O TEMPO – MAGAZINE 13.06.2015 Música

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O TEMPO – MAGAZINE 13.06.2015 Música
O TEMPO – MAGAZINE
13.06.2015
Música
Ainda mais perto da África
Cantora paulistana Fabiana Cozza lança neste sábado em única apresentação na
cidade o seu quinto disco, "Partir", aprofundando a ancestralidade africana
Jáder Rezende
Especial para O Tempo
Depois de se render aos sambas imortalizados por Clara Nunes no impecável e festejado
“Canto Sagrado”, a cantora paulistana Fabiana Cozza, 39, decidiu mergulhar ainda mais
fundo na ancestralidade africana para gerar seu quinto e igualmente imprescindível
disco, “Partir”, que será lançado neste sábado (13) em Belo Horizonte no Teatro
Bradesco. Abençoada por Maria Bethânia, que assina a apresentação no encarte, a nova
produção da sambista se apresenta mais leve e privilegia novos autores de diferentes
regiões do Brasil, a maioria de sua geração, como o mineiro Sérgio Pererê.
A busca por conexões ainda mais diretas com a África, segundo Fabiana Cozza, teve
início em 2011, quando a meta era emplacar um projeto que não vingou. A ideia era
produzir um CD só com músicas do compositor baiano Roberto Mendes, de Santo
Amaro da Purificação, mesma terra natal de Bethânia. "Foi onde me senti de janelas
abertas para a música diaspórica da África no mundo, partindo de minha matriz negra
brasileira e da Bahia, onde aportaram os primeiros navios negreiros”, diz Cozza. Sobre a
diversidade de autorias em seu novo trabalho, ela detalha: “Escolhi canções de
compositores que nasceram em Estados ao Norte, Sul, Leste e Oeste do Brasil e um
caminho sonoro mais universal.
Fabiana destaca que a atuação do produtor Swami foi decisiva na formatação do novo
disco. “O trabalho dele foi fundamental, da escolha dos músicos que gravaram
(Jurandir Santana, Marcelo Mariano, Felipe Roseno e Douglas Alonso), à investigação
de timbres, levadas, intenções. Nossa parceria me é preciosa”, comemora.
Alem de Pererê, cuja musica “Velhos de Coroa” abre o disco, Cozza selecionou
composições do também mineiro Moyses Marques, da gaucha Gisele De Santi, dos
cariocas Vidal Assis e Joao Cavalcanti. Do Pará, apresenta ao grande publico o
compositor Leandro Medina e, da Bahia, Roberto Mendes e Tigana’ Santana. O
veterano e também baiano Vicente Barreto em parceria com Paulo César Pinheiro e a
sul-matogrossense Alzira E compõem a lista dos autores escolhidos para o repertório de
"Partir".
O novo show de Fabiana Cozza tem direção geral de Elias Andreato e a direção musical
de Swami Jr. A banda que gravou o CD é a mesma que a acompanha nos lançamentos
no Brasil. “Minha expectativa em relação a Belo Horizonte é sempre a melhor possível.
Eu amo as Gerais e seu povo. Espero que os ingressos se esgotem e possamos fazer uma
linda quizomba”, avisa.
Sobre projetos futuros, Fabiana Cozza revela estar empenhada em uma homenagem ao
grande pianista, compositor e int’erprete cubano Ignacio Jacinto Villa Fernández, o
Bola de Nieve, de “Drume Negrita” (1911-1971), em que dividirá o palco com o
também pianista cubano Pepe Cisneros, mais uma vez com direção de Elias Andreato.
“O outro é um CD com o meu querido amigo e irmão Tiganá Santana. Estamos
finalizando para lançamento em novembro”, conta.
Sobre os rumos da cultura na atual conjuntura política, Fabiana Cozza execra a postura
dos parlamentares, pontua que há muito o que ser feito na esfera do Executivo, mas
pondera nutrir admiração e respeito `a presidenta Dilma Roussef, para ela, mais uma
grande vítima do preconceito no país. “Gosto da presidente Dilma e admiro a sua força
em se manter trabalhando e lutando diante da truculência que tem enfrentado por parte
de diferentes setores e da opinião pública preconceituosa, tendenciosa. Aliado a isso,
temos um Congresso Nacional que, em sua maioria, nos enche de vergonha com os
escândalos de favoritismo e corrupção e barra vários projetos de interesse nacional.”
Depois de BH, Fabiana Cozza parte para turnê na Europa, com shows na Franca,
Alemanha, Holanda e Italia, embalada pela faixa-protesto do disco "Le Mali chez la
Carte Invisible", de Tigana’ uma crítica à xenofobia que afeta sobretudo os africanos
que vivem naquele continente. "É importante sempre deixar claro de que lado a gente
está", frisa Cozza.

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