGE-SWMM O sistema objetiva o gerenciamento de eventos de chuva sobre bacias hidrográficas usando o modelo SWMM (StormWater Management Model) que simula escoamento e transporte superficial. O SADE objetiva apoiar a identificação de inadequações existentes e potenciais do sistema de drenagem da bacia, desenvolver melhorias práticas, incluindo projeções de custos (Barber et al., 1994). O sistema integra um SIG (MGE), um CAD (MicroStation), um banco de dados (Oracle) e um aplicativo de simulação do modelo SWMM. O sistema executa as seguintes tarefas: (a) organiza e entra com dados descritores da bacia de drenagem em tabelas relacionais, (b) filtra e exporta dados do SIG para os arquivos de dados ASCII do SWMM através de uma aplicação desenvolvida em MDL (MicroStation Development Language), (c) mostra os resultados do modelo de simulação graficamente no SIG. 3.4.2.1.4 Geo-STORM (Storm Water System) O sistema foi concebido para tornar mais eficientes e eficazes as tarefas de modelagem de eventos de chuva em relação aos métodos convencionais. O Geo-STORM é um programa de interface escrito em AML e integra um SIG (ARC/INFO) a dois aplicativos compilados em FORTRAN que implementam a simulação de processos hidrológicos. Um dos aplicativos implementa os modelos TR-55 e TR-20 ao passo que o outro aplicativo implementa o modelo HEC-2. Estes modelos têm por características estimar o volume do escoamento superficial, o tempo para a vazão de pico e os níveis de elevação de superfícies de alagamentos, respectivamente. As saídas do primeiro modelo são as entradas do modelo seguinte. Através de chamadas externas o Geo-STORM executa os 69 aplicativos. O Geo-GUIDE é uma interface gráfica com o usuário que lhe permite acessar as funções do SIG, o Geo-STORM e os aplicativos de simulação. (Thomas, 1995) 3.4.2.1.5 STAMP (Spatial Temporal Modeling Program) O sistema objetiva prever as conseqüências ambientais de determinados cursos de ação (cenários) sobre lagos. O STAMP é um sistema que integra, através de arquivos, um SIG (Arc/Info), um aplicativo para visualização animada de séries de grid temporais (Data Explorer) e um aplicativo para modelagem ambiental (PnET). O sistema foi concebido sob o conceito de reutilização de componentes pela, orientação a objetos, para permitir a construção de outros modelos, além do modelo PnET, alterando algumas partes específicas do sistema. Os dados tabulares são armazenados no banco de dados do SIG (Handcock, 1995), mas os dados são transferidos do STAMP para o PnET através de arquivo e memória. 3.4.3 Acoplamento rígido ou forte A estratégia de acoplamento rígido reúne os aspectos positivos do acoplamento próximo e implementa uma maior aproximação lógica entre os subsistemas (Figura 15). Ainda assim, a proximidade lógica não é completa e a proximidade física permanece mínima ou nula. Nesta abordagem os subsistemas ainda são independentes, a integração é controlada por mecanismos incorporados a um dos subsistemas, porém não há arquivos de transferência. Os subsistemas integrados por acoplamento rígido compartilham os dados através de acesso direto às suas estruturas de dados ou ainda à memória. Esta operação pode ser executada pelo controlador da integração com ou sem a assistência de um gerenciador de banco de dados. 70 Devido ao compartilhamento de dados, no acoplamento forte se espera uma melhoria sensível no desempenho do sistema e na redução do espaço de armazenamento dos dados. O acoplamento forte permite maior eficiência em termos de tempo de execução, uma vez que as operações de formatação e reformatação de arquivos de dados são reduzidas significativamente (Watkins et al. , 1996). Este aspecto é especialmente relevante quando há uma quantidade massiva de dados de entrada. Esta estratégia apresenta algumas limitações importantes para o desenvolvimento de SADE efetivo, discutidas abaixo. Embora pressuponha compartilhamento de dados entre os subsistemas, os mecanismos de controle da integração representam dispositivos artificialmente construídos para manter a interoperabilidade a nível de fluxo de dados. Os subsistemas continuam sendo entidades independentes, construídas em momentos distintos para atender necessidades sobre domínios de aplicações particulares e que, portanto, se conformam a conjuntos de especificações desarticulados entre si. Cada subsistema tem uma estrutura de dados específica orientada para um modelo singular da realidade. Um SADE desenvolvido sob esta estratégia tende a apresentar uma visão policotômica de um supradomínio de aplicações, conforme a visão que cada subsistema possui sobre seu domínio de aplicações respectivo. Um dos problemas advindos desta abordagem é a pouca flexibilidade para a introdução do banco de modelos e a conseqüente aplicação dos conceitos associados como geração, análise e processamento. Esta constatação é corroborada pelos inúmeros SADE já desenvolvidos nos quais se observa, no máximo, uma abordagem tímida do conceito de banco de modelos. É comum em tais sistemas encontrar o segmento de modelagem científica incorporado de forma rígida, guardando pouca ou nenhuma flexibilidade para, por exemplo, apoiar o desenvolvimento e experimentação de novos modelos, a partir de peças de modelos já consagradas no sistema. 71 Segundo Bennett (1997), um SADE deve apoiar o desenvolvimento e modificação de modelos científicos, e facilitar a interação com o usuário durante um evento de simulação hidrológica. O usuário pode desejar paralisar o processamento, analisar resultados parciais, verificar valores de parâmetros ou ainda visualizar espacialmente o andamento do processo. Pela sua propriedade de independência os SMC usualmente executam uma seqüência determinada de procedimentos, os quais se concluem com o armazenamento dos resultados. Esta seqüência vetorial dificulta bastante a implementação de mecanismos de interferência sobre o andamento do processo de modelagem. As componentes tempo e escala espacial têm sido amplamente debatidas pela comunidade científica, tanto em relação à modelagem de processos físicos naturais como em relação a bancos de dados espaciais. Estas variáveis ainda não estão devidamente equacionadas e ainda estão merecendo grande atenção dos pesquisadores. Se estas componentes são variáveis consideradas relevantes no âmbito dos subsistemas, então se deve esperar abordagens eficazes de integração que permitam considerá-las durante a vida útil do SADE. O sistema integrado deve ser suficientemente flexível para permitir a incorporação eficiente destes conceitos. 3.4.3.1 Acoplamento rígido aplicado aos subsistemas SIG e SMC No acoplamento rígido ["tight coupling" conforme termo de Karimi (1997), Matson et al. (1995), Voris et al. (1993) e Fedra (1993)] SIG e SMC são subsistemas independentes, integrados por mecanismos de controle incorporados ao SIG a nível de habilitação ou de dedicação. As operações de leitura/gravação tanto do SIG para o SMC como do SMC para o SIG, em geral ocorrem diretamente sobre os arquivos do banco de 72 dados do SIG. Isso significa que a estrutura de dados do SIG é compartilhada (Handcok, 1995). 3.4.3.1.1 Integração Arc/Info-MODFLOW - Sistema MODFLOWARC A exemplo do sistema ARCMOD, o sistema MODFLOWARC (Watkins et al., 1996) possui os mecanismos de controle da integração incorporados ao SIG por habilitação. Neste sistema, o controle aciona os módulos modificados para lerem e escreverem diretamente sobre os arquivos do banco de dados do SIG. Enquanto matrizes de dados espaciais são armazenadas em arquivos do banco de dados do SIG, algumas informações de controle, tais como número de passos de tempo e parâmetros de iteração, são armazenados em arquivos ASCII próprios. 3.4.4 Integração plena O diferencial da integração plena para o acoplamento rígido está em que as tare- fas funcionais de um subsistema são incorporadas, por habilitação ou dedicação, pelo outro subsistema. As proximidades física e lógica são máximas porque a integração funcional ocorre pelo compartilhamento de código e de dados, respectivamente. No que tange às estratégias de habilitação e dedicação, valem as mesmas observações feitas na descrição do critério da modelagem científica, para a integração de subsistemas, e na análise do acoplamento próximo, para a incorporação do controle da integração a um dos subsistemas. Devido a que as linguagens de macros são usualmente projetadas para atender a usuários pouco experientes em programação, a habilitação permite abstrações de alto nível, ou seja, o usuário não necessita preocupar-se com detalhes do armazenamento 73 interno ou como determinada matriz ou tabela relacional está sendo manipulada internamente pelo código. Diversos detalhes de implementação ficam escondidos do usuário desenvolvedor da aplicação e isso permite que ele possa se dedicar mais efetivamente ao domínio do problema. Por estas razões, normalmente a habilitação conduz à integração plena de forma mais rápida que a dedicação. Por ser interpretada, a linguagem de macros se torna problemática em aplicações complexas seja pelo tempo de execução, seja pela quantidade de procedimentos. Aplicações complexas, tais como as de modelagem ambiental, tendem a exigir que determinados procedimentos sejam agrupados em módulos estruturados. Quantidades excessivas de módulos podem tornar difícil sua compreensão e reutilização. Na descrição do critério da modelagem científica foi dito que o nível de dedicação é o mais exigente quanto ao desenvolvimento de software e que é o nível em que há o máximo envolvimento entre a aplicação e o subsistema incorporador. Foram descritos brevemente alguns dos principais conceitos e metodologias que têm pautado o desenvolvimento de sistemas na área da Engenharia de Software. Este contexto é importante na medida em que, para se aplicar a dedicação, deve-se trabalhar junto ao código de um dos subsistemas. Este trabalho pode ser feito por Analistas de Sistemas juntamente com especialistas na área de aplicação. Quando se trata de integrar funcionalidades de SIG com SMC, Handcock (1995) considera o SIG como o instrumento principal de integração. Embora não haja confirmações experimentais pela literatura científica, os principais aspectos positivos desta abordagem poderiam ser: a) compartilhamento de modelo de dados: o modelo de dados da aplicação é integrado naturalmente ao modelo de dados do SIG; b) compartilhamento de bancos de dados: dados de entrada ou saída dos modelos de simulação são armazenados junto a estrutura de dados do SIG; 74 c) eficácia e eficiência no acesso a dados: não há arquivos de transição, necessidade de depuração de dados, nem programas e operações de formatação de dados para transferências; d) flexibilidade para o desenvolvimento de aplicações complexas; e) compartilhamento do mesmo subsistema de interfaces visuais: usuário pode ser assistido pelas interfaces visuais do SIG; f) a modelagem científica fica sendo parte integrante das ferramentas disponíveis do SIG; g) flexibilidade para incorporação de dispositivos que implementem conceitos modernos como técnica de análises baseadas em múltiplos critérios (MCDM), base de conhecimento, agente inteligente, interface adaptativa, redes neurais e realidade virtual; h) documentação e suporte dos desenvolvedores do SIG (Goodchild et. al, 1992); i) os modelos científicos ficam disponíveis para todos os usuários do SIG (Goodchild et. al, 1992). j) o código compartilhado permitiria: - flexibilidade para o desenvolvimento do conceito de banco de modelos incluindo-se as funcionalidades do gerenciamento; - flexibilidade para prover mecanismos de interrupção do processo de modelagem científica, fazer análises de resultados parciais, valores de parâmetros, entre outros; - busca por eficiência no desempenho do software quanto as interações entre as chamadas e as funções de gerenciamento de dados e de modelos; 75 - busca por eficiência na interação usuário-computador, sem a presença de interpretadores intermediários, a exemplo das macros; - reutilização de código; - acesso completo às funcionalidades do SIG. Os principais aspectos negativos da integração plena, pelo nível de dedicação, seriam: a) exige maiores conhecimentos e esforços de programação; b) maior tempo de desenvolvimento e são esperados maiores custos associados; c) os modelos científicos ficam ossificados dentro do SIG, ou seja, alguns usuários podem requerer mudanças as quais, para outros usuários, não seriam necessárias (Goodchild et. al, 1992); d) dificuldade em persuadir os desenvolvedores de SIG a adotar esta abordagem sem que haja pressão do mercado por tais facilidades (Goodchild et. al, 1992). As duas primeiras dificuldades acima são naturalmente esperadas em sistemas complexos, mas podem ser pouco relevantes se o objetivo for chegar-se a SADE Efetivo. Quanto ao risco de ossificação seria necessária uma solução flexível que suporte as funcionalidades de gerenciamento de modelos abordadas no capítulo 2. Estas funcionalidades permitiriam o desenvolvimento de modelos por diferentes grupos de usuários. 3.4.5 Integração plena aplicada aos subsistemas SIG e SMC Na integração plena ("full integration" conforme termo de Goodchild et al. (1992); "embed" conforme termo de Watkins et al., (1996)] os métodos de propriedade do SMC são completamente embutidos no software SIG. A abordagem mais comum na 76 integração plena entre SIG e SMC é por habilitação, na qual se constrói macros no ambiente SIG que desempenham seqüências de procedimentos, tais como: manipular banco de dados, selecionar objetos, atribuir valores a objetos, chamar programas externos, executar álgebra de mapas, entre outros. Em geral, na dedicação se tem construído funções, rotinas e algoritmos relacionados à aplicação modificando o código do SIG. Abordagem menos freqüente, a dedicação tem sido implementada em SIG que possui arquitetura aberta, geralmente desenvolvidos por instituições públicas que disponibilizam gratuitamente estes sistemas ou a um custo bem reduzido, como é o caso dos sistemas GRASS e SPRING. Já se observa uma tendência crescente entre os desenvolvedores de SIG em modularizar e simplificar seus sistemas, abandonando a abordagem de sistemas grandes, complexos e generalistas. O objetivo é construir diversos subsistemas cada vez mais simples, mais portáteis, mais integrados e segundo uma arquitetura flexível que permitam a implementação da integração plena. O paradigma da orientação a objetos tem sido utilizado como uma metodologia útil para isso. 3.4.5.1 Análise comparativa de desempenho computacional entre acoplamento próximo por habilitação e acoplamento pleno por habilitação Dois trabalhos experimentais são descritos a seguir, para ilustrar a importância do desempenho computacional sobre a manipulação de dados durante um evento de modelagem científica. Dragosits et al. (1995) descreve os resultados experimentais da aplicação da modelagem científica para avaliar os efeitos da poluição do ar por dióxido de enxofre (SO2). Foram implementadas duas abordagens para o modelo ambiental: (1) Somente SIG e (2) Sistemas Acoplados. Em 1 as rotinas foram implementadas em AML e em 2 foi utilizado um programa em FORTRAN. O algoritmo do modelo trabalhou sobre ma- 77 trizes armazenadas em arquivos ASCII. Estas matrizes representavam a distribuição espacial de valores de temperatura e de velocidade do vento, geradas por extrapolação de valores pontuais de estação de medição, tendo por base o modelo numérico do terreno (MNT). Isso foi feito pelo Arc/Info GRID. Em 1 estes arquivos já estavam no formato de leitura sendo que em 2 houve necessidade de exportá-los como ASCII para serem lidos pelo FORTRAN. O processo de exportar para o FORTRAN e importar para o SIG foi assistido dentro da AML evitando que o usuário interferisse. O algoritmo foi programado para iterar o processo de cálculo do SO2 para cada passo de tempo (8760 horas em um ano), gerando a cada iteração uma matriz de valores, os quais indicavam a distribuição espacial do SO2 acumulado até uma determinada data. Em 1 a cada iteração era gerada uma matriz (um grid) que, obrigatoriamente, era armazenada em um arquivo com outro nome. Isso acarretou dois problemas: teve-se que deletar os últimos 3-4 grid e gravar o novo grid. O processo de deletar consumiu cerca de 2-3 horas e o de gravar 18 horas. Em 2 o tempo total foi de 2,5 minutos e em 1 foi de 21 horas. Apesar das melhorias tentadas não se conseguiu desempenhos inferiores a 3 horas de processamento total. Houve casos em que o tempo aumentou para até 44 horas. As razões apontadas para o baixo desempenho foram: a) na execução a AML é uma liguagem interpretada e a FORTRAN é compilada; b) o processamento sobre matrizes no SIG também gera a topologia, incluindo a geração de tabelas de atributos e estatísticas. Watkins et al. (1996) elaboraram um experimento semelhante ao anterior visando verificar o desempenho destas estratégias. Testaram um algoritmo numérico (diferenças finitas com iteração de Gauss-Seidel para resolver as equações de modelagem de processos de escoamento da água subterrânea) através de: (1) programa em FORTRAN 78 isoladamente; (2) programa em FORTRAN invocado por um SIG (Arc/Info) através de macros; (3) SIG através de macros. As rotinas rodaram sobre um modelo de dados matricial (raster). A principal conclusão foi que, independente do número de iterações, o uso de SIG foi sempre mais lento do que o FORTRAN isolado. O tratamento 2 foi cerca de 2-3 vezes mais lento e o tratamento 3 foi cerca de 2 vezes. Vale ressaltar que o tempo das execuções foi, no máximo, de 6 segundos, com 1180 iterações, mas que não deve ser comparado com o trabalho de Dragosits et al. (1995) porque não há informações sobre o tamanho e tipo dos arquivos utilizados, nem de outras variáveis como hardware, algoritmos, etc. As razões da diferença nos desempenhos apontadas pelos autores coincidem com as de Dragosits et al. (1995) e são: a) forma pela qual o grid no SIG é calculado; b) tradução de dados para o SMC em FORTRAN no tratamento 2; c) cálculos exigem leitura e gravação de grid no tratamento 3. Segundo os autores, no tratamento 3 cada iteração exige que um grid inicial seja lido como entrada e, durante os cálculos, os resultados do grid são gravados e não mantidos na memória. Estas operações de leitura/gravação são as que consomem mais tempo. Além disso, alguns operadores e funções da álgebra de mapas, loop e indexação de matrizes, são menos poderosos no SIG que no FORTRAN e contribuem para a maior lentidão. Pode-se acrescentar ainda que no FORTRAN isolado as iterações sobre o modelo matricial se fazem totalmente a nível de memória, sem nenhuma operação de leitura/gravação de resultados intermediários. Estes dois trabalhos mostram que a integração plena por habilitação, através de linguagens interpretadas, pode comprometer seriamente a eficiência do sistema. Mais importante que isso são os recursos que o subsistema incorporador possui para realizar 79 as mesmas funções do subsistema incorporado. Estes recursos são limitados pela linguagem utilizada para estender o subsistema incorporador. Linguagens de alto nível beneficiam usuários inexperientes, mas limitam-se a aplicações não complexas. Linguagens de baixo nível exigem programadores experientes, e podem ser utilizadas no desenvolvimento de aplicações complexas. 3.4.6 Integração mista A integração mista não representa uma estratégia em si, mas é um termo que ex- pressa a metodologia que congrega os acoplamentos livre, rígido e ainda usa softwares não acoplados. Particularmente pode ser citado o trabalho de Matson et al. (1995) que apresenta metodologias do tipo acoplamento misto aplicado ao estudo da interação entre o uso do solo, condições hidrológicas e transporte e destino de poluentes, sob o escopo de prever seus efeitos sobre a qualidade da água. O esquema proposto pelo projeto congrega diversos softwares aplicativos: SIG, gerenciador de dados, modelos de qualidade da água e pacotes estatísticos (Figura 16). McDonald (1996) também desenvolveu um SADE específico para planejadores envolvidos com o destino de lixo sólido. Seu sistema congrega um SIG (TransCad, da Caliper Corporation), um gerenciador de banco de dados convencional (Paradox da Borland), planilha eletrônica (Excel da Microsoft Corporation) e software de apoio à decisão sobre questões envolvendo múltiplos critérios (Expert Choice). Os subsistemas são integrados por uma combinação de programas escritos em C++, DOS e ligações DDE em Windows. Além dos aspectos já discutidos nas seções anteriores o acoplamento misto mostra uma quantidade significativa de conexões diversificadas entre os aplicativos. A interface com o usuário assume papel fundamental no sentido de isolá-lo das inúmeras ope- 80 rações de transferências e controles associados. Este seria um caso típico em que talvez a melhor abordagem não seja acoplar aplicativos através de programas de interfaces e sim através de interfaces inteligentes (Rodrigues & Raper, 1997). Fontes de dados externas (uso do solo, hidrologia, solo, clima, elevação) arquivo SIG arquivo SMC Resultados arquivo (mapas, gráficos, tabelas, listas) arquivo SMC SMC arquivo Pacotes Estatísticos Interface com o usuário Figura 16 - Integração de softwares aplicativos através de acoplamento misto (adaptado de Matson et al., 1995). 81 4 MODELO CONCEITUAL DE SADE EFETIVO "O mundo real é imensamente complexo. O homem reage a isto tentando, primeiro, isolar partes da realidade - seja de fato ou em teoria - e, segundo, investigar como as partes operam sob condições simplificadas. Apesar de intelectualmente necessária, esta decomposição do mundo real em estruturas simplificadas é um produto inteiramente subjetivo da mente do investigador." R. J. Chorley e B. A. Kennedy Neste capítulo é apresentado o modelo STEP, essencialmente com vistas ao gerenciamento do banco de modelos e integração deste com o banco de dados espacial. O objetivo maior deste modelo é prover uma estrutura conceitual que norteie o desenvolvimento de sistemas de apoio à decisão espacial efetivos. 4.1 Material Para a construção do modelo STEP procurou-se selecionar um conjunto de fer- ramentas que possibilitassem a concepção, construção e expressão do modelo. Os critérios considerados na seleção foram: a) poder de abstração tanto no nível conceitual como tecnológico; b) eficiência na definição dos elementos do sistema; c) eficiência na identificação das propriedades dos elementos do sistema; d) eficiência na identificação de relacionamentos; e) poder de consistência semântica durante a elaboração do modelo; f) abordagem essencialmente científica. Estes critérios foram analisados e ponderados de forma empírica. Chegou-se às seguintes ferramentas: a) Modelo Ontológico de Wand 82 b) Teoria de Sistemas c) Teoria de Conjuntos Nas seções seguintes procura-se focalizar sobre os pontos essenciais de cada ferramenta que tiveram repercussão sobre o modelo proposto. 4.1.1 Modelo ontológico de Wand Wand (1996), citando Bunge (1974), apresenta a Ontologia como 'teoria filosó- fica interessada nas características básicas do mundo'. Kemp & Vckovsky (1998) apresentam a definição de outros filósofos como sendo 'um ramo da metafísica interessado na natureza e relações dos seres'. Para Wand a ontologia de Bunge é apropriada para modelagem de sistemas de informação porque: a) lida com sistemas; b) é compreensiva; c) é bem formalizada; d) é bem fundamentada em trabalhos prévios em Ontologia e Filosofia da Ciência. O autor usa conceitos como coisa, propriedade, composição, atributo, modelo de uma coisa, estado, evento e interação para capturar aspectos relevantes do mundo real. Sua premissa é de que um sistema de informação é uma representação de outro sistema, ou seja, o mundo real e faz um mapeamento entre estes conceitos ontológicos para conceitos da orientação-a-objetos. A abordagem de Wand é uma metodologia interessante para a construção de modelos ontológicos de alto nível (meta ou meta-meta modelos). Esta abordagem vem de encontro ao que foi discutido no capítulo 2, quando identificou-se a necessidade de 83 aboragens de alto nível para a concepção de SADE Efetivo. Naquela ocasião, constatouse que as abordagens para desenvolvimento de SADE são estritamente dirigidas pela tecnologia e que isto representa um dos fatores que hoje impede a construção de sistemas efetivos. A abordagem de Wand pode representar uma teoria básica para o desenvolvimento de sistemas computacionais que efetivamente apoiem processos de tomada de decisão, especialmente em situações de problemas espaciais. Ela pode se constituir numa estrutura ontológica comum capaz de acomodar múltiplas visões dos usuários e conceitos de espaço-tempo. A Figura 17 representa uma visão esquemática do modelo de Wand, baseada na sua descrição textual (Wand, 1996). Este esquema dá apenas uma idéia da abordagem. Para maiores detalhes o leitor deve reportar-se ao trabalho original. Mundo Real é constituído de Coisa Mudança sofre caracteriza Composta Simples altera provoca possui intrínseca mútua externo provoca Evento Propriedade interno herdada emergente modela restringem Leis Atributo possui caracterizam restringem Transição sofre Comportamento Relevante modela modelo de uma coisa é um Esquema Funcional define Valor define Estado instável estável acarreta Figura 17 - Sumário esquemático do modelo ontológico de Wand. 84 4.1.2 Teoria de sistemas - enfoque sistêmico No enfoque sistêmico o mundo real é visto como um conjunto de elementos hie- rarquicamente estruturados, sejam estes naturais ou feitos pelo homem (Simon, 1990). Prótons, neutros e elétrons se combinam para formar átomos, que se combinam para formar moléculas, que se combinam para formar estruturas moleculares e assim por diante, numa cadeia contínua de níveis de agregação que pode se encerrar em estruturas biológicas, ambientais, sociais, políticas e inúmeras outras. Uma propriedade importante dos sistemas hierárquicos é que o comportamento de uma unidade em um nível específico pode ser descrito e explicado sem a necessidade de se descrever ou explicar o comportamento das sub-unidades. O comportamento dinâmico do sistema pode ser fatorado em diferentes faixas de freqüências, cada qual correspondendo a um nível particular de taxa de interação. Este mecanismo auxilia compreender o mundo real, em um certo nível de agregação, com pouca ou nenhuma preocupação sobre os níveis imediatamente acima ou abaixo. Simon (1990) 4.1.2.1 Ontologia de um sistema Para Wand (1996) um sistema é definido como um conjunto de coisas que interagem. A interação é uma propriedade mútua de duas coisas que pressupõe ações próximas via variáveis de estado de articulação. O ambiente de um sistema compreende coisas que não pertencem ao sistema mas que interagem com componentes do sistema. A estrutura do sistema é definida pelo conjunto de interações entre os componentes do sistema e destes com as coisas no ambiente do sistema. Um subsistema é um sistema cuja composição e estrutura são subconjuntos da composição e estrutura de um outro sistema. O comportamento de um sistema é uma propriedade dinâmica emergente do 85 sistema uma vez que ele emerge do comportamento de seus componentes (subsistemas) e suas interações. Eventos externos relevantes definem o que acontece fora do sistema que afeta o sistema. 4.1.2.2 Sistema geográfico Eventos de inundações compreendem interações entre diversas componentes físicas relacionadas com o ciclo da água na natureza. Estas componentes podem ser vistas como coisas de um sistema geográfico que interagem. Os sistemas geográficos podem ser classificados em sistemas morfológicos e sistemas em cascata (Chorley & Kennedy, 1971). Sistema morfológico modela uma porção reconhecível da realidade física, cujas variáveis de estado morfológicas ou físicas formais do sistema ou de seus componentes (ou coisas), podem indicar o grau de interação entre suas propriedades dinâmicas respectivas. Por exemplo, a interação entre os componentes de um sistema bacia hidrográfica pode ser inferida à partir da magnitude de parâmetros morfométricos como área, fator de forma e densidade de drenagem (Neto, 1994). Estas variáveis de estado morfológicas são variáveis formais que podem indicar o grau de severidade de um evento de inundação. Inundação pode ser vista como um resultado da resposta do sistema bacia hidrográfica frente a eventos externos relevantes. O comportamento do sistema bacia hidrográfica depende da natureza dos subsistemas envolvidos, dos seus componentes (ou coisas) e de sua estrutura. Sistema em cascata modela o caminho percorrido pelo fluxo de massa ou energia quando esta se transfere de um elemento do sistema para outro (p.e. sistemas de drenagem, ciclo hidrológico). Neste caminho há armazenadores e reguladores que podem 86 ou não estar organizados em subsistemas. O caminho é definido à medida que limiares são atingidos nos reguladores. Por exemplo, o fluxo da água no sistema do ciclo hidrológico freqüentemente é analisado pelos hidrologistas como um conjunto de reservatórios. A água se transfere de um reservatório para outro à medida em que sua capacidade é atingida. Outro exemplo seriam os sistemas em cascata urbanos como os sistemas de distribuição em geral. Sistemas geográficos tendem a ser complexos porque envolvem estruturas e dinâmicas cujas influências sobre o problema espacial3 são de difícil formulação. Outra forma de explicar esta complexidade pode ser buscada na Teoria do Caos (Simon, 1990). Exemplo prático pode ser visto em Frank (1995), sobre a bacia hidrográfica do Rio Itajaí, em Santa Catarina. A abordagem ou enfoque sistêmico é um instrumento útil para a solução de problemas grandes e complexos. Nesta abordagem o problema é visto como algo que ocorre integrado a um sistema. Entender e modelar o sistema é, portanto, etapa fundamental para a solução do problema. Em se tratando de problema espacial, e mais especificamente de problema de cheias, o enfoque sistêmico funciona como um agente estruturador do problema. Permite que o problema possa ser decomposto em problemas menores, tratáveis como partes do domínio de subsistemas. Com o enfoque sistêmico o problema espacial é considerado parte de um processo que acontece no mundo real, no qual seus componentes interagem. 3 Neste texto será utilizado o termo problema espacial para designar a classe de problemas em que os componentes do sistema estão referenciados no espaço geográfico. 87 4.1.2.3 Níveis de agregação de sistemas Chorley & Kennedy (1971) apresenta três formas de se analisar sistemas geográficos: a) caixa branca: o sistema é visto como um conjunto de elementos identificáveis e analisáveis. Procura-se analisar, tanto quanto possível, os armazenamentos, fluxos, relações, atributos, estados, entre outros, de modo a se obter o maior conhecimento possível sobre a estrutura e comportamento do sistema em resposta a uma entrada. Sistema S S S E S S E Subsistema 1 S Subsistema 2 regulador armazenador Figura 18 - Sistema caixa branca. b) caixa cinza: a visão sobre o sistema é dirigida a um número limitado de subsistemas e as operações internas não são consideradas. Sistema S S S E S Subsistema 1 S E S Subsistema 2 Figura 19 - Sistema caixa cinza. c) caixa preta: o sistema é visto como uma unidade sem que haja interesse sobre sua estrutura interna ou sobre os relacionamentos entre seus componen- 88 tes. A atenção é dirigida apenas para os fatores de entrada no sistema e os produtos resultantes da ação do sistema sobre aqueles. Sistema E S Figura 20 - Sistema caixa preta. Os sistemas caixa preta são vistos como sistemas agregados ("lumped"). Em termos de problemas espaciais as dimensões físicas ou posições dos elementos do sistema não possuem significado primário para análise do comportamento do sistema. Por exemplo, a análise do comportamento hidrológico do sistema bacia hidrográfica (i.e. como a água se comporta neste sistema) pode ser feito considerando chuva como entrada e descarga na foz como saída. Um sistema caixa preta recebe dados (E), transformaos através de ações não transparentes e os apresenta na forma de um produto (S). Sistema caixa preta pode ser formado por um conjunto de subsistemas caixa preta encadeados. A entrada de um subsistema pode se originar da saída de outro e isto pode acarretar ciclos (Figura 21). Subsistema Atmosfera Subsistema Superfície do Terreno Subsistema Canal Subsistema Lago Figura 21 - Entrada e saída de água de alguns subsistemas do ciclo hidrológico. Os sistemas caixa branca podem ser tratados como sistemas distribuídos em que a dimensão espacial integra o problema (Vemuri, 1978). Por exemplo, o comportamento 89 hidrológico do sistema bacia hidrográfica pode ser implementado em partes individualizáveis da bacia. O comportamento do sistema é definido a partir do comportamento de cada parte individual. Alguns autores consideram que a abordagem distribuída nada mais é do que a aplicação da abordagem agregada em regiões espaciais menores. 4.1.2.4 Modelo de um sistema Conforme visto no capítulo 2 um problema pode ser definido à partir de uma insatisfação gerada por uma diferença entre o estado atual das coisas e seu estado desejado. Pelo enfoque sistêmico um problema existe quando um sistema não é mais capaz de manter o estado4 de suas variáveis dentro de certos limites (Hendriks & Vriens, 1995). A solução do problema seria buscar uma readaptação do sistema a fim de que este atinja uma nova ordem de equilíbrio (Simon, 1990). Problemas espaciais tendem a ser complexos e o enfoque sistêmico pode ser utilizado tanto no nível conceitual como tecnológico não só como meio de decompor sistemas complexos do mundo real, mas também como ferramenta de modelagem dos aspectos relevantes de uma situação de problema (Hendriks & Vriens, 1995; Pooch & Wall, 1993; Meredith et al, 1985; Mesarovic & Takahara, 1975). Para Meredith et al. (1985) a nova ordem de equilíbrio de um sistema é encontrada através de um Processo de Solução de Problemas no qual devem ser definidos: a) o problema; b) plano de abordagem; c) recursos; d) modelo do sistema; 4 Estado é a situação de todos os elementos do sistema, seus atributos e atividades num determinado ponto no tempo (Pooch & Wall, 1993). 90 e) análise do sistema; f) projeto de soluções; g) avaliação e seleção de alternativas. Para Pooch & Wall (1993) a solução de problema é obtida através de uma Metodologia de Sistema em que identificam-se quatro fases (Figura 22): a) planejamento; b) modelagem; c) validação; d) aplicação. Tabela 5 - Metodologia de sistema para solução de problema. Panejamento Formulação do Problema Definição do problema incluindo um enunciado do objetivo da sua solução. Estimativa de Recursos Tempo, custos, pessoal, gerenciamento. Análise de Sistema e Dados Modelagem Construção do Modelo Abstração do sistema em relacionamentos matemáticos. Aquisição de Dados Identificação, especificação e coleta de dados. Tradução do Modelo Preparação e depuração do modelo para processamento computacional. Verificação/ Verificação Validação Processo de estabelecer que o programa execute conforme pretendido. Validação Estabelecimento de nível de acuracidade entre o modelo e o sistema real. Aplicação Experimentação Execução do modelo para obter produtos. Análise Análise de resultados da experimentação, traçado de inferências e recomendações para a solução do problema. Implementação/Documentação Processo de implementação das decisões resultantes da simulação e documentação do modelo e seu uso. Fonte: Pooch & Wall (1993, p.7) • • • • Grade de tempo Medida de desempenhos Fronteiras do sistema Plano do projeto preliminar 91 Tanto na visão de Meredith et al. (1985) como de Pooch & Wall (1993) a solução de problema necessita de um modelo de representação do sistema real. Definição do Problema PLANEJAMENTO Planejamento Estratégico/Tático Escopo da Modelagem Aquisição de Dados Construção do Modelo Tradução do Modelo MODELAGEM Verificação Validação VERIFICAÇÃO/ VALIDAÇÃO Experimentos Análise APLICAÇÃO Implementação/ Documentação Figura 22 - Metodologia de sistema para solução de problema com retroalimentação (Fonte: Pooch & Wall, 1993, p.6). 4.1.2.4.1 Tipos de modelos Wand (1996) apresenta três tipos de modelos baseados em conceitos ontológicos e que possuem aplicação na modelagem de sistemas de informação: a) Modelo de representação: lida com as técnicas da análise e projeto de sistemas para modelar domínios de aplicação; b) Modelo de rastreamento de estado: lida com o funcionamento do sistema de informação como uma representação do sistema real; 92 c) Modelo do sistema: analisa a estrutura e dinâmica de um sistema em termos da estrutura e dinâmica de seus componentes. O modelo de representação expressa diferentes percepções desde o sistema real até o sistema computacional. As transformações são expressas por uma seqüências de documentos, cada qual escrito numa certa gramática. No primeiro estágio a gramática é orientada para o ser humano e o documento resultante é um modelo conceitual. O documento final é executável no computador (Tabela 6). Tabela 6 - Seqüencia de atividades, modelos e documentos produzidos no modelo de representação. Atividade Análise Projeto Implementação Modelo Percepções ⇓ Modelo conceitual ⇓ Modelo de projeto ⇓ Sistema computacional Documento Orientado ao ser humano Orientado ao sistema Orientado à máquina (executável) Fonte: Wand (1996). O modelo de rastreamento de estado habilita o sistema de informação a representar fielmente o comportamento do sistema real ao longo do tempo, ou seja, os sistemas real e de informação devem ser isomórficos. Segundo Wand (1996) este modelo pode ser utilizado para se avaliar a gramática de um sistema de informação quanto a sua capacidade em suportar rastreamento e avaliar a correção de um documento. Para que o rastreamento possa ocorrer o modelo deve atender a quatro necessidades: a) Mapeamento: deve haver um mapeamento um-para-um ou um-para-vários dos estados do sistema real para os estados do sistema de informação. b) Rastreamento: deve haver um isomorfismo entre as mudanças de estados no sistema real e no sistema de informação. 93 c) Reportagem: um evento externo que aconteça no sistema real deve induzir um evento externo correspondente no sistema de informação. d) Seqüenciação: a ordem de eventos externos induzidos no sistema de informação deve corresponder a ordem de eventos correspondentes no sistema real. Finalmente, o modelo de sistema representa a estrutura e comportamento dos seus componentes. É baseado em cinco princípios: 1. O sistema pode ser visto tanto como uma coisa simples, como uma coisa composta, feita de componentes que interagem. 2. Os estados do sistema podem ser mapeados nos estados das variáveis de articulação dos componentes. 3. O comportamento do sistema emerge do comportamento e das interações de seus componentes. 4. Eventos externos desencadeiam propagação de eventos dentre os componentes via variáveis de estado de articulação. 5. O comportamento do sistema deve ser estudado com relação a um dado conjunto de eventos externos. O modelo de um sistema pode ser utilizado para representar sistemas complexos, a exemplo de sistemas geográficos do tipo bacia hidrográfica, tanto a nível conceitual como tecnológico. Em ambos, o modelo de um sistema geográfico é representado por estruturas que procuram capturar comportamentos relevantes do fluxo de material ou energia entre os componentes morfológicos. Isto requer gramáticas e documentos com visões dirigidas ora para o ser humano, ora para a tecnologia. 94 4.1.2.4.2 Modelo científico Em benefício da clareza, neste texto utilizar-se-á o termo particular modelo ci- entífico (MC) ao invés de simplesmente "modelo" para se referir ao modelo de um sistema documentado na gramática formal da Matemática. O modelo de um sistema ou modelo científico de um sistema pode ser útil para (Pooch & Wall, 1993; Simon 1990): a) definir um sistema ou problema; b) determinar os elementos de um sistema; c) sintetizar e avaliar alternativas de solução do problema; d) prever comportamentos e auxiliar planejamentos de ações futuras; e) avaliar as magnitudes das variáveis do sistema e realizar prescrições que tragam efeitos desejados sobre as saídas do sistema; f) prover documentação; g) prover treinamento; h) realizar controle. 4.1.2.4.3 Elementos da modelagem científica O domínio de um modelo científico é definido pelo sistema que ele representa. Em se tratando de sistemas geográficos o domínio da modelagem científica se restringe ao espaço geográfico, incluindo as interações entre os componentes de expressão espacial que coexistem no sistema. O comportamento de um sistema, representado por um modelo científico, é definido, pois, em termos das interações ou relacionamentos entre seus componentes e não pelos seus componentes propriamente ditos (p.e., interações ou relações entre semáforos de um sistema de trânsito urbano, relações solo-água-planta- 95 atmosfera de um sistema bacia hidrográfica, relações entre pontos de distribuição e coleta de um sistema de transporte). Domínio do Modelo modelo científico (sistema) Variável Independente Parâmetros + Relacionamentos Variável Dependente Condições de Contorno Figura 23 - Elementos de um modelo científico (abordagem caixa preta). 4.1.2.4.3.1 Variáveis de um modelo científico De forma geral um sistema S pode ser descrito por conceitos matemáticos, i. e., um conjunto de equações que especifiquem relações entre entrada (X) e saída (Y) do sistema (Mesanovic & Takahara, 1975): S ⊂ X ×Y (1) na qual X T = ( x1 , x 2 ,..., x n ) (2) Y T = ( y1 , y 2 ,..., y n ) (3) Os termos xi, yi representam as entradas e saídas respectivas dos subsistemas. Um sistema pode ser visto ainda como relações funcionais entre pares de variáveis: S : X →Y (4) Y = f (X ) (5) 96 A função f especifica estas relações. A toda variável corresponde um elemento do sistema (Mesanovic & Takahara, 1975). Por exemplo, a variável declividade pode corresponder ao elemento canal de um sistema de drenagem. Na área de Geoprocessamento normalmente se considera este tipo de informação como um atributo do elemento. De fato, Vemuri (1978) considera que variável é atributo de um sistema que pode variar no tempo e no espaço. X f Y Figura 24 - Representação pictórica da relação funcional variáveis (entrada e saída) de um sistema. f entre pares de No domínio dos problemas espaciais, variável independente usualmente se origina de mensurações diretas sobre o sistema real, através de processos de amostragem (p.e. medição de precipitações através de pluviometria ou radarmetria, amostragem de solo, amostragem de água em lagos e rios, amostragem de alturas da lâmina d’água em canais, amostragem de potenciais consumidores em uma região urbana, etc). Usualmente a variável amostrada está associada a um elemento do sistema morfológico (canal, rio, lago, setor censitário, avenida, parcela de solo, etc). Os dados observados podem sofrer tratamento a fim de atender critérios de consistência (persistência), integridade (ausência de corrupção) e inteireza (ausência de falhas). 4.1.2.4.3.2 Parâmetros de um modelo científico O MC de um sistema corresponde à função f. Para toda variável independente no vetor de entrada X o MC calcula uma ou mais variáveis dependentes do vetor de saída Y. Este cálculo geralmente envolve parâmetros (Figura 23). Parâmetro é uma 97 constante usualmente arbitrária (i.e. pode ser alterada) em um MC e expressa uma relação particular entre entrada e saída (Vemuri, 1978). Domínio do modelo Y = f (X) Variável Parâmetros Variável Dependente + Independente (saída) Relações (entrada) Considerando que problemas espaciais estão associados a sistemas morfológicos e em cascata, pressupõe-se que a alteração de um parâmetro de modelo pode ser induzida por: a) Alteração do estado de um componente de sistema morfológico: em sistemas geográficos em geral a alteração de um elemento físico produz efeitos sobre o comportamento do fluxo de material ou energia. Por exemplo, a alteração da capacidade de infiltração de parcelas de solo de uma bacia hidrográfica pode acarretar efeitos significativos sobre seu comportamento hidrológico, inclusive agravando o problema das inundações. b) Introdução de novos valores observados das variáveis independentes: o valor de um parâmetro é determinado pelo processo de calibração do MC, o que ocorre durante a etapa de desenvolvimento (Figura 22). A calibração visa atingir uma determinada configuração numérica para um grupo de parâmetros a fim de que o par observado entrada-saída de um sistema seja reproduzido pelo MC. O valor do parâmetro será tanto melhor quanto melhor for o resultado apresentado pelo MC. Numa situação ideal o MC é isomórfico ao sistema real. c) Desejo em explorar o MC: cientistas e estudiosos do problema espacial podem querer explorar o mundo real num ambiente de representação. Isto pode 98 incluir processos de tentativa-erro (determinar o impacto de alterações sobre variáveis), "o que acontece se..." (realizar predições sobre as variáveis de saída com base em suposições sobre as variáveis de entrada e parâmetros) e recorrência a metas (determinar valor de uma variável de entrada de modo que o sistema produza saída desejada) (Turban, 1995). Na modelagem de sistema geográfico a permanência do valor do parâmetro deve ser prevista pelo menos durante um passo de tempo discreto do domínio temporal da modelagem. Um caso especial de calibração ocorre nas situações em linha (“on line”), em que os parâmetros do modelo são válidos em um intervalo de tempo, até que haja novos valores observados das variáveis independentes e dependentes. Os valores observados proviriam de monitoramento contínuo do sistema real e seriam utilizados para redefinir os parâmetros do MC, com o objetivo de melhorar sua representatividade. 4.1.2.4.3.3 Estado de um sistema A função f ou MC traduz o comportamento do sistema ao longo do tempo (o comportamento pode alterar-se). O estado do sistema informa o que o sistema está "fazendo" num certo instante de tempo (Vemuri, 1978). Ao conjunto de variáveis de referência (ou variáveis de estado) utilizadas para descrever o sistema e entender seu comportamento denomina-se vetor de estado (Meredith et al., 1993). Uma variável de estado pode também ser entendida como um atributo associado a um elemento do sistema. Por exemplo, índice de rugosidade de um canal, largura de um canal, declividade, e outros. Se algum destes atributos ou variáveis de estado sofrer alterações, estas devem ser devidamente previstas e armazenadas como estados do sistema num certo momento. 99 Segundo Meredith et al. (1993) há três problemas envolvidos na teoria de estados: a) Determinar se uma variável em particular pode ou não ser qualificada como uma variável de estado. Se o for então seu valor pode ser desnecessário ou então deduzido à partir de outras variáveis de estado. Por exemplo, se a densidade de drenagem (Dd) de uma bacia é qualificada então ela é deduzida pela razão entre o comprimento dos canais da bacia e sua área. b) Determinar o conjunto mínimo de variáveis que constituirão o vetor de estado capaz de retratar a configuração do sistema ou seu comportamento. c) Determinar se o MC será utilizado para retratar o estado do sistema ou prever futuros padrões de comportamento. Considerando que o banco de modelos de um SADE deve estar apto a abrigar um ou mais MC, e que estes podem representar de forma particular o mesmo processo geográfico, então o estado de uma entidade espacial (componente de sistema morfológico) pode qualificar o uso de um ou mais destes MC. Por exemplo, o processo de escoamento da água no sistema de drenagem de uma cidade pode ser representado por diferentes modelos matemáticos, cada qual com suas características próprias. O estado do sistema num determinado momento pode determinar qual modelo é mais apropriado para representá-lo. As seguintes variáveis podem compor o vetor de estados (Meredith et al., 1993): a) atributos do sistema relativos a um conjunto de seus componentes (p.e. densidade de drenagem, declividade média de uma bacia, índice de porosidade média de um tipo de solo, e outros); 100 b) descritores da configuração atual do sistema, dos componentes atualmente em operação (p.e. número de canais de ordem 3 num sistema drenagem, vazão máxima de um canal, declividade de uma vertente, altura de lâmina d'água num instante de tempo, e outros), da localização relativa e espacial (p.e. coordenadas cartesianas ou geodésicas de feições geográficas); c) descritores da(s) configuração(ões) passada(s) do sistema; d) vetor atual de entradas; e) descritores de entrada(s) passada(s) no sistema; f) descritores indicando o vetor atual de potenciais estados futuros do sistema; g) descritores da história passada dos potenciais estados futuros do sistema e da história dos estados; h) variáveis de propósitos especiais. 4.1.2.4.3.4 Condição inicial de um sistema É o estado inicial do sistema (Figura 23), antes deste realizar atividades comportamentais. As condições iniciais incluem o estado das variáveis independentes (ou de entrada) e dos componentes do sistema. Em sistemas geográficos vale dizer que as condições iniciais também se referem ao estado dos componentes de sistema morfológico e/ou de sistema em cascata. Por exemplo, o comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica pode ser visto como um processo sistêmico onde interagem tanto o sistema morfológico (superfície do relevo, solo, subsolo, planta, atmosfera, sistema de drenagem) como sistema em cascata (fluxo da água entre os diversos subsistemas morfológicos). Um MC de representação do fluxo da água pode depender das condições iniciais 101 do sistema morfológico para cumprir sua tarefa, como a declividade de um canal, tipo de revestimento, capacidade de infiltração de um solo, e outros. 4.1.2.4.3.5 Condição de contorno ou de fronteira de um sistema Contornos ou fronteiras são injunções que impõem limites ao comportamento do modelo científico. Estes limites podem se originar de observações do sistema real ou estabelecidos com base em conhecimento especialista sobre o comportamento do sistema. Em processos geográficos as condições de contorno podem estar associadas a uma localização espacial. Uma classificação que pode ser útil para implementações computacionais é fornecida por Wallinford (1999). Neste, as condições de contorno podem ser externas ou internas. Os contornos externos são limites impostos nos extremos espaciais de um processo geográfico e os contornos internos são limites impostos entre dois extremos espaciais deste processo. Extremos geográficos são definidos pelas localizações espaciais onde o processo geográfico se inicia e se conclui. Nos modelos ISIS e MIKE 11 estes extremos são representados espacialmente por "nós". Na modelagem do fluxo da água, que pode resultar em cheias, o modelo ISIS utiliza como contornos externos o hidrograma de vazões (Q x t) no nó “de” de um segmento de canal, de nível d’água ou pressão (h x t) no nó “para”, e/ou curva-chave (Q x h) no nó “para” de um segmento de canal. Os contornos internos são representados por reservatórios, índices de perda de carga, junções (bifurcações e confluências) e estruturas de controle como barragens ou represas, eclusas, bueiros e comportas. 102 4.1.2.4.3.6 Relacionamentos entre componentes de um sistema Os relacionamentos compõem, juntamente com os parâmetros, o corpo formal do MC do sistema. A exemplo dos parâmetros, as relações formais são determinadas por especialistas que conhecem o sistema onde o problema espacial ocorre. 4.1.3 Teoria de conjuntos O modelo de SADE Efetivo que se propõe neste trabalho é do tipo de represen- tação (seção 4.1.2.4.1) no nível conceitual. A Teoria de Conjuntos foi explorada como uma gramática para produzir o documento que expressa o modelo proposto. Esta gramática vem de encontro à ontologia de Wand e ao enfoque sistêmico na medida em que um sistema é visto como uma coisa ou conjunto de coisas que interagem e realizam comportamento. Conforme dito na referida seção, o modelo de representação, no nível conceitual, deve produzir documentação com a visão orientada para o ser humano. Esta gramática foi utilizada porque: a) possui aceitação científica; b) vem de encontro à necessidade identificada por abordagens de alto nível; c) guarda correspondência conceitual com a ontologia de Wand e enfoque sistêmico; d) pode ser aplicada tanto no nível conceitual como tecnológico; e) permite independência de domínio de aplicação; f) proporciona semântica precisa; g) proporciona linguagem clara, compreensível e assimilável independente de área de formação; 103 h) proporciona desenvolvimento eficaz (documentos consistentes, íntegros e completos) e eficiente de modelos conceituais de sistemas; i) pode ser ilustrada ou expressa por elementos gráficos; j) pode ser mapeada para gramáticas orientadas a sistemas de informação, como as orientadas a objetos. 4.2 Métodos O formalismo que se apresenta a seguir utiliza como ferramentas o modelo onto- lógico de Wand, enfoque sistêmico e Teoria de Conjuntos. Os dois primeiros foram utilizados durante o processo de abstração dos componentes do Banco de Modelos e do Banco de Dados Espacial. O último serviu a gramática necessária para expressar as abstrações tão exato quanto possível. A maior contribuição deste trabalho pretende estar sobre a concepção do Banco de Modelos (BM) e não tanto sobre o Banco de Dados Espacial (BDE), haja visto que este vem sendo amplamente tratado no meio científico e se encontra em estágio adiantado de maturidade. Entretanto, não se poderia deixar de abordar a concepção do BDE porque tanto subsistema morfológico (modelado pelo BDE) como subsistema em cascata (modelado pelo BM) fazem parte de sistema geográfico e interagem entre si. A concepção do BM realizada neste trabalho está voltada para a captura de modelos científicos de sistemas geográficos, embora se saiba que um BM pode ser formado por uma variedade de modelos tais como modelos estatísticos, modelos de avaliação, modelos de otimização, entre outros. O objetivo é fornecer arcabouço suficiente para que problemas de inundações sejam resolvidos através de processos de tomada de decisão onde o decisor é auxiliado pelo computador. Evidentemente que neste processo po- 104 de e deve haver a articulação de diversas classes de modelos mas, conforme identificado no capítulo 2, o paradigma atual dos sistemas de alerta merece ser tratado num contexto mais amplo, como do Gerenciamento de Desastres Naturais, em que modelos de simulação do processo físico se destacam. O modelo hora proposto resulta de abstrações que ocorrem em três níveis. No primeiro nível (Figure 25), orientado para o ser humano, utiliza-se do enfoque sistêmico para abstrair-se desastre por inundação como parte de um sistema geográfico onde diversos elementos ou componentes interagem. Sistema Real Sistema Geográfico nível 1 Sistema em Cascata Sistema Morfológico Problema Espacial Usuário nível 2 Processo de Tomada de Decisão Diálogo Inteligencia nível 3 Banco de Modelos Banco de Dados Espaciais e Não Espaciais entendimento Projeto alternativas Escolha decisão Implementação Solução Figure 25 - Arquitetura de SADE com expansão ao domínio do problema e processo de tomada de decião. Os elementos relacionados com a descrição do meio físico, onde ocorrem tais fenômenos, foram vistos como constituintes de sistemas morfológicos (SM). Os elementos relacionados com a descrição dos processos geográficos como constituintes de sistemas em cascata (SC). O segundo nível de abstração ocorreu na direção da tecnologia de apoio à decisão, no sentido de que os subsistemas geográficos identificados fos- 105 sem modelados por segmentos distintos do SADE. Neste nível a tecnologia SADE foi vista através de seus componentes básicos: modelo científico e dado. Dado tem a função de prover informação e modelo científico de conduzir a alternativas de solução, no processo de tomada de decisão. A função de modelar a classe dos subsistemas morfológicos foi atribuída ao Banco de Dados Espacial (BDE) e a de modelar a classe dos subsistemas em cascata foi atribuída ao Banco de Modelos (BM). A visão por sistemas permitiu que fossem definidos elementos ou componentes tanto para o BM como para o BDE. O modelo ontológico de Wand atuou em duas dimensões que tiveram reflexos significativos no modelo proposto. Numa possibilitou que um sistema geográfico ou um sistema computacional fosse visto como uma coisa composta de outras coisas e que ambas possuíam propriedades. Isto deu liberdade de raciocínio no sentido de não se ficar preso a conceitos da Teoria de Sistemas (a visão por "coisas" parece ser mais simples que a visão "por elementos". Noutra forneceu alguns princípios, discriminados abaixo) que serviram de base para a formulação do comportamento de um sistema, chamado aqui de desempenho comportamental. O terceiro nível de abstração ocorreu "dentro" da tecnologia de apoio à decisão. Neste nível foram discriminados e definidos os elementos do BM e do BDE, suas associações e seus estados. Procurou-se definir os elementos do BM e do BDE do geral para o específico, numa técnica de refinamento passo-a-passo. A arquitetura foi definida refinando-se níveis de detalhes procedimentais (Pressman, 1995). Assim, são inicialmente apresentados princípios básicos na forma de postulados. A seguir são propostos os componentes estruturais do BM e do BDE. Em cada um são propostas propriedades consideradas importantes para se capturar diferentes variáveis relativas a problemas espaciais. Uma vez definidos os componentes de cada segmento partiu-se para a formalização da sua associação. Neste caso inferiu-se que, se tanto BM como BDE são compostos por elementos 106 e estes possuem propriedades, então uma associação pode acontecer a nível de componente e a nível de propriedades. Finalmente, o modelo formaliza o estado do sistema. O modelo atinge o nível de identificação formal do componente, suas propriedades, associações e estados. Neste trabalho procurou-se seguir os princípios delineados por Wand para a proposição do modelo de SADE Efetivo. Em favor da clareza estes princípios serão reproduzidos e em seguida serão discutidos seus efeitos sobre este trabalho. Primeiro princípio: "Um sistema pode ser visto como uma coisa simples ou como uma coisa composta feita de componentes que interagem" Pelo primeiro princípio passou-se a considerar que tanto o domínio do problema das inundações como o domínio tecnológico, na verdade, fazem parte de um sistema único, que se poderia aqui chamar de grande sistema (Figura 26). O domínio do problema definiria um subsistema enquanto o domínio tecnológico definiria outro subsistema. O subsistema do domínio do problema é o que se poderia chamar de sistema geo- gráfico e o subsistema do domínio tecnológico de sistema de apoio à decisão espacial. Note-se que tanto um como outro podem ser decompostos em subsistemas até atingirem-se unidades elementares. A relação entre um e outro é tomada nesta tese como uma hipótese: a de que o subsistema morfológico de um sistema geográfico pode ser modelado em um Banco de Dados Espaciais e de que o subsistema em cascata, deste mesmo sistema geográfico pode ser modelado em um Banco de Modelos. Esta hipótese é formulada de maneira empírica com base em metodologias usuais das áreas de Sistemas de Informação Geográfica e de Sistemas de Apoio à Decisão. A primeira tem suporte da modelagem de dados espaciais e os implementa em bancos de dados espaciais. A segunda provê um 107 número de trabalhos que mostra a estratégia de se tratar modelos matemáticos à semelhança de dados e implementá-los em bancos de modelos, conforme visto no capítulo 2. Grande Sistema Sistema Bacia Hidrográfica Sistema Morfológico Sistema em Cascata Sistema Geográfico Nível Conceitual hipótese SADE Sistema de Informação Banco de Dados Espaciais Banco de Modelos Nível Tecnológico Figura 26 - Enfoque sistêmico aplicado à representação conceitual e tecnológica de sistemas geográficos. Outra forma de entender a separação da parte dado da parte modelo é considerar que, num SADE, modelo científico exerce o papel de usuário e produtor de dados, abordado também no capítulo 2. Como usuário o MC recebe os dados de entrada do sistema real e executa um conjunto de operações sobre os mesmos. O papel de produtor de dados se configura na medida em que tais operações retornam valores, dentre os quais os dados que representam a saída do sistema real. A origem e destino natural dos dados é o Banco de Dados (Furtado & Santos, 1986; Yong, 1983; Neto, Dalmolin, & Robbi, 1994), cuja função primordial é servir de repositório da informação. O MC usualmente é implementado na forma de algoritmos, funções, subrotinas ou métodos, que merecem abordagem distinta por se tratarem de processos implementados. Além disso, há que se considerar que muitas das funcionalidades de um SADE Efetivo, delineadas no capítulo 2, impõem uma abordagem distinta. 108 Um exemplo de uso desta arquitetura dual pode ser obtido em Maniezzo, Mendes & Paruccini (1998) (Figura 27). Os autores desenvolveram um SADE para auxiliar planejadores a decidir, com base em múltiplos critérios, lugar para depósito e tratamento de lixo. O objetivo é reduzir, tanto quanto possível, custos de transporte, impactos sobre o meio ambiente e humanos na região de interesse. As variáveis de decisão são baseadas em fatores econômicos, socio-econômicos, segurança, saúde, políticas ambientais e públicas. A decisão é auxiliada por método multi-critério baseado em técnica de ordenamento superior. Este exemplo ilustra ainda que um Banco de Modelo pode ser composto por uma variedade de modelos, dentre os quais modelos científicos (MC) que representam sistemas no mundo real. SADE módulo de gerenciamento de dados geográficos Sistema Gerenciador de Banco de módulo de gerenciamento de dados sobre serviços de coleta/tratamento de lixo módulo de gerenciamento de dados sobre produção de lixo Dados módulo de gerenciamento de cenários Interface com o algoritmos eurísticos para configurações praticáveis de serviços de coleta/tratamento de lixo Usuário Sistema modelo de avaliação de risco Gerenciador modelo de avaliação de impacto ambiental de Banco de Modelos modelo de avaliação de custos modelo de avaliação de risco de transporte algoritmos de decisão baseada em múltiplos critérios Figura 27 - Componentes de um SADE aplicado ao gerenciamento de lixo em Lombardia, norte da Itália (adaptado de Maniezzo, Mendes & Paruccini, 1998). Segundo princípio: "O estado do sistema pode ser mapeado nos estados das variáveis de articulação dos componentes". 109 O segundo e os demais princípios vêm de encontro à necessidade identificada por abordagens eficazes sobre o problema de concepção do Banco de Modelos e suas relações com o Banco de Dados Espacial de um SADE. O estado do sistema foi a última etapa da formalização do modelo proposto porque se entendeu que estado define a situação dos componentes de ambos subsistemas num dado momento. Isto inclui não apenas os componentes em si, mas suas propriedades e suas respectivas associações. Aliado à propriedade de comportamento de um sistema, a noção de estado permitiu que se introduzisse proposições e formalizações sobre transição de estados, pontos de estado e identificação de estados. Terceiro princípio: "O comportamento do sistema emerge do comportamento e das interações de seus componentes ". Uma estrutura hierárquica de componentes foi definida para o banco de modelos, capaz de capturar o comportamento de um MC e permitir a implementação das funcionalidades do Sistema Gerenciador respectivo. O comportamento do sistema é representado pelo comportamento do MC e este, por sua vez, é subdividido em subcomportamentos. A estrutura comportamental recebeu o nome de STEP devido às iniciais das unidades que compõem cada nível de agregação: simulador, tarefa, etapa e procedimento. A estas unidades estabeleceu-se a propriedade de interagir umas com as outras, de acordo com as interações dos componentes do sistema real. Isto depende de como o MC representa o sistema real e é parte das funcionalidades dos especialistas na área de aplicação. Quarto princípio: "Eventos externos desencadeiam a propagação de eventos dentre os componentes via variáveis de estado de articulação". 110 Os componentes da estrutura STEP foram vistos como coisas simples ou como coisas compostas. Em outras palavras, cada componente foi visto como um sistema caixa-preta, como um sistema caixa-cinza ou como um sistema caixa-branca, conforme o nível de agregação dos seus subsistemas. Considerou-se que estes subsistemas se articulavam através das suas entradas e saídas respectivas, de modo que o comportamento do sistema fosse definido pelo comportamento dos seus subsistemas, desencadeado por algum estímulo inicial. Quando a saída de um subsistema A é definida como a entrada de um subsistema B então a saída de A se constitui num evento externo a B, e assim sucessivamente. Quinto princípio: "O comportamento do sistema deve ser estudado com relação a um dado conjunto de eventos externos". Este princípio é uma conseqüência se os demais forem seguidos. Se o sistema é representado por um MC e este é desagregado em unidades representativas menores, que interagem através de variáveis de articulação, então o comportamento do sistema pode ser analisado através da análise do comportamento destas unidades. Os eventos externos respectivos se constituem nos estímulos que desencadeiam a série de comportamentos. A implementação da decomposição e dos conceitos de transição e pontos de estado, propostos no modelo de SADE Efetivo devem ser suficientes para a implementação do quinto princípio. 4.3 4.3.1 Modelo formal Modelo formal do banco de modelos Postulados: 111 I Um sistema em cascata (SC) existe no domínio espacial euclidiano R3. II Se R1 ⊂ R2 ⊂ R3 então um SC existe também em R1 e R2. III Banco de Modelos (BM) é um esquema conceitual que representa o repositório de um conjunto de modelos científicos (MC) que modelam sistemas em cascata (SC). BM = {MC1 , MC 2 ,....MC m ,..., MC mc } (6) BM = {SC1 , SC 2 ,....SC m ,..., SC mc } (7) ou IV Um sistema em cascata pode ou não representar processos geográficos. Esta tese tratará de sistemas em cascata relacionados a processos geográficos. 4.3.1.1 Componentes estruturais do banco de modelos Proposições 1: I Um SC é composto por elementos. II Similarmente a uma coisa elemento de SC pode ser simples ou composto. III Similarmente a uma coisa elemento simples possui apenas propriedades emergentes. IV Similarmente a uma coisa composta elemento composto deve possuir propriedades emergentes e pode possuir propriedades herdadas. V Similarmente a propriedade de uma coisa propriedade de um elemento pode ser intrínseca ou mútua a diversos elementos. 112 4.3.1.1.1 Propriedades de um elemento de SC Proposição 2. As propriedades relevantes de um elemento Cw de um SC são: estrutura, insumo, limite, desempenho e produto. Definição 1. Estrutura (Η) é a situação do elemento em relação aos demais elementos do SC. Definição 2. Insumo (Γ) é o fator que estimula o desempenho do elemento. Definição 3. Limite (Λ) é o fator que impõe restrições sobre o desempenho do elemento. Definição 4. Desempenho (∆) é a atitude comportamental do elemento sobre insumo restrito por limite. Definição 5. Produto (Ρ) é o resultado da realização do desempenho do elemento. Proposições 3: I O conceito Estrutura corresponde ao conceito Sistema e confere ao elemento organização, ordem de desempenho e níveis de agregação. Depende do grau de estruturação do problema. II O conceito Insumo corresponde ao conceito Entrada de um sistema. III O conceito Limite corresponde ao conceito Regulador de um sistema. IV O conceito Desempenho corresponde ao conceito Comportamento de um sistema. V O conceito Produto corresponde aos conceitos Armazenador e Saídas de um sistema. Definição 6. As propriedades de um componente Cw qualquer da estrutura de um SC discriminado da Definição 1 à Definição 5 pode ser descrito pela tupla: C w = Η , Γ, Λ , ∆ , Ρ (8) 113 4.3.1.1.2 Percepção de um SC Proposições 4: I A percepção de um SC depende da aplicação a qual se destina, do nível de estruturação do problema, da natureza dos elementos que o compõem e do nível de detalhamento espacial desejado para estes elementos. II Um SC é passível de ser modelado por um modelo científico (MC). III O MC é um simulador do SC. IV A determinação da saída ou saídas de um SC pode ser percebida como um processo de resolução de problema. V Se um problema pode ser modelado formalmente por um simulador, então o problema de determinar a saída de um SC pode ser decomposto em subproblemas. VI A solução estruturada de sub-problemas define níveis comportamentais de um simulador. 4.3.1.1.3 Estrutura comportamental de um SC Proposição 5. Um simulador resolve problemas através das soluções produzidas por tarefas, executadas em etapas conforme procedimentos definidos. Definição 7. Um banco de modelos (BM) é composto por unidades estruturais denominadas Simuladores (S) que modelam sistemas em cascata (SC), logo, BM ⊃ S. BM = {S1, S2, ..., Si,..., Ss} (9) Corolário 1. Um simulador Si do conjunto BM é identificado por propriedades intrísecas da tupla: S i = Η i , Γi , Λ i , ∆ i , Ρi ( 10 ) 114 Definição 8. Simulador (S) é a unidade comportamental no nível do banco de modelos que resolve, através de tarefas (T), problema relacionado a SC do mundo real, logo S ⊃ T: Si = {T1, T2, ..., Tj,..., Tt} ( 11 ) Corolário 2. Uma tarefa Tj é identificada no conjunto Si através de propriedades intrínsecas da tupla: T ji = Η j , Γ j , Λ j , ∆ j , Ρ j ( 12 ) Definição 9. Tarefa (T) é a unidade comportamental no nível de Simulador que possui a propriedade intrínseca de resolver problema por etapas (E), logo T ⊃ E: Tij = {E1, E2, ..., Ek,..., Ee} ( 13 ) Corolário 3. Uma etapa Ek é identificada no conjunto Tj através de propriedades intrínsecas da tupla: E ki , j = Η k , Γk , Λ k , ∆ k , Ρk ( 14 ) Definição 10. Etapa (E) é a unidade comportamental no nível de Tarefa que possui a propriedade intrínseca de resolver problema por procedimentos (P), logo E ⊃ P: Ei,jk = {P1, P2, ..., Pl,..., Pp} ( 15 ) Corolário 4. Um procedimemento Pl é identificado no conjunto Ek através de propriedades intrínsecas da tupla: Pl i , j ,k = Η l , Γl , Λ l , ∆ l , Ρl ( 16 ) Definição 11. Procedimento (P) é a menor unidade comportamental do simulador capaz de resolver problema através de unidades procedurais (up), logo P ⊃ up: Pi,j,k l = {up1, up2, ..., upm,..., upu} ( 17 ) Corolário 5. Uma unidade procedural upm é identificada no conjunto Pl através de propriedades intrínsecas da tupla up mi , j , k ,l = Η m , Γm , Λ m , ∆ m , Ρm ( 18 ) 115 Definição 12. Unidade procedural (up) é a unidade de comportamento elementar de um simulador. Regra 1. Se BM ⊃ S ⊃ T ⊃ E ⊃ P então S ∪ T = S , T ∪ E = T e E ∪ P = E (Figura 28). BM S T E P Figura 28 - Diagrama de conjuntos e subconjuntos dos componentes estruturais do BM. Nesta estrutura os algoritmos que implementam de fato o MC são escritos nas unidades procedurais. Simuladork Tarefai Tarefaj ... E1 P1 P2 E2 ... ... En E1 E2 ... Eu Pm Figura 29- Diagrama da hierarquia dos componentes de um SC ou MC. Exemplo 1. O elemento P2,4,63 se trata do procedimento 3 pertencente à etapa 6 da tarefa 4 executada pelo simulador 2 do banco de modelos (Figura 30). 116 BM T24 S2 E2,46 P2,4,63 Figura 30 - Exemplo ilustrativo da identificação de um componente nos diferentes níveis da estrutura hierárquica STEP de um BM. 4.3.1.1.3.1 Níveis de informação e controle De acordo com a equação 1 simulador, tarefa, etapa ou procedimento é descrito por uma tupla composta por informações sobre estrutura (Η), insumos (Γ), limites (Λ), desempenhos (∆) e produtos gerados (Ρ). Isso implica em que o nível de estruturação da informação no BM depende do nível de estruturação do problema. Níveis mais altos agregam informações de níveis mais baixos. Como conseqüência das Proposições 1 tem-se que ΓS ⊇ ΓT ⊇ ΓE ⊇ ΓP ( 19 ) ΛS ⊇ ΛT ⊇ ΛE ⊇ ΛP ( 20 ) ∆S ⊇ ∆ T ⊇ ∆E ⊇ ∆P ( 21 ) ΡS ⊇ ΡT ⊇ ΡE ⊇ ΡP ΓP ΓE ( 22 ) ΓT ΓS Figura 31 - Formalismo da agregação de informações sobre insumos (Γ) de um SC. Baseado no modelo de Wand, as propriedades dos elementos do conjunto ΓP na Figura 31 são herdadas pelos conjuntos ΓE, ΓT, ΓS. Analogia pode ser feita com os limi- 117 tes Λ, desempenhos ∆ e produtos Ρ. A área hachurada representa as propriedades emergentes do elemento ΓE em relação às propriedades dos seus componentes em ΓP. Isso significa que o conjunto ΓE tem a capacidade de herdar propriedades do conjunto ΓP além de suas próprias. De forma complementar, as relações 19 a 20 indicam que as propriedades de um elemento de nível mais alto podem ou não ser exclusivamente formadas pelas propriedades do elemento de nível mais baixo. Proposições 6: I O nível BM informa e realiza controle sobre propriedades comportamentais dos simuladores. II O nível Simulador informa e realiza controle sobre propriedades comportamentais das tarefas. III Tarefa informa e realiza controle sobre propriedades comportamentais das etapas. IV Etapa informa e realiza controle sobre propriedades comportamentais dos procedimentos. V Procedimento informa e realiza controle sobre propriedades comportamentais das unidade procedurais. VI As propriedades comportamentais de um componente perduram no BM por tempo determinado (ver Estado). VII A agregação da informação pode ser vista através de uma adaptação da visão relacional de Blanning (1986). 118 (a) Agregação no nível do banco de modelos Simulador S1 S2 ... Ss Insumo (Γ Γ) ... Limite (Λ Λ) ... Desempenho (∆ ∆) ... Produto (Ρ Ρ) ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... (b) Agregação no nível do simulador Si Tarefa T1 T2 ... Tt Insumo (Γ Γ) ... ... ... ... Limite (Λ Λ) ... ... ... ... Desempenho (∆ ∆) ... ... ... ... Produto (Ρ Ρ) ... ... ... ... Figura 32 - Visão relacional da agregação da informação: (a) a nível do banco de modelos, (b) a nível do simulador. Definição 13. De acordo com as Proposições 6 e a Figura 32 tem-se: BM = <S, Γ, Λ, ∆, Ρ> Si = < T, Γ, Λ, ∆, Ρ> Tij = < E, Γ, Λ, ∆, Ρ> (23) Ei,jk = < P, Γ, Λ, ∆, Ρ> Pi,j,kl = < up, Γ, Λ, ∆, Ρ> Os componentes da estrutura do BM permitem que se abstraia o comportamento de um simulador em níveis, conforme o grau de estruturação que seja dado à resolução de um problema espacial. Cada camada ou nível de abstração agrega informações e realiza controle sobre as propriedades comportamentais (estrutura, insumos, limites, desempenho e produtos) da camada inferior. Por conseguinte o nível mais alto, Banco de Modelos, é o nível que apresenta a maior agregação. A propriedade de agregar informação pelas diferentes camadas permite que se estabeleça níveis de abstração sobre o banco de modelos. 119 As abstrações conferem ao BM a capacidade de expressar seu conteúdo para usuários distintos, desde os especialistas com interesse sobre o desenvolvimento de modelos, calibração de parâmetros e análise de sensibilidade aos menos experientes, interessados apenas em utilizar as capacidades do sistema com base num conhecimento mínimo. Estes níveis permitem que usuários inexperientes discutam e utilizem o sistema sem se preocupar com detalhes operacionais a nível de Tarefa, Etapa ou Procedimento. Por este motivo, em sistemas computacionais, os níveis BM e Simulador são os que estão o mais próximo do usuário do sistema. 4.3.1.1.3.2 Exemplos de aplicação da estrutura STEP a sistemas hidrológicos 4.3.1.1.3.2.1 Modelos conceituais Os modelos conceituais se fundamentam no ciclo hidrológico (Figura 33) e são concebidos sob a abordagem caixa-preta, na qual cada subsistema hidrológico é modelado individualmente e visto como um reservatório. O sistema é composto por diversos "reservatórios" e o fluxo do material ocorre de um para outro. É o caso dos modelos NAM implementado no sistema Mike 11, SMAP desenvolvido na Universidade de São Paulo, Stanford Watershed Model, MERO, entre outros. A Tabela 7 ilustra como poderia ser aplicada a estrutura STEP para modelar os fenômenos do ciclo hidrológico, baseado no conceito de reservatórios. No exemplo, o modelo poderia ser chamado de SCicloHidrologico cuja função é simular o fluxo da água entre os reservatórios. Isto poderia ser divido em algumas tarefas de acordo com o reservatório em questão: vegetação, superfície, solo, aqüífero, lago, atmosfera e oceano. 120 ATMOSFERA P P P E E P E E Vegetação gotejamento Superfície da Terra infiltração filtração ascendente escoamento superficial difusão de vapor Correntes Lagos e Rios Solo escoamento subsuperificial percolação escoamento superficial ascenção capilar Aqüífero fluxo subterrâneo Oceano Figura 33 - Ciclo hidrológico (Fonte: Porto, 1973). Cada tarefa se responsabilizaria pela modelagem de um destes subsistemas. As etapas de cada tarefa podem ser identificadas pelas setas que indicam o fluxo a ser modelado. Por exemplo, na tarefa TVegetação os processos de evaporação e gotejamento poderiam ser representados como etapas distintas que modelam a saída do subsistema. Finalmente, cada uma destas etapas poderia ser realizada através de procedimentos específicos classificados de acordo com sua finalidade no modelo. No mesmo exemplo estes procedimentos poderiam ser agrupados de acordo com: a) levantamento das contribuições aos subsistema; b) levantamento e verificação dos parâmetros do procedimento; c) verificação das condições para evaporação; d) aplicação da função ou funções que modelam o fluxo; e) armazenamento dos resultados. 121 A implementação destes procedimentos seria realizada nas unidades procedurais da estrutura STEP. Eles não são explícitos na figura mas podem ser apresentados de forma genérica conforme a Tabela 7: Ex = {PContrib, PParam, PFunçãoTransf, PArmazen,...} em que x representa uma das etapas definidas nas tarefas do modelo. Tabela 7 - Aplicação da estrutura STEP sobre modelos baseados no ciclo hidrológico. Simulador Tarefa (determinar) vegetação (T1 = TVegetação) Etapa (calcular) (E1) evaporação (E2) gotejamento Ciclo Hidrológico (S1 = SCicloHidrologico) superfície da terra (E1) evaporação (T2 = TSuperficieTer- (E2) infiltração ra) (E3) escoamento superficial (E1) percolação (E2) escoamento subsupersolo ficial (T3 = TSolo) (E3) filtração ascendente (E4) difusão de vapor (E1) evaporação (E2) escoamento superficial correntes, lagos e rios (E3) fluxo subterrâneo (T4 = TCorrentes) (E4) escoamento subsuperficial aqüífero (E1) ascensão capilar (T5 = TAquifero) (E2) fluxo subterrâneo oceano (E1) evaporação (T6 = TOceano) Procedimento (proceder) (P1) levantamento de contribuições (P2) verificação de parâmetros do modelo (P3) verificação das condições para evaporação (P4) aplicar função de transferência (P5) computar armazenamento ... ... ... ... ... ... Os elementos do SC acima poderiam ser os seguintes: • BM = {SCicloHidrológico} • S1 = SCicloHidrológico = {TVegetação, TSuperfícieTerra, TSolo, TCorrentes, TAqúífero, TOceano} • T1 = TVegetação = {EEvaporação, EGotejamento} • T2 = TSuperfícieTerra = {EEvaporação, EInfiltração, EEscSuperficial} 122 • T3 = TSolo = {EPercolação, EEscSuperficial, EFiltrAscentende, EDifusVapor} • T4 = TCorrentes = {EEvaporação, EEscSuperficial, EFluxoSubter, EEscSubSuperf} • T5 = TAqüífero = {EAscCapilar, EFluxoSubter} • T6 = TOceano = {EEvaporação} À medida em que se realiza a estruturação da modelagem formal converge-se simultaneamente para a estruturação do problema. O problema inicial de resolver a representação do sistema real passa a ser abordado pela técnica passo-a-passo, refinandose os procedimentos. Note-se que a implementação efetiva se dá nas unidades procedurais. Nas camadas superiores o usuário do SADE teria informações das camadas vizinhas. O usuário escolheria um nível destes para trabalhar com o modelo científico de acordo com seu conhecimento especialista sobre o assunto. Se este usuário deseja criar e desenvolver o modelo, então ele deve atingir o nível das unidades procedurais. Se ele conhece muito pouco do assunto, o sistema deve estar apto a fornecer as informações de que necessita em alto nível. Em contrapartida o usuário também daria as ordens ou comandos no mesmo nível. Esta capacidade de atender usuários com diferentes experiências deve estar prevista nas funcionalidades do Sistema Gerenciador do Banco de Modelos. Uma forma de atender este requisito seria o sistema se reconfigurar de acordo com o usuário que o está manejando. Conceitos como interfaces adaptativas e banco de conhecimento podem ser explorados neste item. 4.3.1.1.3.2.2 Modelos teóricos Os modelos teóricos utilizam princípios físicos para a modelagem do processo hidrológico como o Modelo Racional para a quantificação de vazão na foz de uma bacia hirográfica, Método do Soil Conservation Service para a modelagem da capacidade de infiltração de água no solo e Hidrograma Unitário (Righetto, 1998). 123 A Figura 34 ilustra uma bacia hidrográfica e dois pontos na rede de drenagem onde há interesse na aplicação do método racional para a estimativa da vazão. Na Tabela 8 é apresentada a aplicação do método conforme a abordagem de Righetto (1998) sobre este método. Q1 1 A1 2 A2 Q2 Figura 34 - Aplicação do modelo racional (Fonte: Righetto, 1998). Tabela 8 - Aplicação da estrutura STEP sobre o modelo racional. Simulador Tarefa (determinar) (T1) vazão no ponto 1 Modelo Racional (S1 = SRacional) (T2) vazão no ponto 2 Etapa (calcular) (E1) tempo de concentração (tc1) (E2) coeficiente de deflúvio (E3) intensidade da chuva (i1) (E4) vazão ponto 1 (Q1) (E1) tempo de concentração (tc2) (E2) coeficiente de deflúvio médio (C) (E3) intensidade da chuva (i2) (E4) vazão ponto (Q2) Procedimento (proceder) tc1 = t 0 + Lt / vc + Lc / vc C (tabelas) i ( d c ; T ) = 1519T −0, 236 /(16 + d c ) 0,935 Q = C .i . A ... C = (C1 . A1 + C 2 . A2 ) / A ... ... Como no exemplo anterior o modelo racional pode ser aplicado na estrutura STEP à partir do simulador SRacional. As tarefas poderiam ser divididas em suas, conforme o ponto onde se deve calcular a vazão. Ou ainda poderia ser apenas uma tarefa na medida em que as etapas definidas para cada uma são as mesmas, variando apenas a sua 124 implementação. No nível de procedimento seriam implementadas as equações que modelam o sistema. Os elementos do SC acima poderiam ser os seguintes: • BM = {SRacional} • SRacional = {TVazão} • TVazão = {ETempoConcentr, ECoefDefluv, EIntChuva, EVazão} • ETempoConcentr = {P_tc1} • ECoefDefluv = {P_Tabelas, P_Ponderado) • EIntChuva = {P_i(dc;T)} • EVazão = {P_Q) 4.3.1.1.3.2.3 Modelos distribuídos Modelos distribuídos podem ser tratados como sistemas caixa-branca (Capítulo 4) ou como um conjunto de sistemas caixa-preta menores. Nestes modelos a dimensão espacial integra a formulação do problema e o comportamento do sistema é obtido a partir do comportamento de seus componentes. Na modelagem hidrológica de bacia hidrográfica usualmente divide-se o espaço em regiões regulares ou não, onde o processo é modelado. O produto de cada um destes subsistemas é computado para os subsistemas adjacentes de acordo com a declividade e direção das vertentes topográficas. Um dos diversos representantes desta abordagem é o modelo científico TOPMODEL (Beven et al., 1995). Este modelo busca reproduzir o comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica considerando as variáveis de forma distribuída dinâmica e heterogênea. O conceito de macroescala é utilizado no sentido de procurar simplificar diversos processos complexos que ocorrem no mundo real. No TOPMODEL este conceito é aplicado para simplificar as variações na profundidade do lençol freático 125 supondo que, em solos relativamente rasos em relação a dimensão da vertente, o controle gravitacional sobre o escoamento na zona saturada pode produzir lençol aproximadamente paralelo à superfície topográfica, especialmente em condições de umidade suficiente para permitir o escoamento saturado lateral (Figura 35). ai Figura 35 - Esquema do modelo TOPMODEL (Fonte: Righetto, 1998). A Tabela 9 apresenta a aplicação do modelo TOPMODEL na estrutura STEP do Banco de Modelos. Os elementos do SC poderiam ser os seguintes: BM = {STopmodel}, STopmodel = {TElemEstáticos, TVazãoFoz}, TElemEstáticos = {EDeclivMédiaCélula, EÁreaContrCélula, EÍndiceTopoCélula, ...EVazão_Qo}, TVazãoFoz = {ESérieTemporal}, ESérieTemporal = {P_ z , P_zi, P_Qv, P_Qb, P_Qs} 126 Tabela 9 - Aplicação da estrutura STEP sobre o modelo TOPMODEL. Simulador Tarefa (determinar) Etapa (calcular) (E1) declividade média célula i Procedimento (proceder) (E2) área de contribuição célula i (T1) elementos estáticos da bacia (E3) índice topográfico célula i ln(ai / tgβ i ) (E4) índice de Beven célula i ln(ai / T0 tgβ i ) (E5) freqüência dos índices topográficos e de Beven (E6) distribuição de freqüências (E7) células com mesma resposta hidrológica (E8) constante topográfica λ (S1) Modelo TOPMODEL (E9) constante topográfica γ (E10) descarga quando a zero (T2) elementos dinâmicos: vazão na foz da (E1) série temporal bacia para períodos secos (T3) elementos dinâmicos: vazão na foz da (E1) série temporal bacia para períodos chuvosos z e S são iguais ai 1 N ln ∑ A i =1 tan β i ai 1 N γ = ∑ ln A i =1 T0 tan β i λ= Q0 = Ae − γ z , zi, Qv, Qb, Qs z , zi, Qv, Qb, Qs Obs: não estão sendo considerados valores de entrada nem parâmetros no modelo. A tarefa TVazãoFoz é a mesma a ser executada tanto para períodos secos como períodos úmidos. Por isso, a equação STopmodel apresenta dois conjuntos enquanto que a tabela mostra três. Na tabela está especificado que uma mesma tarefa é executada em momentos distintos. Porém, formalmente, trata-se da execução de um conjunto apenas. 127 4.3.1.2 Insumos e produtos comportamentais 4.3.1.2.1 Entrada Definição 14. Entrada ou insumo (Γ) é o valor ou conjunto de valores que desencadeiam o estímulo que inicia a execução de um componente de um SC e deve satisfazer critérios de consistência, integridade e inteireza. Γ = {γ 1 , γ 2 ,..., γ f ,..., γ w } ( 24 ) Definição 15. Conjunto de entrada consistente é formado por valor ou conjunto de valores estáveis. Definição 16. Conjunto de entrada íntegro é formado por valor ou conjunto de valores não corrompidos. Definição 17. Conjunto de entrada inteiro ou completo é o conjunto onde não há elementos faltantes. A propriedade Entrada corresponde aos elementos de entrada no sistema e subsistemas. Ela representa as variáveis independentes da estrutura geral de um modelo científico. Proposições 7: I Entrada se aplica a um componente de simulador independentemente do tipo de execução (série, paralela ou simultânea). II O conjunto de entrada pode ser vazio, unitário ou composto. III Entrada vazia significa que o conjunto de entrada não satisfaz os critérios de consistência, integridade e/ou inteireza. 128 Tarefa Individual Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Entrada ... Etapa n Saída Figura 36 - Pontos de entrada e saída durante a execução em série de uma tarefa de simulador. 4.3.1.2.2 Saída Definição 18. Saída (Ρ) é o valor ou conjunto de valores que resultam do desempenho comportamental de componente de SC e deve satisfazer critérios de consistência, integridade e inteireza. Ρ = {ρ1 , ρ 2 ,..., ρ h ..., ρ r } ( 25 ) Definição 19. Conjunto de saída consistente é formado por valor ou conjunto de valores estáveis. Definição 20. Conjunto de saída íntegro é formado por valor ou conjunto de valores não corrompidos. Definição 21. Conjunto de saída inteiro ou completo é o conjunto onde não há elementos faltantes. A propriedade Saída corresponde aos elementos de saída do sistema e subsistemas. Ela representa as variáveis dependentes da estrutura geral de um modelo científico. Uma saída se constitui em um conjunto-solução para o problema em pauta. Proposições 8: I Saída se aplica a um componente de simulador independentemente do tipo de execução (série, paralela ou simultânea). II Um conjunto-solução pode ser vazio, unitário ou composto. 129 III Saída vazia significa que o conjunto de saída não satisfaz os critérios de consistência, integridade e inteireza. 4.3.1.2.2.1 Solução e solução parcial Definição 22. Solução é a saída apresentada pelo componente de SC como resultado do seu desempenho integral. Definição 23. Desempenho integral é o desempenho concluído. Definição 24. Solução Parcial é a saída apresentada pelo componente como resultado do seu desempenho parcial. Definição 25. Desempenho parcial é o desempenho não concluído. Proposição 9. Uma solução parcial pode ser vazia, unitária ou composta. Exemplo 2. Processamentos computacionais freqüentemente são limitados por restrições comportamentais como número limite de processos iterativos, limite de aproximações numéricas, limites espaciais, limites de laços, e outros. Se o processamento é interrompido num certo momento, sem que limites como estes tenham sido atingidos, então haverá um conjunto-solução cujos elementos não representam efetivamente a solução final ou solução. O conjunto-solução apresentará, nestas situações, valores parciais que podem ou não estar convergindo para a solução final. Em se mantendo esta possibilidade o usuário poderá, num dado momento, interromper o processamento e verificar o estado do sistema. 4.3.1.3 Limites Comportamentais Definição 26. Limite (Λ) é o valor, conjunto de valores ou de condições que afetam ou restringem o comportamento do componente do SC. Proposição 10. Limite (Λ) pode ser do tipo Conceitual (C), Paramétrico (Π), Contorno (Χ) ou Procedimental (Φ). 130 4.3.1.3.1 Limite conceitual Definição 27. Limite Conceitual (C) é o limite que se aplica nos níveis de Simulador, Tarefa, Etapa, Procedimento e Unidade Procedural. C = {c1 , c 2 ,...ci ,...c n } ( 26 ) Limites conceituais são apresentados como forma de incrementar as informações relativas a um componente do BM. Estes limites são impostos pelo conhecimento especialista que se possui sobre o assunto, de modo que podem ser utilizados pelo Gerenciador do Banco de Modelos como forma de selecionar o componente que melhor se adapta a uma situação de problema. Exemplo 3 Limite a nível de simulador: I i Limite 1: O TOPMODEL não é adequado para problemas de cheias em tempo real. (Todini, 1999) ii Limite 2: O TOPMODEL somente pode ser utilizado se a bacia satisfizer os três postulados (armazenamento na zona saturada, paralelismo do lençol freático e controle topográfico sobre a profundidade do lençol freático). (Beven et al., 1995) II Limite a nível de tarefa: O TOPMODEL deve atuar em períodos secos e chuvosos separadamente. (Righetto, 1998) III Limite a nível de etapa: "Se o número de células for elevado a distribuição de freqüências é obtida a partir da seleção de intervalos de classe para o índice de Beven" (Righetto, 1998) 131 4.3.1.3.2 Limite paramétrico Definição 28. Limite do tipo Paramétrico (Π) é o valor ou conjunto de valores que compõem o corpo formal das relações matemáticas do simulador. Π = {π 1 , π 2 ,..., π l ,..., π q } ( 27 ) Parâmetro faz parte do corpo formal do modelo e permanece estável por tempo limitado, conforme sua validade em representar o sistema real. O valor ou conjunto de valores que representam um parâmetro pode ser constante ou variar dentro de uma faixa de valores. A permanência do valor de um parâmetro é limitada por eventos de calibração. Proposição 11. Eventos de calibração podem ser induzidos ou automáticos. Definição 29. Eventos induzidos são os eventos que sofrem interferência permanente do usuário. Definição 30. Eventos automáticos são eventos que não sofrem interferência do usuário ou, quando acontece, é mínima. Exemplo 4. São exemplos de parâmetros de modelo científico o índice topográfico ln(ai/tgβi) do TOPMODEL para uma célula i da bacia ou a constante topográfica γ da bacia. Seus valores perduram até que eventos de calibração os altere. Seus valores podem variar dentro de certos limites, impostos de acordo com as características da bacia. Em modelos capazes de simulações em tempo real a calibração pode ser executada em linha, ou seja, à medida que novas observações alimentam o sistema este poderá executar uma calibração automática com ou sem o consentimento do usuário. 4.3.1.3.3 Contorno ou fronteira Definição 31. Contorno ou fronteira (Χ) é o valor ou conjunto de valores que impõem limiares de validade ao comportamento do modelo científico. Χ = {χ 1 , χ 2 ,..., χ m ,..., χ c } ( 28 ) 132 Na modelagem de sistemas geográficos a propriedade Limite do tipo Contorno funciona como uma injunção formal que restringe o comportamento do sistema e normalmente está associada a posições espaciais. Neste sentido os modelos hidrológicos ISIS Flow e MIKE 11 proporcionam uma classificação útil que permite tratá-los de forma distinta. Esta classificação é tomada por base para a seguinte proposição: Proposição 12. Uma condição de contorno ou fronteira pode ser imposta nos extremos espaciais de um processo geográfico (condição externa) ou entre tais extremos (condição interna). Definição 32. Contorno externo é a restrição localizada nos pontos de início e fim (ou extremos espaciais) de um processo geográfico modelado pelo simulador. Definição 33. Contorno interno é a restrição localizada entre os pontos de início e fim (ou extremos espaciais) de um processo geográfico modelado pelo simulador. Exemplo 5. Podem se constituir contornos externos a vazão Q, o nível d'água h ou a pressão p (observada ou calculada) imposta numa seção de montante de um canal num tempo t. Restrições como estas são utilizadas pelos sistemas computacionais ISIS Flow e MIKE 11. Exemplo 6. Podem se constituir contornos internos valores expressos na curva-chave de estruturas hidráulicas de controle (barragens ou represas, eclusas, bueiros, comportas), oscilação entre entrada e saída de reservatórios5, índices de perdas de carga localizadas, junções (bifurcações e confluências). Estas restrições também são consideradas pelos sistemas ISIS Flow e MIKE 11. 4.3.1.3.4 Limite procedimental Definição 34. Limite do tipo procedimental (Φ) é o valor ou conjunto de valores que condicionam desempenhos comportamentais do sistema computacional. Φ = {φ1 , φ 2 ,..., φ n ,..., φ v } 5 ( 29 ) Reservatórios são definidos como áreas de armazenamento onde os efeitos dinâmicos são negligenciáveis e que tem uma ampla superfície líquida (Wallinford, 1999). 133 Tanto Contorno como Limite Procedimental são propriedades que restringem o comportamento do modelo científico. A diferença está em que, enquanto Contorno se origina de restrição conceitual no sentido de que o modelo científico deve agir dentro da realidade (representar o sistema real), Limite Procedimental se origina de restrição procedural relativa ao sistema computacional. Por exemplo, podem se constituir em limite procedimentais o número máximo de iterações, valores para critérios de convergência, valores para níveis de aceitação/rejeição de resultados, entre outros. Tendo em vista que Unidade Procedural é a unidade comportamental de um simulador, então os limites do tipo paramétrico, contorno e procedimental são implementados neste nível, através de valores quantitativos ou qualitativos. 4.3.1.4 Desempenho comportamental Definição 35. Desempenho ou execução (∆) é o ato de processar componente de um SC a partir de uma perturbação ou estímulo e está altamente correlacionada com o nível de estruturação do problema. ∆ = {δ 1 , δ 2 ,..., δ g ,..., δ d } ( 30 ) Definição 36. Um estímulo ocorre quando há uma alteração de estado, ou seja, um evento sobre Entrada. A nível conceitual a propriedade de desempenho corresponde ao comportamento dinâmico do sistema real. A nível de tecnologia esta propriedade representa a capacidade de processamento computacional que impõem dinâmica ao modelo científico do sistema. O desempenho ou execução de um modelo científico ou simulador pode ser entendida nos diferentes níveis da estrutura STEP, mas sua implementação sempre ocorrerá a nível de unidades procedurais. Por exemplo, a nível de Simulador pode-se entender 134 que um modelo científico que represente a precipitação numa bacia hidrográfica produz resultados que são entrada para outro modelo científico que represente o escoamento na superfície. Estas capacidades são atributos específicos de cada simulador. Todavia, o processamento computacional de cada um ocorrerá conforme os algoritmos desenvolvidos como unidades procedurais a nível de Procedimento. Neste exemplo, há a participação de dois simuladores, cada qual desempenhando uma função diante da modelagem do sistema real. Esta noção de participação coletiva faz com que se elabore a seguinte proposição: Proposição 13. O desempenho comportamental pode envolver um ou mais componentes de um SC. Isto significa que pode haver a participação de uma ou mais Tarefas, Etapas, Procedimentos e Unidades Procedurais. Nesta linha de argumentação procurou-se distinguir diversas categorias de processamentos que podem envolver estes componentes. Para isso, eles passaram a ser visto como subsistemas que interagem através de variáveis de estado de articulação (ver seção 4.1.2). Estas variáveis são representadas pela propriedade Saída, fruto do processamento em cada nível da estrutura. Assim, a saída produzida por Unidades Procedurais incorporam-se como uma das saídas do componente Procedimento ao qual pertencem. O conjunto de saídas produzidas pelo componente Procedimento incorporam-se a uma das saídas do componente Etapa à qual pertence. E assim por diante. Inicialmente distingiu-se duas categorias básicas de desempenho comportamental, as quais se diferenciam quanto ao número de componentes envolvidos e quanto à ordem com que são executados. Na primeira distinguem-se os casos em que a execução é individual, coletiva ou compartilhada. Na segunda destacam-se as situações em que a 135 execução computacional destes componentes ocorre em série, paralela ou simultânea. Estas categorias serão abordadas a seguir. 4.3.1.4.1 Categorias de desempenho comportamental 4.3.1.4.1.1 Quanto ao número de componentes 4.3.1.4.1.1.1 Execução individual Definição 37. Execução individual é a execução em que participa apenas um componente de SC. A nível de banco de modelos a execução individual envolve apenas um simulador, a nível de simulador uma tarefa, a nível de tarefa uma etapa, a nível de etapa um procedimento e a nível de procedimento uma unidade procedural. Proposição 14. A execução individual de um componente de um nível não exclui a participação coletiva dos componentes de níveis adjacentes (Figura 37). S T E P UP Figura 37 - Variação da execução conforme o número de componentes. Exemplo 7. Num sistema morfológico com sub-bacias adjacentes, a tarefa única de calcular a vazão na foz de uma bacia pelo TOPMODEL não exclui a possibilidade deste simulador (ou modelo) estar sendo executado coletivamente com outros simuladores, nem de que esta tarefa seja executada em mais de uma etapa. A vazão produzida poderia 136 ser elemento de entrada em outra bacia, em que haveria outro simulador em melhores condições de representar o sistema. 4.3.1.4.1.1.2 Execução coletiva Definição 38. Execução coletiva é a execução em que participam dois ou mais componentes sendo que cada componente é responsável por um conjunto específico de funções. Proposição 15. A execução coletiva de um componente de um nível não exclui a participação individual dos componentes de nível mais alto ou mais baixo respectivos (Figura 37). 4.3.1.4.1.1.3 Execução compartilhada Considerando a necessidade identificada pela capacidade de reutilização de componentes já consagrados no Banco de Modelos, propõe-se que os componentes da estrutura STEP possam compartilhar subcomponentes. A função de controlar o compartilhamento é do Gerenciador do Banco de Modelos, nos níveis de criação, processamento e análise de modelos. Definição 39. Execução compartilhada é a execução em que há o compartilhamento de componentes de mesmo nível (Figura 40). Proposição 16. Dois simuladores podem compartilhar tarefas, duas tarefas podem compartilhar etapas, duas etapas podem compartilhar procedimentos, procedimentos podem compartilhar unidades procedurais (Figura 38). 137 Si Ti Sj Tk El Tl Ex Px Ey Pz upv Pw Figura 38 - Compartilhamento de componentes entre simuladores, tarefas, etapas e procedimentos. S T E P UP componente compartilhado compartilhamento Figura 39 - Diagrama de reutilização de componentes. 4.3.1.4.1.1.3.1 Formalização do compartilhamento estrutural Proposição 17. O compartilhamento estrutural entre elementos dos diferentes conjuntos pode ser formalizado como uma intersecção de conjuntos. 138 S S1 S2 S1 ∩ S 2 = {t c } T T1 T2 T1 ∩ T2 = {ec } E E1 E2 E1 ∩ E 2 = { pc } P up1 up2 P1 ∩ P2 = {upk } Figura 40 - Formalização do compartilhamento de elementos entre os conjuntos. De acordo com a Figura 40 em S os simuladores compartilham tarefas tc, em T as tarefas compartilham etapas ec, em E as etapas compartilham procedimentos pc e em P há compartilhamento de unidades procedurais. Exemplo 8. A operação algébrica SOMA pode ser mapeada como um procedimento composto por unidades procedurais que efetivamente executam esta operação. O procedimento SOMA pode ser compartilhado com outros componentes do Banco de Modelos, por exemplo, entre etapas de uma tarefa. Junto com SOMA serão compartilhadas todas as unidade procedurais que a compõem e não apenas algumas. Isto não exclui que uma ou mais de suas unidades procedurais possam também ser compartilhadas. A nível de implementação o compartilhamento de componentes sempre se dará pelo compartilhamento de unidades procedurais porque são estas que efetivamente guardam o código que executa o comportamento do modelo. Formalmente escreve-se: Regra 2. Sejam ρi e ρj dois componentes que compartilham o elemento τk, se τk ⊂ ρi então ρi ∩ ρj = {τk}. Corolário 6. A recíproca da Regra 2 é verdadeira. Se τk ⊂ ρj então ρi ∩ ρj = {τk}. Regra 3. Sejam Ei ⊂ Ti ⊂ Si e Ej ⊂ Tj ⊂ Sj, se Ei ∩ Ej = {Pk}, com Pk ⊂ Ei ou Pk ⊂ Ej, então Ti ∩ Tj = {Pk} e Si ∩ Sj = {Pk}. 139 Isto que dizer que, independentemente de a qual componente pertence o elemento compartilhado, este sempre será o elo de ligação entre os componentes compartilhados. A Regra 2 e a Regra 3 podem ser ilustradas conforme a figura abaixo: i j S S T T E Pk E Figura 41 - Compartilhamento de procedimentos no nível de etapa. A Figura 41 ilustra que um procedimento P está sendo compartilhado por duas etapas. Vale dizer ainda que este procedimento vincula não apenas as etapas mas também as tarefas e simulador i,j respectivamente associados. Daí surge a seguinte regra: Regra 4. Se o elemento τk é compartilhado então isto também ocorre com todos os níveis inferiores da sua estrutura (Figura 39). Exemplo 9. Se o procedimento SOMA está contido na etapa EEscSuperficial da tarefa TSolo do simulador SCicloHidrológico e SOMA é compartilhada com a etapa EIntChuva da tarefa TVazão do simulador SRacional, então as tarefas TSolo e TVazão compartilham o procedimento SOMA assim como os simuladores SCicloHidrológico e SRacional. Exemplo 10. Se a tarefa TVazão do simulador SCicloHidrológico é compartilhada com outro simulador qualquer então este compartilhamento acontece também a nível de etapas e procedimentos vinculados à TVazão. Exemplo 11. Se a etapa EDeclivMédiaCélula da tarefa TElemEstáticos do simulador STopmodel é compartilhada com uma outra etapa, pertencente ou não à estrutura do modelo TOPMODEL, então os procedimentos vinculados à etapa EDeclivMédiaCélula também são compartilhados. 140 4.3.1.4.1.1.3.2 Identificação formal dos elementos compartilhados Proposição 18. A identificação formal dos componentes compartilhados deve exprimir a identificação de compartilhamento, identificação do conjunto ao qual pertence o elemento compartilhado, identificação dos conjuntos que compartilham o elemento. Definição 40. Sejam ρi e ρj dois componentes que compartilham o elemento τk. A identificação de compartilhamento é expressa pelo símbolo (-) sobre o elemento compartilhado. { } ρi ∩ ρ j = τ k ( 31 ) Exemplo 12. Sejam as situações (a) e (b) apresentadas na Figura 42 onde numa são compartilhadas etapas de tarefas de dois simuladores distintos e noutra em que são compartilhados procedimentos de etapas pertencentes a tarefas distintas. Uma etapa qualquer m compartilhada por duas tarefas k e l é: i ,k {E m } = Tki ∩ Tl j (32) ou j ,l {E m } = Tki ∩ Tl j (33) Similarmente para a situação (b) tem-se: i ,k {P m } = E ki ∩ E l j (34) ou j ,l {P m } = E ki ∩ E l j (35) nas quais: i, j: identificação dos conjuntos de simuladores S; k,l: identificação dos conjuntos de tarefas T que compartilham a etapa Em; ou de etapas E que compartilham o procedimento Pm; m: identificação dos elementos compartilhados. 141 etapas compartilhadas (Ei,km) ou (Ej,l m) procedimentos compartilhados (Pi,km ) ou (Pj,l m ) Si Ti Ti k Ei k Tjl E jl Sj Tj (a) (b) Figura 42 - Compartilhamento de componentes entre os conjuntos Tarefa e Etapa. (a) compartilhamento de etapas; (b) compartilhamento de procedimentos. As equações 31 e 33 indicam que os elementos compartilhados Em e Pm pertencem ao simulador i e à tarefa k. As equações 32 e 34 indicam que os mesmos pertencem ao simulador j e tarefa l. Para os casos em que os conjuntos Tk e Tl ou Ek e El pertençam a um mesmo simulador ou tarefa, respectivamente, os valores dos identificadores em i ,k sobrescrito serão os mesmos. Por exemplo, {E m } = Tki ∩ Tl i indica que a etapa compartilhada Em pertence à tarefa k, e que tanto a tarefa k como a tarefa l pertencem ao simulador i. Por conseguinte, Em também pertence ao simulador i. 4.3.1.4.1.2 Quanto à ordem 4.3.1.4.1.2.1 Desempenho ou execução em série Definição 41. Execução em série de um nível é a execução em que os elementos ou componentes são processados de maneira seqüencial. Caracteristicamente os resultados de um componente são utilizados como entrada do componente subseqüente (Figura 43). 142 Regra 5. Sejam ρi e ρj dois componentes estruturais de um SC; Γi e Γj os insumos e Ρi e Ρj os produtos respectivos. Se Γj = f (Ρi) com Ρi = Γj ∨ Ρi ≠ Γj então o processamento de ρi e ρj é seqüencial (Figura 43). ρi Γi Λ+∆ ρj Ρi Γj Λ+∆ Ρj Figura 43 - Formalização da execução seqüencial entre dois componentes estruturais de um SC. S T E P UP Figura 44 - Execuções seqüenciais e paralelas de componentes da estrutura STEP. O estabelecimento de relações entrada-saída (setas) nos níveis mais baixos da hierarquia acarreta vínculos entre os níveis superiores. Exemplo 13. Num simulador computacional, a nível de procedimento, se pode ter cálculos iterativos (ajustamento pelo método dos mínimos quadrados, programação linear e outros), cálculo de funções e armazenamento seletivo em matrizes e vetores. Normalmente a resolução deste tipo de problema envolve uma seqüência de procedimentos. Exemplo 14. Alguns modelos baseados no ciclo hidrológico simulam o processo geográfico como uma seqüência de reservatórios. Em geral, o balanço hídrico é efetuado seqüencialmente seguindo o fluxo do material. Proposição 19. As execuções em série podem ser expressas pelos termos simulação seqüencial, tarefa seqüencial, etapa seqüencial e procedimento seqüencial. 143 Regra 6. Sejam ρi e ρj dois componentes estruturais de um SC; Γi e Γj os insumos e Ρi e Ρj os produtos respectivos. Se Γi = f (Ρj) com Γi = Ρj ∨ Γi ≠ Ρj então há um encadeamento circular entre ρi e ρj (Figura 43). 4.3.1.4.1.2.2 Execução em paralelo Definição 42. Execução em paralelo de um nível é a execução em que os elementos ou componentes são processados de maneira independente dos demais componentes de mesmo nível sem, inclusive, importar a ordem de execução. Caracteristicamente os resultados de um componente não interferem nos valores de entrada de outro componente, mas todos contribuem à sua maneira para que o simulador produza solução S. Regra 7. Sejam ρi e ρj dois componentes estruturais de um SC; Γi e Γj os insumos. Se S = {Ρi, Ρj / Ρi ≠ Ρj} então o processamento de ρi e ρj é paralelo (Figura 43). ρi Γi Λ+∆ Ρi S = {Ρi, Ρj} ρj Γj Λ+∆ Ρj Figura 45 - Formalização da execução paralela entre dois componentes estruturais de um SC. Exemplo 15. Antes de se iniciar a execução propriamente dita de um simulador algumas operações devem ser efetuadas. É o caso da preparação dos dados de entrada, verificação de parâmetros do modelo e estabelecimento das condições iniciais e de contorno. Em geral estas três atividades podem ser executadas independentemente uma da outra, dada a natureza de cada uma. Proposição 20. A solução pode ser resultado da ação conjunta dos componentes que agem de maneira individual independente, ou resultado de um processamento sobre as soluções apresentadas por cada um (Figura 46). 144 ρi Γi Ρi Λ+∆ ρk Γk ρj Γj Λ+∆ Ρk Ρj Λ+∆ (a) (b) Figura 46 - Execuções em paralelo indicando que a solução final pode ser formada: a) pela união de soluções, ou seja, S = {Ρi, Ρj}; b) pelo processamento final que produza solução única, ou seja, S = [Ρk / Γk = {Ρi, Ρj}]. Exemplo 16. Um exemplo de processamento sobre um conjunto de soluções é a seleção de alternativas de solução de um mesmo problema, produzidas por diferentes métodos. Não importa a ordem com que os métodos são processados, nem há um relacionamento seqüencial entre eles. Cada qual produzirá seus resultados estes passíveis de análise e escolha (Figura 47). Tarefa Tarefa Sk [a] Tarefa Su Tarefa Tarefa Tarefa [b] Tarefa Si Sj Figura 47 - Execuções em paralelo e em série de tarefas. Proposição 21. As execuções em paralelo podem ser expressas pelos termos simulação paralela, tarefa paralela, etapa paralela e procedimento paralelo. 145 4.3.1.4.1.2.3 Execução simultânea Definição 43. Execução simultânea é a execução tratada como caixa-preta, em que estados intermediários (Η, Γ, Λ, ∆, Ρ) de um componente de SC não são explícitos ao componente do nível mais alto devido à natureza do problema ou interesse do usuário (Figura 48). O interesse reside sobre um conjunto de insumos (Γw) e de produtos (Ρw) produzidos na conclusão do desempenho comportamental. ρw Γw Ρw Figura 48 - Execução simultânea de componente de SC. Internamente o processamento pode ser em série ou paralelo, mas as saídas produzidas não são relevantes para a análise ou solução de um problema em questão. Exemplo 17. Na resolução de sistemas de equações por métodos numéricos implícitos6 (diferenças finitas, volumes finitos, elementos finitos), operações matriciais (transposição, inversão, triangularização, e outros), operações algébricas, entre outros, usualmente há pouco interesse em se determinar resultados ou estados intermediários. O interesse maior reside sobre o que entra e o que sai dos seus algoritmos de implementação. Dependendo da natureza do problema modelado e do interesse em se determinar estados intermediários, o simulador pode ser desenvolvido parte dentro do escopo da execução em série e parte dentro do escopo da execução simultânea. Exemplo 18. Algumas execuções de modelos hidráulico-hidrológicos, através de métodos numéricos, em que são discretizados o espaço e o tempo, ocorrem em seqüências de aproximações sucessivas. O estado do sistema em tempos passados é importante para determinar estados no tempo atual e futuro. A execução entre estados sucessivos pode ser modelada como uma execução em série ao longo de uma linha de 6 Nos métodos explícitos os valores das variáveis são calculados por meio de equações individuais para cada variável. Nos métodos implícitos os valores das variáveis são obtidos na solução de um sistema de equações do qual fazem parte. (Righetto, 1998, p.310). 146 tempo ao passo que a execução do algoritmo para produzir cada estado pode ser modelado como uma execução simultânea. Proposição 22. As execuções simultâneas podem ser expressas pelos termos simulação simultânea, tarefa simultânea, etapa simultânea e procedimento simultâneo. Componente Série Componente Paralela Componente Simultânea Figura 49 - Esquema de execuções dos componentes de um SC. 4.3.2 Modelo formal do banco de dados espacial Postulados: I Um sistema morfológico existe no domínio espacial euclidiano R3. II Se R1 ⊂ R2 ⊂ R3 então um SM existe também em R1 e R2. III Um sistema morfológico possui estrutura. IV Um banco de dados espacial é o repositório de um conjunto de dados que representam ou modelam sistemas morfológicos. 4.3.2.1 Componentes estruturais do BDE Proposições 23: 147 I A estrutura de um sistema morfológico é composta por elementos. II Similarmente a uma coisa o elemento de um SM pode ser simples ou composto. III Similarmente a uma coisa composta elemento composto deve possuir propriedades emergentes e pode possuir propriedades herdadas. IV Similarmente a propriedade de uma coisa propriedade de um elemento pode ser intrínseca ou mútua a diversos elementos. Exemplo 19. Considerando que elemento seja uma linha e admitindo que uma linha é definida por dois pontos e que cada ponto possua a propriedade de posição no espaço, então a posição da linha é uma propriedade herdada dos pontos que a definem. Por outro lado, o comprimento da linha é uma propriedade emergente porque os componentes da linha (pontos) não a possuem. Exemplo 20. A posição de uma linha, herdada da posição dos pontos que a compõem, é uma propriedade intrínseca da linha em relação a outras linhas porque nenhuma outra ocupa a mesma posição no espaço. Entretanto, se uma linha for visualizada então poderá possuir atributo de cor mútuo a outras linhas. Exemplo 21. É comum em bancos de dados espaciais a atribuição de identificador único para um elemento de um SM. Este identificador se constitui, portanto, numa propriedade intrínseca do elemento permitindo que ele seja identificado unicamente dentre os demais que compõem o BDE. 4.3.2.1.1 Propriedades de um elemento de SM Proposição 24. Do ponto de vista de um SM um elemento possui: conformação, posição no espaço e atributo. Definição 44. Conformação (Ψ) ou geometria é a propriedade que descreve a estrutura da forma7 de um elemento do SM no R3. 7 Na matemática a Geometria lida com quantidades espaciais e a conformação das formas espaciais. Uma forma espacial está relacionada a propósito ou função. P.e. a forma hexagonal das colmeias de abelhas atende aos princípios de otimização do espaço e estabilidade estrutural. A cobertura de um solo apresenta 148 Definição 45. Posição (Θ) é a situação do elemento em relação a um referencial no R3. Definição 46. Atributo (Α) é uma característica consignada ao elemento por humanos. Proposições 25: I Devido a uma imposição física a única propriedade intrínseca de um elemento de SM é a sua posição no espaço R3. II As propriedades Conformação e Atributo podem ser intrínsecas ou mútuas. Exemplo 22. Admitindo que o elemento seja um polígono então somente ele poderá ocupar sua posição no espaço R3. Entretanto, sua Conformação e dimensões podem ser propriedades iguais às de outros polígonos, como lotes em uma cidade ou a seção transversal de um rio canalizado. Neste caso Conformação e Atributo são propriedades mútuas. Exemplo 23. Se o polígono do exemplo acima representar uma região que apresenta um tipo de solo então, devido à propriedade de aleatoriedade dos fenômenos naturais, é possível que sua conformação e dimensões sejam únicas, mas o atributo de tipo de solo poderá ser mútuo a outros polígonos. Neste caso, Conformação e o atributo de dimensão são únicos, mas o atributo de tipo de solo é mútuo. Exemplo 24. De maneira análoga, admita-se que o elemento é um ponto. Somente ele ocupa sua posição no espaço R3. Entretanto, se este ponto representar a seção de um rio canalizado atributos como área da seção e revestimento podem ser os mesmos de outras seções situadas a montante ou jusante. Proposição 26. Um elemento Dz da estrutura de um SM pode ser descrito pela tupla: D z = Ψz , Θ z , Α z ( 36 ) Corolário 7. Um elemento de um SM somente poderá ser identificado através de propriedade intrínseca. conformação que pode ser importante para práticas agrícolas ou planejamento de atividades recreacionais (Laurini & Thompson, 1992). 149 4.3.2.1.2 Percepção de um SM Proposições 27: I A percepção de um SM depende da aplicação a qual se destina, do nível de estruturação do problema, da natureza dos elementos que o compõem e do nível de detalhamento espacial desejado para estes elementos. II Um SM pode ser percebido por humanos como um sistema contínuo ou discreto. 4.3.2.1.2.1 Percepção discreta de um SM Proposições 28: I A percepção discreta de um SM se dá através da identificação de elementos individualizáveis no espaço R3. II A fronteira de um elemento discreto é sempre identificável porque a discretização exige um alto grau de generalização por humanos. III Na percepção discreta as propriedades de um elemento do SM são válidas dentro da região ocupada pelo elemento, mas são identificáveis somente ao longo de suas fronteiras. Corolário 8. Se na percepção discreta as propriedades de um elemento são válidas dentro da região ocupada pelo elemento e identificáveis somente ao longo de suas fronteiras, então poderá haver pontos em R3 dissociado de qualquer elemento de SM. Exemplo 25. Tome-se o sistema solo do Exemplo 29 como um SM discreto em R3. Se este sistema for percebido como um conjunto de elementos discretos então poderá haver pontos em R3 onde não existirá solo. Esta situação não pode surgir em R3 (sob lagos, rios, oceanos, atmosfera e vegetação sempre há solo ou a própria rocha-mãe) mas pode ocorrer em R2. Neste caso, sob o argumento de uma cota ou altitude fixada pode haver água ou mesmo ar, mas não solo em um determinado ponto. 150 identificação validade Solo A Água Solo B identificação validade Figura 50 - Identificação e validade das propriedades de um elemento de SM percebido como discreto. Suas fronteiras são sempre identificáveis e as propriedades do elemento somente são obtidas através de suas fronteiras. Exemplo 26. Tome-se o fenômeno de estratificação térmica sazonal de lagos do Exemplo 30. Para que este fenômeno seja percebido como discreto deve-se lançar mão de um alto grau de generalização por humanos para delinear as fronteiras entre as camadas. Exemplo 27. Tomando-se o relevo topográfico de uma bacia hidrográfica como um SM discreto, deve-se estabelecer as fronteiras que delimitam padrões morfológicos, tais como vertente, tergo, vale, cumeada, divisor de águas ou interflúvio, garganta, talvegue, e outros. Exemplo 28. Tome-se o conjunto de vias públicas de uma cidade como um SM discreto. Uma rua ou calçada são elementos do SM que ocupam uma região no R3 e podem ser percebidos como discretos adjacentes. A fronteira entre eles pode ser indentificável através do elemento meio-fio. 4.3.2.1.2.1.1 Elementos para captura da percepção discreta de um SM Proposições 29: I Um elemento de SM é discretizado de acordo com sua natureza. II Um elemento de SM pode ser de natureza pontual, linear ou poligonal. III Elemento de natureza pontual é discretizado pela primitiva geométrica Ponto. 151 IV Elemento de natureza linear é discretizado pela primitiva geométrica Linha. V Elemento de natureza poligonal é discretizado pela primitiva geométrica Polígono. Pelas proposições acima decorre que um sistema morfológico percebido como discreto será representado no Banco de Dados Espacial através destas primitivas geométricas. Estes elementos se constituem nas unidades espaciais elementares que compõem o BDE, agrupados, armazenados e tratados de acordo sua natureza espacial. SM = {Pt , L, Pg} ( 37 ) SM Pt L Pg Figura 51 - Elementos de um sistema morfológico (SM). Definição 47. Ponto (pt) é o componente estrutural elementar de um SM. Pt = {pt1 , pt 2 ,..., pt i ,... pt t } ( 38 ) Corolário 9. Um elemento pontual pti somente será identificado no conjunto Pt por propriedades intrínsecas da tupla (Figura 52) pt i = Θ i , Α i ( 39 ) Proposição 30. Os elementos de natureza pontual (pt) podem estar agrupados em conjuntos Pt distintos. SM = {Pt1 , Pt 2 ,..., Pt l ,..., Pt s } ( 40 ) Corolário 10. Um elemento pontual pti, pertencente ao conjunto Ptl, somente será identificado por propriedades intrínsecas da tupla (Figura 52) pt il = Θ i , Α i ( 41 ) 152 Definição 48. Linha (l) é o componente estrutural de um SM definido por um mínimo de dois pontos (pt). L = {l1 , l 2 ,..., l j ,...l u } ( 42 ) l j = {pt a , pt b } ( 43 ) Corolário 11. Um elemento linear lj somente será identificado no conjunto L por propriedades intrínsecas da tupla (Figura 52) l j = Ψj ,Θ j , Α j ( 44 ) Proposição 31. Os elementos de natureza linear l podem estar agrupados em conjuntos L distintos. SM = {L1 , L2 ,..., Lm ,..., Lr } ( 45 ) BDE Pt Pt1 Pt2 Pt3 L Ptl ... Pts L1 L2 L3 ... Lm ... ptli Lr ... lmj Pg Pg1 Pg2 Pg3 Pgn ... Pgq ... pgnk Figura 52 - Conjuntos de pontos, linhas e polígonos de um BDE. Corolário 12. Um elemento linear lj, pertencente ao conjunto Lm, somente será identificado por propriedades intrínsecas da tupla (Figura 52) l mj = Ψ j , Θ j , Α j ( 46 ) 153 Definição 49. Polígono (pg) é um componente estrutural de um SM definido por três ou mais linhas (l). Pg = {pg 1 , pg 2 ,..., pg k ,..., pg v } ( 47 ) pg k = {l a , l b , l c ,...} ( 48 ) Corolário 13. Um elemento poligonal pgk somente será identificado no conjunto Pg por propriedades intrínsecas da tupla (Figura 52) pg k = Ψk , Θ k , Α k ( 49 ) Proposição 32. Os elementos de natureza poligonal (pg) podem estar agrupados em conjuntos Pg distintos. SM = {Pg 1 , Pg 2 ,..., Pg n ,..., Pg q } ( 50 ) Corolário 14. Um elemento poligonal pgk, pertencente ao conjunto Pgn, somente será identificado por propriedades intrínsecas da tupla pg kn = Ψk , Θ k , Α k ( 51 ) 4.3.2.1.2.2 Percepção contínua de um SM Proposições 33: I A percepção contínua de um SM se dá através da identificação de diferenças de padrão de continuidade entre seus elementos no espaço R3. II A fronteira entre elementos contínuos adjacentes pode ou não ser identificável, imposto através do grau de generalização por humanos ou pelo próprio SM. Quanto maior o grau de generalização mais identificável se torna a fronteira. III Na percepção contínua as propriedades de um elemento do SM são válidas e identificáveis dentro da região ocupada pelo elemento, inclusive na sua fronteira identificável. 154 Corolário 15. Se na percepção contínua todos os lugares em R3 são ocupados por um elemento do SM então a qualquer ponto em R3 estão associadas as propriedades do referido elemento. Exemplo 29. Tome-se o sistema solo como um SM contínuo apesar de ser formado por partículas discretas de areia, silte, argila e matéria orgânica em R3. i) Dentro de uma região limitada em R3 é lícito perceber e admitir a ocupação por um tipo de solo, como latossolo roxo. Este atributo é válido, identificável e distribuído continuamente dentro desta região. A fronteira que define mudança neste atributo pode ou não ser identificável. ii) Em algumas situações camadas de perfis de solo apresentam fronteiras visual ou analiticamente definidas entre os horizontes adjacentes. Em outras pode-se ter um tipo de solo numa vertente e outro tipo de solo em outra separadas por um talvegue. Solo A Água Solo B identificação e validade Figura 53 - Identificação e validade das propriedades de um elemento de SM percebido como contínuo. Suas fronteiras podem ou não ser identificáveis e as propriedades do elemento sempre são obtidas acessando-se qualquer ponto de sua região, incluindo suas fronteiras identificáveis. Exemplo 30. Tome-se o fenômeno de estratificação térmica sazonal de lagos como um SM contínuo no espaço R3. A fronteira que define mudança do atributo temperatura entre camadas adjacentes tipicamente pode ser tomada como não identificável, dado que o fenômeno físico de transferência natural de calor entre as partículas de água é gradual. Exemplo 31. Tome-se o relevo topográfico de uma bacia hidrográfica como um SM contínuo no espaço R3. As diferenças de padrão de continuidade entre seus elementos permite perceber as nuances de suas conformações (tergos e vales de vertentes, talvegues, etc). A determinação da fronteira exata entre atributo tergo e atributo vale de uma vertente pode ser tomada como não claramente identificável. Exemplo 32. Tome-se o conjunto de vias públicas de uma cidade como um SM contínuo no espaço R3. Analogamente ao relevo topográfico, suas conformações podem 155 ser percebidas pela alteração do padrão de continuidade de seus elementos. Uma rua ou calçada são elementos do SM que ocupam uma região no R3 e podem ser percebidos como superfícies contínuas adjacentes. A fronteira entre duas ruas com mesmo padrão de revestimento, pode ser tomada como não claramente identificável, a não ser que sejam aplicados critérios como, por exemplo, critérios geométricos de alinhamentos. Entretanto, a fronteira entre rua e calçada pode ser indentificável através do elemento meio-fio. Mesmo assim este critério fica restrito por uma generalização suficiente para perceber um meio-fio como uma linha. 4.3.2.1.2.2.1 Elementos para captura da percepção contínua de um SM Apesar de haver ampla discussão sobre os problemas advindos dos modelos de representação da realidade espacial, ainda hoje permanece a limitação de se discretizar elementos contínuos. Uma das principais razões para isso pode ser apontada na limitação das tecnologias computacionais, uma vez que a "palavra" do computador ainda continua sendo o byte e a "letra" o bit. Estes componentes de hardware são discretos por natureza e impedem que se evolua para representações contínuas de sistemas reais contínuos. Proposições 34: I A representação de SM contínuo é feita através de elementos discretos. II Os elementos discretos primitivos utilizados para capturar elementos contínuos no espaço R3 são: ponto, linha ou polígono. III Estes elementos discretos podem compor outros elementos. Neste trabalho serão definidos elementos comumente utilizados nas aplicações de geoprocessamento. Apesar de alguns autores divergirem quanto a nomenclatura, os termos apresentados a seguir provém de um apanhado geral e procuram refletir aqueles mais comumente utilizados no Brasil. Usualmente um elemento primitivo isolado não é suficiente para capturar sistemas morfológicos complexos. Em geral, eles são agrupados e associados uns com os 156 outros, formando assim o sistema de representação. Neste trabalho não serão abordadas técnicas de implementação destas associações por fugirem ao escopo da pesquisa. Definição 50. Rede irregular triangular (TIN) é um subconjunto particular de t polígonos triangulares adjacentes (trg) do conjunto Pg, cuja propriedade Conformação (Ψ) não segue padrão definido. TIN ⊂ Pg / TIN = {trg 1 , trg 2 ,..., trg t } ( 52 ) Definição 51. Subdivisão planar (SP) é um subconjunto particular de s polígonos quaisquer adjacentes (sp) do conjunto Pg, cuja propriedade Conformação (Ψ) não segue padrão definido. SP ⊂ Pg / SP = {sp1 , sp 2 ,..., sp s } ( 53 ) Definição 52. Grade regular (GR) é um subconjunto particular de m células poligonais adjacentes (c) do conjunto Pg, cuja propriedade Conformação (Ψ) segue padrão definido. GR ⊂ Pg / GR = {c1 , c 2 ,..., c m } ( 54 ) Definição 53. Grade irregular (GI) é um subconjunto particular de n células poligonais adjacentes (c) do conjunto Pg, cuja propriedade Conformação (Ψ) não segue padrão definido. GI ⊂ Pg / GI = {c1 , c 2 ,..., c n } ( 55 ) Definição 54. Isolinha (Is) é um subconjunto particular de l linhas adjacentes (is) do conjunto L, em que não há padrão definido para sua conformação (Ψ), mas há um padrão definido para sua posição (Θ). Is ⊂ L / Is = {is1 , is 2 ,..., is l } ( 56 ) Definição 55. Amostra pontual (AP) é um subconjunto particular de a amostras pontuais (ap) do conjunto Pt, em que pode ou não haver padrão de posição (Θ). AP ⊂ Pt / AP = {ap1 , ap 2 ,..., ap a } ( 57 ) 157 AP Pt L Is GR Pg GI SP TIN polígonos (trg) pontos (pt) pontos (ap) linhas (l) linhas (is) polígonos (pg) polígonos (sp) SM= {Pt, L, Pg} Figura 54 - Conjuntos de elementos para captura da percepção contínua de um SM. Exemplo 33. Usualmente relevos topográficos são discretizados por TIN, GR, GI, Is ou AP. Em TIN aos vértices ou pontos de cada triângulo são atribuídos valores posicionais e o plano constituído pelos pontos é utilizado em análises tais como exposição de vertentes e declividades. Em GR a forma normalmente utilizada é a quadrada ou retangular, útil na modelagem hidrológica como do TOPMODEL. Em GI a forma das células é de padrão indefinido, e é usada algumas vezes na delimitação de subregiões em bacias hidrográficas sobre as quais atuam modelos hidrológicos. Em Is as linhas são posicionadas a intervalos regulares de desnível. Em AP os pontos são distribuídos conforme o grau de rugosidade topográfica ou interesse específico sobre um lugar. Subdivisões planares são utilizadas em geral para delimitar regiões com atributos contínuos como tipos de solo, tipo de vegetação, corpos d'água, polígonos de Thiessen, zonas de cadastro urbano, e outros. Exemplo 34. TIN e GR podem ser gerados a partir de Is ou AP e Is a partir de AP. GI em geral exige a intervenção de humanos. Considere-se uma amostragem pontual AP aleatória do solo de uma bacia hidrográfica, com o propósito de determinar suas propriedades físicas, tais como a capacidade de saturação máxima, capacidade de campo, porosidade total, entre outros. Cada ponto tem uma posição em R3 e, por conseguinte, em R2 também. Considerando o domínio R2 então o valor de atributo que exprime a tal propriedade pode ser transportado para o domínio R3 e utilizado em algoritmos de geração de TIN, GR ou Is. 158 4.3.2.1.3 Topologia espacial entre os elementos de um SM Os elementos para captura da percepção discreta ou contínua de um SM vistos até aqui foram abordados unicamente sob o ponto de vista geométrico. Alguns relacionamentos entre estes elementos podem ser relevantes para a modelagem adequada do SC, em vista de que o fluxo do material ou energia do SC pode ser considerado intimamente relacionado com elementos do SM. A topologia espacial reúne um conjunto específico de pontos, linhas e/ou polígonos especialmente relacionados com o processo geográfico (SC). Laurini & Thompson (1992) enumeram algumas utilizações importantes destes relacionamentos, dentre as quais: a) análises ou procedimentos que necessitam da conectividade de linhas ou dos dados associados a elas; b) procura por vizinhanças; c) recuperação de dados de elementos associados; d) agregação de primitivas espaciais em unidades maiores; e) raciocínio espacial. Não está no escopo deste trabalho tecer detalhes sobre topologia espacial. O objetivo é focalizar os tópicos mais relevantes no contexto do formalismo para um SADE Efetivo. Definição 56. Topologia espacial (Τ) exprime, através de grafos, relacionamentos espaciais entre os elementos de natureza pontual, linear e/ou poligonal de um SM. Complemento 1. Um grafo é composto por intersecções ou pontos de fim de linha, chamados vértices ou nós; linha, chamada de borda, ligação, arco ou cadeia; conjunto de ligações singulares desconectadas chamadas de subgrafos e espaço vazio entre ou fora de bordas, chamados faces ou regiões. Uma seqüência de ligações produz um caminho que pode ser usado como uma rota. Um caminho pode ser orientado, quando 159 possui nó de origem e nó de destino, ou não orientado, quando apresenta conexões mas não há pontos de origem e destino (Lurini & Thompson, 1992). Proposição 35. Conforme o Complemento 1 a topologia espacial T de um SM é composta por conjunto N de nós n, conjunto Lg de ligações lg e conjunto C de células c. Τ = {N , Lg , C} ( 58 ) N = {n1 , n 2 ,..., ni ,..., no } ( 59 ) Lg = {lg 1 , lg 2 ,..., lg j ,..., lg p } ( 60 ) C = {c1 , c 2 ,..., c k ,..., c q } ( 61 ) Proposição 36. Em acordo com Laurini & Thompson (1992) a topologia espacial de um SM é derivada das propriedades geométricas espaciais Ψ e Θ dos elementos que o compõem, logo, os conjuntos Pt, L e Pg compõem o domínio das funções que derivam os conjuntos N, Lg e C. f : Pt → N ( 62 ) f : L → Lg ( 63 ) f : Pg → C ( 64 ) Pt N L Lg Pg C Figura 55 - Origem das relações topológicas entre os elementos de um SM. Proposição 37. Nós podem estar agrupados em conjuntos de nós N distintos. T = {N 1 , N 2 ,..., N l ,..., N t } ( 65 ) Corolário 16. Um nó ni, pertencente ao conjunto Nl, somente será identificado por propriedades intrínsecas da tupla (Figura 56) 160 nil = Θ i , Α i ( 66 ) Proposição 38. Ligações podem estar agrupadas em conjuntos de ligações Lg distintos. T = {Lg 1 , Lg 2 ,..., Lg m ,..., Lg u } ( 67 ) Corolário 17. Uma ligação lgj, pertencente ao conjunto Lgm, somente será identificado por propriedades intrínsecas da tupla (Figura 56) lg mj = Ψ j , Θ j , Α j ( 68 ) N N1 N2 N3 Lg Nl ... Nt Lg1 Lg2 Lg3 ... Lgm ... nli Lgu ... lgmj C C1 C2 C3 Cn ... Cv ... cnk Figura 56 - Conjuntos de nós, ligações e células de um BDE. Proposição 39. Células podem estar agrupadas em conjuntos de células C distintos. T = {C1 , C 2 ,..., C n ,..., C x } ( 69 ) Corolário 18. Uma célula ck, pertencente ao conjunto Cn, somente será identificado por propriedades intrínsecas da tupla (Figura 56) c kn = Ψk , Θ k , Α k ( 70 ) Corolário 19. As propriedades Ψ, Θ e Α de um elemento em Pt, L e Pg podem ser herdadas pelos elementos em N, Lg e C, respectivamente. 161 4.3.3 Associação entre modelo científico e feição geográfica Postulado: Fenômenos geográficos ocorrem no tempo e no espaço. Proposição 40. A associação entre um modelo científico, que modela fenômeno geográfico (ou SC), e uma feição geográfica pode ser percebida como uma associação entre componentes de sistemas em cascata e morfológico. Exemplo 35. Uma associção deste tipo pode ser utilizada para determinar um limite Λ, p.e., os parâmetros π do conjunto de parâmetros Π de um modelo científico ou simulador. Alguns parâmetros podem depender da propriedade Conformação do sistema morfológico e/ou da propriedade Atributo associado a um de seus componentes. Parâmetros morfométricos de bacias hidrográficas tais como densidade de drenagem, comprimento de um canal de ordem u, declividade do canal de ordem u (Neto, 1994), índice topográfico de Beven da célula i para o TOPMODEL, entre outros, ilustram parâmetros relacionados à forma da feição espacial. Exemplo de atributos são a capacidade de saturação de um tipo de solo, tipo de solo, evapotranspiração potencial de um tipo de vegetação e solo, tipo de vegetação, tipo de revestimento de um canal de ordem u, entre outros. Proposição 41. Um SC está associado a um SM do qual podem ou não estarem explícitas a topologia espacial de seus componentes. Nem sempre as relações espaciais entre os elementos de um SM são exigidas pela aplicação. No caso da modelagem de processos geográficos relacionados com o ciclo da água há que se considerar as diferentes abordagens dos modelos científicos. Alguns resumem a modelagem sobre um ponto, uma linha ou um polígono, como é o caso do método racional. Outros envolvem a modelagem sobre um conjunto de pontos, linhas ou polígonos, como os modelos distribuídos. Neste último, em geral, necessita-se estabelecer relações entre os elementos espaciais que podem, direta ou indiretamente, ser utilizadas para determinar os vetores de fluxo do material. Exemplo 36. O modelo racional calcula a vazão numa dada seção de um canal. A bacia pode estar mapeada como um polígono (pg) do conjunto Pg ou uma subdivisão planar (sp) do conjunto SP, o canal como uma ou mais linhas conectadas (l) do conjunto L e a seção pode estar definida por um ponto (pt) do conjunto Pt. A bacia pode ainda estar divida em regiões conforme o uso do solo. Neste o mapeamento espacial pode ser 162 definido como subdivisões planares (sp) do conjunto SP ou mesmo polígonos (pg) do conjunto Pg. Numa primeira abordagem o tempo de concentração e a intensidade da chuva podem ser associados a toda a bacia, logo, ao polígono pg ou sp; e a vazão ao ponto pt; os coeficientes de deflúvio individuais para cada região são associados aos respectivos polígonos pg ou sp e o coeficiente de deflúvio médio à bacia. Numa segunda abordagem, pode-se partir do princípio de que, à exceção dos coeficientes de deflúvio individuais, os demais procedimentos não dependem da localização espacial do fenômeno, para que o modelo resolva o problema. Desse modo, poder-se-ia admitir que a associação se resume a uma associação do modelo racional somente com a foz da bacia, ou seja, com o ponto pt que a representa no BDE. Exemplo 37. De acordo com Righetto (1998) os modelos hidráulico-hidrológicos se utilizam da equação da continuidade (conservação da massa) e da quantidade de movimento aplicadas na sua forma discreta sobre um domínio espacial, também discretizado, ao longo do tempo. É construído um sistema de equações algébricas que relaciona variáveis hidrodinâmicas com a sua posição espacial. Quando o domínio se trata de um canal este é subdividido em trechos para a modelagem do escoamento dinâmico. Quando o domínio é uma bacia hidrográfica a sua área de drenagem é subdividida em subregiões ou células. Nestas são aplicadas funções ou relações de transferência chuva-vazão interativamente com os escoamentos provindos de células vizinhas. Necessita-se, pois, de uma descrição dos relacionamentos espaciais entre as células e seus componentes, para que os vetores de fluxo e a quantificação das vazões respectivas tomem efeito. A Tabela 10 aplica a estrutura STEP ao problema de determinação da topologia espacial a ser utilizada pela modelagem hidrológica distribuída. Maiores detalhes podem ser obtidos em Righetto (1998). Q2 2 nj2 nj1 2 3 Q1 nj3 3 Q3 A5 1 A4 1 4 nj5 5 célula j (a) nj4 4 Q5 5 Q4 célula j (b) Figura 57 - Células de uma grade irregular GI: (a) vetores indicando as direções de linha de maior declive dos triângulos de uma célula j; (b) áreas de influência para o cálculo ponderado das vazões efluentes sobre a vazão total da célula j. (Fonte: adaptado de Righetto, 1998, p.345). 163 Tabela 10 - Estrutura STEP para a determinação da topologia espacial a ser utilizada por um modelo hidrológico. Simulador (S1) Topologia de Fluxo Espacial Tarefa Etapa Procedimento Unidade Procedural (determinar) (calcular) (proceder) (calcular) (T1) parâmetros (E1) linha de maior (P1) ponto médio célula ... geométricos da declive j célula j (P2) dividir célula em (up1) gradiente de triângulos elevação do plano formado pelos vértices do triângulo jk (up2) linha de maior declive do triângulo jk ( n jk ) * ... (E2) área de drena- (P1) ponto médio do gem referente à lado que recebe o aresta k divisor de águas (P2)* calcular área por ... determinante (T2) parâmetros (E1) Afluência / (P1) definir vetor da ... vetoriais dos Efluência de fluxo aresta k a j k fluxos na célula (sentido do vetor) (P2) fazer o produto j vetorial a j k x n jk * métodos não citados pelo autor. Neste exemplo (Figura 57) o SM é percebido como uma superfície contínua, capturada por uma grade de células irregulares (GI) discretas. A topologia espacial, necessária à modelagem científica, identifica nós, arestas, células em uma estrutura de dados vetorial. A Figura 58 ilustra um tipo de estrutura topológica para duas células adjacentes, utilizada pela solução algorítmica do modelo. 164 1 1 4 1 4 2 3 2 2 5 7 2 2 3 3 5 6 6 Células Arestas id_célula nº de nós lista de nós lista das arestas 1 2 4 4 1, 2, 3, 4. 2, 3, 5, 6. 1, 2, 3, 4. 2, 5, 6, 7. Coordenadas dos nós id_nó x y 1 ... ... 2 ... ... 3 ... ... 4 ... ... 5 ... ... 6 ... ... Nós id_aresta z ... ... ... ... ... ... 1 2 3 4 5 6 7 de 1 2 3 4 5 6 2 para 2 3 4 1 6 3 5 Figura 58 - Estrutura topológica para descrição dos relacionamentos espaciais de um SM a ser utilizada por um modelo hidrológico. 4.3.3.1 Associação a nível de componentes Proposições 42: I Uma associação binária (Ω) entre um componente de SC (Cw) e um componente de um SM (Dz) pode ou não ocorrer por intermédio da estrutura topológica do SM. II Os componentes de um SM referenciáveis por um ou mais componentes de um SC pertencem aos conjuntos Pt, L ou Pg. 165 Tanto na percepção discreta do SM como na contínua a topologia espacial exprime relações entre os elementos geométricos básicos (ponto, linha e polígono). Estes elementos são referenciados de algum modo pelos algoritmos de solução do problema. Exemplo 38. A equação Q tjk = α jk Q tj referente à abordagem distribuída da Tabela 10 calcula a vazão relativa a uma aresta k da célula j no tempo t. Os índices k e j são referências explícitas a dois elementos do SM, o primeiro de natureza poligonal (célula) e o segundo de natureza linear (aresta), respectivamente. SM T Ω SC Pt SM L Ω SC SM = {Pt, L, Pg} Pg (a) (b) Figura 59 - Associação entre SM e SC: (a) indireta, através da topologia espacial (T) do SM; (b) direta, por acesso direto aos elementos geométricos básicos do SM. Proposição 43. Uma associação binária (Ω) entre um componente de SC (Cw) e um componente de um SM (Dz) ocorre em níveis conforme o grau de estruturação do problema do SC e da natureza do componente do SM. Ω C w ←→ Dz ( 71 ) Tabela 11 - Níveis de associação binária entre componentes estruturais do banco de modelos e componentes estruturais do banco de dados espacial. Banco de Modelos (SC) S T E P Pt S ↔ Pt T ↔ Pt E ↔ Pt P ↔ Pt Banco de Dados Espacial (SM) L S↔L T↔L E↔L P↔L Pg S ↔ Pg T ↔ Pg E ↔ Pg P ↔ Pg 166 O nível de estruturação do problema define como a estrutura STEP é definida no BM para obter-se a solução. A natureza do componente do SM define como ele é representado no BDE. No nível de Unidade Procedural ocorre a implementação dos relacionamentos explícitos entre este componente e o elemento do SC (Exemplo 38). A associação definida no nível de procedimento se estende aos níveis superiores. Um simulador, uma tarefa ou uma etapa podem estar associados a um ponto, uma linha ou um polígono se esta associação for definida em P. A Proposição 43 visa permitir que usuários com diferentes experiências possam utilizar o BM. Desenvolvedores de modelos ou pesquisadores podem querer trabalhar a nível de algoritmos, a fim de melhorar o desempenho do simulador, ou efetuar análises de sensibilidade de parâmetros, entre outros. Usuários não experientes não necessitam descer até o nível P. Para estes, por vezes basta saber, p.e., que o simulador (S1) resolve melhor o seu problema de prever a ocorrência de cheias numa região do que o simulador (S2). Esta informação pode ser suprida pelo GBM. Proposição 44. Uma associação (Ω) pode ser vista como um vetor no espaço formado pela intersecção dos domínios SM e SC, sendo o domínio SM definido pelos subdomínios da percepção contínua e discreta (Figura 60). Proposição 45. Uma associação (Ω) entre um componente de um SC (Cw) e um componente de um SM (Dz) pode ser genericamente expressa por Ω C w ←→ D z (d k ) ( 72 ) na qual w identifica o elemento do SC e z o conjunto ao qual pertence o elemento dk do SM. 167 Dz Pt L Pg Sub-Domínio da Percepção Discreta Plano do Sistema Morfológico Ω Domínio do Sistema em Cascata S T E GR P Cw Is AP SP TIN Sub-Domínio da Percepção Contínua Figura 60 - Visão vetorial de uma associação binária entre componente de um SC e componente de um SM. Exemplo 39. A associação de um simulador Si com um ponto k do conjunto de pontos Ptj é expressa por Ω S i ←→ Pt j ( pt k ) ( 73 ) na qual - i: identificador do simulador; - j: identificador do conjunto de pontos que contém o ponto k; - k: identificador do ponto no conjunto de pontos j. S Pt S1 pt1 pt2 S2 S3 Ω pt3 pt4 pt5 Figura 61 - Associação entre simuladores e pontos. 168 Proposição 46. Um componente de um SC (Cw) pode estar associado a um ou mais componentes de um SM (Dz) (Figura 61). Exemplo 40. Um simulador pode estar associado a um ou mais pontos do conjunto Pt, uma ou mais linhas do conjunto L, um ou mais polígonos do conjunto Pg. Análise similar pode ser estendida para os níveis T, E e P (Figura 61). S i ↔ Pt J ( pt j , pt k ,...), Pt K ( pt j , pt k ,...),... ( 74 ) S i ↔ L J (l j , l k ,...), LK (l j , l k ,...),... ( 75 ) S i ↔ Pg J ( pg j , pg k ,...), Pg K ( pg j , pg k ,...),... ( 76 ) Exemplo 41. A equação Q tjk = α jk Q tj é aplicada para cada aresta k de uma célula j. O componente Q tjk é associado a todas as células do conjunto de células que compõem a bacia (índice j) e também a todas as arestas do conjunto de arestas que compõem uma célula (índice k). Exemplo 42. Considere-se que a superfície de uma bacia hidrográfica é dividida em células. Uma vez definida a estrutura da malha podem-se aplicar modelos hidrológicos sobre a mesma. Nesta situação, cada célula é passivel de ser referenciada por mais de um modelo hidrológico. 4.3.3.2 Associação a nível de propriedades Proposição 47. Uma associação (Ω) entre um componente de um SC (Cw) e um componente de um SM (Dz) atinge o nível de suas propriedades respectivas. Corolário 20. Se Cw= <Ηw, Γw, Λw, ∆w, Ρw> e Dz = <Ψz, Θz, Αz> são as tuplas descritoras das propriedades dos componentes de um SC e SM, respectivamente, então as possíveis associações binárias Ω entre os campos destas tuplas serão (Figura 62) FWZ = CW ⊗ D Z ( 77 ) a) ΗΨ (estrutura-conformação): associação que permite determinar se a conformação de um componente de SM afeta o nível de estruturação do problema e vice-versa. Significa que a conformação de um componente de SM pode determinar quais ou 169 quantos simuladores, tarefas, etapas e procedimentos serão necessários para solucionar o problema. Η Γ Λ ∆ Ρ Cw Ω Θ Α Ψ = ΗΘ ΓΘ ΛΘ ∆Θ ΡΘ ΗΑ ΓΑ ΛΑ ∆Α ΡΑ ΗΨ ΓΨ ΛΨ Ψ∆ ΡΨ Dz Fwz Figura 62 - Associação binária formal entre propriedades dos componentes de um SC e SM. Esta associação estabelece uma relação interativa causa-efeito entre os componentes associados. Exemplo 43. A etapa de determinar a distribuição de freqüência das freqüências dos índices topográfico [ln(a/tgβ)] e de Beven [ln(a/T0tgβ) no TOPMODEL somente é executada se houver grande quantidade de células o que dependerá, por sua vez, da configuração do relevo e da malha escolhida. b) ΗΘ (estrutura-posição): associação que permite determinar se a posição de um componente de SM afeta o nível de estruturação do problema e vice-versa. Exemplo 44. O modelo racional pode ser aplicado para o cálculo da vazão numa dada seção de um canal. Esta seção pode estar localizada na foz da bacia ou no seu interior. Se ele estiver na foz da bacia a área A será a própria área da bacia; entretanto, se estiver no interior então deverá ser prevista uma etapa, e procedimentos respectivos, para determinar a área de contribuição daquele ponto. c) ΗΑ (estrutura-atributo): associação que permite determinar se algum atributo de um componente de SM afeta o nível de estruturação de um problema e vice-versa. Exemplo 45. i) O atributo fator de forma Kf de uma bacia compara a forma da bacia com um retângulo de área equivalente, e pode ser utilizado como um parâmetro para analisar a propensão da bacia a enchentes. Um Kf = 1.0 indica que a bacia é quadrangular, com uma propensão a enchentes tanto maior quanto menor o valor do atributo área. Nesse sentido vale dizer que o fator Kf pode determinar qual o simulador, tarefa, etapa ou procedimento que melhor se adequa a tais condições. ii) 170 Análise semelhante pode ser extrapolada para o coeficiente de compacidade(Kc), circularidade (Rc), elongação (Re) e lemniscata (k) (Neto, 1994). d) ΓΨ (insumo-conformação): associação que permite determinar se a conformação de um componente de SM influi sobre os elementos de entrada do SC e vice-versa. Exemplo 46. A forma dos polígonos de Thiessen determina o quanto de precipitação será atribuída a uma região da bacia. e) ΓΘ (insumo-posição): associação que permite determinar se a posição de um componente de SM influi sobre os elementos de entrada do SC e vice-versa. Exemplo 47. A posição de uma célula numa grade regular ou irregular determina a quantidade de precipitação atribuída a ela e as contribuições de células vizinhas. Exemplo 48. Estações de coleta de dados hidrometeorológicos possuem a propriedade posicional. Valores coletados como cota linimétrica numa estação fluviométrica ou precipitação, numa estação pluviométrica, representam insumos para procedimentos formais de modelagem de um SC. No caso da medição da precipitação o efeito da posição sobre os valores observados se torna mais evidente, dada a característica de eleatoriedade da distribuição espacial deste fenômeno. f) ΓΑ (insumo-atributo): associação que permite determinar se algum atributo de um componente de SM influi sobre os elementos de entrada do SC e vice-versa. Exemplo 49. As funções de transferência de material entre os reservatórios dos modelos baseados no ciclo hidrológico normalmente consideram uma capacidade máxima de armazenamento. O material flui de um reservatório para outro à partir de um limiar atribuído ao reservatório. É o caso da percolação profunda. Esta somente acontece se o atributo capacidade de campo for excedido. g) ΛΨ (limite-conformação): associação que permite determinar se a conformação de um componente de SM influi sobre limite conceitual, parâmetro de modelo, condição de contorno ou processamento computacional e vice-versa. Exemplo 50. i) Os parâmetros calibrados do TOPMODEL são altamente influenciados pelo tamanho da malha. ii) Ainda neste modelo, a configuração do relevo topográfico impõe limites de processamento computacional, por exemplo, 171 como quando se estabelece as classes de células que possuem o mesmo comportamento hidrológico. Exemplo 51. A configuração da rede de nós utilizada pelo modelo MIKE11 e ISIS Flow determina os valores calibrados dos seus parâmetros, os locais onde as condições de contorno podem ser aplicadas e impõe restrições sobre o processamento do sistema de equações. h) ΛΘ (limite-posição): associação que permite determinar se a posição de um componente de SM influi sobre limite conceitual, parâmetro de modelo, condição de contorno ou processamento computacional e vice-versa. Exemplo 52. Nos modelos MIKE11 e ISIS Flow as condições de contorno são aplicadas em locais específicos da rede de nós. i) ΛΑ (limite-atributo): associação que permite determinar se algum atributo de um componente de SM influi sobre limite conceitual, parâmetro de modelo, condição de contorno ou processamento computacional e vice-versa. Exemplo 53. i) Os índices topográfico e de Beven no TOPMODEL dependem do atributo de declividade da célula. ii) Diversas equações de escoamento em canais consideram atributos de declividade e rugosidade do canal. Alterações nestes atributos determinam alterações nos parâmetros calibrados dos modelos. j) ∆Ψ (desempenho-conformação): associação que permite determinar se a execução do componente do SC (simulador, tarefa, etapa ou procedimento) é afetada pela conformação do componente do SM e vice-versa. Ver também associação ΗΨ. Exemplo 54. i) Esta associação ocorre em modelos que dependem da configuração do sistema morfológico para definir seu sistema de equações implícitas, como MIKE11 e ISIS Flow. ii) Modelos que dependem da configuração da malha regular ou irregular que modela o relevo topográfico, também têm sua execução afetada por este fator. iii) à medida em que o sistema em cascata realiza comportamento pode afetar o sistema morfológico, como erosão, por exemplo. 172 k) ∆Θ (desempenho-posição): associação que permite determinar se a execução do modelo é afetada pela posição do componente do SM e vice-versa. Ver também associação ΗΘ. Exemplo 55. Quando alguma condição de contorno é imposta em um ponto do SM o componente de SC deve atuar de forma diferenciada neste ponto, como nos modelos MIKE11 e ISIS Flow. l) ∆Α (desempenho-atributo): associação que permite determinar se a execução do modelo é afetada por algum atributo do componente do SM e vice-versa. Ver também associação ΗΑ. Exemplo 56. O modelo racional somente é válido para bacias pequenas. Se o atributo área da bacia for considerado grande deve-se alterar os procedimentos no sentido de ponderar efeitos de chuvas locais no interior da bacia ou mesmo abandonar este modelo em favor de outro mais adequado. m) ΡΨ (produto-conformação): associação que permite determinar se uma solução ou solução parcial é afetada pela conformação do componente do SM e vice-versa. Exemplo 57. Os resultados de um componente de SC podem ser grandemente influenciados pela configuração dos componentes do SM. i) Mantendo-se os demais fatores equivalentes, pode-se afirmar que uma bacia próxima do formato circular é mais propensa em receber uma carga de precipitação sobre toda a sua superfície do que uma bacia de conformação retangular e com isso produzir descargas maiores na foz. ii) A sinuosidade total de um canal é um fator que afeta a velocidade do fluxo da água. É a relação entre o comprimento total do canal e a distância vetorial entre sua nascente principal e a foz. iii) Células de uma rede irregular como as da Figura 57 possuem formas distintas que determinam os diferentes vetores de vazão afluente e efluente nas arestas. n) ΡΘ (produto-posição): associação que permite determinar se uma solução ou solução parcial é afetada pela posição do componente do SM e vice-versa. Exemplo 58. No TOPMODEL a equação q i = ri a i calcula vazão q que sai de uma célula i que tem uma área de contribuição a onde ocorre uma precipitação r. Tanto a como r variam de célula para célula as quais ocupam posições distintas no relevo. 173 Exemplo 59. Na situação do Exemplo 44 o modelo racional é aplicado tanto no ponto da foz como no ponto do interior da bacia, sobre o mesmo canal. Embora o modelo seja o mesmo as vazões nos mesmos são diferentes, pois que cada ponto caracteriza um C, um i e um A distintos. o) ΡΑ (produto-atributo): associação que permite determinar se uma solução ou solução parcial é afetada por algum atributo do componente do SM e vice-versa. Exemplo 60. A exemplo das associações ΡΨ e ΡΘ esta associação é comum na modelagem de processos geográficos. Diversos atributos podem influir na saída de um processo. i) A vazão de um canal pode ser afetada pela largura, declividade e tipo de revestimento do canal. ii) A vazão numa célula i de uma malha regular pode ser afetada pelas dimensões (largura e comprimento) atribuídas à célula, pelo tipo de vegetação e solo, declividade, entre outros. iii) A capacidade de um vertedor de uma barragem é determinada pelos seus atributos dimensionais. iv) A lâmina d'água de irrigação depende do atributo cultura, tipo de solo, desníveis hidráulicos, entre outros. A presença ou ausência de uma ou mais destas associações depende das percepções dos sistemas envolvidos. A percepção de um SC ou SM depende da aplicação à qual se destina, do nível de estruturação do problema, da natureza dos elementos que compõem o sistema e do nível de detalhamento espacial desejado para estes elementos. 4.4 Estado do sistema Definição 57. Estado Σ é o valor ou conjunto de valores das propriedades Η, Γ, Λ, ∆, Ρ de um elemento estrutural Cw (simulador, tarefa, etapa, procedimento) de um SC, das propriedades Ψ, Θ, Α de um elemento estrutural Dz (ponto, linha, polígono) de um SM e de suas respectivas associações Ω, em um dado momento. Proposição 48. Seja um componente estrutural Cw de um SC que necessita dos insumos Γ = {γ 1 , γ 2 ,..., γ f ,..., γ w } para efetuar o desempenho ∆ = {δ 1 , δ 2 ,...,δ g ,...,δ d } restrito pelos limites conceituais C = {c1 , c 2 ,...ci ,...c n } , parâmetros de modelo Π = {π 1 , π 2 ,..., π l ,...,π q }, pelos contornos e limites de processamento Χ = {χ 1 , χ 2 ,..., χ m ,..., χ c } Φ = {φ1 , φ 2 ,..., φ n ,..., φ v } , a fim de produzir os resultados Ρ = {ρ1 , ρ 2 ,..., ρ h ..., ρ r } , então o estado Σ de Cw num dado momento é definido por: Σ(Cw ) = {ΓC w , Π C w , Χ C w , ΦC w , ∆ C w , ΡC w } ( 78 ) 174 Proposição 49. Seja um componente estrutural Dz de um SM que possui as propriedades de conformação Ψ, posição espacial Θ e atributos descritivos Α, então o estado Σ de Dz num dado momento é definido por Σ( Dz ) = {ΨDz , Θ D z , Α D z } ( 79 ) Proposição 50. Se uma associação Ω ocorre a nível de componentes e a nível de suas propriedades então o estado da associação Σ(Ω) depende do estado dos elementos associados. Σ(Ω ) = f (Σ(C w ), Σ( D z ) ) 4.4.1 ( 80 ) Transição ou mudança de estado Pela ontologia de Wand (1996), uma transição ou mudança de estado de uma coisa é um evento que ocorre quando ela sofre uma alteração de suas propriedades, passando de um estado e1 para um estado e2, através de um esquema funcional, restrito por leis de transição. Um evento é composto pelo tripé <e1, e2, g> em que g é uma transformação que muda o estado e1 para o estado e2. Proposição 51. No contexto de um SADE pode-se considerar que um evento ou transição de estado pode ocorrer através do usuário, de entradas automáticas ou através de desempenhos ∆ de um SC. Nesta abordagem o usuário é considerado o "esquema funcional" que altera um estado. O usuário poderá, num dado momento, querer alterar valores de parâmetros do modelo para analisar sua sensibilidade, alterar limites computacionais ou modificar dados de entrada do modelo. Da mesma forma, as entradas automáticas podem acontecer nos monitoramentos em linha (on-line), quando novos dados entram no sistema enquanto o sistema está trabalhando. Estes dados podem servir para recalibrar os parâmetros do modelo, alterando o seu estado original. Os desempenhos são propriedades do simulador que representam o comportamento do sistema real através do modelo científico. O 175 processamento do simulador, estruturado conforme a estrutura STEP, reúne grupos de esquemas funcionais que podem alterar os estados de diversos componentes do sistema. 4.4.2 Pontos de estado Definição 58. Ponto de estado é um local na estrutura STEP de um SC onde os estados Σ(Cw), Σ(Dz) e Σ(Ω) podem ser verificados ou alterados. Lembrando que a estrutura STEP define os componentes (Cw) simulador S, tarefa T, etapa E, procedimento P e Unidade Procedural up, e que cada qual pode ser visto como um subsistema, então a situação de Σ(Cw), Σ(Dz) e Σ(Ω) pode ser caracterizada no início ou fim de sua execução. αΣ Cw βΣ Figura 63 - Pontos de estado de um elemento da estrutura STEP. Proposição 52. Os pontos de estado estão situados na entrada e na saída de um elemento da estrutura STEP de um SC. Definição 59. Estado primário (αΣ) é a situação de Σ(Cw), Σ(Dz) e Σ(Ω) na posição de entrada de um elemento da estrutura STEP de um SC, logo, prévio à realização de um evento. Definição 60. Estado final (βΣ) é a situação de Σ(Cw), Σ(Dz) e Σ(Ω) na posição de saída de um elemento da estrutura STEP de um SC, logo, posterior à realização de um evento. A Proposição 52 permite que se tenha acesso aos estados Σ(Cw), Σ(Dz) e Σ(Ω) em níveis, de acordo com a estrutura STEP. Por exemplo, admitindo-se que um simulador S do banco de modelos está associado a uma linha l do conjunto de linhas L ou a 176 uma ligação lg do conjunto topológico Lg, então as tarefas T deste simulador também o estão, bem como as respectivas etapas E, procedimentos P e unidades procedurais up. Proposição 53. Os estados α e β estão aptos a compor conjuntos de estados, formalmente definidos como α Σ(C w ) = { α Σ( D z ) = { Σ( D ) , α Σ (Ω) = β Σ(C w ) = { β Σ(C w )1 , β Σ(C w ) 2 , β Σ(C w ) 3 ,... } ( 84 ) β Σ( D z ) = { β Σ( Dz )1 , β Σ( Dz ) 2 , β Σ( Dz ) 3 ,... } ( 85 ) β Σ (Ω) = α 1 α z { Σ(Ω) , 1 α { β } ( 81 ) } ( 82 ) Σ(C w )1 ,α Σ(C w ) 2 ,α Σ(C w ) 3 ,... α α Σ( Dz ) 2 ,α Σ( Dz ) 3 ,... } Σ(Ω) 2 ,α Σ(Ω) 3 ,... } Σ(Ω)1 , β Σ(Ω) 2 , β Σ(Ω) 3 ,... ( 83 ) ( 86 ) nas quais os índices 1, 2, 3, ... em sobrescrito representam eventos associados aos respectivos estados (Figura 64). Estes conjuntos representam a história dos estados do sistema. Observando-se os elementos da Figura 64 no sentido horizontal, nota-se que o par αΣ(Cw) = {αΣ(Cw)1, βΣ(Cw)1} ou simplesmente Cw(1,1) indica os estados primário e final do elemento Cw durante o evento 1, o par αΣ(Cw) = {αΣ(Cw)2, βΣ(Cw)2} ou simplesmente Cw(2,2) indica os estados primário e final do elemento Cw durante o evento 2, e assim por diante. Já no sentido vertical, o tripé α(1,1,1) especifica o grupo de estados primários dos componentes Cw, Dz e Ω relativos ao evento 1, ao passo que o tripé α(2,2,2) reúne o grupo de estados antes do evento 2, e assim sucessivamente. Portanto, a Proposição 53 permite que haja mais de um estado primário α e final β, e que os mesmos sejam preservados para estudos futuros junto aos conjuntos αΣ(Cw), αΣ(Dz), αΣ (Ω), βΣ (Cw), βΣ(Dz) e βΣ(Ω). 177 Exemplo 61. Considere-se eventos de simulação hidrológica com o modelo TOPMODEL, nos quais este modelo se encontra estruturado conforme a estrutura STEP e associado a células espaciais que modelam o relevo topográfico. No ínicio do primeiro evento, no banco de modelos, há um conjunto de valores referentes ao estado do simulador TOPMODEL, das tarefas, das etapas e dos procedimentos definidos. Estes valores correspondem ao conjunto αΣ(Cw)1 da Figura 64. No banco de dados espacial há um conjunto de valores que se referem ao estado das células espaciais que representam o relevo topográfico. Estes valores correspondem ao conjunto αΣ(Dz)1 da Figura 64. Neste momento, os elementos que compõem a estrutura STEP para o TOPMODEL guardam relações com as células espaciais. Estas relações correspondem ao conjunto 1 αΣ (Ω) da Figura 64. Portanto, o estado prévio ao evento de simulação, referente aos elementos no banco de modelos, banco de dados espacial e suas relações, corresponde ao tripé α(1,1,1) da Figura 64. Uma vez concluído o evento, o estado destes mesmos elementos poderá estar alterado ou não. De qualquer forma o tripé β(1,1,1) exprime esta situação. Analogia semelhante pode ser estendida para outros eventos de simulação. Estado Primário Estado Final αΣ(Cw) Sistema em Cascata (Banco de Modelos) 1 αΣ(Cw) 2 αΣ(Cw) β Σ(Cw) 3 αΣ(Cw) 1 β Σ(Cw) 2 βΣ(Cw) 3 β Σ(Cw) ... ... Cw(1,1) αΣ(Dz) Sistema Morfológico (Banco de Dados α(1,1,1) Espaciais) 1 α Σ(Dz) 2 αΣ(Dz) β Σ(Dz) 3 αΣ(Dz) 1 β Σ(Dz) 3 β Σ(Dz) ... ... αΣ(Cw) 1 αΣ(Ω) Associações BM - BDE 2 β Σ(Dz) 2 αΣ(Ω) β Σ(Cw) 3 αΣ(Ω) 1 β Σ(Ω) ... 2 β Σ(Ω) 3 β Σ(Ω) ... Figura 64 - Conjuntos de estados primário e final relativos a eventos distintos. Proposição 54. Uma seqüência de estados é definida por uma seqüência de pares de estados primário e final dos elementos Cw, Dz e Ω. 178 C w( 1,1 ), C w( 2 ,2 ), C w( 3,3 ),... D z ( 1,1 ), D z ( 2,2 ), D z ( 3,3 ),... Ω( 1,1 ),Ω( 2 ,2 ),Ω( 3,3 ),... A noção de seqüência de estados num SADE é importante na medida em que a história dos estados pode ser mantida e utilizada em análises futuras, como no caso do problema de cheias em bacias hidrográfica. 4.4.2.1 Pontos de estado durante desempenhos ∆ Desempenho ∆ é a propriedade de um elemento de SC (estrutura STEP) de se comportar mediante insumos Γ e restrito por limites Λ. Num SADE esta propriedade é expressa pela execução do elemento Cw e corresponde ao conceito de processamento de modelos da área SAD. Os pontos de estado são identificados na estrutura de execução do elemento S, T, E ou P. Por convenção, está-se limitando neste texto a explorar o conceito de ponto de estado até o nível de Procedimento. Em termos conceituais esta barreira na verdade não existe, podendo se estender até as Unidades Procedurais. A Figura 65 ilustra as categorias de execuções de uma tarefa genérica j executada em n etapas. Os pontos de estado representam momentos em que a execução pode ser suspensa temporariamente, a fim de que o usuário possa acessar os diferentes estados dos elementos de todo o sistema, incluindo os elementos Dz do banco de dados espacial e os relacionamentos Ω. Grupos de estados primários α e finais β podem ser armazenados para pesquisas futuras, ou seja, registram a história dos estados do SADE para um mesmo evento de simulação. 179 Tarefa j Série Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 entrada (Γ) Etapa n saída (Ρ) Tarefa j Paralela ... Simultânea Tarefa j Etapa 1 Etapa 2 Etapa n ponto de estado solução parcial categoria primário (αΣ) final (β Σ) solução Figura 65 - Pontos de estado nas execuções em série, paralela e simultânea. Conforme a Figura 65 a tarefa j possui os pontos de estado primário e final nas três categorias de execuções. Na execuções em série e paralelo as informações sobre os estados de um componente da estrutura STEP são explícitos ao componente do nível mais alto, o que não acontece na execução simultânea, devido à natureza do problema ou interesse do usuário. Proposição 55. Considerando que a estrutura STEP define níveis de informação e controle dos seus componentes, os valores específicos de um estado Σ(Cw) estão vinculados ao nível considerado. No exemplo da Figura 65 há os pontos de estado no nível de tarefa, em que se identifica um par entrada-saída, e os pontos de estado nos níveis de etapas. No par a nível de tarefa encontram-se estados sobre a tarefa Tj propriamente dita e sobre as etapas que a compõem. Num par a nível de etapa os valores de estado referem-se à esta etapa e aos procedimentos que a compõem. 180 4.4.2.2 Identificação formal de estados 4.4.2.2.1 Estados dos elementos da estrutura STEP Proposição 56. Seja o procedimento l pertencente à etapa k da tarefa j executada pelo simulador i do banco de modelos BM e seus respectivos identificadores Pi,j,kl, Ei,jk, Tij, Si, então os conjuntos αΣ(Cw) de seu estado primário (α) e βΣ(Cw) de seu estado final (β) definidos nos eventos 1, 2, 3, ... podem ser expressos por: α Σ( S i ) = { α Σ( S i )1 ,α Σ( S i ) 2 ,α Σ( S i ) 3 ,... } ( 87 ) β Σ( S i ) = { β Σ( S i ) 1 , β Σ( S i ) 2 , β Σ( S i ) 3 ,... } ( 88 ) α Σ(T ji ) = { α Σ(T ji ) 1 ,α Σ(T ji ) 2 ,α Σ(T ji ) 3 ,... } ( 89 ) β Σ(T ji ) = { β Σ(T ji ) 1 , β Σ(T ji ) 2 , β Σ(T ji ) 3 ,... } ( 90 ) α Σ( E ki , j ) = { } ( 91 ) β Σ( E ki , j ) = { } ( 92 ) α Σ( Pl i , j ,k ) = { α Σ( Pl i , j , k )1 ,α Σ( Pl i , j , k ) 2 ,α Σ( Pl i , j ,k ) 3 ,... β Σ( Pl i , j , k ) = { β Σ( Pl i , j , k )1 , β Σ( Pl i , j , k ) 2 , β Σ( Pl i , j , k ) 3 ,... Σ( E ki , j ) 1 ,α Σ( E ki , j ) 2 ,α Σ( E ki , j ) 3 ,... α β Σ( E ki , j )1 , β Σ( E ki , j ) 2 , β Σ( E ki , j ) 3 ,... } ( 93 ) } ( 94 ) Por exemplo, o estado αΣ(P2,4,61)3 refere-se ao estado primário do procedimento 1, pertencente à etapa 6, da tarefa 4, esta executada pelo simulador 2 do banco de modelos, no evento de simulação 3. O identificador βΣ(P2,4,61)3 refere-se aos mesmos elementos porém se trata do seu estado final. 4.4.2.2.2 Estados dos elementos geométricos e topológicos do BDE Proposição 57. Sejam as seguintes primitivas geométricas de um BDE que representam um sistema morfológico SM: i-ésimo ponto pt pertencente ao l-ésimo conjunto de pontos Pt, j-ésima linha l pertencente ao m-ésimo conjunto de linhas L, k-ésimo polígno 181 pg pertencente ao n-ésimo conjunto de polígonos Pg, respectivamente identificados como ptli, lmj, pgnk, então os conjuntos αΣ(Dz) de seu estado primário (α) e βΣ(Dz) de seu estado final (β) definidos nos eventos 1, 2, 3, ... podem ser expressos por: α β α Σ( pt il ) = { α Σ( pt il )1 ,α Σ( pt il ) 2 ,α Σ( pt il ) 3 ,... } ( 95 ) β Σ( pt il ) = { β Σ( pt il )1 , β Σ( pt il ) 2 , β Σ( pt il ) 3 ,... } ( 96 ) } ( 97 ) } ( 98 ) α Σ(l mj ) = { α Σ(l mj )1 ,α Σ(l mj ) 2 ,α Σ(l mj ) 3 ,... β Σ(l mj ) = { β Σ(l mj ) 1 , β Σ(l mj ) 2 , β Σ(l mj ) 3 ,... { Σ( pg kn ) = Σ( pg kn ) = } α { Σ( pg kn ) 1 ,α Σ( pg kn ) 2 ,α Σ( pg kn ) 3 ,... ( 99 ) } ( 100 ) Σ( pg kn )1 , β Σ( pg kn ) 2 , β Σ( pg kn ) 3 ,... β Proposição 58. Sejam as seguintes primitivas topológicas de um BDE que representam a topologia espacial de um sistema morfológico SM: i-ésimo nó n pertencente ao l-ésimo conjunto de nós N, j-ésima ligação lg pertencente ao m-ésimo conjunto de ligações Lg, k-ésima célula c pertencente ao n-ésimo conjunto de células C, respectivamente identificados como nli, lgmj, cnk, então os conjuntos αΣ(Dz) de seu estado primário (α) e βΣ(Dz) de seu estado final (β ) definidos nos eventos 1, 2, 3, ... podem ser expressos por: α { α Σ(nil )1 ,α Σ(nil ) 2 ,α Σ(nil ) 3 ,... { β Σ(nil ) 1 , β Σ(nil ) 2 , β Σ(nil ) 3 ,... Σ(nil ) = } . } β Σ(nil ) = α Σ(lg mj ) = { α Σ(lg mj ) 1 ,α Σ(lg mj ) 2 , α Σ(lg mj ) 3 ,... β Σ(lg mj ) = { β Σ(lg mj )1 , β Σ(lg mj ) 2 , β Σ(lg mj ) 3 ,... α Σ(c kn ) = β Σ(c kn ) = { α Σ(c kn )1 ,α Σ(c kn ) 2 ,α Σ(c kn ) 3 ,... { β Σ(c kn ) 1 , β Σ(c kn ) 2 , β Σ(c kn ) 3 ,... ( 101 ) ( 102 ) } ( 103 ) } ( 104 ) } ( 105 ) } ( 106 ) 182 5 MODELO DE IMPLEMENTAÇÃO Neste capítulo será apresentado um modelo de dados orientado a objetos que pode ser utilizado como referencial para implementação do modelo STEP. A gramática da orientação a objetos foi escolhida porque pode ser utilizada tanto no nível conceitual como tecnológico. A função principal desta linguagem é traduzir o modelo STEP, expresso numa linguagem formal, para um modelo mais próximo da implementação. O modelo que se apresenta a seguir não é completo, ou seja, não especifica todos os dados, métodos e classes necessários à efetiva programação do sistema. Trata-se de um modelo de dados parcial que visa mostrar como que as proposições do modelo STEP podem ser implementadas a nível de classes de objetos. 5.1 Mapeamento entre conceitos O modelo ontológico de Wand e a Teoria de Sistemas foram apresentados neste trabalho como materiais utilizados para o desenvolvimento do modelo STEP. O modelo STEP define e expressa conceitos básicos necessários para a integração das visões dos especialistas das áreas de Informação Geográfica, Apoio à Decisão e área de aplicação. Esta abordagem atendeu à necessidade identificada por abordagens de alto nível conceitual, que procurassem se desligar das limitações tecnológicas, que vêm restringindo as capacidades dos atuais Sistemas de Apoio à Decisão Espacial. O modelo que se apresenta a seguir está inserido na etapa de Análise para o desenvolvimento de sistemas na Engenharia de Software. Um dos principais produtos desta fase é o documento que expressa um modelo conceitual do mundo real. Na Tabela 12 são apresentadas as correspondências entre os diferentes modelos que norteiam este 183 trabalho. Seu objetivo é realizar um mapeamento entre conceitos que procuram capturar de forma particular a complexidade do mundo real. Tabela 12 - Mapeamento entre estruturas conceituais utilizadas na pesquisa. STEP Elemento de um SC Orientação a Objetos Classe ou objeto Ontologia de Wand Coisa Teoria de Sistemas Elemento simples subclasse ou objeto simples subsistema composto subclasse ou objeto composta sistema Propriedades estrutura hierarquia de classes modelo de coisas sistema modelo de classes ou de objetos insumo dado, argumento de mensagem estado inicial de uma coisa entrada limite dado, atributo/função leis de transição regulador desempenho método ou operação comportamento comportamento produto dado, argumento de resposta estado final de uma coisa saída mensagem, relacionamento evento externo mútuo interação Interação encapsulação caixa-preta herança herança Estado estado estado estado Associação relacionamento interação conexão Cada modelo tem sua utilidade de acordo com a formação especialista e necessidade do modelador. Por exemplo, nesta pesquisa a visão sistêmica proporcionada pela Teoria de Sistemas se mostrou útil para a hierarquização do modelo STEP, na medida em que os processos geográficos passaram a ser vistos numa estrutura procedural. O modelo de Wand facilitou a definição das propriedades tanto dos elementos do Banco de Modelos como do Banco de Dados Espacial. Além disso, foram úteis os conceitos de coisa, comportamento, evento e estado. Já o próprio modelo STEP visa atender visões conceituais de alto nível. Por isso, pode ser útil tanto para iniciantes tomarem contato com fundamentos conceituais, como para desenvolvedores de sistemas e especialistas 184 na área de aplicação, como meio de prover arcabouço conceitual para ambos. A principal função do modelo orientado a objetos neste trabalho é mostrar que os conceitos do modelo STEP podem ser aplicados. Mas ainda pode ser útil para desenvolvedores que queiram migrar de conceitos de alto nível para a efetiva implementação. Outro ponto forte deste modelo está no poder expressivo do diagrama de classes, na medida em que provê uma visão gráfica contextualizada e sintética dos elementos essenciais da teoria. 5.2 Diagrama de classes Um dos problemas na construção de modelos orientados a objetos é definir quais elementos do mundo real serão representados por objetos e classes de objetos. Wand (1996) vê um objeto como uma representação de uma coisa e usa o modelo ontológico para propor características orientadas a objetos. Pela sua proposta atributos, classes e eventos não são objetos porque um objeto seria o resultado da combinação de existência com visão. A existência é designada por uma identificação única do objeto e a visão é definida em termos de um conjunto de funções de atributos. O conceito de composição passa a ter destaque, de modo que um objeto composto deve ter propriedades emergentes, ou seja, propriedades não pertencentes a nenhum de seus componentes. O conceito de mensagem é visto não como um elemento fundamental para a modelagem, mas sim como uma metáfora a nível de implementação. Com base nestas observações o autor apresenta algumas regras para identificar objetos dentre um conjunto de objetos candidatos: a) Definir as interações entre o sistema e seu ambiente. A escolha de um conjunto de interações define o escopo do modelo. 185 b) Os objetos candidatos são aqueles que representam coisas que se tornam ativas devido às interações entre o sistema e seu ambiente. c) As propriedades relevantes de um objeto são aquelas que efetivamente participam das interações. d) O estado do sistema provém do estado dos objetos. e) Objetos agregados devem somente ser incluídos se estes possuírem propriedades emergentes. A Figura 66 apresenta o diagrama das classes definidas para a modelagem STEP. CGrade_ Regular CGrade_ Irregular 0..* CSimulador 0..* 0..* 0..* 0..* 0..* CPolígono CSubdivisão_ Planar 0..* 0..* 1..* CTIN CTarefa 0..* 0..* 0..* CCélula 1..* CEtapa 3...* 0..* 0..* 0..* 0..* 0..* CIsolinha CLinha 0..* 0..* 0..* 1..* CLigação CProcedimento 0..* 0..* 0..* 2...* 0..* 0..* 1..* CPonto CAmostra_Pontual 0..* 0..* 0..* CNó CUnidade_Procedural 0..* 0..* 0..* Figura 66 - Diagrama de classes do modelo STEP (nomenclatura UML). 186 5.3 Classes, atributos e operações As classes representadas no diagrama da Figura 66 foram definidas conforme os conjuntos do modelo STEP. Uma classe reúne um conjunto de objetos que compartilham uma estrutura comum e comportamentos semelhantes. Cada objeto individual representa uma instância de uma classe. A classe CSimulador é a classe que agrupa modelos formais de simulação de sistemas geográficos particulares. A classe CTarefa representa o conjunto de tarefas definidas para um simulador. A classe CEtapa modela as etapas definidas para uma tarefa, e assim por diante. CSimulador dados id_simulador: ... tarefas: lista [CTarefa] ordem_de_execução: lista [CTarefa] insumos: lista, descrição [CSimulador, CTarefa] limites: lista, descrição [CSimulador, CTarefa] produtos: lista, descrição [CSimulador, CTarefa] comportamentos: descrição [CSimulador, CTarefa] estado_passado: id_evento, inicial, final [CSimulador, CTarefa] estado_presente: id_evento, inicial, final [CSimulador, CTarefa] estado_futuro: id_evento, inicial, final [CSimulador, CTarefa] feições geográficas: lista, estado [CPonto, CLinha, CPolígono] ... métodos obter_insumo (CSimulador, CTarefa) obter_limite (CSimulador, CTarefa) obter_produto (CSimulador, CTarefa) obter_comportamento (CSimulador, CTarefa) ligar (CSimulador, CTarefa) obter_estado (insumo, limite, produto) armazenar (estado) analisar_consistência (estado) analisar_integridade (estado) analisar_inteireza (estado) ligar_com (CPonto, CLinha, CPolígono, CTopologia) obter_estado (feição geográfica) analisar_consistência (feição geográfica) ... CTarefa 187 dados id_tarefa: ... simuladores: lista [CSimulador] compartilhamento: lista [CSimulador] etapas: lista [CEtapa] ordem_de_execução: lista [CEtapa] insumos: lista, descrição [CTarefa, CEtapa] limites: lista, descrição [CTarefa, CEtapa] produtos: lista, descrição [CTarefa, CEtapa] comportamentos: descrição [CTarefa, CEtapa] estado_passado: id_evento, inicial, final [CTarefa, CEtapa] estado_presente: id_evento, inicial, final [CTarefa, CEtapa] estado_futuro: id_evento, inicial, final [CTarefa, CEtapa] feições geográficas: lista, estado [CPonto, CLinha, CPolígono] ... métodos obter_insumo (CTarefa, CEtapa) obter_limite (CTarefa, CEtapa) obter_produto (CTarefa, CEtapa) obter_comportamento (CTarefa, CEtapa) ligar (CEtapa, CTarefa, CSimulador) obter_estado (insumo, limite, produto) armazenar (estado) analisar_consistência (estado) analisar_integridade (estado) analisar_inteireza (estado) ligar_com (CPonto, CLinha, CPolígono, CTopologia) obter_estado (feição geográfica) analisar_consistência (feição geográfica) ... CEtapa dados id_etapa: ... tarefas: lista [CTarefa] compartilhamento: lista [CTarefa] procedimentos: lista [CProcedimento] ordem_de_execução: lista [CProcedimento] insumos: lista, descrição [CEtapa, CProcedimento] limites: lista, descrição [CEtapa, CProcedimento] produtos: lista, descrição [CEtapa, CProcedimento] comportamentos: descrição [CEtapa, CProcedimento] estado_passado: id_evento, inicial, final [CEtapa, CProcedimento] estado_presente: id_evento, inicial, final [CEtapa, CProcedimento] estado_futuro: id_evento, inicial, final [CEtapa, CProcedimento] feições geográficas: lista, estado [CPonto, CLinha, CPolígono] ... 188 métodos obter_insumo (CEtapa, CProcedimento) obter_limite (CEtapa, CProcedimento) obter_produto (CEtapa, CProcedimento) obter_comportamento (CEtapa, CProcedimento) ligar (CProcedimento, CEtapa, CTarefa) obter_estado (insumo, limite, produto) armazenar (estado) analisar_consistência (estado) analisar_integridade (estado) analisar_inteireza (estado) ligar_com (CPonto, CLinha, CPolígono, CTopologia) obter_estado (feição geográfica) analisar_consistência (feição geográfica) CProcedimento dados id_procedimento: ... etapas: lista [CEtapa] compartilhamento: lista [CEtapa] unidade_procedural: lista [CUnidadeProcedural] ordem_de_execução: lista [CUnidadeProcedural] insumos: lista, descrição [CProcedimento, CUnidadeProcedural] limites: lista, descrição [CProcedimento, CUnidadeProcedural] produtos: lista, descrição [CProcedimento, CUnidadeProcedural] comportamentos: descrição [CProcedimento, CUnidadeProcedural] estado_passado: id_evento, inicial, final [CProcedimento, CUnidadeProcedural] estado_presente: id_evento, inicial, final [CProcedimento, CUnidadeProcedural] estado_futuro: id_evento, inicial, final [CProcedimento, CUnidadeProcedural] feições geográficas: lista, estado [CPonto, CLinha, CPolígono] métodos ... obter_insumo (CProcedimento, CUnidadeProcedural) obter_limite (CProcedimento, CUnidadeProcedural) obter_produto (CProcedimento, CUnidadeProcedural) obter_comportamento (CProcedimento, CUnidadeProcedural) ligar (CUnidadeProcedural, CProcedimento, CEtapa) obter_estado (insumo, limite, produto) armazenar (estado) analisar_consistência (estado) analisar_integridade (estado) analisar_inteireza (estado) ligar_com (CPonto, CLinha, CPolígono, CTopologia) obter_estado (feição geográfica) analisar_consistência (feição geográfica) analisar_integridade (feição geográfica) analisar_inteireza (feição geográfica) selecionar_o_melhor (CUnidadeProcedural) 189 simular (CUnidadeProcedural) ... CUnidade_Procedural dados id_unidade_procedural: ... procedimentos: lista [CProcedimento] compartilhamento: lista [CProcedimento] insumos: lista, descrição [CUnidadeProcedural] limites: lista, descrição [CUnidadeProcedural] produtos: lista, descrição [CUnidadeProcedural] comportamentos: descrição [CUnidadeProcedural] estado_passado: id_evento, inicial, final [CUnidadeProcedural] estado_presente: id_evento, inicial, final [CUnidadeProcedural] estado_futuro: id_evento, inicial, final [CUnidadeProcedural] feições geográficas: lista, estado [CPonto, CLinha, CPolígono] métodos ... obter_insumo (CUnidadeProcedural) obter_limite (CUnidadeProcedural) obter_produto (CUnidadeProcedural) obter_comportamento (CUnidadeProcedural) ligar (CUnidadeProcedural, CProcedimento) obter_estado (insumo, limite, produto) armazenar (estado) analisar_consistência (estado) analisar_integridade (estado) analisar_inteireza (estado) ligar_com (CPonto, CLinha, CPolígono) obter_estado (feição geográfica) analisar_consistência (feição geográfica) analisar_integridade (feição geográfica) analisar_inteireza (feição geográfica) simular (CUnidadeProcedural) ... 5.4 Associação Associações são utilizadas para expressar dependências estruturais entre os obje- tos, geralmente de classes diferentes. No diagrama da Figura 66 há associações do tipo vários-para-vários entre as classes do banco de modelos e as classes do banco de dados 190 espacial. Isto significa que há algum tipo de conecção entre os objetos destas classes. Por exemplo, algum objeto da classe CSimulador se conecta com um número de objetos da classe CPonto, CLinha ou mesmo CPolígono. O método ligar_com ( ) é o responsável pelo estabelecimento desta conexão. O adorno "0...*" indica o número de objetos que participam do relacionamento. Neste exemplo, ele indica que um objeto da classe CSimulador pode estar associado a "zero-a-vários" objetos espaciais. Isto permite a que no banco de modelos existam modelos científicos tradicionais, que não utilizam referência espacial. Na UML as associações são, a princípio, bidirecionais. Isto quer dizer que uma instância de uma classe pode "navegar" pelas instâncias da outra classe, e vice-versa. Classe 1 associação Classe 2 Figura 67 - Associação bi-direcional entre duas classes. 5.5 Agregação Uma agregação é um tipo especial de associação usada para mostrar que um ob- jeto é composto, no mínimo em parte, por um outro objeto. Uma agregação indica que o tempo de vida das partes depende do tempo de vida do todo. Em conseqüência tem-se que os objetos-parte não podem ser criados sem que o seu correspondente objeto-todo esteja criado. Similarmente, objetos-parte não podem ser destruídos por outros objetos que não seja o correspondente objeto-todo. 191 Todo Parte Figura 68 - Associação de agregação. As agregações ocorrem entre as classes do banco de modelos em acordo com a abordagem de conjuntos desenvolvida no capítulo anterior. As três classes fundamentais de um banco de dados espacial são as classes que capturam a percepção discreta de um sistema morfológico (SM): CPonto, CLinha, CPo- lígono. Uma instância da classe CPolígono é uma agregação de três ou mais instâncias da classe CLinha resultantes da agregação de duas ou mais instâncias da classe CPonto. 5.6 Herança Relacionamento de herança é utilizado quando uma classe compartilha estrutura e comportamento definidos em outra classe. Relacionamentos de herança estão presentes entre as classes que capturam a percepção discreta e as que capturam a percepção contínua de um SM (Figura 66). Instâncias das classes CGrade_Regular, CGra- de_Irregular, CSubdivisão_Planar, CTIN, CCélula, são especializações de instâncias da classe CPolígono. As instâncias destas classes poderão herdar propriedades intrínsecas de Conformação, Posição e Atributo, da classe CPolígono, e ainda possuir propriedades intrínsecas próprias. Um objeto topológico célula da classe CCélula pode herdar a geometria e posição de um objeto polígono e ter atributos intrínsecos de vizinhança com outras células. Um objeto da classe CSubdivisão_Planar pode ter atributos intrínsecos 192 como tipo de solo, índice de precipitação média, etc. Especializações das classes CLi- nha e CPonto podem ser analisadas desta mesma forma. 193 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 6.1 Conclusões 6.1.1 Sobre o paradigma dos sistemas de alerta 1. O paradigma dos sistemas de alerta a inundações baseados no modelo de Krzysztofowicz e Davis os limita ao monitoramento de eventos e ao aviso à comunidade quando um evento está para ocorrer. 2. O compromisso destes sistemas com a comunidade se encerra com a emissão do aviso. 3. Há necessidade de se ampliar esta abordagem, no sentido de atacar o problema das inundações como parte de um sistema complexo. 6.1.2 Sobre o gerenciamento de desastres naturais 1. O conceito de gerenciamento de desastres naturais (GDN) se apresenta como uma abordagem mais ampla que a anterior, de forma que suas etapas podem ser efetivamente utilizadas como domínios referenciais para a busca de soluções aos problemas de inundações. 2. O GDN permite que se amplie o escopo dos sistemas de alerta no sentido de fornecer alternativas de ações aos agentes da comunidade. 3. O GDN pressupõe ações de prevenção e correção a médio e longo prazos sobre subsistemas complexos relativos a problemas de inundações. 194 4. As fases do GDN constituem domínios onde há diversas situações de problemas que demandam soluções. 5. O conceito de Processo de Tomada de Decisão é potencialmente útil para a solução de situações de problemas do GDN. 6. Solução efetiva de problema do domínio do GDN exige abordagem espacial e tecnologias apropriadas. 6.1.3 Sobre problemas espaciais e processos de tomada de decisão 1. Durante um PTD deve-se ter em mente que as causas e conseqüências das inundações possuem forte componente espacial. 2. A componente espacial dos problemas de cheias faz emergirem problemas espaciais. 3. PTD sobre problemas de natureza espacial freqüentemente envolvem muitas informações, objetivos conflitantes, muitas variáveis e parâmetros de análise, carência de alternativas ótimas e busca por soluções satisfatórias. 4. Problemas espaciais, como os do domínio do GDN, se caracterizam como problemas semi-estruturados e, como tal, necessitam da participação humana e computacional para que sejam resolvidos com eficácia. 6.1.4 Sobre as tecnologias de suporte à decisão 1. Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) são tecnologias comumente empregadas nas atividades estruturáveis de um PTD. 2. Sistemas de Informação Geográfica (SIG) são tecnologias aptas a lidar com dados espaciais. 195 3. A componente espacial dos problemas do GDN limita a tecnologia SAD ao passo que a tecnologia SIG é limitada por não proporcionar adequado suporte a atividades de explanação, predição, prescrição e seleção, necessárias à solução efetiva de problemas espaciais do GDN. 4. Sistema de Apoio à Decisão Espacial (SADE) é o conceito que melhor se ajusta às necessidades de tomada de decisão espacial sobre problemas do GDN porque seu domínio abrange os domínios dos conceitos anteriores. 5. Tecnologias SADE ainda não atingiram maturidade e demandam muitos estudos e pesquisas a fim de se obter sistemas efetivos. 6. O Banco de Modelos e, especialmente, as funcionalidades do seu Gerenciador são os principais entraves à obtenção de sistemas efetivos. 6.1.5 Sobre o desenvolvimento de SADE efetivo 1. SADE Efetivo ainda é tecnologia não existente. 2. A estratégia provavelmente mais flexível e capaz de prover SADE Efetivo é a de integração plena de seus componentes: dado, modelo científico e usuário. 3. A integração plena destes componentes deve ser pensada acima das questões meramente tecnológicas que nortearam os desenvolvedores de SADE nos últimos dez anos. 4. Os elementos a serem plenamente integrados devem ser previamente entendidos, definidos e relacionados, independente de domínio de aplicação, tanto quanto possível. 196 6.1.6 Sobre as ferramentas de trabalho 1. A Teoria de Sistemas, Ontologia e Teoria de Conjuntos podem ser utilizadas como ferramentas de trabalho. 2. A classificação de sistemas de Chorley e Kennedy deu embasamento científico para o tratamento separado dos elementos de compõem o meio físico, onde as inundações ocorrem, dos processos de transferência de material e energia. 3. A Teoria de Sistemas, modelo ontológico de Wand e relações formais da Teoria de Conjuntos se mostraram úteis, do ponto de vista científico, e eficientes, do ponto de vista prático. 6.1.7 Sobre o uso da teoria de sistemas 1. Proporcionou uma visão sistêmica dos problemas independente de domínio de aplicação. 2. Permitiu que se pensasse acima das limitações tecnológicas. 3. A visão por elementos ou componentes possibilitou uma estruturação relativamente rápida dos componentes de um SADE sem que se tivesse grandes conhecimentos em modelagem de dados. 4. Permitiu que se trabalhasse separadamente a definição de componentes dos sistemas, suas associações e seus estados. 5. Permitiu que a transição entre os níveis de abstração fosse feita de forma natural. 6.1.8 Sobre o uso do modelo ontológico de Wand 1. Permitiu uma associação bem definida entre elementos de sistemas e coisas. 197 2. Complementou o enfoque sistêmico através dos conceitos de coisa, propriedade, atributo, evento e estado. 3. Manteve-se nos mesmos níveis de abstração do enfoque sistêmico. 4. Mostrou flexibilidade para circular entre os níveis de abstração e ser utilizado quando necessário. 6.1.9 Sobre o uso da teoria de conjuntos 1. Forneceu semântica precisa para expressar o modelo. 2. Forneceu gramática de poder científico, semântico e entendimento universal necessários em trabalhos de pesquisa desta natureza. 3. Sua gramática evitou o uso de jargões técnicos que permeiam áreas afins a área SADE, como SIG e modelagem científica. 4. Manteve-se estável no nível conceitual e pode ser facilmente estendida para o nível tecnológico. 5. Permitiu identificar inconsistências e incongruências. 6. Permitiu independência de domínio de aplicação, de tempo e de espaço (escala). 7. Forneceu dispositivos formais suficientes para a modelagem. 6.1.10 Sobre o modelo formal proposto 1. Incorpora os atributos da Teoria de Conjuntos de modo que pode sofrer análises de acordo com seus postulados, axiomas, teoremas, entre outros. 2. É orientado para prover sistemas efetivos. 3. Vem de encontro à carência de delineamentos teóricos sobre o assunto. 4. Ajuda iniciantes a se familiarizarem e entenderem conceitos essenciais. 198 5. A formalização dos componentes do BM e do BDE, bem como de suas propriedades, facilitou a formalização das associações e dos estados, respectivamente; 6. Independe de domínio de aplicação. 6.2 Recomendações Devem ser testadas as seguintes hipóteses: 1. O modelo apresentado conduz a SADE Efetivo. 2. O modelo é de uso genérico, independente de domínio. 3. O modelo é suficiente para apoiar quaisquer decisões espaciais. 4. O modelo é apto a apoiar todas as fases do GDN. 5. O modelo está apto a capturar todas as variáveis de decisão. 6. O modelo atua com eficiência e eficácia nas atividades de análise, síntese, explanação, prescrição e predição. 7. O modelo permite ao usuário explorar a teoria. 8. O modelo possibilita ambiente iterativo e interativo que permitem ao usuário aprender sobre o espaço-problema. 9. O modelo se ajusta à estruturação de problema. 199 ANEXO 1 - FASES DO GERENCIAMENTO DE DESASTRES NATURAIS 200 Ambiente Sistêmico do Decisor Monitoramento e Previsão Objetivo: Detecção e alerta. PREPARAÇÃO Estabelecer objetivos, planejar estratégias para atingir objetivos, alocar recursos. Objetivo: melhorar a capacidade de resposta operacional a uma emergência (Evento não Iminente) RESPOSTA Coordenar a aquisição, aplicação e uso dos recursos existentes (humanos, financeiros, materiais, tempo) Objetivo: reduzir perdas materiais e humanas (Iminência e Ocorrência) RESTABELECIMENTO Objetivo: retorno dos sistemas aos níveis anteriores à ocorrência do evento MITIGAÇÃO Objetivos: reduzir ou eliminar a vulnerabilidade ao perigo de longo prazo, prevenir futuros desastres e propiciar comunidades mais seguras (Pós-Ocorrência) (Evento não Iminente) estudos hidrológicos/hidráulicos alocação de equipes e materiais de trabalho de campo para recuperar even- análise dos benefícios de projetos alternativos (configuração da rede, tuais danos materiais modelos, metodologias) gerenciar recursos priorização de projetos alternativos ou modificações análise de modificações em componentes internos dos sistemas determinação e escolha de fluxos simulação de perdas determinar atributos técnicos de análise dos benefícios de projetos adaptação dos sistemas alternativos alocação de equipes e materiais de planejamento e análise de fluxos trabalho de campo alternativos análise de modificações em componentes internos dos sistemas priorização de fluxos ou modificações análises custo/benefício sobre medidas estruturais de mitigação planejamento de políticas de contro priorização de medidas de minimile do uso do solo, controle de construzação de danos e restabelecimento do ções, educação e legislação. sistema viário (desobstrução, limpeza, simulação de crescimento urbano e pavimentação) análise de efeitos alocação de equipes e materiais de análises custo/benefício sobre trabalho de campo medidas estruturais de mitigação alocação de equipes e materiais de trabalho de campo projetar sistemas de alerta simulação de prejuízos no sistema de monitoramento e alerta e planejamento de estratégias de ação planejar comunicação com sistemas externos durante um evento Serviços de Rede (energia, água potável, reservatório, comunicação, transporte) Objetivo: Minimização de impacto, Restabelecimento, Combate estrutural. projetar sistemas de rede planejamento e análise de fluxos alternativos análise de possíveis danos nos sistemas e planejamento de medidas emergenciais planos de emergência gerais e localizados nas áreas de risco Poderes políticos e organização da socie análise de possíveis danos nas áreas dade de risco e planejamento de medidas (associações, prefeituras/secretarias) emergenciais Objetivo: Minimização, Restabelecimento, Combate estrutural. Defesa social (defesa civil, bombeiros, polícias) escolha de locais para obras de contenção emergenciais seleção de espaços para abrigo de vítimas alocação de equipes e materiais de trabalho de campo evacuação de habitantes planos de emergência planos de emergência localizados Atendimento social (hospitais, postos de saúde, abrigos) Decisor individual (habitante de área inundada, gerente de estabelecimento comercial ou industrial) prever/detectar possibilidade de inundações prever local, magnitude e hora de início do evento determinar os recebedores e emitir relatórios de aviso (fornecer possíveis cursos de ação para otimizar tempo disponível) avaliação de necessidades emergenciais imediatas avaliação e mobilização de recursos disponíveis determinação e escolha de fluxos determinar atributos técnicos de adaptação dos sistemas alocação de equipes e materiais de trabalho de campo planos de emergência localizados atividades passíveis de ser assistidas por SADE alocação de equipes e materiais de trabalho de campo evacuação alocação de equipes e materiais de trabalho disponibilização de espaços para abrigo de vítimas evacuação 201 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, A. 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