VINHAS DE PAIXÃO

Transcrição

VINHAS DE PAIXÃO
VINHAS
DE PAIXÃO
a revista da caixa
CAIXA GERAL
DE DE P ÓSI TOS
SÃO PORTUGUESES
OS VINHOS A QUE
O MUNDO SE RENDE
DOURO BOYS
O SUCESSO FAZ-SE DE CUMPLICIDADE
N . o 1 0 | Fe ve re i ro d e 2 0 1 3 | A n o I V
OS DIAS
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24 horas por dia
todos os dias do ano
editorial
e
História, tradição
e futuro
a revista da caixa
Diretor Francisco Viana
Editores Luís Inácio e Pedro Guilherme Lopes
Arte e projeto Rui Garcia e Rui Guerra
Colaboradores Ana Rita Lúcio, Helena
Estevens, Leonor Sousa Bastos (texto);
Anabela Trindade, Estúdio João Cupertino,
Filipe Pombo e Gualter Fatia, com agências
Corbis, Getty Images e iStockphoto (fotos);
Marta Monteiro (ilustração),
Dulce Paiva (revisão)
Secretariado Teresa Pinto
Gestor de Produto Luís Miguel Correia
Produtor Gráfico João Paulo Batlle y Font
REDAÇÃO
TELEFONE: 21 469 81 96 FAX: 21 469 85 00
R. Calvet de Magalhães, 242
2770-022 Paço de Arcos
PUBLICIDADE
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2770-022 Paço de Arcos
Diretor Comercial
Pedro Fernandes ([email protected])
Diretor Comercial Adjunto
Miguel Simões ([email protected])
Diretora Coordenadora
Luísa Diniz ([email protected])
Assistente
Florbela Figueiras (ffi[email protected])
Coordenador de Materiais
José António Lopes ([email protected])
Editora Medipress - Sociedade Jornalística
e Editorial, Lda.
NPC 501 919 023 Capital Social: €74 748,90;
CRC Lisboa
Composição do capital da entidade proprietária
Impresa Publishing, S. A. - 100%
R. Calvet de Magalhães, 242
2770-022 Paço de Arcos
Tel.: 21 469 80 00 • Fax: 21 469 85 00
Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes
Gráficas, S. A.
Distribuição Gratuita (a revista Cx tem preço
de capa, mantendo-se, no entanto, o seu
caráter de oferta)
Propriedade
Caixa Geral de Depósitos
Av. João XXI, 63, 1000-300 Lisboa
Periodicidade Trimestral
(Edição n.º 10, outubro/dezembro 2012)
Depósito Legal 314166/10
Registo ERC 125938
Tiragem 72 000 exemplares
AO LONGO DAS SUAS VÁRIAS EDIÇÕES, A CX tem apostado
em temas de interesse incontornável, seja pela sua
atualidade, seja pelo que representam para o País e para os
portugueses. A presente edição não é exceção e concilia,
precisamente, estes critérios editoriais num tema marcante
ou não fosse ele próprio uma marca na história do País e
um símbolo da sua cultura. Falamos do mundo do vinho,
da indústria vitivinícola e de todo o seu universo.
Propomos-lhe, contudo, uma abordagem moderna,
não só virada para a sua história e tradição, mas, também,
para aquilo que o vinho representa para o presente e para
futuro do País. O seu significado económico – numa
altura em que o seu impacto se aproxima dos dois por
cento do PIB nacional –, nomeadamente ao nível das
exportações. A mais-valia que representa em termos de
enoturismo, alavancando todo um leque de produtos e
serviços complementares, desde a hotelaria e restauração,
até aos queijos, enchidos, azeites e outras iguarias muito
portuguesas.
Reconhecido internacionalmente através de inúmeros
prémios e distinções, trata-se de um setor que reforça
e reflete a boa imagem dos produtos made in Portugal,
impulsionando novas aventuras e oportunidades além-fronteiras. Um setor que faz a ponte entre a tradição e as
novas gerações, promovendo, inclusivamente, o regresso
de jovens ao interior e potenciando a criação de novos
postos de trabalho. Um setor que também ele evolui,
acompanhando já as tendências e as preocupações de
responsabilidade social e de sustentabilidade que marcam
as sociedades modernas.
Por isso, assim como em outros setores de interesse
para a economia nacional, a Caixa está presente, apoiando
as melhores empresas e empreendedores no seu trajeto de
sucesso. Um trajeto para o qual a Caixa quer continuar
a contribuir, pois essa é também a sua matriz: um
Banco com história e tradição, capaz de assumir a sua
responsabilidade na procura de um futuro melhor para os
portugueses. Valores que, a cada edição, são transpostos
para as páginas desta sua publicação.
Aproveite e descubra o muito que a Caixa tem para si
nesta décima edição da Cx. Seja, pois, bem-vindo.
FRANCISCO VIANA
«ASSIM COMO EM
OUTROS SETORES
DE INTERESSE
PARA A ECONOMIA
NACIONAL, A CAIXA
ESTÁ PRESENTE,
APOIANDO AS
MELHORES
EMPRESAS E
EMPREENDEDORES
Foto de capa: iStockphoto
Correio do leitor [email protected]
A Cx é uma publicação da Divisão Customer
Publishing da Impresa Publishing,
sob licença da Caixa Geral de Depósitos
Esta revista está escrita nos termos do novo acordo ortográfico
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
3
i
interior
06 Pormenor
Notícias que saem da Caixa
DESTAQUES
PESSOAS
10 Histórias de sucesso
António Ferreira
12 Talento
Entre as gomas da Nutrally e os
livros de Nuno Camarneiro
ESTILO
16 Design & arquitetura
ExperimentaDesign 13;
CAD - Arquitetura Sustentável;
Munna, uma cadeira vencedora
21 Automóveis
Mini Paceman: cheio de pinta
22 Culto + Soluções
Peças com muito estilo e
ideias para o dia a dia
24 Gourmet + Prazeres
Dom Tonho convida Miss
Saigon para uns scones
39 Observatório
José Miguel Dentinho
DESTINOS
46 Roteiro
Serra da Estrela
48 Fugas
32 Vinhas de Paixão
Viagem a um setor que coleciona prémios nos principais concursos internacionais,
que tem cada vez maior peso nas nossas exportações, ocupa um lugar de
destaque no turismo, concilia os saberes tradicionais com a visão das novas
gerações e leva a todo o mundo o selo de qualidade «made in Portugal».
Chalés de Montanha
A crise e os hábitos de
consumo; App Caixadirecta
58 Saúde
Prevenir as dores crónicas
59 Educação
Uma aliada chamada Internet
62 Sustentabilidade
O EGA que ajuda a poupar;
Condomínio da Terra para
pensar o Planeta
CULTURA
64 Com esta voz me visto
As modas do Fado em exposição
70 Livros & Discos
72 Agenda
73 Vintage
Um ventilador histórico
74 Fecho
Notícias CGD
4
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
26 Entrevista
Cinco produtores de algumas das
mais tradicionais quintas da região
juntaram-se para dar a provar
ao mundo os seus vinhos de
mesa. Chamam-se Douro Boys e
conquistaram o Prémio Europeu de
Promoção Empresarial da Comissão
Europeia.
40Grande viagem
Há história, paisagens deslumbrantes
e, claro, vinhos, alguns deles com lugar
nas listas dos melhores néctares do
mundo. Também há restaurantes,
hotéis, passeios de barco e de
comboio, num conjugar de emoções
que dificilmente esquecerá.
Seja bem-vindo ao Douro Vinhateiro.
54 Institucional
Conheça os produtos e serviços
da Caixa Geral de Depósitos,
criados a pensar em si.
60 Sustentabilidade
Young VolunTeam é o novo
programa da Caixa que promove a
cultura do voluntariado junto das
escolas secundárias e não só.
66 Cultura
Numa altura em que a rádio
procura adaptar-se a uma
«geração digital», que espaço
sobra para os programas
de autor e para a afirmação
da personalidade daqueles
que lhes dão vida?
Foto de Capa: Getty Images
VIVER
52 Finanças
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p
pormenor
DO CINEMA PARA A ESTRADA
Será, provavelmente, o carro mais famoso
da história do cinema. Chama-se Herbie e
é um Volkswagen de corrida. Branco, com
as incontornáveis riscas azul e vermelha,
ostentando, orgulhosamente, o número 53,
este «carocha» (Beetle) tem feito as delícias de
várias gerações e promete continuar a fazê-lo...
na vida real. A «culpa» é deste Beetle Edition
53, equipado com sistema de monitorização
da pressão de pneus e com o sistema
de parqueamento «Park Pilot», que estaciona
o carro «sozinho»!
PORTUGAL AO DOMICÍLIO
A espalhar portugalidade
A história de um emigrande português apostado em levar
as nossas marcas aos quatro cantos do mundo
O LIXO NÃO
É TODO IGUAL
Por certo já terá deitado fora objetos
que acreditava poderem ter uma
segunda vida. Com esse mesmo
pensamento, Maarten Heijltjes e
Simon Akkaya, dupla de designers
da holandesa Waarmakers, criaram
o Goedzak, um saco especial para...
lixo especial. O saco é transparente,
permitindo ver o seu conteúdo, e
insere-se numa política de Freecycle,
que visa criar uma uma rede de
reutilização à escala mundial.
MONSTRA
À SOLTA!
está de volta a nossa
monstra preferida. Ou
será o nosso monstra?
Bem... está de volta o
Festival Monstra que, de 7
a 17 de Março, em 16 salas
diferentes espalhadas por
Lisboa, divulgará o melhor
do cinema de animação
mundial. E não se esqueça
do Monstrinha, dedicado ao
público infanto-juvenil!
6
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
o que é que a pasta dentífrifica Couto tem
a ver com a Farinha Branca de Neve? E a
pomada Halibut com as pastilhas Gorila? Os
rebuçados Dr. Bayard ao lado das sardinhas
em lata Minerva?
Estas são, apenas, algumas das marcas que
podemos encontrar no site
www.portugalaodomicilio.com, um projeto
«que permite, a quem vive fora do país,
receber, confortavelmente, em sua casa
diretamente de Portugal, os melhores
produtos portugueses aos mais baixos preços
para que se sinta mais perto do nosso País!».
A ideia é de Luís Fonseca, formado em
Economia e Marketing, emigrante em França,
que aproveitou a viragem do ano para lançar
o Portugal ao Domicílio, numa aposta que já
recebeu encomendas de países como a China
e o Peru. E, numa altura em que são vários os
portugueses que tentam a sua sorte noutros
países, este é um negócio com enorme
margem de crescimento, feito à medida de
quem está longe e que passa a poder matar
saudades através de uma rápida encomenda.
BIO-PAIXÃO
Era uma vez uma família de quatro pessoas, com diferentes
percursos profissionais, que decidiram mudar o rumo às
suas vidas de forma a levarem a cabo um sonho antigo
que tinham em comum. Nasceu, assim, o projecto Quinta
da Pedra Branca (www.quintadapedrabranca.pt), que, em
terrenos localizados perto de Mafra, promove a agricultura
biológica e o conceito «Bio-Agradável». «O nosso êxito
depende de um só factor: o sabor», dizem eles, e nós
dizemos como pode colocá-los à prova: encomendando
um dos cabazes disponíveis, onde encontrará uma grande
variedade de deliciosas combinações entre legumes, fruta,
ervas aromáticas e outros produtos sempre frescos. Ah, e
ainda fica com o saco, confecionado em juta e totalmente
ecológico, para ir fazer outras compras.
O carro
sempre limpo
FELICIDÁRIO
Curtir a vida aos 65
2012 assumiu-se como o Ano
Europeu do Envelhecimento
Ativo e da Solidariedade entre
Gerações, e este projeto da
agência Lintas e da associação
Encontrar+se promete não
deixar cair no esquecimento
a importância da felicidade
na chamada terceira idade.
Chama-se Felicidário e é uma
mistura de calendário e de
dicionário, com 365 definições
práticas de felicidade. Desde
experimentar uma comida nova
ao registar-se no Facebook
sem a ajuda dos netos,
passando por fazer o pino,
todos os dias existe uma nova
ideia ilustrada por nomes como
Afonso Cruz, Aka Corleone,
Carolina Celas, Maria Imaginário
e Yara Kono, entre outros.
Para curtir em
felicidario.encontrarse.pt.
Uma equipa de cientistas
do departamento de
Engenharia Química da
Universidade de Tecnologia
de Eindhoven, na Holanda,
liderada pela portuguesa
Catarina Esteves, descobriu
um revestimento inovador
para automóveis que se...
«auto-cura» e «auto-limpa».
Composto por duas
camadas ligadas por
«caules», permite utilizar os
componentes da segunda
para reparar a camada
exterior. Simultaneamente,
a sujidade acaba por cair
juntamente com a parte
danificada, ou seja, deverá
bastar uma chuvada para os
carros ficarem lavados.
Um projeto a acompanhar!
VOLTA AO
MUNDO EM
BANDOLIM
Chama-se Luís Pinto, tem
22 anos, é estudante de
engenharia mecânica na
Universidade do Porto,
e, há seis meses, decidiu
deixar tudo para trás
e conhecer o mundo à
boleia. Levou merenda
para os primeiros dias,
mas tem sido a tocar o
seu bandolim que tem
conseguido o dinheiro
para comer. O regresso
está agendado para
Setembro, a viagem deve
dar origem a um livro
e a aventura pode ser
acompanhada em
www.youtube.com/
user/LifeTravelWorld.
ROUPA PORTUGUESA PARA
GADGETS TOPO DE GAMA
luís fernandes, joão cunha e david ribeiro são três
amigos, dois de Guimarães e um de Braga, com uma ideia
em comum: criar capas à medida dos smartphones topo de
gama. A ideia ganhou pernas para andar quando perceberam
que, sem precisarem de sócios extra, podiam desenhar os
acessórios e aproveitar o facto de um deles ter familiares a
gerirem uma fábrica de calçado. O toque final foi dado pela
pele italiana, imagem de marca que batizaram de Kouros. Os
preços começam nos 40 euros e a aposta maior incidirá na
exportação. Conheça mais este projeto português em
www.kouroscases.com/pt.
Fotos: D.R.
AS TAMPAS E AS RAINHAS
e se lhe oferecessem uma carteira com nome de realeza,
feita a partir do reaproveitamento de tampas de garrafas? Isso
é HádeHaver (www.hadehaver.pt.vu), um projecto made in
Portugal da responsabilidade de Bruno Barbosa e Sandra Paulo,
dois arquitectos. As carteiras subdividem-se em quatro modelos
diferentes, desde clutches a carteiras de ombro, e, de forma a
garantir a originalidade de cada peça, é-lhe atribuído um nome
de uma personalidade feminina relevante da História de Portugal,
sejam elas rainhas, infantas ou condessas.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
7
p
a Caixa ao pormenor
VA N TAG E M
Fracionamentos
Automáticos da Caixa
Fracione o pagamento das suas compras sem a cobrança de juros
Sabia que o seu cartão de crédito
da Caixa permite fracionar o pagamento
daquelas calças de ganga da Salsa que viu
no centro comercial em seis vezes sem juros
(para compras entre 300 e 600 euros)? Ou da
bolsa que viu na montra da Loja das Meias em
duas vezes sem juros? Ou até aquele fato da
Giovanni Galli, que tanto jeito lhe dava, em
três vezes sem juros?
Os comerciantes aderentes aos
Fracionamentos Automáticos
da Caixa disponibilizam, aos
Clientes titulares de
cartões de crédito de
particulares da Caixa,
a opção de pagar as
suas compras de uma
forma mais cómoda,
dividindo-a em várias
prestações sem a cobrança
de juros.
Para usufruir deste benefício, basta dirigir-se a um comerciante aderente e solicitar o
fracionamento da sua compra. A modalidade
pretendida é ativada diretamente no TPA, no
momento da compra. O acompanhamento e o
controlo da cobrança das prestações podem ser
feitos através do extrato do cartão de crédito.
Carteira em pele da Salvatore
Ferragamo, à venda na Loja das Meias
Os Fracionamentos Automáticos já se
encontram disponíveis na rede de lojas
Giovanni Galli, Loja das Meias, Marc by Marc
Jacobs, Salswwhecer as condições associadas
e os parceiros aderentes, consulte o site www.
vantagenscaixa.pt/campanhas/fracionamentosautomaticos.
PARA QUEM OS 55 SÃO SÓ O PRINCÍPIO
Se tem mais de 55 anos, a Caixa propõe-lhe as Soluções Caixa Activa,
uma oferta financeira específica para pessoas que fazem da idade
experiência para maior rigor e exigência na gestão do seu dia a dia e
projetos futuros. Pessoas com interesses, sonhos e ambições, que
procuram novos desafios e as soluções ideais para os alcançar.
É neste contexto que surgem as Soluções Caixa Activa, propostas para
uma vida ativa, para os seus projetos e futuro, mas também para a sua
saúde e bem-estar, sem esquecer os momentos de lazer. Para tal, tem à sua disposição um
conjunto de soluções financeiras e de serviços adequados às suas necessidades: contas de
poupança, cartões para movimentar a conta à ordem e que lhe dão descontos em parceiros
associados, o serviço Caixadirecta para ter o seu Banco sempre disponível, onde quer que
esteja, e muito mais. Conheça as Soluções Caixa Activa e saiba como pode tornar a sua vida
mais fácil, tornando-a, ainda, mais promissora. Porque os 55 são só o princípio.
8
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
Conhece as soluções
Caixa Woman?
As soluções Caixa Woman são
um conjunto de produtos e
serviços financeiros de excelência,
desenhados a pensar na mulher
ativa, ambiciosa e confiante.
Desde cartões exclusivos de débito
diferido (1) ou de crédito (2), com um
design feminino e vantagens únicas,
a um site a pensar nas necessidades
das mulheres, passando por soluções
ímpares de poupança e proteção da
saúde, a Caixa não descurou nenhum
pormenor. Entre outras vantagens,
pode contar com:
•Um cartão de débito diferido, em
que a primeira anuidade é devolvida
com a realização da primeira compra
e as seguintes são facilmente
isentáveis, se o total das compras que
efetuar com o cartão forem iguais ou
superiores a 3000 euros, uma média
de 250 euros ao mês;
•Um cartão de crédito, disponível nas
modalidades mini e standard;
•Acesso a depósitos a prazo a 3, 6 e
12 meses, com taxa de juro majorada,
disponíveis no Caixadirecta on-line;
•Descontos e benefícios especiais
em parceiros, nas áreas da moda,
saúde e lazer;
•Completo pacote de seguros, onde
se inclui a cobertura de Acidentes
Pessoais em Viagem e Roubo do
Cartão, entre outros.
Caixa Woman. Porque há pormenores
que fazem toda a diferença.
(1)
TAEG de 1,4%, para um
montante de 1500 euros,
com reembolso a 12
meses, à TAN de 0,00%.
(2) TAEG de
22,3%, para
um montante
de 1500
euros, com
reembolso a 12
meses, à TAN
de 22,50%.
CAIXA IMOBILIÁRIO
Aposta Internacional
A dinamização do negócio imobiliário leva a Caixa a vários eventos internacionais
A Caixa marcou forte presença em eventos
internacionais do setor imobiliário, através
das várias marcas CGD e Caixa Imobiliário,
no segundo semestre de 2012, potenciando a
comunicação da oferta imobiliária da Caixa junto
de Clientes não residentes em Portugal, bem
como de outras comunidades, como os lusodescendentes.
É neste contexto que se enquadram as
presenças no Salão Imobiliário Português, em
Paris (SIP 2012), na Projekta by Constrói, em
Luanda, e na 1.ª Mostra do Imobiliário de Portugal do Rio de Janeiro
(MIP 2012). O primeiro teve lugar de 14 a 16 de setembro, no parque
de exposições de Paris, acolhendo cerca de cem empresas e 30 mil
visitantes, numa iniciativa da Câmara de Comércio e Indústria FrancoPortuguesa. Na sua primeira edição, a iniciativa contou, ainda, com a
4.ª Edição do Fórum dos Empresários e Gestores Portugueses e LusoDescendentes, subordinado ao tema «Oportunidades de Investimento
em Portugal».
Entre 25 e 28 de outubro, foi a vez de Luanda receber a décima
edição da Projekta, a maior feira do setor da construção em Angola.
CONFERÊNCIA DA ORDEM
DOS ECONOMISTAS
Decorreu, na Fundação Calouste
Gulbenkian, a oitava edição da Conferência
Anual da Ordem dos Economistas,
uma iniciativa que teve o apoio da Caixa
Geral de Depósitos, no âmbito do protocolo
existente entre o Banco e a Ordem.
O evento teve como tema central
o Orçamento do Estado para 2013, contando
com a intervenção de, entre outros,
Carlos Costa, governador do Banco
de Portugal, de Rui Leão Martinho,
bastonário da Ordem dos Economistas,
e de Carlos Moedas, secretário
de Estado-adjunto. A Caixa oferece
benefícios aos membros da Ordem
dos Economistas. Informe-se
em www.ordemeconomistas.pt
ou numa Agência da Caixa.
Uma iniciativa que se destaca pelo elevado
crescimento do mercado angolano, à semelhança
do que aconteceu no Brasil, onde decorreu o
último dos eventos. Foi no Consulado Geral de
Portugal, entre 6 e 9 de dezembro, que teve lugar
o MIP 2012, promovido pela Câmara Portuguesa
de Comércio e Industria do Rio de Janeiro, no
âmbito do Ano de Portugal no Brasil e do Brasil
em Portugal.
A presença da Caixa, nomeadamente,
através da sua marca Caixa Imobiliário, nestes
eventos – no MIP 2012, como patrocinador principal – permitiu um
contacto privilegiado com vários investidores, quer das comunidades
portuguesas, quer dos países de acolhimento, na apresentação e
condições da oferta de produtos e serviços imobiliários do Grupo
CGD, onde se incluem oportunidades de negócio e de investimento
muito atrativas. Uma abordagem que se pretende reforçar ao longo
de 2013, com a participação do negócio imobiliário da Caixa em
múltiplos eventos internacionais, por quase todo o mundo.
Saiba mais sobre as Oportunidades de Imóveis Caixa
em www.caixaimobiliario.pt.
Protocolo com a Ordem dos Médicos
A Caixa assinou um protocolo com a Ordem dos Médicos
(OM), passando a disponibilizar aos seus membros um vasto
conjunto de benefícios em produtos e serviços financeiros, que
vão ao encontro dos seus projetos pessoais e profissionais. A
cerimónia teve lugar no Edifício-Sede da CGD, tendo o protocolo
sido assinado por Nuno Fernandes Thomaz e José Manuel
Monteiro de Carvalho e Silva, respetivamente administrador da
CGD e bastonário da OM.
A Caixa posiciona-se, assim, como parceiro privilegiado desta
classe profissional, assegurando a presença em iniciativas da
OM, como Congressos Nacionais, bem como outras de interesse
comum e canais de comunicação privilegiados com os seus 43 400
membros. Este protocolo junta-se a outros, nomeadamente:
• Associação Sindical dos Juízes Portugueses;
• Ordem dos Advogados;
• Ordem dos Arquitetos;
• Ordem dos Economistas;
• Ordem dos Engenheiros;
• Ordem dos Engenheiros Técnicos;
• Ordem dos Farmacêuticos;
• Ordem dos Médicos Dentistas;
• Ordem dos Psicólogos;
• Sindicato dos Magistrados do Ministério Público.
9
h
histórias de sucesso
ANTÓNIO FERREIRA
Passo a passo,
sempre a vencer
AMBICIOSO
Dar um passo maior do que as pernas nunca o assustou.
Nem a aposta contínua na inovação e no desenvolvimento das solas Bolflex,
que, atualmente, dão cartas nos mercados nacional e internacional
Por Helena Estevens Fotografia Anabela Trindade
OUSADO
MUITA SORTE, um bom staff e nunca desanimar, nem abrandar. «Há que estar sempre
no vermelho», diz, aliás, António Ferreira, responsável pela Bolflex, empresa nacional de
referência na produção de solas, sediada em Felgueiras. Um exemplo claro de que, em
Portugal, há muita coisa boa a fazer-se.
Cx: A Bolflex é um bom caso de sucesso a nível
industrial no nosso País. Qual o seu segredo?
António Ferreira: Primeiro, tem de se
perceber da arte; depois, ter sorte e uma força
interior invencível. A sorte também advém
de toda a equipa de trabalho, da imagem que
passamos e da parte financeira. Sempre tive
uma ligação forte com a CGD e, felizmente,
consegui cumprir o objetivo que tinha
perante o Banco, em particular com Ricardo
Azevedo, diretor de região que apoia a empresa
há 17 anos, Joaquim Gama (coordenador
de Gabinete) e Sandra Coelho (gestora de
Clientes). Eles têm sido impecáveis comigo
e com a empresa. Comecei do zero e, se não
tivesse esse apoio, talvez hoje não existisse,
nem teria o sucesso que venho a alcançar. São
atitudes que nunca serão esquecidas.
Cx: Quais os produtos mais procurados?
AF: Depois de muita batalha, a Bolflex tem
vindo a confecionar produtos inovadores, com
borrachas verdes, recicladas e certificadas, nas
quais somos os mais procurados.
Cx: Ao olhar para o percurso da Bolflex, quais
foram os momentos mais marcantes?
AF: Em 1992, constituí a empresa, designada
A. Ferreira & Pereira, Lda, com a minha
esposa. Comprei maquinaria e, mais uma vez,
tive sorte nas decisões. Em 1995, comprei
novas instalações e, devido ao investimento,
andei a navegar oito anos em águas muito
turvas. Em 2003, fiz a primeira viagem à
Alemanha para uma perspetiva de mercado
10
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
e conhecer as novas tecnologias. E em
2004, realizou-se um dos sonhos: comprei
as primeiras tecnologias, que ainda tenho,
o que permite fazer solas sem molde, coisa
impensável em Felgueiras. Antigamente,
tínhamos de ir a Pamplona para termos uma
maquete. Hoje, fazemos internamente e, numa
hora, hora e meia, temos a maquete na mão.
Em 2007, mandei fazer um protótipo de
máquinas de injeção de borracha, no qual
perdi meses com uma empresa da Marinha
Grande, que me ajudou na parte técnica. Já
em 2009, dei mais um grande passo: comprei
32 máquinas de borracha injetada – fomos
considerados a empresa com maior capacidade
de borracha injetada na Europa. Isto permite
tirar 15 a 30 pares por hora, impensável
com as máquinas tradicionais e que todos
os produtores de solas utilizam. Com estas,
tirávamos só cinco a nove pares por hora.
Cx: A aposta na inovação e no desenvolvimento
valeram à Bolflex vários prémios. Como foram
recebidos?
AF: No meu íntimo, são recebidos com muito
orgulho, mas não o demonstro. Sei que é
muito importante, sinal de reconhecimento
pelas entidades competentes.
Cx: É no início de um ano que se anuncia
complicado que a Bolflex se muda para novas
instalações. Como explica esta decisão?
AF: A mudança deve-se às exigências
de expansão. As antigas tornaram-se
limitadas devido às necessidades de
SONHADOR
crescimento. Tinham patamares, o que
causa dificuldades no processo fabril.
As novas instalações dão-nos uma visão
ampla do processo de elaboração da sola.
Desta forma, melhora as condições de
trabalho, tornando-se mais rápida e eficaz a
deslocação a qualquer secção. A qualidade
do produto vai reflectir-se no final. Uma das
grandes vantagens será melhorar o processo
de produção, para uma resposta ainda mais
breve às necessidades dos clientes.
Cx: As crises são boa fonte de oportunidades?
AF: Nunca dei importância aos momentos
altos ou baixos. Estou habituado a grandes
desafios. Nos momentos de crise, uns
não avançam porque têm medo ou não
acreditam, outros têm capacidade e sorte
de ir em frente. Assim, conquistam novos
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DEDICADO
EM FRENTE
Olhar mais além é a filosofia
de vida deste empresário que
não teme os desafios que tem
pela frente.
TRABALHADOR
mercados, trazendo mais sucesso e dando
bom exemplo para o mercado português.
Cx: Como se contraria a crise?
AF: Muita sorte, ter um bom staff e nunca
desanimar. Não podemos abrandar o trabalho.
Temos de estar sempre no «vermelho». Sou
capaz de adormecer a pensar na empresa
ACHO QUE PORTUGAL
NOS OFERECE MUITAS
OPORTUNIDADES.
DEVE-SE LUTAR ATÉ
ATINGIR O OBJETIVO
e acordar a pensar nela. Quando há um
problema, temos de pensar nele noite e dia
para encontrar a melhor solução, o mais rápido
possível, para que não se torne incurável.
A empresa tem sido assim e temos conseguido
superar todos os desafios.
Cx: Que desafios se vislumbram no horizonte?
AF: O objetivo é pôr a empresa em velocidade
de cruzeiro. Posteriormente, quero fabricar
novos produtos, que se consomem em
Portugal, mas não existe produção. Assim,
podemos dar apoio às nossas indústrias e ser
mais polivalentes.
Cx: Qual o segredo para fidelizar clientes?
AF: Trabalhar, de forma a combater a
concorrência com novos produtos, e estar
atento à moda, que está em constante
Fã das novas tecnologias, não
consegue resistir a máquinas
industriais inovadoras, que
permitam elevar a empresa
a novos patamares. Quanto
aos valores pessoais, a história
é completamente diferente,
uma postura que se prende
com um enorme respeito pelo
valor do dinheiro: «Uma das
paixões que tenho é o futuro
da empresa. Para as coisas
pessoais, sou incapaz
de gastar o que quer que seja
mal gasto. Fui muito
massacrado desde jovem
e tenho muito medo do que
a vida possa trazer
futuramente. Sei o que
é querermos e não termos.
Quando não temos dinheiro,
damos-lhe um valor terrível;
quando o temos, não podemos
ficar loucos com ele.»
mudança. Fazemos prospeção de mercado em
vários países, pelo menos, seis vezes por ano,
como a Holanda, Bélgica, Alemanha, Inglaterra
e França, para estarmos na vanguarda. De
regresso, reunimos com os designers e estes
recolhem a informação para desenvolver os
produtos (solas) de forma criativa, tendo em
conta as cores, modelos e materiais. Após a
criação da nova coleção, os nossos clientes
trazem os próprios clientes para escolherem
a sua coleção baseada na informação que
oferecemos.
Cx: Que conselhos dá aos investidores?
AF: Acho que Portugal nos oferece muitas
oportunidades. Deve-se lutar até se atingir
o objetivo. Independentemente da filosofia
de cada um, devemos ter força e garra para
seguir em frente.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
11
t
talento
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N U T R A L LY
A virtude da gula
SABOROSA
NUTRIÇÃO
Têm forma de urso, mas não ameaçam ninguém, as gomas
vitaminadas sem açúcar, vegetarianas e antioxidantes que Silvino Henriques e Filipa Rocha
criaram para fazer as delícias dos mais gulosos, sem azedar em matéria de saúde
Por Ana Rita Lúcio Fotografia Anabela Trindade
DA ÉPOCA EM QUE OS SONHOS ainda lhes cabiam dentro da mochila que pingava sobre
os ombros, arquivados entre livros, cadernos e brincadeiras de palmo e meio, guardam
a memória açucarada das viagens de ida e volta, para mais um dia de aulas. «Quem não
se lembra das típicas lojinhas de gomas que havia ao pé das escolas?» – pergunta Filipa,
dando folga ao ponto de interrogação, porque infância é tempo de doçuras (e travessuras)
e, como ela, estão para lá da conta aqueles que não resistiam «a ir buscar línguas, tijolos,
dedos, amoras, morangos, lagartas ou ovos estrelados», de sorriso estendido de uma orelha
à outra, só ameaçado pela promessa das cáries que os adultos juravam que chegariam, se
não se virasse a cara às guloseimas. Se a tentação era doce, já na fase em que os sonhos
deram lugar a ideias inovadoras, Filipa Rocha e Silvino Henriques inventaram uma receita
capaz de agradar a miúdos e graúdos: gomas sem açúcar, vegetarianas, com propriedades
antioxidantes, contando, também, com vitaminas e componentes naturais e, até, livres de
lactose ou glúten. Tão apetitosas, quanto (mais) saudáveis e nutritivas.
O que não engorda nestes ursinhos gomados,
com menos 30% de calorias que os seus
congéneres com açúcar, acabou mesmo
por matar o apetite empreendedor dos dois
formados em Microbiologia, que já há alguns
anos alimentavam a amizade e a fé, enquanto
catequistas, na sua Ermesinde-natal. Na
incubadora da Universidade Católica, no Porto
– onde estudaram –, para somar à vontade de
trabalhar na área alimentar que sempre lhes
«cativou» o gosto, colheram os ingredientes
que faltavam para cozinhar o projeto da
Nutrally, a empresa por trás das guloseimas.
Porque queriam fugir a tudo aquilo que já
fora feito até então, os jovens empresários
avançaram para uma fórmula «paradoxal»:
«um doce que faz bem», aponta Silvino.
Ele que, depois de um ano de Erasmus, na
Irlanda, trazia na bagagem a experiência de
um outro projeto, que envolvia barras de
cereais com probióticos, e um convite pronto
a endereçar a Filipa, para se juntar a ele
em busca da tal «goma saudável». Além de
amiga da saúde, sem deixar de ser apetitosa,
essa pequena delícia tinha de ser, também,
funcional – que é como quem diz «ter efeitos
12
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
benéficos acrescidos sobre o organismo». Para
o conseguir, os dois amigos enriqueceram
as gomas com outro grande elemento
diferenciador: as vitaminas C – no caso das
gomas sem açúcar e das gomas vegetarianas –
e E – no que toca às gomas antioxidantes. «Já
existem outras gomas sem açúcar e nota-se
uma tendência para existirem gomas com
menos produtos artificiais», explica Silvino.
O que torna, então, este produto tão especial?
«A maior inovação, neste momento, é mesmo
a questão das vitaminas, já que não existe
nenhum outro alimento no mercado – porque
é um alimento e não um comprimido ou
suplemento – enriquecido com vitaminas»,
reforça.
Acotovelados dentro da embalagem branca
que, à primeira vista, poderia parecer saída de
uma prateleira de farmácia, os ursos coloridos
de verde, amarelo, vermelho e laranja, devido
aos corantes e aromas naturais, estão, no
entanto, longe de saber «a medicamento»,
garante quem já os provou. Serem saborosos,
aliás, foi «remédio santo» para ultrapassar o
desafio da necessidade de financiamento da
Ou de como o nome da marca
esconde o segredo por trás
das gomas que deliciam e
fazem bem à saúde.
«Primeiro estranhou-se,
depois entranhou-se».
Silvino Henriques rouba a
frase de Fernando Pessoa
para dar conta da reação que
ele e Filipa tiveram depois de
«provar» o nome que acabou
por se colar à marca e às
gomas. «Porque precisavam
desesperadamente de
o encontrar», revelam,
experimentaram Nutrally,
«que é uma mistura entre
natural e nutracêutico».
Nutracêutico, explicam, é
uma fusão entre os conceitos
«nutritivo» e «farmacêutico»
que se aplicam aos alimentos
com propriedades funcionais.
start-up que arrancou com parcos capitais
próprios. «Chegámos a uma altura em que
quisemos dar a provar o nosso conceito às
pessoas», lembra Silvino, «perceber quanto é
que valíamos», acrescenta Filipa.
Como cientistas que são, elegeram nada mais
que o «laboratório» do crowdfunding para
realizar o teste de aceitação das gomas. Nesta
ferramenta online de financiamento coletivo,
os responsáveis da marca encontraram um
prato cheio de «apoiantes, contactos e pré-clientes» e um bolo de cinco mil euros para
investir na Nutrally, que nasceu oficialmente
no ano passado. Apesar do «bom feedback»
que recolheram desses primeiros provadores,
que aprovaram a fórmula das gomas saudáveis
que, desde então, têm adoçado várias bocas
por todo o País – através da loja online e de
duas lojas em Guimarães e no Porto –, Filipa
e Silvino rejeitam ficar parados. «Numa
incubadora ou não, o negócio é nosso, temos
de ser nós a dar à perna». Daqui para a frente,
o desejo é conquistar paladares mundo afora.
Sem açúcar, mas com muito doce.
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
13
t
talento
NUNO CAMARNEIRO
No universo das palavras
No seu peito não cabem pássaros. Cabem, no entanto, palavras. Muitas.
E frases que nos prendem e cativam e convidam a descobrir a seguinte
Por Helena Estevens Fotografia Bruno Barbosa
DEBAIXO DO CÉU, o seu segundo romance, encontrava-se numa fase já avançada, quando
se apercebeu de que poderia terminá-lo a tempo de o enviar a concurso anonimamente
para o grupo editorial LeYa. A decisão valer-lhe-ia o reconhecimento máximo entre os 270
originais apresentados a concurso.
14
Valeu-lhe ainda o Prémio LeYa, no valor
de 100 mil euros, que, basicamente, lhe
permitirão fazer aquilo que aprecia. E ser
catapultado para o reconhecimento público:
«Já me vão reconhecendo muito onde eu
moro, há pessoas que vêm ter comigo a
perguntar se eu ganhei o prémio ou a dizer
que leram o meu livro», afirma.
Acrescenta que «toda a gente me dá os
parabéns» e que «é muito engraçado» o
facto de as pessoas com quem trabalha na
universidade e que só conheciam a sua
faceta de investigador ou de professor, de
repente, «descobrirem esta faceta de que não
estavam à espera ou não pensariam que eu
pudesse fazê-lo».
Na altura, a possibilidade de vencer deixá-lo-ia
algo inquieto. Preferia que os seus livros
ficassem famosos sem que com ele acontecesse
o mesmo, por não saber se conseguiria lidar
com as mudanças que o prémio poderia
trazer à sua vida. No que respeita à escrita
propriamente dita, mostra-se tranquilo, uma
vez que «a escrita vem de outro lugar – não
tem nada a ver com o reconhecimento; tem
a ver com processos mais internos, processos
íntimos», mesmo apesar de achar que há que
estar à altura do prémio. «É-nos pedido, de
alguma maneira, que continuemos a escrever
bem e a fazer coisas boas. Espero que não vá
pesar na escrita. Para já, não sinto isso, mas é
uma responsabilidade.»
ou as vidas que estão por detrás dessas
pessoas e é à noite, em casa, quando tudo está
já sossegado que melhor consegue entrar no
universo da literatura e dar asas à escrita.
Diz que esta se faz «de tempo, de alguma
reflexão e de muita imaginação» e, por
vezes, de alguma insistência. «Nos dias bons,
não. Nos dias bons, não é preciso obrigar-me
[a escrever]. Mas há alturas em que tenho de
me obrigar. Pode não apetecer muito, mas
tem de ser feito na mesma.»
Aos bloqueios de escritor também não é
imune. Há dias em que não lhe «sai uma ideia
ou não sei bem como enfrentar certo desafio
de escrita ou como iniciar um certo capítulo,
por exemplo», mas já descobriu a fórmula
para o contornar: «Desencravo com outras
leituras. Vou lendo outras coisas e, às vezes,
onde eu menos espero, há uma ideia que me
faz encontrar outras», explica. É um pouco
o que acontece com os seus títulos, para os
quais não tem, no entanto, uma receita.
«Não tem a ver diretamente com o que lá
está, mas mais normalmente com uma certa
sensação que o livro me causa quando penso
nele. É uma coisa mais abstrata. Ou porque
deparo com uma frase que acho que é boa
para o título ou, como aconteceu no primeiro
livro, depois de escrever uma frase, quando
As obras nascem-lhe da leitura, de
observar as pessoas, tanto amigos como
desconhecidos, olhar para as situações
normais da vida e outras mais invulgares e de
tentar imaginar os bastidores dessas situações
A ESCRITA TEM A VER
COM PROCESSOS
MAIS INTERNOS,
PROCESSOS ÍNTIMOS
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
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O FASCÍNIO
DOS OUTROS
São muitos os livros que
o marcaram até agora.
E em idades diferentes.
Um dos primeiros foi
A Metamorfose, de Kafka,
«porque o li muito cedo e era
um objeto muito estranho e
criou em mim esse fascínio».
Depois, Os Passos em Volta,
de Herberto Helder, talvez já
com 19 ou 20 anos, voltou
a ter o mesmo efeito,
o de o deixar sem saber onde
se agarrar. «Há livros que me
vão tirando o chão debaixo dos
pés e são normalmente os que
mais me marcam.»
Atualmente, divide-se
entre duas obras de autores
diferentes: The Actual, do
norte-americano Saul Bellow,
e Tristano Morre, de Antonio
Tabucchi, escritor italiano com
forte ligação a Portugal.
voltei a lê-la pensei ‘isto dava um bom título
para este livro’.»
Questionado sobre o que não gosta no
processo de escrita, não hesita: a parte de
revisão, em que é necessário ler, cortar e
modificar e na qual há a perceção de que
existem coisas que não estão tão bem e têm
de ser trabalhadas até ficarem bem. Esse
processo iterativo é sempre um bocadinho
penoso, confessa. E algo assustador, uma
vez que o passo seguinte é a impressão,
a cristalização das palavras no papel, a
impossibilidade da sua modificação. «É ótimo
ver um livro nosso impresso, mas também
assusta um bocadinho porque, a partir daí, já
não nos pertence. Pertence ao público.»
A escrita não é um amor exclusivo. Além
de livros antigos e de perder tempo em
alfarrabistas, divide-se entre amigos e o gosto
por viagens, pelo estudo da etnografia, das
tradições da música, do teatro...
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
15
d
design & arquitetura
E X P E R I M E N TA D E S I G N
O design chegou ao convento
Crente no poder da criatividade para redesenhar as bases da cultura,
da sociedade e da economia, alinhando-as com o futuro, a ExperimentaDesign acaba
de abrir as portas no Convento da Trindade, com o apoio da Caixa
Por Ana Rita Lúcio Fotografia Gualter Fatia
O NOVO ANO é composto de mudança para
a ExperimentaDesign. A começar pela casa.
A transferência para novos aposentos deu-se,
aliás, ainda no final de 2012, marcando o
início de uma era de recomeço para esta
associação cultural. Sem, ainda assim, quebrar
com aquelas que são as suas linhas basilares:
«pesquisa, experimentalismo, formação,
informação, estímulo e inovação na área do
design, cultura e criatividade», como elenca a
diretora, Guta Moura Guedes.
Desde 13 de dezembro último, aquela que
se tem vindo a afirmar como uma plataforma
nacional e internacional de debate e estímulo
à criatividade instalou-se no antigo Convento
da Trindade, cedido pelo mecenas Sociedade
Central de Cervejas e Bebidas (SCC).
16
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
A mudança não se fez para longe e não
rompe, de resto, com a programação cultural,
iniciada em junho de 2010, em parceria com
o Instituto de Arte, Design e Empresa (IADE)
no Palácio Quintela, também no Chiado.
Aproveitando a maior amplitude e
versatilidade das novas instalações, que
se abrem a um leque mais diverso de
potencialidades de exploração, este protocolo
com a SCC presta-se´, ainda, a alicerçar o
novo reduto numa rede colaborativa nacional
e internacional. A intenção é que sirva de
motor à sociedade civil, numa perspetiva
sustentável para todos. «Numa ótica de serviço
público, mas também numa ótica económica,
procurando estimular o empreendedorismo»,
acrescenta a responsável.
Solidária Os valores
recolhidos na exposição Pureza
reverteram a favor da Abraço
Abraçar a responsabilidade social
Além do novo espaço passar a servir, também,
como uma das bases de desenvolvimento da
oitava edição da bienal EXD (em 2013), «em
breve» se saberão mais novidades sobre o
projeto, garante Guta Moura Guedes. Para já,
a inauguração, apresentando paralelamente
a primeira exposição patente no Convento
da Trindade, permitiu evidenciar alguns
dos princípios orientadores da ação da
ExperimentaDesign.
A 13 de dezembro, o Convento da Trindade
levantou, assim, o véu sobre a mostra Pureza,
assinalando os 160 anos da Água do Luso.
Convocando oito autores portugueses a
projetar o futuro da marca para os próximos
160 anos, a exibição que esteve patente até 13
de janeiro deste ano permitiu, ainda, promover
aquela que é uma das marcas «de água» da
ExperimentaDesign: a responsabilidade social.
As peças que integraram a exposição –
concebidas por Siza Vieira, Carrilho da Graça,
Joana Vasconcelos, João Louro, Fernando
Brízio, Miguel Vieira Baptista, Jorge Silva
e Ricardo Mealha – destinaram-se a ser
vendidas por um valor que reverteu, na
sua totalidade, para a Abraço. «Trazendo
as componentes criativas ao território da
responsabilidade social», como nota a diretora
da ExperimentaDesign, o projeto Pureza
apoiou um programa de prevenção nacional
do VIH/SIDA em meio escolar, conduzido pela
instituição de solidariedade social. «O modelo
que escolhemos não foi inovador, é utilizado
há imenso tempo, mas produz sempre bons
resultados», refere ainda. Para tal, segundo
Guta Moura Guedes, é determinante o papel
das empresas e das entidades estatais que se
associam à ExperimentaDesign. «Sem parceiros
e patrocinadores como a SCC ou a CGD, nossa
patrocinadora na bienal, o nosso trabalho
na área cultural, social e educativa não seria
possível. O mesmo em relação às parcerias
que temos ao nível institucional, quer com
a Câmara Municipal de Lisboa, quer com a
Secretaria de Estado da Cultura ou o Ministério
da Economia e com os vários parceiros
internacionais.»
Criar contra a crise
Nascida no seio da sociedade civil, em 1998,
a associação cultural, que este ano comemora
o 15.º aniversário, fez sempre acompanhar a
preocupação com a dimensão social do seu
trabalho, por uma noção de serviço público
constantemente renovada. Daí que, desde
o início, a ExperimentaDesign tenha feito
da «inovação social» uma bandeira. Foi,
precisamente, por pugnar pelo design e pela
criatividade como ferramentas ao serviço
da inclusão, sustentabilidade, valorização e
cidadania, que a instituição criou a unidade
de investigação Design Response (DR),
para responder a um desafio internacional
na área do envelhecimento. Investigando,
pesquisando, criando, coordenando e
gerando conhecimento e massa crítica, a
DR visa, «acima de tudo, criar soluções
aplicáveis à sociedade onde nos inserimos,
que produzam alterações diretas no
quotidiano das pessoas», diz a diretora da
ExperimentaDesign.
Sempre sem perder de vista a criatividade
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BIENAL SEM
FRONTEIRAS
A edição de 2013 da bienal
ExperimentaDesign é
subordinada ao tema
No Borders.
O esboroar de fronteiras é
uma das linhas de força que
estarão em análise na bienal
ExperimentaDesign, cuja edição
de 2013 terá início a 7 de novembro.
O tema No Borders irá também
acompanhar a EXD, na edição
de 2014, em São Paulo. Além de
remeter para o funcionamento em
rede, «tem, ainda, um certo sentido
de risco, de andar em frente,
de explorar, de experimentar»,
remata Guta Moura Guedes.
num ativo cultural, social e económico, outra
das linhas de força da ExperimentaDesign
tem sido a chamada de atenção para o
papel determinante das indústrias criativas,
sobretudo numa conjuntura de crise como
a que o País atravessa. Guta Moura Guedes,
que, em novembro do ano passado, foi
também embaixadora da Semana Global
do Empreendedorismo, dedicada a esta
temática, destaca o potencial de aplicação
da criatividade. «Se fizermos uma listagem
dos ativos nacionais mais fortes – clima,
paisagem, cultura, mar, capacidade e knowhow industrial e especificidades artesanais
locais –, sabemos medir o seu valor, mas
sabemos que para serem rentabilizados, num
mercado global altamente concorrencial,
necessitamos de efetuar um processo de
renovação que os torne mais competitivos e
com maior valor acrescentado.» O design e
as disciplinas criativas serão, então, fulcrais
neste «redesenho», como operadores de
mudança – a tal que a ExperimentaDesign
não se cansa de experimentar.
Conheça o Cartão Design da Caixa, nas versões pré-pago e de crédito (1), exclusivo para estudantes e profissionais do design. Ao utilizar o cartão
de crédito, contribui para a sua poupança, através da devolução de até 1% do valor efetuado em compras, a partir de um montante de 100 euros, com o limite
máximo de 50 euros mensais. Saiba todas as condições em www.cgd.pt.
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TAEG de 20,8%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 18,00%.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
17
d
design & arquitetura
CAD
Arquitetura por
um mundo melhor
Repensar a construção e, assim, reduzir o enorme impacto ambiental
que tem atualmente, mais do que um dever é uma necessidade.
Urge projetar, construir e habitar de forma sustentável, um caminho já a ser trilhado
Por Helena Estevens
NESTE MOMENTO, A NÍVEL GLOBAL, o
setor dos edifícios é responsável por cerca
de 40 por cento do consumo de energia na
Europa e nos EUA. Se tivermos em conta que
as respetivas emissões de CO2 para a atmosfera,
responsáveis pelo sobreaquecimento global,
resultam da nossa utilização nos edifícios,
facilmente se percebe que urge encontrar
alternativas eficientes ao problema que foi
criado. É por isso que falar de sustentabilidade
implica falar invariavelmente do setor da
construção, uma vez que este «está sempre
relacionado com a questão da sustentabilidade,
porque é uma parte muito importante do
problema e, portanto, terá de ser, também,
parte da solução», refere Patrícia Lourenço,
sócia da Companhia de Arquitectura e Design.
18
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
«Eu diria que um dos principais desafios
para a arquitetura no século XXI é tornar a
construção mais sustentável ambientalmente.
E isso, em termos de arquitetura, significa
pensarmos o setor da construção de maneira
diferente, projetarmos de maneira diferente,
construirmos de maneira diferente e vivermos
dentro dos edifícios de maneira diferente;
o que temos de fazer é uma abordagem
integrada entre todos os agentes envolvidos na
construção», explica. E, acrescenta, «pensar a
construção não de uma forma linear, em que
alguém pensa e projeta, e depois há alguém
que constrói e alguém que habita. Temos de
pensar numa lógica circular, em que todos
estes agentes estão envolvidos nesta questão da
sustentabilidade ambiental».
Os dados foram lançados e todo o processo
já se encontra em marcha. Uma das peças
em movimento é a CAD – Companhia de
Arquitectura e Design, apostada, desde a
sua fundação, em 1998, em oferecer a cada
cliente a participação num mundo melhor.
Como? Como agentes envolvidos no processo
da construção, tomando consciência do
impacto que a fase de projeto pode ter na
sustentabilidade ambiental, tentam que
«as práticas de projeto do gabinete tenham
consciência disso e sejam disso indutoras.
Isto implica as próprias práticas de projeto e
o conhecimento que nós temos sobre estas
questões e incorporar aquilo que vão sendo
as ferramentas disponíveis, por exemplo, a
nível tecnológico, para podermos responder
cada vez melhor neste setor», diz Patrícia. A
«O sector dos edifícios é responsável
pelo consumo de, aproximadamente, 40%
da energia final na Europa. No entanto, mais
de 50% deste consumo pode ser reduzido
através de medidas de eficiência energética,
o que pode representar uma redução anual
de 400 milhões de toneladas de CO2 […]» –
ADENE, Agência para a Energia.
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PARA UM PROJETO
SUSTENTÁVEL
HÁ QUE DESMISTIFICAR
A IDEIA DE QUE
UM PROJETO
DE ARQUITETURA
É UM LUXO ACESSÍVEL
A POUCOS
responsável explica que, «neste momento, há
programas para simular o desempenho dos
edifícios na fase de uso. Há uma componente
tecnológica e de desenvolvimento e pesquisa
que temos de ir fazendo e, depois, há,
também, uma tomada de consciência de
que, além das questões da tecnologia e dos
conhecimentos científicos, é necessário ter
uma abordagem social, de envolvimento de
todos os participantes, das equipas de trabalho
e dos próprios utilizadores. Isto para que todos
estejam conscientemente envolvidos nesta
questão da sustentabilidade e, portanto, é
também um trabalho pedagógico de envolver
todos os agentes da construção».
A seu favor têm o facto de que, «hoje, pelo
menos ao nível da Europa, restam poucas
dúvidas de que, efetivamente, temos um
impacto e que esta questão precisa de ser
resolvida», algo que há uns anos se teria
revelado bastante mais complicado, até
porque, praticamente, não se punha esta
questão.
Mais problemático, hoje em dia, «é as
pessoas acharem que construir sustentável é
mais caro do que não o fazer. Isso combate-
se com os exemplos reais», refere a sócia
da CAD, acrescentando: «Creio que é uma
questão de envolver as pessoas e de lhes
explicar do que é que se está a falar e acho
que, hoje, é mais fácil envolver as pessoas».
Obviamente, a componente económica
acaba por ser um fator de peso muito grande,
principalmente nos tempos que correm, e não
podemos esquecê-la. Ela também tem de estar
envolvida. Temos de conseguir compatibilizar
aquilo que são objetivos de desempenho
ambiental com o que são os objetivos de
desempenho funcional do cliente (aquilo de
que ele precisa) e o desempenho económico,
mas isso faz parte da própria sustentabilidade.
A lógica da sustentabilidade é uma
série de pilares que tem de se concretizar
num equilibrio entre as condicionantes
ambientais, funcionais e económicas. «Nesse
sentido, interessará a todos que o projeto
seja sustentável. Se houver uma partilha de
objetivos, rapidamente se ultrapassa aquilo
que são aparentes dificuldades, porque não
são dificuldades reais, são realidades aparentes
e muitas vezes mistificadas e, portanto,
perfeitamente ultrapassáveis», explica. É por
isto que, para desmistificar a ideia de que a
arquitetura é um luxo, a CAD proporciona a
todos os seus clientes e contactos um serviço
gratuito de consultoria on-line, que responde
a dúvidas sobre arquitetura e construção.
Desenvolvido há muitos anos e diversas
vezes premiado, é, ainda hoje, destacado
na imprensa nacional e internacional pelo
caráter inovador e praticamente único no
mercado português. O serviço inclui, ainda,
parcerias estabelecidas, entre as quais o portal
LardoceLar da CGD, uma forma de a CAD
alargar a sua base de contactos, credibilizando
a arquitetura.
1 - Escolher os materiais de
construção tendo em conta:
Critérios de durabilidade
É importante considerar
os custos durante toda a
utilização. Qual a durabilidade?
Para quando a substituição
do material? A limpeza e a
manutenção são dispendiosas?
Critérios de segurança e saúde
Alguns materiais são tóxicos.
Materiais de base orgânica são
mais seguros e eficientes.
A distância do local de fabrico
O transporte tem grande
impacto no ambiente. A
utilização de materiais locais é
mais responsável.
Certificação dos produtos
O uso de produtos certificados
assegura princípios de
sustentabilidade ambiental na
cadeia de produção.
2 - Definir a orientação e a
implantação dos edifícios e o
desenho arquitetónico segundo
princípios bioclimáticos.
Desde a antiguidade que
construtores e arquitetos
concebem o projeto
arquitetónico para maximizar
a integração no meio local, tirar
partido da exposição solar,
recolher a água das chuvas, etc.
Garantir um bom isolamento
da construção evita
desperdícios de energia
na fase de utilização.
3 - Preparar a construção para
a desconstrução.
Parece estranho, mas, se os
edifícios forem concebidos para
serem fáceis de desmontar,
potenciam as reutilizações
posteriores e facilitam a
limpeza, manutenção e
substituição de elementos.
4 - Fazer uso das energias
renováveis para aquecimento
da água e do ambiente.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
19
d
design & arquitetura
MUNNA
Histórias de mobilar
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Como num passe de mágica, a Munna desenha emoções
transformadas em poltronas, cadeiras e sofás ávidos de escrever novos
capítulos na história internacional do design. O mais recente vem sublinhado a ouro,
com o Prémio Internacional de Design e Arquitetura 2012
MARCA DE ALMA
De quem tem o design como
linha orientadora.
Por Ana Rita Lúcio
BEM PODES ESPERAR SENTADO! Atirada
como uma frase em jeito de bomba, pronta
a estilhaçar expectativas por onde quer que
passe, não há quem não se lembre de ter
ouvido esta expressão. Mas e se lhe dissermos
que o significado deste lugar-comum talvez já
não esteja exatamente no mesmo sítio, desde
que, em 2008, uma marca de mobiliário de
luxo de Leça do Balio chegou com ânsia de
mudar o mundo do design de interiores, uma
peça de cada vez?
Afinal, sentar e esperar é o que mais
apetece a quem se cruza com as poltronas,
cadeiras e sofás da Munna. Quanto mais não
seja, para escutar de perto as histórias que
lhes vão cosidas no estofo: as das correntes
artísticas do passado que neles se recuperam
e as que, a partir daí, se propõem esboçar,
empurrando todo o mercado em direção
ao futuro.
Comecemos, então,
pelas últimas. Elegante por
fora – vestida de veludo de
algodão adornado por tachas
– e robusta por dentro – no
interior em pinho marítimo
que resplandece à luz do
lacado de alto brilho –,
a poltrona Becomes Me
conquistou, recentemente,
o Prémio Internacional
de Design e Arquitetura
2012. Nascida do traço da designer Mónica
Santos e das escrupulosas mãos de artesãos e
marceneiros da cintura industrial do Porto, a
silhueta das curvas e contracurvas da poltrona
segue quem nela se senta, como se num
abraço. «A emoção que trespassa é a de que
objeto e pessoa são um só», sublinha Paula
Sousa, designer, diretora criativa, CEO, alfa e
ómega da Munna.
20
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
O esquisso do sonho ganhou
contornos pela mão do avô
Joaquim, à força de construir e
mobilar as casas das bonecas
que foram as suas primeiras
clientes. Hoje, com o mundo
por freguesia, Paula Sousa
mantém a vontade de escrever
novas páginas na história do
design: no grupo Urban Mint,
para além da Munna, a Design
tv, a Press Kit (agência de
comunicação) e a nova marca
de mobiliário Ginger & Jagger
tornam o sonho realidade.
becomes me Prémio Internacional
de Design e Arquitetura 2012
Arte móvel
Emocionar foi, de resto, o verbo que desde o
princípio se conjugou com a marca nortenha.
«A nossa missão é transformar emoções em
produtos», dizem-nos. A julgar pelo nome,
parecem estar no bom caminho. Forrada a
cinco letras que carregam a herança árabe e
hindu que fala de magia, poder e bondade,
Munna é, para Paula, ainda uma palavra
«envolvente», que convida ao conforto.
Voltando sempre ao aconchego dos
materiais e das formas conciliadas pelo
saber manual, a insígnia não puxa, porém, a
cadeira ao sentido estético. Porque acredita
que «o modo como as pessoas escolhem
viver é uma forma de arte», não prescinde de
encontrar um canto para
ela no quotidiano dos
seus clientes. Algures por
entre espumas, madeiras,
veludos, sedas, folhas de
ouro ou prata (e a lista
está longe de ficar por
aqui), é ver despontar,
entre outros, resquícios históricos dos
períodos romântico, barroco, de art nouveau
ou déco, sublimados «ao modo de viver
contemporâneo», mais depurado e retilíneo.
Prova de que a tradição e a inovação também
podem andar de braço dado.
O que nos remete para o próximo capítulo,
redigido pelo punho de quem sempre
alimentou a «paixão de se criar uma história
para o design português», aquém e além-fronteiras. Mostrando que o País também
guarda espaço para a criatividade, a Munna
leva Portugal às peças, lá para fora. Até agora,
já chegou a 34 países, apoiada na almofada
da exportação que representa 95 por cento do
negócio. Durante esse vaivém,
já fez, entretanto, paragens nas casas
dos cantores Jennifer
Lopez ou David Byrne (ex-vocalista dos Talking Heads),
que, respetivamente, não
resistiram a ouvir o que os sofás
Madeleine e Louis tinham para
lhes contar.
a
automóveis
J O H N CO O P E R WO R KS PAC E M A N
Mini desportivo
A família Mini vai crescer já em março. O sétimo elemento
da oferta é um coupé de três portas que recupera a forma
do Countryman, com uma personalidade muito própria
Por Luís Inácio
E VÃO SETE REINTERPRETAÇÕES do
espírito Mini. O Paceman – assim se chama
o novo membro da família – retoma o visual
coupé numa carroçaria que bebe inspiração no
Countryman. E se a personalidade do Paceman
per si já é desportiva, a versão John Cooper Works,
apresentada, recentemente, no salão automóvel
de Detroit, acrescenta à estética a raça de um
verdadeiro carro de corridas.
Um concentrado de emoções fortes para quatro
é o que promete o John Cooper Works Paceman.
Com uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em apenas
6,9 segundos e uma velocidade máxima anunciada
de 226 km/h, este Mini pode ser pequeno no
tamanho, mas é grande nas performances. E nem é
absolutamente verdade que este Mini seja realmente
«mini», pois, com 4,15 metros de comprimento,
1,79 metros de largura e 1,52 metros de altura, o
Paceman até consegue responder a uma utilização
mais utilitária, apesar da limitação dos quatro lugares
existentes. A tração integral, os 218 cv de potência,
a suspensão desportiva e o kit aerodinâmico
respondem à condução mais desportiva, agarrando o
Mini à estrada e o coração ao volante.
A distinção é a pedra de toque nos modelos
submetidos ao tratamento da John Cooper. Ao nível
do design, esta versão é, claramente, a mais marcante
da gama Paceman. Os pára-choques mais largos, a
dupla ponteira de escape e as generosas jantes de 18
polegadas fazem virar cabeças. O logótipo específico
John Cooper Works está lá para assinar o conceito.
No interior, viaja-se em executiva, com estofos em
pele, ar condicionado automático e um sistema de
som de topo. O temperamento desportivo também
marca o habitáculo, pintando-o, essencialmente, em
negro, com apontamentos de vermelho exclusivo
Chili Red.
Equipado com um 1,6 litros, e tendo em conta
o que promete, não espere milagres ao nível do
consumo. Ainda assim, a tecnologia Minimalism
– composta pela função start/stop, regeneração
da energia obtida na travagem e pelo indicador
de mudança de velocidade – permite a este Mini
apresentar um valor na ordem dos 7,4 litros aos
100 km e emissões de 174 g/km.
Ainda não é conhecido o preço desta versão mais
desportiva, mas a nova gama Mini – à venda em
março – estará disponível desde 28 500 euros.
CONHECE A MIDAS?
Líder mundial na área de
manutenção e reparação
automóvel rápida, a Midas
apresenta um conceito
inovador assente numa
qualidade de serviço e
numa imagem de marca de
prestígio internacional. São
48 centros em Portugal,
junto dos quais os titulares
de cartões da Caixa têm à
disposição um conjunto de
vantagens:
> 10% de desconto em
pneus Goodyear e Dunlop;
> 25% de desconto em
pneus Bridgestone;
> 30% de desconto em
pneus Voyager e Debica;
> 25% de desconto em
quatro amortecedores;
> 20% de desconto em dois
amortecedores Monroe;
> 5% de desconto em
escapes Walker;
> 5% de desconto em
travões Bendix/Ferodo;
> 20% de desconto em
baterias Autosil;
> 5% de desconto no pack
de revisões;
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de ar condicionado;
> 5% de desconto em
direções e suspensões.
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válidos para esta parceria
que a Caixa estabeleceu
com a Midas, em
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rápido Mais um Mini preparado
pela companhia criada, em 2000,
por John Newton Cooper
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
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c
culto
MARC BY MARC JACOBS
Pé de antemão
Mesmo que o tempo lá fora ainda espreite
cinzento, a coleção primavera-verão Marc
Jacobs explode em cor, transportando-nos
já para os dias quentes que se aproximam.
Para dar um toque de requinte a um look
descontraído e fresco, as sandálias coloridas
são um must para brilhar na nova estação.
A loja Marc by Marc Jacobs de Lisboa oferece
aos titulares dos cartões CGD a possibilidade
de pagamentos fracionados sem juros. Saiba
quais os cartões em www.vantagenscaixa.pt.
ISOLA
Com mais apoio
O gabinete de arquitetura Claesson Koivisto
Rune assinou para a Tacchini o projeto
de uma funcional poltrona com um apoio
que pode ser colocado do lado direito ou
esquerdo. Disponível em vários tecidos e
cores. Os titulares de cartões CGD têm 10%
de desconto, até 30.04.2013, em www.loja.
inexistencia.com, apresentando o código
«1055857029». Não acumulável com outras
promoções.
SKYLARK 41
Vanguarda
A utilização de materiais como a madeira,
o bambu e a pedra é o cartão de visita da
Rolf Spectacles, uma empresa familiar
que produz óculos em quantidades
limitadas a partir de um ateliê nos Alpes.
O modelo Skylark 41 foi recentemente
premiado com um Red Dot Design
Award e está à venda no Olhar de Prata,
onde os titulares dos cartões CGD têm
15% de desconto em óculos de sol.
Não acumulável com outras ofertas ou
promoções em vigor. Saiba quais os
cartões em www.vantagenscaixa.pt.
TANGO POUCH
A menina dança?
A marca berlinense Gretchen recuou
aos anos 20 para reinterpretar a wrist
bag. O resultado é uma prática carteira,
que adota uma forma muito original,
batizada Tango. Disponível em várias
cores, tem espaço para o essencial,
destacando-se a opção por uma peça
magnética para abrir e fechar.
AMPERIOR
L’EAU PAR KENZO
Edição colorida
Em março, Kenzo lança duas
novas fragrâncias em edição
limitada. «Vestidas» em frascos
com cores garridas, L’Eau par
Kenzo Colors é para ele e para
ela; Notas amadeiradas e menta
na versão masculina e florais e
frutadas para senhora. Ficam
muito bem com a primavera.
Ritmos urbanos
Inspirados pelos auscultadores HD 25,
muito utilizados pelos DJ, os Amperior
da Sennheiser foram criados a pensar
numa utilização urbana. Robustos,
incluem uma prática cápsula rotativa
para audição apenas por um ouvido e
um cabo – amovível – com controlo
remoto e microfone, para auxiliar na
seleção musical e no atendimento de
chamadas de smartphones.
Usufrua das vantagens que o cartão de crédito Caixa Gold (1) proporciona. Além de poder aderir à função de arredondamento e poupar sempre que
o utiliza em compras, este cartão tem associado um programa de pontos para obtenção de descontos nas agências de viagens da Tagus, benefícios em vários
parceiros e um completo pacote de seguros. Saiba mais em www.cgd.pt.
(1)
TAEG de 27,50%, para um montante de 3300 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 22,50%.
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soluções
s
ALTA SEGURANÇA COM AVISO À POLÍCIA
Há bens que não têm preço e a segurança é um deles. Com a Securitas Direct, tem
a possibilidade de proteger a sua casa e a sua família, durante 24 horas por dia, 365 dias
por ano, sempre com aviso imediato à Polícia. Através dos detetores, pode ver e ouvir
o que acontece na sua casa ou na sua empresa, em caso de disparo de alarme, e avisar
a polícia, caso seja necessário. Pode, ainda, controlar remotamente o seu alarme com a
aplicação My Alarm e aceder ao estado do mesmo através do seu smartphone. Os Clientes da
CGD beneficiam de um desconto de 400 euros na aquisição do kit base Alarme Verisure.
Saiba quais os cartões que dão acesso a estes benefícios em www.vantagenscaixa.pt.
NEGÓCIOS
EM REDE
Qualquer que seja a atividade, há
algo fundamental a uma empresa: a
capacidade de se adaptar às novas
tecnologias. Hoje, todos os negócios
devem ter o seu espaço na Internet,
aproveitando as ferramentas que esta
põe ao seu dispor. É o caso das lojas
on-line ou das páginas no facebook,
que permitem abrir um grande canal de
vendas com poucos custos associados.
Para o apoiar neste processo, a
i4Technologies disponibiliza serviços de
Internet que podem transformar o seu
negócio. São soluções personalizadas à
medida de cada perfil de negócio, como
o alojamento de sites, manutenção de
conteúdos, otimização de websites,
programação web, registo de domínios,
webdesign e webmarketing.
Além disso, a i4Technologies tem, ainda,
serviços de consultoria, inteiramente
gratuitos, para ajudá-lo a estudar o
seu posicionamento on-line. E, agora,
presta-se, também, a lançar um centro
comercial on-line, que poderá ser-lhe
extremamente útil.
Os Clientes da Caixa têm 10 por cento
de desconto em todos os serviços
prestados pela i4Technologies. Saiba
quais os cartões que dão acesso a estes
benefícios em www.vantagenscaixa.pt.
INEXISTÊNCIA
Arquitetura e decoração
Boas decorações com o LardoceLar e a Inexistência!
Localizada no Porto, a Inexistência –
Gabinete de Decoração e Arquitectura de
Interiores foi fundada em 1997, por Susana
Guimarães e Sérgio Faria. Com progressivas
evoluções, passa a trabalhar o projecto
arquitetónico em todas as fases e torna-se
pioneira em comércio eletrónico, na área de
decoração de interiores. Outra mais-valia
é o seu suporte on-line, onde se pode tirar
dúvidas ou efetuar encomendas. Por tudo
isto, foi classificada pela imprensa como
«uma iniciativa única em língua portuguesa»,
consolidando-se no mercado nacional,
com um serviço eficiente, de qualidade e
profissional. São motivos que justificam,
também, a parceria com o LardoceLar. Em
loja.inexistencia.com, encontra artigos para
todos os gostos, com promoções e novidades
diárias para todas as divisões da casa. São
mais de 10 mil artigos, de 50 marcas, como
as nacionais Cutipol, SimpleForms, Spal e das
internacionais Alessi, Rosendahl ou Wmf.
E se é detentor do cartão Gold, no
departamento de Projectos de Arquitectura e
Arquitectura de Interiores, tem desconto de
10% sobre o valor dos honorários de projeto.
Fotos: D.R.
EFICIÊNCIA A TODA PROVA
Prestando serviços de assessoria financeira, fiscalidade, contabilidade e recursos humanos,
entre outros, a BTOC pretende contribuir para uma maior utilidade da informação financeira,
de modo a que esta se torne numa ferramenta de gestão de apoio às tomadas de decisão
empresariais. Os Clientes da Caixa beneficiam de 25 por cento de desconto em formação,
entrada gratuita em conferências temáticas organizadas pela BTOC e elaboração gratuita
de um business plan para um novo empreendedor. Saiba quais os cartões que dão acesso
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Cx
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g
gourmet
PORTO
SABOREADO
Quem o vê ao vir da ponte
corre a tomar-lhe o gosto.
Amor ao mundo
Quem nunca se demorou na saudade de uma paixão
perdida ou sentiu a alma faminta de um reencontro
que insiste em tardar? Não sabemos se foi essa a
pergunta que Cláudia Salu e Paulo Almeida colocaram,
quando decidiram pôr mãos aos tachos para radicar,
em Lisboa, o vegetariano Miss Saigon. Certo, porém,
é que o restaurante que se inspirou na trama de uma
das mais célebres óperas de Puccini, Madame Butterfly,
parece ter descoberto uma resposta à altura do desafio.
A curta distância da Torre Vasco da Gama, no Parque
das Nações, é lá que se promove o encontro entre o
Ocidente e o Oriente, alimentado pelas mais variadas
iguarias da gastronomia internacional, confecionadas
ao jeito vegetariano. A variedade, de resto, não é
evocada em vão. Afinal, desde a abertura, em 2009,
já se serviram mais de 600 receitas e quem lá chega
é recebido pela promessa, sempre renovada, de que
é possível fazer uma refeição todos os dias, durante
meses, sem repetir um único prato. A viagem que o
pode levar da Índia, com o xacuti de seitan, à Síria,
com a esfiha com salada de tabule, passando pelo
Brasil, com a moqueca de tofu (só para citar algumas
especialidades da casa), completa-se, ainda, com o
convite para uma jornada singular. É que, todos os
sábados e feriados, o Miss Saigon organiza workshops
para quem já se deixou enamorar pela cozinha
vegetariana. Perdidamente. A. R. L.
MISS SAIGON
Morada
Rua Cais das Naus, lote 4.01.01-i,
Parque das Nações, Lisboa
Telefone
210 996 589
Site
www.miss-saigon.pt
Horário
Das 11h30 às 18 horas. Encerra aos domingos.
Preço médio
€ 16
Descontos
10% em refeições aos titulares de cartões CGD.
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«Quem vem e atravessa o
rio, junto à serra do Pilar», o
mais certo é que lhe rastreie
o aroma, que serpenteia
até ao mar. Debruçado
sobre o Douro, com nome
de fidalgo tosco, D. Tonho é
senhor do Cais da Ribeira,
num reino povoado de
paladares típicos da Invicta.
A nobreza adivinha-se logo
na morada, ou não fosse a
antiga muralha fernandina a
servir-lhe de quartel-general. O «ar grave e
sério» que talvez Rui Veloso
lhe cantasse – o cantor
e José Pereira regem os
destinos desta casa e da
outra com o mesmo nome,
no Cais de Gaia – não o
impede de ser soberano
sobre o festim de sabores
que acolhe no seu paço.
Quem se quiser sentar,
então, à mesa deste D.
Tonho, faça a cortesia de não
sair sem provar o bacalhau
à D. Tonho, a parrilhada de
peixes grelhados ou as
tripas à moda do Porto.
Um Porto tão sentido
quanto saboreado.
DON TONHO
Morada
Cais da Ribeira, 13-15, Porto
Telefone
222 004 307
Site
www.dtonho.com
Horário
Das 12h30 às 15 horas
e das 19h30 às 23h30.
Preço médio
€ 35
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Para titulares de cartões CGD.
Saiba quais em www.vantagenscaixa.pt
24
Cx
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Fotos: D.R.
MISS SAIGON
p
prazeres
PERIQUITA
RESERVA 2010
Para aquecer o inverno
Uma tarde de inverno pede
chávenas de porcelana e scones
acabados de sair do forno.
Manteiga. Um olhar generoso para
a prateleira das compotas e uma
toalha branca sobre a mesa.
Pede conforto, calor, boa conversa.
Merece um doce.
a delícia de...
Leonor de
Sousa Bastos
SCONES
À hora do chá
PARA 6 UNIDADES
> 150 g de farinha de trigo
T55
> 5 g de fermento químico
> 1 pitada de sal fino
> 15 g de açúcar
> 25 g de manteiga
> 100 ml de leite
Pré-aquecer o forno a 180º C.
Preparar um tabuleiro de forno com uma folha de papel vegetal.
Numa taça, misturar bem a farinha, o fermento, o sal e o açúcar.
Derreter a manteiga no micro-ondas ou usando um tacho em lume
médio.
Misturar a manteiga com o leite.
Adicionar os ingredientes líquidos aos secos, misturando com uma colher
apenas até ligar todos os ingredientes.
Colocar colheradas de massa no tabuleiro, ligeiramente espaçadas entre si.
Levar ao forno durante cerca de 20-25 minutos ou até que estejam
ligeiramente dourados.
Retirar do forno e servir imediatamente acompanhados com manteiga
e compotas a gosto.
Nota: Os scones são um género de bolos característicos do Reino Unido e que são tipicamente
servidos para acompanhar o chá. A massa presta-se a múltiplas variações, podendo adicionar-se
diferentes farinhas, passas, frutos secos, especiarias, queijo, ervas aromáticas, etc, adaptando-os
ao nosso gosto pessoal.
O segredo para a sua textura macia é trabalhar a massa rapidamente e o segredo para o seu
sucesso é servi-los ainda quentes, barrados com manteiga e compotas.
Estrutura e elegância
de um grande parceiro
de caça
A história do vinho
Periquita acompanha a
da Casa José Maria da
Fonseca. Foi na Cova
da Periquita que o seu
fundador plantou, em
meados do século XIX,
as primeiras varas da
casta Castelão Francês,
que importou do Ribatejo.
Foi assim que se iniciou
o sucesso desta casta,
trazida para a Península de
Setúbal por volta de 1846.
Localmente, viria a ganhar
o nome próprio Periquita,
adotado pela Casa José
Maria da Fonseca e
registado em 1941, o que
faz dele uma das mais
antigas marcas de vinhos
de mesa em Portugal.
O seu Reserva de 2010
é um lote de vinhos das
castas Castelão, Touriga
Nacional e Touriga Franca.
No seu aroma salientam-se as notas de frutos
pretos, amoras, cassis e
especiarias, num vinho
equilibrado na boca, com
taninos integrados. Pode
acompanhar carnes
vermelhas ou caça e deve
ser consumido a 16ºC.
José Miguel Dentinho
Este Reserva
2010 é um
lote de vinhos
das castas
Castelão,
Touriga
Nacional e
Touriga Franca
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
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e
e
entrevista
entrevista
JOÃO ÁLVARES RIBEIRO
LUÍSA OLAZABAL
MIGUEL ROQUETTE
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Cx
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D OU RO BOYS
Meninos d’ouro
Num brinde ao Douro, que sobeja a montante do Porto,
cinco produtores de algumas das mais tradicionais quintas da região
juntaram-se para dar a provar ao mundo os seus vinhos de mesa.
Colhem, agora, os frutos de uma «revolução» que conquistou o paladar da crítica
e o Prémio Europeu de Promoção Empresarial da Comissão Europeia
Por Ana Rita Lúcio Fotografia Bruno Barbosa
DIRK NIEPOORT
CRISTIANO VAN ZELLER
Cx
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e
entrevista
A CUMPLICIDADE derrama-se sobre a cavaqueira servida em
temperatura amena, numa manhã de inverno com notas abundantes
de sol. À mesa, com o vinho adormecido nos copos, porque o dia
ainda desperta, sentam-se cinco amigos, desfiando conversas cruzadas
de cinco caminhos à beira do Douro plantados. João Álvares Ribeiro,
da Quinta do Vallado, Cristiano Van Zeller, da Quinta do Vale
Dona Maria, Luísa Olazabal (em representação do irmão, Francisco
Olazabal), da Quinta do Vale Meão, Dirk Niepoort, da Niepoort
(Quinta de Nápoles e Quinta do Carril), e Miguel Roquette, da Quinta
do Crasto, brindam aos laços que os unem, enxertados num projeto
de promoção empresarial comum que, de há 10 anos para cá, leva os
vinhos de mesa do Douro por esse mundo fora, indo beber ao sabor
da experiência do Vinho do Porto e dando-lhe corpo com a aposta
paralela no enoturismo. Hoje, já mais maduros, não perdem, porém,
o travo de irreverência que os juntou sob o epíteto de Douro Boys. O
mesmo que os faz pedir, numa gargalhada a cinco vozes, em remate
à entrevista, que se faça «uma pergunta polémica, para nos pegarmos
uns com os outros». Afinal, a «diversão» faz parte da receita de
sucesso. E eles são mesmo tudo bons rapazes.
Cx: Douro Boys: um grupo com um nome internacional, que promove
um produto português de qualidade, de uma região portuguesa
reconhecida internacionalmente. Foi essa a fórmula que encontraram
para o sucesso?
João Álvares Ribeiro (JAR): É uma boa definição daquilo que
fazemos. Uma das razões pelas quais nos juntámos para fazer
promoção em conjunto foi a dimensão. Apesar de já sermos todos
produtores de vinho do Porto, éramos muito pequenos e os vinhos
de mesa do Douro eram pouco conhecidos em Portugal; lá fora,
então, nem eram conhecidos. Sentimos, portanto, que fazia sentido
juntarmo-nos para ganhar dimensão.
Cx: Frisou que todos já produziam vinho do Porto, antes de se
dedicarem também aos vinhos do Douro. Nunca viraram as costas ao
vinho do Porto, porque foi também ele que vos abriu as portas?
Dirk Niepoort (DN): O que está em causa é não pensar, como
antigamente, só no vinho do Porto, mas numa região vai para além dele.
A ideia é criar sinergias tripartidas entre o vinho do Porto, os vinhos de
mesa e o turismo, criando uma mais-valia para a região do Douro.
Cx: Como é que chegaram à conclusão de que a união é que faria a
força dos vinhos do Douro?
Cristiano Van Zeller (CVZ): Embora estejamos oficialmente a
trabalhar em conjunto desde 2002, como Douro Boys, os nossos
projetos de vinho de mesa arrancaram nos anos 90, quando
começámos a desenvolver as quintas e as suas marcas, com os vinhos
do Alto Douro. Sem nunca deixar de produzir vinho do Porto – o
peso dos vinhos De Origem Controlada (DOC) do Douro é que foi
aumentando e, hoje em dia, representa, em média, cerca de 85 a 90
por cento das vendas; 60 por cento, no caso da Niepoort. Mas essa
cooperação já existia, de um modo completamente informal, antes
disso. Chegou depois a altura em que precisámos de nos organizar,
para sermos mais eficazes.
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Cx: Nunca vos disseram «amigos, amigos, negócios à parte»?
JAR: Essa é uma reação humana: quando alguém tem sucesso, há
quem fique com inveja. Mas acho que isto teve um efeito muito
positivo, porque levou a que uma série de outros produtores se
tenham associado para fazer um trabalho semelhante, e isso é bom
para o País. Não só nesta, como noutras regiões.
Cx: A propósito desses bons resultados para esta região, em concreto:
o figurino de embaixadores do novo Douro serve-vos?
Luísa Olazabal (LO): Todos temos uma larga história na produção
de vinhos, mas há uma história recente muito importante. Temos
conseguido que os wine writers e os principais jornalistas de vinho
mundiais tenham sempre os vinhos do Douro debaixo de olho. O
«O QUE SE PASSOU NO DOURO,
NOS ÚLTIMOS 15 ANOS, É UMA
REVOLUÇÃO AUTÊNTICA»
Cristiano Van Zeller
«TEMOS CONSEGUIDO QUE OS WINE
WRITERS TENHAM OS VINHOS
DO DOURO DEBAIXO DE OLHO»
Luísa Olazabal
Cristiano fez um apanhado das pontuações atribuídas pela revista
Wine Spectator e estão lá sempre os vinhos dos Douro Boys com
imenso destaque. Portanto, acho que isso nos assenta. Com certeza
que não achamos que somos os únicos, há outros produtores
muito interessantes também. Mas julgo que conseguimos, com esta
associação, seduzir uma certa massa crítica.
Cx: Como embaixadores, as vossas bandeiras foram os vinhos DOC do
Douro, o turismo e o vinho do Porto, como dizia o Dirk?
CVZ: A bandeira é a região e aquilo que a região tem para oferecer.
A base económica da região é o vinho do Porto, a base económica
mais alargada é o vinho de mesa e o turismo é um complemento,
que se transformou no terceiro pilar de desenvolvimento da região.
Por isso, não se pode pensar no DOC Douro sem o vinho do Porto,
e vice-versa, quanto mais não seja porque a mesma vinha produz as
duas coisas. Essa ligação é umbilical, fundamental, e é isso que nos
diferencia do resto do mundo. Somos a única região produtora de
vinho do mundo inteiro que, além de uma grande diversidade de
castas, tem a capacidade de, a partir das mesmas uvas, poder produzir
dois vinhos que são um clássico do mundo do vinho.
Cx: A pedra de toque dessa diferenciação é o terroir da região?
Miguel Roquette (MR): O Douro, como região, é único. É a região
de vinhos mais antiga do mundo – a primeira demarcação foi feita em
1756, com o vinho do Porto. Por outro lado, com os vinhos de mesa,
é, provavelmente, a região mais nova do mundo: os vinhos de mesa
têm 20 anos de história, com exceção do Barca Velha, nos anos 50.
Tem havido uma grande revolução no Douro em todos os aspetos.
Ainda estamos a perceber aquilo que temos, a nível de património
genético das vinhas e das castas. Perante o terroir e a viticultura de
montanha, a primeira impressão, para quem chegue ao Douro, é
única, não há nada que se compare.
Cx: Que desafios encontraram ao levarem os vinhos do Douro para fora?
MR: Hoje, isso já se começa a alterar, mas, de início, as pessoas pura
e simplesmente não conheciam o Douro. Há uma comunicação
do produto que tem de ser feita, e isso demora muito tempo. Por
exemplo, na América do Norte, o consumidor tem tendência a pensar
em castas internacionais, quando consome vinho. No Douro, temos
vinhos que são feitos com vinhas velhas com 35 castas misturadas,
todas autóctones. Já temos uma qualidade muito significativa – a
imprensa internacional assim o diz, não é presunção nossa –, mas os
vinhos do Douro precisam de um empurrão, porque têm um potencial
enorme: precisam que as pessoas os provem, os percebam e os
consumam de uma maneira correta.
JAR: Esse empurrão pode ser dado pelo turismo. Quando pomos a
ênfase no turismo, não é por ser uma atividade geradora de recursos,
mas por funcionar como alavanca para superar o nosso principal
desafio: os vinhos serem conhecidos.
Cx: E de que forma foi possível acionar essa alavanca?
JAR: Entre as cinco empresas, a Quinta do Vallado foi talvez a que
desenvolveu mais a vertente do enoturismo. Os investimentos que
fizemos nessa área, que rondam os três milhões de euros, foram feitos
«FIZEMOS MUITO PELOS VINHOS
PORTUGUESES E, NO FUTURO,
VAMOS PODER FAZER MUITO MAIS»
Miguel Roquette
«O TURISMO FUNCIONA COMO UMA
ALAVANCA PARA SUPERAR O NOSSO
PRINCIPAL DESAFIO: OS VINHOS
SEREM CONHECIDOS»
João Álvares Ribeiro
com os apoios existentes, sem investir um tostão de capitais próprios.
E tudo está a funcionar com ótimos resultados, na minha opinião,
tanto na atividade em si, como no apport que ela traz aos vinhos.
LO: Também o turismo fora das nossas portas é muito importante. As
regiões de vinhos que têm divulgação mais fácil são aquelas que têm
um estilo de vida associado. Toda a gente conhece o estilo de vida
italiano e o francês, por exemplo.
CVZ: Voltando um pouco atrás, quanto à recetividade que os nossos
vinhos tiveram no arranque, o primeiro embate é sempre o mais
difícil, mas tínhamos duas chaves que abriam muitas portas: o vinho
do Porto e a nossa antiguidade e credibilidade, perante o historial
das nossas famílias dentro da região demarcada do Douro. Esse é um
património que não é despiciendo, e não foi desperdiçado. São chaves
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
29
e
entrevista
que abriram as portas, ainda que depois tivéssemos de as manter
abertas e escancará-las. Isso também implica uma presença física
muito importante. Nesse sentido, o turismo é fundamental, porque
confronta as pessoas que nos visitam com a realidade e dá-lhes a
provar o vinho, juntamente com uma forma de estar. Se somarmos os
dias que, entre todos, passamos a viajar por esse mundo fora, estamos
a falar de dezenas de anos, e esse contacto pessoal é fundamental.
Através da restauração, das lojas de vinho, das provas ao público. Essa
credibilidade vem ao longo do tempo. Os franceses dizem que, para
fazer alguma coisa no mundo do vinho, difíceis são os primeiros 250
anos. No vinho do Porto, já temos tempo que chegue. No vinho de
mesa ainda estamos no princípio, mas essa porta pode ser aberta pela
presença nos mercados e pela qualidade dos vinhos que fazemos.
30
Cx: Boas notas que também já vêm de fora do universo vínico, como
no caso do Prémio Europeu de Promoção Empresarial da Comissão
Europeia, que foi atribuído aos Douro Boys, em 2012.
JAR: É um reconhecimento que vem comprovar que os resultados têm
sido muito bons para nós e para a região.
Cx: Apesar desse vaivém transfronteiriço, tendo em conta o vosso apego
direto à produção dos vinhos, recuperaram a figura do vigneron, que
vive da terra, vive a terra, cultiva-a e faz o vinho o melhor que sabe?
DN: Enquanto noutros tempos se saiu do Douro para as cidades, hoje
acontece o inverso: o enólogo volta a viver na região e a estar mais
perto da vinha. Mas o vigneron ainda é um passo maior. Nenhum de
nós é vigneron, nesse sentido, ainda que haja uma proximidade maior.
LO: O meu irmão, Francisco Olazabal, vive com a família, na Quinta
do Vale Meão, em Foz Côa. Já com o meu avô, Fernando Nicolau
de Almeida, as idas ao Douro eram esporádicas, e isso tinha a ver
com o facto de as casas do vinho do Porto estarem em Gaia. Hoje,
a proximidade à vinha é considerada essencial. E os Douro Boys
mostram isso. Não diria que houve um retorno à terra, mas uma
proximidade maior.
JAR: Esse estilo de vida, com uma ligação maior à terra, sem
a necessidade de andar pelo mundo fora, julgo que é possível
existir mais em Bordéus, onde a produção está de um lado e a
comercialização é entregue à figura dos comerciantes. Aqui, temos de
fazer tudo. Por exemplo, o irmão da Luísa vive no Vale Meão, tem uma
ligação à terra, mas está também bastantes semanas fora, no Brasil, em
Nova Iorque, em Hong-Kong, e com a globalização…
Cx: Apesar dessa atenção internacional, procuram que o mercado
interno não fique à margem?
JAR: No caso da Quita do Vallado, vendemos mais no mercado
nacional do que lá fora.
LO: No Vale Meão, é 50-50.
CVZ: Nós exportamos 70 a 85 por cento da produção, mas esse valor
depende mais das evoluções do mercado interno. Aliás, há algo que
sempre fez parte dos nossos projetos e é uma forma de trabalhar
do Douro, em geral, e da escola do vinho do Porto: o mercado é o
mundo e o mundo tem uma série de submercados, que são os vários
países. Depois, podemos ser mais incisivos nuns ou noutros. Alguém
me perguntava, outro dia, se a internacionalização tinha sido uma
estratégia de fuga à crise económica… Primeiro, nenhuma estratégia
pode ser de fuga a seja o que for, senão, à partida, está errada. Nunca
foi pensado: vamos vender em Portugal e depois vamos exportar.
Vamos, sim, vender no mundo inteiro. Depois, há que decidir em
que mercados é que vamos ser mais incisivos, onde é que temos mais
probabilidades de ter sucesso e como é que os vamos desenvolver
para criar marcas verdadeiramente internacionais.
MR: Na Quinta do Crasto, até fizemos ao contrário: começámos a
exportar, nos primeiros sete anos, e só depois é que começámos a
vender em Portugal.
DN: Acontece muito que, para se ser reconhecido em Portugal, tenha
de se trabalhar lá fora. É um defeito nacional: o que é reconhecido lá
fora é que é bom.
JAR: Mas o mercado nacional é um oásis, no sentido em que é um
mercado onde é mais barato vender, que praticamente só consome
vinhos portugueses e onde o consumo de vinhos per capita é dos mais
altos do mundo.
Cx: É um vigneron dos tempos modernos…
CVZ: O que é muito mais agradável! [Risos]
MR: As infraestruturas são outras. Hoje em dia, com a exceção da
Niepoort, que mantém os seus armazéns em Gaia, toda a produção,
armazenagem e expedição é feita no Douro, o que implica fortes
investimentos nessa parte. Mas, apesar desse conceito de vigneron
não existir tanto no Douro, esta é uma região que tem fortíssimas
tradições e uma história muito antiga. Isso está dentro de cada um
de nós, também. Acho que há três aspetos importantes nos Douro
Boys. O primeiro são os laços familiares que temos: damo-nos todos
muito bem, conhecemo-nos há muitos anos e temos até relações de
parentesco entre alguns de nós. A seguir, é a dimensão: não somos
nem muito grandes, nem muito pequenos, mas temos o mesmo perfil.
Fazendo, claro, vinhos diferentes, cada um tem o seu estilo. A terceira
característica é a consistência na qualidade, que não é um fogo-fátuo.
As distinções que temos recebido da imprensa especializada só
mostram que estamos a fazer as coisas bem. É muito importante ter
boas notas, ainda que nenhum de nós viva para isso.
Cx: Temos vindo a falar do que une estas seis quintas – Quinta do
Vallado, Quinta de Nápoles e Quinta do Carril (Niepoort), Quinta do
Crasto, Quinta do Vale Dona Maria e Quinta do Vale Meão. Mas e
quanto ao que as separa?
DN: O Douro, ao contrário de outras regiões famosas, é bastante
grande e diverso. Enquanto, normalmente, as vinhas clássicas são
viradas a sul, no Douro, há de tudo: norte, sul, este, oeste. Na maioria
das regiões, as diferentes vinhas têm, no máximo, 200 metros de
diferença de altitude. No Douro, a diferença varia entre 80 e 800
metros. Normalmente, têm duas ou três castas, no nosso caso, são
85. Os Douro Boys são um bom exemplo das diferenças dos terroirs.
Desde o Vallado, num lado, ao Vale Meão, no outro, com as demais
quintas pelo meio. E há, também, as diferenças de filosofia: uns
gostam mais de vinhos de um modo, outros de outros. O Vale Meão
nunca poderá fazer vinhos iguais ao do Vallado e vice-versa; não é uma
questão de ser melhor ou pior, é a realidade: são muito diferentes.
CVZ: Tem a ver com a interpretação de cada um. O vinho não é uma
coisa bruta, que sai da Natureza, e nós só temos que o seguir. Cada
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
do Porto, que absorviam o produto final. Muito poucas quintas
conseguiram manter essa memória do Douro, porque não havia
estratégia. No fundo, o que se passou no Douro, nos últimos 15 anos,
é uma revolução autêntica. E se esta revolução não se tem dado, o
Douro, hoje, estava num precipício absolutamente insuportável.
Cx: E que trabalho é que vos falta fazer, para continuar a revolução?
MR: Há um handicap, que julgo que muitas vezes não é falado e é
importante: não temos, lá fora, gastronomia portuguesa para o mundo.
Temos alguma, mas é limitada. E vinho e gastronomia andam de braço
dado, e isso é muito importante.
CVZ: Mas temos de aproveitar um outro trunfo: é que somos de
tal maneira bons, que os nossos vinhos se adaptam a qualquer
gastronomia. O nosso discurso tem de superar essa dificuldade.
Embora existam casos de grande sucesso de restaurantes de
portugueses, que são bandeiras de Portugal internacionalmente e que
é preciso aproveitar – como o Café Ferreira, em Montreal ou o Chiado,
em Toronto –, temos de apostar na capacidade de nos conseguirmos
adaptar, pela enorme diversidade que temos, à gastronomia do mundo
inteiro.
«A IDEIA É CRIAR SINERGIAS ENTRE
O VINHO DO PORTO, OS VINHOS
DE MESA E O TURISMO»
Dirk Niepoort
um interpreta o vinho que tem em mãos e molda-o como o escultor
molda um pedaço de mármore. No fundo, cada um dos vinhos reflete
a personalidade de quem, no momento, o faz e interpreta.
DN: Também é importante referir que todos temos melhorado
consistentemente. Tem sido um processo de aprendizagem muito
importante para todos.
MR: Também porque há trocas de informações. Não temos medo de
mostrar o que fazemos uns aos outros, e quando não gostamos do que
os outros fazem, também o dizemos.
JAR: O que o Cristiano disse sobre os 250 anos dos vinhos franceses
é um exagero, mas a produção de vinhos é uma atividade em que
a curva de conhecimento é muito prolongada, porque há muitas
variáveis cujo conhecimento demora muito tempo e envolve memória,
bem como organização.
CVZ: Utilizaste uma palavra fundamental nisto tudo, que é a
memória. No vinho do Porto e nos vinhos do Douro, é a capacidade
de transmissão da memória – seja oral, seja escrita, seja através da
transmissão da experiência –, que nos consolida os projetos. Essa
memória das quintas e da produção era cedida às casas de vinho
Cx: Para terminar: uma década se passou, desde que criaram este
projeto. Hoje, já mais amadurecidos – tanto os boys, como os vinhos –,
que balanço fazem destes 10 anos?
CVZ: Temos de encarar esses balanços ainda só como um passo para o
futuro. Mas, olhando para trás, podemos estar orgulhosos do trabalho
que fizemos e do impulso que demos.
DN: E é uma motivação continuar a fazê-lo, talvez dando novos passos,
em direções diferentes.
CVZ: Nesse balanço, também estamos a apostar na transmissão dessa
memória para a geração dos nossos filhos: há uma nova geração
que quer continuar aquilo que estamos a fazer. Isso é, mais do que
o prémio europeu que recebemos, a verdadeira reflexão do balanço
daquilo que fizemos até agora.
JAR: O sucesso mede-se pelo valor que se cria. No nosso caso, há uma
enorme diferença no valor das nossas empresas, de há 15 anos para
cá, que tem a ver com o valor das nossas marcas. Conseguimos isso
porque as nossas marcas ganharam prestígio e, portanto, conseguimos
pô-las no mercado com margens muito mais interessantes. Outra
perspetiva prende-se com o emprego que criámos.
MR: A área de vinha que temos em conjunto também é muito
significativa.
CVZ: Servimos, também, como escola. Se pensar na quantidade de
pessoas que trabalharam connosco e que seguiram os seus próprios
projetos ou que estão a trabalhar com o maior sucesso noutras
empresas, isso é um balanço importantíssimo.
MR: E fizemos muito – acho que se pode dizer isso –, não só pelo
Douro, mas, também, pelos vinhos de Portugal. Este prémio europeu
que recebemos, claro que nos soube bem e deu-nos uma enorme
satisfação chegar à final europeia e ganhar. Isso é muito importante
para o ânimo do País, na crise que estamos a viver, para mostrar que
há casos de sucesso e coisas que funcionam. É evidente que também
somos afetados pela crise, como todos. Mas fizemos muito pelos
vinhos portugueses e, no futuro, vamos poder fazer muito mais.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
31
h
32
história de capa
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
INDÚSTRIA VITIVINÍCOLA
Vinhas
de Paixão
Qual é coisa, qual é ela, que coleciona prémios
nos principais concursos internacionais, tem cada vez maior peso
nas nossas exportações, ocupa um lugar de destaque no turismo,
concilia os saberes tradicionais com a visão das novas gerações e leva a todo o mundo
o selo de qualidade «made in Portugal»?
o teu amigo e ao teu vizinho,
o teu melhor pão e o melhor
vinho», diz o provérbio. Nós
acrescentaríamos o queijo,
mas, por hora, centremonos no vinho (sim, é essa a
resposta à adivinha da abertura). Depois de
um passado feito de batalhas pela conquista
da Península Ibérica e da conotação religiosa,
fruto do Cristianismo, é na segunda metade
do século XIV que o vinho começa a assumir
o papel de relevo nas exportações portuguesas.
E nem falta um episódio curioso, os vinhos
Torna-Viagem, nada mais nada menos
que o excedente do vinho embarcado com
destino às colónias, em tonéis de madeira,
que regressava aos produtores com uma
qualidade superior à apresentada por altura
do embarque. Descobria-se, assim, a técnica
do envelhecimento, que aumentava tanto a
qualidade como o preço dos vinhos.
Já depois de ter sido assinado o Tratado
de Methuen (1703), que regulamentava as
trocas comerciais entre Portugal e Inglaterra,
e antecedendo o famoso brinde entre George
Washington e Thomas Jefferson que, com
vinho da Madeira, assinalaram a Declaração de
A
Independência dos Estados Unidos (1776),
o Marquês de Pombal impulsionaria
o surgimento da primeira região demarcada
do mundo, a região do vinho do Porto, através
da criação da Companhia Geral da Agricultura
das Vinhas do Alto Douro (1756). E viria a ser,
igualmente, na região do Douro que começou
a espalhar-se a filoxera, praga que alastraria
a quase todo o País, obrigando a uma pausa
naquele que era o período áureo da produção
vinícola. Chegamos ao início do século XX,
altura em que são criadas outras regiões
demarcadas e, já então, afamadas pelo vinho
produzido: Madeira, Moscatel de Setúbal,
Carcavelos, Dão, Colares e Vinho Verde.
Hoje, mais de 100 anos volvidos, a
produção nacional de vinho divide-se em 14
regiões (Minho, Trás-os-Montes, Douro / Porto,
Terras de Cister, Beira Atlântico, Terras do
Dão, Terras da Beira, Lisboa, Tejo, Península
de Setúbal, Alentejo, Algarve, Madeira e
Açores) e é uma referência a nível mundial. A
países como a Austrália ou o Chile, capazes
de produzir vinho monocasta em grande
quantidades e numa inegável relação qualidade
/ preço, Portugal tem sabido responder com
uma mensagem clara: nós produzimos grandes
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
Foto: Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Por Pedro Guilherme Lopes
33
h
história de capa
vinhos, que se destacam pela personalidade
e fazem a diferença. A sustentar essa mesma
mensagem, constantemente promovida
pela Wines of Portugal (marca gerida pela
ViniPortugal, Associação interprofissional
para a promoção dos vinhos portugueses),
estão a tradição na arte de produzir vinhos
multivarietais, a diversidade e a riqueza de
castas autóctones, a capacidade dos nossos
solos acolherem castas estrangeiras e a fusão de
gerações de enólogos, com os mais experientes
a servirem de inspiração a uma nova fornada
de jovens que apostou em estudar no
estrangeiro, que viaja sempre que pode para
provar vinhos de todo o mundo e que se
apresenta com uma formação técnica superior.
Os números não enganam
Desta combinação de tradição e inovação,
resultam, cada vez mais, vinhos de qualidade,
com características e carácter distintivos. E,
como seria de esperar, os números ligados
às exportações de vinho nacional crescem.
Em 2011, o Instituto da Vinha e do Vinho
(IVV) contabilizou que a exportação de
vinho atingiu 675 milhões de euros, o que
representa 1,6% do valor total das exportações
nacionais e 66% dos produtos «bebidas,
líquidos alcoólicos e vinagres». Os vinhos
«tranquilos» foram o principal gerador deste
crescimento, representando 51% do total das
exportações e ultrapassando, pela primeira
34
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
vez, os vinhos licorosos (como o Porto e o
Madeira). A categoria dos vinhos espumantes
manteve a tendência de crescimento e, no
que toca aos principais mercados, Angola,
França, Alemanha, Reino Unido, EUA e Brasil
voltaram a ser os mais importantes destinos do
nosso vinho, com destaque para a China que
importou mais 123% do que em 2010.
Igualmente, de acordo com os números
disponibilizados pelo IVV até ao fecho desta
edição, a tendência de crescimento manteve-se nos primeiros cinco meses de 2012.
Assim, as exportações / expedições de vinho
(incluindo os vinhos licorosos) atingiram o
valor de 259 134 mil euros correspondentes a
um volume de 1 279 261 hl, o que representa
um crescimento de 11,4% e 20,8%, em valor
e volume, respectivamente, face ao período
DESTA COMBINAÇÃO
DE TRADIÇÃO E
INOVAÇÃO, RESULTAM
CADA VEZ MAIS VINHOS
DE QUALIDADE, COM
CARACTERÍSTICAS
E CARÁCTER
DISTINTIVOS
homólogo de 2011. Fruto da conjuntura
económica, o preço médio registou uma
quebra de 7,8%, causado, essencialmente,
pela diminuição do preço médio do vinho de
mesa e da quebra do preço médio do vinho do
Porto.
E é este o cenário no arranque de 2013,
ano em que está previsto um aumento da
produção de vinho em Portugal. Pese a quebra
dos preços de mercado, fruto da crise, o vinho
é um dos principais produtos exportados
(dando passos seguros no sentido de atingir
os dois por cento do PIB nacional) e um dos
mais fortes exemplos de qualidade com o
selo português. Apesar da sua importância
económica, José Miguel Dentinho, um dos
reconhecidos especialistas nesta área (ver
escolhas na página 25 e opinião na página 39),
considera que o setor vitivinícola não deve
ser visto como «uma arma para enfrentar a
crise. Mas, em conjunto com outros setores
exportadores, como os componentes para
automóvel, o calçado, os produtos florestais,
o têxtil, o azeite, pode ser tido como exemplo
de um setor que soube mudar, produzindo
melhor e com melhor qualidade, e inovar, com
o lançamento de novos vinhos para diferentes
momentos de consumo. Também procurou
novos mercados e novos clientes em cada um
desses mercados, procurando algo essencial:
uma relação de proximidade com os clientes».
E nesta ligação a outros setores é impossível
não falar, por exemplo, da relação com a
indústria corticeira. Portugal é o líder mundial
no que toca a produção, transformação e
exportação de cortiça, e a principal indústria a
que se destinam os produtos de cortiça é, nem
mais nem menos, a vinícola (com as rolhas a,
para já, vencerem a «batalha» face aos vedantes
em plástico).
Formas de enfrentar a crise
Já Basto Gonçalves, presidente da
FENADEGAS – Federação Nacional das
Adegas Cooperativas de Portugal e membro da
direção da Confagri – Confederação Nacional
das Cooperativas Agrícolas de Portugal,
acredita que este crescimento internacional
permite enfrentar as crescentes dificuldades do
mercado interno, «mostrando um setor aberto
à inovação e gerador de empregos, inclusive,
em várias zonas do interior especialmente
aptas para a produção de vinhos de qualidade.
É nossa convicção de que o setor, mais do
que deter uma mera e conjuntural forma
de contornar a crise, constitui uma arma
real para o fortalecimento da economia do
País». Também Luís Mira, administrador e
diretor de enologia da Herdade das Servas
(Estremoz), sublinha que, perante a crise,
são cada vez mais os que estão a regressar à
terra e a apostar neste setor e, desse ponto de
vista, será uma arma para enfrentar a mesma».
Alguns quilómetros a sul, Duarte Leal da
Print
VINHO RESPONSÁVEL
Criado pela Casa Ermelinda de Freitas, o projeto A Vida de um Vinho mostra que
o vinho pode ser muito mais do que uma garrafa.
EM 2008, a Casa Ermelinda de Freitas (na região de Palmela) iniciava um projeto de
solidariedade, com o objetivo de nele envolver a sociedade. «A Vida de um Vinho
surgiu com base no posicionamento da Casa Ermelinda de Freitas: estar sempre
muito próxima do meio onde se insere», começa por explicar Leonor Freitas,
responsável por uma das mais prestigiadas empresas vitivinícolas nacionais.
«A solidariedade social é fundamental para a consistência do tecido social, e a
inserção da nossa casa no tecido social da região implica uma responsabilidade
acrescida que levamos muito a sério. Assim, com este projeto, pretendemos
devolver à sociedade aquilo que ela nos tem dado». O compositor Jorge
Salgueiro, o pintor Mário Rocha e o jornalista Amilcar Malhó deram um precioso
contributo a um projeto que resulta num vinho exclusivo (1500 garrafas magnum
numeradas, com valores entre os 100€ e os 175€), cujas verbas revertem a favor
da Cáritas Diocesana de Setúbal, que o aplicará em ações de melhoria do dia a
dia dos idosos da região. Leonor Freitas alerta, no entanto, para a necessidade da
responsabilidade social ter de ser encarada como tal. «Estes projetos não podem
ser encarados como instrumentos de promoção. E uma má empresa não se torna
mais competitiva com a responsabilidade social».
Qualidade é algo inquestionável, quando se fala da Casa Ermelinda de Freitas,
como o comprova o prémio de Melhor Vinho Tinto do Mundo, alcançado com o
Syrah 2005, e, face ao sucesso crescente do setor vitivinícola, Leonor Freitas
não hesita. «As pessoas estão cada vez mais interessadas; bebem menos, mas
estão mais informadas, procurando a qualidade. O enoturismo leva a uma ação
pedagógica de valorização da vinha e do vinho, assim como de um produto que
tem características únicas, quer numa perspetiva económica quer cultural.»
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
35
história de capa
Costa, um dos responsáveis pela centenária
Ervideira, (Reguengos de Monsaraz), considera
que a situação económica do País obrigou as
mais variadas classes sociais a repensarem os
seus hábitos e a retraírem-se em termos de
consumo. Isso provocou «uma deslocação
de consumo para preços verdadeiramente
perigosos. Basta pensarmos que 95 por cento
das vendas em supermercados está abaixo
de 3 euros e que uma garrafa que esteja no
mercado abaixo de 2,50 euros significa que
alguém está a perder dinheiro na cadeia que
termina no consumidor, sendo esse alguém
o produtor. Assim, acredito que, mais do que
uma intenção, a exportação é uma necessidade
para as empresas deste setor». E a solução,
face a um mercado interno em queda de
valores e a um mercado externo cada vez mais
apelativo, passará por «trabalhar com amor,
comercializando os nossos vinhos com mais
prestígio, voltando a mostrar aos consumidores
que o vinho é história e tradição e que resulta
de anos de investigação e trabalho».
E se esse não facilitar, trabalhando com
amor, for feito em conjunto? Os Douro Boys,
entrevistados desta edição (pág. 26), são um
ótimo exemplo, reunindo cinco produtores
da região do Douro. Mas há mais exemplos,
como recorda Manuel Gonçalves da Silva, uma
das mais respeitadas vozes quando o assunto
são vinhos ou gastronomia (pode segui-lo na
revista Visão). «Os produtores, incluindo os
pequenos, mostram dinamismo, associam-se,
promovem as suas marcas e o “nosso” vinho.
Veja-se o caso de oito amigos – António Rocha
(Vinhos Buçaco), Dirk Niepoort (Niepoort),
Filipa Pato (Vinhos Filipa Pato), François
Chasans (Quinta da Vacariça), João Póvoa
(Vinhos Kompassus), Luis Pato (Vinhos Luis
Pato), Mário Sérgio Alves Nuno (Quinta das
Bageiras) e Paulo Sousa (Vinhos Sidónio de
Sousa) – que fundaram os Baga Friends,
caves Há cada vez mais turistas a quererem visitar
os locais onde o vinho estagia
vindimas A tradição manda que a pisa da uva seja
feita com os pés
vinoterapia Uma das formas de promover o
vinho e o enoturismo
douro O rio é símbolo daquela que foi a primeira
região demarcada do mundo
36
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
O ENOTURISMO
DEVERÁ TER A
CAPACIDADE DE
ASSOCIAR VALORES
COMPLEMENTARES
AO TEMA CENTRAL
DA VINHA E DO VINHO
em 2011, para mostrar aos consumidores
as potencialidades dos vinhos da Bairrada,
elaborados com a grande casta Baga. Não é por
acaso, certamente, que, na opinião de Robert
Parker, um líder de opinião, a Baga já aparece
com pontuações acima de famosas castas
internacionais.»
Outro bom exemplo é a Local Handcrafted
Wines, uma marca que junta cinco pequenos
produtores de cinco regiões vitivinícolas
diferentes: Douro, Minho, Dão, Lisboa e
Alentejo (Quinta dos Avidagos, Cazas Novas,
Quinta do Mondego, Vale da Capucha,
Herdade de Torais). Vasco Magalhães, um
dos responsáveis pelo projeto, afirma que
«no contexto económico em que vivemos,
é importante saber procurar outras formas
de funcionar e de olhar para a frente, o que,
para um produtor, sozinho, é difícil, pois não
consegue estar onde o negócio “obriga”. Cada
vez mais há necessidade de os produtores se
juntarem». Juntos ou a solo, Vasco acredita,
também, que o facto de gente jovem se ter
fixado no interior em muito contribui para este
sucesso da indústria vinícola.
Turismo e enofilia
Um nome associado a esse rejuvenescimento
é o de Rita Nabeiro, administradora da Adega
Mayor (Campo Maior, Alentejo), onde, e até
rima, tudo é pensado ao pormenor. Veja-se o
exemplo, pioneiro, da aplicação de informação
em Braille nos rótulos. Ou o belíssimo edifício,
projetado por Álvaro Siza Vieira, que se tornou
na primeira «adega de autor» portuguesa. «O
nosso objetivo foi sempre produzir o melhor
vinho e oferecer a melhor experiência a quem
nos quisesse visitar», explica Rita Nabeiro.
Sempre com a palavra «inovação» como aliada,
a administradora da Adega Mayor acredita
que o facto de os consumidores estarem cada
CARÁTER ÚNICO
Conhecedor do negócio vitivinícola
na região demarcada mais antiga do
mundo, o Douro, Ricardo Azevedo,
diretor comercial de Empresas da
Região do Porto, não tem dúvidas
de que o caminho a seguir passa
pela valorização e diferenciação
do produto, não vendendo os vinhos
do Porto e do Douro apenas «como
mais uma garrafa. Devemos, sim,
ser capazes de vender uma
experiência, onde o vinho surge
associado à paisagem, ao turismo
e à gastronomia».
Apesar dos solos pobres e xistosos,
que exigem do homem e da própria
planta um esforço extra para vingar,
deparamo-nos com uma variedade
de castas que, diz-se, acrescenta mais
de 350 espécies às famosas Touriga
Franca, Tinta Roriz e Touriga Nacional.
Isto permite uma diversidade e um
caráter único aos produtos e é essa
diferenciação que se apresenta
como fundamental para acrescentar
valor ao mercado.
Com uma presença muito forte na
área agrícola do Douro, a Caixa surge
como peça incontornável neste
processo de valorização da região.
E Ricardo Azevedo não tem dúvida
de que «a Caixa, fruto da sua
experiência e solidez, continuará
a revelar-se o parceiro ideal,
capaz de olhar para o setor com a
especificidade que ele merece».
vez mais curiosos e exigentes é extremamente
positivo. «O vinho está ligado às coisas boas da
vida e os consumidores estão a valorizar, cada
vez mais, as experiências proporcionadas pelas
marcas. Foi nesse sentido que a Adega Mayor
criou workshops e verdadeiras experiências de
enoturismo, que vão desde dias na vindima até
passeios de balão, eventos de team building e
workshops de vinho.»
Enoturismo é, precisamente, uma palavra
cada vez mais ouvida e lida no nosso País,
como comprova o lançamento, em 2012, pela
mão do Turismo de Portugal, do Guia Técnico
do Enoturismo (que pode ser consultado em
http://guiastecnicos.turismodeportugal.pt/pt/
enoturismo). A mesma fonte sublinha que
«além de vinhos de grande qualidade, o País
dispõe, ainda, de cerca de 250 adegas, quintas
Fotos: D.R.
h
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
37
h
história de capa
e caves vínicas e onze rotas de vinho. Se, a
tudo isto, associarmos a grande diversidade
de paisagens, de património construído, de
tradições e de cultura, temos uma oferta que
permite ao turista vivenciar experiências
distintas e marcantes de forma cómoda, num
curto período de viagem».
Parte incontornável do sucesso do
enoturismo será, portanto, a capacidade
de associar valores complementares ao
tema central da vinha e do vinho, como a
componente arquitetónica e/ ou cultural
ou a harmonização com a gastronomia. A
teoria sai reforçada nas palavras de Marlene
Tavares, sales and marketing director do L’AND
Vineyards (Montemor-o-Novo, Évora). «A
nossa motivação é diferenciar, positivamente,
a oferta turística, através da valorização da
identidade cultural da região de que o vinho
e a vinha fazem parte. O vinho e o turismo
têm uma ligação muito direta, que deve ser
dinamizada através de conceitos inovadores.»
Entre esses conceitos, encontramos, por
exemplo, a vinoterapia, com alguns spa a
utilizarem as propriedades das uvas para
vários tratamentos (como esfoliações,
envolvimentos, massagens relaxantes ou
imersões), e o surgimento de marcas de
cosméticos especializadas, como a portuguesa
Spausa.
Fora do spa, embora alguns dos
empreendimentos possuam essa oferta, além
dos já citados Herdade das Servas, Ervideira,
Adega Mayor e L’AND Vineyards, é impossível
não falar em nomes como a Herdade do
38
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
pioneira A alentejana Adega
Mayor, foi a primeira a ter uma
adega de autor, assinada por
Siza Vieira
Print
SAÍDAS DA CASTA
Rocim (Cuba, Alentejo), Quinta do Encontro
(Bairrada), Quinta dos Loridos (Bombarral),
Quinta de Santo António (Tabuaço, Viseu),
Quinta dos Vales (Algarve), Quinta da
Romaneira (Alijó, Vila Real), Aquapura Douro
Valley (Lamego) ou The Yeatman (V. N. Gaia).
Nem a ilha da Madeira, com o contemporâneo
e surpreendente The Vine, «escapa» ao
desenvolvimento de uma espécie de «nicho
turístico» que, segundo João Soares, da
Malhadinha Nova (Beja), ainda tem muito por
onde crescer. «Assistimos, nos últimos anos,
ao surgimento de alguns projetos ao nível do
melhor que existe no mundo, no entanto,
ainda não temos unidades nem estruturas
de qualidade suficientes para construir um
destino turístico sólido nesta área. Quando
conseguirmos consolidar a nossa oferta,
não tenho dúvidas de que o enoturismo
contribuirá, fortemente, para o crescimento
do turismo.»
E, acreditamos, essa consolidação, passará,
em muito, pela afirmação do nome Portugal
como País produtor de vinhos de excelência.
Porque, imagine-se, enquanto os vinhos
portugueses vão sendo medalhados um pouco
por todo o mundo (só no ano passado foram
mais de 2150 prémios internacionais), ainda
há quem os prove sem saber em que canto do
globo fica este País, onde as vinhas são, cada
vez mais, sinónimo de paixão.
Enólogas que conquistaram
«um mundo de homens»
Há nomes que se sobrepõem
às marcas, como são os
casos de Ermelinda e Leonor
Freitas, rosto dos vinhos Dona
Ermelinda (a propósito, Palmela
foi a Cidade Europeia do Vinho,
em 2012), e de Filipa Pato,
entrevistada na Cx n.º 2 e já
eleita Newcomer of the Year,
pela revista Der Feinschmecker.
Mas há muitos outros (e tão
pouco espaço para escrever),
como Rita Nabeiro, alma
da Adega Mayor (ver texto
principal) ou Marta Macedo,
motor do sucesso da Quinta do
Filoco (Tabuaço, Douro), que, há
cinco anos, deu continuidade
a um projeto de família e que
acredita que, «além do gosto,
existe uma subtileza diferente
na elaboração de um vinho
feito por uma mulher, que o
consumidor aprecia cada vez
mais». Também no Douro, Luísa
Amorim, uma das Damas do
Vinho (damasdovinho.com.
br), assume a Quinta Nova
de Nossa Senhora do Carmo.
Defendendo que «o vinho é
um produto com um status
quo diferente» e que «Portugal
seria um País muito mais rico
se apostasse em enoturismo e
turismo gastronómico», Luísa
Amorim acredita que o mundo
dos vinhos «é fantástico para
desenvolver uma carreira no
feminino. As senhoras são mais
cuidadosas com a Natureza,
muito sensíveis no olfato e no
paladar, o que as torna muito
fortes em prova e, de uma
forma geral, atentas à imagem,
design e marketing. Para mim,
sempre foi uma vantagem
estar no meio mais masculino,
conseguindo fazer alguma
diferença».
observatório
o
JOSÉ MIGUEL
Dentinho
Muito mudou em Portugal
no setor dos vinhos. E não só na
qualidade média do produto, que é certamente
Fotos: D.R.
muito superior, mas também na forma como os vinhos
comunicam com quem os compra e consome.
HOJE, EM PORTUGAL, mesmo os mais pequenos produtores têm o
cuidado de escolher as garrafas, rolhas e, principalmente, os rótulos,
para que a sua imagem se diferencie nas prateleiras. Depois, tentam
aproximar-se cada vez mais dos seus públicos-alvo, em Portugal e no
resto do mundo, viajando, participando em feiras, workshops e jantares
especializados, explicando aos apreciadores as características dos seus
vinhos, das castas que os originaram, das técnicas usadas, das provas e
quais os melhores momentos de consumo.
Com raras exceções, a qualidade dos vinhos que andam à volta dos
4 a 5 euros é, hoje, equivalente à de
topos de gama de há 25 anos. Ou seja,
é difícil escolher uma garrafa de vinho
português que não tenha uma boa
relação qualidade/ preço.
É evidente que nem todos são para
todas as bolsas. Basta pensar em alguns
topos de gama tintos mais conhecidos
lançados este ano. O Barca Velha, da
colheita de 2004, está pelos 300 euros
e o Pera Manca, da colheita de 2008,
pelos 170 euros. Felizmente, a partir
de 3 euros, por vezes até por valores
mais baixos, se encontram vinhos
com boa qualidade, para acompanhar
a refeição.
E como é que a mudança começou?
Com as pessoas. No final da década de 80, novas gerações de técnicos,
oriundos do ensino universitário, em Portugal, do Instituto Superior
de Agronomia, mas também da Universidade de Trás-os-Montes e
Alto Douro, estavam a chegar ao mercado. Mas havia, também, gente
a estudar lá fora, em França, nos Estados Unidos e em Itália. Todos
eles, bem como as gerações seguintes de bons enólogos que o nosso
país produziu têm em comum, além da capacidade técnica, uma forma
mais pragmática de estar no mundo do que as gerações anteriores.
Além de provarem os vinhos uns dos outros e de trocarem impressões
e conhecimento, também viajam e conhecem os vinhos produzidos um
pouco por todo o mundo, assim como os seus consumidores.
Pessoas com maior e mais capacidade aproveitaram melhor os
avanços tecnológicos existentes para tirar o máximo do potencial
JORNALISTA, ENGENHEIRO AGRÓNOMO
E MEMBRO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA
DE ENOLOGIA
de cada uva. Assim, foram surgindo mais e melhores vinhos tintos,
principalmente a partir do início da década de 90 do século XX, e
brancos, quase no início do 2.º milénio. Entretanto, e também no final
da década de 80, houve um reforço do fator comunicação no mundo
dos vinhos nacional, principalmente com o aparecimento de jornalistas,
colunistas e órgãos de comunicação especializados. O alvoroço que
se seguiu contribuiu, certamente, para que muito mais pessoas se
envolvessem na produção e comercialização de vinho desde a década
de 90. Entretanto, este passou a ser um universo mais feminino, com
Sandra Tavares da Silva, nos vinhos Pintas (Douro) e Chocapalha
(Lisboa), Filipa Pato (Bairrada e Dão), ou, mais recentemente, Rita
Marques Ferreira, no projeto Conceito, só para falar de algumas delas.
O vinho passou a estar na moda. Como consequência disso, a
concorrência também aumentou vertiginosamente. Hoje, há algumas
dezenas de milhar de marcas em Portugal, com produções que vão
das centenas de garrafas, os chamados vinhos de garagem, aos 20
milhões, que é o que a Sogrape diz que vende de Mateus Rosé por esse
mundo fora. A concorrência foi mais
um contributo para a melhoria da
viticultura, hoje gerida de forma muito
mais profissional, para tirar o melhor
rendimento da vinha em cada local,
sobretudo as características do solo,
o clima local, a exposição solar, etc. Este
trabalho contribuiu, por exemplo, para
que, hoje, sejam feitos muito menos
tratamentos com pesticidas na vinha. À
tradição de os aplicar com determinada
periodicidade, sucedeu o seu uso
apenas quando necessário, perante
a variação das condições climatéricas
e a observação constante das plantas.
Hoje, é essencial a qualidade da
uva à chegada à adega. Depois, ocorre
todo o labor agroindustrial do vinho. Mas, mais uma vez, num mundo
onde a concorrência cresce, nem todas as histórias correm bem. A quem
inicia um empreendimento destes, não basta ter boas vinhas e uma boa
adega. Precisa de conhecer o mercado. E hoje este é global. Dificilmente
um produtor de vinho consegue sobreviver a vendê-lo em Portugal,
principalmente, numa altura de depressão em que todos olham várias
vezes para a carteira antes de comprar qualquer produto.
O que eu quero dizer com isto é que, além de produzir, é preciso
vender, cobrar e voltar a vender, porque a vinha produz todos os
anos. Ou seja, o mundo do vinho também é como os outros: exige
pessoas empenhadas, bons profissionais, que não durmam à sombra
do sucesso. Felizmente, temos muito bons exemplos disso neste setor
em Portugal.
Cx
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40
viagem
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
V A L E
D O
DOURO
Por esse rio acima
Há história, paisagens deslumbrantes e, claro,
vinhos, alguns deles com lugar nas listas dos melhores néctares do mundo.
Também há restaurantes, hotéis, passeios de barco e de comboio, num conjugar
de emoções que dificilmente esquecerá. Seja bem-vindo ao Douro Vinhateiro
Por Pedro Guilherme Lopes
Cx
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41
v
viagem
stá longe de ser verdade que precisemos de entrar num avião e
sobrevoar imensos oceanos para fazermos uma grande viagem. A que
lhe propomos nestas páginas é, quanto a nós, exemplo quase perfeito
do que acabámos de escrever.
Eleito Património da Humanidade, em dezembro de 2001, pela
UNESCO, o Alto Douro Vinhateiro representa, desde logo, um
importante marco histórico: decretada pelo Marquês de Pombal, em 1756,
assume-se como a região vinícola demarcada mais antiga do mundo. Ao virtuoso
solo xistoso, à privilegiada exposição solar e ao microclima, juntou-se o notável
trabalho realizado pelo homem na construção dos muros em xisto que prolongam
as encostas, nas quais se produzem alguns dos melhores vinhos do mundo, tanto
na denominação de origem «Porto», como na denominação «Douro».
O nosso guia, para descobrir este mundo de diversidade, será o rio Douro,
auxiliado pelos afluentes, Varosa, Corgo, Távora, Torto e Pinhão, e a forma
de segui-lo será a inversa ao seu percurso. Comecemos, então, pela foz, cuja
designação acabou por batizar umas das zonas mais cosmopolitas e elegantes do
Porto. Aqui, onde o rio encontra o mar, o convite é para relaxar antes de fazer-se
à estrada, mesmo que os primeiros quilómetros a fazer sejam poucos: atravessar
a ponte para ir até Vila Nova de Gaia, na outra margem. Aí, poderá descobrir
algumas das principais caves daquele que é um dos símbolos portugueses: o
vinho do Porto. A escolha é variada, podendo optar entre, por exemplo, a Sogrape
(numa visita que o levará às caves dos famosos Ferreira, Sandeman e Offley), a
Real Companhia Velha, a incontornável Cálem ou a Kopke, a mais antiga empresa
de vinho do Porto, fundada em 1638. Depois, e para iniciar esta viagem de forma
inesquecível, dirija-se ao imponente The Yeatman, um hotel vínico de luxo, onde,
dos quartos ao restaurante, passando pelo SPA, não faltarão pormenores que o
farão acreditar que está a iniciar uma viagem única.
Fazemo-nos ao caminho, não sem antes comprarmos uma seleção de bombons
da bem portuguesa Arcádia. O nosso destino é o concelho de Baião, a cerca de uma
hora de distância do Porto. É, por assim dizer, a porta de entrada para o Vale do
Douro, procurado por muitos como refúgio de fim de semana ou de férias. Espaços
como as Casas de Pousadouro (destacadas na Cx 8), a Quinta do Cão ou o Douro
Palace Hotel convidam a ficar e a conhecer este pequeno paraíso de que já Eça de
Queiroz falava numa das suas obras maiores, A Cidade e as Serras. Miradouros,
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como o de Vale Moreira, introduzem a paisagem onde a
presença das vinhas é uma constante, mas há muito mais
para ver por aqui. Aldeias típicas, artesanato, variantes dos
caminhos de Santiago, igrejas e mosteiros (com destaque
para o de Santo André de Ancede). Não podemos
esquecer a Fundação Eça de Queiroz – parte de uma rota
temática, O Caminho de Jacinto, em alusão à personagem
criada por Eça, onde podem visitar-se lugares citados na
obra, como a estação ferroviária de Tormes –, em Baião,
completando um primeiro passo, onde, claro, não poderia
faltar o enoturismo. A poucos quilómetros das Casas
de Pousadouro, encontramos a Quinta da Covela, que
já pertenceu ao centenário Manoel de Oliveira e que, hoje, vive um novo fôlego,
alimentado pela paixão de dois investidores estrangeiros: o brasileiro Marcelo Lima
e o inglês Tony Smith. A primeira vindima teve lugar em 2012 e, a partir de março
deste ano, poderá experimentar os regressados vinhos da Quinta da Covela.
1
5
2
ransposta a porta que dá acesso ao Vale do Douro, deparamo-nos
com uma outra: a que dá acesso, efetivamente, ao Douro Vinhateiro.
Estamos na Régua, conhecida como capital do Douro, onde, e se
dúvidas sobrassem sobre a sua importância no universo vitivinícola,
encontramos o Museu do Douro, perfeitamente localizado na
marginal com vista para o rio que lhe dá nome. É, também, aqui, que
somos convidados a conhecer o Douro In, um restaurante onde, antes mesmo
de nos sentarmos à mesa, somos arrebatados pela fantástica vista sobre o correr
das águas. A concorrência, tanto na vista como na cozinha, surge pela mão de
Rui Paula e o seu D.O.C, restaurante localizado em Folgosa do Douro, a meio
caminho entre a Régua e o Pinhão.
Também nos arredores da Régua, mais precisamente na margem do rio
Corgo, fica a incontornável Quinta do Vallado (conheça João Álvares Ribeiro,
um dos Douro Boys, na entrevista desta edição) há seis gerações na mesma
família, preservando a qualidade associada a um dos nomes históricos da região:
D. Antónia Adelaide Ferreira, a célebre “Ferreirinha”. Aqui, além de belíssimos
vinhos premiados, encontrará um hotel onde a palavra enoturismo não só faz todo
o sentido, como ganha nova dimensão com a adega estilizada. De linhas retas,
revestida a xisto, foi desenhada por Francisco Vieira de Campos, pupilo de Souto
Moura, e representa um novo caminho para quem aposta na produção de vinho e
no enorturismo: conquistar os turistas fãs de arquitetura. Aliás, a curta distância,
na região do Pinhão, encontramos outro exemplo deste tipo de aposta. A Quinta
do Seixo, assim de chama, é uma espécie de complemento às tradicionais caves
Sandeman, localizadas em Vila Nova de Gaia, e um excelente exemplo de uma
aposta cujo argumento tem tudo para resultar num filme premiado.
De volta à Régua, é-nos dada a opção de embarcar em dois tipos de viagem
diferentes: sobre os carris ou sobre a água. Em terra, a estrela é a carismática
locomotiva a vapor 0186, construída em 1925 pela Henschel & Son, e as cinco
carruagens históricas, que, num percurso à beira-rio que mais parece uma
T
3
1 com assinatura A adega
da Quinta do Vallado, obra
de Francisco Vieira
de Campos, é um exemplo
de cruzamento entre
o vinho e a arquitectura
2 com vista O The Yeatman,
hotel e restaurante vínico
de luxo
4
emblemática viagem
de comboio que liga a Régua
ao Tua
4 de barco Há opções para
todos os gostos, como
os passeios exclusivos
propostos pelo Aquapura
Douro Valley
5 panorâmica Uma das
3 histórica A estação do
Pinhão, com os seus azulejos
e o projeto Wine House,
é paragem obrigatória na
incríveis perspectivas que
mostram a beleza de um
vale eleito Património da
Humanidade
Cx
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43
v
viagem
viagem no tempo, liga a Régua ao Tua. Pelo meio, passagem pela estação do
Pinhão, famosa pelos seus 25 painéis de azulejos alusivos ao ciclo do vinho, que
representam cenas, paisagens e costumes da região. É, também, aqui, que a Quinta
Nova de Nossa Senhora do Carmo, uma das primeiras a apostar no enoturismo em
Portugal, lançou a Wine House, um projeto totalmente integrado e inovador, que
ocupa cerca de 460 m2 e contempla um núcleo museológico com uma loja (com
degustação e venda de produtos Quinta Nova, além de livros e outros objetos de
merchandising relacionados com o mundo do vinho) e esplanada, bem como uma
sala privada para eventos no piso superior.
Mais abaixo, sobre o doce correr das águas, outra das grandes atrações turísticas
da região: os cruzeiros no Douro. Não faltam empresas e opções para quem deseja
ter perspetivas únicas deste vale encantado, incluindo passeios a dois, totalmente
românticos, como os que são proporcionados pelo Aquapura Douro Valley (em
destaque na Cx 9), um cinco estrelas de referência que alia modernidade a diversos
pormenores relacionados com o vinho (no SPA encontra, por exemplo, massagem
com óleo de sementes de uva). E é este o refúgio que escolhemos, para, com todas
as mordomias, prepararmos a última fase da nossa viagem.
etomamos viagem com o destino bem definido: Lamego, a capital
cultural do Douro. O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios é
cartão postal, tal como a Sé Catedral ou os conventos de Salzedas e
de São João da Pesqueira, ambos da Ordem de Cister. E é camuflada
pela cultura, que encontramos a Pastelaria da Sé (mais conhecida
por Trás da Sé), uma verdadeira capelinha para quem não abdica dos
prazeres da gula. Fixe duas sugestões: as bolas (não de berlim nem para jogar, mas
aquelas que se escreviam «bôlas») e os peixinhos de chila. Se as primeiras, com
tantas variedades quantos os gostos dos clientes, deram fama à casa, os segundos
tornaram-se campeões de vendas.
Com o estômago reconfortado, seguem-se duas visitas. Primeiro, à The Wine
House Hotel Quinta da Pacheca, uma das mais antigas propriedades do Douro,
que alia a produção de vinhos de qualidade a uma muito bem conseguida aposta
no turismo gastronómico e enológico, onde a vinha e o vinho assumem papel
R
44
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a re v i s ta d a c a i xa
top 10 A Casa das Pipas,
pertencente à Quinta
do Portal, foi considerada
um dos dez melhores destinos
de enoturismo do mundo
de destaque. Depois, às caves onde são produzidos os
famosos espumantes da Murganheira, última paragem
antes de partirmos em direção a Alijó.
A paisagem vai mudando, com a vista constante do
rio a dar lugar a pequenas aldeias e a grandes quintas.
Pelo caminho, descobrimos Sandra Tavares da Silva, uma
ex-manequim, e Jorge Serôdio Borges, um casal que,
depois de comprar um velho armazém de vinho do Porto,
criou o seu próprio vinho. Batizaram-no de Pintas, em
honra do seu simpático cão, e foi com este vinho que
mereceram honras de citação nas revistas Wine Spectator e
na Decanter.
Honra maior teve a Quinta do Portal (ligada à
produção de vinhos do Douro, espumantes e Moscatel),
em Celeirós do Douro, que viu a sua Casa das Pipas ser
eleita um dos dez melhores destinos de enoturismo do
mundo, pela revista Forbes. Razão mais do que suficientes
para a escolhermos como último refúgio desta nossa
viagem, também para descobrirmos a moderna adega,
assinada por Siza Vieira, num laranja que contrasta com
os cerca de 100 hectares de vinhas, que se estendem
entre os concelhos de Sabrosa e Alijó. No nosso bloco
de apontamentos, restam algumas notas. Como a aldeia
de Favaios, famosa pelo seu vinho e pelo seu pão, ou
uma visita à Casa de Mateus, em Vila Real. Mas, por ora,
prendemos os olhos na paisagem. Continuaremos, depois,
por esse rio acima.
Guia de Viagem
Cruzeiro no Douro
A CGD e a Tagus propõem-lhe um cruzeiro no Spirit of
Chartwell, um navio único e
luxuoso com uma atmosfera
elegante e um serviço de alta
qualidade. O programa inclui:
> Cruzeiro de oito dias;
> Cinco tours opcionais;
> Todas as refeições;
> Bebidas às refeições (vinho,
cerveja e soft drinks estão
incluídos às refeições, os
restantes consumos são
suportados pelos Clientes)
Datas de partida: 3, 10, 17 e 24
de agosto
Preço por pessoa/cabine
dupla: 2273 €
Preços por pessoa, em
quarto duplo, para Clientes
da CGD (veja em www.
vantagenscaixa.pt quais os
cartões abrangidos), não
cumulativos com outros
acordos, campanhas ou
ofertas. Não inclui despesas
de caráter pessoal e serviços
não mencionados como
incluídos, nem taxa de serviço.
Programa sujeito a reserva
prévia e disponibilidade. Os
descontos não incidem sobre
taxas e imposto. Saiba mais
numa agência da Tagus ou em
www.viagenstagus.pt.
Ir
Ficar
A nossa viagem começa no Porto.
A partir desse momento, e assim
que rumar a Baião, esqueça as
autoestradas e aproveite para se
deliciar com uma das mais belas
paisagens do mundo. Relativamente
à melhor época do ano para rumar
ao Vale do Douro, há dois momentos
altos: a primavera e a altura das
vindimas. A primeira pela beleza
natural, a segunda pela possibilidade
de aproveitar uma das muitas ofertas
de enoturismo, que o envolvem na
feitura do vinho.
The Yeatman
Este hotel de luxo é um paraíso
para amantes de vinho.
(www.the-yeatman-hotel.com)
Quinta de Guimarães (*)
Situada na margem direita do
Douro, com vistas deslumbrantes,
é uma casa solarenga, construída
em 1720, com todas as
características da época barroca.
(www.quintadeguimaraes.com)
Casas de Pousadouro
Às portas do Vale do Douro,
encontra esta espécie de
paraíso, capaz de fundir casas
contemporâneas com uma
paisagem inesquecível.
(www.casasdepousadouro.com)
Quinta do Cão (*)
Nos vales que ladeiam o Douro,
encontramos esta convidativa
propriedade rural, que nos acolhe
em casas construídas nos típicos
socalcos.
(www.quintadocao.com)
Aquapura Douro Valley (*)
Um cinco estrelas de referência
que alia modernidade a diversos
pormenores relacionados com
o vinho.
(www.aquapurahotels.com)
Casa das Pipas
Eleito um dos dez melhores
destinos do mundo de enoturismo.
(www.quintadoportal.com)
Ver e fazer
A beleza natural do Vale do Douro,
Património Mundial da UNESCO,
colocam-no entre os mais belos
locais do planeta e é garantia
de panorâmicas que deixam os
visitantes sem palavras. Mas há
muito mais ideias para colocar no
seu bloco de notas. Como ponto
de partida, poderá visitar as várias
caves do vinho do Porto, em Vila
Nova de Gaia. Depois, siga até
Baião e descubra a Fundação Eça
de Queiroz, bem como o Mosteiro
de Santo André de Ancede. Na
Régua, é incontornável visitar
o Museu do Douro e fazer uma
viagem no tempo, de comboio, até
ao Tua (com paragem obrigatória
na histórica estação do Pinhão).
Em Lamego, capital cultural do
Douro, destaca-se o Santuário
de Nossa Senhora dos Remédios
e, em Vila Real, é obrigatória uma
visita à Casa de Mateus.
Caso deseje programas completos,
tanto a nível de roteiros, como de
viagens de barco ou de momentos
de aventura, existem várias
empresas com que pode contar.
A Cenários D’Ouro(*)
(www.cenarios.pt), a Navileme(*)
(www.navileme.com) e a Walk
on Wind(*) (www.walkonwind.eu)
são algumas das muitas opções a
considerar.
Comer
The Yeatman
Merecedor de um «garfo de
platina» na última edição do
guia Boa Cama Boa Mesa, é um
verdadeiro festim para os sentidos.
(www.the-yeatman-hotel.com)
Barão de Fladgate (*)
Localizado nas Caves do Vinho do
Porto Taylor´s, oferece uma cozinha
de autor e uma belíssima vista para
o rio.
(www.tresseculos.pt)
Casta e Pratos
Restaurante, wine bar, lounge e
Informação na Net prepare-se para ir para fora... cá dentro.
Sites que não deve deixar de consultar: www.douro-turismo.pt; www.douronet.pt; www.cavesvinhodoporto.com;
www.ivdp.pt; www.viniportugal.pt
loja gourmet, é uma verdadeira
referência desta região.
(www.castasepratos.com)
Douro In
Vista deslumbrante, decoração
com assinatura de Philippe Stark e
cozinha de respeito.
(www.douro-in.com)
D.O.C.
Rui Paula transformou este projeto
numa espécie de case study.
Um espaço debruçado sobre o rio,
fora dos centros urbanos, que é um
dos melhores restaurantes do País.
(ruipaula.com/web)
( )
* Benefícios para titulares de
cartões CGD. Saiba quais os
cartões e todas as vantagens
em cada um dos parceiros
em www.vantagenscaixa.pt.
CARTÃO CAIXADRIVE
BENEFICIE DE DESCONTOS DE 3%,
NO MÁXIMO DE 20 EUROS MENSAIS,
NAS COMPRAS E ABASTECIMENTOS
EFETUADOS COM O CARTÃO CAIXADRIVE(1)
NAS ESTAÇÕES DE SERVIÇO DA REPSOL
EM PORTUGAL, BENEFICIE DE MAIS 3%
DE REEMBOLSO SUPLEMENTAR SOBRE
AS COMPRAS E ABASTECIMENTOS
EFETUADOS NA REPSOL, NUM MÁXIMO
DE 3 EUROS MENSAIS, SE EFETUAR
COMPRAS DE VALOR SUPERIOR A 250
EUROS NOUTROS COMERCIANTES..
AS COMPRAS EFETUADAS NAS ESTAÇÕES
DE SERVIÇO DA REPSOL EM PORTUGAL
BENEFICIAM, AINDA, DA ISENÇÃO
DA COMISSÃO DE ABASTECIMENTO
DE COMBUSTÍVEL. OS TITULARES
DO CAIXADRIVE BENEFICIAM, TAMBÉM,
DE UM PACOTE DE SEGUROS E DE
VANTAGENS EM PARCEIROS ASSOCIADOS
A ESTE CARTÃO.
(1)
TAEG DE 22,6%, PARA UM MONTANTE
DE € 1.500, COM REEMBOLSO A 12 MESES,
À TAN DE 20,50%.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
45
r
roteiro
SERRA DA ESTRELA
A neve e o queijo
Em busca do ponto mais alto de Portugal continental,
é um destino incontornável durante a estação mais fria do ano
Por Pedro Guilherme Lopes
Ilustração Marta Monteiro/www.re-searcher.com
covilhã Terra da indústria da lã, berço
de descobridores de quinhentos, é, hoje,
uma cosmopolita cidade universitária.
Localizada a 20 Km do ponto mais alto de
Portugal continental, a Torre, é um excelente
ponto de partida para a descoberta da Serra
da Estrela. Siga rumo ao Lago Viriato, perca
vários minutos com as impressionantes
panorâmicas que vão desde a Varanda
dos Carqueijais até às Penhas da Saúde e
alcance a já citada Torre, onde se situam as
pistas de esqui.
1
seia Nas suas origens, encontramos as
artes da pastorícia (e, na nossa memória, o
excelente documentário de Jorge Pelicano,
Ainda Há Pastores?) e do fazer do queijo,
não sendo de estranhar se se cruzar
com um dos emblemáticos cães Serra da
Estrela que ajudavam a tomar conta dos
rebanhos. É aqui que fica o incontornável
Museu do Pão que, como o próprio nome
indica, preserva a história do pão português
e oferece, ainda, um dos mais famosos
restaurantes do País.
mais autêntica. E, garantimos nós, as doses
chegam a dar para três.
celorico da beira Terras de castelos
povoadas de lendas. Da Aldeia Histórica de
Linhares aos campos vistosos do vale do
Mondego, que sobem às veigas planálticas
do Baraçal e Açores, o que não faltam são
encantos naturais e culturais, bem como
locais onde pode provar o tradicional
Queijo da Serra que, de Dezembro a Maio,
desponta nas famosas Feiras de Queijo de
Celorico e Carrapichana.
4
2
gouveia Chamam-lhe a «Princesa
da Serra» e a verdade é que é fácil
enamorarmo-nos por ela. Os artísticos
jardins públicos e os espaços verdes bem
cuidados são uma imagem de marca, tal
como a sua ligação à cultura, sendo este
concelho berço de dois dos maiores vultos
nacionais nessa área: o Mestre Abel Manta
(indesculpável estar em Gouveia e não
visitar o Museu de Arte Moderna) daqui
saiu, aos 16 anos, para estudar pintura na
Escola de Belas Artes, em Lisboa; e Vergílio
Ferreira, que viria a tornar-se um dos
maiores escritores contemporâneos. Diz-se,
também, que a cozinha tradicional da Serra
encontra em Gouveia a sua expressão
3
46
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
guarda A cidade da Guarda é um
hino ao granito, cantado na arte românica
da Capela do Mileu, no estilo gótico e
manuelino da sua Sé Catedral, ou nas ruas,
praças e muralhas da sua cidade medieval.
Não deixe de visitar, também, o Museu da
Guarda, uma das maiores atrações.
5
belmonte O Ecomuseu, o Museu do
Azeite e o Museu Judaico são referências, e,
como há muito para ver, aproveite para ficar
alojado na belíssima Pousada do Convento
de Belmonte.
6
manteigas Típica povoação de
montanha, a 700 metros de altitude,
recolhida no belíssimo vale glaciar do rio
Zêzere, todo ele verde, com muitas casas e
igrejas caiadas de branco e, em muitos dias,
de neve. As tecelagens de colchas e tapetes
em tear manual podem ser vistas, ao vivo,
no Centro de Artesanato, antes de começar
a subir rumo ao Vale do Rossim, um ecoresort onde poderá experimentar dormir
num Yurt, ou seja, numa tenda mongol, tão
branca quanto a neve, preparada com todas
as comodidades.
7
Cx
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f
fugas
C H A L É S D E M O N TA N H A
Ares da serra
Transfigura-se a cada estação, mas é quando
se veste de manto branco, no inverno, que ganha ainda mais vida.
Seguimos a direção do Parque Natural da Serra da Estrela para redescobrir
os seus encantos. Nos Chalés de Montanha
Por Luís Inácio
eixámos para trás Lisboa, a A1
e a A23 e, enquanto fazemos as
últimas curvas que nos separam
da chegada ao destino, vêm-nos
à memória dias de infância,
quando a maioria das romarias
à Serra da Estrela se faziam em autocarro,
em excursões organizadas. Nos tempos em
que o contacto com a neve parecia mesmo
uma coisa inatingível, só vista na televisão
(a preto e branco) e em que a nossa maior
serra estava a um dia inteiro de distância
da capital. Hoje em dia, esse percurso ficou
mais fácil. As novas acessibilidades permitem
uma viagem muito mais tranquila, deixando
a experiência da neve a pouco mais de duas
horas e meia de distância.
O ar puro e a extraordinária gastronomia
serrana põem os sentidos em alerta e
há sempre qualquer coisa de novo para
descobrir a cada visita. No nosso caso, corpo
e alma já estão em «modo serra». Passamos
pela Covilhã, conhecida como «porta» da
Serra da Estrela, e tomamos o caminho das
D
48
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
Penhas da Saúde pela Nacional 339. O nosso
destino são os Chalés de Montanha, um dos
três empreendimentos do Grupo Turistrela
na região. E dos três, este é aquele que
convida a uma evasão claramente diferente,
num espaço mais intimista.
A construção dos chalés foi iniciada há
13 anos e se há projeto que, de facto, não
levanta dúvidas pela forma como se integra
na paisagem é este. Construídos recorrendo,
sobretudo, à madeira, seguindo técnicas de
construção de montanha, cada chalé é uma
verdadeira casa que se revela aos nossos
olhos. Entramos diretamente para a sala de
estar. Quentinha, ao contrário dos três graus
A SUBIDA À SERRA
É SEMPRE O GARANTE
DE UMA TEMPORADA
BEM PASSADA
que se faziam sentir antes no exterior. Cada
um dos 28 chalés Classic estão equipados
com kitchenette – com fogão elétrico,
micro-ondas e frigorífico –, duas casas de
banho e três quartos. Os espaços comuns
situam-se todos no piso inferior e uma escada
de madeira conduz aos quartos, no piso
superior.
O conforto é a palavra de ordem e a
privacidade é a pedra de toque nesta proposta
de alojamento. Mas aqui, mais do que o
conforto – que o tem, e em boas doses – o
luxo é o recato, a liberdade de ter uma chave
na mão e uma casa sempre ao dispor para
desfrutar da serra em pleno nos horários que
mais convierem. A Torre e a estância de ski
não ficam longe e está tudo logo ali à mão. As
facilidades do Hotel Serra da Estrela estão a
dois passos e o charmoso Dharma SPA logo
ali ao lado. Aliás, além de tudo o que a serra
tem para dar, seria um crime não fazer, pelo
menos, uma visita a este spa, situado num
edifício que viajou, tábua por tábua, de outras
paragens e foi integrado no aldeamento
1
3
2
4
1 quarto Relaxante atmosfera cosy
2 estrela O chalé presidencial
constitui uma oferta de topo
3 panorâmica Os chalés
estão situados nas Penhas
da Saúde, com vista privilegiada
para o vale da Cova da Beira
4 integração Foram utilizadas
técnicas de construção
de montanha, resultando numa
excelente integração na paisagem
Cx
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49
f
fugas
dos Chalés de Montanha. Será, muito
provavelmente, o mais rústico spa ao nível
nacional, oferecendo um completo pacote
de tratamentos que engloba, entre outras,
massagens Shiatsu e Ayuryoga e terapias com
vinho, chocolate e bambu.
O Dharma SPA também tem sauna
e conta com uma piscina aquecida e
jacuzzi permitindo um banho ofurô ou um
circuito completo de águas. Na verdade,
só o contacto com o interior do edifício
transmite, imediatamente, uma sensação
de bem-estar e a simpatia da equipa trata
do resto. Bem-vindo à energia positiva.
izinho do Dharma SPA, o
Chalé Presidencial eleva a
estada para um nível de topo,
comparável ao alojamento
num hotel de cinco estrelas.
Dos 29 chalés sob a alçada da
Turistrela este foi pensado, exclusivamente,
para clientes exigentes e é, sem dúvida,
uma referência pelo nível de conforto que
proporciona. Embora a disposição seja muito
semelhante à dos restantes, com os quartos
no piso superior, a tipologia é diferente e o
espaço e a atenção aos pequenos detalhes
impressionam. Com capacidade para receber
V
oito pessoas em quatro quartos duplos,
conta com peças de mobiliário e decoração
específicas e uma das casas de banho está
inclusivamente equipada com uma banheira
de hidromassagem. Com uma localização
privilegiada – fica situado num dos extremos
do aldeamento –, tira partido da vista
fantástica sobre o vale da Cova da Beira. A
luz natural faz-se também convidada e entra,
generosamente, sem bater à porta, ajudando
a criar uma atmosfera muito cosy de onde
não apetece sair.
Só que o chamamento da montanha é
mais forte e não faltam motivos para partir
à descoberta das diversas atividades que a
Serra da Estrela permite. Cada estação tem
os seus encantos e se a contemplação é, sem
dúvida, um dos grandes prazeres que se pode
tirar dos dias passados na serra, em pleno
inverno é, obviamente, a neve que faz as
delícias de toda a família. Gorro na cabeça,
luvas nas mãos, um cachecol, bons casacos
e ala para a Torre! A prática de desportos
radicais é uma das muitas possibilidades da
Estância Vodafone, que, além das nove pistas
e do snowpark, põe à disposição dos visitantes
uma escola de esqui e snowboard com aulas
de uma ou duas horas.
3
5
1
4
2
1 corpo O edifício, rústico,
do Dharma SPA veio de
outras paragens
2 água A piscina aquecida
e o jacuzzi proporcionam
momentos de bem-estar
3 estância Divertimento assegurado
com possibilidade de ter aulas
de ski ou snowboard
4 mesa Os pratos regionais são
a especialidade do restaurante
Medieval, no Hotel Serra da Estrela
5 radical Snowboard para todos
os níveis no topo da serra
50
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Guia de Viagem
Como ir
a Serra da estrela, além dos
desportos de inverno, há
aldeias históricas e toda
uma gastronomia rica para
descobrir. Mas também pode,
por exemplo, mergulhar
no gelo das lagoas da serra ou agendar
um piquenique gourmet a 2000 metros
de altitude (ver caixa). Todavia, para uma
superior experiência gastronómica, quem está
hospedado nos chalés nem precisa de entrar
no carro. Basta percorrer, a pé, os poucos
metros que o separam do Hotel Serra da
Estrela e descobrir os restaurantes Medieval
ou Nave da Areia. Este último propõe na
carta iguarias regionais como Bochechas de
Porco no Forno com Couves Amassadas em
Azeite D.O.P. ou Filetes de Truta Marinados
e em Tempura com Arroz de Feijocas.
N
Com o regresso a casa à vista, começam
já a ficar na memória os bons momentos
passados na montanha. Enquanto voltamos a
fazer as malas, preparando a saída do chalé,
revemos as aventuras e começamos a pensar
na possibilidade de marcar nova subida
à serra. Na bagagem levamos as pilhas
recarregadas e muita vontade de voltar.
Os Chalés de Montanha oferecem aos
titulares de cartões da CGD 20% de desconto no
alojamento. O desconto é válido na modalidade
de alojamento e pequeno-almoço e para reservas
individuais (inferiores a 20 pessoas). A oferta
não é válida para programas especiais (Natal,
fim de ano, dia dos namorados, Carnaval
e Páscoa).
Saiba quais os cartões abrangidos por esta
oferta em vantagenscaixa.pt.
De Lisboa ou do Porto, siga pela
A1, deixando-a na saída de Torres
Novas, em direção à A23. Prossiga
na A23 em direção à Covilhã. Ali
chegado, siga o caminho para
a serra pela N339. Os Chalés
de Montanha vão surgir-lhe
à esquerda nesta estrada,
nas Penhas da Saúde.
Os Chalés de Montanha standard
estão disponíveis com preços a
partir de 330 euros por noite na
época A e 150 euros por noite na
época B. O Chalé Presidencial está
disponível a partir de 750 euros na
época A e 600 euros na época B.
turistrela.pt
O que fazer
A Turistrela propõe diversas
experiências aos visitantes
da Serra da Estrela. Pode, por
exemplo, divertir-se a pescar nas
lagoas da montanha num pacote
com alojamento, pequeno-almoço
e licença diária de pesca de truta.
Também pode passear a cavalo ou
numa canoa, descer 600 metros
em slide seguido de um passeio
em BTT, jogar paintball ou
descobrir um tesouro a 2000
metros de altitude. Informe-se na
receção do Hotel Serra da Estrela.
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51
finanças
LITERACIA FINANCEIRA
Os hábitos e a crise
A crise financeira tem vindo a alterar alguns padrões
de consumo que se tinham enraizado na última década
OS INDICADORES SÃO VÁRIOS e alguns,
como o aumento do número de pessoas que
leva o almoço feito de casa, até merecem ser
capa de revistas de referência, como a Visão.
A verdade é que, de uma forma geral, a crise
levou as famílias portuguesas a colocarem
um travão no consumo, devido às medidas
de austeridade.
A menor utilização do automóvel,
substituído por transportes públicos,
bicicletas e até percursos feitos a pé, é outro
dos exemplos. Os últimos números da
Direção-Geral de Energia indicam que o
consumo de gasolina caiu 16 por cento, desde
2010 até agosto do ano passado, tendo o
consumo de gasóleo deslizado 12,8 por cento.
Outro sinal é dado pelos números referentes
a vendas de veículos ligeiros: caíram perto de
38 por cento, em 2012. A menor utilização
do carro implica, igualmente, maiores
dificuldades para o turismo. Passar um fim de
semana fora, mesmo que dormindo apenas
uma noite no destino escolhido, representa
um gasto extra impossível para milhares de
famílias. E, de poupança em poupança, vai-se
menos ao cinema, ao teatro, a exposições e
a outras manifestações culturais, bem como
aos ginásios, mesmo que a sua utilização não
tivesse como prioridade questões estéticas.
Com tanta preocupação, não admira
52
Cx
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que os números avançados pela Sociedade
Portuguesa de Neurologia revelem que 40 a
60 por cento dos portugueses sofre de insónia
e tem depressão.
O lado… menos mau
Não haverá um lado bom associado a uma
crise económico-financeira, mas pode haver
um lado menos mau. Este repensar de hábitos
acaba por sublinhar o lado solidário do povo
português. Por exemplo, em 2012, mais de
233 mil pessoas entregaram 0,5 por cento
do seu IRS a instituições de solidariedade, o
que representa um aumento de 17 por cento
face ao verificado em 2011. E, a cada nova
campanha de recolha de alimentos, é pronta
a resposta às necessidades alimentares de
inúmeras famílias. Também o ambiente acaba
por beneficiar com a mudança de hábitos. A
menor utilização do carro, tal como o maior
cuidado na utilização da eletricidade em nossas
casas, ajuda a reduzir a pegada carbónica.
Depois, há uma nova forma de encarar
as idas às compras: aposta-se no realmente
necessário, ao invés de levar para casa extras
que alimentavam o prazer da gula, mas
que, hoje, representam vários euros a mais
na carteira. E, tanto em termos alimentares
como no que toca à compra de vestuário, as
marcas menos conceituadas – tantas vezes
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
DAS CRIANÇAS E JOVENS
A European Banking Federation
(EBF) divulgou, recentemente,
o seu relatório sobre Educação
Financeira das Crianças e
Jovens. Considerando que
representam perto de 32,1 por
cento da população mundial, o
relatório pretende demonstrar
a importância de incluir na sua
aprendizagem uma componente
de Educação Financeira.
A publicação refere quatro
iniciativas promovidas ou
patrocinadas pela Caixa e com
grande impacto junto das
crianças e jovens portugueses:
• O parque temático Kidzânia
(www.kidzania.pt);
• A Exposição
Educação+ Financeira
(http://pmate.ua.pt/
educacaomais);
• O site Saldo Positivo
(www.saldopositivo.cgd.pt);
• E o micro-site Ciclo da Poupança
(www.ciclodapoupanca.com).
Esta referência num
relatório internacional é o
reconhecimento do empenho
da CGD na promoção do
conhecimento financeiro junto
das gerações mais novas e na
construção de uma sociedade
mais sustentável.
desprezadas em função de uma espécie
de afirmação pessoal – ganham cada vez
mais terreno como forma de utilização: um
estudo da consultora Nielsen indica que,
em 2011, os produtos de marca própria já
representavam 46 por cento do volume total
de vendas alimentares nas mercearias, super e
hipermercados.
E, já que de roupa falamos, há quem tenha
passado a costurar para si… e para fora.
Daí nasceram novos negócios, espalhados
pelas mais diversas áreas. Esta capacidade
empreendedora dos portugueses, aliada à sua
qualidade, traduz-se em diversos casos de
sucesso que, diariamente, e apesar do cinto
bem apertado, teimam em contrariar a crise
e passar uma mensagem de esperança.
Saiba mais sobre finanças pessoais
em www.saldopositivo.pt.
Foto: Getty images
f
C A I X A D I R E C TA
Eis a App Caixadirecta!
Um acesso cómodo e único à Caixa, através de qualquer
computador ou tablet com sistema operativo Windows 8, da Microsoft
FOI PRIMEIRO LUGAR no concurso The Best
Mobile Banking App, realizado pela European
Financial Management & Marketing
Association, em Paris, fruto da sua qualidade,
capacidade de inovação e diferenciação.
Falamos da App Caixadirecta, uma nova
experiência de gestão do seu património
financeiro, onde, de modo interativo, pode
consultar as suas contas, fazer transferências
e pagamentos ou solicitar o apoio do seu
Gestor.
Foto: iStockphoto
Além disso, a App Caixadirecta permite:
• Poupar de forma simples e rápida. Basta
carregar no botão PAP e o montante,
previamente definido por si, será transferido, de
imediato, da sua conta à ordem para uma conta
de poupança;
• Saber onde estão as Agências mais perto de si.
Como fazer
Para aceder à App Caixadirecta, o seu
computador ou tablet terá de ter o sistema
operativo Windows 8. Após aceder à loja
Windows Portugal(1) e fazer a instalação da
aplicação, deverá:
• Colocar o número de contrato e o código de
acesso que utiliza no Caixadirecta;
• Em seguida, ler e aceitar a mensagem de
ativação da aplicação Windows 8, selecionando
a check box «Li e aceito»;
• E, depois, selecionar «Entrar».
Terá, então, acesso a um conjunto de
funcionalidades que poderá utilizar de imediato.
Deve ter em conta que, para sua segurança, será
solicitada a matriz ou o SMS Token no ato de
confirmação e validação de algumas operações,
tal como sucede no Caixadirecta on-line.
A instalação e a utilização da App
Caixadirecta são gratuitas. Ao aceder à App
Caixadirecta para Windows 8, paga apenas os
custos de utilização da Internet ao respetivo
operador, de acordo com o tarifário escolhido
por si. Já o preçário das operações realizadas
na App Caixadirecta é igual ao do Caixadirecta
on-line.
Recomendações de Segurança
Destacamos, ainda, um conjunto de
recomendações de segurança que deverá
seguir para uma melhor utilização da App
Caixadirecta:
• Não instale aplicações ou programas de
origem desconhecida no seu computador,
telemóvel ou tablet. Informe-se sempre da sua
origem;
• Duvide sempre de aplicações ou programas
com nome e imagem da Caixa. Existem
aplicações e programas nas lojas dos diferentes
ARREDONDE
COM O SEU CARTÃO
Ao efetuar compras com
determinados cartões, pode
beneficiar do arredondamento
das compras realizadas,
revertendo o montante
do arredondamento,
automaticamente, para uma
conta de poupança, PPR ou
fundo de pensões, conforme
o cartão utilizado. É muito
simples, basta pedir em
qualquer Agência da Caixa ou
no serviço Caixadirecta Telefone
para associar um dos três
programas de arredondamento
à escolha a um cartão
da Caixa elegível. Saiba mais
em www.cgd.pt.
sistemas operativos cujo nome, identidade e
imagem são aparentemente da Caixa, sendo,
porém, iniciativas não oficiais de utilização
abusiva da marca e serviços da CGD. Estas
aplicações não são recomendadas pela Caixa e
não devem ser utilizadas no acesso ao serviço
Caixadirecta. Antes de instalar qualquer
aplicação, consulte a área de aplicações oficiais
da Caixa (ver no final);
• Leia e consulte com frequência as mensagens
de segurança que a Caixa disponibiliza em
www.cgd.pt/seguranca ou na página de acesso
ao serviço Caixadirecta.
Para conhecer esta e outras aplicações
oficiais da Caixa, consulte www.cgd.pt/
Seguranca/APP/Pages/APP.aspx.
› Aponte a câmara do
telemóvel ou tablet para
este código, recorrendo
a uma aplicação de
leitura de código 2D
(1) Disponível em http://apps.microsoft.com/
windows/pt-pt/app/caixadirecta/c6aa30ff-a73d40a4-a16a-b53a546c5c14
Cx
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53
i
institucional
P O U PA N Ç A
Poupar é na Caixa
Poupar não tem de ser uma missão impossível. A Caixa disponibiliza-lhe
um conjunto de mecanismos diferentes para o fazer, sempre de forma simples e automática,
de acordo com as suas necessidades
QUER POUPAR E NÃO SABE COMO? A Caixa
tem ao seu dispor dez mecanismos que o
ajudam a tornar essa tarefa mais fácil, úteis
para todos os Clientes, tanto os jovens, os
adultos como os avós. E sempre de acordo
com o perfil e as possibilidades financeiras
de cada um.
As contas de poupança são o primeiro
passo. Pensado para jovens adultos,
independentes ou casados, a partir de 100
euros, o Caixa Aforro Poupe Mais(1) é uma
solução que premeia automaticamente a
permanência dos fundos com um spread
crescente. Já a conta CaixaProjecto é
indicada para os filhos e tem uma taxa de
juro crescente, estando disponível a partir
de 25 euros. E quando os titulares atingirem
os 26 anos, é convertida numa conta
CaixaPoupança. Os maiores de 55, por seu
lado, têm à disposição a conta Poupança
Caixa Activa, a partir de 100 euros, sendo
que todas permitem agendar transferências
automáticas, a partir de dez euros mensais.
Tendo a sua conta de poupança(2), pode
agrupá-la a outras dos seus familiares,
através do Caixa Família, um serviço que
ilustra o caráter inovador da oferta da Caixa
e que permite beneficiar de uma taxa de
juro superior à que teria individualmente.
Ou seja, sem abdicar da titularidade e do
regime de movimentação, a taxa de juro é
melhorada e sempre atribuída consoante o
montante global das contas associadas.
Podem aderir ao Caixa Família o cônjuge
do titular da primeira conta, descendentes
até 4.º grau, colaterais ou seus descendentes
até 4.º grau e ascendentes até 2.º grau,
incluindo por afinidade. Podem aderir duas
contas de poupança no mínimo, desde que
não tituladas apenas por cônjuges, sendo
a primeira titulada por um maior de 18
anos. Com prazo de 181 dias, renovável
automaticamente, e pagamento de juros
semestral, este serviço permite a mobilização
antecipada, com perda total de juros sobre o
valor mobilizado.
Além disso, conta, ainda, com os cartões
da Caixa, através dos quais poderá poupar
no seu dia a dia, por exemplo, através
do mecanismo de cashback, em que uma
percentagem do montante gasto em compras
é devolvida na sua poupança (na conta
de poupança, PPR ou Fundo de Pensões,
conforme o cartão). Pode, também, recorrer
ao programa de arredondamento das
compras efetuadas com os cartões da Caixa,
exceto o Made by, revertendo o montante
arredondado automaticamente para a sua
poupança (conta de poupança, PPR ou
Fundo de Pensões, conforme o cartão).
Os cartões LOL para os mais novos
(ver pág. 61), o serviço GAT para Clientes
Caixazul e Residentes no Estrangeiro e o
reforço automático numa conta de poupança
por vencimentos de depósitos são outras das
soluções que poderá subscrever.
São, pois, muitas as razões para poupar
na Caixa. Com Certeza.
(1) Disponível para Clientes particulares com domiciliação
de rendimentos e cartão de crédito e cartão de débito/
débito diferido e serviço Caixadirecta ou cujo montante de
constituição seja totalmente proveniente de outra Instituição
de Crédito.
(2) Válido para Caixapoupança, Caixapoupança Emigrante,
Poupança Caixa Activa, Caixapoupança Reformado,
Caixapoupança Rumos, CaixaProjecto e CaixaProjecto
Emigrante.
54
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C A R TÃO M A D E BY
Feito por e para si
O Made By é uma solução inovadora, em que cada utilizador cria um cartão único e à sua medida.
Um cartão personalizado para cada um dos quatro milhões de Clientes da Caixa
> Porque a Caixa entende as necessidades
e os desejos dos seus Clientes;
> Porque a Caixa quer tornar possível, a cada
um, experiências ímpares com a utilização
dos seus produtos e serviços;
> Porque a utilidade intrínseca a cada um
dos seus produtos e a criação de valor para
o Cliente são importantes na composição da
oferta que apresenta ao mercado;
> E porque a Caixa pretende que os seus
Clientes se revejam, literalmente, nos seus
produtos…
A Caixa lançou o Made by(1), um cartão
inovador que permite ao Cliente personalizar
totalmente o seu cartão, desde a imagem
ao pacote de funcionalidades e serviços
associados. É possível a escolha das
características mais úteis ou convenientes
a cada Cliente, permitindo evitar custos
supérfluos em atributos não valorizados
ou não pretendidos.
Como todo o Cliente é único, o Made By
tem mais de mil combinações à escolha, com
o objetivo de servir as suas necessidades e
interesses. Entre outras, pode escolher:
> A imagem, optando por uma fotografia da
propriedade do Cliente (através de upload), por
uma da galeria de imagens disponibilizada pela
Caixa ou pela imagem standard;
> Um dos seguintes programas de lealdade,
que premeiam a utilização do cartão (em
compras e cash-advance):
• Cashback, que lhe devolve para
a conta-cartão até 1% do valor das
suas compras, a partir de um volume
acumulado mensal de 100 euros, com
devolução máxima de 50 euros por mês;
• Pontos, para quem é titular do Fast
Galp;
• Milhas, para os Clientes interessados
no Programa Miles&More da Lufthansa,
podendo as milhas acumuladas ser utilizadas
em qualquer companhia aérea da rede Star
Alliance, que inclui a TAP.
> Não associar qualquer programa de
lealdade;
> Um pacote de seguros base, médio ou
alargado;
> A modalidade de pagamento que mais lhe
convém: 5%, 10%, 25%, 50%, 75% ou 100%
do total em dívida, por débito automático da
conta à ordem associada.
Alvo de escolha é também o valor da
mensalidade, em função dos atributos
escolhidos, variando entre 1 e 2 euros(2)
e sendo devolvida sempre que a utilização
mensal do cartão seja igual ou superior
a 250 euros. O cartão Made By tem,
ainda, associado um conjunto alargado
de descontos e benefícios em inúmeros
parceiros da Caixa, que pode consultar
em www.vantagenscaixa.pt.
Resumindo:
> É um avô ou avó babado(a)? Que tal
oferecer a si próprio(a) um cartão de crédito
que, com custos à sua medida, permite trazer
consigo uma foto dos netos?
> Gosta de viajar e já fez uma viagem
marcante? Que tal trazer na carteira um
cartão que, além de o ajudar a suportar os
custos das viagens e de o apoiar nas despesas
nos destinos que escolhe, permite recordar
aquelas férias únicas?
> É jovem e precisa de um cartão de crédito
com um custo aceitável, exatamente à medida
do que valoriza e quer pagar?
> É um pai ou mãe de família e está
interessado em atos de poupança? Que tal
passar a trazer consigo uma foto da família e
escolher a funcionalidade de cashback?
O Cartão Made By foi já reconhecido
internacionalmente como o cartão mais
inovador na categoria de design, em 2011,
em Paris, nos Trophées 2011 Innovative
Cards, uma iniciativa da Publi News. Mas o
melhor reconhecimento não é o dos prémios
recebidos. É o seu. Este cartão é feito por si
e para si. Um Cliente satisfeito é aquele que
adquiriu um produto ou um serviço que
correspondeu ao que esperava; um Cliente
encantado é aquele cujas expectativas foram
superadas. E este vai superá-las.
Saiba mais sobre esta proposta pioneira
da Caixa em www.cgd.pt e adira através
do serviço Caixadirecta on-line ou em
qualquer Agência da Caixa..
(1) TAEG de 17,0% a 18,6%, em função da mensalidade
contratada, para um montante de 1500 euros, com
reembolso a 12 meses, à TAN de 15,75%.
(2) Acresce o imposto de selo à taxa de 4%.
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55
i
institucional
C A R TÃO P R É - PAG O
Caixa Break
O cartão Caixa Break é um cartão bancário pré-pago, que permite às empresas efetuarem
o pagamento do subsídio de alimentação aos colaboradores, com benefícios fiscais para ambos
COM O CAIXA BREAK, empresas e colaboradores podem obter
vantagens fiscais, pois o pagamento do subsídio de alimentação neste
cartão é equiparado a um vale de refeição:
> Vantagens fiscais em TSU (23,75%) para as empresas, com redução
de custos;
> Vantagens fiscais em IRS (taxa variável) e TSU (11%) para os
colaboradores, aumentando o rendimento disponível.
Recarregável apenas pela entidade patronal, este cartão pode ser
utilizado até ao limite do saldo em todos os estabelecimentos do
setor alimentar, associados às redes Multibanco e Mastercard, como
supermercados, comércio tradicional da área alimentar, restaurantes
ou cafés. Além disso, pode, também, realizar pagamentos em lojas
virtuais dos comerciantes do setor alimentar, com a utilização
de CVC2 (verso do cartão). A consulta do saldo
e dos últimos movimentos efetuados no serviço
Caixautomática e na rede Multibanco,
assim como a alteração do número
de identificação pessoal em ATM são outras
das opções disponíveis.
Trata-se, portanto, de um cartão prático e
muitíssimo vantajoso, fácil e flexível na sua utilização, que pode
permitir uma redução de custos para a empresa e o aumento
do rendimento dos colaboradores. Mais informações em
www.cgd.pt ou em qualquer Agência da Caixa.
CONHECE O GESTOR ON-LINE?
DEPÓSITOS CAIXAZUL NETPR@ZO
SOLUÇÕES EXCLUSIVAS PARA CLIENTES CAIXAZUL
Uma oferta de depósitos a prazo on-line exclusivos Caixazul, com prazos diversificados e
taxas de remuneração atrativas, disponível, com toda a facilidade e comodidade, através
do serviço Caixadirecta on-line, a partir de 500 euros.
Prazo: 365 dias
Prazo: 181 dias
Prazo: 90 dias
TANB:
2,05%
TANB:
2,35%
12M
TANB:
1,40%
6M
Renovação automática: Não
Montante: €500 a €50 000
Remuneração: Fixa
Mobilização antecipada: Sim, com perda de juros corridos
Para mais informações, contacte o seu Gestor Dedicado ou consulte o site
http://caixazul.cgd.pt
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3M
Os Clientes da Caixa podem contar com o seu
Gestor também nos canais on-line, mobile
e App Windows 8 (disponível em PC e tablet
com este sistema operativo, ver pág. 53).
A qualquer hora, em qualquer lugar, todos
os dias do ano, o acesso permanente ao
Gestor oferece apoio, tanto na contratação de
produtos como na realização de operações
mais simples ou na resposta a questões
relacionadas com o seu património. Este apoio
permite, a qualquer momento:
• Pedir o contacto do Gestor ou, caso lhe seja
mais conveniente, do contact center;
• Enviar-lhe uma mensagem segura, com
opção de aviso de resposta;
• Conhecer as oportunidades selecionadas
para si;
• Agendar uma reunião com o seu Gestor
Dedicado (para Clientes Caixazul e Caixazul
Internacional).
Gestor on-line: um serviço inovador, cómodo,
seguro e de acesso gratuito. Atendimento
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vantagens aos Clientes que a escolhem como
o seu banco principal. Basta domiciliar o
ordenado, a pensão ou outro rendimento
regular para ter os seguintes benefícios:
> Isenção da comissão de manutenção da
conta à ordem;
> Facilidade de antecipação do ordenado até
30 dias, com o Caixaordenado(1), no qual
não são cobrados juros até 0,55 euros, o que
equivale a utilizações até 250 euros, durante
sete dias;
> Benefícios na remuneração do serviço Caixa
Família, para rendimentos domiciliados acima
de 500 euros, extensivo a todos os familiares
aderentes.
Mas as vantagens não ficam por aqui
À medida que o relacionamento com a Caixa
evolui, os benefícios vão também aumentando.
Juntando à domiciliação de rendimentos os
produtos bancários básicos que facilitam a
gestão financeira diária (ver quadro), tem
acesso a muitas outras vantagens:
> Depósitos a prazo com taxa de juro
majorada – Depósitos Mais;
> Produtos de investimento e de poupança
exclusivos, em campanhas;
> Benefícios em novas operações de crédito
pessoal para formação(2), saúde(3) ou energias
renováveis(4);
> Benefícios no crédito à habitação, em
imóveis propriedade do Grupo Caixa;
> Descontos(5) na compra de Planos de Saúde
Multicare(6), Cartões Activcare(6), Seguro de
Acidentes Pessoais-Caixa Proteção Total(6),
Seguro de Acidentes de Trabalho Empregada
Doméstica(6) e Seguro Viagem(6). Conheça-os
na sua Agência da Caixa;
> Oferta(5) de vouchers com descontos nos
Hospitais Privados de Portugal, na compra
dos seguros(6) Caixa Protecção Vida, Caixa
Woman, Pack Recheio, Seguro Help-a-Home
e, para o seguro Automóvel Líber 3G,
descontos em oficinas aderentes.
São, pois, muitas as razões e vantagens
para domiciliar o seu rendimento e optar
pela Caixa como seu parceiro financeiro. E
se aderir aos produtos básicos referidos em
conjunto, através do Pacote Caixa, beneficia
de ofertas adicionais.
Não perca a oportunidade e visite uma
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Pode, também, utilizar o serviço Caixadirecta,
através do 707 24 24 24, disponível 24h por
dia.
PRODUTOS BÁSICOS
PARA A GESTÃO
FINANCEIRA DO DIA A DIA:
> Conta à ordem com rendimento domiciliado;
> Serviço Caixadirecta;
> Cartão de débito ou débito diferido;
> Cartão de crédito.
(1)
TAEG 12,6% para uma utilização de crédito de €1500 pelo prazo de 3 meses à TAN de 11,45%, contratado separadamente.
TAEG de 4,1% calculada com base numa TAN de 3,560% (Euribor 3M + 3,375%), em janeiro de 2013, para um crédito de € 12 000, com prazo total de 16 anos (3 anos de utilização + 3 anos de
diferimento + 10 anos de reembolso) e garantia de fiança. Prestação na fase de utilização: €37,10. Prestação na fase de reembolso: €120,5. MTIC: €15 249,04.
(3)
TAEG de 4,3%, calculada com base numa TAN de 3,560% (Euribor 3M + 3,375%), em janeiro de 2013, para um crédito de €30 000, com reembolso a 120 meses e garantia de fiança. Exemplo
para cliente com rendimento médio mensal igual ou inferior a 3 vezes o salário mínimo nacional (€1455 brutos). Prestação mensal €299,00. MTIC: €36 600,57.
(4)
TAEG de 4,7%, calculada com base numa TAN de 4,060% (Euribor 3M + 3,875%), em janeiro de 2013, para um crédito de €20 000, com reembolso a 120 meses e garantia de fiança.
Prestação mensal €204,02. MTIC: €23 760,44.
(5)
Condições válidas para novas adesões na rede CGD.
(6)
Seguros da Fidelidade Mundial Companhia de Seguros, SA, comercializado através da Caixa Geral de Depósitos, SA, na qualidade de mediador de seguros. A Caixa Geral de Depósitos, SA,
doravante apenas CGD, pessoa coletiva n.º 500960046, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa, com o capital social de € 5 900 000 000,00, com sede na Avenida João
XXI, n.º 63, 1000-300 Lisboa, solicitou, em 19 de setembro de 2007, a sua inscrição no Instituto de Seguros de Portugal, na categoria de Mediador de Seguros Ligado, nos Ramos de Seguros
de Vida e Não Vida e respetiva autorização para trabalhar com a Fidelidade Mundial Companhia de Seguros, SA, encontrando-se registada sob o n.º 207186041. Os dados da CGD, enquanto
Mediador de Seguros, estão disponíveis e podem ser consultados no sítio do Instituto de Seguros de Portugal (www.isp.pt). A CGD, enquanto mediador, não tem poderes para celebrar
contratos de seguro em nome do Segurador, nem assume a cobertura dos riscos. A CGD, enquanto Mediador de Seguros Ligado, não tem poderes de cobrança, embora enquanto instituição
bancária possa executar as operações próprias desta atividade, designadamente, as operações de débito em conta ou transferência bancária autorizadas pelo respetivo titular.
(2)
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
57
s
saúde
PREVENÇÃO
Dizer não à dor
ao processo subjacente e assume-se como
doença, devendo ser imediatamente alvo de
uma abordagem multidimensional. A sua
existência diminui o ser humano, condicionalhe a qualidade de vida e interfere nas suas
relações pessoais, lembra José Caseiro.
A dor diminui o ser humano, condiciona a sua qualidade
de vida e interfere nas relações pessoais, pelo que importa evitá-la
A DOR NUNCA É ACEITÁVEL. «É um
dever ético tratá-la enquanto forma de
aliviar o sofrimento», afirma José Caseiro,
coordenador da Unidade de Tratamento da
Dor, do Hospital dos Lusíadas. Enquanto
sintoma, constitui um dos principais
mecanismos de alerta do organismo, sendo
inúmeras as doenças, alterações orgânicas ou
funcionais que se manifestam com dor, pelo
que o seu aparecimento é fundamental. No
entanto, esta utilidade só existe quando
não está em causa o diagnóstico ou
algum processo biológico de alerta.
Ainda assim, o seu alívio é sempre
uma prioridade, mesmo que em
simultâneo com a averiguação
diagnóstica, se isso não a colocar
em causa, sublinha.
Quando a dor é crónica, nunca
há nela qualquer utilidade,
mesmo quando o diagnóstico
não é possível. Assim, a dor
ganha autonomia em relação
MESMO SENDO
CRÓNICA, A
DOR PODE SER
CURADA OU
CONTROLADA
Abordagem multidisciplinar
«A dor, enquanto sintoma, é habitualmente
denominada de dor aguda. A sua causa é
identificável e a sua duração no tempo tende
a ser limitada», explica José Caseiro. «Mas
se não é possível diagnosticar a causa ou,
mesmo quando diagnosticada, não estiver
ao nosso alcance eliminá-la, a dor persiste e,
dependendo da sua localização e do tipo de
estruturas envolvidas, pode ser difícil obter
o seu alívio», afirma o especialista. «É nestas
circunstâncias que a dor evolui no tempo para
uma dor crónica, podendo autonomizar-se
em relação à sua causa e transformar-se, ela
própria, numa doença.» E, tratando-se a dor crónica de uma doença com
complexa intervenção de diferentes
mecanismos fisiopatológicos, não é
expectável que os analgésicos, só por si,
tenham capacidade para a aliviar ou
erradicar.
As síndromas dolorosas mais comuns
são aquelas que envolvem, entre
outras, as patologias osteoarticulares
(espondilartroses, lombalgias,
mialgias), as cefaleias, o sistema nervoso
central ou periférico (como as nevralgias,
os traumatismos nervosos e as infeções), as
doenças reumatismais (artrites), as doenças
oncológicas, a diabetes (neuropatia diabética) e
o aparelho cardiovascular.
Num processo multifatorial como este, exige-se
uma abordagem global, em que a intervenção
decorre a vários níveis: físico, emocional e
psicológico. É também muito importante que
«se esgotem todos os esforços no sentido de
se diagnosticar a causa da dor, pois, mesmo
sendo crónica, se a sua causa estiver ao nosso
alcance, pode, hoje, ser curável ou eficazmente
controlável», esclarece José Caseiro.
O Cartão de crédito HPP Saúde(1) permite a identificação dos Clientes nas unidades HPP Saúde, proporcionando-lhes condições especiais,
nomeadamente descontos até 20% e a possibilidade de fracionarem os pagamentos efetuados nestas unidades com taxas de juro diferenciadas(2). Conheça
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(1)
TAEG de 24,2% para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 19,00%.
(2)
TAEG de 11,6% na modalidade de pagamentos fracionados, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 9,0%, prestação mensal
de 131,63 euros e um montante total imputado ao consumidor de 1590,58 euros.
58
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
e
educação
INTERNET
Janela para o mundo
do trabalho
Há quem a veja como uma vilã, repleta de armas
ao serviço da distração. Se bem aproveitada, porém,
a internet pode revelar-se uma verdadeira aliada laboral,
fazendo disparar os índices de produtividade
Por Ana Rita Lúcio
Trabalho 2.0
Uma das áreas que ficou a ganhar com a
migração online de uma miríade de tarefas
é a do trabalho colaborativo, que passou a
poder ser feito sem que as diferentes pessoas
envolvidas no mesmo projeto tenham de
se encontrar no mesmo espaço. Assim se
passa a poder prescindir, por exemplo,
das reuniões presenciais, muitas vezes
contraproducentes, e a poder apostar em
plataformas que otimizem o funcionamento
da «rede» e o contributo de cada um para
o resultado final. Particularmente na nova
era da web 2.0, em que a interatividade, a
comunicação multidirecional e a ação das
comunidades ganham um novo destaque
no palco cibernético, o envolvimento de
diversos colaboradores no mesmo projeto
sai facilitado. Em causa estão ferramentas de
comunicação como plataformas de instant
messaging, fóruns de discussão, blogs, e
software colaborativo.
> Wiki
Se evocarmos a Wikipédia – provavelmente o
mais famoso dos wikis –, facilmente perceberá
do que se trata. É um software colaborativo,
que permite a edição coletiva de documentos,
recorrendo a um sistema que não exige que
Print
DO OUTRO LADO
DA WEB
A empresas podem, ainda,
utilizar a internet para facilitar
outras áreas de trabalho.
> Lojas virtuais e plataformas
de venda online;
> Software de gestão de
relacionamento com o cliente;
> Aplicações internas de gestão
de negócio;
> Serviços de publicidade e
monitorização de campanhas
de marketing;
> Páginas corporativas em
redes sociais como o Facebook,
o Twitter ou o LinkedIn.
o conteúdo tenha de ser revisto antes de ser
publicado. Para criar o(s) espaço(s) próprio(s)
da sua organização, pode, por exemplo, aderir
à plataforma www.wikispaces.com.
> Grupos
Permitem disponibilizar e partilhar ficheiros,
editar páginas de informação, gerir e
sincronizar calendários, planear tarefas,
comunicar por e-mail intragrupo e criar fóruns
de discussão sobre diferentes matérias. Um
dos exemplos mais conhecidos deste tipo de
plataformas é o Google Groups, de utilização
gratuita e intuitiva. Ela pode ainda ser
complementada com a ferramenta de edição
Google Docs e o software Google Drive, de
armazenamento e sincronização de ficheiros.
> VoIP
São múltiplas as plataformas que possibilitam
a comunicação através da internet, graças a
ligações de VoIP (voz sobre Internet). Para
além dos programas corporativos internos
– na maioria dos casos pagos –, o software
Skype, gratuito, permite conjugar diversas
funcionalidades, como conversa, chamada
telefónica, videoconferência, envio de
ficheiros e consulta do histórico das conversas
e chamadas.
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
Foto: iStockphoto
QUEM NUNCA ESPREITOU um e-mail
acabado de receber na sua conta pessoal ou
pagou uma conta que estava prestes a vencer,
que atire a primeira pedra. Desde que não
se torne um hábito e que jamais ponha em
causa o cumprimento das funções que lhe
estão alocadas, aceder à Internet para tratar de
algum assunto urgente, não é pecado. Ainda
assim, há quem acredite que o acesso a certos
conteúdos pode ser prejudicial ao ambiente
de trabalho, daí que algumas empresas
monitorizem ou cheguem mesmo a bloquear
a consulta de determinados endereços.
No entanto, mais do que uma ameaça ao
bom desempenho corporativo, a internet
é, cada vez mais, entendida como uma
importante ferramenta de trabalho, que
pode abrir novos horizontes, facilitar a
comunicação e a gestão de tarefas, agilizar
processos e potenciar os bons resultados.
59
s
sustentabilidade
YO U N G VO LU N T E A M
Jovens e voluntários
O novo programa da Caixa promove a cultura do voluntariado junto
das escolas secundárias, sensibilizando os jovens para uma melhor consciência social
e preparando-os, simultaneamente, para os desafios do futuro
Por Luís Inácio Fotografia Gualter Fatia
PORTUGAL integra um grupo de países
onde os jovens são menos ativos ao nível do
voluntariado. No nosso País, apenas 10,7 por
cento dos jovens entre os 15 e os 25 anos
participa em ações de voluntariado, um valor
aquém da média europeia e que encontra
o reverso da medalha bem aqui ao lado, na
vizinha Espanha. Tendo em conta o mesmo
grupo etário, nuestros hermanos integram,
precisamente, o grupo oposto, o dos países
onde essa experiência é mais representativa.
Apresentado pela CGD no final do ano
passado, o programa Young VolunTeam
pretende contribuir para a mudança do
panorama atual, sensibilizando a comunidade
educativa para a importância da prática do
60
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
voluntariado, mas, também, desenvolvendo
as competências dos alunos que vão para além
da sala de aula. Falamos de inclusão social,
de educação, de empreendedorismo, emprego
e cidadania.
Novos embaixadores
Proposto a escolas com ensino secundário,
o Young VolunTeam pretende envolver, em
cada estabelecimento de ensino, um grupo
constituído por diversos alunos e um professor,
responsáveis por veicular o programa não só
no seu próprio espaço escolar, mas também
nas escolas do ensino básico e na comunidade
envolvente. Ao longo do ano letivo, serão
os embaixadores de uma nova consciência
social, cabendo-lhes implementar várias ações
de forma a sensibilizar para a questão do
voluntariado. O objetivo final passa por ajudar
a criar um projeto de voluntariado que seja
sustentável a longo prazo na escola.
Em ano-piloto de desenvolvimento,
o programa decorre junto de 25 escolas,
envolvendo centenas de jovens. Maria Gabriela
Silva, diretora do Agrupamento de Escolas
D. Filipa de Lencastre, em Lisboa – um dos
estabelecimentos de ensino envolvidos e palco
de apresentação do Young VolunTeam –,
destaca a sua importância no projeto
educativo: «Permite aos alunos adquirir
competências que, de outro modo, nas
aulas curriculares, não iriam obter, como a
O Young VolunTeam
em números:
Print
• 25 escolas participantes;
• 25 professores responsáveis;
• 97 alunos diretamente envolvidos;
• 20 347 alunos abrangidos nos
TODOS
ENVOLVIDOS
estabelecimentos de ensino secundário;
• 23 grupos no facebook, criados pelas
equipas responsáveis de cada escola;
• Mais de mil membros no total dos grupos
envolvidos;
• Uma página no facebook, onde pode saber
tudo sobre o projeto, em facebook.com/
CGDYoungVolunTeam.
capacidade de empreendedorismo, tomada de
decisões, de organização, trabalho de equipa e
cooperação».
Os alunos envolvidos no programa
começam por receber uma formação inicial,
devendo, depois, transmitir os ensinamentos
aos alunos mais novos, também através de
uma ou várias ações de formação. No final do
ano letivo, cada grupo elaborará um relatório
final das ações levadas a cabo no âmbito do
programa, referindo a forma como o projeto
poderá continuar a ser desenvolvido na escola.
E os melhores terão direito a prémio.
Despertar consciências, olhar o futuro
Mais do que um call to action no que ao
voluntariado diz respeito, o Young VolunTeam
aponta ambiciosas metas, que, a médio
prazo, poderão ser tão visíveis como o
trabalho desenvolvido no terreno por alunos
e professores. Mais do que sensibilizar os
jovens para o voluntariado, estas ações são,
efetivamente, valorizadas pelo sistema de
formação/ emprego, o que poderá ajudar no
processo de avaliação de uma candidatura a
uma universidade estrangeira. Infelizmente,
em Portugal, o voluntariado não é, ainda,
reconhecido como uma competência no
âmbito do sistema de Reconhecimento,
Validação e Certificação de Competências,
mas, por outro lado, as ações de voluntariado
são já bastante valorizadas pelos empregadores
na seleção de candidatos. O programa
garante, assim, aos estudantes de hoje uma
competência profissional que os ajudará, no
futuro, a posicionarem-se no mercado de
trabalho.
Aposta da CGD
O Young VolunTeam prossegue as orientações
da Política de Envolvimento com a
Comunidade, que, inserida na estratégia
de sustentabilidade da CGD, tem vindo a
promover várias iniciativas, desde 2010,
sobretudo, em torno de três eixos estratégicos:
inovação social, cultura e educação e literacia
financeira. É mais uma aposta forte da Caixa,
que, com este programa, contribui para a
valorização dos currículos dos estudantes
portugueses, acrescentando-lhes uma
vantagem competitiva e reconhecimento, quer
em Portugal, quer além-fronteiras.
Aposta da Caixa. E dos seus
colaboradores.
O programa Young
VolunTeam conta com as
parcerias da instituição
Entrajuda e da consultora
Sair da Casca, bem como
com o apoio do Ministério
da Educação e Ciência,
através da Direção-Geral
da Educação, afirmando-se
como uma das faces visíveis
de uma aposta que a Caixa
Geral de Depósitos tem
vindo a fazer nos últimos
anos junto dos jovens e
universitários. Para este
projeto de voluntariado,
tal como noutros, a Caixa
voltou a mobilizar os seus
próprios colaboradores,
que, na figura de padrinhos,
vão acompanhar de perto, a
nível nacional, os trabalhos
de cada uma das escolas
envolvidas. «Vão passar
a experiência da Caixa,
ajudando a construir os
projetos, contribuindo,
nomeadamente, ao nível da
gestão de projeto, da literacia
financeira, bem como na
relação entre a Caixa e as
comunidades escolares»,
assinala Paula Viegas, da
Direção de Comunicação e
Marca da CGD.
EMBAIXADA DA POUPANÇA, ONDE HÁ CARTÕES QUE ENSINAM OS JOVENS A POUPAR
Construir o futuro significa começar a poupar hoje. E poupar hoje significa concretizar os sonhos amanhã. É este o desafio que a Caixa
deixa aos jovens, a exemplo do seu Embaixador da Poupança Jovem, o músico e ator Cifrão. Descubra quais as soluções de poupança da
Caixa mais vantajosas, numa Agência da CGD ou em www.cgd.pt, seja para si ou mesmo para o seu filho ou neto. Por exemplo, sabia que os
jovens podem participar na própria poupança através dos cartões, além destes serem uma ótima forma de aprenderem a gerir o dinheiro?
Os cartões pré-pagos LOL Júnior (a partir dos 10 anos) e LOL (a partir dos 15) ajudam duplamente a poupar. São ideais para programas
com amigos, férias, compras na Internet (LOL) e toda a gestão da mesada e do dia a dia. Limitados ao valor carregado, permitem
controlar melhor todos os gastos e, assim, poupar. Também pode associar, gratuitamente, a função de poupança e, no final dos
meses, o dinheiro não gasto do cartão é acumulado e transferido automaticamente, a partir de 10 euros, para a conta de poupança
CaixaProjecto. Especialmente concebidos para os jovens, estes cartões pré-pagos constituem um meio seguro de pagamento, quando
comparado com a utilização de dinheiro, permitindo desenvolver hábitos de poupança, tão importantes nos nossos dias. O futuro dos
jovens está na Caixa! Com Certeza!
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
61
s
sustentabilidade
Print
O PREÇO
DOS EUROS
As metas definíveis para
o EGA são de teor financeiro,
o fator mais pertinente
quando o «objetivo é mudar
os hábitos de consumo»,
frisa Mafalda.
CONSUMO ENERGÉTICO
Interagir para poupar
Se, desta forma, se conseguir
reduzir a nossa pegada de
carbono, tanto melhor. Mais
ainda, se for de uma forma
mais ou menos lúdica. Há
que ter em conta que o
EGA foi pensado como um
companheiro de casa, um bom
conselheiro, digamos, nunca
como algo a que se «tem de
prestar contas», sob pena de
ser desligado e posto a um
canto.
O objetivo é nunca o deixar
de semblante «carregado»,
leia-se negro, sinal de que já
se ultrapassaram as metas.
É com uma dissertação de tese de mestrado que começa
por casa», para ajudar na economia e poupar o ambiente
Por Helena Estevens
SIMPLES E EFICAZ! Tal como desde
sempre pretendeu a autora do projeto,
Mafalda Rocha. E clean, não só no design,
mas no objetivo a que se destina, gerir o
consumo de eletricidade, água e luz de uma
forma user-friendly. É, aliás, à componente
amigável que deve o nome EGA, amigo
e fiel companheiro de Carlos da Maia,
n’Os Maias. Tudo o que é preciso é definir
metas financeiras de consumo semanal ou
mensal de um destes recursos energéticos.
Depois, é vê-lo adotar a cor correspondente
– amarelo, para eletricidade; magenta para
gás; azul, para a água –, deixar o EGA à
vista e ir acompanhando a sua evolução.
Ao definir-se qualquer uma das metas,
este aparelho determina uma linha de
média, que se mantém verde se o consumo
se mantiver dentro dos parâmetros
definidos; caso contrário, a linha muda
para vermelho e o aparelho, originalmente
branco, vai escurecendo gradualmente,
como explica esta designer. «Quando se
encontra todo preto, é sinal de que já se
ultrapassou o limite que definimos.» Uma
das particularidades do EGA é o facto
de apresentar os três recursos num só
aparelho, mas apenas se poder interagir
com um de cada vez, para envolver mais os
utilizadores.
O EGA, no entanto, não passa de um projeto.
Desenvolvê-lo não depende apenas da vontade
da designer, que «naturalmente gostaria
que fosse desenvolvido», mas sobretudo do
desenvolvimento e implementação de smart
grids (redes inteligentes) de eletricidade, gás e
água por toda a Europa.
Para já, este projeto, que já valeu à sua
autora o segundo lugar na categoria de
mestrado do Fraunhofer Portugal Challenge,
é apenas uma possibilidade a longo prazo.
O reconhecimento foi bem-vindo. «Foi bom
receber o prémio», diz Mafalda, acrescentando
que, no entanto, «não mudou» nada na sua
vida, apesar de se revelar uma boa ajuda para
a empresa de design cerâmico que está a criar.
É, aliás, a joalharia em cerâmica que lhe ocupa
o tempo atualmente. Um projeto cujos frutos
esperamos ver brevemente.
A CGD reconhece as alterações climáticas como um tema prioritário e, nesse sentido, lançou o Cartão Caixa Carbono Zero (1), aplicando uma
percentagem das suas compras em projetos de compensação de emissões de CO2. A Tapada Nacional de Mafra foi o primeiro projeto a beneficiar dos fundos
disponibilizados por este cartão.
(1)
TAEG de 24,7%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,00%.
62
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
Foto: D.R.
a história com final feliz de Mafalda Rocha e de um «companheiro de ter
CONDOMÍNIO DA TERRA
O Planeta não é só teu
Nem meu, nem dele: deve ser um condomínio gerido por todos.
Assim se concluiu no 2.º Congresso Internacional Condomínio da Terra, propondo
que o clima e os oceanos se tornem Património Natural Intangível da Humanidade
Por Ana Rita Lúcio Fotografia Anabela Trindade
POR TODO O LADO se esboçam
amanhãs tingidos a verde. Não falta quem
apregoe futuros mergulhados no tom da
sustentabilidade e quem se gabe de cimeiras
e decisões conjuntas, bafejadas pela cor da
esperança. A maioria parece ser, no entanto,
promessas vazias de compromissos concretos
que deem, efetivamente, luz verde a um
paradigma de desenvolvimento conciliado com
o meio ambiente.
No rescaldo do 2.º Congresso Internacional
Condomínio da Terra – Um Novo Património
para uma Nova Economia, organizado pela
Quercus, em parceria com a Universidade
Nova de Lisboa e a Câmara Municipal de Gaia,
que decorreu a 16 e 17 de janeiro, no Parque
Biológico de Gaia, pairou a descrença sobre a
eficácia de uma fatia substancial das decisões
políticas tomadas nos últimos anos, em
matéria ambiental. Particularmente, face aos
«resultados inconsequentes» da última Cimeira
da Terra Rio +20.
Não se pense, porém, que isso foi motivo
para desistir. Para contornar o modelo de
negociação das conferências de Cúpula das
Nações Unidas, assim como das Conferências
das Partes sobre alterações climáticas, que se
considerou «esgotado», apresentou-se a base
de uma proposta de criação de um conceito de
Património Natural Intangível da Humanidade
(PNIH), aplicado aos oceanos e ao clima. A
ideia visa conceber um regime universal que
consagre os sistemas climático e oceânico
como propriedade alargada da humanidade,
ao alcance do usufruto global e intergeracional,
que deve ser preservado por todos.
No dia seguinte à conferencia, realizou-se uma reunião de trabalho, cujo principal
resultado passou pela opção de deixar de
separar os sistemas climático e oceânico,
centrando a proposta deste novo Património da
Humanidade no conjunto do Sistema Terrestre
– Earth’s System. Além de cientificamente
mais correta e ir ao encontro dos «Planetary
Boundaries», cujos representantes estiveram
presentes, a opção tem ainda várias vantagens
jurídicas e políticas.
O desenvolvimento do conceito e do
enquadramento político, institucional e
jurídico em torno do PNIH ficará, agora,
a cargo de uma Comissão, constituída no
congresso de Gaia. Como consequência,
será apresentada à Organização das Nações
Unidas (ONU) e à Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) a candidatura deste sistema à
categoria PNIH. Esta candidatura deverá ser
acompanhada da proposta de criação de uma
Organização Mundial do Ambiente, subsidiária
da ONU, que passe a regular e a gerir este
património tão singular, distinguindo onde
há direitos soberanos e património comum
e contabilizando as contribuições negativas e
positivas de cada nação para o bem comum.
Património Novo, Economia Nova
Tal como o nome da conferência deixa
perceber, o conceito de condomínio da Terra
é indispensável para avançar com a proposta
de um património natural intangível comum.
Uma fórmula que, de resto, a Quercus levou
à Cimeira Rio +20, procurando abrir caminho
a uma nova conjuntura económica, na qual
os ecossistemas têm um valor definido e
os serviços ambientais são moeda de troca,
harmonizando os interesses soberanos de cada
Estado com os da Humanidade, vista como
um todo. Uma economia verde que – através
de indicadores como o PIB verde, por exemplo
– incentiva a criação de benefícios comuns,
compensando aqueles que mais contribuem
para a sustentabilidade do Planeta.
a atenção do Sheikh Abdul Aziz Bin Ali
Al Nuaimi, responsável pela sessão de
encerramento no primeiro dia (em cima);
Paulo Magalhães, fundador da Quercus
e mentor do projeto Condomínio da Terra
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
63
d
cultura
C O M E S TA VO Z M E V I S T 0
Tudo isto é moda
Trazem fados nos vestidos as vozes da mais portuguesa
das melodias que ecoa pelo mundo. É escutá-las à desgarrada, numa mostra
que dá, ainda, palco ao talento dos designers nacionais. Tudo isto existe no MUDE,
mostrando que o fado vai muito além da moda das roupas pretas
Por Ana Rita Lúcio
A GUITARRA volteia, alegre, e o trinado
que dela se desprende beija cada parede
de betão despida. Não temos de lhe pôr a
vista em cima para saber que é portuguesa,
basta escutar-lhe os soluços que galgam as
cordas, desafiando até o mais duro de ouvido
a saracotear ao som dos acordes travessos.
A voz abate-se sobre o salão, em toda a sua
amplitude, como um trovão, emudecendo o
dia que corre lá fora. «Há festa na Mouraria,
é dia de procissão da Senhora da Saúde. Até
a Rosa Maria da Rua do Capelão parece que
tem virtude», solta-se o fado.
Não menos virtuosa é a voz que não se faz
de rogada ao reconhecimento imediato: os
versos entoados em modo gingão denunciam
Mariza, nome que é bandeira da nova guarda
da mais lusitana das canções. Na antecâmara
da exposição Com esta voz me visto – O Fado
e a Moda, estreada em novembro do ano
passado, no Museu do Design e da Moda
(MUDE), em Lisboa, para lá se manter até 31
de março – a confirmação aguarda. O trecho
do DVD Mariza Live in London, que nos faz
recuar uma década, até à data do concerto
que a levou à capital britânica, parece talhado
ao figurino desta mostra que levanta o pano
sobre o fado, desfilando à luz da moda.
Se se deixar a imaginação voar à boleia dos
carrinhos de linhas e das linhas das pautas,
não será difícil juntar Mariza e Amália no
mesmo palco utópico. Além do Há Festa na
Mouraria também ter dançado vezes sem
conta nas cordas vocais da «rainha do fado»,
não muito longe da sala onde deixámos a
jovem fadista, de trajes negros assinados
por João Rolo, a profusão de cores fala mais
alto, com o vestido desenhado por Pinto de
Campos, a pedido de Amália, que queria
envergar motivos regionais enquanto cantava
folclore, na primeira parte do concerto no
Lincoln Centre, em Nova Iorque, em 1966.
64
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
O dueto improvável entre estas duas
figuras inconfundíveis, rostos de duas
gerações, que ora se aproximam, ora
se afastam, é justo anfitrião desta
«curadoria a quatro mãos» entre
o MUDE e o Museu do Fado.
Mesmo imaginário, ele evoca
«os diálogos» que se cruzam
na exibição. O plural não
surge em vão, frisa a diretora
do MUDE, Bárbara Coutinho:
«Há, não um, mas vários diálogos
que aqui se encetam entre
algumas das mais importantes e
conhecidas intérpretes do fado –
sobretudo no feminino – e um
naipe bastante diversificado de
designers de moda em exercício
em Portugal.»
Silêncio, que se vai contar o fado
Ver, então, sucederem-se
na passarela do edifício
da antiga sede do Banco
Nacional Ultramarino timbres
e indumentárias tão distintas
como os de Mariza, Ana Moura,
Carminho, Cristina Branco,
Cuca Roseta, Kátia Guerreiro,
Mafalda Arnauth, Raquel
Tavares, Mísia, Paulo
Bragança, Maria da Fé,
Anita Guerreiro e, claro,
«HÁ UM ANTES E UM
DEPOIS DE AMÁLIA»,
GARANTE A DIRETORA
DO MUDE
sempre Amália, conta-nos e
canta-nos «como é que este fado
foi sendo vestido e tratado ao nível
da imagem», segundo Bárbara
Coutinho, moldando-se aos tempos
e aos estilos dos protagonistas.
Está lá quem deu o primeiro tom
ao fado, com uma réplica do xaile
de Severa, da autoria de Tiago
Cardoso, e não faltam a boina e
o cachené de Alfredo Marceneiro.
Porém, o corte para uma silhueta do
fado, mais cosmopolita e sofisticada, que
há de sair de Portugal para o mundo, dos
cenários bairristas para as mais prestigiadas
casas de espetáculo internacionais, parece
indubitavelmente marcado por Amália e
pelas estilistas que a acompanharam: Ana
Maravilhas, Ilda Aleixo e Maria Thereza
Os fados assentam-lhes tão bem
Fotos: D.R.
Quem disse que só o xaile negro agasalha a poesia musicada do fado?
Se a mais portuguesa das canções pode ser amarga, saudosa, boémia
ou desafiante, também as roupas se talham ao estilo de cada intérprete.
Ouvimo-la, pois, ecoar no fato e xaile de Paulo Bragança, customizados
pelo próprio, no vestido preto com cauda de flores da inconfundível Mísia,
nas costas recortadas do figurino de Luís Buchinho para Cristina Branco,
na silhueta marcada de Ana Moura, por Bruno São Vicente, e até no
irreverente vestido curto vermelho de Lidija Kolovrat para Carminho.
Mimoso. «Há um antes e um depois de
Amália», rompendo com a estética totalitária
do xaile negro, garante a também comissária
da exposição. Com a diva do fado, o negro
servia de moldura ao entoar dos clássicos e do
fado sofrido, ao passo que a explosão de cores
dava o mote para deixar subir à cena os temas
de folclore popular.
Não é por acaso que a visita cessa a dar
ouvidos a António Variações, citado numa das
paredes. «Todos nós temos Amália na Voz e
temos na sua Voz a voz de todos nós», avisa-nos o cantor. É por isso que não estranhamos
que as linhas com que se cosem, por exemplo,
os coordenados de Mariza, Carminho ou da
desconcertante Mísia tenham pontos de sutura
com Amália. «É ela que traz o visitante até
às novas vozes do fado.» Um passado e um
futuro que se conjugam bem.
estilo A exposição
guarda lugar para
vozes e vestes do fado
contemporâneo, como
Mariza e Ana Moura,
aqui, por exemplo, aos
olhos de João Rolo
e Fátima Lopes (foto de
abertura). Pormenores
do fado bairrista
também não ficam de
fora, como no xaile de
Maria Amélia Proença
(página 60). Frente
a frente, a aguardar
os visitantes no início
da mostra, o vestido
de Amália, por Pinto
de Campos (em cima),
e a irreverente proposta
de Lidija Kolovrat
para Carminho
(à esquerda).
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
65
c
cultura
PROGRAMAS DE AUTOR
Os Dias da Rádio
Numa era em que as novas gerações crescem viradas para o universo digital, a
rádio procura adaptar-se às novas exigências e aos novos formatos. Ao contrário
do que acontecia há trinta anos, os programas de autor veem-se esmagados por playlists, criadas
com o objetivo de moldar cada uma das rádios à personalidade dos ouvintes que procuram atingir.
Resta saber qual o espaço que sobra para a afirmação da personalidade de quem lhes dá vida
Por Pedro Guilherme Lopes
QUEM CRESCEU NA DÉCADA DE 80, por
certo se lembra da vontade de fazer rádio.
Impelidos pelo espírito das rádios-piratas,
dezenas de jovens procuravam sintonizar a
frequência dos walkie talkies com as ondas
hertzianas, de forma a poder passar as suas
ideias e a sua música (saída de um daqueles
incontornáveis gravadores de cassetes) para
o vizinho que vivia no prédio em frente. Nas
«rádios a sério», programas como Rock em
Stock, Sons da Frente, Discoteca ou Morrison Hotel
conquistavam ouvintes pela voz de Luís Filipe
Barros, António Sérgio, Adelino Gonçalves
e Rui Morrison. Era o tempo da liberdade
66
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
criativa, de uma rádio feita sem as amarras
da obrigatoriedade de passar esta ou aquela
música, num estilo que ganhou contornos
oficiais quando, no final de 1988, o Governo
português decretou o encerramento das rádios-piratas. Era, também, o tempo em que Robin
Williams, gritando Good Morning Vietnam!, no
filme com o mesmo título, utilizava a rádio para
motivar as tropas ou em que Woody Allen era
nomeado para os Óscares com o seu delicioso
Os Dias da Rádio.
Mas os dias da rádio são, hoje, forçosamente
diferentes. À geração que cresceu tendo a rádio
como principal meio de comunicação, seguiu-
-se a que reunia a família e os amigos em frente
à televisão. A rádio adaptou-se, contrariou quem
vaticinava o seu fim com a chegada da caixinha
mágica e vive, atualmente, um novo desafio:
saber lidar com uma geração para a qual termos
como Internet e online são incontornáveis. A
estratégia de oferecer cada vez mais música ao
ouvinte, fazendo de diversas rádios uma playlist
adaptada ao público que se quer conquistar,
relegou para o horário pós 20 horas ou para
os fins de semana (valham-nos os podcasts!)
a maioria dos chamados programas de autor,
onde era a identidade de quem conduzia a
emissão que conquistava os ouvintes. Outros,
Fotos: Carlos Ramos (Inês Menezes); Rita Baleia/Público (Inês Menezes)
Para responder, fazemos nossas as palavras
de João Paulo Meneses, jornalista da TSF e
autor do livro Estudos sobre a rádio – Passado,
presente e futuro, que, em entrevista ao M&P,
afirmava «Em vez de competirmos com a
Internet, podemos fazer diferente, fazer aquilo
que a Internet não faz nem pode fazer. O
futuro da rádio está entre as músicas e não
nas músicas. […] O futuro não passa pelas
sete ou oito músicas seguidas sem falar ou
por uma hora inteira seguida de música. O
futuro passa por contar estórias, por interagir
com os ouvintes, por fazer boas associações,
por afinar targets». É aqui, precisamente, que
entram os programas de autor. E foi para
tentarmos perceber o que é feito deles que
fomos à procura de nomes que, sendo capazes
de fazer a ponte entre a década em que Júlio
Isidro contagiava o País com A Febre de Sábado
de Manhã e a década em que a música cabe
num ficheiro digital, têm em comum a ideia
de preservar e alimentar a ideia de rádio
personalizada.
como é o caso do clássico A Menina Dança, um
programa de autor, dirigido por José Duarte,
com mais 20 anos, ou o Bons Rapazes, na
Antena 3, anunciam o seu fim. Mas será essa
a estratégia mais correta, num tempo em que
a rádio deixou de ser a única alternativa para
quem quer ouvir música? Num tempo em que
toda a música do mundo está à distância de
um clique, em que, de ano para ano, cresce o
número de teenagers que deixam de ouvir rádio
ou onde surgem fenómenos como o Spotify,
uma aplicação que leva a música a qualquer
computador ou telemóvel (perdão, smartphone.
Perdão, dispositivo móvel?).
Inês Menezes
As entrevistas ganham
outro sabor no Fala
com Ela, que Inês
Menezes conduz há
oito anos, na Radar.
A sua voz chega-nos,
também, através de
O Amor é, com Júlio Machado Vaz, na Antena
1, ou de Pedro e Inês, na Antena 3. «Eu sempre
fui autora, até a fazer continuidade», diz.
«Esforço-me para não me limitar a encaixar
falas e timings, e procurar as palavras que
fazem a diferença tem sido a minha
(e)missão». Aceita a existência de uma «certa
ditadura das playlists», mas quer acreditar que
«ainda sobra muito espaço para o lado mais
criativo dos animadores que o tiverem. Um
programa de autor obriga a mais trabalho, mais
investimento, mais generosidade que nem
sempre encontra no ordenado a remuneração
merecida». Quanto às novas exigências e às
mudanças que as mesmas implicam, Inês
olha para o online como «um bom depósito
criativo e laboratorial. Um trabalho mais
moroso porque menos evidente, mas que
há-de compensar». E, independentemente
do formato, a animadora acredita que «os
programas de autor existirão enquanto a rádio
existir. E irão sobreviver a qualquer playlist».
Mário Lopes
Jornalista e crítico de
música do Público e
do Ípsilon, completa
a escrita com a fala,
na Vodafone FM,
onde, em parceria com
Quim Albergaria, analisa
discos acabados de sair no programa Dois
Homens & Um Disco. Admite que, como em
todos os outros media, a era da Internet veio
alterar tudo, mas defende que há algo que
deve ser mantido: «a necessidade de termos
vozes próprias capazes de nos mostrar o
novo, capazes de arriscarem ideias e formatos
diferentes, de serem exigentes com os ouvintes,
em vez das vistas curtas e paternalismo que
representam a padronização de vozes, de
músicas, de programas. «Dar ao público o
que o público quer é, obviamente, um erro
crasso, quer comercialmente, quer em termos
de serviço público. Ninguém sabe quem é o
público. Existem pessoas e cada uma delas é,
em si, um público. Espero que isso se torne
óbvio para todos». Tão óbvio quanto o papel
dos programas de autor ao longo da história
da rádio, indispensáveis enquanto meio
de massas e no estabelecer de uma relação
próxima e duradoura com os ouvintes. «Uma
rádio de futuro não poderá dispensá-los.
Deverá, pelo contrário, estimulá-los. Procurar
vozes e ideias que acrescentem algo. A bem
da sua relevância e sobrevivência», defende
Mário Lopes, para quem as tão visadas
playlists, «podem ser um
«NINGUÉM SABE QUEM
É O PÚBLICO. CADA
PESSOA É, EM SI, UM
PÚBLICO»
Cx
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67
c
cultura
instrumento interessante para dar identidade
a uma rádio, «desde que não sejam utilizadas
de forma totalitária e castradora. Mas os
programas de autor são aquilo que dá à rádio
os seus contornos definitivos. Que seria dela,
digo-o enquanto amante de música e jornalista
que lhe tem dedicado a maior parte do seu
trabalho, sem nomes como John Peel ou
António Sérgio? Que será dela se chegarmos a
um tempo em que não existem novos Peels e
Sérgios? Continuará, certamente. Mas será algo
muito mais pobre, muito menos interessante,
menos viva».
NUNO CALADO
Há 15 anos a dar voz
e vida ao Indigente,
na Antena 3, Nuno
Calado cresceu e
formou-se, enquanto
ouvinte de radio e de
musica, com os programas
de autor e com vozes como António Sergio,
Luis Filipe Barros, Jaime Fernandes, Rui
Morrison, entre outros. «Para quem cresceu,
como eu, com alguns mestres, para quem
aprendeu com eles, faz sentido seguir o
caminho de liberdade de pensamento por
eles apresentada. Mas, hoje, é muito mais
difícil ter e manter um programa de autor
do que nos anos 80, onde a rádio era vista
sob esse ponto de vista da autoralidade»,
afirma. «Parece que, com o avançar do tempo,
os ditos «especialistas» em algumas áreas
passaram a ser pessoas incómodas; parece
que quem não é especialista em nada pode
fazer tudo e ter sempre sucesso, e que quem
investiu na sua formação em determinadas
áreas é um embrulho que ninguém quer ter a
seu cargo. É como ir a um dentista falar dos
problemas de fígado. No fundo, é isto que se
passa com a música e com os programas de
música: no nosso País, acha-se que qualquer
um fala de música, mesmo que não tenha os
mínimos conhecimentos». Para reforçar o
que diz, Nuno Calado compara o percurso de
António Sérgio e de John Peel, dois nomes da
mesma geração, dois nomes incontornáveis
na história da música dos seus respectivos
países, com o segundo a ter o reconhecimento
da classe dos músicos, dos ouvintes e até dos
governantes e, ainda em vida, a ser nomeado
cavaleiro, passando a ser Sir John Peel. «Os
americanos há muito que perceberam que as
radio personalities são a chave, o futuro. Nós
ainda estamos muitos anos atrás e corremos,
cegamente, para a generalização das playslists»,
defende, tomando, novamente, o universo
norte-americano como referência no que toca
ao papel da rádio na atual sociedade. «A net
é, hoje, o abrigo de muitos desses autores
e com enorme sucesso. Isto mostra que o
modelo dos programas ou das personalidades
da rádio não está esgotado e que, no fundo,
o mundo digital vem provar que, quando se
pode escolher o que se ouve, continua a haver
gente para ouvir rádio de autor. É engraçado,
mas isto faz-me ter vontade de comparar com
o vinil. Quando o CD apareceu, deitámos o
vinil fora. Com o aparecimento do download
digital em todo o lado, voltámos a comprar
muito mais vinil. A rádio de autor parece-me
ser o vinil, que ganha espaço numa era digital.
Quero acreditar que o futuro será sempre
melhor e que, algum dia, este País tem de
acordar.»
TIAGO SANTOS
Membro e fundador
dos Cool Hipnoise
e Spaceboys, Tiago
Santos é músico e DJ e
faz parte da equipa da
Rádio Oxigénio 102.6 fm,
desde o seu início, no ano
2000, onde realiza e apresenta os programas
Planeta Jazz, Hora do Sol, Heróis no Ar e Turno
Nocturno ou as rubricas Jazz Café e Skank Fm.
Para ele, os programas de autor fazem parte
da essência da rádio. «Para mim e muitos da
minha geração, foi uma forma privilegiada de
conhecer música e de aprender rádio. Há uma
forte tendência para a uniformização através
das playlists, mas cada vez mais as pessoas
sentem necessidade de quebrar com essa rotina
e de descobrir novos sons e ambientes. Daí
o fenómeno das rádios online, que crescem,
exactamente, porque não obedecem a regras
mercantis». E Tiago até tem uma forma curiosa
de olhar para a questão, comparando-a com o
ato de ir a um restaurante e pedir um bitoque
ou um prato por mais tradicional, que tenha
um envolvimento maior por parte de quem
cozinha. «Haverá sempre muitos bitoques a
sair, mas, no caso da rádio, há que seduzir o
ouvinte para que haja cada vez mais pessoas
a preferir os bons cozinhados, a saborear a
rádio, em vez de estar simplesmente a matar a
fome», explica Tiago, para quem a rádio «vive
e viverá da paixão e da entrega das pessoas que
a fazem, desde as notícias, à continuidade, à
programação, aos autores de programas e aos
músicos que alimentam as rádios. Só a grande
entrega de todos, muitas vezes com condições
mínimas e sem reconhecimento público e
Comércio Livre (Joana Bernardo / Radar)
Coyote (Pedro Costa / Antena 3)
Discos Voadores (Nuno Galopim / Radar)
Dois Homens & Um Disco (Mário Lopes
e Quim Albergaria / Vodafone FM)
> Eléctrica (Tó Trips / Vodafone FM)
> Fala com Ela (Inês Menezes / Radar)
> Fim da Rua (Nuno Amaral / TSF)
> Há Música para Ouvir…
(Isilda Sanches / Oxigénio)
> Indigente (Nuno Calado / Antena 3)
> Jazz a 2 (João Almeida
e Alexandra Corvela / Antena 2)
> M (Mónica Mendes / Antena 3)
> Mexetape (vários / Vodafone FM)
> Paixões Cruzadas (António Cartaxo
Não deixe de ouvir
> Álbum de Família (Tiago Castro / Radar)
> A Ilha dos Tesouros (Júlio Isidro / Antena 1)
> A propósito da Música
(Alexandre Delgado / Antena 2)
Álvaro.com (Álvaro Costa / Antena 3)
Argonauta (Jorge Carnaxide / Antena 2)
O Bairro do Amor (Joana Bernardo / Radar)
Caixa de Ritmos (Nuno Reis / Antena 3)
Camaleão de Imitação (Pedro Ramos / Radar)
Canções de Auto-Ajuda (Hélder Gomes e
Nuno Costa Santos / Vodafone FM)
> Cinco Minutos de Jazz
(José Duarte / Antena 1)
>
>
>
>
>
>
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>
>
>
>
e António Macedo / Antena 1)
Planeta 3 (Raquel Bulha / Antena 3)
Planeta Jazz (Tiago Santos / Oxigénio)
Portugália (Henrique Amaro / Antena 3)
Prova Oral (Fernando Alvim / Antena 3)
Purpurina (Rui Estêvão / Antena 3)
Rimas e Batidas
(Rui Miguel Abreu / Antena 3)
> Terça-feira Gorda
(Fernando Fernandes / Radar)
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>
>
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>
Print
O EXEMPLO RUC
Em Coimbra, há uma rádio que
respira programas de autor.
Fotos: D.R. (Nuno Calado, Tiago Santos e Isilda Sanches); iStockphoto (mesa de mistura)
profissional, faz com que, ainda hoje,
se ouça grande rádio em Portugal.»
ISILDA SANCHES
Voz incontornável
da Oxigénio, onde
é coordenadora e
animadora, com
destaque para o Há
Música para Ouvir...,
pode, ainda, ser ouvida na
rádio SWtmn. Com um percurso onde cabe,
também, o jornalismo e a crítica musical
(A Capital, o Independente, o Diário de
Notícias, a Elle Magazine) e o papel de
professora, na ETIC, Isilda Sanches não
concorda com a demonização das playlists.
«A playlist é uma ferramenta que também
pode, e deve, ser usada em programas de
autor, porque pode ajudar a manter um fio
condutor nas emissões e a cimentar uma
personalidade desse mesmo programa,
tal como faz com as rádios», explica.
«O problema está no conformismo das
playlists da maioria das rádios, que não
correm quaisquer riscos e tendem sempre
a cair no enjoo repetitivo das canções de
sucesso e numa postura de microfone
plástica, vazia e, também ela, formatada.
Na Oxigénio, tentamos que a playlist não
aniquile as marcas de autor e gostamos de
pensar que é possível misturar a formatação
da playlist com marcas autorais fortes».
Admite que o espaço para os programas
«QUANDO SE LIGA A
RÁDIO QUER-SE QUE
ESTEJA ALGUÉM DO
OUTRO LADO COM
ALGO PARA DIZER»
de autor tem vindo a ficar cada vez mais
reduzido, ao contrário do que acontecia
no tempo em que ouvia, religiosamente,
programas como o Som da Frente, as Noites
de Luar ou os programas de autor das rádios-piratas dos anos 80, bem como a voz de John
Peel, quando conseguia sinal suficientemente
bom em onda média. «Penso que foi o
ter ouvido esses programas que me fez vir
parar à radio», recorda, defendendo que o
futuro da rádio terá de passar, forçosamente,
pelos programas de autor. «Se não houver
envolvimento pessoal de quem faz a rádio na
rádio que faz, é como se fosse um casamento
de conveniência que pode dar confiança, mas
não faz ninguém feliz; nem quem faz rádio,
nem quem a ouve. Hoje, é fácil ter todas as
músicas de que se gosta no computador ou
no telemóvel. Quando se liga a rádio, quer-se
mais. Quer-se que esteja alguém do outro
lado com algo para dizer, que passe música
que não conhecemos ou diga coisas que não
sabemos. Portanto, não vejo grande futuro
para a rádio sem programas de autor.»
É a única rádio-escola a
funcionar em Portugal
com emissão em FM
(107.9). A caminho do seu
27º aniversário, a Rádio
Universidade de Coimbra
(RUC), que, através da sua
emissão online, pode ser
ouvida em qualquer lugar,
é vista como um exemplo.
Afonso Biscaia e Rui
Oliveira, atuais diretores de
programação, acreditam que
o segredo do sucesso está
diretamente ligado à natureza
do que é a RUC. «Uma rádio
que depende de trabalho
voluntário é obrigada a fugir
à estagnação, a renovar
pessoas e conteúdos, caso
queira resistir», explicam,
assumindo os programas
de autor como outro dos
ingredientes que valorizam a
RUC. «É a principal imagem
de marca da programação
da Rádio Universidade de
Coimbra, desde o seu início.
Na verdade, todos os nossos
programas são de autor.»
E não hesitam quando
olham para o futuro da rádio
em Portugal. «Parece que,
enquanto povo, decidimos
que só queríamos pagar para
sermos entretidos, não para
ser ensinados. Nesta situação,
o sítio para quem quer
desenvolver um projeto que
saia da caixa da mediania ou
quem não queira apenas ser
um «animador de rádio»
é em rádios que ainda se
vão conseguindo manter
livres e independentes,
como é o caso da RUC, da
RUA (Algarve), da Zero
(Instituto Superior Técnico),
ou da RUM (Minho).»
Cx
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69
c
cultura
1. NOS BASTIDORES
DOS TELEJORNAIS
2. AS COISAS QUE
NUNCA DISSEMOS
3. O BOM SOLDADO
ŠVEJKS
as escolhas de...
Adelino Gomes
Marc Levy
Jaroslav Hašek
Portulez
Tinta da China
Contraponto
Tinta da China
Adelino Gomes acedeu
aos bastidores dos
telejornais da RTP1, da
SIC e da TVI e registou as
suas observações. Para
conhecer o peso que tem a
independência jornalística
e a investigação crítica face
à guerra de audiências.
No seu comovente e
divertido novo romance,
Marc Levy cria um mundo de
intriga e suspense, através
de uma história sobre a força
do amor entre pai e filha.
É a primeira vez que este
clássico, passado no Império
Astro-Húngaro, é publicado
integralmente em português.
Com as ilustrações originais de
Josef Lada.
(€ 14,94, na Wook on-line)
(€ 28,80, na Wook on-line)
2
(€ 14,31, na Wook on-line)
Rui
Radialista
Em direto, das manhãs
da Rádio Oxigénio para
as páginas da Cx.
HÁ COISAS QUE nos ficam
na cabeça. São as que valem
a pena. O novo EP Truant/
Rough Sleeper, de Burial,
é genial e inscreve um novo
paradigma na cena musical
pós-dubstep/UK bass. Mas
há mais gente a atingir a
essencialidade das coisas.
Dulce Maria Cardoso, em
Os Meus Sentimentos,
reflete sobre Portugal num
livro contagiante e Joachim
Trier, em Oslo 31 de
Agosto, define o seu filme
com a frase: «Não foi a
droga que te transformou,
tu já eras assim.»
3
4
1
4. O RETORNO
Dulce Maria Cardoso
Tinta da China
7
De forma perfeita,
através da história de um
adolescente e da sua família,
a autora narra a saga dos
600 mil portugueses que
regressaram de África
em situações dramáticas,
depois do 25 de abril.
5
(€ 9,81, na Wook on-line)
6
8. ARCO-ÍRIS
DA GRAVIDADE
7. DESFADO
6. PARKLIVE
5. DENTRO DO SEGREDO
Ana Moura
Blur
José Luís Peixoto
Thomas Pynchon
Universal
EMI
Quetzal
Vencedor do National Book
Award, este é um épico que
assenta numa fina análise
do impacto da tecnologia
na sociedade. É, já, um livro
de culto!
Num grande disco, Ana
Moura convida nomes como
Márcia, Manuel Cruz, Luisa
Sobral ou Pedro Abrunhosa,
sem esquecer Herbie
Hancock, e dá ao fado uma
lufada de ar fresco.
Registo do espetáculo
realizado no encerramento
dos Jogos Olímpicos
de Londres. Estão aqui
todos os hits, bem como
dois originais: Under The
Westway e The Puritan.
O autor foi um espectador
privilegiado nas exuberantes
comemorações do centenário do
nascimento de Kim Il-sung, em
Pyongyang, na Coreia do Norte. O
resultado é a sua surpreendente
estreia na literatura de viagens.
(€ 15,90, na FNAC on-line)
(€ 15,90, na FNAC on-line)
(€ 15,90, na FNAC on-line)
(€ 15,93, na Wook on-line)
Bertrand Editora
Já conhece o Vantagens Caixa?
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que se afigura um modo fácil, seguro e cómodo para fazer as suas compras. Saiba mais em www.pmelink.pt/vantagenscaixa, através do número 707 208 820 ou do e-mail [email protected].
70
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a re v i s ta d a c a i xa
Foto: Patrícia Romeiro (Rui Portulez)
8
agenda
Exposições
Música
Coleção da Caixa Geral
de Depósitos
A Doce e Ácida Incisão
Adriana Calcanhoto
23.03 a 23.06
Museu do Neo-Realismo,
Vila Franca de Xira
A cantora brasileira regressa
a Lisboa: «Adoro o palco da
Culturgest. Nunca vou esquecer
do meu primeiro concerto em
Lisboa, sozinha com minha
guitarra e uma audiência
mágica, em outubro de 2000. Na
primeira noite caí de amores pela
cidade, e por Portugal, dentro
dela. Naquela noite fiz amigos
queridos e é tudo nítido
e intocado na minha memória,
em geral bem turva. Naquela
noite entrei em Portugal, ou
Portugal entrou em mim, vá lá,
para sempre, a porta de entrada
sendo o convite da Culturgest,
por António Pinto Ribeiro. De
modo que quando recebi o
convite para me apresentar
no mesmo formato solo, nas
A Culturgest, juntamente com
o Museu do Neo-Realismo,
apresenta uma exposição
sobre a Gravura – Sociedade
Cooperativa de Gravadores
Portugueses (SCGP). A
exposição, que apresenta
uma seleção de cerca de cem
gravuras, editadas entre 1956 e
2004, assim como uma seleção
de documentos sobre a história
da SCGP, patenteia a vitalidade
e a diversidade geracional e
artística, congregada em torno
desta prática. Entrada gratuita.
Os Desastres da Guerra
Até 14.04
Fundação Arpad Szenes – Vieira da
Silva, Lisboa
Intitulada Os Desastres da
Guerra, esta exposição de
pintura e de desenho de Graça
Morais marca o início do ciclo
de exposições temporárias da
Fundação em 2013. Segundo
João Pinharanda, Comissário
da exposição, «o trabalho de
Graça Morais trata do Tempo e
do Lugar. Ela construiu a sua
imagem investigando memórias
e transformando realidades: a
do Portugal rural que mudava e
perdia o seu tempo e o seu lugar
no Mundo». Quanto às duas
CONDIÇÕES PARA CARTÕES CGD
40% DE DESCONTO NA AQUISIÇÃO
DE ATÉ 2 BILHETES POR ESPETÁCULO
AOS TITULARES DOS CARTÕES CAIXA
FÃ, ITIC, ISIC, CAIXA IU E CAIXA ACTIVA.
30% DE DESCONTO NA AQUISIÇÃO
DE ATÉ 2 BILHETES POR ESPETÁCULO
AOS TITULARES DOS CARTÕES CAIXA
GOLD, CAIXA WOMAN, VISABEIRA
EXCLUSIVE, LEISURE E CAIXADRIVE.
72
Cx
a re v i s ta d a c a i xa
do Algarve tem vindo a refletir
a filosofia de atuação da Caixa
e sua responsabilidade social,
nomeadamente junto das
gerações mais novas e suas
famílias. A jornada musical
teve início a 27 de janeiro, com
O Lago dos Cisnes, de
Tchaikovsky, seguindo-se a
História do Soldado e Pulcinella,
ambas de Igor Stravinsky, a 17
de fevereiro e a 10 de março.
A 14 de abril será O Quebra-Nozes, de Tchaikosvky.
12 e 14.04
Fundação CGD – Culturgest, Lisboa
Teatro
Wilde
adriana calcanhotto regressa
a Lisboa para assinalar o 20.o
aniversário da Culturgest
comemorações de vinte anos
da casa, disse sim na mesma
hora.»
22 e 23.03
Fundação CGD – Culturgest, Lisboa
Wilde parte do universo de Oscar
Wilde e da sua peça, O Leque
de Lady Windermere. Wilde
talvez comece como teatro e
acabe como dança. Ou talvez
comece como dança e termine
como teatro. Ou as duas coisas.
Ou nenhuma delas. Wilde é um
espetáculo com texto e sem
texto, apolítico, convencional,
elegante, radical e político.
E selvagem. Wilde tem uma
mensagem, entretém, aborrece,
desilude, entusiasma e não quer
dizer nada. Ou não.
séries que agora se apresentam,
«embora encadeando-se
nalguns outros momentos
anteriores, surgem claramente
como sobressalto cívico. Graça
Morais reage, já não apenas a
um presente que perde o seu
passado mas a um presente que
perde também o seu futuro».
Os Meus Sentimentos
de Dulce Maria Cardoso
Danh Võ – A Asa de Gustav
03 a 06.04
Fundação CGD – Culturgest, Lisboa
Até 13.04
Fundação CGD – Culturgest, Porto
Entrada gratuita
O conceito de liberdade é
permanentemente interpelado
pela prática artística de Danh Võ
(1975, Bà Ria, Vietname). Essa
vontade de recusar a norma, em
favor de um território propício
à diferença, atravessa A asa de
Gustav, exposição que procura
sublinhar a resistência inerente
ao ato de criação: a possibilidade
de transfigurar o real a partir de
uma imagem, um objeto, um
gesto, um nome.
Música
Ciclo de Concertos Promenade
14.04
O Quebra-Nozes, Op. 71
Teatro das Figuras, Faro (12h00)
Auditório Municipal, Lagoa (16h30)
Com o apoio mecenático da
Caixa, o Ciclo de Concertos
Promenade CGD/Orquestra
Um espetáculo de Mónica Calle
que é um encontro, sem rede,
de uma escritora que ainda não
se tinha aproximado do teatro
com uma atriz e encenadora
que tem sido presença regular
no programa da Culturgest.
Mónica Calle tem, ultimamente,
trabalhado textos de Strindberg,
Heiner Müller e Rimbaud.
Romancista e contista, Dulce
Maria Cardoso publicou, entre
outros, Campo de Sangue,
Os Meus Sentimentos e
O Retorno.
Fotos: Cortesia do artista e Galeria Chantal Crousel, Paris (Danh Võ, Ingots, 2012); Gilda Midani (Adriana Calchanotto)
a
vintage
v
OTIMIZAÇÃO
O antigo ventilador
As condições de trabalho influem na sua produção
e eficácia. A temperatura e o calor, em particular,
são disso exemplo, tendo feito, outrora, do inocente ventilador
uma mais-valia significativa nos processos laborais
Por Gabinete do Património Histórico da CGD
Com a evolução tecnológica dos finais
do século XIX e a introdução de novas
tecnologias, as condições e a qualidade de vida
no trabalho ganharam uma expressão mais
significativa. Sobretudo, devido à transformação
proporcionada pelo domínio da eletricidade, o
que levou, de uma forma gradativa e sistemática,
à busca contínua da melhoria do bem-estar
dos trabalhadores, proporcionando um bom
ambiente de trabalho e, por sua vez, motivando
o processo produtivo.
Este ventilador – que faz parte do acervo
museológico da Caixa Geral de Depósitos
– remonta ao início do século XX. O seu
funcionamento assenta num dispositivo de hélice
de quatro pás em latão brilhante, movido por
energia mecânica, cuja rotação faz refrescar o ar
«quentes»
de 1882
No ano em que surgiu
o primeiro ventilador
elétrico de mesa, outros
momentos sopraram
novos ventos na História.
É inaugurado o elevador
do Santuário do Bom
Jesus do Monte,
ou Bom Jesus de Braga.
1.
Estreia a ópera Parsifal,
de Richard Wagner.
2.
3.
Nasce o artista
plástico francês Marcel
Duchamp, que ficará célebre
pelas obras readymade.
Desde sempre que o homem tentou amenizar
os efeitos do calor, enquanto permanecia no
seu local de trabalho ou no lar. Sabemos que
o calor excessivo nos ambientes de trabalho é
prejudicial para a nossa saúde e bem-estar: ele
influi diretamente no nosso desempenho, afeta
a atenção, provoca fadiga, náuseas e irritação
e afeta a produtividade. É então que surge o
ventilador de mesa ou a tão conhecida ventoinha,
uma solução que antecede o aparecimento do
sistema de ar condicionado e que proporciona
momentos de agradável frescura a quem dela
usufrui.
O primeiro ventilador elétrico de mesa é
atribuído ao inventor americano Schuyler Skaats
Wheeler, em 1882. Não obstante o ruído e a
vibração, os ventiladores com motor elétrico,
compostos por duas ou mais lâminas, foram
muito comercializados na época, tendo-se
generalizado o seu uso nas residências e nos
locais de trabalho.
FACTOS
Robert Koch anuncia a
descoberta da bactéria
responsável pela tuberculose.
4.
A, até então, vila da
Figueira da Foz é elevada
à condição de cidade.
5.
«Pai» da Teoria
Evolucionista, o
naturalista e biólogo britânico
Charles Darwin morre, 23
anos depois de ter publicado a
obra A Origem das Espécies.
6.
circundante. A sua base de metal, pesada
e brilhante, decorada com nervuras em relevo,
ostenta uma roseta que faz oscilar o corpo da
ventoinha, possuindo, ainda, uma manivela que
regula a intensidade da rotação. Eram assim
as tecnologias de outrora e, certamente,
muito jeito terão dado.
Hoje, os antigos ventiladores são autênticas
peças de museu e objeto de colecionadores.
Às especificidades conceptuais do património
científico e técnico, acresce cada vez mais o
interesse e a sensibilidade para a necessidade da
preservação para a memória futura e para noção
do tempo.
Foi possível observar,
a olho nu, devido à sua
passagem muito próxima
da superfície solar, aquele
que ficou conhecido como o
Grande Cometa de 1882.
7.
É fundado o clube
de futebol londrino
Queens Park Rangers F. C.
8.
Tropas britânicas
ocupam a cidade de
Alexandria e o Canal do Suez.
9.
A literatura mundial
fica mais rica com o
nascimento dos escritores
Virgínia Woolf e James Joyce.
10.
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
73
f
fecho
S U S T E N TA B I L I DA D E
CGD no top 6 ibérico
Única empresa portuguesa distinguida pela promoção
de uma economia de baixo carbono, de acordo com o ranking CDP
PME EXCELÊNCIA
74
Cx
a rev i s ta d a ca i xa
a caixa obteve a classificação máxima (A)
no rating de Carbon Performance, uma
iniciativa do Carbon Disclosure Project (CDP),
divulgada no seu relatório CDP 2012 Iberia
125 Climate Change Report. A Caixa integra,
assim, o Carbon Performance Leadership
Index (CPLI), um índice internacional de
referência – reconhecido como o mais credível
dos índices internacionais nesta área – que
destaca as empresas que demonstram uma
abordagem estratégica forte no combate às
alterações climáticas e redução de emissões.
O CPLI é um instrumento de análise para os
investidores institucionais, onde se encontram
apenas seis empresas ibéricas, entre as quais
a CGD, no total das 125 avaliadas – 85
espanholas e 40 portuguesas. Esta é a primeira
vez que uma empresa portuguesa consta
neste índice, obtendo, ainda, a liderança
em performance entre as entidades do setor
financeiro da Península Ibérica. Esta distinção
deve-se à implementação contínua de
objetivos e ações para a redução de emissões
de gases com efeito de estufa, com foco
particular na eficiência energética, mobilidade
dos colaboradores, gestão de resíduos,
reutilização de recursos e minimização
do desperdício.
Saiba mais sobre a sustentabilidade na CGD
em www.cgd.pt.
CAIXA EMPRESAS FAZ MEXER A ECONOMIA
Organizado pela Caixa e pelo Diário Económico, o ciclo de
conferências Caixa Empresas faz mexer a Economia passou
já por Torres Vedras, Aveiro e Leiria, respetivamente, a
30 de novembro, 7 de dezembro e 1 de fevereiro. As
iniciativas serviram para debater o papel da Caixa como
impulsionador do crescimento económico e de suporte
às empresas, havendo, também, lugar à apresentação de
instrumentos de financiamento e de capitalização, assim
como de casos de sucesso empresarial apoiados pela CGD.
As conferências demonstraram o dinamismo da Caixa junto
do setor empresarial, quer pelo número de empresas que testemunharam a parceria com a CGD,
quer pela elevada audiência dos próprios eventos. As sessões foram encerradas com debates
e decorreram sob um lema que ilustra o espírito de toda a iniciativa: «Construa connosco um
novo futuro para a sua empresa». As próximas conferências irão decorrer brevemente.
Fotos: Tom Merton/Getty Images (mão); D.R. (comboio)
O IAPMEI atribuiu o estatuto
PME Excelência 2012 a 1238
pequenas e médias empresas,
numa cerimónia realizada a 9 de
janeiro, no Parque das Exposições
de Braga. A iniciativa distinguiu
os melhores desempenhos
económico-financeiros e de
gestão, em 2011, e contou com a
presença do ministro da Economia
e do Emprego e do secretário de
Estado do Empreendedorismo,
Competitividade e Inovação.
A Caixa foi uma das entidades
presentes no evento, no qual
foram selecionadas 314 empresas
suas Clientes com o estatuto PME
Excelência, uma quota de 26 por
cento, que lhe dá o segundo lugar
nos estatutos PME Excelência,
sendo o Banco que registou um
aumento expressivo do número
de empresas selecionadas. No
âmbito da iniciativa, decorreu,
ainda, a assinatura de um
protocolo com o IAPMEI, a PME
Investimentos e as SGM, tendo em
vista a participação na Linha de
Crédito PME Crescimento 2013.
A seleção das PME Excelência
tem lugar anualmente, a partir
do universo das PME Líder, onde
a Caixa ascendeu, igualmente,
ao segundo lugar no que toca
a estatutos atribuídos, com
uma quota de 28 por cento.
Dados que reforçam o papel
e o empenhamento da Caixa
enquanto dinamizador da
economia portuguesa e no apoio
às melhores empresas nacionais.
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