Diretrizes para o processo participativo
Transcrição
Diretrizes para o processo participativo
Plano de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais: diretrizes para o processo participativo 1 Sumário © 2014 Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte. Governo do Estado de Minas Gerais Antônio Augusto Junho Anastasia - Governador Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD Adriano Magalhães Chaves - Secretário Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM Zuleika Stela Chiacchio Torquetti - Presidente Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento - DPED Janaína Maria França dos Anjos - Diretora Gerência de Energia e Mudanças Climáticas - GEMUC Felipe Santos de Miranda Nunes – Gerente Cibele Mally de Souza – Analista Ambiental Conselho Regional de Nord Pas-de-Calais/França Presidência: Daniel Percheron, Presidente Emmanuel Cau, Vice-Presidente Planejamento Territorial, Meio Ambiente e Plano Clima Majdouline Sbai, Vice-Presidente Cidadania, Relações Internacionais e Cooperação Descentralizada Direção do Meio Ambiente: Bertrand Lafolie, Chefe de Serviço Direção Parcerias Internacionais: Sandra Fernandes Agência Francesa do Meio Ambiente e da Gestão de Energia Presidência: Bruno Lechevin, Presidente Direção de Ação Internacional: Dominique Campana, Diretora Cécile Martin-Phipps, Encarregada do projeto Brasil Direção Regional Nord-Pas de Calais: Hervé Pignon, Diretor François Boisleux, Moderador Ar-Clima EnvirOconsult Presidente Diretor: Olivier Decherf Diretor Técnico: Léo Genin Chefe do Projeto: Charlotte Raymond Coordenador local do Projeto: Alexandre Florentin Fundação Estadual do Meio Ambiente Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves Rodovia Prefeito Américo Gianetti, s/n – 1º andar -Bairro Serra Verde - Belo Horizonte - Minas Gerais, Brasil - CEP: 31630-90 Home page: http://www.feam.br/mudancas-climaticas 2 Sumário Ficha catalográfica elaborada pelo Núcleo de Documentação Ambiental do Sisema. F981p Fundação Estadual do Meio Ambiente. Plano de energia e mudanças climáticas de Minas Gerais: diretrizes para o processo participativo / Fundação Estadual do Meio Ambiente; com apoio de Agência Francesa do Meio Ambiente e da Gestão de Energia, Conselho Regional de Nord Pas-de-Calais. --- Belo Horizonte: FEAM, 2014. 22 p. il. 1. Mudanças climáticas – mitigação. 2. Energia. 3. Planejamento e gestão. 4. Processo participativo. 5. Minas Gerais. I. Fundação Estadual do Meio Ambiente. II. Agência Francesa do Meio Ambiente e da Gestão de Energia. III. Conselho Regional de Nord Pas-de-Calais (França). IV. Título. CDU: 551.588.7(815.1) Sumário INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 5 PROCESSO PARTICIPATIVO « À LA FRANÇAISE » ....................................................................................... 6 A experiência da região Nord-Pas de Calais/França ......................................................................... 6 As experiências de elaboração participativa de políticas públicas em Minas Gerais ....................... 9 O PROCESSO PARTICIPATIVO DO PEMC DE MINAS GERAIS .................................................................... 13 Oficinas institucionais ..................................................................................................................... 15 Oficinas regionais ........................................................................................................................... 17 CRONOGRAMA DETALHADO DO PEMC (2014) ....................................................................................... 20 3 Lista de figuras Figura 1 - As etapas do PEMC (fonte: Enviroconsult) ................................................................................ 5 Figura 2 – Esquema do processo participativo de construção da versão preliminar do PACE de Nord-pas de Calais (fonte : Nord-pas de Calais) ........................................................................................................ 8 Figura 3 - Portal participativo do mMvimento Minas (fonte: http://movimentominas.mg.gov.br/) ..... 12 Figura 4 - Gráfico resumido das instâncias do projeto (fonte: Enviroconsult, 2013) .............................. 13 Figura 5 - Cronograma simplificado do processo participativo (fonte: Enviroconsult, 2014) ................. 14 Figura 6 - Enfoque sobre as oficinas regionais (fonte: Enviroconsult) .................................................... 18 4 Introdução O Plano de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais (PEMC) é uma ferramenta de planejamento e gestão transversal que abrange todos os setores socioeconômicos que tenham impacto sobre as emissões de gases de efeito estufa e/ou que sofram os efeitos das mudanças climáticas. Trata-se de um instrumento de política pública, construído por meio de um processo participativo, cujo objetivo principal é traçar diretrizes e ações para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas no território mineiro, visando assegurar a transição para uma economia de baixo carbono e um desenvolvimento sustentável no estado. As primeiras etapas do PEMC, desenvolvidas entre agosto de 2013 e março de 2014, envolveram um grande esforço de levantamento de dados para composição do diagnóstico e elaboração de cenários possíveis para o consumo e produção de energia e projeção das emissões estaduais de gases de efeito estufa para 2020 e 2030. O objetivo principal do processo participativo do PEMC é discutir o diagnóstico e os cenários projetados com as secretarias e instituições de governo, governos municipais e os demais atores do território a fim de captar as diferentes perspectivas e construir um cenário de baixo carbono e os planos de ação setoriais para Minas Gerais. O diagrama a seguir ilustra as diferentes fases da elaboração do PEMC. Figura1 - As etapas do PEMC (Fonte: EnvirOconsult) Este documento tem como objetivos detalhar o processo participativo do PEMC, dar diretrizes para sua realização e responder às seguintes questões: Por quê? Como? Com quem? Quando? 5 Processo participativo «à la française» O PEMC foi adaptado da metodologia de elaboração do Plano Clima-Energia Territorial francês (Plan Climat Energie Territorial, PCET), desenvolvida pela Agência do Meio Ambiente e da Gestão da Energia (ADEME). Todas as coletividades territoriais francesas de mais de 50.000 habitantes devem fazer um PCET a cada 5 anos, tendo a França uma reconhecida experiência sobre o desenvolvimento de políticas públicas regionais de mitigação e adaptação.1 Um dos objetivos do PEMC é a participação de todos os atores relevantes na consolidação do diagnóstico e na construção dos cenários. A construção de uma visão compartilhada é um fator de grande importância para aprimorar a formulação da política pública e garantir sua implementação e monitoramento adequados. No contexto do PEMC de Minas Gerais, essa participação será feita principalmente por meio de um processo participativo, com o apoio dos serviços de comunicação ao longo da elaboração do Plano (site, newsletter, chamada de imprensa etc.). O processo participativo permitirá recolher a opinião dos atores, facilitar o entendimento dos riscos e oportunidades relacionadas à energia e mudanças climáticas no estado, assim como co-construir as soluções a serem implementadas visando auxiliar a tomada de decisão do Poder Público. Dessa forma, o processo participativo dará a possibilidade de enriquecer o diálogo sobre o PEMC, discutir novas ideias e afiná-las com a experiência prática, dando assim mais relevância ao Plano, refletindo as expectativas dos cidadãos, compreendendo as evoluções da sociedade etc. É importante ressaltar que o processo participativo apoia a tomada de decisão governamental, mas não o substitui. A experiência da região Nord-Pas de Calais/França O contato com a experiência francesa de elaboração de políticas públicas de energia e mudanças climáticas e a adaptação da metodologia de processo participativo somente foi possível pela existência de um amplo acordo de cooperação entre o estado de Minas Gerais e a região francesa Nord-Pas de Calais, desde 2009 (Figura 1), que visa “incentivar o desenvolvimento sustentável e a prosperidade de 1 Parte escrita baseada no « Imaginar, projetar, construir e fazer viver coletivamente um PCET no seu território », Etd 2010 et “Levantamento e avaliação das práticas de concertação nos PCET”, ADEME 2012 6 seus respectivos territórios, nos aspectos econômicos, ambientais e sociais, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de suas populações”. Nesse contexto, foi assinado um acordo entre a FEAM, Nord-Pas de Calais e a ADEME no Fórum dos Atores em 2013. O Plano de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais (PEMC) foi então criado com a intenção de agregar as experiências dos vários atores e suas respectivas necessidades em relação com as mudanças climáticas.2 Na região Nord-Pas de Calais, o diálogo participativo com os atores do território nas questões das alterações climáticas começou logo em 2000 com a criação de um espaço de diálogo com os parceiros regionais, moderado pelo CERDD (Centro de Recursos para o Desenvolvimento Sustentável). Esse espaço tem a forma de uma grande Assembleia que reúne anualmente cerca de 200 atores que compartilham suas ações sobre o clima. Um dos resultados positivos desse processo é a criação do Observatório do clima da região. A partir de 2010, a elaboração do Plano Ar Clima e Energia do Nord-Pas de Calais ajudou a reforçar essa dinâmica local. O Plano de Energia e Mudanças Climáticas da Região Nord-Pas de Calais A região Nord-Pas de Calais elaborou o seu próprio Plano como aplicação da lei de 12 de julho de 2010, sobre o compromisso da França para o meio ambiente (lei de “Grenelle II”). Por causa de regulamentos, este Plano também incluiu um componente “Qualidade do Ar” (Schéma Régional Air Climat Energie). Esse plano constitui um quadro estratégico regional para enfrentar as mudanças climáticas e adaptar o território, assim como para reduzir a poluição do ar, identificar o potencial de desenvolvimento regional das energias renováveis e de valorização energética. Por meio da avaliação e análise dos efeitos potenciais das mudanças climáticas na região (aumento do nível do mar, por exemplo), o Plano permite apontar as necessárias adaptações a serem implementadas. Em Nord-Pas de Calais, o processo participativo do Plano foi iniciado oficialmente pelo Prefeito da região e pelo Governador regional, em dezembro de 2010, através de 2 reuniões: No Comitê Territorial, orgão participativo que reúne as entidades subregionais que têm ou terão um Plano Clima-Energia local. Na assembleia plenária com todos os membros dos grupos de trabalho do processo participativo. 2 Parte baseada nas informações disponíveis no www.nord-pas-de-calais.developpement-durable.gouv.fr 7 Nove grupos de trabalho (Adaptação às mudanças climáticas, Energias Renováveis, Setor residencial e urbanismo, Transporte e mobilidade, Agropecuária, Comércios e serviços, Indústria, Qualidade do ar, Modais de produção e consumo) se reuniram entre uma e três vezes para desenvolver o diagnóstico regional sobre ar-clima-energia e debater sobre as orientações estratégicas da região (Figura 2). Figura2 – Esquema do processo participativo de construção da versão preliminar do PACE de Nord-Pas de Calais (Fonte : Nord-Pas de Calais) Enfim, durante a fase de consulta, o projeto de Plano foi apresentado e discutido em vários comitês regionais e departamentais especializados em agricultura, consumo de terras agrícolas, florestais, saúde e riscos tecnológicos, notadamente. O retorno da experiência da Região Nord-Pas de Calais O processo participativo do Plano da região foi principalmente uma atualização do conhecimento dos atores sobre os temas energia e mudanças climáticas. Durante o desenvolvimento de outras ferramentas de planejamento da região, em parceria com os atores do território, os efeitos do processo participativo do Plano Ar Clima Energia podem ser encontrados tanto em termos de apropriação dos assuntos e do processo por parte dos parceiros, mas também em termos de consenso sobre os objetivos da questão climática e das energias e as ações a serem realizadas localmente. 8 Este consenso sobre as ações a serem tomadas e a maturidade dos atores sobre estas questões permitem lançar hoje uma verdadeira dinâmica de implementação das ações do Plano.3 Além disso, durante o fórum dos atores em novembro de 2013, em Belo Horizonte, e que juntou os atores da cooperação entre Minas Gerais e Nord-Pas de Calais, a região francesa pode compartilhar duas dificuldades enfrentadas dois anos após o fim do Plano: A escala regional francesa é uma escala adequada para se fazer a ligação entre a União Europeia e os atores do território (estruturados em associação, união e autoridades locais). No entanto, se provou difícil a comunicação direta com os cidadãos. Considerando a duração da elaboração do Plano (quase 2 anos), foi difícil mobilizar os agentes econômicos do território durante um período tão longo. No contrário, a missão Rifkin, defendendo o conceito da 3ª revolução industrial, foi mais curta e deu a possibilidade de superar essa dificuldade. Debates participativos na região Nord-Pas de Calais Os debates participativos com cidadãos na região Nord-Pas de Calais foram realizados no contexto do debate nacional sobre a transição energética da França. Esse processo reuniu durante um dia um painel representativo da diversidade do território através de 85 pessoas. Os participantes receberam uma base de conhecimento na forma de folhetos de informações e vídeos instrutivos e trocaram pontos de vista em pequenos grupos. Eles votaram então anonimamente sobre as principais questões nacionais e regionais relativas à transição energética4. As experiências de elaboração participativa de políticas públicas em Minas Gerais O desenho do processo participativo do PEMC de Minas Gerais baseou-se também em experiências desenvolvidas no Brasil e no estado. Efetivamente, processos participativos já foram desenvolvidos no âmbito do Poder Executivo no estado para elaborar políticas públicas e fornecem orientações para a metodologia de co-construção do PEMC. 3 Entrevista com o Bertrand Lafolie, Chefe de Serviço da Direção do Meio Ambiente da região Nord-pas de Calais, responsável pelo Plano Ar Clima e Energia, 22/01/2014. 4 Dia de cidadania em 25 de maio de 2013, análise dos resultados da expressão dos cidadãos de Nord-Pas de Calais, França 9 Elaboração participativa de políticas públicas em Minas Gerais Dentro das experiências participativas mineiras, destacam-se de forma não exaustiva as seguintes iniciativas: Plano de ação estadual de combate à desertificação de Minas Gerais. Elaborado em 2009, agrupou os 142 municípios mineiros inseridos nas áreas susceptíveis à desertificação (ASD’s) em 6 microrregiões, com o objetivo de facilitar a participação da sociedade civil e dos representantes das três esferas de governo em todas as etapas de desenvolvimento dos trabalhos. A participação direta da comunidade regional foi dividida em 6 oficinas microrregionais (147 pessoas) e em um seminário final (149 pessoas). Zoneamento Ecológico-Econômico de Minas Gerais (ZEE). O ZEE consistiu na elaboração de um diagnóstico dos meios geo-biofísico e socioeconômico-jurídicoinstitucional do estado, gerando respectivamente duas cartas principais, a carta de Vulnerabilidade Ambiental e a Carta de Potencialidade Social, que sobrepostas determinam o Zoneamento Ecológico-Econômico de Minas Gerais. O ZEE foi elaborado sob a coordenação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, mas contou com a participação de todas as Secretarias de Estado, de outras entidades do território e da sociedade civil. Plano Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais e Planos de Bacias. A elaboração das politicas públicas de gestão dos recursos hídricos baseia-se também em um processo participativo amplo que se reflete na composição dos Comitês de Bacia e nas reuniões públicas de preparação dos Planos. Estas reuniões visam integrar a sociedade nas discussões acerca do planejamento para o uso da água. São convidados a sociedade civil organizada, gestores públicos, agricultores, industriais e demais interessados na gestão participativa dos recursos hídricos. Estado em Rede Observa-se também no estado a promoção de um novo modelo de governança desenvolvido desde 2011, chamado Estado em Rede, com base na gestão regionalizada e participativa. Baseia-se em um trabalho intersetorial e coletivo do governo que busca a articulação horizontal e sistêmica das instituições e entidades públicas na implementação de estratégias regionais. Este modelo integra a lógica de atuação governamental por Redes de Desenvolvimento Integrado, que têm como foco a colaboração entre órgãos governamentais e ainda entre governo e sociedade civil. As 10 Redes de Estado são: Rede de Cidades; Rede de Ciência, Tecnologia e Inovação; Rede de Defesa e Segurança; Rede de Desenvolvimento 10 Sustentável; Rede de Desenvolvimento Rural; Rede de Infraestrutura; Rede Educação e Desenvolvimento Humano; Rede Identidade Mineira e; Rede de Atenção em Saúde5. A elaboração do PEMC, que promove a governança regional e participativa, é coerente e complementar com essa nova gestão do “Estado em Rede”. O PEMC pode também recorrer às instâncias criadas pelo novo modelo, especialmente durante as oficinas regionalizadas do processo participativo (Comitês Regionais)6. Movimento Minas Idealizado pelo Governo de Minas em 2011, o Movimento Minas é um projeto que foi inspirado no conceito de inovação aberta. Seu objetivo é ser um espaço para que cidadãos proponham novas práticas para melhorar a sociedade e para promover a participação social, através de um portal eletrônico.7 Movimento Minas trabalha com base em três pilares (Informação, Diálogo e Desenvolvimento de Capacidades), e o portal dá a possibilidade de conversar diretamente com os cidadãos, em coerência com o processo participativo do PEMC (Figura 3). 5 Estado em Rede, site do governo:http://www.mg.gov.br Esta oportunidade foi confirmada pela Secretaria de Gestão e Planejamento (SEPLAG) durante os encontros da missão técnica n°1. A SEPLAG coordena o Estado em Rede. 7 http://movimentominas.mg.gov.br/ 6 11 Figura 3 - Portal participativo do Movimento Minas (Fonte: http://movimentominas.mg.gov.br/) COPAM O Conselho de Política Ambiental (COPAM), criado em 1977 como a Comissão de Política Ambiental, tem sido o órgão responsável pela formulação e execução da política ambiental em Minas Gerais, através de um processo aberto à participação de representantes da sociedade civil. Sua existência é anterior à implantação do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, criado pela Lei Federal nº 6938/1981, a qual instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente. A estrutura de organização do COPAM, também adotada pelo CONAMA, consagrou o processo de formulação de políticas ambientais através de uma estrutura colegiada e composta por representantes governamentais e da sociedade civil. Entre suas competências destacam-se a formulação de normas técnicas e padrões de qualidade ambiental, a autorização para implantação e operação de atividades potencialmente poluidoras, e a aprovação das normas e diretrizes para o Sistema Estadual de Meio Ambiente. 12 O processo participativo do PEMC de Minas Gerais O compartilhamento do diagnóstico ou perfil de energia e mudanças climáticas do PEMC e a definição de um cenário de baixo carbono para Minas Gerais deverão ser realizados no contexto de um amplo processo participativo com as instituições governamentais e os atores relevantes do território, com base nos órgãos chave identificados na primeira etapa de projeto, principalmente no relatório de “Arranjos institucionais e de governança do PEMC”. O processo participativo pelo PEMC foi elaborado considerando criticamente as experiências de vários processos participativos na França, no Brasil e em Minas Gerais (Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado, Plano de ação estadual de combate à desertificação etc.). Os debates deste processo participativo serão desenvolvidos em 3 fases: Fase 1: compartilhamento do diagnóstico. Fase 2: consolidação dos cenários de energia e mudanças climáticas para 2020 e 2030. Fase 3: elaboração dos planos de ação setoriais e Plano de Energia e Mudanças Climáticas de Minas Gerais. No início e no final de cada etapa, a Câmara Temática de Energia e Mudanças Climáticas (CEM) do COPAM será consultada. Outras instâncias de decisão do PEMC serão também convidadas a contribuir (Figura 4). Figura 4 - Gráfico resumido das instâncias do projeto (Fonte: EnvirOconsult, 2013) 8 8 Para promover uma melhor coordenação entre a política federal e as políticas e iniciativas estaduais sobre a mudança climática, o Ministério do Meio Ambiente estabeleceu, em 2013, o Núcleo de Articulação Federativa para o Clima (NAFC), composto por representantes de todos os estados brasileiros e órgãos federais e dividido em três grupos de trabalho: Inventários, Registro de Emissões e Adaptação. 13 Dois tipos de atores serão mobilizados ao longo do processo participativo, em oficinas de trabalho diferentes, porém complementares (Figura 5): as instituições estaduais: consolidam e validam o diagnóstico e os cenários e elaboram planos de ação setoriais para as diferentes secretarias de estado de Minas Gerais e entidades ligadas. Estas instituições serão mobilizadas nas 3 etapas do processo participativo. os atores relevantes do território: a fim de completar o diagnóstico, ajustar os cenários e identificar as boas práticas já implementadas no território. Os atores do território serão mobilizados durante as duas primeiras etapas do processo participativo. Figura 5 - Cronograma simplificado do processo participativo (Fonte: EnvirOconsult, 2014) As oficinas de trabalho tratarão de maneira transversal as temáticas de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas, porém de maneira diferente segundo o tipo de oficina, visando maior efetividade das discussões, conforme explicado abaixo: A finalidade das oficinas institucionais é a construção de planos setoriais de mitigação das emissões de gases de efeito estufa para cada setor (Agropecuária, Indústria, Energia, Saneamento, Transportes), definindo, assim, uma estratégia de transição para uma economia de baixo carbono para o estado. As oficinas institucionais focarão principalmente na questão da atenuação da intensidade de emissões de gases de efeito estufa. Paralelamente, será elaborado um plano de ação estadual, setorial e regionalizado com foco na adaptação às mudanças climáticas, com base na Estratégia de Adaptação Regional (EAR) para o estado de Minas Gerais. A finalidade das oficinas territoriais é criar um efeito positivo de mobilização dos parceiros do território e permitir às instituições governamentais melhor conhecer as perspectivas sociais, iniciativas e as necessidades dos diferentes atores. Considerando a estratégia de descentralização e regionalização destas oficinas, a adaptação será tratada de maneira mais intensa em função dos desafios característicos de cada região de planejamento do estado. O processo de regionalização do PEMC será detalhado a seguir. 14 As oficinas serão coordenadas pelo estado de Minas Gerais, por meio da FEAM e pelos consultores do PEMC (EnvirOconsult, Engebio e eventualmente com outros especialistas reconhecidos sobre a temática tratada). O planejamento da logística e infraestrutura associada à organização das oficinas seráconduzida pela FEAM. Oficinas institucionais O objetivo da participação das diferentes instituições é permitir uma abordagem holística e pragmática no PEMC, com um apoio político de alto nível governamental e um compromisso institucional claro e concreto sobre um conjunto de medidas setoriais ligadas à mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Afim de garantireste forte apoio institucional ao PEMC, a Secretaria de Estado de Casa Civil e de Relações Institucionais (SECCRI) e a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG), serão convidadas a participar de todas as oficinas institucionais. A SECCRI tem como objetivo fornecer apoio técnico e institucional ao governador, em particular no que diz respeito aos atos administrativos e legislativos. A SECCRI deve também promover a integração das ações governamentais e garantir a articulação institucional no governo. A SEPLAG tem uma visão ampla das ações do governo e exerce um papel de planejamento e coordenação entre as várias iniciativas governamentais. Além disso, a SEPLAG coordena o Estado em Rede e poderá acompanhar o PEMC na possível utilização dessa estrutura institucional, especialmente durante a fase participativa9. Os grupos de trabalhos temáticos As oficinas institucionais estão divididas em 6 grupos temáticos: GT 1: Agropecuária Assuntos a serem tratados: agricultura e pecuária de baixo carbono, silvicultura, irrigação, intensificação da pecuária, código florestal, incentivos, perdas na cadeia produtiva, florestas plantadas etc. Participantes: SEMAD, FEAM, IEF, IGAM, SEAPA, EMATER, EPAMIG, RURALMINAS, SECTES e possíveis outros convidados. 9 Reunião com a SEPLAG, em 25 de setembro de 2013, BH, FEAM-EnvirOconsult-Governadoria 15 Na esfera nacional poderão ser convidados também representantes da EMBRAPA (escritórios regionais: Gado de Leite e Milho e Sorgo) em função de sua representativa atuação no estado. GT 2: Indústria e Mineração Assuntos a serem tratados: eficiência energética, energias renováveis, produtos, materiais e tecnologias de baixo carbono, cadeia produtiva do carvão vegetal etc. Participantes: SEMAD, FEAM, SEDE, INDI, SEAPA, SECTES, possíveis outros convidados. GT 3: Energia Assuntos a serem tratados: eficiência energética, uso da energia, políticas de incentivos, geração e distribuição, geração distribuída, biocombustíveis, energia eólica, energia solar, petróleo e gás etc. Convidados: SEMAD, FEAM, SEDE, CEMIG, GASMIG, INDI, COHAB, BDMG, SECTES, FAPEMIG, possíveis outros convidados. GT 4: Resíduos e Efluentes Assuntos a serem tratados: resíduos sólidos urbanos e industriais, efluentes domésticos e industriais, tecnologias de tratamento e disposição, aproveitamento energético de resíduos etc. Convidados: FEAM, SEDRU, COPASA, ARMBH, BDMG, ARSAE, SECTES, possíveis outros convidados. GT 5: Transporte Assuntos a serem tratados: modais de transporte, infraestrutura existente e planejada, tecnologias de baixo carbono, investimentos, incentivos, eficiência energética, combustíveis etc. Convidados: SEMAD, FEAM, SETOP, RMBH, DETRAN, SECTES, possíveis outros convidados. GT 6: Recursos naturais Assuntos tratados: biodiversidade, uso do solo, florestas nativas, recursos hídricos etc. Convidados: SEMAD, FEAM, COPASA, SEAPA, IEF, IGAM, Hydroex, SEDVAN/IDENE, SECTES, FAPEMIG, possíveis outros convidados. Todos os grupos trabalharão sobre o diagnóstico, os cenários, as barreiras e as oportunidades, os custos e as tecnologias associadas etc. 16 Oficinas regionais Os objetivos destas oficinas são favorecer a adesão dos atores do território ao PEMC, tomar conhecimento das boas práticas e iniciativas de sucesso e coletar as expectativas e os compromissos das instituições privadas e não-governamentais sobre os desafios e oportunidadesrelacionadas ao PEMC. Esses parceiros se reunirão de duas maneiras: por tipologia de atores e por proximidade geográfica no processo de regionalização. Os atores do território foram agrupados nas seguintes categorias: Microrregiões, municípios e autoridades locais. Empresas e federações profissionais. Sociedade civil, associações e ONGs. Universidades e institutos de pesquisa. Os parceiros serão convidados a participar em duas etapas do processo participativo: Etapa 1: o compartilhamento do diagnóstico será realizado com os atores. Estas oficinas terão também por objetivo recolher as iniciativas e projetos dos atores do território sobre energia e mudanças climáticas a fim de articular estes trabalhos com a elaboração do plano de ação do PEMC. Etapa 2: as oficinas terão por objetivo identificar e formular as expectativas dos parceiros em termos de políticas estaduais no contexto da elaboração do PEMC e seus compromissos sobre as questões de energia e mudanças climáticas. A realização destas oficinas deverá resultar na elaboração de um documento “Plano de Energia e Mudanças Climáticas: desafios e oportunidades regionais”, que relacionará os parceiros envolvidos, iniciativas, barreiras e oportunidades que possuam interface com o PEMC. Os atores convidados Para alcançar uma ampla diversidade de atores relevantes, a FEAM trabalhará com os seguintes parceiros: Microrregiões, municípios e autoridades locais: em parceria com a Associação Mineira de Municípios (AMM). Empresas e federações profissionais: em parceria com a Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), a Federação dos Transportes (FETRAN), entre outras. Sociedade civil, associações, ONGs: em parceria com a SEMAD e a Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Universidades, institutos de pesquisa: em parceria coma Secretaria de Ciência e Tecnologia (SECTES) e universidades. 17 Após as primeiras trocas e discussões sobre o diagnóstico, os parceiros serão solicitados a apoiar a divulgação da informação, com vistas à regionalização do processo participativo. A regionalização do processo participativo Com o objetivo de abordar de forma ampla os desafios territoriais, o estado de Minas Gerais deseja aproximar-se dos diferentes atores sociais com a regionalização das oficinas participativas. Para melhor prepara-la, uma primeira oficina de lançamento será organizada em Belo Horizonte (Fase I, em abril de 2014), organizada por tipo de ator. Figura 6 - Enfoque sobre as oficinas regionais (Fonte: EnvirOconsult) Para garantir a eficiência do processo participativo, optou-se por selecionar seis assuntos prioritários para discussão entre os atores, considerando as características e os potenciais de cada região. Serão previstas discussões preliminares entre os parceiros para a escolha das cidades onde serão tratadas as seguintes temáticas. Figura 7 - Regionalização do processo participativo (Fonte: EnvirOconsult) Os temas prioritários irão orientar as discussões em cada oficina, mas as trocas e ideias não deverão limitar-se a esses assuntos. 18 Cada oficina agrupará as duas fases (Fases I e II), com previsão de duração de dois dias de trabalho. O peso socioeconômico e cultural importante da agropecuária para Minas Gerais, assim como a articulação deste setor com a questão dos recursos hídricos e energéticos, indicam a necessidade de organização de uma oficina exclusiva. As reuniões serão organizadas para um período de dois dias, entre 15/07/2014 e 21/08/2014 com prioridade para as regiões do Triângulo, Sul de Minas e Alto Paranaíba em função da importância do setor na escala regional. As mudanças climáticas e o rumo do desenvolvimento do estado podem ter impacto sobre os recursos hídricos. Dada a importância da disponibilidade e demanda hídrica para uma economia de baixo carbono e desenvolvimento sustentável, são propostos dois dias de reuniões sobre adaptação com foco em recursos hídricos, com prioridade para as regiões Noroeste, Norte de Minas e Jequitinhonha-Mucuri, no período de 15/07/2014 a 21/08/2014. As regiões do Rio Doce, Central e Centro-Oeste concentram pólos industriais e urbanos que indicam a necessidade de se tratar as questões de energia, indústria, transporte e resíduos. Duas oficinas de dois dias cada uma estão previstas nessas regiões, entre 15/05/2014 e 12/06/2014. As mudanças climáticas e o desenvolvimento não sustentável podem afetar a biodiversidade. Considerando a riqueza e a vulnerabilidade do bioma Mata Atlântica, será organizada uma reunião de doisdias na Zona da Mata ou no Rio Doce, no períodode 15/07/2014 a 21/08/2014. 19 Cronograma detalhado do PEMC (2014) 20 21 22