selênio dietético e sua relação com parâmetros de adiposidade em

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selênio dietético e sua relação com parâmetros de adiposidade em
Área:
CV ( X )
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA
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SELÊNIO DIETÉTICO E SUA RELAÇÃO COM PARÂMETROS DE ADIPOSIDADE
EM MULHERES OBESAS
Taynáh Emannuelle Coelho de Freitas (bolsista do ICV/UFPI), Dilina do Nascimento
Marreiro (Orientador, Depto de Nutrição – UFPI)
INTRODUÇÃO
A alimentação é fundamental para a promoção da saúde, sendo necessária a ingestão de
uma dieta adequada e nutricionalmente equilibrada, possibilitando o fornecimento de nutrientes e
energia para o bom funcionamento do organismo. O consumo elevado de alimentos densamente
calóricos, associado ao estilo de vida sedentário, são fatores envolvidos no aumento do risco de
desenvolvimento de diversas doenças crônicas não transmissíveis como, por exemplo, a obesidade
(MACIEL et al., 2012; CUERVO et al., 2014).
A obesidade é uma doença crônica de prevalência elevada que, nos últimos anos, tem se
tornado uma epidemia global, estando relacionada a diversas comorbidades, como diabetes,
aterosclerose, dislipidemia, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares (DUNTAS; BIONDI, 2013;
HEREDIA; GÓMEZ-MARTÍNEZ; MARCOS, 2012). Dessa forma, estudos atuais têm mostrado
inadequação na ingestão de diversos nutrientes pela população obesa, a exemplo do selênio, que
participa de várias funções celulares importantes como a remoção de peróxidos, redução de
proteínas ou lipídios oxidados, regulação da sinalização redox, e metabolismo da insulina
(LABUNSKYY; HATFIELD; GLADYSHEV, 2014; COMINETTI et al., 2011).
Diversos fatores podem contribuir para a deficiência de selênio em indivíduos obesos, a
exemplo das alterações metabólicas características da doença, como aumento do estresse oxidativo,
bem como a ingestão dietética reduzida do mineral devido, principalmente, ao baixo consumo de
alimentos fontes de selênio, muitos dos quais não fazem parte do hábito alimentar dos indivíduos
obesos (DAMMS-MACHADO; WESER; BISCHOFF, 2012; SAVINI et al., 2013).
METODOLOGIA
Estudo caso-controle envolvendo 25 mulheres obesas pré-menopausadas, na faixa etária
entre 20 e 50 anos de idade, atendidas em um centro de saúde da rede municipal, Teresina/PI. O
grupo controle foi constituído por 26 mulheres eutróficas com características semelhantes ao grupo
caso em relação à idade e situação socioeconômica. As participantes assinaram um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e descritivo do estudo a ser realizado.
Para a avaliação antropométrica, foi aferido o peso corporal, utilizando uma balança digital
Filizola®; estatura, mensurada com antropômetro marca Seca®; e circunferência da cintura (CC) das
participantes, utilizando uma fita métrica marca Seca®, conforme metodologia descrita pelo Ministério
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da Saúde. A partir dos dados do peso e estatura, foi calculado o índice de massa corpórea (IMC) das
participantes.
Para a avaliação do consumo alimentar, foi utilizado um inquérito alimentar realizado de
acordo com a técnica de registro alimentar de 3 dias, compreendendo dois dias alternados durante a
semana e um dia no final de semana. A quantidade de energia, macronutrientes e selênio foram
calculados pelo programa “Nutwin”, versão 1.5 do Departamento de Informática em Saúde da
Universidade Federal de São Paulo. O percentual médio de adequação de macronutrientes e selênio
foi calculado com base nas Dietary Reference Intakes (INSTITUTE OF MEDICINE, 2006).
Os dados foram analisados utilizando-se o programa SPSS (for Windows® versão 15.0). A
fim de identificar a existência de associações entre as variáveis analisadas, utilizou-se o teste quiquadrado (χ2). Para o estudo de correlações, o coeficiente de correlação linear de Pearson foi
utilizado para os dados com distribuição normal, e o coeficiente de correlação de Spearman para
aqueles com distribuição não paramétrica. A diferença foi considerada estatisticamente significativa
quando o valor de p<0,05, adotando-se um intervalo de confiança de 95%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise da idade e dos parâmetros antropométricos utilizados na avaliação do estado
nutricional das pacientes obesas e grupo controle mostrou que houve diferença estatística para os
parâmetros peso, índice de massa corpórea e circunferência da cintura entre os grupos (p<0,05).
Observou-se que a média de idade das pacientes obesas foi de 39,04 anos e que os
valores de IMC (35,09 ± 2,64 para o grupo caso) classificam as participantes como obesas de classe
II. Além disso, destaca-se o elevado valor de circunferência da cintura observado nas pacientes
(101,34 ± 7,32), sendo este relacionado ao desenvolvimento de complicações metabólicas
associadas à obesidade (ABESO, 2009).
A análise do consumo alimentar mostrou que não houve diferença estatística significativa
entre os grupos em relação à energia e macronutrientes (p<0,05). Sobre o percentual de contribuição
dos macronutrientes para a composição do valor energético total, os resultados revelaram consumo
habitual de carboidratos, proteínas e lipídios dentro da faixa recomendada pelas DRIs (INSTITUTE
OF MEDICINE, 2005), em ambos os grupos, não sendo observado consumo superior à
recomendação.
A ingestão dietética de selênio das pacientes obesas e grupo controle foi de 22,13 ± 7,49 e
29,00 ± 10,80 µg Se/dia, respectivamente. Verificou-se que houve diferença estatística significativa
entre os grupos em relação ao consumo do mineral (p<0,05), sendo que ambos os grupos
apresentaram ingestão reduzida de selênio e o grupo de obesas apresentou menor ingestão quando
comparado ao grupo controle.
Apesar da análise do consumo alimentar ter mostrado que o consumo energético, bem
como de macronutrientes, foi semelhante em ambos os grupos, destaca-se que as dietas consumidas
pelas obesas e grupo controle possuíam quantidade reduzida de alimentos fontes desse mineral
(dado não mostrado), como carnes, peixes e frutos do mar, trigo e produtos derivados, ovos,
laticínios, couve-flor, alho, brócolis, mostarda e castanhas, demonstrando que alguns desses
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alimentos não fazem parte do hábito alimentar comum dos indivíduos obesos (MARTENS;
MARTENS; COZZOLINO, 2012).
A análise de correlação entre os parâmetros antropométricos (peso, IMC e CC) e o teor de
selênio na dieta não mostrou correlação significativa.
CONCLUSÃO
As participantes desse estudo apresentam ingestão de energia, carboidratos, proteínas e
lipídios dentro da faixa de recomendação. O estudo mostrou que as participantes de ambos os
grupos ingerem dieta com baixo teor de selênio. A análise de correlação conduzida nesse estudo não
evidenciou significância entre parâmetros de adiposidade e o teor de selênio presente na dieta.
APOIO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasileiras de Obesidade 2009/2010. 3 ed. Itapeví, São Paulo: AC Farmacêutica, 2009.
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inflammation and the immune system. Proc. Nutr. Soc., v. 71, n. 2, p. 332-338, 2012.
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Biodisponibilidade de nutrientes. 4 ed. Barueri, SP: Manole, 2012.
SAVINI, I.; CATANI, M. V.; EVANGELISTA, D.; GASPERI, V.; AVIGLIANO, L. Obesity-Associated
Oxidative Stress: Strategies Finalized to Improve Redox State. Int. J. Mol. Sc., v. 14, n. 5, p. 1049710538, 2013.
PALAVRAS-CHAVE: Obesidade. Selênio. Consumo Alimentar.