IMPACTOS DO PISOTEIO OVINO NOS ATRIBUTOS FÍSICOS DO
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IMPACTOS DO PISOTEIO OVINO NOS ATRIBUTOS FÍSICOS DO
IMPACTOS DO PISOTEIO OVINO NOS ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO EM ÁREA DE COQUEIRO-ANÃO IRRIGADO, NA REGIÃO DO SEMIÁRIDO PARAIBANO Ednaldo Barbosa Pereira Júnior 1*; Jacob Silva Souto 2; Patrícia Carneiro Souto 2, Oscar Mariano Hafle 1 RESUMO: A compactação do solo pelo pisoteio animal e máquinas proporcionam um aumento da densidade, acarretando a redução no seu volume de poros, sendo considerado como impactos ao meio ambiente. Com o objetivo de avaliar o efeito do pisoteio ovino nos atributos físicos de um Neossolo Flúvico, em área de cultivo do coqueiro-anão (Cocos nucifera L.), foi conduzido experimento em blocos casualizados com quatro tratamentos e três repetições no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, Campus Sousa, Paraíba, Brasil (06º 50` 22”S; 38º 17` 42” WGr a 220 m de altitude). Os tratamentos utilizados foram: 1-piquetes sem animais, 2-com dois animais, 3quatro animais e 4-seis animais. Foram coletadas amostras de solo antes da instalação do experimento e após a aplicação dos tratamentos para análise dos atributos físicos (densidade do solo, porosidade total, macroporosidade, microporosidade e umidade do solo) na camada de 0-5 cm, 5-10 cm, 10-15 cm e 15-20 cm de profundidade. Os resultados mostraram que as características físicas do solo foram influenciadas significativamente pelo pisoteio ovino, na camada de 0-5 cm. Para a camada de 5 - 10 cm, apenas a umidade do solo foi influenciada pelo pisoteio. O pisoteio ovino causou o aumento na densidade do solo, diminuição da porosidade total e mudanças no tamanho dos poros na camada de 05 cm. Palavras-chave: Cocos nucifera, compactação, conteúdo de água IMPACTS OF TRAMPLING ON SOIL ATTRIBUTES SHEEP IN AREA OF DWARF COCONUT IRRIGATED IN SEMIARID REGION OF PARAÍBA ABSTRACT: Soil compaction by cattle trampling and machines provide an increase in density, resulting in a reduction in its pore volume and considering impacts to the environment. To evaluate the effect of sheep trampling on the physical fluvent in the area of dwarf coconut cultivation (Cocos nucifera L.), a field experiment was conducted in randomized blocks with four treatments and three repetitions at Federal Institute of Education, Science and Technology of Paraiba, Campus Sousa, Paraiba, Brazil (06º 50` 22”S; 38º 17` 42” WGr at 220 m of altitude). The treatments were: 1-pickets without animals, 2- with two animals, 3- four animals and 4- six animals. Soil samples were collected before the experiment and after application of treatments for analysis of physical attributes (density, porosity, macroporosity, microporosity and soil moisture) in 0-5 cm, 5-10 cm, 10-15 cm and 15-20 cm deep. The results showed that soil physical properties were significantly influenced by sheep trampling in 0-5 cm layer. For the layer from 5-10 cm, only the soil moisture was influenced by trampling. The sheep trampling caused the increase in bulk density, decreased porosity and changes in pore size in the 0-5 cm layer. Key words: Cocos nucifera. Compaction, water content 1 Professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, Campus Sousa, Caixa Postal 49, CEP 58800-970, Sousa, PB. * E-mail: [email protected]. Autor para correspondência. 2 Universidade Federal de Campina Grande - UFCG. Caixa Postal 64, CEP 58700-970 Patos (PB). Email: [email protected]; [email protected]. Recebido em: 26/12/2012. Aprovado em: 25/04/2014. Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 07, n. 01, p.48 – 55, jan/abr. 2014. E.B. Pereira Júnior et al. INTRODUÇÃO Algumas vantagens como controle de ervas espontâneo, integração do espaço e acumulação de renda credenciam a ovinofruticultura como um instrumento de alto potencial para o sistema de produção integrada ou para a produção de frutas orgânicas, cujo mercado se encontra em acelerada expansão. Por outro lado, a consorciação praticada sem o adequado manejo pode acarretar desvantagens para a fruticultura, podendo ser mencionados como mais importantes os danos às fruteiras jovens, uma maior competição por nutrientes e umidade entre a fruteira e a vegetação usada como pasto e a compactação do solo (GUIMARÃES FILHO & SOARES, 2000). A possibilidade de integrar, no mesmo espaço, a criação de animais com cultivo de espécies arbóreas, de modo especial de frutíferas, tem despertado crescente interesse nos últimos anos, em função do enorme potencial de benefícios que o sistema pode trazer a esse tipo de empreendimento rural. Ao longo de décadas, a caprinovinocultura foi considerada uma atividade marginal ou de subsistência na região Nordeste do Brasil, normalmente, com baixa produtividade e realizada por produtores desprovidos de capital financeiro e de recursos tecnológicos. Entretanto, atualmente, a produção destes pequenos ruminantes vem se caracterizando como uma atividade de grande importância cultural, social e econômica para a região, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento do Nordeste (COSTA et. al., 2008). Acredita-se que a caprinoovinocultura, por sua adequação aos agroecossistemas locais, por sua baixa necessidade de capital inicial, por sua capacidade de acumulação de renda em pequena escala e por sua fácil apropriação sócio-cultural, configura-se como uma alternativa agropecuária apropriada para a geração da renda e garantia de segurança 49 alimentar da população do semi-árido do Nordeste brasileiro (HOLANDA JÚNIOR & ARAÚJO, 2004). A principal consequência do pisoteio animal excessivo é a compactação do solo, caracterizada pelo aumento da densidade do solo como resultados de cargas ou pressões aplicadas (LEÃO et al., 2004). Deste modo, a maioria dos estudos que avaliam os efeitos do pisoteio sobre a qualidade física do solo se baseiam na quantificação da densidade do solo e outras propriedades físicas do solo afetadas pela compactação, tais como: resistência à penetração (IMHOFF et al., 2000), características de retenção de água (BELL et al., 1997) e infiltração (FRANCIS et al., 1999). Segundo Pinzón e Mesquita (1991), em geral, o pisoteio dos animais compacta o solo nos primeiros 15 cm, ocasionando uma severa diminuição no movimento interno da água e um aumento na densidade do solo. Isto traz, como consequência, uma diminuição na porosidade e trocas desfavoráveis na relação solo-água-atmosfera que afetam o desenvolvimento das raízes das plantas e a sua produtividade. Naeth et al. (1990), trabalhando com impactos da compactação provocados pelo pisoteio animal, sugerem que pessoas que trabalham com o manejo de pastagens, poderiam utilizar regimes de pastejo seletivos, que mantivesse a superfície do solo em condições de suportar as forças de compactação promovidas pelo pastejo, evitando com isso alterações na densidade do solo e na resistência à penetração, que são danosas ao desenvolvimento das plantas. Segundo os autores, estes regimes de pastejo mantêm altos níveis de matéria orgânica no solo, que promove um efeito amortecedor efetivo entre o solo e o pisoteio animal, minimizando os principais fatores da compactação. Com base nessa realidade, foi desenvolvido trabalho de campo com ovinos no semi-árido da Paraíba, para avaliar a possível deterioração em alguns atributos Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 07, n. 01, p.48 – 55, jan/abr. 2014. Impactos do Pisoteio... 50 físicos da camada arável do solo, provocada total da área experimental, utilizando turno de pelo pisoteio em uma área ocupada com a rega de 3 dias. cultura do coqueiro, comparada com área Inicialmente, foram realizadas a similar sem pisoteio. limpeza da área e o estaqueamento para instalação da cerca elétrica. A vegetação existente no local era constituída, MATERIAL E MÉTODOS principalmente, por: vassourinha (Scoparia O estudo foi realizado em área procumbens Jacq), Capim-de-burro (Cynodon experimental do no Instituto Federal de dactylon Perl), Capim-pé-de-galinha Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, (Eleusine indica Gaertner), Tiririca (Cyperus Campus Sousa (IFPB-Sousa), Paraíba, Brasil rotundus L. ssp), braquiaria (Brachiaria (06º 50` 22”S; 38º 17` 42” WGr a 220 m de decumbens (Stapf) Webster). altitude). O clima é caracterizado como semiA unidade experimental constituiu-se árido, quente, do tipo Bsh da Classificação de de piquetes de 10m x 40m, e com taxa de Koppen. A pluviosidade média anual é de lotação de 0, 2, 4 e 6 animais/piquetes, 654 mm, com as chuvas concentradas no equivalente a 0, 50, 100 e 150 período de janeiro a junho. A temperatura animais/hectare. Os tratamentos utilizados média anual de 27 °C e a umidade relativa foram: sem animais (sa), 2 animais por média de 64%. A vegetação predominante da piquete (Da), 4 animais por piquete (Qa) e 6 região é a caatinga hiperxerófila, e a área animais por piquete (Sa) com três repetições. encontram-se cultivada com coqueiro-anão- Utilizaram-se ovinos da raça Santa Inês com precoce (Cocos nucifera L.), estabelecido em peso médio de 35 kg e diâmetro médio de um Neossolo Flúvico (EMBRAPA, 1999). casco dos de 3,8 cm. O experimento foi instalado em área Para determinação dos atributos cultivada com coqueiro-anão, com as plantas químicos e físicos do solo, por ocasião da espaçadas 7,5 m (sistema triangular), e com instalação do experimento, foram coletadas área total de 0,48 ha. O sistema de irrigação amostras na profundidade de 0–20 cm, em 10 utilizado foi o de microaspersão tendo os pontos aleatórios para obtenção de uma emissores vazão de 100 L h-1, com cobertura amostra composta (Tabela 1). Tabela 1. Atributos químicos e físicos do solo da área experimental. pH P K Na Ca Mg Al H+Al H2O mg.dm-3 ---------------------------cmolc dm-3 -----------------------------7,6 31 0,15 0,21 3,9 1,8 0,0 1 Granulometria Areia Silte Argila ------------ g/kg-1------------640 240 120 Classificação textural Franca arenosa Da M.O g/kg 13,8 Dp ---- kg dm-3 _--1,36 2,74 P, K: Extrator Mehlich 1M; Al, Ca, Mg: Extrator KCL 1M; H + Al: Extrator Acetato de Cálcio 0,5 M, pH 7,0:em H2O; Matéria orgânica: Digestão Úmida Walkley-Black; Areia: por pesagem; Silte e argila: Dênsimetro de Boyoccus; Densidade aparente (Da): método torrão parafinado: Densidade de partícula (Dp): método do balão de 50 ml. A retirada das amostras ocorreu antes (na testemunha) e após a saída dos ovinos em cada piquete, em 4 níveis de profundidade do solo: 0–5 cm, 5-10 cm, 10–15 cm e 15–20 cm, em quatros pontos aleatórios para determinação dos atributos físicos. Após a coleta, as amostras foram levadas para Laboratório de Análise de Solo, Água e Planta do IFPB – Campus Sousa, onde foram realizadas as determinações físicas (densidade aparente - DA, densidade de partículas - DP, porosidade total – PT, microporosidade - MAP, macroporosidade – Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 07, n. 01, p.48 – 55, jan/abr. 2014. E.B. Pereira Júnior et al. MIP e conteúdo de água no solo), Embrapa (1997). Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e quando significativos, foram aplicado o teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1, apresenta a densidade aparente do solo nas quatro profundidades amostradas, com e sem lotação animal. Observa-se que na profundidade de 0–5 cm ocorreram diferenças significativas (p < 0,05) entre os tratamentos com utilização de ovinos comparado com o tratamento sem pisoteio e isso pode ser atribuído à carga animal utilizada em cada tratamento. As densidades aparentes do solo obtidas nos tratamentos com pisoteio ovino podem ser consideradas elevadas para muitas culturas anuais e ou pastagens que poderão ser consorciadas com coqueiral, sendo necessário, portanto, um maior acompanhamento do agricultor quando da introdução de animais em uma determinada área. Segundo Bowen e Kratky (1985) sugerem valores críticos de densidade do solo, considerando a capacidade de campo, que variam entre 1,55 kg dm3 para 51 solos com textura argilosa e 1,85 kg dm 3 para solos com textura arenosa. Os dados obtidos no presente estudo corroboram com aqueles encontrados por Drewry et al. (1999) que, trabalhando com o efeito ovino nas propriedades físicas de solo cultivado com tremoço (Lolium perenne) e trevo-branco (Trifolium repens) na Nova Zelândia, verificaram efeito significativo (p< 0,05) na densidade do solo na profundidade de 0–5 cm no solo, comparados com parcelas não pastejadas. Dados semelhantes também foram encontrados por Greenwood et al. (1997). Observa-se também na Tabela 1 que, nas profundidades de 5-10 cm, 10–15 cm e 15–20 cm não ocorreram diferenças significativas na densidade aparente do solo, (p< 0,05), evidenciando que as pressões exercidas na camada superficial pelo pisoteio ovino não interferiram nas demais profundidades. Estes dados concordam com o afirmado por Drewry et al. (1999) que, trabalhando com o efeito Trifolium repens na Nova Zelândia, encontraram resultados não significativo nas profundidades de 5-10 e 1015 cm no solo comparados com parcelas não pastejadas. Tabela 1. Densidade aparente do solo nas diferentes ocupações com ovinos em sistema integrado com coqueiro-anão. Densidade aparente do solo (kg dm-3) -----------------------Profundidades (cm)-----------------------Tratamentos 0–5 5 – 10 10 – 15 15 – 20 T1 (sa) 1,44 b 1,67 a 1,69 a 1,72 a T2 (Da) 1,67 a 1,71 a 1,68 a 1,69 a T3 (Qa) 1,69 a 1,71 a 1,67 a 1,66 a T4 (Sa) 1,72 a 1,72 a 1,65 a 1,66 a Letras iguais não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey (p<0,05), T1 (sa) = sem animais; T2 (Da) = Dois animais; T3 (Qa) = Quatros animais; T4 (Sa) = Seis animais. Os níveis de compactação na profundidade de 0–5 cm obtidos nos tratamentos (Qa) e (Sa) (Tabela 1) influenciaram na porosidade total (p < 0,05) tabela 2. Constatou-se, que o número excessivo de animais na área prejudicou o armazenamento de água e ar, tão necessários ao crescimento e desenvolvimento da planta. Bertol et al. (1998) também observaram que a pressão aplicada pelo pisoteio dos animais ocasionou alterações na porosidade total do solo, especialmente nos primeiros 3 a 6 cm de profundidade. Lanzanova et al. (2007), avaliando o efeito do pisoteio bovino, durante três anos de estudo, verificaram que a compactação do solo, Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 07, n. 01, p.48 – 55, jan/abr. 2014. Impactos do Pisoteio... 52 segundo os valores de densidade do solo, 10–15 cm e 15–20 cm), não ocorreram limitou-se à camada superficial do solo, de 0- diferenças estatísticas entre os tratamentos 0,05 m de profundidade. pelo pisoteio ovino. Ainda na Tabela 2, observa-se que nas demais profundidades estudadas (5–10 cm, Tabela 2. Porosidade total do solo nas diferentes ocupações com ovinos em sistema integrado com coqueiro-anão. Porosidade total do solo (m3m-3) -----------------------Profundidades (cm)-----------------------Tratamentos 0–5 5 – 10 10 – 15 15 – 20 T1 (sa) 0,46 a 0,40 a 0,39 a 0,38 a T2 (Da) 0,39ab 0,38 a 0,38 a 0,38 a T3 (Qa) 0,38 b 0,39 a 0,40 a 0,40 a T4 (Sa) 0,37 b 0,39 a 0,40 a 0,40 a Letras iguais não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey (p<0,05), T1 (sa) = sem animais; T2 (Da) = Dois animais; T3 (Qa) = Quatros animais; T4 (Sa) = Seis animais. Os dados médios da microporosidade obtidos em função dos níveis de pressão exercida pelo pisoteio ovino, comparado com área similar sem pisoteio (tabela 3), demonstram efeitos significativos na profundidade de 0–5 cm, onde os tratamentos com lotação de dois, quatro e seis animais diferiram estatisticamente do tratamento sem animais (p < 0,05). A explicação para tal comportamento crescente dos tratamentos foi, devido à carga animal exercida e também, devido aos números diferentes de animais por tratamentos. Tabela 3. Microporosidade do solo nas diferentes ocupações com ovinos em sistema integrado com coqueiro-anão. Microporosidade do solo (m3m-3) -----------------------Profundidades (cm)-----------------------Tratamentos 0–5 5 – 10 10 – 15 15 – 20 T1 (sa) 0,22 b 0,25 a 0,25 a 0,27 a T2 (Da) 0,25a 0,26 a 0,26 a 0,26 a T3 (Qa) 0,25 a 0,25 a 0,25 a 0,25 a T4 (Sa) 0,26 a 0,25 a 0,25 a 0,25 a Letras iguais não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey (p<0,05), T1 (sa) = sem animais; T2 (Da) = Dois animais; T3 (Qa) = Quatros animais; T4 (Sa) = Seis animais. Nas demais profundidades estudadas, os valores médios da microporosidade não sofreram interferência significativa pelo pisoteio ovino. Dados semelhantes foram encontrados por Bertol et al. (1995), que em campo nativo submetido permanentemente a pastoreio extensivo por ovinos e bovinos, demonstrou efeito significativo na microporosidade de 0– 5 cm de profundidade, em um Cambissolo Húmico Distrófico. Vizzotto et al. (2000), trabalhando com bovinos, constataram efeitos significativos a (p<0,05) de probabilidade na profundidade de 0–10 cm onde os valores da microporosidade decresceram com carga média de 738 kg de peso vivo, em solo classificado como Planossolo. Os valores médios da macroporosidade decresceram na profundidade de 0–5 cm, diferindo significativamente (p < 0,05) Tabela 4. Ao avaliar o efeito da lotação animal nas propriedades físicas do solo, na Nova Zelândia, Drewry et al. (1999) demonstraram que a macroporosidade na camada de 0–5 cm diminui em áreas com pastoreio intensivo Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 07, n. 01, p.48 – 55, jan/abr. 2014. E.B. Pereira Júnior et al. 53 com ovinos em comparação com parcelas não significativo (p < 0,01) na profundidade de pastejadas. Os mesmos autores relatam 5–10 cm com pisoteio ovino, diferindo dos decréscimo da macroporosidade, com efeito resultados encontrados no presente estudo. Tabela 4. Macroporosidade do solo nas diferentes ocupações com ovinos em sistema integrado com coqueiro-anão. Macroporosidade do solo (m3m-3) -----------------------Profundidades (cm)-----------------------Tratamentos 0–5 5 – 10 10 – 15 15 – 20 T1 (sa) 0,24 a 0,14 a 0,13 a 0,11 a T2 (Da) 0,13 b 0,11 a 0,12 a 0,12 a T3 (Qa) 0,12 b 0,12 a 0,14 a 0,15 a T4 (Sa) 0,09 b 0,10 a 0,14 a 0,15 a Letras iguais não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey (p<0,05), T1 (sa) = sem animais; T2 (Da) = Dois animais; T3 (Qa) = Quatros animais; T4 (Sa) = Seis animais. O valor de 0,10 m3 m-3 da aeração (macroporos) foi assinalado como limite crítico inferior, a partir das quais as raízes começam a reduzir seu crescimento (DEXTER, 1988). No entanto, o tratamento com seis animais (0,09 m3 m-3) de 0–5 cm de profundidade demonstrou valor inferior proposto por esses autores, que de certa forma contribuiu para tal impedimento. Nas demais profundidades estudadas (Tabela 4), apesar dos valores da macroporosidade não diferirem estatisticamente, pode-se salientar que nas profundidades de 10–5 cm e 15–0 cm nos tratamentos com quatro e seis animais demonstraram melhores valores nos tamanhos dos poros ocupados por ar. Portanto, demonstra que não ocorreu interferência do pisoteio nas citadas profundidades, existindo uma independência dos dados, não fugindo da sua estrutura natural. Resultado semelhante foi obtido por Drewry et al. (1999), que encontraram efeitos não significativos para a macroporosidade em áreas com pastoreio intensivo com ovinos, comparado com parcelas não pastejadas na profundidade de 10–15 cm do solo. A umidade do solo variou por tratamento e profundidade (Tabela 5). Na profundidade de 0–5 cm, houve redução nos tratamentos (Da), (Qa) e (Sa), que não diferiram entre si, porém, os valores decresceram significativamente ao nível (p < 0,01), em relação a testemunha (sa). Verificou-se que os valores de umidade inicial do solo diminuíram, à medida que foi se colocando os animais nos referidos piquetes. Esse comportamento está associado ao pisoteio e a redução do estrato herbáceo, devido ao consumo pelos animais, de modo que a retirada da cobertura vegetal contribuiu para a diminuição do sombreamento e a atuação mais intensa da radiação solar na camada superficial do solo, com consequente evaporação da água durante o período experimental. Tabela 5. Umidade do solo nas diferentes ocupações e profundidades com ovinos em sistema integrado com coqueiro-anão. Umidade do solo (m3m-3) -----------------------Profundidades (cm)-----------------------Tratamentos 0–5 5 – 10 10 – 15 15 – 20 T1 (sa) 0,32 a 0,24 a 0,13 a 0,11 a T2 (Da) 0,11 b 0,12 b 0,12 a 0,12 a T3 (Qa) 0,09 b 0,13 b 0,14 a 0,15 a T4 (Sa) 0,11 b 0,14 b 0,14 a 0,15 a Letras iguais não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey (p<0,05), T1 (sa) = sem animais; T2 (Da) = Dois animais; T3 (Qa) = Quatros animais; T4 (Sa) = Seis animais. Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 07, n. 01, p.48 – 55, jan/abr. 2014. Impactos do Pisoteio... Observa-se na Tabela 5, que a umidade do solo na profundidade de 5-10 cm nos tratamentos (Da), (Qa) e (Sa) diminuiu à medida que aumentou os números de animais por piquete. No entanto, a análise estatística demonstra efeito significativo (p < 0,05) de todos os tratamentos com relação à testemunha (sa) e não entre eles. Estes resultados podem ser explicado pela influência do pisoteio e, também, pelo processo de percolação da água que ocorreu ao longo do perfil do solo estudado. Nas profundidades 10-15 cm e 15-20 cm (Tabela 5), não ocorreram diferença estatística nos valores da umidade do solo entre os tratamentos. Nessas profundidades, o acúmulo de água foi maior, provavelmente, devido à dinâmica interna mais lenta e a pouca influência dos processos externos como a evaporação e luminosidade. Costa et al. (2003), avaliando as propriedades físicas de um Latossolo, observaram também, na profundidade de 0,01 – 0,02 m resultados não significativos para umidade do solo. A grande variabilidade dos dados da umidade pode ser atribuída à pequena profundidade na quais as amostras foram coletadas. Segundo Reichardt (1987), as camadas superficiais são as mais expostas a variações de umidade que ocorre, devido à chuva, irrigação, evaporação, transpirações e de irregularidade destes processos juntamente com a variabilidade do solo resulta a grande variação dos dados da umidade. 54 degraded krasnozems using ley pastures. Aust. J. Soil Res. V. 35, p.1093-1113, 1997. BERTOL, I.; GOMES, K. E.; DENARDI, R. B. N.; ZAGO, L. A.; MARASCHIN, G. E. Propriedades físicas do solo relacionadas a diferentes níveis de oferta de forragem numa pastagem natural. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 33, n.5, p. 779 789,1998. BERTOL, I.; SANTOS, J. C. P. Uso do solo e propriedades Físico-Hidricas no planalto Catarinense. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 30, n. 2, p. 263-267, 1995. BOWEN, J. E; KRATKY, B. A. A Compactacion del suelo. Agricultura de las Américas. V. 6, p. 10 – 14, 1985. CAST. Environmental impacts of live stock on U.S. grazing lands. In: Issue paper. v. 22, p. 1-6, 2002. 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