lógicos jogos - Portal Brasil Engenharia
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CLAUDIONOR SILVA 2. No caminho da fábrica Sabe-se: em São Paulo, um terço das viagens são realizadas inteiramente a pé. Morando na mesma casa, dois operários levam, o mais moço, 20 minutos de caminhada até a fábrica; o mais velho, 30 minutos. Se o mais velho sair de casa cinco minutos antes do mais moço, depois de quanto tempo o mais moço alcança o mais velho? 3. Coisa dos tempos da aritmética Duas digitadoras devem copiar um relatório; a primeira poderia terminá-lo em duas horas e a segunda em três horas. Que tempo levarão se distribuírem o serviço de modo a fazê-lo no menor prazo possível? FRASES ILÓGICAS A sala de estar é do zinho Assisti, e em muito poucos minutos, no limite mesmo de minha resistência ao emburrecimento televisivo. Era manhã de um dia qualquer, eu trocava de roupa com a televisão ligada, à cata de notícias que me estragassem o dia. Então, vejo uma apresentadora, quarentona, nem muito feia, nem muito dotada de atrativos, a imagem típica das mães de todos os telespectadores; apresentava uma receita qualquer de alguma torta, passível de ser feita em casa. “E aí você vai estar acrescentando uma colherzinha de manteiga, bem pouquinha, e vai estar acrescentando um pouquinho da farinhazinha, do fubazinho, e vai estar mexendo bem devagarinho” (e foi por aí afora, falava tudo no diminutivo e com o verbo estar em todas as falas e frases). Desliguei rapidamente a TV e saí apressado para a rua. Já relatei minha entrada no mundo do português publicitário. Aconteceu em uma loja de CDs, onde perguntei por um certo cantor e ouvi, da vendedora, sempre muito solícita, uma frase absurda: “não vou estar tendo”. Uma frase só com verbos! A entrada no universo da linguagem dos publicitários, como escreveu certa vez o mais famoso deles – a gente nunca esquece; de minha parte, “não vou estar esquecendo nunca”. De ponta-cabeça O festejado escritor Dan Brown, quem, suponho, tenha formação técnica, despejou nas livrarias um novo livro, nas mesmas águas do livro/filme O Código da Vinci. Trata-se de Anjos e Demônios , por enquanto apenas livro, mas com filme já pronto para desabar nas telas do mundo todo, segue o filão das sociedades secretas, grupos religiosos e heréticos, um vale-tudo para preservar cansados dogmas religiosos. Por aí... Este novo livro “pega pra Cristo” uma organização religiosa medieval, os Iluminati. Já nas primeiras páginas, surge o frases ilógicas cadáver de um cientista, com um nome Iluminati gravado a fogo no peito. Neste ponto, Dan Brown esclarece que o nome foi gravado como um ambigrama, um monograma que pode ser lido da mesma forma, qualquer que seja a posição do observador. No caso do livro o ambigrama é o seguinte: Dan Brown não inventou nada novo; Os ambigramas sempre existiram na história da humanidade: a suástica, a estrela de Davi, o yang/ying, são todos ambigramas. Nos anos 60, os americanos promoveram um concurso de ambigramas. Vasculhando meus arquivos descolei os premiados, expostos a seguir. Que virem a revista de ponta cabeça para verificar os efeitos. O primeiro prêmio coube, merecidamente, ao ambigrama Life/Death. Divirtam-se, enquanto o filme do seu lobo (quer dizer, de Dan Brown) não chega. ENGENHARIA/2009 592 ENGENHARIA/2009 592 hora, chegaria uma hora antes do meio-dia. A que velocidade deve correr para chegar exatamente ao meio-dia? 3. Coisa dos tempos da aritmética Como a digitadora mais rápida trabalha uma vez e meia mais rápida do que a mais lenta, ficará, como é óbvio, com um trecho do relatório, uma vez e meia maior que o da segunda; ficará com 3/5 do relatório e a amiga com 2/5. E a mais rápida faria todo o trabalho em 2 horas, fará 3/5 do trabalho em 2 x 3/5 = 1 1/5 (hora), ou 1 hora e 12 minutos. (Claro que neste mesmo tempo, a segunda terminará o seu 2/5 restantes). Muito fácil? Em termos; foi um problema parecido com este, o famoso tanque que é preenchido por duas diferentes torneiras que quase me deixou no então chamado curso primário, me impedindo de descobrir o maravilhoso recurso dos x, dos y e das equações. www.brasilengenharia.com.br PROBLEMAS NEM TANTO Para resolver apenas com cálculos mentais 1. O esquiador Um esquiador calculou que, se fazia 10 quilômetros por hora, chegaria ao seu destino uma hora depois do meio-dia. Se a velocidade fosse de 15 quilômetros por Reginald o Assis de Paiva* de destino. Fácil ver que a velocidade deve ser de 12 km/h. 2. No caminho da fábrica O mais jovem percorre, em cinco minutos, ¼ do trajeto e o mais velho, 1/6, seja, 1/12 menos que o jovem. Como o mais velho tinha se adiantado de 1/6 do trajeto, o mais jovem o alcançará aos 1/6:1/12 = 2 espaços de cinco minutos, ou seja, em 10 minutos. Outro raciocínio: para percorrer todo o trajeto, o mais velho leva 10 minutos a mais que o jovem; portanto, se saísse 10 minutos mais cedo, chegaria junto com o jovem à fábrica. Como sai com 5 minutos de antecedência, é alcançado no meio do caminho, ou seja, depois de 10 minutos. JOGOS LÓGICOS Dos tempos da guerra fria Um de meus leitores me faz chegar às mãos livro intitulado Brincando de Matemática, com autoria de um certo Y.I. Perelman e publicado pelo Editorial Vitória em 1960. Uma pequena relíquia, pela data e pela editora. A data, lembramos, é pouco posterior ao lançamento do Sputinik, primeiro satélite orbital que, também para bem lembrar, deixou o ocidente em pânico, iniciando a chamada corrida espacial. Os russos, por falta de maiores informações sobre como se desenvolveu o programa soviético, deixavam-nos a impressão de que estavam anos-luz a frente dos Estados Unidos; depois do Sputinik veio o primeiro voo orbital (Gagarin e sua conhecida frase – a Terra é azul), o primeira astronauta e o primeiro animal em órbita, Laika, uma cadela. Os Estados Unidos perceberam que só tomariam a frente do programa espacial se realizassem o primeiro voo tripulado à Lua. O fizeram, com pompa e circunstância, uma história já de todos nós bem conhecida. Mas a curiosidade sobre o que era a desconhecida ciência espacial soviética era, em parte compensada por edições do Editorial Vitória, que, por pertencer ao PCB, tinha acesso aos livros de divulgação científica dos soviéticos. O livro de curiosidades matemáticas, como convém à época, traz, na capa, em charge, um homem segurando o Sputinik. Na orelha do livro, outras edições são anunciadas: O Olho e o Sol (S. Vavilov), um pequeno e fantástico trabalho sobre a luz, o sol e a visão (dele, tenho um exemplar, perdido entre os volumes de minha biblioteca); O vôo no Espaço Cósmico (Sternefeld); e ABC do Sistema Solar (Fesenkov). O interesse que a chamada Corrida Espacial provocou no mundo ajuda a explicar a enxurrada, que desde então, alimentou a produção de livros e filmes de “ficção científica” e, até mesmo – por que não? – as muitas histórias fantasiosas de abdução, OVNIs e contatos de primeiro, segundo e terceiro grau. Na leitura do livro vou percebendo que a “recreação matemática” pouco mudou nestes últimos cinquenta anos. Ali estão, já citados nesta coluna, a torre de Hanói, os quadrados perfeitos, os números gigantescos, os problemas de dominós, a lenda da criação do jogo de xadrez. Dizem os cultores de ficção científica que as viagens para o futuro já estão resolvidas, mas não as viagens para o passado. Contrariemos esta afirmação, garimpando alguns problemas apresentados no Brincando de Matemática, a mais não seja que para referenciar a memória de Astrogildo Pereira, grande intelectual brasileiro, ligado ao Editorial Vitória. problemas nem tanto e * Reginaldo Assis de Paiva é engenheiro do setor de transporte público e conselheiro do Instituto de Engenharia E-mail: [email protected] RESPOSTAS 1. O esquiador Quem pensou que a resposta é a média entre 10 e 15 km/h (12,5 km/h), errou. Se o destino do esquiador for y, o tempo y/12,5 – y/15 deveria ser igual a y/10 - y/12,5. Esta condição nos leva a uma igualdade falsa. Quem quiser, teste. Por outro lado, suponha que o esquiador andasse, a 30 quilômetros por hora, mais duas horas além do trajeto normal que faria se andasse a 10 km/h. (teria percorrido 30 quilômetros). No entanto, como em uma hora anda 5 quilômetros a mais que a 10 km/h, da relação 30/5 vemos que teria gasto 6 horas; ou seja de (6 – 2) horas, temos 4 horas a 15 km/h no percurso, ou 60 quilômetros que deverão ser percorridos em 5 horas para que se chegue ao meio dia no ponto JOGOS LÓGICOS www.brasilengenharia.com.br
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