Textos Terrorismo Avançado 3

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Textos Terrorismo Avançado 3
CURSO AVANÇADO
COMBATE AO TERRORISMO E INTELIGÊNCIA
PARTE III – ATUAÇÃO DO TERRORISMO
TEXTOS
1. OBJETIVOS E ESTRATÉGIAS DO TERRORISMO
2. TERRORISMO: ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO
3. CICLO DE ATAQUE TERRORISTA
4. AL QAEDA
5. AS NAÇOES ARIANAS
6. BOKO HARAM
7. HAMAS
8. MADRID TRAIN BOMBIMG
9. O TERRORISMO SUICIDA
10.ATERCEIRIZAÇÃO DO TERROR
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OBJETIVOS E ESTRATÉGIAS DO TERRORISMO
Já conversamos sobre a lógica do terrorismo. Não são ações indiscriminadas, sem
racionalidade. Muito pelo contrário, são atos perpetrados com o objetivo de
atingir determinados objetivos políticos. Mas quais são esses objetivos? Segundo
Andrew H. Kydd e Barbara F. Walter, no texto The Strategies of Terrorism (2006),
as organizações terroristas perseguem os seguintes objetivos políticos:
1. mudança do regime – substituição do governo com a alteração da forma de
administrar de determinado Estado. Grupos como o as Sendero Luminoso (Peru)
e Brigadas Vermelhas (Europa e Japão) são alguns exemplos de organizações que
perseguiam a mudança do regime em seus países;
2. mudança territorial – separação de determinado território do atual Estado
para a criação de novo ente estatal ou para anexação a outro Estado. O IRA e o
ETA são exemplos de grupos que perseguiam esse objetivo;
3. mudança de política – busca a alteração da política e forma de atuar de
determinado Estado, como acontece no caso da Al Qaeda, que tenta modificar a
política externa estadunidense no Oriente Médio;
4. controle social – estabelecer controles principalmente a determinados grupos
sociais e, em menor grau, ao governo. Um exemplo é a atuação do grupo racista
Klu Klux Klan, que tenta estabelecer um controle social à população afroamericana dos EUA. Outro exemplo são os grupos terroristas anti-aborto, que
assassinam médicos que praticam o aborto com o intuito de assustar e impedir
que outros médicos façam abortos;
5. mantença do status quo – visam a suportar ou a apoiar determinados
governos ou sociedades, impedindo qualquer mudança política no Estado. As
Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) são um exemplo de grupo com esse
objetivo, praticando o terror contra populações que apoiavam a mundança de
regime naquele país.
É importante ressaltar que diversos organismos terroristas podem ter mais de
um objetivo, desejando muitas vezes não somente a mudança territorial, por
exemplo, mas também a mudança do regime, como no caso do ETA na Espanha.
Outros buscam a mudança do regime e um controle social a determinadas
populações etc. Não são excludentes esses objetivos, podendo haver mais de um
na agenda política dos grupos terroristas.
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Para alcançar esses objetivos, as organizações terroristas possuem estratégias, em
que o terrorismo é uma tática que será usada para a consecução do desejado.
Entre as estratégias utilizadas por esses grupos, Kydd e Walter (2006) citam as
seguintes:
1. Atrito – tentam os terroristas mostrar ao governo constituído que
possuem capacidade e força, pressionando a aceitação do demandado. Ex.
utilização de terroristas suicidas para causar medo e coagir o Estado;
2. Intimidação – dirigidos contra a população, mostrando a ela que os
terroristas são fortes e o governo não pode protegê-la. Ex. ataques a
delegacias e símbolos do poder do Estado realizados pelo PCC em maio
de 2006;
3. Provocação - por intermédio de um atentado terrorista entam causar uma
reação exagerada do governo, colocando a população contra este ente. Ex.
atentado do 11 de setembro de 2001 forçou uma reação exagerada do
governo americano tornando este antipático à população muçulmana;
4. Sabotagem da paz – estratégia que busca minar e destruir uma
possibilidade de acordo com determinada facção ou grupo. Ex. o caso do
Hamas nos acordos de Oslo, da década de 1990, que por intermédio de
sucessivos atentados contra Israelenses, durante as negociações desse
acordo, impediu a paz entre Israel e a Autoridade Palestina;
5. Competição – normalmente quando existem dois ou mais grupos
terroristas disputando determinado ganho político. Um dos grupos tenta
superar a ação do outro mostrando ao governo e à sociedade que é mais
forte. Ex. escalada da violência na Colômbia pela Farc, na década de 1980,
mostrando que seriam mais fortes que o ELN.
Portanto, mostramos que o terrorismo possui causas, acontece dentro de uma
lógica (racionalidade econômica, política e psicológica), não são atos
indiscriminados e atuam conforme uma estratégia determinada pelo comando do
grupo terrorista com o fim de mudar a realidade segundo uma ideologia
qualquer. Os objetivos do terror são minuciosamente escolhidos dentro da
estratégia proposta e o terrorismo é a tática para atingir esses alvos. O Estado
necessita conhecer esse processo para agir e realizar suas atividades de
antiterrorismo e de contraterrorismo.
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TERRORISMO: ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO
Assim como organizações privadas, grupos criminosos e grupos
terroristas pussuem uma estrutura e organização que tendem à
ajudar seus propósitos e finalidades. Veremos que existem dois
modelos clássicos de estruturação de organizações terroristas:
hierarquizado (tipo pirâmide) e em rede (network ou
descentralizado).
No document intitulado National Strategy for Combatin Terrorism
(2003), do governo estadunidense, apresenta-se uma estrutura básica
de organização terrorista, de tipo piramidal (hierárquica), consoante
figura abaixo:
Nesta estrutura, a liderança funciona como catalizadora das ações,
planejando e comandando todos os passos a serem dados pelo grupo,
assim como impondo a disciplina e comunicação. É o setor
estratégico, que diz para onde vai a organização. Neste tipo de
liderança, há uma cadeia de comando visível, no estilo de uma
organização privada, com chefes, comandantes e subordinados.
Organizações terroristas com formato paramilitar, como as FARC
colombianas possuem uma estrutura com esse tipo de estrutura. No
passado, diversos grupos utilizaram essa estrutura, como as Brigadas
Vermelhas na Europa, o IRA, o ETA, a OLP etc.
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Abaixo da liderança está a organização propriamente dita. Aqui são
colocados os demais níveis hierárquicos da organização terrorista,
como financiadores diretos, executores, soldados, todos situados em
um nível tático. Neste segmento, as funções são bem especializadas,
com grande visibilidade do que cada um faz e suas
responsabilidades.
No modelo piramidal citado, o governo dos EUA situa os Estados e o
ambiente internacional como elementos da estrutura terrorista que
possibilitam a atuação da organização, como facilitadores de trânsito,
financiadores indiretos, fornecedores de armas etc.
Por fim, na base do modelo, encontram-se todas as condições
necessárias para o desenvolvimento da atividade terrorista, como
pobreza, conflitos étnicos, crises econômicas, guerras, corrupção,
conflitos religiosos etc.
Esse é o modelo básico de funcionamento de uma organização
terrorista. Entretanto, como veremos a seguir, é uma forma de se
organizar que possui grandes vulnerabilidades, como facilidade em
se detectar o comando, facilidades em se interceptar comunicações,
possibilidade de quebra da cadeia hierárquica, facilidade de
infliltração de agentes etc. Por isso, atualmente, modelos em rede ou
descentralizados são os preferidos na atualidade para a atuação de
uma organização terrorista.
Michael Ronczkowski, em sua obra Terrorism and Organized Hate
Crime (2006) discorre de um modelo mais descentralizado, tipo rede,
menos vulnerável e utilizado atualmente por diversos grupos
terroristas. Vejamos na figura abaixo a forma desta estrutura:
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Neste modelo temos:
1. Comando – planejadores, monitores financeiros, selecionadores
de alvos, estrategistas
2. Força Ativa – executores, aqueles que realizam a missão
3. Suporte ativo – inteligência, material, logística etc.
4. Suporte passivo – aqueles que se alinham políticamente e
injetam fundos
Para uma melhor idéia de como esse modelo se organiza, veremos na
figura abaixo as diversas e possíveis formas de redes à disposição das
organizações terroristas, consoante necessidades de cada uma:
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É uma estrutura mais ágil, onde não são visíveis os laços de
hierarquia global (entre todos os integrantes), nem os canais de
comunicação. Possuem uma base ampla, com um apoio não
identificável de pessoas que compram produtos de entidades legais
filiadas (lojas, comércios), fazem doações, transferem tecnologia etc. É
muito difícil atacar e provar a relação da base com a estrutura
terrorista.
A estrutura básica de uma organização em rede é a célula, que possui
um tamanho entre 3 a 10 pessoas, com limitados conhecimentos por
cada célula. Essa formação mínima dificulta a atividade de
inteligência, que busca ter uma noção global do funcionamento do
grupo, não acessando essa informação, bem como não inviabiliza a
organização pela perda ou descoberta e neutralização de alguma
célula. A base não funciona em células, mas de forma mais dispersa,
escondida no meio da população e muitas vezes contribuindo sem
conhecimento do destino final de suas doações ou valores pagos por
produtos.
Existem modelos em rede mais modernos que utilizam lobos
solitários, ou seja, vingadores, descontentes, pessoas que praticam
violência em nome de uma causa. Dá-se uma causa a esses solitários
que agem em nome próprio, mas de forma a colaborar com a
estratégia de uma organização terrorista. Nessa forma, que é uma
derivação da estrutura em rede, ainda mais descentralizada, a
dificuldade em se descobrir as ligações dentro da organização são
maiores, tendo em vista a utilização de células individuais (lobos
solitarios.
Um exemplo recente na utilização desses vingadores foi o caso de
Richard Reid, cidadão britânico convertido ao Islã que quase
conseguiu acionar um artefato explosivo em um vôo intercontinental,
em dezembro de 2001. Esse lobo solitário foi preso e as investigações
sobre o caso mostraram que ele foi treinado pela rede Al Qaeda.
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Apesar de mais ágil, como qualquer estrutura formulada pelo
homem também possui fraquezas, que são:
 Dificuldade de comunicação dentro de um sistema secreto
 Problemas de coordenação das atividades tendo em vista a
descentralização
 Garantia da disciplina interna
 Capacidade de evitar ideologias fragmentárias
 Logística
 Treinamento
 Financiamento
O exemplo clássico de organização terrorista que atua em rede é o
grupo Al Qaeda, que evoluiu de uma estrutura centralizada e
hierárquica no passado para uma forma ágil, descentralizada e em
rede na atualidade. Tal mutação decorreu da perseguição mundial
aos integrantes dessa organização, forçando a aquisição de um
modelo com menos vínculos entre seus componentes, menos visível,
com poucas comunicações tradicionais e mais secretas.
Grupos de terrorismo de tema único, como proteção de animais,
proteção da natureza, defesa da liberdade de acesso à internet, entre
outros, tendem a uma organização de atuação em rede também, com
comunicações e ações planejadas pela rede mundial de
computadores. Organizações de terrorismo religioso também estão
atuando mais em forma de rede, e possuem menos problemas de
respeito à hierarquia pelo fato de haver uma norma religiosa que dá
solidez e unidade à estratégia do grupo.
Apesar desse modelo descentralizado estar em moda entre as
organizações
terroristas,
já
mostramos
que
possuem
vulnerabilidades. E são por intermédio dessas fraquezas que os
organismos do Estado devem atuar para reprimir a ação desses
grupos terroristas.
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Portanto, essas são as formas básicas de estruturação de uma
organização terrorista. Possuem vantagens e desvantagens que
devem ser entendidas pelo Estado. Cada grupo adotará uma
estrutura ou outra, ou ainda alguma forma híbrida, para sua atuação,
consoante suas necessidades, capacidades e finalidades. Apesar do
modelo em rede ser o preferido atualmente, a forma hierárquica não
desapareceu, existindo ainda entre grupos paramilitares ou
insurgentes.
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CICLO DE ATAQUE TERRORISTA
O texto intitulado Detection Points in the Terrorist Attack Cycle, de
autoria de Scott Stewart trata de forma excelente o que chamamos de
Ciclo de um ataque terrorista. O terrorismo é hoje e continuará sendo
amanhã um problema de segurança nacional e mundial, uma tática à
disposição de grupos que desejam pressionar politicamente um ente
estatal ou a sociedade internacional.
Não importa se o grupo que pratica o terrorismo atua somente dentro
do território de determinado Estado (PCC, CV, ETA, FARC, IRA etc.)
ou se atua globalmente (Al Qaeda), suas ações possuem em comum
um determinado ciclo que aqui chamamos Ciclo de Ataque
Terrorista.
Primeiro, o grupo realiza a seleção de alvo (ou alvos). Normalmente
esses alvos possuem um caráter simbólico que possa afetar a
demanda política, como o Parlamento, parlamentares, juízes,
tribunais, delegacias, Ministério Público, empresas, laboratórios etc.
Os alvos, então, podem ser móveis (como autoridades) ou estáticos, e
sua seleção irá determinar o tipo de ataque (explosivos, armas,
sequestros etc.). É verdade que muitas organizações não possuem
capacidade tão grande, selecionando os seus alvos de acordo com os
meios que possuem.
A segunda fase do ciclo de um ataque terrorista é o planejamento da
ação. Como toda organização relativamente estruturada, deve haver
um planejamento com o intuito de minimizar erros. Vigilância sobre
o alvo, recrutamento, determinação de meios (armas, explosivos etc.),
determinação do agente perpetrador, orçamento, entre outros,
participam da fase de planejamento.
Por fim, a execução do atentado é a última fase do ciclo. É nesta fase
que o Estado encontra a maior dificuldade de combate, especialmente
se houve um bom planejamento por parte do grupo criminoso.
Portanto, essas são as fases ou o Ciclo de um Ataque Terrorista.
Percebe-se que o Estado deveria atuar de forma mais efetiva nas duas
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primeiras fases, com uso de agentes infiltrados, informantes,
inteligência etc. A última fase pode ter uma dificuldade maior de
atuação, tendo em vista que o ato encontra-se em execução e o risco
aumenta consideravelmente.
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AL QAEDA
Quando os EUA apoiaram o grupo insurgente Makhtab Al-Khidmat,
nos anos 1980, na luta de liberação do Afeganistão, não imaginava
que alguns radicais que constituíam esse grupo formariam uma
organização que modificaria a cara do terrorismo no mundo. Osama
Bin Laden, Abdallah Azzan, e outros, eram parceiros de luta contra
os soviéticos naquele momento, com uma ajuda importante do Tio
Sam. Azzan foi professor de direito islâmico de Bin Laden na
universidade King Abdul-Aziz (Arábia Saudita) e fundador do
Makhtab Al-Khidmat, influenciando muito as novas idéias de Osama
para a formação de um grupo de defesa do “Islã” no planeta.
Al Qaeda foi formado no pós URSS com características que a
diferenciariam de qualquer organização de terror existente no mundo
naquele momento:
- sem uma hierarquia vertical;
- com uma rede mundial de colaboradores;
- atuando em pequenas células;
- pregando de forma global uma guerra santa, contra os EUA e seus
aliados;
- sem um sistema de controle, sem limites, desejando inclusive
utilizar armas de destruição em massa de forma indiscriminada.
Entre seus objetivos, está o estabelecimento de um califato panislâmico que uniria todos os povos muçulmanos, bem como expulsar
os EUA e seus aliados do Oriente Médio, inclusive os governos
considerados pró-ocidente da região. A sua ideologia está baseada
em três fundamentos:
1. todos os infiéis (não muçulmanos e muçulmanos pró-ocidente) são
inimigos;
2. absolutismo, ou seja, sem espaço para democracia;
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3. máximo dano aos inimigos, assassinatos em massa e prejuízos
econômicos.
Al Qaeda conseguiu mudar a cara do terrorismo no mundo. O terror
deixou de ser local ou regional e passou a ser global. Não existem
mais zonas neutras, tendo em vista que o ocidente é considerado
pagão e inimigo por esse grupo. A coalizão ocidental formada contra
o Terror obteve algum sucesso em sua luta contra o grupo de Bin
Laden, como o incremento da cooperação internacional, a diminuição
de paraísos seguros para os terroristas, a morte do líder do Al Qaeda,
o bloqueio de fundos para suas ações e, para os EUA, a inexistência
de outro atentado nos últimos dez anos.
Entretanto, ainda há muito a fazer, especialmente em tentar diminuir
o al qaedismo, ou seja, a influência da ideologia pregada por Bin
Laden entre outros grupos e pessoas ao redor do mundo. As idéias
da Al Qaeda estão presentes em mais de 60 países e o mundo
necessita diminuir esse alcance global das idéias jihadistas desse
grupo.
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AS NAÇÕES ARIANAS
As Nações Arianas são um grupo formado em meados dos anos 1970
nos EUA com a doutrina de que os anglo-saxões, e não os judeus, são
o “povo escolhido por Deus”; e que os não-brancos são como
animais, bem como judeus são filhos de Satã. Esse grupo abertamente
apóia o anti-semitismo e o estabelecimento de um Estado Ariano nos
EUA. De acordo com a tipologia de grupos terroristas, As Nações
Arianas são classificadas como um grupo insurgente de extrema
direita e racista.
Este grupo paramilitar foi fundado pelo ex-veterano militar,
Reverendo Richard Girnt Butler (1918-2004), que abertamente
mostrava sua admiração a Adolf Hitler, sendo considerada essa
organização como nazista. Butler foi veterano da II Guerra Mundial e
foi apresentado após este conflito aos ensinamentos da identidade
Cristã de Wesley Swift, fundador da Liga de Defesa Cristã. Após a
morte de Swift, em 1971, Butler fundou a Igreja de Jesus Cristo
Cristão, proclamando sua igreja a sucessora do ministério de Swift,
objetivando formar um Estado Branco.
O escopo e objetivos de As Nações Arianas são conseguir o suporte
de todas as associações arianas para a formação de um Estado
nacional ariano, com a não participação de não-brancos e judeus.
Oposição ao governo e aos judeus são parte da ideologia desse grupo.
Em suas crenças, há o pensamento de que se deve proteger as
crianças brancas do governo, porque este ao proteger minorias com
políticas sociais e econômicas prejudica a vida dos brancos, afastando
estes de uma melhor existência. Consideram também os
homossexuais um alvo, como judeus e não-brancos.
Diversas organizações associadas às Nações Arianas, como A Orden
e KKK (Klu klux klan), atuaram com violência. Planejando destruir o
governo dos EUA e as pessoas não-brancas, cometeram crimes contra
pessoas e propriedades nos últimos anos, como assassinatos, roubos a
bancos, falsificações, uso de explosivos etc.
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As Nações Arianas tinham sua sede em Hayden Lake, Idoho, EUA,
até o ano de 2001. Após perderem um processo criminal contra uma
mulher, Victoria Keenan, e seu filho, pois os guardas dessa
organização feriram estes, tiveram que pagar uma indenização de U$
6,3 milhões de dólares, transferindo essa propriedade aos Keenan.
Propaganda para aumentar a arrecadação de fundos e recrutar
seguidores é um importante trabalho dentro de As Nações Arianas.
Em seu website pode-se ver a história do grupo, origens, objetivos,
ideologias, tudo com o intuito de captar a atenção de simpatizantes e
continuarem seu trabalho.
A liderança desse grupo não era questionada até 2001, quando Butler
escolheu Harold Ray Redfearin para seu o novo líder. Mas Redfearin
trouxe para dentro da organização um informante do FBI, a polícia
federal americana, chamado David Hall, o que prejudicou sua
credibilidade junto aos outros membros. O outro nome na sucessão
de Butler era August Kreis III, ministro da propaganda do grupo.
Entretanto, este formou outra facção e foi expulso da organização. O
Governo americano considera que o grupo está dividido em três
facções: o grupo de Kreis, na Pensilvânia; outra chamada de A
Ordem Sagrada de Phinehas Priesthood, em Nova York; e uma
última no Texas, denominada Renascimento das Nações Arianas,
chefiada por Jay Faber.
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BOKO HARAM (TEXTO DE MAURÍCIO VIEGAS)
De acordo com os números atuais, o atentado terrorista que ocorreu
na última sexta-feira, 26 de agosto, contra a sede das Nações Unidas
na cidade de Abuja, capital nigeriana, deixou um saldo de vinte e três
mortos e mais de oitenta feridos, além de uma lição que já deveria ter
sido aprendida: não se deve negociar com terroristas2.
A autoria do atentado foi assumida pela seita islâmica Boko Haram,
cujo nome, no idioma hauçá, significa literalmente “a educação
ocidental é pecaminosa”. O grupo surgiu em 2002, na Universidade
de Maiduguri, situada no estado de Borno, na Nigéria. Desde então
angariou milhares de novos adeptos, inclusive em alguns países
vizinhos, como o Níger.
A área de atuação da Boko Haram situa-se mais ao norte da Nigéria,
nitidamente na região onde há predominância da população
muçulmana, em contraposição ao sul do país, onde prevalece a
maioria cristã. Além do estado de Borno, onde se localiza a base da
Boko Haram, a seita também opera nos estados de Bauchi, Yobe,
Adamawa, Gombe e Taraba.
Atualmente, o perfil dos adeptos da Boko Haram não se limita
apenas a estudantes universitários, incluindo até mesmo analfabetos
entre os seus seguidores; em comum, todos defendem uma
interpretação mais rigorosa da lei islâmica, a Sharia.
Sendo também conhecida como o “Talibã Nigeriano”, a Boko Haram
foi fundada por Mohammed Yusuf. Com a morte de seu líder, que foi
executado por policiais nigerianos em 31 de julho de 2009, a seita
Boko Haram declarou abertamente guerra contra o governo da
Nigéria.3
Como se pode inferir do próprio nome da seita, a sua ideologia
remete ao salafismo, ou seja, trata-se de um grupo de natureza
religiosa e fundamentalista, na medida em que defende o regresso ao
Islã Puro como forma de se banir e evitar toda a pobreza moral e
espiritual do ocidente.
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Desde sua criação, a Boko Haram patrocinou diversos atentados na
Nigéria, inclusive na capital federal Abuja, onde a sede da polícia foi
explodida em 16 de julho deste ano. Diferentemente do que está
sendo divulgado pela mídia, este ato, que resultou em oito mortos e
dezenas de feridos, foi considerado o primeiro ataque suicida
realizado pelo grupo.
Uma mostra do terror infligido pela seita Boko Haram aos cidadãos
nigerianos é a declaração feita pelo comissário de polícia do estado de
Borno, Mohammed Abubakar Jinjiri, ao jornal Sunday Tribune, na
qual ele afirma que noventa por cento dos habitantes de Maiduguri
estariam hesitantes e temerosos em fornecer informações à polícia
sobre os esconderijos e as atividades dos membros da seita Boko
Haram.
De fato, os últimos ataques da seita apontavam para um
recrudescimento de suas ações, chegando inclusive a provocar o
fechamento de várias instituições públicas e a retirada de milhares de
habitantes para cidades mais ao sul, onde o grupo ainda não opera.
O governo da Nigéria, contudo, resolveu optar pela via do diálogo,
seguindo as determinações do seu presidente, Goodluck Jonathan, e
do ministro de assuntos policiais, Olubolade Caleb, os órgãos
governamentais foram orientados a tentar um acordo de paz com os
membros da seita.
O fato é que as autoridades nigerianas já deveriam ter aprendido que
não se negocia com grupos terroristas, principalmente na iminência
de que uma grande onda de ataques fosse deflagrada, já que em 31 de
julho completou-se o biênio da morte de seu fundador, Mohammed
Yusuf, ocorrida nesta mesma data, no ano de 2009.
A análise dos últimos atentados revela que a Boko Haram vinha, há
algum tempo, alvejando delegacias para a obtenção de armas, e que
explosivos estavam sendo empregados pelos membros do grupo em
seus ataques.
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Constata-se ainda, a partir da observação dos últimos atentados, que
embora igrejas e bares também tenham sido alvejados, os principais
objetivos da Boko Haram são efetivamente instituições e agentes
públicos, tanto policiais quanto militares. Os ataques ocorrem sempre
à luz do dia e são realizados geralmente com o emprego de
motocicletas.
O ataque à sede das Nações Unidas na capital da Nigéria não pode
ser avaliado de todo como uma surpresa, considerando-se que na
visão de diversos grupos fundamentalistas a ONU deixou de ser uma
organização neutra e imparcial, passando a atuar ativamente contra o
interesse de países muçulmanos.
Vale recordar que este não é o primeiro grande atentado que um
grupo fundamentalista islâmico comete contra a ONU nos últimos
anos. Em dezenove de agosto de 2003, a sede das Nações Unidas no
Iraque foi alvo de um ataque que matou vinte e duas pessoas, dentre
elas o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Melo.
Como nos últimos atentados cometidos pela Boko Haram, desta vez o
ataque também ocorreu durante o dia, às 11h00 da manhã. Contudo,
no lugar de motocicletas, os terroristas invadiram o pátio da ONU
com um carro-bomba, lançando-o contra o prédio.
O edifício de cinco andares, que fica na zona diplomática da capital
nigeriana, perto da embaixada dos Estados Unidos, ficou
parcialmente destruído. No momento do ataque, cerca de
quatrocentas pessoas trabalhavam na sede das Nações Unidas.
Em recente pronunciamento, a Secretária-Geral Adjunta da ONU,
Asha-Rose Migiro, classificou o ato como um ataque contra a paz
mundial e contra a humanidade, já que no local trabalhavam pessoas
procedentes de diversos países.
Espera-se, ao menos, que a partir de agora o governo nigeriano adote
uma postura mais enérgica em relação aos membros da seita Boko
Haram, de modo a evitar que ataques desta natureza voltem a se
repetir.
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Registre-se que uma ação realmente efetiva, que impeça novos
atentados por parte da Boko Haram, deve obrigatoriamente atingir às
fontes de financiamento da seita. Embora não haja evidências
concretas, há relatos de que o grupo seja patrocinado por pessoas
altamente colocadas na sociedade nigeriana e também por algumas
organizações que compartilham de sua ideologia.
Atualmente a Boko Haram não possui um líder óbvio, havendo
apenas um porta-voz que se manifesta em nome do grupo.
——————————————————————————————
1 O autor é Especialista em Inteligência Estratégica pela Universidade
Gama Filho e Mestrando em Direito Penal Internacional pela
Universidad de Granada – Espanha.
2 Link para o vídeo sobre o atentado contra a sede da ONU ocorrido
na cidade de Abuja exibido no Jornal Nacional, em 26/08/2011:
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/08/ataquepredio-da-onu-mata-ao-menos-18-pessoas-na-nigeria.html
3 Link para o vídeo que mostra o líder da seita Boko Haram sendo
entrevistado por policiais nigerianos antes de ser executado.
Acessado
em
28/08/2011:
http://www.youtube.com/watch?v=ePpUvfTXY7w
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HAMAS: ORIGEM, OBJETIVO E AÇÕES
Hamas foi fundado em dezembro de 1987 como o braço político da
Irmandade Muçulmana em Gaza, após os acontecimentos da
Primeira
Intifada.
Hamas,
ou Harakat
Al-Muqawama
AlIslamia (Movimento de Resistência Islâmica), foi formado pelo Sheik
Ahmed Yassen, que pregava e realizava importante atividade social
nos territórios ocupados por Israel (pós Guerra dos Seis Dias) na faixa
de Gaza e Cisjordânia.
Apesar da ligação a diversos ataques terroristas, Hamas não é uma
organização terrorista pura. Tem um papel social importante na
região, o que encobre suas ações de terror e facilita a arrecadação de
fundos.
Com uma mescla de nacionalismo palestino e fundamentalismo
islâmico, Hamas objetiva formar um Estado Islâmico Palestino em
Gaza e Cisjordânia, bem como banir Israel da região.
Hamas, desde 2006, governa a Autoridade Palestina, ganhando do Al
Fatah por causa de diversos fatores, especialmente pela característica
de honestidade e por diversos escândalos de corrupção entre líderes
do Al Fatah.
De Acordo com Robert Satloff[1], Hamas está estruturado em três
círculos de liderança. Uma local ou interna, formada pelo seu
fundador, Sheik Ahamed Yassin e Adbul Aziz Rantisi (ambos mortos
por Israel). Uma liderança política ou Bureau, que inclui figuras como
Khaled Mashal, que governa o Hamas, e Mousa Abu Marzouk. Por
fim, a liderança internacional, relacionada com a Irmandade
muçulmana e com figuras como Muhammad Akef (líder da
Irmandade no Egito) e Yusuf al-Qaradawi (Estudioso do Islã no
Qatar)
O Hamas já matou quase quinhentas pessoas desde que começou
com sua atividade terrorista, em 1993. Não utilizam somente homens
e mulheres-bomba como método de ataque, mas foguetes de curto
alcance, pequenas armas, assaltos etc. A radicalização desse grupo é o
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motivo para que Israel construa o muro que separa palestinos de
israelenses na região.
Esse grupo tem relações estreitas com Irã, Síria e com o partido
libanês Hezbollah. Irã é a principal fonte de financiamento desse
grupo, chegando a receber perto de 30 milhões de dólares por ano,
segundo pesquisadores do tema. O governo Sírio, além do apoio
financeiro, abriga os líderes do Hamas, que já não possuíam zona
segura na região palestina. Hezbollah compartilha experiências e
desenvolve atividades muito próximas com o Hamas pela
semelhança de objetivos.
Entre os ataques do Hamas, podemos destacar:
 Agosto , 2001: ataque suicida na pizzaria Sbarro, em Jerusalém;
 Março, 2003: ataque suicída que matou 17 pessoas em um
ônibus a caminho da Universidade de Haifa;
 Agosto, 2003: 23 mortas quando um homem-bomba explode
outro ônibus em Jerusalém;
 Agosto, 2004: 60 pessoas mortas em um ataque a diversos
ônibus em Beersheba.
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MADRID TRAIN BOMBIMG (MARCH, 11, 2004)
1. INTRODUCTION
On 11 March 2004 the city of Madrid (Spain) suffered the worst terror
attack in its history. Used to live with an historical terrorist threaten
because of ETA, the Basque terrorist group (Euskadi ta Askatasuna),
the severity and the violence in 2004 attacks were so terrific that
provoked fear and panic all over Spain society and in the world
community. It was an attack similar to what happened in New York
in 2001, with civilian massive killings (no discriminate targets) and
the use of suicide-bombers.
The blasts around Madrid train system killed 191 people (from 18
different countries) and wounded 1,841. Only the Lockerbie bombing
in 1988 killed more people in Europe than the terrorist attack in
Madrid. This attack was firstly imputed by Spain government to the
Basque terrorist group ETA, but two days after the event authorities
already begin to declare that the bombing was caused by an Islamic
terrorist group linked to Al Qaeda, part of the global jihad war.
2. EVENT MAP
Four trains had left the city of Alcala de Henares (one hour far away
from the Spain capital) in the direction to Madrid (morning of March
11). Three bombs were detonated inside train one at the Atocha
Station. There were 34 passengers killed at this moment. Another
four bombs blasted in a train two 800m closed to Atoch Station,
killing another 63 passengers. Both attacks in Atocha had happened
between 6 a.m. and 6:38 a.m. At 6:39 a.m., in Santa Eugenia Station,
one bomb exploded in a train killing another 14 people. At last, 6:39
a.m., two bombs exploded on carriages when a train was moving
close to El Pozo Station, with 65 people killed. There was three more
explosives, but fortunately they go off and were deactivated by police
experts.
3. THE INVESTIGATION
The Spain government at this time had blamed ETA, but two days
after the attacks they already knew that the global jihad was behind
the blasts. ETA had already denying involvement and the police force
22
had found a tape with a record of Koranic verses in a Van at Alcala
de Henares. The tactic of aiming no-discriminated targets and the use
of suicide-bombers were facts that begin to take law enforcement
attention to the possibility of an jihadist terrorist attack.
Besides, inside one bag that did not exploded, the police found a
mobile phone (which was to be used as a detonator receptor), that led
to the arrest of Jamal Zougan, who was a owner of a cell phone store
where the chip was bought. Zougan, despite his residence in Spain
since he had ten years old, was a Moroccan linked to the Moroccan
Islamic Combatant Group (GICM).
Another suspects, Mohammed Oulad Akcha and Rachid Oulad
Akcha, were killed in a suicide attack at Leganes, suburb of Madrid,
minutes before the police was prepared to arrest them. The special
forces of the Guardia Civil (the Spain national police) had
surrounded the building where these Moroccans where hiding, but
when they, the terrorists, saw the presence of government forces,
exploded themselves and the building.
In this event, others 5 members of the group were killed too, Sarhane
ben Abdelmajid Fakhet (“El Tunecino”), Jamal Ahmidan, Allekema
Lamari, Mohammed Oulad Akcha, Rachid Oulad Akcha and
Abdennabi Kounjaa. All of these people were connected to jihadists
movements, including Al Qaeda training programs after the
Afeganistan War. Two Spanish citizens were arrested for
transportation and providing explosives to this group, but not
involved to the global jihad movement.
All of these terrorists were involved with the GICM and Ayman AlZawahiri, at this time number 2 of Al Qaeda. He had helped this
group with political and military campaigns. GICM was not a
structured terrorist group, but tried in 2000 to get support with Al
Qaeda leaders, what had made Ayman Al-Zawahiri to agreed to
provide some support for this group operations. In 2002 the GICM
was listed by UN as a terrorist group linked to Al Qaeda (UN 1267
Committee).
23
4. THE PERPETRATORS
The Moroccan Islamic Combatant Group or Moroccan Islamic
Fighting Group (a sunni islamist terrorist organization), known by its
French initials GICM (Groupe Islamique Combattant Marocain)
emerged in the late 1990s, according to US Department of State,
founded by veterans (mujahedeen) of the Afeganistan-Soviet conflict
in the 1980s.
Radicalism in Morocco was first experienced in 1969, when a group
named Shabiba Islamiya started a war aiming the creation of an
Islamic State in Morocco. This group split into two factions, one of
them the GICM, in the 1990s, aiming to form an Islamic State in
Morocco and, lately, to support Al Qaeda and affiliates in its global
jihad war against the West.
The GICM was created in an environment of persecution by the
Morocco government, what leads this group to experience a
decentralized form of organization, spread around lots of countries,
including the European continent. That was the way the group
members found not be discovered and arrest by the Morocco agents.
The Moroccan Islamic Fighting Group seems not to have a structure
that can be seeing by the law enforcement people. They are split
around the world in cells that work independent and can act at any
time since they get capacity to them.
They are believed to operate in several countries in Europe, among
them UK, Belgium and Spain. In 2003 this group gained notoriety
because of the Casablanca bombing, where 45 people had been killed.
The group is almost completely extinguished, because of the arrests
in Morocco, after the Casablanca bombing, and in Spain. The leader,
named Mohamed Guerbouzi, is imprisoned in Morocco, extradited
from UK because the relation to Casablanca terrorist blast.
5. TARGETING/TACTICS RATIONALE
Why Madrid? Why civilians innocents? Why they choose this target?
Spain supported the War on Terror led by US in Iraq and Afganistan.
The Spain government sent to Iraq more than 1,000 soldiers and this
act was a declaration of war against the global jihad movement.
24
Al Qaeda promised revenge against Spain, and the link between
Moroccan Islamist Combatant Group and Al Qaeda is a clue that the
Madrid 2004 bombing was the materialization of this revenge.
Besides, the Madrid bombing was considered a mass killing, like
9/11, which is considered an objective of the global jihad movement.
The tactics is known and very used for terrorist organizations, with
the use of explosives. The cost and the potential to damage was
certainly a motive to use this form of attack. What differs from others
terrorist organizations, like ETA, was the application of these
explosives against indiscriminate civilians and the suicide-agents
present in this event. These were great motives to relate the Madrid
Train Bombing to the global jihad movement, in special with Al
Qaeda supporters.
6. IMPACT ASSESSMENT
As said, 191 people died in 2003 Madrid Train Bombing, and others
1,841 were injured. Four train composes were almost totally damaged
and the Spain society suffered months of fear and panic after the
attacks. The cost of terrorism can be evaluate directly in lives taken,
people injured, infrastructure damaged. But there is an indirect cost,
fear to work, to shop, to have fun, what damage a country economy
too.
Another impact of the Madrid Bombings was the total change of the
government electoral process. The blasts occurred three days before
the day to choose the party that would rule Spain. The Partido
Popular (PP) had the majority of the votes, accordingly to the pool at
that time. Right after the bombings, the Prime Minister Jose Maria
Aznar (the PP leader) declared that the attacks was caused by the
Basque Terrorist Group ETA, but the investigations in the following
days showed that it was false, linking the blasts with radical Islamic
movements.
The attitude of Aznar, who in the past has suffered an attempting
against his life by ETA, was seeing by public as a lie and an attempt
to gain votes in the electoral day. It changes completely the election.
The Span Citizens did not forget this attitude. The Partido Socialista
25
Obrero Espanol (Socialist Working Party – PSOE), and its leader, José
Luiz Zapatero, won the election and immediately the new
government left the coalition forces in Iraq. It shows what a terrorist
attack can provoke in a society, changing totally the political elections
in a country.
7. CONCLUSION
The event of a Madrid Bombing Attack focused civilians and
common people who were used to take the public transportation
system to go to work and to do daily activities. The GICM did not
targeted law enforcement agents, representatives of the Spain State
(judges, politicians, civil servants etc.) like ETA or any
separatist/nationalist group.
The objective was to cause mass killings and to shock the Spain and
the World, like passed with the WTC airplane attacks. Nodiscriminate attack and the suggestion that the perpetrators were
acting in name of the God is a characteristic of the global jihad
against the West and the religion terrorism.
Al Qaeda is behind the Madrid Bombings, supporting GICM. Lots of
wahhabist groups have the inspiration in Al Qaeda and its tactics,
what is known as al qaedism. This global jihad legitimates actions
that go ahead to what a society considers usual or can comprehend.
They go further the psicological acceptance in a western society. They
violate all the rules in a combat that we are used to.
Global jihad was declared against US and its allies. It was a reaction
to the War on Terror, which was understood by some Islamic terror
organizations as a War against Islam. Spain was a strong US partner
until 2004, supporting all Bush’s international measures taken after
the NY 9/11 attacks. Because of it, Spain was considered a target by
global jihad movements around the World.
This attack goes to the same way to the Osama Bin Laden’s fatwa
(1998) that is a duty of all good muslin to kill Americans and its allies
around the world. The global jihad movement is a reality to lots of
wahhabists organizations since 9/11 and since Iraq and Afeganistan
26
campaign. Mass killings, maximum economic damage, suicide
attacks, decentralized organization and religious rule are
characteristics of the GICM and others that operated and will operate
around the world in the future.
GICM was not formally accused to be behind the attacks. The same
happened to Al Qaeda. Some defend that GICM was not interested in
Spain, because the real objective of this group is to bring Morocco to
an Islamic State. But, GICM has changed a lot and the proximity to Al
Qaeda and its global jihad war could be used to explain the
involvement of this group in the Madrid Bombing.
Reference
1. BBC. Madrid Train Attacks.
http://news.bbc.co.uk/2/hi/in_depth/europe/2004/madri
d_train_attacks/
2. Global Security.
http://www.globalsecurity.org/security/ops/madrid.htm
3. Center for Defense Information. In the Spotlight. Moroccan
Combatant Group (GICM). At
http://www.cdi.org/program/document.cfm?DocumentID
=2227
4. United States Department of State. Patterns of global
terrorism 2003 Report
5. The Economist. Fighting back. The hunt for terrorists in
Spain and France. April 7, 2004
27
O TERRORISMO SUICIDA
O que parece um ato de loucura é na verdade uma ação planejada
por organizações terroristas. Não são atos religiosos, apesar dessas
organizações apelarem para motivos religiosos a fim de convencerem
seus homens e mulheres bomba a se imolarem. São atos políticos,
com fim de pressionar determinado ente político a fazer ou deixar de
fazer algo. Segundo Robert Pape (The strategic logic of suicide
terrorism), entre 1980 e 2003 foram 315 ataques suicidas em nosso
planeta, quase todos relacionados a alguma campanha de
determinada organização terrorista, sendo que do total somente 14
foram atos isolados de indivíduos. Ou seja, o (a) terrorista suicida faz
parte de uma estratégia, são táticas relacionadas a um plano maior de
uma entidade terrorista. Do Marrocos ao Golfo, Russia, EUA, Sri
Lanka, India e Turquia, todos já sofreram com esses atos,
normalmente relacionados a um grupo político-religioso que
desejavam impor algo a um governo. Esta forma de terror é eficiente.
Para que se tenha uma idéia, os atos suicidas entre 1980 e 2003
somente representaram 3% dos atentados desse período, mas
impuseram 48% das mortes de todos os atentados. São vinte vezes
mais eficazes que outras formas de terror. São formas eficientes para
matar e assim já foram percebidas por diversas organizações
terroristas. O combate ao terror deve buscar meios de reduzir o
número de pessoas dispostas a se suicidarem em nome de uma causa,
por devoção ou adoração. O terrorismo busca aniquilar o inimigo,
mas também busca ganhar apoio de pessoas que podem se tornar
instrumentos de aniquilação. Por isso, é uma boa tática reduzir a
disponibilidade de pessoas dispostas a tudo por uma causa. Como?
1. tornando essa causa uma causa fraca;
2. retirando o altruísmo dos suicidas;
3. reduzindo o suporte das massas para essas ações;
4. interferindo na estrutura dessas organizações que utilizam o
terrorismo suicida;
28
5. possibilitando alternativas às pessoas recrutadas para essas ações;
6. fortalecendo lideranças religiosas e ideológicas que não apóiam
essa forma de combate;
7. ajudando a reduzir as desigualdades sociais nesses locais de
recrutamento;
8. investindo em tecnologias de antiterrorismo.
29
A TERCEIRIZAÇÃO DO TERROR
A sociedade internacional, apesar de não haver nenhum tratado no
momento definindo e tipificando o crime de terrorismo, já possui
diversos instrumentos para tentar conter essa forma criminosa. São
acordos garantindo a inviolabilidade de aeronaves, embarcações,
autoridades, bem como o controle de material nuclear e químico,
passando também pelo monitoramento financeiro de divisas que
podem estar patrocinando organizações que praticam o terror. A
fiscalização de portos, estradas e aeroportos aumentou muito nas
últimas décadas. O terrorismo já não é mais novidade entre os
treinamentos policiais e militares pelo mundo (hum, exceto Brasil e
outros países que se julgam abençoados por Deus). Organizações que
praticam e praticaram o terror estão sendo estudadas por governos
do ocidente, assim como a atividade de inteligência já se especializou
sobre o tema. Padrões de comportamentos, físicos e psicológicos já
estão catalogados e inseridos em bancos de dados governamentais,
possibilitando a identificação de terroristas. Portanto, está cada vez
mais difícil cometer um ato terrorista pela forma tradicional, pela
forma conhecida, nos grandes centros mundiais.
Outro movimento interessante está acontecendo pelo mundo: a
disponibilidade cada vez maior de mão de obra qualificada nos
campos policial e militar, ex-forças especiais (FEs) que foram
dispensados e entram no mercado privado da segurança (e porque
não do crime?). Governos têm absorvido essa mão de obra de forma
intensa, contratando firmas em segurança nas diversas partes do
mundo, como os Blackwaters no Iraque e Afeganistão, ex-FEs
colombianos em diversas empresas de segurança privada naquele
país etc. Entrentanto, essa força de trabalho parece ser maior do que
se pensava e, certamente, seus membros não ficarão sem emprego,
ainda que migrem para o campo ilegal, como já aconteceu no Brasil,
em que ex-militares se associaram a bandas criminosas no Rio; na
Colômbia, com ex-policiais e militares formando grupos criminosos.
Esses ex-combatentes possuem treinamento policial e militar de
qualidade, sabendo lidar com explosivos, armamentos, técnicas de
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operação, noções de inteligência, conhecimento dos equipamentos
usados por governos etc. E cada vez mais grupos terroristas têm
dificuldades em cometerem atentados por serem seus “soldados”
tradicionais loucos fanáticos e inexperientes. Assim, por que não
contratar mão de obra de primeira qualidade para cometerem
atentados? Por que não aproveitar essa força de trabalho
especializada e treinada para serem utilizadas em suas ações?
Creio que o futuro será dos mercenários, tanto do lado dos mocinhos,
como do lado dos bandidos, existindo uma necessidade atual em se
monitorar tais pessoas e organizações com o intuito de se evitar tal
prática, assim como se controla hoje material nuclear, explosivo etc.
Pode ser que no futuro existam atentados espetaculares graças ao
conhecimento e eficiência desses ex-forças especiais, que buscam não
mais servir à sociedade, mas a si mesmos.
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