Guerra dos volumes – PARTE ESCRITA

Transcrição

Guerra dos volumes – PARTE ESCRITA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS
PROFº MILTON SANTOS
DANILO PEREIRA
FILIPE ARAÚJO
COMPRESSÃO DO SOM
SALVADOR
2014
Compressão do som
Levando em consideração as propriedades do som e a forma como ele se
propaga, sendo uma onda senoidal, segundo Valle (2009, p.9): ondas são
fenômenos de repetição cíclica, (...) onde se varia desde um valor de repouso até
chegar a um valor máximo positivo. No exemplo abaixo vemos o ciclo de uma onda
até a sua repetição, levando em consideração outras propriedades como
comprimento e amplitude:
A partir disto, podemos compreender outras características relacionadas ao
som como as modificações causadas pelos processos de compressão. As ondas
sonoras sofrem modificações porque nesses processos de formatos de músicas
analógicas (a saber: LP’s e CD’s) para formatos unicamente digitais como mp3
(entre outros como ogg.; wma; mkv; flac etc) o com pode ser modificado, trazendo
baixa qualidade ao executado.
Clipagem de áudio
Clipagem é o nome que se dá
quando a música sofre modificações pelo
processo de compressão, pois é
resultado do achatamento das cristas da
onda (Santos, 2011, p.34). Na figura ao
lado esse processo é bem representado:
Além de gerar perda da qualidade, o aparecimento de ruído pela falta das
informações que ‘completariam’ o conteúdo a ser decodificado pelo sistema (no caso
o player de música mp3) pode ser visto na figura abaixo:
“Essas novas frequências são tratadas por filtros para melhorar a qualidade do som”.
(Santos, 2011, p.35)
Para resolução dessa questão, é preciso atentar para dois processos
importantes na produção musical: mixagem e masterização. Quando dada devida
atenção para essas duas fases na produção de música digital, será possível
equalizar corretamente as características, evitando assim a perda de qualidade ou
supressão de sons/instrumentos. Na tabela abaixo é possível verificar definições
sobre ambos segundo o matéria especial do curso de Licenciatura em Música da
UFRGS (2009):
Mixagem
É o processo de misturar sons de maneira harmônica, quer isto
inclua incrementos de efeito e modificações nas ondas sonoras ou
não.
Trabalhar o som já mixado: neste momento, aplica-se diversos
Masterização processamentos sonoros para que o áudio final seja melhorado e
pode-se ordenar, equalizar e entrelaçar as faixas de um disco.
Sendo assim, verifica-se que a qualidade do áudio não está diretamente
ligada ao formato digital, que poderá, sim, ter boa qualidade técnica. Porém com o
advento dos compartilhamentos, os usuários acabam compactando os áudios de
forma não-profissional, e assim, sem ter ciência dos processos de engenharia de
som, fazem os arquivos perderem a qualidade técnica que tinham em suas mídias
oficiais lançadas pelas gravadoras. Nesse ponto faz-se muito importante a difusão
de informação para que as pessoas possam utilizar as tecnologias da forma correta,
sem perder o melhor do prazer de ouvir a música que mais lhe apetece.
Guerra dos volumes
O que acontece se você está escutando um CD lançado nos anos 80 e logo
em seguida trocar por um lançado nesta década? A resposta será: Loudness War.
As razões que originaram esta prática em ter, nas músicas atuais, um volume
cada vez mais alto tem origem nas primeiras transmissões de rádio. Na ocasião, os
ruídos de fundo dos equipamentos usados na transmissão eram muito altos, e isso
gerava muito “chiado”. Então, se fez necessário aumentar o volume das músicas
para que se pudesse escuta-las com clareza, e principalmente manter o ouvinte
sintonizado naquela rádio.
Por uma questão comercial os produtores e engenheiros de som começaram
a adotar essa formula para que a música do artista ganhasse mais destaque ao ser
executada. Imagine a situação: Um determinado artista precisa chamar a atenção de
um responsável por selecionar novas músicas para serem adicionadas a uma lista
de execução de uma determinada rádio, o que ele irá fazer? Aumentar o volume
dela, porque de certo modo sua música irá se destacar junto às outras.
E em meio a essa competividade, muitos artistas começaram a seguir esse
mesmo caminho, como: Red Hot Chili Peppers, Bob Dylan, Christina Aguilera, The
White Stripes, Metallica. No entanto, há uma desvantagem para todo este volume.
Nossa música é comprimida. As partes altas são altas e as baixas são altas, com
pouca diferença. O resultado é que nossa música parece tensa, há pouca variedade
emocional, e ouvindo a voz alta o tempo todo se torna entediante e cansativo.
A Loudness War faz com que o alcance dinâmico que se alcança no som seja
cada vez menor. Criando uma faixa praticamente uniforme, sem variações nos
volumes.
Essa guerra dos volumes traz consigo toda a ideia do barulho que para a
música é muito prejudicial, principalmente para os ouvintes. Os artistas, os
produtores, devem perceber que não se há a necessidade disso para se chamar
atenção. Um bom exemplo é o Daft Punk que em seu álbum “Random Acsess
Memories” teve como responsável pelo som do álbum o engenheiro de mixagem
Mick Guzauski, que optou por não usar muito compressão no projeto, comentando:
"Nós nunca tentamos torná-lo alto e eu acho que soa melhor para ele”. O resultado
disso foi um trabalho bastante elogiado pelo seu som, tendo como recompensa
diversos prêmios Grammy.
REFERÊNCIAS
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