Basho O Grande poeta, mestre da poesia haikai era - RONIN

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Basho O Grande poeta, mestre da poesia haikai era - RONIN
Basho
O Grande poeta, mestre da poesia haikai era conhecido como Mestre Bashô.
De acordo com as diversas literaturas, Bashô nasceu em 1644 e morreu em 1694,
portanto morreu na plenitude de seus 50 anos. Se por um lado, algumas informações
pesquisadas, ditam que pouco material está disponível para recriar a vida de Bashô antes de
seu estabelecimento na cabana, outras são mais otimistas e recompõem a vida de Bashô com
grande admiração. Acredita-se que ele nasceu em ou perto de Ueno na província de Iga,
aproximadamente trinta milhas ao sudeste de Kyoto e duas centenas de milhas a oeste de Edo.
Seu pai, Matsuo Yozaemon, foi provavelmente um samurai de categoria mais baixa
que se dedicava ao cultivo nas horas vagas. Pouco se sabe sobre sua mãe, exceto que seus pais
não eram nativos de Ueno. Foi chamado Kinsaku e diversos outros nomes quando criança;
teve um irmão mais velho e quatro irmãs. O status social da família era respeitável, mas não
era do tipo que prometia um futuro brilhante para Bashô, se ele quisesse seguir um curso da
vida.
Na idade de 9 anos, Bashô entrou a serviço da família Todo como um acompanhante
do caçula da família, Todo Yoshitada, seu mestre. Os dois meninos desenvolveram uma forte
amizade e juntos estudaram literatura e poesia.
A ligação mais forte entre os dois era o haikai, um dos passa tempos favoritos dos
homens da sociedade na época. Aparentemente Yoshitada tinha afinidades com a escrita do
verso e até adquiriu um pesudonimo de Sengin. Se ou não o estímulo inicial veio de seu
mestre, Bashô desenvolveu também um gosto para a escrita do haikai, usando o pseudonimo
Sobo. O primeiro poema de Bashô preservado até hoje foi escrito em 1662, quando ele tinha
18 anos. Em 1664, já com 20 anos, dois haicais de Bashô e um de Yoshitada apareceram em
uma antologia de versos publicada em Kyoto. No ano seguinte, Bashô, Yoshitada, e três
outros juntaram-se e comporam um renku (versos linkados, tipo renga, mais voltados para o
verão) com cem versos. Bashô contribuiu com dezoito versos, seus primeiros versos do tipo.
Quando Yoshitada morreu, na idade de 25 anos, Bashô por conta do choque, foi para
Kyoto onde acredita-se foi ao templo Kinpukujui, para continuar seus estudos em chinês e
japonês clássico como também a caligrafia.
Em sua juventude Bashô também foi um samurai, quando em 1666, aos 22 anos
passou a dedicar-se a escrita da poesia como Matsuo Munefusa. Outra suposta razão para
Bashô deixar sua casa tem a ver com seus casos amorosos, contam diversas biografias, porém
não parecem ter apoio no que afirmam.
Em 1672, na idade de 29, Bashô foi para Edo, onde publicou uma série de versos. Em
1675 ele compôs versos linkados em sequência com Nishiyama Soin, da escola Danrin e
pelos próximos 4 anos ele se dedicou ao trabalhos de hidráulica para se manter. Em 1682 ou
1683, a cabana de Bashô sofreu um incêndio e por outro lado foi o ano em que a mãe de
Bashô morreu. Bashô, então foi para a Província de Kai. Sua cabana foi reconstruída em 1683
ou posteriormente, e Bashô voltou para Edo. Nessa época, acredita-se que Bashô tenha
iniciado seu estudo zen no Templo Fukagawa. Algumas biografias sugerem que Bashô foi um
monge budista, pelo fato de que ele vestia-se e expressava-se mostrando maneiras clericais.
Outras biografias, porém informam que é errôneo pensar que Bashô foi realmente um monge
em algum tempo em sua vida.
Aos 40 anos, ou seja em 1684, Bashô viajou por diversos lugares, como um andarilho,
caminhando pelo interior das cidades, vivendo do ensino da poesia, em cada vilarejo por onde
passava. Em 1690 Bashô passou algum tempo em retiro, ao norte de Kyoto. Em 1691, aos 47
anos, Bashô retornou a Edo.
Matsuo Munefusa foi um nome adotado quando Bashô se tornou um samurai. Porém
todos concordam que Bashô, na verdade é o pseudonimo adotado por este famoso mestre do
haicai, em 1681, aos 37 anos. Este pseudonimo originou-se porque o mestre, costumava
isolar-se para meditar em sua cabana onde havia uma bananeira, em japonês, chamada de
Bashô-an. Alguns estudantes, que visitavam o lugar, chamavam a residência de Bashô e logo
o seu morador.
Em umas das biografias de Bashô informa que "um dia, na primavera de 1681, uma
bananeira foi plantada ao lado de uma modesta cabana em uma área rústica de Edo, hoje
Tokyo. A planta foi um presente de um residente local a seu professor da poesia (Bashô), que
tinha se mudado para a cabana diversos meses antes. O professor, um homem de trinta e seis
anos de idade, ficou encantando com o presente e gostou muito da bananeira porque era um
tanto como ele na maneira como ela parecia. Suas folhas grandes eram macias e sensíveis e
rasgavam-se fàcilmente quando as rajadas de ventos chegavam do mar. Suas flores pequenas
e discretas, pareciam solitárias, como se soubessem que não poderiam dar frutos no clima frio
do Japão. Seus caules eram longos e frescos, contudo não eram de nenhum uso prático. O
haicai parecia sugerir a consciência do poeta, a sua afinidade espiritual com a bananeira.
Algumas pessoas que visitavam o mestre podem ter observado essa afinidade considerando a
banananeira como um ponto de referência. Em todo o caso, passaram a chamar a residência,
de Bashô (bananeira), e logo o nome foi aplicado a seu residente: o professor passou a ser
conhecido como o mestre da cabana Bashô, ou o mestre Bashô. Bashô gostou muito do
apelido e passou a usá-lo para o resto de sua vida.
É comum chamar o mestre também de Matsuo Bashô, nome que está associado
especialmente com a celebrada era Genroku (1680-1730), que viu florescer muitas das
maiores personalidades artísticas japonesas.
Todos concordam porém que o mestre viveu sempre sozinho na cabana. Em noites
quando não tinha nenhum visitante, sentava-se quieto para escutar o vento através das folhas
da bananeira e produzia haicais com base nessa atmosfera, que tornava-se mais profunda em
noites chuvosas. Em um desses momentos, a água da chuva escapando através do telhado
gotejava intermitentemente em uma bacia. Aos ouvidos do poeta que sentado no quarto não
ofuscante iluminado, aquele som produzia uma harmonia estranha com o barulho das folhas
da bananeira lá fora.
no vendaval do outono
escuto o gotejo da chuva
em uma bacia na noite.
Alguns sites de literatura japonesa, informam que Bashô, inicialmente, escreveu
poemas usando piadas e brincadeiras em seus primerios estágios, porém comecou a dar maior
importância ao papel do haikai, especialmente o hokku (verso inicial do renga) perto de 1680.
Bashô foi influenciado pelas idéias de Tchouang-tseu, filósofo do quarto século A.C. e
frequentemente se referia aos textos do mestre em seus hokku. A natureza, o entendimento de
sua beleza e a aceite de sua força é amplamente usada por Bashô para expressar a beleza que
ele observa do mundo.
Bashô se tornou a maior referência da poesia Japonesa, por sua sensibilidade e
profundidade. Como um poeta Zen ouvia o som da força da vida emergindo do vazio para
encher tudo, como em este exemplo:
O silencio
As vozes das cigarras
penetram as rochas
_____________________
em um galho desfolhado/ pousa um corvo/ crepúsculo de outono
Pode significar o jeito pesado como um corvo pousa em um galho sem folhas é tal
como o crepúsculo que chega em outono tardio.
O leitor pode perceber que o corvo e a noite de outono são escuras. Existe uma
associação entre o pássaro no galho sem folhas sentindo seu vazio e o tempo de descanso na
natureza e na vida. o corvo veste preto e lembra o traje de um monge:
Um outro exemplo de metáfora encontra-se no haicai seguinte, sugerindo o campo da
meditação, do particular para o universal.
Por que bater as asas?
um corvo do campo
indo para o mercado
Porém, a maneira com que Bashô usa a metáfora é diferente. Em seus haicais, os
elementos são simplesmente estabelecidos em suas expressões mais claras e mais
elementares, geralmente em justaposição ligadas por um verbo ou uma terceira imagem.
Podemos dizer que o haicai é a própria metáfora.
Bashô, O clima de Tokyo, no entanto, não é propício para a frutificação da banana e
mesmo que Bashô tenha se identificado com a planta, ele próprio deixou milhares de frutos e
espalhou pelo mundo esse fenômeno da poesia japonesa, que é o haicai.
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