O LIVRE ARBÍTRIO
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O LIVRE ARBÍTRIO
O LIVRE ARBÍTRIO: CADA PESSOA CONQUISTA POR SI (Morya, Helena Roerich) Palestra proferida por Audiléa Machado, em 07 de junho de 2015 LIBERDADE, de acordo com o Dicionário de Caldas Aulete, é a faculdade de uma pessoa fazer ou deixar de fazer por seu livre arbítrio qualquer coisa. Morya, em Mundo Ardente I, § 269, nos diz: A liberdade de escolha jaz em tudo. Nenhuma coerção deve interromper a senda, porém é admissível dar um lampião a cada um para a longa jornada. Não se deve de maneira alguma violar o livre arbítrio das pessoas. (M. Ardente I, § 622) Santo Agostinho nos diz: Dois homens olharam através das grades da prisão – um viu a lama, o outro, as estrelas. Mas, ainda sobre livre arbítrio, Ele nos diz em Supraterrestre II, § 327: As pessoas estão sempre prontas a responder antes de ouvir a pergunta inteira. Mais ainda, sua resposta está imbuída de suas impressões sobre quem pergunta- sua aparência, suas roupas e, às vezes, até sua letra. O julgamento superficial se baseia em sinais superficiais e tem pouco valor. Lembrem-se sempre da loucura em potencial do livre arbítrio. Nessa doença, a pessoa imagina que sua vontade é irrestrita e começa a violar as leis básicas. (pode levar à grande destruição) A vontade só tem valor quando está estritamente em harmonia com as leis da vida. A não ser que compreendamos esta harmonia da vontade e liberdade, distorceremos os fatos. Em Agni Ioga, § 222, encontramos – O livre arbítrio produz muitas contradições. Para alguns ele se transforma em abuso, para outros, em irresponsabilidade e para terceiros, na loucura da presunção. Somente aquele que passou pela disciplina do espírito sabe como é severa a realidade da liberdade. Somos livres e essa liberdade nos foi dada para que pudéssemos moldar a nossa vida e modificar nosso destino. Na liberdade podemos aceitar ou não as situações que se nos apresentam. Na verdade, o que realmente conta não são as situações, as coisas que nos acontecem, mas a nossa reação frente a elas. A vida pessoal ou coletiva é feita de coisas boas ou más, de altos e baixos. Se encararmos essas situações como desafios, aprenderemos com eles, amadureceremos com eles, acumularemos experiências, enfim, cresceremos com eles. Morya nos diz que ninguém sobe em pedra lisa e, por isso, os obstáculos são abençoados. Um poeta também disse: Caminhante, não há caminho. Fazse caminho ao caminhar. Em Magia Branca, § 535, Mestre Tibetano diz que cada campo de percepção em seus limites constitui uma prisão e que o objetivo de todo trabalho de libertação é libertar a consciência e expandir seu campo de contatos. Onde há limitações de qualquer espécie, onde um campo de consciência é circunscrito e onde o raio de contato é limitado, ali vocês têm uma prisão. Onde há uma apreensão de uma visão e de um amplo território não conquistado de contatos, então, haverá inevitavelmente um sentimento de aprisionamento e de estreitamento. Onde há conscientização de mundos a conquistar, de verdades a serem aprendidas, de conquistas a serem feitas, de desejos a serem satisfeitos, de conhecimentos a serem dominados, ali vocês terão uma sensação lacerante de limitação, estimulando o aspirante a um renovado esforço e conduzindo a entidade vivente pelo caminho da evolução. Voltando ao parágrafo anterior: Somente aquele que passou pela disciplina do espírito pode saber como é severa a realidade da liberdade. A verdade e a resistência a ela podem existir lado a lado na mesma mente. O inimigo é mais interior que exterior. Um exemplo – a separação do joio e do trigo – às vezes, é preferível e até necessário deixar o joio crescer para ser arrancado com consciência e essa consciência, essa força necessária nos será dada com a persistência em vencer os velhos hábitos. No livro Reaparecimento do Cristo, Alice Bailey, ao comentar a Grande Invocação, diz que o livre arbítrio é puro egoísmo dos homens. Vale meditar. Deus não obriga ninguém a ser bom e não impede ninguém de ser mau. O livre arbítrio é o maior privilégio do homem e também o seu maior perigo. O homem deve ser bom por querer próprio e não por dever, por um querer alheio. ( a possibilidade deve ser dada, mas a liberdade e a vontade não deve ser violada) Walter nos lembrou Ortega y Gasset que diz – Eu sou eu e minha circunstância. Também Nilton Bonder diz que os caminhos não são feitos de estrada, mas de encontros, de interações, de trocas e de influências; que o caminho se faz das interações e não das escolhas e resoluções da vontade. (Acrescentaria que o caminho se faz das interações e das escolhas que fazemos ao interagirmos). Para ele, interagir é entregar o mando a outra vontade que não a sua. A interação traz o encontro até nós. A liberdade consiste em tomar posse do que se é. Quando isto acontece, a pessoa se torna livre para ser para o outro, para abrir espaço para o outro. Um ser humano, se quiser ir para si, terá que passar pelo outro. Aceitar o outro significa que ele não tem que caber em nossa lógica. Jesus disse: Dai a César o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus. No universo todos os seres existem e vivem uns pelos outros, com os outros, nos outros e para os outros. Todos se complementam e crescem juntos: as espécies, os ecossistemas e o universo inteiro. Precisamos dos outros para ser e para nos libertar. Paulo Freire disse que ninguém se liberta sozinho, libertamo-nos sempre juntos. Temos algo a dar e a contribuir que somente nós podemos oferecer ao crescimento do todo. Se negarmos essa contribuição, restará um vazio que ninguém preencherá, frustrando o inteiro universo. Morya, Agni Ioga, § 168 – Pode o homem elevar-se ou descer somente por si mesmo? Verdadeiramente, nenhum ser pode agir sem influenciar o que o cerca. Não somente com cada ação sua, ele agita as diferentes camadas da atmosfera, mas, literalmente, arrasta consigo os que lhe estão próximos. Na verdade, uma escolha sugere um alto grau de consciência. Repetimos padrões aprendidos ao longo de nossas vidas. (educação de nossos pais, professores, convívio com amigos, informações dos meios de comunicação, dos livros...) Vivemos aprisionados aos nossos preconceitos, às nossas mesquinharias, ao nosso desamor, a não aceitação dos outros, às nossas arrogâncias, às nossas perdas, enfim, à nossa maneira de pensar. Nessa inconsciência, escolhemos e criamos sofrimentos, disputas, problemas. A liberdade precisa ser conquistada e este é um processo que carece de tempo e disciplina. A vida pede separação de valores bons e elevados dos indesejáveis. Estamos em processo de construção. Podemos nos fazer e refazer a cada dia, a cada instante. Seremos amanhã uma nova edição de nós mesmos. A alma e não a mente precisa governar a nossa vida e, para isso, precisamos ousar mais. Aí, então, saberemos o verdadeiro significado de liberdade e de libertação. Morya, em Supraterrestre IV, § 872 e 860 nos diz: “ Perguntar-se-á – Como pode o livre arbítrio agir, se as pessoas estão escravizadas a tantas influências diferentes? O livre arbítrio determina a direção principal das atividades humanas. Se ele direcionar as pessoas à criatividade do bem e do bem estar geral, elas poderão desenvolver um ímã tão forte que as influências mais poderosas se tornarão seus ajudantes.” “ Só o ímã ardente do coração, inflamado pela reflexão e aspiração elevadas pode atrair as energias superiores. O poder destas energias transforma a consciência e a torna receptiva para o conhecimento das Leis da Existência. É impossível acreditar que as Forças Superiores pudessem constranger o livre arbítrio. Pelo contrário, a beleza disto é que o próprio ser humano é o iniciador de sua própria ascensão. A cooperação se desenvolverá dependendo da força e da pureza de seu pensamento. O homem está destinado a ser o árbitro inteligente do seu próprio destino e um intérprete consciente da sua divindade inata, o Deus interno. “Quando um único homem atingir a plenitude do amor, neutralizará o ódio de muitos milhões”. (Gandhi) E é, sem dúvida alguma, através do Amor que chegaremos a essa liberdade. O Amor quebra todos os cativeiros que nos aprisionam e nos liberta e liberta o outro. O Amor incondicional não coloca nenhuma condição para ser vivido. Entrega-se à energia universal que cria relações, gera laços, funda comunhão. Vai ao outro e repousa no outro como ele é. Sem intenção de retorno e de cobrança. Esse Amor possui características maternas, tem compaixão por quem fracassou. Recolhe o que se perdeu. E tem misericórdia por quem pecou. Nem o inimigo é deixado de fora. Tudo é inserido, abraçado e amado desinteressadamente. (Leonardo Boff) Também o serviço e a obediência são os grandes métodos de libertação. O serviço libertao de sua própria vida de pensamento e autodeterminação; a obediência à própria alma integra-o no todo maior. (Psic. Esot.,vol. II, Tomo 1, § 157) Tibetano ainda nos diz que o segredo da libertação está no equilíbrio dos pares de opostos. Discernir e equilibrar esses opostos levarão o homem a encontrar o Caminho e a tornar-se o próprio Caminho. (Magia Branca, § 225 Amor, Serviço, Obediência, Equilíbrio... Resumindo: As palavras dos Ensinamentos nos libertarão, desde que, claro, pudermos vivenciar essas palavras e ousar vivenciar o Eu Sou. Lembrando Moisés diante da sarça ardente – tire as sandálias, porque o solo que pisas é sagrado. Se quisermos entrar em nós, tiremos as sandálias, porque o nosso coração é solo sagrado. Nenhuma miragem, nenhuma ilusão pode reter por muito tempo o homem que se impõe a si mesmo a tarefa de trilhar o Caminho do fio da navalha que conduz (...) ao Portão da Libertação. (Magia Branca, § 223) Encerrando com o livro “A Yoga do Cristo” de Ravi Ravindra: A libertação ou salvação não é a liberdade para mim mesmo, é antes a liberdade de mim mesmo (pág. 153) e com Jesus, no Evangelho de Tomé, II, 2:2 – Permiti àquele que busca continuar buscando até encontrar. Ao encontrar, perturbar-se-á. Ao perturbar-se, ficará espantado e irá imperar sobre o Todo. BIBLIOGRAFIA: Helena Roerich: Aum, Supraterrestre II e IV, Mundo Ardente I, Agni Ioga Alice Bailey: Magia Branca, Psicologia Esotérica, vol. II, tomo I A Yoga do Cristo, Ravi Ravindra Tirando os sapatos, Nilton Bonder Os Evangelhos Dicionário Caldas Aulete Textos de Leonardo Boff