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CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL
NÉLLI MATTOS AZEVEDO
RENATA DE OLIVEIRA ROCHA
VALERIA DE SOUZA HERSZKOWICZ
Estudo sobre a utilização da acupuntura no alívio dos
sintomas da menopausa: uma revisão bibliográfica.
.
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP
2010
CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL
NÉLLI MATTOS AZEVEDO
RENATA DE OLIVEIRA ROCHA
VALERIA DE SOUZA HERSZKOWICZ
Estudo sobre a utilização da acupuntura no alívio dos
sintomas da menopausa: uma revisão bibliográfica.
Monografia
apresentada
à
Faculdade
de
Educação,
Ciência
e
Tecnologia
–
UNISAUDE e ao CENTRO DE
ESTUDOS
FIRVAL,
como
requisito à conclusão do Curso
de Formação de Especialista
em Acupuntura.
Orientada pela Profª: Miriam de
Fátima Leite Kajiya.
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP
2010
AZEVEDO, Nélli de Mattos. ROCHA, Renata de Oliveira. HERSZKOWICZ, Valéria de
Souza.
Estudo sobre a utilização da acupuntura no alívio dos sintomas da menopausa.
São José dos Campos - 2010.
77p.
Registro nº ..............
Orientador (a): Profª: Miriam de Fátima Leite Kajiya.
de Educação, Ciência e Tecnologia
Monografia (Graduação). Faculdade
UNISAUDE/CENTRO DE ESTUDOS FIRVAL. São José dos Campos – SP.
Curso de Formação de Especialista em Acupuntura.
2 – Climatério
3 - Acupuntura
1 – Menopausa
–
FOLHA DE APROVAÇÃO
A monografia
Estudo sobre a utilização da acupuntura no alívio dos sintomas da menopausa:
uma revisão bibliográfica.
Elaborada por
Renata de Oliveira Rocha, Valéria de Souza Herszkowicz, Nélli Mattos de Azevedo.
Orientada por
Profª: Miriam de Fátima Leite Kajiya.
( ) aprovada
( ) reprovada
pelos membros da Banca Examinadora da Faculdade de Educação, Ciência e
Tecnologia – UNISAUDE/CEFIRVAL, com conceito.......................
São José dos Campos, 30 de Novembro de 2010.
Nome:...........................................................................................
Titulação:......................................................................................
Assinatura....................................................................................
Nome:...........................................................................................
Titulação:......................................................................................
Assinatura....................................................................................
Agradecemos a Deus pela oportunidade de adquirirmos novos
conhecimentos e novos amigos, ao corpo docente e funcionários do Centro de
Estudos Firval que carinhosamente nos atenderam durante este tempo de
aprendizado, à todos que contribuíram para a conclusão deste trabalho, e
especialmente à Professora Miriam, nossa orientadora. EPÍGRAFE
“E nunca considere seu estudo como uma obrigação, mas sim
como uma oportunidade invejável de aprender, sob a influência
libertadora da beleza no domínio do espírito, para seu prazer
pessoal e para o proveito da comunidade à qual pertencerá seu
trabalho futuro.”
Albert Einstein
RESUMO
Os incômodos advindos da menopausa interferem na qualidade de vida da
mulher. A acupuntura é uma das técnicas que visa à terapia e à cura de doenças
através da aplicação de agulhas e moxas estimulando os “pontos de acupuntura”. Este
trabalho realizou uma revisão de literatura sobre o tratamento da sintomatologia da
menopausa com acupuntura, como um tratamento alternativo aos recomendados pela
Medicina Ocidental, entre eles, a terapia de reposição hormonal (TRH), que possuem
contra-indicações e efeitos adversos indesejados, tais como a potencialização do
surgimento de cânceres. Os resultados dos experimentos conduzidos apontam a
acupuntura como uma proposta de tratamento eficiente, que pode ser usada de forma
isolada ou como coadjuvante ao tratamento convencional. Assim, a acupuntura
caracteriza-se como uma alternativa para o tratamento dos sintomas apresentados
pelas mulheres na menopausa, tendo em vista a comprovação de sua ação benéfica no
restabelecimento da “harmonia” perdida (SILVA, 2007), com a liberação de
neurotransmissores e hormônios responsáveis pelo controle das diversas funções
físicas e emocionais (VECTORE, 2005) e, por ser holística, permitir aos pacientes
entender seus processos de doenças e participar nos seus processos de cura
(MACIOCIA, 2000). Portanto, o resultado das investigações mostra os benefícios da
acupuntura no tratamento dos sintomas da menopausa.
Palavras chave: Menopausa, Climatério e Acupuntura.
ABSTRACT
The menopause period brings severe transforms to women life quality. The
chinese acupuncture is a technique that has the therapy and cure objectives through the
use of needles and moxibustion to estimulate the "acupuncture points". This work
presents a brief literature review on the treatment of menopause symptoms using
acupuncture as an alternative to western medicine recommended treatments, as the
hormone reposition therapy - HRT, which may present counterindication and undesired
adverse effects, such as cancer. Conducted experimental results show the efficiency of
the acupuncture therapy that may be individually applied or combined with traditional
treatment, thus characterizing it as an alternative for menopause symptoms treatment of
the reestablishment of “lost harmony” (SILVA, 2007), with the liberation of
neurotransmitters and hormones that control several emotional and physical functions
(VECTORE, 2005) and, because of its holistc nature, leading the patient to have a better
understanding of their diseases and cure processes (MACIOCIA, 2000). Therefore, the
result of investigations shows the benefits of acupuncture in the treatment of
menopause symptoms.
Key-words: Menopause. Climaterium. Acupuncture.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E FIGURAS
Figura 1 – Acuponto Vesícula Biliar (VB41)...............................................55
Figura 2 – Acuponto Intestino Grosso (IG4)...............................................55
Figura 3 – Acuponto Baço-Pancreas (BP4,6,7,8,9,10)..............................56
Figura 4 – Acuponto Rim (R23,24,25)........................................................56
Figura 5 – Acuponto Bexiga (B62).............................................................57
Figura 6 – Acuponto Du (Du4)...................................................................57
Figura 7 – Acuponto Fígado (F13,14)........................................................58
Figura 8 – Acuponto Bexiga (B14,15,17,18)..............................................58
Figura 9 – Acuponto Bexiga (B20,23,24,52)..............................................59
Figura 10 – Acuponto Coração (C5,6,7)....................................................59
Figura 11 – Acuponto Du (Du 20,23,24)....................................................60
Figura 12 – Acuponto Estômago (E28)......................................................60
Figura 13 – Acuponto Estômago (E36,37,38,39,40)..................................61
Figura 14 – Acuponto Fígado (F2,3)..........................................................61
Figura 15 – Acuponto Fígado (F8).............................................................62
Figura 16 – Acuponto Pulmão (P7)............................................................62
Figura 17 – Acuponto Rim (R10)................................................................63
Figura 18 – Acuponto Rim (R13,14)...........................................................63
Figura 19 – Acuponto Rim (R3,4,6,7,9)......................................................64
Figura 20 – Acuponto Ren (15,17).............................................................64
Figura 21 – Acuponto Ren (3,4,5,6,7,10)...................................................65
Figura 22 – Acuponto SanJiao (SJ6)..........................................................65
Figura 23 – Acuponto Vesícula Biliar (VB13,14)........................................66
Figura 24 – Acuponto Yintang....................................................................66
Figura 25 – Acuponto Pe (Pe6)..................................................................67
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................1
2 REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................................7
2.1 MENOPAUSA.........................................................................................................7
2.1.1 Etiologia da menopausa segundo a Medicina Ocidental................................8
2.1.2 Manifestações Clínicas na Menopausa........................................................10
2.2 TRATAMENTO DA MENOPAUSA NA MEDICINA OCIDENTAL........................11
2.3 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA E ACUPUNTURA....................................14
2.3.1 Breve histórico da Medicina Tradicional Chinesa.........................................15
2.4 MENOPAUSA E MEDICINA TRADICIONAL CHINESA..................................... 17
2.4.1 Rim (Shen)...................................................................................................24
2.4.2 Fígado (Gan)................................................................................................25
2.4.3 Baço (Pi).......................................................................................................26
2.4.4 Coração (Xin)...............................................................................................26
2.4.5 Canais extraordinários..................................................................................27
2.5 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO COM ACUPUNTURA BASEADOS NA MEDICINA
TRADICIONAL CHINESA............................................................................................... 29
2.5.1 Deficiência de Yin do Shen (Rim)............................................................... 30
2.5.2 Deficiência de Yang do Shen (Rim)........................................................... 31
2.5.3 Deficiência de Yin e do Yang do Shen (Rim)...............................................32
2.5.4 Deficiência do Yin do Shen (Rim) e Gan (Fígado) com Ascensão do Yang
do Gan ( Fígado).........................................................................................34
2.5.5 Shen (Rim) e Xin (Coração) não harmonizados..........................................35
2.5.6 Acúmulo de Fleuma (Mucosidade) e Estagnação do Qi.............................36
2.5.7 Estase do Sangue.......................................................................................38
2.5.8 Deficiência de Sangue do Xin (Coração) e de Qi do Pi (Baço)...................39
2.5.9 Deficiência de Yin do Xin (Coração)...........................................................39
3 OBJETIVO...................................................................................................................43
4 DISCUSSÃO................................................................................................................44
5 CONCLUSÃO..............................................................................................................47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................48
ANEXOS.........................................................................................................................55
1 1 INTRODUÇÃO
Em virtude dos progressivos avanços científicos e tecnológicos do
século XX, destacadamente no campo das ciências na área de saúde, houve
também o aumento da longevidade feminina, que até então não tinha expectativas
de ultrapassar os cinqüenta anos (HARDY; ALVES; OSIS, 1992). Atualmente a
expectativa média de vida da mulher é de 77 anos (IBGE, 2010).
Menopausa é o fenômeno fisiológico decorrente do esgotamento dos
folículos ovarianos e interrupção definitiva dos ciclos menstruais. A menopausa
ocorre em média aos 51,2 anos. Assim, grande percentual das mulheres passa
parte de suas vidas apresentando a incômoda sintomatologia climatérica, devido
às alterações hormonais da meia idade. Resta às mulheres muitos anos de vida
após a menopausa, vivenciados em um mundo moderno, que exige higidez física
e emocional para que elas possam acompanhar e atender às suas múltiplas e
variadas tarefas, dentro do ritmo imposto a esta geração (Zahar et al., 2005).
A menopausa é antecedida por um período denominado climatério,
onde gradualmente a mulher passa por mudanças hormonais com diminuição dos
hormônios estrogênio e progesterona. Para Lorenzi et al. (2005) “o climatério
representa a transição entre a fase reprodutiva e a não reprodutiva, ou seja, da
menacne para a senilidade, com consequências sistêmicas e potencialmente
patológicas”. Brunner e Suddarth (2006), relatam que a menopausa começa
2 gradualmente e, em geral, é assinalada por alterações na menstruação. O fluxo
mensal pode aumentar, diminuir, ficar irregular e, por fim, cessar.
O esgotamento dos folículos ovarianos é seguido da queda progressiva
da secreção de estradiol, culminando com a interrupção definitiva dos ciclos
menstruais e o surgimento de sintomas característicos. Veras et al., (2006),
esclarecem que a menopausa é dividida em duas etapas principais: a perimenopausa que se caracteriza por ciclos irregulares ou com características
diferentes das anteriores e a pós-menopausa, pela ausência da menstruação por
mais de 12 meses.
A ausência da produção do estrogênio pode causar vários problemas
para as mulheres como: mudança no brilho e textura da pele, aumento da
incidência de problemas cardíacos, má distribuição de gordura na região da
barriga, ansiedade, depressão, alteração de humor, falta de interesse sexual,
secura vaginal, secura nos olhos e até Mal de Alzheimer (ZAHAR et al., 2005).
A menopausa ocorre quando os ovários cessam a produção de
estrogênio, e pode começar em períodos de idade variável. É considerada natural
ou fisiológica, quando ocorre espontaneamente a partir dos 50 anos de idade,
como parte do processo natural de envelhecimento da mulher. Pode também
surgir de forma prematura, antes dos 40 anos de idade, quando a mulher sofre
falência ovariana pelo aparecimento de disfunções orgânicas, tais como, doenças
que afetam a imunidade, disfunção da glândula tireóide, diabetes, câncer,
tratamentos utilizando quimioterápicos e também pela remoção cirúrgica dos
ovários (TORGESON et al., 1994).
3 De acordo com Montgomery (1991), neste período, no qual o organismo
começa a se adaptar a níveis variáveis de hormônios, aparecem sintomas
desagradáveis,
ondas
de
suor
e
calor
conhecidos
como
“fogachos”,
acompanhados de variações de humor, quadros depressivos, insônia, ansiedade,
nervosismo, irritabilidade, perda da libido, diminuição da atenção e da memória,
cefaléias, zumbidos e outros. Os incômodos físicos e emocionais gerados por esta
gama de sintomas interferem de forma acentuada nos variados aspectos de interrelacionamento da mulher, começando consigo mesma, com familiares, amigos,
trabalho, estudos e até mesmo no lazer (ALDRIGHI et al., 2000).
Existem várias recomendações que podem ser seguidas para minimizar
esses sinais e sintomas podendo ainda melhorar a qualidade de vida da mulher,
por meio de simples atitudes como: parar de fumar; realizar uma dieta rica em
soja, frutas e verduras, consumo de alimentos ricos em cálcio para prevenção da
osteoporose, atentar para os sinais de depressão, limitar o consumo de álcool e
controlar a glicemia e a pressão arterial (FERNANDES et al., 2008).
Para alívio dos sintomas pode ser instituído tratamento medicamentoso
(antidepressivos, medicamentos para redução da perda de massa óssea, redução
das tonturas e ondas de calor e estrogênio vaginal para diminuir o ressecamento
dessa região) alem da terapia de reposição hormonal (TRH), onde o estrogênio,
em determinadas combinações com progesterona e algumas vezes com
testosterona, é utilizado para compensar e/ou manter os níveis deste hormônio no
organismo (PALÁCIOS et al., 2002). Mesmo assim, a terapia por reposição
hormonal tem sido rejeitada pelo alto índice de dúvidas em sua utilização e
4 também por ser contra indicado para fumantes, mulheres com risco de câncer de
mama, depressão, enxaquecas, doença da vesícula biliar, ou que estejam acima
do peso, doença tromboembólica aguda e recorrente, doença hepática grave,
câncer de endométrio recente, câncer de mama, sangramento vaginal não
diagnosticado e porfiria (SOBRAC, 2004; SPRITZER, 2007).
Estudos realizados nos Estados Unidos investigaram os efeitos
deletérios da terapia de reposição hormonal (TRH), dentre eles câncer de mama.
Algumas sociedades médicas internacionais emitiram opinião no sentido de a TRH
ser administrada em doses menores, pelo tempo mínimo necessário para a
obtenção do efeito desejado, com objetivos determinados (SOBRAC, 2004).
A
mulher
moderna
busca
soluções
e
alternativas
para
que
desequilíbrios orgânicos não interfiram em suas atividades físicas e mentais. Estas
mulheres, a par das inúmeras dúvidas sobre a eficácia dos tratamentos alopáticos
e seus fatores de risco, têm procurado outros recursos terapêuticos, entre eles, a
acupuntura, para o tratamento e alívio dos incômodos sintomas que comprometem
a sua qualidade de vida, a partir do período em que se inicia a menopausa.
A acupuntura, uma das técnicas da milenar Medicina Tradicional
Chinesa (MTC), visa à terapia e à cura de doenças através da aplicação de
agulhas e moxas, em certas regiões do corpo, denominados “pontos de
acupuntura”, que agem promovendo o tratamento e o alívio de diversas afecções
que acometem o organismo (GOMES, 1996).
Estudos realizados na Escola de Medicina da Universidade de Stanford
(SUSSMAN, 1973), mostraram que o tratamento através da acupuntura, obteve
5 bons resultados no alívio dos sintomas mais comuns, como os flashes de calor
(fogachos), ansiedade, insônia e instabilidade emocional, colaborando para uma
melhor condição de vida da mulher atual.
Assim, a acupuntura seria uma opção para o tratamento da menopausa
auxiliando no controle dos sinais e sintomas que incomodam as mulheres, visto
possuir eficácia comprovada cientificamente e ser utilizada há anos pela Medicina
Tradicional Chinesa (SILVA, 2007).
Segundo a MTC as desarmonias ou desequilíbrios podem ser
verificados através de sinais físicos ou psíquicos, já que ambos os aspectos
pertencem à mesma unidade. Esses sinais servem de base diagnóstica para se
conhecer a causa inicial dos desequilíbrios. Os sinais e sintomas são
classificados, agrupados e direcionam a hipótese diagnóstica para conclusões a
respeito do que, na MTC, é denominado causas externas/internas ou nem internas
nem externas. Poder-se-ia dizer, ainda, que o desequilíbrio entre Homem-Cosmos
poderia levar a um desequilíbrio físico-psíquico, em que um influencia o outro,
causando sofrimento. A acupuntura visa, então, restaurar e devolver o equilíbrio
energético através de intervenções nesse corpo físico, nessa unidade psíquicoenergético sócio-ambiental, através de estímulos em pontos de acupuntura, para
ajudar o restabelecimento da “harmonia” perdida, que é, segundo a MTC, a causa
dos sofrimentos, seja de natureza física ou psíquica (SILVA, 2007).
Assim, a comprovada atuação da acupuntura sobre as funções
neuroendócrinas,
com
a
liberação
de
neurotransmissores
e
hormônios
responsáveis pelo controle das diversas funções físicas e emocionais do ser
6 humano, abre um leque maior de possibilidades de sucesso e segurança para a
paciente no tratamento (VECTORE, 2005).
Algumas das razões que fazem com que a MTC seja uma boa
escolha para as mulheres com problemas ginecológicos, inclusive a síndrome
climatérica, é que não oferece perigo inerente ou efeitos colaterais incômodos. É
holística, não separa a pessoa em fragmentos tratando um sintoma ou parte dele,
trata o indivíduo como um todo. É uma medicina que é mais eficaz ao manipular
energia em vez de matéria, e considera a mudança energética no corpo como
sendo a forma de promover a cura. A MTC é um sistema preventivo de medicina,
pois permite aos pacientes uma chance para entender seus processos de
doenças, e, portanto, a chance de participar nos processos de cura (MACIOCIA,
2000).
7 2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Menopausa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) 1981, define a menopausa
como a parada permanente da menstruação em conseqüência da perda definitiva
da atividade folicular ovariana, ocorrendo, na maioria dos países industrializados,
em torno dos 50 anos de idade (48 - 52 anos). Admite-se que já deva ter ocorrido
um período de pelo menos 12 meses de ausência do fluxo, para que seja
considerada como a última menstruação (LIBERALI; VIEIRA; GOULART, 2004).
A menopausa é definida na literatura médica como a cessação dos
ciclos menstruais, e que ocorre dentro do período denominado climatério, onde
gradualmente, a mulher passa por mudanças hormonais com diminuição do
estrogênio e progesterona, e da fase reprodutiva para a não reprodutiva.
A
expressão síndrome do climatério é aplicada ao conjunto de sinais e sintomas que
provocam mal estar físico e emocional, resultantes da insuficiência estrogênica
(LUCA,1994).
Na origem do termo, do grego Klimáter, com o significado de "período
crítico da vida", temos que os sinais da menopausa (do grego mens = mês: pausis
= pausa) são visíveis e, como tais, marcam um dos significados da menopausa, o
8 início do envelhecimento da mulher com suas alterações físicas biológicas e
psíquicas (BRONSTEIN, 1994).
2.1.1 Etiologia da menopausa segundo a Medicina Ocidental
O estrogênio é o principal hormônio feminino, sua produção é feita
nos ovários e inicia-se na adolescência, levando ao desenvolvimento das
características da mulher adulta, seios, curvas, pelos. A causa da menopausa é
justamente a interrupção da produção do estrogênio. Os sinais, sintomas e efeitos
físicos da menopausa são devidos, segundo vários autores, à falta de estrogênio.
Este, quando em falta interfere significativamente no organismo, o que pode ser
observado através da mudança da textura e do brilho da pele feminina, na má
distribuição de gordura corporal, secura vaginal levando à redução do desejo
sexual, entre outros (BRADSHAW, 2008).
O estrogênio é relacionado ao metabolismo e equilíbrio entre as
gorduras no sangue, colesterol e HDL - colesterol. Estudos mostram que as
mulheres na menopausa têm uma chance muito maior de sofrerem ataques
cardíacos ou doenças cardiovasculares. Este hormônio está associado a
importantes funções psíquicas, incluindo o humor e o desejo sexual. Sua falta
pode levar a sentimentos de baixa auto-estima, oscilações de humor e até mesmo
favorecer o surgimento de quadros depressivos. O estrogênio influência também a
fixação de cálcio nos ossos, assim, após a menopausa, grande parte das
mulheres passará a perder o cálcio dos ossos em maior velocidade. O grau
9 elevado de perda de massa óssea é chamado de osteoporose, responsável por
fraturas mais frequentes (BRADSHAW, 2008).
Freitas et al. (2006) relatam que a ausência do estrogênio pode levar a
atrofia do epitélio urogenital e trazer uma série de sintomas como ressecamento
da lubrificação vaginal, dispareunia (desconforto durante a relação sexual),
vaginites, urgência urinária, uretrites atróficas e agravamento de incontinência
urinária. Isso se deve ao fato de que após a menopausa as estruturas vulvares
entram em atrofia gradual. Há perda progressiva dos pelos pubianos e a pele se
torna mais fina; desaparece o tecido subcutâneo, diminuindo os grandes lábios e
os pequenos lábios praticamente desaparecem. A ausência do estrogênio, que
estimulava a maturação do epitélio vaginal desde as camadas basais até a
superfície, impede essa diferenciação.
A redução do estrogênio propicia a instalação de doenças que irão se
tornar crônicas e/ou degenerativas, sejam elas vasomotoras, psíquicas ou
somáticas, entre elas a osteoporose, doenças cardiovasculares, demências,
secura nos olhos, e atrofias do tecido genital resultando em vaginite e dor durante
a relação sexual (MONTGOMMERY, 1991).
Os sintomas de alterações de humor na mulher climatérica são
freqüentes, assim como ansiedade, depressão e irritabilidade, causadas pelas
mudanças hormonais do período, uma vez que estudos recentes sugerem o
envolvimento de substâncias como adrenalina, noradrenalina, serotonina, opióides
e GABA (Ácido Gama-Amino-Butirico) sobre a secreção dos hormônios
hipófisários, e alterações de seus níveis em função da deficiência estrogênica.
10 Estudos recentes têm associado à falta de estrogênio ao Mal de Alzheimer e
perda total da memória (MONTGOMMERY, 1991).
2.1.2 Manifestações clínicas na menopausa
Segundo Zahar et al. (2005), “as modificações, caracterizadas pela
deficiência
hormonal
são
acompanhadas
de
alterações
fisiológicas
e
comportamentais”, e entre as queixas mais relatadas estão as sensações físicas
denominadas “fogachos”, sudorese e suores noturnos, diminuição da libido, dor
lombar, edemas, afinamento e queda de cabelos, ressecamento da pele, dor
durante a relação sexual, insônia, fadiga, palpitações e alterações emocionais
como: depressão, tristeza, ansiedade e nervosismo. De acordo com Freitas et al.
(2006) o sintoma mais frequente entre as mulheres na menopausa é o fogacho
(sintoma de alteração vasomotor), referido como uma crise intensa e rápida de
sensação de calor interno, calor intenso na face, parte superior do tronco e nos
braços, seguido por enrubescimento da pele e depois sudorese profusa
(instabilidade do centro termorregulador hipotalâmico), com duração de um a cinco
minutos que se repetem diversas vezes ao longo do dia e da noite. Em algumas
mulheres, acompanham palpitações, vertigens, fraqueza e ansiedade, e é mais
comum à noite. Estes podem ter início ainda na pré-menopausa, persistindo por
mais de cinco a quinze anos após a menopausa.
11 2.2 Tratamento da menopausa na Medicina Ocidental
A Terapia de Reposição Hormonal (TRH) ainda é uma opção de
tratamento na menopausa, quando criteriosamente prescrita, mas também é
bastante recusada por apresentar alto índice de dúvidas quanto aos riscos e
benefícios advindos de sua utilização. A TRH, recomendada para o alívio dos
sintomas vasomotores, tratamento de atrofia vaginal e prevenção de osteoporose,
pode, causar sangramento irregular, mastalgia, náuseas, cefaléia, ganho de peso
e retenção hídrica, além do medo da paciente em desenvolver câncer de mama
(SPRITZER, 2007).
A TRH não é indicada para mulheres que fumam, devido ao risco de
aumento de coágulos sanguíneos e hemorragia cerebral, para as que tenham alto
risco de câncer de mama, mulheres com depressão clínica, fibromas uterinos,
diabete, sérias enxaquecas, doença da vesícula biliar, ou para as que estejam
acima do peso (ZAHAR, et al., 2005). Além disso, muitas mulheres nesta fase
apresentam fatores de risco como diagnóstico de câncer de mama, carcinoma de
endométrio, sangramento vaginal não diagnosticado, doença hepatobiliar, lúpus
eritematoso sistêmico, doença tromboembólica e cardiovascular (SPRITZER,
2007). Segundo Zahar et al. (2005), um estudo comparativo da qualidade de vida
pós-menopausa, com usuárias e não usuárias de TRH, identificou que a
menopausada que apresenta sintoma de insônia e fadiga, ondas de calor
(fogacho) e outros sintomas associados, como sudorese noturna, provavelmente
não melhorará com a TRH. Estudos realizados pelo Women’s Health Initiative
12 Study Group, nos Estados Unidos, concluíram que os efeitos da TRH
demonstraram o aumento de ataques cardíacos, ocorrência de trombos
vasculares, acidente vascular cerebral e câncer de mama (FISHER, 1994; JAMA,
2002).
Tratamentos complementares são preconizados e entre eles estão
indicações nutricionais como a ingestão de alimentos ricos em ácidos graxos,
nozes, e os compostos derivados de soja, ricos em isoflavonas, que apresentam
semelhança estrutural com o estrogênio (ZAHAR et al. 2005). A dieta rica em
soja, principalmente o gérmen da soja, parece também ser benéfica para o
sistema cardiovascular, pela atuação favorável sobre os lipídios. O óleo de
linhaça, rico em lignina, um fitoesteróide que "imita" a ação do estrógeno, também
pode auxiliar no alívio dos sintomas da menopausa (NAHAS et al., 2003). Estudos
mostram que a linhaça, principalmente se combinada com as isoflavonas da soja,
são importantes na manutenção da saúde óssea, na redução de risco de câncer
hormônio-dependente, no combate aos sintomas da tensão pré-menstrual (TPM) e
da menopausa e na prevenção do câncer de mama (FERNANDES et al. 2008).
Várias recomendações são feitas às mulheres nesta fase da vida, conforme tabela
a seguir:
13 Recomendações gerais para mulheres na fase da menopausa.
RECOMENDAÇÕES GERAIS
Tabagismo
Abandonar o uso do tabaco.
Atividade física
Realizar pelo menos 30 minutos de atividade física de
moderada intensidade 3 a 6 dias por semana. O exercício é
fundamental na diminuição do peso, colesterol, doenças
cardiovasculares e incidência de osteoporose,
Dieta
Consumir frutas, raízes (batatas, cenoura, mandioca), fibras,
vegetais, cereais (arroz, feijão), peixes.
Aumentar a ingestão de proteína de soja, pois ela pode
ajudar a diminuir o colesterol.
Evitar alimentos ricos em colesterol: gema de ovo, vísceras
(miúdos), carne gordurosa, salsicha, presunto, salame,
mortadela, frutos do mar, gordura de côco, leite integral,
manteiga, queijos, exceto minas e ricota.
Consumo moderado de sal, açúcar e alimentos defumados.
Consumo de álcool
Limitar.
Osteoporose
Aumentar a ingestão de cálcio, desde que não haja contraindicação médica, como: leite, iogurte, brócolis, couve,
agrião e peixe.
Depressão
Ficar atento aos sintomas, pois é muito comum nesta fase.
Controlar a pressão
Manter os níveis abaixo de 120/80 mm-Hg.
Glicemia
Controle da glicemia no caso de diabéticas.
arterial
Fonte: (FERNANDES et al. 2008)
14 2.3 Medicina Tradicional Chinesa e Acupuntura
Embasada em um contexto histórico, cultural e filosófico milenar, a MTC
possui teorias básicas e específicas sobre a origem, prevenção, evolução e
tratamento das mais diversas disfunções orgânicas. A MTC é composta por várias
técnicas e métodos, muitas vezes utilizados em conjunto pelos chineses, como:
acupuntura, dietoterapia, massagem, exercícios “psicofísicos” de controle
energético (Tai Chi Chuan, Qi Gong, Yi Jin Jing) chás e similares, incluindo ainda
componentes animais, minerais e vegetais com funções terapêuticas (SUSSMAN,
1973; LUZ, D. 1993; TESSER, 2004).
Entre as técnicas utilizadas destaca-se a acupuntura (Zhen Jiu), que
baseia-se na estimulação de pontos específicos do corpo, chamados acupontos,
com agulha (Zhen) ou com fogo (Jiu). O termo “Zhen Jiu” foi traduzido da seguinte
maneira: Zhen significa agulha (terapia) e Jiu cauterização ou moxa, que é um
bastão de uma erva denominada artemísia enrolado como um charuto, usado para
aquecer o ponto de acupuntura (WHITE; ERNST, 2001) ou ainda denominada “Tai
chien tsing” que quer dizer “espetar uma agulha de ouro”.
Os acupontos têm relação íntima com nervos, vasos sanguíneos,
tendões, periósteos e cápsulas articulares, que estão distribuídos ao longo de
doze linhas imaginárias, os Meridianos. Estes percorrem o corpo no sentido
vertical, formando pares simétricos nas faces dorsais e ventrais da superfície
corporal, os quais, devidamente estimulados, são capazes de promover uma série
de benefícios à saúde do indivíduo (VECTORE, 2005).
15 A acupuntura estimula as fibras sensitivas do Sistema Nervoso
Periférico fazendo com que ocorra uma transmissão elétrica via neurônios para
produzir alterações no Sistema Nervoso Central, o qual libera substâncias (ex.:
cortisol, endorfinas, dopamina, noradrenalina, serotonina) que promovem bemestar, prevenção e tratamento de doenças, restabelecendo a harmonia, seja ela
psicológica, biológica e/ou comportamental (SILVA, 2007).
2.3.1 Breve histórico da Medicina Tradicional Chinesa
Pelos achados arqueológicos, presume-se que a acupuntura seja
utilizada no Oriente, provavelmente na China antiga, desde o período neolítico, ou
tenha pelo menos quatro milênios de existência, sendo utilizados para sua
aplicação diversos materiais, entre eles: pedras de ponta afiada (Bian), bambus,
espinhas de peixes, ossos e até barro, com finalidades terapêuticas tais como
drenar abscessos, realizar sangrias e regular o fluxo de energia. (SUSSMANN,
1973; XI, W,1993; XINNONG, 1999).
Três séculos antes de Cristo, foi descoberto o livro “Huang ti Nei Ching”,
ou abreviadamente “Nei-Ching” (s/d), atribuído ao então ministro do Imperador
Amarelo, e também médico da corte, Chi Po, e composto em forma de diálogos,
perguntas e respostas entre este e o rei Huang ti (2800 a.C).
A partir da dinastia Shang (1523-1123 a.C) surgiram documentos
contendo o registro de atividades e conhecimentos voltados à terapêutica e à
filosofia cultural na China, e por volta do século VI a.c inicia-se a idade de ouro da
16 Filosofia Chinesa, com a origem do Confucionismo e do Taoísmo. Os princípios
taoístas, voltados para a observação da natureza e a descoberta do Caminho
(TAO), onde uma força universal (Chi ou Qi) composta de duas polaridades iguais
e complementares - Yin e Yang - atua sobre as pessoas, permeiam os paradigmas
da MTC (CAPRA, 1983).
No período de 221 a 589 d.C, surge a Regra dos Pulsos ou Mo-Ching,
um livro que preconiza o diagnóstico pelo pulso radial. Na dinastia Sung (960-1279
d.C), foi construído em bronze, um modelo humano com os pontos de acupuntura,
utilizado pelos estudantes. Realizou-se também a vivissecção de condenados,
observando-se o comportamento dos diferentes órgãos sob a ação da punção dos
pontos dos meridianos de acupuntura SUSSMANN (1973).
O início da troca de informações entre o oriente e o ocidente sobre a
MTC, deu-se a partir do século XVI por meio dos relatos de médicos e de jesuítas
que participavam das viagens de navio da então empresa de navegação
“Companhia das Índias”. Com o desenvolvimento e maior domínio do
conhecimento das ciências exatas, estes conhecimentos foram considerados
empíricos e houve um período subseqüente de franco desinteresse pela MTC.
Uma nova fase de ascensão da medicina chinesa ocorreu por volta de 1930, após
diversos estudos dos mecanismos de ação da acupuntura em seus aspectos
científicos, com base na neurofisiologia do organismo, e principalmente a ação
anestésica conseguida com a estimulação dos acupontos. No mesmo período, o
diplomata francês, George Soulié de Morant, após estudar as técnicas utilizadas
17 na MTC durante quase trinta anos, começou a difundí-las na Europa
(HOLMDAHL, 1993).
Após a publicação no jornal norte-americano, The New York Times, em
1971, de artigo relatando o sucesso obtido por um integrante da comitiva do
presidente dos Estados Unidos, Nixon, durante visita à China, submetido a um
tratamento de emergência com as técnicas da MTC (WHITE; ERNST, 2004),
observou-se o aumento da procura por terapias e tratamentos mais naturais, entre
eles a acupuntura (JAQUES, 2006).
2.4 Menopausa e Medicina Tradicional Chinesa
Nas sociedades orientais, onde a menopausa é fator de valorização
feminino, visto o envelhecimento estar associado à sabedoria e experiência, os
sintomas climatéricos tendem a ser menos intensos ou mesmo ausentes e o
tratamento é focado no desequilíbrio energético do organismo, tratando a paciente
como um todo, em sua interação entre os sistemas internos e os aspectos
emocionais (VECTORE, 2005).
O Su Wen diz que a Síndrome Climatérica ocorre quando o Qi do Shen
(Rins) está gradualmente enfraquecido e que o Chong Mai e o Ren Mai estão
vazios e o Tian Gui esgotado, então as menstruações param progressivamente.
Com isso pode sobrepor-se uma fraqueza corporal ou um distúrbio psíquico que
são o reflexo da perda de equilíbrio do Yin e do Yang (AUTEROCHE, 1987).
18 A MTC concentra-se na observação dos fenômenos da Natureza e no
estudo e compreensão dos princípios que regem a harmonia nela existente. Na
concepção chinesa, o Universo e o Ser Humano estão submetidos às mesmas
influências, sendo partes integrantes do Universo como um todo (YAMAMURA,
2003).
A concepção filosófica chinesa a respeito do Universo está apoiada em
três pilares: a teoria do Yin e Yang, dos Cinco Movimentos, e dos Zang Fu
(YAMAMURA, 2003).
Os Órgãos/Zang são “cinco Órgãos Yin” cuja principal função é de
preservar substâncias vitais (Qi, Sangue, Essência e Fluidos corpóreos), incluem
Xin (Coração), Gan (Fígado), Pi (Baço), Fei (Pulmão) e Shen (Rins).
As
Vísceras/Fu são “seis vísceras Yang” cuja principal função é a de transformar os
alimentos e transportar a essência pura para os “órgãos Yin”, e incluem Xiao
chang (Intestino Delgado), Dan (Vesícula Biliar), Wei (Estômago), Da chang
(Intestino Grosso), Pan guang (Bexiga) e o San Jiao (Triplo Aquecedor), este, com
características à parte dos outros órgãos (MACIOCIA, 2000).
Entre os cinco Órgãos Yin é o Xin (Coração) que dá impulso ao
Sangue, o Gan (Fígado) que o conserva, o Pi (Baço) que o controla, o Fei
(Pulmão) rege o Qi, o Shen (Rins) conserva o Jing (Essência), e juntos são a força
criadora do Qi e do Sangue (MACIOCIA, 2000).
A denominação Órgãos Extraordinários se referem ao cérebro, medula,
ossos, vasos sangüíneos, vesícula e útero. Jing Luo são Meridianos ou Canais
Energéticos que fazem a comunicação entre as partes que compõe o todo
19 orgânico. Existem 12 Canais Principais (6 Yang e 6 Yin). Os Canais Yang são:
Intestino Grosso, Intestino Delgado, Triplo Aquecedor; Bexiga, Estômago e
Vesícula Biliar. Os canais Yin são: Pulmão, Pericárdio, Coração; Baço/Pâncreas
Rim e Fígado (MACIOCIA, 2000).
Além destes 12 Canais Principais há também 12 Canais Colaterais (que
ligam os Principais entre si), 12 Canais Internos dos Canais Principais (que se
interligam mais profundamente com os órgãos), 12 Canais Tendíneo-musculares
(que circulam na região subcutânea). Há ainda os Vasos Maravilhosos, “lagos
energéticos” que também se comunicam com outros Canais: Vaso Governador
(Du Mai) e Vaso Concepção (Ren Mai), Yin e Yang (Wei Mai), Yin e Yang (Qiao
Mai, Dai Mai e Chong Mai, este considerado o “mar de sangue” e, juntamente com
Ren Mai é primordial para a menstruação (MACIOCIA, 2000).
A MTC possui cinco substâncias vitais: Qi (Energia), Xue (Sangue), Jin
Ye (Fluidos orgânicos), Jing (Essência) e Shen (“espírito/alma”). O Qi é formado a
partir do Tian Qi (energia celestial advinda através da respiração), de Gu Qi
(energia dos alimentos) e Yuan Qi (energia original recebida no momento da
concepção). Seu aspecto Yin no corpo humano manifesta-se em relação à
estrutura, nutrição, armazenamento e preservação de substâncias vitais, em Xue e
nos órgãos Zang. O aspecto Yang, através da fisiologia, funções ativas de
passagem, na própria energia vital(Qi) e nas vísceras(Fu). Nos cinco
elementos/movimentos, o Qi manifesta-se através da Água (elemento do Rim), da
Madeira (elemento do Fígado), do Fogo (elemento do Coração), da Terra
(elemento do Baço) e do Metal (elemento do Pulmão) (MACIOCIA, 2000).
20 A denominação Xue (Sangue) corresponde às mesmas funções do
sangue ou sistema circulatório da Medicina Ocidental (oxigenação, nutrição,
limpeza e transporte). É considerada uma manifestação densa de Qi, formado a
partir da essência dos alimentos (Gu Qi) e do Jing pré-celestial (armazenado no
Rim). Estes são transformados em Xue no Xin (Coração), através da força
propulsora do Qi de Fei (Pulmão) (MACIOCIA, 2000).
Jin Ye (Fluídos orgânicos) no corpo origina-se da ingestão de líquidos e
alimentos. Tais fluídos podem ser puros, claros e aquosos (parte Jin), com a
função de umedecer e nutrir parcialmente a pele e os músculos e manifestam-se
como a parte mais fluída do sangue, suor, lágrima, saliva e muco, ou podem ser
turvos, pesados e densos (Ye), com a função de umedecer articulações, espinha,
cérebro, medula óssea e os orifícios dos sentidos (olhos, orelha, nariz e boca)
(MACIOCIA, 2000).
A interação entre as emoções do homem e o funcionamento harmônico
dos seus órgãos pode ser traduzida através dos aspectos mental/espiritual que
constituem cada ser. Manifestam-se através da dinâmica energética dos órgãos
(Zang-Fu) em seus estados de equilíbrio ou desequilíbrio (MACIOCIA, 2000).
Como o Coração é o “monarca de todos os órgãos” por sentir todas as
emoções, por integrar todo o corpo através de seus Vasos Sanguíneos e por
participar do circuito energético que une o Todo, é preciso que ele esteja forte
para que as emoções sejam equilibradas e alcancem êxito. O Coração controla
todas as atividades mentais (incluindo as emoções) como um órgão organizador
ou centralizador, mesmo que cada Zang tenha suas funções com relação às
21 emoções e em cada Zang haja um pouco de Shen (o que forma o “espírito/alma
do corpo”), é o Coração que abriga o Shen/Alma/Espírito desse Todo que constitui
um indivíduo (MACIOCIA, 2000).
A interpretação da palavra Zhi (Força de Vontade) significa “capacidade
de realização”, “memória ou recordação”, pensar, decidir e agir. São então
atributos de Zhi: Força de Vontade de viver e realizar os objetivos da vida,
intensidade e direcionamento dessa Força, proteção à vida (e, conseqüentemente,
maior auto- imunidade contra doenças). Enquanto memória relaciona-se às
informações de longo prazo, enquanto Yi refere-se ao processo de memorização
(AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).
Os Rins abrigam Zhi, por este ser o Zang que guarda a Essência da
vida. Se os Rins são fortes, a Força de Vontade é forte e o indivíduo terá direção e
determinação na busca de objetivos. Se os Rins forem esgotados e a força de
vontade enfraquecida, o indivíduo perderá a direção e a iniciativa, será facilmente
desencorajado e desviado de seus objetivos (AUTEROCHE et al., 1987;
MACIOCIA, 1996).
No climatério, a alteração mais importante é o declínio da energia do
Shen (Rins) e dos Canais Ren Mai e Chong Mai, junto com a Secura dos Fluidos e
do Sangue. Ao redor dos 50 anos, o Ren Mai se torna inativo e o Chong Mai se
atrofia, as menstruações se tornam mais irregulares e a infertilidade começa a
tornar-se mais evidente. Isto implica uma falta de fluxo sanguíneo para órgãos
reprodutores e de um déficit de energia Yin, como resultado do declínio do Shen
(Rins) (CALDERON, 1998). Este desequilíbrio é responsável pela maior parte dos
22 problemas e doenças associadas ao envelhecimento. Como o Shen (Rins) é a raiz
de todo o Yin e Yang do corpo, uma deficiência no Shen (Rins) pode causar
Deficiência em outros Órgãos. (AUTEROCHE et al., 1987).
Na fisiologia feminina, segundo a MTC, o ciclo de 7 x 7 anos traz a
Deficiência de Shen (Rins) com o declínio de Jing (que é a parte Yin do Rim), o
que tende a elevar o Yang do Rim, do Fígado e/ou do Coração, já que o Yin de
tais órgãos também ficarão enfraquecidos. Consequentemente, todos os órgãos
têm seu circuito de Qi alterado. “O Vazio dos Rins apresenta o ponto maior da
síndrome climatérica”. Para a terapêutica, é capital determinar se é o Yin ou o
Yang que está deficiente, ou então se o Yin e o Yang estão ambos Vazios.
(AUTEROCHE et al., 1987)
Como relata Campliglia (2010), as principais alterações que levam ao
climatério descompensado são: alterações que acometem o Qi e o Xue, desgaste
de Jing, Tin Ye (também denominado Jin Ye) e processo crônico de desgaste de
Rim, Fígado, Baço-Pâncreas e Coração.
As manifestações clínicas da Síndrome de Climatério como
fogacho, distúrbios de comportamento, osteoporose e secura dos genitais
externos devem-se em primeira instância à Deficiência do Gan-Yin
(Fígado-Yin). Como o Gan (Fígado) e o Shen (Rins) têm a mesma origem
e pertencem ao Xiajiao (Aquecedor Inferior), a insuficiência do Gan-Yin
(Fígado-Yin), ocasionada geralmente por repressão de emoções
destrutivas ou doenças crônicas de longa duração, pode levar à
Deficiência do Shen-Yin (Rim-Yin), suscitando fogo-Vazio que se dirige
23 ao Alto e o Frio que se dirige ao baixo, levando a uma dissociação entre
o Alto e o Baixo, daí as alternâncias de calor e frio. (Yamamura;
Yamamura, M.L., 2010 p.441).
Eles ainda relatam que:
A desarmonia Yin/Yang do Gan (Fígado) perturba a função
de livre fluxo de Qi deste Zang (Órgão), assim, como perturba a função
de assegurar a regularização da atividade dos Zang Fu (Órgãos e
Vísceras) e de Sanjiao (Triplo Aquecedor)” levando à “distúrbios
emocionais” e a dissociação entre o Baixo e o Alto de maneira
inconstante, ora predominando o calor no Alto, ora o Frio no Baixo. Á
noite, com o aumento da deficiência do Shen-Yin (Rim-Yin), aumenta o
Calor-Vazio que ascende ao Alto, daí a sensação de calor em parte do
corpo à noite e de frio nos pés. O Calor-Vazio é o responsável pela
secura das mucosas, pele seca, e ainda osteopenia/osteoporose. E na
presença da Deficiência do Gan (Fígado) e do Shen (Rins), os Canais
Curiosos Chong Mai, Rem Mai, Yin Qiao Mai e Daí Mai ficam
enfraquecidos. (Yamamura; Yamamura, M.L., 2010 p.441).
No caso da mulher no climatério, é necessário que se perceba em quais
instâncias e estruturas se dão as desarmonias para poderem ser tratadas, levando
sempre em consideração as causas energéticas (declínio de Jing), orgânicas
(decréscimo da produção hormonal) e psicológicas (presentes na crise da meia
idade). As alterações que ocorrem neste período atingem as estruturas em suas
bases energéticas como descrito a seguir.
24 2.4.1 Rim (Shen)
Na MTC o Rim (Shen) desempenha inúmeras funções, destacando-se
as seguintes: armazenar a Essência (Jing), controlar o nascimento, puberdade,
climatério e a morte; controlar a recepção de Qi; produzir a Medula, abastecer o
Cérebro e controlar os Ossos (CAMPLIGLIA, 2010).
A Essência (Jing), na MTC é entendida como a base material para a
manutenção de todas as atividades orgânicas. É constituída por duas partes, que
são: Essência Pré-Celestial ou Jin Inato ou Jin Hereditário, oriunda dos pais, é a
responsável pela formação e nutrição do concepto; Essência Pós Celestial, ou
Jing Adquirido ou Essência do Céu-Posterior, que é extraída pelo Estômago (Wei)
e Baço (Pi) dos alimentos e fluídos ingeridos. É transportada pelo Baço (Pi) até os
Pulmões (Fei), de onde é distribuído para todo o organismo para nutrir todas as
estruturas e manter todas as funções fisiológicas (CAMPLIGLIA, 2010).
O Yin do Rim (Shen) é fundamental para o nascimento, crescimento e
reprodução, e o Yang do Rim (Shen) é o responsável pela força motriz de todos os
processos fisiológicos. A deficiência de Yin do Rim (Shen) irá comprometer outros
órgãos, principalmente o Yin do Fígado (Gan), Coração (Xin) e Pulmão (Fei).
A
deficiência de yang do Rim (Shen) irá comprometer o Yang do Baço (Pi), Pulmão
(Fei) e do Coração (Xin). Quando o Qi do Rim está em Deficiência, Zhi (função
mental do Rim) estará enfraquecido e poderá haver medo e indecisão, se em
Excesso pode haver autoritarismo. O Shen (Rins) influencia os sistemas
25 reprodutivos das mulheres através dos Canais Curiosos Du Mai, Ren Mai e Chong
Mai (CAMPLIGLIA, 2010).
2.4.2 Fígado (Gan)
O Fígado (Gan), entre outras funções, destaca-se por ser o responsável
pelo: Armazenamento e a regulação do volume do Sangue (Xue) pelo corpo, e;
pelo fluxo suave de Qi. Portanto, este órgão é muito importante na fisiologia
feminina, através de sua relação com o Útero e o Sangue (CAMPLIGLIA, 2010).
Embora o Útero seja a Câmara de Sangue, é o Gan (Fígado) que
armazena o Sangue sendo responsável pelo volume, fluxo e regularidade do ciclo
menstrual e da nutrição do Sangue. A deficiência de Yin do Fígado irá provocar
mudanças no padrão menstrual como amenorréia (ausência da menstruação) ou
oligomenorréia (ciclos menstruais irregulares). Se estiver em excesso irá provocar
menorragia
(menstruação
extremamente
abundante
ou
prolongada)
ou
metrorragia (perda sanguínea fora do período menstrual) (CAMPLIGLIA, 2010).
O bloqueio do Qi do Fígado, responsável pelo fluxo do Sangue (Xue)
pode provocar o surgimento de dismenorréia (dor no período menstrual),
alterações no ciclo menstrual, tensão pré-menstrual e alguma secura como pele e
cabelo seco e as perturbações da Síndrome Climatérica. (MACIOCIA, 2000).
Quando o Qi do Fígado está Vazio pode haver indecisão e se estiver em Excesso,
pode haver a raiva, pois Hun (função mental do fígado) não está fortalecido para
26 proporcionar à pessoa que trace objetivos e mantenha equilíbrio nas emoções
(CAMPLIGLIA, 2010).
2.4.3 Baço (Pi)
A função do Pi (Baço) é transformar e transportar as matérias sutis
(Essência) dos alimentos recebidas pelo estomago (Wei). Ambas são fontes
criadoras de Qi e de Sangue (AUTEROCHE, 1987).
O Baço (Pi) transporta a Essência (Jing adquirido dos alimentos) até os
Pulmões (Fei), de onde é distribuído para todo o organismo, para nutrir todas as
estruturas e manter todas as funções fisiológicas. Produz o Sangue (extraído dos
alimentos e dos líquidos) que fica armazenado no Fígado (AUTEROCHE, 1992).
Quando o Qi do Baço está em Vazio pode levar à fraqueza de Yi
(função mental do Baço) manifestada por pensamento lento e memória fraca,
quando em Plenitude pode levar à obsessão (AUTEROCHE, 1992).
2.4.4 Coração (Xin)
As principais funções do Xin (Coração) são governar o Sangue, os
Vasos Sangüíneos e abrigar a Mente (Consciência). Sangue e Yin são a
residência da Mente. Se eles estiverem deficientes, a Mente sofrerá, a pessoa se
sentirá infeliz e depressiva, com ausência de vitalidade. Se a Mente for perturbada
por fatores emocionais, pode induzir a uma debilidade do Sangue ou do Yin,
27 causando sintomas de Deficiência do Sangue ou do Yin do Xin (Coração)
(MACIOCIA, 2000).
O Xin (Coração) está conectado ao Útero pelo Canal do Útero (Bao
Mai); e com a ajuda do Yang do Coração, a Essência do Shen (Rins) forma o Gui
Celestial (menstruação). Quando o Qi do Coração está em Vazio leva ao choro e
em Plenitude leva à mania, pois a pessoa fica sem vitalidade, não apresentando
um “bom Shen” (função mental do coração), ou deixa de controlar as outras
emoções (MACIOCIA, 2000).
2.4.5
Canais Extraordinários
Os canais extraordinários mais envolvidos na fisiologia feminina na fase
do climatério são: Chong Mai (Vaso Penetrador), Ren Mai (Vaso da Concepção),
Du Mai (Vaso Governador) e Dai Mai (Vaso da cintura) (AUTEROCHE 1986).
No Chong Mai (Vaso Penetrador) o Qi e o Sangue passam por ele, por
isso é denominado “Mar de Sangue”. O Shen (Rins) e o Sangue ficam deficientes
de modo que o Qi do Canal Chong Mai se rebela para cima em direção ao peito e
à face, podendo provocar uma sensação de calor na face e de frio nos pés,
palpitações e ansiedade. Estes sintomas são causados pelo desequilíbrio do Qi
dentro do Canal Chong Mai. O Vazio do Shen (Rins) resulta em pés frios porque o
ramo descendente do Canal Chong Mai flui para baixo, no lado medial da perna, e
termina no hálux. Sintomas esses característicos da Síndrome Climatérica,
comuns em mulheres acima de 40 anos (MACIOCIA, 2000).
28 Do Ren Mai (Vaso da Concepção) dependem a Essência, o Sangue e
os Líquidos Orgânicos, pois os três meridianos Yins se juntam a ele
(AUTEROCHE, 1992). Controla o Útero, a menarca, a fertilidade, a concepção, a
gravidez, o parto e a menopausa. É particularmente útil nutrir o Yin em mulheres
após a menopausa, uma vez que o Canal Ren Mai controla o Útero e determina o
ciclo de 7 anos na vida da mulher. Desta forma regula a energia do sistema
reprodutivo e, após a menopausa, tonifica o Sangue e o Yin para reduzir os efeitos
dos sintomas do Calor Vazio decorrentes da deficiência do Yin (MACIOCIA, 2000).
O Du Mai (Vaso Governador - VG) é o mar dos meridianos Yang. Está
intimamente relacionado ao Canal Ren Mai (Vaso da Concepção - VC), pois estes
dois canais poderiam ser vistos como dois ramos do mesmo circuito, sendo um
Yin (Ren Mai) e outro Yang (Du Mai), portanto, se nutrem, se controlam, firmam
um equilíbrio do Yin e do Yang e a livre circulação do Qi e do Sangue, permitindo
assim a chegada regular das regras. Devido ao trajeto, faz a conexão entre
Rim/Coração/Cérebro, o que explica a influência de problemas emocionais e
mentais sobre a menstruação e as funções ovarianas. O Canal Du Mai deve ser
usado sempre que houver deficiência acentuada do Yang do Shen (Rins)
(MACIOCIA, 2000).
O Dai Mai (Vaso da Cintura) circula a cintura e assim, envolve os canais
Chong Mai, Ren Mai e Du Mai, que têm a mesma origem e circulam cada qual
pelo seu lado, porém todos os três dependem de Dai Mai que os aperta como um
cinto (AUTEROCHE, 1992). Quando Deficiente, não retém a Essência, o Qi do Pi
(Baço) desmorona, e Gan (Fígado), Shen (Rins) e Canais Ren Mai e Chong Mai
29 também se tornam deficientes. Neste caso, o Qi não pode subir então os órgãos
cedem, o feto pode ser abortado, há descargas vaginais e podem ocorrer
prolapsos. Em condições de Excesso, pelo fato de ser “apertado”, o Canal não é
harmonizado. Os principais sintomas são plenitude do abdômen, dor nas costas
irradiando para o abdômen inferior e sensação de peso no abdômen (MACIOCIA,
2000).
2.5 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO COM ACUPUNTURA BASEADOS NA
MEDICINA TRADICIONAL CHINESA.
Para MACIOCIA (2000), os diagnósticos na MTC são baseados em
padrões de desarmonia. Na Síndrome Climatérica, o Shen (Rins) em estado de
vazio é a raiz da deficiência, com duas possibilidades: se o Yin do Shen (Rins) for
insuficiente, o Yang tende a se elevar; se o Yang for insuficiente, o Fogo de
Mingmen (ponto VG4 ou Du4, localizado na coluna, entre os rins, que representa o
aspecto Yang da Essência pré-Celestial, e fornece calor para todos os processos
fisiológicos do corpo e para todos os Órgãos Internos) será fraco. Os padrões
mais importantes em que a Síndrome Climatérica se encaixa na Medicina
Tradicional Chinesa serão descritos a seguir, e os acupontos indicados para
tratamento podem ser identificados nas fotografias reproduzidas do Atlas Gráfico
de Acupuntura (Lian, Yu Lin et al, 2000), em Anexos, página 52 a 67.
30 2.5.1 Deficiência de Yin do Shen (Rins)
Caracterizado pela Deficiência do Yin e também da Essência (Jing) do
Shen (Rins). A deficiência do Yin provoca o surgimento do Calor-Vazio do Rim
(Shen), que se manifesta clinicamente através do calor dos cinco palmos (calor na
palma das mãos e pés), rubor malar, calor vespertino, rubores quentes, sudorese
noturna, surdez, dor nos joelhos e prurido (MACIOCIA, 2000).
Pelo fato da Essência do Rim controlar os ossos é comum observar o
aparecimento de lombalgia e dor nos ossos. A deficiência do Yin do Rim (Shen) é
também da Essência (Jing), e leva a manifestações clínicas relacionadas ao
Cérebro (o Yin do Rim produz a Medula e controla o Cérebro), resultando em
tontura leve, zumbido, vertigem e perda gradativa da memória (MACIOCIA, 2000).
Além destas manifestações, esta deficiência provoca diminuição dos
Fluidos Corpóreos levando a um quadro de secura, podendo se manifestar por
boca seca a noite, constipação intestinal e urina escura e escassa, queda de
cabelos, pele e mucosas secas. O princípio de tratamento consiste em nutrir o Yin
do Shen (Rins), dominar o Yang, acalmar a mente e remover o Calor do Coração,
podendo ser utilizados os seguintes pontos (MACIOCIA, 2000):
™ VC4 (Ren4): tonifica o Yin e a Essência do Shen (Rim);
™ R3 tonifica o Shen (Rim);
™ P7, R6 regulam Ren Mai, fortalecem o Útero, nutrem o Yin do Shen
(Rim) e também beneficiam a garganta e boca seca à noite;
™ BP6, R3; R10 tonificam o Yin do Shen (Rim) e acalmam a mente;
31 ™ R9 tonifica o Yin do Shen (Rim) e útil no caso de ansiedade e tensão
emocional originadas do Shen (Rim).
™ Du20; C7; Yintang; Vb13; Du24; R9; CS6 (Pe6); B15 e B14 acalmam
a mente.
2.5.2 Deficiência de Yang do Shen (Rins)
Caracterizado pelo sintoma de Frio Interior, pois o Yang do Shen (Rins)
é a fonte de Calor de todos os Zang Fu. Quando o Yang do Rim (Shen) está
deficiente o Rim (Shen) não apresenta Qi suficiente para fortalecer os ossos e as
costas causando lombalgia e fraqueza nas pernas e joelhos. Como o Yang do Rim
(Shen) não aquece a Essência, a energia sexual é privada da nutrição da
Essência e do aquecimento do Yang do Rim (Shen), resultando em frigidez,
infertilidade, etc. (MACIOCIA, 2000).
Outros sinais e sintomas apresentados podem incluir: membros e corpo
frios, aversão ao frio, pele pálida, costas frias, perda de apetite, urina clara e
abundante ou escassa acompanhada por edema, distensão abdominal, diarréia
matinal ou tendência a fezes moles, obesidade, rubores quentes nas mãos e pés
frios, sudorese de manhã, depressão, calafrios, cefaléia, edema de tornozelos
(MACIOCIA, 2000). O princípio de tratamento consiste em tonificar e aquecer o
Yang do Shen (Rins), fortalecer o Fogo do Portão da Vitalidade (Mingmen),
tonificar o Rim e fortalecer o Baço, podendo ser utilizados, conforme MACIOCIA
(2000), os seguintes pontos:
32 ™B23, R3 tonificam o Yang do Shen (Rins);
™Du4, R7, VC6 fortalecem o Fogo do Portão da Vitalidade (tonificam o
Yang do Rim);
™Ren4 com moxa tonifica o Yang do Shen (Rins);
™B52 tonifica o Shen (Rins), principalmente em seu aspecto mental, a
força de vontade;
™ P7 (Pu7); R6 regulam Ren Mai, fortalecem o útero, nutrem o Yin
2.5.3 Deficiência do Yin e do Yang do Shen (Rins)
O Rim (Shen) tem a peculiaridade de armazenar o Yin e Yang Primário,
isto é, ele fornece o Yin e Yang para todos os outros sistemas, portanto o Yin do
Rim (Shen) é o fundamento para todo o Qi do Yin do corpo, em especial o do
Fígado (Gan), Coração (Xin) e Pulmão (Fei). O Yang do Rim (Shen) é o
fundamento para todo o Qi do Yang do organismo, em especial do Baço (Pi),
Pulmão (Fei) e Coração (Xin) (MACIOCIA, 2000).
Tanto o Yin como o Yang do Rim (Shen) se originam da mesma raiz.
Interdependentes, isto é, o Yin do Rim (Shen) fornece o substrato material para o
Yang do Rim (Shen), e o Yang do Rim (Shen) fornece o Calor necessário para
todas as funções do Rim (Shen). Assim, a deficiência de um deles implica na
deficiência do outro, em maior ou menor grau, nunca em proporções iguais, isto é,
a deficiência sempre será essencialmente do Yin ou do Yang, sendo fundamental
para a escolha do tratamento a identificação de qual a tendência, Yin ou Yang.
33 Neste padrão aparecem sintomas misturados. Como o Yin do Shen (Rins) é fraco,
qualquer Yang do corpo não terá raiz e flutuará, deixando o Yang da parte inferior
do corpo deficiente provocando sintomas de Calor em cima e Frio embaixo
(MACIOCIA, 2000).
Outros sinais e sintomas que podem ser encontrados são: membros
frios e região dorsal fria, ardor vespertino da face, pescoço e ouvidos, olhos e
garganta secos; dores de cabeça, vertigem, aversão ao frio, calor nas palmas das
mãos e planta dos pés, suor na face ou peito, fogachos, sangramento uterino
anormal, poliúria e nictúria, fraqueza da região lombar e joelhos fracos, perda da
libido, fadiga, cefaléia, tonturas, zumbido, rubor facial, sudorese noturna,
alterações menstruais, hipertensão (MACIOCIA, 2000). O princípio de tratamento
consiste em nutrir o Shen (Rins), nutrir o Yin, tonificar o Yang, acalmar a Mente,
tonificar o Chong Mai e Ren Mai, podendo ser utilizados os pontos abaixo
(MACIOCIA, 2000):
™ R3 e BP6 nutrem o Shen (Rins);
™ P7 (Pu7) e R6 regulam o Canal Ren Mai, fortalecem o útero e nutrem
o Shen (Rins);
™ C6 remove Calor Vazio e a acalma a Mente;
™ Ren4 nutre o Shen (Rins) e fortalece o Útero;
™ B23 tonifica o Yang do Shen (Rins);
™ B52 tonifica o Shen (Rins) e nutre a Essência;
™ Du20, Yintang, VB13, Du24, R9; CS6 (Pe6); B15 e B14 acalmam a
mente.
34 2.5.4 Deficiência do Yin do Shen (Rins) e Gan (Fígado) com Ascensão do Yang do
Gan (Fígado)
Nesta condição aparecem sintomas misturados de Deficiência e
Excesso, uma vez que deriva da Deficiência do Yin do Gan (Fígado) e/ou do Yin
do Shen (Rins), causando a ascensão do Yang do Gan (Fígado). Segundo
MACIOCIA (2007), isto ocorre porque o Yin e o Yang do Shen (Rins) apresentam
a mesma raiz, e a deficiência de um sempre implica na deficiência do outro.
Portanto, quando o Yang do Shen (Rins) está deficiente, o Yin do Shen (Rins)
também estará, até certo ponto, e poderá originar sintomas de aumento do Yang
do Gan (Fígado). Os sinais e sintomas incluem tontura e vertigem, zumbidos e
olhos vermelhos, visão borrada, enxaquecas (próprias da menopausa), gosto
amargo na boca, irritabilidade, ondas de calor e suores, fluxo menstrual
abundante, fluxo menstrual escasso. O princípio de tratamento é o de nutrir o Yin
do Shen (Rins) e do Gan (Fígado), dominar o Yang do Gan (Fígado), acalmar a
Mente podendo ser utilizados os seguintes pontos (MACIOCIA, 2000):
™ R3 nutre o Shen (Rins);
™ Du20, C7, Yintang, VB13, Du24, R9, CS6 (Pe6), B15, B14 acalmam
a mente;
™ B23 e B18 harmonizam o Qi do Rim e Fígado;
™ BP10 e F2 regularizam o Baço (Pi) e o Fígado (Gan);
™ BP6 regulariza e harmoniza os 3 Yins da perna (tonifica o Baço,
avantaja o Sangue, alimenta o Yin do Fígado e dos Rins);
35 ™ F8 nutre o Sangue (Xue) e o Yin do Gan (Fígado);
™ Ren4 nutre o Shen (Rins) e fortalece o Útero;
™ P7 e R6 regulam o canal Ren Mai, fortalecem o útero e nutrem o Yin
do Shen (Rins);
™ F3 seda o Yang do Gan (Fígado), desobstrui o Qi estagnado do Gan
(Fígado), restabelecendo o livre fluxo de Qi (MACIOCIA, 2000).
2.5.5 Shen (Rins) e Xin (Coração) não harmonizados
Este padrão mostra a Deficiência do Yin do Shen (Rins) falhando ao
nutrir o Yin do Xin (Coração). Isto leva à ascendência da chama do Fogo-Vazio do
Xin (Coração), que corresponde à água que não flui em ascendência para nutrir e
esfriar o fogo, já que devem auxiliar-se mutuamente, o que acarreta na mulher os
sintomas de Calor na parte superior do corpo e sintomas de Deficiência de Yin na
parte inferior com sinais e sintomas como: insônia, nervosismo, ansiedade,
palpitações, inquietação mental, sonhos frequentes, rubor malar, sudorese
noturna, tontura, zumbido, memória precária, boca e garganta secas, visão
borrada, leucorréia (corrimento vaginal) ou excessiva supuração vaginal,
incontinência urinária ou micção gotejante, sangramento uterino, sensação de
calor à noite, fezes secas (MACIOCIA, 2000).
O princípio de tratamento desse padrão de desarmonia é o de Nutrir o
Yin do Shen (Rins) e do Xin (Coração), remover o Calor Vazio do Xin (Coração).
Podem ser utilizados os pontos:
36 ™ Du20, C7, Yintang, VB13, Du24, R9, CS6 (Pe6), B15 e B14 acalmam
a mente;
™ C5 e C7 eliminam o calor vazio do Xin (Coração);
™ C6 elimina o calor vazio e nutre o Yin do Xin (Coração), é um ponto
específico para sudorese noturna;
™ VB13, Du24 e Ren 15, acalmam a mente;
™ Ren4 nutre o Yin e a Essência do Shen (Rins);
™ R3, R9, R10, R13, Ren4 e BP6 tonificam o Yin do Shen (Rins)
(MACIOCIA, 2000).
Segundo Maciocia (2007), o ponto Ren15 nutre todos os órgãos Yin e
acalma a mente, particularmente na deficiência do Yin ou do Sangue, tendo
poderosa ação calmante para ansiedade grave, preocupação, transtornos
emocionais, medos ou obsessões.
2.5.6 Acúmulo de Fleuma (Mucosidade) e Estagnação do Qi
A principal causa para formação da Fleuma é a Deficiência do Pi
(Baço) quando falha ao transformar e transportar os Fluidos Corpóreos. O Fei
(Pulmão) e o Shen (Rins) também estão envolvidos na formação da Fleuma. Se o
Fei (Pulmão) falha ao dispersar e descender os Fluidos e se o Shen (Rins)
fracassa ao transformá-los e excretá-los, eles poderão se acumular e se
transformar em Fleuma (condensação da Umidade). Uma vez produzida tende a
bloquear o fluxo de Qi, principalmente do Gan (Fígado). Também pode obstruir os
37 orifícios do Xin (Coração), resultando em vários sintomas mentais e emocionais
(MACIOCIA, 2000).
Este padrão raramente causa sinais e sintomas por si só, mas ele
quase sempre complica e agrava os outros sintomas da menopausa. Os sinais e
sintomas são: obesidade, sensação de opressão no peito, sensação de plenitude
do epigástrio, sensação de distensão das mamas, irritabilidade, mau humor,
eructação, náusea, falta de apetite, depressão, medo e ansiedade, palpitações,
insônia, muco abundante, “nó” na garganta. O tratamento, segundo MACIOCIA
(2000), consiste em dissolver a Mucosidade, acalmar o Fígado e eliminar a
estagnação utilizando os seguintes pontos:
™ Ren17, CS6 (Pe6), TA6 que movem o Qi, acalmam e liberam a
mucosidade estagnada no Gan (Fígado);
™ P7 move o Qi no Aquecedor Superior;
™ Ren6 move o Qi no Aquecedor Inferior;
™ Ren10 ajuda a resolver a Mucosidade;
™ E40, BP6, BP9 resolvem a Umidade e a Mucosidade;
™ E28 e Ren4 eliminam a Umidade e fortalecem o Útero.
38 2.5.7 Estase do Sangue
A estase do Sangue pode derivar da estagnação de Qi e do Calor no
sangue. O Qi move o Sangue, se o Qi estagnar, o Sangue coagula. A Deficiência
de Qi por um longo período gera estase de Sangue, uma vez que o Qi se torna
debilitado para movê-lo. O Calor no Sangue (provoca coagulação e estagnação do
mesmo) leva à deficiência de Sangue (induzirá à Deficiência de Qi e estase de
Sangue). A estase do sangue pode originar ainda a do Frio interior, que diminui a
circulação do Sangue. O sistema mais frequentemente afetado pela estase do
sangue é o Gan (Fígado) (MACIOCIA, 2000).
Os sinais e sintomas são: aspecto facial escuro, lábios roxos, dor fixa e
persistente, em pontadas, tumores abdominais fixos, unhas arroxeadas, períodos
menstruais doloridos com sangue e coágulos escuros, dismenorréia, dor prémenstrual, dor em pontada no tórax, plenitude torácica, dor epigástrica
(MACIOCIA, 2000). O tratamento é tonificar o Sangue, eliminar a estase, acalmar
a Mente, liberar o fluxo do Qi, podendo ser utilizados os pontos:
™ F8 tônico de Sangue;
™ B17, F3 e R14 tonificam o Sangue e eliminam a estase;
™ Ren4 fortalece o Útero;
™ CS6 (Pe6) acalma a Mente.
39 2.5.8 Deficiência de Sangue do Xin (Coração) e de Qi do Pi (Baço)
Segundo MACIOCIA (2000), o Qi do Pi (Baço) estimula a criação de
Sangue no Xin (Coração) e se o Qi do Baço for Deficiente, com o tempo, o
Sangue do Coração também se tornará Deficiente. Se o Sangue estiver Vazio, o
Canal Chong Mai estará Vazio e causará amenorréia, oligomenorréia ou
suspensão da menstruação. As mulheres no climatério com Deficiência de Qi e de
Sangue podem sofrer de cansaço e de depressão. A sintomatologia inclui
palpitações e falta de ar, ansiedade ou instabilidade emocional, perda de memória,
insônia e/ou sonhos excessivos, pele pálida ou amarelada e tendência à fadiga. O
tratamento tonifica o Qi do Pi (Baço) e o Sangue do Xin (Coração) nos pontos:
™ C7 tonifica o Sangue do Xin (Coração) e pacifica a mente;
™ CS6 (Pe6) tonifica o Qi do Xin (Coração) e pacifica a mente;
™ Ren4, B17 e B20 tonificam o Sangue;
™ B20, BP6 e E36 tonificam o Qi do Pi (Baço);
™ B17 ponto de influência do Sangue.
2.5.9 Deficiência de Yin do Xin (Coração)
Este padrão deve-se ao fato do Yin do Xin (Coração) englobar o
Sangue (MACIOCIA, 2000), frequentemente é acompanhado ou provocado pela
Deficiência de Yin do Shen (Rins) que causa deficiência da água de maneira que o
Yin do Shen (Rins) não pode ascender para nutrir e esfriar o Xin (Coração), assim
40 ocorre agitação do Calor Vazio do Xin (Coração). Os sinais e sintomas são:
dificuldade para dormir acordando várias vezes durante a noite, palpitações, perda
de memória, insônia, inquietação, irritabilidade mental acompanhada de sensação
de calor na face, calor nos cinco palmos, rubor malar, febre baixa ou sensação de
calor, suores noturnos, boca e garganta secas. Tonificar e nutrir o Yin do Xin
(Coração), nutrir o Yin do Shen (Rins) e acalmar a mente, tratando nos pontos:
™ C7 tonifica o Sangue, o Yin do Xin (Coração) e pacifica a Mente;
™ CS6 (Pe6) pacifica a Mente;
™ Ren14, Ren15 tonificam o Sangue do Coração, usados para
ansiedade exacerbada;
™ C6 tonifica o Yin do Xin (Coração) e interrompe a sudorese noturna;
™ BP6 tonifica o Yin e pacifica a mente;
™ R7 tonifica o Shen (Rins) e combinado com C6 interrompe a
sudorese noturna;
™ R6 tonifica o Yin do Shen (Rins) e promove o sono.
De acordo com Yamamura e Yamamura, M., (2010) no tratamento das
manifestações clínicas da Síndrome de Climatério, é indicado:
™ Regularizar o Yin-Yang do Gan (Fígado) com a técnica Shu-Mo-Yuan
com nos pontos B 18, F 14, e F 13;
™ Tonificar o Shen-Yin (Rim-Yin) com R3, R7, R10, Ren5, Ren 7;
™ Tonificar o Shen-Yang (Rim-Yang) com B 23, Du4, Ren4; B 52;
™ Unir o Alto e o Baixo com IG 4, E36, F 3;
41 ™ Acalmar o Shen (Mente) com C7, CS6(Pe 6), M-CP-3( Yintang);
Du20 e Ren 17;
™ Harmonizar os Canais de Energia Curiosos Chong Mai com BP 4,
Yin Qiao com R 6, Ren Mai com P 7 e o Dai Mai com VB 41;
™ Tratar o fogacho com Du 23, E 37, E 44 e B 62.
Para
Campiglia
(2010),
no
climatério
descompensado
ocorre
Desarmonia entre Coração e Rim, Deficiência do Yin do Gan (Fígado) e/ou do Yin
do Shen (Rins), Deficiência do Yin e do Yang do Shen (Rins), Deficiência do Qi,
Predomínio da Deficiência de Yin, Predomínio da Deficiência de Yang.
™ Desarmonia entre Coração e Rim promove alterações energéticas
que levam ao climatério descompensado. A autora sugere que o tratamento seja
tonificar o Rim, harmonizar o coração, nutrir o sangue, tonificar o Yin, acalmar a
mente, alimentar o Yin do Rim e do Coração fazendo descender o Fogo e
restabelecer o contato entre Coração e rins. Os pontos indicados são: R4, VG20
(Du20), C7, VC15 (Ren15), BP6, YINTANG, B15, B23, R3, VC4(Ren4), R23, R24
e R25.
™ Para a Deficiência do Yin do Gan (Fígado) e/ou do Yin do Shen
(Rins), e o tratamento visa: Nutrir o sangue, Tonificar o Yin do Fígado e do Rim,
Prevenir a ascensão do Yang do Fígado e Prevenir a deficiência do Yin. Campiglia
(2010) indica os seguintes pontos: B23, B18, R3, BP10, F3, R6, BP6, VC4(Ren4),
R9, VG20(Du20), E38.
42 ™ No padrão de Deficiência do Yin e do Yang do Shen (Rins) o
tratamento visa: Nutrir o Yin, Tonificar o Qi, Aquecer o Yang, Tonificar o Rim, e
Harmonizar Chong Mai e Ren Mai, trabalhando nos seguintes pontos: B23, B20,
R3, VG4(Du4), VC4(Ren4).
™ Na Deficiência do Qi, o tratamento é Tonificar o Qi e Melhorar a
recepção da energia distribuída pelos Pulmões para os Rins, utilizando os pontos:
R13, R5, VC5(Ren5), VC6 (Ren6), B24 e B23.
™ No padrão com Predomínio da Deficiência de Yin, o tratamento visa
Alimentar o Yin e Diminuir o excesso de Yang. Campiglia (2010 p.143) indica os
seguintes pontos: R3, R6, BP6, VC4 (Ren4), R9, B23, B52, B24, VC3 (Ren3).
™ No padrão Predomínio da Deficiência de Yang, o tratamento visa:
Alimentar o Yang e Aquecer os meridianos trabalhando os seguintes pontos: R7,
VC4(Ren4), VC5 (Ren5), VC6(Ren6), moxa em VG4(Du4) e B23.
43 3 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo introdutório sobre os
princípios da Medicina Tradicional Chinesa, utilizando a técnica da Acupuntura e
sua ação sobre os sintomas apresentados por mulheres no período da
menopausa, aplicando protocolos preconizados, com respaldo científico, para o
tratamento da síndrome do climatério, onde a terapia através da acupuntura
promove a restauração do equilíbrio energético visando aliviar os incômodos
sintomas no período da menopausa com acentuada melhora da qualidade de vida
da mulher.
44 4 DISCUSSÃO
As incômodas manifestações clínicas da menopausa afetam hoje em
dia um número maior de mulheres, fato este evidenciado pelo aumento da
longevidade.
A menopausa não é doença, é um fenômeno fisiológico decorrente do
esgotamento dos folículos ovarianos, culminando com a interrupção definitiva dos
ciclos menstruais.
O climatério antecede a menopausa e representa a transição entre a
fase reprodutiva e a senilidade com consequências sistêmicas potencialmente
patológicas. Devido a diminuição do hormônio estrogênio, podem surgir vários
problemas para as mulheres como: mudança no brilho e textura da pele, aumento
de incidência de problemas cardíacos, má distribuição de gordura na região da
barriga, ansiedade, depressão, alteração de humor, falta de interesse sexual,
secura vaginal, secura nos olhos e até Mal de Alzheimer (Lorenzi et al.; ZAHAR et
al., 2005; Brunner e Suddarth, 2006).
No tratamento Ocidental quanto no Oriental concorda-se que alterações
no estilo de vida, tais como exercícios regulares, dieta adequada, consumo
moderado de álcool, controle de pressão arterial e glicemia, evitar tabagismo,
podem ser utilizadas para amenizar os sinais e sintomas da menopausa.
(FERNANDES, et AL., 2008).
A
terapia
de
reposição
hormonal
proposta
pelo
Ocidente
comprovadamente potencializa o surgimento de doenças. Seu uso tem sido
45 recomendado com critério e assim, tem aumentado a procura por tratamentos
mais naturais. A acupuntura surge como uma opção para o tratamento da
menopausa (Maciocia, 2000; Campiglia, 2010; Yamamura, 2010) auxiliando no
controle dos sinais e sintomas, visto que possui eficácia comprovada
cientificamente e é utilizada há anos pela Medicina Tradicional Chinesa.
Na Medicina Tradicional Chinesa, os sintomas apresentados nesta fase
são uma deficiência da Essência do Rim em seu aspecto Yin ou Yang. Auteroche
(1987) e CALDERON (1998) concordam que o Vazio dos Rins apresenta seu
ápice na síndrome climatérica.
Sabendo que o desequilíbrio físico-psíquico é causa de sofrimento
(SILVA, 2007), após a identificação dos padrões de desequilíbrio presentes na
menopausa, o tratamento com acupuntura objetiva restaurar o equilíbrio
energético da mulher. Assim, a ação da acupuntura sobre as funções
neuroendócrinas,
com
a
liberação
de
neurotransmissores
e
hormônios
responsáveis pelo controle das diversas funções físicas e emocionais, visa
restabelecer a harmonia entre Yin e Yang e abre um leque maior de possibilidades
de sucesso e segurança para a paciente no tratamento (VECTORE, 2005).
É notório que a abordagem da MTC na síndrome climatérica é holística,
pois trata o indivíduo como um todo, é segura e sem efeitos colaterais incômodos.
A MTC é uma medicina mais eficaz ao manipular energia em vez de matéria, e
considera a mudança energética no corpo como sendo a forma de promover a
cura. É um sistema preventivo de medicina que permite aos pacientes uma
46 chance para entender seus processos de doenças, e, portanto, a chance de
participar nos processos de cura (MACIOCIA, 2000).
A Bibliografia consultada relata que a acupuntura é eficaz no tratamento
dos sintomas da síndrome do climatério, sendo possível concluir que é um método
complementar e pode ser usado na prevenção e no tratamento da Menopausa,
melhorando a qualidade de vida das mulheres, alem de regular o funcionamento
do organismo como um todo.
47 5 CONCLUSÃO
Diante deste estudo, podemos concluir que com o aumento da
expectativa de vida, há um número cada vez maior de mulheres que vivenciam as
manifestações clínicas da menopausa, e tanto a Medicina Ocidental quanto a
Chinesa têm recursos para amenizar os sintomas da menopausa, apesar de
possuírem abordagens diferentes sobre a fisiopatologia e o tratamento.
Os
conceitos de Yin e Yang, Essência, Qi, Meridianos e Órgãos, em parte, explicam a
abordagem holística em relação ao ser humano, tanto no diagnóstico quanto no
tratamento utilizado pela Medicina Chinesa.
Diante das contra-indicações da terapia de reposição hormonal, o uso
da acupuntura para alívio dos sinais e sintomas da menopausa constitui uma
opção segura, com eficácia comprovada, que proporciona alívio dos sintomas e,
consequentemente, melhor qualidade de vida para a mulher, conforme os autores
pesquisados.
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55 ANEXOS
Figura 1 – Acuponto Vesícula Biliar (VB41)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 245
Figura 2 – Acuponto Intestino Grosso (IG4)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 39
56 Figura 3 – Acuponto Baço-Pancreas (BP 4, 6, 7, 8, 9, 10)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 89
Figura 4 – Acuponto Rim (R 23, 24,25)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 187
57 Figura 5 – Acuponto Bexiga (B62)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 167
Figura 6 – Acuponto Du 4
Fonte: Lian et al, 2000, p. 265
58 Figura 7 – Acuponto Fígado (F13, 14)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 259
Figura 8 – Acuponto Bexiga (B14,15,17,18)
Fonte: Lian et al, 2000, p.135
59 Figura 9 – Acuponto Bexiga (B20,23,24,52)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 139
Figura 10 – Acuponto Coração (C5,6,7)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 105
60 Figura 11 – Acuponto Du (Du20,23,24)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 275
Figura 12 – Acuponto Estômago (E28)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 71
61 Figura 13–Acuponto Estômago (E36,37,38,39,40)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 71
Figura 14 – Acuponto Fígado (F2,3)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 251
62 Figura 15 – Acuponto Fígado (F8)
Fonte: Lian et al, 2000, p.255
Figura 16 – Acuponto Pulmão (Pu7 ou P7)
Fonte : Lian et al, 2000, p. 31
63 Figura 17 – Acuponto Rim (R10)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 179
Figura 18 – Acuponto Rim (R13, 14)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 181
64 Figura 19 – Acuponto Rim (R3,4,6,7,9)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 177
Figura 20 – Acuponto Ren (15, 17)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 183
65 Figura 21 – Acuponto Ren (3,4,5,6,7,10)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 179
Figura 22 – Acuponto SanJiao (SJ6)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 205
66 Figura 23 – Acuponto Vesícula Biliar (VB13,14)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 277
Figura 24 – Acuponto Yintang
Fonte: Lian et al, 2000, p. 303
67 Figura 25 – Acuponto Pe (Pe6)
Fonte: Lian et al, 2000, p. 195

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