Guia da Espécie e de campo Ipê

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Guia da Espécie e de campo Ipê
Ipê -
Tabebuia impetiginosa.
GUIA DA ESPÉCIE
1. Descrição genérico-popular da espécie - Descrição geral da planta, seus
nomes e informações sobre a origem do seu uso.
Tabebuia - antes Tecoma1, é um gênero2 vegetal, da familia Bignoniaceae, árvore
paludícola, do litoral, da família das bignoniáceas (Tabebuia cassinoides), de
folhas simples e coriáceas, símulas trifloras, escassas, alvas com a fauce amarela,
aromáticas, fruto coriáceo, castanho, estriado, com várias sementes; nativo da
regiao neotropical, que se distribui do norte do mexico até o norte da Argentina,
incluindo as ilhas do caribe. Os espécimes desse gênero são conhecidos, no
Brasil , por ipê e pau-d'arco.
Esses espécimes produzem farta floração, que pode ser de várias cores, sendo
por isso bastante ornamentais pela floração belíssima, são dotadas de lenho
muitíssimo resistente à putrefação. Sua madeira, ainda, é muito dura, e resistente,
ela é branca, levemente rosada, uniforme, leve, macia e durável, própria para
marcenaria fina. O ipê é considerado árvore nacional.
Ocorre que segundo alguns autores a T. avellanedae e a T. impetiginosa,
são a mesma espécie. O ipê roxo, é o primeiro dos Ipês a florir no ano, inicia a
floração em Junho, e pode durar até Agosto, conforme a árvore. Tem vários
nomes populares como Ipê-roxo-da-mata, Ipê-una ou Pau D'arco, entre outros.
O Ipê-roxo foco do Guia de Manejo é uma árvore grande que pode chegar até 30
metros de altura, atinge um diâmetro de tronco de 95 cm, casca com espessura de
até 3 cm, apresenta desrama natural satisfatória e boa cicatrização.
Existem apenas três ambientes e quatro espécies de ipê-roxo: Uma exclusiva da
Bahia (Tabebuia selachidentata), outra exclusiva de áreas de Igapó (Tabebuia
barbata) e duas de mata (Tabebuia impetiginosa e Tabebuia heptaphylla). Estas
duas espécies são bastante similares, podendo ser distintas quando comparadas
os seus folíolos, entre outros caracteres.
As cascas são utilizadas para o preparo de chá para o combate a diabetes,
leucemia, excesso de peso, câncer uterino, alergias de todos os tipos, anemia,
arteriosclerose, artrite, bronquite, cistite, colite, corrimento vaginal, doenças
1
Tecoma é um genero botanico pertencente à familia Bignoneaceae.
Em biologia, um género (do latim genus, plural genera) é um taxon utilizado na classificação
cientifica de organismos vivos para agrupar um conjunto de espécies que partilham um conjunto
muito alargado de características morfológicas e funcionais.
2
parasitárias em geral, gastrite, feridas, inflamações em geral, parar de fumar,
psoríase etc. Podem-se preparar também cápsulas e tinturas.
Ambientes e espécies de ipê-roxo.
1. FLORESTA ATLANTICA – BAHIA
 1.Tabebuia selachidentata
2. FLORESTA DE IGAPÓ
 2.Tabebuia barbata
3. FLORESTA OMBRÓFILA DENSA - Floresta Amazônica Atlântica.
 3.Tabebuia impetiginosa
 4.Tabebuia heptaphylla
2. Descrição Botânica da espécie - Descrição da espécie incluindo ficha botânica
quando existente.
As quatro espécies são:
BAHIA - Tabebuia selachidentata –
IGAPÓ - Tabebuia barbata –
FLORESTA - Tabebuia impetiginosa FLORESTA - Tabebuia heptaphylla - ipê-rosa (Tabebuia heptaphylla)
Nota: Não foi encontrada a descrição da espécie incluindo sua ficha botânica
quando existente.
3. Descrição dos produtos - Incluí a descrição dos produtos obtidos da espécie,
sua utilização e definição das suas características morfológicas, físicas e químicas
e suas implicações para o manejo.
O principal produto é a sua casca, contendo quantidades variáveis de lapachol 3 e
outras substâncias químicas com propriedades farmacológicas, tem no ipê roxo ou
Pau´darco roxo sua maior concentração. Sua casca é utilizada na medicina
doméstica por populações tradicionais da Amazônia, tendo aplicação na fabricação
de remédios. As amostras do experimento de “Avaliação da Regeneração de
Casca da Espécie Tabebuia spp”, demonstra toda a coleta, na qual se coletou de
maneira correta.
3
O L. é um composto orgânico natural isolado de árvores aparentadas com o Ipê (Gênero
Tabebuia, especialmente a Tabebuia avellandedae)[1] Quimicamente, é um derivado da
naftoquinona, estruturalmente relacionada com a vitamina K. Já estudado como possível
tratamento para certos tipos de câncer, o potencial do L. é agora considerado baixo devido aos
seus efeitos colaterais tóxicos. Também encontrado nas cascas e madeira do Tabebuia
impetiginosa.
4. Ocorrência
espécie/grupo.
da
espécie/gênero/grupo
-
Região
de
ocorrência
da
Ocorre em vários tipos de floresta, onde podemos citar a Floresta Ombrófila Densa
(Floresta Amazônica e Mata Atlântica). Trata-se de uma espécie que ocorre em
mata juntamente com a Tabebuia heptaphylla, e é caracterizada por apresentar
folíolos inteiros ou suavemente serreados.
Geralmente encontrado, o gênero, por todo o Brasil. Em se tratando do pau-d’arcoroxo (Tabebuia spp.) em Floresta Tropical e Floresta Amazônica, no Estado do
Acre é considerado uma espécie raríssima, pois se encontra naturalmente em
baixíssimas densidades.
Estudos realizados no Sudoeste da Amazônia em Manaus mostram que há maior
número de indivíduos de pau-d’arco-roxo (Tabebuia spp.) em florestas abertas
com presença de bambu (tabocal) quando comparadas com florestas abertas sem
bambu (restinga). Segundo (Oliveira 2000) o ipê esta entre as dez espécies mais
favorecidas pela presença do bambu, o que justifica a escolha do ambiente.
5. Aspectos Ecológicos e Silviculturais - Descrição do comportamento da planta
em relação à luz, umidade e temperatura, suas características em relação à
estrutura populacional, capacidade de regeneração, cicatrização e rebrota e as
implicações destas características no manejo florestal.
Aspecto Silvicultural - O Ipê-roxo é uma árvore grande que pode chegar até 30
metros de altura, atinge um diâmetro de tronco de 95 cm, casca com espessura de
até 3 cm, apresenta desrama natural satisfatória e boa cicatrização.
Luz, umidade e temperatura - Pode ser cultivado a pleno sol, o ipê é uma
espécie secundária tardia a clímax, trata-se de uma espécie longeva e heliófila,
porém tolera sombreamento moderado na fase de desenvolvimento inicial (fase
jovem), é medianamente tolerante ao frio.
Sua característica em relação à estrutura populacional, capacidade de
regeneração, cicatrização e rebrota - Sua estrutura populacional não possui
padrão, pois é distinto para cada situação, nas florestas de ocorrência natural ele é
raro, não obstante, pode também ser encontrado em reboleiras (pioneira
antrópica)4. Entenda o que é um processo de “sucessão ecológica” e também
consulte sobre isso no item “Conceitos chave para o uso do Guia de Manejo”.
As implicações destas características no manejo florestal – Para os Ipês, na
oportunidade de ocupar uma clareira aberta pelo homem, mesmo sendo
secundária tardia a clímax, em situação natural, apresenta um padrão de pioneira
(após chuva de sementes). Neste caso é nominada, pioneira antrópica.
Curiosamente, sua madeira possui uma densidade de 1,30 g/cm³, tal característica
4
Pioneira antrópica – espécie que no processo de sucessão aparece nos estágios iniciais e
possuem características peculiares, como banco de sementes, crescimento rápido, bomba de
nutrientes, madeira leve.
se mantém nos plantios, sendo muito procurada por madeireiros por apresentar
alta durabilidade.
A regeneração, cicatrização e rebrota - Possui um grande chamativo para
paisagismo urbano e de interiores, motivo pelo qual é procurado para plantios em
fazendas/sítios e muito usado nas cidades. Sua capacidade de regeneração,
cicatrização e rebrota é bastante grande, comumente se vê ipês de pequeno
tamanho em cerrados ou mata adentro com varias rebrotas, sendo elas, tentativas
de crescimento, abortadas mecanicamente por quedas de outras arvores. Mesmo
com a velocidade de cicatrização e rebrota (de quebra de galhos ou ramos) sendo
alta no geral, as informações de regeneração, quando subtraída sua casca, são
escassas.
A estrutura da copa varia de acordo com sua composição com outras
espécies - Quando em plantio adensado, pode ser cultivado a pleno sol em plantio
misto associado com espécies pioneiras e em plantios puros, assim como em
capoeiras e plantio em linhas (Carvalho, 1994).
6. Biologia Reprodutiva e Fenologia - Descrição das características e calendário
de floração, frutificação, dispersão de sementes e germinação e suas implicações
para o manejo florestal.
A espécie Tabebuia spp. apresenta, na Amazônia, uma floração entre os meses de
julho a dezembro (período caracterizado por estação seca), permanecendo no
máximo um mês florida e a frutificação entre os meses de setembro a maio
(período de maior precipitação), permanecendo no máximo dois meses com frutos.
Em Manaus - Possui Floração bianual e irregular - Durante acompanhamento
fenológico no período de onze anos na floresta tropical úmida de terra firme,
localizadas na Reserva Ducke – observou que a espécie apresentou floração e
frutificação duas vezes no mesmo ano e de forma irregular (Alencar et al., 1979).
No Acre - Ocorre a floração entre os meses de julho a agosto, porém permanece
florido num período muito rápido, no máximo 15 dias. Muitas vezes as espécies
arbóreas não apresentam um comportamento biológico semelhante a cada ano,
por exemplo, pode ocorrer de a mesma árvore florescer no primeiro ano e no
segundo não, assim como florescer dois ou três anos seguintes e não florescer no
próximo ano, conseqüentemente as fases de enfolhamento não ocorre sempre na
mesma época. Conforme o Sr. Olavo de Albuquerque Carneiro 5 a floração e
frutificação ocorrem aproximadamente com seis anos de idade quando cultivada
no pasto e 20 anos na mata.
Logo após a floração, ocorre a enfolha geralmente em meados do mês de agosto,
em seguida ocorre frutificação, em torno de 10 dias após o enfolhamento. As flores
desabrocham à noite, e tem um cheiro adocicado, sendo a síndrome da
polinização do tipo metilofilia.
5
Morador da colônia onde foi instalado o experimento: “Avaliação da Regeneração de Casca da
Espécie Tabebuia spp” no Acre. Ex- seringueiro e proprietário do Seringal Baixa Verde (área de
avaliação), na qual relatou em uma das entrevistas (questionário e conversas informais) sua
experiência com a espécie.
7. Produção e Produtividade - Inclui dados de produção por indivíduo ou área,
taxas de crescimento/recuperação e fatores que influenciam a produção e
produtividade da espécie.
N/A - Não Aplicável por ausência de informação
Comentário - De acordo com a estrutura populacional, o manejador deverá decidir
como exercer menor impacto com o maior rendimento. Nem sempre, grandes
árvores significam maiores produções. O estoque de várias árvores menores pode
ser mais interessante sócio-ambientalmente ao invés de poucas árvores grandes.
A periodicidade - quantidade e qualidade através de compromissos de compra e
venda, ajudam a definir as classes diametrais ou abate de indivíduos. Um cenário
mais radical em contraposição a um mais suave será um bom exercício para
verificar qual o manejo será mais adequado. Nesse momento, o conceito de
manejo de populações deve ser discutido de acordo com a escala comercial.
8. Medidas recomendadas de precaução - Baseado nas informações técnicas
apresentadas são propostas recomendações para o manejo baseadas no princípio
da precaução.
A extração da casca, segundo o documento base e seguindo o principio da
PRECAUÇÃO é muito “estressante” para a planta, não devendo ser realizada:
a. No período reprodutivo da espécie, devendo ser feita após a época de
frutificação;
b. Em indivíduos com DAP > 40 cm, pois as árvores com diâmetro menor
podem não ser reprodutivas ainda;
c. Em árvores acima deste diâmetro, a exploração não deve ultrapassar 30%
do perímetro, ou seja, a largura máxima do corte deve ser de
aproximadamente 37 cm.
d. O ipê, diferente do jatobá, é mais fácil retirar faixas de casca que são
grandes em termos verticais e menores em termos horizontais, pois dessa
forma menores quantidades de vasos condutores de seiva (floema) serão
afetadas.
e. Evitar também o pisoteamento das plântulas durante a extração;
f. Manter 20% dos indivíduos da população sem exploração para fazer
comparações futuras entre as fases fenológicas, o crescimento da planta
em espessura do seu tronco, o estabelecimento de plântulas, entre os
indivíduos explorados e não explorados.
g. Como não temos dados concretos sobre o impacto causado na floração e
frutificação, não podemos afirmar se os animais que dependem do fruto
para se alimentarem são afetados.
9. Pauta de Necessidades para Pesquisa - Uma série de indicações das
perguntas que precisam de respostas para aprimorar o manejo florestal da
espécie/grupo, inclui os tópicos científicos ainda muito deficientes em informações
que colaborem objetivamente no esclarecimento de dúvidas ou de problemas da
extração
A extração da casca, segundo o documento base e pesquisas bibliográficas
posteriores ainda tem muitas lacunas:
Acompanhamento Fenológico - Fundamental para o esclarecimento de dúvidas
relacionadas à atividade biológica da mesma, principalmente quando se refere à
sua biologia reprodutiva em áreas exploradas versus não exploradas.
Coletas de Casca para:
a. Analise dos anéis de crescimento - Câmbio vascular e outros aspectos da
casca – procurando determinar até que ponto (profundidade) está sendo
retirada à casca do tronco, ou seja, se está sendo afetado o lenho da árvore
ou não.
b. Analises Química - Segundo Dr. Gilbert (FIOCRUZ) a maior concentração
de principio ativo esta no tronco e não na casca. Além desta análise
morfológica, pode-se quantificar o princípio ativo existente na casca externa
e interna, do mesmo material extraído e também no pó das serrarias,
atualmente descartado (queimado), seria de fácil obtenção em grandes
quantidades nos pólos madeireiros.
Nota: Seguramente mais viável do que a exploração das cascas,
financeiramente o a APROVEITAMENTO renderia a serraria um valor
significativo. Do ponto de vista socioeconômico certamente haverá outras
posições.
c. Verificação da mortalidade - Indivíduos adultos decorrentes da extração
da casca interna do ipê-roxo, avaliando a taxa de mortalidade de árvores
com e sem exploração nas populações naturais.
d. Fisiologia - Recomenda-se também um estudo fisiológico da árvore, desde
a sua condução de seiva e nutrientes que a planta absorve até o
mecanismo de funcionamento dos vasos.
e. Análise estatística - A taxa de mortalidade de árvores adultas na Amazônia
está por volta de 1 a 2%. Como deverá ser um experimento para ao menos
dois tratamentos básicos, em relação a uma área (ou indivíduos)
referencia/testemunha para com alta e baixa intensidade de exploração,
devendo considerar ainda o máximo de informações a ser recolhida, devido
ao seu longo prazo de avaliação. Incremento
f. Análise estatística – crescimento decamétrico - O crescimento do gênero
Tabebuia é em geral lento a moderado, estando em condições de mata seu
ciclo de vida ocorre mais lentamente quando comparado ao ciclo de um
indivíduo a pleno sol. Plantios para abate prematuro poderiam ser mais
vantajosos?
g. Solos - Pouco exigente, ocorre naturalmente em solos arenosos e úmidos,
bem drenados e com textura franca e argilosa. Os solos com baixos teores
de nutrientes são limitantes ao seu crescimento (Carvalho, 1994).
Referências - Incluindo instituições que trabalham com a espécie/grupo,
bibliografia, abreviações e glossário.
1. Alencar, J. C.; Almeida, R. A. & Fernandes, N. P. 1979. Fenologia de
espécies florestais em floresta tropical úmida de terra firme na Amazônia
Central. Manaus, Acta Amazônica 9(1): 163-198.
2. Carvalho, P. E. R. 1994. Espécies florestais brasileiras: recomendações
silviculturais, potencialidades e uso de madeira. Brasília, EMBRAPA-CNPF.
3. Oliveira, A. C. A. 2000. Efeitos do bambu Guadua weberbaueri Pilger sobre
a fisionomia e estrutura de uma floresta no Sudoeste da Amazônia. Manaus,
INPA/UA, 82p.
4. Dr. Gilbert (FIOCRUZ)
Ipê -
Tabebuia impetiginosa.
GUIA DE CAMPO
1. Identificação Botânica
A espécie em estudo trata-se de uma Tabebuia impetiginosa, por apresentar
folíolos inteiros ou suavemente serreados, já que a característica de folíolos
fortemente serreados é uma das características da espécie Tabebuia heptaphylla.
Sinonímias de Tabebuia impetiginosa (Mart. ex A. DC.) Standl. Existe uma
diversidade de nomes científicos de uma mesma espécie, a variedade de
sinônimos é muito ampla quando se trata de identificação botânica. Assim, com o
intuito de levantar maiores informações a respeito da espécie encontram-se abaixo
algumas das demais sinonímias existentes da árvore de ipê-roxo:
Gelseminum avellanedae (Lorentz ex Griseb.) Kuntze
1. Handroanthus impetiginosus (Mart. ex A. DC.) Mattos
2. Tabebuia avellanedae Lorentz ex Griseb.
3. Tabebuia dugandii Standl.
4. Tabebuia ipe (Mart.) Standl.
5. Tabebuia nicaraguensis S. F. Blake
6.Tecoma adenophylla Bureau ex K. Schum.
7. Tecoma impetiginosa Mart. ex A. DC.
8. Tecoma impetiginosa Mart.
9. Tecoma integra (Spraque) Chodat
10. Tecoma ipefo. Leucotricha Hassl.
Fonte: Missouri Botanical Garden
2. Descrição da estrutura populacional em áreas com e sem exploração
Não houve possibilidade de comparar a estrutura de população em áreas com e
sem exploração, por não haver estas duas situações. Foi levantada a estrutura em
área sem exploração. Para avaliar a densidade de indivíduos jovens e adultos, foi
escolhido o método de transectos. As classes de tamanho dos indivíduos foram
definidas da seguinte forma: 1. Plântula: até 50 cm de altura - 2. Jovem 1: > 50 cm
de altura e 15 cm DAP - 3. Jovem 2: 15 – 29 cm DAP - 4. Adulto: > 30 cm DAP.
A representação gráfica pode ser observada no histograma abaixo, a distribuição
das classes de tamanho do número total de indivíduos de T. impetiginosa
amostrados em 3,4 há, em diferentes ambientes no Seringal Baixa Verde, no
município de Rio Branco – Acre.
5
4,5
Número de Indivíduos
4
3,5
3
Terra firme
2,5
Baixio
2
1,5
1
0,5
0
plântula
Jovem 1
Jovem 2
Adulto
Classes de Tamanho
Os três primeiros transectos de 20 x 500m (cada um, total de 01 ha) foram
instalados e marcados em áreas de terra firme de forma aleatória, o quarto
transecto em área de baixio de 20 x 200m (limitação da área de baixio existente no
local escolhido), com uma área de 0,4 ha (4.000 m²). Nos três primeiros transectos
foram avaliadas subparcelas (10 x 20 m), de forma sistemática, e nestes, todos os
indivíduos jovens foram contados numa área de 0,5 ha (5.000 m²), ou seja, 25
subparcelas de 200 m² em cada transecto. Já no quarto transecto, a contagem dos
indivíduos jovens se deu em toda a área. Foram tomadas medições de altura total,
circunferência a altura do peito (CAP) e observações de campo, como tipologia
florestal, através de planilha de campo.
3. Descrição do Método de estabelecimento de parcelas de monitoramento verificação de Impacto Ambiental ao longo do tempo, incluindo Indicadores para o
acompanhamento da Regeneração, Mortalidade e Crescimento da espécie.
No inicio, o documento base sugere mensalmente, uma avaliação da
sobrevivência dos indivíduos que foram explorados. E posteriormente em um
período de tempo que o manejador achar apropriado.
NOTA: O importante é possibilitar um acompanhamento das plantas em
regeneração periodicamente de maneira a manter os registros de coleta sempre
atualizados e fundamentalmente, coletar informações que serão usadas: volume
retirado, tempo para iniciar a regeneração, morte de tecido, tipo regeneração (calo,
tecido diferenciado?).
Indicadores - Utilizar gráficos e/ou histogramas que demonstrem a variação da
estrutura populacional ao longo do tempo; Medir a variação da produção, tendo a
curva inicial como indicador principal; Utilizar outros métodos, inclusive empíricos,
que possam mensurar os impactos do manejo. Os cenários de manejo dependem
do calculo anual da produção total par comparações e projeções futuras.
NOTA: É aconselhável decidir primeiro qual será o método de extração, isto é, se
será arvores isoladas, ou abate de arvores via manejo de população.
4. Quadro resumo com informações de número médio de indivíduos
reprodutivos por (ha), produção média por indivíduo, na área de estudo
O quadro resumo com informações de número médio de indivíduos reprodutivos
por (ha), está apresentado no quando 1. Já a produção média estimada por
indivíduo, na área de estudo, considerando a amostragem de indivíduos jovens e
adultos encontrados nos quatro transectos (T1, T2, T3 e T4), esta representado na
tabela 01 abaixo.
5. Descrição do Cálculo do Volume Médio Potencial por ha a ser explorado
por Tipologia Florestal, descrevendo as Tipologias existentes no local de
estudo
A produção média por indivíduo de matéria seca (casca interna) ficou
aproximadamente entre 0,50 – 0,54 Kg. Estes valores representam apenas uma
faixa de extração (80 cm de altura – “Avaliação da Regeneração da Casca”).
As densidades de plantas são distintas nas duas áreas, não há garantia de haver
tido exploração e outros fatores ambientais do local (sede do antigo seringal). Pelo
principio da precaução, no documento base não foi realizado um modelo de
quadro resumo conforme o solicitado, uma vez a extrapolação dos resultados para
outra área ou qualquer outro tipo de ambiente não seria seguro. Com os dados
obtidos através do experimento de “Avaliação da Regeneração da Casca”,
calculou-se a média do volume de casca extraído das treze árvores de ipê-roxo, no
qual a espessura das cascas apresentou uma variação de 2 a 3 cm e apenas um
indivíduo da classe diamétrica III (> 50 cm DAP) apresentou uma espessura de 4
cm. Desta forma, obteve-se um volume médio total de 58.500 cm³ de matéria seca,
a densidade da casca interna extraída é de aproximadamente 0,47 g/cm³.
NOTA: Porém, o potencial de estoque irá depender da quantidade permitida de
extração de cada árvore, uma vez que esses cálculos foram baseados em apenas
uma faixa (80 cm) de extração do tronco. As tipologias que ocorreram na área de
avaliação foram terras firmes e baixio. Na área de baixio, não foram encontrados
indivíduos, porém o documento base não poderia afirmar que a espécie não ocorre
naquele ambiente.
NOTA: O que define a maior ocorrência de indivíduos de ipê-roxo em área de terra
firme é a influência do tabocal (bambu), na qual sua presença favorece o
desenvolvimento da espécie (Oliveira 2000).
6. Descrição da forma de exploração
Retira-se a casca interna ou entrecasca, onde o tamanho (altura, largura e
espessura) das placas de casca retirado das árvores de Ipê-roxo, varia conforme a
demanda do extrator, ou seja, procuram retirar o que podem sempre o máximo.
Conforme descrito por um extrator: Extrai a casca interna do ipê-roxo sempre no
sentido vertical, com as seguintes dimensões: 70 cm de altura, 20 cm de largura, 2
cm de espessura ou 1 - 1,50 cm (dependendo do DAP e idade da árvore).
A partir do primeiro corte, mede uma distância de 50 cm e faz outro corte com as
mesmas dimensões, e assim por diante até chegar o primeiro corte. Segundo o
morador do local6, em 12 meses a casca esta regenerada, segundo o mesmo, já
foi retirada cascas no mesmo local do tronco de uma árvore após 12 meses. Ainda
segundo o morador local, segundo habito que herdou da família recomenda extrair
casca na lua nova Vale ressaltar que dos cinco entrevistados o que apresentou
maior congruência no processo foi o Sr. Machado.
7. Cronograma (época) de exploração - do(s) produto(s) durante o ano com
indicações fenológicas gerais (gênero e ou espécie) mais aproximadas possível
com dados do Etnoconhecimento das populações
6
Sr. José Gomes Machado
A espécie Tabebuia sp. apresenta na Amazônia floração entre os meses de julho
a dezembro (período caracterizado por estação seca), permanecendo no máximo
um mês florida e a frutificação entre os meses de setembro a maio (período de
maior precipitação), permanecendo no máximo dois meses com frutos. Durante
acompanhamento Fenológico no período de onze anos na floresta tropical úmida
de terra firme, localizadas na Reserva Ducke, observou que a espécie apresentou
floração e frutificação duas vezes no mesmo ano e de forma irregular.
8. Diagnóstico das operações de pré-beneficiamento ou beneficiamento - dos
produtos em nível de comunidades de forma simples, descrevendo os métodos
Processo de Lavagem e Secagem das Cascas - Após a retirada da casca
interna, lava-se a casca embaixo de uma torneira ou coloca-se dentro de uma
bacia com bastante água, com o auxílio de uma escova tira-se a "sujeira" da parte
externa (não retira a casca externa), em seguida coloca-se as cascas em cima de
sacos de fibra num local sombreado (evitando os raios solares direto na amostra)
para a secagem da mesma. No inverno (outubro a março) permanece secando
num período de 50 a 60 dias e no verão (abril a setembro) aproximadamente 30
dias, em seguida tira-se à casca externa, raspando com uma faca. Para certificarse de que a casca está realmente seca em seu interior, corta-se em pedaços
pequenos.
Processo de Trituração7 - Tritura-se a casca três vezes em um moinho-triturador,
observa o pó obtido, provavelmente não estará apresentando um aspecto
uniforme, então se seleciona peneiras com malha grossa a mais fina (dependendo
da irregularidade do pó).
Encapsuladora Manual - Em seguida, faz-se uma avaliação no pó oriundo desta
peneiração para que possa ser encapsulado. Através de uma encapsuladora
manual de madeira, na qual comporta em média 100 cápsulas, o pó é distribuído
de maneira que as cápsulas fiquem totalmente cheias. A cápsula contém,
geralmente, 500 mg de pó oriundo da casca do Ipê-roxo. Todo este processo é
bastante primário, existindo a necessidade de uma avaliação sanitária procedida
pelo Ministério da Saúde. Trata-se de uma questão bastante preocupante, já que o
mercado de fitoterápicos é bastante exigente no aspecto de qualidade do produto.
9. Descrição das medidas mitigadoras - para redução de impacto ambiental da
exploração no recurso, na flora e fauna
Neste caso as medidas mitigadoras para redução de impacto ambiental da
exploração do recurso casca esta diretamente ligada ao individuo explorado, não
afetando outra espécie seja direta ou indiretamente. O impacto poderá vir a
representar alguma alteração na fenologia, e nos demais eventos reprodutivos
gerais, representando variações de médio em longo prazo.
7
As operações descritas em seguida foram obtidas através de conversas informais e
questionários aplicados com o Sr. José Gomes Machado na cidade de Rio Branco e Sr. E
Sr. Ferreira no município de Acrelândia - AC.
Recomendação Ferramentas - Mitigação e redução de impactos - Oito diretrizes
básicas de obtenção de cascas
10. Número médio de anos/meses necessários para a sua regeneração Tempo estimados para regeneração e recomposição do nível do estoque ou do
volume de matéria-prima extraído.
O tempo médio necessário para recomposição do volume de matéria-prima
extraída ainda não pode ser calculado devido a falta de informações mais precisas
a respeito da regeneração da casca.
11. Descrição da cultura popular sobre a espécie (histórias, contos)
Não houve nenhum registro de histórias, contos ou folclores que envolvessem o
Ipê-roxo, a não ser relatos de pessoas que se curaram de diversos tipos de câncer
na fase inicial, tomando de 1 a 2 litros de chá (250 gramas/litro) diariamente,
durante dois anos consecutivos. Com relação à extração da casca do ipê-roxo, a
maioria dos extratores retira em função do calendário lunar, de preferência quando
a lua está nova. Segundo o Sr. José Gomes Machado, acredita-se que auxilia na
renovação da saúde, onde o princípio ativo está mais presente, favorecendo a
regeneração da mesma.
FASE PRÉ-EXPLORATÓRIA – ATIVIDADES A SEREM REALIZADAS ANTES
DO INÍCIO DA EXPLORAÇÃO, QUE DEVERÁ CONTER:
Época

No período de frutificação.
Mapeamento e Marcação dos Indivíduos







Localizar as áreas de ocorrência dos indivíduos produtivos a
serem manejados;
Elaborar croqui de acesso à área de manejo;
Mapear os indivíduos com aparelho de GPS ou com bússola,
selecionar e marcar (com plaquetas, fitas, tinta, etc.) os indivíduos
a serem manejados;
Coletar dados para análise de regeneração e monitoramento
(diâmetro a altura do peito – DAP e altura comercial – Hc);
Tratamentos silviculturais: podem ser aplicados desde que sejam
descritos a sua necessidade e o método a ser utilizado;
Descrever os critérios de seleção dos indivíduos;
Registrar a densidade de indivíduos na área a ser manejada.
Estimativa de Produção

Descrever o método de estimativa de produção.
Plano de Monitoramento


Descrever a estrutura populacional, considerando diferentes
classes de tamanho;
Realizar um levantamento rápido da fauna existente no local.
Recomendação: Aplicar entrevistas com moradores e/ou utilizar
outros métodos rápidos.
Medidas para Reduzir Impactos




Procurar utilizar os caminhos já existentes na área de exploração;
Ter cuidado para não pisotear plantas e/ou plântulas;
Descartar indivíduos que possuam algum impedimento para a
retirada da casca (como presença de cipós, mata-paus,
palmeiras, etc.) e aqueles que estejam ocados;
Não marcar indivíduos com DAP inferior a 30 cm.
FASE EXPLORATÓRIA - ATIVIDADES A SEREM REALIZADAS DURANTE A
EXPLORAÇÃO, QUE DEVERÁ CONTER:
Época
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Após a dispersão das sementes.
Métodos de Coleta
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Escolher o lado do tronco da árvore que estiver em melhores
condições (uniformidade, textura, etc);
Marcar com um pincel atômico apenas (01) um painel no tronco,
utilizando molde (de madeira ou algum material resistente) com
as dimensões exatas da placa que será retirada;
A placa da casca deve ser retirada no sentido vertical do tronco
na altura do peito para cima, sendo extraídas placas mais
estreitas e longas;
Cortar o painel com utensílio cortante, a uma profundidade,
geralmente de 2-3cm, até a casca se soltar (a profundidade
depende do diâmetro do tronco);
Para análise de regeneração da casca medir a profundidade de
casca retirada do painel no tronco com um paquímetro;
Material necessário: Terçado ou formão ou outro utensílio
cortante, sacos (de plástico), pincel atômico, molde (de madeira
ou algum material resistente) do tamanho do painel, paquímetro,
botas, capacete.
Recomendação: Pesar a placa de casca retirada do tronco antes da secagem
e após a secagem da mesma. Com estes dados será possível obter a
produtividade da área manejada.
Medidas para Prevenir e Reduzir Impactos
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Recomenda-se que o utensílio cortante seja específico para a
atividade, não esteja enferrujado e seja limpo a cada corte;
Não extrair casca de indivíduos com DAP inferior a 30 cm;
A altura do painel deve ser na altura do peito, em torno de 1,30 m
da base do tronco;
O painel não deve ser tocado durante e após a extração da
casca, para evitar qualquer tipo de contaminação;
Armazenar imediatamente as cascas em sacos plásticos limpos;
Utilizar equipamentos e técnicas de coleta que minimizem a
pressão sobre fauna e flora;
Evitar o excesso de pisoteio de pessoas e animais de carga na
área de exploração.
FASE PÓS-EXPLORATÓRIA - Descrição dos procedimentos
armazenamento, transporte e beneficiamento a ser realizado.
de
Monitoramento
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Registro anual da produção total;
Avaliar a estrutura populacional a cada três anos após o início do
manejo;
Observar e avaliar a sanidade do painel, a princípio um mês após a
extração até que o painel esteja totalmente seco, durante um ano, para
evitar contaminações de fungos, cupins e outros tipos de insetos que
interfiram na sua regeneração;
Observar e avaliar a regeneração da casca a cada ano realizando
medidas de profundidade do painel com o paquímetro e DAP;
Fazer o monitoramento sempre na mesma época.
Procedimentos de Medição dos Indicadores
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Tirar medidas de DAP dos indivíduos manejados, para observar o
crescimento em diâmetro e avaliar a velocidade de regeneração
da casca;
Quantificar a velocidade de regeneração do painel, com utilização
de paquímetro, medindo a espessura da casca.
Observar o comportamento do indivíduo se houve modificações
na fenologia da espécie;
Gráficos e/ou histogramas da estrutura populacional e variação da
produção, tendo a curva inicial como indicador principal.
Transporte, Armazenamento e Pré-beneficiamento
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A casca pode ser retirada da área manejada através de pessoas,
animais de carga e/ou embarcações até a unidade de manejo;
A casca deve ser transportada em sacos plásticos limpos até o
local que será feita sua secagem (unidade de manejo);
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Lavar as cascas em água limpa e corrente com o auxílio de uma
escova retirar os resíduos. Cortá-las em tiras para facilitar a
secagem;
Secar a sombra em local limpo e arejado, livre de insetos. Não
secar as cascas no sol, pois as propriedades químicas serão
alteradas;
Armazenar as cascas em sacos limpos e guardar em local
rigorosamente protegido, sem umidade, limpo e arejado, sem
insetos ou roedores e longe da luz solar, até o seu
beneficiamento.
Síntese do manejo - Segundo o documento base:
1. Registra o Ipê-roxo como uma espécie rara com densidade de adultos
baixa, cerca de 0,04 ind/ha;
2. Recomenda - mais informações via os resultados do experimento de
exploração de cascas, alegando pouca informação entre os
exploradores sobre a profundidade de corte das cascas para exploração;
3. Recomenda - um prazo de acompanhamento fonológico da espécie num
período mínimo de quatro anos;
4. Recomenda - monitoramento por especialistas na área e até mesmo
qualificar pessoas da comunidade, pois muitas vezes certas
observações são adquiridas somente por elas;
5. Recomenda - coletas de casca para identificação morfológica do
material, analisando anéis de crescimento, câmbio vascular e outros.
6. Recomenda - determinar até que ponto (profundidade) está sendo
extraída a casca do tronco.
Nota: verificar se está afetado o lenho da árvore ou não,
podendo auxiliar na manutenção do fuste, sem que a
mesmo seja danificado ou alterado, já que a sua
regeneração está diretamente ligada à forma e quantidade
de exploração.
7. Recomenda - análise morfológica para quantificar o princípio ativo
existente na casca externa e interna, do mesmo material extraído.
Podendo ou não ocorrer variação no teor medicinal da casca.
8. Recomenda - estudo fisiológico da árvore, desde a sua condução de
seiva e nutrientes que a planta absorve até o mecanismo de
funcionamento dos vasos.
Nota: Obter o perfil do metabolismo que ocorre com o Ipêroxo, auxiliando na regeneração da casca.
Estudos de regeneração, ainda é um fator preocupante, pois não há dados
concretos da forma que ocorre essa regeneração, e por quanto tempo ela
ocorre.

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