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Um museu cidadão e seus vínculos com a comunidade : o caso do Ecomuseu do Fier Monde ( Montreal,
Canadá)
René Binette
A criação do Ecomuseu do Fier Monde no bairro centro-sul de Montreal (Canadá) remonta ao começo dos
anos 1980. A ideia desse museu germinou no interior de um organismo comunitário local, as Habitações
comunitárias Centro-Sul. A missão primeira desse organismo era colocar em ação cooperativas de habitação e
a reivindicação de alojamentos sociais. Ele se preocupava também com a organização e a melhoria de serviços
no bairro, como a criação de mini – parques ou ainda um projeto de centro esportivo local.
Com o tempo, o Ecomuseu do Fier Monde tornou-se uma instituição. Foi reconhecido como museu, apoiado
financeiramente pelo Ministério da Cultura, das Comunicações e da Condição Feminina e recebe também o
apoio de numerosos parceiros tanto de fundos públicos quanto privados. Isso não o impede de continuar fiel a
suas origens : ele tem mantido estreitos laços com o meio e os diversos grupos que o animam. Definindo-se
como um museu de história e um museu cidadão, ele ocupa um lugar específico na paisagem museal de
Montreal pelos temas que desenvolve, sua abordagem se apoiando na educação popular, sua vontade de
contribuir com o desenvolvimento local e sua visão original da noção de coleção. Mas para compreender o
Ecomuseu do Fier Monde , é preciso conhecer o meio onde se encontra : o bairro Centro – Sul de Montreal.
Un velho bairro industrial e operário
Fundado em 1642, Montreal tem um desenvolvimento relativamente lento e conserva uma área restrita durante
um longo período Situado bem no leste da cidade, o bairro Centro-Sul se resume no início do século XIX a
algumas casas num território sobretudo agrícola.Esse retrato muda rapidamente com a revolução industrial, a
contar dos anos1860. O bairro aproveita de sua situação geográfica vantajosa, às margens do rio. Instalações
portuárias se desenvolvem, entrepostos, e manufaturas se instalam, a população cresce. Os setores de atividades
são variados. O bairro é um bastião durante um século e a curva demográfica sobe de maneira constante
durante todo esse período, para atingir 100 000 habitantes no recenseamento de 1951. Os números recentes
indicam que a população caiu cerca de 35 000. O bairro viveu um fenômeno de desindustrialização ao longo de
último meio século. Paralelamente , a proximidade do centro da cidade traz projetos de reorganização urbana
nos anos 1950, 1960 e 1970. Demolem-se certas zonas do bairro para dar lugar a largas avenidas que facilitam a
circulação ou aos projetos de desenvolvimento que iniciam as vezes o desaparecimento de alguns alojamentos.
A prosperidade do pós-guerra e as facilidades de transporte permitem aos operários trabalhando nos setores em
crescimento se estabelecerem nos bairros mais novos e nos subúrbios. A população que fica é envelhecida e
formada de desempregados e de trabalhadores de rendas frágeis.
Essas mutações criam às vezes descontentamentos e violências. Os anos 1960 e 1970 são marcados pela
emergência de um importante movimento de grupos comunitários e populares. Eles oferecem serviços ou
socorros mútuos aos mais desprovidos. Eles defendem os direitos de certas categorias da população e
trabalham para melhorar a qualidade de vida pela fórmula da cooperação ou por reivindicações políticas. È o
caso das Habitações Comunitárias Centro-Sul segundo a qual é importante para a coletividade conhecer seu
passado a fim de compreender o presente e saber para onde ela vai. È preciso valorizar a cultura local e o
patrimônio (desconhecido, desvalorizado) e dele se orgulhar se se deseja um futuro melhor. O setor é
frequentemente etiquetado de modo negativo; "zona cinzenta", bairro de pobres, marginalizados, pois é assim
que ele é geograficamente localizado. Membros das Habitações Comunitárias afirmam : Tratam-nos como
Terceiro mundo, mas nós somos do Mundo que se orgulha de si! Daí o nome do Ecomuseu.
A participação cidadã no Ecomuseu do Fier Monde
A criação desse ecomuseu no início dos anos 1980 se produz no contexto onde o movimento da nova
museologia está em pleno desenvolvimento um pouco por toda parte do mundo. O conceito de ecomuseu passa
da França para o Quebec, em boa parte graças aos vínculos privilegiados entre Estados francófonos. O
Ecomuseu do Fier Monde será particularmente influenciado pelas ideias de Hugues de Varine : « O ecomuseu é
antes de tudo uma comunidade e um objetivo, o desenvolvimento dessa comunidade. »
Os promotores do projeto são principalmente animadores sociais, membros das cooperativas de habitação e
pessoas engajadas nos grupos populares. Desde a partida, está claro para eles que esse ecomuseu será
participativo Isso se explica pelas influencias da nova museologia, mas também pela tradição das práticas de
educação popular das Habitações Comunitárias. Os desafios são de saber como organizar a participação e
determinar as ferramentas necessárias num tal projeto. A prática de anos de implantação do ecomuseu permitiu
identificar níveis de participação dos cidadãos, que se definiram a partir das experimentações feitas nos diversos
projetos.
O primeiro nível identificado é o de espectador ou de visitante. Isso pode parecer contraditório à ideia de
participação, mas a população visada (pessoas pouco escolarizadas e de baixa renda) frequenta pouco os museus
e não consome muitos produtos culturais, para falar em termos de marketing. A decisão de visitar uma
exposição constitui então um nível participativo de base.
Mas é preciso fazer mais. Com o fim de apresentar uma história junto à da vida cotidiana, é preciso colocar
para contribuir , pessoas que viveram no bairro e que ali trabalharam. Os indivíduos são os recursos (memória,
saberes, fazeres, tradições) e possuem recursos (fotos, documentos, objetos). Junto da parte tomada
ideologicamente, a ideia de participação é também uma necessidade para fazer uma história da realidade
cotidiana e de vida de trabalho num bairro operário. Isso define um segundo nível : participar enquanto
recurso. Um projeto sobre a história das mulheres no bairro operário, « Entre a usina e a cozinha » ilustra bem
esse nível. No contexto desse projeto, as mulheres constituem os recursos. Umas quarenta delas contactam
entrevistas, individuais ou em grupos. Elas são chamadas a contribuir com uma coleta de fotos e objetos
(prontos ou doados). Os resultados do projeto são divulgados por meio de uma publicação e de uma exposição,
apoiando-se ambas nas narrativas de vida das mulheres.
O Ecomuseu do Fier Monde deseja na sequência atingir um outro nível : levar as pessoas a se tornarem atores
na pesquisa e na realização de uma exposição. Inspirando-se no trabalho do sueco Sven Lindqvist, o Ecomuseu
do Fier Monde coloca em ação o método Expor sua História , que permite aos grupos e indivíduos fazer a
pesquisa e apresentar os resultados por meio de uma exposição.
Vinculos e projetos na comunidade
Se os projetos do Ecomuseu do Fier Monde são participativos, são também na maioria concebidos e realizados
em parcerias com os organismos da comunidade
Alfabetização
Por exemplo, o Ecomuseu do Fier Monde desenvolveu desde 1999 um programa específico no domínio da
alfabetização. Em colaboração com um organismo ede alfabetização popular do bairro, o Atelier das Letras, o
Ecomuseu realizou ao longo de doze últimos anos cinco exposições maiores assim como uma publicação e
elaborou um guia de formação que descreve a iniciativa. A etapa mais recente desse programa consistiu em
integrar a produção dos analfabetos à exposição permanente do ecomuseu e a formar pessoas a fim de que
elas façam a animação/ mediação das visitas guiadas.
Essa década mostrou de maneira a mais concreta possível como o museu pode ser um recurso útil à
alfabetização. Os títulos das exposições são instigantes por si mesmos : Cidadãos por inteiro ou ainda A
palavra é nossa! No contexto desses projetos, os analfabetos adquirem :
-
Saberes : eles descobrem instituições como o museu ou a biblioteca, aprendem o que são recursos e
enriquecem sua bagagem de conhecimentos fatuais sobre diferentes temas. Chegam a fazer ligações
entre sua vida e o que se chama História. Seguem uma formação e efetuam pesquisa.
-
Saber-fazer : eles se iniciam no processo de um projeto, aprendem a comunicar, desenvolvendo sua
capacidade de síntese, de expressão e de trabalho em equipe. Aprendem as etapas de uma exposição.
-
Saber-estar : desenvolvem sua confiança em si mesmos, seu orgulho, sua autoestima. Simbolicamente,
sua cultura obtém um reconhecimento depois que a expõem num museu.
Viver numa cidade sustentável
O Ecomuseu do Fier Monde trabalhou também esses últimos anos num projeto sobre o desenvolvimento
sustentável em meio urbano : morar numa cidade sustentável. Essa exposição se inscreve numa abordagem
cidadã (os encontros para o Desenvolvimento Sustentável) reunindo diversos parceiros locais : grupos
comunitários e ecologistas, corporações de desenvolvimento econômico e comunitário, municipalidades e
comissões escolares.
O Ecomuseu apresentou uma exposição sobre três temas : abrigar-se, deslocar-se e consumir . Essa exposição
era evolutiva, ela foi então apresentada em três momentos :
- Constatar o presente apresentava informações factuais sobre o sujeito
- Dar-se ferramentas, propunha exemplos estimulantes do que se faz de melhor em desenvolvimento
sustentável aqui e em outros lugares.
- Sonhar o possível, integrava a fala dos cidadãos que compartilham sua visão, mas também seu engajamento
em vista de mudanças de comportamentos individuais e coletivos.
O projeto teve tal sucesso que será retomado em 4 cidades de Quebec em 2012 e 2013. Em cada uma dessas
cidades , uma iniciativa de animação permitirá aos cidadãos identificar os desafios e as soluções possíveis
para uma cidade sustentável : os resultados serão apresentados da mesma forma em exposições.
A ilhota de São Pedro Apóstolo : um patrimônio para a comunidade.
A ilhota São Pedro é um quadrilátero do bairro que possui o estatuto de sítio patrimonial tombado pelo Estado
Aí se encontram diversas construções de grande interesse como uma igreja, uma residência paroquial e uma
antiga escola que se tornou um importante centro de educação popular desde os anos 1970 : o Centro São
Pedro. A prática religiosa estando em declínio num bairro onde a população está decrescendo , é preciso
encontrar uma nova vocação para esse quadrilátero.
O Centro São Pedro quer adquirir o conjunto do sítio , protegê-lo, reorganizá-lo e redinamizá-lo no contexto de
um projeto de economia social, conservando nele uma vocação comunitária. Ele se associou ao Ecomuseu a
fim de que o retorno ao desenvolvimento desse conjunto se faça não apenas respeitando a história e a
memória do lugar , mas considerando igualmente que se trata de uma formidável oportunidade de valorizar e
de divulgar o lugar, assim como sua história.
O título do projeto A Ilhota São Pedro Apóstolo : um patrimônio / herança para a comunidade traduz
muito bem as intenções do projeto. Trata-se de permitir à comunidade entrar em contato com a história do
lugar , se apropriar dela e de uma certa forma participar do projeto de redesenvolvimento da ilhota, se
tornarem atores dessa iniciativa. Um programa de ação cultural iniciado em setembro de 2010 previsto para
finalizar no verão de 2013 permitirá atingir esses objetivos.
A viabilidade econômica do projeto é um desafio de primeira ordem. Será preciso conjugar com a necessidade
de assegurar a perenidade / duração do patrimônio material, mas também do imaterial da ilhota São Pedro
Apóstolo. Não tratará de criar um centro de interpretação, mas antes de um modo de manter e difundir essa
memória no seio de um lugar vivo, de um meio em evolução.
Cidadãos : ontem, hoje , amanhã
O Ecomuseu prepara também com diversos parceiros da comunidade para o outono de 2012 uma exposição
que valorizará o engajamento de certos cidadãos desde um século em Montreal, colocando relevo os pioneiros
do movimento comunitário dos anos 1970 no bairro. A ideia de partida desse projeto vem de uma necessidade
expressa no meio : conservar um traço do papel fundadores de numerosos organismos comunitários locais
antes que eles desapareçam e transmitir aos mais jovens que ignoram às vezes as origens dos organismos nos
quais estão engajados. Esse projeto de coleta de memória e de exposição é também um projeto de reflexão
sobre a importância do engajamento cidadão em via de uma mobilização de um maior número
Visão da coleção : conceito de coleção écomuseal
Nos museus que possuem importantes coleções, a programação das exposições reflete muito naturalmente essas
últimas, mas também as recentes aquisições e as pesquisas em curso. Não é o caso do Ecomuseu do fier monde
. Ele efetuou certas aquisições ao longo dos projetos, mas não se definiu logo em função de sua coleção, ou,
para ser mais preciso, não a definiu unicamente como objetos que ela possui. Nessa ótica, desenvolveu o conceito
de « coleção ecomuseal » e adotou uma política sob esse olhar.
Essa política define antes os campos de intervenção do Ecomuseu :
-
O território de referência (o bairro Centro-Sul)
A temática (o trabalho)
O contexto social (os desafios contemporâneos ligados ao bairro e ao trabalho).
A coleção ecomuseal assim se caracteriza :
-
-
Ela se constitui de elementos patrimoniais materiais ou imateriais que testemunham a cultura da
comunidade ou de um ou vários campos de intervenção do ecomuseu.
Trata-se de um conjunto de elementos patrimoniais considerados representativos, excepcionais ou de
caráter identitário.
Esses elementos são o alvo de um processo de designação bque os faz entrar na coleção ecomuseal, assim
como a aquisição faz entrar um objeto na coleção museal . ..
São elementos sobre os quais o Ecomuseu intervem de diversas maneiras, sem ter sobretudo sua
propriedade..
A coleção ecomuseal é sumetida às condições de inventário, de catalogação e de documentação, tal
como acontece com a coleção museal. Os atores locais (indivíduos, organismos, interventores do meio,
etc.) participam ativamente do processo de designação dos elementos da coleção ecomuseal
O ecomuseu do Fier Monde reconhece sua responsabilidade patrimonial para com os elementos
designados e compartilha essa responsabilidade com os atores locais. Sob esse olhar, o Ecomuseu se
engaja em assegurar sua transmissão em colaboração com os atores locais, que assumem assim o status
de responsáveis por esse patrimônio.
O Ecomuseu do Fier Monde entende desenvolver essa coleção ecomuseal por um processo de participação
cidadã. È então a um vasto canteiro mobilizador em torno do seu patrimônio que o Ecomuseu convoca os atores
locais ao longo dos próximos anos. Ele visa assim a preservação, a documentação, a valorização, a restituição, a
difusão e a transmissão do patrimônio.
As ações sobre a coleção ecomuseal permitirão uma tomada de consciência das riquezas e do potencial
patrimonial local e contribuirão para desenvolver um maior orgulho no meio. Essa mobilização em torno do
patrimônio pode tornar-se um fator de coesão social e mais, conferir ao meio uma maior qualidade de vida. É
uma maneira de fazer do patrimônio uma ferramenta de desenvolvimento para a comunidade.
Conclusão
O Ecomuseu do Fier Monde se define como um museu de história e um museu cidadão. Por tradição, mas
também para cumprir sua missão adequadamente, ele deve trabalhar em estreita colaboração com os parceiros
locais : o Ecomuseu entende a prioridade de se dotar de uma política de parceria para reafirmar sua vontade de
trabalhar dessa maneira.
O museólogo Jean Davallon identifica três grandes abordagens nas exposições :
- A museologia objeto de uma grande abordagem estética;
- A museologia de saber com uma abordagem comunicacional;
- A museologia de ponto de vista com uma abordagem espetacular
De sua parte, o Ecomuseu do Fier Monde quer propor uma museologia cidadã. Sem negar a importância da
experiência estética, do papel educativo e do aspecto lúdico da exposição, ele deseja estabelecer uma relação
com o público que ultrapassa a de « visitante » e tenta ser um instrumento a serviço dos cidadãos que agem.

Tradução : Odalice M. Priosti -
Revisão : H de Varine
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La participation citoyenne à l’Écomusée du fier monde
Un musée citoyen et ses liens avec la communauté : le cas de l’Écomusée du fier monde (Montréal,
Canada).
Par René Binette, directeur
Écomusée du fier monde
La création de l’Écomusée du fier monde, dans le quartier Centre-Sud de Montréal (Canada), remonte au début
des années 1980. L’idée de ce musée a germé à l’intérieur d’un organisme communautaire local, les Habitations
communautaires Centre-Sud. La mission première de cet organisme était la mise en place de coopératives
d’habitation et la revendication de logements sociaux. Il se préoccupait aussi d’aménagement et d’amélioration
des services dans le quartier, comme la création de mini-parcs, ou encore un projet de centre sportif local.
Avec le temps, l’Écomusée du fier monde est devenu une institution. Il est reconnu comme musée, appuyé
financièrement par le ministère de la Culture, des Communications et de la Condition féminine et reçoit aussi
l’appui de nombreux bailleurs de fonds publics comme privés. Cela ne l’a pas empêché de rester fidèle à ses
origines : il a toujours maintenu des liens étroits avec son milieu et les divers groupes communautaires qui
l’animent. Se définissant comme un musée d’histoire et un musée citoyen, il occupe une place spécifique dans
le paysage muséal montréalais par les thèmes qu’il développe, son approche s’appuyant sur l’éducation
populaire, sa volonté de contribuer au développement local et sa vision originale de la notion de collection.
Mais pour comprendre l’Écomusée du fier monde, il faut connaître le milieu où il se trouve : le quartier CentreSud de Montréal.
Un vieux quartier industriel et ouvrier
Bien que fondée en 1642, Montréal connaît un développement relativement lent et conserve une superficie
restreinte pendant une longue période. Situé juste à l’est de la ville, le quartier Centre-Sud se résume au début
du 19 e siècle à quelques maisons dans un territoire surtout agricole. Ce portrait change rapidement avec la
révolution industrielle, à compter des années 1860. Le quartier profite de sa situation géographique
avantageuse en bordure du fleuve. Des installations portuaires se développent, des entrepôts et des manufactures
s’installent, la population s’accroît. Les secteurs d’activités sont variés. Le quartier est un bastion industriel
pendant un siècle et la courbe démographique progresse de façon constante pendant toute cette période, pour
atteindre 100 000 habitants au recensement de 1951. Les chiffres récents indiquent que la population a chuté à
environ 35 000. Le quartier a vécu un phénomène de désindustrialisation au cours du dernier demi-siècle.
Parallèlement, la proximité du centre-ville amène des projets de réaménagement urbain dans les années 1950,
1960 et 1970. On démolit certains pans du quartier pour faire place à de larges boulevards qui facilitent la
circulation ou à des projets de développement qui entraînent parfois la disparition de centaines de logements. La
prospérité d’après-guerre et les facilités de transport permettent aux ouvriers œuvrant dans des secteurs en
croissance de s’établir dans des quartiers plus récents et en banlieue. La population qui reste est vieillissante et
formée de sans-emploi et de travailleurs à revenus faibles.
Ces mutations créent parfois du mécontentement et des heurts. Les années 1960 et 1970 sont marquées par
l’émergence d’un important mouvement de groupes communautaires et populaires. Ils offrent des services ou de
l’entraide aux plus démunis. Ils défendent les droits de certaines catégories de la population et travaillent à
l’amélioration de la qualité de vie par la formule coopérative ou par des revendications politiques. C’est le cas
des Habitations communautaires Centre-Sud selon qui il est important pour la collectivité de connaître son
passé afin de comprendre le présent et de savoir où elle va. Il faut valoriser la culture locale et le patrimoine
(méconnu, dévalorisé) et en être fier si on souhaite un avenir meilleur. Le secteur est trop souvent étiqueté de
façon négative : « zone grise », « quartier de pauvres en bas de la côte » - car c’est ainsi qu’il est
géographiquement localisé. Des membres des Habitations communautaires affirment : « On nous traite comme
le tiers-monde, mais nous sommes du fier monde! » D’où le nom de l’Écomusée.
La participation citoyenne à l’Écomusée du fier monde
La création de cet écomusée au début des années 1980 se produit dans le contexte où le mouvement de la
nouvelle muséologie est en plein essor un peu partout dans le monde. Le concept d’écomusée passe de la
France vers le Québec, en bonne partie grâce aux liens privilégiés entre ces États francophones. L’Écomusée du
fier monde sera particulièrement influencé par les idées d’Hugues de Varine : « L’écomusée est d’abord une
communauté et un objectif, le développement de cette communauté. »
Les promoteurs du projet sont principalement des animateurs sociaux, des membres des coopératives
d’habitation et des personnes engagées dans les groupes populaires. Dès le départ, il est clair pour eux que cet
écomusée sera participatif. Cela s’explique par les influences de la nouvelle muséologie, mais aussi par la
tradition des pratiques d’éducation populaire des Habitations communautaires. Les enjeux sont de savoir
comment organiser la participation et déterminer les outils nécessaires dans un tel projet. La pratique des
années d’implantation de l’Écomusée a permis d’identifier des niveaux de participation des citoyens, qui se sont
définis à partir des expérimentations faites lors de divers projets.
Le premier niveau identifié est celui de spectateur ou de visiteur. Cela peut sembler contradictoire avec l’idée de
participation, mais la population visée (personnes peu scolarisées et à faibles revenus) fréquente peu les musées
et ne consomme pas beaucoup de produits culturels, pour parler en termes de marketing. La décision de visiter
une exposition constitue donc un niveau participatif de base.
Mais il faut faire plus. Dans le but de présenter une histoire près de la vie quotidienne, il faut mettre à
contribution les gens qui ont vécu dans le quartier et qui y ont travaillé. Les individus sont des sources
(mémoire, savoir-faire, traditions) et ils possèdent des sources (des photos, des documents, des objets). Au-delà
du parti pris idéologique, l’idée de participation est aussi une nécessité pour faire une histoire de la réalité
quotidienne et de la vie de travail dans un quartier ouvrier. Cela définit un deuxième niveau : participer en tant
que source. Un projet sur l’histoire des femmes en quartier ouvrier, Entre l’usine et la cuisine, illustre bien ce
niveau. Dans le cadre de ce projet, les femmes constituent les sources. Une quarantaine d’entre elles accordent
des entrevues, individuelles ou en groupes. Elles sont mises à contribution pour une cueillette de photos et
d’objets (prêt ou parfois don). Les résultats du projet sont diffusés au moyen d’une publication et d’une
exposition, s’appuyant toutes deux sur les récits de vie des femmes.
L’Écomusée du fier monde souhaite par la suite atteindre un autre niveau : amener les gens à devenir des
acteurs dans la recherche et la réalisation d’une exposition. S’inspirant du travail du Suédois Sven Lindqvist,
l’Écomusée du fier monde met au point la méthode Exposer son histoire, qui permet à des groupes ou des
individus de faire de la recherche et de présenter les résultats au moyen d’une exposition.
Liens et projets dans la communauté
Si les projets de l’Écomusée du fier monde sont participatifs, ils sont aussi pour la plupart conçus et réalisés en
partenariat avec des organismes de la communauté.
Alphabétisation
Par exemple, l’Écomusée du fier monde a développé depuis 1999 un programme spécifique dans le domaine de
l’alphabétisation. En collaboration avec un organisme en alphabétisation populaire du quartier, l’Atelier des
lettres, l’Écomusée a réalisé au cours des douze dernières années cinq expositions majeures ainsi qu’une
publication, et mis au point un guide de formation qui décrit la démarche. L’étape la plus récente de ce
programme a consisté à intégrer la production des analphabètes à l’exposition permanente de l’Écomusée et à
former ces personnes afin qu’elles y animent des visites guidées.
Cette décennie a montré de façon on ne peut plus concrète comment le musée peut être une ressource utile en
alphabétisation. Les titres des expositions sont évocateurs en soit : Citoyens à part entière ou encore La parole
est à nous! Dans le cadre de ces projets, les analphabètes acquièrent :
- Des savoirs : ils découvrent des institutions comme le musée ou la bibliothèque, apprennent ce que sont
des sources et enrichissent leur bagage de connaissances factuelles sur différents sujets. Ils arrivent à
faire des liens entre leur vie et ce qu’on appelle l’Histoire. Ils suivent une formation et effectuent de la
recherche.
- Des savoir-faire : ils s’initient au processus d’un projet, apprennent à communiquer, développent leur
capacité de synthèse, d’expression et de travail en équipe. Ils apprennent les étapes d’une exposition.
- Des savoir-être : ils développent leur confiance en eux, leur fierté, leur estime de soi. Symboliquement,
leur culture obtient une reconnaissance puisqu’ils exposent dans un musée.
Habiter une ville durable
L’Écomusée du fier monde a aussi travaillé ces dernières années à un projet sur le développement durable en
milieu urbain : Habiter une ville durable. Cette exposition s’inscrit dans une démarche citoyenne (les Rendezvous du développement durable) réunissant divers partenaires locaux : groupes communautaires et écologistes,
corporation de développement économique et communautaire, municipalités et commission scolaire.
L’Écomusée a présenté une exposition portant sur trois thèmes : se loger, se déplacer et consommer. Cette
exposition était évolutive, elle a donc été présentée en trois moments :
- Constater le présent, présentait des informations factuelles sur le sujet.
- Se donner des outils, proposait des exemples stimulants de ce qui se fait de mieux en développement
durable ici et ailleurs.
- Rêver le possible, intégrait la parole des citoyens qui partageaient leur vision, mais aussi leur engagement en
vue de changements de comportements individuels et collectifs.
Le projet a été un tel succès qu’il sera repris dans 4 villes québécoises en 2012 et 2013. Dans chacune de ces
villes, une démarche d’animation permettra aux citoyens d’identifier les enjeux et les solutions possibles pour
une ville plus durable : les résultats seront présentés dans autant d’expositions.
L’Îlot Saint-Pierre Apôtre : un héritage pour la communauté
L’Ilot Saint-Pierre est un quadrilatère du quartier qui possède le statut de site patrimonial classé par l’État. On y
trouve divers bâtiments de grand intérêt dont une église, un presbytère et une ancienne école devenue un
important centre d’éducation populaire depuis les années 1970 : le Centre St-Pierre. La pratique religieuse étant
en forte baisse dans un quartier dont la population est en décroissance, il faut trouver une nouvelle vocation à ce
quadrilatère.
Le Centre St-Pierre veut acquérir l’ensemble du site, le protéger, le réaménager et le redynamiser dans le cadre
d’un projet d’économie sociale, tout en lui conservant une vocation communautaire. Il s’est associé à
l’Écomusée afin de que le redéveloppement de cet ensemble, se fasse non seulement en respectant l’histoire et
la mémoire du site, mais en considérant également qu’il s’agit d’une formidable opportunité de mettre en valeur
et de faire connaître le site lui-même, ainsi que son histoire.
Le titre du projet L’Îlot Saint-Pierre Apôtre : un héritage pour la communauté, traduit assez bien les
intentions du projet. Il s’agit de permettre à la communauté d’entrer en contact avec l’histoire du site, de se
l’approprier et d’une certaine façon de participer au projet de redéveloppement de l’Îlot, de devenir des acteurs
de cette démarche. Un programme d’action culturelle amorcé en septembre 2010 et prenant fin à l’été 2013
permettra, d’atteindre ces objectifs.
La viabilité économique du projet est un enjeu de premier ordre. Il faudra conjuguer avec la nécessité d’assurer
la pérennité du patrimoine matériel, mais aussi immatériel de l’Îlot Saint-Pierre Apôtre. Il ne s’agira pas de
créer un centre d’interprétation, mais plutôt de faire en sorte de maintenir et de diffuser cette mémoire au sein
même d’un lieu vivant, d’un milieu en évolution.
Citoyens : hier, aujourd’hui, demain
L’Écomusée prépare aussi avec divers partenaires de la communauté pour l’automne 2012 une exposition qui
mettra en valeur l’engagement de certains citoyens depuis un siècle à Montréal, en mettant l’accent sur les
pionniers du mouvement communautaire des années 1970 dans le quartier. L’idée de départ de ce projet vient
d’un besoin exprimé par le milieu : conserver une trace du rôle les fondateurs de nombreux organismes
communautaires locaux avant qu’ils ne disparaissent et la transmettre aux plus jeunes qui ignorent parfois les
origines des organismes dans lesquels ils sont engagés. Ce projet de collecte de mémoire et d’exposition est
aussi un projet de réflexion sur l’importance de l’engagement citoyen en vue d’une mobilisation du plus grand
nombre.
Vision de la collection : concept de collection écomuséale.
Dans les musées qui possèdent d’importantes collections, la programmation des expositions reflète tout
naturellement ces dernières, mais aussi les récentes acquisitions et les recherches en cours. Ce n’est pas le cas de
l’Écomusée du fier monde. Il a effectué certaines acquisitions au fil des projets, mais ne se définit pas d’abord en
fonction de sa collection, ou pour être plus précis, ne définit pas celle-ci uniquement comme les objets qu’il
possède. Dans cette optique, il a développé le concept de « collection écomuséale », et s’est doté d’une politique
à cet égard.
Cette politique définit d’abord les champs d’intervention de l’Écomusée :
-
le territoire de référence (le quartier Centre-Sud)
la thématique (le travail)
-
le cadre social (les enjeux contemporains reliés au quartier et au travail).
La collection écomuséale se caractérise ainsi :
-
Elle est constituée d’éléments patrimoniaux matériels ou immatériels qui témoignent de la culture de la
communauté ou d’un ou plusieurs des champs d’intervention de l’Écomusée.
Il s’agit d’un ensemble d’éléments patrimoniaux considérés représentatifs, exceptionnels ou à caractère
identitaire.
Ces éléments sont la cible d’un processus de désignation qui les fait entrer dans la collection écomuséale,
au même titre que l’acquisition fait entrer un objet dans la collection muséale.
Ce sont des éléments sur lesquels l’Écomusée intervient de diverses façons, sans toutefois qu’il en ait la
propriété.
La collection écomuséale est soumise aux conditions d’inventaire, de catalogage et de documentation, telle
que l’est la collection muséale.
Les acteurs locaux (individus, organismes, intervenants du milieu, etc.) participent activement au
processus de désignation des éléments de la collection écomuséale.
L’Écomusée du fier monde reconnait sa responsabilité patrimoniale envers les éléments désignés et il
partage cette responsabilité avec les acteurs locaux. À cet égard, l’Écomusée s’engage à assurer leur
transmission en collaboration avec ces acteurs locaux, qui obtiennent ainsi le statut de répondants.
L’Écomusée du fier monde entend développer cette collection écomuséale par un processus de participation
citoyenne. C’est donc à un vaste chantier mobilisateur autour de son patrimoine que l’Écomusée convie les
acteurs locaux au cours des prochaines années. Il vise ainsi la préservation, la documentation, la mise en valeur,
la restitution, la diffusion et la transmission du patrimoine.
Les actions sur la collection écomuséale permettront une prise de conscience des richesses et du potentiel
patrimonial local et contribueront à développer une plus grande fierté dans le milieu. Cette mobilisation autour
du patrimoine peut devenir un facteur de cohésion sociale en plus de contribuer à un milieu de vie d’une plus
grande qualité. C’est une façon de faire du patrimoine un outil de développement pour la communauté.
Conclusion
L’Écomusée du fier monde se définit comme un musée d’histoire et un musée citoyen. Par tradition, mais aussi
pour être en mesure de remplir son mandat adéquatement, il doit travailler en étroite collaboration avec les
partenaires locaux : l’Écomusée entend d’ailleurs se doter bientôt d’une politique de partenariat pour réaffirmer
sa volonté de travailler de cette façon.
Le muséologue Jean Davallon identifie trois grandes approches dans les expositions :
- La muséologie d’objet avec une approche esthétique;
- La muséologie de savoir avec une approche communicationnelle;
- La muséologie de point de vue avec une approche spectaculaire.
Pour sa part, l’Écomusée du fier monde veut proposer une muséologie citoyenne. Sans nier l’importance de
l’expérience esthétique, du rôle éducatif et de l’aspect ludique de l’exposition, il souhaite établir un rapport avec
le public qui dépasse celui de « visiteur », et tente d’être un outil au service de citoyens agissants.

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