selênio dietético e sua relação com parâmetros de adiposidade em
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selênio dietético e sua relação com parâmetros de adiposidade em
Área: CV ( X ) CHSA ( ) ECET ( ) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA Coordenadoria de Pesquisa – CPES Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 E-mail: [email protected] SELÊNIO DIETÉTICO E SUA RELAÇÃO COM PARÂMETROS DE ADIPOSIDADE EM MULHERES OBESAS Taynáh Emannuelle Coelho de Freitas (bolsista do ICV/UFPI), Dilina do Nascimento Marreiro (Orientador, Depto de Nutrição – UFPI) INTRODUÇÃO A alimentação é fundamental para a promoção da saúde, sendo necessária a ingestão de uma dieta adequada e nutricionalmente equilibrada, possibilitando o fornecimento de nutrientes e energia para o bom funcionamento do organismo. O consumo elevado de alimentos densamente calóricos, associado ao estilo de vida sedentário, são fatores envolvidos no aumento do risco de desenvolvimento de diversas doenças crônicas não transmissíveis como, por exemplo, a obesidade (MACIEL et al., 2012; CUERVO et al., 2014). A obesidade é uma doença crônica de prevalência elevada que, nos últimos anos, tem se tornado uma epidemia global, estando relacionada a diversas comorbidades, como diabetes, aterosclerose, dislipidemia, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares (DUNTAS; BIONDI, 2013; HEREDIA; GÓMEZ-MARTÍNEZ; MARCOS, 2012). Dessa forma, estudos atuais têm mostrado inadequação na ingestão de diversos nutrientes pela população obesa, a exemplo do selênio, que participa de várias funções celulares importantes como a remoção de peróxidos, redução de proteínas ou lipídios oxidados, regulação da sinalização redox, e metabolismo da insulina (LABUNSKYY; HATFIELD; GLADYSHEV, 2014; COMINETTI et al., 2011). Diversos fatores podem contribuir para a deficiência de selênio em indivíduos obesos, a exemplo das alterações metabólicas características da doença, como aumento do estresse oxidativo, bem como a ingestão dietética reduzida do mineral devido, principalmente, ao baixo consumo de alimentos fontes de selênio, muitos dos quais não fazem parte do hábito alimentar dos indivíduos obesos (DAMMS-MACHADO; WESER; BISCHOFF, 2012; SAVINI et al., 2013). METODOLOGIA Estudo caso-controle envolvendo 25 mulheres obesas pré-menopausadas, na faixa etária entre 20 e 50 anos de idade, atendidas em um centro de saúde da rede municipal, Teresina/PI. O grupo controle foi constituído por 26 mulheres eutróficas com características semelhantes ao grupo caso em relação à idade e situação socioeconômica. As participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e descritivo do estudo a ser realizado. Para a avaliação antropométrica, foi aferido o peso corporal, utilizando uma balança digital Filizola®; estatura, mensurada com antropômetro marca Seca®; e circunferência da cintura (CC) das participantes, utilizando uma fita métrica marca Seca®, conforme metodologia descrita pelo Ministério Área: CV ( X ) CHSA ( ) ECET ( ) da Saúde. A partir dos dados do peso e estatura, foi calculado o índice de massa corpórea (IMC) das participantes. Para a avaliação do consumo alimentar, foi utilizado um inquérito alimentar realizado de acordo com a técnica de registro alimentar de 3 dias, compreendendo dois dias alternados durante a semana e um dia no final de semana. A quantidade de energia, macronutrientes e selênio foram calculados pelo programa “Nutwin”, versão 1.5 do Departamento de Informática em Saúde da Universidade Federal de São Paulo. O percentual médio de adequação de macronutrientes e selênio foi calculado com base nas Dietary Reference Intakes (INSTITUTE OF MEDICINE, 2006). Os dados foram analisados utilizando-se o programa SPSS (for Windows® versão 15.0). A fim de identificar a existência de associações entre as variáveis analisadas, utilizou-se o teste quiquadrado (χ2). Para o estudo de correlações, o coeficiente de correlação linear de Pearson foi utilizado para os dados com distribuição normal, e o coeficiente de correlação de Spearman para aqueles com distribuição não paramétrica. A diferença foi considerada estatisticamente significativa quando o valor de p<0,05, adotando-se um intervalo de confiança de 95%. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise da idade e dos parâmetros antropométricos utilizados na avaliação do estado nutricional das pacientes obesas e grupo controle mostrou que houve diferença estatística para os parâmetros peso, índice de massa corpórea e circunferência da cintura entre os grupos (p<0,05). Observou-se que a média de idade das pacientes obesas foi de 39,04 anos e que os valores de IMC (35,09 ± 2,64 para o grupo caso) classificam as participantes como obesas de classe II. Além disso, destaca-se o elevado valor de circunferência da cintura observado nas pacientes (101,34 ± 7,32), sendo este relacionado ao desenvolvimento de complicações metabólicas associadas à obesidade (ABESO, 2009). A análise do consumo alimentar mostrou que não houve diferença estatística significativa entre os grupos em relação à energia e macronutrientes (p<0,05). Sobre o percentual de contribuição dos macronutrientes para a composição do valor energético total, os resultados revelaram consumo habitual de carboidratos, proteínas e lipídios dentro da faixa recomendada pelas DRIs (INSTITUTE OF MEDICINE, 2005), em ambos os grupos, não sendo observado consumo superior à recomendação. A ingestão dietética de selênio das pacientes obesas e grupo controle foi de 22,13 ± 7,49 e 29,00 ± 10,80 µg Se/dia, respectivamente. Verificou-se que houve diferença estatística significativa entre os grupos em relação ao consumo do mineral (p<0,05), sendo que ambos os grupos apresentaram ingestão reduzida de selênio e o grupo de obesas apresentou menor ingestão quando comparado ao grupo controle. Apesar da análise do consumo alimentar ter mostrado que o consumo energético, bem como de macronutrientes, foi semelhante em ambos os grupos, destaca-se que as dietas consumidas pelas obesas e grupo controle possuíam quantidade reduzida de alimentos fontes desse mineral (dado não mostrado), como carnes, peixes e frutos do mar, trigo e produtos derivados, ovos, laticínios, couve-flor, alho, brócolis, mostarda e castanhas, demonstrando que alguns desses Área: CV ( X ) CHSA ( ) ECET ( ) alimentos não fazem parte do hábito alimentar comum dos indivíduos obesos (MARTENS; MARTENS; COZZOLINO, 2012). A análise de correlação entre os parâmetros antropométricos (peso, IMC e CC) e o teor de selênio na dieta não mostrou correlação significativa. CONCLUSÃO As participantes desse estudo apresentam ingestão de energia, carboidratos, proteínas e lipídios dentro da faixa de recomendação. O estudo mostrou que as participantes de ambos os grupos ingerem dieta com baixo teor de selênio. A análise de correlação conduzida nesse estudo não evidenciou significância entre parâmetros de adiposidade e o teor de selênio presente na dieta. APOIO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2009/2010. 3 ed. Itapeví, São Paulo: AC Farmacêutica, 2009. COMINETTI, C.; BORTOLI, M. C.; ABDALLA, D. S. P.; COZZOLINO, S. M. F. Considerações sobre estresse oxidativo, selênio e nutrigenética. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr., v. 36, n. 3, p. 131153, 2011. CUERVO, M.; SAYON-OREA, C.; SANTIAGO, S.; MARTÍNEZ, J. A.; Dietary and Health Profiles of Spanish Women in Preconception, Pregnancy and Lactation. Nutrients, v. 6, n. 10, 4434-4451, 2014. DAMMS-MACHADO, A.; WESER, G.; BISCHOFF, S. C. Micronutrient deficiency in obese subjects undergoing low calorie diet. Nutr. J., v. 11, n. 34, 2012. DUNTAS, L. H.; BIONDI, B. The interconnections between obesity, thyroid function, and autoimmunity: the multifold role of leptin. Thyroid, v. 23, n. 6, p. 646-653, 2013. HEREDIA, F. P.; GÓMEZ-MARTÍNEZ, S.; MARCOS, A. Chronic and degenerative diseases Obesity, inflammation and the immune system. Proc. Nutr. Soc., v. 71, n. 2, p. 332-338, 2012. INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary Reference Intakes for Energy Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acid. Washington, DC: National Academies Press, 2005. INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes: the essential guide to nutrient requirements. Washington DC: National Academy Press, 2006. LABUNSKYY, V. M.; HATFIELD, D. L.; GLADYSHEV, V. N. Selenoproteins: molecular pathways and physiological roles. Physiol. Rev., v. 94, n. 3, p. 739-777, 2014. MACIEL, E. S.; SONATI, J. G.; MODENEZE, D. M.; VASCONCELOS, J. S.; VILARTA, R. Consumo alimentar, estado nutricional e nível de atividade física em comunidade universitária brasileira. Rev. 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