A criança dos 8 e 9 anos - Associação Chão d`andar

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A criança dos 8 e 9 anos - Associação Chão d`andar
i dos Pais
A criança dos 8 e 9 anos
As crianças de oito anos são já mais autoconfiantes e já começam a ter uma
noção de quem são. De facto, é notório que nesta idade as crianças começam a ter uma
noção do seu lugar no mundo e desenvolvem interesses e opiniões próprias:
provavelmente já desenvolveram alguns interesses e hobbies, e sabem o que gostam e
não gostam. Simultaneamente, estão a aprender mais sobre o mundo em geral, e
também são mais capazes de organizar e desenvolver as suas relações sociais com
outras pessoas, com menos orientação externa. A criança desta idade já usa uma
linguagem mais sofisticada na descrição de ideias e experiências e pode ter conversas
cada vez mais adultas. Ao mesmo tempo, começa a ser capaz de imaginar como é estar
no lugar de outra pessoa, começando a ser evidente que já se consegue concentrar
menos em si mesma (menos egocêntrica) e ser mais capaz de sentir empatia com os
outros. Em casa, as crianças de 8 anos são capazes de lidar com tarefas domésticas mais
complicadas e assumir mais responsabilidades.
Podemos resumir as tarefas desenvolvimentais deste período da seguinte forma:

Desenvolver um sentimento de realização, que se centra em torno das
capacidades de aprendizagem e aplicação dos conhecimentos, lidar com os
pares, competição, autocontrole e uma maior força física.

Desenvolver e testar os valores e crenças que guiam os comportamentos do
presente e do futuro.
Desenvolvimento Psicológico e Emocional
Esta é uma fase em que as crianças se apresentam um pouco aceleradas: têm muita
energia, falam muito depressa, andam depressa, comem depressa, leem depressa, etc.,
podendo ainda mudar facilmente de uma actividade para a próxima. São também
usualmente afectivas e carinhosas, atenciosas, alegres, extrovertidas e curiosas, mas
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também muito exigentes. Gostam de fazer caretas e de ser “engraçadinhas” para os
outros e de actividades e jogos muito activos (por vezes brutos) e barulhentos. É
também normativo que por vezes se apresentem egoístas, mandonas, exigentes, risonhas
e “tolas”.
Esta é uma fase em que as crianças conseguem ser extremamente autocríticas e tendem
a dramatizar e exagerar os acontecimentos e coisas, ou a experimentar sentimentos de
culpa e vergonha exagerados, apresentando, desta forma, uma grande sensibilidade.
Ainda assim, e apesar de já apresentarem um melhor sentido do certo e errado, é ainda
normativo que não consigam assumir a culpa das suas acções, procurando atribuí-la aos
outros. A sua tendência para o exagero e dramatização conduzem a que tenham alguma
dificuldade em dizer a verdade.
A fase dos medos irracionais começa a desaparecer, com as crianças a demonstrarem
menos medos e medos mais razoáveis. E como resultado desta maior (auto)confiança,
têm uma maior necessidade de explorar e expandir os seus limites espaciais.
É notório, nesta idade, as crianças começarem a ter segredos e poderão argumentar,
negociar e resistir a pedidos e instruções que lhes sejam efectuados. Ainda assim,
acabam por obedecer. No entanto, são ainda muito dependentes (e gostam) de receber
recompensas e elogios pelo seu comportamento.
Decorrente da sua grande curiosidade, as crianças desta idade têm uma grande tendência
para “espreitar” a privacidade dos amigos, pais e outros adultos.
São, geralmente, muito faladoras e já conseguem exprimir-se por meio de emoções tais
como o espanto e a curiosidade.
Com as suas roupas e coisas são ainda muito desleixadas, atirando, p.ex., as suas roupas
para o chão, mas apresentam um interesse crescente no nome das marcas e na moda e
estilo pessoal.
Desenvolvimento Físico
Neste período, as crianças são muito activas e, como tal, têm acidentes frequentes,
apesar de serem mais bem coordenadas. Têm, geralmente, um grande apetite, e podem
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começar a aceitar novos alimentos.
É possível que tenham episódios de enurese ou dores de estômago como resultado de
situações ou episódios de ansiedade.
A sua saúde é, a partir desta idade, mais forte, encontrando-se menos frequentemente
doentes. Quando doentes, recuperam mais depressa.
Desenvolvimento Intelectual
Continuamos a observar um grande interesse em perceber as razões para as coisas,
motivo pelo qual as crianças desta idade fazem inúmeras perguntas.
Por outro lado, e como resultado da sua maior autoconfiança, é frequente que, nesta
idade, as crianças sobrestimem as suas capacidades. No entanto, nas situações de
insucesso, é frequente que o generalizem com frases como “Nunca consigo fazer nada
bem!”.
É nesta fase que se inicia o pensamento abstracto (capacidade de pensar nas relações
entre acontecimentos ou entre coisas sem precisar experimentá-las de facto). Começa-se
também a conseguir aplicar lógica simples para extrair conclusões, podendo-se, portanto
raciocinar de forma dedutiva.
Geralmente as crianças desta idade gostam da escola e não gostam de faltar, sendo
também frequente que apreciem falar da sua vida escolar.
É comum que surjam muitas questões em torno da gravidez e do nascimento e que
questionem o papel do pai nessas questões.
Desenvolvimento Social
Embora continuem a exigir amor e compreensão da parte dos seus pais e a precisar
muito de garantir que as suas relações primárias continuam a funcionar, as crianças
desta idade já têm muita facilidade em fazer novos amigos e em relacionar-se com
estranhos. Por outro lado, é uma idade em que procuram estabelecer boas relações com
os outros, sendo mais capazes de cooperar, preocupando-se com a qualidade das suas
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relações. Desta forma, nesta idade as crianças têm muitos mais amigos do que
anteriormente.
Geralmente estabelecem relações próximas (e brincam mais) com crianças do seu
género e consideram os clubes e os grupos como algo importante (muitas vezes
observamos o surgimento de “clubes secretos”). Esta é uma idade em que as crianças
chateiam e afastam outras crianças consideradas externas ou estranhas aos seus grupos,
clubes e/ou interesses.
Normalmente não estão muito interessadas nas conversas à mesa, familiares, desejando
antes terminar a refeição para poderem ir para as suas actividades (e.g., brincar, ler, ver
televisão, etc.).
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