A PIA OBRA DE SANTA DOROTÉIA

Transcrição

A PIA OBRA DE SANTA DOROTÉIA
A PIA OBRA DE SANTA DOROTEI
DOROTEIA
EIA
5/12/1959
~2~
PIA OBRA DE SANTA DOROTEI
DOROTEIA
EIA
SÚMULA:
1- “Qui susceperit unum parvulum talem in nomine meo, me
suscipit” (Matt. 18,5)
2- Que coisa é a Pia Obra
3- De quem recebeu o nome
4- Sua origem e aprovação
5- Sua atividade e seu espírito
6- Seu organismo
7- Vantagens e frutos da Pia Obra
8- Pio XII sela com sua augusta palavra o centenário da primeira
aprovação oficial da Pia Obra 19/05/1841 – 15/12/1941.
“QUI SUSCEPERIT UNUM PARVULUM TALEM
IN NOMINE MEO, ME SUSCIPIT”
(Matt. 18,5)
“Quem receber a um destes pequeninos em meu Nome, a Mim é que recebe!”
Infância e juventude constituem um estranho conjunto de
contradições. Combinam complexidade aparente com autêntica
simplicidade. Sabem muitas coisas e ignoram outras tantas. E, as
mais das vezes, estas outras são precisamente as que mais
deveriam conhecer para o próprio bem.
A Igreja – dedicada Esposa de Cristo – se desvela no
cuidado da infância e da adolescência, para as conduzir à
realização de suas possibilidades naturais e sobrenaturais. E todos
os que para elas trabalham, podem estar seguros de ocupar um
lugar privilegiado no Coração de Jesus, que ternamente as ama, e
no Coração de Maria, Mãe dos irmãos menores de Jesus.
Nenhuma outra obra tem consequências de alcances mais
decisivos sobre o futuro do mundo e do Reino de Cristo. E esta
missão é toda luz, e é também, por acréscimo, a origem de
profunda alegria e satisfação pessoal.
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Compreenderam-no e sentiram-no as grandes almas de
todos os tempos, almas que, em Deus, o ser “social” por excelência,
se realizam e se completam em outras almas, na fraternidade dos
ideais.
Isto sucedeu ao venerando Sacerdote D. Lucas dos Condes
de Passi de Bergamo, de quem nos fala o Emo. Cardeal Schiaffino:
“Homem de rara virtude que, juntamente com seu irmão D. Marcos,
deu-se ao ministério da pregação, deixando um nome louvadíssimo
e bendito, particularmente no norte da Itália – Lombardia e Venezia.
Não tardou D. Lucas a verificar, por própria experiência, que
as jovens do povo, em grande parte pouco assistidas pelos pais,
cresciam ignorantes das verdades da Fé, longe dos Sacramentos,
extraviando-se em meio a mil perigos e ocasiões, elas que seriam
dali a pouco esposas e mães!!.. Ele encontrou no seu caminho a
jovem Paula Frassinetti, “em quem dons não comuns da natureza e
da graça haviam contribuído para fazer dela um tipo clássico de
formadora de alma, dessas almas que aparecem tanto na história
da Igreja como da Civilização” entrevistou aquela que abrigava no
peito “um coração grande como o mar e puro como o céu,” no dizer
do Cardeal Capecelatro.
Desse encontro de duas pessoas que, em se vendo e
imediatamente se entendendo, uniram-se logo em santa amizade,
surgiu a solução definitiva do problema apostólico do zeloso
Sacerdote D. Lucas, de cujas mãos Paula recebeu e fez frutificar no
mundo, para a glória de Deus e santificação das almas, a
PIA OBRA DE SANTA DOROTEIA, a que o Pe. Gilla Gremigni
chama “um antigo exemplo de ação católica.”
QUE COISA É A PIA OBRA
“Tanta juventude em flor atraída em armadilha envenenada,
murcha, decepada! Esta Obra providencial que, pela sábia e
intrínseca organização em prática experiência secular, amolda, e
dirige em santa cruzada aquelas que aspiram ao apostolado da
juventude mais delicada e preciosa para o futuro da Família e da
Sociedade - a juventude feminina.”
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“Um antigo manual 1835 a 1840 (definindo-a), diz que:
“A Pia Obra de Santa Doroteia visa preparar a mulher à virtude,
assegurar por esse modo a moral do povo e prover à pública
educação. E agora: “A Pia Obra de Santa Doroteia é correção
fraterna para as crianças, facilitada e reduzida a método.”
A primeira resposta é mais genérica e por isso mais vaga: a
segunda, mais particular e, portanto, mais precisa. De qualquer
modo, tanto uma como a outra fazem compreender que a Pia Obra
nasceu para proteger do mal e cultivar o bem, segundo os
ensinamentos da Santa Igreja, nos corações das jovens que, por
qualquer motivo, se encontram na necessidade de particular auxílio
espiritual.
O livreto de 1835, estampado em Gênova, diz ainda
“O escopo da Obra consiste em que algumas pessoas piedosas,
com o nome de Assistentes e Cooperadoras promovam o cuidado
de algumas crianças, para instilar nos seus corações o santo amor
de Deus e formá-la nos bons costumes, corrigindo-lhes as faltas,
procurando que frequentem a Doutrina Cristã e os Sacramentos.
Tudo isso segundo as necessidades das crianças sujeitas, e a
possibilidade das pessoas na Pia Obra empregadas, sem
compromissos particulares e obrigações de consciência.
Não se pode, ainda hoje, sintetizar mais claramente e mais
simplesmente a essência da Pia Obra de Santa Doroteia.
É Pia Obra porque, promovendo a correção fraterna, como o
faz, é uma verdadeira obra de piedade, piedade no sentido que
ensina a dar a Deus o culto devido, piedade no sentido da
misericórdia para com as tenras almas expostas ao perigo de
perdição.
A correção fraterna consiste, pois, em alguns caritativos
avisos e sugestões, ordenados ao bem espiritual da criança,
correção que vem precisamente facilitada primeiro pelo fim
sobrenatural que inflama as Assistentes e Cooperadoras e depois
porque, dividida entre tantas almas de boa vontade, a fadiga de
corrigir é menor e menor a dificuldade.
A correção é reduzida a método porque as determinadas
ocupações, os ofícios preciosos de cada Zeladora, formam um
sábio encaixe, no qual as muitas partes, bem associadas se
destinam a um único fim – a educação cristã das crianças.
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DE QUEM RECEBEU O NOME
“A Pia Obra tomou o nome da Virgem Santa Doroteia,
martirizada em Cesareia de Capadócia, no fim do Século III.
Através do seu martírio, a doce, ‘pura e forte figura da virgem
Doroteia se ilumina de esplendor no apostolado cristão.”
Crista e Calista, que ela reconduzira a Cristo, quando a
caminho do martírio, e seu perseguidor Teófilo, ao qual enviou
frutos e flores do Paraíso, são, no céu, o seu gáudio e a sua coroa.
Seu coração apostólico, cujos ardores libertaram tantas almas
do gelo da impiedade pagã, é o modelo e guia das que militam sob
a bandeira da Pia Obra.
SUA ORIGEM E APROVAÇÃO
“A Pia Obra de Santa Doroteia nasceu, como nascem as
obras do Senhor, de humílimos princípios.
Nasceu em Bergamasco, cerca de 1815, por obra de um
sacerdote muito zeloso, o Conde D. Lucas de Passi, eficazmente
coadjuvado por seu irmão D. Marcos. Ele consagrou a esta Obra
todas as suas mais belas energias. Pregador de espírito
verdadeiramente apostólico, percorre, de norte a sul, quase toda a
Itália. E aproveitando-se particularmente das pregações quaresmais, achou o modo de espalhar por toda parte a semente da Obra
providencial, que havia fundado e que já produzia farta messe de
bens.
Os Bispos e os Párocos disputavam-se o zeloso Pregador e
lhe testemunhavam publicamente sua gratidão e estima profunda.
Desse modo, a Obra propagou-se bem depressa em
Lombardo-Veneto, Svizzera, no Piemonte, na Luguria, na Itália
central e em Nápoles.
D. Lucas, que já avançava em idade, preocupava-se com o
futuro da Obra e desejava confiá-la a um pio Instituto que lhe
garantisse a estabilidade.
Ei-lo em Gênova, para as pregações quaresmais “Gênova,
por justos motivos cognominada a Cidade de Maria!”
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Estamos em 1835. Deixemos falar as “Memórias...”
Encontrava-se D. Lucas em Gênova, em novembro de 1835, em
razão de seu ministério, chegando até Quinto, onde o Pároco
(D. José Frassinetti) se sentia muito consolado ao verificar que a
Pia Obra, por ele mesmo introduzida, produzia belos frutos.
Alojando-se o dito Sacerdote na Casa Paroquial, manifestou ao
Pároco, Pe. Frassinetti, seu desejo de confiar a Pia Obra a algum
Instituto feminino. Falou-lhe D. José Frassinetti da Comunidade já
iniciada por sua irmã Paula. D. Lucas manifestou logo o desejo de
vê-la e de se dar a conhecer. E no dia de Sto. André Apóstolo, um
ano e alguns meses após a fundação do Instituto, apresentava-se
pela primeira vez a visitar a Comunidade, acompanhado pelo
Pároco Pe. Frassinetti.
Paula e suas filhas haviam a pouco tempo retomado à vida
ordinária, na paz da sua pequena casa, aumentada talvez de
algumas meninas, a cujos pais, vítimas da terrível epidemia,
assistiram com infatigável dedicação, mas que o cólera arrebatara à
vida.
“O Senhor, como que a mostrar-lhes sua satisfação pelo bem
operado, não tardou muito a colocar Sua fiel Serva na ocasião de
estender a sua Obra benfazeja. Dispôs as coisas de tal modo que
ela viesse a encontrar-se, naquele mesmo ar com o mencionado
Sacerdote, que veio confirmar sempre mais Paula nos seus santos
propósitos e nos meios de aperfeiçoar e dilatar sua Obra.”
...“Com que santa avidez Paula lhe ouvira a palavra, e como
se lhe dilatara o coração as mais belas esperanças de melhormente
estender a sua Obra em favor do próximo, especialmente das
abandonadas filhas do povo, ao propor-lhe D. Lucas Passi o aceitar
e fazer própria no seu novel Instituto a Pia Obra da Santa Doroteia.”
“Na novena da Assunção de Maria ao Céu, nasce na Igreja de
Deus o Instituto, e na novena de Sua Imaculada Conceição
(segundo dia de novena), festa tão cara ao coração da Fundadora,
a oferta de D. Lucas Passi, que ela abraça de coração dilatado, qual
obra santa que dará em seguida o nome ao Instituto e o conduzirá
depois até a América distante.”
“Circunstâncias estas assaz consoladoras para nós, (suas
filhas), que reveIam a especial proteção da Virgem Santíssima para
com aquela que desde tenra idade se lhe confiara, proteção que
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estendia agora ao nosso Instituto, do qual era cabeça a sua devota
Paulinha.”(Dalle “Memorie”) “Pela Providência de Deus, a Obra de
Santa Doroteia encontra a sua mãe, encontra a sua família.”
O coração de Paula é todo ardor de caridade para com a nova
iniciativa; as crianças da Obra são agora a pupila de seus olhos.
Ela servirá de exemplo, com seu espírito missionário, na nova
cruzada, dará sem contar, cuidados, fadigas, solicitude, orações.
E a Obra florirá, tornar-se-á frondosa e dará frutos. Roma
acolhe-a cordialmente em 1841. Em algumas paróquias, tornou-se
logo florescentíssima: em Santa Maria Maior, San Giacomo in
Augusta, San Bernardo alle Terme, Santa Maria Sopra Minerva,
Santa Lucia del Gonfalone, San Marco, Sant’Angelo in Pescheria.”
“De então para cá, a obra caminha a passos de gigante: a sua
história não será mais que a história do Instituto de Santa Doroteia.
Hoje os frutos salutares não se contam mais: vê-os, conta-os e os
premiará unicamente o Senhor”.
Aprovaram-na oito Pontífices, centenas de Bispos, milhares
de Párocos. E uma Obra que conta mais de um século de vida, vem
carregada de uma preciosa experiência.
O breve pontifício que a louva, aprova e recomenda é do
Papa Gregório XVI, em data de 19 de maio de 1841, endereçado
“aos diletos filhos Lucas e Marcos Passi, Sacerdotes de Bergamo” e
começa com as palavras: “Inter praecipuas curas”.
É esta a carta magna da Pia Obra, que autoriza a dizer que
ela é verdadeiramente uma obra de Deus, destinada, no
pensamento do Vigário de Cristo, a difundir entre as almas jovens.
Não deixamos de acrescentar que o Papa Pio IX tinha por
caríssima essa Obra e encontrou contínuas ocasiões de
demonstrar-lhe sua ternura paterna.
Recordemos, pela história, que o primeiro Manual da Pia Obra
foi dedicado, em 29 de dezembro de 1832, a S. M. Carolina
Augusta, Imperatriz da Áustria e rainha da Hungria, que as
manifestou encantada pela pia instituição. O Patriarca de Veneza,
Thiago, oferecendo o manual a Imperatriz, assim se exprime:
“A obra que se oferece a V. M. Imperatriz, Real, Apostólica, é
certamente uma das melhores idealizadas e instituídas para impedir
o processo de corrupção do século”.
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E ainda hoje, em meio à corrupção dos tempos, continua ela
sendo “uma das melhores idealizadas e instituídas”.
O mesmo Pontífice, Gregório XVI, com bula de 13 de julho de
1832, concedia várias indulgências às Cooperadoras da Pia Obra
de algumas dioceses, a Sua Santidade Leão XIII, com bula de
27 de janeiro de 1888, ampliava as ditas indulgências e as estendia
a toda a Pia Obra em geral.
Todavia, as primeiras indulgências foram concedidas pelo
Papa Pio VII, em 13 de junho de 1820. Pio VIII as confirmou, em
data de 23 de dezembro de 1829.
Atualmente, o catálogo das indulgências e privilégio
concedidos à Pia Obra é o que está contido no Rescrito da Sagrada
Congregação das Indulgências, concedido pelo Papa Leão XIII, em
data de 2 de março de 1888.
SUA ATIVI
ATIVIDADE
VIDADE E SEU ESPÍRITO
ESPÍRITO
A paróquia é a família espiritual dos cristãos. Em torno da
Igreja paroquial gravita toda a vida dos fiéis. De modo particular,
sob os olhos do Pároco se desenvolve a atividade da infância e da
juventude. Era natural que a Pia Obra de Santa Doroteia, que olha
exclusivamertte as almas juvenis, cuidasse de centralizar seu
trabalho à sombra da Paróquia.
Os Condes de Passi, desde as origens da Pia Obra, não
mostraram outra preocupação. E os Párocos não tardavam a
convencer-se da eficácia do ministério de tal Obra, que parece
enviada do próprio céu, tão santa no fim, tão frágil na prática, tão útil
nos efeitos.
Ela vem suprir a negligência dos Pais na educação cristã de
suas filhas, colocando ao lado das jovenzinhas mais necessitadas
de toda a paróquia, um anjo visível, que as sustente e mantenha no
caminho do bem. E este anjo custódio se recruta no âmbito mesmo
da paróquia, talvez na mesma estrada onde logo deve exercitar o
seu apostolado, e quiçá na mesma casa onde habitam seus
protegidos.
Na verdade, a Paróquia é como que envolvida nas malhas de
uma rede providencial, da qual dificilmente as meninas podem fugir.
O Pároco é diretor nato da Obra e, se lhe der, cordialmente,
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dedicação e cuidados, verá em brevíssimo espaço de tempo, que
soma preciosa de bens representa para as almas este apostolado
doroteu.
Não se creia que a Pia Obra se limite a esta ou àquela
atividade do bem; não, ela não restringe o seu trabalho a uma só
parte da formação cristã, como por exemplo ao ensinamento do
Catecismo; tudo aquilo que pode alimentar a piedade e formar a
virtude, está no pensamento e cuidado da Pia Obra.
Inspira-se ela em critérios de uma simplicidade e prática tão
únicas quão raras. Em matéria de apostolado, a sua atividade não
produz nenhum distúrbio na paróquia; recolhem-se, ao contrário,
vantagens copiosíssimas, as quais derivam particularmente do fato
de que as crianças não recebem uma ação genérica uniforme, mas
cada uma em particular é assistida com delicadeza fraterna e
materna.
As crianças, adolescentes e jovens são, como dissemos,
objeto da cura fraterna e materna das Cooperadoras da Obra de
Santa Doroteia, são o tesouro que o Senhor confiou e do qual lhe
hão de render contas.
Todavia, no primeiro período do matrimônio, se o julgue
oportuno, a Obra continua a servir de guia às suas protegidas de
conselho, de conforto.
A Pia Obra, nota-se bem, abraça jovens de todas as
condições sociais, e é solicita tanto das crianças moralmente
desacompanhadas dos pais, quanto das que já se acham
encaminhadas ao bem. É coisa frágil a alma de uma adolescente, e
precisam todas, boas, menos boas, de ajuda e de proteção.
As Cooperadoras se servem sobretudo dos encontros
casuais, que se dão ordinariamente na rua, para render-se conta do
estado de alma dessas tenras “figliuole del popolo” (filhas do povo),
insinuar-se nos seus corações, torna-se santamente donas deles e
fazer-se, pouco a pouco, anjos custódios.
De ordinário, as cooperadoras não vão nas famílias: é claro,
porém que podemos usar de exceções as quais nos levarão não só
a fazer bem às filhas, como também a seus pais.
Os oratórios festivos, as recreações, os passeios, outras mil
indústrias que colocam a juventude à sombra da Igreja paroquial
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são grandemente consolidáveis favoritas da Pia Obra.
As cooperadoras estão sempre a postos para coadjuvarem o
Pároco nestas santas iniciativas.
De qualquer forma todas são chamadas a não mais perderem
de vista suas protegidas que podem e devem ser consideradas
como a pupila de seus olhos.
“Qual o espírito dessa Obra de autêntica ação católica, a qual,
ainda que nascida um século antes da ação católica propriamente
dita, fosse providencialmente organizada e desse os magníficos
frutos que todos tocamos com a mão?
O escopo primordial de toda a atividade apostólica não pode e
não deve ser outro se não a glória de Deus. Esta glória a quer o
Senhor: as coisas visíveis e invisíveis são precisamente chamadas
a aumentar-lhe a glória externa. As cooperadoras serão por
instrumento tanto mais aptas para a obra do Senhor, quanto mais
se despojarem de vistas terrenas, em modo particular de seu
egoísmo, purificado, ao mesmo tempo, o seu coração do pecado e
do afeto ao pecado, para tornar mais largo o caminho da graça
divina.”
“A ação educativa e religiosa da Pia Obra assemelha-se à da
água lenta e silenciosa que, gota a gota, cava a rocha!”
(Me. Cassina)
A Obra de Santa Doroteia, por sua mesma pureza, que a faz
silenciosa e escondida, convida as suas operárias ao culto da
humildade e torna por isso objeto das complacências do céu. “Deus
resiste aos soberbos e dá sua graça aos humildes.” O apostolado
das almas não pode ser mais que o triunfo da graça.
Triunfo este que deve ser preparado por um espírito de
sacrifício claro e decidido. Trata-se de ser perseverante e
sobrenatural numa obra que de per si é ingrata e ignorada.
A humildade e o sacrifício chamam, conservam e aumentam,
nos corações das cooperadas, a graça, e os tornam capazes do
verdadeiro apostolado que dispõe as almas à vinda do Senhor.
“Quem ama a Deus, ama as almas; e amando as almas, não se pode querer
para elas mais que o paraíso.”
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SEU ORG
ORGANISMO
RGANISMO
A Pia Obra, como vimos, desenvolveu-se no cenáculo da
Paróquia e é o Pároco o seu Diretor. E divide as meninas de sua
Freguesia em pequenos grupos, confiando cada um deles a uma
Senhora ou Zeladora; a esta indica duas jovens chamadas de
Vice-Zeladoras, a fim de que, sob a sua direção se ocupem da
salvação eterna das meninas que residem próximo a sua habitação.
Cada Vice-Zeladora não deve ter mais de dez meninas: uma
Zeladora, duas Vice-Zeladoras e vinte crianças formam um grupo.
Cada Paróquia tem naturalmente muitos grupos, devendo-se
formar tantos quantos exige a vastidão da zona paroquial, de modo
que nenhuma rua, nenhum quarteirão, casa ou albergue fique fora
desta grande rede, que deve abraçar todas as meninas que aí
habitam. Mas para conduzir e guiar no caminho do bem todo este
batalhão de crianças, a Pia Obra organiza um corpo diretivo e dá
meios simples e ao mesmo tempo eficazes para fazê-la alcançar tão
grandioso fim.
Cabeça e guia deste Centro (assim costuma chamar-se a
reunião de vários grupos) é sempre o Pároco, porque a ele compete
dar movimento e vida a este verdadeiro exército feminino.
Quando em uma cidade a Obra é estabelecida em diversas
paróquias, os Centros dependem do Ordinário do lugar, sob cuja
presidência se reúnem cada ano, para lhe dar conta dos frutos
espirituais colhidos durante esse tempo.
O Corpo Diretivo, segundo as suas várias atribuições, é, em
ordem hierárquica, formado do Diretor, da Zeladora Geral, das
Secretárias, das Zeladoras e das Vice-Zeladoras.
As Doroteias. Ao lado de cada Centro paroquial e Direção
Diocesana, as Irmãs Doroteias, em força de voto especial, que
fazem em Religião, como secretárias ou Secretária Geral, são
encarregadas dos registros e atas e de velar para que se mantenha
o funcionamento regular e genuíno da mesma Obra.
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VANTAG
VANTAGENS E FRUTOS
Com relação à outras Obras, em grande parte as precede
quanto ao tempo e a experiência.
Distingue-se delas claramente porque a sua missão é
extensiva à tutela, correção e formação da menina, tanto quanto
possível em toda parte.
Não afasta, mas prepara e convida os seus membros às
várias formas de atividade católica, religiosa, social, Filhas de Maria,
Juventude feminina, etc.
As meninas ficando todavia no seio das próprias famílias e
continuando a atender aos trabalhos domésticos e aos próprios
deveres, tem uma guia que as desvia do mal e as leva ao bem.
As Cooperadoras não são de nenhum modo prejudicadas nos
seus deveres, pelo desempenho dessa caridosa missão, pois que o
encontro fácil entre vizinhos de casa, na rua, na Igreja, nos
estabelecimentos, nas visitas e nos passeios oferece ocasião a esta
escola de virtude.
Diferente de outras pias instituições, esta Obra não limita a
sua atividade a um só ramo – formação cristã das meninas, como
por exemplo, à frequência do catecismo paroquial, mas estenda-a a
todas as necessidades da fraca e incauta juventude. Ora, o simples
conhecimento os próprios deveres e das máximas da fé não basta a
fraqueza e inexperiência da idade juvenil; é necessário dar-lhe uma
guia segura e experiente que a livre dos perigos do mau ambiente
em que vive, e ponha um freio às inatas paixões.
Isto permite revelar a característica de Pia Obra: ela não
exerce uma ação uniforme sobre um grupo de meninas, mas
trabalha nos corações conforme as necessidades particulares de
cada uma.
As Cooperadoras, que se dedicam a esta obra maternal, não
assumem obrigações mais rigorosas dos que já lhe são impostas
pelo preceito da caridade, a qual manda a cada uma zelar pela
salvação do seu próximo.
Além disso, a Pia Obra oferece muitas outras vantagens
inspiradas por um admirável critério de simplicidade prática: não
exigido despesa pode nela tomar parte quem é pobre, não
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distraindo dos próprios deveres, pode associar-se o ocupado, não
pedindo muitas exterioridades, mas quase ocultando-se aos olhos
do mundo, pode abraçá-la quem teme tornar-se singular; não
ligando com votos, adapta-se a todas as pessoas de qualquer
condição ou estado; não exigindo ciência, mas piedade, não
autoridade, mas solicitude, não arte estudada, mas amor, quem se
recusasse a abraçá-la, não poderia alegar nenhuma razão plausível
de tal recusa.
“A Pia Obra de Santa Doroteia supre a incúria dos pais na
educação cristã dos filhos”.
“Os frutos da Pia Obra podem chamar-se precisamente frutos
do paraíso.”
“Sempre, ou quase sempre, apreciáveis, não poucas vezes,
preciosos, e mais, incalculáveis mas impedidas, passos falsos
desviados, moças bem encaminhadas, boas esposas, mães cristãs,
famílias cristãs e também virgens, Esposas para Cristo.”
“Persuadam-se os membros de que o bom êxito da Pia Obra,
mais que da correção, depende do bom exemplo: haja no corrigir
candor, simplicidade, amabilidade, e sobretudo humildade,
mostrando com isso que o que move a corrigir não outro senão o
espírito de caridade: devem-se ações das jovens, refletir, certas
circunstâncias, se é melhor fazer uma correção ou omiti-la, evitar
tudo o que pode tornar fastidiosa a correção, e especialmente tudo
o que aparente singularidade ou devoção afetada.”
“Salvastes uma alma, predestinastes a vossa. Os inimigos
não dormem – atravessa a história uma fase decisiva: A Beata
Paula, que amava esta Obra como pupila de seus olhos e a ela se
entregava com todo sacrifício, seja o nosso estímulo!”
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IL PENSIERO E. LA BE
BEN
NEDIZIONE DEL
DEL SANTO PADRE
(PIO XIII)
PER LA PIA OBRA DE S.D.
(EXCERTOS)
“Na manhã de 15 de dezembro de 1941, o Santo Padre
Pio XII, benignamente, se dignou admitir a sua augusta presença
cerca de 600 pessoas, entre Religiosas, jovens e crianças da Pia
Obra de Santa Doroteia, a qual celebrava naquele ano o centenário
de sua Fundação na cidade de Roma, por iniciativa da B. Paula
Franssinetti, e de sua aprovação feita pelo Pontífice Gregório XVI.”
Entre outras coisas, disse S. Santidade:
Examinando profundamente os 100 anos de vida da Pia Obra
de Santa Doroteia, não se pode prescindir de um traço
característico, que a tornar hoje mais que nunca acomodada às
necessidades dos nossos tempos, em meio à multiforme
florescência de santas empresas nascidas dos constantes
progressos da Ação Católica, queremos dizer, entre aquele vínculo
tão íntimo e tão eficaz, onde se unem e coordenam, por um intento
comum, as três grandes forças do apostolado católico:
FORÇA DA HIERARQUIA ECLESIÁSTICA - representada
pelos Párocos que, sob a autoridade e vigilância dos Bispos,
dirigem os grupos paroquiais;
FORÇA DA COOPERAÇÃO - largamente pedida aos fiéis;
FORÇA DA VIDA RELIGIOSA - posta ao serviço de tal
colaboração, para vivificá-la e sustentá-la, sem absorvê-la.
A Pia Obra de Santa Doroteia é, portanto, em primeiro lugar,
Obra paroquial.. Quer, pois, ser uma Obra unida estreitamente às
que são destinadas à cura das almas; uma Obra que se insere
profundamente no corpo da Igreja, vigorosamente se radica no
sólido e fértil terreno que tem as promessas de Cristo, para alcançar
alimento e firmeza, ao par daquelas árvores fortemente plantadas,
prontas a resistir a todas as tempestades e no tempo oportuno.
É uma Obra que abre aos pastores de almas a via de
penetração nos mais remotos ângulos familiares, dando-lhe a
conhecer toda uma crescente porção de seu rebanho, crianças e
jovens, às quais assegura uma sólida formação cristã, vindo a
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penetrar lá onde, entre as grandes paróquias urbanas, a entrada é
frequentemente tanto mais difícil quanto é mais necessária.
É, além disso, obra de colaboração feminina fraternalmente
vigilante. Reúne e agrupa em torno do Pastor colaboradoras de
todas as classes e condições, para dedicarem-se com ele ao bem
das almas jovens, instruí-las, preservá-las e fazê-las crescer na
piedade e nos bons costumes, ao mesmo tempo que sua pia ação
sobre as meninas torna-se excelente meio de própria vantagem e
progresso espiritual.
Por tal modo, vem a surgir e a consumir-se em cada paróquia
uma verdadeira reserva de almas sempre mais numerosa e melhor
formadas, entre as quais as diversas obras paroquiais – catecismo
e associações, organizações de Ação Católica encontram suas
guias e auxiliares, que reforçarão e consolidarão sua vitalidade e
eficácia.
É Obra, enfim, que goza do benéfico concurso um Instituto
Religioso, apoiando-se assim também sobre aquela força potente
que na Igreja representam as Ordens e Congregações.
Que coisas são essas, na verdade, senão outras tantas fontes
permanentes e fecundas de intensa vida interior, de princípios de
espiritualidade perseverante, das escolas de renúncia ao que o
mundo ama, para servir só a Deus e ao bem das almas?
Seu concurso conferem às obras estabilidade e garantem durável
vigor. Isto bem sentiam e apreendiam os zelosos iniciadores da
Obra, os dois irmãos e sacerdotes Passi, quando avidamente
procuravam um Instituto que aceitasse fazê-la própria e difundi-la,
desejo que foi plenamente safisfeito e ratificado com o quarto voto
acrescido pela Beata Paula aos três votos essenciais do estado
religioso, unindo inseparavelmente PIA OBRA e o INSTITUTO DE
SANTA DOROTEIA.
Sobre esta bem combinada e firmada união de alto proveito
religioso, moral e civil, a Beata apenas chegada a Roma, foi logo
implorar a Bênção do Santo Padre; Bênção que ora vós invocastes
de novo sobre vossa família, reunida hoje em torno de nós, nos
seus representantes.
...“De si a Nossa Bênção a essa grande árvore não será
menos paterna e cordial, que aquela do nosso Predecessor
(Gregório XVI) à planta ainda frágil; o distribuí-la, dar-nos-á alegria
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de poder exprimir-vos, com igual afeição um reconhecimento maior,
tanto maior quanto o acúmulo de méritos conquistados pela vossa
Obra num século de fervoroso apostolado, supera os méritos de sua
infância.”
As palavras e a Bênção de Sumo Pontífice são acolhidas com
férvidas demonstrações de reconhecimento.
O Santo Padre, descendo do trono agradece a homenagem
de frutas e flores que lhe é apresentada por uma pequena, em
nome de todos os assistidos da Pia Obra, e um pergaminho com um
tesouro espiritual, oferecido pelas associadas em sua augusta
intenção.
Dignou-se depois dar a mão a beijar aos Sacerdotes,
Religiosas e a todas as jovenzinhas e crianças, interessando-se
paternalmente pela vida da Pia Obra nas paróquias, enquanto a
Schola Cantorum da mesma Pia Obra, sob a direção de Mons.
Martini, executava egregiamente um “Tu es Petrus”, a três vozes, de
belíssimo efeito, composta expressamente para a solene
circunstância pelo mesmo Monsenhor.
Enfim o Santo Padre, saudado de novo com reiteradas
aclamações, deixava a sala, renovando sua afetuosa saudação e
sua Bênção.
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
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Juventude incompreendida - Daniel A Lord, S.J.
Vida da Beata Paula - Cônego A. Xavier Pedroza
Una vila sotto la luce di Maria – R. S. D.
Piccolo Manuale della Pia Obra di S. Dorotea
A Pia Obra de Santa Doroteia
Pequeno Manual da Pia Obra
Nel Centenario dall’ Istituto di S. Dorotea
Memorie intorne alla Vita deita Serva di Dia Poala Frassinetti
II Pensiero e la Benedizione del S. Padre (Pio XII) per la Pia
Obra di Santa Dorotea
5/12/1959
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“.. O Senhor é bom;
Sua misericórdia é eterna
E sua fidelidade se estende
de geração em geração. (SI. 99)
ONTEM,
Paula e suas companheiras, assumindo a Pia Obra, assumiram o
NOVO, tendo em vista a missão, como resposta às necessidades
do tempo.
HOJE,
em cada filha de Paula, existe uma “fé viva e operante” que acolhe
o NOVO como algo inerente à vida no serviço do crescimento
integral do homem.
AMANHÃ,
assumindo sempre o NOVO, a nossa atitude de serviço ganhará
sempre “novas perspectivas e vitalidade, fazendo do anúncio do
Evangelho aos jovens um momento chave de libertação dos povos.”
(Puebla)
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