Cooperativas de Crédito Brasileiras Adotam Monitoramento
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Cooperativas de Crédito Brasileiras Adotam Monitoramento
ISSN: 2359-1005 DOI: 10.15194/jofi_2015.v1.i2.12 pp. 91–105 Cooperativas de Crédito Brasileiras Adotam Monitoramento Internacional de Desempenho? PAULO H ENRIQUE M AGALHÃES O LIVEIRAa,† e VALÉRIA G AMA F ULLY B RESSANa,‡ a Universidade Federal de Minas Gerais RESUMO Objetivo. Este estudo verifica se as cooperativas de crédito brasileiras utilizam a metodologia de monitoramento de desempenho PEARLS, proposta pelo Conselho Mundial do Cooperativismo de Poupança e Crédito, e ainda, qual a relevância dos indicadores desse sistema, no julgamento dos analistas do sistema cooperativista. Metodologia. Utilizou-se da pesquisa qualitativa com amostragem por acessibilidade. Os dados foram obtidos por meio de: i) entrevistas estruturadas realizadas com cinco analistas do Banco Central do Brasil, bem como dois gestores de cooperativas centrais de crédito; e ii) respostas de dezessete gestores de cooperativas singulares de crédito localizadas nas regiões norte, nordeste, sul e sudeste do Brasil, via questionário. Achados. A maioria das cooperativas singulares e as duas cooperativas centrais de crédito pesquisadas, desconheciam a metodologia PEARLS. Este sistema de monitoramento é conhecido apenas pelos analistas do Banco Central do Brasil, sugerindo que apenas o agente de supervisão das cooperativas no Brasil conhece o sistema proposto internacionalmente e a proposta desse sistema adaptado à realidade brasileira. Limitações. O levantamento realizado via questionários obteve taxa de resposta de 1,4% da população de interesse, comprometendo a generalização dos resultados. Pode-se afirmar que há espaço para aperfeiçoamento das técnicas de monitoramento de desempenho, visto que o sistema PEARLS é utilizado em 97 países, e desconhecido tanto pelas cooperativas singulares, como pelas cooperativas centrais de crédito pesquisadas. Originalidade/Valor. Destaca-se que estudos ao redor dessa problemática, aplicados a relevantes mercados emergentes, não foram encontrados até o presente momento. PALAVRAS-CHAVE: Cooperativas de crédito, indicadores financeiros, PEARLS System, monitoramento de desempenho, percepção dos analistas. 1 MOTIVAÇÃO E PROBLEMA DE PESQUISA O cooperativismo de crédito é de notória importância no cenário financeiro internacional, e tem demonstrado potencial de crescimento no Brasil. Além disso, constitui um importante instrumento de inclusão financeira. De acordo com Leismann & Carmona (2010), apesar do sistema financeiro no Brasil estar † Email: [email protected] ‡ Av. Antônio Carlos, 6.627, FACE/UFMG, Campus Universitário, Belo Horizonte – MG, Brasil. CEP: 31270-901. Email: [email protected] Journal of Financial Innovation, São Paulo, Vol. 1, No.2, August 2015, pp. 91–105 © 2015 Instituto Brasileiro de Inovação Financeira under a Creative Commons Attribution 4.0 International License Editor responsável: Wesley Mendes-Da-Silva e Denísio Augusto Liberato Delfino 91 Received 2014-08-18 Revised 2014-12-01 Accepted 2014-12-21 http://ibrif.org/ojs PAULO H. MAGALHÃES OLIVEIRA E VALÉRIA G. FULLY BRESSAN concentrado em poucos grandes bancos, com milhares de agências distribuídas pelo país, quando trata-se de oferta de produtos e serviços aos pequenos tomadores, as cooperativas de crédito destacam-se, por meio de sua atuação representativa em microfinanças. Neste contexto, Tombini (2011, p.8) destaca que “é importante que a cooperativa prepare associados para o exercício de cargos em órgãos estatutários, [. . . ] para planejar o desenvolvimento e a continuidade da instituição a longo prazo”. Dentre os diversos mecanismos para a continuidade de longo prazo das cooperativas de crédito, estão inseridos os mecanismos de gestão financeira e monitoramento de desempenho utilizados em outros países, com destaque para o sistema PEARLS, recomendado pelo Conselho Mundial do Cooperativismo de Poupança e Crédito (WOCCU). Conforme estabelece Evans & Branch (2002), PEARLS é um acrônimo da conjunção das inicias das áreas-chave operacionais avaliadas nesse sistema: Protection (proteção), Effective financial structure (estrutura financeira efetiva), Assets quality (qualidade dos ativos), Rates of return and costs (taxas de retorno e custos), Liquidity (liquidez), e Signs of growth (sinais de crescimento). No ano de 2011, dentre as 26 mil agências bancárias e cooperativas de crédito, 19% pertenciam ao sistema cooperativista. Ou seja, de cada cinco agências que prestavam serviços bancários no Brasil, uma era pertencente ao sistema cooperativista de crédito (Portal do Cooperativismo de Crédito, 2014a). Em 2012, as cooperativas de crédito em conjunto ocupavam a 6ª posição no ranking das instituições com o maior número de clientes (associados) no Sistema Financeiro Nacional (SFN), somando aproximadamente 5,8 milhões de associados, com destaque para o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob), que ocupava a 9ª posição com 2,1 milhões de associados, e o Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi) na 10ª posição com 2 milhões de associados (Portal do Cooperativismo de Crédito, 2014b). O PEARLS foi adaptado pelo WOCCU diretamente do U.S. CAMEL1 para ambiente das cooperativas de crédito. Mas, para isso, modificações foram necessárias, devido às peculiaridades das cooperativas de crédito. No Brasil, Bressan, Braga, Bressan & Resende Filho (2010) propuseram uma adaptação do sistema PEARLS, para as cooperativas de crédito brasileiras, em compatibilidade com a especificação das contas do Plano Contábil das Instituições Financeiras do Sistema Financeiro Nacional – COSIF. Todavia, não foi constatado até o presente momento nenhum estudo que tenha avaliado a relevância desses indicadores sugeridos para as cooperativas de crédito brasileiras, com o intuito de avaliar se os mesmos estão sendo utilizados, se são de fato aplicáveis para a gestão financeira e o monitoramento de desempenho, e ainda qual o peso relativo de cada indicador contábil financeiro dentro do sistema PEARLS, sugerido para as cooperativas de crédito brasileiras. 1 U.S. CAMELS representa um conjunto de indicadores de desempenho utilizado nos EUA para monitoramento das instituições financeiras. O acrônimo “CAMELS” representa: Capital (capital), Assets (ativos), Management (gestão), Earnings (rentabilidade), Liquidity (liquidez) e Sensitivity to price risks (sensibilidade). Para maiores detalhes veja Pagnussatt (2004, p.142). 92 91–105 n. 2 v. 1 ISSN 2359-1005 São Paulo © IBRIF Cooperativas de Crédito Brasileiras Adotam Monitoramento Internacional de Desempenho? Nesta perspectiva, a inovação do presente estudo é trabalhada no sentido de uma invenção que chega ao mercado. Ou seja, ocorre a aplicabilidade do sistema PEARLS para o monitoramento de desempenho das cooperativas de crédito brasileiras? Trata-se de um estudo de abordagem qualitativo, cujo objetivo central é avaliar se as cooperativas de crédito brasileiras utilizam o sistema PEARLS, e ainda se esta proposta de inovação na gestão financeira foi implementada, e qual a relevância que os analistas atribuem a este sistema para a gestão financeira das cooperativas de crédito. 2 BACKGROUND As cooperativas de crédito são instituições financeiras captadoras de depósitos à vista que, na estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN) brasileiro prestam serviços aos seus associados, são normatizadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Bacen). O cooperativismo de crédito possui uma participação de 2,23% dos créditos e de 2,30% dos depósitos do SFN. Entre os estados da federação, os principais destaques são: i) Mato Grosso, onde as cooperativas de crédito têm participação de 13% nos depósitos e empréstimos locais realizados; ii) Santa Cantarina, onde a participação é de 10,5% dos empréstimos e 15,9% dos depósitos; e iii) Rondônia, onde as cooperativas detêm 10% dos empréstimos (Melo Sobrinho, Soares & Meinen, 2013). Para Fonseca, de Souza Francisco, Nazareth & Maia (2009), a relevância do cooperativismo de crédito pode ser exemplificada pela preocupação do CMN e do Bacen, em promover sistemas voltados para operações de microfinanças. Tais medidas justificam-se pelo porte ainda reduzido do sistema cooperativista de crédito brasileiro, se comparado ao de diversos países de economia desenvolvida, bem como pelo seu potencial de crescimento. 2.1 O Sistema PEARLS O WOCCU criou o sistema PEARLS no final da década de 1980, a partir de uma adaptação do U.S. CAMEL. Os objetivos da proposição do sistema foram: i) disponibilizar uma ferramenta de monitoramento para as cooperativas de crédito; ii) padronizar os índices de modo a possibilitar um critério de comparação ao longo do tempo e entre cooperativas; iii) proporcionar um critério objetivo para criação de ratings de cooperativas; e iv) facilitar o controle e supervisão das cooperativas de crédito (Evans & Branch, 2002). A composição do sistema PEARLS, adaptado à realidade brasileira por Bressan et al. (2010), é formada por índices que estão presentes nas contas COSIF. Os indicadores de proteção intencionam assegurar aos depositantes que a cooperativa terá condições de garantir a remuneração dos recursos aplicados. Em sua essência, a adequação da proteção proporcionada pela cooperativa de crédito dar-se-á a partir da comparação da provisão para perdas de crédito com os créditos vencidos. A análise da efetiva estrutura financeira depende das medidas relacionadas à rentabilidade e à eficiência. A qualidade dos © IBRIF São Paulo ISSN 2359-1005 v. 1 n. 2 91–105 93 PAULO H. MAGALHÃES OLIVEIRA E VALÉRIA G. FULLY BRESSAN ativos está relacionada às variáveis que afetam a lucratividade da instituição. Os indicadores de taxas de retorno e de custos auxiliam o monitoramento do retorno em cada tipo de ativo, e os custos de cada tipo de atividade. A análise de liquidez é um componente essencial da administração de uma instituição financeira. Os sinais de crescimento refletem a satisfação dos membros, a adequação da oferta de produtos e a solidez financeira. Para maior aprofundamento nos princípios do Sistema PEARLS pode-se consultar o manual do WOCCU (Evans & Branch, 2002), e para a descrição detalhada dos indicadores propostos para o cenário nacional, sugere-se revisar o trabalho de Bressan et al. (2010). Esse sistema é adotado em cerca de 97 países distribuídos pela África, Ásia, Caribe, Europa, América do Norte, América Latina e Oceania (Bressan et al., 2010). Todavia, até o presente momento não se tem a informação de que o mesmo é utilizado pelas cooperativas de crédito no Brasil. A esse respeito, os estudos de Bressan, Braga, Bressan & Resende Filho (2011a, 2011b) buscaram avaliar, via modelo logit, quais os indicadores do Sistema PEARLS seriam os principais preditores de insolvência, para 510 cooperativas de crédito filiadas ao Sicoob-Brasil no período de janeiro/2000 a junho/2008, e para 117 cooperativas filiadas ao Sicoob-Crediminas no período de janeiro/1995 a maio/2008, respectivamente. Ainda nessa linha, a recente pesquisa de Gozer et al. (2014) avaliou também a insolvência, em 62 cooperativas de crédito no Paraná, utilizando o Sistema PEARLS. Já no contexto internacional, nota-se que o Sistema PEARLS foi utilizado para análise de cooperativas de crédito em diversos países, tais como: Etiópia (Tirfe, 2014), Irlanda do Norte (Forker & Ward, 2012), Irlanda (Glass, McKillop & Rasaratnam, 2010; O’Sullivan, 2012), China (Zaiqing, Lan & Guoliang, 2009), Barbados (Griffith, Waithe, Lorde & Craigwell, 2009), Irlanda e Lituânia (Kaupelytė & McCarthy, 2006), Mali e Niger (Ouattara, 1999), entre outros. 3 COLETA DE DADOS E FERRAMENTAS DE ANÁLISE Os dados foram coletados por meio de questionários e entrevistas estruturados. Inicialmente, elaborou-se o questionário, cuja primeira parte continha questões relativas à caracterização da cooperativa, e a segunda parte com foco no objetivo do trabalho, estabelecendo um diálogo com o estudo anterior de Bressan et al. (2010). As questões solicitavam a informação do respondente acerca do conhecimento, ou não, dos indicadores do sistema PEARLS. E, em havendo conhecimento, quais seriam, na percepção dos mesmos, os indicadores mais relevantes para a análise e monitoramento de desempenho das cooperativas. Esse questionário foi submetido a um pré-teste junto a uma diretora financeira de uma cooperativa singular, e o mesmo foi ajustado após as contribuições desta diretora, que discutiu cada questão desse instrumento de coleta de dados. O roteiro de entrevistas para as Cooperativas Centrais e para o Bacen seguiu abordagem similar ao questionário, apenas adicionando questi- 94 91–105 n. 2 v. 1 ISSN 2359-1005 São Paulo © IBRIF Cooperativas de Crédito Brasileiras Adotam Monitoramento Internacional de Desempenho? onamentos acerca do sistema de indicadores e de monitoramento adotado pelos mesmos para avaliação das cooperativas singulares. Os questionários estruturados foram enviados às cooperativas singulares com cadastro no Bacen, via e-mail, com emprego da ferramenta Google Docs, por três vezes, ao longo do período de 26/04/2013 a 30/11/2013. Para as entrevistas estruturadas, foram realizados contatos telefônicos, e o envio de uma carta-convite para as Cooperativas Centrais, e para Analistas do Bacen que trabalham em setor relacionado ao cooperativismo de crédito, convidandoos a tomar parte na pesquisa. Ressalta-se que, não se pode afirmar que as opiniões dos respondentes refletem, necessariamente, a posição do Bacen e a das Cooperativas Centrais de Crédito. Após realizadas as tabulações dos questionários e das entrevistas, buscou-se, por meio da análise de conteúdo, realizar a triangulação entre as respostas dos questionários e das entrevistas realizadas. Por fim, o resultado desta pesquisa foi inicialmente remetido aos respondentes, os quais até dezembro de 2014 não apresentaram quaisquer questionamentos a respeito dos resultados informados neste estudo. A amostragem utilizada neste estudo foi não probabilística, por acessibilidade, impondo a este trabalho a limitação com respeito à generalização de seus resultados. As três entrevistas estruturadas foram realizadas no segundo semestre de 2013, no Estado de Minas Gerais. No Bacen foi realizada uma entrevista com cinco analistas do setor cooperativista de crédito em uma reunião conjunta. As outras duas entrevistas foram com os gestores de duas cooperativas centrais de crédito. A entrevista em uma das centrais realizada em dois momentos distintos, por solicitação do entrevistado. Os questionários foram enviados a 1.198 cooperativas de crédito, que possuíam o e-mail disponibilizado no cadastro no site do BACEN, do total de 1.209 cooperativas de crédito em funcionamento no Brasil, conforme dados de dezembro de 2013. Desse conjunto, 17 cooperativas responderam os questionários, refletindo 1,4% de taxa de resposta. 4 RESULTADOS 4.1 Caracterização das Cooperativas de Crédito Brasileiras que Participaram da Pesquisa e o Grau de Conhecimento do Sistema PEARLS A maioria dos 17 questionários foi respondida por gestores das cooperativas de crédito, que se localizam em quatro das cinco regiões do território brasileiro, Norte, Sul, Sudeste e Nordeste. Em adição, destaca-se que os respondentes pertencem majoritariamente aos sistemas Sicoob, Sicredi e Confesol (Confederação das Cooperativas Centrais de Crédito Rural com Interação Solidária). E que as cooperativas participantes da pesquisa demonstraram apresentar expressiva diversidade, principalmente em relação ao número de associados, e ao valor do Ativo Total (Tabela 1). As cooperativas de crédito pesquisadas utilizam índices contábeis no acom- © IBRIF São Paulo ISSN 2359-1005 v. 1 n. 2 91–105 95 PAULO H. MAGALHÃES OLIVEIRA E VALÉRIA G. FULLY BRESSAN Tabela 1: Caracterização das cooperativas de crédito singulares participantes da pesquisa e estatística descritiva. Estado Sistema Afiliado Cargo do Patrimônio Ativo Ano de Nº de Nº de Fundação Funcionáriosa Associadosa Líquidoa b Totala b Respondente RS Sicred 1927 165 45.618 76,2 381,6 SC Independente 1974 10 8.036 29,5 33,2 RJ MG SP OCB/RJ Sicoob Sicoob 1979 1989 1990 2 66 19 1.605 6.136 6.169 2,9 17,9 18 8,1 93,9 19 SP SP MG Solteira Sicoob Sicoob 1991 1991 1991 3 49 61 1.798 1.876 4.515 12,7 30 9,2 126,9 186,6 47,7 SP BA SP MG Independente Sicoob Alcred Sicoob 1992 1993 1996 1996 4 63 3 16 4.200 19.200 181 5.200 8 10,1 561 8,2 17,4 50,3 2,7 12,8 BA Ascoob-Confesol 1997 32 9.533 1,7c 13,5c ES RS CECOOPES CECRERS 1999 2003 7 4 1.471 1.721 8,3 – 10 – RO Sicoob 2006 36 1.376 8,5 33 RJ Sicoob 2008 5 538 3,2 11,5 32 16 2 165 41,36 1,29 7.010 4.200 181 45.618 10.974,73 1,57 15,2 8,9 1,7c 76,2 18,6 1,22 64,6 33 13,5c 381,6 98,9 1,53 Gerente RegAdmFinanc Coordenador Administrativo – – Diretor Executivo Gerente Contadora Gerente de Controladoria e Finanças Gerente Geral Diretor Geral Gerente Gerente Administrativo Diretor Administrativo Gerente Diretor Administrativo Diretora Presidente Gerente Estatísticas Descritivas Média 2ºQ Mín. Máx. DP CV Notas: a Em Dezembro de 2012. b Em milhões de reais. c Em milhares de reais. panhamento de suas estruturas financeiras, exceto a cooperativa pertencente ao sistema Alcred, que está localizada no estado de São Paulo. Todavia, percebese uma diversidade quanto à compreensão por parte dos gestores do conceito de índices contábeis (Tabela 2). Nota-se que os respondentes das cooperativas de crédito mencionaram, como índices contábeis utilizados, contas do balanço patrimonial, linhas da demonstração de resultado e resultados obtidos através da análise vertical e horizontal, que não se constituem, em sua essência, em índices. Nota-se que, 50% das cooperativas singulares desenvolveram seus próprios sistemas de controle financeiro e, de acordo os respondentes, os métodos utilizados no monitoramento das atividades das cooperativas de crédito singulares foram desenvolvidos com a finalidade de atender às demandas internas das próprias cooperativas e às exigências do Bacen (Tabela 2). Apesar da maioria das cooperativas de crédito brasileiras, participantes 96 91–105 n. 2 v. 1 ISSN 2359-1005 São Paulo © IBRIF Cooperativas de Crédito Brasileiras Adotam Monitoramento Internacional de Desempenho? Tabela 2: Informação das cooperativas de crédito singulares participantes da pesquisa. Estado Sistema afiliado Fundação BA Indicadores mais usados pela cooperativa Responsáveis pela escolha dos indicadores Sicoob 1993 Patrimonial; Crédito; Risco e Eficiência. Ascoob-Confesol 1997 Evolução de Receitas e Despesas; Evolução do Patrimônio ES CECOOPES 1999 Índice de Liquidez; Índice de Basiléia; Índice de Imobilização do PR; Índice de Rentabilidade do PR; Margem Líquida; Custo de Captação de Recursos Própria Singular-Central MG Sicoob 1989 Reserva de Liquidez; Evolução do Ativo; Evolução do PR; Grau de Imobilização; Taxa de Retorno Gerencial; Provisão de Risco; Limite Operacional (Operações de Crédito); Margem de Compatibilização PR/PRE (Basiléia); Liquidez Imediata; Origens e Aplicações; Spread Bruto e Operacional; Rentabilidade das Operações de Crédito; Paridade entre as taxas de captação e Aplicações Interfinanceiras; Concentração 20 maiores Devedores; Concentração 20 maiores Depositantes; Exposição de Risco por Associado; Eficiência Administrativa; Eficiência Operacional; Índice de Devolução de Cheques Própria Singular-Central Sicoob 1991 Liquidez; Provisão de Risco; Taxa de Retorno Gerencial (Rentabilidade do PL); Evolução do Ativo; Evolução do PR (patrimônio de referência); Eficiência Administrativa Central Sicoob 1996 Evolução do Patrimônio Líquido; Evolução dos Ativos; Evolução das Operações de Crédito Própria Singular OCB/RJ Sicoob 1979 2008 O Resultado Mensal entre as Despesas e as Receitas. Própria Singular RO Sicoob 2006 Própria SingularAnálise Vertical; Reserva Legal; Liquidez Seca; Liquidez Corrente; Liquidez Geral; Índice de Eficiência Central-BacenAdministrativa Padrão e Ajustado pelo Risco; Imobilização; Confederação Endividamento; Rentabilidade do Ativo; Concentração da Carteira; Liquidez; Adp - Adiant. a Depositante; Índice Cresi; Índice de PR e PRE; RS Sicred 1927 Liquidez; imobilização; APR; Concentração; etc.. RS CECRERS 2003 Relação entre Receitas; Despesas e Sobras Líquidas; Custo Própria Singular da Folha de Pagamento; Participação dos Juros nas Sobras; Participação dos Seguros nas Sobras; Participação de Comissões nas Sobras; Despesas com Serviços de Terceiros nas Sobras Participação das Despesas de Pessoal nas Sobras SC Independente 1974 Evolução dos Ativos; Evolução do P.L.; Evolução da Carteira Própria Singular de Empréstimo; Evolução das Receitas; Evolução das Despesas Total; Evolução das Despesas Fixas; Evolução das Sobras Brutas; Evolução das Sobras Líquidas, Evolução da Rentabilidade do Capital SP Sicoob 1990 Liquidez Geral; Liquidez Corrente; Eficiência Operacional; Retorno sobre Patrimônio Líquido; Provisão de Risco de Crédito Própria Singular Solteira Sicoob 1991 1991 Operações de crédito; Capital Social; Reservas Própria Singular Central Independente Alcreda 1992 1996 Liquidez; Fluxo de Caixa; Inadimplência RJ Própria Singular-Central Central Liquidez Geral; Liquidez Seca; Imobilizador; Rentabilidade Própria do PL Singular-Central Central-Bacen Índices de Liquidez; Acompanhamento dos Limites Operacionais do Banco Central do Brasil Própria Singular N/D N/D Notas: a Única cooperativa que não utiliza índices contábeis para a avaliação de sua estrutura financeira, entre as demais apresentadas nesta tabela. © IBRIF São Paulo ISSN 2359-1005 v. 1 n. 2 91–105 97 PAULO H. MAGALHÃES OLIVEIRA E VALÉRIA G. FULLY BRESSAN desta pesquisa, utilizar índices contábeis para a avaliação financeira, verificouse que as mesmas desconhecem o sistema PEALRS, exceto uma cooperativa de crédito do estado de Minas Gerais, pertencente ao sistema Sicoob (Tabela 3). Tabela 3: Conhecimento dos gestores das cooperativas de crédito participantes da pesquisa sobre a Metodologia PEARLS. Sistema Afiliado Estado Ano de Fundação Sicred Independente Ocb/RJ Sicooba Sicoob Solteira Sicoob Sicoob Independente Sicoob Alcred Sicoob Ascoob-Confesol CECOOPES CECRERS Sicoob Sicoob Rio Grande do Sul Santa Catarina Rio de Janeiro Minas Gerais São Paulo São Paulo São Paulo Minas Gerais São Paulo Bahia São Paulo Minas Gerais Bahia Espírito Santo Rio Grande do Sul Rondônia Rio de Janeiro 1927 1974 1979 1989 1990 1991 1991 1991 1992 1993 1996 1996 1997 1999 2003 2006 2008 Notas: a Único que possui conhecimento da Metodologia PEARLS para análise financeira de cooperativas de crédito. Este resultado revela que, apesar de ter sido proposto pelo Conselho Mundial do Cooperativismo de Crédito na década de 80, e de existirem os estudos de Bressan et al. (2011b), Bressan et al. (2011a) e de Gozer et al. (2014), os mesmos são desconhecidos por 16 entre as 17 cooperativas singulares que participaram da pesquisa, além do desconhecimento por parte das duas centrais pesquisadas, que possuem conjuntamente aproximadamente duas centenas de cooperativas singulares filiadas. Esses resultados, mesmo não sendo possíveis de serem generalizados, sinalizam que no caso brasileiro não há uma aplicabilidade confirmada da utilização do sistema PEARLS, pelas cooperativas singulares, para o monitoramento de desempenho das mesmas. 4.2 Percepção dos Gestores e Analistas sobre a Relevância do Sistema PEARLS para o Cooperativismo de Crédito Brasileiro Constatou-se nas entrevistas realizadas nas cooperativas centrais que a metodologia PEARLS não é adotada nas avaliações financeiras das cooperativas 98 91–105 n. 2 v. 1 ISSN 2359-1005 São Paulo © IBRIF Cooperativas de Crédito Brasileiras Adotam Monitoramento Internacional de Desempenho? singulares filiadas a estas centrais, e a equipe técnica de monitoramento das cooperativas singulares não possuía conhecimento da existência do referido sistema. Este resultado converge com o que foi apresentado na Tabela 3, que constatou o desconhecimento do sistema PEARLS também pelas cooperativas singulares. De acordo com os gestores das cooperativas centrais pesquisadas, eles utilizam para acompanhamento das atividades sistemas próprios compostos por vários indicadores contábeis/financeiros que foram desenvolvidos para atender às exigências do Bacen, e para monitorar as operações desenvolvidas por suas filiadas. O monitoramento é realizado conforme as necessidades percebidas pelas centrais, sendo as metodologias revisadas constantemente. Em uma das entrevistas realizadas em uma cooperativa central, a gestora se colocou à disposição para estudar a metodologia PEARLS aplicada às cooperativas de crédito singulares brasileiras, proposta por Bressan et al. (2010), e compará-la com o sistema de acompanhamento contábil/financeiro das singulares atualmente adotado pela central em que a respondente trabalha. Assim, foi possível perceber a adoção de alguns indicadores similares aos que estão presentes na estrutura do sistema PEARLS pela central, além de algumas particularidades da metodologia, que eram desconhecidas pela entrevistada. A gestora relatou que a cooperativa de crédito central não considera, na avaliação das operações de crédito vencidas, todos os níveis de risco, adotando uma avaliação mais genérica. Assim, foi destacado no grupo “Proteção” o indicador P2 (Operações de Crédito Vencidas/Carteira Classificada Total) que contempla todos os níveis de risco na composição das Operações de Crédito Vencidas. Em relação à avaliação da estrutura financeira, foram feitas observações sobre os indicadores E2 (Investimentos Financeiros/Ativo Total) e E4 (Capital Institucional/Ativo Total). Na formação do indicador E2, foi observada a participação da conta 4.4.5.10.00-6 (Depósitos das Cooperativas Filiadas) que, para a entrevistada, não deveria estar presente nas contas do Sistema PEARLS, pois, segundo a respondente, a mesma não é utilizada pelas cooperativas singulares. Já o indicador E4, não era de conhecimento da gestora e foi destacado por permitir avaliar o percentual do ativo total financiado pelo capital da cooperativa, com exceção do capital dos cooperados, o chamado capital institucional. O grupo A, que avalia a qualidade dos ativos, teve o Indicador A2 (Imobilizado = Ativo Permanente/Patrimônio Líquido Ajustado) considerado diferenciado pela gestora, principalmente pela participação da conta “Adiantamento por Conta de Imobilizações”. De acordo com as informações concedidas, a central não utiliza o indicador A2, e será estudada a viabilidade de implantação do mesmo no futuro. No conjunto dos indicadores do grupo R (Taxas de Retorno e Custos) foram destacados os indicadores R1 (Rendas das Operações de Crédito/Operações de Crédito Médio), R12 (Despesas de Gestão/Despesas Administrativas) e R13 (Despesas Administrativas/Ativo Total Médio). O R1, que era desconhecido pela gestora, foi considerado interessante por quantificar o rendimento das © IBRIF São Paulo ISSN 2359-1005 v. 1 n. 2 91–105 99 PAULO H. MAGALHÃES OLIVEIRA E VALÉRIA G. FULLY BRESSAN operações de crédito de forma relativa, ou seja, o mesmo permite analisar o rendimento das operações de crédito em relação ao total das operações de crédito, sendo possível fazer comparações em vários períodos. Já o R12, foi destacado por quantificar a participação dos gastos de gestão em relação às despesas administrativas. Sobre o indicador R13, a entrevistada o considerou irrelevante. Na opinião da gestora, não faz muito sentido analisar as despesas administrativas em relação ao ativo total médio. Entre os indicadores de liquidez, o L2 (Ativos de Curto Prazo/Despesas Totais) não era de conhecimento da entrevistada e foi considerado muito interessante. No grupo dos indicadores de Sinais de Crescimento, foi observado que o S6 (Crescimento das Despesas Administrativas = [Despesas Administrativas do Mês Corrente/Despesas Administrativas do Mês Anterior] − 1) utiliza uma variação mensal, sendo a mesma metodologia adotada pela central, porém com periodicidade anual. Para os gestores entrevistados das duas cooperativas centrais de crédito, os sistemas de controle adotados têm sido eficientes nos últimos anos. No entanto, ao ser realizada a comparação da composição dos sistemas com a metodologia PEARLS, é possível perceber que o Sistema PEARLS é mais completo, detalhista e que consequentemente permite obter melhores resultados para a tomada de decisões. Dando continuidade à pesquisa, foram entrevistados cinco analistas do sistema cooperativista do Bacen. De acordo com as informações concedidas, a instituição utiliza um sistema próprio para monitorar as atividades das cooperativas de crédito singulares brasileiras, denominado “Sistema Score”. Sua formação foi desenvolvida tendo como base o sistema CAMEL e diversos sistemas já adotados em vários países pelo sistema cooperativista de crédito. O sistema PEARLS, por ser uma adaptação do próprio CAMEL para as cooperativas de crédito, tem diversos indicadores englobados pela metodologia Score. Os técnicos do BACEN avaliam que, resguardando as particularidades, há aproximadamente 90% de similaridade entre os índices englobados pelo PEARLS proposto por Bressan et al. (2010) e o Sistema Score. É válido citar como diferença, por exemplo que, enquanto o sistema PEARLS, conforme recomendações do WOCCU, considera como um dos fatores de proteção adequada a realização das provisões de todos os créditos vencidos há mais de 12 meses, o BACEN considera provisionar todos os créditos com mais de 6 meses de inadimplência. Para os analistas do Bacen, os principais indicadores contábeis/financeiros a serem observados para análise das cooperativas de crédito singulares são os indicadores de capital, os relacionados ao índice de Basiléia e a qualidade dos ativos. Por meio da análise destes grupos de indicadores mencionados anteriormente, os profissionais do Bacen procuram avaliar, principalmente, a aderência das cooperativas às normas estabelecidas e à capacidade da entidade de cumprir suas obrigações (passivos). Na estrutura de indicadores contábeis/financeiros que compõem o sistema 100 91–105 n. 2 v. 1 ISSN 2359-1005 São Paulo © IBRIF Cooperativas de Crédito Brasileiras Adotam Monitoramento Internacional de Desempenho? PEARLS, proposta por Bressan et al. (2010), a equipe do Bacen destacou os seguintes indicadores como relevantes para uma análise na perspectiva de previsão de insolvência nas cooperativas de crédito brasileiras: P1(Provisão para liquidação duvidosa sob operações de crédito/Carteira Classificada Total), P2 (Operações de crédito vencidas/Carteira Classificada Total), E1 (Operações de crédito líquidas/Ativo Total), R12 (Despesas de Gestão/Despesas Administrativas) e R13 (Despesas Administrativas/Ativo Total Médio). Esses índices seriam, na perspectiva dos analistas, os que melhor representam o nível de proteção, a estrutura financeira e a qualidade da gestão das cooperativas. Na opinião dos analistas do BACEN entrevistados, o Banco Central do Brasil tem percebido que muitas informações relevantes das cooperativas de crédito não são captadas pela metodologia de monitoramento composta apenas por indicadores contábeis/financeiros. Além disso, a baixa qualidade dos dados oriundos das cooperativas e o número reduzido de funcionários para a realização dos trabalhos tem dificultado a realização do acompanhamento contábil/financeiro, na percepção dos entrevistados. Sendo assim, está em desenvolvimento um sistema de supervisão, denominado Matriz de Risco, que permitirá englobar informações qualitativas das cooperativas nas análises realizadas. Acredita-se que o novo sistema permitirá ampliar a eficiência dos trabalhos na avaliação das cooperativas de crédito singulares pelo BACEN. Diante dos resultados das entrevistas realizadas e dos questionários respondidos, percebe-se que o Sistema PEARLS ainda não é utilizado de forma efetiva pelas cooperativas de crédito brasileiras pesquisadas, e tampouco pelas cooperativas filiadas as Cooperativas Centrais que participaram desta pesquisa. Contudo, pelas considerações dos analistas do Bacen em relação à estrutura do sistema PEARLS, acredita-se que, nos próximos anos, este sistema se tornará mais conhecido e possivelmente mais utilizado. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste estudo foi avaliar se os indicadores do Sistema PEARLS adaptados para a realidade brasileira foram implementados nas cooperativas de crédito brasileiras, e qual a aplicabilidade desse sistema nestas cooperativas, além de descrever a percepção de analistas do sistema cooperativista de quais seriam os principais indicadores relevantes para análises financeiras das cooperativas de crédito. Constatou-se que, na amostra pesquisada (dezessete cooperativas singulares localizadas nas regiões norte, nordeste, sul e sudeste, e nas duas cooperativas centrais de crédito, que possuem centenas de cooperativas singulares filiadas), não se utiliza o Sistema PEARLS como um mecanismo de gestão e monitoramento financeiro. Entretanto, os analistas do Banco Central do Brasil informaram que conheciam o sistema PEARLS, proposto pelo Conselho Mundial do Cooperativismo de Crédito, e que o BACEN utiliza um sistema denominado de Score que têm 90% de similaridade com o sistema PEARLS © IBRIF São Paulo ISSN 2359-1005 v. 1 n. 2 91–105 101 PAULO H. MAGALHÃES OLIVEIRA E VALÉRIA G. FULLY BRESSAN proposto para a realidade brasileira. Apesar da limitação da pesquisa qualitativa, de que os resultados não podem ser generalizados, é importante destacar que, de acordo com a percepção de uma gestora de uma cooperativa central de crédito, assim como de cinco analistas do Banco Central do Brasil, o Sistema PEARLS é relevante para a análise das cooperativas singulares brasileiras. Os analistas do BACEN, conhecedores do Sistema PEARLS, indicaram os seguintes indicadores do Sistema como os mais relevantes para a realização de estudos de análises financeiras e de análise de insolvência em cooperativas de crédito: P1 (Provisão para liquidação duvidosa sob operações de crédito/Carteira Classificada Total), P2 (Operações de Crédito Vencidas/Carteira Classificada Total), E1 (Operações de Crédito Líquidas/Ativo Total), R12 (Despesas de Gestão/Despesas Administrativas) e R13 (Despesas Administrativas/Ativo Total Médio). Adicionalmente, destaca-se que o BACEN está em processo de construção de um sistema de supervisão, denominado Matriz de Risco, que permitirá englobar informações qualitativas das cooperativas, além daquelas de natureza quantitativa que já são utilizadas para o monitoramento. Nota-se que o agente de supervisão das cooperativas de crédito, o Banco Central do Brasil, não apenas conhece o sistema PEARLS, como já está em busca de ampliação de mecanismos de supervisão. Ainda, cabe destacar que a inovação que se buscou avaliar no presente estudo, qual seja, a implementação de um sistema de gestão financeira e de monitoramento nas cooperativas de crédito — o Sistema PEARLS — ainda não chegou nas cooperativas pesquisadas em quatro das cinco regiões da Federação e também nas duas cooperativas centrais pesquisadas, e esta inovação apenas é implementada de modo indireto nas análises efetuadas pelo Banco Central do Brasil. Por fim, recomenda-se para trabalhos futuros a ampliação da amostra contemplando a percepção de mais analistas das cooperativas centrais de crédito brasileiras e a busca por maiores informações relacionadas às cooperativas de crédito singulares, objetivando aumentar as contribuições geradas por esse estudo, assim como a sugestão de criação de indicadores qualitativos que possam auxiliar nas análises das cooperativas de crédito brasileiras. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bressan, V. G. F., Braga, M. J., Bressan, A. A. & Resende Filho, M. d. A. (2010). Uma proposta de indicadores contábeis aplicados às cooperativas de crédito brasileiras. Revista de Contabilidade e Controladoria, 2(3), 58–80. doi: 10.5380/rcc.v2i3.19625 Bressan, V. G. F., Braga, M. J., Bressan, A. A. & Resende Filho, M. d. A. (2011a). Avaliação de insolvência em cooperativas de crédito: uma aplicação do sistema Pearls. 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ABSTRACT Objective. The study examined if the Brazilian credit unions use the PEARLS performance monitoring methodology proposed by the World Council of Credit Unions, and the perception of the analysts of the cooperative system on the relevance of the indicators of this system. Methodology. We used qualitative research with a sample selected through accessibility. Data were obtained from structured interviews conducted with five analysts of Brazil’s Central Bank and two managers of central credit cooperatives, in addition to responses, via questionnaire, of seventeen managers of credit unions located in the Northern, Northeast, South and Southeast regions of Brazil. [Rev1] Capitalizado. Findings. Most of the individual cooperatives and the two central credit unions analyzed were unaware of the PEARLS methodology. This monitoring system is known only by the analysts of the Central Bank of Brazil, indicating that only the supervisory agent of cooperatives in Brazil knows the internationally proposed system and the adapted version proposed to Brazilian reality. Limitations. The survey via questionnaires obtained only 1,4% of population response rate, and the results can not be generalized. It can be said that there is room for improving performance monitoring techniques, as the PEARLS is used in 97 countries and unknown both by individual cooperatives and credit central cooperatives surveyed in this study. Originality/Value. It is noteworthy that studies of this problem applied to the Brazilian reality were not found to date. KEYWORDS: Credit unions, financial indicators, PEARLS System, performance monitoring, analysts perception. © IBRIF São Paulo ISSN 2359-1005 v. 1 n. 2 91–105 105