Bico Do Papagaio - SIT - Sistema de Informações Territoriais
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Bico Do Papagaio - SIT - Sistema de Informações Territoriais
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS Avaliação da Efetividade do Programa Desenvolvimento Sustentável de Território Rural do Bico do Papagaio – TO Palmas, novembro de 2011. 1. Contextualização 1.1. Aspectos Físicos O estado do Tocantins encontra-se todo na numa região de clima tropical numa faixa de transição ao norte com temperaturas variando de 20 a 40 oC, com precipitação anual média de 1000-2000 mm. Observam-se no estado a presença de dois grandes biomas, o Cerrado que predomina na metade sul do estado e uma faixa de transição para floresta amazônica na região do Bico do Papagaio. À leste observa-se um início de transição de cerrado para Caatinga, que é marcado pela região do Jalapão. O cerrado varia entre o campo limpo, o campo sujo, o cerrado e o cerradão conforme as características do solo. Na faixa norte do estado ocorre a faixa de transição entre o cerrado e a floresta amazônica. Os solos classificados em 5 grandes classes segundo sua aptidão agrícola: alta, média, média-baixa, baixa e desaconselhável para a agricultura (Diniz, 2006). Essas características têm forte influência sobre a geografia do setor agrícola e, por conseqüência, sobre a rede urbana. Na região norte no estado as terras são de boa qualidade, entretanto em função da região ser de mata, o custo da destoca tem contido o avanço da agricultura mecanizada. A região tem sido ocupada por gado e pela agricultura menos tecnificada, baseada na enxada e em pequenos tratores. Uma outra dificuldade na região mais ao norte diz respeito ao volume de chuvas que em algumas épocas do ano é muito alto o que também acarreta problemas para alguns tipos de cultura (soja, milho e algodão). Figura 01 Aptidão agrícola do Estado do Tocantins Fonte: Adaptado de Diniz, 2006. 1.2. Aspectos Sócio demográficos Do ponto de vista mais histórico, a região do atual estado do Tocantins foi ocupada desde o século XVIII com as buscas por metais preciosos na região, e seus rios (Araguaia e Tocantins) serviram como forma de penetração para as bandeiras vindas do norte do país. Natividade, que está ao sul da capital (200 km na rodovia Coluna Prestes – TO-050) do estado foi importante reduto aurífero, entrando em decadência com o esgotamento das jazidas. A região do Bico do Papagaio, na região norte do estado ficou marcada, na década de 1970 pela guerrilha do Araguaia, sendo que Xambioá foi um dos pontos de apoio do exército para o combate a Guerrilha. Esta região diferentemente do restante do estado viveu um intenso processo de interferência do estatal ao longo dos anos 1970 e 1980. Por estar numa região muito próxima ao sul do Pará, se tornou importante ponto de passagem de população que correu em direção ao Pará na busca por ouro. A interferência estatal na região se acentuou com a criação do Grupo Executivo de Terras Araguaia-Tocantins que atuou na região até a criação do estado. Esta região foi marcada por acirrados conflitos pela posse da terra durante as décadas de 70 a 80, onde se opunham de um lado os trabalhadores rurais da região noroeste do país que chegaram a partir da década de 50 em busca de terras devolutas, e de outro os fazendeiros e investidores da região centro sul do país, motivados pelos incentivos fiscais oferecidos pelo governo federal como forma de promover a ocupação da Amazônia. Durante este período, a grilagem, a expropriação violenta das famílias, as perseguições e assassinatos dos posseiros foram práticas correntes. A luta pela resistência iniciou-se antes da chegada da Comissão Pastoral da Terra (CPT), mas se fortaleceu com a vinda de missionários desta entidade. Um dos símbolos desta resistência foi o Pe. Josimo, que lutou ao lado dos trabalhadores rurais, num processo de conscientização em uma época de acirrados conflitos na região. Pe. Josimo foi assassinado por pistoleiros encomendados por grileiros das terras da região. Tornou-se uma marca desta resistência, lutando pela posse da terra e dos diversos direitos dos quais os trabalhadores desconheciam. Na década de 80, criaram os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais com o apoio daquela instituição, com isso os trabalhadores rurais se organizaram e articularam a implementação de um amplo processo de reivindicação pela reforma agrária. Na segunda metade dos anos 80 o governo federal, através do INCRA, iniciou de fato as ações da reforma agrária na região, desapropriando latifúndios improdutivos. Os primeiros assentamentos foram implementados nos municípios de Esperantina e São Miguel do Tocantins. Na segunda metade da década de 90, com o aumento expressivo no número de famílias assentadas, as organizações dos trabalhadores rurais, já consolidadas e amadurecidas pelos anos de luta, passam a reivindicar e negociar políticas públicas voltadas para o fortalecimento da agricultura familiar. Nesta fase o crédito rural passa a ser uma das principais bandeiras do movimento sindical. Em resposta a essa demanda o governo federal passa a liberar recursos para o crédito rural destinado à agricultura familiar através de linhas principais: PROCERA , FNO e PRONAF 1. A luta pela terra evoluiu para a defesa do desenvolvimento rural sustentável centrado na agricultura familiar. A partir de 2001, como reflexo do projeto de desenvolvimento nacional para o eixo Araguaia-Tocantins, apresentado pelo governo do ex-presidente 1 Respectivamente: Programa de Crédito Especial para a Reforma Agrária; Fundo Constitucional do Norte e Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Fernando Henrique Cardoso, o governo estadual elaborou projetos estaduais nas áreas de energia, transporte e plantio de monocultura, um deles é o PDRI – Programa de Desenvolvimento Rural Integrado do Bico do Papagaio que visa à implantação de lavouras de soja numa área de 400.000 hectares, ao longo dos rios Tocantins e Araguaia. Dentro deste programa, está sendo desenvolvido de forma parcial o Projeto Sampaio que prevê o cultivo de soja numa área equivalente a nove mil hectares. No entanto, a ação dos movimentos populares conseguiu impedir parcialmente sua implantação por ser considerado uma ameaça ao desenvolvimento da região por parte das organizações de trabalhadores rurais. Através da construção de um processo de organização, outras conquistas também foram obtidas pelos trabalhadores rurais. Destacando-se o acesso a determinadas linhas de créditos, como PRONAF, fomento e alimentação; algumas melhorias na infra-estrutura local, como construção de estradas vicinais e habitação; a implementação de obras pelo PRONAF Infraestrutura; e a ocupação de novos espaços de discussão e deliberação, a exemplo dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS). Em 2007, 34% da população da microrregião do Bico do Papagaio encontrava-se na área rural. Esta população corresponde a 22% da população rural do Estado que é de 271 mil habitantes (Tabela 1). Tabela 01 Dados da População do Tocantins Micro/Estado/ População Total (mil hab.) Brasil Cresciment o (% a.a.) População Urbana (%) 1991- 20002007 2000 2007 1991 População Rural (%) 1991 2000 Bico do Papagaio 142 174 179 2,3 0,4 48 66 52 34 Araguaína 187 229 234 2,3 0,3 72 82 28 18 Miracema do Tocantins 123 136 137 1,1 0,0 57 70 43 30 Rio Formoso 91 102 108 1,3 0,8 58 79 42 21 Gurupi 112 122 129 0,9 0,8 70 85 30 15 Porto Nacional 103 219 263 8,7 2,7 69 91 31 9 58 62 67 0,9 1,1 23 55 77 45 Dianópolis 104 112 115 0,9 0,4 42 69 58 31 Estado do TO 920 1157 1232 2,6 0,9 58 78 42 22 14682 5 16979 9 18380 5 1,6 1,1 76 83 24 17 Jalapão Brasil 2007 1991 2007 Fonte: IBGE. Censo Demográfico 1991 e 2000. IBGE. Contagem da População, 2007. Apesar da população na área rural ter sofrido um decréscimo nos últimos 17 anos, a produção agropecuária cresceu de forma constante ao longo do mesmo período. Em termos regionais o crescimento populacional foi bastante diferenciado. A região do Bico do Papagaio e de Araguaína, palco de importantes conflitos ao longo da década de 1980 se tornou área prioritária de atuação dos governos estaduais e federal. A Secretaria de Planejamento do estado conta tem um programa voltado para o Zoneamento EcológicoEconômico da região. No âmbito federal, a região faz parte do Programa de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Ministério do Desenvolvimento Agrário e também do Ministério da Integração Nacional. Por se situar na confluência de duas bacias hidrográficas importantes (Araguaia e Tocantins), próximas a eixos rodoferroviários importantes (Belém-Brasília, Ferrovia Carajás e Norte-Sul) tem atraído população e despertado interesse econômico. Nos últimos anos parece estar havendo um incremento da área de reflorestamento, com o objetivo principalmente de atender a demanda por carvão das usinas siderúrgicas e das guserias no sul do Pará. Isso se reflete inclusive nos dados do mapeamento, cuja área de reflorestamento passa de 2,5 mil hectares em 1990 para 17 mil hectares em 2007, sendo que 84% desta área está na microrregião do Bico do Papagaio. 1.3. Desempenho Econômico O Produto Interno Bruto do Estado do Tocantins cresceu acima da média brasileira desde 1991. Entre 1991 e 2007 a taxa de crescimento média anual do PIB real do estado foi de 6,9% a.a. enquanto para o Brasil essa taxa foi de apenas 2,5% a.a. Em uma perspectiva mais recente, entre 2000 a 2007, a taxa de crescimento média anual do estado se ampliou para 8,9% a.a. enquanto que a taxa brasileira subiu para 3,5% a.a. Esse crescimento ao longo dos últimos 16 anos fez com que a participação do estado no PIB nacional mais do que dobrasse, passando de 0,20% do PIB nacional em 1989 para 0,42% em 2007. Entre 1989 a 2007 o PIB per capita do estado passou de R$ 4,3 mil para R$ 9,4 mil ao ano. Isso significa que o PIB per capita do estado representava 27% da média nacional em 1989 e 52% em 2007. Isso demonstrou, uma grande evolução do PIB per capita no Estado, com a ampliação da riqueza média da população. Em uma perspectiva de evolução econômica recente, a seguir se apresenta as taxas médias anuais de crescimento do PIB segundo os setores e para as microrregiões do estado do Tocantins no período 2002-2007. As taxas de crescimento variaram bastante entre as regiões e os setores. Chama atenção a taxa média anual do PIB da microrregião de Porto Nacional, que foi de 3% a.a. no período, abaixo, portanto, da taxa média do estado. As regiões mais centrais do estado (além de Porto Nacional, Miracema do Tocantins e Rio Formoso) têm crescido menos que as regiões sul e norte do estado. Os destaques positivos ficam por conta das microrregiões de Araguaína, Dianópolis e Gurupi. Apesar do crescimento expressivo observado na microrregião do Jalapão, o mesmo deve ser observado com cautela, pois o elevado crescimento se deve principalmente a base inexpressiva da região, o que faz com que a taxa de crescimento seja extremamente elevada. Tabela 02 Taxa Média Anual de Crescimento das Microrregiões segundo Setores para o Período 2002-2007 TAXA MÉDIA ANUAL DE CRESCIMENTO (2002-2007) MICRORREGIÃO / ESTADO AGROP. INDÚS. COMER. E SERV. ADM. PÚBLICA IMPOSTOS PIB Araguaína 3,9 9,9 7,9 8,1 7,8 7,8 Bico do Papagaio 2,0 -2,2 3,4 7,6 5,5 4,0 Dianópolis 4,6 4,7 5,1 6,3 6,7 5,3 Gurupi 3,2 25,9 6,8 5,8 6,1 10,4 Jalapão 7,7 8,6 15,7 7,0 15,9 9,2 Miracema do Tocantins 4,9 -4,9 3,9 6,8 14,0 2,7 Porto Nacional 3,0 1,0 1,4 9,2 3,1 3,0 -4,6 11,3 2,2 7,4 4,3 1,9 2,3 6,0 4,5 7,6 6,0 5,2 Rio Formoso Tocantins Fonte: IBGE. Sistemas de Contas Regionais, 2007. Cálculo dos autores. Isso pode ser corroborado pela analise do gráfico 3 que mostra a participação das microrregiões no PIB do estado em 2002 e 2006. Observa-se que o 61% do PIB do estado em 2006 estavam concentrados em apenas três microrregiões, as microrregiões de Porto Nacional, Araguaína e Gurupi. Observa-se que as microrregiões de Gurupi e Araguaína aumentaram suas participações no total do PIB do estado. Por outro lado, as microrregiões de Miracema do Tocantins, Rio Formoso e Bico do Papagaio perderam importância relativa dentro do estado no período considerado. Gráfico 01 Participação das Microrregiões no PIB do Estado do Tocantins para os Anos de 2002 e 2006 26% 21% 14% 10% 11% 7% 6% 4% 12% 8% 6% 4% 80% 90% 2006 29% 19% 12% 11% 2002 0% 10% Porto Nacional 20% Araguaína 30% Gurupi 40% Rio Formoso 50% 60% 70% Miracema do Tocantins Bico do Papagaio 100% Dianópolis Jalapão Fonte: IBGE. Sistemas de Contas Regionais, 2007. Cálculo dos autores. O gráfico 02 apresenta o PIB per capita das microrregiões, do estado e do Brasil em 2006. Observa-se que as diferenças regionais dentro do estado são bastante significativas. As microrregiões do Bico do Papagaio, Dianópolis, Jalapão e Miracema possuem PIB per capita abaixo do observado para o estado. No caso da microrregião do Bico do Papagaio, esta possui um PIB per capita 50,5% abaixo da média do estado, ou 72% menor do que o PIB per capita brasileiro. A microrregião que possui o PIB per capita mais alto é a de Gurupi, cujo PIB per capita é 50,3% superior à média do estado, valor que não é suficiente para que a região se aproxime da média do PIB per capita nacional da qual ainda está distante 15%. Gráfico 02 PIB per capita para as Microrregiões, Tocantins e Brasil para ao ano de 2006 (R$ de 2006) Fonte: IBGE. Sistemas de Contas Regionais, 2007. Cálculo dos autores. 1.4. Expansão agropecuária A expansão agrícola e incorporação produtiva do Cerrado que ocorreu a partir dos anos 1960, impulsionada por uma série de programas de colonização, crédito rural e pesquisa agrícola, que foi fundamental para o crescimento da economia mato-grossense e goiana, ainda não atingiu em sua plenitude o Tocantins. Há vasta área a ser ocupada ou cuja exploração pode aumentar a participação do estado na produção de grãos no total do país. Apesar desta explosão agropecuária ainda não ter ocorrido, o crescimento dos últimos 17 anos indica que há espaço para uma mudança no perfil produtivo da agropecuária do estado. Apesar dos avanços tecnológicos que permitiram a ocupação de terras tidas como fracas, nos últimos anos, as características das terras do estado são um fator limitador da expansão agrícola. Em 1990 o estado do Tocantins era responsável por 0,1% da produção dos principais grãos (arroz, feijão, milho, soja e trigo), patamar que atingiu 1,2% na década seguinte. O comportamento individual das lavouras foi muito diferenciado, porém o estado se consolidou como um grande produtor de arroz, soja, e num patamar inferior, milho. O aumento na produção de cana evidencia que o estado pode estar entrando em um ciclo de expansão da cultura. É preciso se observar o que ocorrerá nos próximos anos com a cultura, que pode ser uma alternativa para o crescimento e a agro industrialização do estado. Na média, a produção de grãos cresceu 8,3% ao ano, contra a média brasileira de 5,5% ao ano. O destaque negativo fica por conta da região do Bico do Papagaio. Apesar de a região possuir terras de boa fertilidade a produção de grãos na região tem se mostrado aquém das possibilidades. Uma explicação para isso pode estar ligada estrutura fundiária a pouca utilização de tecnologia moderna. 1.5. O Programa de Desenvolvimento Sustentável de Território Rural do Bico do Papagaio O Território da Cidadania Bico do Papagaio - TO abrange uma área de 15.852,60 Km² e é composto por 25 municípios: Aguiarnópolis, Ananás, Angico, Araguatins, Augustinópolis, Axixá do Tocantins, Buriti do Tocantins, Cachoeirinha, Carrasco Bonito, Sampaio, Darcinópolis, Esperantina, Itaguatins, Luzinópolis, Maurilândia do Tocantins, Nazaré, Palmeiras do Tocantins, Praia Norte, Riachinho, Santa Terezinha do Tocantins, São Miguel do Tocantins, São Sebastião do Tocantins, Sítio Novo do Tocantins, Tocantinópolis e São Bento do Tocantins (figura 1). A população total do território é de 179.238 habitantes, dos quais 61.012 vivem na área rural, o que corresponde a 34,04% do total. Possui 7.406 agricultores familiares, 5.644 famílias assentadas e 1 terra indígena. Seu IDH médio é 0,62 (IBGE, 2008). Figura 02 Território do Bico do Papagaio Seu território é caracterizado por ser uma região pobre, com baixo PIB per capita, relativamente populosa e fortemente influenciada pela agricultura familiar, notadamente pela pressão exercida pelos movimentos sociais pela reforma agrária. Possui 5.885 estabelecimentos rurais, com destaque maior para a pecuária. Na região existiam em 2005, 66 assentamentos, com 3.835 famílias, sendo a produção leiteira um das principais fontes de renda dos agricultores familiares (INCRA, 2006). O Bico do papagaio está inserido no ecossistema de transição entre a Floresta Amazônica e o Cerrado comumente chamado de Pré-Amazônia ou Zona de ocorrência de Babaçuais, delimitada pelos rios Tocantins e Araguaia. É uma área de ocupação recente e sua população migrou principalmente do Maranhão e Piauí durante os anos 60 e 70. Majoritariamente agroextrativistas, esta população implantou o sistema de produção baseado na “roça de toco”, na coleta do coco do babaçu no agroextrativismo de frutas nativas, na pesca artesanal, na produção de mel e de farinha de mandioca de imensa importância social, ambiental, cultural e econômica. Em 2008, foi implantado o Colegiado do Território da Cidadania no Território Rural do Bico do Papagaio. Em seu Plano de Desenvolvimento Territorial foram priorizadas algumas cadeias produtivas relacionadas à agricultura familiar, dentre as quais se destacam o leite, apicultura, mandioca e babaçu. No ano de 2009, vários projetos foram encaminhados pelo Colegiado, com a participação dos Governos Municipais, Estadual e Federal, juntamente com representantes da sociedade civil. A proposta inicial deste relatório será destacar as ações desenvolvidas pelo Colegiado Territorial e as possíveis informações geradas através da aplicação de questionários pela Célula de Acompanhamento do Território do Bico do Papagaio, com destaque para os indicadores relacionados aos impactos diretos e indiretos dos projetos sobre as comunidades envolvidas, além da coleta de dados secundários para verificação dos impactos das estratégias de desenvolvimento territorial sobre o desenvolvimento econômico sustentável da região. 2. Índice de Condições de Vida Territorial (ICV-T) O Índice de Condições de Vida Territorial é uma variação do Índice de Condições de Vida (ICV) reajustado para o contexto institucional e espacial no qual foi aplicado. Institucional no sentido de que o ICV-T busca a percepção dos entrevistados em relação à melhoria de sua realidade, para assim ajustar as diretrizes a serem aplicadas no Território Rural. Espacial porque a área de aplicação do questionário é totalmente na zona rural. Na pesquisa aplicada no Bico do Papagaio, foram entrevistadas 281 famílias, atingindo assim a quantidade exigida de questionários. Os mesmos foram aplicados em áreas rurais de municípios previamente estabelecidos pelo Sistema de Gestão de Células (SGE). A tabela 1, logo a seguir, destaca os municípios analisados e a quantidade de questionários aplicados em cada um. Tabela 03 Cidades analisadas pelo ICV-T na região do Bico do Papagaio Frequência Percentual ANGICO 28 10,0% ARAGUATINS 28 10,0% AUGUSTINOPOLIS 28 10,0% CARRASCO 29 10,3% ESPERANTINA 28 10,0% NAZARÉ 28 10,0% PRAIA NORTE 28 10,0% SÃO BENTO 28 10,0% SITÍO NOVO 28 10,0% TOCANTINOPOLIS 28 10,0% Total 100,0% 281 Fonte: Elaboração própria. Os questionários foram aplicados na primeira metade do semestre de 2011, nos meses de março e abril, período de transição da estação chuvosa para a estiagem. A princípio houve maiores dificuldades de acesso, devido a ocorrência de chuvas torrenciais que deterioraram grande parte das vias de acesso, no entanto, na segunda metade de abril as chuvas diminuíram, logo as condições de acesso melhoraram. Figura 03 Aplicação do ICV-T A seguir serão apresentadas algumas características das famílias entrevistadas, destacando questões como escolaridade, acesso à serviços básicos, comercialização, produção, organização da comunidade, dentre outras. As entrevistas foram realizadas nas propriedades rurais tendo como principal objetivo entrevistar os chefes de família, por serem eles os possui maior conhecimento sobre sua área produtiva. Por isso mais da metade dos entrevistados foram os chefes de família (54%), quando os mesmos não se encontravam no domicílio foram realizadas pesquisas com outros membros, priorizando seu cônjuge que correspondeu a 31,3%, seguidos por seus filhos 8,9% (Gráfico 3). Gráfico 03 Condição do Indivíduo na Família Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Com relação à faixa etária dos entrevistados quase a metade fico entre os 30 e 50 anos (45%), exatamente pela preferência que se deu ao chefe ou ao seu cônjuge (Gráfico 4). Gráfico 04 Idade dos entrevistados Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A maior parte dos entrevistados foi de homens, 52%. A região possui uma característica marcante e, embora sejam propriedades rurais, existem muitas mulheres como chefes de família, geralmente matriarcas com idade avançada (Gráfico 5). Gráfico 05 Sexo dos entrevistados Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Os dados demonstram que, em geral, as famílias são compostas por poucas pessoas. Temos cerca de 21% dos estabelecimentos com três pessoas valor que, em números absolutos, fica em torno de 60 domicílios. São raras as residências identificadas com 10 ou mais moradores, equivalendo um total de apenas 6 moradias. Esses valores podem ser conferidos no gráfico 6 abaixo. Gráfico 06 Quantas pessoas fazem parte da família e moram neste estabelecimento/domicílio? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Em relação aos moradores de cada domicílio, pode-se observar que a maior parte não trabalha apenas no estabelecimento. Assim, em 98 domicílios os residentes não se dedicam apenas à sua produção, possuem algum vinculo empregatício, seja na cidade ou mesmo em outros estabelecimentos rurais (Gráfico 7). Gráfico 07 Quantas dessas pessoas trabalham apenas neste estabelecimento/domicílio? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. É possível verificar também, que poucas pessoas trabalham apenas fora do estabelecimento. Na maior parte das residências onde se identificam pessoas trabalhando apenas fora do estabelecimento, encontra-se apenas 1 pessoa que não participa também das atividades do domicílio. A maioria das residências, 179 delas, apresenta um número nulo de moradores trabalham apenas fora do estabelecimento, conforme demonstra o Gráfico 8 abaixo. Gráfico 08 Quantas dessas pessoas trabalham apenas fora do estabelecimento/domicílio? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A quantidade de moradias que não possuem moradores que trabalham dentro e fora do estabelecimento é alta, apesar de se esperar o inverso dado as informações anteriores. Foram identificados 207 domicílios onde nenhum membro desenvolve atividade dentro ou fora do estabelecimento. Esse fato pode ser explicado devido à existência de crianças e/ou idosos em cada domicílio. Apenas 6 residências possuem mais de 3 moradores que desempenham atividades dentro e fora do estabelecimento (Gráfico 9). Gráfico 09 Quantas dessas pessoas trabalham no estabelecimento/domicílio e também em outro local, permanente ou temporário? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Quanto às atividades desenvolvidas em cada propriedade, identificou-se que em 71% dos estabelecimentos havia alguma produção (Gráfico 10). Gráfico 10 Você tem alguma produção no seu domicílio ou estabelecimento? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Dentre as propriedades que realizam algum tipo de produção, identificou-se apenas uma que possui a área de produção inferior a 4 Módulos Fiscais (Gráfico 11). Gráfico 11 Sua área de produção é menor que 4 Módulos Fiscais ? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Em quase totalidade dos casos as pessoas responsáveis pela produção fazem parte da família. Apenas em 2% dos domicílios não se encontra familiares como principal mão-de-obra na produção (Gráfico 12). Gráfico 12 Quem trabalha nessa produção é principalmente a família? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Apenas 40% das famílias visitadas retiram da propriedade e da produção a principal fonte de renda da família (Gráfico 13). Os principais ganhos monetários das demais famílias são provenientes de vínculos empregatícios, da aposentadoria e/ou da bolsa-família ou programas similares do governo .Gráfico 13 A renda da família vem principalmente dessa produção? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Quase todos os estabelecimentos são administrados pelas famílias. Apenas 1% das propriedades são administradas por pessoas contratadas para exercer essa função, o que corresponde, em números absolutos, a apenas 2 estabelecimentos (Gráfico 14). Gráfico 14 É a família que administra o estabelecimento? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Mas grande parte das propriedades conta com empregados permanentes. Cerca de 98% dos entrevistados afirmaram que seus estabelecimentos possuem até dois empregados permanentes (Gráfico 15). Gráfico 15 Tem até dois empregados permanentes? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. De acordo com a amostra, o tipo de produção que predomina na região é a não familiar. Dos estabelecimentos entrevistados, apenas 38%, apresentam características de agricultura familiar (Gráfico 16). Gráfico 16 Tipo de estabelecimento Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Em relação ao uso que é feito da produção, os dados permitem identificar que cerca de 36% dos entrevistados utilizam o que é produzido apenas para o consumo da família, 58% consomem e vendem o que produzem e apenas 6% destinam ao comércio tudo que é produzido na propriedade (Gráfico 17). Gráfico 17 O que você produz no estabelecimento é... Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. De acordo com a percepção dos entrevistados, foi possível averiguar que, para a maioria dos entrevistados, a quantidade de pessoas da família que estão trabalhando está boa (76 entrevistados) ou regular (69 entrevistados). A minoria considera péssima a situação da quantidade de pessoas trabalhando (Gráfico 18). Gráfico 18 Na sua opinião, qual a situação da quantidade de pessoas de sua família que está trabalhando? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Quanto à opinião dos entrevistados a respeito das características da mão-de-obra da família que trabalha tanto no estabelecimento quanto fora, tendo como critérios de avaliação idade, escolaridade e/ou capacidade de trabalho, identificou-se a predominância do regular em 88 dos domicílios. Os extremos, péssima e ótima, tiveram pouca freqüência, apenas 5 e 6 entrevistados avaliaram dessa forma as características da mão-de-obra da família, respectivamente (Gráfico 19). Gráfico 19 Qual sua opinião em relação às características da mão de obra da família que está trabalhando? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Quando se perguntou em relação à situação da área utilizada para a produção, incluindo terra, lago, mangue, floresta ou rio, foi possível identificar que a maioria os proprietários, 93 deles, avaliam de forma positiva o tamanho e a possibilidade de aproveitamento dessas áreas. As áreas foram consideradas ruins por 52 entrevistados e regular por 45. Mais uma vez os extremos foram pouco expressivos (Gráfico 20). Gráfico 20 Como está a situação da área utilizada para a sua produção? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A opinião dos entrevistados em relação à escolaridade dos membros da família, tendo como base para a avaliação o grau de escolaridade, o quanto os membros da família estudaram e se os que estudam frequentam normalmente a escola, demonstra uma certa satisfação, ao menos pela maioria, que corresponde a 86 questionários. A quantidade de entrevistados que consideram a situação da escolaridade da família ruim é de 36. Pouquíssimos entendem como ótima ou péssima a escolaridade familiar, apenas 6 e 10, respectivamente, e uma parte significativa dos entrevistados, 61 deles, acredita ser regular a escolaridade da sua família, conforme pode ser observado no gráfico 21. Gráfico 21 Como você avalia a escolaridade dos membros da família? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Uma avaliação semelhante é realizada pelos entrevistados a respeito das condições de moradia que possuem. De acordo com os dados, 97 estabelecimentos possuem boas condições de moradia, 61 possuem condições regular e apenas um numero relativamente baixo de domicílios, 29, são considerados ruins pelos moradores (Gráfico 22). Gráfico 22 O que você acha das condições de moradia da família? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Sobre a forma de organização dos produtores identifica-se que raramente eles buscam se apoiar em cooperativas ou associações para vender seus produtos. A maior parte dos produtores, no total de 103, nunca procurou vender seus produtos através de cooperativas ou associações. Em 72 casos, a questão não se aplica (NSA) por se tratar de famílias que não produzem para vender ou produzem apenas para o próprio consumo (Gráfico 23). Gráfico 23 Você vende seus produtos para cooperativas ou por meio de associações? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Em grande parte dos casos que correspondem a 67%, a avaliação dos intermediários não se aplicava (NSA) seja porque família não produz para vender, produz apenas para consumo próprio, ou porque não utiliza os serviços dos intermediários. A atuação dos intermediários é considerada ruim por 18% dos entrevistados, valor que não é muito significativo visto que 15% indicam como boa a ação dos intermediários (Gráfico 24). Gráfico 24 Como avalia a atuação de intermediários/ atravessadores? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A maior parte dos entrevistados, cerca de 38%, avaliou como boas as condições para ir até os mercados, em relação a distância e facilidades de deslocamento. Para 28% da amostra o acesso aos mercados era considerado ruim. Em 34% dos casos, a questão não se aplicava (NSA) por motivos explicados anteriormente (Gráfico 25). Gráfico 25 Como avalia as condições para ir até os mercados? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. As condições de compra de insumos, sementes, adubo, medicamentos, rações e/ou equipamentos, foram consideradas ruins por 43% dos entrevistados. A compra de insumos é algo fácil ou tende para bom de acordo com 27% das pessoas entrevistadas. Em 30% dos casos a questão não se aplica pelos motivos expostos anteriormente e/ou porque a família não compra ou vende insumos (Gráfico 26). Gráfico 26 Como avalia as condições para a compra de insumos? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A avaliação das condições de venda de produtos não se aplica (NSA) à maior parte dos entrevistados, cerca de 40% por questões já mencionadas. 35% das entrevistas apontam para boas condições de venda de produtos e 25% indicam que a venda de produtos é ruim (Gráfico 27). Gráfico 27 Como avalia a venda de produtos? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. No geral as condições de acesso aos mercados foram consideradas regulares por 81 pessoas, boas por 59 e ruim por 46. Apenas 7 e 6 entrevistados consideraram as condições péssimas e ótima, respectivamente (Gráfico 28). Gráfico 28 Na sua opinião, como são as condições de acesso aos mercados? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Cerca de 66% das famílias que participaram da pesquisa já participaram ou participam de algum programa do Governo PRONAF, Bolsa-Família ou algum outro programa federal, estadual ou municipal. Das demais, 32% nunca participaram e 2% não souberam informar (Gráfico 29). Gráfico 29 A família participa ou já participou de algum programa do Governo? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Em relação às condições para conseguir participar de algum programa do Governo, temos que 70 entrevistaram avaliaram como ruim as condições devido à grande burocracia existente e documentação exigida para cadastro. No entanto, segundo 61 famílias são boas as condições para aderir a esses programas (Gráfico 30). Gráfico 30 Como você avalia as condições para conseguir participar de programas do Governo? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. As condições de crédito/financiamento também não foram bem avaliadas pelos entrevistados. De acordo com 83 famílias é muito complicado obter acesso a linhas de crédito para produzir. Para 47 é simples consegui, enquanto que na avaliação de 36 famílias é muito complicado ter acesso. Apenas 5 entrevistados consideraram muito simples as condições de acesso a crédito (Gráfico 31). Gráfico 31 Como você avalia as condições para ter crédito/financiamento para a sua produção? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Também são tidas pela maioria, 74 dos entrevistados, como complicadas as condições para receber assistência técnica para a produção. Essas condições são encaradas como simples por 46, e mais ou menos por 41 produtores. 34 avaliam como muito complicadas e apenas 4 tem como muito simples as oportunidades para receber assistência técnica para produção (Gráfico 32). Gráfico 32 Como você avalia as condições para receber assistência técnica para a sua produção? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A atuação das instituições e organizações da localidade, tais como cooperativas, associações, sindicatos, grupos de troca de experiências, movimentos sociais, são apontadas como regular pela maioria dos produtores entrevistados, 57 deles. A atuação é considerada boa por um número considerável de entrevistados, 51. No entanto, conforme demonstra o gráfico 28, para 45 deles, essas organizações possuem um desempenho ruim (Gráfico 33). Gráfico 33 Como avalia a atuação de instituições e organizações em sua localidade? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Quanto à renda, identifica-se que em 87 casos, a situação da renda familiar é vista como regular. Para 53 entrevistados as condições financeiras da família está boa, enquanto que 55 famílias no total avaliam a renda como sendo ruim ou péssima. Poucas família consideram ótimo o seu nível de renda, apenas 4 (Gráfico 34). Gráfico 34 O que você acha da situação de renda de sua família? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Também foi avaliada como regular pela maioria dos entrevistados o resultado da produção considerando a quantidade de trabalho utilizada, tendo como base de avaliação a produtividade do trabalho, isto é, a capacidade de produzir, a quantidade e a qualidade da produção. A freqüência de produtores que consideram a produção boa ou regular de acordo com essa perspectiva é bem parecida, 45 e 44, respectivamente. Identificou-se também, que, apesar da pouca freqüência, mais produtores consideraram péssima a capacidade de produção do que ótima, 11 e 4, respectivamente (Gráfico 35). Gráfico 35 Como está o resultado da produção levando em conta a quantidade de trabalho utilizada? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Ao considerar a área utilizada para produção, considerando a produtividade da mesma, foi possível notar mais uma vez uma tendência ao centro, 75 entrevistados avaliaram como regular a quantidade produzida por área. Não há, em relação à produção da área, o mesmo equilíbrio identificado ao avaliar a produtividade do trabalho. Aqui, 60 produtores avaliam como boa e 54 como péssima, a produtividade da área. Ainda comparando com a avaliação anterior, foi possível notar uma inversão nos extremos, que apesar de ainda apresentarem baixa freqüência, demonstram que os produtores consideram a produtividade da área mais para ótima que para péssima, 6 e 4 respectivamente (Gráfico 36). Gráfico 36 Como está o resultado da produção levando em conta a área utilizada? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Quando avaliaram a variação da produção 45% os entrevistados afirmaram que possuem uma produção variada. 26% dizem que a produção é pouco variada e 17% tem que é mais ou menos variada a produção de um ano para o outro. Gráfico 37 Você acha que sua produção é... Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Cerca de 63% dos produtores retiram os ganhos monetários da família da produção do seu estabelecimento (Gráfico 38). Gráfico 38 A renda ou os ganhos em dinheiro de sua família vêm de: Produção agrícola / pecuária / pesqueira / extrativista própria? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Apenas 29% das famílias retiram uma parte dos seus ganhos em dinheiro de trabalho agrícolas realizados para terceiros (Gráfico 39). Gráfico 39 A renda ou os ganhos em dinheiro de sua família vêm de: Trabalho agrícola para terceiros (safrista, temporário etc)? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Em 29% dos casos os ganhos em dinheiros das famílias são provenientes também de trabalhos não agrícolas (serviços, comércios ou indústrias) (Gráfico 40). Gráfico 40 A renda ou os ganhos em dinheiro de sua família vêm de: Trabalho não agrícola (serviço, comércio ou indústria)? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A maior parte das famílias não realizam processamento ou beneficiamento de produtos, ou se realizam, não comercializam. Apenas 9% dos entrevistados afirmaram possuir algum ganho monetário a partir do processamento ou beneficiamento de produtos (Gráfico 41). Gráfico 41 A renda ou os ganhos em dinheiro de sua família vêm de: Processamento ou beneficiamento de produtos? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Cerca de 62% dos entrevistados afirmaram que os ganhos em dinheiro da sua família não provem de pensão ou aposentadoria. Gráfico 42 A renda ou os ganhos em dinheiro de sua família vêm de: Aposentadoria ou pensão? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A maior parte das famílias, em torno de 53%, fazem parte de algum programa de transferência de renda do governo e retiram desses uma parte dos ganhos monetários que mantém a família (Gráfico 43). Gráfico 43 A renda ou os ganhos em dinheiro de sua família vêm de: Programas de transferência de renda (Bolsa Família etc)? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Apenas 2% dos proprietários arrendam suas terras e retiram ganhos em dinheiro dessa atividade (Gráfico 44). Gráfico 44 A renda ou os ganhos em dinheiro de sua família vêm de: Arrendamento de áreas? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Também são apenas 2% as famílias que contam com remessas ou doações de amigos ou familiares para completar a renda monetária familiar (Gráfico 45). Gráfico 45 A renda ou os ganhos em dinheiro de sua família vêm de: Remessas de familiares, amigos etc. (doações)? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. E, apenas 1% das famílias entrevistadas possuem alguma outra fonte de renda que não foi captada pelo questionário, sendo que não fazem parte dessas fontes, atividades como Artesanato / manufatura ou qualquer forma de turismo rural / ambiental / ecológico / aventura, questões que foram levantadas e obtiveram freqüência nula (Gráfico 46). Gráfico 46 A renda ou os ganhos em dinheiro de sua família vêm de: Outras fonte de renda? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. No geral, os produtores identificaram que as fontes de renda ou de ganhos em dinheiro da sua família variam pouco de um mês para outro. 65 entrevistados entendem como variadas as suas fontes de renda mensais e apenas 7 famílias acreditam que suas fontes de renda são muito variadas ao longo dos meses (Gráfico 47). Gráfico 47 As fontes de renda ou de ganhos em dinheiro em sua família são… Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. De acordo com os entrevistados, 119 deles, as fontes de água estão bem conservadas nos estabelecimentos rurais do Bico do Papagaio. Houve 28 produtores que identificaram essa conservação como regular e outros 28 a indicaram como ruim (Gráfico 48). Gráfico 48 Como está(ão) a conservação da(s) fonte(s) de água que abastece(m) seu estabelecimento? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Para observar a conservação da área de produção os proprietários avaliaram o controle de erosão, o cultivo em contornos, a cobertura verde, a correção do teor de matéria orgânica e poluição da água. De acordo com 87 deles, essas áreas estão bem conservadas em seus estabelecimentos. 57 identificam como regular a manutenção dessas áreas e 43 apontam como ruim. Péssimo e ótimo ficam empatados numa freqüência de 6 entrevistados (Gráfico 49). Gráfico 49 Como está conservação da área de produção (solo, água etc.) no estabelecimento? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Ao serem levados a avaliar a manutenção da vegetação nativa, áreas de reserva florestal, a maior parte dos produtores, mais uma vez, avaliou positivamente. Para 105 entrevistados a manutenção de áreas de preservação permanente é boa em seu estabelecimento. 50 afirmam que a conservação é regular e 27 a tem como ruim. Existem mais proprietários que afirmam que a conservação é péssima do que proprietários avaliando como ótimo a preservação da vegetação nativa, 12 e 5, respectivamente (Gráfico 50). Gráfico 50 Como está a preservação da vegetação nativa em seu estabelecimento? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. As condições de alimentação e nutrição da família, de acordo com 109 entrevistados, que avaliaram tanto a quantidade quanto a qualidade da alimentação, são boas. É grande o número de famílias que apontam essas condições como regular, 108. Identifica-se, ainda, um total de 35 famílias que avaliam como ruim e péssima suas condições nutritivas (Gráfico 51). Gráfico 51 Como estão as condições de alimentação e nutrição de sua família? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Em relação às condições de saúde, a maioria dos entrevistados avalia como boa a saúde da família. São 142 famílias que afirmam que possuem boas condições, 77 que avaliam como regular, 32 identificam como ruim, 20 ótima e 10 consideram péssimas suas condições de saúde (Gráfico 52). Gráfico 52 Como estão as condições de saúde de sua família? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. São poucas os domicílios nos quais os moradores tiveram que sair para procurar trabalho fora. Apenas 2 famílias apontam que todos os moradores necessitaram sair do estabelecimento para procurar emprego. De acordo com 129 entrevistados foram poucos os familiares que precisaram sair e, para 101 famílias, nenhum membro teve que sair do domicilio para trabalhar fora (Gráfico 53). Gráfico 53 Os membros da família tiveram de sair do domicílio/estabelecimento para trabalhar fora? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Para a maioria das famílias a situação econômica melhorou nos últimos 5 anos, 144 fizeram tal afirmativa. Também são muitas as que consideram que sua situação econômica não mudou, 82 famílias. Segundo 36 famílias, a situação econômica piorou ou piorou muito nesse intervalo de tempo. Apenas 19 acreditam que ocorreu uma melhora econômica expressiva (melhorou muito) (Gráfico 54). Gráfico 54 Você acha que a situação econômica de sua família nos últimos cinco anos... Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Em relação à situação ambiental do estabelecimento, isto é, quanto à preservação das fontes de água, do solo, da vegetação e ao destino do lixo, os entrevistados acreditam que não houve mudança alguma. Para 79 deles a situação melhorou, e de acordo com 43 pirou ou piorou muito (Gráfico 55). Gráfico 55 Você acha que a situação ambiental do domicílio/estabelecimento nos últimos cinco anos... Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. De acordo com a percepção dos entrevistados a participação da família em organizações comunitária está entre boa e regular, 83 e 80, respectivamente. 72 entrevistados avaliaram como ruim o engajamento dos membros da família com a comunidade (Gráfico 56). Gráfico 56 Como está a participação de sua família em organizações comunitárias? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A avaliação da participação política dos membros da família também é positiva. Para 87 entrevistados o engajamento político familiar é visto como bom. De acordo com 76 a participação é considerada ruim, 71 regular, 29 péssima e 18 ótima. Ressaltando que a avaliação dos entrevistados não demonstra o que eles entendem como boa participação política (Gráfico 57). Gráfico 57 Como está a participação política de sua família? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. No geral, os entrevistados apontaram que a participação da família em atividades culturais é rum, 99 afirmara isso. Para 64 entrevistados o nível de participação em atividades culturais da sua família é bom (Gráfico 58). Gráfico 58 Como está a participação de sua família em atividades culturais? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Diante dos dados apresentados entende-se que a segundo a percepção da população rural do Bico do Papagaio sobre sua renda e produção é positiva. Quanto a características que indicam as condições de vida, é visível que para eles tanto o nível de escolaridade, quanto as condições de saúde e de nutrição são avaliadas como boas. Na visão deles não houve mudanças significativas, na situação de seu domicilio ou da área de produção, isso apesar de considerarem que há variação de produção e de renda de um ano para outro ou, no caso das fontes de renda, de um mês para outro. A maior parte das propriedades não apresenta produção familiar. E existe um número relativamente alto de indivíduos que exercem atividades tanto dentro quanto fora do estabelecimento. 3. Identidade Territorial O Manual disponibilizado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário considera a identidade uma característica do território, relacionando a com suas origens, com os modos de ocupação do espaço e com o contexto social construído. Definida como um elemento aglutinador, a identidade territorial facilita a construção de um futuro mais solidário e interdependente, onde se reconhece e se valoriza a diversidade, a coesão de princípios, a mediação de interesses e a convergência de dinâmicas sociais, culturais e econômicas. A SDT identificou sete fatores que possivelmente determinam o desenvolvimento territorial e que serviram para o cálculo do índice de identidade territorial. São eles: Ambiental, Agricultura Familiar, Economia, Pobreza, Etnia, Colonização e Político. As respostas para este questionários variam em uma escala entre um e cinco, em que um significa “nenhuma importância” ao fator em relação ao questionamento, e cinco significa “muita importância” atribuídas a eles. No total foram entrevistados 17 (dezessete) representantes do Colegiado Territorial. Devido ao atraso na realização da pesquisa a falta de reuniões do colegiado no segundo semestre do ano corrente foi um agravante para encontrar outros membros do Colegiado. Gráfico 59 Em relação a definição dos limites do território, que importância teve cada um dos seguintes aspectos: Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Para os entrevistados, os fatores mais importantes na delimitação física do território foram os processos de colonização/ocupação que nele ocorreram e que se destacaram nos dois últimos quartos do século passado e a influência dos movimentos sociais e/ou políticos que estão intimamente ligados com o primeiro fator explicativo. As características naturais também têm certa relevância. E é importante ressaltar que a singularidade dessas, por tratar-se de uma região de transição entre o bioma Cerrado e o Amazônico. Gráfico 60 Na gestão do território, como é avaliada a participação das seguintes instituições: Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. As organizações mais bem avaliadas foram as de participação popular (organização de agricultores familiares, as organizações sociais e comunitárias e os movimentos sociais e/ou políticos). A participação na gestão do território de comunidades tradicionais, organizações públicas e entidades de defesa do Meio Ambiente foram avaliadas em média entre pouco importante ou com nenhuma importância. Às comunidades tradicionais pode se associar o fato de elas ocorrem de forma localizada em poucas partes do território, enquanto que as duas últimas podem se caracterizar pelo distanciamento com boa parte doa atores locais ou até mesmo a inexistência de relações entre eles. Gráfico 61 Quanto a visão de futuro do território, como você avalia a importância dos seguintes aspectos: Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. O maior grau de importância dado pelos entrevistados à visão de futuro do território é ao conjunto que estabelece um desenvolvimento econômico sustentável baseado no pequeno agricultor familiar, atrelado à resolução de conflitos levantados por movimento sociais. Como nos outros casos, mais uma vez dá-se destaque à importância dos movimentos populares, principalmente ligados aos conflitos no campo, e aos problemas acarretados pela relativa estagnação econômica relativamente às regiões mais próximas. Gráfico 62 Na definição das metas e objetivos de desenvolvimento propostos pelo território, qual a importância dos seguintes aspectos: Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Para os entrevistados, assim como a visão de futuro, as estratégias de desenvolvimento do território devem passar pelos pequenos produtores do campo e pelas demandas dos movimentos sociais e/ou políticos, sempre de forma sustentável. Essa preferência pelo desenvolvimento da agricultura familiar, pode ser um sinal de conscientização da necessidade de um espaço territorial equilibrado entre atores rurais e urbanos capaz de resolver desequilíbrios gerados pelo excesso de fluxo migratórios do primeiro para o segundo. Gráfico 63 Na definição das características marcantes do território, como é avaliada a importância dos seguintes aspectos: Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Nesse caso, os entrevistados atribuíram importância para todos os fatores de identidade territorial, porém, os destaques continuam sendo os recursos naturais, a agricultura familiar e os movimento sociais e/ou políticos. Gráfico 64 Que importância tem tido cada um dos seguintes aspectos na história comum do território: Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Quando se trata de histórico do território, os entrevistados tendem a atribuir importância relevante para todos os fatores questionados. Por isso as respostas concentraram-se entre quatro e cinco. Para eles, ao menos em um momento da história do Bico do Papagaio, esses fatores tiveram importância na determinação deste. Gráfico 65 Que importância têm os seguintes aspectos, nos principais conflitos existentes no território: Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Dada a relativa estagnação econômica da região que compreende o território, os entrevistados entendem que em todos os fatores ainda há questões a serem resolvidas, e que, de forma similar à história recente da região, ainda são fortemente demandadas por todos os atores locais. O fato é que, por mais que alguns fatores tenham se destacado ao longo dos anos recentes no território, a todo o conjunto é atribuída substancial importância na identificação das características comuns dentro do espaço em questão. A relativa estagnação econômica pode ser um fator que corrobora com essa percepção. 4. Acompanhamento da Gestão dos Colegiados Territoriais Esse questionário faz parte de um conjunto de três questionários (Capacidades Institucionais, Acompanhamento da Gestão dos Colegiados Territoriais e Avaliação de Projetos de Investimento) que formam os Indicadores das Capacidades Institucionais. Segundo o Manual disponibilizado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Meio Ambiente esses indicadores referem-se às condições e recursos disponíveis às estruturas organizativas do Território considerando seu arranjo político-institucional - e às organizações autônomas da sociedade civil e de representação estatal/social, para a gestão social das políticas públicas, bem como para a execução dos seus projetos. As áreas identificadas para o cálculo do Índice de Capacidades Institucionais foram: Gestão dos Conselhos, Capacidade das Organizações, Serviços Institucionais Disponíveis, Instrumentos de Gestão Municipal, Mecanismos de Solução de Conflitos, Infraestrutura Institucional e, por fim, Iniciativas Comunitárias e Participação. Este questionário é aplicado em todos os membros do Colegiado Territorial. No caso do Território Rural do Bico do Papagaio foram localizadas 71 pessoas durante reuniões do Colegiado e visitas individuais especificamente para aplicação deste questionário. Essa aplicação decorreu no segundo semestre de 2010 e primeiro de 2011. Alguns dos entraves para localizar os membros do Colegiado foram o fato de não ter ocorrido reunião alguma durante o segundo semestre do ano corrente e que algumas organizações, governamentais ou não, tem direito a representantes no Colegiado mas não indica-os. Os gráficos abaixo mostram o grau de participação e informação dos membros entrevistados. Gráfico 66 Quanto tempo faz parte do Colegiado Territorial (em meses) Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A maioria dos entrevistados pertence ao Colegiado em média, há um ou dois anos e há três ou quatro anos. Deve-se considerar também o intervalo de tempo de aplicação desse questionário. Já a baixa quantidade de entrevistados com mais tempo pode ser explicada pela rotatividade dos representantes. Gráfico 67 Existe um assessor técnico que apoie permanentemente a gestão do Colegiado Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Gráfico 68 Se sim há quanto tempo exerce a função de assessor técnico? (em meses) Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Gráfico 69 No caso de não existir um assessor, há algum outro técnico que apoie a ação do Colegiado? Nos gráficos 67, 68 e 69 já é possível perceber a deficiência de informações por parte de alguns membros do Colegiado. Uma grande quantidade de membros (75%) respondeu afirmativamente que existe um técnico apoiando de forma permanente a gestão do Colegiado, enquanto que os outros 25% ou não sabem da essa informação (14%) ou negaram a presença do técnico, no mínimo, de forma permanente (11%). No Gráfico 03 mais da metade dos entrevistados que a responderam afirmaram desconhecer o período de início do exercício da função de assessor técnico. O Gráfico 70 mostra que, em geral , há um funcionário do governo federal no suporte técnico. Pode-se supor a partir dessas respostas que, para alguns membros do colegiado, a presença do assessor técnico não decorre num período suficientemente necessário para configurar-se como uma assessoria permanente. Gráfico 70 De que forma se realiza a seleção e a eleição dos membros do Colegiado? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Quanto às formas de ingresso do Colegiado, destaca-se o convite direto a organizações selecionadas. Dada as exigências da SDT no que tange à composição do Colegiado, essa alternativa já era esperada como resposta majoritária dos entrevistados. Gráfico 71 Você sabe qual a data de constituição do Colegiado? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A porcentagem de entrevistados que responderam que conhecem a data de constituição do Colegiado é próxima da quantidade de entrevistados que responderam afirmativamente a questão explicitada no Gráfico 67. É provável que, por conhecerem mais informações do Colegiado essas pessoas sejam as que estão por mais tempo no mesmo. Nessa média de porcentagem (entre 70% e 75%), a linha de tempo que separa dos representantes mais recentes é a de dois anos. Gráfico 72 Quantas reuniões formais o Colegiado realizou desde a sua constituição? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Nessa questão, possivelmente os entrevistados utilizaram como proxy suas respectivas frequências nas reuniões e a frequência que elas ocorreram a partir de seus respectivos ingressos no Colegiado para responde-la. O resultado foi que a grande maioria respondeu que ocorreram, ao menos, entre seis e dez reuniões. Se aqueles que responderam entre onze e vinte reuniões estiverem certos, é possível constatar que a maioria dos entrevistados compareceu à metade das reuniões do Colegiado. Gráfico 73 Com que frequência a plenária do Colegiado se reúne? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Os resultados plotados nesse gráfico corroboram com questões anteriores em que os entrevistados necessitavam de mais informações para responder. Cerca de 73% deram a mesma resposta (que as reuniões ocorrem numa frequência de dois meses), possivelmente nesse grupo concentra-se as pessoas com mais tempo no Colegiado. Gráfico 74 Como é avaliada a capacidade de decisão de cada um dos seguintes membros do Colegiado? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Numa escala de um a cinco, em que um significa muito baixa, e cinco muito alta, os entrevistados responderam que a capacidade de decisão dos membros do colegiado de acordo com a entidade que eles representam estão majoritariamente entre 3 e 4. Uma avaliação que pode ser descrita como entre média alta e alta. Destaque para os representantes de entidade colegiadas que foram avaliados com uma capacidade de decisão muito alta pela maioria dos entrevistados. Gráfico 75 Quais mecanismos de comunicação são utilizados pelo Colegiado para informar suas ações e decisões à comunidade? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Todos os entrevistados responderam que a mídia de massa é utilizada como mecanismo de comunicação pelo Colegiado, enquanto que a internet é a segunda mais utilizada, mas também não fica muito atrás. A comunicação pessoal e as reuniões comunitárias também são relevantes. É interessante notar que os três principais mecanismos de comunicação não necessitam de organização colegiada para ser utilizado. Somente na quarta colocação aparece uma forma de comunicação que necessita da comunidade. Estas últimas ocasiões poderiam ser mais intensificadas para que as comunidades também sejam melhores ouvidas. Gráfico 76 Indique o ano de constituição do Colegiado Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A grande maioria dos entrevistados (aprox.. 78%) respondeu que o Colegiado foi constituído no ano de 2008. Para outros 12% o Colegiado Territorial iniciou suas atividades em 2007, e para 4% em 2009. 6% não souberam responder. Gráfico 77 Com que frequência cada um dos seguintes temas são tratados no Colegiado? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. No Gráfico 77, os temas pertinentes às discussões do Colegiado estão distribuídos de acordo com a frequência em que surgem nos debates, em que, em uma escala de um a cinco, um significa uma frequência muito baixa, enquanto que cinco representa uma frequência muito alta. “Educação” e “Cidadania e inclusão social” são destaques com uma frequência muita alta dentre os assuntos discutidos no Colegiado. Para a grande maioria dos temas dispostos para os entrevistados, majoritariamente foi dada notas três e quatro, que podem ser descritas como avaliações entre média alta e alta. Gráfico 78 Com que frequência os problemas a seguir prejudicam o desempenho do Colegiado? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Segundo os entrevistados, a pouca participação dos gestores públicos é, de longe, o maior problema que interfere no desempenho do Colegiado. Essa percepção é potencializada em relação às outras devido à necessidade desses gestores para a resolução de boa parte dos problemas locais. Os demais problemas ficaram em patamares próximos, um pouco acima da média, numa escala em que um prejudica pouco o desempenho do Colegiado e cinco prejudica muito. Gráfico 79 Qual o papel desempenhado pelo Colegiado na elaboração do diagnóstico territorial? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Nesse caso, a grande maioria dos entrevistados respondeu que participou das oficinas de discussão para a formação do diagnóstico territorial, o que possivelmente pode ser explicado por discussões que duraram várias plenárias do Colegiado e também que estas ocorram recentemente. Discussões essas em que puderam participaram todos os presentes Gráfico 80 Foi elaborado algum documento que contenha uma visão de longo prazo do território (visão de futuro)? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A grande maioria dos entrevistados (86%) tem conhecimento de algum documento que contenha a visão de futuro do território. 13% afirmaram não saber da existência desse documento, caso ele tenha sido elaborado, e 1% negou a existência desse documento. Gráfico 81 Qual o papel desempenhado pelo Colegiado na elaboração da visão de futuro do território? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A grande maioria dos entrevistados afirmou que apenas participou de oficinas de discussão para a formação da visão de futuro do território. Apenas 11 pessoas (aprox. 15%) responderam que tiveram participação mais estrita, ou seja, ajudaram na concepção e elaboração do mesmo. Outros 5% afirmaram ter participado apenas da revisão. Gráfico 82 Caso o território tenha o Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável – PTDRS, qual foi o papel desempenhado pelo Colegiado Territorial na elaboração do mesmo? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. De forma similar ao que foi constatado no Gráfico 81, a grande maioria dos entrevistados informou que apenas participou das oficinas de discussão para a elaboração PTDRS do território. Nesse caso porém, houve uma participação ligeiramente superior (21%) dos entrevistados na concepção e elaboração do mesmo. Gráfico 83 Indique quais dos seguintes mecanismos são utilizados para a tomada de decisões no Colegiado: Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Aqui, as respostas dos entrevistados em quase sua totalidade foram em votação por maioria, quando perguntados sobre os mecanismos para a tomada de decisões do Colegiado. Duas pessoas lembraram que também ocorrem acordos por consenso, outras duas que cada membro do colegiado defende seus próprios projetos e iniciativas e uma não soube responder. Gráfico 84 Quais ações são desenvolvidas pelo Colegiado para a gestão dos projetos de desenvolvimento territorial? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. O Gráfico 84 indica que o Colegiado do Território Rural do Bico do Papagaio prioriza, no que tange à gestão dos projetos de desenvolvimento territorial, “a priorização e seleção com base em critérios” e a “análise de viabilidade técnica”, sendo essas fases iniciais na elaboração dos projetos. Tanto a “avaliação interna de mérito” e a “disponibilização de especialistas nas áreas do projeto” foram poucas vezes citadas pelos entrevistados. Gráfico 85 Em quais das seguintes áreas, os membros do Colegiado receberam capacitação? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Nessa pergunta, a maioria dos entrevistados citou que receberam capacitação nas áreas de “planejamento participativo” e “elaboração de planos de desenvolvimento”. Outras citações foram pontuais em relação a essas. Dado os resultados desse questionário, é interessante pontuar que a organização do colegiado esta, por um lado, em um nível insatisfatório, tanto pela frequência dos representantes das entidades participativas, quanto pela participação dos gestores públicos. Por outro lado, pode-se considerar satisfatória, a oportunidade da presença de todos os membros na tomada de decisões importantes e a relativa igualdade na quantidade de discussões de temas de interesse do Colegiado. 5. Capacidades Institucionais Esse questionário também faz parte do conjunto de questionários que formam os Indicadores das Capacidades Institucionais. Nesse caso, é aplicado somente 01 (um) questionário por cidade. A aplicação é feita em uma pessoa que tenha conhecimento do conteúdo abordado. No caso do Território Rural do Bico do Papagaio, foram aplicados um total de 30 (trinta) questionários em vinte cidades diferentes. Dado que o Território em questão compreende 25 (vinte e cinco) municípios, em 05 (cinco) municípios a aplicação não fora realizada. Os gráficos a seguir demostram como os municípios em que ocorreram a pesquisa estão organizados para aferir as demandas da sociedade. Gráfico 86 Quais Conselhos e/ou Consórcios Públicos estão atuando no Município? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Em cada município, segundo os entrevistados, há pelo menos um tipo de conselho atuando, com destaque para os conselhos de saúde que existem em todas as localidades pesquisadas. Os conselhos de segurança alimentar e da criança e adolescentes só não estão presentes em uma cidade cada. Todos os outros conselhos também têm participação significativa na região, sendo que todos estão em mais da metade dos municípios em que ocorreram as entrevistas. Gráfico 87 Avalie o nível de controle realizado pelos Conselhos Municipais na aplicação dos investimentos públicos Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Já seus respectivos graus de controle sobre os investimentos públicos estão aquém do esperado pelos entrevistados. Se por um lado, muito deles estão presentes na realidade das populações desses municípios, suas decisões, muitas vezes, não são consideradas pelos gestores nos momentos de tomadas de decisão dos destinos dos recursos públicos. Em uma escala de um a cinco, em que um significa que não há controle por parte dos conselhos, e cinco que há muito controle, a maioria das respostas ficaram entre dois e três. Gráfico 88 Quais segmentos sociais realizam ações de apoio às áreas rurais do município? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Se por um lado, a presença de grupos históricos de defesa e apoio à reforma agrária e dos pequenos produtores rurais são bastante presentes em todos os municípios dos entrevistados, as presenças das populações tradicionais (indígenas e quilombolas) são bastantes pontuais no território, e devido a esse fato, foram citadas por um pequeno grupo de entrevistados. Gráfico 89 Os investimentos municipais de estímulo ao desenvolvimento são orientados por cadeias produtivas? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Como dito anteriormente, a região do Bico do Papagaio está aquém de seu potencial agropecuário, apesar disso, segundo a maior parte dos entrevistados (63%), os investimentos municipais são orientados para o fortalecimento de cadeias produtivas locais. Por enquanto, de modo geral, os resultados foram insatisfatórios. Gráfico 90 Existem acordos de venda da produção entre os produtores do município e organizações para comercialização? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Pouco mais da metade dos entrevistados (53%) afirmaram que em seus municípios há acordos de comercialização da produção entre os produtores e os organizações que comercializam, o que mostra um fortalecimento das etapas das cadeias produtivas locais. Gráfico 91 Quantas instituições de prestação de serviço tecnológicos (para apoio e melhoria das atividades produtivas) existem no município? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Em quase todos os municípios da pesquisa a quantidade de instituições de prestação de serviços tecnológicos não passam de três, em apenas um a resposta foi superior a essa, e ficou entre quatro e seis instituições dessa natureza. Gráfico 92 Quem disponibiliza informações comerciais e de mercado no município? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A disponibilidade de informações sobre comércio e mercados para os produtores locais, segundo os entrevistados, ainda é incipiente para boa parte dos municípios. Quando há, é fornecida por órgãos públicos municipais e/ou por órgãos de assistência técnica. Alguns entrevistados (sete) afirmam não existir tipo algum de serviço de informação, enquanto que a internet fora observada por apenas um entrevistado como meio de busca de informações relativas ao comércio e a mercados. Gráfico 93 Quais os meios de divulgação das informações comerciais e de mercado no município? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. As formas de divulgação das informações relativas à comercialização e mercados ainda são precárias, sendo o carro de som, de longe, a mais utilizada, segundo os entrevistados. Outras formas mais criativas e que poderiam ter melhores resultados, ainda são incipientes na região. Gráfico 94 A prefeitura possui cadastro de imóveis rurais? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Um dado preocupante observado na pesquisa é que, para 73% entrevistados, as prefeituras de seus municípios não têm cadastro de imóveis rurais. Fato esse pode dificultar ações do município no que tange ao desenvolvimento de seus setores agrários e a resolução de conflitos agrários por parte dos atores locais. Gráfico 95 Nos últimos dois anos quais das seguintes normas foram expedidas pela prefeitura com o propósito de garantir a conservação dos recursos naturais do município: Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A conservação dos recursos naturais ainda é uma realidade distante para a totalidade da região, de acordo com a percepção dos entrevistados quanto às ações das prefeituras em defesa da conservação desses. No geral, exemplos de ações foram lembrados por no máximo oito entrevistados cada. Somente as “instruções para o monitoramento e avaliação do patrimônio ambiental” ultrapassou essa marca. E esta, por si só, não garante a plena conservação dos recursos naturais dos municípios. Gráfico 96 Existem mapas das áreas degradadas e de risco de degradação no município? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Outra informação preocupante é que, para 70% dos entrevistados não existem mapas das áreas degradadas e de risco de degradação em seus municípios, o que dificulta a ação do poder público na contenção de empobrecimento do solo e de desertificação no território, mesmo em uma área caracterizada por terras relativamente férteis em relação às regiões próximas, como visto anteriormente. Gráfico 97 Quais os mecanismos de negociação e resolução de conflitos são adotados pela sociedade civil, no município? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. É interessante notar mais uma vez, a importância atribuída aos conselhos comunitários pelos entrevistados. Para eles, esses conselhos são os caminhos mais utilizados pela sociedade local para a resolução de seus conflitos. Enquanto que em seguida, aparecem as autoridades municipais e mais atrás, o poder judiciário. Gráfico 98 Quantos protestos ou manifestações sociais ocorreram durante o último ano? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Por mais que a região tenha tido, nas segunda metade do século passada, um histórico de conflitos sociais, principalmente ligados ao setor agrário, segundo a percepção dos entrevistados, foram poucas as manifestações e protestos sociais recentes. A maioria dos entrevistados chegou a afirmar que não presenciou sequer um protesto ao longo do último ano. Gráfico 99 Indique as estruturas existentes para as atividades culturais no município: Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Os espaços disponibilizados para atividades culturais são exceções no território. Destaque apenas para salões de festas, que se trata de público e atividades bastante específicos e dentro da opção outros, campos de futebol e praias e balneários. Sendo que esses últimos a população geralmente aproveita somente em período de veraneio. Gráfico 100 O município possui Secretaria de Desenvolvimento Rural, ou similar? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. A grande maioria dos entrevistados respondeu afirmativamente (93%) sobre a existência de órgãos municipais responsáveis pelo desenvolvimento territorial. Enquanto que outros 7% negaram a existência destes Gráfico 101 A Secretaria de Desenvolvimento Rural, ou similar, possui quadro de técnicos permanente? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Para os que responderam afirmativamente a questão explicitada no Gráfico 101, ainda falta, no mínimo, uma assessoria técnica fixa para atender as necessidades dos produtores locais. Para 80% dos entrevistados não existe um quadro técnico permanente em seus municípios. Gráfico 102 Quais funções são desempenhadas pela Secretaria de Desenvolvimento Rural, ou similar? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. O problema demonstrado no Gráfico 102 é novamente percebido neste, já que para os entrevistados, dentre as funções desempenhadas pelas secretarias de Desenvolvimento Territorial ou similar em seus municípios, foi exatamente a “assistência técnica a produtores” a que foi menos vezes foi lembrada. Enquanto que destacam-se o “trabalho conjunto de instituições federais e estaduais com esses órgãos” e a “formulação de projetos”, seguidos pela “elaboração do Plano de Desenvolvimento Territorial”. Gráfico 103 Quais tipos de projetos de iniciativa comunitária ou de produtores são desenvolvidos no município, sem apoio dos governos? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Dentre as iniciativas próprias das populações locais, destacam-se, segundo os entrevistados, as “iniciativas em projetos produtivos”, as “iniciativas em projetos ambientais” e os “projetos sociais”. De certa forma, ao menos metade dos entrevistados, responderam já ter presenciado algum projeto exclusivo da comunidade e/ou dos produtores, vinculado aos eixos social, ambiental e econômico. Gráfico 104 Havendo parceria entre organizações de produtores e prefeitura municipal, esta ocorre com qual finalidade? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Quando há parceria ente organizações de produtores com os órgãos públicos municipais, essas são bem distribuídos entre as demandas básicas da população. Apesar disso, segundo os entrevistados, destacam-se nessas parcerias projetos produtivos, de infraestrutura e de proteção ambiental. Gráfico 105 Há neste município Secretaria Municipal de Planejamento? Fonte: Elaboração Própria – Dados da pesquisa ICV-T. Se por um lado, os órgão municipais de desenvolvimento agrário são quase que onipresentes nos municípios dos entrevistados, as Secretarias Municipais de Planejamento ainda são pontuais dentre esses, ocorrendo somente em 17% das respostas. Tão importantes quanto aqueles, esses órgãos são ainda mais necessários quando se trata de regiões com atraso e estagnação de seus níveis de desenvolvimento social, como é o caso do Bico do Papagaio. É necessário citar que, apesar de os diferentes movimentos sociais, organizações sindicais e demais instituições representativas estarem bem posicionadas na discussão de suas demandas, o desenvolvimento das instituições de nível local dificulta a resolução dos problemas das comunidades e dos produtores, o que provoca, na maioria das vezes, a necessidade da atuação de órgãos estaduais e federais em espaços que poderiam ser resolvidos pelos atores locais. 6. Avaliação de projetos Esta parte consta da penúltima etapa de avaliação para construção dos Indicadores das Capacidades Institucionais, onde para efeito do referido estudo, foram analisados os empreendimentos econômicos como as casas de farinha, casas de mel etc. e sócio-cultural, a exemplo das escolas famílias rural. Todos apontados pelo MDA, de acordo com o Instrumento para Avaliação de Projetos de Investimentos desenvolvida pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial – SDT, o qual contempla a coleta de informações referentes à fase de planejamento, execução, incluindo a implementação e o gerenciamento das atividades dos empreendimentos em funcionamento e os indícios de impacto econômicos sócio-culturais. Nessa fase foram identificadas a abrangência dos resultados, as atividades promovidas, o processo de implementação, gerenciamento do empreendimento e comparação entre os resultados previstos e alcançados pelos projetos avaliados, por meio de questionários aplicados aos autores envolvidos no processo. A avaliação de projetos se deu em 07 (sete) municípios dos 25 (vinte e cinco) municípios que compõem o Território Rural do Bico do Papagaio, sendo estes os municípios de Esperantina, São Sebastião do Tocantins, Carrasco Bonito, Sampaio, Augustinópolis, Praia Norte e Riachinho, conforme demonstra o Mapa 1. Mapa 1 – Mapa com a localização dos projetos avaliados Fonte: Elaboração própria Dos projetos avaliados, 43%, encontram-se abandonados e/ou incompletos, não exercendo suas funções socioeconômicas. Em relação aos demais, em torno de 29%, está em fase de construção, a respeito das escolas rurais ou estão subutilizados, como 29% dos empreendimentos econômicos, Gráfico 106. Gráfico 106 Situação dos projetos avaliados Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos Ao levantar, junto aos beneficiários, os motivos que contribuíram para a situação em que se encontram a maior parte dos projetos avaliados, algumas características em comuns foram apontadas. O desinteresse dos beneficiários, a dificuldade de desenvolver o cooperativismo e a falta de crédito foram ressaltadas como os principais fatores a concorreram para a presente realidade, sendo apontados por 21% dos entrevistados, respectivamente. Assim como, a falta de matéria-prima e assistência técnica foram evidenciadas, respectivamente, por 14% dos beneficiários, enquanto 7% ressaltaram a distorção vocacional como principal colaboradora pela atual circunstância dos projetos, Gráfico 107. Gráfico 107 Fatores que afetam o desenvolvimento dos projetos Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos Neste contexto, é possível perceber alguns corroborando com as informações levantadas na avaliação do Índice de Condições de Vida Territorial (ICVT) realizadas nesse trabalho. A esse termo, cita-se o relato da dificuldade de acesso ao crédito, a carência em assistência técnica, de acordo com os Gráficos 31 e 32. Estes dois fatores somados culminam com a baixa produtividade, vindo de encontro com a realidade revelada no Gráfico 36 (ICVT), onde a maioria dos entrevistados avaliou como regular o resultado da produção considerando a quantidade de trabalho utilizada. Conforme Gráfico 108, o desinteresse dos beneficiários interfere diretamente na gestão dos empreendimentos, promovendo a concentração das decisões nas mãos dos poderes executivos municipais, basta ver que 43% dos projetos em construção ou em operação, ainda que subutilizados, têm a administração centrada nos governos municipais, aos favorecidos cabem a gestão de apenas 7% dos projetos em operação (subutilizados). Gráfico 108 Gestão dos projetos Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos Estes fatos somados a outros, como a ausência da participação de instituições assessorando e monitorando os projetos empreendidos, a exemplo do demonstrado no Gráfico 33 da avaliação do ICVT, concorreram para a atual realidade dos empreendimentos avaliados, conforme os casos descritos a seguir. 1. Casa de farinha – município de Augustinópolis/TO Augustinópolis, município distante 605 km de Palmas, capital tocantinense, abriga o Assentamento Dejanira composto por 126 famílias contempladas com uma casa de farinha, fruto das ações previstas pelo PTDRS, instituída pela prefeitura municipal junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário no ano de 2005. Com capacidade produtiva em torno de 5.000 kg de farinha/mês a referida casa de farinha encontra-se construída e equipada com 01 (um) triturador elétrico, 02 (dois) fornos, 01 (uma) prensa hidráulica e 02 (duas) caixas de água de 500 litros cada. Contudo, desde sua inauguração a unidade foi utilizada somente 02 (duas) vezes, apesar de a comunidade local necessitar de atividades que promovam a geração de renda. O passar dos anos, a não utilização e a falta de manutenção deixam suas marcas. No local, observa-se rachaduras nas paredes e equipamentos enferrujados, conforme fotos abaixo. Segundo Igor Tobias Paula representante do governo local e participante do Colegiado Territorial a falta de matéria-prima é resultante da desorganização entre os beneficiários desde o planejamento da produção até seu processamento, bem como da preferência da maioria dos assentados pelo trabalho com a pecuária de corte, atividade que demanda de menos esforço, somando, ainda, a estes fatores o desinteresse em produzir e a falta de assistência técnica de qualidade. Igor Tobias relata também a existência no município de pelo menos 03 (três) unidades produtivas iguais a essa, sendo a maioria na mesma situação. Quando operam o funcionamento ocorre em função do arrendamento para terceiros em troca da farinha para consumo próprio da comunidade. Igor Tobias, assim como o assentado Antônio Lucena relata a necessidade de trabalhar a união das famílias preparando-as para desenvolver o cooperativismo, pois todos querem produzir o que lhe convém e sozinhos. 1.1. Indicadores gerais da casa de farinha do assentamento Dejanira – Augustinópolis/TO Os indicadores gerados ajudam a explicar a situação em que se encontra a casa de farinha. Dentro da escala de avaliação de 0 a 1, recomendada pelo manual de avaliação de projetos de investimentos, os indicadores não ultrapassaram 0,04. Já na fase de planejamento do projeto registra-se baixíssimos índices, denotando baixa participação dos beneficiários, baixa capacidade de planejamento. Nesta fase, observa-se certa influencia das organizações locais, evidenciada principalmente pelo fato da prefeitura municipal ser proponente do projeto, juntamente com o colegiado, porém não suficiente para influenciar positivamente a construção do indicador, como demonstra o Gráfico 109. Gráfico 109 Indicadores relativos à fase de planejamento dos projetos Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos No espaço entre o planejamento e execução houve uma regressão na participação dos usuários, se antes o indicador revelava baixíssima participação, no momento da execução este valor praticamente se anula, Gráfico 110. Gráfico 110 Indicadores relativos à fase de execução dos projetos Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos Dessa forma, os indicadores de indícios de impacto do projeto retratam uma condiçao infima, demonstradno que o investimento não promoveu impactos positivos entre os beneficiarios, no mercado e muito menos no terrritório, Gráfico 111. Gráfico 111 Indicadores relacionados aos indícios de impactos dos projetos Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos Com base nos dados coletados foi possível estabelecer os indicadores gerais de gestão para a casa de farinha, respaldos sob as perspectivas estabelecidas, principalmente na fase de planejamento e execução, constatouse baixo indice de participaçao dos benefíciarios na gestão do projeto, até porque a unidade só operou por duas vezes desde sua inauguraçao, sendo que os demais indicadores seguem o mesmo aspecto, Tabela 4. Tabela 4 – Indicadores gerais de gestão da casa de farinha P.A. Dejanira Índice de Participação dos beneficiários na Gestão do Projeto 3.3 Índice de capacidade de Gestão do Projeto 5.2 Índice de Variação do Perfil do Público Apoiado pelo Projeto 7.8 Impactos Positivos para o Desenvolvimento Territorial 9.0 Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos 2. Casa de farinha – município de Sampaio/TO A casa de farinha do Assentamento Mata Bonita, situado no município de Sampaio encontra-se abandonada e com sua construção inacabada, sem os equipamentos de trabalho, sendo que os equipamentos não foram localizados. “In loco” constatou-se a necessidade de instalação das telas de proteção nos vãos laterais das paredes e dos equipamentos de processamento para que a unidade entre em funcionamento, bem como realizar limpeza em torno da unidade, tendo em vista que o matagal é abundante em torno da unidade de produção. O representante da atual gestão municipal afirmou não poder oferecer mais detalhes da obra, tendo em vista que ao assumir a sede administrativa não havia nenhum documento, inclusive os referentes à unidade produtiva do Assentamento Mata Bonita. 3. Casa de farinha – município de Praia Norte/TO O Assentamento São Francisco situado no município de Praia Norte, distante 619 km de Palmas, foi contemplado com uma casa de farinha com capacidade de produção de 5.000 kg de farinha mensal. A casa está equipada com 01 (um) triturador elétrico, 02 (dois) fornos, 01 (uma) prensa hidráulica e 02 (duas) caixas de água de 500 litros cada, conforme figura abaixo. Contudo, a unidade produtiva opera sem energia elétrica, conseqüência do não funcionamento do triturador com motor elétrico, tendo em vista que o padrão de luz, outrora destinado a fornecer energia elétrica a unidade produtiva, nunca foi instalado, pois foi destinado a gerar energia para retirada de água de um poço próximo à sede, na comunidade local. Anualmente a unidade atende em média 08 (oito) famílias, com a maioria de sua produção destinada ao consumo das próprias famílias. A matéria-prima processada é cultivada nos próprios quintais, não existindo investimentos em áreas em cultivos maiores, destinados a atender o mercado. A este somente são destinadas as possíveis sobras do consumo familiar ou a venda para atender alguma necessidade extra. Percebe-se dificuldades, dos indivíduos envolvidos no processo produtivo, em lidar com cultivos maiores, empregando técnicas e cuidados, em função do desinteresse de alguns e/ou pela falta de assistência técnica de qualidade em outros. O assentado Tadeu Rodrigues de Sousa ressaltou a falta de interesse da maioria dos indivíduos da comunidade em operar dentro do projeto, ligando-a ao recebimento de benefícios do governo federal, pois como os cultivos são feitos de forma tradicional sem inserir técnicas de cultivos, ao final a produção é pequena e por consequência o produto final oriundo do processamento do também é pouco refletindo em um baixo retorno econômico da atividade, sendo este menor que a soma dos benefícios sociais recebidos. Então quando comparam o retorno econômico oriundo de tamanho esforço físico realizado para obter uma “X” quantidade de produto final com os benefícios sociais recebidos percebe-se que este último lhes garantem o sustento e aquele confere uma renda desproporcional ao trabalho que lhes são exigidos. Registra-se também a dificuldade do trabalho coletivo. Os indivíduos oriundos de locais diversos e com costumes diferentes não conseguem trabalhar cooperativamente, além de nutrir uma profunda desconfiança em relação às condutas dos que de alguma forma tentam organizar o processo produtivo, tornando urgente trabalhar as relações interpessoais dentro da comunidade. Assim como, é preciso ressaltar a carência em assistência técnica em quantidade e qualidade. Segundo o representante do executor, atualmente na região há uma empresa de assistência técnica contratada para oferecer assistência, principalmente nos assentamentos, porem o numero de técnico destinado a atender as famílias é pouco diante a quantidade de comunidades necessitadas de tal prestação de serviço, sendo que, em média, é destinado 01 técnico para atender 80 famílias. 3.1. Indicadores gerais da casa de farinha do assentamento São Francisco – Praia Norte/TO Avaliando o gráfico 112, percebe-se maior participação dos beneficiários nesta fase. Porém, assim como, os demais indicadores o índice permanece baixo. Revelando além da pouca participação dos usuários, a baixa participação das organizações locais, uma vez que a principal organização articuladora, o colegiado, apresenta suas atividades em declínio, não havendo reuniões e interações entre seus integrantes. Como não foi traçado nenhuma forma de acompanhamento financeiro, nenhuma ação visando o fortalecimento da cadeia e muito menos estudo de mercado e de viabilidade do projeto a capacidade de gestão do mesmo se fez frágil, consequentimente o alcance de suas atividades não se respaldam nas organizações locais. Gráfico 112 Indicadores relativos à fase de planejamento dos projetos Participação dos beneficiários na fase de planejamento do projeto 0,05 0,04 0,03 Organizações locais apoiadas pelo projeto 0,02 Capacidade de planejamento do projeto 0,01 0 Papel das organizações locais no planejamento do projeto Atividades sócioeconômicas Atendidos pelo projeto Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos Na fase de execução do projeto prevalece a baixa participação dos beneficiários, assim como na fase do planejamento, porém com o diferencial desta participação se ainda menor do que a referenciada na primeira fase. A ausência de indicadores e estratégias de monitoramento e de elementos que possam garantir a sustentabilidade do projeto comprometem a capacidade de execução do projeto . O efeito destas ausências é a ociosidade da unidade de produção Gráfico 113. Gráfico 113 Indicadores relativos à fase de execução dos projetos Participação dos beneficiários na fase de execução do projeto 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 Existência de capacidade ociosa do proejto Capacidade de execução do projeto Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos O projeto foi montado para atender assentados da comunidade do P. A. São Francisco, porém o percentual de públicos atendidos pela unidade é baixo, nem mesmo os alvos pretendidos pela pauta inicial do trabalho foram atingidos, das 126 famílias, somente 8 se revezam, anualmente, para produzir farinha para seu consumo próprio, assim as famílias não geram excedentes destinado a comercializar, tendo os serviços prestados pela unidade de produção impactos quase nulos perante o território, como se observa no Gráfico 114. Gráfico 114 Indicadores relacionados aos indícios de impactos dos projetos Públicos atendidos pelos projetos 0,060 0,040 Impactos positivos nas condições sócio-político-econômicas 0,020 0,000 Impactos positivos na qualidade de vida dos beneficiários territoriais Tamanho do mercado coberto pelo projeto Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos Sensíveis a condição de utilização da unidade, observa-se que os índices se elevaram um pouco, Tabela 5. Porém, o indicador revela a necessidade de investir na qualificação gerencial dos beneficiários, bem como na melhor análise do tipo do projeto frente ao público atendido, pois houve redução do número de beneficiários em relação as perspectivas do planejamento. Tabela 5 – Indicadores gerais de gestão da casa de farinha Assentamento São Francisco Índice de Participação dos beneficiários na Gestão do Projeto 5,0 Índice de capacidade de Gestão do Projeto 6,2 Índice de Variação do Perfil do Público Apoiado pelo Projeto 7,0 Impactos Positivos para o Desenvolvimento Territorial 9,2 Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos 3.2. Avaliação econômica da casa de farinha Ainda que subutilizada, a unidade produtiva do Assentamento São Francisco em Praia Norte/TO possibilitou a coleta de informações para realização de sua avaliação econômica. Assim, visando a determinação da viabilidade financeira da unidade de produção foi utilizada a Análise Custo Benefício (ACB). A avaliação econômica é instrumento importante na tomada de decisão, quanto a alocação de recursos, visando maior eficiência e impacto na sua utilização, tendo como aspecto principal os benefícios gerados, servindo como base para definir prioridades e direcionar o planejamento. O método benéfico custo pode ser empregado para qualquer análise econômica, de pequeno ou grande porte, particulares ou governamental. Na prática, segundo Mishan (1975) este indicador consiste na relação entre o valor presente dos benefícios e o valor presente dos custos (B/C). Em regra, um projeto deve apresentar saldo B/C maior que 1, para que seja viável, e quanto maior esta relação mais atraente é o projeto. Ainda, de acordo com Lima (2010) foram adotados o Valor Presente Liquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR) como critérios de viabilidade para ajudar a concluir se o projeto é viável ou não. A unidade avaliada apresenta-se inviável, conforme resultados de seus indicadores, em sendo as relações B/C menor do que 1, os valores do VPL negativos, assim como a taxa interna de retorno, em todas as taxas de descontos empregadas. Esta situação demonstra que o referido investimento sob a condição de subutilização não traz retorno financeiro, tanto na ao se adotar uma taxa de referencia condizente com a praticada no mercado, 12,17%, quanto em uma situação de subsídios, considerando taxas de descontos iguais a 5% e 0%, Tabela 6. Tabela 6 – Análise Custo Benefício, segundo atual realidade casa de farinha Taxas de descontos Indicadores 12,17% 5% 0% B/C 0.71 0.71 0.71 VPL (R$) -106154.95 -127321 -148652 TIR -14.5 -14.5 -14.5 Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos De outra forma, em se considerando que a unidade produtiva atue utilizando toda a sua capacidade de produção, o empreendimento torna-se viável mediante aplicação de taxa de desconto referenciada no mercado. Nesta condição a relação B/C será maior que 1; o valor do VPL será positivo assim como a TIR será maior que a taxa de referencia, demonstrando a capacidade de retorno financeiro da casa de farinha, sem a necessidade de subsídios, conforme Tabela 7. Tabela 7 – Análise Custo Benefício casa de farinha, segundo operação dentro da capacidade total de produção Taxas de descontos Indicadores 12,17 % 5% 0% B/C 1.11 1.11 1.11 VPL (R$) 16930.67 40700.38 58700.00 TIR (% ano) 13.1 13.1 13.1 Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos 4. Casa de mel – município Carrasco Bonito/TO Carrasco Bonito está a 604 km da capital tocantinense. Cidade onde localiza-se a casa de mel, objeto das ações previstas pelo PTDRS que lograva a aquisição equipamentos para processamento da produção de mel na unidade já construída. Contudo, a casa de processamento de mel nunca operou e seus equipamentos, nesta avaliação, não foram localizados. Assente ainda a não existência de apicultores registrados no município, segundo representante do poder executivo local. Atualmente a unidade sedia a secretaria municipal de Agricultura e Abastecimento do município de Carrasco Bonit0. 5. Casa de farinha - município de São Sebastião/TO O município de São Sebastião situa a 649 km de Palmas, por ter recebido recursos para implantar uma casa de farinha optou por construí-la em um sistema móvel. Assim, a unidade produtiva assumiu caráter itinerante, podendo ser levada até ao produtor rural. A unidade equipada com 01 (uma) caixa de 500 litros, 01(uma) prensa, 01(um) triturador cujo motor funciona tanto a energia elétrica quanto por meio de gasolina e 01(um) forno com pás giratórias automáticas, sendo construída sob um chassi que possui um cabeçalho com engate a unidade pode ser deslocada onde houver a demanda. Tanto o deslocamento quanto os possíveis custos de manutenção e de processamento são assumidos pela prefeitura, ficando os usuários com o valor integral da produção. O modelo em que a unidade produtiva foi construída apresenta ser mais vantajoso que a forma tradicional devido ao sistema de funcionamento do forno, com pás giratórias e automáticas, que se movimentam sem a necessidade de trabalho manual, conforme figura abaixo, configurando maior proteção aos usuários, pois os mesmos não sofrem com o intenso calor oriundo da torrefação; a maior eficiência no processo produtivo, pois no modelo tradicional para cada fornada (de 30 kg de massa prensada) são necessário mais ou menos 02 horas e 30 para se obter o produto final, enquanto nesse sistema o tempo cai em torno de 01 hora, permitindo uma produção mensal de até 14.500 kg de farinha; e a sua mobilidade, que permite maior eficácia do empreendimento, por minimizar sua ociosidade. Segundo o representante do governo local por considerar o diferencial da mobilidade e a eficiência produtiva, acreditava-se que o município iria conseguir atender um grande número de usuários, chegando a 50 famílias por ano, no entanto esse número se resumiu em 10 familiais anuais, sendo a maior parte da produção destinada ao consumo próprio. O cultivo de mandioca no município é muito pequeno, resumindo-se em quintais, sendo um dos motivos da baixa demanda pelo serviço de processamento. De acordo com o secretário Pedro Paulo Sartori há um grande desinteresse das comunidades locais em cultivar a raiz, que não se manifestam em produzir mesmo com a prefeitura fazendo a preparação da terra, ficando a cargo dos produtores o plantio e os poucos tratos culturais que a cultura exige. Logo, conclui o Pedro, seria necessário adotar outras formas de diagnosticar a necessidades de atividades dentro da comunidade, bem como descobrir maneiras de motivar os mesmos a produzir. Aponta-se o referido modelo como referência para posteriores projetos, para a mesma atividade e para outras, por exemplo, para o processamento do mel, pois seu sistema itinerante garante maior eficiência e eficácia produtiva, evitando que os investimentos realizados fiquem fixos e inteiramente ociosos, em uma dada comunidade. 5.1. Indicadores gerais da casa de farinha de São Sebastião do Tocantins A unidade de produção, também subutilizada, apresenta indicadores que relatam a baixa participação dos beneficiários e a baixa capacidade de planejamento, conforme Gráfico 115. Os beneficiários participaram do diagnóstico, apontando a necessidade de desenvolver ações para geração de renda e, posterior a esse feito a elaboração do projeto ficou a cargo do proponente e do colegiado. Nesse percurso não foram estabelecidos indicadores e estratégias de monitoramento e muito menos metas para fortalecer a cadeia e aumentar sua competividade. Assim como, as condições de mercado e a viabilidade do projeto não foram estudadas, demonstrando a baixa capacidade de planejar, comprometendo a capacidade de planejamento. Gráfico 115 Indicadores relativos à fase de planejamento dos projetos Participação dos beneficiários na fase de planejamento do projeto 0,04 0,03 0,02 Organizações locais apoiadas Pelo projeto 0,01 Capacidade de planejamento do projeto 0 Papel das organizações locais no planejamento do projeto Atividades sócio-econômicas atendidos pelo projeto Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos O período posterior a definição do tipo de projeto a ser implantado coincidiu com a mudança da gestão pública municipal. Nesse momento, o tempo máximo para executar a obra já estava na fase final, foi então que a atual gestão optou por implementar a casa de farinha em sob o sistema móvel. Dessa forma, o projeto foi implantado dentro do prazo final previsto. Não há registro do acompanhamento dos beneficiários nessa fase. Assim como, não existe participação dos usuários no monitoramento e gestão da unidade. Os beneficiários não demandam pelo serviço da unidade, na maior parte do ano, a casa de farinha itinerante segue na garagem da prefeitura, refletindo a ociosidade do projeto, Gráfico 116. Gráfico 116 Indicadores relativos à fase de execução dos projetos Participação dos beneficiários na fase de execução do projeto 0,025 0,02 0,015 0,01 0,005 0 Existência de capacidade Ociosa do proejto Capacidade de execução do projeto Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos O referido desinteresse se reflete na baixa proporção de públicos atendidos, houve redução dos números de atendimentos pretendidos, consequentimente os impactos positivos na qualidade de vida dos beneficiários também foi muito abaixo do esperado. Tal situação se estendeu ao mercado, praticamente não houve impactos no mercado, até porque a produção gerada é, em maioria, destinada a atender as necessidades básicas das famílias, Gráfico 117. Gráfico 117 Indicadores relacionados aos indícios de impactos dos projetos Públicos atendidos pelos projetos 0,060 0,040 Impactos positivos nas condições sócio-político-econômicas territoriais 0,020 0,000 Impactos positivos na qualidade de vida dos beneficiários Tamanho do mercado coberto pelo projeto Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos Quando comparado ao único projeto em operação, também subutilizado, o referido projeto apresenta menor índice de participação, mesmo sendo a unidade itinerante. A gestão da unidade é realizada pela prefeitura, culminando em um baixo índice, Tabela 8. O indicador denota a necessidade de ajuste no projeto, principalmente quanto a participação dos beneficiários, pois em sendo mínima essa participação, os impactos da atividade no território demonstramse proporcional. Tabela 8– Indicadores gerais de gestão da Casa de Farinha Itinerante Índice de Participação dos beneficiários na Gestão do Projeto 3,9 Índice de capacidade de Gestão do Projeto 5,3 Índice de Variação do Perfil do Público Apoiado pelo Projeto 7,0 Impactos Positivos para o Desenvolvimento Territorial 9,2 Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos 6. Escola rural Gilberto Costa – município de Esperantina/TO Situada na zona rural a 06 km do povoado “Vila Tocantins”, no município de Esperantina. Este distante 680 km da capital tocantinense. A Escola Gilberto Costa foi projetada para abrigar 200 alunos, em regime de internato sob o sistema de alternância, visando transmiti-los conhecimentos técnicos a respeito das atividades agropecuárias voltadas para as características da região. Com a proposição de que depois de formados os discentes possam disseminar conhecimentos técnicos nos municípios que compõem o território. A unidade foi inaugurada recentemente e consta de 04 (quatro) pavilhões, abrigando o prédio administrativo, salas de aula (total de 06), um prédio com alojamentos (feminino e masculino) e a cantina/refeitório, com mobiliários, conforme fotos abaixo. Mas a data do início do funcionamento da unidade escolar ainda não foi definida, tendo em vista sua carência por mãode-obra especializada, sendo assim seu projeto político-técnico-pedagógico não foi realizado e a unidade segue na dependência de um possível convênio com o governo do estado para que seja formado seu quadro de profissionais (administrativos e docentes). A atual coordenadora do Colegiado Territorial Maria Senhore de Carvalho relatou que para a construção da unidade foi necessário dois ajustes no orçamentos, resultando na contratação de outras duas operações financeiras mediante convênio com o Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA (operações 0200103 e 0235700), pois em sendo os próprios participantes do colegiado elaboradores da proposta inicial, sem o auxilio de profissionais especializados em construção civil, o orçamento ficou subestimado e incompleto o que não permitiu a finalização da construção dentro do cronograma inicial e não permitirá investimentos em áreas experimentais e/ou laboratórios. Ao considerar o objetivo de formação de técnicos, chama atenção a ausência das referidas unidades experimentais e a inexistência de projetos e muito menos de recursos para aquisição destas, tendo em vista que é impossível a formação técnica sem os devidos instrumentos de qualificação. Daí torna-se preocupante a qualidade final da formação dos futuros profissionais. Como iniciar uma escola técnica sem os equipamentos mínimos que auxiliam na profissionalização de seus discentes? Este projeto corre o risco de ser mais uma escola técnica, dentre as várias existente no país, onde o discente é formado sem nunca ter feito uma única aula prática, sem a menor vivência técnica dos conteúdos estudados. Então, para que a unidade funcione e cumpra com qualidade sua função é necessária a montagem do quadro de profissionais e a construção das unidades experimentais para profissionalização dos discentes, a exemplo dos apiários, pocilgas, poços para piscicultura etc. e ou qualquer área afim com a região. 6.1. Indicadores gerais da casa de farinha da Escola Rural Gilberto Costa Contanto com maior participação dos componentes do colegiado e sob a perspectiva de qualificar os jovens locais para o trabalho, relativamente, a unidade contempla de melhor participação dos beneficiários na fase de planejamento. Mesmo adotando o procedimento de levantamento de informações e visitas técnicas e intercâmbios em outras unidades de igual modalidade, não foi formulado nenhum sistema de acompanhamento financeiro para garantir a capacidade de planejamento do projeto. As definições sobre a tipificação e estruturação do projeto foram realizadas por entes do colegiado, Gráfico 118. Gráfico 118 Indicadores relativos à fase de planejamento dos projetos Participação dos beneficiários na fase de planejamento do projeto Organizações locais apoiadas Pelo projeto Papel das organizações locais no planejamento do projeto 0,04 0,035 0,03 0,025 0,02 0,015 0,01 0,005 0 Capacidade de planejamento do projeto Atividades sócio-econômicas atendidos pelo projeto Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos É possível perceber a diminuição da participação dos beneficiários na fase de execução do projeto, segundo informações este fato decorreu da demora decorrida do planejamento a execução, desanimando os participantes, bem como da renovação do colegiado, tendo em vista que muitos vínculos foram perdidos. Recém inaugurada, a unidade não desenvolveu nenhuma indicador e estratégia de monitoramento, não se trabalhou nenhum elemento que garanta sustentabilidade ao projeto, vindo refletir na capacidade de execução do projeto, conforme Gráfico 119. Gráfico 119 Indicadores relativos à fase de execução dos projetos Participação dos beneficiários na fase de execução do projeto 0,025 0,02 0,015 0,01 0,005 0 Existência de capacidade ociosa do proejto Capacidade de execução do projeto Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos Como o projeto ainda não está em operação o índice trata-se de uma perspectiva em relação ao público, sendo que os entrevistados não conseguem traduzi-las de forma interferir positivamente na construção do indicador, Gráfico 120. Gráfico 120 Indicadores relacionados aos indícios de impactos dos projetos Públicos atendidos pelos projetos 0,060 0,040 Impactos positivos nas condições sócio-político- econômicas territoriais 0,020 Impactos positivos na qualidade 0,000 de vida dos beneficiários Tamanho do mercado coberto pelo projeto Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos Os índices registrados na Tabela 9 foram gerados a partir de uma perspectiva, uma vez que o projeto não está em operação. Porém, os índices de participação dos beneficiários e de capacidade de gestão do projeto, revelam a necessidade de trabalhar a interação dos beneficiários. Tabela 9 – Indicadores gerais de gestão da Escola Rural Gilberto Costa Índice de Participação dos beneficiários na Gestão do Projeto 4,8 Índice de capacidade de Gestão do Projeto 5,3 Índice de Variação do Perfil do Público Apoiado pelo Projeto 6,3 Impactos Positivos para o Desenvolvimento Territorial 6,5 Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos 7. Escola rural do município de Riachinho/TO Se por um lado os investimentos de apoio a educação no campo culminaram com a construção da escola rural do município de Esperantina o mesmo ainda não aconteceu no município de Riachinho, pois a construção de sua escola rural encontra-se parada, como mostra as fotos abaixo, à espera dos recursos oriundos da contrapartida firmada entre o município e o governo do Estado do Tocantins, segundo a secretaria de educação municipal Vivian Muniz Moura Campos. O projeto consta de 08 módulos que sediaram salas de aulas para 200 discentes, prédio para receber o corpo docente e administrativo e possíveis laboratórios. O regime de trabalho, o projeto político-técnico-pedagógico, assim como o quadro de profissionais ainda não foram definidos. É com ansiedade que os beneficiários e componentes do colegiado esperam o encerramento da obra. A esse termo, na avaliação realizada percebe-se uma maior interação entre os membros, locais, do colegiado e a gestão do governo municipal, havendo reuniões entre estes com participação de alguns beneficiários. Porém, em relação a estes últimos nota-se desconhecimento e certo desinteresse sobre a gestão e emprego dos recursos públicos utilizados para empreender a unidade escolar. A comunidade demanda do serviço, mas não se preocupa em acompanhar o processo. 7.1. Indicadores gerais da Escola Rural de Riachinho Ainda que também não tenha definições de ações para acompanhar o desenvolver financeiro da atividade comprometendo a capacidade de planejamento projeto, dentre os projetos analisados a Escola Rural de Riachinho, foi o que demonstrou melhor articulação, alçando melhores índices de participação dos beneficiários e maior participação das organizações locais durante a fase do planejamento, conforme demonstra o Gráfico 121 . Esse fator é resultado da melhor interação entre beneficiários, entes do colegiado e poder executivo municipal. Mas, a não definições de ações para acompanhar o desenvolver financeiro da atividade comprometeu a capacidade planejamento da unidade. Gráfico 121 Indicadores relativos à fase de planejamento dos projetos Participação dos beneficiários na fase de planejamento do projeto 0,05 0,04 0,03 Organizações locais apoiadas pelo projeto 0,02 0,01 Capacidade de planejamento do projeto 0 Papel das organizações locais no planejamento do projeto Atividades sócio-econômicas atendidas pelo projeto Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos de Como nos demais casos o índice de participação dos beneficiários diminuiu ao caminhar para a fase de execução do projeto. Assim como, o índice de capacidade de execução do projeto também foi muito baixo. A ausência de estratégias de controle social, definição de indicadores de monitoramentos e de elementos que auxiliam na sustentabilidade influenciou negativamente na construção do referido índice. A não operação da unidade de ensino justiça a ociosidade do projeto, Gráfico 122. Gráfico 14 Indicadores relativos à fase de execução dos projetos Participação dos beneficiários na fase de execução do projeto 0,035 0,03 0,025 0,02 0,015 0,01 0,005 0 Existência de capacidade ociosa do proejto Capacidade de execução do projeto Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos A incerteza da época em que a obra será acabada se reflete na indefinição do perfil do publico a ser atendido, na não visualização do impacto junto a comunidade a ser beneficiada, bem como na interferência da unidade sobre as condições sócio-político-econômicos do território, tornou o indicador praticamente nulo, Gráfico 122. Gráfico 122 Indicadores relacionados aos indícios de impactos dos projetos Públicos atendidos pelos projetos 0,060 0,040 Impactos positivos nas condições sócio-político- econômicas territoriais 0,020 0,000 Impactos positivos na qualidade de vida dos beneficiários Tamanho do mercado coberto pelo projeto Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos Ainda que a obra esteja inacabada, dentre os índices que compõem os indicadores gerais de gestão, os impactos do projeto para o desenvolvimento do território, demonstra uma perspectiva positiva mediante visão dos atores envolvidos, conferindo a este o índice de 10,2. Caracterizando como a maior avaliação perante os demais projetos, Tabela 10. Tabela 10 – Indicadores gerais de gestão da Escola Rural do Município de Riachinho Índice de Participação dos beneficiários na Gestão do Projeto 5,5 Índice de capacidade de Gestão do Projeto 6,1 Índice de Variação do Perfil do Público Apoiado pelo Projeto 7,0 Impactos Positivos para o Desenvolvimento Territorial 10,2 Fonte: Elaboração própria – dados de pesquisa avaliação de projetos Frente aos casos avaliados percebe-se que os empreendimentos realizados não estão cumprindo suas funções socioculturais e econômicas. Quer sejam devido aos atrasos na construção (por falta de verba), como as escolas rurais. Quer sejam por desinteresse social ou dificuldade de gestão. Evidenciando a urgente necessidade de uma nova forma de gestão para com os projetos assistenciais, buscando adotar e/ou aprimorar fatores como: 1. Assistência técnica: registra-se carência em técnicos especializados e comprometidos, tanto quantitativos quanto qualitativamente. Em relação ao quantitativo é necessário diminuir o número de famílias acompanhadas por assistente técnico para aumentar a eficiência das assistências e, como se trata da inserção de famílias ao processo produtivo, geralmente, com a adoção de novas técnicas a presença constante do assistente técnico é essencial. De outra forma, considerando-se o fato da maioria das famílias nem sempre estarem adaptadas ao novo ambiente (moradia, sistema produtivo, convivência social etc.) os assistentes precisam ter conhecimentos para trabalhar as relações sociais, visando a construção de uma nova comunidade e a inserção das famílias na mesma. 2. Programas alternativos: exemplos como a casa de farinha itinerante precisam ser estimulados, principalmente quando se vislumbra a eficácia dos atendimentos e a eficiência econômica e produtiva dos projetos. 3. Adoção de critérios vocacionais na distribuição dos projetos: é preciso adequar aos critérios técnicos, na escolha das comunidades e do tipo de projeto, a análise vocacional da comunidade a ser beneficiada. 4. Fortalecimento do programa compra direta: em alguns casos este tipo de programa caracteriza-se como o principal mercado de inserção dos produtos oriundos dos projetos. 5. Necessidade de contrapartidas comunitárias para como os investimentos: neste caso, por exemplo, a contrapartida, poderia ser feito em produção, sendo a mesma destinada a outras comunidades ou instituições necessitadas; 6. Desenvolver e aplicar indicadores de avaliação e programas de monitoramento: para estimular a produtividade e promover a correção de possíveis falhas.