VINHAS DE PAIXÃO
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VINHAS DE PAIXÃO
VINHAS DE PAIXÃO a revista da caixa CAIXA GERAL DE DE P ÓSI TOS SÃO PORTUGUESES OS VINHOS A QUE O MUNDO SE RENDE DOURO BOYS O SUCESSO FAZ-SE DE CUMPLICIDADE N . o 1 0 | Fe ve re i ro d e 2 0 1 3 | A n o I V OS DIAS DA RÁDIO O QUE É FEITO DOS PROGRAMAS DE AUTOR? DESCUBRA TUDO O QUE A CAIXA TEM PARA LHE OFERECER CONHEÇA A APP € 1,50 CONTINENTE E ILHAS PERIODICIDADE TRIMESTRAL PAGUE AS SUAS COMPRAS DE FORMA FRACIONADA E SEM JUROS. FRACIONAMENTOS AUTOMÁTICOS Porque queremos ajudar os nossos clientes na gestão do dia a dia, lançámos os Fracionamentos Automáticos. Uma nova funcionalidade dos cartões de crédito particulares da Caixa que permite efetuar pagamentos de forma fracionada e sem juros nos parceiros da Caixa aderentes. Conheça a nossa rede de parceiros em www.vantagenscaixa.pt. Saiba mais em www.vantagenscaixa.pt www.cgd.pt VOLVIMENT EN Inovar na Caixa. Com Certeza. O I NO E ÇÃO DES VA caixadirecta 707 24 24 24 24 horas por dia todos os dias do ano editorial e História, tradição e futuro a revista da caixa Diretor Francisco Viana Editores Luís Inácio e Pedro Guilherme Lopes Arte e projeto Rui Garcia e Rui Guerra Colaboradores Ana Rita Lúcio, Helena Estevens, Leonor Sousa Bastos (texto); Anabela Trindade, Estúdio João Cupertino, Filipe Pombo e Gualter Fatia, com agências Corbis, Getty Images e iStockphoto (fotos); Marta Monteiro (ilustração), Dulce Paiva (revisão) Secretariado Teresa Pinto Gestor de Produto Luís Miguel Correia Produtor Gráfico João Paulo Batlle y Font REDAÇÃO TELEFONE: 21 469 81 96 FAX: 21 469 85 00 R. Calvet de Magalhães, 242 2770-022 Paço de Arcos PUBLICIDADE TELEFONE: 21 469 87 91 FAX: 21 469 85 19 R. Calvet de Magalhães, 242 2770-022 Paço de Arcos Diretor Comercial Pedro Fernandes ([email protected]) Diretor Comercial Adjunto Miguel Simões ([email protected]) Diretora Coordenadora Luísa Diniz ([email protected]) Assistente Florbela Figueiras (ffi[email protected]) Coordenador de Materiais José António Lopes ([email protected]) Editora Medipress - Sociedade Jornalística e Editorial, Lda. NPC 501 919 023 Capital Social: €74 748,90; CRC Lisboa Composição do capital da entidade proprietária Impresa Publishing, S. A. - 100% R. Calvet de Magalhães, 242 2770-022 Paço de Arcos Tel.: 21 469 80 00 • Fax: 21 469 85 00 Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, S. A. Distribuição Gratuita (a revista Cx tem preço de capa, mantendo-se, no entanto, o seu caráter de oferta) Propriedade Caixa Geral de Depósitos Av. João XXI, 63, 1000-300 Lisboa Periodicidade Trimestral (Edição n.º 10, outubro/dezembro 2012) Depósito Legal 314166/10 Registo ERC 125938 Tiragem 72 000 exemplares AO LONGO DAS SUAS VÁRIAS EDIÇÕES, A CX tem apostado em temas de interesse incontornável, seja pela sua atualidade, seja pelo que representam para o País e para os portugueses. A presente edição não é exceção e concilia, precisamente, estes critérios editoriais num tema marcante ou não fosse ele próprio uma marca na história do País e um símbolo da sua cultura. Falamos do mundo do vinho, da indústria vitivinícola e de todo o seu universo. Propomos-lhe, contudo, uma abordagem moderna, não só virada para a sua história e tradição, mas, também, para aquilo que o vinho representa para o presente e para futuro do País. O seu significado económico – numa altura em que o seu impacto se aproxima dos dois por cento do PIB nacional –, nomeadamente ao nível das exportações. A mais-valia que representa em termos de enoturismo, alavancando todo um leque de produtos e serviços complementares, desde a hotelaria e restauração, até aos queijos, enchidos, azeites e outras iguarias muito portuguesas. Reconhecido internacionalmente através de inúmeros prémios e distinções, trata-se de um setor que reforça e reflete a boa imagem dos produtos made in Portugal, impulsionando novas aventuras e oportunidades além-fronteiras. Um setor que faz a ponte entre a tradição e as novas gerações, promovendo, inclusivamente, o regresso de jovens ao interior e potenciando a criação de novos postos de trabalho. Um setor que também ele evolui, acompanhando já as tendências e as preocupações de responsabilidade social e de sustentabilidade que marcam as sociedades modernas. Por isso, assim como em outros setores de interesse para a economia nacional, a Caixa está presente, apoiando as melhores empresas e empreendedores no seu trajeto de sucesso. Um trajeto para o qual a Caixa quer continuar a contribuir, pois essa é também a sua matriz: um Banco com história e tradição, capaz de assumir a sua responsabilidade na procura de um futuro melhor para os portugueses. Valores que, a cada edição, são transpostos para as páginas desta sua publicação. Aproveite e descubra o muito que a Caixa tem para si nesta décima edição da Cx. Seja, pois, bem-vindo. FRANCISCO VIANA «ASSIM COMO EM OUTROS SETORES DE INTERESSE PARA A ECONOMIA NACIONAL, A CAIXA ESTÁ PRESENTE, APOIANDO AS MELHORES EMPRESAS E EMPREENDEDORES Foto de capa: iStockphoto Correio do leitor [email protected] A Cx é uma publicação da Divisão Customer Publishing da Impresa Publishing, sob licença da Caixa Geral de Depósitos Esta revista está escrita nos termos do novo acordo ortográfico Cx a re v i s ta d a c a i xa 3 i interior 06 Pormenor Notícias que saem da Caixa DESTAQUES PESSOAS 10 Histórias de sucesso António Ferreira 12 Talento Entre as gomas da Nutrally e os livros de Nuno Camarneiro ESTILO 16 Design & arquitetura ExperimentaDesign 13; CAD - Arquitetura Sustentável; Munna, uma cadeira vencedora 21 Automóveis Mini Paceman: cheio de pinta 22 Culto + Soluções Peças com muito estilo e ideias para o dia a dia 24 Gourmet + Prazeres Dom Tonho convida Miss Saigon para uns scones 39 Observatório José Miguel Dentinho DESTINOS 46 Roteiro Serra da Estrela 48 Fugas 32 Vinhas de Paixão Viagem a um setor que coleciona prémios nos principais concursos internacionais, que tem cada vez maior peso nas nossas exportações, ocupa um lugar de destaque no turismo, concilia os saberes tradicionais com a visão das novas gerações e leva a todo o mundo o selo de qualidade «made in Portugal». Chalés de Montanha A crise e os hábitos de consumo; App Caixadirecta 58 Saúde Prevenir as dores crónicas 59 Educação Uma aliada chamada Internet 62 Sustentabilidade O EGA que ajuda a poupar; Condomínio da Terra para pensar o Planeta CULTURA 64 Com esta voz me visto As modas do Fado em exposição 70 Livros & Discos 72 Agenda 73 Vintage Um ventilador histórico 74 Fecho Notícias CGD 4 Cx a rev i s ta d a ca i xa 26 Entrevista Cinco produtores de algumas das mais tradicionais quintas da região juntaram-se para dar a provar ao mundo os seus vinhos de mesa. Chamam-se Douro Boys e conquistaram o Prémio Europeu de Promoção Empresarial da Comissão Europeia. 40Grande viagem Há história, paisagens deslumbrantes e, claro, vinhos, alguns deles com lugar nas listas dos melhores néctares do mundo. Também há restaurantes, hotéis, passeios de barco e de comboio, num conjugar de emoções que dificilmente esquecerá. Seja bem-vindo ao Douro Vinhateiro. 54 Institucional Conheça os produtos e serviços da Caixa Geral de Depósitos, criados a pensar em si. 60 Sustentabilidade Young VolunTeam é o novo programa da Caixa que promove a cultura do voluntariado junto das escolas secundárias e não só. 66 Cultura Numa altura em que a rádio procura adaptar-se a uma «geração digital», que espaço sobra para os programas de autor e para a afirmação da personalidade daqueles que lhes dão vida? Foto de Capa: Getty Images VIVER 52 Finanças TUDO O QUE ADORA NO SEU CARTÃO CAIXA ESTÁ EM VANTAGENSCAIXA.PT VANTAGENSCAIXA.PT Tudo o que o seu Cartão Caixa tem para lhe oferecer está em www.vantagenscaixa.pt, o seu portal de sempre, feito exclusivamente a pensar em si, que agora tem um novo nome e foi renovado para lhe dar mais vantagens do que nunca. Descubra aqui as últimas novidades, os parceiros, os benefícios associados, informações sobre os Cartões Caixa, as promoções, os descontos e ainda a LojaVantagens - para poder comprar o que precisa, com um simples clique. Todas as vantagens reunidas num só endereço. E porque os Cartões Caixa foram pensados para lhe facilitar a vida, encontra todas estas vantagens divididas por áreas como hotelaria, cultura, restauração, moda, SPA’s, crianças e muito mais. Entre em www.vantagenscaixa.pt e descubra tudo o que os Cartões Caixa podem fazer por si. Siga-nos também em www.facebook.com/vantagenscaixa. www.cgd.pt caixadirecta 707 24 24 24 24h por dia/todos os dias do ano Utilize o crédito de forma responsável e não consuma acima da sua capacidade financeira. Saiba mais em www.saldopositivo.cgd.pt Vantagens na Caixa. Com Certeza. p pormenor DO CINEMA PARA A ESTRADA Será, provavelmente, o carro mais famoso da história do cinema. Chama-se Herbie e é um Volkswagen de corrida. Branco, com as incontornáveis riscas azul e vermelha, ostentando, orgulhosamente, o número 53, este «carocha» (Beetle) tem feito as delícias de várias gerações e promete continuar a fazê-lo... na vida real. A «culpa» é deste Beetle Edition 53, equipado com sistema de monitorização da pressão de pneus e com o sistema de parqueamento «Park Pilot», que estaciona o carro «sozinho»! PORTUGAL AO DOMICÍLIO A espalhar portugalidade A história de um emigrande português apostado em levar as nossas marcas aos quatro cantos do mundo O LIXO NÃO É TODO IGUAL Por certo já terá deitado fora objetos que acreditava poderem ter uma segunda vida. Com esse mesmo pensamento, Maarten Heijltjes e Simon Akkaya, dupla de designers da holandesa Waarmakers, criaram o Goedzak, um saco especial para... lixo especial. O saco é transparente, permitindo ver o seu conteúdo, e insere-se numa política de Freecycle, que visa criar uma uma rede de reutilização à escala mundial. MONSTRA À SOLTA! está de volta a nossa monstra preferida. Ou será o nosso monstra? Bem... está de volta o Festival Monstra que, de 7 a 17 de Março, em 16 salas diferentes espalhadas por Lisboa, divulgará o melhor do cinema de animação mundial. E não se esqueça do Monstrinha, dedicado ao público infanto-juvenil! 6 Cx a re v i s ta d a c a i xa o que é que a pasta dentífrifica Couto tem a ver com a Farinha Branca de Neve? E a pomada Halibut com as pastilhas Gorila? Os rebuçados Dr. Bayard ao lado das sardinhas em lata Minerva? Estas são, apenas, algumas das marcas que podemos encontrar no site www.portugalaodomicilio.com, um projeto «que permite, a quem vive fora do país, receber, confortavelmente, em sua casa diretamente de Portugal, os melhores produtos portugueses aos mais baixos preços para que se sinta mais perto do nosso País!». A ideia é de Luís Fonseca, formado em Economia e Marketing, emigrante em França, que aproveitou a viragem do ano para lançar o Portugal ao Domicílio, numa aposta que já recebeu encomendas de países como a China e o Peru. E, numa altura em que são vários os portugueses que tentam a sua sorte noutros países, este é um negócio com enorme margem de crescimento, feito à medida de quem está longe e que passa a poder matar saudades através de uma rápida encomenda. BIO-PAIXÃO Era uma vez uma família de quatro pessoas, com diferentes percursos profissionais, que decidiram mudar o rumo às suas vidas de forma a levarem a cabo um sonho antigo que tinham em comum. Nasceu, assim, o projecto Quinta da Pedra Branca (www.quintadapedrabranca.pt), que, em terrenos localizados perto de Mafra, promove a agricultura biológica e o conceito «Bio-Agradável». «O nosso êxito depende de um só factor: o sabor», dizem eles, e nós dizemos como pode colocá-los à prova: encomendando um dos cabazes disponíveis, onde encontrará uma grande variedade de deliciosas combinações entre legumes, fruta, ervas aromáticas e outros produtos sempre frescos. Ah, e ainda fica com o saco, confecionado em juta e totalmente ecológico, para ir fazer outras compras. O carro sempre limpo FELICIDÁRIO Curtir a vida aos 65 2012 assumiu-se como o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações, e este projeto da agência Lintas e da associação Encontrar+se promete não deixar cair no esquecimento a importância da felicidade na chamada terceira idade. Chama-se Felicidário e é uma mistura de calendário e de dicionário, com 365 definições práticas de felicidade. Desde experimentar uma comida nova ao registar-se no Facebook sem a ajuda dos netos, passando por fazer o pino, todos os dias existe uma nova ideia ilustrada por nomes como Afonso Cruz, Aka Corleone, Carolina Celas, Maria Imaginário e Yara Kono, entre outros. Para curtir em felicidario.encontrarse.pt. Uma equipa de cientistas do departamento de Engenharia Química da Universidade de Tecnologia de Eindhoven, na Holanda, liderada pela portuguesa Catarina Esteves, descobriu um revestimento inovador para automóveis que se... «auto-cura» e «auto-limpa». Composto por duas camadas ligadas por «caules», permite utilizar os componentes da segunda para reparar a camada exterior. Simultaneamente, a sujidade acaba por cair juntamente com a parte danificada, ou seja, deverá bastar uma chuvada para os carros ficarem lavados. Um projeto a acompanhar! VOLTA AO MUNDO EM BANDOLIM Chama-se Luís Pinto, tem 22 anos, é estudante de engenharia mecânica na Universidade do Porto, e, há seis meses, decidiu deixar tudo para trás e conhecer o mundo à boleia. Levou merenda para os primeiros dias, mas tem sido a tocar o seu bandolim que tem conseguido o dinheiro para comer. O regresso está agendado para Setembro, a viagem deve dar origem a um livro e a aventura pode ser acompanhada em www.youtube.com/ user/LifeTravelWorld. ROUPA PORTUGUESA PARA GADGETS TOPO DE GAMA luís fernandes, joão cunha e david ribeiro são três amigos, dois de Guimarães e um de Braga, com uma ideia em comum: criar capas à medida dos smartphones topo de gama. A ideia ganhou pernas para andar quando perceberam que, sem precisarem de sócios extra, podiam desenhar os acessórios e aproveitar o facto de um deles ter familiares a gerirem uma fábrica de calçado. O toque final foi dado pela pele italiana, imagem de marca que batizaram de Kouros. Os preços começam nos 40 euros e a aposta maior incidirá na exportação. Conheça mais este projeto português em www.kouroscases.com/pt. Fotos: D.R. AS TAMPAS E AS RAINHAS e se lhe oferecessem uma carteira com nome de realeza, feita a partir do reaproveitamento de tampas de garrafas? Isso é HádeHaver (www.hadehaver.pt.vu), um projecto made in Portugal da responsabilidade de Bruno Barbosa e Sandra Paulo, dois arquitectos. As carteiras subdividem-se em quatro modelos diferentes, desde clutches a carteiras de ombro, e, de forma a garantir a originalidade de cada peça, é-lhe atribuído um nome de uma personalidade feminina relevante da História de Portugal, sejam elas rainhas, infantas ou condessas. Cx a re v i s ta d a c a i xa 7 p a Caixa ao pormenor VA N TAG E M Fracionamentos Automáticos da Caixa Fracione o pagamento das suas compras sem a cobrança de juros Sabia que o seu cartão de crédito da Caixa permite fracionar o pagamento daquelas calças de ganga da Salsa que viu no centro comercial em seis vezes sem juros (para compras entre 300 e 600 euros)? Ou da bolsa que viu na montra da Loja das Meias em duas vezes sem juros? Ou até aquele fato da Giovanni Galli, que tanto jeito lhe dava, em três vezes sem juros? Os comerciantes aderentes aos Fracionamentos Automáticos da Caixa disponibilizam, aos Clientes titulares de cartões de crédito de particulares da Caixa, a opção de pagar as suas compras de uma forma mais cómoda, dividindo-a em várias prestações sem a cobrança de juros. Para usufruir deste benefício, basta dirigir-se a um comerciante aderente e solicitar o fracionamento da sua compra. A modalidade pretendida é ativada diretamente no TPA, no momento da compra. O acompanhamento e o controlo da cobrança das prestações podem ser feitos através do extrato do cartão de crédito. Carteira em pele da Salvatore Ferragamo, à venda na Loja das Meias Os Fracionamentos Automáticos já se encontram disponíveis na rede de lojas Giovanni Galli, Loja das Meias, Marc by Marc Jacobs, Salswwhecer as condições associadas e os parceiros aderentes, consulte o site www. vantagenscaixa.pt/campanhas/fracionamentosautomaticos. PARA QUEM OS 55 SÃO SÓ O PRINCÍPIO Se tem mais de 55 anos, a Caixa propõe-lhe as Soluções Caixa Activa, uma oferta financeira específica para pessoas que fazem da idade experiência para maior rigor e exigência na gestão do seu dia a dia e projetos futuros. Pessoas com interesses, sonhos e ambições, que procuram novos desafios e as soluções ideais para os alcançar. É neste contexto que surgem as Soluções Caixa Activa, propostas para uma vida ativa, para os seus projetos e futuro, mas também para a sua saúde e bem-estar, sem esquecer os momentos de lazer. Para tal, tem à sua disposição um conjunto de soluções financeiras e de serviços adequados às suas necessidades: contas de poupança, cartões para movimentar a conta à ordem e que lhe dão descontos em parceiros associados, o serviço Caixadirecta para ter o seu Banco sempre disponível, onde quer que esteja, e muito mais. Conheça as Soluções Caixa Activa e saiba como pode tornar a sua vida mais fácil, tornando-a, ainda, mais promissora. Porque os 55 são só o princípio. 8 Cx a re v i s ta d a c a i xa Conhece as soluções Caixa Woman? As soluções Caixa Woman são um conjunto de produtos e serviços financeiros de excelência, desenhados a pensar na mulher ativa, ambiciosa e confiante. Desde cartões exclusivos de débito diferido (1) ou de crédito (2), com um design feminino e vantagens únicas, a um site a pensar nas necessidades das mulheres, passando por soluções ímpares de poupança e proteção da saúde, a Caixa não descurou nenhum pormenor. Entre outras vantagens, pode contar com: •Um cartão de débito diferido, em que a primeira anuidade é devolvida com a realização da primeira compra e as seguintes são facilmente isentáveis, se o total das compras que efetuar com o cartão forem iguais ou superiores a 3000 euros, uma média de 250 euros ao mês; •Um cartão de crédito, disponível nas modalidades mini e standard; •Acesso a depósitos a prazo a 3, 6 e 12 meses, com taxa de juro majorada, disponíveis no Caixadirecta on-line; •Descontos e benefícios especiais em parceiros, nas áreas da moda, saúde e lazer; •Completo pacote de seguros, onde se inclui a cobertura de Acidentes Pessoais em Viagem e Roubo do Cartão, entre outros. Caixa Woman. Porque há pormenores que fazem toda a diferença. (1) TAEG de 1,4%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 0,00%. (2) TAEG de 22,3%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 22,50%. CAIXA IMOBILIÁRIO Aposta Internacional A dinamização do negócio imobiliário leva a Caixa a vários eventos internacionais A Caixa marcou forte presença em eventos internacionais do setor imobiliário, através das várias marcas CGD e Caixa Imobiliário, no segundo semestre de 2012, potenciando a comunicação da oferta imobiliária da Caixa junto de Clientes não residentes em Portugal, bem como de outras comunidades, como os lusodescendentes. É neste contexto que se enquadram as presenças no Salão Imobiliário Português, em Paris (SIP 2012), na Projekta by Constrói, em Luanda, e na 1.ª Mostra do Imobiliário de Portugal do Rio de Janeiro (MIP 2012). O primeiro teve lugar de 14 a 16 de setembro, no parque de exposições de Paris, acolhendo cerca de cem empresas e 30 mil visitantes, numa iniciativa da Câmara de Comércio e Indústria FrancoPortuguesa. Na sua primeira edição, a iniciativa contou, ainda, com a 4.ª Edição do Fórum dos Empresários e Gestores Portugueses e LusoDescendentes, subordinado ao tema «Oportunidades de Investimento em Portugal». Entre 25 e 28 de outubro, foi a vez de Luanda receber a décima edição da Projekta, a maior feira do setor da construção em Angola. CONFERÊNCIA DA ORDEM DOS ECONOMISTAS Decorreu, na Fundação Calouste Gulbenkian, a oitava edição da Conferência Anual da Ordem dos Economistas, uma iniciativa que teve o apoio da Caixa Geral de Depósitos, no âmbito do protocolo existente entre o Banco e a Ordem. O evento teve como tema central o Orçamento do Estado para 2013, contando com a intervenção de, entre outros, Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, de Rui Leão Martinho, bastonário da Ordem dos Economistas, e de Carlos Moedas, secretário de Estado-adjunto. A Caixa oferece benefícios aos membros da Ordem dos Economistas. Informe-se em www.ordemeconomistas.pt ou numa Agência da Caixa. Uma iniciativa que se destaca pelo elevado crescimento do mercado angolano, à semelhança do que aconteceu no Brasil, onde decorreu o último dos eventos. Foi no Consulado Geral de Portugal, entre 6 e 9 de dezembro, que teve lugar o MIP 2012, promovido pela Câmara Portuguesa de Comércio e Industria do Rio de Janeiro, no âmbito do Ano de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal. A presença da Caixa, nomeadamente, através da sua marca Caixa Imobiliário, nestes eventos – no MIP 2012, como patrocinador principal – permitiu um contacto privilegiado com vários investidores, quer das comunidades portuguesas, quer dos países de acolhimento, na apresentação e condições da oferta de produtos e serviços imobiliários do Grupo CGD, onde se incluem oportunidades de negócio e de investimento muito atrativas. Uma abordagem que se pretende reforçar ao longo de 2013, com a participação do negócio imobiliário da Caixa em múltiplos eventos internacionais, por quase todo o mundo. Saiba mais sobre as Oportunidades de Imóveis Caixa em www.caixaimobiliario.pt. Protocolo com a Ordem dos Médicos A Caixa assinou um protocolo com a Ordem dos Médicos (OM), passando a disponibilizar aos seus membros um vasto conjunto de benefícios em produtos e serviços financeiros, que vão ao encontro dos seus projetos pessoais e profissionais. A cerimónia teve lugar no Edifício-Sede da CGD, tendo o protocolo sido assinado por Nuno Fernandes Thomaz e José Manuel Monteiro de Carvalho e Silva, respetivamente administrador da CGD e bastonário da OM. A Caixa posiciona-se, assim, como parceiro privilegiado desta classe profissional, assegurando a presença em iniciativas da OM, como Congressos Nacionais, bem como outras de interesse comum e canais de comunicação privilegiados com os seus 43 400 membros. Este protocolo junta-se a outros, nomeadamente: • Associação Sindical dos Juízes Portugueses; • Ordem dos Advogados; • Ordem dos Arquitetos; • Ordem dos Economistas; • Ordem dos Engenheiros; • Ordem dos Engenheiros Técnicos; • Ordem dos Farmacêuticos; • Ordem dos Médicos Dentistas; • Ordem dos Psicólogos; • Sindicato dos Magistrados do Ministério Público. 9 h histórias de sucesso ANTÓNIO FERREIRA Passo a passo, sempre a vencer AMBICIOSO Dar um passo maior do que as pernas nunca o assustou. Nem a aposta contínua na inovação e no desenvolvimento das solas Bolflex, que, atualmente, dão cartas nos mercados nacional e internacional Por Helena Estevens Fotografia Anabela Trindade OUSADO MUITA SORTE, um bom staff e nunca desanimar, nem abrandar. «Há que estar sempre no vermelho», diz, aliás, António Ferreira, responsável pela Bolflex, empresa nacional de referência na produção de solas, sediada em Felgueiras. Um exemplo claro de que, em Portugal, há muita coisa boa a fazer-se. Cx: A Bolflex é um bom caso de sucesso a nível industrial no nosso País. Qual o seu segredo? António Ferreira: Primeiro, tem de se perceber da arte; depois, ter sorte e uma força interior invencível. A sorte também advém de toda a equipa de trabalho, da imagem que passamos e da parte financeira. Sempre tive uma ligação forte com a CGD e, felizmente, consegui cumprir o objetivo que tinha perante o Banco, em particular com Ricardo Azevedo, diretor de região que apoia a empresa há 17 anos, Joaquim Gama (coordenador de Gabinete) e Sandra Coelho (gestora de Clientes). Eles têm sido impecáveis comigo e com a empresa. Comecei do zero e, se não tivesse esse apoio, talvez hoje não existisse, nem teria o sucesso que venho a alcançar. São atitudes que nunca serão esquecidas. Cx: Quais os produtos mais procurados? AF: Depois de muita batalha, a Bolflex tem vindo a confecionar produtos inovadores, com borrachas verdes, recicladas e certificadas, nas quais somos os mais procurados. Cx: Ao olhar para o percurso da Bolflex, quais foram os momentos mais marcantes? AF: Em 1992, constituí a empresa, designada A. Ferreira & Pereira, Lda, com a minha esposa. Comprei maquinaria e, mais uma vez, tive sorte nas decisões. Em 1995, comprei novas instalações e, devido ao investimento, andei a navegar oito anos em águas muito turvas. Em 2003, fiz a primeira viagem à Alemanha para uma perspetiva de mercado 10 Cx a re v i s ta d a c a i xa e conhecer as novas tecnologias. E em 2004, realizou-se um dos sonhos: comprei as primeiras tecnologias, que ainda tenho, o que permite fazer solas sem molde, coisa impensável em Felgueiras. Antigamente, tínhamos de ir a Pamplona para termos uma maquete. Hoje, fazemos internamente e, numa hora, hora e meia, temos a maquete na mão. Em 2007, mandei fazer um protótipo de máquinas de injeção de borracha, no qual perdi meses com uma empresa da Marinha Grande, que me ajudou na parte técnica. Já em 2009, dei mais um grande passo: comprei 32 máquinas de borracha injetada – fomos considerados a empresa com maior capacidade de borracha injetada na Europa. Isto permite tirar 15 a 30 pares por hora, impensável com as máquinas tradicionais e que todos os produtores de solas utilizam. Com estas, tirávamos só cinco a nove pares por hora. Cx: A aposta na inovação e no desenvolvimento valeram à Bolflex vários prémios. Como foram recebidos? AF: No meu íntimo, são recebidos com muito orgulho, mas não o demonstro. Sei que é muito importante, sinal de reconhecimento pelas entidades competentes. Cx: É no início de um ano que se anuncia complicado que a Bolflex se muda para novas instalações. Como explica esta decisão? AF: A mudança deve-se às exigências de expansão. As antigas tornaram-se limitadas devido às necessidades de SONHADOR crescimento. Tinham patamares, o que causa dificuldades no processo fabril. As novas instalações dão-nos uma visão ampla do processo de elaboração da sola. Desta forma, melhora as condições de trabalho, tornando-se mais rápida e eficaz a deslocação a qualquer secção. A qualidade do produto vai reflectir-se no final. Uma das grandes vantagens será melhorar o processo de produção, para uma resposta ainda mais breve às necessidades dos clientes. Cx: As crises são boa fonte de oportunidades? AF: Nunca dei importância aos momentos altos ou baixos. Estou habituado a grandes desafios. Nos momentos de crise, uns não avançam porque têm medo ou não acreditam, outros têm capacidade e sorte de ir em frente. Assim, conquistam novos Print DEDICADO EM FRENTE Olhar mais além é a filosofia de vida deste empresário que não teme os desafios que tem pela frente. TRABALHADOR mercados, trazendo mais sucesso e dando bom exemplo para o mercado português. Cx: Como se contraria a crise? AF: Muita sorte, ter um bom staff e nunca desanimar. Não podemos abrandar o trabalho. Temos de estar sempre no «vermelho». Sou capaz de adormecer a pensar na empresa ACHO QUE PORTUGAL NOS OFERECE MUITAS OPORTUNIDADES. DEVE-SE LUTAR ATÉ ATINGIR O OBJETIVO e acordar a pensar nela. Quando há um problema, temos de pensar nele noite e dia para encontrar a melhor solução, o mais rápido possível, para que não se torne incurável. A empresa tem sido assim e temos conseguido superar todos os desafios. Cx: Que desafios se vislumbram no horizonte? AF: O objetivo é pôr a empresa em velocidade de cruzeiro. Posteriormente, quero fabricar novos produtos, que se consomem em Portugal, mas não existe produção. Assim, podemos dar apoio às nossas indústrias e ser mais polivalentes. Cx: Qual o segredo para fidelizar clientes? AF: Trabalhar, de forma a combater a concorrência com novos produtos, e estar atento à moda, que está em constante Fã das novas tecnologias, não consegue resistir a máquinas industriais inovadoras, que permitam elevar a empresa a novos patamares. Quanto aos valores pessoais, a história é completamente diferente, uma postura que se prende com um enorme respeito pelo valor do dinheiro: «Uma das paixões que tenho é o futuro da empresa. Para as coisas pessoais, sou incapaz de gastar o que quer que seja mal gasto. Fui muito massacrado desde jovem e tenho muito medo do que a vida possa trazer futuramente. Sei o que é querermos e não termos. Quando não temos dinheiro, damos-lhe um valor terrível; quando o temos, não podemos ficar loucos com ele.» mudança. Fazemos prospeção de mercado em vários países, pelo menos, seis vezes por ano, como a Holanda, Bélgica, Alemanha, Inglaterra e França, para estarmos na vanguarda. De regresso, reunimos com os designers e estes recolhem a informação para desenvolver os produtos (solas) de forma criativa, tendo em conta as cores, modelos e materiais. Após a criação da nova coleção, os nossos clientes trazem os próprios clientes para escolherem a sua coleção baseada na informação que oferecemos. Cx: Que conselhos dá aos investidores? AF: Acho que Portugal nos oferece muitas oportunidades. Deve-se lutar até se atingir o objetivo. Independentemente da filosofia de cada um, devemos ter força e garra para seguir em frente. Cx a re v i s ta d a c a i xa 11 t talento Print N U T R A L LY A virtude da gula SABOROSA NUTRIÇÃO Têm forma de urso, mas não ameaçam ninguém, as gomas vitaminadas sem açúcar, vegetarianas e antioxidantes que Silvino Henriques e Filipa Rocha criaram para fazer as delícias dos mais gulosos, sem azedar em matéria de saúde Por Ana Rita Lúcio Fotografia Anabela Trindade DA ÉPOCA EM QUE OS SONHOS ainda lhes cabiam dentro da mochila que pingava sobre os ombros, arquivados entre livros, cadernos e brincadeiras de palmo e meio, guardam a memória açucarada das viagens de ida e volta, para mais um dia de aulas. «Quem não se lembra das típicas lojinhas de gomas que havia ao pé das escolas?» – pergunta Filipa, dando folga ao ponto de interrogação, porque infância é tempo de doçuras (e travessuras) e, como ela, estão para lá da conta aqueles que não resistiam «a ir buscar línguas, tijolos, dedos, amoras, morangos, lagartas ou ovos estrelados», de sorriso estendido de uma orelha à outra, só ameaçado pela promessa das cáries que os adultos juravam que chegariam, se não se virasse a cara às guloseimas. Se a tentação era doce, já na fase em que os sonhos deram lugar a ideias inovadoras, Filipa Rocha e Silvino Henriques inventaram uma receita capaz de agradar a miúdos e graúdos: gomas sem açúcar, vegetarianas, com propriedades antioxidantes, contando, também, com vitaminas e componentes naturais e, até, livres de lactose ou glúten. Tão apetitosas, quanto (mais) saudáveis e nutritivas. O que não engorda nestes ursinhos gomados, com menos 30% de calorias que os seus congéneres com açúcar, acabou mesmo por matar o apetite empreendedor dos dois formados em Microbiologia, que já há alguns anos alimentavam a amizade e a fé, enquanto catequistas, na sua Ermesinde-natal. Na incubadora da Universidade Católica, no Porto – onde estudaram –, para somar à vontade de trabalhar na área alimentar que sempre lhes «cativou» o gosto, colheram os ingredientes que faltavam para cozinhar o projeto da Nutrally, a empresa por trás das guloseimas. Porque queriam fugir a tudo aquilo que já fora feito até então, os jovens empresários avançaram para uma fórmula «paradoxal»: «um doce que faz bem», aponta Silvino. Ele que, depois de um ano de Erasmus, na Irlanda, trazia na bagagem a experiência de um outro projeto, que envolvia barras de cereais com probióticos, e um convite pronto a endereçar a Filipa, para se juntar a ele em busca da tal «goma saudável». Além de amiga da saúde, sem deixar de ser apetitosa, essa pequena delícia tinha de ser, também, funcional – que é como quem diz «ter efeitos 12 Cx a rev i s ta d a ca i xa benéficos acrescidos sobre o organismo». Para o conseguir, os dois amigos enriqueceram as gomas com outro grande elemento diferenciador: as vitaminas C – no caso das gomas sem açúcar e das gomas vegetarianas – e E – no que toca às gomas antioxidantes. «Já existem outras gomas sem açúcar e nota-se uma tendência para existirem gomas com menos produtos artificiais», explica Silvino. O que torna, então, este produto tão especial? «A maior inovação, neste momento, é mesmo a questão das vitaminas, já que não existe nenhum outro alimento no mercado – porque é um alimento e não um comprimido ou suplemento – enriquecido com vitaminas», reforça. Acotovelados dentro da embalagem branca que, à primeira vista, poderia parecer saída de uma prateleira de farmácia, os ursos coloridos de verde, amarelo, vermelho e laranja, devido aos corantes e aromas naturais, estão, no entanto, longe de saber «a medicamento», garante quem já os provou. Serem saborosos, aliás, foi «remédio santo» para ultrapassar o desafio da necessidade de financiamento da Ou de como o nome da marca esconde o segredo por trás das gomas que deliciam e fazem bem à saúde. «Primeiro estranhou-se, depois entranhou-se». Silvino Henriques rouba a frase de Fernando Pessoa para dar conta da reação que ele e Filipa tiveram depois de «provar» o nome que acabou por se colar à marca e às gomas. «Porque precisavam desesperadamente de o encontrar», revelam, experimentaram Nutrally, «que é uma mistura entre natural e nutracêutico». Nutracêutico, explicam, é uma fusão entre os conceitos «nutritivo» e «farmacêutico» que se aplicam aos alimentos com propriedades funcionais. start-up que arrancou com parcos capitais próprios. «Chegámos a uma altura em que quisemos dar a provar o nosso conceito às pessoas», lembra Silvino, «perceber quanto é que valíamos», acrescenta Filipa. Como cientistas que são, elegeram nada mais que o «laboratório» do crowdfunding para realizar o teste de aceitação das gomas. Nesta ferramenta online de financiamento coletivo, os responsáveis da marca encontraram um prato cheio de «apoiantes, contactos e pré-clientes» e um bolo de cinco mil euros para investir na Nutrally, que nasceu oficialmente no ano passado. Apesar do «bom feedback» que recolheram desses primeiros provadores, que aprovaram a fórmula das gomas saudáveis que, desde então, têm adoçado várias bocas por todo o País – através da loja online e de duas lojas em Guimarães e no Porto –, Filipa e Silvino rejeitam ficar parados. «Numa incubadora ou não, o negócio é nosso, temos de ser nós a dar à perna». Daqui para a frente, o desejo é conquistar paladares mundo afora. Sem açúcar, mas com muito doce. Cx a rev i s ta d a ca i xa 13 t talento NUNO CAMARNEIRO No universo das palavras No seu peito não cabem pássaros. Cabem, no entanto, palavras. Muitas. E frases que nos prendem e cativam e convidam a descobrir a seguinte Por Helena Estevens Fotografia Bruno Barbosa DEBAIXO DO CÉU, o seu segundo romance, encontrava-se numa fase já avançada, quando se apercebeu de que poderia terminá-lo a tempo de o enviar a concurso anonimamente para o grupo editorial LeYa. A decisão valer-lhe-ia o reconhecimento máximo entre os 270 originais apresentados a concurso. 14 Valeu-lhe ainda o Prémio LeYa, no valor de 100 mil euros, que, basicamente, lhe permitirão fazer aquilo que aprecia. E ser catapultado para o reconhecimento público: «Já me vão reconhecendo muito onde eu moro, há pessoas que vêm ter comigo a perguntar se eu ganhei o prémio ou a dizer que leram o meu livro», afirma. Acrescenta que «toda a gente me dá os parabéns» e que «é muito engraçado» o facto de as pessoas com quem trabalha na universidade e que só conheciam a sua faceta de investigador ou de professor, de repente, «descobrirem esta faceta de que não estavam à espera ou não pensariam que eu pudesse fazê-lo». Na altura, a possibilidade de vencer deixá-lo-ia algo inquieto. Preferia que os seus livros ficassem famosos sem que com ele acontecesse o mesmo, por não saber se conseguiria lidar com as mudanças que o prémio poderia trazer à sua vida. No que respeita à escrita propriamente dita, mostra-se tranquilo, uma vez que «a escrita vem de outro lugar – não tem nada a ver com o reconhecimento; tem a ver com processos mais internos, processos íntimos», mesmo apesar de achar que há que estar à altura do prémio. «É-nos pedido, de alguma maneira, que continuemos a escrever bem e a fazer coisas boas. Espero que não vá pesar na escrita. Para já, não sinto isso, mas é uma responsabilidade.» ou as vidas que estão por detrás dessas pessoas e é à noite, em casa, quando tudo está já sossegado que melhor consegue entrar no universo da literatura e dar asas à escrita. Diz que esta se faz «de tempo, de alguma reflexão e de muita imaginação» e, por vezes, de alguma insistência. «Nos dias bons, não. Nos dias bons, não é preciso obrigar-me [a escrever]. Mas há alturas em que tenho de me obrigar. Pode não apetecer muito, mas tem de ser feito na mesma.» Aos bloqueios de escritor também não é imune. Há dias em que não lhe «sai uma ideia ou não sei bem como enfrentar certo desafio de escrita ou como iniciar um certo capítulo, por exemplo», mas já descobriu a fórmula para o contornar: «Desencravo com outras leituras. Vou lendo outras coisas e, às vezes, onde eu menos espero, há uma ideia que me faz encontrar outras», explica. É um pouco o que acontece com os seus títulos, para os quais não tem, no entanto, uma receita. «Não tem a ver diretamente com o que lá está, mas mais normalmente com uma certa sensação que o livro me causa quando penso nele. É uma coisa mais abstrata. Ou porque deparo com uma frase que acho que é boa para o título ou, como aconteceu no primeiro livro, depois de escrever uma frase, quando As obras nascem-lhe da leitura, de observar as pessoas, tanto amigos como desconhecidos, olhar para as situações normais da vida e outras mais invulgares e de tentar imaginar os bastidores dessas situações A ESCRITA TEM A VER COM PROCESSOS MAIS INTERNOS, PROCESSOS ÍNTIMOS Cx a rev i s ta d a ca i xa Print O FASCÍNIO DOS OUTROS São muitos os livros que o marcaram até agora. E em idades diferentes. Um dos primeiros foi A Metamorfose, de Kafka, «porque o li muito cedo e era um objeto muito estranho e criou em mim esse fascínio». Depois, Os Passos em Volta, de Herberto Helder, talvez já com 19 ou 20 anos, voltou a ter o mesmo efeito, o de o deixar sem saber onde se agarrar. «Há livros que me vão tirando o chão debaixo dos pés e são normalmente os que mais me marcam.» Atualmente, divide-se entre duas obras de autores diferentes: The Actual, do norte-americano Saul Bellow, e Tristano Morre, de Antonio Tabucchi, escritor italiano com forte ligação a Portugal. voltei a lê-la pensei ‘isto dava um bom título para este livro’.» Questionado sobre o que não gosta no processo de escrita, não hesita: a parte de revisão, em que é necessário ler, cortar e modificar e na qual há a perceção de que existem coisas que não estão tão bem e têm de ser trabalhadas até ficarem bem. Esse processo iterativo é sempre um bocadinho penoso, confessa. E algo assustador, uma vez que o passo seguinte é a impressão, a cristalização das palavras no papel, a impossibilidade da sua modificação. «É ótimo ver um livro nosso impresso, mas também assusta um bocadinho porque, a partir daí, já não nos pertence. Pertence ao público.» A escrita não é um amor exclusivo. Além de livros antigos e de perder tempo em alfarrabistas, divide-se entre amigos e o gosto por viagens, pelo estudo da etnografia, das tradições da música, do teatro... Cx a rev i s ta d a ca i xa 15 d design & arquitetura E X P E R I M E N TA D E S I G N O design chegou ao convento Crente no poder da criatividade para redesenhar as bases da cultura, da sociedade e da economia, alinhando-as com o futuro, a ExperimentaDesign acaba de abrir as portas no Convento da Trindade, com o apoio da Caixa Por Ana Rita Lúcio Fotografia Gualter Fatia O NOVO ANO é composto de mudança para a ExperimentaDesign. A começar pela casa. A transferência para novos aposentos deu-se, aliás, ainda no final de 2012, marcando o início de uma era de recomeço para esta associação cultural. Sem, ainda assim, quebrar com aquelas que são as suas linhas basilares: «pesquisa, experimentalismo, formação, informação, estímulo e inovação na área do design, cultura e criatividade», como elenca a diretora, Guta Moura Guedes. Desde 13 de dezembro último, aquela que se tem vindo a afirmar como uma plataforma nacional e internacional de debate e estímulo à criatividade instalou-se no antigo Convento da Trindade, cedido pelo mecenas Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCC). 16 Cx a re v i s ta d a c a i xa A mudança não se fez para longe e não rompe, de resto, com a programação cultural, iniciada em junho de 2010, em parceria com o Instituto de Arte, Design e Empresa (IADE) no Palácio Quintela, também no Chiado. Aproveitando a maior amplitude e versatilidade das novas instalações, que se abrem a um leque mais diverso de potencialidades de exploração, este protocolo com a SCC presta-se´, ainda, a alicerçar o novo reduto numa rede colaborativa nacional e internacional. A intenção é que sirva de motor à sociedade civil, numa perspetiva sustentável para todos. «Numa ótica de serviço público, mas também numa ótica económica, procurando estimular o empreendedorismo», acrescenta a responsável. Solidária Os valores recolhidos na exposição Pureza reverteram a favor da Abraço Abraçar a responsabilidade social Além do novo espaço passar a servir, também, como uma das bases de desenvolvimento da oitava edição da bienal EXD (em 2013), «em breve» se saberão mais novidades sobre o projeto, garante Guta Moura Guedes. Para já, a inauguração, apresentando paralelamente a primeira exposição patente no Convento da Trindade, permitiu evidenciar alguns dos princípios orientadores da ação da ExperimentaDesign. A 13 de dezembro, o Convento da Trindade levantou, assim, o véu sobre a mostra Pureza, assinalando os 160 anos da Água do Luso. Convocando oito autores portugueses a projetar o futuro da marca para os próximos 160 anos, a exibição que esteve patente até 13 de janeiro deste ano permitiu, ainda, promover aquela que é uma das marcas «de água» da ExperimentaDesign: a responsabilidade social. As peças que integraram a exposição – concebidas por Siza Vieira, Carrilho da Graça, Joana Vasconcelos, João Louro, Fernando Brízio, Miguel Vieira Baptista, Jorge Silva e Ricardo Mealha – destinaram-se a ser vendidas por um valor que reverteu, na sua totalidade, para a Abraço. «Trazendo as componentes criativas ao território da responsabilidade social», como nota a diretora da ExperimentaDesign, o projeto Pureza apoiou um programa de prevenção nacional do VIH/SIDA em meio escolar, conduzido pela instituição de solidariedade social. «O modelo que escolhemos não foi inovador, é utilizado há imenso tempo, mas produz sempre bons resultados», refere ainda. Para tal, segundo Guta Moura Guedes, é determinante o papel das empresas e das entidades estatais que se associam à ExperimentaDesign. «Sem parceiros e patrocinadores como a SCC ou a CGD, nossa patrocinadora na bienal, o nosso trabalho na área cultural, social e educativa não seria possível. O mesmo em relação às parcerias que temos ao nível institucional, quer com a Câmara Municipal de Lisboa, quer com a Secretaria de Estado da Cultura ou o Ministério da Economia e com os vários parceiros internacionais.» Criar contra a crise Nascida no seio da sociedade civil, em 1998, a associação cultural, que este ano comemora o 15.º aniversário, fez sempre acompanhar a preocupação com a dimensão social do seu trabalho, por uma noção de serviço público constantemente renovada. Daí que, desde o início, a ExperimentaDesign tenha feito da «inovação social» uma bandeira. Foi, precisamente, por pugnar pelo design e pela criatividade como ferramentas ao serviço da inclusão, sustentabilidade, valorização e cidadania, que a instituição criou a unidade de investigação Design Response (DR), para responder a um desafio internacional na área do envelhecimento. Investigando, pesquisando, criando, coordenando e gerando conhecimento e massa crítica, a DR visa, «acima de tudo, criar soluções aplicáveis à sociedade onde nos inserimos, que produzam alterações diretas no quotidiano das pessoas», diz a diretora da ExperimentaDesign. Sempre sem perder de vista a criatividade Print BIENAL SEM FRONTEIRAS A edição de 2013 da bienal ExperimentaDesign é subordinada ao tema No Borders. O esboroar de fronteiras é uma das linhas de força que estarão em análise na bienal ExperimentaDesign, cuja edição de 2013 terá início a 7 de novembro. O tema No Borders irá também acompanhar a EXD, na edição de 2014, em São Paulo. Além de remeter para o funcionamento em rede, «tem, ainda, um certo sentido de risco, de andar em frente, de explorar, de experimentar», remata Guta Moura Guedes. num ativo cultural, social e económico, outra das linhas de força da ExperimentaDesign tem sido a chamada de atenção para o papel determinante das indústrias criativas, sobretudo numa conjuntura de crise como a que o País atravessa. Guta Moura Guedes, que, em novembro do ano passado, foi também embaixadora da Semana Global do Empreendedorismo, dedicada a esta temática, destaca o potencial de aplicação da criatividade. «Se fizermos uma listagem dos ativos nacionais mais fortes – clima, paisagem, cultura, mar, capacidade e knowhow industrial e especificidades artesanais locais –, sabemos medir o seu valor, mas sabemos que para serem rentabilizados, num mercado global altamente concorrencial, necessitamos de efetuar um processo de renovação que os torne mais competitivos e com maior valor acrescentado.» O design e as disciplinas criativas serão, então, fulcrais neste «redesenho», como operadores de mudança – a tal que a ExperimentaDesign não se cansa de experimentar. Conheça o Cartão Design da Caixa, nas versões pré-pago e de crédito (1), exclusivo para estudantes e profissionais do design. Ao utilizar o cartão de crédito, contribui para a sua poupança, através da devolução de até 1% do valor efetuado em compras, a partir de um montante de 100 euros, com o limite máximo de 50 euros mensais. Saiba todas as condições em www.cgd.pt. (1) TAEG de 20,8%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 18,00%. Cx a re v i s ta d a c a i xa 17 d design & arquitetura CAD Arquitetura por um mundo melhor Repensar a construção e, assim, reduzir o enorme impacto ambiental que tem atualmente, mais do que um dever é uma necessidade. Urge projetar, construir e habitar de forma sustentável, um caminho já a ser trilhado Por Helena Estevens NESTE MOMENTO, A NÍVEL GLOBAL, o setor dos edifícios é responsável por cerca de 40 por cento do consumo de energia na Europa e nos EUA. Se tivermos em conta que as respetivas emissões de CO2 para a atmosfera, responsáveis pelo sobreaquecimento global, resultam da nossa utilização nos edifícios, facilmente se percebe que urge encontrar alternativas eficientes ao problema que foi criado. É por isso que falar de sustentabilidade implica falar invariavelmente do setor da construção, uma vez que este «está sempre relacionado com a questão da sustentabilidade, porque é uma parte muito importante do problema e, portanto, terá de ser, também, parte da solução», refere Patrícia Lourenço, sócia da Companhia de Arquitectura e Design. 18 Cx a re v i s ta d a c a i xa «Eu diria que um dos principais desafios para a arquitetura no século XXI é tornar a construção mais sustentável ambientalmente. E isso, em termos de arquitetura, significa pensarmos o setor da construção de maneira diferente, projetarmos de maneira diferente, construirmos de maneira diferente e vivermos dentro dos edifícios de maneira diferente; o que temos de fazer é uma abordagem integrada entre todos os agentes envolvidos na construção», explica. E, acrescenta, «pensar a construção não de uma forma linear, em que alguém pensa e projeta, e depois há alguém que constrói e alguém que habita. Temos de pensar numa lógica circular, em que todos estes agentes estão envolvidos nesta questão da sustentabilidade ambiental». Os dados foram lançados e todo o processo já se encontra em marcha. Uma das peças em movimento é a CAD – Companhia de Arquitectura e Design, apostada, desde a sua fundação, em 1998, em oferecer a cada cliente a participação num mundo melhor. Como? Como agentes envolvidos no processo da construção, tomando consciência do impacto que a fase de projeto pode ter na sustentabilidade ambiental, tentam que «as práticas de projeto do gabinete tenham consciência disso e sejam disso indutoras. Isto implica as próprias práticas de projeto e o conhecimento que nós temos sobre estas questões e incorporar aquilo que vão sendo as ferramentas disponíveis, por exemplo, a nível tecnológico, para podermos responder cada vez melhor neste setor», diz Patrícia. A «O sector dos edifícios é responsável pelo consumo de, aproximadamente, 40% da energia final na Europa. No entanto, mais de 50% deste consumo pode ser reduzido através de medidas de eficiência energética, o que pode representar uma redução anual de 400 milhões de toneladas de CO2 […]» – ADENE, Agência para a Energia. Print PARA UM PROJETO SUSTENTÁVEL HÁ QUE DESMISTIFICAR A IDEIA DE QUE UM PROJETO DE ARQUITETURA É UM LUXO ACESSÍVEL A POUCOS responsável explica que, «neste momento, há programas para simular o desempenho dos edifícios na fase de uso. Há uma componente tecnológica e de desenvolvimento e pesquisa que temos de ir fazendo e, depois, há, também, uma tomada de consciência de que, além das questões da tecnologia e dos conhecimentos científicos, é necessário ter uma abordagem social, de envolvimento de todos os participantes, das equipas de trabalho e dos próprios utilizadores. Isto para que todos estejam conscientemente envolvidos nesta questão da sustentabilidade e, portanto, é também um trabalho pedagógico de envolver todos os agentes da construção». A seu favor têm o facto de que, «hoje, pelo menos ao nível da Europa, restam poucas dúvidas de que, efetivamente, temos um impacto e que esta questão precisa de ser resolvida», algo que há uns anos se teria revelado bastante mais complicado, até porque, praticamente, não se punha esta questão. Mais problemático, hoje em dia, «é as pessoas acharem que construir sustentável é mais caro do que não o fazer. Isso combate- se com os exemplos reais», refere a sócia da CAD, acrescentando: «Creio que é uma questão de envolver as pessoas e de lhes explicar do que é que se está a falar e acho que, hoje, é mais fácil envolver as pessoas». Obviamente, a componente económica acaba por ser um fator de peso muito grande, principalmente nos tempos que correm, e não podemos esquecê-la. Ela também tem de estar envolvida. Temos de conseguir compatibilizar aquilo que são objetivos de desempenho ambiental com o que são os objetivos de desempenho funcional do cliente (aquilo de que ele precisa) e o desempenho económico, mas isso faz parte da própria sustentabilidade. A lógica da sustentabilidade é uma série de pilares que tem de se concretizar num equilibrio entre as condicionantes ambientais, funcionais e económicas. «Nesse sentido, interessará a todos que o projeto seja sustentável. Se houver uma partilha de objetivos, rapidamente se ultrapassa aquilo que são aparentes dificuldades, porque não são dificuldades reais, são realidades aparentes e muitas vezes mistificadas e, portanto, perfeitamente ultrapassáveis», explica. É por isto que, para desmistificar a ideia de que a arquitetura é um luxo, a CAD proporciona a todos os seus clientes e contactos um serviço gratuito de consultoria on-line, que responde a dúvidas sobre arquitetura e construção. Desenvolvido há muitos anos e diversas vezes premiado, é, ainda hoje, destacado na imprensa nacional e internacional pelo caráter inovador e praticamente único no mercado português. O serviço inclui, ainda, parcerias estabelecidas, entre as quais o portal LardoceLar da CGD, uma forma de a CAD alargar a sua base de contactos, credibilizando a arquitetura. 1 - Escolher os materiais de construção tendo em conta: Critérios de durabilidade É importante considerar os custos durante toda a utilização. Qual a durabilidade? Para quando a substituição do material? A limpeza e a manutenção são dispendiosas? Critérios de segurança e saúde Alguns materiais são tóxicos. Materiais de base orgânica são mais seguros e eficientes. A distância do local de fabrico O transporte tem grande impacto no ambiente. A utilização de materiais locais é mais responsável. Certificação dos produtos O uso de produtos certificados assegura princípios de sustentabilidade ambiental na cadeia de produção. 2 - Definir a orientação e a implantação dos edifícios e o desenho arquitetónico segundo princípios bioclimáticos. Desde a antiguidade que construtores e arquitetos concebem o projeto arquitetónico para maximizar a integração no meio local, tirar partido da exposição solar, recolher a água das chuvas, etc. Garantir um bom isolamento da construção evita desperdícios de energia na fase de utilização. 3 - Preparar a construção para a desconstrução. Parece estranho, mas, se os edifícios forem concebidos para serem fáceis de desmontar, potenciam as reutilizações posteriores e facilitam a limpeza, manutenção e substituição de elementos. 4 - Fazer uso das energias renováveis para aquecimento da água e do ambiente. Cx a re v i s ta d a c a i xa 19 d design & arquitetura MUNNA Histórias de mobilar Print Como num passe de mágica, a Munna desenha emoções transformadas em poltronas, cadeiras e sofás ávidos de escrever novos capítulos na história internacional do design. O mais recente vem sublinhado a ouro, com o Prémio Internacional de Design e Arquitetura 2012 MARCA DE ALMA De quem tem o design como linha orientadora. Por Ana Rita Lúcio BEM PODES ESPERAR SENTADO! Atirada como uma frase em jeito de bomba, pronta a estilhaçar expectativas por onde quer que passe, não há quem não se lembre de ter ouvido esta expressão. Mas e se lhe dissermos que o significado deste lugar-comum talvez já não esteja exatamente no mesmo sítio, desde que, em 2008, uma marca de mobiliário de luxo de Leça do Balio chegou com ânsia de mudar o mundo do design de interiores, uma peça de cada vez? Afinal, sentar e esperar é o que mais apetece a quem se cruza com as poltronas, cadeiras e sofás da Munna. Quanto mais não seja, para escutar de perto as histórias que lhes vão cosidas no estofo: as das correntes artísticas do passado que neles se recuperam e as que, a partir daí, se propõem esboçar, empurrando todo o mercado em direção ao futuro. Comecemos, então, pelas últimas. Elegante por fora – vestida de veludo de algodão adornado por tachas – e robusta por dentro – no interior em pinho marítimo que resplandece à luz do lacado de alto brilho –, a poltrona Becomes Me conquistou, recentemente, o Prémio Internacional de Design e Arquitetura 2012. Nascida do traço da designer Mónica Santos e das escrupulosas mãos de artesãos e marceneiros da cintura industrial do Porto, a silhueta das curvas e contracurvas da poltrona segue quem nela se senta, como se num abraço. «A emoção que trespassa é a de que objeto e pessoa são um só», sublinha Paula Sousa, designer, diretora criativa, CEO, alfa e ómega da Munna. 20 Cx a re v i s ta d a c a i xa O esquisso do sonho ganhou contornos pela mão do avô Joaquim, à força de construir e mobilar as casas das bonecas que foram as suas primeiras clientes. Hoje, com o mundo por freguesia, Paula Sousa mantém a vontade de escrever novas páginas na história do design: no grupo Urban Mint, para além da Munna, a Design tv, a Press Kit (agência de comunicação) e a nova marca de mobiliário Ginger & Jagger tornam o sonho realidade. becomes me Prémio Internacional de Design e Arquitetura 2012 Arte móvel Emocionar foi, de resto, o verbo que desde o princípio se conjugou com a marca nortenha. «A nossa missão é transformar emoções em produtos», dizem-nos. A julgar pelo nome, parecem estar no bom caminho. Forrada a cinco letras que carregam a herança árabe e hindu que fala de magia, poder e bondade, Munna é, para Paula, ainda uma palavra «envolvente», que convida ao conforto. Voltando sempre ao aconchego dos materiais e das formas conciliadas pelo saber manual, a insígnia não puxa, porém, a cadeira ao sentido estético. Porque acredita que «o modo como as pessoas escolhem viver é uma forma de arte», não prescinde de encontrar um canto para ela no quotidiano dos seus clientes. Algures por entre espumas, madeiras, veludos, sedas, folhas de ouro ou prata (e a lista está longe de ficar por aqui), é ver despontar, entre outros, resquícios históricos dos períodos romântico, barroco, de art nouveau ou déco, sublimados «ao modo de viver contemporâneo», mais depurado e retilíneo. Prova de que a tradição e a inovação também podem andar de braço dado. O que nos remete para o próximo capítulo, redigido pelo punho de quem sempre alimentou a «paixão de se criar uma história para o design português», aquém e além-fronteiras. Mostrando que o País também guarda espaço para a criatividade, a Munna leva Portugal às peças, lá para fora. Até agora, já chegou a 34 países, apoiada na almofada da exportação que representa 95 por cento do negócio. Durante esse vaivém, já fez, entretanto, paragens nas casas dos cantores Jennifer Lopez ou David Byrne (ex-vocalista dos Talking Heads), que, respetivamente, não resistiram a ouvir o que os sofás Madeleine e Louis tinham para lhes contar. a automóveis J O H N CO O P E R WO R KS PAC E M A N Mini desportivo A família Mini vai crescer já em março. O sétimo elemento da oferta é um coupé de três portas que recupera a forma do Countryman, com uma personalidade muito própria Por Luís Inácio E VÃO SETE REINTERPRETAÇÕES do espírito Mini. O Paceman – assim se chama o novo membro da família – retoma o visual coupé numa carroçaria que bebe inspiração no Countryman. E se a personalidade do Paceman per si já é desportiva, a versão John Cooper Works, apresentada, recentemente, no salão automóvel de Detroit, acrescenta à estética a raça de um verdadeiro carro de corridas. Um concentrado de emoções fortes para quatro é o que promete o John Cooper Works Paceman. Com uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em apenas 6,9 segundos e uma velocidade máxima anunciada de 226 km/h, este Mini pode ser pequeno no tamanho, mas é grande nas performances. E nem é absolutamente verdade que este Mini seja realmente «mini», pois, com 4,15 metros de comprimento, 1,79 metros de largura e 1,52 metros de altura, o Paceman até consegue responder a uma utilização mais utilitária, apesar da limitação dos quatro lugares existentes. A tração integral, os 218 cv de potência, a suspensão desportiva e o kit aerodinâmico respondem à condução mais desportiva, agarrando o Mini à estrada e o coração ao volante. A distinção é a pedra de toque nos modelos submetidos ao tratamento da John Cooper. Ao nível do design, esta versão é, claramente, a mais marcante da gama Paceman. Os pára-choques mais largos, a dupla ponteira de escape e as generosas jantes de 18 polegadas fazem virar cabeças. O logótipo específico John Cooper Works está lá para assinar o conceito. No interior, viaja-se em executiva, com estofos em pele, ar condicionado automático e um sistema de som de topo. O temperamento desportivo também marca o habitáculo, pintando-o, essencialmente, em negro, com apontamentos de vermelho exclusivo Chili Red. Equipado com um 1,6 litros, e tendo em conta o que promete, não espere milagres ao nível do consumo. Ainda assim, a tecnologia Minimalism – composta pela função start/stop, regeneração da energia obtida na travagem e pelo indicador de mudança de velocidade – permite a este Mini apresentar um valor na ordem dos 7,4 litros aos 100 km e emissões de 174 g/km. Ainda não é conhecido o preço desta versão mais desportiva, mas a nova gama Mini – à venda em março – estará disponível desde 28 500 euros. CONHECE A MIDAS? Líder mundial na área de manutenção e reparação automóvel rápida, a Midas apresenta um conceito inovador assente numa qualidade de serviço e numa imagem de marca de prestígio internacional. São 48 centros em Portugal, junto dos quais os titulares de cartões da Caixa têm à disposição um conjunto de vantagens: > 10% de desconto em pneus Goodyear e Dunlop; > 25% de desconto em pneus Bridgestone; > 30% de desconto em pneus Voyager e Debica; > 25% de desconto em quatro amortecedores; > 20% de desconto em dois amortecedores Monroe; > 5% de desconto em escapes Walker; > 5% de desconto em travões Bendix/Ferodo; > 20% de desconto em baterias Autosil; > 5% de desconto no pack de revisões; > 5% de desconto no pack de ar condicionado; > 5% de desconto em direções e suspensões. Saiba quais os cartões válidos para esta parceria que a Caixa estabeleceu com a Midas, em vantagenscaixa.pt. Descubra a Midas mais próxima de si em midas.pt. rápido Mais um Mini preparado pela companhia criada, em 2000, por John Newton Cooper Cx a re v i s ta d a c a i xa 21 c culto MARC BY MARC JACOBS Pé de antemão Mesmo que o tempo lá fora ainda espreite cinzento, a coleção primavera-verão Marc Jacobs explode em cor, transportando-nos já para os dias quentes que se aproximam. Para dar um toque de requinte a um look descontraído e fresco, as sandálias coloridas são um must para brilhar na nova estação. A loja Marc by Marc Jacobs de Lisboa oferece aos titulares dos cartões CGD a possibilidade de pagamentos fracionados sem juros. Saiba quais os cartões em www.vantagenscaixa.pt. ISOLA Com mais apoio O gabinete de arquitetura Claesson Koivisto Rune assinou para a Tacchini o projeto de uma funcional poltrona com um apoio que pode ser colocado do lado direito ou esquerdo. Disponível em vários tecidos e cores. 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AMPERIOR L’EAU PAR KENZO Edição colorida Em março, Kenzo lança duas novas fragrâncias em edição limitada. «Vestidas» em frascos com cores garridas, L’Eau par Kenzo Colors é para ele e para ela; Notas amadeiradas e menta na versão masculina e florais e frutadas para senhora. Ficam muito bem com a primavera. Ritmos urbanos Inspirados pelos auscultadores HD 25, muito utilizados pelos DJ, os Amperior da Sennheiser foram criados a pensar numa utilização urbana. Robustos, incluem uma prática cápsula rotativa para audição apenas por um ouvido e um cabo – amovível – com controlo remoto e microfone, para auxiliar na seleção musical e no atendimento de chamadas de smartphones. Usufrua das vantagens que o cartão de crédito Caixa Gold (1) proporciona. Além de poder aderir à função de arredondamento e poupar sempre que o utiliza em compras, este cartão tem associado um programa de pontos para obtenção de descontos nas agências de viagens da Tagus, benefícios em vários parceiros e um completo pacote de seguros. Saiba mais em www.cgd.pt. (1) TAEG de 27,50%, para um montante de 3300 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 22,50%. 22 Cx a rev i s ta d a ca i xa soluções s ALTA SEGURANÇA COM AVISO À POLÍCIA Há bens que não têm preço e a segurança é um deles. Com a Securitas Direct, tem a possibilidade de proteger a sua casa e a sua família, durante 24 horas por dia, 365 dias por ano, sempre com aviso imediato à Polícia. Através dos detetores, pode ver e ouvir o que acontece na sua casa ou na sua empresa, em caso de disparo de alarme, e avisar a polícia, caso seja necessário. Pode, ainda, controlar remotamente o seu alarme com a aplicação My Alarm e aceder ao estado do mesmo através do seu smartphone. Os Clientes da CGD beneficiam de um desconto de 400 euros na aquisição do kit base Alarme Verisure. Saiba quais os cartões que dão acesso a estes benefícios em www.vantagenscaixa.pt. NEGÓCIOS EM REDE Qualquer que seja a atividade, há algo fundamental a uma empresa: a capacidade de se adaptar às novas tecnologias. Hoje, todos os negócios devem ter o seu espaço na Internet, aproveitando as ferramentas que esta põe ao seu dispor. É o caso das lojas on-line ou das páginas no facebook, que permitem abrir um grande canal de vendas com poucos custos associados. Para o apoiar neste processo, a i4Technologies disponibiliza serviços de Internet que podem transformar o seu negócio. São soluções personalizadas à medida de cada perfil de negócio, como o alojamento de sites, manutenção de conteúdos, otimização de websites, programação web, registo de domínios, webdesign e webmarketing. Além disso, a i4Technologies tem, ainda, serviços de consultoria, inteiramente gratuitos, para ajudá-lo a estudar o seu posicionamento on-line. E, agora, presta-se, também, a lançar um centro comercial on-line, que poderá ser-lhe extremamente útil. Os Clientes da Caixa têm 10 por cento de desconto em todos os serviços prestados pela i4Technologies. Saiba quais os cartões que dão acesso a estes benefícios em www.vantagenscaixa.pt. INEXISTÊNCIA Arquitetura e decoração Boas decorações com o LardoceLar e a Inexistência! Localizada no Porto, a Inexistência – Gabinete de Decoração e Arquitectura de Interiores foi fundada em 1997, por Susana Guimarães e Sérgio Faria. Com progressivas evoluções, passa a trabalhar o projecto arquitetónico em todas as fases e torna-se pioneira em comércio eletrónico, na área de decoração de interiores. Outra mais-valia é o seu suporte on-line, onde se pode tirar dúvidas ou efetuar encomendas. Por tudo isto, foi classificada pela imprensa como «uma iniciativa única em língua portuguesa», consolidando-se no mercado nacional, com um serviço eficiente, de qualidade e profissional. São motivos que justificam, também, a parceria com o LardoceLar. Em loja.inexistencia.com, encontra artigos para todos os gostos, com promoções e novidades diárias para todas as divisões da casa. São mais de 10 mil artigos, de 50 marcas, como as nacionais Cutipol, SimpleForms, Spal e das internacionais Alessi, Rosendahl ou Wmf. E se é detentor do cartão Gold, no departamento de Projectos de Arquitectura e Arquitectura de Interiores, tem desconto de 10% sobre o valor dos honorários de projeto. Fotos: D.R. EFICIÊNCIA A TODA PROVA Prestando serviços de assessoria financeira, fiscalidade, contabilidade e recursos humanos, entre outros, a BTOC pretende contribuir para uma maior utilidade da informação financeira, de modo a que esta se torne numa ferramenta de gestão de apoio às tomadas de decisão empresariais. Os Clientes da Caixa beneficiam de 25 por cento de desconto em formação, entrada gratuita em conferências temáticas organizadas pela BTOC e elaboração gratuita de um business plan para um novo empreendedor. Saiba quais os cartões que dão acesso a estes benefícios em www.vantagenscaixa.pt. Cx a rev i s ta d a ca i xa 23 g gourmet PORTO SABOREADO Quem o vê ao vir da ponte corre a tomar-lhe o gosto. Amor ao mundo Quem nunca se demorou na saudade de uma paixão perdida ou sentiu a alma faminta de um reencontro que insiste em tardar? Não sabemos se foi essa a pergunta que Cláudia Salu e Paulo Almeida colocaram, quando decidiram pôr mãos aos tachos para radicar, em Lisboa, o vegetariano Miss Saigon. Certo, porém, é que o restaurante que se inspirou na trama de uma das mais célebres óperas de Puccini, Madame Butterfly, parece ter descoberto uma resposta à altura do desafio. A curta distância da Torre Vasco da Gama, no Parque das Nações, é lá que se promove o encontro entre o Ocidente e o Oriente, alimentado pelas mais variadas iguarias da gastronomia internacional, confecionadas ao jeito vegetariano. A variedade, de resto, não é evocada em vão. Afinal, desde a abertura, em 2009, já se serviram mais de 600 receitas e quem lá chega é recebido pela promessa, sempre renovada, de que é possível fazer uma refeição todos os dias, durante meses, sem repetir um único prato. A viagem que o pode levar da Índia, com o xacuti de seitan, à Síria, com a esfiha com salada de tabule, passando pelo Brasil, com a moqueca de tofu (só para citar algumas especialidades da casa), completa-se, ainda, com o convite para uma jornada singular. É que, todos os sábados e feriados, o Miss Saigon organiza workshops para quem já se deixou enamorar pela cozinha vegetariana. Perdidamente. A. R. L. MISS SAIGON Morada Rua Cais das Naus, lote 4.01.01-i, Parque das Nações, Lisboa Telefone 210 996 589 Site www.miss-saigon.pt Horário Das 11h30 às 18 horas. Encerra aos domingos. Preço médio € 16 Descontos 10% em refeições aos titulares de cartões CGD. Saiba quais em www.vantagenscaixa.pt. «Quem vem e atravessa o rio, junto à serra do Pilar», o mais certo é que lhe rastreie o aroma, que serpenteia até ao mar. Debruçado sobre o Douro, com nome de fidalgo tosco, D. Tonho é senhor do Cais da Ribeira, num reino povoado de paladares típicos da Invicta. A nobreza adivinha-se logo na morada, ou não fosse a antiga muralha fernandina a servir-lhe de quartel-general. O «ar grave e sério» que talvez Rui Veloso lhe cantasse – o cantor e José Pereira regem os destinos desta casa e da outra com o mesmo nome, no Cais de Gaia – não o impede de ser soberano sobre o festim de sabores que acolhe no seu paço. Quem se quiser sentar, então, à mesa deste D. Tonho, faça a cortesia de não sair sem provar o bacalhau à D. Tonho, a parrilhada de peixes grelhados ou as tripas à moda do Porto. Um Porto tão sentido quanto saboreado. DON TONHO Morada Cais da Ribeira, 13-15, Porto Telefone 222 004 307 Site www.dtonho.com Horário Das 12h30 às 15 horas e das 19h30 às 23h30. Preço médio € 35 Oferta Exclusiva Para titulares de cartões CGD. Saiba quais em www.vantagenscaixa.pt 24 Cx a rev i s ta d a ca i xa Fotos: D.R. MISS SAIGON p prazeres PERIQUITA RESERVA 2010 Para aquecer o inverno Uma tarde de inverno pede chávenas de porcelana e scones acabados de sair do forno. Manteiga. Um olhar generoso para a prateleira das compotas e uma toalha branca sobre a mesa. Pede conforto, calor, boa conversa. Merece um doce. a delícia de... Leonor de Sousa Bastos SCONES À hora do chá PARA 6 UNIDADES > 150 g de farinha de trigo T55 > 5 g de fermento químico > 1 pitada de sal fino > 15 g de açúcar > 25 g de manteiga > 100 ml de leite Pré-aquecer o forno a 180º C. Preparar um tabuleiro de forno com uma folha de papel vegetal. Numa taça, misturar bem a farinha, o fermento, o sal e o açúcar. Derreter a manteiga no micro-ondas ou usando um tacho em lume médio. Misturar a manteiga com o leite. Adicionar os ingredientes líquidos aos secos, misturando com uma colher apenas até ligar todos os ingredientes. Colocar colheradas de massa no tabuleiro, ligeiramente espaçadas entre si. Levar ao forno durante cerca de 20-25 minutos ou até que estejam ligeiramente dourados. Retirar do forno e servir imediatamente acompanhados com manteiga e compotas a gosto. Nota: Os scones são um género de bolos característicos do Reino Unido e que são tipicamente servidos para acompanhar o chá. A massa presta-se a múltiplas variações, podendo adicionar-se diferentes farinhas, passas, frutos secos, especiarias, queijo, ervas aromáticas, etc, adaptando-os ao nosso gosto pessoal. O segredo para a sua textura macia é trabalhar a massa rapidamente e o segredo para o seu sucesso é servi-los ainda quentes, barrados com manteiga e compotas. Estrutura e elegância de um grande parceiro de caça A história do vinho Periquita acompanha a da Casa José Maria da Fonseca. Foi na Cova da Periquita que o seu fundador plantou, em meados do século XIX, as primeiras varas da casta Castelão Francês, que importou do Ribatejo. Foi assim que se iniciou o sucesso desta casta, trazida para a Península de Setúbal por volta de 1846. Localmente, viria a ganhar o nome próprio Periquita, adotado pela Casa José Maria da Fonseca e registado em 1941, o que faz dele uma das mais antigas marcas de vinhos de mesa em Portugal. O seu Reserva de 2010 é um lote de vinhos das castas Castelão, Touriga Nacional e Touriga Franca. No seu aroma salientam-se as notas de frutos pretos, amoras, cassis e especiarias, num vinho equilibrado na boca, com taninos integrados. Pode acompanhar carnes vermelhas ou caça e deve ser consumido a 16ºC. José Miguel Dentinho Este Reserva 2010 é um lote de vinhos das castas Castelão, Touriga Nacional e Touriga Franca Cx a re v i s ta d a c a i xa 25 e e entrevista entrevista JOÃO ÁLVARES RIBEIRO LUÍSA OLAZABAL MIGUEL ROQUETTE 26 Cx a re v i s ta d a c a i xa D OU RO BOYS Meninos d’ouro Num brinde ao Douro, que sobeja a montante do Porto, cinco produtores de algumas das mais tradicionais quintas da região juntaram-se para dar a provar ao mundo os seus vinhos de mesa. Colhem, agora, os frutos de uma «revolução» que conquistou o paladar da crítica e o Prémio Europeu de Promoção Empresarial da Comissão Europeia Por Ana Rita Lúcio Fotografia Bruno Barbosa DIRK NIEPOORT CRISTIANO VAN ZELLER Cx a re v i s ta d a c a i xa 27 e entrevista A CUMPLICIDADE derrama-se sobre a cavaqueira servida em temperatura amena, numa manhã de inverno com notas abundantes de sol. À mesa, com o vinho adormecido nos copos, porque o dia ainda desperta, sentam-se cinco amigos, desfiando conversas cruzadas de cinco caminhos à beira do Douro plantados. João Álvares Ribeiro, da Quinta do Vallado, Cristiano Van Zeller, da Quinta do Vale Dona Maria, Luísa Olazabal (em representação do irmão, Francisco Olazabal), da Quinta do Vale Meão, Dirk Niepoort, da Niepoort (Quinta de Nápoles e Quinta do Carril), e Miguel Roquette, da Quinta do Crasto, brindam aos laços que os unem, enxertados num projeto de promoção empresarial comum que, de há 10 anos para cá, leva os vinhos de mesa do Douro por esse mundo fora, indo beber ao sabor da experiência do Vinho do Porto e dando-lhe corpo com a aposta paralela no enoturismo. Hoje, já mais maduros, não perdem, porém, o travo de irreverência que os juntou sob o epíteto de Douro Boys. O mesmo que os faz pedir, numa gargalhada a cinco vozes, em remate à entrevista, que se faça «uma pergunta polémica, para nos pegarmos uns com os outros». Afinal, a «diversão» faz parte da receita de sucesso. E eles são mesmo tudo bons rapazes. Cx: Douro Boys: um grupo com um nome internacional, que promove um produto português de qualidade, de uma região portuguesa reconhecida internacionalmente. Foi essa a fórmula que encontraram para o sucesso? João Álvares Ribeiro (JAR): É uma boa definição daquilo que fazemos. Uma das razões pelas quais nos juntámos para fazer promoção em conjunto foi a dimensão. Apesar de já sermos todos produtores de vinho do Porto, éramos muito pequenos e os vinhos de mesa do Douro eram pouco conhecidos em Portugal; lá fora, então, nem eram conhecidos. Sentimos, portanto, que fazia sentido juntarmo-nos para ganhar dimensão. Cx: Frisou que todos já produziam vinho do Porto, antes de se dedicarem também aos vinhos do Douro. Nunca viraram as costas ao vinho do Porto, porque foi também ele que vos abriu as portas? Dirk Niepoort (DN): O que está em causa é não pensar, como antigamente, só no vinho do Porto, mas numa região vai para além dele. A ideia é criar sinergias tripartidas entre o vinho do Porto, os vinhos de mesa e o turismo, criando uma mais-valia para a região do Douro. Cx: Como é que chegaram à conclusão de que a união é que faria a força dos vinhos do Douro? Cristiano Van Zeller (CVZ): Embora estejamos oficialmente a trabalhar em conjunto desde 2002, como Douro Boys, os nossos projetos de vinho de mesa arrancaram nos anos 90, quando começámos a desenvolver as quintas e as suas marcas, com os vinhos do Alto Douro. Sem nunca deixar de produzir vinho do Porto – o peso dos vinhos De Origem Controlada (DOC) do Douro é que foi aumentando e, hoje em dia, representa, em média, cerca de 85 a 90 por cento das vendas; 60 por cento, no caso da Niepoort. Mas essa cooperação já existia, de um modo completamente informal, antes disso. Chegou depois a altura em que precisámos de nos organizar, para sermos mais eficazes. 28 Cx a re v i s ta d a c a i xa Cx: Nunca vos disseram «amigos, amigos, negócios à parte»? JAR: Essa é uma reação humana: quando alguém tem sucesso, há quem fique com inveja. Mas acho que isto teve um efeito muito positivo, porque levou a que uma série de outros produtores se tenham associado para fazer um trabalho semelhante, e isso é bom para o País. Não só nesta, como noutras regiões. Cx: A propósito desses bons resultados para esta região, em concreto: o figurino de embaixadores do novo Douro serve-vos? Luísa Olazabal (LO): Todos temos uma larga história na produção de vinhos, mas há uma história recente muito importante. Temos conseguido que os wine writers e os principais jornalistas de vinho mundiais tenham sempre os vinhos do Douro debaixo de olho. O «O QUE SE PASSOU NO DOURO, NOS ÚLTIMOS 15 ANOS, É UMA REVOLUÇÃO AUTÊNTICA» Cristiano Van Zeller «TEMOS CONSEGUIDO QUE OS WINE WRITERS TENHAM OS VINHOS DO DOURO DEBAIXO DE OLHO» Luísa Olazabal Cristiano fez um apanhado das pontuações atribuídas pela revista Wine Spectator e estão lá sempre os vinhos dos Douro Boys com imenso destaque. Portanto, acho que isso nos assenta. Com certeza que não achamos que somos os únicos, há outros produtores muito interessantes também. Mas julgo que conseguimos, com esta associação, seduzir uma certa massa crítica. Cx: Como embaixadores, as vossas bandeiras foram os vinhos DOC do Douro, o turismo e o vinho do Porto, como dizia o Dirk? CVZ: A bandeira é a região e aquilo que a região tem para oferecer. A base económica da região é o vinho do Porto, a base económica mais alargada é o vinho de mesa e o turismo é um complemento, que se transformou no terceiro pilar de desenvolvimento da região. Por isso, não se pode pensar no DOC Douro sem o vinho do Porto, e vice-versa, quanto mais não seja porque a mesma vinha produz as duas coisas. Essa ligação é umbilical, fundamental, e é isso que nos diferencia do resto do mundo. Somos a única região produtora de vinho do mundo inteiro que, além de uma grande diversidade de castas, tem a capacidade de, a partir das mesmas uvas, poder produzir dois vinhos que são um clássico do mundo do vinho. Cx: A pedra de toque dessa diferenciação é o terroir da região? Miguel Roquette (MR): O Douro, como região, é único. É a região de vinhos mais antiga do mundo – a primeira demarcação foi feita em 1756, com o vinho do Porto. Por outro lado, com os vinhos de mesa, é, provavelmente, a região mais nova do mundo: os vinhos de mesa têm 20 anos de história, com exceção do Barca Velha, nos anos 50. Tem havido uma grande revolução no Douro em todos os aspetos. Ainda estamos a perceber aquilo que temos, a nível de património genético das vinhas e das castas. Perante o terroir e a viticultura de montanha, a primeira impressão, para quem chegue ao Douro, é única, não há nada que se compare. Cx: Que desafios encontraram ao levarem os vinhos do Douro para fora? MR: Hoje, isso já se começa a alterar, mas, de início, as pessoas pura e simplesmente não conheciam o Douro. Há uma comunicação do produto que tem de ser feita, e isso demora muito tempo. Por exemplo, na América do Norte, o consumidor tem tendência a pensar em castas internacionais, quando consome vinho. No Douro, temos vinhos que são feitos com vinhas velhas com 35 castas misturadas, todas autóctones. Já temos uma qualidade muito significativa – a imprensa internacional assim o diz, não é presunção nossa –, mas os vinhos do Douro precisam de um empurrão, porque têm um potencial enorme: precisam que as pessoas os provem, os percebam e os consumam de uma maneira correta. JAR: Esse empurrão pode ser dado pelo turismo. Quando pomos a ênfase no turismo, não é por ser uma atividade geradora de recursos, mas por funcionar como alavanca para superar o nosso principal desafio: os vinhos serem conhecidos. Cx: E de que forma foi possível acionar essa alavanca? JAR: Entre as cinco empresas, a Quinta do Vallado foi talvez a que desenvolveu mais a vertente do enoturismo. Os investimentos que fizemos nessa área, que rondam os três milhões de euros, foram feitos «FIZEMOS MUITO PELOS VINHOS PORTUGUESES E, NO FUTURO, VAMOS PODER FAZER MUITO MAIS» Miguel Roquette «O TURISMO FUNCIONA COMO UMA ALAVANCA PARA SUPERAR O NOSSO PRINCIPAL DESAFIO: OS VINHOS SEREM CONHECIDOS» João Álvares Ribeiro com os apoios existentes, sem investir um tostão de capitais próprios. E tudo está a funcionar com ótimos resultados, na minha opinião, tanto na atividade em si, como no apport que ela traz aos vinhos. LO: Também o turismo fora das nossas portas é muito importante. As regiões de vinhos que têm divulgação mais fácil são aquelas que têm um estilo de vida associado. Toda a gente conhece o estilo de vida italiano e o francês, por exemplo. CVZ: Voltando um pouco atrás, quanto à recetividade que os nossos vinhos tiveram no arranque, o primeiro embate é sempre o mais difícil, mas tínhamos duas chaves que abriam muitas portas: o vinho do Porto e a nossa antiguidade e credibilidade, perante o historial das nossas famílias dentro da região demarcada do Douro. Esse é um património que não é despiciendo, e não foi desperdiçado. São chaves Cx a re v i s ta d a c a i xa 29 e entrevista que abriram as portas, ainda que depois tivéssemos de as manter abertas e escancará-las. Isso também implica uma presença física muito importante. Nesse sentido, o turismo é fundamental, porque confronta as pessoas que nos visitam com a realidade e dá-lhes a provar o vinho, juntamente com uma forma de estar. Se somarmos os dias que, entre todos, passamos a viajar por esse mundo fora, estamos a falar de dezenas de anos, e esse contacto pessoal é fundamental. Através da restauração, das lojas de vinho, das provas ao público. Essa credibilidade vem ao longo do tempo. Os franceses dizem que, para fazer alguma coisa no mundo do vinho, difíceis são os primeiros 250 anos. No vinho do Porto, já temos tempo que chegue. No vinho de mesa ainda estamos no princípio, mas essa porta pode ser aberta pela presença nos mercados e pela qualidade dos vinhos que fazemos. 30 Cx: Boas notas que também já vêm de fora do universo vínico, como no caso do Prémio Europeu de Promoção Empresarial da Comissão Europeia, que foi atribuído aos Douro Boys, em 2012. JAR: É um reconhecimento que vem comprovar que os resultados têm sido muito bons para nós e para a região. Cx: Apesar desse vaivém transfronteiriço, tendo em conta o vosso apego direto à produção dos vinhos, recuperaram a figura do vigneron, que vive da terra, vive a terra, cultiva-a e faz o vinho o melhor que sabe? DN: Enquanto noutros tempos se saiu do Douro para as cidades, hoje acontece o inverso: o enólogo volta a viver na região e a estar mais perto da vinha. Mas o vigneron ainda é um passo maior. Nenhum de nós é vigneron, nesse sentido, ainda que haja uma proximidade maior. LO: O meu irmão, Francisco Olazabal, vive com a família, na Quinta do Vale Meão, em Foz Côa. Já com o meu avô, Fernando Nicolau de Almeida, as idas ao Douro eram esporádicas, e isso tinha a ver com o facto de as casas do vinho do Porto estarem em Gaia. Hoje, a proximidade à vinha é considerada essencial. E os Douro Boys mostram isso. Não diria que houve um retorno à terra, mas uma proximidade maior. JAR: Esse estilo de vida, com uma ligação maior à terra, sem a necessidade de andar pelo mundo fora, julgo que é possível existir mais em Bordéus, onde a produção está de um lado e a comercialização é entregue à figura dos comerciantes. Aqui, temos de fazer tudo. Por exemplo, o irmão da Luísa vive no Vale Meão, tem uma ligação à terra, mas está também bastantes semanas fora, no Brasil, em Nova Iorque, em Hong-Kong, e com a globalização… Cx: Apesar dessa atenção internacional, procuram que o mercado interno não fique à margem? JAR: No caso da Quita do Vallado, vendemos mais no mercado nacional do que lá fora. LO: No Vale Meão, é 50-50. CVZ: Nós exportamos 70 a 85 por cento da produção, mas esse valor depende mais das evoluções do mercado interno. Aliás, há algo que sempre fez parte dos nossos projetos e é uma forma de trabalhar do Douro, em geral, e da escola do vinho do Porto: o mercado é o mundo e o mundo tem uma série de submercados, que são os vários países. Depois, podemos ser mais incisivos nuns ou noutros. Alguém me perguntava, outro dia, se a internacionalização tinha sido uma estratégia de fuga à crise económica… Primeiro, nenhuma estratégia pode ser de fuga a seja o que for, senão, à partida, está errada. Nunca foi pensado: vamos vender em Portugal e depois vamos exportar. Vamos, sim, vender no mundo inteiro. Depois, há que decidir em que mercados é que vamos ser mais incisivos, onde é que temos mais probabilidades de ter sucesso e como é que os vamos desenvolver para criar marcas verdadeiramente internacionais. MR: Na Quinta do Crasto, até fizemos ao contrário: começámos a exportar, nos primeiros sete anos, e só depois é que começámos a vender em Portugal. DN: Acontece muito que, para se ser reconhecido em Portugal, tenha de se trabalhar lá fora. É um defeito nacional: o que é reconhecido lá fora é que é bom. JAR: Mas o mercado nacional é um oásis, no sentido em que é um mercado onde é mais barato vender, que praticamente só consome vinhos portugueses e onde o consumo de vinhos per capita é dos mais altos do mundo. Cx: É um vigneron dos tempos modernos… CVZ: O que é muito mais agradável! [Risos] MR: As infraestruturas são outras. Hoje em dia, com a exceção da Niepoort, que mantém os seus armazéns em Gaia, toda a produção, armazenagem e expedição é feita no Douro, o que implica fortes investimentos nessa parte. Mas, apesar desse conceito de vigneron não existir tanto no Douro, esta é uma região que tem fortíssimas tradições e uma história muito antiga. Isso está dentro de cada um de nós, também. Acho que há três aspetos importantes nos Douro Boys. O primeiro são os laços familiares que temos: damo-nos todos muito bem, conhecemo-nos há muitos anos e temos até relações de parentesco entre alguns de nós. A seguir, é a dimensão: não somos nem muito grandes, nem muito pequenos, mas temos o mesmo perfil. Fazendo, claro, vinhos diferentes, cada um tem o seu estilo. A terceira característica é a consistência na qualidade, que não é um fogo-fátuo. As distinções que temos recebido da imprensa especializada só mostram que estamos a fazer as coisas bem. É muito importante ter boas notas, ainda que nenhum de nós viva para isso. Cx: Temos vindo a falar do que une estas seis quintas – Quinta do Vallado, Quinta de Nápoles e Quinta do Carril (Niepoort), Quinta do Crasto, Quinta do Vale Dona Maria e Quinta do Vale Meão. Mas e quanto ao que as separa? DN: O Douro, ao contrário de outras regiões famosas, é bastante grande e diverso. Enquanto, normalmente, as vinhas clássicas são viradas a sul, no Douro, há de tudo: norte, sul, este, oeste. Na maioria das regiões, as diferentes vinhas têm, no máximo, 200 metros de diferença de altitude. No Douro, a diferença varia entre 80 e 800 metros. Normalmente, têm duas ou três castas, no nosso caso, são 85. Os Douro Boys são um bom exemplo das diferenças dos terroirs. Desde o Vallado, num lado, ao Vale Meão, no outro, com as demais quintas pelo meio. E há, também, as diferenças de filosofia: uns gostam mais de vinhos de um modo, outros de outros. O Vale Meão nunca poderá fazer vinhos iguais ao do Vallado e vice-versa; não é uma questão de ser melhor ou pior, é a realidade: são muito diferentes. CVZ: Tem a ver com a interpretação de cada um. O vinho não é uma coisa bruta, que sai da Natureza, e nós só temos que o seguir. Cada Cx a re v i s ta d a c a i xa do Porto, que absorviam o produto final. Muito poucas quintas conseguiram manter essa memória do Douro, porque não havia estratégia. No fundo, o que se passou no Douro, nos últimos 15 anos, é uma revolução autêntica. E se esta revolução não se tem dado, o Douro, hoje, estava num precipício absolutamente insuportável. Cx: E que trabalho é que vos falta fazer, para continuar a revolução? MR: Há um handicap, que julgo que muitas vezes não é falado e é importante: não temos, lá fora, gastronomia portuguesa para o mundo. Temos alguma, mas é limitada. E vinho e gastronomia andam de braço dado, e isso é muito importante. CVZ: Mas temos de aproveitar um outro trunfo: é que somos de tal maneira bons, que os nossos vinhos se adaptam a qualquer gastronomia. O nosso discurso tem de superar essa dificuldade. Embora existam casos de grande sucesso de restaurantes de portugueses, que são bandeiras de Portugal internacionalmente e que é preciso aproveitar – como o Café Ferreira, em Montreal ou o Chiado, em Toronto –, temos de apostar na capacidade de nos conseguirmos adaptar, pela enorme diversidade que temos, à gastronomia do mundo inteiro. «A IDEIA É CRIAR SINERGIAS ENTRE O VINHO DO PORTO, OS VINHOS DE MESA E O TURISMO» Dirk Niepoort um interpreta o vinho que tem em mãos e molda-o como o escultor molda um pedaço de mármore. No fundo, cada um dos vinhos reflete a personalidade de quem, no momento, o faz e interpreta. DN: Também é importante referir que todos temos melhorado consistentemente. Tem sido um processo de aprendizagem muito importante para todos. MR: Também porque há trocas de informações. Não temos medo de mostrar o que fazemos uns aos outros, e quando não gostamos do que os outros fazem, também o dizemos. JAR: O que o Cristiano disse sobre os 250 anos dos vinhos franceses é um exagero, mas a produção de vinhos é uma atividade em que a curva de conhecimento é muito prolongada, porque há muitas variáveis cujo conhecimento demora muito tempo e envolve memória, bem como organização. CVZ: Utilizaste uma palavra fundamental nisto tudo, que é a memória. No vinho do Porto e nos vinhos do Douro, é a capacidade de transmissão da memória – seja oral, seja escrita, seja através da transmissão da experiência –, que nos consolida os projetos. Essa memória das quintas e da produção era cedida às casas de vinho Cx: Para terminar: uma década se passou, desde que criaram este projeto. Hoje, já mais amadurecidos – tanto os boys, como os vinhos –, que balanço fazem destes 10 anos? CVZ: Temos de encarar esses balanços ainda só como um passo para o futuro. Mas, olhando para trás, podemos estar orgulhosos do trabalho que fizemos e do impulso que demos. DN: E é uma motivação continuar a fazê-lo, talvez dando novos passos, em direções diferentes. CVZ: Nesse balanço, também estamos a apostar na transmissão dessa memória para a geração dos nossos filhos: há uma nova geração que quer continuar aquilo que estamos a fazer. Isso é, mais do que o prémio europeu que recebemos, a verdadeira reflexão do balanço daquilo que fizemos até agora. JAR: O sucesso mede-se pelo valor que se cria. No nosso caso, há uma enorme diferença no valor das nossas empresas, de há 15 anos para cá, que tem a ver com o valor das nossas marcas. Conseguimos isso porque as nossas marcas ganharam prestígio e, portanto, conseguimos pô-las no mercado com margens muito mais interessantes. Outra perspetiva prende-se com o emprego que criámos. MR: A área de vinha que temos em conjunto também é muito significativa. CVZ: Servimos, também, como escola. Se pensar na quantidade de pessoas que trabalharam connosco e que seguiram os seus próprios projetos ou que estão a trabalhar com o maior sucesso noutras empresas, isso é um balanço importantíssimo. MR: E fizemos muito – acho que se pode dizer isso –, não só pelo Douro, mas, também, pelos vinhos de Portugal. Este prémio europeu que recebemos, claro que nos soube bem e deu-nos uma enorme satisfação chegar à final europeia e ganhar. Isso é muito importante para o ânimo do País, na crise que estamos a viver, para mostrar que há casos de sucesso e coisas que funcionam. É evidente que também somos afetados pela crise, como todos. Mas fizemos muito pelos vinhos portugueses e, no futuro, vamos poder fazer muito mais. Cx a re v i s ta d a c a i xa 31 h 32 história de capa Cx a rev i s ta d a ca i xa INDÚSTRIA VITIVINÍCOLA Vinhas de Paixão Qual é coisa, qual é ela, que coleciona prémios nos principais concursos internacionais, tem cada vez maior peso nas nossas exportações, ocupa um lugar de destaque no turismo, concilia os saberes tradicionais com a visão das novas gerações e leva a todo o mundo o selo de qualidade «made in Portugal»? o teu amigo e ao teu vizinho, o teu melhor pão e o melhor vinho», diz o provérbio. Nós acrescentaríamos o queijo, mas, por hora, centremonos no vinho (sim, é essa a resposta à adivinha da abertura). Depois de um passado feito de batalhas pela conquista da Península Ibérica e da conotação religiosa, fruto do Cristianismo, é na segunda metade do século XIV que o vinho começa a assumir o papel de relevo nas exportações portuguesas. E nem falta um episódio curioso, os vinhos Torna-Viagem, nada mais nada menos que o excedente do vinho embarcado com destino às colónias, em tonéis de madeira, que regressava aos produtores com uma qualidade superior à apresentada por altura do embarque. Descobria-se, assim, a técnica do envelhecimento, que aumentava tanto a qualidade como o preço dos vinhos. Já depois de ter sido assinado o Tratado de Methuen (1703), que regulamentava as trocas comerciais entre Portugal e Inglaterra, e antecedendo o famoso brinde entre George Washington e Thomas Jefferson que, com vinho da Madeira, assinalaram a Declaração de A Independência dos Estados Unidos (1776), o Marquês de Pombal impulsionaria o surgimento da primeira região demarcada do mundo, a região do vinho do Porto, através da criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro (1756). E viria a ser, igualmente, na região do Douro que começou a espalhar-se a filoxera, praga que alastraria a quase todo o País, obrigando a uma pausa naquele que era o período áureo da produção vinícola. Chegamos ao início do século XX, altura em que são criadas outras regiões demarcadas e, já então, afamadas pelo vinho produzido: Madeira, Moscatel de Setúbal, Carcavelos, Dão, Colares e Vinho Verde. Hoje, mais de 100 anos volvidos, a produção nacional de vinho divide-se em 14 regiões (Minho, Trás-os-Montes, Douro / Porto, Terras de Cister, Beira Atlântico, Terras do Dão, Terras da Beira, Lisboa, Tejo, Península de Setúbal, Alentejo, Algarve, Madeira e Açores) e é uma referência a nível mundial. A países como a Austrália ou o Chile, capazes de produzir vinho monocasta em grande quantidades e numa inegável relação qualidade / preço, Portugal tem sabido responder com uma mensagem clara: nós produzimos grandes Cx a rev i s ta d a ca i xa Foto: Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Por Pedro Guilherme Lopes 33 h história de capa vinhos, que se destacam pela personalidade e fazem a diferença. A sustentar essa mesma mensagem, constantemente promovida pela Wines of Portugal (marca gerida pela ViniPortugal, Associação interprofissional para a promoção dos vinhos portugueses), estão a tradição na arte de produzir vinhos multivarietais, a diversidade e a riqueza de castas autóctones, a capacidade dos nossos solos acolherem castas estrangeiras e a fusão de gerações de enólogos, com os mais experientes a servirem de inspiração a uma nova fornada de jovens que apostou em estudar no estrangeiro, que viaja sempre que pode para provar vinhos de todo o mundo e que se apresenta com uma formação técnica superior. Os números não enganam Desta combinação de tradição e inovação, resultam, cada vez mais, vinhos de qualidade, com características e carácter distintivos. E, como seria de esperar, os números ligados às exportações de vinho nacional crescem. Em 2011, o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) contabilizou que a exportação de vinho atingiu 675 milhões de euros, o que representa 1,6% do valor total das exportações nacionais e 66% dos produtos «bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres». Os vinhos «tranquilos» foram o principal gerador deste crescimento, representando 51% do total das exportações e ultrapassando, pela primeira 34 Cx a rev i s ta d a ca i xa vez, os vinhos licorosos (como o Porto e o Madeira). A categoria dos vinhos espumantes manteve a tendência de crescimento e, no que toca aos principais mercados, Angola, França, Alemanha, Reino Unido, EUA e Brasil voltaram a ser os mais importantes destinos do nosso vinho, com destaque para a China que importou mais 123% do que em 2010. Igualmente, de acordo com os números disponibilizados pelo IVV até ao fecho desta edição, a tendência de crescimento manteve-se nos primeiros cinco meses de 2012. Assim, as exportações / expedições de vinho (incluindo os vinhos licorosos) atingiram o valor de 259 134 mil euros correspondentes a um volume de 1 279 261 hl, o que representa um crescimento de 11,4% e 20,8%, em valor e volume, respectivamente, face ao período DESTA COMBINAÇÃO DE TRADIÇÃO E INOVAÇÃO, RESULTAM CADA VEZ MAIS VINHOS DE QUALIDADE, COM CARACTERÍSTICAS E CARÁCTER DISTINTIVOS homólogo de 2011. Fruto da conjuntura económica, o preço médio registou uma quebra de 7,8%, causado, essencialmente, pela diminuição do preço médio do vinho de mesa e da quebra do preço médio do vinho do Porto. E é este o cenário no arranque de 2013, ano em que está previsto um aumento da produção de vinho em Portugal. Pese a quebra dos preços de mercado, fruto da crise, o vinho é um dos principais produtos exportados (dando passos seguros no sentido de atingir os dois por cento do PIB nacional) e um dos mais fortes exemplos de qualidade com o selo português. Apesar da sua importância económica, José Miguel Dentinho, um dos reconhecidos especialistas nesta área (ver escolhas na página 25 e opinião na página 39), considera que o setor vitivinícola não deve ser visto como «uma arma para enfrentar a crise. Mas, em conjunto com outros setores exportadores, como os componentes para automóvel, o calçado, os produtos florestais, o têxtil, o azeite, pode ser tido como exemplo de um setor que soube mudar, produzindo melhor e com melhor qualidade, e inovar, com o lançamento de novos vinhos para diferentes momentos de consumo. Também procurou novos mercados e novos clientes em cada um desses mercados, procurando algo essencial: uma relação de proximidade com os clientes». E nesta ligação a outros setores é impossível não falar, por exemplo, da relação com a indústria corticeira. Portugal é o líder mundial no que toca a produção, transformação e exportação de cortiça, e a principal indústria a que se destinam os produtos de cortiça é, nem mais nem menos, a vinícola (com as rolhas a, para já, vencerem a «batalha» face aos vedantes em plástico). Formas de enfrentar a crise Já Basto Gonçalves, presidente da FENADEGAS – Federação Nacional das Adegas Cooperativas de Portugal e membro da direção da Confagri – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Portugal, acredita que este crescimento internacional permite enfrentar as crescentes dificuldades do mercado interno, «mostrando um setor aberto à inovação e gerador de empregos, inclusive, em várias zonas do interior especialmente aptas para a produção de vinhos de qualidade. É nossa convicção de que o setor, mais do que deter uma mera e conjuntural forma de contornar a crise, constitui uma arma real para o fortalecimento da economia do País». Também Luís Mira, administrador e diretor de enologia da Herdade das Servas (Estremoz), sublinha que, perante a crise, são cada vez mais os que estão a regressar à terra e a apostar neste setor e, desse ponto de vista, será uma arma para enfrentar a mesma». Alguns quilómetros a sul, Duarte Leal da Print VINHO RESPONSÁVEL Criado pela Casa Ermelinda de Freitas, o projeto A Vida de um Vinho mostra que o vinho pode ser muito mais do que uma garrafa. EM 2008, a Casa Ermelinda de Freitas (na região de Palmela) iniciava um projeto de solidariedade, com o objetivo de nele envolver a sociedade. «A Vida de um Vinho surgiu com base no posicionamento da Casa Ermelinda de Freitas: estar sempre muito próxima do meio onde se insere», começa por explicar Leonor Freitas, responsável por uma das mais prestigiadas empresas vitivinícolas nacionais. «A solidariedade social é fundamental para a consistência do tecido social, e a inserção da nossa casa no tecido social da região implica uma responsabilidade acrescida que levamos muito a sério. Assim, com este projeto, pretendemos devolver à sociedade aquilo que ela nos tem dado». O compositor Jorge Salgueiro, o pintor Mário Rocha e o jornalista Amilcar Malhó deram um precioso contributo a um projeto que resulta num vinho exclusivo (1500 garrafas magnum numeradas, com valores entre os 100€ e os 175€), cujas verbas revertem a favor da Cáritas Diocesana de Setúbal, que o aplicará em ações de melhoria do dia a dia dos idosos da região. Leonor Freitas alerta, no entanto, para a necessidade da responsabilidade social ter de ser encarada como tal. «Estes projetos não podem ser encarados como instrumentos de promoção. E uma má empresa não se torna mais competitiva com a responsabilidade social». Qualidade é algo inquestionável, quando se fala da Casa Ermelinda de Freitas, como o comprova o prémio de Melhor Vinho Tinto do Mundo, alcançado com o Syrah 2005, e, face ao sucesso crescente do setor vitivinícola, Leonor Freitas não hesita. «As pessoas estão cada vez mais interessadas; bebem menos, mas estão mais informadas, procurando a qualidade. O enoturismo leva a uma ação pedagógica de valorização da vinha e do vinho, assim como de um produto que tem características únicas, quer numa perspetiva económica quer cultural.» Cx a rev i s ta d a ca i xa 35 história de capa Costa, um dos responsáveis pela centenária Ervideira, (Reguengos de Monsaraz), considera que a situação económica do País obrigou as mais variadas classes sociais a repensarem os seus hábitos e a retraírem-se em termos de consumo. Isso provocou «uma deslocação de consumo para preços verdadeiramente perigosos. Basta pensarmos que 95 por cento das vendas em supermercados está abaixo de 3 euros e que uma garrafa que esteja no mercado abaixo de 2,50 euros significa que alguém está a perder dinheiro na cadeia que termina no consumidor, sendo esse alguém o produtor. Assim, acredito que, mais do que uma intenção, a exportação é uma necessidade para as empresas deste setor». E a solução, face a um mercado interno em queda de valores e a um mercado externo cada vez mais apelativo, passará por «trabalhar com amor, comercializando os nossos vinhos com mais prestígio, voltando a mostrar aos consumidores que o vinho é história e tradição e que resulta de anos de investigação e trabalho». E se esse não facilitar, trabalhando com amor, for feito em conjunto? Os Douro Boys, entrevistados desta edição (pág. 26), são um ótimo exemplo, reunindo cinco produtores da região do Douro. Mas há mais exemplos, como recorda Manuel Gonçalves da Silva, uma das mais respeitadas vozes quando o assunto são vinhos ou gastronomia (pode segui-lo na revista Visão). «Os produtores, incluindo os pequenos, mostram dinamismo, associam-se, promovem as suas marcas e o “nosso” vinho. Veja-se o caso de oito amigos – António Rocha (Vinhos Buçaco), Dirk Niepoort (Niepoort), Filipa Pato (Vinhos Filipa Pato), François Chasans (Quinta da Vacariça), João Póvoa (Vinhos Kompassus), Luis Pato (Vinhos Luis Pato), Mário Sérgio Alves Nuno (Quinta das Bageiras) e Paulo Sousa (Vinhos Sidónio de Sousa) – que fundaram os Baga Friends, caves Há cada vez mais turistas a quererem visitar os locais onde o vinho estagia vindimas A tradição manda que a pisa da uva seja feita com os pés vinoterapia Uma das formas de promover o vinho e o enoturismo douro O rio é símbolo daquela que foi a primeira região demarcada do mundo 36 Cx a rev i s ta d a ca i xa O ENOTURISMO DEVERÁ TER A CAPACIDADE DE ASSOCIAR VALORES COMPLEMENTARES AO TEMA CENTRAL DA VINHA E DO VINHO em 2011, para mostrar aos consumidores as potencialidades dos vinhos da Bairrada, elaborados com a grande casta Baga. Não é por acaso, certamente, que, na opinião de Robert Parker, um líder de opinião, a Baga já aparece com pontuações acima de famosas castas internacionais.» Outro bom exemplo é a Local Handcrafted Wines, uma marca que junta cinco pequenos produtores de cinco regiões vitivinícolas diferentes: Douro, Minho, Dão, Lisboa e Alentejo (Quinta dos Avidagos, Cazas Novas, Quinta do Mondego, Vale da Capucha, Herdade de Torais). Vasco Magalhães, um dos responsáveis pelo projeto, afirma que «no contexto económico em que vivemos, é importante saber procurar outras formas de funcionar e de olhar para a frente, o que, para um produtor, sozinho, é difícil, pois não consegue estar onde o negócio “obriga”. Cada vez mais há necessidade de os produtores se juntarem». Juntos ou a solo, Vasco acredita, também, que o facto de gente jovem se ter fixado no interior em muito contribui para este sucesso da indústria vinícola. Turismo e enofilia Um nome associado a esse rejuvenescimento é o de Rita Nabeiro, administradora da Adega Mayor (Campo Maior, Alentejo), onde, e até rima, tudo é pensado ao pormenor. Veja-se o exemplo, pioneiro, da aplicação de informação em Braille nos rótulos. Ou o belíssimo edifício, projetado por Álvaro Siza Vieira, que se tornou na primeira «adega de autor» portuguesa. «O nosso objetivo foi sempre produzir o melhor vinho e oferecer a melhor experiência a quem nos quisesse visitar», explica Rita Nabeiro. Sempre com a palavra «inovação» como aliada, a administradora da Adega Mayor acredita que o facto de os consumidores estarem cada CARÁTER ÚNICO Conhecedor do negócio vitivinícola na região demarcada mais antiga do mundo, o Douro, Ricardo Azevedo, diretor comercial de Empresas da Região do Porto, não tem dúvidas de que o caminho a seguir passa pela valorização e diferenciação do produto, não vendendo os vinhos do Porto e do Douro apenas «como mais uma garrafa. Devemos, sim, ser capazes de vender uma experiência, onde o vinho surge associado à paisagem, ao turismo e à gastronomia». Apesar dos solos pobres e xistosos, que exigem do homem e da própria planta um esforço extra para vingar, deparamo-nos com uma variedade de castas que, diz-se, acrescenta mais de 350 espécies às famosas Touriga Franca, Tinta Roriz e Touriga Nacional. Isto permite uma diversidade e um caráter único aos produtos e é essa diferenciação que se apresenta como fundamental para acrescentar valor ao mercado. Com uma presença muito forte na área agrícola do Douro, a Caixa surge como peça incontornável neste processo de valorização da região. E Ricardo Azevedo não tem dúvida de que «a Caixa, fruto da sua experiência e solidez, continuará a revelar-se o parceiro ideal, capaz de olhar para o setor com a especificidade que ele merece». vez mais curiosos e exigentes é extremamente positivo. «O vinho está ligado às coisas boas da vida e os consumidores estão a valorizar, cada vez mais, as experiências proporcionadas pelas marcas. Foi nesse sentido que a Adega Mayor criou workshops e verdadeiras experiências de enoturismo, que vão desde dias na vindima até passeios de balão, eventos de team building e workshops de vinho.» Enoturismo é, precisamente, uma palavra cada vez mais ouvida e lida no nosso País, como comprova o lançamento, em 2012, pela mão do Turismo de Portugal, do Guia Técnico do Enoturismo (que pode ser consultado em http://guiastecnicos.turismodeportugal.pt/pt/ enoturismo). A mesma fonte sublinha que «além de vinhos de grande qualidade, o País dispõe, ainda, de cerca de 250 adegas, quintas Fotos: D.R. h Cx a rev i s ta d a ca i xa 37 h história de capa e caves vínicas e onze rotas de vinho. Se, a tudo isto, associarmos a grande diversidade de paisagens, de património construído, de tradições e de cultura, temos uma oferta que permite ao turista vivenciar experiências distintas e marcantes de forma cómoda, num curto período de viagem». Parte incontornável do sucesso do enoturismo será, portanto, a capacidade de associar valores complementares ao tema central da vinha e do vinho, como a componente arquitetónica e/ ou cultural ou a harmonização com a gastronomia. A teoria sai reforçada nas palavras de Marlene Tavares, sales and marketing director do L’AND Vineyards (Montemor-o-Novo, Évora). «A nossa motivação é diferenciar, positivamente, a oferta turística, através da valorização da identidade cultural da região de que o vinho e a vinha fazem parte. O vinho e o turismo têm uma ligação muito direta, que deve ser dinamizada através de conceitos inovadores.» Entre esses conceitos, encontramos, por exemplo, a vinoterapia, com alguns spa a utilizarem as propriedades das uvas para vários tratamentos (como esfoliações, envolvimentos, massagens relaxantes ou imersões), e o surgimento de marcas de cosméticos especializadas, como a portuguesa Spausa. Fora do spa, embora alguns dos empreendimentos possuam essa oferta, além dos já citados Herdade das Servas, Ervideira, Adega Mayor e L’AND Vineyards, é impossível não falar em nomes como a Herdade do 38 Cx a rev i s ta d a ca i xa pioneira A alentejana Adega Mayor, foi a primeira a ter uma adega de autor, assinada por Siza Vieira Print SAÍDAS DA CASTA Rocim (Cuba, Alentejo), Quinta do Encontro (Bairrada), Quinta dos Loridos (Bombarral), Quinta de Santo António (Tabuaço, Viseu), Quinta dos Vales (Algarve), Quinta da Romaneira (Alijó, Vila Real), Aquapura Douro Valley (Lamego) ou The Yeatman (V. N. Gaia). Nem a ilha da Madeira, com o contemporâneo e surpreendente The Vine, «escapa» ao desenvolvimento de uma espécie de «nicho turístico» que, segundo João Soares, da Malhadinha Nova (Beja), ainda tem muito por onde crescer. «Assistimos, nos últimos anos, ao surgimento de alguns projetos ao nível do melhor que existe no mundo, no entanto, ainda não temos unidades nem estruturas de qualidade suficientes para construir um destino turístico sólido nesta área. Quando conseguirmos consolidar a nossa oferta, não tenho dúvidas de que o enoturismo contribuirá, fortemente, para o crescimento do turismo.» E, acreditamos, essa consolidação, passará, em muito, pela afirmação do nome Portugal como País produtor de vinhos de excelência. Porque, imagine-se, enquanto os vinhos portugueses vão sendo medalhados um pouco por todo o mundo (só no ano passado foram mais de 2150 prémios internacionais), ainda há quem os prove sem saber em que canto do globo fica este País, onde as vinhas são, cada vez mais, sinónimo de paixão. Enólogas que conquistaram «um mundo de homens» Há nomes que se sobrepõem às marcas, como são os casos de Ermelinda e Leonor Freitas, rosto dos vinhos Dona Ermelinda (a propósito, Palmela foi a Cidade Europeia do Vinho, em 2012), e de Filipa Pato, entrevistada na Cx n.º 2 e já eleita Newcomer of the Year, pela revista Der Feinschmecker. Mas há muitos outros (e tão pouco espaço para escrever), como Rita Nabeiro, alma da Adega Mayor (ver texto principal) ou Marta Macedo, motor do sucesso da Quinta do Filoco (Tabuaço, Douro), que, há cinco anos, deu continuidade a um projeto de família e que acredita que, «além do gosto, existe uma subtileza diferente na elaboração de um vinho feito por uma mulher, que o consumidor aprecia cada vez mais». Também no Douro, Luísa Amorim, uma das Damas do Vinho (damasdovinho.com. br), assume a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. Defendendo que «o vinho é um produto com um status quo diferente» e que «Portugal seria um País muito mais rico se apostasse em enoturismo e turismo gastronómico», Luísa Amorim acredita que o mundo dos vinhos «é fantástico para desenvolver uma carreira no feminino. As senhoras são mais cuidadosas com a Natureza, muito sensíveis no olfato e no paladar, o que as torna muito fortes em prova e, de uma forma geral, atentas à imagem, design e marketing. Para mim, sempre foi uma vantagem estar no meio mais masculino, conseguindo fazer alguma diferença». observatório o JOSÉ MIGUEL Dentinho Muito mudou em Portugal no setor dos vinhos. E não só na qualidade média do produto, que é certamente Fotos: D.R. muito superior, mas também na forma como os vinhos comunicam com quem os compra e consome. HOJE, EM PORTUGAL, mesmo os mais pequenos produtores têm o cuidado de escolher as garrafas, rolhas e, principalmente, os rótulos, para que a sua imagem se diferencie nas prateleiras. Depois, tentam aproximar-se cada vez mais dos seus públicos-alvo, em Portugal e no resto do mundo, viajando, participando em feiras, workshops e jantares especializados, explicando aos apreciadores as características dos seus vinhos, das castas que os originaram, das técnicas usadas, das provas e quais os melhores momentos de consumo. Com raras exceções, a qualidade dos vinhos que andam à volta dos 4 a 5 euros é, hoje, equivalente à de topos de gama de há 25 anos. Ou seja, é difícil escolher uma garrafa de vinho português que não tenha uma boa relação qualidade/ preço. É evidente que nem todos são para todas as bolsas. Basta pensar em alguns topos de gama tintos mais conhecidos lançados este ano. O Barca Velha, da colheita de 2004, está pelos 300 euros e o Pera Manca, da colheita de 2008, pelos 170 euros. Felizmente, a partir de 3 euros, por vezes até por valores mais baixos, se encontram vinhos com boa qualidade, para acompanhar a refeição. E como é que a mudança começou? Com as pessoas. No final da década de 80, novas gerações de técnicos, oriundos do ensino universitário, em Portugal, do Instituto Superior de Agronomia, mas também da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, estavam a chegar ao mercado. Mas havia, também, gente a estudar lá fora, em França, nos Estados Unidos e em Itália. Todos eles, bem como as gerações seguintes de bons enólogos que o nosso país produziu têm em comum, além da capacidade técnica, uma forma mais pragmática de estar no mundo do que as gerações anteriores. Além de provarem os vinhos uns dos outros e de trocarem impressões e conhecimento, também viajam e conhecem os vinhos produzidos um pouco por todo o mundo, assim como os seus consumidores. Pessoas com maior e mais capacidade aproveitaram melhor os avanços tecnológicos existentes para tirar o máximo do potencial JORNALISTA, ENGENHEIRO AGRÓNOMO E MEMBRO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ENOLOGIA de cada uva. Assim, foram surgindo mais e melhores vinhos tintos, principalmente a partir do início da década de 90 do século XX, e brancos, quase no início do 2.º milénio. Entretanto, e também no final da década de 80, houve um reforço do fator comunicação no mundo dos vinhos nacional, principalmente com o aparecimento de jornalistas, colunistas e órgãos de comunicação especializados. O alvoroço que se seguiu contribuiu, certamente, para que muito mais pessoas se envolvessem na produção e comercialização de vinho desde a década de 90. Entretanto, este passou a ser um universo mais feminino, com Sandra Tavares da Silva, nos vinhos Pintas (Douro) e Chocapalha (Lisboa), Filipa Pato (Bairrada e Dão), ou, mais recentemente, Rita Marques Ferreira, no projeto Conceito, só para falar de algumas delas. O vinho passou a estar na moda. Como consequência disso, a concorrência também aumentou vertiginosamente. Hoje, há algumas dezenas de milhar de marcas em Portugal, com produções que vão das centenas de garrafas, os chamados vinhos de garagem, aos 20 milhões, que é o que a Sogrape diz que vende de Mateus Rosé por esse mundo fora. A concorrência foi mais um contributo para a melhoria da viticultura, hoje gerida de forma muito mais profissional, para tirar o melhor rendimento da vinha em cada local, sobretudo as características do solo, o clima local, a exposição solar, etc. Este trabalho contribuiu, por exemplo, para que, hoje, sejam feitos muito menos tratamentos com pesticidas na vinha. À tradição de os aplicar com determinada periodicidade, sucedeu o seu uso apenas quando necessário, perante a variação das condições climatéricas e a observação constante das plantas. Hoje, é essencial a qualidade da uva à chegada à adega. Depois, ocorre todo o labor agroindustrial do vinho. Mas, mais uma vez, num mundo onde a concorrência cresce, nem todas as histórias correm bem. A quem inicia um empreendimento destes, não basta ter boas vinhas e uma boa adega. Precisa de conhecer o mercado. E hoje este é global. Dificilmente um produtor de vinho consegue sobreviver a vendê-lo em Portugal, principalmente, numa altura de depressão em que todos olham várias vezes para a carteira antes de comprar qualquer produto. O que eu quero dizer com isto é que, além de produzir, é preciso vender, cobrar e voltar a vender, porque a vinha produz todos os anos. Ou seja, o mundo do vinho também é como os outros: exige pessoas empenhadas, bons profissionais, que não durmam à sombra do sucesso. Felizmente, temos muito bons exemplos disso neste setor em Portugal. Cx a re v i s ta d a c a i xa 39 v 40 viagem Cx a re v i s ta d a c a i xa V A L E D O DOURO Por esse rio acima Há história, paisagens deslumbrantes e, claro, vinhos, alguns deles com lugar nas listas dos melhores néctares do mundo. Também há restaurantes, hotéis, passeios de barco e de comboio, num conjugar de emoções que dificilmente esquecerá. Seja bem-vindo ao Douro Vinhateiro Por Pedro Guilherme Lopes Cx a re v i s ta d a c a i xa 41 v viagem stá longe de ser verdade que precisemos de entrar num avião e sobrevoar imensos oceanos para fazermos uma grande viagem. A que lhe propomos nestas páginas é, quanto a nós, exemplo quase perfeito do que acabámos de escrever. Eleito Património da Humanidade, em dezembro de 2001, pela UNESCO, o Alto Douro Vinhateiro representa, desde logo, um importante marco histórico: decretada pelo Marquês de Pombal, em 1756, assume-se como a região vinícola demarcada mais antiga do mundo. Ao virtuoso solo xistoso, à privilegiada exposição solar e ao microclima, juntou-se o notável trabalho realizado pelo homem na construção dos muros em xisto que prolongam as encostas, nas quais se produzem alguns dos melhores vinhos do mundo, tanto na denominação de origem «Porto», como na denominação «Douro». O nosso guia, para descobrir este mundo de diversidade, será o rio Douro, auxiliado pelos afluentes, Varosa, Corgo, Távora, Torto e Pinhão, e a forma de segui-lo será a inversa ao seu percurso. Comecemos, então, pela foz, cuja designação acabou por batizar umas das zonas mais cosmopolitas e elegantes do Porto. Aqui, onde o rio encontra o mar, o convite é para relaxar antes de fazer-se à estrada, mesmo que os primeiros quilómetros a fazer sejam poucos: atravessar a ponte para ir até Vila Nova de Gaia, na outra margem. Aí, poderá descobrir algumas das principais caves daquele que é um dos símbolos portugueses: o vinho do Porto. A escolha é variada, podendo optar entre, por exemplo, a Sogrape (numa visita que o levará às caves dos famosos Ferreira, Sandeman e Offley), a Real Companhia Velha, a incontornável Cálem ou a Kopke, a mais antiga empresa de vinho do Porto, fundada em 1638. Depois, e para iniciar esta viagem de forma inesquecível, dirija-se ao imponente The Yeatman, um hotel vínico de luxo, onde, dos quartos ao restaurante, passando pelo SPA, não faltarão pormenores que o farão acreditar que está a iniciar uma viagem única. Fazemo-nos ao caminho, não sem antes comprarmos uma seleção de bombons da bem portuguesa Arcádia. O nosso destino é o concelho de Baião, a cerca de uma hora de distância do Porto. É, por assim dizer, a porta de entrada para o Vale do Douro, procurado por muitos como refúgio de fim de semana ou de férias. Espaços como as Casas de Pousadouro (destacadas na Cx 8), a Quinta do Cão ou o Douro Palace Hotel convidam a ficar e a conhecer este pequeno paraíso de que já Eça de Queiroz falava numa das suas obras maiores, A Cidade e as Serras. Miradouros, E 42 Cx a re v i s ta d a c a i xa como o de Vale Moreira, introduzem a paisagem onde a presença das vinhas é uma constante, mas há muito mais para ver por aqui. Aldeias típicas, artesanato, variantes dos caminhos de Santiago, igrejas e mosteiros (com destaque para o de Santo André de Ancede). Não podemos esquecer a Fundação Eça de Queiroz – parte de uma rota temática, O Caminho de Jacinto, em alusão à personagem criada por Eça, onde podem visitar-se lugares citados na obra, como a estação ferroviária de Tormes –, em Baião, completando um primeiro passo, onde, claro, não poderia faltar o enoturismo. A poucos quilómetros das Casas de Pousadouro, encontramos a Quinta da Covela, que já pertenceu ao centenário Manoel de Oliveira e que, hoje, vive um novo fôlego, alimentado pela paixão de dois investidores estrangeiros: o brasileiro Marcelo Lima e o inglês Tony Smith. A primeira vindima teve lugar em 2012 e, a partir de março deste ano, poderá experimentar os regressados vinhos da Quinta da Covela. 1 5 2 ransposta a porta que dá acesso ao Vale do Douro, deparamo-nos com uma outra: a que dá acesso, efetivamente, ao Douro Vinhateiro. Estamos na Régua, conhecida como capital do Douro, onde, e se dúvidas sobrassem sobre a sua importância no universo vitivinícola, encontramos o Museu do Douro, perfeitamente localizado na marginal com vista para o rio que lhe dá nome. É, também, aqui, que somos convidados a conhecer o Douro In, um restaurante onde, antes mesmo de nos sentarmos à mesa, somos arrebatados pela fantástica vista sobre o correr das águas. A concorrência, tanto na vista como na cozinha, surge pela mão de Rui Paula e o seu D.O.C, restaurante localizado em Folgosa do Douro, a meio caminho entre a Régua e o Pinhão. Também nos arredores da Régua, mais precisamente na margem do rio Corgo, fica a incontornável Quinta do Vallado (conheça João Álvares Ribeiro, um dos Douro Boys, na entrevista desta edição) há seis gerações na mesma família, preservando a qualidade associada a um dos nomes históricos da região: D. Antónia Adelaide Ferreira, a célebre “Ferreirinha”. Aqui, além de belíssimos vinhos premiados, encontrará um hotel onde a palavra enoturismo não só faz todo o sentido, como ganha nova dimensão com a adega estilizada. De linhas retas, revestida a xisto, foi desenhada por Francisco Vieira de Campos, pupilo de Souto Moura, e representa um novo caminho para quem aposta na produção de vinho e no enorturismo: conquistar os turistas fãs de arquitetura. Aliás, a curta distância, na região do Pinhão, encontramos outro exemplo deste tipo de aposta. A Quinta do Seixo, assim de chama, é uma espécie de complemento às tradicionais caves Sandeman, localizadas em Vila Nova de Gaia, e um excelente exemplo de uma aposta cujo argumento tem tudo para resultar num filme premiado. De volta à Régua, é-nos dada a opção de embarcar em dois tipos de viagem diferentes: sobre os carris ou sobre a água. Em terra, a estrela é a carismática locomotiva a vapor 0186, construída em 1925 pela Henschel & Son, e as cinco carruagens históricas, que, num percurso à beira-rio que mais parece uma T 3 1 com assinatura A adega da Quinta do Vallado, obra de Francisco Vieira de Campos, é um exemplo de cruzamento entre o vinho e a arquitectura 2 com vista O The Yeatman, hotel e restaurante vínico de luxo 4 emblemática viagem de comboio que liga a Régua ao Tua 4 de barco Há opções para todos os gostos, como os passeios exclusivos propostos pelo Aquapura Douro Valley 5 panorâmica Uma das 3 histórica A estação do Pinhão, com os seus azulejos e o projeto Wine House, é paragem obrigatória na incríveis perspectivas que mostram a beleza de um vale eleito Património da Humanidade Cx a re v i s ta d a c a i xa 43 v viagem viagem no tempo, liga a Régua ao Tua. Pelo meio, passagem pela estação do Pinhão, famosa pelos seus 25 painéis de azulejos alusivos ao ciclo do vinho, que representam cenas, paisagens e costumes da região. É, também, aqui, que a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, uma das primeiras a apostar no enoturismo em Portugal, lançou a Wine House, um projeto totalmente integrado e inovador, que ocupa cerca de 460 m2 e contempla um núcleo museológico com uma loja (com degustação e venda de produtos Quinta Nova, além de livros e outros objetos de merchandising relacionados com o mundo do vinho) e esplanada, bem como uma sala privada para eventos no piso superior. Mais abaixo, sobre o doce correr das águas, outra das grandes atrações turísticas da região: os cruzeiros no Douro. Não faltam empresas e opções para quem deseja ter perspetivas únicas deste vale encantado, incluindo passeios a dois, totalmente românticos, como os que são proporcionados pelo Aquapura Douro Valley (em destaque na Cx 9), um cinco estrelas de referência que alia modernidade a diversos pormenores relacionados com o vinho (no SPA encontra, por exemplo, massagem com óleo de sementes de uva). E é este o refúgio que escolhemos, para, com todas as mordomias, prepararmos a última fase da nossa viagem. etomamos viagem com o destino bem definido: Lamego, a capital cultural do Douro. O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios é cartão postal, tal como a Sé Catedral ou os conventos de Salzedas e de São João da Pesqueira, ambos da Ordem de Cister. E é camuflada pela cultura, que encontramos a Pastelaria da Sé (mais conhecida por Trás da Sé), uma verdadeira capelinha para quem não abdica dos prazeres da gula. Fixe duas sugestões: as bolas (não de berlim nem para jogar, mas aquelas que se escreviam «bôlas») e os peixinhos de chila. Se as primeiras, com tantas variedades quantos os gostos dos clientes, deram fama à casa, os segundos tornaram-se campeões de vendas. Com o estômago reconfortado, seguem-se duas visitas. Primeiro, à The Wine House Hotel Quinta da Pacheca, uma das mais antigas propriedades do Douro, que alia a produção de vinhos de qualidade a uma muito bem conseguida aposta no turismo gastronómico e enológico, onde a vinha e o vinho assumem papel R 44 Cx a re v i s ta d a c a i xa top 10 A Casa das Pipas, pertencente à Quinta do Portal, foi considerada um dos dez melhores destinos de enoturismo do mundo de destaque. Depois, às caves onde são produzidos os famosos espumantes da Murganheira, última paragem antes de partirmos em direção a Alijó. A paisagem vai mudando, com a vista constante do rio a dar lugar a pequenas aldeias e a grandes quintas. Pelo caminho, descobrimos Sandra Tavares da Silva, uma ex-manequim, e Jorge Serôdio Borges, um casal que, depois de comprar um velho armazém de vinho do Porto, criou o seu próprio vinho. Batizaram-no de Pintas, em honra do seu simpático cão, e foi com este vinho que mereceram honras de citação nas revistas Wine Spectator e na Decanter. Honra maior teve a Quinta do Portal (ligada à produção de vinhos do Douro, espumantes e Moscatel), em Celeirós do Douro, que viu a sua Casa das Pipas ser eleita um dos dez melhores destinos de enoturismo do mundo, pela revista Forbes. Razão mais do que suficientes para a escolhermos como último refúgio desta nossa viagem, também para descobrirmos a moderna adega, assinada por Siza Vieira, num laranja que contrasta com os cerca de 100 hectares de vinhas, que se estendem entre os concelhos de Sabrosa e Alijó. No nosso bloco de apontamentos, restam algumas notas. Como a aldeia de Favaios, famosa pelo seu vinho e pelo seu pão, ou uma visita à Casa de Mateus, em Vila Real. Mas, por ora, prendemos os olhos na paisagem. Continuaremos, depois, por esse rio acima. Guia de Viagem Cruzeiro no Douro A CGD e a Tagus propõem-lhe um cruzeiro no Spirit of Chartwell, um navio único e luxuoso com uma atmosfera elegante e um serviço de alta qualidade. O programa inclui: > Cruzeiro de oito dias; > Cinco tours opcionais; > Todas as refeições; > Bebidas às refeições (vinho, cerveja e soft drinks estão incluídos às refeições, os restantes consumos são suportados pelos Clientes) Datas de partida: 3, 10, 17 e 24 de agosto Preço por pessoa/cabine dupla: 2273 € Preços por pessoa, em quarto duplo, para Clientes da CGD (veja em www. vantagenscaixa.pt quais os cartões abrangidos), não cumulativos com outros acordos, campanhas ou ofertas. Não inclui despesas de caráter pessoal e serviços não mencionados como incluídos, nem taxa de serviço. Programa sujeito a reserva prévia e disponibilidade. Os descontos não incidem sobre taxas e imposto. Saiba mais numa agência da Tagus ou em www.viagenstagus.pt. Ir Ficar A nossa viagem começa no Porto. A partir desse momento, e assim que rumar a Baião, esqueça as autoestradas e aproveite para se deliciar com uma das mais belas paisagens do mundo. Relativamente à melhor época do ano para rumar ao Vale do Douro, há dois momentos altos: a primavera e a altura das vindimas. A primeira pela beleza natural, a segunda pela possibilidade de aproveitar uma das muitas ofertas de enoturismo, que o envolvem na feitura do vinho. The Yeatman Este hotel de luxo é um paraíso para amantes de vinho. (www.the-yeatman-hotel.com) Quinta de Guimarães (*) Situada na margem direita do Douro, com vistas deslumbrantes, é uma casa solarenga, construída em 1720, com todas as características da época barroca. (www.quintadeguimaraes.com) Casas de Pousadouro Às portas do Vale do Douro, encontra esta espécie de paraíso, capaz de fundir casas contemporâneas com uma paisagem inesquecível. (www.casasdepousadouro.com) Quinta do Cão (*) Nos vales que ladeiam o Douro, encontramos esta convidativa propriedade rural, que nos acolhe em casas construídas nos típicos socalcos. (www.quintadocao.com) Aquapura Douro Valley (*) Um cinco estrelas de referência que alia modernidade a diversos pormenores relacionados com o vinho. (www.aquapurahotels.com) Casa das Pipas Eleito um dos dez melhores destinos do mundo de enoturismo. (www.quintadoportal.com) Ver e fazer A beleza natural do Vale do Douro, Património Mundial da UNESCO, colocam-no entre os mais belos locais do planeta e é garantia de panorâmicas que deixam os visitantes sem palavras. Mas há muito mais ideias para colocar no seu bloco de notas. Como ponto de partida, poderá visitar as várias caves do vinho do Porto, em Vila Nova de Gaia. Depois, siga até Baião e descubra a Fundação Eça de Queiroz, bem como o Mosteiro de Santo André de Ancede. Na Régua, é incontornável visitar o Museu do Douro e fazer uma viagem no tempo, de comboio, até ao Tua (com paragem obrigatória na histórica estação do Pinhão). Em Lamego, capital cultural do Douro, destaca-se o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios e, em Vila Real, é obrigatória uma visita à Casa de Mateus. Caso deseje programas completos, tanto a nível de roteiros, como de viagens de barco ou de momentos de aventura, existem várias empresas com que pode contar. A Cenários D’Ouro(*) (www.cenarios.pt), a Navileme(*) (www.navileme.com) e a Walk on Wind(*) (www.walkonwind.eu) são algumas das muitas opções a considerar. Comer The Yeatman Merecedor de um «garfo de platina» na última edição do guia Boa Cama Boa Mesa, é um verdadeiro festim para os sentidos. (www.the-yeatman-hotel.com) Barão de Fladgate (*) Localizado nas Caves do Vinho do Porto Taylor´s, oferece uma cozinha de autor e uma belíssima vista para o rio. (www.tresseculos.pt) Casta e Pratos Restaurante, wine bar, lounge e Informação na Net prepare-se para ir para fora... cá dentro. Sites que não deve deixar de consultar: www.douro-turismo.pt; www.douronet.pt; www.cavesvinhodoporto.com; www.ivdp.pt; www.viniportugal.pt loja gourmet, é uma verdadeira referência desta região. (www.castasepratos.com) Douro In Vista deslumbrante, decoração com assinatura de Philippe Stark e cozinha de respeito. (www.douro-in.com) D.O.C. Rui Paula transformou este projeto numa espécie de case study. Um espaço debruçado sobre o rio, fora dos centros urbanos, que é um dos melhores restaurantes do País. (ruipaula.com/web) ( ) * Benefícios para titulares de cartões CGD. Saiba quais os cartões e todas as vantagens em cada um dos parceiros em www.vantagenscaixa.pt. CARTÃO CAIXADRIVE BENEFICIE DE DESCONTOS DE 3%, NO MÁXIMO DE 20 EUROS MENSAIS, NAS COMPRAS E ABASTECIMENTOS EFETUADOS COM O CARTÃO CAIXADRIVE(1) NAS ESTAÇÕES DE SERVIÇO DA REPSOL EM PORTUGAL, BENEFICIE DE MAIS 3% DE REEMBOLSO SUPLEMENTAR SOBRE AS COMPRAS E ABASTECIMENTOS EFETUADOS NA REPSOL, NUM MÁXIMO DE 3 EUROS MENSAIS, SE EFETUAR COMPRAS DE VALOR SUPERIOR A 250 EUROS NOUTROS COMERCIANTES.. AS COMPRAS EFETUADAS NAS ESTAÇÕES DE SERVIÇO DA REPSOL EM PORTUGAL BENEFICIAM, AINDA, DA ISENÇÃO DA COMISSÃO DE ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEL. OS TITULARES DO CAIXADRIVE BENEFICIAM, TAMBÉM, DE UM PACOTE DE SEGUROS E DE VANTAGENS EM PARCEIROS ASSOCIADOS A ESTE CARTÃO. (1) TAEG DE 22,6%, PARA UM MONTANTE DE € 1.500, COM REEMBOLSO A 12 MESES, À TAN DE 20,50%. Cx a re v i s ta d a c a i xa 45 r roteiro SERRA DA ESTRELA A neve e o queijo Em busca do ponto mais alto de Portugal continental, é um destino incontornável durante a estação mais fria do ano Por Pedro Guilherme Lopes Ilustração Marta Monteiro/www.re-searcher.com covilhã Terra da indústria da lã, berço de descobridores de quinhentos, é, hoje, uma cosmopolita cidade universitária. Localizada a 20 Km do ponto mais alto de Portugal continental, a Torre, é um excelente ponto de partida para a descoberta da Serra da Estrela. Siga rumo ao Lago Viriato, perca vários minutos com as impressionantes panorâmicas que vão desde a Varanda dos Carqueijais até às Penhas da Saúde e alcance a já citada Torre, onde se situam as pistas de esqui. 1 seia Nas suas origens, encontramos as artes da pastorícia (e, na nossa memória, o excelente documentário de Jorge Pelicano, Ainda Há Pastores?) e do fazer do queijo, não sendo de estranhar se se cruzar com um dos emblemáticos cães Serra da Estrela que ajudavam a tomar conta dos rebanhos. É aqui que fica o incontornável Museu do Pão que, como o próprio nome indica, preserva a história do pão português e oferece, ainda, um dos mais famosos restaurantes do País. mais autêntica. E, garantimos nós, as doses chegam a dar para três. celorico da beira Terras de castelos povoadas de lendas. Da Aldeia Histórica de Linhares aos campos vistosos do vale do Mondego, que sobem às veigas planálticas do Baraçal e Açores, o que não faltam são encantos naturais e culturais, bem como locais onde pode provar o tradicional Queijo da Serra que, de Dezembro a Maio, desponta nas famosas Feiras de Queijo de Celorico e Carrapichana. 4 2 gouveia Chamam-lhe a «Princesa da Serra» e a verdade é que é fácil enamorarmo-nos por ela. Os artísticos jardins públicos e os espaços verdes bem cuidados são uma imagem de marca, tal como a sua ligação à cultura, sendo este concelho berço de dois dos maiores vultos nacionais nessa área: o Mestre Abel Manta (indesculpável estar em Gouveia e não visitar o Museu de Arte Moderna) daqui saiu, aos 16 anos, para estudar pintura na Escola de Belas Artes, em Lisboa; e Vergílio Ferreira, que viria a tornar-se um dos maiores escritores contemporâneos. Diz-se, também, que a cozinha tradicional da Serra encontra em Gouveia a sua expressão 3 46 Cx a re v i s ta d a c a i xa guarda A cidade da Guarda é um hino ao granito, cantado na arte românica da Capela do Mileu, no estilo gótico e manuelino da sua Sé Catedral, ou nas ruas, praças e muralhas da sua cidade medieval. Não deixe de visitar, também, o Museu da Guarda, uma das maiores atrações. 5 belmonte O Ecomuseu, o Museu do Azeite e o Museu Judaico são referências, e, como há muito para ver, aproveite para ficar alojado na belíssima Pousada do Convento de Belmonte. 6 manteigas Típica povoação de montanha, a 700 metros de altitude, recolhida no belíssimo vale glaciar do rio Zêzere, todo ele verde, com muitas casas e igrejas caiadas de branco e, em muitos dias, de neve. As tecelagens de colchas e tapetes em tear manual podem ser vistas, ao vivo, no Centro de Artesanato, antes de começar a subir rumo ao Vale do Rossim, um ecoresort onde poderá experimentar dormir num Yurt, ou seja, numa tenda mongol, tão branca quanto a neve, preparada com todas as comodidades. 7 Cx a re v i s ta d a c a i xa 47 f fugas C H A L É S D E M O N TA N H A Ares da serra Transfigura-se a cada estação, mas é quando se veste de manto branco, no inverno, que ganha ainda mais vida. Seguimos a direção do Parque Natural da Serra da Estrela para redescobrir os seus encantos. Nos Chalés de Montanha Por Luís Inácio eixámos para trás Lisboa, a A1 e a A23 e, enquanto fazemos as últimas curvas que nos separam da chegada ao destino, vêm-nos à memória dias de infância, quando a maioria das romarias à Serra da Estrela se faziam em autocarro, em excursões organizadas. Nos tempos em que o contacto com a neve parecia mesmo uma coisa inatingível, só vista na televisão (a preto e branco) e em que a nossa maior serra estava a um dia inteiro de distância da capital. Hoje em dia, esse percurso ficou mais fácil. As novas acessibilidades permitem uma viagem muito mais tranquila, deixando a experiência da neve a pouco mais de duas horas e meia de distância. O ar puro e a extraordinária gastronomia serrana põem os sentidos em alerta e há sempre qualquer coisa de novo para descobrir a cada visita. No nosso caso, corpo e alma já estão em «modo serra». Passamos pela Covilhã, conhecida como «porta» da Serra da Estrela, e tomamos o caminho das D 48 Cx a rev i s ta d a ca i xa Penhas da Saúde pela Nacional 339. O nosso destino são os Chalés de Montanha, um dos três empreendimentos do Grupo Turistrela na região. E dos três, este é aquele que convida a uma evasão claramente diferente, num espaço mais intimista. A construção dos chalés foi iniciada há 13 anos e se há projeto que, de facto, não levanta dúvidas pela forma como se integra na paisagem é este. Construídos recorrendo, sobretudo, à madeira, seguindo técnicas de construção de montanha, cada chalé é uma verdadeira casa que se revela aos nossos olhos. Entramos diretamente para a sala de estar. Quentinha, ao contrário dos três graus A SUBIDA À SERRA É SEMPRE O GARANTE DE UMA TEMPORADA BEM PASSADA que se faziam sentir antes no exterior. Cada um dos 28 chalés Classic estão equipados com kitchenette – com fogão elétrico, micro-ondas e frigorífico –, duas casas de banho e três quartos. Os espaços comuns situam-se todos no piso inferior e uma escada de madeira conduz aos quartos, no piso superior. O conforto é a palavra de ordem e a privacidade é a pedra de toque nesta proposta de alojamento. Mas aqui, mais do que o conforto – que o tem, e em boas doses – o luxo é o recato, a liberdade de ter uma chave na mão e uma casa sempre ao dispor para desfrutar da serra em pleno nos horários que mais convierem. A Torre e a estância de ski não ficam longe e está tudo logo ali à mão. As facilidades do Hotel Serra da Estrela estão a dois passos e o charmoso Dharma SPA logo ali ao lado. Aliás, além de tudo o que a serra tem para dar, seria um crime não fazer, pelo menos, uma visita a este spa, situado num edifício que viajou, tábua por tábua, de outras paragens e foi integrado no aldeamento 1 3 2 4 1 quarto Relaxante atmosfera cosy 2 estrela O chalé presidencial constitui uma oferta de topo 3 panorâmica Os chalés estão situados nas Penhas da Saúde, com vista privilegiada para o vale da Cova da Beira 4 integração Foram utilizadas técnicas de construção de montanha, resultando numa excelente integração na paisagem Cx a rev i s ta d a ca i xa 49 f fugas dos Chalés de Montanha. Será, muito provavelmente, o mais rústico spa ao nível nacional, oferecendo um completo pacote de tratamentos que engloba, entre outras, massagens Shiatsu e Ayuryoga e terapias com vinho, chocolate e bambu. O Dharma SPA também tem sauna e conta com uma piscina aquecida e jacuzzi permitindo um banho ofurô ou um circuito completo de águas. Na verdade, só o contacto com o interior do edifício transmite, imediatamente, uma sensação de bem-estar e a simpatia da equipa trata do resto. Bem-vindo à energia positiva. izinho do Dharma SPA, o Chalé Presidencial eleva a estada para um nível de topo, comparável ao alojamento num hotel de cinco estrelas. Dos 29 chalés sob a alçada da Turistrela este foi pensado, exclusivamente, para clientes exigentes e é, sem dúvida, uma referência pelo nível de conforto que proporciona. Embora a disposição seja muito semelhante à dos restantes, com os quartos no piso superior, a tipologia é diferente e o espaço e a atenção aos pequenos detalhes impressionam. Com capacidade para receber V oito pessoas em quatro quartos duplos, conta com peças de mobiliário e decoração específicas e uma das casas de banho está inclusivamente equipada com uma banheira de hidromassagem. Com uma localização privilegiada – fica situado num dos extremos do aldeamento –, tira partido da vista fantástica sobre o vale da Cova da Beira. A luz natural faz-se também convidada e entra, generosamente, sem bater à porta, ajudando a criar uma atmosfera muito cosy de onde não apetece sair. Só que o chamamento da montanha é mais forte e não faltam motivos para partir à descoberta das diversas atividades que a Serra da Estrela permite. Cada estação tem os seus encantos e se a contemplação é, sem dúvida, um dos grandes prazeres que se pode tirar dos dias passados na serra, em pleno inverno é, obviamente, a neve que faz as delícias de toda a família. Gorro na cabeça, luvas nas mãos, um cachecol, bons casacos e ala para a Torre! A prática de desportos radicais é uma das muitas possibilidades da Estância Vodafone, que, além das nove pistas e do snowpark, põe à disposição dos visitantes uma escola de esqui e snowboard com aulas de uma ou duas horas. 3 5 1 4 2 1 corpo O edifício, rústico, do Dharma SPA veio de outras paragens 2 água A piscina aquecida e o jacuzzi proporcionam momentos de bem-estar 3 estância Divertimento assegurado com possibilidade de ter aulas de ski ou snowboard 4 mesa Os pratos regionais são a especialidade do restaurante Medieval, no Hotel Serra da Estrela 5 radical Snowboard para todos os níveis no topo da serra 50 Cx a rev i s ta d a ca i xa Guia de Viagem Como ir a Serra da estrela, além dos desportos de inverno, há aldeias históricas e toda uma gastronomia rica para descobrir. Mas também pode, por exemplo, mergulhar no gelo das lagoas da serra ou agendar um piquenique gourmet a 2000 metros de altitude (ver caixa). Todavia, para uma superior experiência gastronómica, quem está hospedado nos chalés nem precisa de entrar no carro. Basta percorrer, a pé, os poucos metros que o separam do Hotel Serra da Estrela e descobrir os restaurantes Medieval ou Nave da Areia. Este último propõe na carta iguarias regionais como Bochechas de Porco no Forno com Couves Amassadas em Azeite D.O.P. ou Filetes de Truta Marinados e em Tempura com Arroz de Feijocas. N Com o regresso a casa à vista, começam já a ficar na memória os bons momentos passados na montanha. Enquanto voltamos a fazer as malas, preparando a saída do chalé, revemos as aventuras e começamos a pensar na possibilidade de marcar nova subida à serra. Na bagagem levamos as pilhas recarregadas e muita vontade de voltar. Os Chalés de Montanha oferecem aos titulares de cartões da CGD 20% de desconto no alojamento. O desconto é válido na modalidade de alojamento e pequeno-almoço e para reservas individuais (inferiores a 20 pessoas). A oferta não é válida para programas especiais (Natal, fim de ano, dia dos namorados, Carnaval e Páscoa). Saiba quais os cartões abrangidos por esta oferta em vantagenscaixa.pt. De Lisboa ou do Porto, siga pela A1, deixando-a na saída de Torres Novas, em direção à A23. Prossiga na A23 em direção à Covilhã. Ali chegado, siga o caminho para a serra pela N339. Os Chalés de Montanha vão surgir-lhe à esquerda nesta estrada, nas Penhas da Saúde. Os Chalés de Montanha standard estão disponíveis com preços a partir de 330 euros por noite na época A e 150 euros por noite na época B. O Chalé Presidencial está disponível a partir de 750 euros na época A e 600 euros na época B. turistrela.pt O que fazer A Turistrela propõe diversas experiências aos visitantes da Serra da Estrela. Pode, por exemplo, divertir-se a pescar nas lagoas da montanha num pacote com alojamento, pequeno-almoço e licença diária de pesca de truta. Também pode passear a cavalo ou numa canoa, descer 600 metros em slide seguido de um passeio em BTT, jogar paintball ou descobrir um tesouro a 2000 metros de altitude. Informe-se na receção do Hotel Serra da Estrela. Cx a rev i s ta d a ca i xa 51 finanças LITERACIA FINANCEIRA Os hábitos e a crise A crise financeira tem vindo a alterar alguns padrões de consumo que se tinham enraizado na última década OS INDICADORES SÃO VÁRIOS e alguns, como o aumento do número de pessoas que leva o almoço feito de casa, até merecem ser capa de revistas de referência, como a Visão. A verdade é que, de uma forma geral, a crise levou as famílias portuguesas a colocarem um travão no consumo, devido às medidas de austeridade. A menor utilização do automóvel, substituído por transportes públicos, bicicletas e até percursos feitos a pé, é outro dos exemplos. Os últimos números da Direção-Geral de Energia indicam que o consumo de gasolina caiu 16 por cento, desde 2010 até agosto do ano passado, tendo o consumo de gasóleo deslizado 12,8 por cento. Outro sinal é dado pelos números referentes a vendas de veículos ligeiros: caíram perto de 38 por cento, em 2012. A menor utilização do carro implica, igualmente, maiores dificuldades para o turismo. Passar um fim de semana fora, mesmo que dormindo apenas uma noite no destino escolhido, representa um gasto extra impossível para milhares de famílias. E, de poupança em poupança, vai-se menos ao cinema, ao teatro, a exposições e a outras manifestações culturais, bem como aos ginásios, mesmo que a sua utilização não tivesse como prioridade questões estéticas. Com tanta preocupação, não admira 52 Cx a rev i s ta d a ca i xa que os números avançados pela Sociedade Portuguesa de Neurologia revelem que 40 a 60 por cento dos portugueses sofre de insónia e tem depressão. O lado… menos mau Não haverá um lado bom associado a uma crise económico-financeira, mas pode haver um lado menos mau. Este repensar de hábitos acaba por sublinhar o lado solidário do povo português. Por exemplo, em 2012, mais de 233 mil pessoas entregaram 0,5 por cento do seu IRS a instituições de solidariedade, o que representa um aumento de 17 por cento face ao verificado em 2011. E, a cada nova campanha de recolha de alimentos, é pronta a resposta às necessidades alimentares de inúmeras famílias. Também o ambiente acaba por beneficiar com a mudança de hábitos. A menor utilização do carro, tal como o maior cuidado na utilização da eletricidade em nossas casas, ajuda a reduzir a pegada carbónica. Depois, há uma nova forma de encarar as idas às compras: aposta-se no realmente necessário, ao invés de levar para casa extras que alimentavam o prazer da gula, mas que, hoje, representam vários euros a mais na carteira. E, tanto em termos alimentares como no que toca à compra de vestuário, as marcas menos conceituadas – tantas vezes EDUCAÇÃO FINANCEIRA DAS CRIANÇAS E JOVENS A European Banking Federation (EBF) divulgou, recentemente, o seu relatório sobre Educação Financeira das Crianças e Jovens. Considerando que representam perto de 32,1 por cento da população mundial, o relatório pretende demonstrar a importância de incluir na sua aprendizagem uma componente de Educação Financeira. A publicação refere quatro iniciativas promovidas ou patrocinadas pela Caixa e com grande impacto junto das crianças e jovens portugueses: • O parque temático Kidzânia (www.kidzania.pt); • A Exposição Educação+ Financeira (http://pmate.ua.pt/ educacaomais); • O site Saldo Positivo (www.saldopositivo.cgd.pt); • E o micro-site Ciclo da Poupança (www.ciclodapoupanca.com). Esta referência num relatório internacional é o reconhecimento do empenho da CGD na promoção do conhecimento financeiro junto das gerações mais novas e na construção de uma sociedade mais sustentável. desprezadas em função de uma espécie de afirmação pessoal – ganham cada vez mais terreno como forma de utilização: um estudo da consultora Nielsen indica que, em 2011, os produtos de marca própria já representavam 46 por cento do volume total de vendas alimentares nas mercearias, super e hipermercados. E, já que de roupa falamos, há quem tenha passado a costurar para si… e para fora. Daí nasceram novos negócios, espalhados pelas mais diversas áreas. Esta capacidade empreendedora dos portugueses, aliada à sua qualidade, traduz-se em diversos casos de sucesso que, diariamente, e apesar do cinto bem apertado, teimam em contrariar a crise e passar uma mensagem de esperança. Saiba mais sobre finanças pessoais em www.saldopositivo.pt. Foto: Getty images f C A I X A D I R E C TA Eis a App Caixadirecta! Um acesso cómodo e único à Caixa, através de qualquer computador ou tablet com sistema operativo Windows 8, da Microsoft FOI PRIMEIRO LUGAR no concurso The Best Mobile Banking App, realizado pela European Financial Management & Marketing Association, em Paris, fruto da sua qualidade, capacidade de inovação e diferenciação. Falamos da App Caixadirecta, uma nova experiência de gestão do seu património financeiro, onde, de modo interativo, pode consultar as suas contas, fazer transferências e pagamentos ou solicitar o apoio do seu Gestor. Foto: iStockphoto Além disso, a App Caixadirecta permite: • Poupar de forma simples e rápida. Basta carregar no botão PAP e o montante, previamente definido por si, será transferido, de imediato, da sua conta à ordem para uma conta de poupança; • Saber onde estão as Agências mais perto de si. Como fazer Para aceder à App Caixadirecta, o seu computador ou tablet terá de ter o sistema operativo Windows 8. Após aceder à loja Windows Portugal(1) e fazer a instalação da aplicação, deverá: • Colocar o número de contrato e o código de acesso que utiliza no Caixadirecta; • Em seguida, ler e aceitar a mensagem de ativação da aplicação Windows 8, selecionando a check box «Li e aceito»; • E, depois, selecionar «Entrar». Terá, então, acesso a um conjunto de funcionalidades que poderá utilizar de imediato. Deve ter em conta que, para sua segurança, será solicitada a matriz ou o SMS Token no ato de confirmação e validação de algumas operações, tal como sucede no Caixadirecta on-line. A instalação e a utilização da App Caixadirecta são gratuitas. Ao aceder à App Caixadirecta para Windows 8, paga apenas os custos de utilização da Internet ao respetivo operador, de acordo com o tarifário escolhido por si. Já o preçário das operações realizadas na App Caixadirecta é igual ao do Caixadirecta on-line. Recomendações de Segurança Destacamos, ainda, um conjunto de recomendações de segurança que deverá seguir para uma melhor utilização da App Caixadirecta: • Não instale aplicações ou programas de origem desconhecida no seu computador, telemóvel ou tablet. Informe-se sempre da sua origem; • Duvide sempre de aplicações ou programas com nome e imagem da Caixa. Existem aplicações e programas nas lojas dos diferentes ARREDONDE COM O SEU CARTÃO Ao efetuar compras com determinados cartões, pode beneficiar do arredondamento das compras realizadas, revertendo o montante do arredondamento, automaticamente, para uma conta de poupança, PPR ou fundo de pensões, conforme o cartão utilizado. É muito simples, basta pedir em qualquer Agência da Caixa ou no serviço Caixadirecta Telefone para associar um dos três programas de arredondamento à escolha a um cartão da Caixa elegível. Saiba mais em www.cgd.pt. sistemas operativos cujo nome, identidade e imagem são aparentemente da Caixa, sendo, porém, iniciativas não oficiais de utilização abusiva da marca e serviços da CGD. Estas aplicações não são recomendadas pela Caixa e não devem ser utilizadas no acesso ao serviço Caixadirecta. Antes de instalar qualquer aplicação, consulte a área de aplicações oficiais da Caixa (ver no final); • Leia e consulte com frequência as mensagens de segurança que a Caixa disponibiliza em www.cgd.pt/seguranca ou na página de acesso ao serviço Caixadirecta. Para conhecer esta e outras aplicações oficiais da Caixa, consulte www.cgd.pt/ Seguranca/APP/Pages/APP.aspx. › Aponte a câmara do telemóvel ou tablet para este código, recorrendo a uma aplicação de leitura de código 2D (1) Disponível em http://apps.microsoft.com/ windows/pt-pt/app/caixadirecta/c6aa30ff-a73d40a4-a16a-b53a546c5c14 Cx a re v i s ta d a c a i xa 53 i institucional P O U PA N Ç A Poupar é na Caixa Poupar não tem de ser uma missão impossível. A Caixa disponibiliza-lhe um conjunto de mecanismos diferentes para o fazer, sempre de forma simples e automática, de acordo com as suas necessidades QUER POUPAR E NÃO SABE COMO? A Caixa tem ao seu dispor dez mecanismos que o ajudam a tornar essa tarefa mais fácil, úteis para todos os Clientes, tanto os jovens, os adultos como os avós. E sempre de acordo com o perfil e as possibilidades financeiras de cada um. As contas de poupança são o primeiro passo. Pensado para jovens adultos, independentes ou casados, a partir de 100 euros, o Caixa Aforro Poupe Mais(1) é uma solução que premeia automaticamente a permanência dos fundos com um spread crescente. Já a conta CaixaProjecto é indicada para os filhos e tem uma taxa de juro crescente, estando disponível a partir de 25 euros. E quando os titulares atingirem os 26 anos, é convertida numa conta CaixaPoupança. Os maiores de 55, por seu lado, têm à disposição a conta Poupança Caixa Activa, a partir de 100 euros, sendo que todas permitem agendar transferências automáticas, a partir de dez euros mensais. Tendo a sua conta de poupança(2), pode agrupá-la a outras dos seus familiares, através do Caixa Família, um serviço que ilustra o caráter inovador da oferta da Caixa e que permite beneficiar de uma taxa de juro superior à que teria individualmente. Ou seja, sem abdicar da titularidade e do regime de movimentação, a taxa de juro é melhorada e sempre atribuída consoante o montante global das contas associadas. Podem aderir ao Caixa Família o cônjuge do titular da primeira conta, descendentes até 4.º grau, colaterais ou seus descendentes até 4.º grau e ascendentes até 2.º grau, incluindo por afinidade. Podem aderir duas contas de poupança no mínimo, desde que não tituladas apenas por cônjuges, sendo a primeira titulada por um maior de 18 anos. Com prazo de 181 dias, renovável automaticamente, e pagamento de juros semestral, este serviço permite a mobilização antecipada, com perda total de juros sobre o valor mobilizado. Além disso, conta, ainda, com os cartões da Caixa, através dos quais poderá poupar no seu dia a dia, por exemplo, através do mecanismo de cashback, em que uma percentagem do montante gasto em compras é devolvida na sua poupança (na conta de poupança, PPR ou Fundo de Pensões, conforme o cartão). Pode, também, recorrer ao programa de arredondamento das compras efetuadas com os cartões da Caixa, exceto o Made by, revertendo o montante arredondado automaticamente para a sua poupança (conta de poupança, PPR ou Fundo de Pensões, conforme o cartão). Os cartões LOL para os mais novos (ver pág. 61), o serviço GAT para Clientes Caixazul e Residentes no Estrangeiro e o reforço automático numa conta de poupança por vencimentos de depósitos são outras das soluções que poderá subscrever. São, pois, muitas as razões para poupar na Caixa. Com Certeza. (1) Disponível para Clientes particulares com domiciliação de rendimentos e cartão de crédito e cartão de débito/ débito diferido e serviço Caixadirecta ou cujo montante de constituição seja totalmente proveniente de outra Instituição de Crédito. (2) Válido para Caixapoupança, Caixapoupança Emigrante, Poupança Caixa Activa, Caixapoupança Reformado, Caixapoupança Rumos, CaixaProjecto e CaixaProjecto Emigrante. 54 Cx a re v i s ta d a c a i xa C A R TÃO M A D E BY Feito por e para si O Made By é uma solução inovadora, em que cada utilizador cria um cartão único e à sua medida. Um cartão personalizado para cada um dos quatro milhões de Clientes da Caixa > Porque a Caixa entende as necessidades e os desejos dos seus Clientes; > Porque a Caixa quer tornar possível, a cada um, experiências ímpares com a utilização dos seus produtos e serviços; > Porque a utilidade intrínseca a cada um dos seus produtos e a criação de valor para o Cliente são importantes na composição da oferta que apresenta ao mercado; > E porque a Caixa pretende que os seus Clientes se revejam, literalmente, nos seus produtos… A Caixa lançou o Made by(1), um cartão inovador que permite ao Cliente personalizar totalmente o seu cartão, desde a imagem ao pacote de funcionalidades e serviços associados. É possível a escolha das características mais úteis ou convenientes a cada Cliente, permitindo evitar custos supérfluos em atributos não valorizados ou não pretendidos. Como todo o Cliente é único, o Made By tem mais de mil combinações à escolha, com o objetivo de servir as suas necessidades e interesses. Entre outras, pode escolher: > A imagem, optando por uma fotografia da propriedade do Cliente (através de upload), por uma da galeria de imagens disponibilizada pela Caixa ou pela imagem standard; > Um dos seguintes programas de lealdade, que premeiam a utilização do cartão (em compras e cash-advance): • Cashback, que lhe devolve para a conta-cartão até 1% do valor das suas compras, a partir de um volume acumulado mensal de 100 euros, com devolução máxima de 50 euros por mês; • Pontos, para quem é titular do Fast Galp; • Milhas, para os Clientes interessados no Programa Miles&More da Lufthansa, podendo as milhas acumuladas ser utilizadas em qualquer companhia aérea da rede Star Alliance, que inclui a TAP. > Não associar qualquer programa de lealdade; > Um pacote de seguros base, médio ou alargado; > A modalidade de pagamento que mais lhe convém: 5%, 10%, 25%, 50%, 75% ou 100% do total em dívida, por débito automático da conta à ordem associada. Alvo de escolha é também o valor da mensalidade, em função dos atributos escolhidos, variando entre 1 e 2 euros(2) e sendo devolvida sempre que a utilização mensal do cartão seja igual ou superior a 250 euros. O cartão Made By tem, ainda, associado um conjunto alargado de descontos e benefícios em inúmeros parceiros da Caixa, que pode consultar em www.vantagenscaixa.pt. Resumindo: > É um avô ou avó babado(a)? Que tal oferecer a si próprio(a) um cartão de crédito que, com custos à sua medida, permite trazer consigo uma foto dos netos? > Gosta de viajar e já fez uma viagem marcante? Que tal trazer na carteira um cartão que, além de o ajudar a suportar os custos das viagens e de o apoiar nas despesas nos destinos que escolhe, permite recordar aquelas férias únicas? > É jovem e precisa de um cartão de crédito com um custo aceitável, exatamente à medida do que valoriza e quer pagar? > É um pai ou mãe de família e está interessado em atos de poupança? Que tal passar a trazer consigo uma foto da família e escolher a funcionalidade de cashback? O Cartão Made By foi já reconhecido internacionalmente como o cartão mais inovador na categoria de design, em 2011, em Paris, nos Trophées 2011 Innovative Cards, uma iniciativa da Publi News. Mas o melhor reconhecimento não é o dos prémios recebidos. É o seu. Este cartão é feito por si e para si. Um Cliente satisfeito é aquele que adquiriu um produto ou um serviço que correspondeu ao que esperava; um Cliente encantado é aquele cujas expectativas foram superadas. E este vai superá-las. Saiba mais sobre esta proposta pioneira da Caixa em www.cgd.pt e adira através do serviço Caixadirecta on-line ou em qualquer Agência da Caixa.. (1) TAEG de 17,0% a 18,6%, em função da mensalidade contratada, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 15,75%. (2) Acresce o imposto de selo à taxa de 4%. Cx a re v i s ta d a c a i xa 55 i institucional C A R TÃO P R É - PAG O Caixa Break O cartão Caixa Break é um cartão bancário pré-pago, que permite às empresas efetuarem o pagamento do subsídio de alimentação aos colaboradores, com benefícios fiscais para ambos COM O CAIXA BREAK, empresas e colaboradores podem obter vantagens fiscais, pois o pagamento do subsídio de alimentação neste cartão é equiparado a um vale de refeição: > Vantagens fiscais em TSU (23,75%) para as empresas, com redução de custos; > Vantagens fiscais em IRS (taxa variável) e TSU (11%) para os colaboradores, aumentando o rendimento disponível. Recarregável apenas pela entidade patronal, este cartão pode ser utilizado até ao limite do saldo em todos os estabelecimentos do setor alimentar, associados às redes Multibanco e Mastercard, como supermercados, comércio tradicional da área alimentar, restaurantes ou cafés. Além disso, pode, também, realizar pagamentos em lojas virtuais dos comerciantes do setor alimentar, com a utilização de CVC2 (verso do cartão). A consulta do saldo e dos últimos movimentos efetuados no serviço Caixautomática e na rede Multibanco, assim como a alteração do número de identificação pessoal em ATM são outras das opções disponíveis. Trata-se, portanto, de um cartão prático e muitíssimo vantajoso, fácil e flexível na sua utilização, que pode permitir uma redução de custos para a empresa e o aumento do rendimento dos colaboradores. Mais informações em www.cgd.pt ou em qualquer Agência da Caixa. CONHECE O GESTOR ON-LINE? DEPÓSITOS CAIXAZUL NETPR@ZO SOLUÇÕES EXCLUSIVAS PARA CLIENTES CAIXAZUL Uma oferta de depósitos a prazo on-line exclusivos Caixazul, com prazos diversificados e taxas de remuneração atrativas, disponível, com toda a facilidade e comodidade, através do serviço Caixadirecta on-line, a partir de 500 euros. Prazo: 365 dias Prazo: 181 dias Prazo: 90 dias TANB: 2,05% TANB: 2,35% 12M TANB: 1,40% 6M Renovação automática: Não Montante: €500 a €50 000 Remuneração: Fixa Mobilização antecipada: Sim, com perda de juros corridos Para mais informações, contacte o seu Gestor Dedicado ou consulte o site http://caixazul.cgd.pt 56 Cx a re v i s ta d a c a i xa 3M Os Clientes da Caixa podem contar com o seu Gestor também nos canais on-line, mobile e App Windows 8 (disponível em PC e tablet com este sistema operativo, ver pág. 53). A qualquer hora, em qualquer lugar, todos os dias do ano, o acesso permanente ao Gestor oferece apoio, tanto na contratação de produtos como na realização de operações mais simples ou na resposta a questões relacionadas com o seu património. Este apoio permite, a qualquer momento: • Pedir o contacto do Gestor ou, caso lhe seja mais conveniente, do contact center; • Enviar-lhe uma mensagem segura, com opção de aviso de resposta; • Conhecer as oportunidades selecionadas para si; • Agendar uma reunião com o seu Gestor Dedicado (para Clientes Caixazul e Caixazul Internacional). Gestor on-line: um serviço inovador, cómodo, seguro e de acesso gratuito. Atendimento personalizado, à medida das suas necessidades. Saiba mais em www.cgd.pt ou numa Agência da Caixa. SOLUÇÕES CAIXA Faça na Caixa a casa dos seus rendimentos Domicilie os rendimentos na Caixa e beneficie de múltiplas vantagens exclusivas A CAIXA PROPORCIONA cada vez mais vantagens aos Clientes que a escolhem como o seu banco principal. Basta domiciliar o ordenado, a pensão ou outro rendimento regular para ter os seguintes benefícios: > Isenção da comissão de manutenção da conta à ordem; > Facilidade de antecipação do ordenado até 30 dias, com o Caixaordenado(1), no qual não são cobrados juros até 0,55 euros, o que equivale a utilizações até 250 euros, durante sete dias; > Benefícios na remuneração do serviço Caixa Família, para rendimentos domiciliados acima de 500 euros, extensivo a todos os familiares aderentes. Mas as vantagens não ficam por aqui À medida que o relacionamento com a Caixa evolui, os benefícios vão também aumentando. Juntando à domiciliação de rendimentos os produtos bancários básicos que facilitam a gestão financeira diária (ver quadro), tem acesso a muitas outras vantagens: > Depósitos a prazo com taxa de juro majorada – Depósitos Mais; > Produtos de investimento e de poupança exclusivos, em campanhas; > Benefícios em novas operações de crédito pessoal para formação(2), saúde(3) ou energias renováveis(4); > Benefícios no crédito à habitação, em imóveis propriedade do Grupo Caixa; > Descontos(5) na compra de Planos de Saúde Multicare(6), Cartões Activcare(6), Seguro de Acidentes Pessoais-Caixa Proteção Total(6), Seguro de Acidentes de Trabalho Empregada Doméstica(6) e Seguro Viagem(6). Conheça-os na sua Agência da Caixa; > Oferta(5) de vouchers com descontos nos Hospitais Privados de Portugal, na compra dos seguros(6) Caixa Protecção Vida, Caixa Woman, Pack Recheio, Seguro Help-a-Home e, para o seguro Automóvel Líber 3G, descontos em oficinas aderentes. São, pois, muitas as razões e vantagens para domiciliar o seu rendimento e optar pela Caixa como seu parceiro financeiro. E se aderir aos produtos básicos referidos em conjunto, através do Pacote Caixa, beneficia de ofertas adicionais. Não perca a oportunidade e visite uma Agência da Caixa para mais informações. Pode, também, utilizar o serviço Caixadirecta, através do 707 24 24 24, disponível 24h por dia. PRODUTOS BÁSICOS PARA A GESTÃO FINANCEIRA DO DIA A DIA: > Conta à ordem com rendimento domiciliado; > Serviço Caixadirecta; > Cartão de débito ou débito diferido; > Cartão de crédito. (1) TAEG 12,6% para uma utilização de crédito de €1500 pelo prazo de 3 meses à TAN de 11,45%, contratado separadamente. TAEG de 4,1% calculada com base numa TAN de 3,560% (Euribor 3M + 3,375%), em janeiro de 2013, para um crédito de € 12 000, com prazo total de 16 anos (3 anos de utilização + 3 anos de diferimento + 10 anos de reembolso) e garantia de fiança. Prestação na fase de utilização: €37,10. Prestação na fase de reembolso: €120,5. MTIC: €15 249,04. (3) TAEG de 4,3%, calculada com base numa TAN de 3,560% (Euribor 3M + 3,375%), em janeiro de 2013, para um crédito de €30 000, com reembolso a 120 meses e garantia de fiança. Exemplo para cliente com rendimento médio mensal igual ou inferior a 3 vezes o salário mínimo nacional (€1455 brutos). Prestação mensal €299,00. MTIC: €36 600,57. (4) TAEG de 4,7%, calculada com base numa TAN de 4,060% (Euribor 3M + 3,875%), em janeiro de 2013, para um crédito de €20 000, com reembolso a 120 meses e garantia de fiança. Prestação mensal €204,02. MTIC: €23 760,44. (5) Condições válidas para novas adesões na rede CGD. (6) Seguros da Fidelidade Mundial Companhia de Seguros, SA, comercializado através da Caixa Geral de Depósitos, SA, na qualidade de mediador de seguros. A Caixa Geral de Depósitos, SA, doravante apenas CGD, pessoa coletiva n.º 500960046, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa, com o capital social de € 5 900 000 000,00, com sede na Avenida João XXI, n.º 63, 1000-300 Lisboa, solicitou, em 19 de setembro de 2007, a sua inscrição no Instituto de Seguros de Portugal, na categoria de Mediador de Seguros Ligado, nos Ramos de Seguros de Vida e Não Vida e respetiva autorização para trabalhar com a Fidelidade Mundial Companhia de Seguros, SA, encontrando-se registada sob o n.º 207186041. Os dados da CGD, enquanto Mediador de Seguros, estão disponíveis e podem ser consultados no sítio do Instituto de Seguros de Portugal (www.isp.pt). A CGD, enquanto mediador, não tem poderes para celebrar contratos de seguro em nome do Segurador, nem assume a cobertura dos riscos. A CGD, enquanto Mediador de Seguros Ligado, não tem poderes de cobrança, embora enquanto instituição bancária possa executar as operações próprias desta atividade, designadamente, as operações de débito em conta ou transferência bancária autorizadas pelo respetivo titular. (2) Cx a re v i s ta d a c a i xa 57 s saúde PREVENÇÃO Dizer não à dor ao processo subjacente e assume-se como doença, devendo ser imediatamente alvo de uma abordagem multidimensional. A sua existência diminui o ser humano, condicionalhe a qualidade de vida e interfere nas suas relações pessoais, lembra José Caseiro. A dor diminui o ser humano, condiciona a sua qualidade de vida e interfere nas relações pessoais, pelo que importa evitá-la A DOR NUNCA É ACEITÁVEL. «É um dever ético tratá-la enquanto forma de aliviar o sofrimento», afirma José Caseiro, coordenador da Unidade de Tratamento da Dor, do Hospital dos Lusíadas. Enquanto sintoma, constitui um dos principais mecanismos de alerta do organismo, sendo inúmeras as doenças, alterações orgânicas ou funcionais que se manifestam com dor, pelo que o seu aparecimento é fundamental. No entanto, esta utilidade só existe quando não está em causa o diagnóstico ou algum processo biológico de alerta. Ainda assim, o seu alívio é sempre uma prioridade, mesmo que em simultâneo com a averiguação diagnóstica, se isso não a colocar em causa, sublinha. Quando a dor é crónica, nunca há nela qualquer utilidade, mesmo quando o diagnóstico não é possível. Assim, a dor ganha autonomia em relação MESMO SENDO CRÓNICA, A DOR PODE SER CURADA OU CONTROLADA Abordagem multidisciplinar «A dor, enquanto sintoma, é habitualmente denominada de dor aguda. A sua causa é identificável e a sua duração no tempo tende a ser limitada», explica José Caseiro. «Mas se não é possível diagnosticar a causa ou, mesmo quando diagnosticada, não estiver ao nosso alcance eliminá-la, a dor persiste e, dependendo da sua localização e do tipo de estruturas envolvidas, pode ser difícil obter o seu alívio», afirma o especialista. «É nestas circunstâncias que a dor evolui no tempo para uma dor crónica, podendo autonomizar-se em relação à sua causa e transformar-se, ela própria, numa doença.» E, tratando-se a dor crónica de uma doença com complexa intervenção de diferentes mecanismos fisiopatológicos, não é expectável que os analgésicos, só por si, tenham capacidade para a aliviar ou erradicar. As síndromas dolorosas mais comuns são aquelas que envolvem, entre outras, as patologias osteoarticulares (espondilartroses, lombalgias, mialgias), as cefaleias, o sistema nervoso central ou periférico (como as nevralgias, os traumatismos nervosos e as infeções), as doenças reumatismais (artrites), as doenças oncológicas, a diabetes (neuropatia diabética) e o aparelho cardiovascular. Num processo multifatorial como este, exige-se uma abordagem global, em que a intervenção decorre a vários níveis: físico, emocional e psicológico. É também muito importante que «se esgotem todos os esforços no sentido de se diagnosticar a causa da dor, pois, mesmo sendo crónica, se a sua causa estiver ao nosso alcance, pode, hoje, ser curável ou eficazmente controlável», esclarece José Caseiro. O Cartão de crédito HPP Saúde(1) permite a identificação dos Clientes nas unidades HPP Saúde, proporcionando-lhes condições especiais, nomeadamente descontos até 20% e a possibilidade de fracionarem os pagamentos efetuados nestas unidades com taxas de juro diferenciadas(2). Conheça todas as vantagens que este cartão lhe proporciona na área da saúde em www.cgd.pt. (1) TAEG de 24,2% para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 19,00%. (2) TAEG de 11,6% na modalidade de pagamentos fracionados, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 9,0%, prestação mensal de 131,63 euros e um montante total imputado ao consumidor de 1590,58 euros. 58 Cx a re v i s ta d a c a i xa e educação INTERNET Janela para o mundo do trabalho Há quem a veja como uma vilã, repleta de armas ao serviço da distração. Se bem aproveitada, porém, a internet pode revelar-se uma verdadeira aliada laboral, fazendo disparar os índices de produtividade Por Ana Rita Lúcio Trabalho 2.0 Uma das áreas que ficou a ganhar com a migração online de uma miríade de tarefas é a do trabalho colaborativo, que passou a poder ser feito sem que as diferentes pessoas envolvidas no mesmo projeto tenham de se encontrar no mesmo espaço. Assim se passa a poder prescindir, por exemplo, das reuniões presenciais, muitas vezes contraproducentes, e a poder apostar em plataformas que otimizem o funcionamento da «rede» e o contributo de cada um para o resultado final. Particularmente na nova era da web 2.0, em que a interatividade, a comunicação multidirecional e a ação das comunidades ganham um novo destaque no palco cibernético, o envolvimento de diversos colaboradores no mesmo projeto sai facilitado. Em causa estão ferramentas de comunicação como plataformas de instant messaging, fóruns de discussão, blogs, e software colaborativo. > Wiki Se evocarmos a Wikipédia – provavelmente o mais famoso dos wikis –, facilmente perceberá do que se trata. É um software colaborativo, que permite a edição coletiva de documentos, recorrendo a um sistema que não exige que Print DO OUTRO LADO DA WEB A empresas podem, ainda, utilizar a internet para facilitar outras áreas de trabalho. > Lojas virtuais e plataformas de venda online; > Software de gestão de relacionamento com o cliente; > Aplicações internas de gestão de negócio; > Serviços de publicidade e monitorização de campanhas de marketing; > Páginas corporativas em redes sociais como o Facebook, o Twitter ou o LinkedIn. o conteúdo tenha de ser revisto antes de ser publicado. Para criar o(s) espaço(s) próprio(s) da sua organização, pode, por exemplo, aderir à plataforma www.wikispaces.com. > Grupos Permitem disponibilizar e partilhar ficheiros, editar páginas de informação, gerir e sincronizar calendários, planear tarefas, comunicar por e-mail intragrupo e criar fóruns de discussão sobre diferentes matérias. Um dos exemplos mais conhecidos deste tipo de plataformas é o Google Groups, de utilização gratuita e intuitiva. Ela pode ainda ser complementada com a ferramenta de edição Google Docs e o software Google Drive, de armazenamento e sincronização de ficheiros. > VoIP São múltiplas as plataformas que possibilitam a comunicação através da internet, graças a ligações de VoIP (voz sobre Internet). Para além dos programas corporativos internos – na maioria dos casos pagos –, o software Skype, gratuito, permite conjugar diversas funcionalidades, como conversa, chamada telefónica, videoconferência, envio de ficheiros e consulta do histórico das conversas e chamadas. Cx a re v i s ta d a c a i xa Foto: iStockphoto QUEM NUNCA ESPREITOU um e-mail acabado de receber na sua conta pessoal ou pagou uma conta que estava prestes a vencer, que atire a primeira pedra. Desde que não se torne um hábito e que jamais ponha em causa o cumprimento das funções que lhe estão alocadas, aceder à Internet para tratar de algum assunto urgente, não é pecado. Ainda assim, há quem acredite que o acesso a certos conteúdos pode ser prejudicial ao ambiente de trabalho, daí que algumas empresas monitorizem ou cheguem mesmo a bloquear a consulta de determinados endereços. No entanto, mais do que uma ameaça ao bom desempenho corporativo, a internet é, cada vez mais, entendida como uma importante ferramenta de trabalho, que pode abrir novos horizontes, facilitar a comunicação e a gestão de tarefas, agilizar processos e potenciar os bons resultados. 59 s sustentabilidade YO U N G VO LU N T E A M Jovens e voluntários O novo programa da Caixa promove a cultura do voluntariado junto das escolas secundárias, sensibilizando os jovens para uma melhor consciência social e preparando-os, simultaneamente, para os desafios do futuro Por Luís Inácio Fotografia Gualter Fatia PORTUGAL integra um grupo de países onde os jovens são menos ativos ao nível do voluntariado. No nosso País, apenas 10,7 por cento dos jovens entre os 15 e os 25 anos participa em ações de voluntariado, um valor aquém da média europeia e que encontra o reverso da medalha bem aqui ao lado, na vizinha Espanha. Tendo em conta o mesmo grupo etário, nuestros hermanos integram, precisamente, o grupo oposto, o dos países onde essa experiência é mais representativa. Apresentado pela CGD no final do ano passado, o programa Young VolunTeam pretende contribuir para a mudança do panorama atual, sensibilizando a comunidade educativa para a importância da prática do 60 Cx a re v i s ta d a c a i xa voluntariado, mas, também, desenvolvendo as competências dos alunos que vão para além da sala de aula. Falamos de inclusão social, de educação, de empreendedorismo, emprego e cidadania. Novos embaixadores Proposto a escolas com ensino secundário, o Young VolunTeam pretende envolver, em cada estabelecimento de ensino, um grupo constituído por diversos alunos e um professor, responsáveis por veicular o programa não só no seu próprio espaço escolar, mas também nas escolas do ensino básico e na comunidade envolvente. Ao longo do ano letivo, serão os embaixadores de uma nova consciência social, cabendo-lhes implementar várias ações de forma a sensibilizar para a questão do voluntariado. O objetivo final passa por ajudar a criar um projeto de voluntariado que seja sustentável a longo prazo na escola. Em ano-piloto de desenvolvimento, o programa decorre junto de 25 escolas, envolvendo centenas de jovens. Maria Gabriela Silva, diretora do Agrupamento de Escolas D. Filipa de Lencastre, em Lisboa – um dos estabelecimentos de ensino envolvidos e palco de apresentação do Young VolunTeam –, destaca a sua importância no projeto educativo: «Permite aos alunos adquirir competências que, de outro modo, nas aulas curriculares, não iriam obter, como a O Young VolunTeam em números: Print • 25 escolas participantes; • 25 professores responsáveis; • 97 alunos diretamente envolvidos; • 20 347 alunos abrangidos nos TODOS ENVOLVIDOS estabelecimentos de ensino secundário; • 23 grupos no facebook, criados pelas equipas responsáveis de cada escola; • Mais de mil membros no total dos grupos envolvidos; • Uma página no facebook, onde pode saber tudo sobre o projeto, em facebook.com/ CGDYoungVolunTeam. capacidade de empreendedorismo, tomada de decisões, de organização, trabalho de equipa e cooperação». Os alunos envolvidos no programa começam por receber uma formação inicial, devendo, depois, transmitir os ensinamentos aos alunos mais novos, também através de uma ou várias ações de formação. No final do ano letivo, cada grupo elaborará um relatório final das ações levadas a cabo no âmbito do programa, referindo a forma como o projeto poderá continuar a ser desenvolvido na escola. E os melhores terão direito a prémio. Despertar consciências, olhar o futuro Mais do que um call to action no que ao voluntariado diz respeito, o Young VolunTeam aponta ambiciosas metas, que, a médio prazo, poderão ser tão visíveis como o trabalho desenvolvido no terreno por alunos e professores. Mais do que sensibilizar os jovens para o voluntariado, estas ações são, efetivamente, valorizadas pelo sistema de formação/ emprego, o que poderá ajudar no processo de avaliação de uma candidatura a uma universidade estrangeira. Infelizmente, em Portugal, o voluntariado não é, ainda, reconhecido como uma competência no âmbito do sistema de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, mas, por outro lado, as ações de voluntariado são já bastante valorizadas pelos empregadores na seleção de candidatos. O programa garante, assim, aos estudantes de hoje uma competência profissional que os ajudará, no futuro, a posicionarem-se no mercado de trabalho. Aposta da CGD O Young VolunTeam prossegue as orientações da Política de Envolvimento com a Comunidade, que, inserida na estratégia de sustentabilidade da CGD, tem vindo a promover várias iniciativas, desde 2010, sobretudo, em torno de três eixos estratégicos: inovação social, cultura e educação e literacia financeira. É mais uma aposta forte da Caixa, que, com este programa, contribui para a valorização dos currículos dos estudantes portugueses, acrescentando-lhes uma vantagem competitiva e reconhecimento, quer em Portugal, quer além-fronteiras. Aposta da Caixa. E dos seus colaboradores. O programa Young VolunTeam conta com as parcerias da instituição Entrajuda e da consultora Sair da Casca, bem como com o apoio do Ministério da Educação e Ciência, através da Direção-Geral da Educação, afirmando-se como uma das faces visíveis de uma aposta que a Caixa Geral de Depósitos tem vindo a fazer nos últimos anos junto dos jovens e universitários. Para este projeto de voluntariado, tal como noutros, a Caixa voltou a mobilizar os seus próprios colaboradores, que, na figura de padrinhos, vão acompanhar de perto, a nível nacional, os trabalhos de cada uma das escolas envolvidas. «Vão passar a experiência da Caixa, ajudando a construir os projetos, contribuindo, nomeadamente, ao nível da gestão de projeto, da literacia financeira, bem como na relação entre a Caixa e as comunidades escolares», assinala Paula Viegas, da Direção de Comunicação e Marca da CGD. EMBAIXADA DA POUPANÇA, ONDE HÁ CARTÕES QUE ENSINAM OS JOVENS A POUPAR Construir o futuro significa começar a poupar hoje. E poupar hoje significa concretizar os sonhos amanhã. É este o desafio que a Caixa deixa aos jovens, a exemplo do seu Embaixador da Poupança Jovem, o músico e ator Cifrão. Descubra quais as soluções de poupança da Caixa mais vantajosas, numa Agência da CGD ou em www.cgd.pt, seja para si ou mesmo para o seu filho ou neto. Por exemplo, sabia que os jovens podem participar na própria poupança através dos cartões, além destes serem uma ótima forma de aprenderem a gerir o dinheiro? Os cartões pré-pagos LOL Júnior (a partir dos 10 anos) e LOL (a partir dos 15) ajudam duplamente a poupar. São ideais para programas com amigos, férias, compras na Internet (LOL) e toda a gestão da mesada e do dia a dia. Limitados ao valor carregado, permitem controlar melhor todos os gastos e, assim, poupar. Também pode associar, gratuitamente, a função de poupança e, no final dos meses, o dinheiro não gasto do cartão é acumulado e transferido automaticamente, a partir de 10 euros, para a conta de poupança CaixaProjecto. Especialmente concebidos para os jovens, estes cartões pré-pagos constituem um meio seguro de pagamento, quando comparado com a utilização de dinheiro, permitindo desenvolver hábitos de poupança, tão importantes nos nossos dias. O futuro dos jovens está na Caixa! Com Certeza! Cx a re v i s ta d a c a i xa 61 s sustentabilidade Print O PREÇO DOS EUROS As metas definíveis para o EGA são de teor financeiro, o fator mais pertinente quando o «objetivo é mudar os hábitos de consumo», frisa Mafalda. CONSUMO ENERGÉTICO Interagir para poupar Se, desta forma, se conseguir reduzir a nossa pegada de carbono, tanto melhor. Mais ainda, se for de uma forma mais ou menos lúdica. Há que ter em conta que o EGA foi pensado como um companheiro de casa, um bom conselheiro, digamos, nunca como algo a que se «tem de prestar contas», sob pena de ser desligado e posto a um canto. O objetivo é nunca o deixar de semblante «carregado», leia-se negro, sinal de que já se ultrapassaram as metas. É com uma dissertação de tese de mestrado que começa por casa», para ajudar na economia e poupar o ambiente Por Helena Estevens SIMPLES E EFICAZ! Tal como desde sempre pretendeu a autora do projeto, Mafalda Rocha. E clean, não só no design, mas no objetivo a que se destina, gerir o consumo de eletricidade, água e luz de uma forma user-friendly. É, aliás, à componente amigável que deve o nome EGA, amigo e fiel companheiro de Carlos da Maia, n’Os Maias. Tudo o que é preciso é definir metas financeiras de consumo semanal ou mensal de um destes recursos energéticos. Depois, é vê-lo adotar a cor correspondente – amarelo, para eletricidade; magenta para gás; azul, para a água –, deixar o EGA à vista e ir acompanhando a sua evolução. Ao definir-se qualquer uma das metas, este aparelho determina uma linha de média, que se mantém verde se o consumo se mantiver dentro dos parâmetros definidos; caso contrário, a linha muda para vermelho e o aparelho, originalmente branco, vai escurecendo gradualmente, como explica esta designer. «Quando se encontra todo preto, é sinal de que já se ultrapassou o limite que definimos.» Uma das particularidades do EGA é o facto de apresentar os três recursos num só aparelho, mas apenas se poder interagir com um de cada vez, para envolver mais os utilizadores. O EGA, no entanto, não passa de um projeto. Desenvolvê-lo não depende apenas da vontade da designer, que «naturalmente gostaria que fosse desenvolvido», mas sobretudo do desenvolvimento e implementação de smart grids (redes inteligentes) de eletricidade, gás e água por toda a Europa. Para já, este projeto, que já valeu à sua autora o segundo lugar na categoria de mestrado do Fraunhofer Portugal Challenge, é apenas uma possibilidade a longo prazo. O reconhecimento foi bem-vindo. «Foi bom receber o prémio», diz Mafalda, acrescentando que, no entanto, «não mudou» nada na sua vida, apesar de se revelar uma boa ajuda para a empresa de design cerâmico que está a criar. É, aliás, a joalharia em cerâmica que lhe ocupa o tempo atualmente. Um projeto cujos frutos esperamos ver brevemente. A CGD reconhece as alterações climáticas como um tema prioritário e, nesse sentido, lançou o Cartão Caixa Carbono Zero (1), aplicando uma percentagem das suas compras em projetos de compensação de emissões de CO2. A Tapada Nacional de Mafra foi o primeiro projeto a beneficiar dos fundos disponibilizados por este cartão. (1) TAEG de 24,7%, para um montante de 1500 euros, com reembolso a 12 meses, à TAN de 21,00%. 62 Cx a re v i s ta d a c a i xa Foto: D.R. a história com final feliz de Mafalda Rocha e de um «companheiro de ter CONDOMÍNIO DA TERRA O Planeta não é só teu Nem meu, nem dele: deve ser um condomínio gerido por todos. Assim se concluiu no 2.º Congresso Internacional Condomínio da Terra, propondo que o clima e os oceanos se tornem Património Natural Intangível da Humanidade Por Ana Rita Lúcio Fotografia Anabela Trindade POR TODO O LADO se esboçam amanhãs tingidos a verde. Não falta quem apregoe futuros mergulhados no tom da sustentabilidade e quem se gabe de cimeiras e decisões conjuntas, bafejadas pela cor da esperança. A maioria parece ser, no entanto, promessas vazias de compromissos concretos que deem, efetivamente, luz verde a um paradigma de desenvolvimento conciliado com o meio ambiente. No rescaldo do 2.º Congresso Internacional Condomínio da Terra – Um Novo Património para uma Nova Economia, organizado pela Quercus, em parceria com a Universidade Nova de Lisboa e a Câmara Municipal de Gaia, que decorreu a 16 e 17 de janeiro, no Parque Biológico de Gaia, pairou a descrença sobre a eficácia de uma fatia substancial das decisões políticas tomadas nos últimos anos, em matéria ambiental. Particularmente, face aos «resultados inconsequentes» da última Cimeira da Terra Rio +20. Não se pense, porém, que isso foi motivo para desistir. Para contornar o modelo de negociação das conferências de Cúpula das Nações Unidas, assim como das Conferências das Partes sobre alterações climáticas, que se considerou «esgotado», apresentou-se a base de uma proposta de criação de um conceito de Património Natural Intangível da Humanidade (PNIH), aplicado aos oceanos e ao clima. A ideia visa conceber um regime universal que consagre os sistemas climático e oceânico como propriedade alargada da humanidade, ao alcance do usufruto global e intergeracional, que deve ser preservado por todos. No dia seguinte à conferencia, realizou-se uma reunião de trabalho, cujo principal resultado passou pela opção de deixar de separar os sistemas climático e oceânico, centrando a proposta deste novo Património da Humanidade no conjunto do Sistema Terrestre – Earth’s System. Além de cientificamente mais correta e ir ao encontro dos «Planetary Boundaries», cujos representantes estiveram presentes, a opção tem ainda várias vantagens jurídicas e políticas. O desenvolvimento do conceito e do enquadramento político, institucional e jurídico em torno do PNIH ficará, agora, a cargo de uma Comissão, constituída no congresso de Gaia. Como consequência, será apresentada à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) a candidatura deste sistema à categoria PNIH. Esta candidatura deverá ser acompanhada da proposta de criação de uma Organização Mundial do Ambiente, subsidiária da ONU, que passe a regular e a gerir este património tão singular, distinguindo onde há direitos soberanos e património comum e contabilizando as contribuições negativas e positivas de cada nação para o bem comum. Património Novo, Economia Nova Tal como o nome da conferência deixa perceber, o conceito de condomínio da Terra é indispensável para avançar com a proposta de um património natural intangível comum. Uma fórmula que, de resto, a Quercus levou à Cimeira Rio +20, procurando abrir caminho a uma nova conjuntura económica, na qual os ecossistemas têm um valor definido e os serviços ambientais são moeda de troca, harmonizando os interesses soberanos de cada Estado com os da Humanidade, vista como um todo. Uma economia verde que – através de indicadores como o PIB verde, por exemplo – incentiva a criação de benefícios comuns, compensando aqueles que mais contribuem para a sustentabilidade do Planeta. a atenção do Sheikh Abdul Aziz Bin Ali Al Nuaimi, responsável pela sessão de encerramento no primeiro dia (em cima); Paulo Magalhães, fundador da Quercus e mentor do projeto Condomínio da Terra Cx a re v i s ta d a c a i xa 63 d cultura C O M E S TA VO Z M E V I S T 0 Tudo isto é moda Trazem fados nos vestidos as vozes da mais portuguesa das melodias que ecoa pelo mundo. É escutá-las à desgarrada, numa mostra que dá, ainda, palco ao talento dos designers nacionais. Tudo isto existe no MUDE, mostrando que o fado vai muito além da moda das roupas pretas Por Ana Rita Lúcio A GUITARRA volteia, alegre, e o trinado que dela se desprende beija cada parede de betão despida. Não temos de lhe pôr a vista em cima para saber que é portuguesa, basta escutar-lhe os soluços que galgam as cordas, desafiando até o mais duro de ouvido a saracotear ao som dos acordes travessos. A voz abate-se sobre o salão, em toda a sua amplitude, como um trovão, emudecendo o dia que corre lá fora. «Há festa na Mouraria, é dia de procissão da Senhora da Saúde. Até a Rosa Maria da Rua do Capelão parece que tem virtude», solta-se o fado. Não menos virtuosa é a voz que não se faz de rogada ao reconhecimento imediato: os versos entoados em modo gingão denunciam Mariza, nome que é bandeira da nova guarda da mais lusitana das canções. Na antecâmara da exposição Com esta voz me visto – O Fado e a Moda, estreada em novembro do ano passado, no Museu do Design e da Moda (MUDE), em Lisboa, para lá se manter até 31 de março – a confirmação aguarda. O trecho do DVD Mariza Live in London, que nos faz recuar uma década, até à data do concerto que a levou à capital britânica, parece talhado ao figurino desta mostra que levanta o pano sobre o fado, desfilando à luz da moda. Se se deixar a imaginação voar à boleia dos carrinhos de linhas e das linhas das pautas, não será difícil juntar Mariza e Amália no mesmo palco utópico. Além do Há Festa na Mouraria também ter dançado vezes sem conta nas cordas vocais da «rainha do fado», não muito longe da sala onde deixámos a jovem fadista, de trajes negros assinados por João Rolo, a profusão de cores fala mais alto, com o vestido desenhado por Pinto de Campos, a pedido de Amália, que queria envergar motivos regionais enquanto cantava folclore, na primeira parte do concerto no Lincoln Centre, em Nova Iorque, em 1966. 64 Cx a re v i s ta d a c a i xa O dueto improvável entre estas duas figuras inconfundíveis, rostos de duas gerações, que ora se aproximam, ora se afastam, é justo anfitrião desta «curadoria a quatro mãos» entre o MUDE e o Museu do Fado. Mesmo imaginário, ele evoca «os diálogos» que se cruzam na exibição. O plural não surge em vão, frisa a diretora do MUDE, Bárbara Coutinho: «Há, não um, mas vários diálogos que aqui se encetam entre algumas das mais importantes e conhecidas intérpretes do fado – sobretudo no feminino – e um naipe bastante diversificado de designers de moda em exercício em Portugal.» Silêncio, que se vai contar o fado Ver, então, sucederem-se na passarela do edifício da antiga sede do Banco Nacional Ultramarino timbres e indumentárias tão distintas como os de Mariza, Ana Moura, Carminho, Cristina Branco, Cuca Roseta, Kátia Guerreiro, Mafalda Arnauth, Raquel Tavares, Mísia, Paulo Bragança, Maria da Fé, Anita Guerreiro e, claro, «HÁ UM ANTES E UM DEPOIS DE AMÁLIA», GARANTE A DIRETORA DO MUDE sempre Amália, conta-nos e canta-nos «como é que este fado foi sendo vestido e tratado ao nível da imagem», segundo Bárbara Coutinho, moldando-se aos tempos e aos estilos dos protagonistas. Está lá quem deu o primeiro tom ao fado, com uma réplica do xaile de Severa, da autoria de Tiago Cardoso, e não faltam a boina e o cachené de Alfredo Marceneiro. Porém, o corte para uma silhueta do fado, mais cosmopolita e sofisticada, que há de sair de Portugal para o mundo, dos cenários bairristas para as mais prestigiadas casas de espetáculo internacionais, parece indubitavelmente marcado por Amália e pelas estilistas que a acompanharam: Ana Maravilhas, Ilda Aleixo e Maria Thereza Os fados assentam-lhes tão bem Fotos: D.R. Quem disse que só o xaile negro agasalha a poesia musicada do fado? Se a mais portuguesa das canções pode ser amarga, saudosa, boémia ou desafiante, também as roupas se talham ao estilo de cada intérprete. Ouvimo-la, pois, ecoar no fato e xaile de Paulo Bragança, customizados pelo próprio, no vestido preto com cauda de flores da inconfundível Mísia, nas costas recortadas do figurino de Luís Buchinho para Cristina Branco, na silhueta marcada de Ana Moura, por Bruno São Vicente, e até no irreverente vestido curto vermelho de Lidija Kolovrat para Carminho. Mimoso. «Há um antes e um depois de Amália», rompendo com a estética totalitária do xaile negro, garante a também comissária da exposição. Com a diva do fado, o negro servia de moldura ao entoar dos clássicos e do fado sofrido, ao passo que a explosão de cores dava o mote para deixar subir à cena os temas de folclore popular. Não é por acaso que a visita cessa a dar ouvidos a António Variações, citado numa das paredes. «Todos nós temos Amália na Voz e temos na sua Voz a voz de todos nós», avisa-nos o cantor. É por isso que não estranhamos que as linhas com que se cosem, por exemplo, os coordenados de Mariza, Carminho ou da desconcertante Mísia tenham pontos de sutura com Amália. «É ela que traz o visitante até às novas vozes do fado.» Um passado e um futuro que se conjugam bem. estilo A exposição guarda lugar para vozes e vestes do fado contemporâneo, como Mariza e Ana Moura, aqui, por exemplo, aos olhos de João Rolo e Fátima Lopes (foto de abertura). Pormenores do fado bairrista também não ficam de fora, como no xaile de Maria Amélia Proença (página 60). Frente a frente, a aguardar os visitantes no início da mostra, o vestido de Amália, por Pinto de Campos (em cima), e a irreverente proposta de Lidija Kolovrat para Carminho (à esquerda). Cx a re v i s ta d a c a i xa 65 c cultura PROGRAMAS DE AUTOR Os Dias da Rádio Numa era em que as novas gerações crescem viradas para o universo digital, a rádio procura adaptar-se às novas exigências e aos novos formatos. Ao contrário do que acontecia há trinta anos, os programas de autor veem-se esmagados por playlists, criadas com o objetivo de moldar cada uma das rádios à personalidade dos ouvintes que procuram atingir. Resta saber qual o espaço que sobra para a afirmação da personalidade de quem lhes dá vida Por Pedro Guilherme Lopes QUEM CRESCEU NA DÉCADA DE 80, por certo se lembra da vontade de fazer rádio. Impelidos pelo espírito das rádios-piratas, dezenas de jovens procuravam sintonizar a frequência dos walkie talkies com as ondas hertzianas, de forma a poder passar as suas ideias e a sua música (saída de um daqueles incontornáveis gravadores de cassetes) para o vizinho que vivia no prédio em frente. Nas «rádios a sério», programas como Rock em Stock, Sons da Frente, Discoteca ou Morrison Hotel conquistavam ouvintes pela voz de Luís Filipe Barros, António Sérgio, Adelino Gonçalves e Rui Morrison. Era o tempo da liberdade 66 Cx a rev i s ta d a ca i xa criativa, de uma rádio feita sem as amarras da obrigatoriedade de passar esta ou aquela música, num estilo que ganhou contornos oficiais quando, no final de 1988, o Governo português decretou o encerramento das rádios-piratas. Era, também, o tempo em que Robin Williams, gritando Good Morning Vietnam!, no filme com o mesmo título, utilizava a rádio para motivar as tropas ou em que Woody Allen era nomeado para os Óscares com o seu delicioso Os Dias da Rádio. Mas os dias da rádio são, hoje, forçosamente diferentes. À geração que cresceu tendo a rádio como principal meio de comunicação, seguiu- -se a que reunia a família e os amigos em frente à televisão. A rádio adaptou-se, contrariou quem vaticinava o seu fim com a chegada da caixinha mágica e vive, atualmente, um novo desafio: saber lidar com uma geração para a qual termos como Internet e online são incontornáveis. A estratégia de oferecer cada vez mais música ao ouvinte, fazendo de diversas rádios uma playlist adaptada ao público que se quer conquistar, relegou para o horário pós 20 horas ou para os fins de semana (valham-nos os podcasts!) a maioria dos chamados programas de autor, onde era a identidade de quem conduzia a emissão que conquistava os ouvintes. Outros, Fotos: Carlos Ramos (Inês Menezes); Rita Baleia/Público (Inês Menezes) Para responder, fazemos nossas as palavras de João Paulo Meneses, jornalista da TSF e autor do livro Estudos sobre a rádio – Passado, presente e futuro, que, em entrevista ao M&P, afirmava «Em vez de competirmos com a Internet, podemos fazer diferente, fazer aquilo que a Internet não faz nem pode fazer. O futuro da rádio está entre as músicas e não nas músicas. […] O futuro não passa pelas sete ou oito músicas seguidas sem falar ou por uma hora inteira seguida de música. O futuro passa por contar estórias, por interagir com os ouvintes, por fazer boas associações, por afinar targets». É aqui, precisamente, que entram os programas de autor. E foi para tentarmos perceber o que é feito deles que fomos à procura de nomes que, sendo capazes de fazer a ponte entre a década em que Júlio Isidro contagiava o País com A Febre de Sábado de Manhã e a década em que a música cabe num ficheiro digital, têm em comum a ideia de preservar e alimentar a ideia de rádio personalizada. como é o caso do clássico A Menina Dança, um programa de autor, dirigido por José Duarte, com mais 20 anos, ou o Bons Rapazes, na Antena 3, anunciam o seu fim. Mas será essa a estratégia mais correta, num tempo em que a rádio deixou de ser a única alternativa para quem quer ouvir música? Num tempo em que toda a música do mundo está à distância de um clique, em que, de ano para ano, cresce o número de teenagers que deixam de ouvir rádio ou onde surgem fenómenos como o Spotify, uma aplicação que leva a música a qualquer computador ou telemóvel (perdão, smartphone. Perdão, dispositivo móvel?). Inês Menezes As entrevistas ganham outro sabor no Fala com Ela, que Inês Menezes conduz há oito anos, na Radar. A sua voz chega-nos, também, através de O Amor é, com Júlio Machado Vaz, na Antena 1, ou de Pedro e Inês, na Antena 3. «Eu sempre fui autora, até a fazer continuidade», diz. «Esforço-me para não me limitar a encaixar falas e timings, e procurar as palavras que fazem a diferença tem sido a minha (e)missão». Aceita a existência de uma «certa ditadura das playlists», mas quer acreditar que «ainda sobra muito espaço para o lado mais criativo dos animadores que o tiverem. Um programa de autor obriga a mais trabalho, mais investimento, mais generosidade que nem sempre encontra no ordenado a remuneração merecida». Quanto às novas exigências e às mudanças que as mesmas implicam, Inês olha para o online como «um bom depósito criativo e laboratorial. Um trabalho mais moroso porque menos evidente, mas que há-de compensar». E, independentemente do formato, a animadora acredita que «os programas de autor existirão enquanto a rádio existir. E irão sobreviver a qualquer playlist». Mário Lopes Jornalista e crítico de música do Público e do Ípsilon, completa a escrita com a fala, na Vodafone FM, onde, em parceria com Quim Albergaria, analisa discos acabados de sair no programa Dois Homens & Um Disco. Admite que, como em todos os outros media, a era da Internet veio alterar tudo, mas defende que há algo que deve ser mantido: «a necessidade de termos vozes próprias capazes de nos mostrar o novo, capazes de arriscarem ideias e formatos diferentes, de serem exigentes com os ouvintes, em vez das vistas curtas e paternalismo que representam a padronização de vozes, de músicas, de programas. «Dar ao público o que o público quer é, obviamente, um erro crasso, quer comercialmente, quer em termos de serviço público. Ninguém sabe quem é o público. Existem pessoas e cada uma delas é, em si, um público. Espero que isso se torne óbvio para todos». Tão óbvio quanto o papel dos programas de autor ao longo da história da rádio, indispensáveis enquanto meio de massas e no estabelecer de uma relação próxima e duradoura com os ouvintes. «Uma rádio de futuro não poderá dispensá-los. Deverá, pelo contrário, estimulá-los. Procurar vozes e ideias que acrescentem algo. A bem da sua relevância e sobrevivência», defende Mário Lopes, para quem as tão visadas playlists, «podem ser um «NINGUÉM SABE QUEM É O PÚBLICO. CADA PESSOA É, EM SI, UM PÚBLICO» Cx a rev i s ta d a ca i xa 67 c cultura instrumento interessante para dar identidade a uma rádio, «desde que não sejam utilizadas de forma totalitária e castradora. Mas os programas de autor são aquilo que dá à rádio os seus contornos definitivos. Que seria dela, digo-o enquanto amante de música e jornalista que lhe tem dedicado a maior parte do seu trabalho, sem nomes como John Peel ou António Sérgio? Que será dela se chegarmos a um tempo em que não existem novos Peels e Sérgios? Continuará, certamente. Mas será algo muito mais pobre, muito menos interessante, menos viva». NUNO CALADO Há 15 anos a dar voz e vida ao Indigente, na Antena 3, Nuno Calado cresceu e formou-se, enquanto ouvinte de radio e de musica, com os programas de autor e com vozes como António Sergio, Luis Filipe Barros, Jaime Fernandes, Rui Morrison, entre outros. «Para quem cresceu, como eu, com alguns mestres, para quem aprendeu com eles, faz sentido seguir o caminho de liberdade de pensamento por eles apresentada. Mas, hoje, é muito mais difícil ter e manter um programa de autor do que nos anos 80, onde a rádio era vista sob esse ponto de vista da autoralidade», afirma. «Parece que, com o avançar do tempo, os ditos «especialistas» em algumas áreas passaram a ser pessoas incómodas; parece que quem não é especialista em nada pode fazer tudo e ter sempre sucesso, e que quem investiu na sua formação em determinadas áreas é um embrulho que ninguém quer ter a seu cargo. É como ir a um dentista falar dos problemas de fígado. No fundo, é isto que se passa com a música e com os programas de música: no nosso País, acha-se que qualquer um fala de música, mesmo que não tenha os mínimos conhecimentos». Para reforçar o que diz, Nuno Calado compara o percurso de António Sérgio e de John Peel, dois nomes da mesma geração, dois nomes incontornáveis na história da música dos seus respectivos países, com o segundo a ter o reconhecimento da classe dos músicos, dos ouvintes e até dos governantes e, ainda em vida, a ser nomeado cavaleiro, passando a ser Sir John Peel. «Os americanos há muito que perceberam que as radio personalities são a chave, o futuro. Nós ainda estamos muitos anos atrás e corremos, cegamente, para a generalização das playslists», defende, tomando, novamente, o universo norte-americano como referência no que toca ao papel da rádio na atual sociedade. «A net é, hoje, o abrigo de muitos desses autores e com enorme sucesso. Isto mostra que o modelo dos programas ou das personalidades da rádio não está esgotado e que, no fundo, o mundo digital vem provar que, quando se pode escolher o que se ouve, continua a haver gente para ouvir rádio de autor. É engraçado, mas isto faz-me ter vontade de comparar com o vinil. Quando o CD apareceu, deitámos o vinil fora. Com o aparecimento do download digital em todo o lado, voltámos a comprar muito mais vinil. A rádio de autor parece-me ser o vinil, que ganha espaço numa era digital. Quero acreditar que o futuro será sempre melhor e que, algum dia, este País tem de acordar.» TIAGO SANTOS Membro e fundador dos Cool Hipnoise e Spaceboys, Tiago Santos é músico e DJ e faz parte da equipa da Rádio Oxigénio 102.6 fm, desde o seu início, no ano 2000, onde realiza e apresenta os programas Planeta Jazz, Hora do Sol, Heróis no Ar e Turno Nocturno ou as rubricas Jazz Café e Skank Fm. Para ele, os programas de autor fazem parte da essência da rádio. «Para mim e muitos da minha geração, foi uma forma privilegiada de conhecer música e de aprender rádio. Há uma forte tendência para a uniformização através das playlists, mas cada vez mais as pessoas sentem necessidade de quebrar com essa rotina e de descobrir novos sons e ambientes. Daí o fenómeno das rádios online, que crescem, exactamente, porque não obedecem a regras mercantis». E Tiago até tem uma forma curiosa de olhar para a questão, comparando-a com o ato de ir a um restaurante e pedir um bitoque ou um prato por mais tradicional, que tenha um envolvimento maior por parte de quem cozinha. «Haverá sempre muitos bitoques a sair, mas, no caso da rádio, há que seduzir o ouvinte para que haja cada vez mais pessoas a preferir os bons cozinhados, a saborear a rádio, em vez de estar simplesmente a matar a fome», explica Tiago, para quem a rádio «vive e viverá da paixão e da entrega das pessoas que a fazem, desde as notícias, à continuidade, à programação, aos autores de programas e aos músicos que alimentam as rádios. Só a grande entrega de todos, muitas vezes com condições mínimas e sem reconhecimento público e Comércio Livre (Joana Bernardo / Radar) Coyote (Pedro Costa / Antena 3) Discos Voadores (Nuno Galopim / Radar) Dois Homens & Um Disco (Mário Lopes e Quim Albergaria / Vodafone FM) > Eléctrica (Tó Trips / Vodafone FM) > Fala com Ela (Inês Menezes / Radar) > Fim da Rua (Nuno Amaral / TSF) > Há Música para Ouvir… (Isilda Sanches / Oxigénio) > Indigente (Nuno Calado / Antena 3) > Jazz a 2 (João Almeida e Alexandra Corvela / Antena 2) > M (Mónica Mendes / Antena 3) > Mexetape (vários / Vodafone FM) > Paixões Cruzadas (António Cartaxo Não deixe de ouvir > Álbum de Família (Tiago Castro / Radar) > A Ilha dos Tesouros (Júlio Isidro / Antena 1) > A propósito da Música (Alexandre Delgado / Antena 2) Álvaro.com (Álvaro Costa / Antena 3) Argonauta (Jorge Carnaxide / Antena 2) O Bairro do Amor (Joana Bernardo / Radar) Caixa de Ritmos (Nuno Reis / Antena 3) Camaleão de Imitação (Pedro Ramos / Radar) Canções de Auto-Ajuda (Hélder Gomes e Nuno Costa Santos / Vodafone FM) > Cinco Minutos de Jazz (José Duarte / Antena 1) > > > > > > 68 Cx a rev i s ta d a ca i xa > > > > e António Macedo / Antena 1) Planeta 3 (Raquel Bulha / Antena 3) Planeta Jazz (Tiago Santos / Oxigénio) Portugália (Henrique Amaro / Antena 3) Prova Oral (Fernando Alvim / Antena 3) Purpurina (Rui Estêvão / Antena 3) Rimas e Batidas (Rui Miguel Abreu / Antena 3) > Terça-feira Gorda (Fernando Fernandes / Radar) > > > > > > Print O EXEMPLO RUC Em Coimbra, há uma rádio que respira programas de autor. Fotos: D.R. (Nuno Calado, Tiago Santos e Isilda Sanches); iStockphoto (mesa de mistura) profissional, faz com que, ainda hoje, se ouça grande rádio em Portugal.» ISILDA SANCHES Voz incontornável da Oxigénio, onde é coordenadora e animadora, com destaque para o Há Música para Ouvir..., pode, ainda, ser ouvida na rádio SWtmn. Com um percurso onde cabe, também, o jornalismo e a crítica musical (A Capital, o Independente, o Diário de Notícias, a Elle Magazine) e o papel de professora, na ETIC, Isilda Sanches não concorda com a demonização das playlists. «A playlist é uma ferramenta que também pode, e deve, ser usada em programas de autor, porque pode ajudar a manter um fio condutor nas emissões e a cimentar uma personalidade desse mesmo programa, tal como faz com as rádios», explica. «O problema está no conformismo das playlists da maioria das rádios, que não correm quaisquer riscos e tendem sempre a cair no enjoo repetitivo das canções de sucesso e numa postura de microfone plástica, vazia e, também ela, formatada. Na Oxigénio, tentamos que a playlist não aniquile as marcas de autor e gostamos de pensar que é possível misturar a formatação da playlist com marcas autorais fortes». Admite que o espaço para os programas «QUANDO SE LIGA A RÁDIO QUER-SE QUE ESTEJA ALGUÉM DO OUTRO LADO COM ALGO PARA DIZER» de autor tem vindo a ficar cada vez mais reduzido, ao contrário do que acontecia no tempo em que ouvia, religiosamente, programas como o Som da Frente, as Noites de Luar ou os programas de autor das rádios-piratas dos anos 80, bem como a voz de John Peel, quando conseguia sinal suficientemente bom em onda média. «Penso que foi o ter ouvido esses programas que me fez vir parar à radio», recorda, defendendo que o futuro da rádio terá de passar, forçosamente, pelos programas de autor. «Se não houver envolvimento pessoal de quem faz a rádio na rádio que faz, é como se fosse um casamento de conveniência que pode dar confiança, mas não faz ninguém feliz; nem quem faz rádio, nem quem a ouve. Hoje, é fácil ter todas as músicas de que se gosta no computador ou no telemóvel. Quando se liga a rádio, quer-se mais. Quer-se que esteja alguém do outro lado com algo para dizer, que passe música que não conhecemos ou diga coisas que não sabemos. Portanto, não vejo grande futuro para a rádio sem programas de autor.» É a única rádio-escola a funcionar em Portugal com emissão em FM (107.9). A caminho do seu 27º aniversário, a Rádio Universidade de Coimbra (RUC), que, através da sua emissão online, pode ser ouvida em qualquer lugar, é vista como um exemplo. Afonso Biscaia e Rui Oliveira, atuais diretores de programação, acreditam que o segredo do sucesso está diretamente ligado à natureza do que é a RUC. «Uma rádio que depende de trabalho voluntário é obrigada a fugir à estagnação, a renovar pessoas e conteúdos, caso queira resistir», explicam, assumindo os programas de autor como outro dos ingredientes que valorizam a RUC. «É a principal imagem de marca da programação da Rádio Universidade de Coimbra, desde o seu início. Na verdade, todos os nossos programas são de autor.» E não hesitam quando olham para o futuro da rádio em Portugal. «Parece que, enquanto povo, decidimos que só queríamos pagar para sermos entretidos, não para ser ensinados. Nesta situação, o sítio para quem quer desenvolver um projeto que saia da caixa da mediania ou quem não queira apenas ser um «animador de rádio» é em rádios que ainda se vão conseguindo manter livres e independentes, como é o caso da RUC, da RUA (Algarve), da Zero (Instituto Superior Técnico), ou da RUM (Minho).» Cx a rev i s ta d a ca i xa 69 c cultura 1. NOS BASTIDORES DOS TELEJORNAIS 2. AS COISAS QUE NUNCA DISSEMOS 3. O BOM SOLDADO ŠVEJKS as escolhas de... Adelino Gomes Marc Levy Jaroslav Hašek Portulez Tinta da China Contraponto Tinta da China Adelino Gomes acedeu aos bastidores dos telejornais da RTP1, da SIC e da TVI e registou as suas observações. Para conhecer o peso que tem a independência jornalística e a investigação crítica face à guerra de audiências. No seu comovente e divertido novo romance, Marc Levy cria um mundo de intriga e suspense, através de uma história sobre a força do amor entre pai e filha. É a primeira vez que este clássico, passado no Império Astro-Húngaro, é publicado integralmente em português. Com as ilustrações originais de Josef Lada. (€ 14,94, na Wook on-line) (€ 28,80, na Wook on-line) 2 (€ 14,31, na Wook on-line) Rui Radialista Em direto, das manhãs da Rádio Oxigénio para as páginas da Cx. HÁ COISAS QUE nos ficam na cabeça. São as que valem a pena. O novo EP Truant/ Rough Sleeper, de Burial, é genial e inscreve um novo paradigma na cena musical pós-dubstep/UK bass. Mas há mais gente a atingir a essencialidade das coisas. Dulce Maria Cardoso, em Os Meus Sentimentos, reflete sobre Portugal num livro contagiante e Joachim Trier, em Oslo 31 de Agosto, define o seu filme com a frase: «Não foi a droga que te transformou, tu já eras assim.» 3 4 1 4. O RETORNO Dulce Maria Cardoso Tinta da China 7 De forma perfeita, através da história de um adolescente e da sua família, a autora narra a saga dos 600 mil portugueses que regressaram de África em situações dramáticas, depois do 25 de abril. 5 (€ 9,81, na Wook on-line) 6 8. ARCO-ÍRIS DA GRAVIDADE 7. DESFADO 6. PARKLIVE 5. DENTRO DO SEGREDO Ana Moura Blur José Luís Peixoto Thomas Pynchon Universal EMI Quetzal Vencedor do National Book Award, este é um épico que assenta numa fina análise do impacto da tecnologia na sociedade. É, já, um livro de culto! Num grande disco, Ana Moura convida nomes como Márcia, Manuel Cruz, Luisa Sobral ou Pedro Abrunhosa, sem esquecer Herbie Hancock, e dá ao fado uma lufada de ar fresco. Registo do espetáculo realizado no encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres. Estão aqui todos os hits, bem como dois originais: Under The Westway e The Puritan. O autor foi um espectador privilegiado nas exuberantes comemorações do centenário do nascimento de Kim Il-sung, em Pyongyang, na Coreia do Norte. O resultado é a sua surpreendente estreia na literatura de viagens. (€ 15,90, na FNAC on-line) (€ 15,90, na FNAC on-line) (€ 15,90, na FNAC on-line) (€ 15,93, na Wook on-line) Bertrand Editora Já conhece o Vantagens Caixa? Visite o Vantagens Caixa (www.vantagenscaixa.pt), onde pode descobrir todos os parceiros e benefícios associados ao seu cartão da CGD. Nele, encontrará, também, a Loja Vantagens, que se afigura um modo fácil, seguro e cómodo para fazer as suas compras. Saiba mais em www.pmelink.pt/vantagenscaixa, através do número 707 208 820 ou do e-mail [email protected]. 70 Cx a re v i s ta d a c a i xa Foto: Patrícia Romeiro (Rui Portulez) 8 agenda Exposições Música Coleção da Caixa Geral de Depósitos A Doce e Ácida Incisão Adriana Calcanhoto 23.03 a 23.06 Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira A cantora brasileira regressa a Lisboa: «Adoro o palco da Culturgest. Nunca vou esquecer do meu primeiro concerto em Lisboa, sozinha com minha guitarra e uma audiência mágica, em outubro de 2000. Na primeira noite caí de amores pela cidade, e por Portugal, dentro dela. Naquela noite fiz amigos queridos e é tudo nítido e intocado na minha memória, em geral bem turva. Naquela noite entrei em Portugal, ou Portugal entrou em mim, vá lá, para sempre, a porta de entrada sendo o convite da Culturgest, por António Pinto Ribeiro. De modo que quando recebi o convite para me apresentar no mesmo formato solo, nas A Culturgest, juntamente com o Museu do Neo-Realismo, apresenta uma exposição sobre a Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses (SCGP). A exposição, que apresenta uma seleção de cerca de cem gravuras, editadas entre 1956 e 2004, assim como uma seleção de documentos sobre a história da SCGP, patenteia a vitalidade e a diversidade geracional e artística, congregada em torno desta prática. Entrada gratuita. Os Desastres da Guerra Até 14.04 Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, Lisboa Intitulada Os Desastres da Guerra, esta exposição de pintura e de desenho de Graça Morais marca o início do ciclo de exposições temporárias da Fundação em 2013. Segundo João Pinharanda, Comissário da exposição, «o trabalho de Graça Morais trata do Tempo e do Lugar. Ela construiu a sua imagem investigando memórias e transformando realidades: a do Portugal rural que mudava e perdia o seu tempo e o seu lugar no Mundo». Quanto às duas CONDIÇÕES PARA CARTÕES CGD 40% DE DESCONTO NA AQUISIÇÃO DE ATÉ 2 BILHETES POR ESPETÁCULO AOS TITULARES DOS CARTÕES CAIXA FÃ, ITIC, ISIC, CAIXA IU E CAIXA ACTIVA. 30% DE DESCONTO NA AQUISIÇÃO DE ATÉ 2 BILHETES POR ESPETÁCULO AOS TITULARES DOS CARTÕES CAIXA GOLD, CAIXA WOMAN, VISABEIRA EXCLUSIVE, LEISURE E CAIXADRIVE. 72 Cx a re v i s ta d a c a i xa do Algarve tem vindo a refletir a filosofia de atuação da Caixa e sua responsabilidade social, nomeadamente junto das gerações mais novas e suas famílias. A jornada musical teve início a 27 de janeiro, com O Lago dos Cisnes, de Tchaikovsky, seguindo-se a História do Soldado e Pulcinella, ambas de Igor Stravinsky, a 17 de fevereiro e a 10 de março. A 14 de abril será O Quebra-Nozes, de Tchaikosvky. 12 e 14.04 Fundação CGD – Culturgest, Lisboa Teatro Wilde adriana calcanhotto regressa a Lisboa para assinalar o 20.o aniversário da Culturgest comemorações de vinte anos da casa, disse sim na mesma hora.» 22 e 23.03 Fundação CGD – Culturgest, Lisboa Wilde parte do universo de Oscar Wilde e da sua peça, O Leque de Lady Windermere. Wilde talvez comece como teatro e acabe como dança. Ou talvez comece como dança e termine como teatro. Ou as duas coisas. Ou nenhuma delas. Wilde é um espetáculo com texto e sem texto, apolítico, convencional, elegante, radical e político. E selvagem. Wilde tem uma mensagem, entretém, aborrece, desilude, entusiasma e não quer dizer nada. Ou não. séries que agora se apresentam, «embora encadeando-se nalguns outros momentos anteriores, surgem claramente como sobressalto cívico. Graça Morais reage, já não apenas a um presente que perde o seu passado mas a um presente que perde também o seu futuro». Os Meus Sentimentos de Dulce Maria Cardoso Danh Võ – A Asa de Gustav 03 a 06.04 Fundação CGD – Culturgest, Lisboa Até 13.04 Fundação CGD – Culturgest, Porto Entrada gratuita O conceito de liberdade é permanentemente interpelado pela prática artística de Danh Võ (1975, Bà Ria, Vietname). Essa vontade de recusar a norma, em favor de um território propício à diferença, atravessa A asa de Gustav, exposição que procura sublinhar a resistência inerente ao ato de criação: a possibilidade de transfigurar o real a partir de uma imagem, um objeto, um gesto, um nome. Música Ciclo de Concertos Promenade 14.04 O Quebra-Nozes, Op. 71 Teatro das Figuras, Faro (12h00) Auditório Municipal, Lagoa (16h30) Com o apoio mecenático da Caixa, o Ciclo de Concertos Promenade CGD/Orquestra Um espetáculo de Mónica Calle que é um encontro, sem rede, de uma escritora que ainda não se tinha aproximado do teatro com uma atriz e encenadora que tem sido presença regular no programa da Culturgest. Mónica Calle tem, ultimamente, trabalhado textos de Strindberg, Heiner Müller e Rimbaud. Romancista e contista, Dulce Maria Cardoso publicou, entre outros, Campo de Sangue, Os Meus Sentimentos e O Retorno. Fotos: Cortesia do artista e Galeria Chantal Crousel, Paris (Danh Võ, Ingots, 2012); Gilda Midani (Adriana Calchanotto) a vintage v OTIMIZAÇÃO O antigo ventilador As condições de trabalho influem na sua produção e eficácia. A temperatura e o calor, em particular, são disso exemplo, tendo feito, outrora, do inocente ventilador uma mais-valia significativa nos processos laborais Por Gabinete do Património Histórico da CGD Com a evolução tecnológica dos finais do século XIX e a introdução de novas tecnologias, as condições e a qualidade de vida no trabalho ganharam uma expressão mais significativa. Sobretudo, devido à transformação proporcionada pelo domínio da eletricidade, o que levou, de uma forma gradativa e sistemática, à busca contínua da melhoria do bem-estar dos trabalhadores, proporcionando um bom ambiente de trabalho e, por sua vez, motivando o processo produtivo. Este ventilador – que faz parte do acervo museológico da Caixa Geral de Depósitos – remonta ao início do século XX. O seu funcionamento assenta num dispositivo de hélice de quatro pás em latão brilhante, movido por energia mecânica, cuja rotação faz refrescar o ar «quentes» de 1882 No ano em que surgiu o primeiro ventilador elétrico de mesa, outros momentos sopraram novos ventos na História. É inaugurado o elevador do Santuário do Bom Jesus do Monte, ou Bom Jesus de Braga. 1. Estreia a ópera Parsifal, de Richard Wagner. 2. 3. Nasce o artista plástico francês Marcel Duchamp, que ficará célebre pelas obras readymade. Desde sempre que o homem tentou amenizar os efeitos do calor, enquanto permanecia no seu local de trabalho ou no lar. Sabemos que o calor excessivo nos ambientes de trabalho é prejudicial para a nossa saúde e bem-estar: ele influi diretamente no nosso desempenho, afeta a atenção, provoca fadiga, náuseas e irritação e afeta a produtividade. É então que surge o ventilador de mesa ou a tão conhecida ventoinha, uma solução que antecede o aparecimento do sistema de ar condicionado e que proporciona momentos de agradável frescura a quem dela usufrui. O primeiro ventilador elétrico de mesa é atribuído ao inventor americano Schuyler Skaats Wheeler, em 1882. Não obstante o ruído e a vibração, os ventiladores com motor elétrico, compostos por duas ou mais lâminas, foram muito comercializados na época, tendo-se generalizado o seu uso nas residências e nos locais de trabalho. FACTOS Robert Koch anuncia a descoberta da bactéria responsável pela tuberculose. 4. A, até então, vila da Figueira da Foz é elevada à condição de cidade. 5. «Pai» da Teoria Evolucionista, o naturalista e biólogo britânico Charles Darwin morre, 23 anos depois de ter publicado a obra A Origem das Espécies. 6. circundante. A sua base de metal, pesada e brilhante, decorada com nervuras em relevo, ostenta uma roseta que faz oscilar o corpo da ventoinha, possuindo, ainda, uma manivela que regula a intensidade da rotação. Eram assim as tecnologias de outrora e, certamente, muito jeito terão dado. Hoje, os antigos ventiladores são autênticas peças de museu e objeto de colecionadores. Às especificidades conceptuais do património científico e técnico, acresce cada vez mais o interesse e a sensibilidade para a necessidade da preservação para a memória futura e para noção do tempo. Foi possível observar, a olho nu, devido à sua passagem muito próxima da superfície solar, aquele que ficou conhecido como o Grande Cometa de 1882. 7. É fundado o clube de futebol londrino Queens Park Rangers F. C. 8. Tropas britânicas ocupam a cidade de Alexandria e o Canal do Suez. 9. A literatura mundial fica mais rica com o nascimento dos escritores Virgínia Woolf e James Joyce. 10. Cx a rev i s ta d a ca i xa 73 f fecho S U S T E N TA B I L I DA D E CGD no top 6 ibérico Única empresa portuguesa distinguida pela promoção de uma economia de baixo carbono, de acordo com o ranking CDP PME EXCELÊNCIA 74 Cx a rev i s ta d a ca i xa a caixa obteve a classificação máxima (A) no rating de Carbon Performance, uma iniciativa do Carbon Disclosure Project (CDP), divulgada no seu relatório CDP 2012 Iberia 125 Climate Change Report. A Caixa integra, assim, o Carbon Performance Leadership Index (CPLI), um índice internacional de referência – reconhecido como o mais credível dos índices internacionais nesta área – que destaca as empresas que demonstram uma abordagem estratégica forte no combate às alterações climáticas e redução de emissões. O CPLI é um instrumento de análise para os investidores institucionais, onde se encontram apenas seis empresas ibéricas, entre as quais a CGD, no total das 125 avaliadas – 85 espanholas e 40 portuguesas. Esta é a primeira vez que uma empresa portuguesa consta neste índice, obtendo, ainda, a liderança em performance entre as entidades do setor financeiro da Península Ibérica. Esta distinção deve-se à implementação contínua de objetivos e ações para a redução de emissões de gases com efeito de estufa, com foco particular na eficiência energética, mobilidade dos colaboradores, gestão de resíduos, reutilização de recursos e minimização do desperdício. Saiba mais sobre a sustentabilidade na CGD em www.cgd.pt. CAIXA EMPRESAS FAZ MEXER A ECONOMIA Organizado pela Caixa e pelo Diário Económico, o ciclo de conferências Caixa Empresas faz mexer a Economia passou já por Torres Vedras, Aveiro e Leiria, respetivamente, a 30 de novembro, 7 de dezembro e 1 de fevereiro. As iniciativas serviram para debater o papel da Caixa como impulsionador do crescimento económico e de suporte às empresas, havendo, também, lugar à apresentação de instrumentos de financiamento e de capitalização, assim como de casos de sucesso empresarial apoiados pela CGD. As conferências demonstraram o dinamismo da Caixa junto do setor empresarial, quer pelo número de empresas que testemunharam a parceria com a CGD, quer pela elevada audiência dos próprios eventos. As sessões foram encerradas com debates e decorreram sob um lema que ilustra o espírito de toda a iniciativa: «Construa connosco um novo futuro para a sua empresa». As próximas conferências irão decorrer brevemente. Fotos: Tom Merton/Getty Images (mão); D.R. (comboio) O IAPMEI atribuiu o estatuto PME Excelência 2012 a 1238 pequenas e médias empresas, numa cerimónia realizada a 9 de janeiro, no Parque das Exposições de Braga. A iniciativa distinguiu os melhores desempenhos económico-financeiros e de gestão, em 2011, e contou com a presença do ministro da Economia e do Emprego e do secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação. A Caixa foi uma das entidades presentes no evento, no qual foram selecionadas 314 empresas suas Clientes com o estatuto PME Excelência, uma quota de 26 por cento, que lhe dá o segundo lugar nos estatutos PME Excelência, sendo o Banco que registou um aumento expressivo do número de empresas selecionadas. No âmbito da iniciativa, decorreu, ainda, a assinatura de um protocolo com o IAPMEI, a PME Investimentos e as SGM, tendo em vista a participação na Linha de Crédito PME Crescimento 2013. A seleção das PME Excelência tem lugar anualmente, a partir do universo das PME Líder, onde a Caixa ascendeu, igualmente, ao segundo lugar no que toca a estatutos atribuídos, com uma quota de 28 por cento. Dados que reforçam o papel e o empenhamento da Caixa enquanto dinamizador da economia portuguesa e no apoio às melhores empresas nacionais. NA MALA TRAGO SEMPRE CAIXA WOMAN E MAIS TEMPO PARA SER MULHER. CAIXA WOMAN Aquilo que traz consigo, na sua mala, é o reflexo da sua personalidade. A carreira, a família, os amigos e tudo o que a faz sentir-se uma mulher única. Por isso, desenvolvemos a Caixa Woman, um conjunto de produtos que simplificam a sua vida: cartões, poupança, crédito, seguros e ainda passatempos, descontos e vantagens em parceiros. Descubra mais em www.caixawoman.pt e no facebook. Condições de acesso Caixa Woman: conta à ordem com domiciliação de rendimentos, serviço Caixadirecta e cartões Caixa Woman. Informe-se numa Agência da Caixa. www.caixawoman.pt caixadirecta 707242424 24 horas por dia todos os dias do ano Na Caixa. Com Certeza. DA ANA GESTORA CAIXAZUL PRAZER EM CONHECÊ-LO. 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