alerta 86 inalantes

Transcrição

alerta 86 inalantes
CENTRO DE FARMACOVIGILÂNCIA DO
CEARÁ
(CEFACE)
INFORME Nº 86
ABRIL - 2009
EM FARMACOVIGILÂNCIA
USO DE CORTICÓIDES INALANTES E NASAIS E O RISCO
DE EVENTOS ADVERSOS NEUROLÓGICOS
Anualmente ocorrem cerca de 350.000
internações por asma no Brasil, constituindo-se na
quarta causa de hospitalizações pelo Sistema
Único de Saúde (2,3% do total) e sendo a terceira
causa entre crianças e adultos jovens1.
Todos os pacientes com asma e seus
familiares devem receber orientações sobre sua
doença e noções de como eliminar ou controlar
fatores
desencadeantes,
especialmente
os
domiciliares e ocupacionais. Deve-se também, ter
uma atenção especial ao uso adequado dos
medicamentos específicos para o tratamento da
asma e minimização de seus efeitos adversos.
Os corticosteróides inalantes e nasais são
medicamentos frequentemente utilizados para
tratamento de inflamações das vias respiratórias e
para tratar doenças obstrutivas das vias aéreas,
como a asma. Há uma preferência pelo uso
corticosteróides inalantes e nasais frente aos orais,
devido ao menor grau de incidência de efeitos
adversos. Dentre os vários tipos de efeitos
adversos que podem ocorrer pelo uso desses
medicamentos, destacamos os riscos de Eventos
Adversos Neurológicos (EAG) segundo um
estudo publicado na revista Prescrire, em janeiro
de 2007.
Sobre o risco
Dentre os corticosteróides, o Propionato
de fluticasona é comumente utilizado no
tratamento de crianças. Em 2007 o Centro de
Farmacovigilância dos Países Baixos notificou 17
casos de transtornos mentais em crianças com
idade entre 1 mês e 1 ano, os quais receberam
tratamento com fluticasona inalada, na forma de
monoterapia (n=13 casos) e terapia combinada
com salmeterol (n=4 casos). Em 11 casos, os
sintomas desapareceram quando o tratamento foi
interrompido, havendo apenas um caso de
reexposição positiva com fluticasona.
Os
efeitos
adversos
neurológicos
observados
foram:
insônia,
agitação,
agressividade, ansiedade, hiperatividade e
comportamento anormal.
No mesmo período, uma equipe clínica
analisou 383 efeitos adversos neuropsiquiátricos
mencionados na base de dados do Centro de
Controle de Medicamentos de Uppsala, Suécia,
que incluíam casos de pacientes entre 2 e 92 anos
e que receberam tratamento com esteróides nasais,
como fluticasona, beclometasona, mometasona e
budesonida. Os efeitos adversos incluíam insônia,
nervosismo, depressão, confusão, ansiedade e
agitação.
Além dos efeitos adversos neurológicos
apresentados acima, já foi emitido um alerta pelo
CEFACE em 2008 sobre os riscos de Eventos
Adversos Gastrointestinais (EAG) causados por
corticosteróides inalatórios.
No Brasil são aprovados para uso em
crianças os seguintes corticóides inalantes:
fluticasona, beclometasona, mometasona e
budesonida1,2.
Diante desses fatos, é imprescindível a
seleção cuidadosa das doses de corticóides
inalantes, limitando-as ao mínimo possível. Isso
porque em alguns estudos foi revelado que a
administração de doses baixas pode reduzir,
significativamente, os riscos de efeitos adversos.
Concomitantemente, é importante o constante
fornecimento de informação aos pacientes para
que esses sigam adequadamente os procedimentos
terapêuticos, evitando assim casos de uso
inadequado, o que também tem sido apresentado
como
problemas
no
tratamento
com
corticosteróides.
Bibliografia
consultada: Esteroides inhalados y nasales: Trastornos mentales. Traducido por Boletín Fármacos de: Rev
.
Prescrire 2007;27(288) :749, 1-Tratado de Pediatria - Sociedade Brasileira de Pediatria - Barueri, SP: Manole, 2007 e 2http://www.medicina.ufmg.br/cpg/ped/teses_dissert/2005_mestrado_juliana_barros.pdf.
Responsável: Mayka Brilhante (acadêmica de Farmácia), Eudiana Vale Francelino (Farmacêutica do CEFACE. Revisão: Profª
Mírian Parente (Doutora em Farmacologia)

Documentos relacionados

alerta 84 corrigido

alerta 84 corrigido CENTRO DE FARMACOVIGILÂNCIA DO CEARÁ (CEFACE)

Leia mais

O impacto da asma na visão de médicos e pacientes

O impacto da asma na visão de médicos e pacientes Asma grave: 320 mcg uma vez ao dia a 640 mcg uma vez ao dia ou 320 mcg duas vezes ao dia. A redução da dose para 80 mcg uma vez ao dia pode ser uma dose de manutenção efetiva para alguns pacientes ...

Leia mais