NT 125 de olho no Parlamento do Mercosul
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NT 125 de olho no Parlamento do Mercosul
Nota Técnica Nº 125 Junho de 2007 De olho no Parlamento do Mercosul Política Internacional De do O olho no P arlamento Parlamento Mercosul Conselho do Mercado Comum aprovou, em 30 de abril de 2007, o Decreto nº 6.105, que promulgou o Protocolo Constitutivo do Parlamento do Mercosul. Esse Protocolo foi assinado pelos governos do Brasil, da Argentina, do Paraguai e do Uruguai, em Montevidéu. Os trabalhos do Parlamento do Mercosul foram iniciados em maio de 2007. O Parlamento é um órgão independente, autônomo e unicameral de representação dos povos dos países-membro, que integram a estrutura institucional do Mercosul. Dentre os seus propósitos pode-se destacar a representação dos povos do Mercosul, respeitando sua pluralidade ideológica e política; a promoção e defesa permanente da democracia, da liberdade e da paz; promoção do desenvolvimento sustentável da região com justiça social e respeito à diversidade cultural de suas populações; a garantia da participação dos atores da sociedade civil no processo de integração. O Parlamento do Mercosul tem como princípios o pluralismo e a tolerância como garantias da diversidade de expressões políticas, sociais e culturais dos povos da região; a transparência da informação e das decisões para facilitar a participação dos cidadãos; o respeito aos direitos humanos em todas as suas expressões; o repúdio a todas as formas de discriminação, especialmente às relativas a gênero, cor, etnia, religião, nacionalidade, idade e condição socioeconômica, dentre outros princípios. Suas competências principais são: velar pela preservação do regime democrático nos Estados Partes; publicar anualmente um relatório sobre a situação dos direitos humanos; efetuar pedidos de informações sobre questões vinculadas ao desenvolvimento do processo de integração; organizar reuniões públicas com entidades da sociedade civil; emitir declarações, recomendações e relatórios sobre o processo de integração, entre outras competências. Os parlamentares que integram o Parlamento do Mercosul serão eleitos pelos cidadãos dos Estados-membros, por meio de sufrágio direto, universal e secreto. O mecanismo de eleição procurará assegurar uma adequada representação por gênero, etnias e regiões conforme as realidades de cada Estado. No primeiro mandato (2007/2010) os parlamentares são indicados pelos respectivos Congressos, de acordo com a indicação dos líderes de partido respeitada a proporcionalidade, no caso brasileiro1. No próximo mandato (2010/2014) todos os parlamentares serão eleitos diretamente, mas nas datas 1 Em 2007, o Paraguai elegerá, em cédula separada, seus parlamentares para o Parlamento do Mercosul; em 2008, será a vez da Argentina; em 2009, o Uruguai; e em 2010, o Brasil. Nota Técnica Inesc, Nº 119, Parlamento do Mercosul: implantação e perspectivas, Nov/2006. Junho de 2007 2 Política Internacional das suas respectivas eleições nacionais. A partir de 2014, o Conselho do Mercado Comum estabelecerá o “Dia do Mercosul Cidadão”, para a eleição ocorra de forma simultânea em todos os países do Mercosul. Os parlamentares terão mandato de quatro anos, contados a partir da posse no cargo, e poderão ser reeleitos. O Parlamento reunir-se-á ao menos uma vez por mês, na sede em Montevidéu. Está sendo considerada nas discussões de elaboração do Regimento Interno a possibilidade de serem realizadas, em circunstâncias excepcionais, sessões através de meios tecnológicos que permitam reuniões à distância. O Parlamento do Mercosul poderá convidar os Estados Associados do Mercosul para participar de suas sessões com direito a voz, mas sem direito a voto. O Parlamento do Mercosul terá um processo de construção tanto política, administrativa como física. As primeiras reuniões estão sendo realizadas na sede do Parlamento Uruguaio sem as devidas condições de trabalho aos parlamentares mercosulinos. Uma de suas principais funções é a de acelerar os procedimentos internos para a entrada em vigor das normas nos Estados Partes. Para isso deverá elaborar pareceres sobre os projetos de normas do Mercosul que necessitem ser aprovados nos legislativos nacionais. Os projetos aprovados serão ser enviados pelo Poder Executivo nacional ao seu respectivo Parlamento. Composição do Parlamento do Mercosul Os parlamentares do atual mandato estão redigindo o regimento interno e discutindo não só as normas que regerão as sessões e as diversas formas de votações, mas também a possibilidade de uma composição proporcional para os futuros mandatos que reflita minimamente a diferença existente entre os países partes. Na atual composição cada parlamentar mercosulino brasileiro, por exemplo, representará pouco mais de 10,5 milhões de eleitores, o da Argentina cerca de 2,3 milhões, o do Paraguai 370 mil pessoas e o do Uruguai, 191,5 mil2, conforme tabela 1. Tabela 1 País População PMS Uruguai 3.447.920 18 191.551 Brasil 190.011.861 18 10.556.215 Argentina 40.403.943 18 2.244.664 Paraguai 6.667.884 18 370.438 Fonte: Fernando Rodrigues - http://uolpolitica.blog.uol.com.br/ 2 Blog Fernando Rodrigues, Brasil aceita ser minoritário e terá só 18 vagas no Parlamento do Mercosul, “O Uruguai terá 3.447.920 habitantes em dezembro deste ano. O Brasil, 190.011.861. Ou seja, um parlamentar do Mercosul uruguaio representará 191.551 eleitores. Já um colega seu brasileiro terá o dever de representar 10,556 milhões de eleitores. Para registro, no final deste ano a Argentina terá 40.403.943 habitantes. O Paraguai, 6.667.884”. Ver no Site http://uolpolitica.blog.uol.com.br/ Junho de 2007 3 Política Internacional Outro dado a ser observado no atual mandato é a relação de gênero. A participação feminina é visivelmente minoritária. Entre 72 parlamentares com voto no Parlamento do Mercosul, há apenas nove mulheres. Esta bancada feminina é composta de seis deputadas argentinas, uma brasileira e uma paraguaia e uma uruguaia. Isto representa apenas 13% do total de membros. Esses dados demonstram que as ações para promoção e inserção da mulher nas arenas de decisão política são ainda ineficientes. Assim, temos uma fraca inserção política das mulheres na América do Sul apesar de haver certas conquistas como a eleição da presidenta chilena Michelle Bachelet. O alto número de parlamentares argentinas está em consonância com a pesquisa realizada pela cientista políticas Lúcia Avelar, que aponta que a Argentina é o país latinoamericano com o maior número de mulheres no parlamento. Na Câmara dos Deputados, as mulheres representam 35% do total dos parlamentares. No Senado, o número salta para 43%3. No Brasil, onde as mulheres são mais de 50% da população, a representação no Congresso Nacional é de apenas 6% da Câmara dos Deputados e 15% no Senado Federal. A bancada mercosulina feminina brasileira tem representação ainda menor que no Congresso Nacional. É composta de uma parlamentar, a senadora Marisa Serrano (PSDB/MS), em relação aos 18 deputados, portanto equivalente a 6% da representação brasileira no Parlasul. Sobre a bancada brasileira é importante ressaltar que oito parlamentares (44%) são oriundos da região Sul e desses um terço (seis) são do Rio Grande do Sul. O presidente da comissão, senador Sérgio Zambiasi (PTB/RS), e o vice-presidente brasileiro do Parlamento do Mercosul, deputado federal Dr. Rosinha (PT/PR), são originários dessa região. Estes dados refletem o forte impacto que o Mercosul tem sobre os estados da fronteira sulista e, portanto, a sua forte representação na busca de assegurar que as propostas formuladas no parlamento atendam aos interesses regionais. Estes dados apontam também que a percepção da integração via Mercosul ainda não está devidamente incorporada pelos demais estados da União. Há certo desconhecimento que o Mercosul é o caminho das relações comerciais e culturais entre o Brasil e a União Européia, Estados Unidos, Japão e China, entre outros. Outro dado importante para afinarmos um perfil é a participação dos membros da bancada brasileira em missões e comissões ligadas aos assuntos de política externa. Dentre eles, por exemplo, 44% fazem parte da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional na Câmara e no Senado. Muitos deles participaram de uma significativa quantidade de missões externas como os senadores Romeu Tuma (PFL/SP) e Cristóvão Buarque (PDT/ DF) e os deputados Cezar Schirmer (PMDB/RS) e Max Rosenmann (PMDB/PR). Isso mostra que há alguma coerência por parte das lideranças dos partidos políticos que indicaram os membros da bancada em relação às respectivas experiências de atuação internacional. 3 Os dados foram apresentados pela diretora do Instituto de Ciência Política (Ipol) da Universidade de Brasília (UnB), Lúcia Avelar, no fórum Reforma Política em Questão, realizado esta semana em Brasília, maio de 2007. Junho de 2007 4 Política Internacional Espera-se que com o funcionamento do Parlamento do Mercosul a máxima existente na Sociedade Civil que os parlamentares que trabalham com as questões internacionais só o fazem para fazerem excursões ao exterior, seja reavaliada. Os trabalhos exigirão um alto grau de responsabilidade, seriedade e desprendimento — advogar pelo direito dos povos do Mercosul — por parte dos parlamentares ora indicados e eleitos, em 2010. O Inesc, assim como outras organizações da sociedade civis, continuarão acompanhando as reuniões do Parlamento do Mercosul e as proposições em tramitação para poder identificar e avaliar os padrões de comportamento dos parlamentares, em geral, neste processo de integração política do Mercosul. Bancadas de parlamentares nacionais ARGENTINA SENADORES - MEMBROS TITULARES Alicia Mastandrea Elida Vigo Graciela Bar Guillermo Jenefes Isabel Viudes José Mayans Liliana Capós Roberto Rios DEPUTADOS - MEMBROS TITULARES Alberto Balestrini Alfredo Atanasof Beatriz Rojkes Eduardo Macaluse Héctor Daza Jorge Sarghini Mario Negri Rafael Bielsa Ricardo Jano Vago Junho de 2007 BRASIL SENADORES - MEMBROS TITULARES Pedro Simon (PMDB - RS) Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) Efraim Morais (PFL - PB) Romeu Tuma (PFL - SP) Marisa Serrano (PSDB - MS) Aloizio Mercadante (PT - SP) Sérgio Zambiasi (PTB - RS) Cristovam Buarque (PDT - DF) Inácio Arruda (PCdoB) DEPUTADOS - MEMBROS TITULARES Cezar Schirmer (PMDB - RS) Dr. Rosinha (PT - PR) George Hilton (PP - MG) Max Rosenmann (PMDB - PR) Cláudio Diaz (PSDB - RS) Geraldo Resende (PPS - MS) Germano Bonow (DEM - RS) Beto Albuquerque (PSB - RS) José Paulo Tóffano (PV - SP) 5 Política Internacional URUGUAI MEMBROS TITULARES - SENADORES Eber da Rosa Eduardo Lorier Eduardo Ríos Francisco Gallinal Gustavo Penadés Jorge Saravia Juan Bentancor Rafael Michelini MEMBROS TITULARES - DEPUTADOS Adriana Peña Carlos González Alvarez Doreen Javier Ibarra Enrique Pintado Germán Cardoso Gustavo Borsari Juan Domínguez Pablo Iturralde Roberto Conde Ruben Martínez Huelmo PARAGUAI MEMBROS TITULARES - SENADORES Ada Solalinde de Romero Alfonso González Núñez Eusebio R. Ayala Herminio Cáceres Jorge Oviedo Marcelo Duarte Miguel Carrizosa Modesto Luis Guggiari Oscar Denis MEMBROS TITULARES - DEPUTADOS Carlos Martínez Carlos Paoli César López Efraín Alegre Héctor Lacognata Luciano Cabrera Mario Coronel Miguel Corrales Raúl Sánchez Edélcio Vigna Assessor para políticas de Reforma Agrária e Soberania Alimentar Fabrício Araújo Estagiário de Política Internacional Bancadas de parlamentares nacionais EXPEDIENTE INESC - Instituto de Estudos Socioeconômicos - End: SCS - Qd. 08, Bl B-50 - Salas 431/441 Ed. Venâncio 2000 - CEP. 70.333-970 - Brasília/DF - Brasil - Fone: (61) 3212 0200 - Fax: (61) 3212 0216 - E-mail: [email protected] - Site: www.inesc.org.br - Conselho Diretor: Armando Raggio, Caetano Araújo, Fernando Paulino, Guacira Cesar, Luiz Gonzaga, Jean Pierre, Jurema Werneck, Neide Castanha, Pastor Ervino Schmidt - Colegiado de gestão: Atila Roque, Iara Pietricovsky, José Antônio Moroni - Assessores(as): Alessandra Cardoso, Edélcio Vigna, Eliana Magalhães, Francisco Sadeck, Jair Barbosa Júnior, Luciana Costa, Ricardo Verdum - Assistentes: Álvaro Gerin, Ana Paula Felipe, Lucídio Barbosa Instituições que apóiam o Inesc: Action Aid, CCFD, Christian Aid, EED, Embaixada do Canadá – Fundo Canadá, Junho de Fastenopfer, Fundação Avina, Fundação Ford, Fundação Heinrich Boll, KNH, Norwegian Church Aid, Novib, Oxfam, 2007 Wemos Foundation - Jornalista responsável: Jair Barbosa Júnior - Projeto gráfico: DataCerta Comunicação - Diagramação: Ivone Melo Junho de 2007 6