ExPOSIçõES DE BáRBARA ASSIS PACHECO NOS HOSPITAIS DA

Transcrição

ExPOSIçõES DE BáRBARA ASSIS PACHECO NOS HOSPITAIS DA
cabinet de curiosités…….Hospital de São José / Biblioteca
desenhos e peças várias
adultícia……………….. Hospital de Santo António dos Capuchos / Igreja
desenhos
malaise de civilisation…Hospital de Santa Marta / corredor de Nª Srª da Salvação
desenhos
exposições de Bárbara Assis Pacheco
de 16 de Setembro a 17 de Outubro de 2014
nos hospitais da colina de Santana,
Lisboa
inauguração 15 de Setembro às 17h
na Biblioteca do Hospital de São José
horário das exposições:
Hospital de São José – de 2ª a 6ª das 9h às 17.30h
Hospital de Santo António dos Capuchos – de 2ª a 6ª das 9h às 17h
Hospital de Santa Marta – todos os dias das 9h às 18h
visitas guiadas pela artista e por Célia Pilão, administradora
hospitalar:
16 de Setembro às 17.30h no Hospital de São José / Biblioteca
18 de Setembro às 18h no Hospital de Santo António dos Capuchos /
Igreja
entrada livre
25 de Setembro às 18h no Hospital de Santa Marta / Claustro
informações: 963997916
EXPOSIÇÕES DE BÁRBARA ASSIS PACHECO NOS HOSPITAIS DE SÃO JOSÉ, CAPUCHOS E SANTA MARTA Dr. Luiz Damas Mora Presidente da Comissão do Património do CHLC 15.09.2014 Vou falar‐vos durante 5 minutos e dividirei esta pequena alocução em duas partes: uma formal, ‐ uma breve apresentação da pintora, melhor, da artista, Bárbara Assis Pacheco, ‐ e outra que é uma visão pessoal da obra hoje exposta, dividida em três temas: “cabinet de curiosités” em S. José, “Adultícia” (também eu fui ver o significado da palavra…) nos Capuchos e “Malaise de Civilization” em Stª Marta. Como um homem comum tenho enormes “buracos negros” na minha cultura geral e, perdoar‐me‐á, mas conhecia mal a sua pintura. Assim, para que pudesse dizer algo mais substancial vim esta manhã “espiar” os seus quadros e os seus objectos. E dei comigo a pensar com que olhar os veriam Christoph Grienberger, Christoforo Borri, Giovanni Paolo Lembo, Carbonne ou os portugueses João Delgado, Luis Gonzaga e Inácio Vieira, todos eles padres jesuítas que passaram por este espaço onde hoje estamos para dar as suas aulas de física, cartografia ou matemática no século XVII? Que adjectivos usariam? Desconcertante? Incompreensível? É que cada época tem a sua concepção de Arte e se nos fosse possível ver agora quadros pintados daqui a cem anos (se ainda 1 houver humanidade…) perplexos. certamente ficaríamos também Ao iniciar a minha “peregrinação”, confesso, vinha um pouco desconfiado. Assim como, filogenicamente, os conceitos de Arte vão evoluindo, o mesmo acontece do ponto de vista ontogénico com cada um de nós, isto é, aquilo que fomos capazes de admirar aos 20 anos é diferente do que já compreendemos 30 ou 40 anos depois. Se gostava de Chopin aos 15, já ouvia Stravinsky aos 20 e Schönberg aos 30. De Bárbara Assis Pacheco (mea culpa!) sabia apenas que era uma pintora contemporânea, e isso poderia significar que eu só estava capaz de a compreender aos … 90 anos! (já não falta muito…). Mas não! A Arte, penso eu, porventura um pouco conservadoramente, busca o Belo, o que não é o mesmo que o Bonito, como o provam algum Goya, Francis Bacon ou Paula Rego. Ora os quadros de Bárbara Assis Pacheco transmitem‐nos imediatamente essa Beleza. Voltando um pouco atrás à filogenia da Arte, o Homem (desculpem‐me se não acrescento “e a mulher”, mas é para facilitar…) procurou, primeiro, reproduzir o que via, num processo de fora para dentro. Mas, depois, foi imprimindo às suas obras marcas pessoais, interpretações do objecto, e não, já, o objecto em si mesmo. É a Arte de dentro para fora. Em qualquer das circunstâncias, que mistérios existem, para além do arco que, no primeiro caso, começa no objecto, passa 2 pela visão, é interpretado pelo cérebro e, agora em sentido contrário, por intermédio dos mesmos motores vai transmitir a esse instrumento prodigioso a que chamamos mão, os movimentos exactos para que daí resulte uma obra de arte e, no segundo, que enigmas esconde este arco, agora de sentido único, que começa não no objecto, mas no pensamento, na visão interior, nos estados de alma, para atingir o mesmo fim? Claro que, com os extremos do híper‐realismo de um Chuck Close e do abstraccionismo de um Kandinsky, em cada pintor há um pouco de ambos os processos. No caso da Bárbara Assis Pacheco predomina, claramente, um processo de dentro para fora, uma “cosa mentale”, mesmo quando faz alguma pintura animalista ou, não sei se se pode chamar vegetalista, a lembrar por vezes Henri Rousseau ou Raoul Dufy. A sua colecção de objectos é insólita (já pareço um jesuíta no séc. XVII); é o que se pode considerar um processo sincrético: um caos, através do qual se adivinha alguma ordem, mas essa ordem é pessoal, é íntima. O que a levou a selecionar este e aquele objecto, em que pensava quando criava o terço com os pequenos cordeiros? Não tenho respostas para estas questões. Na sua “Malaise de Civilization”, não calcula como a compreendi! Nesta necessidade do regresso à vida primitiva, à natureza, como Henry Thoreau, que viveu durante 1 ano isolado numa cabana na floresta, temos um ponto em comum, que é ao mesmo tempo uma forma de protesto: nenhum de nós tem telemóvel! 3 Este caminhar do Homem para o virtual é trágico. Resta‐me agradecer‐lhe, não só a arte que generosamente oferece aos nossos sentidos, mas também o facto de ter escolhido estes espaços, que tanto nos dizem e que, em certos aspectos, tão contrastantes são com a sua obra. Ficámos todos mais ricos. Obrigado. Não queria terminar realmente sem uma palavra de reconhecimento à Sra. Dra. Célia Pilão, que mais uma vez, provocou este encontro de culturas. (Também nos tem enriquecido, e muito.) e ao Arquitecto José Carlos Rodrigues, a cargo de quem ficou o aspecto estético das exposições, o que fez com muito gosto. 4 

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