- Abrapress

Transcrição

- Abrapress
Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Federación de las Cámaras de Comercio Exterior
La FCCE es la más antigua Asociación de Clase dedicada exclusivamente a las actividades de Comercio
Exterior.
Fundada en el ano 1950, por el empresario João
Daudt de Oliveira (se debe a él la fundación de la Confederación Nacional de Comercio – CNC, 5 años antes), la FCCE opera, ininterrumpidamente, desde hace
más de 50 años, incentivando y apoyando el trabajo de
las Cámaras Bilaterales de Comercio, Consulados Extranjeros, Consejos Empresariales y Comisiones Mixtas
a nivel federal.
La FCCE, por fuerza de su Estatuto, tiene ámbito nacional y posee Vicepresidentes Regionales en diversos
Estados de la Federación, operando también en el plano
internacional, a través de “Convenios de Cooperación”
firmados con diversos organismos de la más alta credibilidad y tradición, a ejemplo de la International Chamber
of Commerce (Cámara de Comercio Internacional –
CCI), fundada en 1919, con sede en París, y que posee
más de 80 Comités Nacionales, en los 5 continentes, además de operar la más importante “Corte Internacional de
Arbitraje” del mundo, fundada en el año 1923.
La FEDERACIÓN DE LAS CÁMARAS DE COMERCIO EXTERIOR tiene su sede en la Avenida General Justo nº 307, Río de Janeiro, (Edifício de la Confederación
Nacional de Comercio - CNC) y mantiene con esta entidad, hace casi dos décadas, “Convenio de Respaldo Administrativo y Protocolo de Cooperación Mutua”.
En un pasado reciente, la FEDERACIÓN DE LAS CÁMARAS DE COMERCIO EXTERIOR – FCCE firmó Convenio con el CONSEJO DE CÁMARAS DE COMERCIO
DE LAS AMÉRICAS, organismo que representa a las Cámaras Bilaterales de Comercio de los siguientes países:
ARGENTINA, BOLIVIA, CANADÁ, CHILE, CUBA,
ECUADOR, MÉXICO, PARAGUAY, SURINAME, URUGUAY, TRINIDAD Y TOBAGO y VENEZUELA.
Además de varias decenas de Cámaras Bilaterales de
Comercio afiliadas a la FCCE en todo Brasil, forman
parte de la Directoria actual, los Presidentes de las Cámaras de Comercio: Brasil-Grecia, Brasil-Paraguay, BrasilRusia, Brasil-Eslovaquia, Brasil-República Checa, Brasil-México, Brasil-Belarus, Brasil-Portugal, Brasil-Líbano, Brasil-India, Brasil-China, Brasil-Tailandia, Brasil-Italia
y Brasil-Indonesia, además del Presidente del Comité
Brasileño de la Cámara de Comercio Internacional, el
Presidente de la Asociación Brasileña de las Empresas
Comerciales Exportadoras – ABECE, el Presidente de
Ia Asociación Brasileña de la Industria Ferroviaria –
ABIFER, el Presidente de la Asociación Brasileña de los
Terminales de Contenedores, el Presidente del Sindicato de las Industrias Mecánicas y Material Eléctrico,
entre otros. Súmese aun, la presencia de diversos Cónsules y diplomáticos extranjeros, entre los cuales, el
Cónsul General de la República de Gabón, el Cónsul de
Sri Lanka (antiguo “Ceilán”), y el Ministro Consejero
Comercial de la Embajada de Portugal.
La Directoria
DIRECTORIA PARA EL TRIENIO 2006/2009
Presidente
JOÃO AUGUSTO DE SOUZA LIMA
1 st V i c e p r e s i d e n t e
PAULO FERNANDO MARCONDES FERRAZ
Vicepresidentes
Arlindo Catoia Varela
Gilberto Ferreira Ramos
Joaquim Ferreira Mângia
José Augusto de Castro
Ricardo Vieira Ferreira Martins
Vicepresidente Europa
Jacinto Sebastião Rego de Almeida (Portugal)
Vicepresidente Nor te
Cláudio do Carmo Chaves
Vicepresidente Sudeste
Antonio Carlos Mourão Bonetti
Vicepresidente Sur
Arno Gleisner
Directores
Diana Vianna De Souza
Luiz Oswaldo Aranha
Marie Christiane Meyers
Marcio Eduardo Sette Fortes de Almeida
Alexander Zhebit
Alexandre Adriani Cardoso
Andre Baudru
Oswaldo Trigueiros Júnior
Raffaele Di Luca
Ricardo Stern
Augusto Tasso Fragoso Pires
Roberto Nobrega
Cassio José Monteiro França
Roberto Cury
Cesar Moreira
Charles Andrew T'Ang
Daniel André Sauer
Eduardo Pereira De Oliveira
José Francisco Fonseca Marcondes Neto
Luis Cesario Amaro da Silveira
Roberto Habib
Roberto Kattán Arita
Sergio Salomão
Sizínio Pontes Nogueira
Sohaku Raimundo Cesar Bastos
Stefan Janczukowicz
Consejo Fiscal (Titulares)
Delio Urpia de Seixas
Elysio de Oliveira Belchior
Walter Xavier Sarmento
EDITORIAL
Oportunidades para
bens e serviços
A
APOIO
FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE COMÉRCIO EXTERIOR – FCCE chegou ao seu
19º seminário bilateral, em um ano e meio de eventos concorridos que
mobilizaram os principais ministros, técnicos e empresários brasileiros e
estrangeiros ligados à área internacional. Os excelentes resultados produzidos a partir
dos temas tratados, e a conseqüente geração de negócios levaram às mãos de João
Augusto de Souza Lima, Presidente da FCCE, uma carta oficial encaminhada pelo
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC,congratulandoo pelo esforço e pelos relevantes serviços prestados em prol da diversificação de
mercados e do incremento na corrente de comércio do Brasil.
O Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Panamá contou
com a participação, nos painéis, de grandes empresas nacionais, como Odebrecht,
Andrade Gutierrez, Embraer, entre outras, interessadas na realização de negócios com
aquele país. A presença da diretora geral de promoção de investimentos do Ministério
de Comércio e Indústrias do Panamá e do presidente da Câmara de Comércio e Indústria
do Panamá, além do embaixador plenipotenciário daquele país, que vieram
exclusivamente para o seminário, no Rio de Janeiro, serviu para engrandecer o evento,
que contou, ainda, com a participação de representante do Quijano & Associados, um
dos mais importantes escritórios de advocacia do Panamá.
O ambiente econômico e jurídico estável, propício a investimentos com um invejável
rol de oportunidades, principalmente no que se refere a projetos da área de construção
civil e engenharia; um centro financeiro internacional, servido por mais de 70 bancos
estrangeiros; uma localização privilegiada, no centro das Américas, com portos nos
Oceanos Atlântico e Pacífico, e centros logísticos avançados; uma infra-estrutura turística
de excelente qualidade, com hotéis Marriott, por exemplo. Tudo isso é o Panamá. Mais
do que um canal, é um país que oferece oportunidades de negócios e de lazer. Neste
2006, um ano no qual o volume de investimentos brasileiros no exterior deverá superar
a entrada de recursos, nada mais natural que países como o Panamá atraiam a atenção do
Brasil, que possui empresas cada vez mais internacionalizadas.
Além disso, o Panamá, a despeito do fato de não possuir peso expressivo na balança
comercial brasileira, oferece oportunidades de vulto com as obras de alargamento do
Canal do Panamá, as quais representam possibilidade efetiva de ampliação da exportação
de serviços. O canal é, hoje, bem mais do que apenas um canal; trata-se de uma empresa
que gera inúmeros empregos e que executa, com segurança, a travessia de cerca de
16.000 navios/ano, contribuindo para o barateamento dos fretes e para maior agilidade
no trânsito de mercadorias entre os dois oceanos. As obras de ampliação do canal que
permitirão a passagem dos grandes navios post-panamax são de interesse mundial e
deverão contar com a participação de empresas brasileiras. A balança comercial brasileira
pode receber efetiva contribuição, também, do aumento da exportação de bens para
aquele país, considerando suas vantagens como centro de distribuição de mercadorias.
Exaltamos, neste número, as vantagens oferecidas pelo Panamá. Interessado? Saiba
que o Panamá está ligado ao Brasil por vôos diretos, oferecidos pela Copa Airlines e que
novas linhas estão sendo inauguradas, de forma a tornar o intercâmbio com aquele país
ainda mais intenso.
Boa leitura.
O EDITOR
CONSELHO DE
CÂMARAS DE COMÉRCIO
DAS AMÉRICAS
Expediente
Produção
Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE
Av. General Justo, 307/6o andar
Tel.: 55 21 3804 9289
e-mail: [email protected]
Editor
O coordenador da FCCE
Textos e Repor tagens
Elias Fajardo
Fernanda Pereira Ferreira
José Antonio Nonato
Projeto Gráfico, Edição e Ar te
Estopim Comunicação
Tel.: 55 21 2518 7715
e-mail: [email protected]
Revisão
Maria Virgínia Villela de Castro
Fotografia
Christina Bocayuva
Secretaria
Maria Conceição Coelho de Souza
Sérgio Rodrigo Dias Julio
As opiniões emitidas nesta revista são de
responsabilidade de seus autores. É permitida a
reprodução dos textos, desde que citada a fonte.
SUMÁRIO
6
E N T R E V I S TA
Juan Bosco Bernal
“A aproximação entre
Brasil e Panamá pode
beneficiar, também, o
resto da América Latina”
50 I N T E R C Â M B I O
“Desejamos
estabelecer muitas
parcerias com os brasileiros”
Muitas vantagens para
novos investimentos no Panamá
Carlos Antonio Bettencourt
“Bons amigos fazem
bons negócios”
18 A B E RT U R A
Ampliação do Canal do
Panamá vai favorecer
todo o continente
22 P A I N E L I
Desenvolvimento e diversificação
26 P A I N E L I I
Infra-estrutura traz
vantagens para
investimento no Panamá
34 P A I N E L I I I
Turismo e hotelaria: duas importantes
atividades
38 E N C E R R A M E N T O
Turismo e integração bilateral
42 T U R I S M O
Panamá, portal do
Caribe
Uma vitrine do comércio mundial
5 4ENGENHARIA
Andrade Gutierrez quer investir
desenvolvimento panamenho
5 6 E M PAU TA
Secretaria de Comércio Exterior
elogia a realização dos seminários
bilaterais da FCCE
58 T E N D Ê N C I A
“Toda empresa
gostaria de ter um
entreposto no
Panamá”
59 A V I A Ç Ã O
Nova rota Rio de Janeiro-Panamá
24 P A R C E R I A
Brasil: um país estratégico para todos
os panamenhos
61 D E S E N VO LV I M E N T O
Odebrecht realiza projeto de irrigação
na província de Chiriquí
“Em 2010, o turismo
deverá ser um dos
principais itens de
exportação do Brasil”
62 H I S T Ó R I A
“O intercâmbio comercial desperta a
curiosidade pelo conhecimento
do país”
65 R E L A Ç Õ E S B I L AT E R A I S
Hotelaria: negócio de luxo
e qualidade
no
Os índios cunas
70 C U RTA S
ENTREVISTA
“A aproximação entre
Brasil e Panamá
pode beneficiar,
também, o resto da
América Latina”
O Embaixador Plenipotenciário do Panamá, Juan Bosco Bernal, é um entusiasta do potencial humano, natural e comercial de seu país, que, segundo
ele, tem muitas oportunidades de negócios a oferecer aos brasileiros, pois
fica no centro das Américas e dispõe de um canal e um sistema logístico que
inclui portos no Pacífico e no Atlântico. Nesta entrevista à revista da FCCE,
ele mostra também seu entusiasmo pela integração com o Brasil. Segundo o
embaixador, para seu país, o mais importante seria a instalação, em território panamenho, de indústrias que gerem renda para ajudar a melhorar o
nível de vida do povo. “Essa associação estreita entre Brasil e Panamá permitiria, também, o progresso de outros países da área e uma maior integração da América Latina”.
Quais são as suas expectativas em
relção a este seminário?
JBB – Em primeiro lugar, quero agradecer à FCCE por esta oportunidade de
mostrar o que podemosa oferecer ao Brasil, à América Latina e ao mundo. Nossa
expectativa fundamental é divulgar o Panamá no âmbito do comércio internacional, enfatizando sua posição geográfica privilegiada, seus múltiplos atrativos turísticos e, ao mesmo tempo, suas possibilidades acadêmicas, científicas e tecnológicas.
Mais que um canal, somos um país com
oportunidades para a realização de bons
negócios, para o investimento e, também,
para o divertimento saudável, já que temos boas praias, excelentes locais para
compras e santuários de turismo ecológico. Somos um país amável, seguro e que
6
acolhe muito bem, com carinho e afeto,
todas as pessoas que o visitam.
Em termos de produtos e de serviços,
o que seria importante para o Panamá importar do Brasil e vice-versa?
JBB – O Panamá é um grande centro de
comércio internacional. A maior oportunidade que vislumbramos é que o Brasil
possa aproveitar a nossa posição geográfica para reexportar e distribuir seus produtos a outras regiões, como o Caribe, a
América Central, o Oeste e o Norte dos
Estados Unidos, o Canadá, os países da
Ásia e todos os que se situam à beira do
Pacífico. Esse é, provavelmente, o produto mais importante de que dispomos.
Obviamente, temos, também, produtos
agropecuários, como frutas tropicais, ca-
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
7
ENTREVISTA
marões e pescado. O fundamental, porém,
é estarmos no centro das Américas, com
um canal e um sistema logístico que inclui portos no Pacífico e no Atlântico, que
inclui a Zona de Livre Comércio de Colón
para a exportação e reexportação de produtos, assim como um sistema especial,
no Pacífico, para instalação de fábricas servidas por uma ferrovia.
De nossa parte, o que o Brasil pode
oferecer ao Panamá?
JBB – O Brasil pode nos oferecer a instalação de suas empresas em nosso território: indústrias que gerem empregos e que
tenham um valor agregado para o povo panamenho. O Brasil é quase um continente,
produz a maior parte do que necessita, mas
seria importante que pudesse, também, receber produtos de boa qualidade que possam estimular a competição interna.
O mais importante, volto a frisar, seria
a instalação, no Panamá, de indústrias que
gerem renda para ajudar a melhorar o nível de vida do povo panamenho. Essa associação estreita entre os dois países permitiria, também, o progresso de outros
países da área e uma maior integração da
América Latina.
O petróleo brasileiro é um produto
cuja exportação interessa ao Panamá?
JBB – Para o Panamá, o petróleo brasileiro é muito importante. Se conseguíssemos firmar um acordo com a Petrobras,
para instalar no Panamá uma usina de refinação de petróleo, e para vendê-lo na região, isso seria importantíssimo. Além de
se constituir em uma alternativa energética, seria uma empresa geradora de
empregos e renda para o desenvolvimento nacional. A vantagem é que já dispomos de um oleoduto com 150 quilômetros, que vai do Atlântico ao Pacífico, com
portos em ambas as extremidades, permitindo que o petróleo trafegue de um
oceano a outro.Temos, ainda, tanques para
armazenar o produto refinado e seus
subprodutos. Ninguém oferecerá melhores condições do que o Panamá.
O Brasil oferece veículos em geral
e, particularmente, os automóveis.
8
O Panamá tem uma produção própria, ou estaria interessado em
importá-los?
JBB – O Panamá não produz veículos,
apenas os consome e redistribui. Temos
uma grande zona de livre comércio que
os importa e distribui. Queríamos, contudo, chegar a um acordo com os produtores de automóveis: talvez um só produtor que quisesse se instalar no Panamá,
iniciando o seu processo industrial no Brasil e complementando-o em meu país,
podendo, então, exportá-los.
Fale um pouco das características
mais típicas desse país tão pequeno, mas servido por dois oceanos.
JBB – O Panamá é um istmo muito estreito que possui, na zona do canal, 80 quilômetros de largura de um oceano ao outro
e, em sua parte mais estreita, 51 quilômetros. Pode-se fazer uma expedição, de um
lado a outro, ida e volta, a pé, em um fimde-semana. Historicamente, é multiétnico
e pluricultural . Em razão de sua posição de
trânsito, em meados do século XIX construiu uma estrada de ferro para transportar,
do Atlântico ao Pacífico, as pessoas interessadas no ouro da Califórnia. Antes disso, o
Panamá já recebia visitantes e imigrantes de
diferentes países e culturas. Hoje, o país é
uma mescla de descendentes de espanhóis,
americanos, negros vindos da África e índios – temos cinco povos indígenas no Panamá. Convivem, também, em nosso território, hebreus, árabes e chineses, em plena
paz, sem problemas.
O processo de separação do Panamá da Colômbia foi pacífico?
JBB – Foi uma transição, obviamente vigiada pelos americanos, que tinham interesse na construção do canal. A idéia de
construí-lo havia sido rechaçada pelo congresso colombiano, ao denunciar um tratado que permitiria construir o canal sob
administração do país. Essa separação, que
ocorreu em 3 de novembro de 1903, no
entanto, não foi violenta.
Há descendentes de colombianos
por lá, ainda? Como são as relações
entre os dois países?
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
JBB – Há muitos descendentes e as relações são boas. Sempre houve uma espécie de muro natural separando a Colômbia do núcleo mais habitado do Panamá, a
floresta tropical, não devassada. Até hoje,
não há rodovias que atravessem a fronteira entre os dois países. Toda a comunicação se fazia por navios e, a partir do século
XX, também por aviões.
Nossas relações com todos os países do
mundo são boas, até mesmo com os Estados Unidos, de quem obtivemos o canal
em uma negociação que envolveu um gigante e um país pequenino. Muitos nos
perguntavam: “Com que armas vocês vão
reivindicar o canal dos Estados Unidos?”
Naquele momento, OmarTorrijos Herrera,
o presidente panamenho, respondeu:
“Com as armas da razão, que são as mais
fortes que temos.” E logrou conquistá-lo,
dando um exemplo para a América e para o
mundo, por meio da assinatura dos Tratados Torrijos-Carter, com um calendário de
23 anos. Os tratados foram firmados em
1977 e o canal foi revertido ao Panamá em
31 de dezembro de 1999.
Os panamenhos têm o presidente
Jimmy Carter na conta de um estadista?
JBB – Claro. Foi um homem de grande
visão, que deve ter sofrido pressões
fortíssimas de muitos setores da sociedade americana e resistiu, optando por fazer
o que era justo. Muitos americanos diziam
que o canal era um patrimônio do país e
que não se poderia cedê-lo. Só que o canal pertencia ao Panamá, havia sido
construído em suas entranhas e pertencia
aos panamenhos. O Presidente Carter
soube reconhecer esse nosso direito.
Quando o canal foi devolvido aos panamenhos, em 1999, muitas pessoas previram que não iria funcionar bem sem a assistência dos americanos, argumentando
que os latino-americanos, em geral, e os
panamenhos, particularmente, não tinham
capacidade para operá-lo com eficiência.
Que aconteceu? Seis anos depois, o canal
funciona de maneira mais eficiente, segura e transparente do que no tempo em
que era administrado pelos americanos.
Isso quem lhe diz não é o embaixador,
cursos aos mais pobres, de acordo com
seus rendimentos. Isso permitirá equilibrar a distribuição de renda, mas é um
programa de longo prazo, que não vai resolver o problema da noite para o dia. O
importante é que se invista em saúde e
em educação.
mas os proprietários de empresas marítimas de todo o mundo, que utilizam o canal diariamente.
O canal é uma fonte de renda muito
importante para o Panamá?
JBB – Sim, muito importante. Agora, temos um projeto para ampliá-lo.
Vai ser construído um outro, ou o
canal atual será alargado?
JBB – Ao lado das duas rotas que já existem, pretendemos construir uma terceira, e um terceiro jogo de eclusas, para
ampliar, aprofundar e alargar uma parte
do canal, permitindo que os maiores barcos possam transitar por ele. Atualmente,
os barcos grandes têm de procurar outras
rotas e isto redunda em prejuízo para as
companhias de navegação. Eis porque o
Panamá resolveu impulsionar o projeto
da ampliação do canal.
No próximo mês de outubro será realizado um referendo no país, para consultar a opinião dos cidadãos a respeito dessa
ampliação, como determina a nossa constituição. Já existem uma lei e uma decisão
governamental, agora vamos esperar os resultados dessa consulta popular, pois, sem
a aprovação da maioria dos panamenhos,
não podemos ampliar o canal. Aprovada a
ampliação, as obras começarão em 2007.
Em sua opinião, o povo panamenho
vai referendar a ampliação do canal?
JBB – As oportunidades e vantagens da
ampliação são óbvias e infinitas. Existem,
no entanto, alguns setores que não pensam dessa maneira.
Por quê?
JBB – Acham que o dinheiro não vai ser
bem utilizado, que é mais ou menos o que
se dizia quando da devolução do canal.
E o senhor acha que a renda obtida
com o canal reverte mesmo para a
melhoria das condições de vida dos
panamenhos?
JBB – Reverte em educação, em saúde e
em infra-estrutura.
Quais são os índices de analfabetis-
“
Somos uma mescla
de descendentes de espanhóis,
americanos, negros da África
e índios
”
JUAN BOSCO BERNALN
mo e de escolaridade do povo panamenho?
JBB – Temos bons índices, no momento.
Todas as crianças que estão em idade de
freqüentar a escola primária, ou seja, de 6
a 11 anos, estão na escola.
E a saúde, como vai?
JBB – Bastante bem. É verdade que ainda
temos comunidades de alguma forma
marginalizadas, como os indígenas, por
exemplo, que representam 10% da população, assim como algumas comunidades rurais do interior e outras urbanas. Elas
têm requerido maior atenção do governo, ultimamente. A ampliação do canal
deverá gerar mais renda para ser investida
na melhoria das condições de vida dessas
camadas de nossa população.
O Brasil sofre com a concentração
de renda. No Panamá ocorre algo
parecido?
JBB – O Panamá e o Brasil são dois países
em que a renda é grande, mas mal distribuída. No Panamá, o governo tem desenvolvido uma ação, por intermédio de uma
rede de proteção social, que direciona re-
Nunca houve, no Panamá, tendências à adoção de regimes ditos igualitários, como o de Cuba?
JBB – Nunca. O povo panamenho sempre entendeu que o regime de mercado é
o que melhor convém à economia do país,
que a participação da empresa privada no
desenvolvimento é fundamental, que a
segurança jurídica dos que investem no
país tem que ser garantida.Talvez, por isso,
a renda mais expressiva do Panamá tenha
origem no setor de serviços. Sete de cada
dez dólares obtidos pela arrecadação do
governo provêm do setor de serviços,
constituído, principalmente, pelo canal,
pelos setores de comunicações e telecomunicações, pelo setor financeiro, pelo
setor de transportes e pela Zona de Livre
Comércio de Colón. À exceção do canal,
que pertence ao governo por causa de sua
posição estratégica, todos os demais setores que mencionei são privados.
Que palavras o senhor gostaria de
dirigir aos nossos leitores, ao fim
desta entrevista?
JBB – Gostaria de agradecer e de dizer
que o Panamá e o Brasil são povos irmãos,
que têm boas relações desde o princípio
do século XX. É verdade que não nos conhecemos muito. Os brasileiros sabem
que nós existimos, mas quase sempre não
sabem onde fica nosso país. Quanto aos
panamenhos, por sua vez, é muito difícil
que conheçam bem um país tão grande e
múltiplo como o Brasil. Em compensação, temos dois mil estudantes panamenhos que se profissionalizaram em cursos
administrados no Brasil. A amizade e o reconhecimento devem continuar, portanto, nesta nova etapa da globalização, na
qual um gigante como o Brasil pode ter
como parceiro um país de economia menor, obtendo as vantagens comparativas
que o Panamá pode oferecer.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
9
ENTREVISTA
“Bons amigos fazem
bons negócios”
O Embaixador Carlos Antonio Bettencourt Bueno é um homem experiente, tendo ocupado postos nos mais diversos continentes. Uma de suas
paixões é o Panamá, país onde serviu de 1983 a 1986, e com o qual
mantém, ainda hoje, uma relação bastante próxima. Nesta entrevista à
revista da FCCE, ele comenta os vários aspectos do relacionamento bilateral entre o Brasil e o Panamá e realça a importância que o comércio
desempenha ao aproximar povos e nações. Revela, igualmente, o desejo
de que a ampliação do Canal do Panamá possa beneficiar o maior número
possível de panamenhos.
O senhor foi embaixador do Brasil
no Panamá. Qual a importância do
canal para os panamenhos?
CB – Como se sabe, o Panamá fica numa
região que pertencia à Colômbia. Houve
uma guerra de independência, com o
apoio dos Estados Unidos, e ele tornouse um país independente, em 1903. A partir de então, todos os olhos voltaram-se
para a perspectiva de construção do Canal
do Panamá, uma iniciativa muito importante por razões estratégicas, sobretudo
para os Estados Unidos e, também, uma
via de acesso significativa para o comércio
internacional, no sentido Leste-Oeste e
vice-versa.
O canal é a grande fonte de renda do
Panamá e, hoje, os panamenhos estão vivendo um grande desafio e um momento de decisão. Em outubro de 2006, haverá um plebiscito sobre a ampliação do
canal, o que permitirá, praticamente,
duplicar a maior fonte de renda que beneficia aquele país.
Que razões levam uma parte da
opinião pública panamenha a manifestar-se contra a ampliação do
canal? Quais são os argumentos
apresentados?
10
CB – Acabo de chegar do Panamá, onde
moram meu filho e minhas duas netas panamenhas.Todo ano eu visito aquele país e
tenho a oportunidade de conversar com
alguns de seus cidadãos, desde autoridades, até amigos meus da época em que
servi lá. Nesta última visita, pude trocar
muitas idéias sobre a ampliação do canal.
Existe uma oposição bastante significativa, que gira em torno de 40%, segundo as
pesquisa feitas até agosto de 2006. A oposição argumenta que o crescimento dos
proventos gerados pelo Canal do Panamá
deveria ser destinado a iniciativas sociais
que resultem em benefícios para a comunidade local e não a folhas de pagamentos
de pessoal e a gastos supérfluos. A população panamenha deve, segundo eles, beneficiar-se desse enorme aumento de renda que será propiciado pelo alargamento
do canal.
Como o senhor disse, o canal é estratégico para o Panamá e importantíssimo para o comércio mundial. Para o Brasil, que significação tem
o Panamá em termos comerciais?
CB – Na balança comercial com o Brasil,
o Panamá pesa pouco, mas há muitas possibilidades de se ampliar esse comércio,
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
11
ENTREVISTA
CB – Não tenho a menor dúvida quanto
a isso. O comércio exterior tem sido um
dos grandes sucessos do Brasil nos últimos anos e a tendência é continuar no
mesmo ritmo. Esperamos, também, que
isso possa trazer benefícios, não só para
o país, como também para todos os brasileiros.
Juan Bosco Bernal, Ivan Ramalho, Glorisabel Garrido Thompson-Flôres e Carlos Antonio
Bettencourt Bueno.
sobretudo, se pensarmos nas obras de alargamento do canal. Neste caso, já estão surgindo, e surgirão, novas possibilidades, em
forma de uma participação maior de empresas brasileiras de construção, do porte
da Camargo Correa e da Odebrecht, que,
certamente, deverão participar das licitações que já estão sendo feitas para esta
obra. Aí, sim, vai ocorrer uma grande
oportunidade para a ampliação do comércio bilateral entre os dois países, além
de uma presença do Brasil cada vez maior naquela região.
As obras de ampliação do canal, que
deverão ser realizadas em consórcio com a presença de empresas dos
mais variados países, já têm um
organograma e uma data previstos
para o seu término?
CB – Se o projeto aprovado for levado
adiante, a previsão estimada para a duração da obra gira em torno de cinco anos.
Com isto, a capacidade atual – que é de
40 navios por dia – poderá alcançar mais
que o dobro e chegar a, pelo menos, 90
navios atravessando o canal, a cada dia.
Isto representará uma fonte de renda extraordinária para os panamenhos. Daí, a
12
importância da utilização desses recursos e a preocupação de alguns setores
políticos do Panamá, que querem ter a
certeza de que tal volume de recursos
financeiros não será desperdiçado com
gastos supérfluos.
“
A ampliação do canal
significa novas possibilidades
de negócios para grandes
construtoras brasileiras
”
CARLOS ANTONIO BETTENCOURT BUENOI
O comércio é uma atividade que
aproxima bastante os seres humanos. Os estudiosos de antropologia dizem que ele é uma das principais formas de comunicação entre comunidades diferentes: tudo
começa com uma troca de objetos ou de moedas. No caso do Brasil, que está se destacando em matéria de comércio exterior, estes
bons resultados se constituem
numa tendência duradoura ou
podem ser considerados um fenômeno passageiro?
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
O senhor acha que no comércio internacional, um setor em que existe uma competitividade grande, é
possível haver parcerias e ajudas
mútuas, por exemplo, entre blocos
de países?
CB – Acredito que sim. A união faz a
força. Se nós conseguirmos fortalecer
associações como o Mercosul, que até
agora tem sido, basicamente, uma união
aduaneira, nós iremos conseguir, sem
sombra de dúvida, uma presença maior
de produtos nossos não só nas nações
ligadas ao Mercosul, mas também nos
países da União Européia, nos Estados
Unidos, no Japão e na China, que são,
hoje, os grandes parceiros comerciais
do Brasil.
O chapéu panamá não é do Panamá. Ao que parece, teria nascido na
Colômbia ou em outros países da região. O que os panamenhos podem
oferecer, em matéria de produtos
típicos, que poderiam agradar aos
brasileiros?
CB – Não estou muito atualizado sobre
as exportações panamenhas para o Brasil, mas creio que elas se constituem, em
grande parte, de produtos primários,
além de pequenos artigos de artesanato
local. Do ponto de vista do interesse brasileiro, nós temos que focalizar mais o
Canal do Panamá. Precisamos nos esforçar para conseguir, nas licitações das
obras, uma presença e uma participação
significativas, porque nós temos uma tecnologia de ponta expressiva e uma organização empresarial extraordinária, capazes de nos fazer mais atuantes no cenário
internacional. Como os senhores sabem,
participar de licitações desse vulto é enfrentar uma luta com adversários e competidores de grande porte.
Como o senhor acabou de dizer, o
Brasil está diante de um desafio.
Nosso país tem um lastro bastante
significativo, pois empresas brasileiras têm exportado serviços, principalmente de engenharia, para muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Isto nos capacitaria
a participar de grandes concorrências, como a do Canal do Panamá?
CB – Eu creio que sim. A autoridade panamenha de administração do canal tem
sido bastante criteriosa. Ela é presidida por
um homem extremamente habilitado para
a função que exerce. Trata-se de Humberto Alemana, que tem presidido a companhia que controla o canal com muita
habilidade, e se cercando de pessoas do
mais alto gabarito.
“
Se conseguirmos fortalecer
associações como o Mercosul,
conseguiremos uma presença
maior de produtos nossos
junto aos grande parceiros
comerciais do Brasil
”
CARLOS ANTONIO BETTENCOURT BUENOI
Numa determinada época, pouco antes de o controle total do canal ter sido
transferido, pelos americanos, para os panamenhos, muitos especialistas em política internacional duvidavam da capacidade local de administrá-lo. Temia-se que
houvesse corrupção e tráfico de influência. Nada disso aconteceu: o canal funciona, hoje, até melhor do que funcionava
sob controle americano.
O senhor acha que a cultura – em
todos os seus ramos e desdobramentos, como a música e o cinema – poderia ser considerada uma moeda
de troca entre os povos?
CB – Sim. Eu acho que o comércio e a
cultura podem caminhar de mãos dadas.
Uma coisa puxa a outra. O cinema, a música, as artes visuais e outras manifestações culturais aproximam muito os povos. Como diz o ditado, bons amigos fazem bons negócios.
Uma trajetória diplomática
Embaixador Carlos Antonio Bettencourt Bueno nasceu no Uruguai em
1934, sendo brasileiro nato, segundo a
Constituição de 1891. Estudou nos colégios Santo Inácio e São José e formouse em Direito pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro, em 1957.
Fez os cursos de Preparação à Carreira de Diplomata e de Aperfeiçoamento de Diplomatas no Instituto Rio Branco, no qual viria a ser, também, professor. Fez, ainda, o Curso da Escola Superior de Guerra.
Ingressou na carreira diplomática
como terceiro secretário de embaixada,
em 1958, e tornou-se segundo secretário de embaixada, por merecimento, em
1961. Foi promovido a primeiro secretário de embaixada, em 1967; conselheiro, em 1973; e ministro de segunda classe, em 1975. Entre as inúmeras funções
técnicas que desempenhou, está a de
Membro do Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio. Finalmente, tornou-se Ministro de Primeira
Classe (Embaixador) por merecimento em 1982.
Ocupou postos de relevância no Brasil e no exterior, entre eles os de membro da Delegação do Brasil em Genebra, de 1960 a 62, e da Missão do Brasil
junto à ONU, Nova York, de 1962 a 67.
Trabalhou nas embaixadas de Buenos
Aires, de 1967 a 69, e de Varsóvia,
Polônia, de 1969 a 71.
Entre 1983 e 1986, foi embaixador
plenipotenciário no Panamá. Destacouse, também, como Embaixador Plenipotenciário no Japão, de 1986 a 91; Embaixador Plenipotenciário na República Tcheca, de 1991 a 96; Embaixador
Plenipotenciário na República da Irlanda, de 1996 a 98. Em 2000, requereu
aposentadoria por tempo de serviço.
Foi delegado do Brasil em inúmeras
assembléias gerais da ONU; assessor do
Conselho de Segurança da ONU; delegado do Brasil na Conferência para a
Desnuclearização da América Latina, no
México, de l964 a 67; chefe da Divisão
O
da Ásia do Ministério das Relações Exteriores, de 1973 a 76. Atuou, ainda,
como vice-pPresidente do Comitê Especial da ONU para operações de manutenção da paz, em NovaYork, de 1976
a 80; como delegado do Brasil na sessão
especial da Assembléia Geral para o Desarmamento, em Nova Iorque, em
1978; como chefe da Delegação do Brasil na Conferência da ONU para o Uso
Pacífico do Espaço Ultra-Terrestre, em
Nova Iorque, entre 1976 e 82, e como
presidente do Comitê Preparatório para
a Primeira Conferência da ONU sobre
o Uso Pacífico do Espaço Ultra-Terrestre, em Nova Iorque e Genebra, nos anos
de 1981 e 82.
Foi, também, um dos iniciadores das
conversações para o estabelecimento de
relações diplomáticas com o Governo
da República Popular da China, em Pequim, 1974, tendo, ainda, negociado e
assinado as notas reversais com Cuba,
formalizando o restabelecimento de
relações diplomáticas com aquele país,
em 1985.
Entre suas condecorações, estão a
Ordem do Rio-Branco, Grã-Cruz, (Brasil); a Ordem de Mayo, Grã-Cruz, (Argentina); a Ordem do Sol Nascente,
Grande Cordão, (Japão); a Ordem Vasco
Nuñez de Balboa, Grã-Cruz, (Panamá);
a Ordem do Libertador San Martin, Oficial, (Argentina), e a Ordem do Mérito
Nacional do Mérito, Oficial, (Itália).
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
13
Pesquisa por produto, país de de s
ou nome do exportador
Disponível em 4 idio m
inglês,espanhol e f r
Relação d
atu a
e stino
o mas: português,
f rancês
o de exportadores
u alizada mensalmente
Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos BRASIL
PANAMÁ
Av. General Justo nº 307 – Centro, Rio de Janeiro – RJ – Sede da Confederação Nacional do Comércio – CNC
Progrrama do Seminário : 21 de agosto de 2006
Prog
14:00h Sessão Solene de Abertura
Presidente da Sessão:
Carlos Bueno – Ex-Embaixador Plenipotenciário do Brasil no Panamá
Pronunciamentos Especiais:
Juan Bosco Bernal – Embaixador Plenipotenciário do Panamá
Ivan Ramalho – Ministro, interino, do Desenvolvimento Indústria e
Comércio Exterior
Componentes da Mesa:
Glorisabel Garrido Thompson-Flôres – Cônsul-Geral do Panamá no
Rio de Janeiro
Arthur Pimentel – Diretor de Comércio Exterior do MDIC
Lucia Maldonado – Vice-Presidente Executiva da AEB
Oswaldo Trigueiros – Presidente do Conselho de Turismo da CNC
Carlos Thadeu de Freitas Gomes – Chefe do Departamento Econômico da CNC
Fábio Martins Faria – Diretor do Departamento de Planejamento e
Desenvolvimento do Comércio Exterior do MDIC
Rafael Fernandez Pita – Cônsul-Geral da Espanha no Rio de Janeiro
14:30h PAINEL I: O estado atual das relações comerciais Brasil-Panamá:
Desenvolvimento e diversificação
Presidente do Painel:
Glorisabel Garrido Thompson-Flôres – Cônsul-Geral do Panamá no Rio de Janeiro
Moderador:
Carlos Thadeu de Freitas Gomes – Chefe do Departamento Econômico da CNC
e Ex-Diretor do Banco Central do Brasil
Pronunciamento Especial:
Fernando Arango Morrice – Presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Panamá
Exibição de filme sobre a EXPOCOMER
Expositores:
Fabio Martins Faria – Diretor do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento
de Comércio Exterior – MDIC
Sergio Kuczynski – Gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios – América
Latina – EMBRAER
Alexandre Camargo – Diretor Internacional da COPA Airlines
Debates com o Plenário
15:30h PAINEL II: Os projetos de infra-estrutura e vantagens para
investimentos no Panamá
Presidente do Painel:
Lucia Maldonado – Vice-Presidente Executiva da Associação de Comércio Exterior do
Brasil- AEB
Pronunciamento Especial:
Gloria de la Espriella – Diretora Geral de Promoção de Investimentos do Ministério
de Comércio e Indústrias do Panamá
Expositores:
Gustavo Assad – Diretor Adjunto da Área Internacional da Construtora Norberto
ODEBRECHT
Ricardo Antonio Mello Castanheira -Diretor da Área Internacional da Construtora
ANDRADE GUTIERREZ
Lic. Oliver Muñoz – Diretor do Escritório de Advocacia QUIJANO & Associados –
Panamá
Debates com o Plenário
Debates com o Plenário
Componentes da Mesa:
João Augusto de Souza Lima – Presidente da FCCE
Glorisabel Garrido Thompson-Flôres – Consul-Geral do Panamá
Gustavo Assad – Diretor Adjunto da Área Internacional da Construtora
Norberto ODEBRECHT
Diana de Macedo Soares – Cônsul-geral da Finlândia no Rio de Janeiro
Rafael Fernandez Pita – Cônsul-geral da Espanha no Rio de Janeiro
Lic. Oliver Muñoz – Diretor do Escritório de Advocacia Quijano & Associados
Jorge Berrio – Gerente Geral do Grupo Marriott
Carlos Bueno – Ex-Embaixador plenipotenciário do Brasil no Panamá
Embaixador Frank Thompson-Flôres
Mario Gugliemelli Vera – Cônsul-Geral da Venezuela no Rio de Janeiro
17:00h Painel III: O setor de serviços: Turismo, e Energia
Presidente do Painel:
Marcio Favilla Lucca de Paula – Ministro de Estado, interino, do Turismo
Pronunciamento Especial:
Nilo Sérgio Felix – Subsecretário de Estado de Turismo do Rio de Janeiro
Exibição de filme sobre o Rio de Janeiro
Participação Oficial:
Glorisabel Garrido Thompson-Flôres
Exibição do filme “O Turismo no Panamá”
Expositores:
Jorge Berrio – Gerente-Geral do Grupo Marriott
Nestor Cerveró – Diretor da Área Internacional da Petrobras
Arthur Pimentel – Diretor de Comércio Exterior do MDIC
18:00h Sessão Solene de Encerramento
Presidente da Sessão:
Juan Bosco Bernal – Embaixador Plenipotenciário do Panamá
Pronunciamento Especial:
Marcio Favilla Lucca de Paula – Ministro de Estado, interino, do Turismo
COQUETEL: Em homenagem Embaixador Plenipotenciário da República do Panamá
JUAN BOSCO BERNAL
ABERTURA
Rafael Fernández Pita, Lúcia Maldonado, Juan Bosco Bernal, Carlos Bueno, João Augusto de Souza Lima, Ivan Ramalho e Glorisabel Garrido.
Ampliação do Canal do Panamá
vai favorecer todo o continente
O Presidente da Federação das Câmaras de Comércio Exterior, João
Augusto de Souza Lima, ao iniciar os
trabalhos do Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos
Brasil-Panamá, agradeceu o apoio recebido do Presidente da Confederação Nacional do Comércio – CNC,
Antonio Oliveira Santos; do Presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil – AEB, Benedicto Fonseca Moreira; do Presidente da Câmara Nacional de Comércio, Professor Theóphilo de Azeredo Santos; e
do Presidente do Conselho de Câma18
ras de Comércio das Américas,
Marcondes Neto. Em seguida, chamou
para compor a mesa de abertura, respectivamente: Arthur Pimentel, Diretor de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC;
Fábio Martins Faria, Diretor do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do MDIC; Oswaldo
Trigueiros Júnior, Presidente do Conselho de Turismo da CNC; Glorisabel
Garrido Thompson-Flôres, CônsulGeral do Panamá no Rio de Janeiro;
Lúcia Maldonado, Vice-Presidente
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
Executiva da AEB; Rafael Fernández
Pita, Cônsul-Geral da Espanha no Rio
de Janeiro; Carlos Thadeu de Freitas
Gimes, Ex-Diretor do Banco Central
e Chefe do Departamento Econômico da CNC, para presidi-la; e Carlos
Bueno, Ex-Embaixador do Brasil no
Panamá, a quem concedeu a palavra.
Para Proferir o pronunciamento especial na sessão solene de abertura,
foram convidados Juan Bosco Bernal,
Embaixador Plenipotenciário do Panamá e Ivan Ramalho, Ministro de
Estado interino, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
arlos Bueno, inicialmente, declarou-se honrado em presidir a sessão de abertura do seminário e deu
boas vindas a todos os que dele participavam. A seguir, confessou que o Panamá é
um país cuja lembrança tem guardada no
fundo de seu coração por razões profissionais e pessoais, já que ali residem um de
seus filhos, brasileiro, e duas netas, de nacionalidade panamenha, a quem visita anualmente. Esclareceu que o Panamá caminha decididamente para o desenvolvimento: na sua época de embaixador, o país enfrentou momentos políticos difíceis e soube ultrapassá-los, vivendo, hoje, na plenitude democrática, com eleições a cada cinco anos, e com um grande presidente, devotado a elevar o país ao lugar que ele merece no cenário internacional.
“Gostaria de referir-me, e estou certo
de que alguns dos palestrantes a mencionará, à importância que a opinião pública
panamenha tem conferido ao referendo
em que o povo se pronunciará a respeito
da ampliação do Canal do Panamá. As atividades ali desenvolvidas constituem a maior
fonte de renda do país e o canal é um reduto que os panamenhos lutaram muito para
recuperar. Lutaram para exercer sobre ele
a plena autonomia de que hoje desfrutam.
No próximo dia 22 de outubro, eles decidirão quanto à ampliação – ou não – do
canal, que exigirá uma grande soma de re-
C
cursos, cuja realização, portanto, é uma
decisão que deve ser tomada com extremo
cuidado, mas que, certamente, fará com que
os olhos do mundo se voltem para esse
pequeno, mas importante país”.
Em seguida, Carlos Bueno passou a palavra a Juan Bosco Bernal, Embaixador Plenipotenciário do Panamá no Brasil, e encarregado do um pronunciamento especial, na
abertura do seminário.
Conhecer o Panamá
O embaixador começou expressando
sua gratidão ao presidente da FCCE pela
realização do seminário. A seu ver, esse encontro serve para demonstrar que, nos últimos anos, o Panamá tem dado passos importantes em direção ao desenvolvimento
pleno de sua capacidade econômica, comercial, política e social. Em seguida, declarou que desejava concentrar-se, fundamentalmente, no tema ‘conhecer o Panamá’, enquanto a maioria dos participantes
do seminário, certamente, iria abordar os
aspectos concretos referentes ao comércio exterior e às nossas relações bilaterais.
“O Panamá fica na América Central e
faz fronteira com a Colômbia, com a Costa Rica e com os oceanos Pacífico e Atlântico. Tem a forma de um ‘s’ e abriga uma
população de mais de 3 milhões de pessoas em seus 75 mil km2. Do ponto de
vista político, é estável, seguro para os seus
cidadãos, para suas empresas e para os que
nele investem. Tornou-se independente
em 1903, portanto tem pouco mais de
cem anos como república soberana, após
separar-se da Colômbia. Atualmente, tem
um governo republicano unitário e representativo. Sua divisão administrativa compreende as províncias, cinco comarcas indígenas que representam cerca de 10%
da população, 75 municípios e 620 distritos. Tem uma projeção social importante,
embora persista um certo grau de desigualdade. Segundo a Organização das Nações Unidas, o país ocupa a 56ª posição
entre os 190 com maior grau de desenvolvimento humano.”
Segundo o embaixador, seu país tem um
PIB de US$ 16 bilhões, que vem crescendo a uma taxa de 6 a 7%, sendo que, no
último trimestre, cresceu 7,5%. Com uma
inflação anual de menos de 2%, tem uma
grande dívida pública e apresenta algumas
dificuldades, do ponto de vista do emprego e do subemprego, embora possua uma
economia atípica em relação às economias
dos outros países da América Latina, já que
75% do seu PIB provém do setor de serviços. Nesse sentido, as atividades mais dinâmicas estão vinculadas à Zona de Livre
Comércio de Colón, à intermediação financeira, ao comércio, ao transporte, à comunicação e ao Canal do Panamá. Possui,
também, um setor primário e agropecuário
Colón
Panamá
Na cidade de Colón
(foto à esquerda), às margens
do Oceano Atlântico, localizase a Zona de Livre Comércio,
um dos principais pilares da
economia panamenha.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
19
ABERTURA
Perfil do canal
O Canal do Panamá é uma empresa na
qual trabalham 9.000 pessoas, 24 horas
por dia, 12 meses por ano, e, que, portanto, não pára nunca. Em 2005, realizou o trânsito de 14.011 navios, número bem próximo de sua capacidade máxima atual, de 16.000 navios, com uma
média aproximada de 43 passagens por
dia. Os barcos que o atravessam são, essencialmente, transportadores de contêineres, petroleiros e navios de cruzeiro. Ele serve a 120 rotas marítimas de
80 países; um deles, o Brasil, que está
em 19º lugar entre os maiores usuários.
“
O Panamá caminha para
seu pleno desenvolvimento,
com instituições democráticas
e um comércio livre
CARLOS BUENOI
”
que possibilita a exportação de produtos
como melão, mamão, banana, abacaxi, açúcar e camarões, sendo que, nos últimos dez
anos, vem-se destacando, com muita força, o turismo ecológico.
Comércio bilateral
Apresentadas as características econômicas do Panamá, o embaixador falou sobre a importância da educação no desenvolvimento dos negócios internacionais.
“Nossa balança comercial é bastante
desproporcional em relação ao Brasil, e
não fazemos questão de reverter esse quadro, mas queremos exercitar uma relação
mais justa nos próximos anos. Quando se
decide investir em um país, é sempre importante conhecer o seu nível de educação e de cultura. O Panamá, neste momento, tem uma taxa de escolaridade primária de 99%, ou seja, aproximadamente
todas as crianças entre seis e onze anos
estão na escola primária, tanto no campo
quanto nas áreas urbanas. No segundo
grau, a taxa é de 65% de adolescentes e a
taxa de escolaridade universitária para a
população entre 18 e 25 anos de idade
está em torno de 30%. Apesar de serem
20
boas taxas, não estamos satisfeitos ainda e
esperamos melhorar o ensino, especialmente as oportunidades educativas proporcionadas às camadas da população que
não alcançam o segundo grau e a universidade. O país investe 5% do seu PIB em
educação, pois reconhece que, sem ela, é
difícil obter maior produtividade e desenvolvimento nos negócios internacionais.”
O canal
A seguir, o embaixador traçou breve
histórico sobre o Canal do Panamá.
“Ele foi construído, inicialmente, por
franceses. As obras foram retomadas por
americanos. Sua inauguração ocorreu no
ano de 1914 e, em 1999, foi definitivamente entregue à administração dos panamenhos. No momento da transferência, muitos duvidaram da capacidade do
povo do Panamá para administrar um
patrimônio dessa envergadura, mas, desde então, demonstramos mais eficiência,
segurança e transparência no uso dos recursos por ele gerados. Hoje, o Panamá e
os Estados Unidos têm uma relação amistosa, de sócios comerciais.”
Segundo o embaixador, o que seu país
pode oferecer ao Brasil é uma rota ágil,
oportuna e econômica. Localiza-se em posição estratégica entre dois oceanos, no meio
do continente americano, e é detentora de
uma logística eficiente, pois o canal é integrado, por um sistema de ferrovias e rodovias, a dois portos internacionais: um no
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
Para cruzar o canal é preciso atravessar o Lago
Atlântico e outro no Pacífico, e a uma zona
de livre comércio. O Panamá oferece, ainda, um centro financeiro com 70 bancos
estrangeiros e internacionais, que usa o dólar
como moeda corrente há mais de cem anos.
“É pouco conhecido o fato de que nosso país tem, também, há 74 anos, a ‘Cidade
do Saber’. Trata-se de um complexo de conhecimento e de investigação tecnológica,
com 32 organismos internacionais – fundamentalmente de atuação social – que asseguram a existência de 26 programas de
universidades de excelência, principalmente dos Estados Unidos e da Europa, com
cursos de mestrado e doutorado. Além disso, mantemos ali, em funcionamento, um
parque tecnológico com 42 empresas associadas a avançados setores de pesquisas,
com o objetivo de gerar inovações de diferentes gêneros e graus.”
Ampliação
Tendo apresentado esse panorama, o
expositor dedicou a parte seguinte do seu
pronunciamento ao projeto que, em sua
opinião, terá grande impacto sobre o mundo e, especialmente, sobre a América Latina: a ampliação do Canal do Panamá. A
origem desse projeto está nas mudanças
verificadas ultimamente no comércio,
com o incremento na demanda de carga
e, por conseguinte, o aumento do tamanho dos navios. Atualmente, alguns cargueiros não podem passar pelo canal, em
virtude de suas grandes dimensões.
Gatún e...
...passar por várias eclusas.
“A ampliação está sustentada por mais de
120 estudos e trata, fundamentalmente, da
construção de dois complexos de comportas, um no Pacífico, outro no Atlântico, com
três câmaras em cada comporta e três bacias
que permitam a reutilização da água. A água
doce faz mover o canal, mas grande parte de
seu contingente se perde no sistema atual. A
obra possibilitará, também, a ampliação dos
leitos de acesso, o aprofundamento dos leitos de navegação e, assim, a duplicação da
capacidade de trânsito do canal. A obra está
prevista para sete ou oito anos, com custo
aproximado de US$ 5,85 milhões, devendo
ser auto-financiada, o que permitirá manter
os níveis de nossa estabilidade financeira, pois
é o canal que está investindo seus lucros na
modernização. Estudos ecológicos mostram
que não haverá danos fundamentais ao meio
ambiente.”
Ao concluir, o embaixador discorreu
sobre a política externa de seu país e os
esforços para inseri-lo na comunidade
mundial.
“O presidente do Panamá revitalizou a
diplomacia para assegurar nossa presença
efetiva no cenário internacional. Vem trabalhando por uma ordem mundial mais
justa, respeitadora dos princípios do Direito Internacional, mediante a prática de uma
política pluralista, tendente à neutralidade
e à solução pacífica de controvérsias. Internamente, estamos empenhadíssimos em
obter o desenvolvimento humano de nossa população. Queremos fortalecer nossas
relações bilaterais com o Brasil, que datam
de 1904, quando o Brasil reconheceu nossa independência. Em 1908 já tínhamos o
primeiro embaixador brasileiro no Panamá e, hoje, temos, também, três consulados gerais brasileiros. O Ministro Luiz
Fernando Furlan visitou-nos em maio e demonstrou interesse em valer-se de nossa
posição estratégica para incrementar o comércio bilateral. Ele pretende estabelecer
no Panamá um centro comercial de
redistribuição de produtos do Brasil, como
já ocorre em Miami e em Frankfurt.”
O embaixador disse esperar, também,
dos brasileiros uma contribuição na área
de energia, especificamente em relação ao
petróleo.
Por fim cncluiu: “aguardamos, ainda, o
interesse do Brasil em associar-se aos projetos de ampliação do canal e da construção de um porto no Pacífico. O futuro é
bastante promissor para o desenvolvimento de nossas economias e eu quero terminar com o seguinte pensamento: o capitão
pessimista se queixa dos ventos; o otimista espera que o vento mude; o realista ajusta as velas para navegar com qualquer vento. Estamos no melhor momento para
ajustar nossas velas para a cooperação, que
poderá gerar resultados frutíferos para os
nossos povos.”
Comércio brasileiro
O presidente da mesa passou, em seguida, a palavra ao Ministro de Estado, interi-
“
Queremos fortalecer as relações
com o Brasil, que datam
de 1904, quando o país
reconheceu nossa independência
JUAN BOSCO BERNALI
”
no, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, para um
breve pronunciamento sobre o relacionamento do Brasil com o Panamá. Ele mencionou os resultados do comércio exterior brasileiro nos últimos anos e lembrou
que o incremento de nossas exportações
– embora tenha sido registrado em relação
aos EUA e à União Européia – ocorreu
muito mais em função de novos mercados
da África, da Ásia e da América Central. Ele
ressaltou que esse incremento ocorreu não
só na venda de bens, como na de serviços,
e externou a opinião de que o Panamá representa uma grande oportunidade de participação na ampliação do comércio exterior mundial.
Segundo Ivan Ramalho, a corrente de
comércio atual entre os dois países alcança valores pequenos – cerca de US$ 300
milhões – mas aumentou, este ano, em
20%, e continua a crescer no mesmo ritmo, com a comercialização de produtos
manufaturados de alto valor agregado.
Manifestando esperança na continuidade
desse crescimento, o ministro encerrou
seu pronunciamento e concluiu os trabalhos de abertura do seminário.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
21
PAINEL I
Desenvolvimento e diversificação
Corrente comercial Brasil-Panamá tem crescido em faixa superior ao
aumento do comércio brasileiro com o resto do mundo
Fernando Arango Morrice, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Panamá realizou um pronunciamento sobre a Expocomer.
22
“O estado atual das relações comer-
do o Presidente da Câmara de Co-
ciais entre o Brasil e o Panamá –
mércio e Indústria do Panamá, Fer-
Desenvolvimento e diversificação”
nando Arango Morrice. O painel
foi o tema do painel I. A Cônsul-
teve, como expositores, o Diretor
Geral do Panamá no Rio de Janeiro, Glorisabel Garrido Thompson-
do Departamento de Planejamento
e Desenvolvimento de Comércio
Flôres, presidente do painel, con-
Exterior do Ministério do Desen-
vocou como moderador o Chefe do
volvimento, Indústria e Comércio
Departamento Econômico da Con-
Exterior — MDIC, Fábio Martins
federação Nacional do Comércio —
Faria; o Gerente de Desenvolvimen-
CNC e ex-Diretor do Banco Cen-
to de Novos Negócios na América
Presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Panamá, Fernando Arango Morrice, exibiu um
filme sobre a Expocomer e, em seguida,
analisou este evento, que ocorre anualmente no Panamá, e seus benefícios para
o setor. Em seu 25º ano, a Expocomer
2007 terá lugar em março, no Centro de
Convenções Atlapa.
“A feira é uma vitrine para o comércio
exterior e possui uma impressionante
mostra de produtos e serviços. São mais
de 30 países, cerca de 500 expositores e
mais de 20 mil visitantes. É uma excelente oportunidade para contatos na área de
comércio e para fechar negócios.”
tral do Brasil, Carlos Thadeu de
Latina da Embraer, Sergio Kuczynski;
Comércio brasileiro
Freitas Gomes. Para realizar um pro-
e o Diretor Internacional da Copa
nunciamento especial, foi convida-
Airlines, Alexandre Camargo.
O Diretor do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento de Comércio Exterior do MDIC, Fábio Martins Fa-
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
O
ria, expôs, a seguir, sobre o intercâmbio
comercial Brasil-Panamá.
“Até agosto de 2006, o Brasil alcançou
um crescimento de 24% nas exportações
e de 16% nas importações; um total acumulado de US$ 83 bilhões em exportações e US$ 54,7 bilhões em importações,
o que nos deixa bastante otimistas em relação ao resultado previsto para o final do
ano. A pauta brasileira tem ganhado cada
vez mais relevância, com produtos de maior valor agregado. A presença expressiva
é dos manufaturados que têm crescido
55% na pauta de exportação – liderada
por materiais de transportes, produtos siderúrgicos, petróleo e combustíveis, soja,
minérios, produtos químicos, carnes,
máquinas e equipamentos, açúcar e álcool, equipamentos elétricos, papel, celulose e calçados de couro.Temos um plantel
bastante diversificado e cada vez mais expressivo de produtos industrializados de
maior conteúdo tecnológico, substituindo os produtos de baixa tecnologia.”
Segundo Fábio Martins Faria, o comércio brasileiro com a América Latina tem
aumentado bastante. Este ano tivemos
crescimento em torno de 22% nas exportações para países da Associação Latino-Americana de Integração – ALADI
(um bloco que reúne 12 países). Isto significa um percentual superior ao crescimento global das exportações brasileiras.
No cenário internacional, verifica-se, também, intensa busca dos exportadores brasileiros por novos mercados e, com isso,
o nosso comércio com regiões nada tradicionais, como a Ásia, por exemplo, tem
se expandido com taxas muito superiores
ao crescimento dos demais mercados.
“Essas mudanças fazem com que o
Brasil reverta um quadro de perda em
relação ao crescimento mundial e, atualmente, vamos rompendo a barreira dos
1% de participação neste comércio –
estamos em 1,15%. Além disso, esse ano
devemos continuar crescendo acima do
nível global.”
Quanto às nossas importações, Fábio
Martins Farias relatou que, em 2006, verificou-se um crescimento de 23%. Isto
significa, entre outras coisas, que o mercado brasileiro vem se tornando muito
atrativo para os nossos parceiros comerciais no exterior.
“Compramos, sobretudo, matériasprimas, bens de capitais e combustíveis.
Outro ponto a se destacar são as nossas
compras junto a países da América Latina,
que vêm aumentando de maneira significativa, em torno de 34%, sendo que os
países fora do Mercosul tiveram um crescimento de 60% nos primeiros sete meses do ano, ou seja, o nosso comércio com
os países da América Latina vem crescendo nas duas vias.”
Relação bilateral
Segundo Fábio Martins Faria, a corrente de comércio Brasil-Panamá vem
crescendo, sobretudo, para as exportações brasileiras.
“A partir de 1998, a relação bilateral
passou a ascender significativamente. O
Panamá desempenha hoje, no continente,
um papel significativo como centro de
comércio e área de redistribuição. Este país
possui uma expressiva experiência na área
de logística e apresenta-se como um grande entreposto de comércio. Os nossos intercâmbios mantiveram-se na faixa de 31%
de crescimento. É um comércio bastante
desequilibrado em favor do Brasil, apesar
de o nosso país estar aumentando bastante as suas compras na América Latina. O
comércio Brasil-Panamá tem crescido ano
a ano em faixa superior ao crescimento do
comércio brasileiro com o resto do mundo, sobretudo no quesito dos bens manufaturados.”
Neste cenário, é possível destacar que
as exportações brasileiras tiveram um grande impulso com as vendas de aviões e,
além disso, tivemos uma participação expressiva de outros produtos de grande
valor agregado, como os do setor siderúrgico e os da indústria automobilística, em
2005 e 2006.
“Os principais produtos que nós importamos do Panamá, são também, itens
de alto valor agregado, grande parte proveniente de outros países, que têm no Panamá um ponto de reexportação. Dentre
os principais produtos importados pelo
Brasil, temos máquinas para processamento de dados, alumínio, rolamento
“
O Panamá desempenha
um papel significativo
como centro de comércio
e área de redistribuição
”
FÁBIO MARTINS FARIAN
para engrenagens, vacinas, componentes
para aparelhos de transmissão, e tecidos.
Diferentemente do que aconteceu com o
comércio brasileiro, em que houve um
declínio do número de empresas exportadoras, dentro do Panamá isto não está
acontecendo. Em termos de comércio de
bens, o Panamá apresenta um déficit: importa muito mais do que exporta, e isso
está associado à sua opção de ser um grande prestador de serviços.”
Segundo Fábio Martins Faria, os principais compradores do Panamá são os Estados Unidos, os países centro-americanos e várias nações asiáticas. Os países que
mais exportam para o Panamá são os Estados Unidos, a Espanha e a Suécia.
“Tudo isso demonstra que os exportadores brasileiros têm, no Panamá, uma
posição estratégica para fazer chegar os seus
produtos aos países da América Central,
Caribe e América do Norte,” concluiu o
Diretor do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento de Comércio Exterior do MDIC.
Parceria na aviação
O Gerente de Desenvolvimento de
Novos Negócios na América Latina da
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
23
PAINEL I
terísticas do avião contribuíram: sua
performance, sua economia e o conforto
que oferece aos passageiros.”
“
A Embraer sente-se
honrada por participar
do desenvolvimento da
Copa Airlines e do
desenvolvimento econômico
do Panamá
”
SERGIO KUCZYNSKIN
Sergio Kuczynski, Gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios da Embraer para a América Latina.
Embraer, Sergio Kuczynski, falou sobre
a aviação e o mercado do Panamá. Ele
destacou que o Canal do Panamá representa esta vocação do país de integração
entre duas rotas de navegação: a do Atlântico e a do Pacífico, ajudando a realizar a
interação das principais economias do
mundo.
“A Companhia Aérea Panamenha –
Copa Airlines, corresponde a esta vocação, pois vem desenvolvendo uma rede
de vôos e serviços regulares de integração
entre as Américas. Por intermédio dessas
rotas, a empresa muito contribui para as
economias dos países servidos por elas. A
aviação comercial é um vetor de desenvolvimento de economias e, dentro da dinâmica do Panamá e seu desafiante futuro, a Copa tem um papel que vem sendo cumprido com uma administração dinâmica e eficiente.”
Dentro desta realidade, ele destacou o
Embraer 190, uma aeronave da nova geração de jatos da empresa, no segmento
de 100 assentos, como um modelo compatível com os objetivos de integração e
de oferecimento de linhas de alimentação
para o resto das operações da Copa.
“A Embraer sente-se honrada pelo fato
de a Copa ter escolhido o modelo
Embraer 190 como um elemento de
integração, desenvolvimento e modernização da sua frota. Naturalmente, as carac-
Copa Airlines no Brasil
A Copa Airlines realiza, hoje,
• 24
vôos por semana no Brasil.
A empresa cresceu quase 250%
• no
país em menos de dois anos.
do Rio de Janeiro
• eOsSãovôosPaulo
serão operados pelos
novos Boeings 737-700 NG
(Next Generation).
Os cinco vôos de Manaus
• permanecerão
operados
pelo Embraer 190.
24
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
Para a construção desta aeronave foi
adotado, também, um perfil de dupla bolha, um equipamento que permite maior
conforto na cabine dos passageiros. Foi
acrescentado mais espaço para bagagens e
cargas. A carga é um fator econômico importante, pois representa de 15 a 20% do
faturamento de uma companhia aérea. O
Embraer 190 tem uma configuração de
assento chamada de 2+2, criada com base
em pesquisas sobre os assentos preferenciais, que são sempre os da janela ou os do
corredor. Além disso, as pesquisas indicaram que o corredor deve ter uma largura
tal que o trânsito do serviço de bordo não
seja interrompido quando algum passageiro deseja ir ao toalete. O desenho da
cabine da aeronave procura garantir ao
passageiro o seu espaço individual. Esses
fatores de conforto resultam num bom
índice de qualidade de serviço.
Sergio Kuczynski disse, ainda, que até
2009 a Copa terá 50 aeronaves em sua
frota, das quais 40% serão fornecidas pela
Embraer. “Já entregamos quatro dos seis
aviões encomendados para dezembro deste ano. A Embraer sente-se envaidecida e
honrada por participar do desenvolvimento da Copa e, também, do desenvolvimento econômico do Panamá”.
Marco na aviação
Em seguida, foi a vez da exposição do
Diretor Internacional da Copa Airlines,
Alexandre Camargo, que anunciou oficialmente, em primeira mão, um novo vôo
realizado pela Copa, que fará a rota Rio de
Janeiro-Panamá, a partir do dia 15 de novembro de 2006.
“Num primeiro momento, serão cinco vôos semanais que irão propiciar uma
grande economia de tempo e uma grande
economia de escala para todos os passageiros residentes na cidade e no Estado
do Rio de Janeiro.”
A Copa Airlines pertence à Copa
Holdings, que agrega duas empresas – a
Copa e a Aéro República, que tem a sua
sede na Colômbia, e, hoje, é a segunda
maior empresa aérea daquele país.
“A Continental, hoje, possui 10% das
ações da Copa Holding, e nós temos um
acordo comercial recíproco com a Continental na área de operações e vendas; acordo este renovado por mais dez anos. No Brasil, estamos operando desde 2000. Iniciamos com três vôos semanais unindo São
Paulo ao Panamá, até chegarmos, em 2004,
a sete vôos semanais. A partir daí, com o
crescimento do comércio entre o Brasil e
outros países da América Latina, e, também,
com a estabilidade econômica e a baixa do
dólar, nós experimentamos dobrar a oferta,
passando de sete para 14 vôos semanais. Foi
com grata surpresa que observamos a boa
receptividade para esses vôos, o que nos permitiu inaugurar, a partir de julho deste ano,
nova rota conectando Manaus e Panamá.
Este vôo, aliás, é um marco na nossa aviação
civil, pois é o primeiro, de caráter comercial
e internacional, realizado no Brasil por uma
aeronave brasileira.”
Alexandre Camargo realçou o fato de
que, até então, a Embraer fabricava os aviões, exportava-os e nunca os via voar no
Brasil, apesar de ser uma das mais respeitadas produtoras de aeronaves do mundo.
A Embraer tem colocado nestas rotas panamenhas um modelo revolucionário, no
que se refere ao conforto.
“Com todos estes sucessos, nós decidimos antecipar o vôo Rio de Janeiro-Panamá, que originalmente estava previsto
para junho de 2007 e coincidiria com os
Alexandre Camargo, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, Glorisabel Garrido Thompson-Flôres,
Fernando Arango Morrice e Fábio Martins Farias.
Jogos Pan Americanos. Com este novo
lançamento, a Copa chegará a 24 vôos semanais no Brasil, sendo 14 em São Paulo,
cinco em Manaus e cinco no Rio de Janeiro. Com essas 24 operações, a Copa chega
a um percentual de 250% de crescimento
em menos de dois anos – talvez seja a
empresa aérea internacional que mais cresceu no Brasil neste período. Os vôos no
“
Com o crescimento do
comércio entre o Brasil e a
América Latina, com a
estabilidade econômica e a
baixa do dólar, dobramos
a oferta de vôos
”
ALEXANDRE CAMARGON
Rio de Janeiro serão operados, assim
como os de São Paulo, com o Boeing 737,
com capacidade para 124 pessoas. Manteremos, também, os cinco vôos de Manaus
operados pelo Embraer 190.”
Segundo Alexandre Camargo, as previsões para 2007 também são expressivas.
“Com base nas encomendas que temos,
deveremos chegar a um total de 37 aviões, e isso manterá a Copa como a empresa aérea com a frota mais moderna da
América Latina. Hoje, nossos aviões têm
uma idade média de três anos. Os vôos do
Rio de Janeiro vão decolar às seis da manhã, com horário de chegada previsto para
9h50min. Um horário estratégico, pois o
Panamá serve como um centro de redistribuição, e a Copa tem por finalidade
manter conexões curtas, o que favorece a
pontualidade. Esses vôos possibilitarão,
ainda, aos passageiros que se dirigem aos
Estados Unidos, não só àqueles que estão
embarcando aqui, no Rio de Janeiro, mas
também àqueles de Vitória e Belo Horizonte, que passem a usar o Panamá como
conexão, evitando translados no aeroporto de Miami, extremamente congestionado e burocrático. Quanto aos passageiros
que saem do Rio de Janeiro, terão uma
economia de até quatro horas de viagem.”
Para concluir, o representante da Copa
demonstrou, em números, a movimentação de passageiros entre Brasil e Panamá:
em 2004, a empresa transportou cerca de
11,3 mil passageiros com destino ao Panamá. Em 2005, houve um crescimento
de 18%, chegando a pouco mais de 13
mil passageiros. Para 2006, deve-se atingir 20 mil passageiros, ou seja, em dois
anos, a empresa apresentou um crescimento de quase 100% no número de passageiros com destino ao Panamá.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
25
P A I N E L II
Infra-estrutura traz vantagens
para investimento no Panamá
O painel apresentou um panorama das oportunidades oferecidas pelo país
Ao abrir os trabalhos do painel II, o
Presidente da Federação das Câmaras de Comércio Exterior – FCCE,
João Augusto de Souza Lima, chamou
para presidi-lo aVice-Presidente Executiva da Associação de Comércio
Exterior do Brasil – AEB, Lúcia Maldonado. Ao assumir a presidência,
convidou para o pronunciamento
especial a Diretora Geral de Promoção de Investimentos do Ministério
de Comércio e Indústrias do Panamá, Gloria de la Espriella. Como expositores, foram convidados à mesa
o Diretor Adjunto da Área Internacional da Construtora Norberto Odebrecht, Gustavo Assad; o Diretor da
João Augusto de Souza Lima e Ricardo Antonio Mello Castanheira durante o painel II.
Área Internacional da Construtora
“Antes de mais nada, menciono o mais
importante, que é a base de qualquer investimento: a nossa estabilidade econômica e financeira. Nossa moeda legal é o dólar,
o que faz com que sejam muito baixos os
nossos níveis de inflação: menos de 2% nos
últimos cinco anos. Nosso centro financeiro tem mais de 70 bancos nacionais e estrangeiros, com um ativo de mais de US$
34 bilhões. Nosso sistema financeiro e bancário é regido pelos padrões internacionais
mais estritos, o que faz dele um sistema
estável e moderno. Ano passado, nosso PIB
cresceu 6,4% e temos a expectativa de que,
neste ano, cresça 6,5%. Os investimentos
estrangeiros, em 2005, mobilizaram aproximadamente US$ 1 bilhão e estamos esperando que, neste ano, cheguem a alcan-
Andrade Gutierrez, Ricardo Antonio
Mello Castanheira; e o Diretor do Escritório de Advocacia Quijano & Associados, Oliver Muñoz.
loria de la Espriella iniciou seu
pronunciamento especial infor
mando sua condição de representante do Ministério de Comércio e Indústrias do Panamá, e esclarecendo seu objetivo de fornecer aos interessados um panorama das possibilidades de investimento em seu país.
G
26
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
çar cifras da ordem de US$ 3 bilhões. No
Panamá, parte do que é investido destinase à coletividade e ao desenvolvimento.”
Logística
A representante panamenha informou,
ainda, que uma parte importante da plataforma logística do país é, obviamente, o canal, que provê o acesso a 120 rotas marítimas, com destino a mais de 80 países diferentes. O comércio do Canal do Panamá
representa 5% do comércio mundial e, anualmente, transporta cerca de 300 milhões
de toneladas de carga. A plataforma logística
é complementada pela infra-estrutura portuária, pela estrada de ferro interoceânica,
pelo aeroporto internacional e pela Zona de
Livre Comércio de Colón.
“Nosso sistema portuário proporciona um movimento muito grande e por
isto estamos negociando uma expansão
do canal. Este sistema é composto por
sete portos, todos privados. A estrada de
ferro interoceânica não apenas transporta passageiros, como também cargas.
Nosso aeroporto internacional acha-se
em fase de expansão e nossa malha rodoviária conecta Norte, Sul, Leste e Oeste do país. A Zona de Livre Comércio de
Colón é a mais importante do hemisfério e a segunda mais importante do mundo, depois de Hong Kong. Ali instalaramse mais de mil companhias que geram
emprego para 19.000 pessoas. Em termos de infra-estrutura de telecomunicações, o Panamá conta com cinco fibras
óticas que atravessam o canal e que nos
dão uma conectividade maior do que
muitas cidades européias importantes.”
O Canal do Panamá em números
Participa diretamente de 5% do comércio mundial.
Oferece acesso para 140 rotas marítimas tendo como destino mais de 80 países.
Mais de 14 mil embarcações atravessam o canal todo ano, das quais 350 são
dedicadas a cruzeiros.
Movimenta 300 mil toneladas de carga por ano.
700 mil pessoas por ano, entre passageiros e tripulação, cruzam o canal.
Comparação entre a administração americana e a panamenha
21% a mais do que o total arrecadado durante a administração americana
85 anos
2,277
1,877
A expansão
Em prosseguimento, Gloria de la
Espriella passou a tratar da expansão do
Canal do Panamá, que será submetida a
referendo em 22 de outubro de 2006.
“A construção deverá ser iniciada em
2007 e durar oito anos, estando previsto
o início das operações para 2015. O impacto econômico será visível, pois as contribuições e aportes econômicos trazidos
pelo canal, já muito importantes e expressivos, deverão triplicar a partir de 2015 e,
em 2025, serão oito vezes maiores. No
ano passado, o canal aportou ao Tesouro
Nacional a cifra de US$ 489 milhões. A
duplicação das eclusas permitirá o tráfego
de navios “Post-Panamax”, ou seja, aqueles
que superam a dimensão permitida para a
travessia do canal, nos dias de hoje. Embarcações de 366 metros de largura e 15
metros de profundidade poderão cruzar
o canal. As eclusas utilizarão um sistema
novo, de tinas, ainda não empregado no
Panamá, mas já testado nos Países Baixos
e na Alemanha. Essas tinas utilizarão uma
quantidade menor de água – 7% menos
para cada travessia.”
Energia
A representante do Ministério de Comércio e Indústrias do Panamá falou, em
6 anos
Administração americana
seguida, das oportunidades no setor
energético de seu país.
“O governo transformou a política nacional de hidrocarbonetos e energias alternativas em um plano de ação para incentivar o desenvolvimento do setor e
evitar a dependência absoluta dos derivados de petróleo. Não possuímos esta matéria prima, mas queremos desenvolver o
projeto de uma refinaria. O Panamá conta
com uma série de facilidades de infra-estrutura: na província de Chiriqui, nas proximidades de nossa fronteira com a Costa
Rica, existe um oleoduto transístmico que
transporta óleo cru. Com 131 quilômetros, esse oleoduto tem, em cada uma das
extremidades, tanques de armazenamento
para 16,9 milhões de barris. A sustentação legal para uma refinaria no Panamá
está contemplada nas leis das Zonas Livres de Petróleo e estão mapeadas duas
localidades ideais para sua instalação.”
A expositora mencionou, ainda, outras
Administração panamenha
oportunidades de negócios a serem explorados entre os dois países, como a instalação de uma planta regasificadora e outros produtos derivados de petróleo.
“O setor energético é uma área interessante, sendo que parte desse investimento poderá se dar pelas refinarias. Com
o coque que elas produzirem se poderá
gerar eletricidade. Projetos como os da
expansão do canal, de mineração, do desenvolvimento portuário e imobiliário vão
requerer uma produção energética que,
atualmente, não possuímos.”
A seguir, Gloria de la Espriella abordou a possibilidade de conectar-se com
os países vizinhos, o que já ocorre, em termos energéticos, por meio do Sistema de
Interação Para Geração Elétrica – SIPAG,
que permitirá ao Panamá exportar energia para Guatemala, Honduras, El Salvador, Costa Rica e Nicarágua.
“Outro projeto energético que temos
é o de um gasoduto para gás natural a par-
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
27
P A I N E L II
“
O governo panamenho
tem projetos na área de
infra-estrutura e de energia
e está aberto a novas parcerias
GLORIA
DE LA
ESPRIELLAN
”
tir da Venezuela, passando pela Colômbia,
e chegando à nossa costa atlântica, na cidade de Colón.
Outro projeto é o da limpeza da Baía
do Panamá, à beira da qual situa-se a capital do país. Estamos investindo, na primeira etapa, cerca de US$ 220 milhões, de
um total de US$ 340 milhões. A primeira
fase será de instalação da rede coletora de
detritos, e a segunda de instalação do sistema interceptor, assim como de introdução das estações de tratamento.
Ao encaminhar-se para o final de seu
pronunciamento, Gloria de la Espriella
declarou que desejava também explicar o
que se passa na Área Econômica Especial,
antiga Base Aérea de Howard.
“Acabamos de firmar um acordo de
investimentos com uma empresa de
Singapura, chamada East Air Space, para
reconverter aviões, aproveitando as facilidades oferecidas pela antiga base e gerando mais de mil empregos permanentes.
Nas áreas revertidas, existem, ainda, mui-
tas terras e imóveis para serem utilizados.
Calcula-se que existam mais de sete mil
edifícios dotados de infra-estrutura na área
do canal, inteiramente disponíveis. Existem, também, oportunidades de negócio
em tecnologia de informação, telecomunicações e informática, biociência e
biotecnologia na Cidade do Saber. Uma
outra iniciativa, atualmente em processo
de licitação, é o Projeto de Transporte
Urbano. Ele demandará um investimento
estimado entre US$ 60 e 90 milhões. O
Ministério de Comércio e Indústrias também tem incentivado o setor de mineração, com o Projeto Cerro Colorado que
tem uma concessão de dois mil hectares”.
Ao concluir, Gloria de la Espriella agradeceu a todos e colocou-se à disposição
para prestar outras informações sobre
investimentos no Panamá.
Odebrecht
Em seguida, Lúcia Maldonado, presidente do painel, passou a palavra a
O projeto de ampliação do Canal do Panamá
A obra está orçada em US$ 5,2 bilhões e será paga com a arrecadação de
tarifas no canal. Será construído um novo conjunto de eclusas que
permitirão a passagem de navios de grande porte. O novo sistema permite
uma economia significativa de água doce usada nas grandes tinas.
28
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
1
Aprofundamento e alargamento
alargamento da entrada do Atlântico
2
Eclusas e leitos de acesso ao Atlântico
3
Aprofundamento e alargamento
alargamento do leito do Lago
Lago Gatún
4
Aumento do nível do Lago
Lago Gatún
5
Aprofundamento do leito do Corte
Cor te
6
Eclusas e leitos de acesso ao Pacífico
Pacífico
7
Aprofundamento e alargamento
alargamento do acesso ao Pacífico
Pacífico
Gustavo Assad, Diretor Adjunto da Área
Internacional da Construtora Norberto
Odebrecht, que iniciou sua exposição falando das atividades do grupo e da recente atuação no Panamá. Num breve histórico, frisou que desde sua fundação, em
1944, o grupo Odebrecht tem tido uma
trajetória ascendente, enfrentando desafios e procurando adaptar-se às exigências
de cada momento.
“Nossa área de atuação é bem ampla. A
Odebrecht é a maior empresa de construção da América Latina e a maior empresa
brasileira exportadora de serviços de engenharia e construção. Temos, também,
importante atuação na área social. Nosso
compromisso é atender não só às solicitações dos projetos para os quais somos contratados, mas, sobretudo, atender à comunidade afetada por eles, pois achamos que
temos obrigações com as necessidades da
população. Em função disso, trabalhamos
com cinco vertentes: educação, profissionalização, inserção profissional, apoio
cultural e saúde. No campo internacional,
iniciamos nossas atividades em 1979, na
central hidrelétrica de Charcani, no Peru,
e, desde então, já trabalhamos em 30 países, onde desenvolvemos mais de 500 projetos. Atualmente, estamos atuando em 18,
com uma força de trabalho de 27.000 colaboradores. Essa atuação nos colocou
como a maior empresa do setor na América Latina e entre as 25 maiores do mundo em receita.”
Gustavo Assad passou, então, a abordar as condições atuais de investimento
no Panamá.
“No final do ano passado, obtivemos
nosso primeiro projeto no país. A área de
infra-estrutura requer uma gestão política
muito grande, porque suas prioridades são
definidas pelo Estado. Só se consegue desenvolver um projeto quando ele é identi-
ficado com o Estado, possuindo uma necessidade e uma demanda que não vão
mudar quando mudarem os governos. Ao
longo desses 27 anos em que atuamos no
exterior, a nossa média de permanência em
cada país está entre 14 e 15 anos, e nunca
tivemos um projeto interrompido, graças a
essa identificação do mercado”.
Em seguida, Gustavo Assad apresentou de modo sucinto a economia panamenha, que, segundo ele, cresceu 7,9%
no primeiro trimestre de 2006, bem acima da média da América Latina. Outro aspecto por ele destacado é o da garantia do
controle macroeconômico da estabilidade do país.
“Aos olhos da comunidade internacional, isso faz diminuir o risco do país e
aumenta as possibilidades de novos investimentos. O desafio é a redução de um
Futuras eclusas
O novo sistema de eclusas
Largura: 55 metros (180 pés)
Comprimento: 427 metros (1.400 pés)
Profundidade: 18,3 metros (60 pés)
Eclusas existentes
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
29
P A I N E L II
ção de infra-estrutura. É um sistema de
irrigação para 3.200 hectares, que contará, numa das regiões, com o emprego de
equipamentos e, em outras, apenas com a
gravidade ou a coleta simples. O contrato
tem o valor de US$ 54,2 milhões, e temos, acoplado a ele, um programa agrícola que deve gerar recursos para a região.
Estamos na fase de prospecção, quando
se materializa o que foi planejado, compatibilizando o projeto com aquilo que, de
fato, foi encontrado na região. O projeto
inicial prevê a utilização de canais revestidos de concreto, mas existe uma alternativa, que estamos estudando junto ao cliente, com a ajuda de uma projetista brasileira: transformar esses canais em tubulações de PVC.”
Segundo Gustavo Assad, isso não mudaria muito o sistema, só proporcionaria
um pouco mais de derivação aos canais.
“Além disso, estaríamos usando tecnologia brasileira que permitiria a redução
do tempo da obra e aumentaria em cerca
de 30% a participação de produtos brasileiros no projeto. A engenharia contribui
para a exportação brasileira. Nesse sentido, a Odebrecht, por meio de sua base no
Rio de Janeiro, ao longo desses 27 anos,
tem contratado cerca de 1700 fornecedores, em sua maioria médias e pequenas
empresas. Um estudo indica que, para
cada US$ 100 milhões exportados, são
gerados, no Brasil, cerca de 20 mil empregos.”
Charcani V, no Peru.
Ponte Vasco da Gama, em Portugal.
A Odebrecht, que já
desenvolveu mais de 500
projetos em 30 países que
mobilizaram 27 mil
colaboradores, assume,
também, o compromisso de
atender às solicitações das
comunidades afetadas por
eles, apoiando projetos
educacionais e patrocinando
iniciativas culturais locais.
déficit fiscal de 2,5%, mas há bons indícios de que esse objetivo será alcançado
com o aumento da arrecadação que, em
setembro de 2005, por exemplo, alcançou um recorde de US$ 370 milhões.”
Irrigação
O expositor comentou, em seguida, o
projeto de irrigação iniciado em 2006, na
região de Chiriqui, próxima à fronteira da
30
“
Estamos desenvolvendo
um projeto de irrigação na
região de Chiriqui. O uso
de tecnologia brasileira vai
reduzir o tempo da obra
G U S TAVO A S S A D N
”
Costa Rica, com término previsto para
2008.
“Ele situa-se em uma área bastante sensível, onde existem um parque nacional
marítimo e um refúgio de vida selvagem,
que favorecem o ecoturismo. Nesse projeto, além de obras de captação, construção de canais e vias de acesso e drenagem,
temos planejamento, desenho e constru-
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
Andrade Gutierrez
Lúcia Maldonado, presidente do painel, a seguir, passou a palavra ao Diretor
da Área Internacional da Construtora
Andrade Gutierrez, Ricardo Antonio
Mello Castanheira. Ele começou afirmando que, pelo que já ouvira até ali, reconhecia no Panamá uma plataforma logística para a realização de grandes empreendimentos. Lembrou que a empresa já
atuou, com sucesso, no Panamá, na duplicação da Ponte das Américas e que voltava a oferecer sua experiência em infraestrutura.
“A Andrade Gutierrez possui capacidade de atuação na construção propriamente dita, em telecomunicações e na área
A Andrade Gutiérrez trabalhou na duplicação da Ponte das Américas, no Panamá.
de concessões. A construtora já executou, na América Latina, 55 projetos de
engenharia – atualmente executa 10 – do
México à Argentina. Na Europa, temos
uma empresa em Portugal, a Zagop que
realiza empreendimentos naquele continente, na Ásia e na África, num total, atualmente, de 210 projetos.”
Quanto às comunicações, lembrou
que seu grupo participa do controle da
Telemar e da firma de telefonia celular OI.
“Na área de concessões, atuamos em
meio ambiente, em rodovias como a Via
Dutra, a Via Lagos, a Rodovia Anhangüera,
a Estrada dos Bandeirantes e a Rodonorte.
Somos participantes da Sanepar, a empresa de saneamento do Estado do Paraná e,
para dar um exemplo de atuação na América Latina, estamos iniciando as obras do
novo aeroporto de Quito, no Equador,
do qual temos a concessão de operação
por 30 anos.”
Do ponto de vista do faturamento, a
empresa trabalha com uma expectativa de
aumento de 30% de receita no ano de
2006. Na área da construção, novos negócios continuam acontecendo.
“Recentemente, ao executarmos a obra
do aeroporto da Ilha da Madeira, fomos
agraciados com o Prêmio da Engenharia
Jalousie Resort, em Santa Lúcia, no Caribe,
construído pela Andrade Gutierrez.
A Andrade Gutierrez, cujo
escritório do Panamá
gerencia todos os negócios
da empresa na América
Central e no Caribe, já
executou 55 projetos de
engenharia na América Latina,
além de estar presente na
Europa, África e Ásia.
Em 2006, sua receita deve
aumentar em cerca de 30%.
R ICARDO A NTONIO M ELLO C ASTANHEIRAN
Internacional Mundial, que corresponde
a um Oscar em nossa atividade. Tivemos
inúmeros projetos na área imobiliária e,
no que diz respeito a hidrelétricas, somos
parceiros de grandes empresas constru-
toras no Brasil e fora dele, desde que começamos nosso primeiro projeto no exterior, no Congo, em 1983. A partir de
nosso escritório no Panamá, que gerencia
toda a América Central e o Caribe, estamos
“
Estamos presentes no México
e na República Dominicana.
Atuamos, ainda, na Venezuela,
Equador, Peru e Argentina
”
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
31
P A I N E L II
presentes no México e na República
Dominicana. Atuamos, ainda, naVenezuela,
no Equador, no Peru e na Argentina.
Estamos aptos a levar nosso conhecimento até os nossos parceiros do Panamá e
esperançosos de que possamos nos integrar à sua comunidade empresarial, de forma a realizar a transferência tecnológica
desse conhecimento às empresas locais,
pois essa é a tônica de nossas atividades no
comércio exterior. Muito obrigado”.
Advocacia
Dando prosseguimento aos trabalhos
do painel, Lúcia Maldonado passou a palavra a Oliver Muñoz, Diretor do Escritório Quijano & Associados, do Panamá.
O advogado declarou que faria uma
intervenção estritamente de ordem jurídica, abordando, sobretudo, as relações
comerciais entre os dois países.
“A ampliação do Canal do Panamá é,
no momento, o projeto mais importante
do país, porque a Constituição estabelece
que essa decisão deve ser tomada por todos os panamenhos, em referendo. As
pesquisas estão mostrando que o ‘sim’, ou
seja, a aprovação da ampliação, tem uma
vantagem sobre o ‘não’. O mais interessante é que a porcentagem mais importante de panamenhos a favor do ‘sim’ é a
de jovens entre 20 e 35 anos, que estão
vendo no projeto a possibilidade de obter
empregos. A ampliação contempla a expansão do número de contêineres que vão
passar pelo canal. Cada um desses transportadores de contêineres, sobre os quais
estamos falando, pode carregar, aproximadamente, o mesmo que transportariam 5.800 caminhões, 18 trens ou 570
Boeings 747.”
Ainda enfocando os desdobramentos
comerciais da ampliação do Canal do Panamá, Oliver Muñoz continuou seu pronunciamento.
“Atualmente, tanto do lado do Pacífico, quanto do Atlântico, embarcações que
desejam atravessá-lo têm que esperar, pois
esta operação demora um longo período
de tempo, provocando filas de espera.
Com a ampliação, isto não vai mais ocorrer. Em apenas seis anos de administração
panamenha, o canal rendeu ao governo
32
“
Oferecemos estabilidade
jurídica aos investidores.
Nosso país é muito procurado
por americanos aposentados
OLIVER MUÑOZN
”
US$ 2,2 bilhões. Esses números demonstram não só a eficiência, mas o compromisso que temos com o canal, pois representa nossa principal fonte de renda e gera
negócios para o mundo inteiro.”
Os estudos que respaldam tecnicamente a ampliação do canal foram realizados
por inúmeras empresas. Atualmente, ele
tem duas vias, e deverá ser construída uma
terceira, do lado direito das atuais, em
cuja entrada existe uma área que foi
dragada pelos norte-americanos nos anos
de 1930 e 40. Isto demonstra que, desde
então, já se fazia sentir a necessidade da
ampliação, cujos trabalhos foram interrompidos por causa do esforço econômico demandado pela entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.
Nessa área, será construído um novo jogo
de eclusas no Pacífico, o mesmo acontecendo no Atlântico.
“A estimativa é de que o projeto esteja
terminado no ano de 2014. O governo
atual tem mandato até 2009, portanto o
projeto seguirá pelo período do próximo
governo. Os primeiros tempos da obra
serão dedicados a concursos, licitações e
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
elaboração e assinaturas de contratos. A
partir de 2008, começarão as obras de
construção do terceiro jogo de eclusas,
nos dois oceanos, simultaneamente. A
obra, orçada em US$ 5,2 bilhões, vai ser
paga pelo incremento nos pedágios. Atualmente, a administração do Canal do Panamá tem a possibilidade de aumentar seus
custos, porque temos uma vantagem competitiva em relação ao Canal de Suez e
a outros meios alternativos, logísticos e
multimodais de transporte. Ou seja, existe, ainda, uma grande vantagem em transportar mercadorias através do canal. Estima-se que a tonelagem que passa por ali
aumentará em cerca de 80% e que os
aportes diretos feitos ao país crescerão oito
vezes.”
O expositor passou a falar, então, do
boom imobiliário por que passa o seu país.
“Foi publicado no ‘U.S. Today’ um artigo que comenta esse boom, segundo o qual
o Panamá está suplantando a Costa Rica
como o país da América Central mais procurado pelos norte-americanos em busca de alternativas para sua aposentadoria,
graças, principalmente, ao grande oferecimento de bens de raízes e de projetos
imobiliários. É tão importante o desenvolvimento dessa área que o americano
Donald Trump vai construir, para esse
público, o Trump Ocean Club Hotel, um edifício de 62 andares, que será erguido na
Cidade do Panamá.”
O advogado panamenho citou, também, entre outros incentivos para investir em seu país, a Lei 58, de 1998, que
oferece uma estabilidade jurídica aos investidores internacionais, consubstanciada na garantia de que, aos que investirem
montante superior a US$ 2 milhões, serão mantidas, pelo período de dez anos,
as condições legais vigentes, em matéria
fiscal e trabalhista. A última vantagem
mencionada pelo expositor foi a paz social que reina no país e a segurança de
que gozam os cidadãos panamenhos e os
investidores internacionais. Com esta
imagem, Oliver Muñoz finalizou sua exposição.
Em seguida, Lúcia Maldonado agradeceu a presença de todos e encerrou as atividades do painel.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
33
P A I N E L III
Turismo e hotelaria: duas
importantes atividades
Panamenhos e brasileiros mostram as atrações de seus países
O painel III foi dedicado ao setor de
serviços e teve a presidi-lo o Ministro de Estado, interino, do Turismo,
Márcio Favilla Lucca de Paula. O Subsecretário de Estado de Turismo do
Rio de Janeiro, Nilo Sérgio Felix, foi
convidado para um pronunciamento especial. A Cônsul-Geral do Panamá no Rio de Janeiro, Glorisabel
Garrido Thompson-Flôres, exibiu
um filme sobre o turismo em seu
país. Como expositor, foi convidado o Gerente-Geral do Grupo
Marriott, Jorge Berrio. Estiveram,
também, presentes à mesa o Embaixador do Panamá no Brasil, Juan
Bosco Bernal; o ex-Embaixador do
Brasil no Panamá, Carlos Bueno; e o
Diretor de Comércio Exterior do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Arthur
Pimentel.
ilo Sérgio Felix começou agradecendo o convite para participar do
seminário e afirmou que o Ministério do Turismo tem dado especial atenção ao estado e à cidade do Rio de Janeiro,
os locais mais visitados por estrangeiros
de passagem pelo Brasil.
“A Secretaria de Estado de Turismo do
Rio de Janeiro foi criada em 2004, em fun-
N
34
Juan Bosco Bernal, Jorge Berrio e Glorisabel Garrido Thompson-Flôres.
ção, da formação do Ministério deTurismo.
Nós fizemos para o território fluminense
um macro programa com infra-estrutura
profissional, infra-estrutura de apoio, sistema de informações, qualificação e fomento
da atividade turística, tudo isto buscando a
consolidação deste produto. Entre nossas
principais iniciativas está a criação de uma
instituição muito importante: o Conselho
Estadual de Turismo. É por meio deste conselho que discutimos e traçamos diretrizes
para nossas ações. É ele que recebe, diretamente do Ministério do Turismo, a verba
descentralizada, que hoje nos permite realizar as ações de marketing em eventos
como feiras nacionais e internacionais.”
O Subsecretário de Estado de Turismo
do Rio de Janeiro destacou, também, a criação de um batalhão policial especialmente dedicado a atender aos turistas, além da
implantação de uma sinalização turística no
Rio de Janeiro, para melhor orientar quem
vem visitar o estado e a cidade.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
“Entre nossas preocupações encontrase, ainda, a capacitação de mão-de-obra
para atendimento no setor, o que estamos
realizando, também, com recursos do Ministério do Turismo. Hoje, o território
fluminense, em função até da proximidade da cidade do Rio de Janeiro, é o que
mais recebe o turista internacional e doméstico. Tudo isto nos deu oportunidade
de criar mais de 70 roteiros em todo o
estado, valorizando, assim, belezas e atrações do interior e do litoral.”
Eventos
Nilo Sérgio Felix informou que sua
secretaria organiza um calendário de eventos chamado “O Rio de vocês”, voltado
para o mercado nacional.
“Nós levamos para estes eventos um
total de 40 a 50 empresas e órgãos oficiais
do Rio de Janeiro, que promovem os nossos produtos junto ao agente de viagem
local. Assim, temos a oportunidade de
encontrar pessoalmente com o nosso público alvo, que é o agente de viagem. Realizamos, ainda, campanhas publicitárias
chamadas “Descubra o Rio de Janeiro”,
em São Paulo e Belo Horizonte, dentro
de shoppings centers, entrando em contato
direto com o público, que pode agendar
viagens e fazer reservas.”
Na área de pesquisa, são realizados
convênios com as universidades. No período 2004/2005, a Embratur apontou
algumas das cidades mais visitadas pelos
estrangeiros. A primeira é o Rio de Janeiro, Búzios fica em 7o lugar e Paraty
em 19o. Uma curiosidade: Paraty é, hoje,
a quinta cidade do Brasil que mais recebe franceses e ingleses.
“Tudo isto mostra o trabalho que vem
sendo desenvolvido. Nós cadastramos
mais de 400 eventos no território fluminense. Criamos um site dedicado ao setor
e um mapa com as 12 principais regiões.”
Entre as regiões citadas pelo subsecretário, está a Costa Verde, ao Sul do Estado
do Rio de Janeiro, que se destaca no turismo marítimo e náutico e conta com excelentes resorts, além de possuir alguns trechos de Mata Atlântica preservada, e mais
de 300 ilhas. Outro destaque é a Região
de Itatiaia, com o turismo ecológico e de
aventura, nas proximidades do Pico das
Agulhas Negras, santuário ecológico, que
oferece passeios maravilhosos, com muitas trilhas e cachoeiras. A Serra Verde Imperial tem como atrações principais o turismo histórico, cultural e gastronômico,
e o ecoturismo. Nela, fica Petrópolis, a
única cidade imperial das Américas.
A Costa do Sol, ou Região dos Lagos,
oferece praias, lagoas, mergulhos, turis-
O Estado do Rio de Janeiro é
o que mais recebe turistas
internacionais e domésticos
e conta com 70 roteiros em
todo o seu território.
O Conselho Estadual de
Turismo tem recebido apoio
do Ministério do Turismo para
realizar ações de marketing e
eventos ligados ao setor.
Praia de Copacabana, com o morro do Pão de Açúcar ao fundo.
Turismo no Rio de Janeiro
Dados econômicos
PIB do Brasil em 2004
US$ 693 bilhões
PIB do RJ em 2004
US$ 86,6 bilhões
Parcela do turismo no PIB do RJ
3,9% (US$ 3,37 bilhões)
2 milhões de turistas estrangeiros
em 2005
4 milhões de turistas nacionais
em 2005
Parque Nacional da Tijuca
Oferta turística
2.791 meios de hospedagem
1.487 agências de viagem
465 transportadoras turísticas
164 organizadoras de eventos
5.627 guias de turismo
Praias na Baía de Angra dos Reis
Pico das Agulhas Negras
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
35
P A I N E L III
Sítio arqueológico de Panamá Viejo.
mo sofisticado, vida noturna, gastronomia,
pousadas maravilhosas, principalmente
em Búzios. Já o Vale do Café atrai visitantes que se interessam, sobretudo, pelo turismo rural, com hotéis fazendas, cenários bucólicos e delicados. Finalmente, o
subsecretário mencionou a Costa Doce,
com Campos dos Goitacazes que, além
de um acervo histórico e arquitetônico,
reúne reminiscências do ciclo do açúcar,
fazendas históricas e a maior bacia petrolífera do país.
“Se analisarmos o setor, veremos que
ele tem crescido muito. Segundo a Embratur, em 2005, o Brasil recebeu 5,38
milhões de turistas estrangeiros, e o Rio
de Janeiro ficou com 37% deste total.
Hoje, nós temos 2.791 meios de hospedagens, 1.487 agências de viagens registradas, 465 transportadoras turísticas, 164
organizadoras de eventos e 5.627 guias,
tudo isso cadastrado. Estamos incentivando os empresários a se cadastrarem, e
estamos trabalhando no sentido de promover a consciência desta classe em relação à importância de sua atividade, e todo
esse investimento tem dado certo. Entre
2002 e 2007, o Rio de Janeiro criou 17
novos hotéis com 6.345 novos quartos,
gerando 17,4 mil novos empregos diretos e indiretos. A ampliação no interior do
estado, entre 2002 e 2005, foi bastante
significativa, com novos hotéis e pousadas, somando um total de 167.”
36
Crepúsculo no Caribe panamenho.
Nilo Sérgio Felix
Nilo Sérgio Felix terminou seu pronunciamento agradecendo, mais uma vez,
o convite para participar do seminário.
Turismo panamenho
Em seguida, a Cônsul-Geral do Panamá no Rio de Janeiro, Glorisabel Garrido
Thompson-Flôres, fez breve pronunciamento.
“Posso dizer que no Panamá o turista
poderá encontrar o que deseja, já que é um
país cosmopolita e de agradáveis surpresas.
Quem visita nosso país descobre coisas que
desafiam a mais prodigiosa imaginação. De
cassinos a montanhas, é possível conhecer
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
as paisagens do Atlântico e do Pacífico, a
selva, a vida noturna, a pesca submarina e,
também, o Canal do Panamá. Naturalmente, o canal ocupa um lugar proeminente na
lista dos interesses turísticos, devido à magnitude de sua obra, o que pode servir de
base para compreender a enorme expectativa quanto à sua modernização.”
Segundo a cônsul-geral, seu país oferece paisagens tão variadas quanto a sua
própria gente. “O relativo isolamento da
capital durante a era colonial contribuiu
para o fortalecimento da cultura hispânica. A região também é conhecida pelo
seu espírito festivo que atrai, a cada ano,
milhares de pessoas durante o carnaval.
Relativamente perto da capital, temos
Porto Belo, o porto mais rico entre a
Espanha e as Américas, durante os séculos XVI e XVII”.
O Panamá moderno, com mais de 70
representações bancárias, é o centro de
compras das Américas. O fato de ser o
caminho mais curto entre o Atlântico e o
Pacífico faz do país uma rota obrigatória
do comércio mundial.
“Os numerosos centros comerciais e a
Zona de Livre Comércio de Colón surgem como frutos desta importante atividade que é o comércio. O Panamá está
fazendo-se popular entre os novos imigrantes, os aposentados. O custo de vida é
razoável e menos elevado do que o dos
Estados Unidos ou o da Europa. Como
O mar cavou uma fenda na rocha no Oceano Pacífico.
resultado do esforço em investir e promover o turismo, esta atividade tem crescido muito. Em 2005, tivemos 1,76 milhão de visitantes (um aumento de 6%)
que geraram recursos expressivos para o
país, o que faz do turismo uma atividade
muito importante para a nossa economia.”
Segundo Glorisabel Garrido ThompsonFlôres, o Panamá oferece, ainda, um ambiente favorável ao investimento estrangeiro,
com segurança física, legal e financeira.
“Finalmente, não posso concluir sem
afirmar, mais uma vez, que o Panamá tem
como atrações não só a natureza, mas a nossa
gente. Nosso país tem beleza, atrativos naturais, uma diversidade física e biológica que
cativa turistas do mundo inteiro.”
Em seguida foi exibido um filme apresentando as belezas turísticas do Panamá.
Grupo Marriott
Jorge Berrio, Gerente-Geral do Grupo Marriott, iniciou seu pronunciamento definindo-se como um panamenho
aventureiro, que viaja pelo mundo há 15
anos, e que ama com paixão a sua terra.
Aproveitou para agradecer o “calor” do
Rio de Janeiro, que o acolheu nos últimos cinco anos.
“Eu represento, aqui, no Rio de Janeiro, a cadeia mais antiga da rede hoteleira, a
Marriott Hotels, com 80 anos de história.
No Brasil, ela está representada por seis
hotéis, sendo que um deles veio coroar a
A noite na capital panamenha.
Jorge Berrio
Cachoeira na região de Chiriqui.
“Princesinha do Mar”. No coração da Praia
de Copacabana, a 24 km do Aeroporto
Internacional do Galeão, e a apenas 10 minutos do Santos Dumont, encontra-se o
J.W.Marriott, um oásis de luxo.”
Em seguida, Jorge Berrio descreveu todos
os luxuosos serviços que o hotel oferece.
“Nossa especialidade é a cozinha mediterrânea, com três refeições: café da manhã, almoço e jantar.Temos, ainda, um restaurante especializado em comidas japonesas, com toques tropicais, e festivais de
sushi em cada almoço.
O representante do Grupo Marriott
finalizou sua fala agradecendo a opor-
O Panamá impressiona pela
diversidade de paisagens
entre o mar, a selva e a
montanha. Há, no país, várias
áreas protegidas e sítios
classificados pela UNESCO
como patrimônios mundiais
da humanidade
tunidade de participar do seminário.
Após seu pronunciamento, Márcio
Favilla Lucca de Paula encerrou os trabalhos do painel.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
37
ENCERRAMENTO
Turismo e integração bilateral
Ministro interino do Turismo afirma que este setor foi o quinto item
de exportação brasileiro no ano de 2005
João Augusto de Souza Lima, presidente da FCCE, convidou, para presidir a mesa da sessão solene de encerramento, o Embaixador Plenipotenciário do Panamá, Juan Bosco
Bernal. Para o pronunciamento especial, foi convidado o Ministro de
Estado, interino, doTurismo, Márcio
Favilla Lucca de Paula. Compuseram,
ainda, a mesa, o Embaixador Carlos
Bueno; a Cônsul-Geral do Panamá no
Rio de Janeiro, Glorisabel Garrido
Thompson-Flôres; o Embaixador
Frank Thompson-Flôres; a CônsulGeral da Finlândia, Diana de Macedo
Soares; o Cônsul-Geral da Espanha no
Rio de Janeiro, Rafael Fernández
Pita; o Cônsul-Geral daVenezuela no
Rio de Janeiro, Mario Guglielmelli;
o Diretor-Adjunto da Área Internacional da Construtora Norberto
Odebrecht, Gustavo Assad; o Diretor do Escritório de Advocacia
Quijano & Associados, o licenciado
Oliver Muñoz, e o Gerente Geral do
Grupo Marriott, Jorge Berrio.
árcio Favilla Lucca de Paula, Ministro de Estado, interino, do Turismo, situou as perspectivas do
setor brasileiro no cenário internacional.
M
38
Márcio Favilla Lucca de Paula ao lado de Rafael Fernández Pita.
“Segundo a Organização das Nações
Unidas – ONU, o turismo responde por
10% do PIB mundial. No Brasil, nossa
participação no PIB está em 4,5%. Tratase de uma atividade econômica que gera
empregos, renda e divisas. Quando falamos neste tema, temos que pensar sempre na vertente do lazer e na vertente de
negócios. Por isso, é com grande satisfação que o Ministério de Turismo vê a ampliação dos vôos da Copa Airlines para o
Brasil. Eu quero, também, aproveitar para
dizer que os nossos vizinhos são os nossos
principais fornecedores de turistas, e é
com alegria que vejo, aqui, amigos de ou-
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
tros países da América Latina e da Espanha,
um dos principais países no turismo mundial.”
Em seguida, o ministro passou a descrever a estrutura do Ministério do Turismo. Ele revelou, ainda, que uma das metas
do Plano Nacional de Turismo é trazer ao
país 9 milhões de visitantes estrangeiros por
ano, para que eles possam gerar US$ 8 bilhões em receita cambial.
“Nós temos avançado nessa direção. O
importante, no entanto, é dizer que nossa
participação de 1,25% no turismo internacional ainda é pequena. Nós temos um
espaço muito grande para crescer. Para
alcançar nossos objetivos, temos, nos últimos três anos, aumentado enormemente o nosso orçamento de promoção internacional.”
Segundo cálculos da OMT, para atrair
um turista que gaste US$ 100, cada país
precisa investir US$ 2 em promoção.
“Em 2005, desenvolvemos o Plano
Aquarela para incentivo ao turismo externo, no qual identificamos 18 mercados
prioritários e calculamos quanto investiríamos em cada um. Neste contexto, foi criada a Marca Brasil, de promoção do turismo brasileiro. Ela acabou sendo utilizada
por vários empresários para a exportação
de seus produtos, o que gerou um resultado muito positivo para nós.”
Márcio Favilla Lucca de Paula informou, também, que o país mostrou, nos
últimos anos, um desempenho muito expressivo no que diz respeito ao desembarque de passageiros de vôos internacionais.
“A tendência de crescimento foi retomada em 2003, 2004 e 2005 e, até junho
de 2006, considerando os últimos 12
meses, tivemos 7,5 milhões de desembarques de vôos internacionais. Neste primeiro semestre, no entanto, comparado
com o primeiro semestre do ano passado,
o crescimento foi muito pequeno: pouco
mais de 1%. Para este resultado, contribuiu o impacto da questão da Varig, que
retirou do mercado cerca de 400 mil assentos em vôos internacionais.”
No que se refere à entrada de turistas
no Brasil, seja para lazer, seja para negócios, houve um aumento recorde em 2000,
com 5,33 milhões de turistas. Dentro
desse grupo, os principais foram os argentinos, com 1,9 milhão de turistas, mas
com a crise naquele país, houve acentuada queda neste movimento, entretanto, em
2003, 2004 e 2005 ele voltou a crescer.
No ano passado, mais de 900 mil argentinos visitaram o Brasil.
“Estamos discutindo, no âmbito do
Conselho Nacional do Turismo, com a
participação da Fundação Getúlio Vargas
– FGV, e da Universidade Nacional de
Brasília – UNB, algumas possibilidades
para os próximos anos. Concluímos que,
se continuarmos a investir mais na promoção internacional, e se tivermos um
crescimento nesse orçamento
de 20% ao ano, por volta
de 2010 poderemos ter
10 milhões de turistas
estrangeiros no nosso
território, contra 5,8 milhões do ano passado. Isso
significaria, praticamente,
dobrar o número de visitantes. Existe, ainda, um
cenário mais otimista: de
alcançarmos 15 milhões já no
ano de 2010.”
Despesa e receita
O ministro explicou, ainda, que se registrou um valor muito grande com despesas de brasileiros no exterior.
“As despesas vinham caindo acentuadamente até o final da década de 90. Depois desse período, voltaram a crescer
novamente, aliás, não só as despesas (porque temos aí a combinação da valorização
do real com um crescimento da renda),
mas também as receitas aumentaram de
forma significativa. O fluxo do turismo internacional cresceu bastante do ponto de
vista cambial. De 2004 para 2005, houve
um crescimento de aproximadamente 20%
e, neste ano, no primeiro semestre, ainda
tivemos um crescimento de 17,3% nas re-
A Marca Brasil foi criada
para promover produtos
brasileiros no exterior. Ela tem
sido adotada pelos mais
diferentes exportadores de
bens e serviços brasileiros.
Sua difusão e uso constante
geraram resultados positivos.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
39
ENCERRAMENTO
ceitas em comparação com o primeiro semestre do ano passado. Quero, também,
chamar a atenção de todos para o fato de
que, só no primeiro semestre de 2006, a
entrada de dólares foi superior a qualquer
outro ano anterior a 2003.”
Esforço coletivo
Para o ministro o esforço conjunto da
Receita Federal, dos estados, dos municípios e da iniciativa privada está trazendo
resultados muito expressivos, e acredita
que novos patamares poderão ser atingidos. Segundo ele, dentro de alguns anos,
estes números já serão considerados pequenos.
“Quero destacar que em 2004 tivemos
um número de europeus superior ao de
sul-americanos, e isso se repetiu em 2005.
O primeiro país emissor de turistas para o
Brasil é a Argentina, seguida pelos Estados
Unidos. Depois vêm Portugal e Uruguai.
Em quinto lugar fica a Alemanha. O gasto
médio de viagem dos turistas tem crescido
substancialmente. No ano 2000 foi de US$
341 e, no ano passado, foi de US$ 721. Isto
significa que, em cinco anos, conseguimos
dobrar o gasto médio nas viagens para o
Brasil. Neste mesmo estudo de cenários
que o Conselho Nacional de Turismo realizou, ficou claro que poderíamos vir a receber de 9 a 17 milhões de visitantes por ano
em 2010, que vão deixar aqui, no mínimo,
US$ 10 bilhões.”
Pesquisa
Um estudo feito pela Universidade de
São Paulo – USP sobre o perfil do turista
estrangeiro entrevistou mais de 32 mil
pessoas nos portões de saída do Brasil e
dividiu as viagens em várias categorias:
lazer, negócios, eventos e congressos e
outros motivos. O lazer responde por
44,4% dos objetivos de viagem. Dois terços destes turistas têm graduação e pósgraduação e idade entre 25 e 50 anos.
Entre os que vieram para negócios, congressos e eventos, 86% têm curso superior e pós-graduação. Quase 80% têm idade
entre 25 e 50 anos e uma renda individual
média de US$ 4,5 mil por mês. Entre os
que vieram por outros motivos, sobretudo para visitar amigos e parentes, 55% têm
40
curso superior e pós-graduação. Dois terços estão entre 25 e 50 anos e têm uma
renda média de quase US$ 3 mil.
“No conjunto, a média ponderada da
renda do turista que visita o Brasil, por qualquer motivo, é de US$ 3,2 mil. Durante
todo o ano de 2005, o turismo foi o quinto
item da nossa pauta de exportações.”
“
A Argentina é o país
que mais manda turistas
ao Brasil. Depois vêm
Estados Unidos, Portugal,
Uruguai e Alemanha
M Á R C I O F AV I L L A L U C C A
”
DE
P AU L A I
“Em primeiro lugar, esteve o minério
de ferro, item do qual o Brasil é o primeiro produtor e o primeiro exportador do
mundo. O segundo lugar ficou com a soja,
da qual nosso país é o primeiro produtor
mundial e o segundo exportador. O petróleo bruto está em terceiro lugar. Em
quarto ficam os carros, e, finalmente, em
quinto lugar, o turismo. O Brasil é o 28o
do mundo em termos de receita cambial
com o turismo.”
“O importante é continuarmos nesta
trajetória de crescimento para que o turismo possa ser um dos dois principais
itens da nossa balança de pagamentos.
Creio que este é um indicativo muito importante do potencial que temos.”
Em seguida, Márcio Favilla Lucca de
Paula passou a discorrer sobre vários motivos de viagens. Segundo ele, é preciso dar
mais atenção ao chamado turismo de saúde, que leva muitas pessoas de um país a
outro para realizar tratamentos e operações.
“Muitas nações já se organizaram bem
nesta área, e creio que temos uma grande
potencialidade para explorar a medicina e
a odontologia. Uma outra área é a educacional. Recebemos, no ano passado, 70 mil
estudantes de todos os níveis. Nesse sentido, o Rio de Janeiro tem uma posição de
destaque pelo número e qualidade de suas
entidades educacionais, seja do setor público, seja do setor privado.”
Como conclusão, Márcio Favilla Lucca
de Paula informou que, com base em dados
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
do Ministério do Trabalho e também da
UNB, para cada emprego formal no turismo, são gerados dois empregos informais.
“Os 263 mil novos empregos com carteira assinada criados em três anos, na verdade geraram 798 mil postos de trabalho.
Essa é uma característica importante do
turismo e vale muito a pena investir nessa
atividade.”
Agradecimentos
Após o pronunciamento do Ministro
de Estado, interino, do Turismo, o presidente da sessão de encerramento, Embaixador Juan Bosco Bernal, passou aos agradecimentos finais. Ele mencionou a presença significativa de público no seminário e os esforços de todos os seus participantes no sentido de produzir um trabalho que privilegiasse o estreitamento de
laços entre brasileiros e panamenhos..
“Em primeiro lugar, não pairam dúvidas
sobre a capacidade produtiva de serviços do
Rio de Janeiro e do Brasil. Pudemos, também, promover um maior conhecimento
sobre o Panamá, que ocupa uma posição
geográfica estratégica e pode servir aos interesses da projeção comercial do Brasil. Vimos o Panamá como um centro logístico
para recrutamento e redistribuição de bens
e serviços de empresas do Brasil. Meu país é
atraente para os investimentos de brasileiros
em diversos aspectos, e encontramos possibilidades para realizar grandes parcerias com
empresas nacionais. Existe uma coincidência de posições, pois o Panamá é um bom
cenário para investimentos, por causa de sua
grande estabilidade política, pela segurança
do cidadão e pela segurança jurídica e dos
recursos alocados nele. Neste sentido, conseguimos, nesta tarde dedicada à integração
de nossos países, uma fórmula fundamental
para o progresso.A integração é a única saída
para o sucesso frente aos desafios da
globalização econômica. Para seu melhor
funcionamento, é preciso criar novos mecanismos de negócios e um clima de confiança que favoreçam nossa aproximação,
como fizemos hoje.”
O embaixador terminou sua intervenção, desejando que todos os presentes
possam amar o Panamá como os panamenhos o amam.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
41
TURISMO
Panamá, portal do Caribe
Visitantes se deslumbram com um dos países mais lindos das Américas
Área turística de Bocas Del Toro,
na divisa com a Costa Rica, no
Norte do Panamá
42
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
Segundo o Financial Times, o Panamá é
o país em que os americanos estão preferindo gozar suas aposentadorias. A razão
dessa preferência costuma ser creditada à
proximidade geográfica, às históricas ligações com os Estados Unidos (a abertura
do canal foi, também, obra dos americanos, que o administraram até 1999) e ao
fato de que fica fácil comprar, vender e
administrar as finanças, pois o dólar circula nos dois países. Pode ser, também,
apontado o boom imobiliário panamenho,
que facilita o aluguel ou a aquisição de
imóveis para morar ou veranear. A segurança do país, que desde 1989 nem dispõe de Forças Armadas, também é um
atrativo.
De qualquer modo, ninguém escolhe
o seu local de retiro levando em conta
somente condições econômico-sociais,
tabelas de câmbio ou índices de crescimento da construção civil. O Panamá tem
sido um destino atraente para aposentadoria ou turismo porque oferece sol permanente, praias, paraísos ecológicos e belezas naturais. Oferece, também, além de
jogo liberado, compras sem impostos, arquitetura colonial espanhola e arranhacéus pós-modernos.
Encantos locais
O Panamá é um istmo situado no ponto mais estreito das Américas, mais ou
menos eqüidistante dos pólos, quase no
meio do continente. Tem 77.082 km² e
mais de 3 milhões de habitantes. Os espanhóis chegaram à região em 1501 e, até
1903, o país esteve unido à Colômbia, de
quem se libertou com a ajuda dos americanos, interessados em construir o canal.
O país recebe muito bem os visitantes e
a viagem pode começar por uma breve vi-
sita às ruínas da Cidade de Panamá Viejo,
nas proximidades do Aeroporto de Paitilla.
Bem perto fica a atual capital, que também
se chama Cidade do Panamá e está situada
na costa do Oceano Pacífico. Panamá Viejo
foi saqueada e destruída pelo corsário
Henry Morgan, em 1671. Na capital, é preciso visitar o chamado Casco Viejo, a parte
mais antiga da cidade, onde estão a catedral,
o palácio do governo, a Praça Bolívar e o
antigo presídio de Bovedas, hoje transformado numa sucessão de galerias de arte. É
aí que se pode apreciar construções coloniais espanholas pintadas em cores pastéis
e com sacadas que exibem elaboradas grades de ferro batido.
O jogo é liberado e é possível divertirse com pouco dinheiro, pois há máquinas
caça-níqueis que aceitam apostas a partir
de US$ 0,05. Os cassinos apresentam
música ao vivo e oferecem refrigerantes e
cerveja grátis para os jogadores.
Comprar é outro divertimento prazeroso. Aceitam-se todos os cartões de crédito, cultivam-se pechinchas e os turistas não
pagam impostos pelas suas compras. O principal centro de consumo é o Paseo Central,
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
43
TURISMO
um calçadão onde se encontram aparelhos
eletrônicos, roupas, sapatos e acessórios simples e de griffes, tecidos, cosméticos e lojas
das multinacionais de fast food.
Visitando o canal
Um bom programa é conhecer o canal,
uma expressiva obra de engenharia. Para
construí-lo, entre 1908 e 1914, Panamá e
Estados Unidos assinaram o Tratado de HayBunau-Varilla, que deu aos americanos o
controle perpétuo do canal. Em 1974, eles
renunciaram a essa soberania perpétua e, em
1977, prometeram devolvê-lo aos panamenhos, o que ocorreu em 31 de dezembro de
1999. Até então, a área do canal e suas margens eram território americano e a presença
deles conferiu ao Panamá peculiaridades culturais como, por exemplo, o emprego corrente da língua inglesa nas maiores cidades.
O país, aliás, é hoje considerado o mais internacionalizado da América Latina.
O Canal do Panamá mede 80 km de
comprimento e transporta navios de um
oceano ao outro. Entre o Pacífico e o Atlântico há uma diferença de altura de 26
metros e para superá-la os navios são elevados ou baixados em três grandes eclusas. Verdadeiros “elevadores”, que movimentam cerca de 52 milhões de galões de
água doce, pois parte do canal foi traçada
através das águas de um lago.
Um navio costuma demorar entre oito
e dez horas para cruzar todo o canal e a
44
Índios embera mostram suas
danças aos visitantes no
Parque Nacional de Darien.
As praias de Bastimentos
(centro) estão entre as mais
procuradas do Caribe. O
Arquipélago de San Blas (à
direita) tem 365 ilhas e
lindos cenários naturais.
travessia custa, em média, cerca de US$
42 mil por embarcação. Há navios de turismo que demoram um dia inteiro para
atravessá-lo, ao preço de US$ 100. Um
passeio de meio dia custa a metade e, para
quem quiser dar uma olhada, é só pegar,
ao preço de US$ 1, um ônibus, com arrefrigerado, que passe por Miraflores – a
última eclusa antes do Pacífico – e assistir
ao espetáculo de um mirante. Atualmente, o povo panamenho prepara-se para, em
referendo, aprovar, ou não, a ampliação
do canal. A votação ocorrerá em outubro
de 2006 e os prognósticos são de que a
ampliação será aprovada.
O Caribe paradisíaco
É na costa atlântica, voltada para o Mar
do Caribe, que estão situados os mais belos
sítios naturais e a melhor infra-estrutura
turística. A Costa do Pacífico, onde situa-se
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
a capital, tem praias que sofrem com os
efeitos das marés e não são muito boas para
o banho de mar, embora suas águas revoltas façam a alegria dos surfistas.
Uma visita aos paraísos naturais da costa
caribenha, de águas azuis, areias brancas e
bancos de corais, começa por El Darién,
província ao Sul do país, próxima à fronteira com a Colômbia. Fica ali o arquipélago
de San Blás, com 365 ilhas, onde vivem os
índios Cunas. No arquipélago e na costa é
possível alugar, a bons preços, cabanas rústicas, sem telefones e sem eletricidade, ideais para quem quer desligar-se do mundo.
Elas convivem com a presença, mais ao
Norte, nas regiões de Colón e Bocas Del
Toro, de resorts e hotéis de categoria internacional. Porto Bello, Isla Grande (a pouco mais de 50 km da capital), Miramar e
Bastimentos são os pontos mais procurados nas praias do Caribe, de águas mornas e
transparentes, paraíso dos mergulhadores,
cruzeiros e esportes aquáticos.
O Panamá pôs à disposição dos visitantes a infra-estrutura que herdou dos 85
anos de presença americana no país e transformou vilas militares em hotéis. É o caso
da antiga Escola das Américas, que, hoje,
abriga o Meliá de Colón. O mesmo acontece no Hotel Gamboa Rain Forest, situado no Parque Nacional de Soberania, com
5.500 hectares: em meio à floresta tropical. Ali, os turistas podem assistir a demonstrações de rituais de tribos indígenas.
TURISMO
“Em 2010, o turismo deverá ser
um dos principais itens de
exportação do Brasil”
Ministro interino do Turismo aponta potencial do setor e diz que
ao viajar a pessoa quer levar de volta para casa uma experiência
única e inesquecível
Para o Ministro interino do Turismo, Márcio Favilla Lucca de Paula,
as viagens vão alavancar cada vez mais
a economia do Brasil. Nesta entrevista, fala de gastronomia, economia
e do desejo de ser feliz conhecendo
outras terras e outras gentes.
De que forma o turismo se destaca
dentro da política de comércio exterior do Brasil?
MFLP – No ano passado, a atividade turística tornou-se o quinto item da nossa pauta
de exportações, ao registrar, segundo o
Banco Central, um volume de divisas de
US$ 3,9 bilhões. Trata-se de uma grande
força econômica global. A Organização
Mundial de Turismo informa que 10% do
Produto Interno Bruto – PIB da economia
mundial estão vinculados a esse setor. Um
em cada nove empregos gerados no mundo também está relacionado a ele. Temos
tido, nos últimos anos, um grande crescimento da geração de renda nesta área.
Em apenas três anos, ou seja, de 2002 a
2005, houve um acréscimo de 93%, em
dólares, gerados pelo turismo no Brasil. No
primeiro semestre deste ano, em comparação com o do ano passado, tivemos um
crescimento de 17% desta atividade.A nossa
expectativa é de que, com o esforço continuado na promoção internacional, realizado pelo Governo Federal em articulação e
parceria com estados, municípios e o setor
privado brasileiro, a geração de divisas continue crescendo de forma bastante rápida.
Em torno de 2010, poderemos atingir US$
10 bilhões de divisas geradas pelo turismo,
tornando esta atividade um dos principais
itens da nossa pauta de exportações.
“
Em 2005, o turismo foi
o quinto item da nossa pauta
de exportação e
gerou US$ 3,9 bilhões
M Á R C I O F AV I L L A L U C C A
DE
”
P AU L A N
O Ministério do Turismo tem uma
política específica para a América
Central e para o Panamá?
MFLP – Temos trabalhado com os principais mercados emissores de turistas
para o Brasil. Não temos uma política
específica para os países centro-americanos e para o Panamá. O Panamá, no
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
45
TURISMO
entanto, – pela sua posição geográfica,
por ser a sede da Copa Airlines, e pelo
fato de o aeroporto da cidade do Panamá ser o hub das Américas — ganha bastante importância. Para os viajantes que
atravessam a América Central, e, também, para os americanos, passar pelo
Panamá é uma alternativa muito viável e
interessante.
A Copa Airlines mantém vôos do Panamá para São Paulo e Manaus e, dentro
de algum tempo, oferecerá vôs para o Rio
de Janeiro. O Panamá tem ganhado importância na nossa estratégia de atração de
“
O setor gera empregos tanto
para pessoas pouco qualificadas
quanto para profissionais
altamente especializados
M Á R C I O F AV I L L A L U C C A
DE
”
P AU L A N
turistas estrangeiros para o Brasil e de geração de divisas para o país.
O que podemos oferecer aos panamenhos, na medida em que o Brasil
tem uma natureza tropical que eles
também têm?
MFLP – Nossa natureza está disponível
não somente para os panamenhos, mas
para todos os visitantes estrangeiros. Além
disso, o Panamá coloca-se como um país
com experiência em logística, pois ele tem
um porto na Zona de Colón que é muito
importante como local de recebimento
ou reexportação e distribuição de produtos. O vôo Panamá-Manaus é, pois, significativo para nós, não somente por causa
do turismo, mas também porque liga a
Amazônia a esse centro de distribuição, e
passa a ser uma alternativa interessante para
“O intercâmbio comercial
desperta a curiosidade pelo
conhecimento do país”
Nilo Sérgio Felix
Subsecretário de Turismo do Estado do Rio de Janeiro, Nilo Sérgio Felix, trouxe ao Seminário
Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Panamá números e dados
sobre o setor no Brasil e no Rio de Janeiro e falou da importância desta atividade
para os negócios internacionais.
“O estado e a cidade do Rio de Janeiro são os que mais recebem turistas no
O
46
Brasil, não só vindos do exterior, mas
também das diferentes regiões brasileiras. Nosso interesse principal é divulgar
e promover o território fluminense para
que receba ainda mais visitantes. Esse é o
objetivo principal da Secretaria de Turismo.”
O subsecretário se disse satisfeito com
o aumento da importância do intercâmbio Brasil-Panamá. Segundo ele, atestam
este fato o número de vôos Brasil-Panamá e a venda de novos modelos de aeronaves da Embraer para os panamenhos.
“Todo esse trabalho de intercâmbio,
que pode ser observado com a realização
deste seminário pela FCCE, e na aproximação do Brasil com o Panamá, por meio
da nova rota de aviação trazida pela Copa
Airlines, tende a incrementar a atividade
turística. Num futuro próximo, prevemos
o aumento do número de turistas de toda
a América Latina em direção ao Rio de
Janeiro. Nós, da Secretaria de Turismo, trabalhamos para receber bem estes visitantes. A nossa missão é trazer turistas para
cá. Temos que divulgar e promover o nosso destino frente ao mercado, e o intercâmbio comercial é muito importante,
pois ele desperta a curiosidade pelo conhecimento do país.”
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
Paraty: a preferida de franceses e ingleses.
Segundo Nilo Sérgio Felix, o Brasil recebeu, em 2005, 5,3 milhões de turistas estrangeiros e o Rio de Janeiro foi a cidade mais
visitada, recebendo 37% dessa demanda.
“Outro ponto interessante é que duas
cidades do Estado do Rio estão entre as
dez mais visitadas pelo mercado turístico
internacional: Rio de Janeiro, em primeiro, e Búzios, em sétimo lugar. Podemos
destacar, ainda, a cidade histórica de Paraty,
a décima oitava cidade brasileira que mais
recebe turistas estrangeiros, e a quinta cidade que mais recebe ingleses e franceses. Localiza-se a uma hora e meia da capital, temos regiões maravilhosas como a
Costa Verde, a Costa do Sol, a Região Serrana, a Região do Vale do Paraíba e a do
Ciclo do Café. O estado se completa.”
as exportações advindas do Pólo Industrial de Manaus.
O turismo, chamado por alguns setores de indústria verde, porque
gera empregos sem criar poluição,
é visto, como uma atividade que
pode impactar a cultura regional.
O que em sua origem prometem
uma elevada oferta de emprego
local e depois não conseguem
realizá-la. Como o senhor vê essa
possibilidade de o turismo não ser
tão positivo como se diz?
Búzios é a sétima cidade mais procurada.
Os números citados são expressivos,
mas Nilo Sérgio Felix ainda não se declara
satisfeito, pois acha que o Rio de Janeiro
pode receber muito mais. “Estamos trabalhando neste sentido, participando de
feiras e eventos. A secretaria promove um
workshop internacional chamado ‘O Rio é
de vocês’, cujo público alvo é o agente de
viagem das localidades estrangeiras. Colocamos nosso produto na prateleira do
agente de viagem para que ele possa divulgar, vender e trazer o turista estrangeiro. Com isso, estreitamos as relações comerciais, melhoramos a receita, diminuímos as divergências socias, estimulamos a
renda e o trabalho. A indústria dos negócios e dos serviços está cada vez mais presente em toda a economia do país”.
MFLP – Como toda intervenção humana, o turismo está sujeito a problemas.
Afirmar que ele é uma indústria não
poluente, sem chaminés, não é muito adequado, porque se o destino turístico não
for bem administrado, pode provocar um
impacto ambiental tão danoso como o de
uma indústria mal resolvida ambientalmente.
Existem, vários exemplos bem resolvidos. Trata-se dos locais em que o
turismo gera benefícios para a população local. Há até um número maior de
casos desses do que o contrário. Um
exemplo é a região de Bonito, em Mato
Grosso do Sul, onde há uma situação
excepcional, mas é delicada do ponto
de vista ambiental. Foi feita, então, uma
definição da carga, quer dizer, do número de pessoas que podem visitar os
balneários e em que condições fazê-lo.
Desta forma, o turismo e a preservação
ecológica de Bonito tendem a perdurar
por muito tempo.
A distribuição da renda gerada
em Bonito é bem equacionada: o
dono do atrativo (que investiu
para montá-lo) fica com uma parte significativa, a prefeitura fica
com outra, os guias turísticos locais com outra. Ou seja, o turismo
é bem realizado também como
negócio.
MFLP – Isso mesmo. O setor gera empregos em todos os níveis de remuneração. Ele beneficia desde pessoas com baixo nível de qualificação até profissionais
altamente qualificados. Ou seja, desde carregadores de mala ou camareiras dos hotéis, até o gerente-geral de uma cadeia hoteleira ou de uma empresa aérea.
De acordo com dados do Ministério
do Trabalho, de 2003 a 2005, esta atividade gerou cerca de 798 mil empregos
formais e informais. Esse é um total bastante expressivo. Esse ano, temos a meta
de geração de 300 mil empregos e ocupações (quer dizer, postos de trabalho
formais e informais) e poderemos chegar a índices bastante satisfatórios. O setor tem um potencial de empregos e
ocupações muito elevado em todas as
partes do país e em todos os níveis de
remuneração
“
Se o destino turístico
não for bem administrado,
pode provocar um impacto
ambiental muito grande
M Á R C I O F AV I L L A L U C C A
DE
”
P AU L A N
Agora vamos tratar de outro aspecto. A pessoa que viaja busca uma cor
local. Quanto mais globalizada se
torna a atividade, mais esta cor local pode se perder. É o caso do viajante que vai para o interior de Minas, querendo comer frango com
quiabo, e, lá, lhe oferecem camarões
da Malásia. Como o senhor vê esta
situação?
MFLP – Eu vejo da seguinte forma: os
empresários desta área já perceberam
que o turista quer ver a cultura local.
Para ter, pois, sustentabilidade, o turismo tem de valorizar a diversidade cultural. Mesmo quem viaja para um descanso de sol e praia, quer, cada vez mais,
conhecer a cultura local, os monumentos, as festas típicas. O visitante quer ter
a certeza de que, estando em Minas
Gerais, vai encontrar o frango com quiabo e o pão de queijo; ao chegar ao Pará
ou à Bahia, vai querer provar a gastronomia do Norte e do Nordeste. Quem
trabalha com turismo tem isso cada vez
mais claro e acha importante oferecer o
colorido local, o gosto típico e a experiência regional. Ao viajar, a pessoa quer
ser feliz e, ao ir embora, quer levar para
casa uma experiência única e ter histórias para contar. Aquilo que vai contar
para seus amigos e familiares ao voltar
é que vai dar o colorido daquela viagem e torná-la inesquecível. O nosso
objetivo é que todo turista, ao deixar o
Brasil, ou todo brasileiro que visitar
uma outra parte do seu país, ao voltar
goste tanto daquela viagem que coloque uma fotografia emoldurada na sala
de sua casa. O dia em que fizer isto, ele
estará achando que a experiência foi
magnífica, única.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
47
TURISMO
Hotelaria
Negócio de luxo e qualidade
Grupo americano busca novas oportunidades de negócios no Brasil
SpringHill Suites e Bvlgari. Além disso, desenvolve e opera resorts de férias das bandeiras
Marriott Vacation Club, Horizons, The RitzCarlton Club e Marriott Grand Residence
Club. Opera, ainda, a Marriott Executive
Apartments e oferece moradia corporativa
mobiliada por meio de sua divisão ExecuStay
by Marriott, além de operar centros de conferências em vários países. A companhia está
sediada em Washington D.C. e tem aproximadamente 133 mil funcionários.
No Brasil
No coração da Praia de Copacabana, destaca-se o prédio do JW Marriott Hotel Rio de Janeiro.
omo ele próprio costuma dizer
com um sorriso, Jorge Berrio é
um panamenho aventureiro. Em
suas andanças profissionais, já atuou
como gerente geral no Renaissance Jaraguá
Hotel & Casino, na República Dominicana,
e no Guatemala City Marriott, na Guatemala.
Trabalhou também como gerente de eventos, diretor de banquetes e eventos, diretor
de restaurantes, diretor de marketing e diretor de alimentos & bebidas do Hotel
Marriott, no Panamá. Além disso, foi diretor
de alimentos & bebidas e, posteriormente,
gerente residente do Marriott Casa Magna
Cancun Hotel, no México.
Atualmente, é gerente geral do JW
Marriott Hotel Rio de Janeiro, um esta-
C
48
belecimento que já se incorporou harmoniosamente à beleza da praia de Copacabana. Em entrevista a revista da FCCE,
contou um pouco da experiência do grupo hoteleiro no Brasil.
Tradição
A cadeia Marriott nasceu em Washington, em 1927, quando Willard e Allice S.
Marriott abriram o primeiro hotel do grupo
– hoje, uma das maiores redes hoteleiras
mundiais. Atualmente, a empresa administra cerca de três mil hotéis, em 67 países.
A Marriott International opera e franqueia
hotéis sob as bandeiras Marriott, JW Marriott,
The Ritz-Carlton, Renaissance, Residence Inn,
Courtyard, Towne Place Suites, Fairfield Inn,
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
A Marriott International iniciou suas operações no Brasil com a inauguração do
Renaissance São Paulo Hotel, com 445 apartamentos, em 5 de março de 1997. Atualmente, a cadeia se faz presente, no país, com
seis hotéis, que oferecem um total de 1.613
apartamentos em quatro bandeiras distintas:
JW Marriott; Marriott Hotels; Renaissance; e Marriott Executive Apartments.
Na categoria luxo: JW Marriott Hotel
Rio de Janeiro; Marriott Hotels, Resorts
& Suítes; e Renaissance Hotels, Resorts
& Suítes. Na categoria qualidade: Renaissance São Paulo Hotel; Marriott Airport
Hotel São Paulo; Costa do Sauípe
Marriott Resort & Spa; e Renaissance
Costa do Sauípe Resort. Na categoria estada prolongada: Marriott Executive
Apartments São Paulo.
Segundo Jorge Berrio, o Brasile a América Latina, constitnuem-se em um mercado muito importante para o grupo
Marriott.
“A rede acreditou na potencialidade do
país e tem a visão de um crescimento contínuo por aqui, como já vem acontecendo.
Nosso primeiro hotel brasileiro foi inaugurado em 1997 e, hoje, já temos seis propriedades no país, com bandeiras distintas.”
Jorge Berrio explica, ainda, que, em matéria de qualidade do serviço oferecido aos
visitantes, os hotéis da rede não costumam
O panamenho gosta muito de viver em
vários países e, por isto, afirma não ver diferenças entre atuar no Brasil e no Panamá.
“O negócio é o mesmo e a forma de
gerenciar um hotel no Brasil ou no Panamá é muito semelhante. Isso se deve, principalmente, às características humanas desses dois países, bem como de toda a América Latina. Temos todos a mesma raiz. A
equipe de desenvolvimento da Marriott,
baseada em Washington D.C., busca constantemente novas oportunidades de ne-
gócios no Brasil. O objetivo estratégico
da companhia é estar representada nas
principais cidades da região, centros comerciais e destinos de resorts.”
O JW Marriott Hotel do Rio de
Janeiro tem interiores
confortáveis e bem decorados
e uma piscina que encanta os
visitantes.
“
A Rede acreditou
na potencialidade do país
e tem a visão de um crescimento
contínuo por aqui,
como já vem acontecendo
JORGE BERRION
”
fazer distinção entre público interno ou
externo, mas, de modo geral, no Brasil os
hóspedes estrangeiros têm sido uma presença mais expressiva.
“Entre nossos hóspedes, cerca de 70%
têm procedência estrangeira, vindo, sobretudo, dos Estados Unidos (60%) e Europa
(25%). Vale acrescentar, ainda, que o JW
Marriott Rio de Janeiro é um estabelecimento com perfil corporativo, pois 60%
dos hóspedes são da área de negócios, 25%
são grupos e 15% são hóspedes de lazer.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
49
INTERCÂMBIO
“Desejamos estabelecer muitas
parcerias com os brasileiros”
Gloria de la Espriella, Diretora Geral de Promoção de Investimentos
do Ministério de Comércio e Indústrias do Panamá, mostrou-se empenhada, em sua primeira visita ao Brasil, em obter investimentos brasileiros na área energética do seu país.
Em troca, quer fazer da Zona de Livre Comércio de Colón, um centro
mundial de distribuição de produtos brasileiros.
Como avalia sua primeira visita ao
Brasil?
GE – Estou encantada. O Brasil é sumamente importante para o Panamá, e estar
aqui é um prazer para mim.
Quais são as suas expectativas em
relação a este seminário?
GE – Primeiramente, que se conheçam
melhor as oportunidades de investimento
oferecidas pelo Panamá. Essas oportunidades, é claro, estão abertas ao Brasil, que
para nós, como já disse, é um país muito
importante e com o qual desejamos estabelecer parcerias, no campo energético, no
campo portuário, no campo da Zona de
Livre Comércio de Colón, e outros. Temos
muito interesse na participação mais intensa dos brasileiros em nosso país.
Em sua opinião, que produtos brasileiros podem ser objeto de incremento do nosso comércio com o Panamá?
GE – Mais do que produtos específicos,
eu diria que nos interessam o conheci50
Segundo Gloria de la Espriella, o Panamá está interessado na experiência energética brasileira.
mento e a experiência que possuem os
brasileiros no campo energético. Por
exemplo, posso citar, na área do petróleo,
todo o know-how adquirido pela Petrobras,
além de toda a experiência brasileira no
trato com o etanol e com o biocombustível. São setores que estamos continuamente explorando no Panamá e para
os quais, acredito, o Brasil poderá contribuir, ajudando o desenvolvimento de nossa indústria energética.
Em contrapartida, que pode o Panamá oferecer ao comércio exterior brasileiro?
GE – O que o Panamá pode oferecer ao
Brasil, graças a seu posicionamento geográfico estratégico, é a possibilidade de
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
tornar-se um centro de distribuição mundial de produtos brasileiros. Para isso, os
dois governos estão em processo de firmar um acordo para transformar a Zona
Livre de Colón em um centro que atenda
a esse objetivo. Esse centro pretende reproduzir, para os produtos brasileiros, o
que já ocorre em outras latitudes, como,
por exemplo, em Miami.
Apesar de suas dimensões continentais, o Brasil faz limite apenas com o
Oceano Atlântico. No Panamá, que é
banhado pelo Atlântico e pelo Pacífico, existem diferenças entre os habitantes e as cidades das duas costas?
GE – Não, não existem marcantes diferenças culturais, pois o país é muito pe-
queno e, em menos de uma hora pode-se
ir de um oceano ao outro. O que posso
dizer é que o litoral atlântico é bastante
marcado pela influência do Caribe, e que
o Panamá, em geral, em toda a sua pequena extensão, é um país que acolheu etnias
e culturas de várias partes do mundo, o
que o torna multicultural. Nossa população conta com descendentes dos indígenas locais, dos antilhanos, dos colonizadores espanhóis, de chineses, todos em
perfeita convivência.
Durante a realização dos painéis,
um dado estatístico fornecido pelos próprios panamenhos informou que, apesar de o país constituir-se em um centro do comércio
e da navegação mundiais, ainda
existem 37% da população na faixa de pobreza. Lá, como aqui, é
grande a concentração de renda?
Que tem sido feito para atenuar
esse problema?
GE – Essas cifras têm variado e acredito
que esse dado não está atualizado. O problema é uma conseqüência de pertencermos ao chamado Terceiro Mundo, mas
posso lhe garantir que tem diminuído bastante a pobreza extrema no Panamá, que
cada vez mais pessoas têm tido acesso ao
mundo do trabalho e que esta questão não
é tão grave como parece. Além de nossos
próprios programas de incentivo à criação de empregos, contamos com os investimentos estrangeiros que têm resultado na abertura crescente de frentes de
trabalho para a população do país.
Um tema mencionado neste seminário foi o do alargamento do Canal do Panamá, que será objeto de
consulta à população do país. Levando-se em conta a necessidade
de possibilitar a passagem de navios de maior calado – hoje impossibilitados de atravessá-lo – e considerando as vantagens econômicas
dessa ampliação, é difícil imaginar
quem é que poderá se posicionar
contra a medida e sob que argumentos. Baseada em que pressupostos parte da população é con-
tra esse alargamento? Essa oposição
é muito representativa?
GE – A pergunta é muito interessante. Esse
referendo é uma imposição constitucional, e estamos, portanto, obrigados a fazêlo. Acredito que não haja nenhuma razão
de ordem técnica para que alguém se oponha ao alargamento do canal. Trata-se, basicamente, de uma atitude política, motivada ou por uma visão curta e logística, ou
por interesses particulares. Os opositores
não perceberam, ainda, que a ampliação
não é um projeto político desse ou daquele governo, mas uma medida vital, que
vai possibilitar ao Panamá posicionar-se
positivamente em relação a sua sobrevivência no futuro. Espero que vençam os
que acreditam nesse futuro.
Quando, no Brasil, menciona-se o
Panamá, além do canal, pensa-se,
também, na intensa presença do país
na navegação comercial. Essa per-
manência da bandeira panamenha
em navios do mundo inteiro ainda
é uma prática em pleno uso no país?
GE – O embandeiramento de navios, no
Panamá, vem crescendo continuamente,
e somos o país que mais cultiva essa prática em todo o mundo. É uma fonte de renda e um procedimento comercial que foi
sempre incentivado pelos diferentes governos panamenhos.
Que mensagem final sobre o Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Panamá a
senhora gostaria de deixar para os
leitores de nossa revista?
GE – Gostaria de expressar minha satisfação em participar deste encontro que, com
certeza, reforçará nossos laços de amizade e cooperação, e de reforçar o convite
aos empresários e homens de negócios
deste grande país para que invistam no
Panamá. Muito obrigada.
Muitas vantagens para novos
investimentos no Panamá
Diretor do Quijano & Associados, do Panamá, alinha as possibilidades de
investimento naquele país e comenta a participação da bandeira
panamenha na marinha mercante mundial
spero que este seminário possa
mostrar à sociedade do Rio de Janeiro e às empresas brasileiras as vantagens de investir no Panamá, que oferece
grande variedade de aspectos e de áreas,
relativos a importantes projetos que estão
sendo levados a cabo no país. Menciono,
por exemplo, iniciativas como a ampliação do canal, além de projetos imobiliários e de irrigação, dos quais poderão participar empresas brasileiras de amplo reconhecimento e competência, como a
Odebrecht, que já está investindo no território panamenho, e como a Andrade
Gutierrez, que possui um enorme potencial para participar de nossos futuros empreendimentos.”
A opinião é de Oliver Muñoz, Diretor
do Escritório de Advocacia Quijano & As-
“E
sociados, do Panamá. Ao participar do Seminário Bilateral de Comércio Exterior e
Investimentos Brasil-Panamá, ele nos
concedeu esta entrevista na qual falou livremente sobre diversos assuntos referentes ao seu país.
Bandeira
Um dos temas abordados por Oliver
Muñoz foi a participação da bandeira panamenha na marinha mercante mundial,
uma prática muito difundida na cultura comercial local.
“O Panamá é, hoje, o país que lidera
mundialmente a marinha mercante, em
termos de embandeiramento. Temos, historicamente, uma política muito aberta de
registro de navios e de cargueiros de nações do mundo inteiro, sob nossa bandei-
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
51
INTERCÂMBIO
exemplo, temos uma estabilidade muito
importante; do ponto de vista jurídico, os
investidores sentem-se cada vez mais atraídos e seguros em relação ao país; e, do ponto de vista econômico, o Panamá desenvolve, cada dia mais, seu potencial de crescimento.”
Escritório
Oliver Muñoz garante que o sistema jurídico do Panamá oferece segurança aos investidores.
ra. Desde há muito tempo, quando se
criou essa política, estabeleceu-se, também, a outorga de recursos adequados à
diretoria de marinha mercante por parte
do nosso governo, para poder proporcionar segurança e confiança às empresas que,
confiando, registram seus navios no Panamá. O Panamá oferece tarifas muito
baixas para o registro de naves, e as empresas costumam aproveitar-se disso. O
Panamá, por sua vez, tem que mostrar e
garantir ao mundo que é capaz de exercer
uma supervisão dequada dos cargueiros
que navegam sob a sua bandeira, e esse
trabalho é realizado, na medida do possível, graças aos recursos disponibilizados
anualmente pelo governo. Nossas autoridades têm plena consciência do quanto
essa área de negócios é importante para o
país, e que sua imagem não pode ser afetada ou arranhada por falta de uma supervisão adequada dos navios que portam sua
bandeira.”
Noriega
Sobre a estabilidade do país, um dos
fatos a chamar a atenção do mundo foi o
episódio da deposição do General Manoel
Antonio Noriega, o homem forte local.
Antigo aliado dos americanos, ele foi deposto no fim dos anos 80, quando forças
dos Estados Unidos invadiram o país. Le52
vado para território americano, foi julgado
e condenado a 40 anos de prisão por tráfico de drogas, em 1992. Alguns anos depois, sua pena foi diminuída para 30 anos.
Segundo Oliver Muñoz, os panamenhos viveram sob uma prolongada ditadura, cujo desenlace ocorreu quando da
invasão americana.
“
O Panamá oferece tarifas
econômicas para registrar
navios e deve supervisionar
os barcos que navegam
com a sua bandeira
OLIVER MUÑOZI
”
“Essa invasão foi realizada com o propósito de prender o General Noriega, extraditá-lo e submetê-lo a julgamento nos Estados Unidos, por delitos relacionados à
corrupção internacional e ao narcotráfico.
Ele foi julgado e condenado segundo as leis
americanas e, atualmente, cumpre pena em
Miami. O episódio, na época, foi muito forte, muito traumático, pois os panamenhos
não aprovaram a invasão americana. Apesar
disso, o fato deste episódio não constar mais
da pauta de preocupações cotidianas do
nosso povo tem sido um fator que facilita e
propicia o desenvolvimento cada vez maior do país. Do ponto de vista político, por
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
O Escritório de Advocacia Quijano &
Associados é uma firma fundada em 1959,
no Panamá. O foco principal de suas atividades concentra-se na área marítima. Segundo Oliver Muñoz, ele presta serviços
a, aproximadamente, 10% dos barcos que
ostentam bandeira panamenha, o que constitui uma grande quantidade deles, em
todo o mundo. “Temos clientes da importância da Mitsubishi Logistics, no Japão, e
muitos outras companhias de navegação
de grande porte na Coréia e em Formosa.
Atendemos a empresários do mundo inteiro, não apenas na Ásia, mas também na
Europa, na América do Norte, e na nossa
América do Sul, onde temos muitos clientes, especialmente na Colômbia, na Venezuela e no Equador. Estamos, também,
empenhados em nos estabelecer no Brasil e, por isso, estamos comparecendo a
este seminário, com a intenção de demonstrar aos investidores brasileiros que há um
grande potencial de crescimento no Panamá e que poderá haver uma relação
muito mais estreita entre os dois países.”
Oliver Muñoz se disse ainda muito
impressionado com o Brasil, que visita pela
primeira vez.
“A natureza é esplendorosa, mas me
impressionaram, sobretudo, os brasileiros, uma gente muito calorosa e agradável, com um temperamento bastante parecido com o dos panamenhos, sempre
de braços abertos! Ao viajar, fiquei um
pouco preocupado com o idioma, mas,
agora que estou aqui, convivendo com os
brasileiros, compreendo muito bem o que
me dizem e penso que, se for necessário,
em cerca de dois meses poderei dominar
o português. A mensagem que eu gostaria
de deixar para os leitores da revista é que
conheçam o Panamá e desfrutem das excelentes oportunidades de investimento
que existem em meu país.”
“A Expocomer é uma vitrine do comércio mundial onde se apresentam cerca de 30 países, entre eles Brasil, Taiwan,
China, Estados Unidos, Espanha, Rússia,
Costa Rica, México e Argentina. Temos
visitantes de todos os continentes. A idéia
é a criação de uma vitrine, uma janela para
o comércio mundial. Com a posição geográfica que temos no Panamá, o que fazemos é expor os produtos a compradores profissionais que os distribuem. Nosso país é um centro geográfico e logístico, já que contamos com o Canal do Panamá.”
Segundo Fernando Arango Morrice, a
Expocomer é uma iniciativa da Câmara de
Comércio do Panamá, uma instituição que
trabalha apoiando empresas privadas.
“O governo nos acompanha e, também,
nos envia expositores, como o Ministério
do Comércio e as autoridades do Canal
do Panamá. A feira é uma iniciativa privada
que procura trazer benefício aos compradores e expositores que queiram distribuir seus produtos. O nosso país tem uma
posição geográfica privilegiada com portos, tanto no Oceano Atlântico, quanto no
Pacífico. Podemos ir do Pacífico ao Atlântico, de carro, em apenas uma hora.”
Sobre os maiores destaques da exposição, ele ressaltou os produtos alimentícios, têxteis e de construção, além de automóveis e de serviços. Na realidade, há cerca
de 14 categorias de produtos.
Com relação aos investimentos realizados em seu país, Fernando Arango apontou a importância e o crescimento nas áreas
imobiliária e de construção.
“Há muitas empresas brasileiras construindo no Panamá. Foram firmados acordos comerciais com empresas processadoras na última missão comercial realizada pelo Ministro Luiz Fernando Furlan
no meu país. Além disso, os investimentos turísticos são muito importantes, pois
têm crescido o número de hotéis, restaurantes, discotecas e bares turísticos. O
Panamá conta, ainda, com pequenas empresas que se destacam na área artesanal.
Exporta, também, muitas frutas, inclusive para o Brasil. A área fincanceira, com
seus serviços bancários, é uma das mais
importantes. O país conta, hoje, com 70
instituições bancárias de nível internacional e, com o dólar americano como moeda, os investimentos, tanto do Brasil quanto
de outros países, são facilitados.”
Trinta países garantem a diversidade ...
...de produtos comercializados na Expocomer,...
Uma vitrine do
comércio
mundial
Presidente da Câmara de Comércio
e Indústria do Panamá realça a
importância de feira comercial
Em entrevista à revista da FCCE, o
Presidente da Câmara de Comércio
e Indústria do Panamá, Fernando
Arango Morrice, revelou detalhes
sobre a Expocomer, a exposição comercial que ocorre há 25 anos naquele país, e falou sobre os produtos e serviços que se destacam no
comércio panamenho.
“
Podemos ir do Pacífico
ao Atlântico, de carro,
em apenas uma hora
”
FERNANDO ARANGO MORRICEN
...que se realiza anualmente.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
53
ENGENHARIA
Andrade Gutierrez quer investir
no desenvolvimento panamenho
A Construtora brasileira mantém no Panamá um escritório que centraliza
a gestão de seus negócios em toda a América Central e no Caribe
O Diretor da Área Internacional da Construtora Andrade Gutierrez, Ricardo Antonio Mello Castanheira, fala sobre a
experiêncai internacional da empresa e das
expectativas em participar das obras de
ampliação do Canal do Panamá.
Quais são as suas expectativas em
relação a este Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e Investimentos
Brasil-Panamá?
RC – Nós temos o maior interesse no
Panamá, não apenas como país, mas como
centro de relações com a América Central e o Caribe. Mantemos um escritório
em território panamenho e estamos estabelecendo negociações na área de irrigação e de saneamento, via Panamá, com a
República Dominicana. Ao participarmos
deste seminário, nossos objetivos são os
de entender melhor o país e de mostrar o
que lhe podemos oferecer, inclusive em
termos de parcerias. Um seminário como
este é sempre uma boa oportunidade, também, para estreitar os relacionamentos
entre os dois países e suas empresas.
O senhor esteve no Panamá. Poderia nos dizer que obras foram ali
executadas por sua empresa?
RC – Nós fizemos a duplicação da Ponte
das Américas, que passa pelo Canal do
Panamá e une as duas partes do continente. É uma ponte metálica muito alta, para
não atrapalhar a navegação, situada bem à
entrada do canal. Nós fizemos o seu segundo tabuleiro e o reforço do primeiro.
Hoje, estamos procurando desenvolver
negócios na área de energia elétrica, em
hidrelétricas, e temos o maior interesse
em participar da ampliação do canal. Nosso escritório central para aquela região é o
54
Ricardo Antonio Mello Castanheira
do Panamá, que toma parte muito ativa na
administração da obra de um aqueduto
que estamos construindo na República
Dominicana. Nós vamos, também, iniciar
a obra de uma hidrelétrica neste país. Além
disso, ainda por meio do nosso escritório
no Panamá, mantemos contatos de negócios em El Salvador.
O Panamá é um grande centro financeiro e, por isso, mantemos lá nossa base.
Temos, também, um escritório no México e um outro, menor, na República
Dominicana. Esses três escritórios
interagem para atender aos nossos interesses na grande área formada pelo México, América Central e Caribe. No México, estamos construindo uma barragem. Esperamos crescer muito em toda
aquela região, onde o potencial de desenvolvimento e a demanda de construção são muito grandes.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
A Andrade Gutierrez tem sido bem
recebida fora do Brasil? Em que outros países ela atua?
RC – Começamos a trabalhar no exterior
em 1983. Nosso primeiro projeto fora do
Brasil foi no Congo, na África. Na América Latina, além daqueles países que eu já
mencionei, estamos presentes na Venezuela, no Equador, no Peru e na Argentina.Temos, também, uma empresa que atua
há 36 anos no mercado português e que
nos possibilita trabalhar na Europa, na Ásia
e na África. Ela se chama Zagop e é inteiramente, cem por cento, Andrade Gutierrez. Eu mesmo trabalhei lá durante seis
anos, na sede, em Lisboa.
Atualmente, estamos trabalhando na
Grécia, na Espanha, em Portugal, na
Mauritânia, em Angola, na Guiné Equatorial e na Argélia. Estamos desenvolvendo
alguns negócios na Líbia. Executamos um
importante trabalho de saneamento no Irã
e temos, ainda, alguns negócios em desenvolvimento na Arábia Saudita.
Nesses empreendimentos, a mãode-obra é recrutada no país ou é
majoritariamente brasileira?
RC – A mão-de-obra executora é recrutada no país. O que vai daqui é a parte
gerencial, a equipe que executa a gestão
do empreendimento.
Essa equipe precisa ser muito bem
preparada, dadas as diferenças culturais e de idiomas. Há treinamento para isso?
RC – Como nós atuamos no exterior há
23 anos, temos um pessoal já muito bem
preparado. Para tarefas mais difíceis, contamos, também, com a ajuda do pessoal
local. Como as coisas ficam mais fáceis,
A Andrade Gutierrez é
especializada na construção de
grandes hidrelétricas (como
Itaipu), pontes (como a RioNiterói) e auto-estradas (como a
Rodovia dos Bandeirantes, em
São Paulo).
em qualquer lugar do mundo, para quem
fala inglês, é nesse idioma que realizamos
a maior parte dos nossos contatos.
A Andrade Gutierrez não está presente na Europa Oriental?
RC – Temos trabalhado na Alemanha, mas
ainda não atuamos no Leste Europeu. Isso
é questão de tempo, a meu ver.
Essa intensa atividade no exterior, de
algum modo, faz com que o trabalho
no Brasil fique num segundo plano?
RC – De modo algum. O Brasil é a nossa
prioridade, é o nosso mercado natural.
Nossa atividade aqui é maior do que a realizada lá fora.
Que grande obra a Andrade Gutierrez está fazendo, atualmente, no
Brasil?
RC – Estamos executando, na capital de
São Paulo, a Linha 4 do metrô; estamos,
também, concorrendo à concessão para
operação dessa linha. Aliás, fomos nós que
construímos o último trecho do metrô
entregue aqui, no Rio de Janeiro, da Praça
Cardeal Arcoverde à Rua Siqueira Campos, em Copacabana. Temos o contrato
para executar a Linha 3, que vai ligar o Rio
de Janeiro a Niterói, bastando apenas que
sejam viabilizados os recursos.
Somos os responsáveis pela construção
dos metrôs de superfície de Brasília e de
Salvador. Em Macaé, no Norte Fluminense,
acabamos de concluir uma usina termelétrica. No Rio Grande do Sul, estamos fazendo a Refab, a refinaria da Petrobrás neste
estado, e, também, estamos em vias de concluir a hidrelétrica de Peixes. Já construímos a de Lajeado e estamos interessados na
construção de muitas outras que vierem
por aí. Nossa expectativa é a de que o Brasil
cresça também.
Em sua opinião, a gestão e as condições da economia brasileira têm
ajudado nesse crescimento de sua
empresa?
RC – Nós estamos, como é notório, numa
fase de muito pouco investimento em
infra-estrutura no Brasil. Isso, na verdade,
diminui bastante as nossas oportunidades
aqui no país. Daí, a atratividade do mercado latino-americano, onde a situação é diversa da nossa. Temos, contudo, a confiança de que, nos próximos anos, possa ocorrer uma reversão, quem sabe mesmo graças a essa nova legislação das Parcerias
Público-Privadas – PPPs e das conces-
sões. Nós temos ido em frente: participamos da compra da Light – e agora temos
25% da empresa – e estamos participando da concessão da água no Porto de Santos, que é toda administrada pela nossa
empresa.
O senhor não acha que há um período de tempo longo demais entre o
anúncio das PPPs e a sua entrada em
vigor?
RC – É verdade. Resta, porém, o consolo
de que, na Inglaterra, onde elas nasceram,
o primeiro projeto só saiu três anos depois da concepção. No Brasil, elas vão fazer dois anos. Estou certo de que a concessão da linha 4 do metrô de São Paulo já
vai sair em PPP. A Sabesp também está se
preparando para adotar este modelo para
o tratamento da água. Temos que confiar
na tendência de crescimento. É preciso
que essa parceria evolua, pois não se pode
esperar muito dos recursos do governo,
pois, como sabemos, 97% do que ele arrecada já tem destino certo, que são as
áreas da educação, da saúde, da previdência, setores que não podem prescindir de
recursos, e para os quais não existem tantos atrativos que mobilizem as PPPs.
Uma palavra final aos leitores da
revista da FCCE.
RC – Gostaria de repetir os votos de parabéns pela iniciativa de um seminário tão
útil para o comércio exterior brasileiro e
de reiterar a disposição da Andrade
Gutierrez em tomar parte no esforço pelo
desenvolvimento desse país amigo que é
o Panamá.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
55
EM PAUTA
Secretaria de Comércio Exterior
elogia a realização dos
seminários bilaterais da FCCE
Armando Meziat, Secretário de Comércio Exterior;
Arthur Pimentel, Diretor do Departamento de Operações de Comércio Exterior e Fábio Martins Faria, Diretor
de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, enviaram ofício a João Augusto
de Souza Lima, presidente da FCCE, cumprimentando pela
realização dos Seminários Bilaterais de Comércio Exterior e Investimentos. Segundo eles, estes eventos têm contribuído de forma consistente para consolidar a importância do comércio exterior e da atração de investimentos
estrangeiros para o crescimento econômico do país. Por
meio do ofício aqui reproduzido, a equipe do MDIC ratifica seu apoio aos seminários.
O ofício destaca a qualidade das publicações geradas pelos seminários, que incluem revistas e manuais, destinados tanto
aos empresários quanto aos funcionários
das áreas diplomática e de comércio exterior do Brasil e dos seus parceiros.
56
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
Crescimento do comércio
bilateral com o Brasil
160
Var. %
120
80
40
PAÍS
PORTUGAL
04/05 A 08/06
04/03 A 08/04
MARROCOS
05/05 A 08/06
05/03 A 08/04
BÉLGICA
05/05 A 08/06
05/03 A 08/04
LUXEMBURGO
05/05 A 08/06
05/03 A 08/04
SUÍÇA
06/05 A 08/06
06/03 A 08/04
ARGENTINA
07/05 A 08/06
07/03 A 08/04
VENEZUELA
08/05 A 08/06
08/03 A 08/04
MÉXICO
08/05 A 08/06
08/03 A 08/04
CHILE
10/05 A 08/06
10/03 A 08/04
PAÍSES BAIXOS
11/05 A 08/06
11/03 A 08/04
ITÁLIA
11/05 A 08/06
11/03 A 08/04
POLÓNIA
11/05 A 08/06
11/03 A 08/04
CANADÁ
12/05 A 08/06
12/03 A 08/04
EXPORTAÇÕES
VAR.%
P1/P2
IMPORTAÇÕES
VAR.%
P1/P2
1.911.664.364
1.146.159.614
66,79
361.068.244
225.999.858
59,76
553.505.883
403.438.001
37,20
437.892.249
307.447.944
3.512.857.622
2.449.678.487
43,40
27.195.326
9.668.212
CORRENTE
COMÉRCIO
Can
adá
a
Polô
ni
Itál
ia
and
a
Hol
e
Chil
ico
Méx
la
zue
Ven
e
ntin
a
Arge
Suíç
a
urgo
emb
ca
Lux
Bélg
i
Mar
roco
s
0,0
Por
tuga
l
A equipe do MDIC enviou, também, o gráfico e o quadro de acompanhamento do desempenho do
comércio do Brasil com os países
que participaram dos 13 primeiros seminários. Houve um expressivo crescimento da corrente de
comércio com esses países.
200
VAR.%
P1/P2
SALDO
2.272.732.675
1.372.159.472
65,63
1.550.596.120
920.159.756
42,43
991.398.169
710.885.945
39,46
115.613.634
95.990.057
1.119.093.557
726.106.701
54,12
4.631.951.222
3.175.785.188
45,85
2.393.764.065
1.723.571.786
181,29
59.041.066
17.503.202
237,32
86.236.573
27.171.414
217,38
-31.845.740
-7.834.990
905.403.175
460.170.090
96,75
1.597.297.029
1.233.126.855
29,53
2.502.700.301
1.693.296.945
47,80
-691.893.854
-772.956.765
12.935.329.361
7.408.716.031
74,60
8.229.010.746
5.823.923.569
41,30
21.164.340.182
13.232.639.600
59,94
4.706.318.615
1.584.792.462
3.237.518.811
1.210.584.595
167,43
571.506.117
246.498.344
131,85
3.809.025.095
1.457.082.939
161,41
2.666.012.694
964.086.251
4.724.803.466
3.796.694.465
24,45
1.202.552.928
703.833.410
70,86
5.927.356.418
4.500.527.875
31,70
3.522.250.538
3.092.861.055
3.523.318.382
2.131.452.020
65,30
2.312.095.919
1.109.342.921
108,42
5.835.414.366
3.240.794.941
80,06
1.211.222.463
1.022.109.099
4.487.336.963
3.909.539.806
14,78
608.854.944
450.398.668
35,18
5.096.191.922
4.359.938.474
16,89
3.878.482.019
3.459.141.138
3.048.798.946
2.347.252.167
29,89
2.028.055.925
1.600.842.516
26,69
5.076.854.901
3.948.094.683
28,59
1.020.743.021
746.409.651
250.302.428
253.927.406
(1,43)
176.056.546
98.379.311
78,96
426.358.973
352.306.717
21,02
155.548.095
74.245.882
1.705.792.799
809.870.297
110,63
781.791.832
652.667.169
19,78
2.487.584.742
1.462.537.466
70,09
924.000.967
157.203.128
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
57
TENDÊNCIA
“Toda empresa gostaria de ter
um entreposto no Panamá”
Em entrevista à revista da FCCE, o
economista Carlos Thadeu de Freitas Gomes, Chefe do Departamento Econômico da Confederação Nacional do Comércio – CNC e exDiretor do Banco Central, falou sobre o setor de investimentos e negócios, e sobre a importância do Panamá como entreposto comercial da
América Latina.
Como o senhor analisa os investimentos Brasil-Panamá?
CT – Os investimentos se realizam com
base no fato de o Panamá ser uma área de
entreposto comercial e de serviços –
tudo passa por aquele país mais facilmente. Os investimentos diretos do Brasil no
Panamá poderão ser feitos em torno da
obra de ampliação do canal. Acho que o
espaço não é tão forte para investimentos diretos em outras áreas, tendo em
conta o tamanho do país. Evidentemente, à medida em que aumentam as negociações, que fazem do Panamá fonte para
outros negócios, toda empresa gostaria
de ter um entreposto naquele país para
distribuir seus produtos. Acredito que
os investimentos em distribuição serão
os mais importantes no Panamá. Trata-se
de uma possibilidade importante, pois, a
partir deste território, o Brasil pode colocar seus produtos em outros mercados. Esta operação torna-se estratégica
para o nosso comércio exterior, tanto pela
proximidade física que temos do Panamá, quanto pelo fato de o país ter uma
zona de livre comércio.
Há três bancos brasileiros, hoje, no
Panamá. Fale um pouco sobre o pa58
“
Exportar para o Panamá
significa exportar para
outros países
CARLOS THADEU
DE
”
F R E I TA S G O M E S N
pel dos bancos para dar incentivo e
facilitar esses investimentos.
CT – Os bancos brasileiros estão lá porque o Panamá é um off shore; um centro
que permite o acúmulo de moeda estrangeira para outros lugares. Não acredito que
o Brasil fará, necessariamente, grandes investimentos na área financeira do Panamá,
pois o país funciona mais como paraíso
fiscal. Muitos bancos internacionais e brasileiros usam o território panamenho para
transacionar com outros países. Em termos de serviços, realmente não há muita
demanda, devido ao fato de ser um país
pequeno, mas, como meio para chegar a
outro país, ele pode ser muito útil.
Que análise o senhor faz do comércio exterior do nosso continente a
partir da formação de blocos eco-
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
nômicos como o Mercosul e a Alca?
CT – Acho que a Alca é um projeto ambicioso que ainda não saiu do papel e vai
demorar um pouco mais. O Brasil tem
vendido muito para a América Latina, e
nosso comércio aumentou substancialmente, mesmo sem a Alca. Isso mostra
que, por enquanto, devemos lidar com a
Alca de forma cautelosa, sem precipitações. O Panamá é muito importante pelo
fato de ser um entreposto comercial.
Nosso comércio com a América Latina
tem crescido muito, principalmente com
os países do Mercosul, com o México,
que é bem próximo do Panamá, e com
outros países da América Central. O Panamá facilita a distribuição dos nossos
produtos para o resto da América Latina.
Quando tivermos a Alca funcionando,
poderemos manter, com os Estados Unidos e com o Canadá, um comércio mais
volumoso, e o fluxo desses produtos vai
passar pelo Panamá.
O comércio Brasil-Panamá não é
muito expressivo. Como o senhor vê
as perspectivas da nossa corrente
comercial? Ela estará sempre ligada ao canal ou há outras possibilidades?
CT – As nossas exportações para o Panamá cresceram muito em relação ao ano
passado. As importações do Panamá não,
pois não temos muito o quê importar de
lá. Os Estados Unidos exportam para o
Panamá, hoje, US$ 2 bilhões e o Brasil
exporta US$ 217 milhões, o que significa
que há mercado. Podemos exportar mais
e podemos ocupar o espaço de alguns países que exportam para o Panamá. Isso
não significa que teremos um crescimento monumental, porque trata-se de um
país pequeno. Repito: exportar para o Panamá significa exportar para outros países, pois trata-se de um grande entreposto
comercial.
AVIAÇÃO
Nova rota Rio de Janeiro-Panamá
Vôos facilitarão o surgimento de novos negócios entre os dois países
O Diretor Internacional da Copa
Airlines,Alexandre Camargo, relatou
a importância do crescimento da aviação no fortalecimento da ligação
entre os dois países. A empresa atua,
hoje, no Brasil, com os vôos São Paulo-Panamá e Manaus-Panamá. Em
novembro de 2006 inaugurará uma
nova rota: Rio de Janeiro-Panamá,
conectando mais uma importante cidade à capital do Panamá.
A perspectiva em relação aos vôos
do Rio de Janeiro é de que se mantenha no mesmo nível de São Paulo,
com cinco vôos por semana?
AC – Acho que o Rio de Janeiro será um
destino mais fácil de se promover do que
São Paulo, porque é mais conhecido mundialmente. A nossa expectativa é de que o
vôo esteja cheio todos os dias e que possamos continuar com planos de crescimento, passando de cinco para sete vôos
semanais e, depois, de um para dois vôos
diários, como já acontece hoje em São
Paulo. Isto porque o Rio de Janeiro é um
destino mais procurado no exterior.
A maior parte dos vôos da empresa, com destino ou origem em São
Paulo, é de negócios?
AC – São Paulo é uma cidade de negócios. É um pouco mais difícil falar de turismo em São Paulo, e como os negócios
entre o Brasil e a América Central têm
crescido muito nos últimos anos, é natural que este seja o caráter dos vôos.
A Copa também trabalha com serviço de cargas?
AC – A Copa Airlines tem um serviço de
Novos vôos da Copa Airlines vão agilizar o transporte e as ligações entre Brasil e Panamá.
AC – A aviação, hoje, é o principal foco de
transporte, de intercomunicação e de ligação entre os países. Sem dúvida, um vôo
Rio de Janeiro-Panamá vai possibilitar que
negócios surjam com mais facilidade. Um
passageiro poderá ir direto do Rio de Janeiro para o Panamá sem fazer escala e
conexão. Atualmente, ele tem que ir para
São Paulo ou até aos Estados Unidos para
chegar ao Panamá. O vôo direto vai facilitar muito a relação comercial.
Alexandre Camargo
cargas que é complementar ao serviço de
passageiros, mas o negócio principal da
empresa é o transporte de passageiros.
O senhor acha que a aviação pode
incrementar a relação comercial bilateral a partir do momento em que
transporta os empresários?
Qual o maior destino dos passageiros do Brasil que vão para o Panamá? A maior parte fica no Panamá
ou faz escala para outros países?
AC – O Panamá responde por grande
parte dos passageiros que voam pela
Copa Airlines, cerca de 30%. Existem,
ainda, outros destinos impor tantes
como Cuba, República Dominicana,
Costa Rica, Guatemala, El Salvador,
além dos Estados Unidos. Hoje, não temos vôos saindo do Rio de Janeiro direto para Orlando ou Los Angeles e a
Copa, por intermédio do Panamá, possibilitará essas conexões.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
59
P ARCERIA
Brasil: um país estratégico para
todos os panamenhos
Cônsul-Geral do Panamá no Rio de Janeiro analisa as perspectivas de
incremento da relação bilateral nas áreas de comércio e investimentos
A panamenha Glorisabel Garrido
Thompson-Flôres, há um ano e meio
no Brasil, representa seu país como
cônsul-geral do Panamá no Rio de
Janeiro. Bastante entusiasmada com
as tarefas que executa aqui, falou à
revista da FCCE sobre as relações
bilaterais entre os dois países.
esde que cheguei, tenho tentado promover o Panamá, seja
por meio de revistas, programas de TV e Internet, o que tem dado alguns resultados. Isto porque, na maioria
das vezes que se fala do Panamá, a referência é apenas o canal, e pouco se conhece sobre outros atrativos que o país oferece.Temos, também, feito contato com empresas, trabalhando na divulgação de informações para facilitar e agilizar o processo de intercâmbio comercial.”
Segundo Glorisabel Garrido ThompsonFlôres, o consulado geral do seu país, no
Rio de Janeiro, oferece serviços gerais que
envolvem tanto a legalização de documentos e vistos, como o suporte na promoção e divulgação de informações que facilitem e proporcionem um aumento do
comércio entre os dois países.
“O consulado oferece, ainda, serviços
na área de marinha mercante, apoiando as
embarcações e agilizando o processo de
documentação no qual se incluem o
abandeiramento, os contratos de compra
e venda de navios, e a expedição de certificado transitório para carteira definitiva
da marinha panamenha.Trabalhamos, também, com patentes, licenças e câmbio.”
“D
60
Glorisabel Garrido Thompson-Flôres: investimentos brasileiros no Panamá vão crescer.
Ao abordar o tema da balança comercial entre os dois países, a cônsul-geral
afirmou que o Brasil tem exportado produtos de alto valor ao seu país, como os
aviões da Embraer, o que contribui para
tornar a balança comercial favorável ao
Brasil. Ela destaca, no entanto, grandes
potencialidades na área de investimentos.
“O Panamá tem a oferecer ao Brasil
boas oportunidades de investimento,
como é o caso da área de construção civil,
principalmente com a ampliação do Canal do Panamá para comportar navegações de grande porte”.
Quanto à administração do canal, a cônsul-geral afirmou que, mesmo sendo panamenho, há, em torno dele, alguns por-
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
tos privados administrados por outros países, como, por exemplo, a China, que
controla dois portos.
Quanto ao futuro das relações bilaterais, Glorisabel Garrido Thompson-Flôres
acredita que os investimentos brasileiros
no seu país vão continuar a crescer, aumentando as perspectivas de que mais
empresários panamenhos venham para o
Brasil.
“Estamos, também, muito interessados
no etanol e queremos aprender a produzi-lo com o Brasil. Constitui-se numa importante fonte de energia para o transporte, pois não é tão agressivo ao meio ambiente. Por tudo isso, o Brasil é muito importante para o Panamá”.
D ESENVOLVIMENTO
Odebrecht realiza projeto de
irrigação na província de Chiriquí
Empresa brasileira conquista seu primeiro contrato no Panamá
ma grande empresa, que trabalha
exportando tecnologia e serviços
de engenharia, está sempre em
busca de novos negócios no exterior. A
Construtora Norberto Odebrecht não
foge à regra e, em 26 de março de 2006,
conseguiu a sua primeira obra no Panamá.
Será a responsável pelas obras do Projeto de Irrigação Remijio Rojas, na cidade de David, na Província de Chiriquí.
Contratada pelo Ministério de Desenvolvimento Agropecuário do Panamá, a obra
vai contribuir para o desenvolvimento
agrícola de uma área de 3.200 hectares,
na qual serão produzidas commodities para
exportação. Com valor superior a US$
54,2 milhões, o empreendimento será
entregue em 60 meses, contados a partir
do início da obra. O contrato está dentro
da política do governo local de incrementar a produção de alimentos e de
colocar novos itens no mercado internacional.
Segundo Gustavo Assad, Diretor Adjunto da Área Internacional da Construtora Norberto Odebrecht, esta atuação no
Panamá foi o resultado de uma investigação de mercado que vem sendo discutida
há mais de um ano.
“Nós sempre tivemos interesse no Panamá, mantendo-nos atualizados sobre
sua realidade; prática, aliás, que conservamos em relação a todos os países onde
há potencial para desenvolvermos algum
trabalho. Inclusive, a nossa presença no
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos Brasil-Panamá certamente vai nos ajudar a conhecer melhor esta nação.”
Gustavo Assad afirmou, ainda, que o
Panamá tem demonstrado boa disposição, pois está realizando um esforço coletivo de redução de gastos públicos. Esta
U
Projeto de irrigação Remijio Rojas
Província
de Chiriquí
COSTA
RICA
Área a ser beneficiada
pelo projeto de irrigação
Concepción
Divala
David
PANAMÁ
Golfo de
Chiriquí
OCEANO
PACÍFICO
MARGEM
ESQUERDA
DO DIQUE
ESTRUTURA DA
S COMPORTAS
MARGEM
DIREITA
DO DIQUE
RIO CHICO
A obra permitirá a implantação de um programa agrícola que vai
beneficiar 3.200 hectares de terra.
Serão realizados trabalhos de captação de aguá, construção de
canais, vias de acesso e de drenagem e construção de infra-estrutura.
política local está resultando, entre outras coisas, num crescimento econômico que, segundo ele, tem girado em torno de 6% ao ano.
“Todos sabem da importância fundamental que tem para o país o Canal do
Panamá e, nesse momento, sua duplicação é um projeto em andamento. Não
se pode negar, no entanto, que em torno do canal existe um país com seus
anseios, desejos e realidades a serem
modificadas.”
O representante da Odebrecht assegurou, também, que no mercado inter-
nacional de engenharia, quando uma
empresa de porte realiza uma obra, sempre existem possibilidades e condições
de conquistar outros clientes locais, ampliando a rede de atuação da empresa
no país.
“Hoje, após décadas de atuação no exterior, a Odebrecht trabalha em vários
contextos internacionais. Nossos principais interesses são dois: nos tornarmos
úteis à população do país, e atendermos
aos anseios das comunidades. Por isso,
para nós, o Panamá é um mercado bastante atraente.”
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
61
HISTÓRIA
Os índios cunas
A plena consciência da dignidade cultural
calizam-se, sobretudo, na Reserva de São
Brás, na costa atlântica do país, embora
existam grupamentos próximos aos leitos dos rios Baiano, Chucunaque e Tuíra,
que correm para o Pacífico.
História
ntre os dez por cento de indígenas
que compõem a população panamenha, destacam-se os Cunas,
objetos de estudos na literatura antropológica.
Os Cunas panamenhos também se notabilizaram, pelo seu sistema de notação
gráfica, elaborado para permitir a memorização das narrativas e cânticos.Tornaramse, também, conhecidas e apreciadas as
“molas” (foto acima), painéis elaborados
pelas mulheres para guarnecer o peito e
as costas de suas blusas. Além disso, no
campo biológico, esse grupo indígena tem
sido considerado, por alguns pesquisadores, como a etnia que possui o maior número de albinos no mundo.
Atualmente, favorecidos por uma legislação que protege seus direitos, os
Cunas gozam de relativa autonomia, vivem e trabalham em paz. Suas aldeias lo-
E
62
Em 1787, foi assinado um tratado de
paz em que os espanhóis concordaram em
retirar fortificações existentes na área em
que viviam os indígenas, deixando apenas
uma. A partir de então, e no decorrer de
todo o século XIX, quando a região já pertencia ao território colombiano, os Cunas
passaram a gozar de relativa tranqüilidade.
Em 1903, o Panamá tornou-se independente da Colômbia e começou a tomar medidas para intensificar o controle sobre os
Cunas. Foi criada uma Polícia Colonial para
exercer esse controle. Em vez de protegêlos contra os invasores do seu território –
panamenhos e colombianos extratores de
borracha, plantadores de bananas e caçadores de tartarugas – a polícia começou a
executar um programa de aculturação forçada, o que levou os Cunas da região de São
Brás a uma revolta, em 1925.
Dissuadidos pelos americanos de retaliar os revoltosos, os panamenhos aceitaram
concluir um tratado de paz com os indígenas, que, por sua vez, se comprometeram a
serem leais ao país. O caminho em direção
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
à garantia dos direitos desta etnia deu um
grande passo em 1938, quando o governo
reconheceu São Brás como reserva Cuna.
Esta situação evoluiu ainda mais, em 1945,
ano em que representantes do governo panamenho e lideranças cunas elaboraram
uma constituição a vigorar na reserva. Conhecida como Carta Orgânica, ela foi
complementada por uma lei elaborada pelo
legislativo do país em 1953, para regulamentar a administração da reserva.
A criação de escolas resultou, em longo prazo, na inclusão de inúmeros indígenas na Universidade do Panamá e em outros estabelecimentos educativos. A Carta Orgânica criou, ainda, um Congresso
Geral, formado por chefes e representantes de aldeias, e reconheceu as atribuições
de determinadas autoridades panamenhas
sediadas junto à reserva.
Desde finais do século XIX, os cunas
que viviam próximo ao litoral atlântico passaram a ocupar as Ilhas Mulatas. Esse arquipélago e a faixa costeira que lhe é paralela constituem a Reserva de São Brás, enquanto na Província de Darién estão as
comarcas Cuna-Iala e Cuna de Vargandi.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
63
HISTÓRIA
FCCE
Federação das Câmaras de Comércio Exterior
Foreign Trade Chambers Federation
Seminários Bilaterais de Comércio Exterior e Investimentos
Calendário 2006
64
20 de fevereiro
RÚSSIA
20 de março
ÁFRICA DO SUL
24 de abril
FRANÇA
22 de maio
PERU
19 de junho
PORTUGAL
17 de julho
CHINA
21 de agosto
PANAMÁ
18 de setembro
SUÉCIA
23 de outubro
ESPANHA
13 de novembro
FINLÂNDIA
11 de dezembro
ALEMANHA
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
RELAÇÕES BILATERAIS
O crescimento das importações, em 2005, provocou um aumento
significativo do déficit do comércio exterior panamenho que
atingiu, naquele ano, um record histórico
Comércio Exterior do Panamá
Evolução da corrente de comércio do Panamá
ARTIGO ELABORADO PELA EQUIPE DO DEPARTAMENTO
1990 a 2005 – US$ bilhões
DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DO C OMÉRCIO EXTERIOR DA SECRETARIA
5.500
DE COMÉRCIO E XTERIOR DO MDIC
5.000
2005
2004
2002
2003
2001
1999
2000
1997
1998
1996
Fonte: OMC
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
Saldo
1998
1994
1997
1993
1992
1996
1991
1995
1994
1993
1992
1991
1990
1990
4.000
Em 2005, a corrente de comércio panamenha atingiu o seu
3.500
maior nível histórico, de US$ 5,26 bilhões, o que representou
3.000
um crescimento de 15,9% em relação ao ano anterior, quando
2.500
havia sido de US$ 4,54 blhões. A partir de 1990, ano em que o
2.000
País contou com um fluxo comercial externo de apenas US$
1.500
1,88 bilhão, a corrente de comércio apresentou crescimento
1.000
praticamente constante, a exceção do triênio de 2000 a 2002.
500
Ao analisar o comércio externo panamenho destaca-se o
0
montante das importações. Em 2005, o Panamá comprou do
mundo o equivalente US$ 4,18 bilhões, significando um aumento de 16,3% em relação a 2004. As importações representaram
27,5% do PIB de 2005, que foi de US$ 15,2 bilhões, de acordo
com dados do FMI.
Já as exportações do País estão em um
Evolução da balança comercial do Panamá
nível muito abaixo das importações. No
1990 – 2005 – US$ bilhões
ano de 2005, esse montante foi de US$
4.500
1,08 bilhão, com um aumento de 14,4%
Exportação
Importação
em relação ao ano anterior.
3.500
Portanto, o País apresenta um déficit
histórico em seu comércio externo, que
2.500
vem se ampliando em virtude de um crescimento maior das importações em rela1.500
ção ao das exportações. No ano de 2005,
o déficit comercial panamenho foi de US$
500
3,10 bilhões, com um aumento de 17,0%
sobre o ano de 2004, atingindo o maior
-500
nível histórico.
As importações panamenhas são com-1.500
postas principalmente por combustíveis
minerais, um total de US$ 737 milhões
-2.500
em 2005, representando 17,9% da pauta
total. Os demais destaques na pauta im-3.500
portadora do País são: automóveis (US$
424 milhões, representando 10,3% da
pauta), máquinas e equipamentos mecâ-
1995
4.500
Fonte: OMC
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
65
RELAÇÕES BILATERAIS
Importações do Panamá
Exportações do Panamá
Principais produtos – 2005 – participação %
Principais produtos – 2005 – participação %
Fonte: Global Trade Atlas
17,9
10,3
Fonte: Global Trade Atlas
44,1
24,5
9,6
8,9
Importações do Panamá
Principais países fornecedores – 2005 – participação %
30,0
27,2
Fonte: Global Trade Atlas
25,0
20,0
15,0
11,4
10,0
6,6
4,7
5,0
4,5
3,7
3,5
2,5
2,4
2,0
ala
tem
a
Chin
Cor
Gua
éia
do
Sul
ia
mb
Colô
ico
Méx
ão
Jap
ta R
Cos
Bra
sil
ica
0,0
E
Uni stados
dos
Ilha
s Cu
raça
o
2,2
2,2
1,9
1,8
Animais Vivos
Bebidas
Alcoólicas
Papel e Cartão
1,6
Produtos
Farmacêuticos
2,3
Produtos
Siderúrgicos
Produtos
Hortícolas
Frutas e
Castanhas
2,5
Carne Bovina
2,7
1,8
Pescado
Papel e Cartão
2,0
Artigos de
Vestuário
2,8
Cereais
2,9
Produtos
Siderúrgicos
Plásticos
e Obras
Produtos
Farmacêuticos
Máquinas e
Equipamentos
Mecânicos
Máquinas e
Equipamentos
Elétricos
Automóveis
Combustíveis
Minerais
3,3
Açúcar
4,1
nicos (US$ 396 milhões, participação de 9,6%), máquinas e equipamentos elétricos (US$ 368 milhões, 8,9%), produtos farmacêuticos (US$ 170 milhões, 4,1%), plásticos e obras (US$ 135
milhões, 3,3%), produtos siderúrgicos (US$ 121 milhões, 2,9%),
papel e cartão (US$ 114 milhões, 2,8%), cereais (US$ 80 milhões, 2,0%) e artigos de vestuário (US$ 74 milhões, 1,8%).
A pauta exportadora do Panamá é fortemente concentrada
em dois produtos. Em 2005, o País exportou US$ 422 milhões
em pescado, representando 44,1% da pauta total, e US$ 234
milhões em frutas, participação de 24,5% no total. Os demais
principais produtos exportados pelo Panamá foram: produtos
hortícolas (US$ 26 milhões, 2,7% da pauta), açúcar (US$ 24
milhões, 2,5%), carne bovina (US$ 22 milhões, 2,3%), produtos siderúrgicos (US$ 21 milhões, 2,2%), bovinos vivos (US$ 21
milhões, 2,2%), bebidas alcoólicas (US$ 18 milhões 1,9%), papel e cartão (US$ 17 milhões, 1,8%) e produtos farmacêuticos
(US$ 15 milhões, 1,6%).
Exportações do Panamá
Participação do Brasil no comércio exterior do Panamá
Principais países de destino – 2005 – participação %
2000 – 2005
50,0
Fonte: MDIC/SECEX e OMC
Fonte: Global Trade Atlas
43,5
40,0
2,5%
1,3%
0,7%
30,0
2,6%
1,4%
20,0
1,9%
8,9
2,2
2,2
2,1
1,9
2,4%
nido
3,5%
2,6
an
4,0
ala
4,9
ará
gua
5,6
ica
10,0
5,9%
2000
6,0%
6,6%
4,2%
66
Rein
oU
Taiw
tem
Gua
Nic
Bélg
ica
ta R
Cos
aixo
s
es B
País
ia
Sué
c
anh
a
Esp
E
Uni stados
dos
0,0
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
2001
2002
Importação de Panamá
2003
2004
Exportação de Panamá
2005
O mais destacado país de origem das importações panamenhas, em 2005, foram os Estados Unidos com uma participação de 27,2%, totalizando US$ 1,12 bilhão. Em seguida,
os principais fornecedores são: Ilhas Curaçao (US$ 470 milhões, participação de 11,4%), Brasil (US$ 277 milhões,
6,6%), Costa Rica (US$ 193 milhões, 4,7%), Japão (US$ 186
milhões, 4,5%), México (US$ 153 milhões, 3,7%), Colômbia (US$ 142 milhões, 3,5%), Coréia do Sul (US$ 102 milhões, 2,5%), China (US$ 98 milhões, 2,4%) e Guatemala
(US$ 83 milhões, 2,0%).
Quanto aos países compradores de produtos panamenhos,
os principais destinos, em 2005, foram: Estados Unidos (total
de US$ 416 milhões, o equivalente a 43,5% do total), Espanha
(US$ 85 milhões, 8,9%), Suécia (US$ 54 milhões, 5,6%), Países
Baixos (US$ 47 milhões, 4,9%), Costa Rica (US$ 38 milhões,
4,0%), Bélgica (US$ 25 milhões, 2,6%), NIcarágua (US$ 21
milhões, 2,2%), Guatemala (US$ 21 milhões, 2,2%),Taiwan (US$
20 milhões, 2,1%) e Reino Unido (US$ 18 milhões, 1,9%)
Cabe ressaltar que o Brasil foi a terceira maior origem das
importações do Panamá em 2005. No ano, as vendas brasileiras
ao mercado panamenho representaram 6,6% das compras totais
do País, um montante de US$ 277 milhões.
Do lado das exportações panamenhas, o Brasil já foi destino
de 2,6% do total em 2001. Em 2005, participou com 1,3% das
exportações do País, total de US$ 14 milhões, sendo o 16º
maior destino.
Intercâmbio comercial entre Brasil e Panamá – 2005
No ano de 2005, as exportações brasileiras para o Panamá
totalizaram US$ 277 milhões, valor 29,4% acima do registrado
no ano anterior, de US$ 214 milhões, representando o segundo
melhor resultado no comércio bilateral, inferior apenas ao resultado do ano de 1997 quando foi de US$ 279 milhões. A taxa
de crescimento foi superior a das exportações brasileiras globais, de 22,6%.
Assinale-se que exportação brasileira para o Panamá, em
1997, apresentou valor recorde devido ao envio de um navio
plataforma no valor de US$ 176 milhões. Excluindo-se essa
operação, as vendas de produtos brasileiros ao país somaram
US$ 103 milhões.
Em 2005, as importações brasileiras de produtos panamenhos
foram de apenas US$ 14 milhões, significando uma redução de
42,8% em relação a 2004, cujo montante foi de US$ 24 milhões.
Devido ao valor reduzido das compras brasileiras de produtos do Panamá, a corrente de comércio e o saldo comercial
apresentaram valores e comportamento muito semelhantes ao
das exportações brasileiras ao país. Em 2005, a corrente de comércio somou US$ 291 milhões e cresceu 22,3% em relação ao
ano anterior. O saldo comercial bilateral foi de US$ 263 milhões. Registre-se que o Brasil é historicamente superavitário no
comércio bilateral com o Panamá.
No ranking de mercados compradores de mercadorias brasileiras, o Panamá ocupou a 55ª posição em 2005, uma acima da
que ocupava em 2004. No ano, o Panamá foi responsável por
0,2% da pauta exportadora brasileira. Relativamente às exportações nacionais destinadas a América Latina, o Panamá foi o 14º
maior país de destino, com uma participação de 1,0% do total de
US$ 27,2 bilhões.
Quanto às importações brasilerias, o Panamá foi o 78º maior fornecedor. A participação panamenha no total da pauta importadora foi de apenas 0,02%. O País foi responsável por
0,1% das compras brasileiras na América Latina, que alcançaram US$ 11,7 bilhões.
Intercâmbio comercial Brasil/Panamá
2005/2004 – US$ milhões FOB
Fonte: MDIC/SECEX
277
Variação % 2004/2005:
Exportação: 29,4%
Importação: - 42,8%
Corrente de comércio: 22,3%
291
263
238
214
190
24
Exportação
14
Saldo
Importação
2004
Corrente de
Comércio
2005
Evolução do intercâmbio comercial Brasil/Panamá
1996/2005 – US$ milhões FOB
300
Exportação
Saldo Comercial
Importação
250
200
150
100
50
0
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Fonte: MDIC/SECEX
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
67
RELAÇÕES BILATERAIS
Ranking do Panamá nas exportações brasileiras
Ranking do Panamá nas importações brasileiras
2005/2004 – US$ milhões FOB
2005/2004 – US$ milhões FOB
Ordem
País
'%
Valor
2004 2005
Part%
2005/04
1
1
Estados Unidos
2
2
4
Ordem
País
'%
Valor
2004 2005
Part%
2005/04
22.741
11,8
19,2
1
1
Estados Unidos
12.851
11,6
17,5
Argentina
9.915
34,5
8,4
2
2
Argentina
6.239
12,0
8,5
3
China
6.834
25,6
5,8
3
3
Alemanha
6.144
21,1
8,4
3
4
Países Baixos
5.283
-10,7
4,5
4
4
China
5.353
44,3
7,3
5
5
Alemanha
5.023
24,5
4,2
6
5
Japão
3.407
18,8
4,6
6
6
México
4.064
2,9
3,4
9
6
Argélia
2.838
45,9
3,9
9
7
Chile
3.612
41,9
3,1
7
7
França
2.700
18,0
3,7
8
8
Japão
3.476
25,6
2,9
5
8
Nigéria
2.652
-24,3
3,6
7
9
Itália
3.224
11,0
2,7
10
9
Coréia do Sul
2.327
34,5
3,2
56
55
Panamá
277
29,4
0,2
70
78
Panamá
14
-42,8
0,02
Fonte: MDIC/SECEX
Relativamente à composição da pauta brasileira de exportação ao Panamá, 97,2% são de produtos manufaturados, 1,6% são
básicos e 0,4% são semimanufaturados. No comparativo 2005/
2004, a categoria que mais cresceu foi a de semimanufaturados,
+189,3%, seguida de manufaturados, +29,6%. Os produtos
básicos apresentaram retração de 8,0%.
Em 2005, os principais produtos que compuseram as vendas
brasileiras ao mercado panamenho foram: aviões (participação
de 19,5% no total exportado), embarcações (11,1%), fio-máquina de ferro/aço (7,0%), aparelhos transmissores ou receptores (6,2%), automóveis (4,8%), perfis e fios de ferro/aço (4,5%),
calçados (4,2%), máquinas e aparelhos para terraplanagem
(4,1%), móveis (2,6%) e medicamentos (2,1%).
O produto de destaque nas exportações ao Panamá é avião. Em
2004, o Brasil não exportou esse item ao país, no ano de 2005, foi
exportado o equivalente a US$ 54,1 milhões. Outros itens com
crescimento significativo foram: ferramentas eletromecânicas (aumento de 298,6%, totalizando US$ 1,4 milhão em 2005), rolhas,
tampas e acessórios para embalagens (+112,7%, US$ 3,0 milhões),
automóveis (+108,6%, US$ 13,2 milhões), fio-máquina (+67,1%,
US$ 19,3 milhões), perfis e fios de ferro/aço (66,8%, US$ 12,5
milhões), medicamentos (+55,4%, US$ 5,7 milhões) e embarcações (+38,9%, US$ 30,8 milhões).
As importações brasileiras de produtos originários do Panamá, também, são formadas preponderantemente por produtos
manufaturados, 93,4%, seguido por básicos, 5,7% e semimanufaturados , 0,9%. Os principais itens que compuseram as compras nacionais originárias desse mercado foram: rolamentos e
engrenagens (com participação de 13,0% da pauta total, somando US$ 1,7 milhão), correia transportadora/transmissão de borracha (10,4%), máquinas automáticas para processamento de
dados (9,2%), soda cáustica (8,3%) vacinas (5,9%), compostos
heterocíclicos (5,3%), calçados (3,9%), antibióticos (2,6%),
enzimas (1,7%) e aparelhos de rádio (1,7%).
68
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
Exportações brasileiras para o Panamá por fator agregado
2005/2004 – US$ milhões FOB
269,3
Variação % 2004/2005:
Básicos: - 8,0%
Semimanfaturados: 189,3%
Manufaturados: 29,6%
4,9
4,5
Básicos
0,4
207,8
1,0
Semimanufaturados
2004
Manufaturados
2005
Fonte: MDIC/SECEX
Entre os produtos que apresentaram maiores crescimentos
relativos nas compras oriundas do Panamá, destacam-se: soda
cáustica (de zero para US$ 1,1 milhão em 2005), antibióticos (de
zero para US$ 359 mil), enzimas (de zero para US$ 227 mil),
máquinas automáticas para processamento de dados (de US$ 1
mil para US$ 1,3 milhão), correia transportadora/transmissão,
de borracha (de US$ 2 mil para US$ 1,4 milhão), calçados
(+429,9%, totalizando US$ 532 mil) e instrumentos e aparelhos de medida e verificação (de US$ 6 mil para US$ 86 mil).
O Estado de São Paulo foi responsável por US$ 146,5 milhões em exportações para o Panamá, respondendo por 52,9%
das vendas nacionais ao País. As demais principais unidades da
federação que realizaram exportações ao Panamá foram: Rio de
Janeiro (US$ 46,4 milhões, respondendo por 16,7% da pauta
total), Rio Grande do Sul (US$ 22,0 milhões, 7,9%), Minas Gerais
(US$ 20,7 milhões, 7,5%), Amazonas (US$ 13,8 milhões, 5,0%),
Paraná (US$ 6,1 milhões, 2,2%), Santa Catarina (US$ 5,8 milhões, 2,1%), Pernambuco (US$ 4,2 milhões, 1,5%), Ceará (US$
3,5 milhões, 1,3%), Espírito Santo (US$ 2,6 milhões, 0,9%).
A importação brasileira de produtos panamenhos também é concentrada em São Paulo. Em 2005, a unidade da federação foi responsável por 54,6% da pauta brasileira de exportação ao País, totalizando
US$ 7,4 milhões. Os demais principais estados que importaram do
Panamá foram: Minas Gerais (US$ 1,2 milhão, participando com 8,6%
do total), Pará (US$ 1,1 milhão, 7,8%), Alagoas (US$ 933 mil, 6,9%),
Espírito Santo (US$ 647 mil, 4,8%), Bahia (US$ 566 mil, 4,2%), Santa
Catarina (US$ 408 mil, 3,0%), Rio de Janeiro (US$ 392 mil, 2,9%),
Maranhão (US$ 374 mil, 2,7%) e Amazonas (US$ 168 mil, 1,2%).
Em 2005, o número de empresas que exportaram para o
Panamá cresceu em 2,7% relativamente ao ano anterior, passando de 1.178 para 1.210 empresas, 32 empresas a mais. Quanto às
empresas que efetuaram importações do Panamá, o número se
manteve estável em 115 empresas.
Principais produtos exportados pelo Brasil para o Panamá
Estados brasileiros que mais exportaram para o Panamá
Principais produtos importados pelo Brasil do Panamá
2005 – US$ milhões FOB
2005 – US$ milhões FOB
Fonte: MDIC/SECEX
146,5
2005 – US$ milhões FOB
Fonte: MDIC/SECEX
54,1
30,8
19,3
17,1
12,5
11,5
11,3
Móveis
Máquinas e
Aparelhos para
Terraplanagem
Calçados
Perfis e Fios
de Ferro/Aço
Automóveis
Aparelhos
Transmissores
e Receptores
Fio-máquinas
de Ferro/Aço
Embarcações
Aviões
7,1
5,7
Medicamentos
13,2
Fonte: MDIC/SECEX
1,77
1,41
1,25
1,13
0,80
0,72
46,4
0,53
Fonte: MDIC/SECEX
Ceará
Espírito
Santo
1.210
0,4
0,4
0,2
Amazonas
115
0,4
Maranhão
0,6
Rio de
Janeiro
Espírito
Santo
Alagoas
Pará
0,6
Minas
Gerais
1.178
0,9
Santa
Catarina
1,1
Bahia
1,2
0,23
Antibióticos
Pernambuco
Fonte: MDIC/SECEX
7,4
0,23
Número de empresas brasileiras exportadoras e
importadoras no comércio com o Panamá
2005 – US$ milhões FOB
São Paulo
Calçados
Santa
Catarina
Estados brasileiros que mais importaram do Panamá
Compostos
Heterocíclicos
2,6
Vacinas
3,5
Soda Cáustica
4,2
Correia
Transportadora
de Borracha
Máqs. Automáts.
para Processamento de Dados
5,8
Rolamentos e
Engrenagens
6,1
Paraná
Amazonas
Minas
Gerais
Rio Grande
do Sul
Rio de
Janeiro
São Paulo
13,8
Aparelhos
de Rádio
0,36
20,7
Enzimas
22,0
2004
115
2005
Exportadores
Importadores
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
69
CURTAS
Prêmio
Propostas
Paulo Fernando Costa e
Silva, estudante do segundo
período da Faculdade de
Relações Internacionais do
Instituto Bennett do Rio de
Janeiro, foi sorteado durante
o Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e
Investimentos Brasil-Panamá
com duas passagens aéreas
Rio de Janeiro-Panamá, além
de estada no confortável e
luxuoso Hotel Marriott. As
passagens foram uma
cortesia da Copa Airlines, a
principal companhia aérea
que opera naquele país. Ao
receber a confirmação do
prêmio, Paulo Fernando
Costa e Silva não escondeu
seu contentamento e sua
emoção.
Organização dos Estados
Americanos – OEA, realizada
em junho de 2006, na
República Dominicana, o
Primeiro Vice-Presidente e
Ministro das Relações
Exteriores do Panamá,
Samuel Lewis Navarro,
proferiu um discurso que
resume as propostas do seu
país em relação ao
desenvolvimento e à
integração com a América
Latina. Tratando do tema
“governabilidade e
desenvolvimento na
sociedade do conhecimento”,
Samuel Lewis Navarro
afirmou que a tecnologia da
informação merece um
interesse especial. Segundo o
•
• Na Assembléia Geral da
A Revista dos Seminários Bilaterais de
Comércio Exterior e Investimento,
organizados pela FCCE, é distribuída entre
as mais destacadas personalidades, do
Brasil e do exterior, que atuam no
comércio internacional.
Anunciar aqui é fazer chegar o seu
produto a quem realmente interessa, a
quem decide.
Procure-nos.
Tel.: 55 21 2221 9638
[email protected]
70
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
Paulo Fernando Costa e Silva recebe o prêmio. Na foto, Alexandre
Camargo, da Copa Airlines; o Presidente da FCCE João Augusto de
Souza Lima; a Cônsul-Geral Glorisabel Thompson-Flôres, o Embaixador
Carlos Bueno e Jorge Berrio, do grupo Marriott.
chanceler, para que a
sociedade do conhecimento
se desenvolva, é preciso uma
comunidade altamente
conectada, nacional e
internacionalmente, que
troque informações e realize
transações comerciais, por
intermédio dos modernos
meios digitais de
comunicação. O Panamá está
disponibilizando os portais
“Panamá compra” e “Panamá
tramita” que permitem a
qualquer cidadão, ou
empresa, oferecer seus
serviços ao governo e fazer
negociações e tramitações de
forma digital.
“Estamos, também,
cumprindo nosso
compromisso de promover
pesquisas na área de educação
e ciências, e agradeço o apoio
de especialistas de vários
países, especialmente do Chile,
Colômbia, México, Brasil e
Estados Unidos”, concluiu
Samuel Lewis Navarro.
Expocomer 2007
• A XXV Exposição
Comercial Internacional –
Expocomer 2007, a maior
feira de negócios do Panamá,
vai ser realizada entre 7 e 10
de março de 2007 na capital
deste país. Ela é organizada
pela Câmara de Comércio,
Indústria e Agricultura do
Panamá e acontece no
Centro de Convenções
Atlapa. A feira comtempla a
realização de negócios nos
seguintes setores:
• alimentos, bebidas, e tabaco
• roupas, tecidos, calçados,
bolsas, artefatos de couro
• joalheria, relojoaria,
perfumaria e cosméticos
• mobiliário e equipamentos
para marcenaria
• artes gráficas e material
didático
• tecnologia de computação e
de comunicações
• objetos de ferro,
equipamentos e material de
construção
• maquinaria, peças
sobressalentes e
equipamentos de transportes
• produtos e equipamentos
médicos, farmacêuticos e de
laboratório
• produtos de
entretenimento e lazer
• serviços
Os interessados em
maiores informações e em
expor na feira devem acessar
o site www.expocomer.com.
A agência Conceito Brasil
oferece uma excursão à
Expocomer de oito dias, que
inclui visita à Zona de Livre
Comércio de Colón,
considerada a segunda maior
do mundo. O custo é de
US$ 1,45 mil por pessoa.
Perfil do Canal
• Um dos “personagens”
mais mencionados durante o
Seminário Bilateral de
Comércio Exterior e
Investimentos Brasil-Panamá
foi justamente o Canal do
Panamá. Este canal
interoceânico que atravessa o
Istmo do Panamá, tem 79,6
km de comprimento e
dispõe de seis comportas.
Sua construção começou em
1881, por iniciativa de
Ferdinand de Lesseps, mas
foi interrompida em 1888
com a liquidação da
Compagnie Universelle du
Canal Interocéanique, que
provocou grave escândalo
financeiro e político na
França em 1892. Após a
independência da República
do Panamá, que ocorreu em
1903, e da cessão de uma
faixa do território
panamenho que foi
arrendada aos Estados
Unidos, os trabalhos de
construção prosseguiram e
foram concluídos em 1914.
O canal encurtou
sensivelmente o trajeto
marítimo entre o Atlântico e
o Pacífico. A Zona do Canal
tem 1.676 km2. Depois de
um acordo concluído em
1977, o arrendamento aos
Estados Unidos findou e, em
1999, o canal passou a
funcionar sob administração
panamenha. Uma
curiosidade: a empresa
Panama Ports Company –
que administra os portos de
Balboa, no Pacífico, e
Cristobal, no Atlântico, na
entrada e na saída do Canal
do Panamá – é uma
subsidiaria do Hutchison
Port Holding, um grupo
chinês, de Hong Kong.
O chanceler panamenho
Samuel Lewis Navarro assim
se pronunciou sobre a atual
ampliação do canal, uma obra
que está orçada em cerca de
US$ 5,25 bilhões:
“Quando o Panamá
recebeu o apoio continental
por seu esforço para
conseguir a soberania integral
sobre seu território e a
administração do canal
interoceânico, sabia que iria
assumir um compromisso de
grande significado. Nosso
país sempre esteve
consciente da importância do
canal para o comércio
marítimo internacional e para
a economia contemporânea.
As atuais estruturas físicas do
canal começaram a operar
em 1914 e é necessário
tomar medidas para
aumentar sua capacidade.
Assim, o canal vai poder
manter-se em consonância
com as novas condições do
mundo marítimo e, ao
mesmo tempo, vai
consolidar sua importância.
Realizando a obra, o Panamá
está ratificando seu
compromisso histórico com
o continente e com o
mundo, enquanto centro
vital para o intercâmbio e a
comunicação entre
diferentes povos e regiões.”
Acordo diplomático
•
Brasil e Panamá mantêm,
desde novembro de 2005,
um acordo de cooperação
entre as academias
diplomáticas de ambos os
países. O Instituto Rio
Branco e a Academia
Diplomática do Panamá
realizam intercâmbio de
informação sobre seus
programas de estudos,
cursos, seminários e outras
atividades acadêmicas. Isto
inclui, ainda, troca de
informações detalhadas
sobre matérias e
especialidades necessárias à
formação e capacitação de
pessoal diplomático, de
ambos os países, no
contexto da globalização e
de suas repercussões na
política e no Estado. As
partes se comprometem,
também, a facilitar o
intercâmbio de professores,
conferencistas, peritos,
pesquisadores e alunos nas
áreas de interesse de ambas
as instituições. O
intercâmbio deve
materializar -se por meio de
cursos e seminários,
realizados alternadamente,
em Brasília e no Panamá. O
comércio exterior, tema
estratégico para ambos os
países, deve ocupar parte
importante deste
intercâmbio.
Serviço
•
A Embaixada do Brasil no
Panamá mantém um site com
informações úteis sobre
comércio exterior. O site
informa que, em 2004, o
Brasil realizou exportações
diretas para aquele país no
valor de cerca de US$ 117,2
milhões. Os principais itens
que exportamos foram
máquinas e insumos, material
de cutelaria, incluindo
utensílios de cozinha, móveis
modulados, sapatos,
confecções e produtos
alimentícios. No mesmo
período, as importações
brasileiras de produtos
panamenhos foram
praticamente inexistentes.
Estes valores do comércio
bilateral são
substancialmente alterados
quando neles são incluídas as
transações realizadas na Zona
de Livre Comércio de
Colón. Tendo Colón como
base, o Panamá reexportou
ao Brasil, em 2004, cerca de
US$ 128,4 milhões,
enquanto o Brasil exportou
ao Panamá em torno de US$
66,4 milhões. Entre os
produtos importados do
Brasil destacam-se
televisores, fármacos e
calçados.
O Panamá promove
tributação ad valorem sobre
suas importações, usando o
valor CIF declarado como
base para os cálculos.
Qualquer empresa
estabelecida no país que
tenha licença comercial pode
importar livremente. A
documentação básica
requerida pela Dirección
Nacional de Aduanas do
Panamá inclui uma declaração
de importação (preparada
por um profissional da área
de alfândega), fatura
comercial (em inglês ou
espanhol), guia aérea,
conhecimento de embarque
em três cópias, número da
licença comercial, certificado
fitossanitário para produtos
de carne, e certificado de
venda livre.
O site da embaixada brasileira é
http://www.embrasil.org.pa/.
Seminário Bilateral de Comércio Exterior e Investimentos B R A S I L • P A N A M Á
71

Documentos relacionados